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RESENDE E ITATIAIA - OUTUBRO DE 2013 Nº 210 . ANO 18 - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] www.pontevelha.com Nesta edição: As andorinhas voltaram E eu também voltei Pousar num velho ninho Que um dia aqui deixei Grupo pioneiro do Colégio Santa Ângela em 1933. Ao centro, a madre Jacoba, com Dulce Chaves à sua esquerda. Com este lema, um dos mais tradicionais educandários de Resende comemora oito décadas de servi- ço à comunidade. Com a Sagrado Coração de Jesus, é a escola pública mais antiga em atividade na cidade. Sim, “pública”, no melhor e mais autên- tico sentido do termo: pertence à sociedade e reflete seus valores perenes, tem gestão comunitária e uma his- tória de sucesso lidan- do com pessoas. “Colégio Santa Ângela - Há 80 anos fazendo a diferença” História do Colégio Santa Ângela, desde o tempo das marchinhas. Turma de 1963 celebra jubileu Política local - Cenários em construção na dança dos partidos podem espantar as andorinhas do verão Resendenses em maus lençois no Maranhão - As cidades morrem? Só depois das pessoas, das casas, das pontes... Festival de Teatro das Agulhas Negras repete êxito das outras edições, de Porto Real a Engenheiro Passos Equipamento urbano de Resende é passado em revista - o saldo é negativo, com coisas inexplicáveis Conto gramatical insinua coisas do arco da velha - Embargos infringentes impugnados em Resende Ponte com saudades de Conceição Carvalho e Walda Bruno Jeca & Vaca rememoram 100 anos deVinícius de Moraes. Dois sonetos do poetinha, que amava Campo Bello Itatiart - Itatiaia celebra os construtores da alma brasileira com arte e mobilização das escolas O filósofo espanhol Ortega y Gasset analisa os protestos de professores. Escritora cobra respeito pelos alunos Programa de reengenharia social do governo se amplia com programas Mais-Pajés e Mais-Pais de santo Banda Sinfônica da Academia Militar também comemorou 100 anos Tonico e Tinoco

Ponte Outubro 2013

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Cultura e História

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RESENDE E ITATIAIA - OUTUBRO DE 2013Nº 210 . ANO 18 - JORNAL MENSAL

DISTRIBUIÇÃO [email protected]

www.pontevelha.com

Nesta edição:

As andorinhas voltaramE eu também volteiPousar num velho ninhoQue um dia aqui deixei

Grupo pioneiro do Colégio Santa Ângela em 1933. Ao centro, a madre Jacoba, com Dulce Chaves à sua esquerda.

Com este lema, um dos mais tradicionais educandários de Resende comemora oito décadas de servi-ço à comunidade.

Com a Sagrado Coração de Jesus, é a escola pública mais antiga em atividade na cidade.

Sim, “pública”, no melhor e mais autên-tico sentido do termo: pertence à sociedade e reflete seus valores perenes, tem gestão comunitária e uma his-tória de sucesso lidan-do com pessoas.

“Colégio Santa Ângela - Há 80 anos fazendo a diferença”

História do Colégio Santa Ângela, desde o tempo das marchinhas. Turma de 1963 celebra jubileuPolítica local - Cenários em construção na dança dos partidos podem espantar as andorinhas do verãoResendenses em maus lençois no Maranhão - As cidades morrem? Só depois das pessoas, das casas, das pontes...Festival de Teatro das Agulhas Negras repete êxito das outras edições, de Porto Real a Engenheiro PassosEquipamento urbano de Resende é passado em revista - o saldo é negativo, com coisas inexplicáveisConto gramatical insinua coisas do arco da velha - Embargos infringentes impugnados em ResendePonte com saudades de Conceição Carvalho e Walda BrunoJeca & Vaca rememoram 100 anos deVinícius de Moraes. Dois sonetos do poetinha, que amava Campo BelloItatiart - Itatiaia celebra os construtores da alma brasileira com arte e mobilização das escolasO filósofo espanhol Ortega y Gasset analisa os protestos de professores. Escritora cobra respeito pelos alunosPrograma de reengenharia social do governo se amplia com programas Mais-Pajés e Mais-Pais de santoBanda Sinfônica da Academia Militar também comemorou 100 anos

Tonico e Tinoco

Page 2: Ponte Outubro 2013

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2 - O Ponte Velha - Outubro de 2013

P O L I T I C Á L Y A Cabo Euclides e Professor Silva

1.1) PROVÁVEIS CANDIDATU-RAS A DEPUTADO FEDERAL EM RESENDE:

1.1.1 - LUIZ FERNANDO PEDRA - o consagrado Ve-reador Pedra é candidato a uma vaga pelo PDT. Na última eleição, foi o mais votado em Resende, com 12.198 vo-tos (20% dos votos válidos), mesmo disputando com outros dois fortes candidatos da base eleitoral do Rechuan - Noel de Oliveira (6.485 votos - 10,67%) e Hélio Moura (4.058 votos - 6,67%). Desta vez, o quadro, pelo menos por enquanto, está mais favorável para o Pedra.

1.2) PROVÁVEIS CANDIDATU-RAS A DEPUTADO ESTADUAL EM RESENDE:

1.2.1) NOEL DE CARVA-LHO - Contrariando nossa previsão de que iria para o PR, Noel filiou-se ao PSD. Sua decisão foi muito influenciada pela sua amizade com o Pezão, provável candidato a Governa-dor pelo PMDB, esperançoso em ter o PSD na base de apoio. Na última eleição, Carvalho alcançou 21.476 votos em Re-sende, ou 35,33% do total dos votos válidos.

1.2.2) ROGÉRIO COUTI-NHO - O simpático petista de-verá fazer uma dobradinha com o Bittar e o Luís Sérgio, pro-váveis candidatos a Deputado Federal do PT, dividindo apoio do Rogério. Assim, o candidato a Governador Lindbergh deverá ter um bom palanque aqui na cidade. Vale lembrar que, em 2010, Lindbergh foi o Senador mais votado aqui em Resende, com 35.964 votos, ou 32,55% dos votos válidos.

1.2.3) VEREADOR DAVID É 10 (OU STENIO OU MI-RIM) - David foi para o Partido da Solidariedade, junto com os vereadores Stenio e Mirim. Ainda não sabemos qual deles será o provável candidato do Solidariedade.

1.2.4) DRA. ANA PAULA RECHUAN - Tudo indicava que seria candidata do PMDB, com apoio da base eleitoral de seu marido, o Prefeito José Rechuan Jr. Com a entrada de mais dois possíveis candidatos -- Soraia e Dr. Irani -- talvez o Rechuan mude de ideia e in-centive mais candidatos de sua base e os apóie, pulverizando o resultado da eleição, ou parta para seu Plano B.

1.2.5) DR. GLAUCIO JU-LIANELLI - Filiou-se ao PSOL e espera ser candidato a Depu-tado Estadual em dobradinha com o Deputado Federal Chico Alencar. Em 2010, Julianelli ob-teve em Resende 9.241 votos, ou 15,20% dos votos válidos.

João Alberto Stagi também filiou-se ao PSOL, com a mis-são de ajudar o Julianelli, mas poderá ser candidato a Depu-tado Federal, caso o partido assim o deseje. João Alberto é um excelente companheiro, em qualquer posição.

1.2.6) DR. IRANI - Trocou o PSB pelo PROS. Miro Teixeira saiu do PDT para ser candidato a Governador do PROS. Certa-mente o partido trabalhará para ter um puxador de votos aqui em Resende, tarefa que poderá ser delegada ao seu presidente local, Dr. Irani (1.190 votos em 2012, pelo PSB) ou à esposa deste, Sheila Irani.

1.2.7) - SORAIA BALIEIRO - Vereadora mais votada na últi-ma eleição (2.260 votos - PSB), pretende ser candidata pelo PSB, o que rachará a base elei-toral do Rechuan. Seu partido entregou os cargos nos planos nacional e estadual, demons-trando independência e certeza de candidaturas próprias. Com a entrada de Marina no PSB, o partido se fortaleceu muito e poderá ter candidatura própria ao Governo do Estado do Rio.

2. E AGORA, JOSÉ?

2.1 - JOSÉ LANÇARÁ A DRA. OU ACIONARÁ SEU PLANO ‘C’? - com as pro-váveis entradas de mais dois fortes candidatos a Deputado Estadual -- Dr. Irani e Soraia Balieiro -- o meio de campo ficou todo embolado. A certeira estratégia do Rechuan, com a entrada de Irani e Soraya no jogo, restou prejudicada. Polí-tica é mesmo uma arte difícil, não é Bebê Johnson? A base eleitoral do Rechuan estava, com raras e desimportantes exceções, direcionada para candidata única para Deputado Estadual, provavelmente a Dra. Ana Paula, desde a sua filiação do PMDB. A Vereadora Soraya, com seu bom potencial de vo-tos, ao lado de outros prováveis fortes candidatos, praticamente acaba com a possibilidade de a cidade eleger um Deputado Estadual. Para almejar uma

eleição, o candidato terá que trazer mais votos de fora. Caso o Rechaun entenda, também, dessa forma, pode passar para seu Plano “C” e apoiar todos os candidatos de sua base eleitoral, assim pulverizando o resultado da eleição.

2.2 - AINDA A PASSARELA - Procuramos, novamente, Vovô Noelius, para ouvirmos sua opinião sobre a passarela: “ Essa passarela é um problema, meu filho. Incentiva o povo a passar para o outro lado” ...

2.3 - O CEMITÉRIO DE AU-TOMÓVEIS - continua aquela “beleza”, na entrada da cidade, na antiga sede da Guarda Mu-nicipal. O visitante que chega à cidade, dá de cara com aquele cemitério de automóveis. De vez em quando, o José dá um sacode em algum Secretário. Ô José, chama um na responsabi-lidade aí. Você investiu tanto na entrada da cidade e agora acei-ta uma insensatez destas ...

2.4 - MIGUELZINHO FOI DESPEJADO DA SECRETARIA DE AGRICULTURA - o Super Secretário Cial despejou o Dr. Miguelzinho e sua equipe, requisitando a casa de madei-ra para o comando da última Exapicor. Atendendo a pedidos, Cial, por enquanto, devolveu a casa ao Miguelzinho

2.5 - SECRETARIA DO PURGATÓRIO - o apelido da Secretaria do Zerotrês é Purga-tório. Alguns assessores podem sair dali para o céu (uma Secre-taria); outros podem continuar purgando; outros ...

2.6 - RECHUAN PODERÁ APOIAR O SECRETÁRIO MI-GUELZINHO PARA PREFEITO - O alto comando do Gover-no Rechuan poderá apoiar o Secretário Miguel Gilberto Dias Moreira Almeida Balieiro Ma-riano Diniz para Prefeito ... de Bocaina de Minas, terra natal do garboso Secretário, onde é conhecido como Dr. Migué do

Juca. Por conta disto, o Banana Nanica já o presenteou com um sugestivo slogan: “Quem tira boi do mato é mutuca. Vote no Migué do Juca”.

2.7 - PENSARAM QUE O BEBÊ E O BANANA NÃO TINHAM PLANO B? a dupla genial deixou transparecer seu Plano B, no dia da filiação da Dra. Ana Paula ao PMDB. Quem se filiou também? Tcham, tcham, tcham, tcham ... o Dr. Daniel Brito, eficiente Secre-tário de Saúde do Governo Rechuan, um dos preferidos à sucessão deste. Falta ao Dr. Brito apenas o batismo nas ur-nas. Se o negócio apertar muito para o lado do Rechuan e o Dr. Julianelli estiver muito bem nas pesquisas, a Dra. poderá deixar de ser candidata e entrar o Dr. Daniel Brito. Coronel e Médico, também com muito prestígio no meio militar, onde disputará com o Julianelli. Sendo bem votado, Daniel Brito conquistará seu passaporte para 2016.

Operários constroem cúpula do Senado Federal em Brasília.

CORREÇÃO

Aproveito o espaço que os colunistas deixaram para corrigir uma injustiça, cometida na Edição passada. A excelente entrevista com Gecilda Gioia e Cassiano Grazziani foi obra do Gustavo Praça e da jornalista e colaboradora assídua do Ponte, Virgínia Calaes. O nosso Joel Pereira foi o inspirador... (MC)

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Outubro de 2013 - O Ponte Velha - 3

Gustavo PraçaNo Maranhão com resendenses1-No sobrado em frente

à sacada do nosso quarto de hotel, numa ruela da São Luiz colonial, um velho turco sem camisa, com um espanador na mão, passa boa parte da noite tirando o pó de livros e pastas que se amontoam pelas estan-tes. Fez isso durante as três noi-tes em que eu e Virgínia estive-mos lá. Fazia muito calor e ele deixava as janelas abertas. Seus ascendentes foram comercian-tes prósperos no século XIX, o que apurei com o gerente e se comprovava nas quatro enor-mes portas do antigo armazém embaixo da moradia, hoje cheio de trastes e, no passado, de algodão e açúcar.

De longe nos chega, pelo silêncio da noite, algum ruído do porto, por onde iam embora aquelas riquezas e hoje vai o minério. De repente, entre 11h e meia noite, religiosamente, entra em cena a bailarina. Vem sorrateira, na ponta dos pés, em coreografia de fuga, saltitando pelos paralelepípedos da rua estreita e deserta com olhares desconfiados para todos os lados; o cigarro vai da boca para a mão e volta à boca como parte da dança ágil. Esconde--se espremendo o corpo negro e magro pelos cantos dos batentes de pedra das portas do armazém do turco. Salta às vezes para a calçada, executa um rápido sapateado e se es-conde de novo em outra porta, botando de vez em quando a cabeça para fora para vigiar os perseguidores, que não apa-receram naquelas três noites. Doida? Viciada em crack, con-forme apurei no hotel – o que só aumentaria a sua mística se ela fosse uma bailarina da classe dos incluídos, porque a dança era expressiva e o cenário tam-bém: o turco em cima, tirando pó das pastas velhas, aquele sobrado do tempo escravista, e

ao fundo, no porto, o ruído do perpétuo saque que nunca foi a favor das negrinhas. Imaginei, na ocasião, que o Calé ia gostar. O Calé, por sinal, foi convidado para o festival de teatro butoh em Barcelona, e também vai se apresentar em Paris. O Butoh é expressão do corpo, dança.

2- Já da praia de São Marcos quem ia gostar era o Laís. A maré no Maranhão é muito alta, dizem que devido à proximi-dade com a linha do Equador, de modo que quando ela baixa deixa uma extensão imensa de areia onde a galera monta as traves.

Aquilo se torna um parque com pra mais de 50 campos de futebol, de quatro em quatro, da calçada ao mar, uma rede quase encostando na do outro

campo, com um pequeno cor-redor entre elas para se chegar à água. Aos domingos é um festival de times contra, tudo organizado, de camisa, com juiz e tudo. E como a areia é dura, a bola rola e o jogo fica boni-to; não tem que ficar dando balão como em geral acontece no futebol de praia. O melhor é se estabelecer entre as duas redes mais próximas do mar, protegendo-se das boladas e podendo apreciar lances de ataque a toda hora. O curioso é que só tem negro; é quase um gueto essa praia de São Marcos desse Maranhão que é o segun-do estado mais preto do Brasil. Pouca mulher por ali, que o futebol ainda é bem machista, mas, se o Laís observar bem, certamente vai achar o homem mais bonito de São Luiz.

3- A parte colonial de São Luiz é perfeitamente separada da parte nova, unidas as duas pela ponte que leva o nome do “possuído”, como é chamado popularmente por ali o José Sarney. A ponte atravessa um braço de mar que invade a ilha. Quando se chega pela baia de São Marcos, os perfis das duas cidades se apresentam em sequência, como que emenda-dos. De um lado os modernos prédios altos e chapados, de outro o desenho rico do casario e das igrejas coloniais - desenho que, ainda a seu favor, respeita os altos e baixos das colinas. Nessa topografia suave, sem ladeiras íngremes como as de Ouro Preto e Salvador, se estende a maior cidade colonial do Brasil, com muito casario em condição precária, mas mui-

ta coisa também já reformada ou em obras. É evidente que, mal ou bem, se cuida daquilo. Escadarias graciosas, algumas pracinhas bem tratadas. Numa delas, o Largo da Sé, com muita árvore e muita flor, boa iluminação à noite e bancos confortáveis, funcionam, em bonitos sobrados conservados e bem pintados, a Associação Comercial e o Arquivo Muni-cipal. Foi ali que, certa noite, vi Luis Geraldo, Celina Whately, Claudionor e Joel Pereira em animado colóquio. Eles bem mereciam uma praça da Matriz daquele nível.

4- Por que na cidade de Barreirinhas, que dá acesso aos Lençois Maranhenses, um hotel onde só se vê gramado, piscina e chalés, custa tão mais caro do que a pensão da casa da tia Cota, onde, da varanda, se vê, desde o clarear do dia, todo o nordeste chegar e armar sua feira? Zé Leon e Lu Gas-tão, representando todos nós da área da cultura de Resende, se levantam do banco de onde apreciamos os burricos carre-gados e vão lá dentro advertir a dona da casa: “ô tia Cota, aumenta a sua diária!”

5- Oscar Niemeyer deve ter se inspirado nas dunas dos Len-çois para traçar as suas curvas; deve ter sonhado, ao sobrevoar aquela área branca e azul do tamanho de São Paulo, com uma imensa cidade de abóbadas entremeadas por lagos de água potável .

Rechuan e Tom fariam ali uma passarela angulosa e de mosaico ligando uma duna à outra para a gente não precisar molhar os pés nos lagos. Como o vento move as dunas, a passa-rela estaria também sempre em mutação, ligando duna a duna, ou duna a lago, ou lago a lago.

Nas dunas do Maranhão. Foto do autor

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4 - O Ponte Velha - Outubro de 2013

Eliel de Assis Queiroz

Cidades são organismos vivos: nascem, crescem e morrem. A saúde das cidades também pode e deve ser permanentemente avaliada. Periodicamente procuramos o médico para uma avaliação da nossa saúde. Medimos a pressão arterial, analisamos a qualidade do nosso sangue, fezes e urina. O resultado vem expresso em números, que são os indicadores da nossa saúde. Uma taxa de glicose, por exemplo, acima de 110, é um indicador de perigo.

Com as cidades não é diferente. Existem índices de avaliação da saúde social, ambiental e econômica das cidades. A diferença é que esses índices não são implan-tados, avaliados e divulgados. Em Resende, por exemplo, em face deste caos latente que alguns insistem em chamar de “progresso”, é visível a percepção de perda da saúde urbana: trânsito caótico, violência crescente, especulação imobiliária que penaliza os mais pobres, elevação da poluição sonora, atmosférica e hídrica, entre outras doenças urbanas.

Como saber se é percepção ou realidade? Adotando um sistema de avaliação da qualidade de vida da cidade. O programa “CIDADES SUSTENTÁVEIS”, por exemplo, é um deles, e está funcionando em várias cidades no mundo, inclusive no Brasil. A Lei Orgânica de Resende, artigo 164, obriga o município a ter um sistema de controle das suas condições ambientais. Meio ambiente, como você sabe, não é um concei-to restrito apenas ao ambiente natural, mas também ao social, econômico, cultural, entre outros.

Se a lei maior do município obriga, por que até hoje não foi ainda implantado um sistema de controle da qualidade de vida da cidade? Quem responde? Vamos co-meçar pela Câmara Municipal? O que fazem os vereadores, além da bajular e viver na aba dos prefeitos? Vereadores têm outras prioridades, como garantir a vaga dos seus cabos eleitorais na prefeitura. Tão culpados quanto os vereadores são os seus eleitores.

Prefeitos, sem dúvida, são os maiores culpados, seguidos também por seus eleitores. A maioria não entende quase nada de gestão pública. Além disso, nomeiam seus assessores por critérios políticos e não técnicos. Haja cargos para tantos cabos eleitorais. O resultado é isso aí que vemos país afora: cidades doentes.

Na última reunião do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Itatiaia foi aceso o sinal de alerta com relação ao futuro desta unidade de conservação. Os impactos decorrentes do crescimento desorganizado da região, sobre o Parque, foi o assunto predominante.

Se, além de Resende, as outras cidades do entorno do Parque também não têm sistemas de avaliação da qualidade ambiental, como vamos saber se a saúde des-sas cidades e do Parque está melhorando ou piorando? Como vamos saber a quan-tidade de gases de efeito estufa lançadas sobre o Parque Nacional? Aliás, quantas toneladas de gases eram emitidas há dez anos na nossa região? Quantas toneladas de gases são emitidas hoje? Quantas toneladas serão emitidas daqui a dez anos? Quantas toneladas de esgoto, sem tratamento, estamos lançando nos nossos rios? Quantas pessoas morrem por doenças respiratórias na Região das Agulhas Negras? Por quanto tempo ainda viveremos sem saber as respostas para essas e outras per-guntas? Ninguém sabe. Não sabe por que não temos políticas públicas, mas apenas politicagem de falsos gestores públicos, também conhecidos como prefeitos, que só pensam nas urnas e em como enganar eleitores ingênuos com obras de fachada.

Enquanto isso, nossas cidades agonizam. Não temos dados, não temos índices, não temos indicadores confiáveis e transparentes para afirmar se a saúde das nos-sas cidades é boa ou está a caminho da UTI. As cidades também morrem, mas antes delas morreremos nós, muitas vezes sem saber os motivos.

Cidades também morrem

Foto de Evandro Teixeira

Uma realização do Instituto Cidade Viva, que teve como Curador e Produtor, o nosso Jose Leon Zylberstajn, o Festan 2013 contou com o apoio do governo do Rio de Janeiro e das prefeituras de Quatis, Resende e Porto Real, além do patrocínio das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), instalada no distrito de Engenheiro Passos, e co-patrocínio da MAN-Latino América. O festival teve início no dia 5 e prolongou-se até dia 12/10.

Ao todo foram encenados 15 espetáculos, sendo sete peças infantis e oito voltadas para o público adulto, totalizando 19 apresentações. Entre os grupos selecionados, havia companhias vindas das regiões sul, sudeste e norte do país, sucessos de crítica e público. A peça de abertura foi estrelada pela atriz Rosane Gofman, e o encerramento ficou por conta da aclamada comédia Surto, que em oito anos em cartaz já fez mais de um milhão espectadores Brasil afora. As Oficinas atraíram muitos candidatos às artes cênicas e circenses.

Festan 2013 - A quarta edição do Festival de Teatro das Agulhas Negras trouxe peças teatrais e oficinas que movimentaram a

vida nos municípios de Resende, Porto Real e Quatis.

Eliel de Assis Queiroz é Presidente do Comitê Pela Transparência e Controle Social de Resende.

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Outubro de 2013 - O Ponte Velha - 5

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Adaptação por José Roberto de Paiva

Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho

Reg. 12 . 923 Arte gráfica: Afonso Praça

Edição: Marcos Cotrim

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Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele, um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situa-ção: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.....

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro...

Ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provo-car alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar. Só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.

Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele co-meçou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.

Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula: ele não perdeu o ritmo e sugeriu um longo ditongo oral, e quem sabe, talvez, uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.

É claro que ela se deixou levar por essas palavras; estava total-mente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Entre beijos, carícias, parônimos e adjetivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta dela inteira.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular; ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

E por fim, retornou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino relaxando em conjunção coor-denativa conclusiva.

E assim eles se deram conta de que somente as reticências do Amor entre ambos será capaz de vencer as intromissões cada vez mais desaforadas e arrogantes de vernáculos ingleses.

(Esse conto foi adaptado e modificado por mim. Quanto ao autor da versão original há controvérsias: há quem diga que o conhece e é um professor que prefere ficar anônimo. Mas há quem garanta que foi escrito por um estudante durante uma aula de um professor careta).

CONTO GRAMATICAL :Sujeitos simples em período compostoQuem se lembra de quando

a fechada Cerâmica São Carlos foi transformada em shopping? Uma obra bonita, numa das avenidas mais movimentadas de Resende, com diversas lojas, restaurantes e... cinco cinemas! Eram salas de exibição peque-nas, porém uma promessa de diversidade na programação. Só que, para se saber os filmes em exibição, era preciso ir lá ou consultar na Internet, pois, o que seria mais óbvio e chama-riz – letreiro com os títulos dos filmes, visível para todos que passassem pela Coronel Mendes – não foi autorizado pela administração! Consequ-ência: sem público, os cinemas fecharam. Passados tantos anos, até hoje também as lojas não deslancharam. Uma pena.

Já falidos os velhos cinemas Odeon e Vitória (de saudosa memória para os resendenses antigos), a única possibilidade ficou sendo ir aos dois (depois três) cinemas do Resende Sho-pping, dependendo dos filmes que estivessem em cartaz. Mas eis que surgiu concorrência. À entrada da cidade, foi aberto o shopping Patiomix, com quatro salas de exibição. Embora não tão à mão – digo, a pé – já se podia resolver: se os filmes do Resende Shopping não fossem do agrado, havia a opção de esticar até o Patiomix. Certo? Errado. Tanto num quanto noutro, passam os mesmos filmes. Se você não quer ver os filmes de um, não adianta tentar o outro. Ah, e com o de-talhe: são sempre os filmes em que o Bonequinho do Globo está dormindo ou até saindo do cinema. (Que seleção é essa, meu Deus?)

Não sou de frequentar ba-rezinhos, no entanto reconheço

que as margens do Paraíba são convite para contemplação, para bate-papo, para declara-ções ao pé do ouvido... hmmm. E o que é que existe nesse sentido? Ora, o que abre, fecha; o que é tentado, não vai para adiante ou é interditado. Tenta-ram o Parque Zumbi – iniciado, dinheiro público gasto e, nada. Tentaram – e graças a Deus não deixaram! – transformar aquilo nas instalações das Águas das Agulhas Negras. Seria um cri-me. Então ficou sendo apenas um gramado e um campo de futebol de várzea. Bem mais adiante, na mesma margem, em frente à Delegacia de Polícia, um tosco bar e restaurante de madeira. No período áureo, um lugar bem simpático para bebericar contemplando as águas mansas do rio. Cheguei a festejar com almoço um ani-versário de minha mãe, ali. Os convidados se surpreenderam com o lugar e adoraram. Hoje está todo depenado.

Na outra margem, em Cam-pos Elíseos, já existiram três bares bem acolhedores, sobre-tudo para as noites de verão, sendo um deles até com deque avançado sobre o rio. O deque, já depredado, virou ponto de... xá p’ra lá. O outro se transfor-mou em salão de beleza. E o terceiro está para alugar. (Como explicar isso?)

Na Av. Kennedy, ao lado do INSS, o que já foi Casa do Fazendeiro, (se não me falha a memória), um belo dia – digo que foi belo dia, porque ficou uma beleza, um verdadeiro cartão postal – foi transfor-mado em revenda de plantas e flores, que eram uma festa para os olhos. Difícil passar por ali e não comprar ao menos uma mudinha para plantar em casa.

Soou um despertador estridente e o sonho acabou. Sabem o que é hoje? Acreditem: depósito de sucata. Horrível. À beira do rio!

Num quesito, todavia, a cidade sem dúvida progrediu: em supermercados. Não só aumentaram em quantidade, como também os antigos se modernizaram. Quem ainda se lembra do horroroso Cereais, no Manejo, por exemplo? Hoje dá para escolher onde comprar pelos produtos oferecidos – os diferenciais costumam estar no setor de padaria e de carnes - pelo conforto, pelo atendi-mento, pelas instalações, pela localização, pelo estacionamen-to e pelos preços.

Por enquanto ainda são poucos os que dispõem de banheiros para os clientes. Mas, infelizmente, há um que nenhuma reforma salvaria; só mesmo sendo demolido para surgimento de novo prédio. Daria apenas para salvar o piso, de ardósia que, todas as ma-nhãs, na hora em que se abrem as portas, bem encerado, brilha como nenhum outro. Será que a clientela, na maioria de pas-sageiros dos ônibus próximos, não merece?

Não entendo, mas me esforço.

COISAS QUE EU NÃO ENTENDO - I Ellen WVW

Des

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Page 6: Ponte Outubro 2013

6 - O Ponte Velha - Outubro de 2013

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COLÉGIO SANTA ÂNGELA - Patrimônio da Cidade de ResendeFundado há 80 anos por religiosas ursulinas vindas de um convento alemão, o Colégio Santa Ângela integrou-se ao cenário cultural resendense por meio de uma proposta traduzida por seu lema: “Servir”. Além do colégio - erguido no local onde residira João Maia - as religiosas assumiram a tradicional Escola Sagrado Coração, fundada por Dona Antonina Ramos Freire, outro patrimônio dos resendenses. Gustavo e Marcos foram conversar com as equipes responsáveis pelos educandários, e encontraram a boa recepção da diretora, Irmã Cíntia Lessa, e dos professores Edgarlene Scopacassa e Sebastião Ramos. Participaram do encontro, ex-alunas de turma de 1963.

Sebastião Ramos e Edgarlene Scopacassa, coordenadores

As escolas têm alma? Algumas têm, graças ao carisma de seus fundadores e de sua equipe. Um carisma traduz valores e toma posição dentro do mundo. Por isso dá identidade, assinalando o caráter de quem ali se forma. Em pleno renascimento italiano, Ângela de Merici (1474-1540) resolveu abrigar e educar meninas que andavam sem rumo naqueles tempos de guerra e peste, e acabou fundando a Companhia de Santa Úrsula. Começaram seu trabalho pela cidade italiana de Bréscia, em 1535, e tornaram-se missioná-rias nos cinco continentes. Seu lema? “Servir”

va ocupada pelo Comando militar das tropas do governo que combatiam os paulistas na Revolução Constitucionalis-ta. Abrigaram-se na Escola Profissional Sagrado Coração, obra de Dona Antonina Ramos Freire.

Foi a quinta fundação das ursulinas no Brasil, após os dois conventos de Salvador (Colégio Progresso em 1900), o colégio de de Ribeirão Preto (1912) e o de Ilhéus (1916).

Depois dos abalos de 1930 e 1932, Resende se prepa-rava para consolidar-se como bacia leiteira, e o prefeito, nomeado pelo Interventor Ari Parreiras, era o Engenheiro Francisco Aníbal Ribeiro Dantas (1933-1935), que veio a morar na Fazenda do Castelo, hóspede de Dourival Godóy.

O Brasil ouvia Carmen Miranda cantar no rádio, “Alô, alô...” (com Mário Reis) e “Chegou a hora da fogueira”, que

Ms Jacoba e Angélica numa “casa de negros”

virou clássico das festas juninas. Nascia Mané Garrincha, Goiânia era fundada, Monteiro Lobato publicava “Caçadas de Pedrinho” e Gilberto Freyre, “Casa Grande & Senzala”. É o ano em que Heitor Villa-Lobos dá a primeira audição das “Bachianas Brasileiras No. 2”. Em novembro, no Rio de Janeiro, estabelecia-se a Assembleia Nacional Constituinte, que promulgou a Carta de 1934, que consagrou o ensino religioso nas escolas públicas.

A primeira diretora foi uma das fundadoras, Madre Ambrósia Robig, secundada pela professora Pedrita da Sil-veira Cúrio entre 1942 e 1945, pois o estado de guerra contra a Alemanha proibia que uma alemã ocupasse o cargo. Ma-dre Angélica Schensar veio a seguir e ficou de 1946 a 1955.

Já em 1935, criara-se o Curso Normal, sendo a primeira turma paraninfada pelo professor Oswaldo Camões, tendo como patrono o poeta Nöel de Carvalho. Em 1939, começou a funcionar o Curso Ginasial.

Recordemos: Em 193o, o governo Vargas criara o Ministé-rio da Educação e Saúde Pública, sendo seu primeiro titu-lar, Francisco Campos, autor de uma reforma educacional em 1931, que após o estudo Primário, previa um Secundário dividido em Ginasial e Complementar. Em 1932, Anízio Teixeira e outros divulgaram o Manifesto dos Pioneiros pela Educação Nova, em reação às reformas de Campos.

Em 1946, o Colégio passou a chamar-se Ginásio e Escola Normal Santa Ângela, e em 1967 termina o regime de inter-nato. Em 1974, o nome voltou a ser Colégio Santa Ângela, adotando o sistema misto, com três turnos e ensino profissio-nalizante, como preconizava a reforma Passarinho de 1971.

Em seu horizonte pedagógico, o Colégio foi pioneiro na implantação do “método natural” de alfabetização, coordenado por Alda Sampaio de Paiva, e destacou-se na integração da comunidade com a SESAN - Semana de Estudos Santa Ângela - durante as gestões das Madres Sal-lette e Araci Gasparin. A professora Edgarlene - 47 anos de Santa Ângela (“Só perco para a Vilna, com 50!”) - chamou atenção para o sucesso educacional desta mobilização da comunidade educacional, com a utilização de espaços e enfoques alternativos com eixos temáticos de apresentação dos tópicos a ensinar, que este ano está em sua edição n. 35.

Durante a gestão da Irmã Nair da Silveira (1990-2006), o colégio adotou o Sistema Pedagógico da Rede Positivo de Ensino e tornou-se mais competitivo. Como tantos projetos educativos, o do Santa Ângela vem se adaptando aos tem-

O Colégio Santa Ângela foi fundado em 1933, por quatro missionárias ale-mãs provenientes do Convento de Frankfurt sobre o Main: Jacoba, Ambrósia, An-gélica e Matilde, graças aos expe-dientes do bispo Dom Guilherme Müller, pois esta-vam orientadas para São João do Meriti.

Chegadas em 1932, a casa que fora do Dr. João Maia, a elas destinada, esta-

pos, procurando conciliar as exigências do mercado com sua missão, que o Coordenador, Professor Sebastião, resume:

“Formar para servir e informar para competir”.

Os desafios da qualidade de ensino são muitos, comenta. Embora convivam rapazes e moças no ambiente formativo desde 1974, “as meninas são as melhores ”, revela Edgar-lene. E mencionam ex-alunas de sucesso: Elenice de Souza Ramos, que se fez ursulina; Bárbara de Oliveira Ramos, consultora do BID; Beatriz Da Cás Vita, promotora; Camila Novaes, juíza... Mas neste 2013, “o jogo promete virar”, diz Sebastião, destacando três rapazes como melhores alunos.

Expressão desse humanismo cristão visado pela comu-nidade educativa, o equilíbrio entre formação e informa-ção mantém os 626 alunos - de 2 a 17 anos, da Educação Infantil ao Ensino Médio - , 65 professores e muitos funcio-nários atentos ao “que cada um tem de bom para oferecer e merece ser cuidado, recebendo investimiento humano”, sintetizam Edgarlene e Sebastião.

Tanto é assim que mesmo os alunos “turbulentos”, aqueles que deram muito trabalho, incorporaram a filosofia de servir cuidando e cuidar exigindo, a ponto de trazerem depois os filhos para o colégio. Acabam reconhecendo os valores que impregnam este “exercício de compromisso e responsabilidade”.

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Outubro de 2013 - O Ponte Velha - 7

Anos Dourados no Entorno da Matriz

Tal cena, caro leitor, se deu há meio século - espécie de Belle Époque tranquila e ordenada na cidade de Resende - quan-do toda a vida social daquelas meninas-moças girava na praça e no seu entorno: colégio, igreja, cinema, bombonière Vitória, CCRR, Parada da Alegria. Elas faziam o curso normal. Com 17, 18 anos, já podiam dar aula e já eram consideradas prontas para casar, pois além de uma forte formação moral e religiosa aprendiam também crochê, tricôt e outras prendas do lar. A turma que se formou em 1963 foi especial, muito unida, tanto que as hoje senhoras continuam se encontrando com frequência, e no dia 23 de novembro vão comemorar os 50 anos de sua formatura, com um jantar e uma missa. Como já fizeram por oca-sião dos 25 anos de formadas.

Em conversa com o Ponte Velha, quatro delas - Sibele Ab-bud, Elizabeth Reis, Eli Carneiro, Ivanise Chaves – falaram, com muito amor e saudade, sobre a

importância que o Santa Ângela teve em suas vidas, destacando o cuidado e a preocupação da instituição com o bom enca-minhamento das alunas. Para cada turma havia uma irmã da ordem das Ursulinas, em geral estrangeira, que dava aula de religião e era responsável pelas meninas. Sibele destaca que apesar do rigor na educa-ção nunca se sentiu reprimida porque “havia sempre muito diálogo com a gente”.

E hoje ela e as amigas se divertem lembrando de Mère Trindade passando a mão nas costas de alguma menina quando desconfiava que aquela ovelha estava sem soutian. Ou da diretora baiana Madre Maria dos Reis exigindo um uniforme para educação física em que os calções iam abaixo dos joelhos, com uma saia comprida por cima. “E listrado de vermelho e branco, uma coisa horrorosa, a gente ficava parecendo uma abóbora”, completa Ivanise. Ou ainda de irmã Inês, profes-

sora de tricôt, crochê e traba-lhos manuais,que, para evitar conversas e fofocas sobre namo-rados, escolhia uma das alunas para ficar lendo um romance em voz alta enquanto as outras trabalhavam. Aproveitamento máximo do tempo.

Além das madres, havia também professores homens, em geral militares, como o major Paulo Cavalcanti, que lecionava psicologia e de vez em quan-do mandava algum cadete atrasado na matéria à casa de Elizabeth Reis, excelente aluna no Santa Ângela, para copiar a matéria do caderno dela. “Minha irmã ficava em pânico” – lembra Elizabeth – “porque na época eu era noiva e ela temia que meu noivo chegasse e encontrasse o cadete lá em casa.

Muitos professores são lembrados com carinho: dona Walda Valquíria Bruno, que segundo Sibele “ensinava ana-tomia como ninguém”; professor Savetti e irmã Cecilia, de Canto Orfeônico – e as quatro ainda escutam o “Vai Azulão” ecoando pelas escadarias do colégio -; dona Iracy Athayde, que ensina-va desenho e em cujo casamen-to quatro alunas uniformizadas fizeram o papel de damas de honra; o casal dona Eslava, de Ciências, e professor Savério, de Matemática, iuguslavos com uma história dramática de fuga de um campo de concentração e viagem clandestina num navio até o Brasil, acolhidos no Rio pelas irmãs ursulinas e depois estabelecidos em Resende. “Um dia, em plena aula, passou um avião muito baixo e o professor

Savério tremia todo, coitado” – lembra Ivanise.

E Wanderley, professor de Estatística; e Vera, de Latim; e Carmela Bruno, de Geografia. Mas o reconhecimento maior das quatro é para dona Mariucha, que segundo Eli era um caso a parte. “Ela sabia tudo: mate-mática, português, história; e quanto via que a aluna estava com dificuldade, convidava para tomar um chá em sua casa e dava aulas particulares por sua própria conta”. Era dona Mariucha também que organi-zava o terço-vivo.

Em 1964, ano seguinte ao da formatura delas, não houve con-curso para o magistério devido ao golpe militar, mas mesmo assim muitas já davam aulas ainda no terceiro ano, em cursos para alfabetização de adultos, ou ensinavam catequese na Matriz. Segundo Elizabeth, todas daquela turma “se deram bem na vida”. Cida Rodrigues, por exemplo, foi Secretária municipal de Educação; Jurema Morgado foi diretora do João Maia; Elizabeth Reis, diretora do Luis Pistarini; Wilna dos Santos, que foi a patrona da turma, está fazendo 50 anos como professora do Santa Ângela, e a biblioteca do colégio leva o nome dela; Orninda de Barros foi ser freira; a maioria casou e está bem de vida.

Muitas histórias, muitos cami-nhos que continuam a se cruzar,

numa amizade solidária forjada no tempo do Santa Ângela, quando em todas as primeiras sextas-feiras do mês saíam em fila, de véu, do colégio para a igreja, para comungar, vendo Monsenhor Ludovico ajudar a descarregar tijolos para alguma reforma; tempo em que antes de cada dia de aula cantavam um hino diferente, do nacional ao da cidade; tempo dos grupos de estudo nas casas de Sibele e de Ivanise; tempo em que, um certo dia, ficaram todas retidas até tarde da noite no colégio, só saindo com a presença dos pais, porque nenhuma acusava a colega que supostamente havia feito algo de errado.

As Formandas de 63

Alda Alvarenga, Ana Maria Bühler, Ana Maria do Nasci-mento Amaral, Ângela Villaça, Carmem Silvia Toledo, Cleofe Louzada, Ednéa da Silva, Eli Carneiro Ribeiro, Elizabeth Reis da Costa, Ivanise de Oliveira Chaves, Jurema dos Santos Morgado, Lilian Pereira da Silva, Luiza Helena Rocha Barbosa, Maria José Siqueira, Maria Apa-recida da Atta Rodrigues, Maria Aparecida Negreiros, Maria Ma-rinho Mattos, Maria Lemos do Val, Marilene Dias, Maria Sirlene Dias, Orminda de Barros, Sibele Maria de Barros Abbud, Vânia Stagi, Zuleika da Silva.

Sibele Abbud e Elizabeth Reis na Praça Oliveira Botelho, em frente ao Colégio

Alunas do Santa Ângela no mês de Maria - o “Terço vivo”

Eli Carneiro, Sibele Abbud, Elizabeth Reis e Ivanise Chaves

Vestidas com uma espécie de hábito branco – roupa de santa -, cada uma delas segurando uma vela envolta em papel celofane, como fosse uma flor, as moças se distribuíam ordena-damente pela alameda frontal à igreja da Matriz. Eram em número igual às contas do rosá-rio, a maioria correspondendo a ave-marias, outras a salve- rai-nhas; eram o terço-vivo, que o Colégio Santa Ângela organiza-va na praça principal da cidade. Cada “conta de terço” dava um passo à frente na hora de se rezar em conjunto a oração correspondente a ela, e a litur-gia era assistida pelos católicos mais praticantes, ou por quem passasse por ali com uma breve persignação.

Page 8: Ponte Outubro 2013

8 - O Ponte Velha - Outubro de 2013

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Huummmmm... E ‘ocê? Ce’sabia que o Vinícius escreveu o

prefácio de Cinco Elegias em 1943?E que falou da mulher amada como “Coisa Alóvena, Ebaente”? Se não, vai prá Tonga

da Mironga do Kabuletê!

Maiada, sabia que o nome de Itatiaia era

Campo Belo? E que Nhangapi se chamava Itatiaia até 1943?

Lá se vão 70 anos!

Walda Walquiria Bruno Uma Vida Dedicada à Educação

Tendo sido solicitado para escrever alguma coisa sobre Tia Walda, pelo amigo Marcos Cotrim (Jornal Ponte Velha), confesso que fiquei contente, de um lado, e descontente de outro. Contente, devido a poder prestar minha última homenagem a tia que tanto estimava e amava, e descontente em saber que nunca mais vou vê-la e poder ter a satisfação de participar de sua convivência.

Tia Walda teve toda sua trajetória de vida, voltada à educação e ao magistério, pois como não casou, só se dedicou aos seus alunos(as) com muita porfia e até obstinação.

Depois de formada no Curso Normal ela trabalhou na Escola Isolada de Vila Fumaça. sendo aí seu primeiro emprego de professora, onde deixou não ex-alunos e sim muitos amigos e compadres. Viajava de charrete, devido as precárias condições de transporte na ocasião.

O início de sua formação como professora foi na área de Educação Física, tendo se formado na primeira turma de EF da Faculdade Nacional de Educação Física,no antigo Distrito Federal - Rio de Janeiro, onde ela nasceu, curiosamente, pois naque-la ocasião (1920) meu avô estava residindo lá.

Foi professora de Educação Física em diversas instituições de ensino em Resende, tais como: Colégios Santa Ângela , Olavo Bilac...etc. Foi fundado-ra e Diretora do Colégio de Resende, hoje E.E.Souza Dantas.

Também, cursou Pedagogia licenciada em Supervisão, Orienta-ção e Administração, em Lorena-SP, faculdade que hoje integra a USP. Não poupava as horas de folga porque es-tava sempre fazendo cursos paralelos de especialização para se atualizar.

Foi Diretora do Departamento de Educação da Prefeitura de Resende, de l964 a l982. De l982 a l987 no Governo do Noel de Carvalho mudou a estrutura organizacional da Prefeitura e

então foi criada a Secretaria Municipal de Educação tendo ela sido a primeira a ocupar esse cargo, que exerceu por diversos períodos e gestões .

Isso foi um simples resumo de seu currículo, pois se fôssemos redigir um currículo completo, não daria para fazê-lo em um capítulo só, e sim em um compêndio.

Para concluir, gostaria de fazer uma analogia da vida dela com a história de um ilustre advogado de outrora, baseado numa história que um tio e padrinho meu, também advogado, sempre contava, pois apreciava muito Evaristo de Moraes, que na verdade foi um rábula (pessoa que advoga sem ser formada em Direito), e em sua memória e homenagem foi erguida uma escultura com pedestal na Praça Monroe no RJ, onde está escrito : EVARISTO DE MORAIS (1871 -1939) `SEMPRE ADVOGADO´.

Fazendo essa analogia, pode-ríamos parodiá-la dizendo : WALDA WALQUÍRIA BRUNO(1920-2013) `SEMPRE PROFESSORA´.

José Eduardo de Oliveira Bruno (engenheiro e administrador)e-mail: [email protected]

Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes nasceu no Rio de Janeiro, na Gávea, no dia 19 de outubro de 1913 e morreu em 1980. Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, seu pai, era sobrinho do poeta, cronista e folclorista Mello Moraes Filho e neto do historiador Alexandre José de Mello Moraes.

Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933. Foi diplomata entre 1943 e 1968. Sua vasta obra percorre a literatura, teatro, cinema e música.

Ainda na Faculdade de Direito, Vinicius conheceu o escritor Octávio de Faria, que seria uma das referências fundamentais na sua formação de poeta. Octávio era escritor e jornalista, filho do imortal Alberto de Faria, e cunhado de Afrânio Peixoto e Alceu Amoroso Lima.

Através de Octávio, Vinicius conheceu o poeta Augusto Frederico Schmidt, ficaram amigos. Na faculdade de Direito, Vinicius faz amizade com Mário Vieira de Mello, José Arthur da Frota Moreira e Almir Castro. Formou-se um grupo que se reunia na casa de Vinicius ou no sítio de Octávio em Itatiaia.

No prefácio de Cinco elegias (1943), o autor registra que as duas primeiras elegias foram concebidas e escritas no sítio do escritor Octavio de Faria, em Itatiaia, em 1937.

“Dessas cinco elegias, as quatro primeiras foram ideadas e em parte escritas - a primeira e a segunda integralmente - em 1937, em Itatiaia, no sítio de Octá-vio de Faria, ali a meio caminho entre Campo Belo e a Cachoeira de Marombas, lugar que amo e onde passei

alguns dos meus melhores dias.”

Vinícius de Moraes, Prefácio a Cinco Elegias, 1943

Itaóca

Serenamente pousadaSobre a montanha elevadaComo um ninho de poesia,A casa branca e pequenaÉ como a mansão serenaDa luz, da paz, da alegria!

Ó viajante fatigadoSe no teu passo cansado

Aqui vieres pousarTu voltarás satisfeito

Com risos largos no peitoE calmas santas no olhar!

Vinícius de Moraes- 100 anos

Campo Belo, 1933

Conceição

Deixou-nos, uma das pessoas mais queridas dos resendenses, Conceição Carvalho. Faleceu no dia de sua padroeira, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, dia 12 de outubro. Tinha 84 anos e deixa duas filhas, Marisa e Márcia, quatro netos e três bisnetos.

Era viúva de Noel de Carvalho Filho, o Noelzinho, sendo ambos presença marcante no Cartório do 3 Ofício, onde foi escrevente. Solidariedade à família.

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1) As manifestações populares que tomaram as ruas desde junho desse ano são sintoma - entre tantas coisas! - de uma debilidade da Sociedade frente ao Estado. A ordem dos valores agoniza debaixo da ordem bu-rocrática, que tripudia em cima do homem-massa.

As vitórias do homem-massa são sua declaração de derro-ta. Na “massa”, as pessoas já perderam seu melhor; com ou sem dinheiro, viraram pasto dos oportunistas. Sejam os black bocs, seja o crime organizado ou os políticos profissionais. A agitação estéril dos protestado-res enterra a causa dos protes-tos a sete palmos. Mas antes, as aves de rapina vêm se fartar.

2) Em recentes declarações, a liderança da greve dos profes-sores do Rio de Janeiro anun-ciou sua simpatia em relação ao vandalismo praticado durante seus protestos. Embora se co-nheça a matriz ideológica dessa opinião, o mero alinhamento revolucionário com extremistas da esquerda ou anarquistas não explica por que a classe dos professores se massificou.

Também em meados deste ano, os professores de Resende fizeram sua greve. Ao lado das reivindicações de sempre - me-lhores salários, plano de carreira

etc. - não vimos um discurso ao menos sobre o projeto da cate-goria para a educação pública municipal. A Associação dos professores (APMR) não possui uma Câmara Técnica, ou sequer um canal de diálogo com a Sociedade sobre sua filosofia de educação, sua visão de longo prazo para o Município. O que isso significa?

Que os professores sejam incompetentes politicamente ou que tenham sido cooptados pelo sindicalismo de ocasião? Em parte... Afinal, após a ilusão tecnocrática dos governos militares e as utopias da Cons-tituição da 1988, o campo das políticas educacionais polari-zou-se entre a mesquinhez da revolução socialista e a cupidez do mundo empresarial.

Esta polarização se projetou sobre as faculdades de forma-ção de professores, dividindo os pedagogos em dois partidos: os arautos do construtivismo, que servem a mesa das esquer-das com suas “libertações”; e os advogados de uma educação competititiva, de “resultados”, que alimenta o sistema produti-vo com as competências que o mercado exige.

Em ambos, rebaixaram-se os fins da educação às metas do “homem-massa”.

3) Daí resultam dois tipos de “exclusão”. A lógica do mer-cado exclui as incompetências, e a lógica da revolução exclui as pseudo-competências. Na primeira, a dor é imediata, pela reprovação segundo o crivo dos méritos. Na segunda, a dor é a longo prazo, após os ritos ra-cialistas de cotas e as bolsas que fazem os pobres comerem no cocho do governo ad aeternum.

O homem-massa é um vio-lentado. É lenha para a fogueira de estados, mercados, partidos, sindicatos, e assim perde seu título de honra: existir para se realizar. A civilização nasce daí, ao reconhecer que a origem da perfeição é o ócio e não o negócio. Ócio que era dito scholé em grego, indicando que o que está em jogo na escola é a reali-zação pessoal e vocacional.

Nenhum pragmatismo pode ultrapassar tais limites. Fazê-lo é matar o que a pessoa possui de mais valioso, para ajustá-la a igualitários padrões de normali-dade. Confundir a verdade com a normalidade destrói a escola em sua essência. Nem os 10% do PIB podem salvá-la. Nem doses de Ritalina hão de redi-mir alunos-massa nos altares da Humanidade. Cadê a pessoa?

Ortega y Gasset recorda esse destino trágico em Rebelião das Massas (1929).

Jose Ortega y Gasset (1885-1976)

“Esse costume de falar para a Humanidade, que é a forma mais sublime, e, portanto, a mais despre-zível da demagogia, foi adotada até 1750 por intelectuais desajustados, ignorantes de seus próprios limites e que sendo, por seu ofício, os homens do dizer, do logos, usaram dele sem respeito e precauções, sem perceberem que a palavra é um sacramento de mui delicada administração. [...]

Sociedade é o que se produz automaticamente pelo simples fato da convivência. De sua essência e inelutavelmente esta segrega cos-tumes, usos, línguas, direito, poder público. Um dos mais graves erros do pensamento “moderno”, cujas salpicaduras ainda padecemos, tem sido confundir a sociedade com a associação, que é, aproximadamen-te, o contrário daquela. Uma socie-dade não se constitui do acordo das vontades. Ao contrário, todo acordo

de vontades pressupõe a existência de uma sociedade, de pessoas que convivem, e o acordo não pode consistir senão em precisar uma ou outra forma dessa convivência, dessa sociedade preexistente. A idéia da sociedade como reunião contratual, portanto jurídica, é o mais insensato ensaio que se fez de pôr o carro adiante dos bois. Porque o direito, a realidade “di-reito” - não as idéias sobre ele do filósofo, jurista ou demagogo - é, se me permitem a expressão barroca, secreção espontânea da sociedade e não pode ser outra coisa. [...]

Onde quer que tenha surgido o homem-massa de que este volume se ocupa, um tipo de homem feito de pressa, montado tão somente numas quantas e pobres abstrações e que, por isso mesmo, é idêntico em qualquer parte [...]. A ele se deve o triste aspecto de asfixiante monotonia que vai tomando a vida em todo o continente. Esse homem-massa é o homem previa-mente despojado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas “interna-cionais”. Mais do que um homem, é apenas uma carcaça de homem constituído por meros idola fori; ca-rece de um “dentro”, de uma intimi-dade sua, inexorável e inalienável, de um eu que não se possa revogar. Daí estar sempre em disponibilida-de para fingir ser qualquer coisa. Tem só apetites, crê que só tem direitos e não crê que tem obriga-ções: é o homem sem nobreza que obriga - sine nobilitate - snob.

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A mentira com responsabilidade

curandeiros de vários locais do mundo, e algumas associações internacionais já estão se preparando para mandar representantes. A Federação de Xamãs da Sibéria deverá enviar, até o fim do ano, cerca de cinco mil de seus membros, os quais deverão trazer na bagagem seus tambores ritualísticos e ervas de poder. Já o Grupo Indígena de Tratamento Alternativo do Canadá se comprometeu em participar com pelo menos duzentas pessoas, todos descendentes dos Inuits. Também do Haiti deverão vir mais de mil praticantes do Vodu, especialmente para o atendimento às sogras brasileiras. O programa Mais Pais de Santo deverá contratar sacerdotes de religiões tribais africanas, bem como trará indivíduos da ONG africana Mizifios de Bahia-Angola, conceituada para a resolução de proble-mas de encosto e de vítimas de bruxaria. A Associação Portuguesa de Médiuns enviou uma mensagem, psicografada, de que vários médicos portugueses do além irão participar da empreitada, nas mesas brancas que serão montadas dentro dos postos de saúde. Além dos dois progra-mas previstos, outros que podem vir a ocorrer são o Mais Acupunturistas Chi-neses e o Mais Massagistas Ayurvédicos Indianos. O Grupo Associado Brasileiro Nacionalista Patriótico Xenofóbico dos Médicos Alternativos e Curandeiros já anunciou que entrará com um processo no Ministério Público contra essa ação governamental. E quem também está preocupado com o assunto são os gran-

des laboratórios farmacêuticos. Alguns deles andaram reclamando de que poderá haver perdas financeiras, haja vista que muitos desses pajés e pais de santo não utilizam ou evitam utilizar remédios alopá-ticos, receitando ervas, banhos e outros métodos de custo reduzidíssimo.

Presídios terão cela-gabinete para atender a parlamentares que deverão

continuar o trabalho

E finalmente os presídios do Brasil irão se adaptar aos novos tempos, em que os parlamentares vão presos mas continuam com seus mandatos, como é o caso de Natan Donadon, deputado por Rondônia (sem partido). Haverá celas especiais que funcionarão como gabinetes, de onde os políticos poderão despachar tranquilamente, mantendo, evidentemente, os mesmos confortos de um gabinete de Brasília, apesar da limitação da liberdade e da vigilância por câmeras. O governo já abriu licitações para as reformas necessárias, bem como para os novos serviços que serão ofereci-dos, como os bufês semanais, festas de aniversários dos assessores e massagem oriental.

Diversos detentos serão selecionados para apoiar nas atividades, e poderão ga-nhar diminuição da pena de acordo com a eficiência do trabalho. Poderão atuar principalmente nos serviços de limpeza, preparo de café, entrega de encomendas e engraxate, por exemplo.

Também serão construídos heliportos para que os nobres representantes do povo que estejam vendo o sol nascer quadrado possam ir para suas casas na-queles dias de Dispensa Natalina e outras datas comemorativas comemoradas pelo comércio.

A grande dúvida que fica, por uma questão de espaço, é se serão instaladas saunas a vapor ou banheiras de ofurô nas celas desses parlamentares, e a votação para a escolha de uma ou outra deverá praticamente parar uma ou mais semanas de trabalho do Congresso, sempre atento a priorizar as questões mais sérias e que afetam o pleno desenvolvimento brasileiro.

Kris

hna

Sim

pson

Dia do professorHoje [15/10] é dia do professor. Acho que não existe profissão mais importante, apesar de todo o desmere-

cimento que testemunhamos em nosso país. No ideograma chinês, que representa a palavra Educação, visuali-zamos uma vasilha colocada na cabeça de uma criança sendo mexida. Ou seja, educar é “fazer a cabeça”. Quer responsabilidade maior?

Mas fazer que cabeça? E cabeça para que? Aí mora a grande questão, e o perigo...Recentemente passou na TV Globo um lindo seriado: “Saramandaia”,que retratou o conflito numa cidade

entre dois grupos – o grupo dos “normais” e o grupo dos “estranhos” – alguns que pegavam fogo de paixão, outros que botavam literalmente o coração pela boca, que soltavam formiga pelo nariz quando nervosos, que viam e falavam com galinhas, que viviam enraizados no chão como uma árvore, que tinham asas e sabiam voar! Pessoas cheias de idiossincrasias, de esquisitices. Pessoas diferentes. No final este grupo “vence”. Termina com um monte de criancinhas nascendo com asas, e uma das protagonistas dizendo: “Sabe o que isto significa? Liber-dade!” E depois da cena do protagonista voando por cima da cidade, a frase final do seriado: “Novos Tempos”. Delícia de seriado com Final Feliz!

Me fez pensar na Educação e na função do Educador. Será que educar, fazer a cabeça, é moldar esta cabeça (e este corpo também) para que funcione como todas as outras cabeças “normais”? Será que neste esforço de padronização não desrespeitamos, (violentamos até!) quem é “diferente”? O que acontece com aqueles que têm asas e são obrigados a assistir aulas, horas a fio, presos numa cadeira, quietinhos, dentro de uma sala de aula? Sem falar da zombaria por que têm que passar. “Saramandaia” mostrou isso muito bem. O coitado do homem--pássaro tinha que passar a vida com um colete que escondia suas asas. No filme X-Men também vemos uma cena triste assim, quando o menino, escondido no banheiro, tenta cortar suas asas que cresciam, por vergonha e medo que o pai descobrisse. Assim também vivem muitos alunos em nossas escolas...

Ouvi uma piada (nada engraçada!) que fala de um homem que foi congelado e acordou no futuro. Sentiu-se perdido. Não reconhecia nada nem ninguém. Sentia-se um estranho naquele mundo, e saiu vagando pelas ruas... (ou algo equivalente). Quando de repente, deparou com um prédio que reconheceu do seu passado. Entrou, e sentiu-se aliviado – finalmente um local familiar. Sentou-se numa sala cheia de gente também sentada de frente para uma pessoa que falava sobre algum assunto também familiar. Adivinhem quem era? Um professor! Um professor numa sala de aula de uma escola! Tudo mudou, menos esta instituição e este profissional! Triste. Mas até aqui é isso que vemos. Tanta coisa já mudou, já acelerou, e nossas instituições de ensino continuam tão iguais...

Imaginem quantas pessoas podiam estar alçando vôos magníficos se pudessem usar suas asas! Quantos avan-ços talvez já não teríamos feito nas ciências, quantas obras de engenharia, arquitetura, arte, já não teriam sido realizadas? Quantas curas para doenças? Quantas novas receitas, novos livros, novas músicas? Quanto talento desperdiçamos... E isso porque somos preconceituosos, nossas escolas são preconceituosas, e nossos professo-res, na sua grande maioria, também.

Desculpe, professor, fazer esta crítica no seu dia. Adoraria só elogiar! Afinal de contas, o seu trabalho é duro, sua dedicação é grande, os pais enchem o saco, e o salário ÓOOO.... (desanimador). Mas é que a mudança se faz urgente. Não dá para continuar assim. A escola e os professores não podem mais insistir em ter apenas a função de treinar os jovens para passar num exame seletivo. Sua função, professor, é muito mais importante – é “fazer a cabeça” destas crianças e jovens. Mas para isso é preciso aceitar e respeitar a cabeça que cada um tem – umas com, outras sem asas, umas abertas outras fechadas, umas brancas outras pretas, umas yin outras yang. Como dizia Aristóteles, a Felicidade – esta mesma que TODOS nós buscamos, o objetivo de nossas vidas – está em realizar nosso potencial. E seu papel, Professor, o papel mais importante de todos, é identificar este potencial no seu aluno, seja ele Bole-bolense ou Saramandista, e ajudar a realizá-lo! Assim quem sabe veremos os

“Novos Tempos”!!!!

Marie Louise Görensen

Depois do Mais Médicos, vem aí o Mais Pajés e o Mais Pais de Santo

Após o estrondoso sucesso do progra-ma Mais Médicos, o Ministério da Saúde pretende diversi-ficar os tipos de tratamento no país, visando atender à grande pluralidade sócio-religiosa que tanto caracteriza o Brasil. O programa Mais Pajés, por exemplo, deverá contratar

saber recebido experiência própria

Felicidade

virtude

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Outubro de 2013 - O Ponte Velha - 11

Posto AvenidaBob`s

Seu carro agradece e seu paladar tambémCREDIBILIDADE

Esta invocação é uma Prece MundialExpressa verdades essenciais.

Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como

forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada

frequentemente de maneira altruísta, atitude dedicada, amor puro e pensamento concentrado.

A Grande Invocação

Desde o ponto de Luz na Mente de Deus,que aflua Luz às mentes dos homens.

Que a Luz desça à Terra.

Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que aflua Amor aos corações dos homens.

Que aquele que vem volte à Terra.

Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie

as pequenas vontades dos homens.O propósito que os Mestres conhecem

e a que servem.

Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra

o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra.

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desossadas, patês, casquinhas.

Banda Sinfônica da Aman fez 100 anos Itatiaia educa com arte

A Banda Sinfônica da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), completa cem anos em 2013. O centenário foi comemorado com uma série de atividades, entre os dias 6 e 11 de outubro. As atrações começaram no domingo com uma apresentação da Banda Sinfônica do Exército, no Teatro Acadêmico da Aman, e se estenderam com cerimônias religiosas, salão de artes e o lançamento de um selo comemorativo. As atividades, gratuitas e abertas ao público, se encerraram com uma Retreta da Banda Sinfônica da Aman, no Shopping Patiomix, em frente à Fazenda do Castelo, um dos cartões postais da cidade.

A Banda Sinfônica se apresenta no Teatro da Aman. Foto de O Alambari

Aconteceram entre os dias 3 e 4 de outubro, as apresentações do Itatiart. O encerramento do projeto mobilizou cerca de cinco mil alunos e para a Secretária de Educação, Elenir Laurindo Pereira, “é uma forma de trabalhar parte da cultura brasileira, a partir dos autores propostos pelo projeto, valorizan-do também os alunos e o trabalho dos professores.” Os alunos das 19 unidades escolares da rede municipal de ensino Itatiaia participaram, mostrando seus talentos com shows de dança e com represen-tações teatrais. O público pode visitar também os estandes de todas as escolas com exposição dos trabalhos feitos durante o ano. Todas as escolas, sem exceção apresentam um resultado de trabalho de equipe em seus estandes.

O Itatiart tem o objetivo de difundir as obras dos artistas brasileiros por meio de atividades desenvol-vidas nos espaços escolares. Foram homenagea-dos: Cora Coralina, Clarisse Lispector, Maria Clara Machado, Augusto Boal, Burle Marx, Aleijadinho, Oscar Niemeyer, Chisthian Spencer, Marc Ferrez, Cartola, Vinícius de Moraes e os grupos musicais Legião Urbana e Balão Mágico.

Christian Spencer, artista australiano que mora no Parque Nacional do Itatiaia, foi homenageado na sexta-feira, dia 4, nas apresentações de encer-ramento do Projeto, no Ginásio Jarbas José dos Santos e ficou impressionado com o trabalho das escolas e com a exposição. Spencer é autor do filme, “A Dança do tempo”, premiado nove vezes, em todo o mundo. (Com PMI)

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12 - O Ponte Velha - Outubro de 2013

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Zé Leon

Muito bem. Domingo desses, na revis-ta do O Globo, a matéria de capa era os homens que já passaram dos sessenta anos e que estão dando um banho na menina-da. Por causa dos shows do Rock in Rio, o tal do Bruce Springsteen, que apareceu super sarado, surfando no Rio. E falava de muitos sessentões e setentões, tipo Mick Jagger, os brasileiros, Chico, Caeta-no, Gil, Paulinho da Viola, etc. Então, do alto dos meus 57 anos, eu fiquei pensando: que horas a gente envelhece?

Eu já tive meus momentos de terceira idade: no ônibus que pego, já por duas vezes, jovens estudantes me ofereceram o lugar, no correio, uma atendente me cha-mou na frente de todos que aguardavam porque meu atendimento era prioritário.

Enfim, isso não é o assunto da minha coluna desse mês, mas vale a reflexão: cartas para esse jornal com a resposta: Em que momento envelhecemos?

Mas eu quero mesmo é falar dos em-bargos infringentes, que empurraram para o ano que vem o desfecho do mensalão. Não se trata aqui de discutir direito. Numa votação tão apertada, 6x5, cada ministro do Supremo mostrou que tinha razão. O que eu quero discutir aqui – como se tivesse alguma importância, tô me sentin-do como aquele jornalista de um jornal mensal do interior do Piauí, que em 1939, quando Hitler invadiu a Polônia ele co-mentou no mês seguinte: “Eu avisei” – o que eu quero descobrir aqui é como nossa legislação beneficia a impunidade, com tantos agravos, recursos e embargos.

Acho que só personagem de novela que vai preso em primeira instância, e por bigamia e falsidade ideológica. O jornalista Pimenta das Neves assassinou a namorada

EMBARGOS INDECENTES

na frente de várias testemunhas e só foi preso dez anos depois, o ex-jogador Ed-mundo bebeu e matou jovens num grave acidente de trânsito na Lagoa e não ficou preso 4 horas nesses anos todos; agora um babaca atropelou e arrancou o braço de um ciclista em São Paulo, e andou com ele no para-choque mais alguns quilômetros, parou o carro e jogou o membro arranca-do no rio Tietê. Tá solto. Aqueles policiais que mataram a juíza Patrícia Acyoli, era só tomar um pileque, atropelar ela e pronto, estariam livres, leves e soltos.

Já se passaram 20 anos do massacre do Carandirú, agora que foram condenados. Quantos presos? Nenhum.

Dizem que a justiça deve ser igual para todos. Não concordo. A justiça não pode ser igual para uma pessoa que furta um saco de açúcar num supermercado e para um juiz que vende uma sentença, que desvia dinheiro de uma obra pública.

Ela não pode ser igual para um jovem pobre que fuma seu baseado e para um jovem de classe média que faz de seu apar-tamento na Barra da Tijuca um ponto de venda de drogas. Esses primeiros exem-plos, nunca ouviram falar em embargos infringentes.

Corrigindo o Ponte:

1) Nosso colunista, José Roberto Paiva, fala que o Paul MacCartney iniciou uma campanha para que as pessoas não comecem carne às segundas feiras.

Essa ideia é bem mais antiga, vem da época da Segunda Guerra Mundial. Num esforço de guerra, as pessoas abririam mão de comer carne uma vez por semana, para que ficasse garantido o fornecimento da mesma para os bravos soldados britâ-nicos. Esse movimento ficou conhecido como Segunda sem Carne;

2) Na matéria sobre a colonização ita-liana em Porto Real, os autores remetem a Dom Pedro II a hipótese de o município se chamar Porto Real. Não. Porto Real já tinha esse nome nessa época. Ela se chama Porto Real por causa de Dom Pe-dro I. Seu nome era Porto do Simão. Em 1825, uma pendência de terras entre os herdeiros do português, o Ajudante José de Souza Marques, e os proprietários do Porto do Simão quanto às divisas das suas terras confrontantes foi grande, a ponto do Vigário da Vara aconselhar que se recorresse ao arbítrio de Sua Majestade, o imperador Dom Pedro I.

Ele interferiu dando ganho de causa aos Marques, em régia decisão, definitiva e inabalável. Como forma de agradeci-mento, os irmãos doaram à Coroa al-guns alqueires situados às margens do Paraíba, no trecho onde o rio faz uma grande volta, denominando-a PORTO REAL. Em 1874 é criada a “Colônia Im-perial de Porto Real”, inaugurada em 1875 e emancipada por ato de 6 de fevereiro de 1879. Ali se localizaram os colonos italianos procedentes da Lombardia e do Piemonte, que cultivaram a terra plantan-do cana de açúcar. As terras de Porto Real eram as de maior fertilidade do município de Resende.

Pelé cumprimenta a Rainha Elizabeth. Foto de Evandro Teixeira