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PONTE DA LEZÍRIA SOBRE O RIO TEJO ANTÓNIO PERRY DA CÂMARA Eng. civil Perry da Câmara e Assoc. Cons. Engª. Lda ALEXANDRE PORTUGAL Eng. civil COBA Francisco Virtuoso Eng. civil Civilser RESUMO : Apresenta-se neste artigo a descrição do projecto e construção da Ponte da Lezíria inserida na Auto-Estrada A10 – Bucelas / Carregado / IC3 que integra a concessão da BRISA, com uma extensão de cerca de 12 km inserida numa zona ambientalmente sensível e geologicamente complexa. COMUNICAÇÃO 1. INTRODUÇÃO Em Junho de 2003 a BRISA – Auto-Estradas de Portugal S.A. lançou um concurso público internacional para a Empreitada de Concepção, Projecto e Construção da Travessia do Tejo no Carregado, no Sublanço A1 / Benavente, da A10 – Auto-Estrada Bucelas / Carregado / IC3. A esse concurso apresentou-se o consórcio TACE constituído pelas empresas MSF – Moniz da Maia, Serra e Fortunato – Empreiteiros, S.A., Bento Pedroso Construções, S.A., Construtora do Tâmega, S.A., Lena, Engenharia e Construções, S.A., Novopca – Construtores Associados, S.A. e Zagope – Construções e Engenharia, S.A.. Este consórcio contratou um agrupamento projectista constituído por COBA, Consultores de Engenharia e Ambiente, S.A., PC&A - Perry da Câmara e Associados Lda., Civilser Lda. e Arcadis, para desenvolver o projecto base para concurso, tendo a proposta base saído vencedora com um preço de cerca de 186 milhões de euros. A travessia é constituída por três estruturas: o Viaduto Norte (entre os km 0+30,900 e 1+503,050) com um desenvolvimento de cerca de 1700 m, a ponte sobre o rio Tejo com 970 m e o Viaduto Sul com cerca de 9200 m. Para além destas estruturas houve que construir um caminho paralelo de serviço para a obra com cerca de 9600 m, dotado de 18 pontões para atravessamento das linhas de água, canais de rega e diques marginais. O vale do rio Tejo na zona do Carregado é uma zona preenchida por aluviões que atingem em média mais de 40 m de possança, sobrejacentes a formações miocénicas de cariz muito variável. Assim as fundações foram desde logo uma das grandes condicionantes do projecto. Por outro lado trata-se de uma das zonas mais férteis do país pelo que existiam também fortes condicionamentos ambientais. A satisfação de todos os interesses locais e a aprovação de medidas de minimização de impacte ambiental acabou por atrasar o arranque da obra, inicialmente prevista para Maio de 2004 para Junho de 2005.

Ponte Da Lezíria Sobre o Rio Tejo

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PONTE DA LEZRIA SOBRE O RIO TEJO ANTNIO PERRY DA CMARA Eng. civil Perry da Cmara e Assoc. Cons. Eng. Lda ALEXANDRE PORTUGAL Eng. civil COBA Francisco Virtuoso Eng. civil Civilser RESUMO :Apresenta-senesteartigoadescriodoprojectoeconstruodaPontedaLezria inserida na Auto-Estrada A10 Bucelas / Carregado / IC3 que integra a concesso da BRISA, com uma extenso de cerca de 12 km inserida numa zona ambientalmente sensvel e geologicamente complexa. COMUNICAO 1. INTRODUO EmJunhode2003aBRISAAuto-EstradasdePortugalS.A.lanouumconcursopblico internacionalparaaEmpreitadadeConcepo,ProjectoeConstruodaTravessiadoTejono Carregado, no Sublano A1 / Benavente, da A10 Auto-Estrada Bucelas / Carregado / IC3. A esse concursoapresentou-seoconsrcioTACEconstitudopelasempresasMSFMonizdaMaia, Serra e Fortunato Empreiteiros, S.A., Bento Pedroso Construes, S.A., Construtora do Tmega, S.A., Lena, Engenharia e Construes, S.A., Novopca Construtores Associados, S.A. e Zagope Construes e Engenharia, S.A.. EsteconsrciocontratouumagrupamentoprojectistaconstitudoporCOBA,Consultoresde EngenhariaeAmbiente,S.A.,PC&A-PerrydaCmaraeAssociadosLda.,CivilserLda.e Arcadis, para desenvolver o projecto base para concurso, tendo a proposta base sado vencedora com um preo de cerca de 186 milhes de euros. A travessia constituda por trs estruturas: o Viaduto Norte (entre os km 0+30,900 e 1+503,050) com um desenvolvimento de cerca de 1700 m, a ponte sobre o rio Tejo com 970 m e o Viaduto Sul comcercade9200m.Paraalmdestasestruturashouvequeconstruirumcaminhoparalelode servio para a obra com cerca de 9600 m, dotado de 18 pontes para atravessamento das linhas de gua, canais de rega e diques marginais. OvaledorioTejonazonadoCarregadoumazonapreenchidaporaluviesqueatingemem mdia mais de 40 m de possana, sobrejacentes a formaes miocnicas de cariz muito varivel. Assim as fundaes foram desde logo uma das grandes condicionantes do projecto. Por outro lado trata-se de uma das zonas mais frteis do pas pelo que existiam tambm fortes condicionamentos ambientais. A satisfao de todos os interesses locais e a aprovao de medidas de minimizao deimpacteambientalacabouporatrasaroarranquedaobra,inicialmenteprevistaparaMaiode 2004 para Junho de 2005. 2. APRESENTAO GERAL DO EMPREENDIMENTO 2.1 Principais caractersticas das solues construdas 2.1.1 Viaduto Norte OViadutoNorte,com1695mdecomprimentototal,constitudoporquatroviadutoscom tabuleirosemlajevigadabetonadainsitu,comvoscorrentesde33me2,0mdealtura, monoliticamente ligado a pilares estaca com 1,5 m de dimetro. O processo construtivo utilizado foi porcimbreinferiorautolanado,numasoluoquecorrentenonossopas.Paraverificar algumasdascondicionantesimplantaodospilaresadoptaram-seaindaalgunsvos intermdiosde32,50 me34,00 m.Osvosdeextremidadedecadaviadutotm26,50mentre eixosdosapoios.NazonadoViadutoNorteexisteumvode62,00 mparagarantiro atravessamento da Linha do Norte, sendo os vos adjacentes de 44,90 m. Este atravessamento realizadopelofechoinferiordecadapardevigasqueconstituiassimumduplocaixodealtura varivel at um mximo de 3,0 m junto aos pilares adjacentes Linha frrea. A adopo de um vo corrente moderado na ordem dos 33,0m permitiu a adopo de fundaes empilar-estacacomdimetromoderado.Comefeito,aadopodevosintermdiosde33,0 m emgeral,ede32,50ou34,00emalgumaszonaparticulares,apoiadosempilares-estacacom dimetrode1,50mcomligaomonolticaaotabuleiro,permitiuauniformidadedasoluodo Viaduto,desdeoencontroNorteataopilardetransiocomaPonte,verificandotodasas condicionantes. Exceptuam-se quela uniformidade de vos a zona j referida do atravessamento da Linha do Norte e os vos adjacentes. Aplataformadosviadutospermiteacomodaroperfiltransversaldaauto-estradacom2x3vias, comportandoemcadasentidomeioseparadorcentralcom0,3 mdelargura,bermainteriorcom 0,50 m, trs vias de trfego com 3,50 m cada, berma exterior com 2,525 m e um conjunto de soco 6.701.501.706.70 4.13 4.13A1.502.000.500.50R=7.612.0014.981.15PASSEIO1.1514.98PASSEIO3x3.50=10.50FAIXA DE RODAGEM2.53BERMA2.53 1.60 3x3.50=10.50SEPARADOR + BERMAS FAIXA DE RODAGEM BERMACORTE TRANSVERSAL2.5% 2.5%TERRENO NATURAL2.00A0.800.50CORTE A:ACORTE B:BB B1.50Figura 1 - Viaduto Norte. Fotomontagem Figura 2 - Viaduto Norte. Esquema da estrutura deapoiodaguardadeseguranaexterior,passadiodeservio,guarda-corposevigade bordadura, com 1,15 m, resultando portanto uma plataforma com 29,95 m de largura total. Asestacasforamexecutadascomrecursoaencamisamentointegralrecuperadoeatingiram profundidades mximas da ordem dos 33 m. Ospilaresforamconstrudospormtodostradicionaiscomprefabricaodasarmadurasedas travessas. Ostabuleirosforamexecutadoscomrecursoatrscimbresautoportantesautolanveis(um superioredoisinferiores)exceptooviadutoV0eoatravessamentodaLinhadoNorteondevo ser utilizados cimbres ao solo. 2.1.2 Ponte sobre o Tejo A ponte sobre o Tejo detalhadamente descrita no ponto 4. 2.1.3 Viaduto Sul OViadutoSulconstitudoporumconjuntodevinteedoisviadutos,totalizando9230mde comprimento,comtabuleirosemlajevigadaembetoarmadoepresforadolongitudinalmente, comvocorrentede36 m,monolticoscompilares/estacade1,50 mdedimetro.Ostabuleiros, em geral com 29,95 m de largura, foram executados recorrendo a vigas U prfabricadas, sobre as quaisfoibetonadaalajesuperior,recorrendoparaoefeitoapr-lajescolaboranteseeliminando assim a necessidade de montagem de quaisquer cofragens para execuo dos tabuleiros. Alocalizaodasjuntasdedilataoresultoudanecessidadedelimitarocomprimentomximo dilatveldasestruturasacercade500 mporformaanoocorreremdeslocamentosexagerados sobaacossmicaeapermitirmanteromonolitismotabuleiro/pilaremtodosospilares, exceptuando naturalmente os pilares de transio.Figura 4 - Viaduto Sul. Anteviso 3D Figura 3 - Viaduto Norte durante a construo O tabuleiro nico, com 29,95 m de largura. Os tabuleiros dos Viadutos Sul so, na generalidade, constitudos por quatro vigas prfabricadas U com1,75 mdealtura.Inferiormenteasvigasapresentam2,0 mdelargura.Asecotransversal das vigas permanece constante para todos os vos (Figura 5). As vigas foram pr-esforadas em estaleiro por intermdio de cordes rectos aderentes colocados nobanzoinferior.Naextremidadedasvigasobanzoinferiorrecortadoemformasemicircular para permitir o apoio sobre os capitis dos pilares sem conflito com a armadura respectiva. Junto sextremidadesasvigastmumseptotransversal,quenosestabilizaasecoduranteo transporte,mastambmconstituiopaineldecofragemperdidaqueviabilizaabetonagemdon sobre o pilar. Os tabuleiros completam-se com uma laje de 0,25 m de espessura mnima a qual executadasobrepr-lajescolaborantes,resultandoassimumtabuleirocom2,0 mdealtura estrutural final. Nazonasobreosapoiosnospilaresalajefoipr-esforadaporintermdiodecabosdepr-esforo. A continuidade foi tambm garantida, ao nvel do banzo inferior das vigas, por intermdio de barras de ao ancoradas em macios de beto adjacentes aos septos das vigas. Ospilaressomonolticoscomotabuleiroeprolongam-sedirectamentenassuasestacasde fundao,tendoambososelementos1,50 mdedimetro.Parapermitircolocarasvigas prfabricadassemrecursoaestruturasouapoiosprovisrios,ospilarescorrentesestodotados de um capitel tronco piramidal com base em octgono regular de 1,70 m de maior dimenso. 14.971.15PASSEIO3x3.50=10.50FAIXA DE RODAGEM2.53BERMA0.80ALADO FRONTALALADO LATERAL1.50 1.50 6.00 1.501.40Figura 5 - Viaduto Sul. Alados dos pilares Figura 6 - Viaduto Sul - vista geral da obra em construo Paraaexecuodasestacasdefiniram-sedoisprocessosconstrutivosalternativos.Emgeral recorreu-seaencamisamentointegralcomtubomoldadorrecuperado.Naszonasemqueas condiesgeotcnicasnopermitiramautilizaodametodologiareferidautilizaram-sefluidos estabilizadores para a sustentao das paredes dos furos das estacas. OspilaresforamconstrudossemelhanadospilaresdoViadutoNorte.Assimrecorreu-sea mtodos tradicionais com prefabricao das armaduras e das travessas. Para executar o Encontro Sul utilizaram-se processos construtivos tradicionais. As vigas do tabuleiro foram prefabricadas em estaleiro. Estes elementos foram transportados para afrentedetrabalhoutilizandodoisconjuntosdetractorerodados.Paracolocariarasvigas recorreu-se a dois sistemas alternativos: estrutura metlica auto-portante ancorada no topo dos pilares ou das carlingas; grua mvel. Para o iamento das pr-lajes tambm foram considerados dois processos alternativos: grua-torre montada sobre o tabuleiro; grua mvel. Posteriormente foi betonada in situ a lmina de compresso do tabuleiro. 2.2 Outras obras O empreendimento desenvolve-se em grande parte sobre a Lezria Grande de Vila Franca de Xira, zonadegrandevaloragrcolaqueobrigouexecuodeumconjuntodeobrasacessriasde grande relevo que importa referir. Destas obras, as mais importantes so as relativas drenagem do Viaduto Sul e o Caminho Paralelo construdo ao longo do Viaduto Sul para apoio obra. 2.2.1 - Drenagem do Viaduto Sul O sistema de drenagem pluvial dos tabuleiros do Viaduto Sul, compreende a drenagem do prprio viaduto, o tratamento dos caudais drenados e a descarga final nos rios Tejo e Sorraia. O sistema dedrenagemintegraaindainstalaesdebombagememvalasdedrenagemexistentesea reabilitao dos equipamentos de duas portas de gua existentes. AdrenagemdotabuleirodoViadutoSul,constitudaporsarjetasnopavimento,juntoaos passeios, e sumidouros junto ao separador central rgido ligadas a um sistema de colectores que sedesenvolveminferiormenteaotabuleiroequeterminamemtubosdequedaverticais, coincidentescompilaresdoviaduto.Noslocaisdedescarga,aonveldosolo,foiimplantadoum rgodetratamentodegua,queefectuaaseparaodehidrocarbonetoseadecantaode materiais slidos. Trata-se de estruturas em beto armado de seco rectangular em planta (rea interiorde20,00x6,00m),ealturatotalde3,00 m.Oscaudaisdedrenagemtratadosso conduzidosparavalasexistentes,quesoactualmenteutilizadaspararegaedrenagemdos terrenos agrcolas adjacentes. Estas valas foram isoladas do sistema de rega e passaram a servir exclusivamente para drenagem, garantindo assim a no contaminao dos terrenos agrcolas. Os locais possveis de ligao final da drenagem do viaduto s linhas de gua existentes, para alm dos rios Tejo e Sorraia, foram definidos pela Associao de Beneficirios da Lezria Grande de Vila Franca de Xira 2.2.2 - Caminho paralelo OCaminhoParalelodestinou-seaconstituiroacessodirectoparatodasasactividadesde construo tendo sido integralmente retirado aps a concluso da obra. Este caminho, que serviu de apoio obra, constitui obra de relevo, no s pelas dimenses, cerca de9300mdecomprimentoe8mdelarguraemsecocorrente,mastambmpelassolues tcnicasadoptadasquernoatravessamentodevalasderegaecursosdeguanaturais.Foi asseguradoorestabelecimentodatotalidadedaslinhasdeguaergosderegaedrenagem intersectados pela construo de pontes metlicos temporrios com vos at 18m, cobertos com umalajedebetocom6mdelargura,quedescarregamsobreencontrosembetoarmado fundados por estacas cravadas de madeira (Figura 7). Importareferirquefoicondicionamentofundamentalparaasoluoadoptadaqueemnenhuma fasedaobraosdiquesdeprotecodaLezriafosseminterrompidos,isto,nohouvesseem nenhum momento qualquer tipo de escavao nos diques existentes, os quais permaneceram pois emperfeitascondiesdefuncionamentodurantetodaaobra.Numcasoespecficooptou-se inclusivamenteportransp-loporintermdiodeumponto,assegurandoassimqueaobraem nada interferiu com o seu funcionamento. 3. ASPECTOS PARTICULARES DA PONTE SOBE O TEJO 3.1 Introduo A travessia do leito menor do rio Tejo foi realizada por uma ponte dotada de um tabuleiro nico em caixomonocelular,com972mdedesenvolvimentoentrepilaresdetransio,ligandooviaduto norte ao viaduto sul. Asingularidadedolocaldatravessiaimplicavaaadopodeumaobradearteespecialparaa qual forma estudadas vrias solues, tendo-se optado em final para soluo base por uma nica estrutura dotada de vos correntes de 130 m e vos extremos com 95 m a construir com recurso ao mtodo dos avanos sucessivos. 3.2 Condicionamentos 3.2.1 Condicionamentos rodovirios Nazonadaponteotraadodesenvolve-seemrectacomdirecoaproximadaW/E,cruzandoo leito menor do Rio Tejo entre os quilmetros 1+503,6 e 2+473,6. O perfil longitudinal apresenta-se emcurvaverticalderaio90.000mnatransioentredoistrainisde1,2%e-0,5%.Arasante cruza o leito cerca de 23.0 m acima do nvel mdio das guas. A plataforma permitir acomodar o perfil transversal da auto-estrada o qual j foi atrs descrito, com uma largura total de 29,95 m. As inclinaes transversais da plataforma so 2.5% para cada lado. 3.2.2 Condicionamentos geolgicos Neste local verifica-se aocorrncia dedepsitos aluvionares com espessura que atinge cercade 40 m, sobrejacente a formaes miocnicas. Aqueles depsitos aluvionares tm superficialmente, nazonacentraldoleito,matrizarenosa(a1),seguindo-seumacamadadelodos(a0),areias Figura 7 - Caminho paralelo. Ponto provisrio lodosas(unidadea1),areiasmdiasporvezessilto-argilosas(unidadea2)eareiasgrosseirasa mdiascomabundantespassagensdeseixosecalhaussiliciosos(unidadea3).Estaltima unidade, de carcter areno-cascalhento, ocorre na base do enchimento aluvionar, no contacto com o substrato Miocnico. A avaliao do potencial de liquefaco foi realizada com base nos resultados obtidos dos ensaios SPT e dos ensaios CPTU. A anlise dos resultados dos ensaios in situ, e com especial destaque dosensaiosCPTUanteriormentereferidos,vieramconfirmaraszonascompotencialde liquefaco: uma zona superficial at uma profundidade da ordem dos 7m de liquefaco provvel, interessando a unidade a2 entre o pilar P3 e o pilar P7 e a unidade a1 subjacente anterior entre os pilares P3 e P4. Para a aco ssmica do tipo 2 e interessando a unidade a2 individualizaram-se zonas de liquefaco pouco provvel, a profundidades superiores a 25 m, de carcter localizado e sem continuidade vertical e lateral, constitudas por areias medianamente compactas. Os terrenos do substrato Miocnico ocorrem a profundidades da ordem dos 40 m, com excepo da zona do pilar de transio com o viaduto Norte, onde as formaes Miocnicas se encontram a cerca de 30 m de profundidade. O critrio geral de fundao da ponta das estacas foi o encastramento em terrenos do Miocnico comcaractersticasderesistnciaedeformabilidadeequivalentesaNSPT>55pancadas.A profundidade do encastramento variou entre 1 m e 5,2 m. 3.2.3 Condicionamentos Hidrulicos e de Navegao Fluvial No era permitido colocar qualquer apoio sobre os taludes dos diques marginais do Tejo. Nvel de preia-mar de guas vivas +2,5 (NGP) Nvel de baixa-mar de guas vivas - -1,5 (NGP) Nvel de mxima cheia com o perodo de retorno de 100 anos 4,35 m Velocidade mdia de escoamento para a cheia centenria:Canal principal margem direita 2,5 m/s Zona central 1.9 m /s Canal secundrio na margem esquerda 1.5 m/s Foramaindaavaliadososnveisdeerosototalelocalizadaque,resumidamentesepodem assumir como uma eroso generalizada de cerca de 3 m e fossas de eroso que chegam a atingir cerca de 11,5 m de profundidade. Para proteco da estabilidade dos diques marginais optou-se, como medida cautelar, por executar uma proteco do leito com um tapete de enrocamento sobre geotextil junto s fundaes dos pilares marginais. EstandoprevistoofuturoaproveitamentodoTejoparaanavegaofluvial,porcomboiosde bateles at 4400 t e barcos fluvio-martimos at 3000 t, previu-se um canal de navegao com 42 m de largura e profundidade de 4 a 5 m localizado junto margem norte, na zona mais profunda dorio,entreospilaresP1eP2.Consequentementeestespilaresforamdimensionadospara suportar a coliso dos barcos fluvio-martimos a uma velocidade de 15 ns (7,7 m/s). 3.2.4 Condicionamentos relativos agressividade ambiental Naspeasdebetoarmadoenterradasconsiderou-seumaclassedebetoadequada agressividade qumica da gua presente no solo. Avaliou-se a agressividade qumica da gua do rioTejopelaanlisedeamostrasdaguadorioempocasdistintas,emlocaisdistintose diferentes alturas da mar. Concluiu-se que, apesar da influncia das mars, se est perante uma guadocenormalmentenoagressiva.Noentantoverifica-senapreia-mardeguasvivasna poca de estio a concentrao de cloretos atinge pontualmente, e por pequenos perodos, valores mais elevados. Talconduziuadopodebetescomcaractersticasprpriasnosmaciosdeestacase contabilizao de uma sobreespessura sacrificial nas camisas de ao das estacas. 3.2.5 Outros CondicionamentosDe acordo com as especificaes da BRISA esta obra foi projectada para as aces definidas no RSA (Regulamento de Segurana e Aces em Estruturas de Edifcios e Pontes) parapontes da classe 1, tendo a aco ssmica foi quantificada de acordo com o EC8, NP-ENV 1998-1-1 (2000). Assim,umavezqueovaleapresentaumaespessuraaluvionarsuperiora20 madefinioda acossmicafoiobjectodeestudoespecficoqueconduziuaespectrosderespostacalculados paraos cenrios estudados.De salientaros estudos realizadospara aquantificaodo efeito da coliso do barco, tendo-se procedido a uma anlise dinmica com integrao no tempo. A verificao da segurana foi realizada de acordo com as disposies dos Eurocdigos 2, 3, 7 e 8. Nocabendonombitodapresentecomunicaodescreveratotalidadedosrestantes condicionamentosdeprojectoreferiremosquefoiaindadadoumespecialcuidadoaotratamento estticodaponte,foramtidosemcontacondicionamentosdedrenagem,ambientais,riscode incndio e de intruso, vibraes, processos construtivos,assinalamentomartimo, equipamentos de telecomunicao, iluminao e telemtico. 3.3 Descrio da ponte A estrutura adoptada para o atravessamento do leito menor do rio Tejo constitui uma pea singular da travessia que, pela sua dimenso, marca na paisagem a singularidade do local. Asuaconcepoteveemconta,paraalmdoscondicionamentosatrsreferidososseguintes requisitos complementares: oUtilizaodeumaestruturacontinuaemonolticasobreosapoios,garantindomelhor comportamento s aces dinmicas e maior conforto ao utilizador da via; oMinimizao do nmero de juntas de dilatao; oProcessosconstrutivosadequadossensibilidadeambientaldomeioenvolventee tambm compatveis com o prazo exigido para a construo da obra; oFundaes em camadas geolgicas com caractersticas semelhantes minimizando assim o risco de assentamentos diferenciais. A conjugaode todos os condicionamentos e requisitos referidos e, nomeadamente, o prazo de construo disponvel (21 meses), conduziram desde logo procura de solues tradicionais para a gama dos vos em presena e a sua comparao com outras solues, que pela singularidade dasuaconcepo,permitissembuscarumasoluofcildeconstruireeconomicamente interessante. Assim concebeu-se uma estrutura com uma extenso total de 970 m, dividida em vos parciais de 95 +127+133+ 5 x 130 + 95m,comumtabuleironicoemcaixomonocelulardebetoarmado pr-esforado, de altura varivel segundo uma parbola do 2 grau entre 8,00 m no apoio a 4,0 m a meio vo e juntoaos pilares de transio. O caixo dotadode grandes consolaslaterais que soapoiadasemescorasmetlicasquedescarregamnalajedefundodocaixo;oseu espaamento constante a 5,00 m. Estas escoras definem uma superfcie empenada que tornam a soluo esteticamente muito interessante. 1.25 1.20PONTE VIADUTONORTE972.4595.00 127.00 133.00 95.00 130.00 130.00PTN3PONTE VIADUTO130.00 130.00NORTEP1_C P2_C P3_C P4_C P5_C P6_C PTS1 P7_CALADO DE JUSANTEFigura 9 - Alado de jusante Figura 11 - Corte transversal a meio vo Figura 10 - Perspectiva A ligao do tabuleiro aos pilares P1 a P5 monoltica materializando-se o apoio nos pilares P6, P7edetransio(PTN3ePTS1)atravsdeaparelhosdeapoiodepanelaguiados longitudinalmente. Asecotransversalapresentaumalajesuperiorcom10,0mentreeixosdealmas,prolongada lateralmente por duas lajes com 9,97 m. O apoio das escoras realiza-se em nervuras longitudinais de forma triangular junto s extremidades das consolas. Estas apresentam altura varivel de 0.25 m na ponta a 0.30 m na insero nas referidas nervuras, mantendo essa espessura entre aquelas eosesquadrosjuntosalmas,ondeaumentampara0,60m.Alajeintermdiadotadade esquadrostambmjuntosalmasparainstalaodoscabosdepr-esforolongitudinal.Asua espessuraentrealmas,foradosesquadros,de0.30m.Asalmasapresentamumaespessura corrente de 0.70 m, sendo inclinadas de 6/1 (V/H). A laje de fundo tem espessura corrente de 0.30 m aumentando de forma parablica para 1.50 m junto aos pilares. Otabuleiropr-esforadolongitudinalmenteporcabosinterioreseaderentes,complementados porpr-esforoexteriorconstitudoporcaboscommonocordesauto-protegidosinseridosem bainhas de polietileno. Estes cabos ancoram nos diafragmas das aduelas de pilar e nas carlingas de extremidade. Como previso para futuro reforo ficam instalados desviadores e ancoragens para dois cabos de pr-esforo. Transversalmente a laje tambm pr-esforada. Os pilares P1 a P5 so monolticos com o tabuleiro, sendo constitudos por duas lminas de beto armadocom1,20mdeespessuraespaadasde5,00mentreeixos.Asextremidadesexteriores destas lminas so em bico de forma a dot-las de um bom comportamento hidrodinmico. Cada TAPETE BETUMINOSO(e=0.04m+0.04m)7.965EXECUTADO EM 2 FASE7.965EXECUTADO EM 2 FASE2.5%4.009.6151.65 1.65SECO TRANSVERSAL A MEIO VO3 X 3.50 = 10.50 1.6014.98FAIXA DE RODAGEM1.15 2.53BERMA PASSEIO2.53 1.1514.983 X 3.50 = 10.50PASSEIOSEPARADOR + BERMASFAIXA DE RODAGEM BERMA2.5%0.901.059.6154.815 4.8159.6329.95umadestaslminasporsuavezdivididaemduasporumvaziocentralcomummetrode extenso. OspilaresP6eP7soformalmenteidnticosaosrestantes;oafastamentoentrelminasde 7.40msendoestasdotadasdeumalajedeencabeamentocom2,0mdeespessura,ondeso instalados os aparelhos de apoio e onde se localiza o espao para a instalao dos macacos para o levantamento do tabuleiro. As fundaes so indirectas por estacas de 2,20 m de dimetro. Nos pilares P3 a P7 dispem-se oito estacas e dez nos pilares P1 e P2.As estacas foram executadas ao abrigo de encamisamento metlico integral cravado por razes de estabilizaodo furo. As camisas metlicas, com 17 mm de espessura, foram consideradas como parcialmente colaborantes na capacidade resistente das estacas. Osmaciosdeencabeamentodasestacassoelementosdegrandedimenso.Existemdois tipos de macios: os dos pilares P1 e P2 comespessurade 7,22 metros, correspondente zona depossvelimpactodasembarcaes,eosdosrestantespilaresquesomaciosem4,22m, possuindo uma saia inferior com 0,30 m por forma a que a cabea das estacas nunca fique visvel. Em planta estes macios tm uma forma rectangular rematada por topos de configurao circular, o que lhes confere uma menor resistncia ao escoamento. Ospilaresdetransiosoconstitudosporumavigaestribocomdimensoparaacomodaros apoios e as folgas necessrias para os deslocamentos de ambos os tabuleiros e que permitem o acesso ao interior do caixo. Aqui ficam localizados os postos de transformao. Esta viga estribo apoiaemquatrofustesdesecohexagonaloca.Afundaoconstitudaporummaciode encabeamentoembetoarmadoqueligadezestacasde1,5mdedimetroexecutadaspor metodologia semelhante das estacas dos viadutos contguos, fundadas nas mesmas formaes miocnicas que os restantes apoios. 3.4 Processos Construtivos 3.4.1 Fundaes Ostrabalhosdeexecuodasfundaesiniciaram-sepeladragagemdeumcanalcomuma largurade120mecomcotadefundo2,0(ZH).Estecanalserviuparapermitiroacessodo equipamento flutuante de apoio obra que inclui, para alm de vrios bateles uma grua de 350 t. 3 X 3.50 = 10.50 1.6014.98FAIXA DE RODAGEM1.15 2.53BERMA PASSEIO2.53 1.1514.983 X 3.50 = 10.50PASSEIO FAIXA DE RODAGEM BERMASEPARADOR + BERMAS2.5% 2.5%TAPETE BETUMINOSO(e=0.04m+0.04m)9.6154.815 4.8158.3029.959.615EXECUTADO EM 2 FASE7.965EXECUTADO EM 2 FASE7.9650.901.052.0%SECO TRANSVERSAL PELO EIXO DOS PILARES1.65 1.65SECO TRANSVERSAL FACE DOS PILARES8.00Figura 12 - Seco transversal pelo pilar Figura 13 - Caixoto do P2 Em primeiro lugar foram executadas as estacas de 2,2 m de dimetro dotadas de encamisamento metlico, a partir de meios flutuantes. Procedeu-se cravao das camisas metlicas com recurso aummartelode280kNeescavaodossolosdointeriordofuroatcotaprevistaparaa localizaodapontadasmesmas.Limpoofuroinstalou-seaarmaduraeprocedeu-se betonagem das estacas. 3.4.2 Macios de estacas dos pilares P1 e P2 Os macios foram executados ao abrigo de caixes prefabricados em beto armado, que serviram decofragemperdida.Estescaixesforamprefabricadosnolocal,apoiadosprovisoriamentenas camisas metlicas das estacas definitivas. Asegundaoperaoconsistiunainstalaodeumagrelhadevigasmetlicassobreotopo reforado das camisas metlicas das estacas sobre a qual foram instaladas pr-lajes prefabricadas em estaleiro. Estas pr-lajes foram dotadas de furos a fim de acomodar os desvios de instalao das estacas. As juntas entre pr-lajes foram realizadas por betonagem local. Montada a armadura superiordalajedefundoeoscabosdepr-esforo;procedeu-seentobetonagemdobeto complementar. Seguiu-se a aplicao do pr-esforo. As paredes foram constitudas por painis de beto prefabricado com juntas coladas. Estes painis foramprovisoriamentesoldadosinferiormenteapeasmetlicasfixasnalajepr-fabricada. Montadaaparedeforamenfiadosetensionadososcabosdepr-esforonasbainhasdeixadas para o efeito nos painis verticais pr-fabricados. Seguiu-se a montagem da estrutura metlica interior de contraventamento das paredes e das vigas metlicasquereceberamastorresmetlicasparamovimentaoverticaldoscaixotes.Estas torresconstituramasestruturasquesuspenderamoscaixotessobreasestacasatravsdeum sistemahidrulicosincronizadocomcontroloinformticoconstitudopormacacoshidrulicos apoiadossobreascamisasdetrsparesdeestacas.Opesodecadaumdestescaixotesde cerca de 8800 kN. Procedeu-se ento ao levantamento inicial do caixoto para criar espao suficiente para a retirada dosperfisdeapoioprovisriodalajedefundo.Removidaestaestruturainiciou-seadescidado caixoto. A operao de descida at cota definitiva (fundo a -4.20 NGP) foi realizada em poucas horas.Nacotadefinitivaprocedeu-seligaodastorressestacas,removendoosistema hidrulico e ligando as torres de forma a funcionarem quer como escora quer como tirante. Procedeu-seentoselagemdasjuntasentreasestacasealajedefundo,apsoquese procedeu ao esvaziamento do caixoto por bombagem da gua interior. A fixao definitiva entreas estacas ea laje do caixoto foi realizada porsoldadura dascamisas dasestacasaosanisdalajedefundo.Realizou-seentoadesmontagemdasestruturas metlicasinteriores,ocortedascamisasmetlicasedesencabeamentodasestacas.Iniciou-seDeu-se ento incio construo do macio propriamente dito com montagem das armaduras do macio e a betonagem dos macios por fases. 3.4.3 Macios de estacas dos pilares P3 a P7 Os macios P3 a P7 foram executados por processo construtivo semelhante, diferindo apenas nas dimensesepesosdoscaixes.Nestecasooscaixotespesavamcercade5500kN.No existiamestruturasinterioresdecontraventamentodasparedeseastorresforammontadasem dois pares de estacas. 3.4.4 Pilares Ospilaresforamexecutadospormtodostradicionais,tendo-seprocedidoprefabricaoda respectiva armadura. 3.4.5 Tabuleiro O tabuleiro foi construdo pelo processo de consolas sucessivas do ncleo em caixo, executadas simetricamente a partir de cada pilar. A ligao aos pilares de transio ser executada atravs de um troo com 30 m betonado sobre um cimbre ao solo sobre estacas. Foram utilizados sete pares decarrosdeavano.Asescorasformamontadasporgruaapartirdebatelo.Ematraso relativamenteaoscarrosdeavano,formabetonadasasconsolascomrecursoadezasseis cimbres apoiados no caixo j construdo. Asaduelas0tinhamumcomprimentode13.0m,sendobetonadassobreumcimbreapoiadono macio de estacas. As aduelas tm comprimento varivel entre 3 a 7.0 m betonadas in situ e as aduelas de fecho com tm entre 2,5 e 4.0 m. A fim de compensar parcialmente os efeitos dos encurtamentos por retraco e fluncia, antes do fecho entre os tramos P4/P5 foram aplicados macacos que procederam ao afastamento das duas partes em que a estrutura est separada e posteriormente entre os tramos P3/P2. Figura 14 - Pilar em construo Opr-esforofoimaterializadoporcabosdeconsolainstaladosnalajesuperiorassociadosao faseamentoconstrutivo,sendoopr-esforodecontinuidadeconstitudoporcabosinteriores instalados na laje de fundo do caixo e por cabos exteriores tensionados tramo a tramo ou de dois em dois tramos consoante os casos. Seguiu-se a realizao dos acabamentos dos quais h que salientar o tratamento esttico dado s cornijas e guarda-corpos. AGRADECIMENTOS Esteprojecto,co-autoriadasquatroempresasqueconstituramoConsrcioProjectistaCOBA, PC&A,CIVILSEReARCADISfoioresultadodumacooperaonotvelentreempresasde dimensoeexperinciasmuitodiversasapardumacolaboraomuitoestreitacomoConsrcio ConstrutoreaprpriaBrisa,queacompanharamdemuitopertotodooprocessodeconcepo das estruturas muito subordinado aos processos construtivos necessrios para o cumprimento de um prazo de 21 meses para o projecto e construo de uma ponte com 12 km de extenso. Tratou-se pois de um trabalho de equipa para o qual contriburam de forma marcada e que importa reconhecer publicamente s seguintes pessoas e entidades: - Brisa Engenharia e Gesto,Engs. Paulo Barros, Cludia Guerreiro e Ins Ramos da Direco de Projectos; Engs. Carlos Biscaia Oliveira e Alfredo Raposo da Equipa de Fiscalizao de Obra; Profs. Fernando Branco, Emanuel Maranha das Neves e Antnio Pinheiro, consultores; - Ao Consrcio Construtor,Engs. Fernando Valrio e Gonalo Mota; Engs Secundino Vilar e Paulo Silva da Direco Tcnica; Prof. Jaime Santos, responsvel pelos ensaios de carga das estacas; Engs. Paulo Fidalgo e Rui Calada, revisores do projecto; Prof. Silva Cardoso, consultor; Prof.JoaquimFigueiraseEng.CarlosFlixresponsveispelodetalhedoplanode monitorizao; -Aosconsultoresdaequipaprojectista,Engs.AlainPecker,MichelBustamanteeProf.Antnio Heleno Cardoso. -AosnumerosostcnicosdoTACEquenosacompanharamaolongodestestrsanoseque contriburam de forma significativa para a construo desta ponte. Figura 15 - Aspecto geral dos trabalhos