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editorial B O L E T I M *13 maio 2010 . boletim trimestral . ano 3 C om o mês de Maio começa, em cada ano, uma nova fase na vida da catequese. É tempo de ultimar os pormenores para as festas de fase e de final de ano pastoral. Avaliar o que foi o ano, aprender com os sucessos e as dificuldades. Programar o próximo ano pastoral. E, talvez, prever e organizar algumas actividades catequética para o Verão, esse tempo excelente onde o tempo livre dos catequizandos e o clima permitem dar largas à criatividade e prever sempre novas formas de anunciar Jesus Cristo. Mas este ano temos motivos acrescidos de alegria e esperança. A acrescer à habitual celebração do Mês de Maio, onde percebemos e saboreamos o carinho da Mãe de Deus, e nossa Mãe, pela missão de anunciar a Palavra e Vida do seu Filho, Jesus Cristo, temos a presença, no nosso País, de Bento XVI. Este, como sucessor de Pedro, tem a missão de «confirmar na » os seus irmãos, cada um dos crentes, cada um de nós. É, pois, com redobrado empenho na fidelidade a Deus e à Igreja que cada um de nós, catequista, contempla Maria como «estrela da nova evangelização» e Bento XVI como garante e estímulo para permanecermos na Verdade, sabendo que «a verdade nos fará livres» (Jo 8, 32)

Pontes #13

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Formação de catequistas

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BOLETIM 1

editorial

B O L E T I M *13maio 2010 . boletim trimestral . ano 3

Com o mês de Maio começa, em cada ano, uma nova fase na vida da catequese. É tempo de ultimar os pormenores para as festas de fase e de final de ano pastoral. Avaliar

o que foi o ano, aprender com os sucessos e as dificuldades. Programar o próximo ano pastoral. E, talvez, prever e organizar algumas actividades catequética para o Verão, esse tempo excelente onde o tempo livre dos catequizandos e o clima permitem dar largas à criatividade e prever sempre novas formas de anunciar Jesus Cristo.Mas este ano temos motivos acrescidos de alegria e esperança. A acrescer à habitual celebração do Mês de Maio, onde percebemos e saboreamos o carinho da Mãe de Deus, e nossa Mãe, pela missão de anunciar a Palavra e Vida do seu Filho, Jesus Cristo, temos a presença, no nosso País, de Bento XVI. Este, como sucessor de Pedro, tem a missão de «confirmar na fé» os seus irmãos, cada um dos crentes, cada um de nós. É, pois, com redobrado empenho na fidelidade a Deus e à Igreja que cada um de nós, catequista, contempla Maria como «estrela da nova evangelização» e Bento XVI como garante e estímulo para permanecermos na Verdade, sabendo que «a verdade nos fará livres» (Jo 8, 32)

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BOLETIM 2

Secção OPINIÃO

Federico Lombardi, director da Sala de Imprensa da Santa Sé, no decurso das Jornadas das Comu-nicações Sociais que decorreram em Fátima em

setembro passado, fez uma afirmação que claramente marca (ou devia marcar) o caminho da Comunicação dentro da Igreja: “um aspecto integrante do dever de responsável pelas comunicações da Santa Sé é o de dar a conhecer e compreender, nos diferentes países, o serviço eclesial desenvolvido em Roma, de modo a favorecer a ligação e a colaboração entre aqueles que se ocupam das comunicações sociais na Igreja. Com este serviço está-se ao serviço para o Evangelho de Jesus Cristo”. E, justificando este seu ponto de vista, vincou que: “somos, em primeiro lugar, crentes e cristãos. Por conseguinte, devemos sempre preocupar-nos para que os conteúdos que nós comunicamos e o modo como os comunicamos sejam coerentes com este Evangelho, que estejam permeados pelo amor a Deus e às pessoas, pela procura do seu verdadeiro bem”.

Com estas palavras, para além do mote a seguir no que à Comunicação dentro da Igreja diz respeito, estava aberto o caminho para aqueles que ainda hesitam em valorizar a comunicação da sua acção.

A comunicação cria valorAntes de vincar a necessidade urgente de criar canais de comunicação ou de melhorar a comu-nicação dentro da Igreja, importa perceber-se muito bem o que é a comunicação. Assim, e desde logo, para a grande maioria das pessoas falar de comunicação nos tempos que correm pode parecer uma banalidade, dada a sua normal integração no dia-a-dia. Social e pessoal. Apesar das muitas simpatias que o conceito de comu-nicação (ou simplesmente o acto de comunicar)

“Comunicação para a comunhão”Casimiro Silva

recolhe, a prática – quer das pessoas, quer das instituições – revela uma realidade bem diferente, com imensas resistências à aceitação da comu-nicação propriamente dita. Daí que seja muito importante, e desde logo, perceber-se correcta e convenientemente o que é e como funciona a comunicação.

É conveniente ter-se presente que a implementação de uma verdadeira Estratégia de Comunicação im-plica tantas e tão profundas alterações nas rotinas diárias que a sua aplicação, demasiadas vezes, não passa das boas intenções de quem dirige as insti-tuições ou de quem vai sentindo as dificuldades inerentes à falta de comunicação.

A verdade, porém, é que é cada vez mais urgente e muito necessária a comunicação nas organiza-ções. Sem ela, não só é mais complicado encontrar saídas para o entendimento mútuo, como a partilha de objectivos se torna mais difícil, se não mesmo impossível.

Para que a comunicação possa ser implementada, e principalmente para que funcione conveniente e correctamente, atingindo os frutos pretendidos, é fundamental consolidar infra-estruturas e elevar a qualidade do desempenho. Desde logo porque é cada vez mais evidente que a fluidez da comunicação é fundamental para a transparência, a segurança e a estabilidade de qualquer organização.

Uma questão estratégicaDaí que o caminho a seguir deve ter em conta, para além das características da instituição, o perfil do público (ou públicos) interno(s). Ou seja, importa

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BOLETIM 3

“Comunicação para a comunhão”clarificar muito bem que informações procura este público e quais são os meios mais ajustados para lhes fazer chegar a informação.

Em suma: é essencial vincar-se que a conquista do público interno é tanto mais aliciante quanto da sua correcta gestão depende o fluir saudável da relação de aceitação da instituição por parte do seu público.

Aproximar as pessoasTodos sabemos que vivemos na era da comuni-cação, isto é, já ninguém ousa pôr em causa que é preciso aproximar as instituições das pessoas. Na verdade, nos nossos dias nenhuma fórmula orga-nizativa sobrevive sem dar uma atenção especial à troca de informação e, fundamentalmente, aos meios postos à sua disposição. Quanto melhor for a ligação entre os decisores e a informação, melhores serão as decisões tomadas.

O mundo dos nossos dias tornou-se demasiado pequeno. Temos muitas vezes a sensação de que vivemos numa pequena aldeia onde todos nos conhecemos, graças à enorme evolução tecnológi-ca que acelerou a evolução dos instrumentos que servem de base à comunicação.

No entanto, e apesar das imensas potencialidades da comunicação, há também uma infinidade de problemas que a afectam. Basta que pensemos nas muitas situações de notícia de factos importantes que o grande público só tem acesso através de certa imprensa. Ou nem chega a ter. É por isso que se vai assistindo ao aparecimento de uma imprensa especializada.

Também na Igreja estas preocupações têm que estar presente na sua acção e preocupação diárias. É, por isso, fundamental propor a troca de ideias. Pondo em comum as dúvidas e incertezas.

E a melhor maneira de favorecer e alicerçar a co-municação entre as pessoas é criar condições (ou canais) para uma participação de todos, quer seja nas mudanças a introduzir, quer seja na necessidade participativa.

Comunicação e igrejaJohann Von Goethe escreveu que a luta entre a fé e a incredulidade é o tema supremo da história universal. Na verdade, assistimos hoje nos meios de comunicação social a uma luta – cada vez mais desigual –, entre princípios, valores e verdades, como nunca vimos ao longo da História. E nós, cristãos comprometidos, devemos ter consciência desta realidade. Aliás, se olharmos para o nº. 3 do capítulo I do Concílio Vaticano II – “A Igreja e os Meios de Comunicação Social” – confirmaremos isso mesmo ao lermos que a Igreja Católica “para levar a salvação a todos os homens, e por isso mesmo obrigada a evangeli-zar, considera seu dever pregar a mensagem da salvação, servindo-se dos meios de comunicação social e ensi-nar os homens a usar correctamente estes meios”.

Mas cabe-nos também viver em comunhão, isto é, em Igreja. Onde se torna mais fácil aproximarmo-nos do outro e, principalmente, de nos ajudarmos a abrir mais canais de interligação e interacção.

Ou seja, a nós, cristãos conscientes e participativos, cabe-nos aceitar e, acima de tudo, ser fiéis a este desafio do Concilio Vaticano II.

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BOLETIM 4

Secção NOTÍCIAS

Ser formador em IgrejaO desafio que ia na ementa do primeiro jantar tertúlia para catequistas da diocese de Braga

tinha um nome, ou melhor, um título de grande responsabilidade: “ser formador de catequistas em Igreja”. E estava carimbado com a responsabilidade organizativa de Póvoa de Varzim e Vila de Conde. Por isso é que o jantar decorreu na quinta da Peneda, em Touguinhó, uma paróquia do concelho de Vila do Con-de e integrado no arciprestado de Póvoa de Varzim e Vila de Conde. Um jantar que foi, essencialmente, um excelente momento de convívio.

E o jantar começou. Devagar. Quase a medo. Mesmo depois do excelente acolhimento que a equipa organizadora proporcionou. Depois, já o relaciona-mento entre os presentes era perfeitamente normal mesmo que a princípio houvesse quem nunca se tenha visto, a sala de jantar passou a ser sala de dis-cussão. Foi quando, o P.e Luis Miguel saiu da mesa de jantar e assumiu o espaço central da sala.

Começava a ‘provocação’ a todos os presentes. É verdade que o coordenador do Departamento Arquidiocesano de Catequese (DAC) fez o trabalho de casa. É verdade que não quis ficar com esse trabalho na gaveta e por isso fez questão de o enviar a, pelo menos trinta e cinco catequistas da diocese de Braga que participaram na primeira tertúlia diocesana. Mas na hora de mostrar o seu trabalho o P.e Luis Miguel preferiu desafiar os presentes para perceber se toda a gente tinha feito também o seu trabalho de casa, isto é, se todos se deram ao trabalho de, pelo menos, olhar para aquilo que havia preparado. E a verdade é que a estratégia resultou. Havia perguntas de todos os gostos e de todos os lados, perguntas capazes de desafiar o P.e Luís e perguntas capazes de envol-ver todos os presentes na discussão. Eram as tais ”perguntas difíceis” que o Nuno Pires fez questão de desafiar os presentes a colocarem ao coordenador do DAC.

Formação eclesialCom toda a simplicidade e, fundamentalmente, com toda a naturalidade, o P.e Luis Figueiredo ex-

pôs o seu ponto de vista. Aceitou as perguntas e interpelações difíceis e a todos disse o que tinha para dizer. Isto é, que “falar de formação, nomea-damente em espaço eclesial” é ter bem presentes “alguns pressupostos previamente assumidos”, ou seja, é muito importante fazer um percurso de vida “partindo daquilo que já vem sendo reflectido e posto em prática por todos nós na formação de catequistas” e avançar “para a realização de um crescimento contínuo” e com ”o mínimo de ruptu-ras possíveis”.

Até parecia fácil ao responsável do DAC dizer ao que ia, em terra vila-condense. Só que, afinal de contas, os participantes da tertúlia estavam prontos a disparar mais forte, obrigando a que o trabalho de casa tivesse que vir ao de cima. Com toda a naturalidade o P.e Luis Miguel afirmou que vale a pena começar pela “importância da formação dos catequistas”, uma formação que “nasce da convicção de que qualquer actividade pastoral” que “se não for realizada com pessoas bem formadas e preparadas, põe em risco a sua realização”.

Renovação da pastoral catequéticaEstava aberto o caminho para aquilo que importava, ainda que de forma descontraída: conversar sobre tudo o que, directa ou indirectamente, vai mexen-do com a rotina dos catequistas. Por isso, o P.e Luis Figueiredo fez questão de vincar que “a renovação da pastoral catequética não pode pôr como centro da sua prioridade os materiais, mas os catequistas”, ou seja, “a planificação da formação dos catequistas deve estar integrada «no projecto geral de pastoral e no da catequese em particular, de uma diocese ou de uma paróquia»”. E a “formação dos catequistas, que participam do conjunto da missão da Igreja parti-cular, deve ver-se reflectida no desenvolvimento dos planos e programas concretos da mesma”, isto é, deve proporcionar uma formação que, partindo da pro-fissão de fé, ofereça uma exposição fundamental e sistemática dos conteúdos fundamentais da fé e da vida cristã, tendo em conta tanto o nível formativo como a situação dos destinatários.

Jantar tertúlia “coisas da catequese”

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BOLETIM 5

Valorizar o papel dos directores espirituaisA conversa animou ainda mais e a participação aumentou. O interesse e a discussão foram subindo de ritmo. Umas vezes até questionando a forma como os catequistas vão olhando, no seu dia-a-dia catequético, para as dificuldades que vão surgindo de onde menos se espera. Mas até aí o P.e Luís tinha a lição estudada: há momentos em que vale a pena parar e pensar e há momentos em que se calhar “uma passagem pelo hor-to das oliveiras” ajuda a discorrer mais e mais profunda-mente. Foi aí que lembrou que o catequista também é um mártir, ou melhor, o caminho de cada catequista é também ser mártir. Por isso é que é tão importante não confundir as lideranças das paróquias, isto é, estar a discutir o reconhecimento da acção individual de cada catequista na paróquia não faz qualquer sentido. Mas isso é difícil. Daí que o P.e Luis Miguel deixasse uma pista muito importante: valorizar o papel dos directores espirituais – alguém que ajude a minimizar o ‘papel de mártir’ nas comunidades. Mesmo que o papel do cristão seja o de ser mártir.

E pronto. Estava a discussão animada. Em moldes que, apesar de tertúlia, já criava algumas pequenas agitações nas cadeiras.

Foi aí que o coordenador do DAC apontou o rumo: o papel do catequista é o reconhecimento dos pa-

res, por isso, “a dimensão social do catequista nunca é uma forma de reconhecimento”.

Mas isso já estava, atempadamente aprontado pelo P.e Luis Miguel, uma vez que no documento que fez questão distribuir já vincava que é muito impor-tante “pôr ao alcance dos catequistas uma formação teológica que os ajude a consolidar a fé recebida, pro-porcione certezas básicas dessa fé” e que os prepare “para ser testemunhas e transmissores da mesma” ou seja, “para a comunicação da fé e da vida cristã em âmbitos concretos e para destinatários diversos. Oferecer um plano de formação realizado na unidade da fé da Igreja de modo que ajude os catequistas a crescer na comunidade eclesial”.

Por isso, a formação de um catequista deve ser global e específica, isto é, deve abarcar “todas as dimensões da sua personalidade, sem descuidar nenhuma”. Em suma, “qualquer actividade pastoral, se não for realizada com pessoas bem formadas e preparadas, põe em risco a sua realização e a renovação da pastoral catequética”.

E pronto, após um espaço importante de reflexão, che-gava ao fim a 1ª tertúlia sobre as “coisas da catequese” da diocese de Braga. A próxima sobre “A andragogia como paradigma de aprendizagem de adultos” terá lugar na Póvoa de Lanhoso em Julho próximo.

O encontro que todos os anos reúne os secre-tariados diocesanos de catequese realizou-se, este ano, de 5 a 8 de Abril, no Funchal,

tendo como tema «A catequese dos adolescentes». Para além do espaço de reflexão, proposto pelas diversas conferências, este tempo de encontro deu também a oportunidade de partilhar as preocupa-ções, experiências e desafios que as dioceses vão encontrando no trabalho com esta fase etária.

O Doutor Alfredo Teixeira abriu a reflexão apresentan-do os traços identificadores essenciais dos adolescen-tes, realçando também as dimensões do processo de

Funchal recebeu o 49º Encontro Nacional de Delegados de Catequese

transmissão. Após a abordagem à experiência religiosa na adolescência, orientada pelo P.e Manuel Queirós, o P.e Paulo Malícia levantou alguns dos principais desafios da catequese dos adolescentes na realidade actual. Esta reflexão abriu os horizontes para os di-versos trabalhos de grupos que abordaram questões como: «que estilo de catequese?», «que lugares e tempos para a catequese?», «que relação com os catecismos?», «que relação com a comunidade?», «que liturgia?», «que formação de catequistas?».

Num caminho onde as respostas não estão nunca acabadas, este encontro foi uma oportunidade

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BOLETIM 6

Secção NOTÍCIAS

para continuar a reflexão sobre um campo onde a catequese precisa de se reencontrar e reorientar sempre, para poder atingir o seu grande objecti-vo de levar cada adolescente a entrar na comu-nhão com Jesus Cristo e, no contínuo processo

de conversão, ser seu verdadeiro discípulo. Várias propostas e perspectivas de trabalho foram sen-do apresentadas para poderem continuar a ser trabalhadas e enriquecerem o campo da cateque-se dos adolescentes.

Esposende

Secretariado arciprestal de catequese

No salão paroquial de Fão, e sob a coordenação do P.e Manuel da Rocha, delegado da cate-quese do arciprestado de Esposende reuniu,

no passado no dia 9 de Março, a equipa (constituída por três catequistas) – previamente convocados por si, após indicação dos respectivos párocos –, a quem foi proposta a constituição e integração do Secretariado de Catequese de Esposende no próximo triénio.

Depois de alguns esclarecimentos sobre o trabalho a desenvolver pelo secretariado arciprestal de catequese – coordenar a catequese arciprestal, estabelecer a ponte entre o Departamento Arquidiocesano e o arciprestado, promover reuniões de coordenadores arciprestais, celebrar o dia arciprestal da catequese, representar o arciprestado nas reuniões diocesanas –, os catequistas presentes na reunião aceitaram o desafio de constitui-ção da equipa arciprestal; equipa que ficou constituída pelos catequistas Carlos Filipe Martins do Vale Ermida, da paróquia de Curvos, Maria de Fátima Cardoso, da paróquia de Marinhas, e Celina Ribeiro da Silva Couto, da paróquia de Esposende. Refira-se que esta nova equipa será formalmente apresentada ao departamen-to arquidiocesano e aos párocos do arciprestado.

Saliente-se ainda que depois da proposta do P.e Manuel da Rocha para que a coordenação deste grupo fosse rotativa, assumindo cada um dos elementos essa tarefa durante um ano, foi aceite que, de Março deste ano a Março do próximo ano, o Carlos Filipe Martins do Vale Ermida será o presidente do secretariado.

Foi decidido ainda solicitar aos párocos os con-tactos dos coordenadores paroquiais para agendar um encontro de trabalho com os mesmos. O secre-tariado reuniu durante o mês de Abril para preparar este primeiro encontro.

Com o ano catequético a decorrer, e praticamente a meio, relativamente ao ano em curso não haverá muito a fazer pelo que as atenções serão centradas na preparação do próximo ano, de acordo com as propostas do departamento arquidiocesano e os ecos que chegarem dos grupos paroquiais, através dos seus coordenadores.

Refira-se que o dia combinado para o secretariado reunir será a terça-feira.

Com o objectivo de trabalhar na organização (e integração) da Equipa Arciprestal de Cate-quese do arciprestado de Terras de Bouro, no

passado dia 27 de fevereiro (na residência paroquial

Terras de Bouro

Equipa Arciprestal de Catequese em reunião

de Chorense) reuniu-se um grupo de catequistas, sob a coordenação do P.e Albino Meireles.Depois da oração inicial, animada pela mensagem do Cântico “Cristo Jesus, Tu me chamaste”, cantado

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BOLETIM 7

“com toda a fé, muita caridade e com um enorme espírito de missão”, o grupo de catequistas foi infor-mado sobre a dinâmica pretendida para a catequese na diocese de Braga. Nesse sentido, foram referidas as principais orientações deste percurso que, por ali, “conta com bastantes obstáculos porque a força de vontade dos que decidem segui-Lo, não basta”.

Refira-se ainda que no decurso deste encontro de trabalho, depois da consulta do ficheiro das cate-quistas das diferentes paróquias – na sua grande parte, completamente alterado –, nomeou-se a coordenadora desta equipa.

Já a terminar, procedeu-se à entrega do Pontes, proveniente do Departamento Arquidiocesano de Catequese (DAC) e, antes de partir – já quase no dia seguinte – agradeceu-se os dons recebidos, partindo-se com a esperança de um regresso a casa

Também no salão paroquial de Chorense, decorreu, no dia 6 de Março 2010, um en-contro entre coordenadores de catequese

do arciprestado de Terras de Bouro. Orientou esta reunião o P.e Albino Meireles, pároco dessa mesma freguesia.

Depois de um momento de oração, procedeu-se a uma actualização dos dados referentes a cada núcleo de catequese, chegando-se à conclusão que, neste arciprestado, estão no activo cerca de 85 catequistas e 460 catequizandos.

A equipa arciprestal de catequese de Terras de Bouro

sem acidentes, uma vez que o temporal ameaçava com a queda de árvores. Mas é com este espírito de sacrifício e boa disposição que se pode continuar a transmitir o Deus de Jesus Cristo por aqueles lados.

Encontro de coordenadoresO P.e Albino distribuiu pelos representantes das pa-róquias o boletim informativo Pontes, que posterior-mente será entregue a cada catequista nas respecti-vas paróquias. Lembrando que naquele número 12 do Pontes estão algumas actividades sugeridas para a dinamização das sessões de catequese enquadra-das no período de Quaresma, o P.e Albino insistiu no facto de ser necessário uma partilha de experi-ências e de actividades que possam beneficiar cada grupo. De encontro, aliás, ao objectivo principal deste encontro que visou potenciar a catequese inter-paroquial.

Deste modo, e como todas as paróquias já se en-contravam com diversas actividades previstas até à Páscoa e, em alguns casos até Junho, ficou agenda-do para o sábado 19 de Junho o encerramento arci-prestal de catequese. Será no Bom Jesus das Mós, em Carvalheira. Os pormenores deste encontro serão definidos na próxima reunião agendada para o dia 15 de Maio, pelas 9 horas também em Carvalheira.

Finalmente, foram sugeridas algumas leituras, no-meadamente Catequista - rosto e porta-voz da fé da Igreja, o Catecismo da Igreja Católica - Compêndio e o Directório Geral da Catequese.

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BOLETIM 8

Secção NOTÍCIAS

Num ambiente de partilha e amizade, e tendo sempre presente a preocupação de criar uma equipa unida, o arciprestado de

Amares continua a levar a cabo reuniões men-sais com os coordenadores paroquiais. Nestas reuniões, durante o ano catequético em curso, iniciaram-se os encontros de formação, isto é, momentos de reflexão que, partindo da leitura do livro “Formação Bíblica” para catequistas, abrem espaço a momentos de partilha e meditação – trabalhados apresentados pelos catequistas que se voluntariam em preparar o tema para depois partilhar na reunião. Esta forma de trabalhar tem sido muito enriquecedora e tem mostrado gran-de interesse e dedicação dos catequistas.

Saliente-se que no ano 2009 esta equipa prepa-rou pela primeira vez um encontro arciprestal do catequista, que decorreu com muita satisfação e entusiasmo, sendo também um momento de evan-gelização e oração.

Por estas razões a equipa arciprestal preparou o II Encontro Arciprestal do Catequista de Amares, que decorreu no salão dos Bombeiros, na tarde do dia 24 de Abril de 2010.

Continua a formação, …Com encontros às segundas e quintas-feiras terminaram recentemente dois cursos, que de-correram em simultâneo, Acreditar e o curso de Iniciação. Estas duas acções de formação tiveram a colaboração de vários catequistas das paróquias do arciprestado de Amares: Bouro Santa Maria, Amares, Ferreiros, Caires, Caldelas, Bouro Santa Marta, Fiscal, Torre, bem como também de alguns

Amares

II Encontro Arciprestal do Catequista catequistas da paróquia de Parada de Bouro, arci-pestado de Vieira do Minho.

Por outro lado, e consciente da importância da formação de catequistas, a equipa arciprestal tem trabalhado na divulgação e promoção da formação de catequistas, pelo que no próximo ano catequé-tico espera-se que muitos mais catequistas partici-pem nos cursos de formação. Será uma excelente oportunidade para que os catequistas aprofundem a sua caminhada de fé.

…e o trabalho interparoquialOs catequistas das paróquias sob responsabilida-de pastoral do P.e Paulo Alexandre Neiva – Bouro Santa Maria, do arciprestado de Amares, Parada de Bouro, do arciprestado de Vieira do Minho, e Valdozende, do arciprestado de Terras de Bouro – têm vindo a realizar reuniões interparoquiais mensais de formação que têm contribuído imenso para a entreajuda. Nestes encontros os catequistas dividem-se em grupos de 5 a 6 pesso-as e preparam o tema e apresentam aos restantes catequistas.

Este ano catequético estes encontros têm permi-tido reflectir e trabalhar à volta dos três volumes da História da Igreja, da Paulus Editora, ou seja, Das origens até ao Cisma do Oriente, Do Cisma do Oriente até ao fim do século XIX e O século XX e o século do III milénio.

Este modelo de trabalho tem proporcionado mo-mentos de muita preparação para o exercício do ministério dos catequistas e tem contribuído para o fortalecimento dos laços de amizade e entreajuda.

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BOLETIM 9

Sob o tema “o sim do catequista” teve lugar no passado dia 13 de Fevereiro, o 1º Encontro Arciprestal do Catequista do arciprestado da

Póvoa de Lanhoso. Com o objectivo de descentrali-zar a pastoral catequética, o encontro decorreu na paróquia de Santo Emilião, onde, depois da apre-sentação do programa pela ECA do arciprestado, a equipa de formação conduziu o acolhimento e ora-ção dos cerca de 150 catequistas das 31 paróquias participantes.

Sucedeu-se uma reflexão proferida por Nuno Pires, responsável pelos Serviços de Formação do DAC, sobre o percurso que a Diocese apre-senta sobre a catequese. Nesta sua intervenção Nuno Pires deixou o caminho aberto para a actu-ação do Musical: “Maria disse Sim”, protagonizado por elementos provenientes dos diversos movimen-tos da paróquia de Santo Emilião.A grande mensagem do musical acabou por ser o

Póvoa de Lanhoso

Retiro …

Consciente de que é intrínseco a todo o ser hu-mano a necessidade de parar, reflectir e me-ditar – pelo menos para um catequista esse

tempo assume uma importância imprescindível na cogitação acerca da Missão que lhe é confiada – a Equipa Arciprestal de Catequese (ECA) da Póvoa de Lanhoso organizou um retiro para catequistas do arciprestado que teve lugar entre os dias 8 e 10 de Ja-neiro, na Albergaria Nossa Senhora do Sameiro (Centro Apostólico), sob orientação dos Serviços de Formação do Departamento Arquidiocesano de Catequese.

Subordinado ao tema “a espiritualidade do cate-quista” este retiro permitiu ajudar cada catequista a encontrar-se consigo próprio, e com Deus, de modo a discernir prioridades na sua vida de fé e descobrir o que Jesus pede a cada um.

Após esta paragem de três dias os catequistas (provenientes de diversas paróquias do arcipres-tado da Póvoa de Lanhoso) regressaram às suas comunidades com “o espírito saciado, atento e feliz”.

… e encontro de catequistas

sim comprometedor do catequista no campo da evangelização, bebendo como exemplo o Sim de Maria. Até porque “vale sempre a pena dizer sim. Um sim de entrega, de dádiva, de amor que devia ecoar no tempo… Para nós, catequistas, nada mais se torna impossível porque Maria disse Sim!”.

No final do espectáculo houve um momento de confraternização, antes da celebração do grande sacramento da vida cristã – a Eucaristia – presidida pelo P.e Domingos Ribeiro Gonçalves, que realçou na homilia a importância de os catequistas sentirem as Bem-Aventuranças do projecto de Deus, e criar no coração das crianças, um terreno fértil para o “acolher da Palavra”.

Foi um dia diferente, um dia enriquecedor que permitiu que os catequistas regressem às suas co-munidades movidos pela força da luz de Cristo para serem evangelizadores da Messe do Senhor.

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BOLETIM 10

Secção CADERNO TEMÁTICO

O termo «comunidade» é actualmente usa-do para realidades muito diversas, desde a paróquia, a pequenas comunidades, grupos,

movimentos eclesiais… O Concílio Vaticano II salien-tou a eclesiologia de comunhão, e possibilitou uma nova visão da própria paróquia, vista como «comuni-dade de comunidades». Em alguns pontos surgem as comunidades de base, pequenos grupos de cristãos que procuram numa relação mais próxima o espaço para aprofundar, viver, celebrar e rezar a sua fé.Por outro lado, a reflexão catequética actual orienta-se para o reconhecimento do grupo de catequese como uma verdadeira experiência comunitária, de Igreja. De facto, para muitos catequizandos, o grupo é a primeira e mais próxima experiência de Igreja. Ele é uma verdadeira «comunidade» dentro da comunidade mais alargada em que está inserido.Uma primeira reflexão neste contexto será: o nosso grupo de catequese é uma verdadeira comunidade eclesial? E as nossas «comunidades» são eclesial-mente maduras?

1. Critérios de autenticidade dos pequenos gru-pos como comunidades eclesiais

Quais as condições para reconhecer como verda-deira comunidade cristã um determinado grupo de cristãos?João Paulo II apresenta cinco critérios de eclesiali-dade. Mas antes, vejamos alguns elementos que são considerados essenciais para falar de autenticidade e maturidade de uma comunidade: 1

a) O Evangelho como elemento fundador No coração de cada comunidade cristã,

como fonte, está sempre a escuta do Evan-

1 Para as alineas a) a f ), cfr. Emilio AlbErich, La catechesi oggi. Manuale di catechetica fondamentale, Luemann (Torino), 2002, 228-230.

gelho e a profissão de fé em Jesus Cristo. Neste sentido, a fé é sempre a raiz de toda a convocação eclesial, e é a referência a esta fé professada e vivida que torna genuína a comunidade. Qualquer outro motivo (amizade, fraternidade vivida, convergência de objectivos, etc.) só tem sentido se ancorado e subordinado à referência essencial que é a fé.

b) O critério da comunhão eclesial Toda a autêntica comunidade cristã deve ser

reconhecida pela Igreja e viver em comunhão com a Igreja, aberta por isso à universalidade da Igreja. Não é concebível uma comunidade cristã nascida por iniciativa própria e que viva de forma auto-suficiente, que viva de forma isolada e fechada à comunidade mais vasta.

c) O critério da globalidade das funções eclesiais Uma comunidade cristã autêntica deve dar

espaço para a concretização das diversas funções eclesiais: a dimensão caritativa e de serviço (diaconia); a fraternidade (koinonia); o ministério da palavra (martyria); a celebração da fé (liturgia). Se falta alguma destas fun-ções ou não é vivida de forma adequada não é possível qualificar um grupo ou associação como comunidade cristã.

d) O critério da ministerialidade Uma comunidade autêntica é composta por

uma diversidade orgânica de carismas e minis-térios, em particular do ministério ordenado, factor essencial de coordenação e de guia. Por isso, cada comunidade em Igreja faz referência ao ministério episcopal, ou directamente (Igre-ja particular – Diocese) ou através da função subordinada do presbítero (comunidade local – paróquia) e promove a harmónica diversida-de de carismas e ministérios.

Catequese e ComunidadeP.e José Henrique – Leiria/Fátima

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BOLETIM 11

e) O critério da fecundidade Pertence também à maturidade comunitá-

ria a fecundidade catecumenal e baptismal (gera novos membros), expressão da ma-ternidade da Igreja. Também a fecundidade vocacional que assegura o desenvolvimento da comunidade, e o impulso missionário, que lança a comunidade ao encontro de outras comunidades.

f ) Gestão de conflitos A maturidade de uma comunidade é tam-

bém visível na forma de gerir – sem suprimir – os conflitos e tensões internas. Tradicional-mente são apresentados três princípios ou valores como critérios para a resolução de conflitos eclesiais: a fé, o amor e a edifica-ção da comunidade. A sua aplicação nem sempre é simples, mas é através deles que devem ser resolvidos os casos conflituosos.

g) Os cinco critérios de eclesialidade na Chritifide-les laici (João Paulo II)

Reconhecendo a liberdade associativa dos fiéis, e a diversidade de que existe nas muitas agregações laicais que se apresentam no seio da Igreja, João Paulo II, numa perspecti-va de comunhão e da missão da Igreja, apre-senta cinco «critérios de eclesialidade»2 para o discernimento de qualquer agregação dos fiéis leigos, tendo como pano de fundo a eclesiologia do Concílio Vaticano II.

O primeiro critério é «o primado dado à vocação de cada cristão à santidade, manifestado “nos frutos da graça que o Espírito produz nos fiéis” (LG, 39) como crescimento para a plenitude da vida cristã e para a perfeição da caridade (Cf. LG, 39)». Neste sentido, qualquer agregação de fiéis deve procurar, em primeiro lugar, ser um espaço para que cada cristão cresça em santidade e, des-te modo, são também «instrumento de santidade na Igreja, favorecendo e encorajando “uma unida-de mais íntima entre a vida prática dos membros e a própria fé”(AA, 19)»3.

2 Cf. JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Christifideles laici (30 Dezembro 1988), 30.3 JOÃO PAULO II, Christifideles laici, 30. Todas as citações literais apresentadas ao longo deste parágrafo 3.1.1., devidamente assinaladas, são retiradas deste nº 30 da Exortação Apostólica pós-sinodal Christifideles laici.

Em segundo lugar surge a «responsabilidade em professar a fé católica, acolhendo e proclaman-do a verdade sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre o homem, em obediência ao Magistério da Igreja, que autenticamente a interpreta». Neste critério se insere o dever de propor, anunciar e educar na fé, no respeito pela integridade dos seus conteúdos.

Como terceiro critério, João Paulo II apresenta «o testemunho de uma comunhão sólida e convicta, em relação filial com o Papa, centro perpétuo e visí-vel da unidade da Igreja universal (Cf. LG, 23), e com o Bispo, “princípio visível e fundamento da unidade” da Igreja particular (LG, 23), e na “estima recíproca entre todas as formas de apostolado na Igreja” (AA, 23)». A comunhão vive-se nesta aceitação dos ensinamentos doutrinais e orientações pastorais do Papa e do Bispo, além de uma colaboração com a toda a acção da Igreja na sua diversidade de acção e de carismas.

O Papa apresenta de seguida, como quarto critério, «a conformidade e a participação na finalidade apostólica da Igreja, que é a evangelização e a san-tificação dos homens e a formação cristã das suas consciências, de modo a conseguir permear de es-pírito evangélico as várias comunidades e os vários ambientes (Cf. AA, 20)». Está aqui presente o apelo a sair dos próprios limites da agregação para assumir um espírito missionário dentro de uma dinâmica de nova evangelização.

O quinto e último critério é «o empenho de uma pre-sença na sociedade humana que, à luz da doutrina social da Igreja, se coloque ao serviço da dignidade integral do homem». Uma exigência de participação e de solidariedade activa para construir condições mais justas e fraternas no seio da sociedade.

João Paulo II termina esta sua reflexão sobre os «critérios de eclesialidade» afirmando que a sua presença se verifica em frutos concretos que de-verão surgir na vida e na acção destas agregações. Estes frutos vão desde o intensificar de uma vida de oração, litúrgica e sacramental, a um florescimento das diversas vocações cristãs, a participação nas actividades da Igreja, a vivência do testemunho cristão nos vários ambientes, assim como «o empe-nhamento catequético e a capacidade pedagógica de formar os cristãos».

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2. Opção comunitária na pastoral catequética 4

O Directório marca o sentido de uma verdadeira opção comunitária na catequese actual, referindo-a como condição, lugar, sujeito, objecto e meta da ca-tequese (DGC n.º 158.254), vejamos cada um destes pontos mais detalhadamente:

a) A comunidade, condição necessária para a catequese

O testemunho da comunidade eclesial é condição essencial para uma catequese significativa:

«A pedagogia catequética torna-se eficaz, à medida que a comunidade cristã se tor-na referência concreta e exemplar para o caminho de fé dos indivíduos. Isso ocorre se a comunidade se propõe como fonte, lugar e meta da catequese»5.

Pode dizer-se que «a comunidade é, em si mesma, uma catequese viva»6, e que ela se pode tornar estéril se não é acompanhada pela vida e testemunho da comunidade cris-tã. Um dos grandes problemas da catequese está precisamente na apresentação da men-sagem cristã apenas como «o que deveria ser», ou seja, ser apresentada de modo abs-tracto, sem uma referência viva daquilo que é uma realidade vivida. Sem comunidade de fé não há comunicação de fé; sem partilha da fé não há maturação da fé.

b) A comunidade, lugar natural da catequese «Por aquilo que é, anuncia, celebra e opera, [a

comunidade] permanece sempre o lugar vital, indispensável e primário da catequese»7.

A complexidade do facto comunitário poderá levar a distinguir, dentro da comuni-dade, diversos lugares para a catequese. No entanto, mantém-se sempre esta referência essencial: a acção catequética encontra o seu lugar natural e fundamental no ambiente da comunidade eclesial. Será necessário repen-sar sempre e avaliar os ambientes tradicio-nais da catequese (paróquia, escola…), assim como os novos lugares que vão surgindo (grupos, movimentos, comunidades de base…).

4 Cfr. Emilio AlbErich, La catechesi oggi. Manuale di catechetica fondamentale, 230-233.5 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Directório geral da catequese, 158.6 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Directório geral da catequese, 141.7 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Directório geral da catequese, 141.

Secção CADERNO TEMÁTICO

c) A comunidade sujeito da catequese Uma outra convicção de fundo é esta que

apresenta toda a comunidade eclesial como agente solidamente responsável da cate-quese. O verdadeiro sujeito da catequese é a comunidade, mesmo se depois se serve de pessoas e estruturas particulares. E neste contexto comunitários cada um tem um papel a desempenhar, não apenas como destinatário, mas como alguém que é con-vidado a crescer no acolhimento, vivência, testemunho da única Palavra que está na base da própria comunidade cristã.

d) A comunidade, destinatário último da catequese

A catequese não se volta exclusivamente para as pessoas singulares, mas tem diante de si a comunidade e o seu crescimento na fé como verdadeiro e próprio destinatário da sua missão:

«A catequese conduz à maturidade da fé não somente os catequizandos, mas também a própria comunidade enquanto tal»8.

A catequese é um processo de crescimento de uma comunidade eclesial que acolhe a palavra de Deus, e a aprofunda em caminho da maturidade de fé. Dirige-se à comunida-de sem esquecer cada um em particular. Não pode ser um acto individualista, mas deve manter a abertura a dimensões mais globais, encontrar estruturas de relação e de diálogo entre as várias gerações9.

e) A comunidade, objectivo e meta da catequese A comunidade é, de facto, um pressuposto

importante para que a catequese atinja a sua finalidade, mas também é verdade que a própria catequese constrói a comunidade e acompanha o seu crescimento. Se a cate-quese procura dar o espaço de inserção na comunidade cristã, possibilita a iniciação de novos membros na vida da Igreja, se é para a comunidade que a catequese se volta como objectivo e meta, também é verdade que, muitas vezes, a própria catequese dá origem a formas diversas de presença e participação eclesial: a catequese fala da vitalidade da co-

8 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Directório geral da catequese, 221.9 Cf. JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Catechesi tradendae (16 Outubro 1979), 45.

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BOLETIM 13

munidade, mas a catequese é também fonte de vitalidade da própria comunidade.

Esta dimensão comunitária da catequese não pode ser entendida de forma exclusivis-ta: são legítimas outras formas de catequese individual, ocasional, de massas, através dos meios de comunicação… Mas permanece sempre, mesmo neste casos, a referência vi-tal à comunidade se queremos ter garantias de solidez e eficácia.

3. A catequese comunitária: características e perspectivas10

Procuremos especificar alguns aspectos fundamen-tais da catequese comunitária.

a) O papel do grupo Na realização da catequese comunitária tem

uma importância especial a estrutura do grupo, dimensão sublinhada pelo Directório:

«O grupo tem uma importante função nos processos de desenvolvimento das pessoas. Isto vale também tanto para a catequese das crianças, favorecendo a boa socialização das mesmas, quanto para a catequese dos jovens, para os quais o grupo constitui quase uma necessidade vital na formação da sua personalidade, e até mesmo para os adultos entre os quais se promove um estilo de diálogo, de compartilha e de corresponsabi-lidade cristã»11.

Dentro do grupo desenvolve-se uma dinâmi-ca que favorece a aprendizagem. O grupo, de facto, é mais que a simples soma dos indiví-duos, pois cada elemento pode tornar-se um «recurso» para os outros. Da partilha surgem novas ideias e possibilidades. É no grupo, e pelo grupo, que é estimulada a integração dos conhecimentos e das aprendizagens.

Do ponto de vista pedagógico: sublinha-se os processos de identificação e conformi-dade que levam à aceitação de normas de comportamento e a convicções comuns. Estes processos levam a uma dinâmica educativa que motiva e sustém o indivíduo,

10 Cfr. Emilio AlbErich, La catechesi oggi. Manuale di catechetica fondamentale, 234--239.11 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Directório geral da catequese, 159.

ajudando-o a interiorizar os valores comuns. Do ponto de vista eclesiológico e pastoral:

o grupo representa a mediação normal para fazer experiência de Igreja e para interiori-zar o sentido da Igreja. É no grupo que as palavras comunhão, corresponsabilidade, presença, participação… se tornam vivência.

Do ponto de vista catequético: é significati-va a sua importância como lugar de apren-dizagem da fé e de crescimento na fé. É no grupo que se vivem atitudes e experiências de grande valor educativo: a comunicação, a liberdade, a criatividade, o diálogo… Ele pode tornar-se um grupo de referência es-sencial e eficaz para a socialização e educação. O grupo permite a maturação de verdadeiras experiências religiosas e de processos de identificação nos quais se cresce na fé. Pode dizer-se que aprender a acreditar é, antes de mais, aprender a acreditar com os outros.

b) A catequese comunitária: uma transforma-ção qualitativa

A catequese comunitária não o é apenas por ser feita na comunidade, mas por se tornar comunidade. Isto significa, em primeiro lugar, que no grupo ou comunidade, a catequese se torna uma busca ou caminho comum vivido na fé, na escuta da Palavra: a cateque-se torna-se um aprofundar a fé através da mediação do grupo.

Esta realidade conduz à descoberta do papel determinante da relação interpessoal no processo de crescimento da fé: a relação catequética é compreendida como lugar e condição de anúncio e maturação da fé. A sanidade e autenticidade das relações no grupo tornam-se uma questão de primeira importância (daí a importância das técnicas de animação de grupos).

c) A catequese comunitária: uma nova aproxi-mação à mensagem cristã

Uma catequese autenticamente comunitária deve fazer a sua aproximação aos conteúdos da fé tendo em conta:

O primado da pessoa em situação, e não um programa ou conteúdo fixado a priori. A pessoa na sua realidade actual é de alguma forma o critério de selecção e de interpreta-ção do conteúdo da catequese.

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BOLETIM 14

Secção CADERNO TEMÁTICO

A dimensão antropológica, que procura integrar a mensagem cristã nas experiências vividas, em que o grupo reflecte sobre as experiências do grupo.

E também o diálogo fé – cultura, e o pro-cesso de inculturação da experiência cristã, encontra na comunidade um campo de efectiva e providencial aplicação.

d) Uma metodologia de inspiração comunitária O método da catequese deve deixar-se con-

formar por alguns sinais que caracterizam um caminho de fé em comunidade:

É um caminho de participação e de res-ponsabilização. Em comunidade ninguém se deve sentir simples destinatário do anún-cio da fé, mas cada um é um sujeito activo, responsável. Sobretudo com os jovens e adultos é importante criar a convicção que sem compromisso pessoal e responsabilida-de não há maturação.

É um caminho vivido dentro de uma expe-riência global cristã. A comunidade não faz apenas catequese, mas vive todas as dimen-sões da experiência eclesial: compromisso, comunhão, celebração, oração, missão… A catequese deve estar em plena comunhão com esta experiência total.

É um exercício de criatividade que permite uma relação nova entre as actuais linguagens e novas expressões da experiência cristã.

4. Uma nova figura de catequista-animador

A catequese comunitária levanta também a ques-tão da figura do catequista. Dado que a dimensão da relação catequética assume um papel funda-mental, é determinante que quem assume esse papel tenha uma personalidade relacional, capaz de criar e pontenciar a participação e a maturida-de do grupo.Esta personalidade relacional pode caracterizar-se essencialmente com a sua capacidade de acolhi-mento e de abertura, capaz de relações profundas, capaz de se deixar influenciar pela comunidade, mas também capaz de a guiar, de a valorizar e de potenciar ao máximo o apoio de todos. Mais que impor-se aos outros, na catequese é importante a presença de personalidades que se sintam pertença da comunidade, membros de um grupo que cami-nha em conjunto, e que valorizam a participação e contributo de cada um.

a) Responsabilidade dos vários ministérios Nas Orientações para a catequese actual,12

no contexto da comunidade cristã como ambiente vital da catequese, os bispos por-tugueses, após a referência à comunidade cristã como sinal e instrumento de salvação, falam da responsabilidade dos vários minis-térios nesta tarefa da catequese.

Destacam-se tarefas diferentes:1. Os pastores que orientam a comunida-

de: compete-lhes suscitar e alimentar uma verdadeira paixão pela catequese, torná-la efectivamente uma prioridade da comuni-dade, e integrar a catequese na comunida-de e a comunidade na catequese.

2. A família: fala da necessidade de «sensibilizar e formar os pais para que retomem a sua responsabilidade de pri-meiros e principais educadores», uma vez que «a família que dá origem à vida tem também a responsabilidade de dar senti-do e contribuir para o pleno desenvolvi-mento dessa existência, enriquecendo-a com o património moral e espiritual que vem do cristianismo».

3. A comunidade: que sem substituir os pais, deve colaborar com eles nesta mis-são, com propostas dirigidas aos pais.

4. Os catequistas: que ocupam um lugar de destaque pois são «o rosto e porta-voz da fé da Igreja e testemunhas da experiência de fé das comunidades. Não apenas transmitem conhecimentos religiosos mas iniciam nas várias dimensões da fé: na oração, na celebra-ção da liturgia e no comportamento cristão, a partir da sua experiência pessoal de vida cristã. Não se devem considerar como pro-fessores que ensinam a doutrina cristã mas, sobretudo, como discípulos de Jesus Cristo que guiam no caminho que eles próprios se esforçam por seguir. Enquanto educadores da fé são o coração das nossas comunidades que vivem da Palavra do Senhor e do pão da vida».

b) O catequista ao serviço da comunidade O catequista tem, portanto, um papel fun-

damental na construção da comunidade. Se ele é chamado por Deus para uma mis-

12 CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA, Para que acreditem e tenham vida. Orien-tações para a catequese actual, 2005, nº 5.

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BOLETIM 15

são muito concreta de acompanhamento do seu grupo de catequese para que ele seja um sinal e instrumento de salvação, uma verdadeira comunidade eclesial dentro da comunidade mais alargada, não pode deixar de viver esta missão como um dom e uma tarefa.

Neste sentido, podem destacar-se alguns desafios para o catequista que quer contribuir para a construção da própria comunidade que o convoca para a missão de anunciar a Palavra, acompanhar os seus catequizandos, inserir o seu grupo na comunidade.

1. Formação: «a formação tem como objectivo capacitar os catequistas para transmitirem o Evangelho àque-les que desejam entregar-se a Jesus Cristo. Portanto a finalidade da forma-ção requer que o catequista se torne o mais idóneo possível, para realizar um acto de comunicação»13.

Se a catequese é um «acto de co-municação», o catequista é aquele que «facilita» esta comunicação, este encontro entre Deus e os homens. Só deste encontro nascem verda-deiras comunidades de fé. Só nesta consciência se cresce como Igreja. Só no encontro acontece o ecoar da Palavra que se torna capaz de suscitar a vida. Formação no ser, no saber e no saber fazer: todas as dimensões que possibilitam o conhecimento de Deus e da sua mensagem de Amor para os homens, dos homens e das suas ca-racterísticas fundamentais, da forma de comunicar hoje o Evangelho a este grupo concreto.

2. Transparência: o catequista está ao serviço da comunidade, é chamado para uma missão, não está em nome pessoal: «além da vocação comum para o apostolado, alguns leigos sentem-se chamados interiormente por Deus a assumirem a tarefa de catequistas. A Igreja suscita, faz o dis-cernimento desta vocação divina, e confere a missão de catequizar. Deste modo, o Senhor Jesus convida, de

13 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Directório geral da catequese, 235.

uma forma específica homens e mu-lheres, para O seguirem como Mestre e formador dos discípulos. Este chamamento pessoal de Jesus Cristo, e a relação com Ele, são o verdadeiro motor da acção do catequista»14.~

Para construir comunidade, o cate-quista não pode deixar de ser fiel à comunidade. Ele não está na cateque-se para transmitir as suas ideias, o seu pensar... mas para levar os catequi-zandos ao encontro de Deus dentro de uma comunidade mais alargada. A transparência é essa capacidade de se reconhecer também a caminho, com o seu grupo que caminha, mas deixando-se orientar pela comunida-de em nome de quem actua.

3. Coerência de vida: a construção da comunidade não é um acontecimento pontual... não se trata apenas de algum tempo por semana que se dedica ao serviço da catequese. Para conseguir estabelecer a relação entre a catequese e a comunidade, o catequista deve sentir-se pertença activa da comunida-de, duma comunidade que15:a. É perseverante no ensino dos

Apóstolos: cresce constantemente na fé, aprofundando a relação com a Palavra que se anuncia e se torna vida;

b. É perseverante na união frater-na: cresce na caridade fraterna, na solidariedade, no serviço, na unidade no amor;

c. É perseverante na fracção do pão e nas orações: cresce na comu-nhão de vida com Cristo, tem uma vida de celebração, coloca o seu centro na Eucaristia como fonte de vida, vive numa unidade culto;

d. Tem a simpatia de todo o povo: pelo testemunho de vida que dá, pelo irradiar de Cristo, pelo levar a fé e o amor de Jesus para o centro da vida comunitária e da vida concreta de cada dia.

14 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Directório geral da catequese, 231.15 Cf. Act 2, 42-47; 4, 32-35.

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BOLETIM 16

Secção REuNIÃO DE CATEquISTAS

O Catequista inicia à linguagem da féO Catequista é um crente enviado por Deus,

em Igreja, a anunciar uma grande novidade: Deus salva a humanidade. Esta comunicação

é realizada através da catequese de iniciação.O primeiro elemento a destacar é o facto de a cate-quese de iniciação, como toda a catequese, ser um acto de tradição viva, iniciação ordenada à revela-ção que Deus, em Jesus Cristo, fez à humanidade, revelação essa que é guardada na memória da Igreja e nas Sagradas Escrituras e é constantemente comunicada por uma geração à outra, mediante uma tradição viva e activa. A Igreja transmite, assim, aquilo que ela mesmo recebeu como dom e em que ela crê. Esta comunicação faz-se através da doutrina, vida e culto que a Igreja presta a Deus, pelo que não se trata da transmissão de meros conceitos ou regras de comportamento. São, acima de tudo, realidades: Deus, em Jesus Cristo e pelo Espírito Santo, salva a humanidade. São as realizações e as obras do amor de Deus ao longo da história da salvação, ontem, hoje e sempre.Estas realidades expressam-se nos Símbolos da fé, celebram-se nos sacramentos da Igreja, mostram-se nos testemunhos das vidas dos santos e na herança espiritual dos Padres e no ensino dos pastores da Igreja. Todas estas são vias por onde se tem acesso à única verdade que salva: Jesus Cristo.Mas a transmissão da revelação acontece precisa-mente quando, para além das afirmações materiais, se torna efectiva a sua realidade interna sob a forma de fé, pelo que pertence à revelação, em certo sentido, também o sujeito receptor, já que sem ele não se produz a revelação. É o Espírito Santo que ilumina interiormente o homem para que se una a Cristo pela fé e entre em comunhão de vida com a Santíssima Trindade, através d’Ele, sendo a cateque-se apenas a mediação eclesial.Por isso, actualiza-se a revelação quando, pela acção do Espírito, entramos e permanecemos em comunhão com os testemunhos que contemplaram o acontecimento revelador de Jesus Cristo e cujo testemunho se prolongou fielmente nos escritos da

origem e na memória vivente da Igreja do acon-tecimento de Cristo, ou seja, daquela experiência original, definita e insuperável, que os homens fizeram de Deus na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo e que se expressa na Palavra procla-mada, se revive na celebração, especialmente na Eucaristia, e se reafirma e historifica numa práxis em que se presencializa, nas novas situações dos homens, aquele modo de ser e de actuar do mesmo Jesus. A catequese há-de conseguir que, sob a acção do Espírito Santo, a revelação seja significativa para o homem de hoje. A sua função consiste em fazer ressoar a Palavra de Deus, viva e significante, de modo que toque a experiência do crente, a ilumine, o leve a interpretar a sua vida à luz da Palavra, lhe dê uma resposta positiva, com todas as implicações vitais que isso acarreta.

Linguagem da féPara que se verifique a transmissão da fé, é precisa uma linguagem própria: a linguagem da fé (Cf DGC 208). Jesus Cristo não se identifica em exclusivo com nenhuma cultura ou sistema de pensamento, mas revelou-se numa linguagem concreta. Foi certamen-te uma linguagem original e também normativa para qualquer outra linguagem que pretenda ser veículo da transmissão da Revelação, em fidelidade ao Magistério, a quem cabe discernir a sua autenti-cidade.A Sagrada Escritura, a Sagrada Tradição, a liturgia, os símbolos baptismais e os pronunciamentos do Magistério formam e mantêm a identidade da linguagem da fé em todas as culturas onde a Igreja confessa a única fé. À catequese cabe a missão de transmitir os documentos da fé(Cf MPD 9), que têm uma linguagem específica, capaz de dar acesso à Palavra de Deus e introduzir na dinâmica da salvação e nos acontecimentos salvíficos. A cate-quese tem a missão de tornar acessível ao homem actual, neste contexto cultural, a linguagem da fé. Este serviço há-de ser realizado na ‘tensão’ entre o Evangelho e a cultura actual. A inculturação da fé e o seu diálogo com a cultura será umas das tarefas

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BOLETIM 17

O Catequista inicia à linguagem da féque terá que assumir a catequese no seu processo de actualização da revelação divina, pelo que há-de possibilitar aos cristãos que não sejam meros repetidores de linguagens mortas, incapazes de dar razões da sua fé na sociedade hodierna, mas sim que dialoguem e dêem testemunho da sua fé. Para isso, a catequese leva a cabo uma hermenêutica tanto da existência humana actual como da Palavra eterna e historicamente dita que também fala hoje aos homens com toda a sua inigualável novidade.

TestemunhoO último elemento a fazer referência é que a grande novidade da transmissão da fé realiza-se através do testemunho. O testemunho de fé é a forma mais coerente com o modo como o próprio Deus se reve-lou. Mais ainda, pode dizer-se que a transmissão da fé é essencialmente testemunho.Trata-se de pôr à disposição da humanidade a verdade da fé, aquela realidade viva que impregna e

envolve o ser da Igreja. Trata-se de ser testemunhas pessoais da salvação de Deus e mostrar aquilo que vimos e ouvimos (cf 1Jo 1, 1-3). Tal como Jesus dá testemunho do Pai e os apóstolos dão testemunho de Cristo, à Igreja cabe dar testemunho do Ressus-citado. Assim, através da Igreja, podemos chegar ao testemunho apostólico, e deste, ao de Jesus Cristo que nos revela o Pai.No exercício da transmissão da fé, o testemunho é essencial e permite, em virtude da sua própria natureza, mostrar mais palpavelmente a realidade da fé, a vitalidade da verdade da fé, a proximi-dade de Jesus Cristo. Graças ao testemunho, a Igreja poderá afirmar diante da humanidade a força e a beleza da fé e proclamar com alegria e entusiasmo: Esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja. A catequese, ao estar vinculada à confissão de fé da Igreja, da sua vida, favorece a coerência entre o crer e o agir, por isso, é testemunho e exigência de testemunho.

Objectivos Gerais • Reflectirsobreametadacatequese;• Compreenderquetodaaacçãocatequé-

tica é norteada por objectivos gerais que vão ao encontro da meta da catequese;

• Reflectirsobreaimportânciadeumapreparação prévia das sessões da cate-quese;

• Compreenderanecessidadedeumaavaliação regular dos objectivos propostos, bem como do desempenho do catequista

A catequese, enquanto serviço eclesial de transmissão da fé cristã, tem como missão levar o catequizando a entrar em comunhão e em intimidade com Jesus Cristo (CT 5), convidando-o a uma relação pessoal de amizade com Ele. Esta é, de facto, a grande meta da catequese.

Objectivos na Catequese: Porquê e Para quê?Deste modo, com vista à conversão do catequi-zando a Jesus Cristo, a acção catequética deve ser norteada de forma a dar a este uma formação orgânica e sistemática da fé cristã, orientando-se por um conjunto de objectivos gerais ajustados aos itinerários catequéticos propostos. Com efei-to, ainda que a grande finalidade da catequese seja a de favorecer, no catequizando, uma profis-são de fé viva, explícita e actuante, esta deve ter sempre em atenção a realidade dos catequizan-dos, a sua idade, assim como a sua caminhada anterior. Assim, é importante que, no início de cada ano catequético, o catequista, ou grupo de catequistas, proceda a uma análise e reflexão dos objectivos propostos no guia, quer para o ano em que este está directamente envolvido, quer para a fase em que esse ano está inserido.

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BOLETIM 18

Em boa verdade, sendo a catequese um encontro com Deus, e para que esta atinja a sua meta, é essencial prepará-la com a antecedência devida. Este é um trabalho que deve ser feito com calma e muita ponderação pelo catequista, ou grupo de catequistas. Além disso, é muito importante que, no seu trabalho de preparação da catequese, o catequista tenha presente a realidade do seu grupo de catequese (as suas necessidades, expectativas, os seus conhecimentos), de forma a que, em harmonia com os objectivos gerais de cada itinerário cate-quético, e em coerência com a grande finalidade da catequese, trace um caminho a seguir, bem como um conjunto de objectivos claros e precisos – o que fazer e porquê –, por forma a alcançar o que se pretende. A sua função é a de clarificar e a de orien-tar a acção catequética do catequista. Na verdade, apenas com a definição dos objectivos, o catequista poderá preparar e desenvolver um conjunto de es-tratégias e dinâmicas orientadas para a motivação da aprendizagem. Só tendo bem claro o que se pretende atingir, o catequista poderá avaliar, de facto, se estes objecti-vos, previamente definidos, foram ou não atingidos.

Só através de uma avaliação regular, o catequista poderá reflectir sobre o seu desempenho, melho-rando-o, assim como fazer correcções e adaptações necessárias, a fim de atingir a meta da catequese. O catequista, no acompanhamento personalizado da caminhada de cada catequizando, vai aferindo se este está a aderir a Jesus Cristo e à fé da Igreja, aproximando-se cada vez mais da finalidade da catequese.

Pistas para reflexão: • Antesdecadasessãodecatequese,procuro

reflectir sobre os objectivos que pretendo atingir nos meus catequizandos, bem como sobre as estratégias a aplicar ou tudo se desenrola de uma forma espontânea?

• Aoprepararasminhassessõesdecatequese,tenho em atenção a realidade dos seus ca-tequizandos, bem como os objectivos gerais de cada itinerário catequético?

• Procedoaumaavaliação/reflexãoregulardos objectivos a que me proponho, bem como do meu desempenho, enquanto catequista?

Objectivos Gerais: • Reconheceraimportânciadavivênciadafé

nas comunidades no ensino da fé cristã; • Compreender a importância das celebrações

e dos sacramentos para uma vida mais com-prometida com os valores cristãos.

O ensino e a celebração da fé, da Palavra de Deus, não podem viver uma sem a outra dentro da Igreja. Em boa verdade, uma catequese que se dissocie da experiência cristã vivida em comunidade, é uma catequese alienada, exterior à realidade dessa comunidade e cujos conteúdos não são mais do que simples informações religiosas. Ainda que a transmissão da fé seja fundamental, esta deve também ser vivida e celebrada nas acções litúrgi-cas, momento onde todos os cristãos celebram o Mistério Pascal. A Liturgia é, na verdade, a fonte e o cume de toda a vida cristã (cf. LG 11), onde os catequizandos experimentam e vivenciam em comunidade o que

Catequese e Liturgia

ouvem na catequese e descobrem sinais visíveis da experiência de Deus: “A catequese está intrinseca-mente ligada a toda acção litúrgica e sacramental. Pois é nos sacramentos, e sobretudo na Eucaristia, que Cristo Jesus age em plenitude para a transfor-mação dos homens” (CCE 1074). Por sua vez, a Igreja, que transmite a fé como dom do Senhor, que está presente na Sua Igreja, espe-cialmente nas acções litúrgicas (cf. SC 7), acredita ser importante que os cristãos participem activa, mas também conscientemente, na liturgia, onde celebram a presença salvífica de Cristo. Destarte, à catequese, como caminho de fé e inserção na vida eclesial, compete iniciar o catequizando na liturgia, favorecendo o conhecimento dos significados litúr-gicos e sacramentais, de forma a que a celebração dos ritos cristãos sejam, de facto, expressão dum caminho de fé que garanta a verdade e a autentici-dade. Não se trata apenas de uma instrução sobre um determinado objecto religioso, mas uma ini-ciação viva e orante que deve levar à interiorização

Secção REuNIÃO DE CATEquISTAS

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BOLETIM 19

do culto litúrgico: “a vida sacramental empobrece e bem depressa e se torna um ritualismo oco, se ela não estiver fundada num conhecimento sério do que significam os sacramentos. E a catequese intelectualiza-se, se não for haurir vida numa prática sacramental” (CT 23). Em boa verdade, sendo a ca-tequese uma aprendizagem dinâmica da fé, da vida cristã, e da celebração da Eucaristia, esta não pode prescindir de momentos celebrativos e festivos fortes, porque sem expressão de fé não há comuni-cação nem amadurecimento da fé. Deste modo, a catequese deve conduzir o catequi-zando a uma experiência viva da presença e acção de Cristo na vida da Igreja, de modo a poder levar a

um seguimento firme do Senhor e um compromis-so missionário. Quando as pessoas são evangeliza-das a partir da sua própria vivência cristã e, a partir daí, se sentem chamados a se identificarem a Cristo, a liturgia e os sacramentos assumem nas suas vidas um novo valor e um sentido diferente.

Questões para reflexão: • Porquerazãonãopodemosdissociaro

ensino da fé cristã de toda a acção litúrgica e sacramental?

• Dequeformadeveráacatequeseiniciarocatequizando na celebrações litúrgicas e sacramentais?

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centro cultural e pastoral da arquidioceseruadeS.Domingos,94B•4710-435Braga•tel.253203180•[email protected]•www.diocese-braga.pt/catequese

impressão: empresa do diário do minho lda.

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As inscrições podem também ser feitas nos Serviços Centrais da Arquidiocese de Braga