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POLYANA DAS GRAÇAS FIGUEIREDO VILELA
AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO DE METALOPROTEINASES
DA MATRIZ (MMP-3 E MMP-8) POR MACRÓFAGOS
ATIVADOS POR DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE
ENDOTOXINAS (LPS) EM VARIADOS PERÍODOS DE
TEMPO
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POLYANA DAS GRAÇAS FIGUEIREDO VILELA
AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO DE METALOPROTEINASES DA MATRIZ
(MMP-3 E MMP-8) POR MACRÓFAGOS ATIVADOS POR DIFERENTES
CONCENTRAÇÕES DE ENDOTOXINAS (LPS) EM VARIADOS
PERÍODOS DE TEMPO
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia, Campus de São
José dos Campos, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, como parte dos requisitos para obtenção do título de MESTRE,
pelo Programa de Pós-graduação em BIOPATOLOGIA BUCAL, Área
Microbiologia / Imunologia.
Orientador: Prof. Tit. Antonio Olavo Cardoso Jorge
Co-orientador: Profa. Dra. Luciane Dias de Oliveira
São José dos Campos 2009
Apresentação gráfica e normalização de acordo com: Alvarez S, Coelho DCAG, Couto RAO, Durante APM. Guia prático para Normalização de Trabalhos Acadêmicos da FOSJC. São José dos Campos: FOSJC/UNESP; 2008.
V618a Vilela, Polyana das Graças Figueiredo.
Avaliação da liberação de metaloproteinases da matriz (MMP-3 e MMP-8) por macrófagos ativados por diferentes concentrações de endotoxinas (LPS) em variados períodos de tempo / Polyana das Graças Figueiredo Vilela. __ São José dos Campos : [s.n.], 2009.
74.f. : il. Dissertação (Mestrado em Biopatologia Bucal) – Faculdade de Odontologia de São José dos Campos,Universidade Estadual Paulista, 2009.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Olavo Cardoso Jorge 1. Metaloproteinases da Matriz. 2. Endotoxinas. 3. Macrófagos. I. Jorge, Antonio Olavo Cardoso. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Odontologia de São José dos Campos. III. Título
tD24
Ficha catalográfica elaborada pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP
AUTORIZAÇÃO
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, desde que citada a fonte.
São José dos Campos, 20 de Agosto de 2009 . Assinatura : E-mail: [email protected]
BANCA EXAMINADORA
Prof. Tit. Antonio Olavo Cardoso Jorge (Orientador)
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Profa. Adj. Cristiane Yumi Koga Ito
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Profa. Dra. Mariella Vieira Pereira Leão
Instituto Básico de Biociências
Universidade de Taubaté - UNITAU
São José dos Campos, 23 de Julho de 2009.
DEDICATÓRIA
A meu pai e minha mãe do céu, por abençoarem cada dia de
minha vida.
Aos meus amados pais, Dércio Afonso Maria Vilela e Celma
Figueiredo Vilela. Vocês são meus maiores exemplos de dignidade,
bom caráter, perseverança, responsabilidade, sabedoria, força e
humildade. Obrigada por tudo que fazem por mim. Minha família é
o maior presente que Deus me deu.
À minha amada irmã Luciana Figueiredo Vilela, por ser
minha eterna e grande amiga. Por estar sempre ao meu lado, me
dando um pouco de sua força e sabedoria.
Aos meus queridos sobrinhos Álvaro, João Pedro e Luís
Henrique e ao meu afilhado Luan, por nos darem o prazer e a
alegria da convivência.
Ao Eder, por seu amor, seu companheirismo, sua paciência
e por todos os momentos simples e felizes que tivemos. Sua
presença neste momento foi muito importante.
A todos de minha grande e maravilhosa família, que mesmo
longe estão presentes em minha vida.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, na pessoa do
diretor da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Prof. Adj.
José Roberto Rodrigues e do vice-diretor Prof. Dr. Carlos Augusto
Pavanelli.
Ao Programa de Pós-graduação em Biopatologia Bucal, na coordenação
da Profa. Adj. Cristiane Yumi Koga Ito e Profa. Adj. Rosilene Fernandes
da Rocha.
Aos docentes do Programa de Pós-graduação em Biopatologia Bucal.
Às secretárias da Seção de Pós-Graduação Rosemary de Fátima
Salgado, Erena Michie Hasegawa, Lílian Faris das Graças e Maria
Aparecida Consíglio de Souza, pelos auxílios prestados.
À Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) pela
concessão da bolsa de mestrado (Processo 2007/57552-4) e do Auxílio à
Pesquisa (Processo 2008/55780-2) que possibilitaram a realização deste
trabalho.
Ao Prof. Tit. Antonio Olavo Cardoso Jorge, pelo conhecimento
compartilhado, pelo apoio, pela confiança e por suas sábias
considerações. Seu senso de justiça, equilíbrio, sabedoria e ponderação
são marcantes e admiráveis.
À Profa. Dra. Luciane Dias de Oliveira. Agradeço especialmente e muito
carinhosamente por sua amizade, compreensão, paciência, preocupação,
dedicação, por suas orações, seu carinho, seus ensinamentos científicos
e pessoais e pelo apoio de sempre.
À Profa. Adj. Cristiane Yumi Koga Ito. Muito obrigada por sua amizade,
seu apoio, ensinamento, carinho, preocupação e disposição em todos os
momentos, principalmente nos mais difíceis.
À Profa. Dra. Juliana Campos Junqueira, pelo convívio fraterno e pelos
ensinamentos compartilhados.
À minha querida amiga Emanuele Gonçalves Brito, que muito me ajudou
e ensinou neste ano. Muito brigada por tudo que fez por mim.
Aos amigos da Pós-graduação, Rogério de Lima Romeiro, Pietro
Mainenti, Joyce da Silva Martins, Bruno Mello de Matos, Alessandra
Sverberi Carvalho, Marta Majewski, Rosilene Batista de Aguiar Almeida,
Flávio Pires Molina, Ana Carolina Salvia, Daniel Freitas Alves Pereira, Ana
Paula de Lima, Karina Bortolin Lodi e Mary Anne Moreira Bárbara pelo
convívio fraterno e pelas parcerias, em especial agradeço Cristiane
Aparecida Pereira, Fernanda Lourenção Brighenti, Graziella Nuremberg
Back Brito, Simone Vilela e Guilherme Rodrigues Teodoro, que me deram
apoio em todos os momentos. Muito obrigada pelo carinho, pela amizade
e preocupação nos momentos difíceis.
Ao Sérgio Giovanny Alves, Domingos Gonçalves Pontes e Ana Paula
Simão Correa Matos, pela convivência e por tudo que fazem por nós da
Pós-graduação.
A Sílvia Scarpel e Carlos Guedes, pelos auxílios prestados.
Ao Prof. Dr. Josemar Parreira Guimarães, por apoiar e incentivar meu
crescimento na área acadêmica e de pesquisa.
A toda equipe do COAT, em especial Prof. Wagner de Oliveira, Profa.
Marta Rampani, pelo apoio e pela convivência enriquecedora e agradável.
Aos amigos José Márcio Nacur de Almeida e Aldo Ivan Pereira Paiva e às
amigas Patrícia Almeida Grunewald, Aneíse Gomes de Moura, Liliam
Gazolla, Ana Carolina Nogueira, Patrícia Reis, Luciana Caetano, Michele
Cardoso, Ana Paula Ferreira, Isabela Oliveira, Gleyce Oliveira Silva, que
mesmo longe ou perto sempre me deram apoio. À Lívia Maria Serpa
Gregorio, Lo Ruana Pereira de Freitas e Lígia Tiaki Yamamoto, pela
convivência fraterna.
“Tão misericordioso é Deus, que nos dá oportunidade de corrigir erros,
começar de novo, fazer o dia de hoje melhor que o dia de ontem.”
R. O. Dantas
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................... 10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................. 11
1 INTRODUÇÃO.......................................................................... 12
2 REVISÃO DA LITERATURA..................................................... 17
2.1 Endotoxina (LPS): participação nas alterações pulpares e
periapicais.................................................................................
17
2.2 Envolvimento das metaloproteinases da matriz (MMP) nas
alterações pulpares e periapicais.............................................
20
3 PROPOSIÇÃO.......................................................................... 31
4 MATERIAL E MÉTODO............................................................ 32
4.1 Cultura celular........................................................................... 32
4.2 Diferenciação celular................................................................ 33
4.3 Viabilidade da cultura de células.............................................. 35
4.4 Endotoxinas (LPS).................................................................... 36
4.5 Ativação celular pela endotoxina (LPS).................................... 37
4.6 Análise da liberação de metaloproteinases da matriz
extracelular (MMP-3 e MMP-8) pelos monócitos/macrófagos
(U937).......................................................................................
38
5 RESULTADOS.......................................................................... 41
5.1 Produção de MMP-3................................................................. 41
5.2 Produção de MMP-8................................................................. 46
6 DISCUSSÃO............................................................................. 52
6.1 Da metodologia......................................................................... 52
6.2 Dos resultados.......................................................................... 55
7 CONCLUSÃO........................................................................... 62
8 REFERÊNCIAS........................................................................ 63
ANEXO ............................................................................................. 73
ABSTRACT........................................................................................ 74
Vilela PGF. Avaliação da liberação de metaloproteinases da matriz (MMP-3 e MMP-8) por macrófagos ativados por diferentes concentrações de endotoxinas (LPS) em variados períodos de tempo [dissertação]. São José dos Campos: Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista; 2009.
RESUMO
A proposta desta pesquisa foi avaliar a capacidade de diferentes concentrações de endotoxinas (LPS) de Escherichia coli induzir secreção de MMP-3 e MMP-8 por macrófagos in vitro, em diferentes períodos de tempo. Para tanto, monócitos humanos da linhagem U937, diferenciados em macrófagos maduros com phorbol-12-myristate-13-acetate (PMA), foram ativados com 0 (controle), 5, 10 e 20 EU/mL e a produção de MMP-3 e MMP-8 foi avaliada em três períodos de tempo (24, 48 e 72 h) por ensaios imunoenzimáticos (ELISA). Os resultados foram analisados estatisticamente (ANOVA e teste de Tukey, 5%). Pode-se verificar que houve significativo aumento da produção de MMP-3 (p<0,05) e redução da produção de MMP-8 após ativação com diferentes concentrações de LPS em relação ao controle, nos períodos de 24, 48 e 72 h. Em praticamente todos os grupos (incluindo os controles), pode-se verificar que a produção de MMP-3 ou MMP-8 aumentou significativamente em relação ao aumento do tempo. Pode-se concluir que: a) diferentes concentrações de endotoxinas apresentaram capacidade de induzir aumento significativo da produção de MMP-3 nos períodos de 24, 48 e 72 h, independente da concentração utilizada, sugerindo que esta ativação é dependente da presença de endotoxina e não da dose; b) a presença de diferentes concentrações de endotoxinas induziu significativa redução da produção de MMP-8 em relação ao controle, em todos os períodos de tempo avaliados.
Palavras-chave: metaloproteinases da matriz; endotoxinas; macrófagos.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMPc = Adenosina Monofosfato Cíclico
CMT = Tetraciclina Quimicamente Modificada
COX = Cicloxigenase
cPLA2 = Fosfolipase A2 citosólica
DO = Densidade Óptica
ELISA = Ensaio Imunossorbente Ligado à Enzima
EU = Unidade de Endotoxina
FGF = Fator de Crescimento para Fibroblatos
IL = Interleucina
ICAM 1 = Molécula de Adesão Intercelular-1
LPS = Lipopolissacarídeo
MEC = Matriz Extracelular
MMP = Metaloproteinase da Matriz
MT-MMP = Metaloproteinase ligada à Membrana Plasmática
NO = Óxido Nítrico
(O2-) = Superóxido
PDGF = Fator de Crescimento Plaquetário
PGE2 = Prostaglandina E2
PMA = Phorbol-12-myristate-13-acetate
PMN = Polimorfonuclear Neutrófilo
RNAm = Ácido Ribonucléico mensageiro
TIMP = Inibidor de Metaloproteinase Tecidual
TNF = Fator de Necrose Tumoral
TGF = Fator de Crescimento e Transformação
VCAM 1 = Molécula de Adesão Celular Vascular-1
1 INTRODUÇÃO
Microrganismos e seus produtos são os principais
responsáveis pela indução e manutenção das alterações pulpares e
periapicais, promovendo reação inflamatória e reabsorção óssea
periapical (Hong et al., 2004). A inflamação pulpar geralmente é causada
por uma extensão da cárie dentária, permitindo que as células da polpa
entrem em contato com bactérias ou seus produtos, o que pode resultar
em pulpite (Hahn; Liewehr, 2007; Lee et al., 2008). Em dentes com
necrose pulpar e periodontite apical, a infecção é causada por
combinações específicas de bactérias anaeróbias facultativas e estritas,
principalmente Gram-negativas (Sundqvist et al., 1989).
O principal fator de virulência das bactérias Gram-
negativas é representado pela liberação de endotoxinas, que são
complexos lipopolissacarídicos presentes na membrana externa da
parede celular bacteriana (Petsch; Anspach, 2000). O acúmulo destes
componentes bacterianos na polpa dentária ou na região periapical pode
estimular macrófagos presentes na área a produzirem citocinas. A
secreção de citocinas pode estimular as células da polpa a produzirem
enzimas que degradam a matriz extracelular (Panagakos et al., 1996).
Desta forma, as bactérias Gram-negativas têm papel central na
inflamação pulpar e periapical (Lee et al., 2008).
Durante a inflamação periapical, as células residentes do
tecido periapical liberam vários mediadores inflamatórios, citocinas pró-
inflamatórias e fatores de crescimento por meio de resposta imune inata e
adaptativa (Lin et al., 2007; Carneiro et al., 2009). Citocinas como IL-1 e
TNF- são potentes estimuladores da reabsorção óssea. Um dos
mecanismos pelos quais estas citocinas induzem reabsorção é por meio
13
da estimulação da produção e secreção de metaloproteinases da matriz
(MMP) pelas células presentes no local da inflamação (O’Boskey;
Panagakos, 1998).
Em 1997, Wang et al. demonstraram em modelo
experimental de reabsorção óssea em ratos, que IL-1 e TNF- são
importantes mediadores da reabsorção óssea na patogênese da lesão.
Entretanto, existe pouca informação sobre o efeito das citocinas e do LPS
na produção de MMP por células da polpa in vitro (Panagakos et al.,
1996) e o mecanismo patológico preciso, envolvido na lesão periapical,
ainda não está totalmente esclarecido (Takahashi, 1998).
Estudos relataram que a inoculação de LPS no interior dos
canais radiculares de cães produziu reação inflamatória e reabsorção
óssea periapical (Nelson-Filho et al., 2002; Silva et al., 2002),
demonstrando a correlação positiva entre endotoxinas e presença de
lesões periapicais (Sundqvist, 1992).
Hong et al. (2004) sugeriram que a presença de
endotoxinas em canais radiculares infectados estimula macrófagos a
liberar IL-1 e TNF-, as quais induzem a síntese de metaloproteinase da
matriz (MMP-1) e, conseqüentemente, reabsorção óssea periapical. De
acordo com os autores, IL-1 e TNF- apresentam papel significante na
patogênese das alterações pulpares e periapicais. Os autores verificaram
ainda, em modelo experimental de lesão periapical em ratos, que a
administração de polimixina B (antibiótico catiônico com potente atividade
sobre LPS) reduziu a extensão das lesões em 76% a 80% e,
simultaneamente, reduziu o número de macrófagos produtores de MMP-1.
As metaloproteinases da matriz são uma família de
enzimas estruturalmente relacionadas, mas geneticamente distintas, que
degradam componentes da matriz extracelular (Sorsa et al., 2004) e estão
envolvidas com a remodelação fisiológica e patológica do tecido (Krane,
1994; Lin et al., 2001). Este grupo de 23 enzimas humanas é classificado
em colagenases (MMP-1, 8 e 13), gelatinases (MMP-2 e 9),
14
estromelisinas (MMP-3, 7, 10, 11 e 12) , enamelisina (MMP-20) e MMPs
ligadas à membrana plasmática (MT-MMP), entre outras (Llano et al.,
1997; Tjäderhane et al., 2001). O conhecimento detalhado das MMP é
importante para o entendimento da patogênese da inflamação pulpar e
periapical (Tsai et al., 2005).
As MMP são produzidas por diversos tipos de células
incluindo neutrófilos, fibroblastos e macrófagos (Kumar et al., 2005) e sua
atividade é controlada por alterações no delicado balanço entre a
expressão e síntese das MMP e seus principais inibidores endógenos
(Sorsa et al., 2004). A produção das MMP e dos inibidores de
metaloproteinases teciduais (TIMP) pelas células é regulado por muitas
citocinas, fatores de crescimento e hormônios. O desequilíbrio entre MMP
e TIMP pode influenciar o processo de destruição tecidual (Takahashi,
1998).
Assim como em outros tecidos com inflamação, as MMP
estão presentes no tecido pulpar inflamado e em lesões periapicais
(Wahlgren et al., 2002). Entretanto, os dados sobre a presença e função
das MMP nos tecidos dentários são limitados (Tjäderhane et al., 2001).
De acordo com Takahashi (1998), são necessários mais estudos para
determinar o mecanismo regulatório de MMP e TIMP nas lesões
periapicais. Em 2001, Lin et al. sugeriram que a expressão gênica de
MMP-1 e TIMP-1, estimulada por citocinas em fibroblastos da polpa, é
mediada, em parte, por uma via dependente de prostaglandina. Outros
autores têm demonstrado que a prostaglandina E2 (PGE2) tem sido
relatada como sinérgica ou antagônica com IL-1 ou TNF- na modulação
da expressão de MMP-1 e TIMP-1, dependendo do tipo de célula
(Takahashi et al., 1997; Zhang et al., 1998).
Lin et al. (2002) relataram que macrófagos e osteoblastos
estão envolvidos no desenvolvimento de lesões periapicais e que
promovem reabsorção óssea pela produção de MMP-1, IL-6 e
cicloxigenase-2 (COX-2). Em 2003, Lin et al. relataram que a participação
15
de diferentes citocinas em estimular a secreção de MMP envolvidas nas
alterações da polpa e periápice ainda não está bem esclarecida.
Shin et al. (2002) detectaram MMP-1, MMP-2 e MMP-3 em
tecido pulpar inflamado e em lesões periapicais, sugerindo que as MMP
têm importante papel na inflamação pulpar e periapical, especialmente em
pulpites sintomáticas, o que poderia estar relacionado com o aumento do
nível de prostaglandina E2 (PGE2) nestas situações. No entanto, esta
interação entre MMP e prostaglandina em macrófagos deve ser melhor
estudada.
As células do infiltrado inflamatório são as principais
produtoras de MMP, e o efeito parácrino e autócrino do repertório de
citocinas destas células inflamatórias é, provavelmente, o que causa o
desequilíbrio na proporção entre MMP e TIMP, levando, por fim, à
alteração da arquitetura da matriz extracelular (Kim et al., 2006).
Em 2007, Bodet et al. avaliaram a produção de MMP e de
seus inibidores (TIMP) por fibroblastos gengivais estimulados por LPS de
Actinobacillus actinomycetemcomitans e verificaram que LPS pode
estimular a produção de MMP-2, MMP-3 e TIMP-1 e a atividade das
MMP. É provável também que o aumento da expressão de TIMP não
compense o aumento da expressão de MMP, causando um desequilíbrio
na relação MMP/TIMP, o que pode contribuir para destruição do tecido
conjuntivo periodontal.
LPS é um potente ativador de monócitos/macrófagos e
pode, portanto, induzir a produção de diversos mediadores e citocinas
(Tanabe; Grenier, 2008) como TNF-, IL-1β, PGE2 (Bodet et al., 2006;
Lee et al., 2007) e IL-1α (Hong et al., 2004), além de possuir importante
papel na maturação de células progenitoras de osteoclastos e na perda
óssea (Islam et al., 2007). No entanto, o real papel do LPS na indução e
manutenção da reabsorção óssea periapical ainda não está totalmente
esclarecido, de modo que sua participação na liberação de citocinas e,
conseqüentemente, de diferentes metaloproteinases da matriz
16
extracelular poderia esclarecer melhor os efeitos do LPS na patogênese
das alterações pulpares e periapicais e os principais fatores envolvidos
neste processo.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Endotoxina (LPS): participação nas alterações pulpares e
periapicais
A partir da década de 80, os avanços tecnológicos na
cultura e identificação microbiológica demonstraram que, em canais
radiculares de dentes com necrose pulpar e lesão periapical crônica,
predominavam microrganismos anaeróbios, principalmente Gram-
negativos (Leonardo et al., 2004). Quando a polpa dentária é exposta à
cavidade bucal, ocorre contaminação inicial, predominantemente, de
microrganismos aeróbios e facultativos. À medida que o processo
infeccioso progride, o decréscimo de oxigênio e o desenvolvimento de um
baixo potencial de óxido-redução favorecem a mudança desta microbiota
que passa a ser, predominantemente, de microrganismos anaeróbios
(Sundqvist; Sweden, 1994). Tani-Ishii et al., em 1994, verificaram que na
fase ativa de destruição óssea periapical e expansão das lesões em ratos,
havia predomínio de bactérias anaeróbias estritas Gram-negativas.
Os microrganismos Gram-negativos, além de possuírem
diferentes fatores de virulência e gerarem produtos e subprodutos tóxicos
aos tecidos apicais e periapicais, contêm lipopolissacarídeo (LPS) na
membrana externa de sua parede celular. O LPS, que tem atividade de
endotoxina, é liberado quando há multiplicação ou morte bacteriana,
desencadeando uma série de efeitos biológicos, que levam a uma reação
inflamatória e à reabsorção dos tecidos mineralizados (Nelson-Filho et al.,
2002; Leonardo et al., 2004), desempenhando importante papel na
indução e manutenção das lesões periapicais (Jiang et al., 2006).
18
Segundo Takahashi (1998), os possíveis mecanismos
patológicos da lesão periapical precisam ser discutidos, uma vez que, o
mecanismo preciso envolvido nesta lesão ainda não está totalmente
esclarecido. Existem poucos estudos que avaliaram, isoladamente, o
efeito do LPS no tecido apical e periapical (Silva et al., 2002) e a relação
entre LPS e o desenvolvimento de lesão periapical com concomitante
reabsorção óssea, permanece controversa (Hong et al., 2004).
Lee et al. (2008) examinaram o papel do LPS de E. coli na
reação inflamatória em células da polpa dentária humana, para tanto,
avaliaram a capacidade do mesmo induzir a expressão da molécula de
adesão intercelular-1 (ICAM-1) e molécula de adesão celular vascular-1
(VCAM-1). Estas moléculas são expressas no tecido pulpar em resposta
ao estímulo inflamatório e contribui para o recrutamento e migração das
células inflamatórias. A expressão destas moléculas pelas células
aumentaram, significativamente, de acordo com a dose e o tempo de
tratamento com LPS. Com base neste resultado, os autores propuseram
que LPS purificado de E. coli é um potente indutor da inflamação pulpar.
Estudos, realizando inoculação de LPS nos canais
radiculares de cães, mostraram que, após 30 dias, a endotoxina presente
nos canais induziu área de lesão periapical com extensa reabsorção
óssea visível radiograficamente (Nelson-Filho et al., 2002) e um intenso
infiltrado inflamatório, com predomínio de neutrófilos e macrófagos (Silva
et al., 2002).
Durante o desenvolvimento da lesão periapical, que resulta
da interação entre a resposta imune e a infecção microbiana (Lee et al.,
2007), os macrófagos são as principais células responsáveis pela
destruição tecidual e pela produção de vários mediadores pró-
inflamatórios, como IL-1β e TNF-α, que são citocinas importantes na
regulação da reabsorção óssea na região periapical (Stashenko et al.,
1998; Lee et al., 2007). Wang et al. (1997) demonstraram, em modelos
experimentais em ratos, o envolvimento de IL-1α e TNF-α no
19
desenvolvimento de lesão periapical com concomitante reabsorção óssea.
Pita et al. (2009), demonstraram que a aplicação de LPS de E. coli na
polpa dentária de ratos, induziu reação inflamatória, com produção de
PGE2 e MMP-3 associadas com a alta atividade de óxido nítrico e
sugeriram que NO induz a expressão de COX-2 e que a PGE2 produzida
pela COX-2, induz a produção de MMP-3.
As endotoxinas, quando presentes, ligam-se ao receptor
CD14 na superfície de monócitos e macrófagos, e estas células ativadas
secretam interleucinas (IL-1, IL-6 e IL-8), fator de necrose tumoral- (TNF-
), superóxido (O2-), óxido nítrico, interferons , e , e moléculas
lipídicas como o fator ativador de plaquetas e as prostaglandinas, entre
outros (Janeway et al., 2002). Assim, diversos estudos têm sugerido que
as endotoxinas representam um dos principais fatores etiológicos
envolvidos na patogênese da inflamação pulpar e periapical (Barthel et
al., 1997; Nelson-Filho et al., 2002; Silva et al., 2002; Tanomaru et al.,
2003; Hong et al., 2004; Silva et al., 2004).
O acúmulo de LPS na área infectada pode estimular a
liberação de citocinas pró-inflamatórias de neutrófilos ou
monócitos/macrófagos (Wilson et al., 1996; Lin et al., 2001). Citocinas
como IL-1 e TNF- podem iniciar e, conseqüentemente, aumentar a
resposta inflamatória levando à destruição tecidual (Unemori et al., 1994;
Lin et al., 2001) desempenhando importante papel na degradação da
matriz extracelular durante a inflamação pulpar e periapical (Wisithphrom;
Windsor, 2006). Segundo Lin et al. (2001), as reações que levam à
destruição tecidual da polpa e periápice após a indução de IL-1 e TNF-
ainda não estão totalmente esclarecidas, mas acredita-se, que a possível
degradação da matriz extracelular, que ocorre durante a pulpite, resulte
da excessiva produção de MMP, determinada pelas citocinas pró-
inflamatórias. Desta forma, a secreção de MMP pode ter uma correlação
com o nível de citocinas e endotoxinas presentes na lesão pulpar e
periapical (Salo et al., 1991; Shin et al., 2002). Assim, o conhecimento
20
detalhado das MMP pode ser importante para o entendimento da
patogênese da inflamação pulpar, uma vez que o mecanismo preciso
desta patogênese ainda precisa ser elucidado (Tsai et al., 2005).
2.2 Envolvimento das metaloproteinases da matriz (MMP) nas
alterações pulpares e periapicais
A lesão periapical geralmente é uma resposta à chegada
de microrganismos pelo canal radicular (Itoh et al., 2009), consistindo em
inflamação periapical com destruição do ligamento periodontal e
reabsorção do osso alveolar e da raiz (de Paz, 2007; Morimoto et al.,
2008).
O ligamento periodontal é um tecido conjuntivo denso,
localizado entre o cemento e o osso alveolar, suportando o dente. A
destruição do ligamento periapical é inicializada pela degradação da
matriz extracelular (MEC), que é composta principalmente por fibras
colágenas e elásticas, incluindo fibras oxitalânicas e fibras contendo
elastina (Kielty et al., 2005; Morimoto et al., 2008).
A matriz extracelular (MEC) do tecido pulpar é composta
primariamente por colágeno tipo I e II (van Amerongen et al., 1983; Lin et
al., 2001), sendo o tipo I mais abundante na matriz orgânica da dentina
(Tjäderhane et al., 2001; Sulkala et al., 2007). A degradação do colágeno
apresenta importante papel na destruição pulpar durante a pulpite
(Takahashi, 1998; Lin et al., 2001). No processo de periodontite apical, o
colágeno é a principal proteína destruída, resultando na destruição das
fibras colágenas e na reabsorção óssea (Takahashi, 1998). Uma vez
gerados, os fragmentos de colágeno ativam os osteoclastos para a
reabsorção óssea; desta forma, acredita-se que as MMP sejam essenciais
para o início da reabsorção óssea (Holliday et al., 1997), o que poderia
21
explicar o fato da reabsorção óssea ser altamente sensível a citocinas
como IL-1 e TNF- (Birkedal-Hansen, 1993). Como as MMP são as
principais enzimas responsáveis pela degradação da MEC (Takahashi,
1998; Massova et al.,1998), sugere-se que as mesmas apresentam
importância em condições inflamatórias, como nas alterações pulpares e
periapicais (Wahlgren et al., 2002; Shin et al., 2002), mas o mecanismo
molecular envolvendo as MMP nestes processos ainda não é
completamente conhecido (Carneiro et al., 2009).
As metaloproteinases da matriz são uma família de
endopeptidases que inclui mais de 20 membros classificados de acordo
com a especificidade ao substrato e estrutura molecular, em: a)
colagenases (MMP-1, 8 e 13), que atuam em colágeno fibrilar dos tipo I, II
e III; b) gelatinases (MMP-2 e 9), que degradam o colágeno amorfo, bem
como a fibronectina; c) estromelisinas (MMP-3, 7, 10, 11 e 12), que atuam
numa variedade de componentes da matriz extracelular, incluindo
proteoglicanas, laminina, fibronectina e colágenos amorfos; d)
enamelisina (MMP-20), que degrada enamelina; f) MMPs ligadas à
membrana plasmática (MT-MMP) (MMP-14, 15, 16 e 17), entre outras
(Llano et al., 1997; Tjäderhane et al., 2001).
Diversos tipos de células (fibroblastos, macrófagos,
neutrófilos, células sinoviais e algumas células epiteliais) produzem as
MMP (Birkedal-Hansen, 1993; Kumar et al., 2005) e sua liberação é
induzida por estímulos, incluindo fatores de crescimento (PDGF, FGF),
citocinas (IL-1, TNF) e estresse físico. São inibidas por TGF-, esteróides
e inibidores de proteases, como os inibidores de metaloproteinases
teciduais (TIMP) (Kumar et al., 2005). O desequilíbrio entre MMP e seus
inibidores (TIMP) pode influenciar o processo de destruição tecidual, de
modo que o mecanismo regulatório entre MMP e TIMP nas lesões
periapicais precisa ser mais estudado (Takahashi, 1998; Lin et al., 2002;
Wahlgren et al., 2002).
22
As MMP estão envolvidas em processos fisiológicos,
incluindo remodelamento, reparação e desenvolvimento tecidual
(Massova et al., 1998; Uitto et al., 2003; Sorsa et al., 2004). Em tecidos
adultos, a expressão e a atividade das MMP são normalmente baixas,
mas aumentam significativamente em várias condições patológicas que
podem levar à destruição tecidual, como doenças inflamatórias e
neoplasias, assim como em doenças bucais como câncer e cárie (Sorsa
et al., 2004). Podem atuar também na aterogênese, onde as MMP
produzidas pelos macrófagos podem ser responsáveis pela ruptura da
placa aterosclerótica (Hua et al., 2009). Como o papel das MMP na
degradação tecidual tem se tornado evidente em muitas doenças,
tentativas de controlar suas atividades por meios farmacológicos têm
ganhado muita atenção (Sorsa et al., 2004). Em 2009, Hua et al.
demonstraram que a aspirina pode inibir a expressão de MMP-2 e MMP-9
assim como pode potencializar a sua inibição pela indução da expressão
de TIMP-1 e TIMP-2, resultado este que sugere um novo efeito
farmacológico protetor da aspirina quanto à ruptura da placa
aterosclerótica. No entanto, o exato papel das MMP nestas várias
doenças ainda não está totalmente esclarecido (Uitto et al., 2003; Sorsa
et al., 2004).
Em 1996, Panagakos et al. utilizando células da polpa
dentária humana e células de ratos, avaliaram, in vitro, o papel do LPS e
de citocinas inflamatórias na síntese e secreção de MMP. Os autores
observaram que, em uma cultura de curto período (24 a 48h), não houve
alteração no padrão e na quantidade de MMP determinada pelas células
humanas e que as células de ratos secretaram maior quantidade de MMP
após tratamento com IL-1 β e TNF-α. Em 1998, O’Boskey e Panagakos
avaliaram o efeito de citocinas na produção e secreção de MMP por
células da polpa dental humana, mas em culturas de longo-período (2 a
16 dias). Os autores observaram que houve aumento da produção de
MMP-2 e MMP-9 a partir do nono dia, sugerindo que as citocinas
23
desempenham um papel crítico na patogênese da inflamação pulpar e
que, durante a fase crônica desta inflamação, o aumento dos níveis das
citocinas potencializam as células pulpares quanto à secreção de MMP.
Existem indícios da ação das MMP na organização da
matriz dentinária e na regulação da mineralização, mas os dados da
presença e das funções das MMP nos tecidos dentários são limitados
(Tjäderhane et al., 2001). A presença das formas pró e ativa da MMP-8,
MMP-2 e MMP-9 foi demonstrada em lesões de cárie dentária humana. A
presença da forma ativa serve como indicativo da atividade das MMP
durante a degradação da matriz na dentina (Tjäderhane et al., 1998).
Segundo Itoh et al. (2009), a lesão periapical, que é uma resposta à
chegada de microrganismos do canal radicular e que está relacionada à
destruição da MEC, pode estar associada à ativação de
metaloproteinases da matriz como MMP-1, MMP-2 e MMP-9. Estes
autores demonstraram que Prevotella nigrescens, que têm sido isoladas
de canal radicular e associadas com lesão periradicular, são capazes de
ativar as formas proMMP-2 e proMMP-9 in vivo e esta ativação pode estar
relacionada à destruição do tecido periapical. Neste mesmo ano, Santos
et al. (2009) investigaram a presença de MMP na dentina radicular por
meio de zimografia e Western blotting. Os autores puderam confirmar a
presença de MMP-2, MMP-8 e MMP-9 na dentina coronária, assim como
demonstrar a sua existência também região radicular do dente.
Wahlgren et al. (2002) detectaram presença significativa
de MMP-8 em tecidos pulpares inflamados e demonstraram que os
macrófagos presentes no local da inflamação podiam expressar MMP-8.
Além disso, o nível de MMP-8 presente no exsudato periapical diminuiu
nos pacientes com sucesso do tratamento endodôntico e manteve-se alto
naqueles em que o processo inflamatório persistiu, indicando que a sua
análise poderia servir para monitorar a atividade inflamatória e como
indicador do sucesso do tratamento. No entanto, são necessários mais
estudos clínicos para que a mensuração de MMP dos canais radiculares,
24
durante o tratamento, seja usada como instrumento para avaliação da
inflamação periapical (Wahlgren et al., 2002), assim como estudos sobre
o mecanismo regulatório entre MMP e TIMP nas lesões periapicais
(Takahashi, 1998). Acredita-se que inibidores de MMP em canais
radiculares e em tecidos periapicais possam oferecer, no futuro, uma nova
perspectiva para o tratamento endodôntico (Wahlgren et al., 2002).
Segundo Ramamurthy et al. (2002), nas últimas décadas,
intensificou-se o interesse no desenvolvimento de inibidores de MMP para
uso terapêutico em diversas doenças. Os autores demonstraram que o
uso de inibidores de MMP reduziu a atividade de MMP e adicionalmente
reduziu a margem de reabsorção óssea em periodontites induzidas em
ratos pela injeção local de LPS.
As metaloproteinases da matriz são tradicionalmente vistas
como enzimas destrutivas em doenças inflamatórias, no entanto, com
base nos resultados do seu estudo, Tjäderhane et al. (2007) propõem
uma nova visão do papel da MMP. Os autores avaliaram o efeito de
inibidores de MMP (tetraciclina quimicamente modificada/CMT-3) na
formação da lesão periapical em modelo experimental de ratos e,
surpreendentemente, encontraram maior área de necrose pulpar e lesão
periapical no grupo de ratos que receberam (CMT-3) do que no grupo
controle (submetido somente à exposição pulpar). De acordo com os
autores, estes resultados podem indicar que as MMP possuem
propriedades anti-infecciosas e/ou anti-inflamatória na patologia pulpar e
periapical. Desta forma, são necessários mais estudos para avaliar se o
efeito anti-infeccioso e/ou anti-inflamatório das MMP é local, específico a
um determinado tecido ou é geral e também verificar se este efeito está
relacionado a uma MMP ou a vários membros da família de MMP.
Utilizando-se ensaio imunoenzimático (ELISA), Shin et al.
(2002) avaliaram o nível e a distribuição de MMP em tecidos pulpares
inflamados e em lesões periapicais. Os autores verificaram que as
concentrações de MMP-1, MMP-2 e MMP-3 foram significativamente
25
maiores nos grupos com pulpite aguda do que no grupo controle
(pacientes com polpa no seu estado normal), sugerindo o importante
papel das MMP na progressão do processo inflamatório pulpar e na
destruição tecidual periapical. Além disso, por análise imunohistoquímica,
MMP-1 e MMP-3 foram localizadas na matriz extracelular ao redor das
células inflamatórias, resultado este sugestivo de que MMP-1 e MMP-3
podem ser secretadas por células inflamatórias como neutrófilos,
macrófagos e linfócitos (Shin et al., 2002) e que há uma fonte multicelular
de MMP nas infecções endodônticas (Tjäderhane et al., 2007). Entretanto,
a regulação da produção de MMP-3 durante a inflamação pulpar ainda é
pouco entendida. Acredita-se que durante o processo inflamatório da
polpa dentária há indução e ativação da síntese de óxido nítrico pelas
células endoteliais, fibroblastos, macrófagos que então catalisam a
síntese de NO. Este, por sua vez, induz a expressão de COX2 causando a
liberação de PGE2. O acúmulo de PGE2 determina a secreção de MMP-3
(Pita et al., 2009).
A técnica de ensaio imunoenzimático (ELISA) adotada no
estudo de Shin et al. (2002) também foi utilizada por Figueredo et al.
(2003) para quantificar MMP-9 do fluido gengival de pacientes com
gengivite e de pacientes com periodontite crônica. Segundo os autores,
esta técnica consegue quantificar a MMP-9 ativa somada a proMMP-9, ou
seja, ela não é capaz de analisar a atividade gelatinolítica total, nem as
frações ativas e latentes separadamente, no entanto, ela é extremamente
sensível. Os resultados deste estudo demostraram que a quantidade de
MMP-9 nos sítios com perda de inserção foi maior do que nos sítios com
inflamação mas sem destruição periodontal, sugerindo que esta enzima
pode estar envolvida na destruição tecidual que ocorre na periodontite.
Além de MMP-8 (Wahlgren et al., 2002), MMP-1 e MMP-3
(Shin et al., 2002), outra metaloproteinase da matriz encontrada em níveis
aumentados em dentes com inflamação pulpar é a MMP-9, indicando que
esta MMP pode estar relacionada com a destruição do tecido pulpar
26
(Gusman et al., 2002). Em 2005, Tsai et al. demonstraram que o tecido
pulpar humano pode expressar MMP-9, uma vez a mesma foi detectada
em odontoblastos, fibroblastos, infiltrados inflamatórios e células
endoteliais. Adicionalmente, o nível de MMP-9 nas polpas com inflamação
foi, significativamente, maior do que nas polpas com aspectos clínicos
saudáveis. Assim, estes autores relataram existir boa evidência para
suspeitar que MMP-9 pode ter um papel importante na patogênese da
inflamação pulpar.
Carneiro et al. (2009) demonstraram que a expressão de
MMP-9 também foi significativamente maior em dentes com periodontite
apical do que naqueles com ligamento periodontal normal, sugerindo que
a MMP-9 pode estar diretamente envolvida na destruição da MEC nestas
lesões e, portanto, pode estar associada ao desenvolvimento e
progressão da lesão periapical. Os resultados deste estudo sugeriram a
participação de várias células inflamatórias na expressão de MMP-9 em
particular macrófagos, sugerindo que estas células são fonte de MMP-9
durante periodontite apical. A presença de macrófagos na periodontite
periapical crônica é crucial devido ao seu papel na reposta protetora,
assim como no desenvolvimento da lesão e na perpetuação da resposta
inflamatória (Márton; Kiss, 2000; Carneiro et al., 2009).
Os macrófagos desempenham importante papel na
regulação do turnover da MEC por meio da secreção de proteases,
incluindo MMP, inibidores de proteases e citocinas, tanto em condições
normais como patológicas (Hong et al. 2000; Shin et al. 2002). Os
macrófagos podem expressar várias MMP, incluindo colagenase I (MMP-
1), gelatinases (MMP-2, MMP-9), estromelisinas (MMP-3, MMP-7, MMP-
12), colagenase-3 (MMP-13) (Goetzl et al., 1996; Imai et al., 1998) e outra
colagenase (MMP-8) (Wahlgren et al., 2002).
Alguns estudos sugerem que a expressão de MMP por
macrófagos ativados com LPS pode ocorrer por meio de uma via
dependente de PGE2 e AMPc (Wahl; Corcoran, 1993). Em 1998, Zhang et
27
al. foram os primeiros a demonstrar que a produção de MMP-1 por
monócitos pode ser induzida por citocinas e que MMP-1, MMP-9 e TIMP-1
são diferentemente regulados por combinações de citocinas, por de
mecanismos dependentes (MMP-1) e independentes (MMP-9 e TIMP-1)
de prostaglandina (PG). O primeiro mecanismo foi demonstrado pela
inibição da produção de MMP-1 dos monócitos pela indometacina e a
reversão desta inibição com o uso de agentes exógenos, como PGE2, que
eleva o nível intracelular de AMPc. A produção de MMP-9 e TIMP, por sua
vez, não apresentou alteração na presença de indometacina, sugerindo
um mecanismo de regulação de MMP por via independente de PG. Estes
autores (Zhang et al.,1998) relataram ainda que os mecanismos
sinalizados por citocinas e que promovem a produção de MMP parecem
ser, em parte, diferentes para diversos tipos de células.
De acordo com Takahashi et al. (1997), os efeitos de
inibidores de cicloxigenase e de PGE2 na produção de TIMP-1 e MMP-1
também parecem variar de acordo com o tipo de célula estudada.
Utilizando fibroblastos da sinóvia de pacientes com artrite reumatóide, os
autores observaram que IL-1 estimulou a produção de TIMP e pro-MMP,
efeito este que foi aumentado com a utilização de inibidores da
cicloxigenase, entretanto, por outro lado, foi suprimido na presença de
PGE2 exógena, indicando que esta tem efeito negativo na produção de
TIMP-1 e pro-MMP-1 (Takahashi et al.,1997). Lin et al. (2001) relataram
que a expressão gênica de MMP-1 e TIMP-1 induzida por mediadores
como IL-1 α, TNF-α e PGE2 em fibroblastos da polpa dental é, em parte,
mediada por uma via dependente de PGE2. Na presença de IL-1α e TNF-
α houve elevada expressão pelas células de MMP-1 e baixa expressão de
TIMP-1, enquanto PGE2 induziu alta expressão de TIMP-1, mas não teve
o mesmo efeito na MMP-1. Por sua vez, o uso concomitante de PGE2 e
IL-1 α ou TNF-α suprimiu a indução de MMP-1 em comparação ao efeito
destas citocinas utilizadas isoladamente. Por outro lado, o uso de PGE2
aumentou o efeito na expressão de TIMP induzida por estas citocinas, o
28
que sugere um possível efeito protetor da PGE2 à excessiva destruição
tecidual durante a pulpite.
Em modelos experimentais de lesão periapical em ratos,
Lin et al. (2002) detectaram a expressão gênica de MMP-1, TIMP-1, IL-6 e
COX-2, indicando, portanto, o envolvimento destes mediadores no
desenvolvimento da lesão periapical associada à reabsorção óssea. Os
macrófagos foram as principais fontes de MMP-1, IL-6 e COX-2,
principalmente na fase inicial. Estas células se agregaram ao redor da
área de reabsorção óssea e o número de células expressando MMP-1
aumentou consideravelmente à medida que a lesão progredia, implicando
o envolvimento dos macrófagos no desenvolvimento da lesão periapical.
Os autores observaram também uma redução característica da área de
reabsorção óssea e na expressão de MMP-1 e IL-6 após uso de inibidores
da COX-2, sugerindo a importância da COX-2 na patogênese da lesão
periapical pela modulação indireta à expressão de MMP-1 e IL-6. Shin et
al. (2002) relataram, entretanto, que são necessários novos estudos sobre
a relação entre MMP e prostaglandinas em macrófagos.
A hipótese do envolvimento de citocinas como IL-1α, IL-1β
e TNF-α na produção de MMP-1 foi verificada na estudo de Hojo et al.
(2000), no qual anticorpos contra estes mediadores foram colocados em
co-cultura de células endoteliais e monócitos o que resultou numa
significativa inibição da produção de MMP-1 por estas células, quando na
presença de anti-IL-1β e anti-TNF-α.
Para avaliar o papel do LPS em lesões periapicais, Hong
et al. (2004) investigaram in vitro o efeito do LPS na produção de IL-1 α,
TNF-α e MMP-1 por macrófagos de camundongos (J774) e demonstraram
que o LPS induziu a produção destas citocinas e a expressão gênica de
MMP-1, efeito este que foi reduzido, significativamente, com o uso de
anticorpos anti-IL-α e anti-TNF-α. Além disso, o uso de polimixina B,
antibiótico com importante ação sobre endotoxina, reduziu a produção de
MMP-1 e a extensão da lesão associada com a perda óssea na análise, in
29
vivo, dos modelos experimentais de ratos. Desta forma, os autores
sugeriram que o LPS desempenha um importante papel nas lesões
periapicais, onde a reabsorção óssea é induzida pela liberação de
citocinas pró-inflamatórias, que por sua vez modulam a produção de
MMP-1 pelos macrófagos.
Durante o desenvolvimento da lesão periapical, induzida
por exposição pulpar (7, 14, 21, 28 e 42 dias) em modelos experimentais
de ratos, foi avaliada a presença de elastase (macrófago elastase), que é
um membro da família de MMP produzida especificamente por
macrófagos e de neutrófilo elastase, secretada por neutrófilos. A
macrófago elastase, detectada após 7 dias, foi significativamente maior do
que neutrófilo elastase entre 7º e 21º dias, enquanto neutrófilo elastase,
detectada a partir do 14º dia, aumentou gradualmente entre 14º e 28º
dias. Ambas elastases aumentaram durante o desenvolvimento da lesão,
com destruição do osso alveolar. Estes resultados indicam que a atividade
de macrófago elastase aumentou no início destruição do tecido
periradicular e que a atividade de neutrófilo elastase pode estar
relacionada com a expansão da destruição. Uma vez que os macrófagos
foram mais ativos durante o estágio inicial da lesão periradicular, acredita-
se que macrófago elastase possa contribuir para o início da destruição da
MEC do tecido periapical (Morimoto et al., 2008).
Monócitos/macrófagos humanos da linhagem U937,
considerados úteis para estudar o comportamento dos macrófagos (Jiang
et al., 2003; Lee et al., 2007), têm sido utilizados para quantificação, por
ensaio imunoenzimático (ELISA), após ativação por LPS, da produção de
citocinas (Bodet et al., 2006; Grenier; Grignon, 2006; Lee et al., 2007;
Tanabe; Grenier, 2008), PGE2 (Tanabe; Grenier, 2008) e de
metaloproteinases da matriz (Maldonado et al., 2004; Bodet et al., 2006;
Grenier; Grignon, 2006; Tanabe; Grenier, 2008). Em 2006, Grenier e
Grignon, utilizando monócitos/macrófagos humanos (U937),
demonstraram que o LPS de Fusobacterium nucleatum induziu
30
significativo aumento da secreção de IL-1β, IL-6, IL-8, TNF-α, PGE2 e
MMP-9 por estas células. Em 2008, Tanabe e Grenier também
demonstraram significativa indução destes mediadores pelos macrófagos
(U937), após 24 horas de ativação por LPS de A.
actinomycetemcomitans. No entanto, são poucos os estudos na literatura
que avaliaram a relação específica das MMP produzidas por macrófagos
com outros fatores liberados numa infecção endodôntica, como
endotoxinas, citocinas e prostaglandinas.
Assim, torna-se interessante avaliar a relação entre LPS e
a produção de MMP por macrófagos, a fim de verificar o envolvimento do
LPS na produção de MMP, uma vez que as vias de ativação das MMP
nas alterações pulpares e periapicais ainda não estão totalmente
esclarecidas.
3 PROPOSIÇÃO
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a capacidade de
diferentes concentrações de endotoxinas (LPS) de Escherichia coli
induzirem a secreção de MMP-3 e MMP-8 por macrófagos in vitro, nos
períodos de 24, 48 e 72 h.
4 MATERIAL E MÉTODO
Esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos (102/2007-PH/CEP – Anexo).
4.1 Cultura celular
Foi utilizada linhagem de monócitos humanos (U937)
obtida do banco de células da Associação Técnico Científica Paul Ehrlich
(APABCAM, Rio de Janeiro, RJ). As células foram mantidas em meio
RPMI-1640 (LGC Biotecnologia, Cotia, SP), enriquecido com 10% de soro
fetal bovino (GIBCO, Invitrogen, NY, USA), em incubadora a 37ºC com
5% de CO2 (Figura 4). O meio de cultura foi trocado (Figura 1) a cada dois
dias, mantendo uma concentração celular entre 1x105 e 2x106
monócitos/mL para garantir ótimo crescimento (Grenier; Grignon, 2006).
Figura 1 – Troca do meio de cultura para manutenção da linhagem celular.
33
4.2 Diferenciação celular
Os monócitos humanos da linhagem (U937) foram
diferenciados em macrófagos aderentes por meio de tratamento com
phorbol-12-myristate 13-acetato (PMA; Sigma-Aldrich, St. Louis, MO,
USA) (Figura 2). Para isto 1 x 106 monócitos/mL foram mantidos por 48 h
em meio RPMI-1640, enriquecido com 10% de soro fetal bovino, na
presença de 1 g/mL de PMA (Figura 2). Este tratamento foi realizado
para induzir características de macrófagos maduros (Rovera et al., 1979;
Vogel et al., 2005; Bodet et al., 2006; Grenier; Grignon, 2006; Lee et al.,
2007; Tanabe; Grenier, 2008). Em seguida, o meio foi removido por
aspiração e as células foram incubadas novamente em meio RPMI-1640,
enriquecido com 10% de soro fetal bovino, livre de PMA, pelo período de
24 h.
A B
Figura 2 – a) frasco contendo phorbol-12-myristate 13-acetato (PMA; SIGMA- Aldrich); b)
adição de 1g/mL de PMA à cultura celular.
Os macrófagos aderidos foram retirados com uso de cell
scrap (SPL Ciencor Scientific, São Paulo, SP) (Figura 3) e a solução foi
centrifugada (1200 Xg/ 10 min/ 250C) (Figura 4 e Figura 5) e
ressuspendida com meio RPMI-1640 enriquecido com 1% de soro fetal
bovino. Em seguida, foi feita a análise da viabilidade celular.
34
Figura 3 – Uso de cell scrap (SPL Ciencor) para retirada de macrófagos aderidos. A B
Figura 4 - a) incubadora de CO2 (Ultrasafe/Biosystems Ltda); b) centrífuga
microprocessada (MPW/Biosystems Ltda).
Figura 5 – Células aderidas na parede do tubo Falcon após a centrifugação;
35
4.3 Viabilidade da cultura de células
A viabilidade celular foi avaliada pelo teste de exclusão
utilizando azul de tripan (0,5%; Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA) e
contagem das células viáveis em câmara de Neubauer. Para tanto, em
uma alíquota de 50 L da suspensão celular foi adicionado 5 L de azul
de tripan 0,5% (Figura 6). Uma alíquota de 10 L desta mistura foi
colocada na câmara de Neubauer (Figura 6) e visualizada em microscópio
óptico, para realizar a contagem das células viáveis (não coradas).
A B
Figura 6 – a) adição de 5 L do azul de tripan 0,5% à suspensão celular; b) câmara de
Neubauer sendo preenchida com uma alíquota da cultura celular acrescentada de azul de tripan.
Para realização dos testes, foram colocados 1 x 106
células viáveis em cada poço da placa de polistireno (apirogênica) de 24
poços (COSTAR, Corning Incorporated, NY, USA) acrescentado de meio
RPMI-1640 enriquecido com 1% de soro fetal bovino até obter volume
final de 1000 L (Figura 7).
36
Figura 7 – Distribuição de 1 x 106 células viáveis em cada poço da placa de polistireno
(apirogênica) de 24 poços.
4.4 Endotoxinas (LPS)
Foi utilizada neste estudo endotoxina padrão de
Escherichia coli (Cambrex), em diferentes concentrações (0, 5, 10 e 20
EU/mL) (Figura 8).
Figura 8 – Frasco contendo endotoxina padrão de Escherichia coli (Cambrex, MO, USA).
37
4.5 Ativação celular pela endotoxina (LPS)
Após distribuição das células nos poços, estas foram
ativadas com diferentes concentrações de LPS (0, 5, 10 e 20 EU/mL)
(Figura 9). Foram realizadas 30 repetições para cada concentração de
LPS, totalizando 120 amostras. A produção de metaloproteinases da
matriz foi avaliada em três diferentes períodos de tempo após ativação
celular: 24, 48 e 72 h, sendo utilizadas 10 repetições para cada tempo de
avaliação.
Figura 9 – Placa de cultura de 24 poços contendo macrófagos. As células foram ativadas
pela adição de diferentes concentrações de endotoxinas.
38
4.6 Análise da liberação de metaloproteinases da matriz extracelular
(MMP-3 e MMP-8) pelos monócitos/macrófagos (U937)
A produção de metaloproteinases da matriz (MMP-3 e
MMP-8) foi avaliada por ensaios imunoenzimáticos (ELISA) utilizando os
Kits DuoSet® ELISA Development System (R&D Systems, Minneapolis,
USA) (Figura 10). Assim, microplacas de 96 poços (Nunc) foram
previamente sensibilizadas com anticorpos de captura anti-MMP-3 ou
anti-MMP-8 (R&D Systems). As placas foram mantidas overnight, em
temperatura ambiente e depois foi feita lavagem abundante com PBS
contendo Tween 20. (Figura 11). Após a lavagem, foi feito bloqueio
(Figura 11) com a adição de Reagente Diluente (PBS contendo 1% de
Soro Bovino Albumina–BSA) e a placa foi mantida em temperatura
ambiente por 1 h. Após uma nova lavagem, amostras dos sobrenadantes
de cada poço da cultura de células e os controles da reação (curva-
padrão) foram adicionados e as placas mantidas por 2 h em temperatura
ambiente (Figura 12). Os testes foram realizados em duplicata para cada
amostra. Após lavagem abundante com PBS contendo Tween 20 foi
acrescentado anticorpo de detecção anti-MMP-3 ou anti-MMP-8 marcado
com biotina (Figura 12). Após 2 h de incubação, as placas foram
novamente lavadas e foi adicionada estreptoavidina conjugada com
peroxidase (R&D Systems) e foram mantidas por 20 minutos ao abrigo da
luz. Repetiu-se a lavagem abundante com PBS contendo Tween 20 e a
reação foi revelada (Figura 13) com solução de substrato cromogênico
que contem Reagente A (peróxido de hidrogênio) e Reagente B
(tetrametilbenzidina) (R&D Systems) (Figura 10). A reação foi bloqueada
após os 20 minutos com ácido sulfúrico 2 N (Figura 14). As densidades
ópticas (DO) foram lidas no leitor de microplacas (Biotek) (Figura 15) com
comprimento de onda de 450 nm e os níveis de MMP-3 e MMP-8
presentes nos sobrenadantes das culturas foram determinados. Os
39
resultados foram analisados estatisticamente, pela análise de variância
ANOVA, com nível de significância de 5%, e pelo teste de Tukey.
A B
Figura 10 - Kit e Reagentes utilizados para quantificação de MMP. a) Kit DuoSet® ELISA
Development System (R&D Systems, Minneapolis, USA; b) Reagente A e Reagente B (R&D Systems, Minneapolis, USA).
A B
Figura 11 - Procedimentos realizados no ensaio imunoenzimático a) lavagem da placa
com PBS contendo Tween 20; b) adição de Reagente Diluente (Bloqueio). A B
Figura 12 - Procedimentos realizados no ensaio imunoenzimático. a) adição das
amostras e dos controles; b) adição de anticorpo de detecção anti-MMP-3.
40
A B
Figura 13 – Revelação da reação: a) adição da solução de substrato cromogênico que
reage com a peroxidase; b) resultado da reação após 20 minutos.
Figura 14 - Procedimento realizado no ensaio imunoenzimático: bloqueio da reação
anterior com ácido sulfúrico 2 N.
Figura15 - Leitor de microplacas (Biotek) utilizado para realizar as leituras das
densidades ópticas (DO).
5. RESULTADOS
5.1 Produção de MMP-3
Os valores médios da quantidade de MMP-3 (pg/mL)
obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação por
endotoxinas de E. coli nas concentrações 0 (controle), 5, 10 e 20 EU/mL,
em diferentes períodos de tempo (24, 48 e 72 h), estão apresentados nas
Tabelas 1 a 4, respectivamente.
Tabela 1 – Valores médios da quantidade de MMP-3 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares sem ativação por endotoxina de E. coli (controle), nos diferentes períodos de tempo
Amostras* 24 h 48 h 72 h
1 63,28 391,92 712,83
2 113,12 239,90 814,36
3 58,36 245,05 711,34
4 77,48 192,09 622,25
5 155,72 189,00 385,58
6 106,36 124,27 895,61
7 328,50 677,14 617,28
8 369,67 797,30 2105,77
9 158,58 291,93 327,18
10 118,75 273,87 339,11
* grupo controle: sem ativação por endotoxina.
42
Tabela 2 – Valores médios da quantidade de MMP-3 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação por endotoxina de E. coli na concentração 5 EU/mL, nos diferentes períodos de tempo
Amostras* 24 h 48 h 72 h
1 913,33 1623,23 2629,09
2 879,72 2312,72 2589,09
3 1050,20 1157,65 2008,72
4 759,70 1503,54 2105,00
5 892,18 2521,21 1991,66
6 869,59 1988,33 2045,01
7 1095,62 2532,12 2268,33
8 1322,45 2185,46 2100,03
9 1191,53 2238,77 2126,39
10 1286,06 2119,75 2125,59
* grupo ativado com 5 EU/mL de endotoxina.
Tabela 3 – Valores médios da quantidade de MMP-3 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação por endotoxina de E. coli na concentração 10 EU/mL nos diferentes períodos de tempo
Amostras* 24 h 48 h 72 h
1 2111,71 2151,88 2240,23
2 2160,29 2407,64 2343,36
3 2208,83 2127,78 2248,26
4 2036,61 2309,19 2657,44
5 2200,07 2144,57 2303,76
6 2095,19 2323,09 2503,51
7 2154,07 2126,32 2205,18
8 2452,40 2510,98 2588,54
9 2147,27 2327,90 2406,83
10 2100,89 2363,71 2576,07
* grupo ativado com 10 EU/mL de endotoxina.
43
Tabela 4 – Valores médios da quantidade de MMP-3 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação por endotoxina de E. coli na concentração 20 EU/mL nos diferentes períodos de tempo
Amostras* 24 h 48 h 72 h
1 2092,73 2119,75 2174,51
2 2422,19 2514,55 2542,49
3 2515,32 2577,41 2589,83
4 2392,70 2474,19 2402,79
5 2396,58 2447,03 2561,11
6 1491,69 1527,82 1528,86
7 1621,40 1538,76 1624,82
8 1505,68 1555,76 1564,79
9 1449,82 1484,56 1482,80
10 1607,69 1516,43 1617,01
* grupo ativado com 20 EU/mL de endotoxina.
Após análise estatística, em relação ao tempo, pode-se
verificar que houve aumento significativo da produção de MMP-3 (24, 48 e
72 h), exceto no grupo ativado com endotoxina na concentração 20
EU/mL. Assim, no grupo controle houve aumento significativo da
produção de MMP-3 do tempo 24 ou 48 h para 72 h (p<0,05). No grupo
ativado com 5 EU/mL de endotoxinas, houve aumento significativo na
produção de MMP-3 do tempo de 24 h para os tempos de 48 ou 72 h. No
grupo ativado com 10 EU/mL de endotoxinas, no período de 24 h a
produção de MMP-3 foi significativamente inferior ao período de 72 h
(p<0,05). Já no grupo ativado com 20 EU/mL, os valores da produção de
MMP-3 foram similares em todos os períodos avaliados (p>0,05). As
tabelas 5 a 8 demonstram os valores médios ± desvios-padrão da
produção de MMP-3 em cada grupo, em função do tempo, e a formação
de grupos homogêneos.
44
Tabela 5 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-3 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares sem ativação (controle)
Tempo média desvio-padrão Grupos homogêneos
24 154,98 108,21 A
48 342,25 221,70 A
72 753,13 514,30 B
Tabela 6 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-3
(pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 5 EU/mL
Tempo média desvio-padrão Grupos homogêneos
24 1026,00 193,14 A
48 2018,30 453,77 B
72 2198,90 229,53 B
Tabela 7 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-3
(pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 10 EU/mL
Tempo média desvio-padrão Grupos homogêneos
24 2166,70 112,78 A
48 2279,30 134,66 A B
72 2407,30 163,99 B
Tabela 8 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-3
(pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 20 EU/mL
Tempo média desvio-padrão Grupos homogêneos
24 1949,60 452,30 A
48 1975,60 490,33 A
72 2008,90 484,80 A
45
Com relação à concentração de endotoxina utilizada na
ativação celular, pode-se verificar que, em relação ao controle, houve
significativo aumento na produção de MMP-3 (p<0,05) após ativação com
diferentes concentrações de endotoxina (5, 10 e 20 EU/mL).
Comparando-se as concentrações de endotoxinas, somente no tempo de
24 h houve diferença significante entre a concentração 5 EU/mL em
relação às concentrações 10 ou 20 EU/mL (p>0,05). Nos períodos de 48 e
72 h, não houve diferença significante entre as concentrações de
endotoxinas utilizadas (p>0,05) na ativação celular. Os valores médios e
desvios-padrão de cada grupo e a formação de grupos homogêneos, nos
tempos 24, 48 e 72 h, estão demonstrados nas tabelas 9 a 11.
Tabela 9 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-3 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 0, 5, 10 e 20 EU/mL nos período de 24 h
Concentrações de
endotoxina (EU/mL)
média
desvio-padrão
Grupos homogêneos
0 (controle) 154,98 108,21 A
5 1026,00 193,14 B
10 2166,70 112,78 C
20 1949,60 452,30 C
Tabela 10 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-3
(pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 0, 5, 10 e 20 EU/mL nos período de 48 h
Concentrações de
endotoxina (EU/mL)
média
desvio-padrão
Grupos homogêneos
0 (controle) 342,25 221,70 A
5 2018,30 453,77 B
10 2279,30 134,66 B
20 1975,60 490,33 B
46
Tabela 11 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-3 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 0, 5, 10 e 20 EU/mL nos período de 72 h
Concentrações de
endotoxina (EU/mL)
média
desvio-padrão
Grupos homogêneos
0 (controle) 753,13 514,30 A
5 2198,90 229,53 B
10 2407,30 163,99 B
20 2008,90 484,80 B
5.2 Produção de MMP-8
Os valores médios da quantidade de MMP-8 (pg/mL)
obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação por
endotoxinas de E. coli nas concentrações 0 (controle), 5, 10 e 20 EU/mL,
em diferentes períodos de tempo (24, 48 e 72 h), estão apresentados nas
Tabelas 12 a 15, respectivamente.
47
Tabela 12 – Valores médios da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares sem ativação por endotoxina de E. coli (controle), nos diferentes períodos de tempo
Amostras* 24 h 48 h 72 h
1 1893,36 2295,33 2056,14
2 1490,35 1837,69 1999,26
3 1202,75 1568,78 3503,92
4 908,56 1801,75 3680,98
5 1625,70 1826,04 2617,54
6 1088,51 1847,46 2212,66
7 1325,37 2356,83 4029,48
8 1800,76 2735,03 3926,28
9 1436,96 2494,08 3421,77
10 1264,68 1990,22 3202,14
* grupo controle: sem ativação por endotoxina.
Tabela 13 – Valores médios da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação por endotoxina de E. coli na concentração 5 EU/mL nos diferentes períodos de tempo
Amostras* 24 h 48 h 72 h
1 554,88 797,98 1202,75
2 520,74 981,38 1084,02
3 418,99 1007,29 1068,09
4 754,30 1158,99 984,41
5 710,26 1010,36 1477,66
6 804,86 1313,26 1242,35
7 825,76 921,74 1084,02
8 1334,91 1371,17 1688,79
9 1282,31 1081,07 1693,72
10 1366,14 1445,86 1841,67
* grupo ativado com 5 EU/mL de endotoxina.
48
Tabela 14 – Valores médios da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação por endotoxina de E. coli na concentração 10 EU/mL nos diferentes períodos de tempo
Amostras* 24 h 48 h 72 h
1 622,91 1490,58 1047,05
2 369,17 1112,95 1171,23
3 907,36 1009,64 1069,04
4 792,59 1148,52 1297,52
5 416,68 1078,48 1048,38
6 691,65 1496,34 1376,12
7 496,07 676,15 582,46
8 867,17 1263,04 1378,82
9 485,77 464,04 513,58
10 953,97 1301,70 548,35
* grupo ativado com 10 EU/mL de endotoxina.
Tabela 15 – Valores médios da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação por endotoxina de E. coli na concentração 20 EU/mL nos diferentes períodos de tempo
Amostras* 24 h 48 h 72 h
1 445,01 568,91 605,20
2 393,78 543,01 543,50
3 380,74 670,54 608,82
4 326,77 594,32 681,01
5 237,82 521,04 704,31
6 177,11 435,92 942,13
7 269,19 294,60 618,68
8 192,80 356,85 593,80
9 208,01 554,41 590,70
10 210,23 844,24 684,32
* grupo ativado com 20 EU/mL de endotoxina.
49
Após análise estatística, em relação ao tempo, pode-se
verificar que houve aumento significativo da produção de MMP-8 (24, 48 e
72 h), independente da concentração de endotoxina utilizada na ativação
celular. Assim, em todas as amostras, incluindo o grupo controle, houve
aumento significativo da produção de MMP-8 do tempo de 24 até 72 h. No
grupo ativado com 5 EU/mL de endotoxinas, houve significativo aumento
da produção de MMP-8 do tempo 24 h para 72 h (p<0,05). Nos grupos
ativados com 10 ou 20 EU/mL, houve aumento significativo da produção
de MMP-8 do tempo 24 h para 48 h (p<0,05) e do tempo 24 para 72 h
(p<0,05), sendo que os períodos de 48 h e 72 h apresentaram valores
semelhantes (p>0,05). As tabelas 16 a 19 demonstram os valores médios
± desvios-padrão da produção de MMP-8 em cada grupo, em função do
tempo, e a formação de grupos homogêneos.
Tabela 16 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares sem ativação (controle)
Tempo média desvio-padrão Grupos homogêneos
24 1403,70 310,14 A
48 2075,30 372,29 B
72 3065,00 779,64 C
Tabela 17 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 5 EU/mL
Tempo média desvio-padrão Grupos homogêneos
24 857,31 349,68 A
48 1108,90 209,59 A B
72 1336,70 312,18 B
50
Tabela 18 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 10 EU/mL
Tempo média desvio-padrão Grupos homogêneos
24 660,33 213,83 A
48 1104,10 328,63 B
72 1003,30 337,80 B
Tabela 19 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 20 EU/mL
Tempo média desvio-padrão Grupos homogêneos
24 284,15 95,72 A
48 538,38 155,83 B
72 657,25 111,86 B
Com relação à concentração de endotoxina utilizada na
ativação celular, pode-se verificar que, em relação ao controle, houve
significativa redução da produção de MMP-8 após ativação com
endotoxinas nas diferentes concentrações. A produção de MMP-8 nos
grupos ativados com 5 e 10 EU/mL foram semelhantes entre si (p>0,05) e
significativamente inferior ao grupo controle (p<0,05). A produção de
MMP-8 no grupo ativado com 20 EU/mL foi significativamente inferior a de
praticamente todos os grupos avaliados (p<0,05). Os valores médios e
desvios-padrão de cada grupo e a formação de grupos homogêneos, nos
tempos 24, 48 e 72 h, estão demonstrados nas tabelas 20 a 22.
51
Tabela 20 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 0, 5, 10 e 20 EU/mL nos período de 24 h
Concentrações de
endotoxina (EU/mL)
média
desvio-padrão
Grupos homogêneos
0 (controle) 1403,7 310,14 A
5 857,3 349,68 B
10 660,3 313,83 B
20 284,1 95,72 C
Tabela 21 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 0, 5, 10 e 20 EU/mL nos período de 48 h
Concentrações de
endotoxina (EU/mL)
média
desvio-padrão
Grupos homogêneos
0 (controle) 2075,3 372,29 A
5 1108,9 209,59 B
10 1104,1 328,63 B
20 538,4 155,83 C
Tabela 22 – Valores médios ± desvio-padrão da quantidade de MMP-8 (pg/mL) obtidos nos sobrenadantes das culturas celulares após ativação com 0, 5, 10 e 20 EU/mL nos período de 72 h
Concentrações de
endotoxina (EU/mL)
média
desvio-padrão
Grupos homogêneos
0 (controle) 3065,0 779,64 A
5 1336,7 312,18 B
10 1003,3 337,80 B C
20 657,25 111,86 C
6 DISCUSSÃO
6.1 Da metodologia
Na presente pesquisa, para verificar os efeitos da
endotoxina sobre a produção de metaloproteinases da matriz, foi
selecionada a linhagem celular humana U937 (monócitos/macrófagos),
pois os macrófagos têm importante papel no início e manutenção do
processo inflamatório periapical, incluindo reabsorção óssea (Grenier;
Grignon, 2006). Estudos têm demonstrado que endotoxinas (LPS) têm a
capacidade de se ligar ao receptor CD14 na superfície de monócitos e
macrófagos e induzir a liberação de citocinas envolvidas no processo
inflamatório, incluindo metaloproteinases da matriz (MMP) (Hong et al.,
2004; Grenier; Grignon, 2006; Lee et al., 2007; Tanabe; Grenier, 2008). A
linhagem U937 foi selecionada, pois é muito utilizada em diversos estudos
recentes que avaliam os efeitos de LPS em macrófagos, como a
produção de diversas citocinas e também de MMP (Maldonado et al.,
2004; Grenier; Grignon, 2006; Nareika et al., 2007; Lee et al., 2007;
Tanabe; Grenier, 2008).
Como as células da linhagem U937 (monócitos) não são
aderentes, foi preciso realizar a diferenciação celular para macrófagos
maduros (Hojo et al., 2000; Jiang et al., 2003; Vogel et al., 2005; Grenier;
Grignon, 2006; Lee et al., 2007; Tanabe; Grenier, 2008). Para obter esta
diferenciação, foram realizados primeiramente dois pilotos: a) as células
foram mantidas em phorbol-12-myristate-13-acetate (PMA) na
concentração 5 µg/mL por 48 h para promover aderência celular (Vogel et
al., 2005); b) as células foram mantidas em PMA na concentração 10
53
ng/mL por 48 h para promover aderência celular (Tanabe; Grenier, 2008).
Após a realização destes pilotos, um maior número de células aderidas
viáveis foram obtidas com a metodologia proposta por Tanabe e Grenier
(2008), entretanto, foi também realizado um terceiro piloto, utilizando
concentração intermediária de PMA (1 g/mL) por 48 h, a qual promoveu
um maior número de células viáveis aderidas, sendo este protocolo
selecionado para a presente pesquisa.
Foi utilizado o teste de exclusão com azul de tripan (0,5%)
para verificar a viabilidade celular, pois este é um método confiável,
utilizado por vários autores (Chang et al., 2002; Vogel et al., 2005; Bodet
et al., 2006; Bodet et al., 2007; Oliveira et al., 2007). A quantidade de
células viáveis distribuídas em cada poço da placa foi padronizada em
1x106 células/mL, quantidade previamente relatada na literatura (Bodet et
al., 2006; Lee et al., 2007; Tanabe; Grenier, 2008).
Para promover ativação celular foi utilizada endotoxina
purificada de E. coli. Embora esta bactéria não seja comumente
encontrada no interior dos canais radiculares com polpa necrosada, sua
endotoxina apresenta a estrutura básica do componente lipídico, que
representa o centro ativo responsável pelas propriedades tóxicas do LPS
(Yin et al., 2003). Além disso, endotoxina de E. coli é considerada padrão
e é utilizada na maioria dos trabalhos relatados na literatura (Jiang et al.,
2004; Maldonado et al., 2004; Oliveira et al., 2005; Oliveira et al., 2007;
Jiang et al., 2006; Lee et al., 2007; Nareika et al., 2007).
As metaloproteinases da matriz (MMP) representam uma
família de endopeptidases zinco-dependentes com atividades proteolíticas
sobre vários componentes da matriz extracelular (Krane, 1994; Lin et al.,
2001). Os macrófagos expressam várias MMP, incluindo colagenases
(MMP-1, MMP-8), gelatinases (MMP-2, MMP-9), estromelisinas (MMP-3,
MMP-7, MMP-12) e colagenase-3 (MMP-13) (Goetzl et al., 1996; Imai et
al., 1998; Wahlgren et al., 2002).
54
Tendo em vista que MMP-3 (Shin et al., 2002; Pita et al.,
2009) e MMP-8 (Wahlgren et al., 2002; Sulkala et al., 2007) estão
relacionadas com inflamação pulpar e periapical, no atual estudo, foram
selecionados estas MMP (estromelisina: MMP-3 e colagenase: MMP-8)
para verificar se a endotoxina apresenta capacidade de induzir a
produção destas MMP na mesma linhagem celular.
Com relação às diferentes concentrações de endotoxinas
utilizadas para ativação celular, foram padronizadas as concentrações de
5, 10 e 20 EU/mL, baseado no estudo de Hong et al. (2004), que
utilizaram as concentrações de 1, 5 e 10 EU/mL de LPS por 24 h para
verificar a expressão gênica de MMP-1 em macrófagos (linhagem J 774,
camundongo). No presente estudo, foi acrescentada a concentração de
20 EU/mL para verificar se esta concentração promoveria maior ativação
celular, sem causar efeitos citotóxicos (morte celular). A ativação por
diferentes concentrações de endotoxinas é importante para verificar se a
produção de MMP é dependente da dose de endotoxina ou apenas da
sua presença (dose-independente).
Com relação ao tempo de ativação celular, foram
avaliados na presente pesquisa três diferentes períodos de tempo: 24, 48
e 72 h. A maioria dos estudos que avaliam os diferentes efeitos de LPS
em cultura de macrófagos, incluindo produção de citocinas e MMP,
avaliam apenas no período de 24 h (Hong et al., 2004; Maldonado et al.,
2004; Bodet et al., 2006; Grenier; Grignon, 2006; Nareika et al., 2007;
Tanabe; Grenier, 2008). Em 2007, Bodet et al. avaliaram, em fibroblastos,
os efeitos de LPS na produção de diferentes MMP e seus inibidores após
estimulação por 6, 24 e 48 h. Assim, tornou-se interessante também
verificar, em macrófagos, se a produção de MMP aumenta de acordo com
o aumento do período de ativação.
A detecção de MMP na presente pesquisa foi realizada
pelo ensaio imunoenzimático ELISA utilizando Kits específicos (R & D
System). Estes Kits utilizam anticorpos anti-MMP-3 ou anti-MMP-8 total
55
humana, ou seja, conseguem detectar MMP-3 ativa somada a forma pró-
MMP-3 ou MMP-8 ativa somada a forma pró-MMP-8. Estes kits foram
selecionados pois são os mais utilizados na literatura (Figueredo et al.,
2003; Maldonado et al., 2004; Bodet et al., 2006; Grenier; Grignon, 2006;
Nareika et al., 2007; Sundararaj et al., 2008; Tanabe; Grenier, 2008).
6.2 Dos resultados
Com relação aos resultados obtidos da produção das MMP
em função do tempo, pode-se verificar que houve aumento significativo da
produção de MMP-3 e MMP-8 em função do aumento de tempo, exceto
no grupo MMP-3 ativado por 20 EU/mL, em que o aumento da produção
de MMP-3 não foi significativo em relação ao tempo. Na maioria das
amostras, incluindo o grupo controle (sem ativação por endotoxina),
houve aumento da produção de MMP-3 e MMP-8 à medida que o tempo
aumentou, de 24 até 72 h. Estes resultados concordaram com os estudos
de Chang et al. (2002) e Bodet et al. (2007). Chang et al. (2002)
verificaram que a produção de MMP-2, em fibroblastos do ligamento
periodontal humano, aumentou significativamente de acordo com o
tempo, sendo que para esta linhagem celular, o nível de MMP-2 começou
a aumentar no 4º dia. Bodet et al. (2007) também demonstraram que a
produção de MMP-2 e MMP-3 em fibroblastos aumentou em função do
tempo tanto nas amostras do grupo controle (sem ativação) como nas
ativadas por LPS.
Como o aumento de MMP-3 e MMP-8 em função do tempo
também ocorreu no grupo controle (sem ativação por endotoxina), é
provável que este aumento tenha ocorrido devido ao aumento no número
de células na cultura (O’Boskey; Panagakos, 1998), o que resultou em um
maior número de enzimas presente nos sobrenadantes. De acordo com
56
os resultados da presente pesquisa, as células mesmo sem ativação por
endotoxinas produziram MMP-3 e MMP-8. Isto pode ser atribuído à
expressão gênica destas MMP nesta linhagem celular, pois a expressão
da maioria das MMP é induzida, em pequeno número, a um nível
constante (Palosaari et al., 2003).
Além disso, o tratamento com PMA pode ter induzido a
liberação de MMP-3 e MMP-8 no grupo controle. Bodet et al. (2007)
ativaram cultura de fibroblastos com LPS ou PMA por 6, 24 e 48 h e
verificaram que no caso de MMP-2, a utilização de PMA não induziu
aumento da produção de MMP-2 em relação ao controle (sem ativação),
já com relação à MMP-3, a utilização de PMA promoveu produção de
MMP-3 superior ao grupo controle. Grenier e Grignon (2006) e Tanabe e
Grenier (2008) realizaram o tratamento da linhagem celular (U937) com
phorbol-12-myristate-13-acetate (PMA) e demonstraram que os
macrófagos diferenciados por este tratamento produziram MMP-9 na
ausência de LPS (grupo controle). Este resultado corrobora com o
presente estudo, no qual houve produção de MMP-8 também no grupo
controle, mas diverge quanto à redução da produção de MMP-8
observada após ativação de LPS.
Esta significativa redução da produção de MMP-8, em
relação ao controle, após ativação com diferentes concentrações de
endotoxinas, também difere de Sundararaj et al. (2008) que, semelhante
ao presente estudo, avaliaram a produção de MMP-8 por monócitos
(U937) e, utilizando reação ELISA (Kits R & D) encontraram aumento
significativo, em relação ao grupo controle, da produção desta MMP após
ativação com 100 ng/mL de LPS por 24 h.
Uma das possíveis explicações para esta divergência de
resultados em relação ao trabalho de Sundararaj et al. (2008), estaria no
fato que estes autores não induziram a diferenciação celular de monócitos
para macrófagos maduros com uso de PMA, que é um potente ativador
da proteína C quinase e regula a expressão de COX-2 (Jiang et al., 2003).
57
Esta diferenciação celular utilizada na presente pesquisa e
em diversos trabalhos (Hojo et al., 2000; Jiang et al., 2003; Vogel et al.,
2005; Grenier; Grignon, 2006; Lee et al., 2007; Tanabe; Grenier, 2008)
leva a alterações permanentes dos parâmetros celulares como na
morfologia, na função, no metabolismo e no crescimento celular (Dini et
al., 2009). Além disso, é alterada também a propriedade dos monócitos
humanos em metabolizar ácido araquidônico e liberar prostaglandina
após estimulação. Os macrófagos derivados de monócitos passam a ser
mais responsivos ao LPS e, portanto, passam a liberar maior quantidade
de PGE2, segundo Jiang et al. (2003). Estes autores compararam a
produção de fosfofolipase A2 citosólica (cPLA2), cicloxigenase 1 e 2 (COX-
1 e 2), ácido araquidônico e PGE2 entre monócitos (U937) ativados com
LPS e PMA e macrófagos diferenciados de monócitos (U937) com uso de
PMA, também ativados com LPS e PMA. Os macrófagos ativados com
LPS apresentaram maior produção de ácido araquidônico e PGE2 do que
os monócitos ativados com LPS. Os monócitos só produziram uma
quantidade significativa de ácido araquidônico e PGE2 quando ativados
por PMA, além disso, ao contrário dos macrófagos que expressaram
COX-1 e COX-2, os monócitos expressaram somente COX-1.
Esta capacidade dos macrófagos derivados de monócitos
serem mais responsivos ao LPS e, portanto, liberar uma maior quantidade
de PGE2, via COX-2, poderia explicar a redução característica da
produção de MMP-8 observada no presente estudo, pela hipótese de que
a produção desta MMP-8 estaria relacionada à presença de PGE2 ou
COX-2. Neste caso, a presença de COX-2 ou a presença excessiva de
PGE2 poderia ter efeito inibitório à produção de MMP-8. Diversos estudos
relatam que a expressão de MMP por macrófagos ativados com LPS
pode ocorrer por meio de uma via dependente de PGE2 e AMPc (Wahl;
Corcoran, 1993; Zhang et al., 1998) ou independente de PGE2 (Zhang et
al., 1998), além disso, os efeitos de inibidores de cicloxigenase e de PGE2
58
na produção de TIMP e MMP podem variar de acordo com o tipo de
célula estudada (Takahashi et al., 1997).
Takahashi et al. (1997), utilizando fibroblastos da sinóvia
de pacientes com artrite reumatóide, observaram que a produção de pro-
MMP-1 foi aumentada com a utilização de inibidores da cicloxigenase,
mas, por outro lado, foi suprimida na presença de PGE2 exógena. Lin et
al. (2001) também relataram que a expressão gênica de MMP-1 induzida
em fibroblastos da polpa dental é, em parte, mediada por uma via
dependente de PGE2. O uso concomitante de PGE2 e IL-1α ou TNF-α
suprimiu a indução de MMP-1 em comparação ao efeito destas citocinas
utilizadas isoladamente. Por outro lado, Lin et al. (2002) demonstraram,
em modelos experimentais de lesão periapical em ratos, o envolvimento
MMP-1 e COX-2 no desenvolvimento da lesão. Os autores observaram
uma redução característica na expressão de MMP-1 após uso de
inibidores da COX-2, sugerindo a importância da COX-2 na modulação de
MMP-1. Tendo em vista que há uma grande divergência quanto à relação
entre MMP e PGE2 e/ou cicloxigenases, Shin et al. (2002) relatam que são
necessários novos estudos sobre o papel das prostaglandinas na
produção de MMP por macrófagos.
A maioria dos trabalhos encontrados na literatura
envolvendo MMP-8, refere-se à quantificação desta MMP dos tecidos
dentários humanos (Tjäderhane et al., 1998; Wahlgren et al., 2002;
Palossari et al., 2003; Sulkala et al., 2007; Santos et al., 2009) e não de
culturas de células (estudo in vitro), o que dificultou a comparação dos
resultados da presente pesquisa com as demais.
Com relação à concentração de endotoxina utilizada para
ativação celular, pode-se verificar que em todas as concentrações de
endotoxinas (5, 10 e 20) houve redução da produção de MMP-8, sendo
esta redução mais evidenciada na concentração de 20 EU/mL. Hong et
al., 2004 e Maldonado et al., 2004, por outro lado, demonstraram que
quanto maior a concentração de LPS utilizada para a ativação celular,
59
maior a produção de MMP. Maldonado et al., 2004 utilizaram LPS de E.
coli nas concentrações de 1 a 100 ng/mL para induzir a produção de
MMP-1 por monócitos humanos (U937). Hong et al., 2004 que também
avaliaram a produção de MMP-1, utilizaram LPS de Fusobacterium
nucleatum e de Porphyromonas endodontalis nas concentrações de 1 a
10 EU/mL para ativar macrófagos de camundongos (J774).
Com relação à produção de MMP-3, pode-se verificar que
houve significativo aumento da produção desta MMP quando as células
foram ativadas com endotoxina de E. coli, em relação ao grupo controle
(sem ativação). De acordo com os resultados da atual pesquisa, o
aumento da produção de MMP-3 foi semelhante nas amostras ativadas
com 5, 10 ou 20 EU/mL, especialmente nos períodos de 48 a 72 h,
demonstrando que as células quando ativadas por LPS, independente da
concentração, produziram MMP-3. Assim, esta ativação depende da
presença de LPS e não de uma dosagem específica (dose-independente).
Estes resultados concordaram com diversos estudos na literatura que
utilizaram outras linhagens celulares, endotoxinas de outros
microrganismos ou outras MMP e que demonstraram que endotoxina
ativa a célula a produzir MMP (Bodet et al., 2006; Grenier; Grignon, 2006;
Bodet et al., 2007; Tanabe; Grenier, 2008).
Bodet et al. (2006) avaliaram os efeitos de uma mistura de
LPS de Porphyromonas gingivalis, Treponema denticola e Tanerella
forsythia (concentração final 1 µg/mL) sobre uma co-cultura celular
(macrófagos e células epiteliais) após 24 h de estimulação e verificaram
que houve significativo aumento na produção de MMP-9 e PGE2. Grenier
e Grignon (2006) verificaram os efeitos de LPS de Fusobacterium
nucleatum (5 µg/mL) sobre monócitos U937 diferenciados em macrófagos
aderentes pelo tratamento com PMA. Após 24 h de ativação, houve
significativo aumento na produção de MMP-9, IL-1β, IL-6, IL-8, TNF- α e
PGE2. Bodet et al. (2007) avaliaram a produção de diferentes MMP e seus
inibidores em fibroblastos gengivais (humanos) estimulados por LPS de
60
Actinobacillus (Aggregatibacter) actinomycetemcomitans (1 µg/mL) nos
períodos de 6, 24 e 48 h. Os autores verificaram que houve significativo
aumento na produção de MMP-2, MMP-3 e TIMP-1 após ativação por
LPS e que este aumento foi proporcional ao período de ativação. Em
2008, Tanabe e Grenier verificaram que a estimulação de macrófagos
(monócitos U937 diferenciados pelo tratamento com PMA) por endotoxina
de A. actinomycetemconitans na concentração 1 µg/mL por 24 h induziu
significante aumento na secreção de TNF-α, IL-6, IL-8 e MMP-9.
De acordo com os resultados da presente pesquisa pode-
se verificar que, especialmente nos tempos de 48 e 72 h, a ativação
celular foi dependente da presença de LPS e independente da dose.
Estes resultados discordam dos estudos de Hong et al. (2004) e
Maldonado et al. (2004), quanto à afirmação pelos mesmos, de que a
ativação celular por LPS e a produção de MMP é dose-dependente. No
entanto, estes autores avaliaram a produção de MMP por um período
curto de tempo de ativação (24 h). Na atual pesquisa, pode-se verificar
que no tempo de 24 h houve diferença significativa entre a concentração
de 5 EU/mL em relação a de 10 e 20 EU/mL e, por outro lado, não houve
diferença entre as concentrações de 10 e 20 EU/mL. Assim, baseado
nestes resultados, pode-se inferir que o período de 24 h seja
relativamente curto para analisar a produção de MMP e por outro lado, os
períodos de 48 e 72 h, que apresentaram resultados mais uniformes,
sejam mais confiáveis para análise da produção de MMP.
A relação precisa entre endotoxina e produção de MMP
ainda não está bem esclarecida. Hong et al. (2004) sugeriram que LPS
promove liberação de citocinas (IL-1α, TNF-α) por macrófagos no sítio da
inflamação e que estas citocinas pró-inflamatórias podem modular a
subseqüente produção de MMP-1 por macrófagos, contribuindo para a
reabsorção óssea periapical. Em 1998, O’Boskey e Panagakos
verificaram que houve significativo aumento na produção de MMP-2 e
MMP-9 por células da polpa humana na presença de citocinas (IL-1 e
61
TNF-α) em culturas de longo período (acima de 9 dias). Em 2006,
Wisithphrom e Windsor avaliaram os efeitos de TNF-α, IL-1β e IL-6 na
degradação de colágeno por fibroblastos pulpares e verificaram que estas
citocinas aumentaram a expressão (RNAm) de MMP-1, MMP-2 e MMP-3.
Bodet et al. (2007) sugeriram que LPS pode induzir várias vias de
sinalização intracelular, como via proteína-serina quinase p38, que pode
levar ao aumento da atividade do fator de transcrição nuclear NF-kappa-B
p50, o qual pode estimular a expressão de MMP-2, MMP-3 e TIMP-1.
Tendo em vista que são poucos os estudos na literatura
(Lin et al., 2002; Hong et al., 2004) que avaliaram a relação da produção
metaloproteinases da matriz por macrófagos com outros fatores liberados
numa infecção endodôntica, como endotoxinas, citocinas e
prostaglandinas, o presente estudo demonstrou que
monócitos/macrófagos humanos da linhagem U937, considerados úteis
para estudar o comportamento dos macrófagos (Jiang et al., 2003; Lee et
al., 2007), são capazes de produzir MMP-3 e MMP-8. Entretanto, as vias
de produção das MMP pelos macrófagos e sua relação com LPS,
citocinas e prostaglandinas precisam ser melhor esclarecidas, pois no
presente estudo pode-se observar que houve significativo aumento da
produção de MMP-3 na presença de LPS e, por outro lado, houve
significativa redução de MMP-8, sugerindo que os mecanismos
envolvidos na produção da MMP-3 e MMP-8 são diferentes.
7 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que:
a) diferentes concentrações de endotoxinas (5, 10 e 20
EU/mL) apresentaram capacidade de induzir aumento
significativo da produção de MMP-3 em relação ao
grupo controle nos período de 24, 48 e 72 h,
independente da concentração utilizada, sugerindo
que esta ativação foi dependente da presença de
endotoxina e não da dose;
b) a presença de endotoxinas em diferentes
concentrações (5, 10 e 20 EU/mL) induziu
significativa redução da produção de MMP-8 em
relação ao controle, em todos os períodos de tempo
avaliados. Esta redução foi mais evidenciada na
concentração 20 EU/mL;
c) o aumento da produção de MMP-3 e MMP-8 foi
diretamente proporcional ao aumento do período de
tempo, especialmente em 48 e 72 h.
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ANEXO – Certificado do comitê de ética em pesquisa
Vilela PGF. Evaluation matrix metalloproteinases (MMP-3 and MMP-8) liberation by macrophages activated by different concentrations of endotoxins (LPS) and different periods of time [dissertation]. São José dos Campos: School of Dentistry of São José dos Campos, UNESP- São Paulo State University; 2009.
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the capacity of different concentrations of endotoxins (LPS) of Escherichia coli to induce secretion of MMP-3 and MMP-8 in macrophages in vitro, in the periods of 24, 48 and 72 h. For this purpose, human monocytes line U937 were differentiated into mature macrophages with phorbol-12-myristate-13-acetate (PMA) and were activated with different concentrations of endotoxins: 0 (control), 5, 10 and 20 EU/ml and the production of MMP-3 and MMP-8 were evaluated at three periods of time (24, 48 e 72 h) by immunoenzymatic assays (ELISA). The results were analyzed statistically by ANOVA and Tukey’s test, 5%. Significant increase in the production of MMP-3 (p<0.05) after the activation with different concentrations of LPS in relation to the control at the periods of 24, 48 and 72 h were observed. Regarding MMP-8, significant reduction in the production after the activation with different concentrations of endotoxins in relation to the control was observed at all the periods evaluated. Basically in all groups (including the controls) the production of MMP-3 and MMP-8 increased significantly in relation to the time. It could be concluded that: a) different concentrations of endotoxins were able to induce significant increase in the production of MMP-3 at the periods of 24, 48 and 72 h, independently of the concentration used, suggesting that this activation is dependent of the presence of the endotoxin and dosis-independent; b) the presence of different concentrations of endotoxins induced significant reduction in the production of MMP-8 in relation to the control in all the periods of evaluation. Key-Words: matrix metalloproteinases; endotoxins; macrophages.
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