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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP SONIA DE CASSIA SANTOS PRADO O uso da calculadora e o Pensamento Matemático Avançado: uma análise a partir das Situações de Aprendizagem nos Cadernos do Professor de Matemática da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA SÃO PAULO 2012

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO ... de...meu lado. Ao meu marido Reginaldo do Prado, que apostou na minha vitória, sempre com uma palavra de confiança, não permitindo

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    PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

    PUC/SP

    SONIA DE CASSIA SANTOS PRADO

    O uso da calculadora e o Pensamento Matemático

    Avançado: uma análise a partir das Situações de

    Aprendizagem nos Cadernos do Professor de Matemática

    da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

    MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

    SÃO PAULO

    2012

  • 2

    PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

    PUC/SP

    SONIA DE CASSIA SANTOS PRADO

    O uso da calculadora e o Pensamento Matemático

    Avançado: uma análise a partir das Situações de

    Aprendizagem nos Cadernos do Professor de Matemática

    da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

    Dissertação apresentada à Banca Examinadora da

    Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como

    exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em

    EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, sob a orientação da Profª.

    Drª. Barbara Lutaif Biachini.

    SÃO PAULO

    2012

  • 3

    Banca Examinadora

    _________________________________

    _________________________________

    _________________________________

  • 4

    Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou

    parcial desta dissertação por processos de fotocopiadora ou eletrônicos.

    Assinatura: __________________________________ São Paulo, ___ / ___ / _____.

  • 5

    Dedico este trabalho à minha avó Juracy (in

    memorian), pelo exemplo de força e determinação,

    por ser a principal responsável pela minha formação,

    e por ter me proporcionado momentos

    inesquecíveis.

    À minha mãe Zilda, por toda entrega e paciência, à

    minha filha Isadora, por toda espera e silêncio e ao

    meu amado Reginaldo, por toda firmeza, confiança,

    compreensão e amor.

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por ser meu consolo, minha fortaleza, meu

    refúgio e a luz para o meu caminho, guiando-me

    todos os dias de minha vida.

    À Secretaria da Educação do Estado de São Paulo,

    pelo incentivo à pesquisa, promovendo o

    desenvolvimento deste trabalho.

    À Professora Doutora Barbara Lutaif Bianchini, por

    toda paciência, compromisso, dedicação e carinho

    para com esta pesquisa.

    Às Professoras Doutoras Celina Abar e Odete

    Sidericoudes, pelas contribuições valorosas para o

    êxito desta pesquisa.

    A todos os Professores do Programa de Pós-

    -Graduação de Mestrado Acadêmico em Educação

    Matemática da PUC-SP, dos quais tive a honra de

    receber ensinamentos ímpares para a minha

    formação.

    A todos os meus colegas de curso, pelos momentos

    de estudos e alegrias compartilhados, em especial

    João Pereira Viana Filho e Fábio Rodrigues de

    Siqueira, por termos, além de um grupo de estudo,

    uma grande amizade, que transcenderá os tempos.

    A todos os integrantes do Grupo de Pesquisa em

    Educação Algébrica, pelas contribuições.

    Às minhas amigas, Marilda Palermo, Brigitte Bedin e

    Denise Alonso pelas palavras de força e incentivo,

    sempre.

    Aos meus eternos companheiros, Valéria, Eduardo e

    Luciana Ferreira dos Santos e às famílias Ferreira e

    Luna por estarem sempre presentes em todos os

  • 7

    momentos de minha vida, independentemente das

    circunstâncias.

    À minha mãe Zilda dos Santos por ser a mãe da

    minha filha, nos momentos em que tive que me

    ausentar para a realização deste trabalho, sempre

    atenciosa aos menores detalhes, para fazer deste

    processo o mais confortável possível.

    À minha filha Isadora Santos Prado por esperar por

    mim pacientemente, sem questionar, sempre com

    um sorriso, lembrando-me de que ela continuava ao

    meu lado.

    Ao meu marido Reginaldo do Prado, que apostou na

    minha vitória, sempre com uma palavra de

    confiança, não permitindo que esmorecesse,

    incentivando-me a chegar do outro lado da ponte e a

    superar todos os obstáculos.

    Às minhas primas-irmãs Grace e Tânia por

    participarem de todas as etapas da minha vida.

    À minha família que sempre torceu pelo meu

    sucesso.

    E por último e não menos importante, para a minha

    avó, Juracy de Moraes Santos, responsável pela

    pessoa que sou hoje, por uma identidade, por ter me

    propiciado um lugar ao Sol.

    Muito obrigada!

  • 8

    A Matemática apresenta invenções tão sutis que poderão servir não só para satisfazer os curiosos, como também para auxiliar as artes e poupar trabalho aos homens. Descartes

  • 9

    RESUMO

    O trabalho a seguir apresenta uma pesquisa qualitativa do tipo documental que tem como objetivo investigar a inserção do uso da calculadora nas Situações de Aprendizagens propostas ao Ensino Fundamental II, da rede pública do Estado de São Paulo nos Cadernos do Professor, à luz do Pensamento Matemático Avançado. Para tanto nos orientamos pelos três polos cronológicos da Análise de Conteúdo, pré-analise, exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação, de forma a investigar as orientações dadas sobre a abordagem realizada a partir das Situações de Aprendizagem propostas no Caderno do Professor de Matemática (2009), distribuído a toda rede pública estadual. A motivação sobre a escolha deste tema se fez porque a utilização da calculadora como recurso para a aprendizagem em matemática, mesmo apresentando a característica facilitadora na investigação de situações-problema e sua utilização prevista nos documentos oficiais que orientam as práticas e o uso de tecnologias no Ensino Fundamental, ainda não é suficiente. Desta forma, buscamos elementos nas ideias do Pensamento Matemático Avançado sobre como um conceito matemático pode ser compreendido pelo aluno, segundo a interação entre os processos mentais das componentes: representação, visualização, generalização, síntese e abstração a partir da utilização da calculadora. Para embasar ainda esta pesquisa, pautamo-nos nas orientações contidas nos documentos oficiais: Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental II (1998), Proposta Curricular de Matemática (2008), Currículo de Matemática (2010), nos Cadernos do Professor de Matemática (2009) e nas pesquisas realizadas acerca da utilização deste recurso pedagógico. Subjetivamente, apresentamos a análise das Situações de Aprendizagens que, em algum momento de seu desenvolvimento sequencial, propuseram a utilização deste recurso pedagógico, observando quais das componentes do Pensamento Matemático Avançado poderiam ser desenvolvidas, nas quais encontramos dentre 64 Situações de Aprendizagem propostas as séries do Ensino Fundamental II, 8 atividades que, ao longo de seu desenvolvimento, solicitaram a utilização deste recurso em alguma seção, e se as referidas atividades promoviam o desenvolvimento das componentes do Pensamento Matemático Avançado: representação, visualização, generalização, síntese e abstração.

    Palavras-Chave: Educação Algébrica; Calculadora; Pensamento Matemático

    Avançado; Caderno do Professor de Matemática.

  • 10

    ABSTRACT

    The aim of this documentary qualitative research is to investigate the insertion of the use of the calculator in “Learning Situations” proposed to students from Ensino Fundamental II (from 5th to 9 th grade), from the São Paulo State public school in “Teacher’s Notebooks”, using the Advanced Mathematical Thinking. In order to do so, we used the three main chronological points from Content Analysis, pre-analysis, exploring the material and treating the results, inference and interpretation, to investigate the given orientations about the approach from the “Learning Situations” from the “Mathematics Teacher’s Notebooks” (2009), distributed to all the state’s teaching public network. The motivation to choose this theme has come from the fact that the usage of calculators as a resource to learning Maths is still not enough, even though it is known that they help to investigate problem-situations. The usage of calculators is motivated in the official documents that guide the technologies in Ensino Fundamental II. Thus, we have searched elements in ideas of Advanced Mathematical Thinking on how a Mathematical concept can be understood by the student, according to the interaction of the mental processes of the components: representation, visualization, generalization, synthesis and abstraction from the use of the calculator. To reinforce the grounds for this research, we have followed the orientations from official documents: Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental II (1998), Proposta Curricular de Matemática (2008), Currículo de Matemática (2010), and “Mathematics Teacher’s Notebooks” (2009) and in researches made about the utilization of this pedagogical tool. Subjectively, we present the analysis of “Learning Situations”, by using previously established categories that, in some point of its sequential development, proposed the utilization of this pedagogical resource, seeing which of the components of Advanced Mathematical Thinking could be developed. We have found, among 64 “Learning Situations” proposed to the grades from Ensino Fundamental II, 8 activities that, along by its development, asked to use this resource in some section, and the representation is in 8 activities, the visualization is in 6 activities, the generalization is in 5 activities, the synthesis is in 8 activities and the abstraction is in 7 activities.

    Keywords: Algebraic Education; Calculator; Advanced Mathematical Thinking;

    Mathematics Teacher’s Notebooks

  • 11

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Conteúdos do 1º Bimestre da Proposta Curricular-Ciclo II ......................... 64

    Figura 2: Conteúdos do Currículo de Matemática 6ª série/7º ano do Ensino Fundamental II ............................................................................................ 67

    Figura 3: Capas dos Cadernos do Professor de Matemática .................................... 68

    Figura 4: Ficha do Caderno do Professor do 6º ano ................................................. 69

    Figura 5: Conteúdos de Matemática por série/bimestre do Ensino Fundamental ..... 70

    Figura 6: Ficha de Situação de Aprendizagem 1 do 1º bimestre do 6º ano .............. 72

    Figura 7: Ficha de Conteúdos de Matemática por série/bimestre do Ensino Fundamental ............................................................................................... 73

    Figura 8: Ficha da Situação de Aprendizagem 1 do 2º bimestre do 6º ano .............. 77

    Figura 9: Soroban ...................................................................................................... 79

    Figura 10: Representação numérica com o uso do Soroban .................................... 79

    Figura 11: Construindo um Soroban ......................................................................... 80

    Figura 12: Leitura do Soroban – I Parte .................................................................... 81

    Figura 13: Leitura do Soroban – II Parte ................................................................... 82

    Figura 14: Representação de números decimais com a utilização do Soroban – I Parte ......................................................................................................... 83

    Figura 15: Representação de números decimais com a utilização do Soroban – II Parte ......................................................................................................... 84

    Figura 16: Representação de números decimais com transformações utilizando o Soroban .................................................................................................... 85

    Figura 17: Ficha da Situação de Aprendizagem 3: Polígonos e Ladrilhamento do Plano ........................................................................................................ 88

    Figura 18: Polígonos ................................................................................................. 89

    Figura 19: Decomposição dos Polígonos .................................................................. 90

    Figura 20: Heptágono ................................................................................................ 91

    Figura 21: Tabela de polígonos ................................................................................. 91

    Figura 22: Tabela dos polígonos regulares ............................................................... 92

    Figura 23: Atividade 3 ............................................................................................... 92

    Figura 24: Atividade Experimental ............................................................................. 93

    Figura 25: Anexo da atividade experimental ............................................................. 93

    Figura 26: Cálculo dos divisores de 360º .................................................................. 94

    Figura 27: Tabela dos divisores de 360º ................................................................... 95

    Figura 28: Ladrilhamento de hexágonos ................................................................... 95

  • 12

    Figura 29: Ficha da Situação de Aprendizagem 2 do 4º bimestre do7º ano ........... 100

    Figura 30: Pesquisa Individual ................................................................................ 101

    Figura 31: Fórmulas na Geometria .......................................................................... 102

    Figura 32:Cálculo da Área do triângulo ................................................................... 103

    Figura 33: Cálculo da Média Aritmética ................................................................... 103

    Figura 34: Pesquisa individual ................................................................................. 104

    Figura 35: Leitura e análise: Para onde vai o dinheiro do seu imposto de renda? .. 104

    Figura 36: Leitura e análise ..................................................................................... 105

    Figura 37: Atividade 7 da Situação de Aprendizagem 2 .......................................... 106

    Figura 38: Atividade 8 ............................................................................................. 107

    Figura 39: Atividade 9 – I Parte ............................................................................... 108

    Figura 40: Atividade 9 – II Parte .............................................................................. 109

    Figura 41: Ficha da Situação de Aprendizagem 3 ................................................... 111

    Figura 42: Leitura e análise ..................................................................................... 112

    Figura 43: Você aprendeu? ..................................................................................... 113

    Figura 44: Pesquisa Individual ................................................................................ 114

    Figura 45: Lição de casa ......................................................................................... 114

    Figura 46: Notação Científica – I Parte ................................................................... 115

    Figura 47: Notação Científica – II Parte .................................................................. 115

    Figura 48: Leitura e Análise do texto ....................................................................... 116

    Figura 49:Você aprendeu? Número googol............................................................. 116

    Figura 50: Usando a Calculadora – I Parte ............................................................. 117

    Figura 51: Usando a Calculadora – II Parte ............................................................ 118

    Figura 52: Você Aprendeu? – I Parte ...................................................................... 119

    Figura 53: Você Aprendeu? – II Parte ..................................................................... 120

    Figura 54: Você Aprendeu? – III Parte .................................................................... 120

    Figura 55: Pesquisa Individual – I Parte .................................................................. 121

    Figura 56: Pesquisa individual – II Parte ................................................................. 121

    Figura 57: Lição de casa ......................................................................................... 122

    Figura 58: Situação de Aprendizagem 4, 1º bimestre, 8º ano ................................. 125

    Figura 59:Leitura e Análise do texto- I Parte ........................................................... 126

    Figura 60: Leitura e Análise do texto II .................................................................... 127

    Figura 61: Bits, bytes e potência de base 2 ............................................................ 128

    Figura 62: Representação das informações armazenadas ..................................... 129

    Figura 63: Você aprendeu? Leitura dos capacitores I ............................................. 131

  • 13

    Figura 64: você aprendeu? Leitura dos capacitores II ............................................. 132

    Figura 65: Múltiplos de byte .................................................................................... 132

    Figura 66: Múltiplos do byte II ................................................................................. 133

    Figura 67: Quando um mebibyte é um megabyte? ................................................. 133

    Figura 68: Usando potências para contagem .......................................................... 134

    Figura 69:Potência de base 2 .................................................................................. 135

    Figura 70: Gráfico da relação entre expoente e quantidade de algarismos da potência. ................................................................................................. 136

    Figura 71: Utilização da notação E + n .................................................................... 137

    Figura 72: Lição de casa item 6 .............................................................................. 138

    Figura 73: Situação de Aprendizagem 1 do 9º ano ................................................. 142

    Figura 74: Perspectiva Histórica I ............................................................................ 143

    Figura 75: Perspectiva histórica II ........................................................................... 144

    Figura 76: Perspectiva histórica III. Você aprendeu? .............................................. 145

    Figura 77: Cálculo de ππππ ao longo da história – I Parte ............................................. 147

    Figura 78: Cálculo de ππππ ao longo da história- II Parte ............................................. 147

    Figura 79: Cálculo do número ππππ ao longo da História – III Parte ............................. 148

    Figura 80: Cálculo do número ππππ ao longo da História – IV Parte ............................. 149

    Figura 81: Método de Arquimedes para a descoberta do valor de ππππ ....................... 149

    Figura 82: Representação do número ππππ - I Parte .................................................... 150

    Figura 83: Representação do número ππππ - II Parte ................................................... 151

    Figura 84: Frequências absoluta e relativa dos algarismos de ππππ ............................. 152

    Figura 85: Razão π no cálculo do perímetro da área do círculo .............................. 155

    Figura 86: Razão ππππ no cálculo do perímetro e da área do círculo – I Parte ............ 156

    Figura 87: Razão ππππ no cálculo do perímetro e da área do círculo – II Parte ........... 156

    Figura 88: Leitura e análise do texto ....................................................................... 157

    Figura 89: Você aprendeu? ..................................................................................... 158

    Figura 90: Lição de casa ......................................................................................... 158

    Figura 91: Situação de Aprendizagem 4 ................................................................. 161

    Figura 92: Leitura e Analise de Texto: O ππππ e a agulha de Buffon – I Parte ............. 162

    Figura 93: Leitura e Análise de Texto: O ππππ e a agulha de Buffon – II Parte ............ 163

    Figura 94: Leitura e Análise de Texto: O ππππ e a agulha de Buffon – III Parte............ 164

    Figura 95: Leitura e Análise de Texto: O ππππ e a agulha de Buffon – IV Parte ........... 164

  • 14

    LISTA DE TABELAS Tabela 1: Características que diferenciam a Análise de Conteúdo da Análise

    Documental. ............................................................................................. 37

    Tabela 2: Componentes do P. M.A ........................................................................... 87

    Tabela 3: Divisão exata de 360º por divisores exatos. .............................................. 97

    Tabela 4: Componentes do P. M. A. ......................................................................... 98

    Tabela 5: Componentes do P. M. A. ....................................................................... 110

    Tabela 6: Componentes do P. M. A ........................................................................ 125

    Tabela 7: Representação na potência de base 2 .................................................... 130

    Tabela 8: Representação na potência de base 2 do número 8 ............................... 130

    Tabela 9: Componentes do P. M. A. ....................................................................... 141

    Tabela 10: Componentes do P. M. A. ..................................................................... 154

    Tabela 11: Componentes do P. M. A. ..................................................................... 160

    Tabela 12: Componentes do P. M. A. ..................................................................... 165

    Tabela 13: Solicitação do uso da calculadora ......................................................... 166

    Tabela 14: Componentes do P. M. A. nas Situações de Aprendizagens analisadas ................................................................................................................................ 167

  • 15

    LISTA DE ANEXOS

    Tabela 15: Componentes do Pensamento Matemático por seção na Situação de Aprendizagem 1: .................................................................................... 179

    Tabela 16: Componentes do Pensamento Matemático por seção na Situação de Aprendizagem 3: 7º ano – volume 2 ....................................................... 180

    Tabela 17: Componentes do Pensamento Matemático por seção na Situação de Aprendizagem 2 ..................................................................................... 181

    Tabela 18: Componentes do Pensamento Matemático por seção na Situação de Aprendizagem 3: .................................................................................... 182

    Tabela 19: Componentes do Pensamento Matemático por seção na Situação de Aprendizagem 4: .................................................................................... 183

    Tabela 20: Componentes do Pensamento Matemático por seção na Situação de Aprendizagem 1: .................................................................................... 184

    Tabela 21: Componentes do Pensamento Matemático por seção na Situação de Aprendizagem 2: .................................................................................... 185

    Tabela 22: Componentes do Pensamento Matemático por seção na Situação de Aprendizagem 4: .................................................................................... 186

  • 16

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 18

    CAPÍTULO 1 ............................................................................................................. 18

    OBJETIVO E QUESTÃO DE PESQUISA ................................................................. 23

    CAPÍTULO 2 ............................................................................................................. 29

    REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO ......................................................... 29

    2.1 O Pensamento Matemático Avançado ................................................ 29

    2.2 Metodologia ......................................................................................... 34

    2.2.1 Análise de Conteúdo .................................................................... 34

    2.2.2 Campo .......................................................................................... 35

    2.2.3 Inferência ...................................................................................... 36

    2.2.4 A análise de Conteúdo e a Análise Documental ........................... 37

    2.2.5 O Método ...................................................................................... 38

    2.2.5.1 A Pré-Análise ...................................................................... 38

    2.2.5.2 A exploração do material ..................................................... 39

    2.2.5.3 Tratamento dos resultados e interpretação ........................ 40

    2.3 Procedimentos Metodológicos ............................................................ 40

    CAPÍTULO 3 ............................................................................................................. 42

    PRÉ-ANÁLISE DOCUMENTAL ................................................................................ 42

    3.1 Levantamento Bibliográfico ................................................................. 42

    3.2 Pesquisas sobre a calculadora realizadas pelo GPEA ........................ 52

    3.3 Aspectos Curriculares do uso da calculadora no Ensino

    Fundamental..................................................................................................55

    3.3.1 Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental II .... 57

    3.3.2 A Proposta Curricular do Estado de São Paulo ............................ 62

    3.3.3 O Currículo ................................................................................... 65

    3.3.3.1 O Currículo na área de Matemática .................................... 66

    3.4 O Caderno do Professor de Matemática (2009) .................................. 68

  • 17

    CAPÍTULO 4 ............................................................................................................. 75

    ANÁLISE DO CORPUS DA PESQUISA .................................................................. 75

    4.1 As Situações de Aprendizagem, Calculadora e o Pensamento

    Matemático Avançado .......................................................................... 76

    4.1.1 Caderno do Professor (2009) 5ª série/6º ano- Volume 2 .............. 77

    Situação de Aprendizagem 1 ....................................................... 77

    4.1.2 Caderno do Professor (2009) – 6ª série/7º ano – Volume 2 ......... 87

    Situação de Aprendizagem 3 ....................................................... 87

    4.1.3 Caderno do Professor (2009) – 6ª série/7º ano - volume 4 .......... 99

    Situação de Aprendizagem 2 ....................................................... 99

    4.1.4 Caderno do Professor (2009) – 7ª série/8º ano – Volume 1 ....... 110

    Situação de Aprendizagem 3 ..................................................... 110

    4.1.5 Caderno do Professor (2009) – 7ª série/8º ano – Volume 1 ...... 125

    Situação de Aprendizagem 4 ..................................................... 125

    4.1.6 Caderno do Professor (2009) – 8ª série/9º ano – Volume 4 ....... 141

    Situação de Aprendizagem 1 ..................................................... 141

    4.1.7 Caderno do Professor (2009) – 8ª série/9º ano – Volume 4 ....... 154

    Situação de Aprendizagem 2 ..................................................... 154

    4.1.8 Caderno do Professor (2009) – 8ª série/9º ano – Volume 4 ....... 161

    Situação de Aprendizagem 4 ..................................................... 161

    CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 170

    REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 175

  • 18

    INTRODUÇÃO

    Durante minha trajetória na rede pública do Estado de São Paulo, atuando

    nos Ensinos Fundamental e Médio desde 1995, discussões sobre como implementar

    a prática em sala de aula e quais recursos poderiam auxiliar no processo de ensino

    e aprendizagem em Matemática eram assuntos que permeavam as H.T.P.C. (hora

    de trabalho pedagógico coordenado).Porém quando o assunto em pauta era a

    utilização da calculadora nas aulas de Matemática, as opiniões se dividiam,

    visivelmente, entre professores de maneira geral.A utilização desse recurso era mais

    bem aceita nas aulas de Física, devido à carga horária inferior à das aulas de

    matemática e o volume de cálculos envolvidos nas situações-problema, nos quais os

    alunos deviam deter a sua atenção, por conta do programa a ser cumprido.

    Com a nova LDB 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases Nacionais) sobre a

    Educação Básica, estabeleceu-se a continuidade na formação do professor em

    diversos níveis. Logo, capacitações para o aperfeiçoamento do professor foram

    promovidas, a partir da parceria entre a Secretaria da Educação do Estado e

    algumas instituições superiores.

    Formação com tal finalidade terá por fundamentos, segundo a Lei, “a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante capacitação em serviço” e “o aproveitamento da formação e experiências anteriores”, adquiridas, estas, não só em instituições de ensino, mas também em outras atividades”, que não de ensino. (CARVALHO, 1998, p. 84)

    Em 1997, pude participar do PEC (Programa de Educação Continuada),

    promovido pela Secretaria da Educação, na Pontifícia Universidade Católica de São

    Paulo, composto por encontros semanais com os professores de Matemática, nos

    quais temas foram propostos, e discutidos assuntos sobre a prática do professor e

    novas possibilidades de abordagens foram levadas e experimentadas em sala de

    aula. Em um dos encontros, o assunto sobre as novas tecnologias foi abordado,

    dentre elas, a utilização da calculadora e a possibilidade de sua utilização em

    classe. Pautada a partir da apresentação de problemas, foi esta, provavelmente, a

    primeira vez que o assunto foi discutido de maneira concreta, ou seja, com

    aplicações em sala e apresentação de resultados. Contudo, isso não foi suficiente

    para convencer os professores presentes nessa formação continuada das

  • 19

    possibilidades de trabalho que poderiam ser desenvolvidas a partir da sua utilização.

    Infelizmente esse trabalho se perdeu por conta da mudança de capacitador, mas o

    assunto me inquietou.

    Continuei participando dos cursos promovidos e sempre o assunto TIC

    (Tecnologia da Informação e Comunicação) era levantado, porém a atenção estava

    mais voltada para a utilização do computador, possivelmente por conta das primeiras

    salas de informática implantadas na rede pública estadual e falta de profissional para

    a execução do projeto destinado à Sala de Informática (SAI).

    A utilização da calculadora em nossa prática acontecia de maneira acanhada,

    seu uso se restringia às aulas de física, ou em aulas de matemática que estavam

    vinculadas à apresentação de resultados em alguma capacitação, da qual estava

    participando, ou, ainda, nas aulas que envolviam matemática financeira. Mesmo

    assim, o assunto me incomodava, pois presenciava alunos em tentativa da

    resolução de problemas que não se enquadravam nas situações citadas, usando a

    ferramenta, porém não alcançando êxito, pois desconheciam alguns recursos,

    impedindo-os de avançar em seus cálculos, ou usando-as apenas em cálculos

    simples.

    No ano de 2006, a Secretaria da Educação juntamente com a PUC-SP

    promoveu um curso de especialização PNUD (Programa das Nações Unidas para o

    Desenvolvimento), para professores de Matemática, em que pude, mais uma vez,

    me inteirar e desenvolver uma pesquisa, agora envolvendo de maneira mais

    profunda as TIC.

    Em 2008, por conta dos resultados insatisfatórios nas avaliações externas

    SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) e

    SAEB (Sistema Nacional da Educação Básica) aplicadas em 2007, a Secretaria

    Estadual de Educação iniciou a reestruturação curricular, disponibilizando a toda a

    comunidade, a nova Proposta Curricular, que propunha uma base comum para a

    Educação Básica, composta por materiais complementares: apostilas que foram

    nomeadas de Cadernos nas versões para alunos, professores e gestores, que

    indicavam os conteúdos mínimos a serem trabalhados ao longo do ano letivo,

    divididos em quatro bimestres.

    A adesão a esse material, bem como a sua utilização se apresentou de

    maneira dividida: ou não era utilizada ou era usada de maneira exclusiva deixando

  • 20

    de lado outros tipos de recursos didáticos. Essa postura radical, assim como a

    divergência entre o uso da calculadora, passou a inquietar-me um pouco mais.

    Após a experiência do curso de especialização e incentivo de ex-professores

    do curso, em relação à continuidade da nossa formação, ingressei no Programa de

    Pós-Graduação no Programa de Mestrado Acadêmico da Pontifícia Universidade

    Católica em 2010, integrando-me ao quadro do GPEA (Grupo de Pesquisa de

    Educação Algébrica) no qual expus meu desejo de realizar uma pesquisa

    envolvendo tecnologia.

    Posteriormente aos relatos das pesquisas de colegas e de nos inteirarmos

    sobre as pesquisas desenvolvidas pelo grupo em anos anteriores e, ainda, por

    sugestão de uma investigação que envolvesse a utilização da calculadora a partir do

    que abordavam os livros didáticos, uma vez que as pesquisas sobre tecnologia

    estão mais focadas na utilização do computador em sala de aula, um colega de

    grupo João Pereira Viana Filho, também professor da rede Estadual sugeriu que ao

    invés da investigação na perspectiva do livro didático, que se trabalhasse o material

    distribuído a toda a rede paulista de ensino, por se tratar de um instrumento que

    causa divergência na opinião dos professores, e que necessita de um estudo mais

    detalhado.

    Assim, iniciei a investigação levantando os dados sobre a solicitação do uso

    da calculadora nos Cadernos utilizados pelos alunos nos Ensinos Fundamental II e

    Médio, pautando-me nos comentários realizados no Caderno do Professor sobre tal

    assunto.

    Iniciada a pesquisa, optamos como referencial metodológico pelas etapas da

    Análise de Conteúdo, segundo Bardin (1991), pré-análise, exploração do material e

    interpretação e tratamento dos resultados com a finalidade de realizar uma diferente

    interpretação do material, buscando romper com o senso comum sobre ele, e por se

    tratar de um recurso distribuído em grande escala.

    Participando das disciplinas oferecidas pelo programa, pude me aprofundar

    em algumas teorias da Educação Matemática, dentre elas, a do Pensamento

    Matemático Avançado (PMA) segundo Dreyfus (1991), no desenvolvimento da

    produção de um artigo para a disciplina de Didática II.

    Interessei-me pelas ideias teóricas de Dreyfus, devido ao seu enfoque quanto

    ao desenvolvimento cognitivo, que se estabelece a partir dos processos que

    envolvem a compreensão, e que podem propiciar ao aluno a passagem do

  • 21

    pensamento matemático em um nível elementar, ou seja, em que o sujeito ainda não

    apresenta elementos suficientes para a apreensão de um novo conceito, para o

    Pensamento Matemático Avançado, quando desenvolvidas adequadamente as suas

    componentes. Destacaremos, para esta pesquisa, a representação, a visualização, e

    generalização, a síntese, a abstração, ideias que serão desenvolvidas com maior

    profundidade no Capítulo 2.

    Uma das diferentes abordagens para estimular o desenvolvimento dessa

    compreensão é a utilização de problemas e das novas tecnologias para auxiliar o

    processo, uma vez que os sujeitos não apresentam o mesmo tipo de estrutura

    mental para esta compreensão; alguns precisam de situações concretas, outros

    podem apenas utilizar-se da estrutura visual, para que se consigam incorporar o

    conhecimento adquirido, até então avançado, em demais situações, quando se torna

    elementar, ou seja, quando o conceito for formalizado.

    Quando os alunos aprendem com compreensão eles são capazes de aplicar esses conhecimentos para aprender novos tópicos e para resolver novos problemas. Este tipo de aprendizagem torna-se fundamental uma vez que estamos a atravessar uma era em que as mudanças tecnológicas são tão rápidas que não nos é possível antecipar as habilidades que os alunos precisam para se tornarem cidadãos competentes. (DOMINGOS, 2001, p. 1)

    Para Dreyfus (1991, p. 29):

    Utilizando o ambiente de aprendizagem computacional, muitas relações normalmente implícitas, por exemplo, entre as representações, diferentes para o mesmo conceito podem se tornar explicitas. Esta explicitação contribui para o reconhecimento dos estudantes de tais relações e da emergência de ideias relacionadas, em síntese para a formação de conceitos.

    Dessa forma, para apresentar os frutos desta investigação, apresento no

    Capítulo 1, o objetivo e a questão da pesquisa, que procura enfatizar a importância

    desta para a Educação Matemática.

    No Capítulo 2, fundamento a pesquisa a partir das ideias teóricas do

    Pensamento Matemático Avançado conforme Dreyfus (1991) e a metodologia a

    partir dos polos cronológicos da Análise de Conteúdo segundo Bardin (1991).

    Ainda para fundamentá-la, apresento no Capítulo 3, os elementos que

    constituirão a Pré-Análise, a revisão bibliográfica, com foco na utilização da

    calculadora como recurso para mediar a aprendizagem, os aspectos curriculares

  • 22

    sobre a abordagem da utilização da calculadora, a partir dos Parâmetros

    Curriculares do Ensino Fundamental II (1998), a Proposta Curricular (2008), o

    Currículo de Matemática e suas Tecnologias, da rede estadual pública (2010),

    Caderno do Professor de Matemática (2009).

    No Capítulo 4, realizo a análise do corpus da pesquisa vislumbrando as

    Situações de Aprendizagens que solicitam a inserção do uso da calculadora nas

    propostas ao Ensino Fundamental II nos Cadernos do Professor, à luz do

    Pensamento Matemático Avançado, destacando no tratamento dos resultados, a

    cada Situação de Aprendizagem, quais das suas componentes são contempladas

    nos desenvolvimentos das atividades.

    No Capítulo 5, estão as considerações finais a respeito desta pesquisa,

    enfatizando quais as suas contribuições para o nosso crescimento profissional, e

    para toda a comunidade da Educação Matemática.

  • 23

    CAPÍTULO 1

    OBJETIVO E QUESTÃO DE PESQUISA

    Esta pesquisa tem como objetivo investigar a inserção do uso da calculadora

    nas Situações de Aprendizagem propostas ao Ensino Fundamental II, da Rede

    Pública do Estado de São Paulo nos Cadernos do Professor, à luz do Pensamento

    Matemático Avançado.

    A utilização da calculadora como recurso pedagógico para o processo de

    ensino e aprendizagem no Ensino Fundamental II é um assunto que divide a opinião

    dos atores escolares (pais, alunos e professores), de forma geral. Apesar de esta

    tecnologia estar tão presente na vida de todos, seu uso ainda é criticado,

    possivelmente, por conta do sistema de ensino do qual advimos, em que a

    expressão do saber matemático estava contida numa série de fórmulas para se

    decorar e o domínio sobre as extensas listas de exercícios que requeriam

    procedimentos ainda mais extensos. Assim, essa prática quanto à aquisição do

    conhecimento por intermédio da sua utilização nas aulas de Matemática, ainda não

    é desenvolvida de maneira suficiente, em vista da divisão de opiniões dos

    envolvidos a este processo.

    Os professores poderão inovar, preocupando-se em estimular a imaginação: promover o desenvolvimento de ideias, encorajar a comunicação e fornecer o apoio perspicaz e paciente de que todos precisam. Entretanto, podemos facilmente perceber, através da observação da realidade em nossas escolas, que muitos professores não concordam com essa nova ordem educacional, pois requer uma revisão em suas práticas pedagógicas. (RÚBIO, 2003, p.39)

    SOUSA, A. F (2009) confirma este preconceito quanto à utilização da

    calculadora:

    Entretanto, ainda observa-se uma grande resistência por meio dos professores em relação ao uso da calculadora em sala de aula, surgindo assim vários argumentos contra, como: acomodação mental, pois, todo o cálculo aritmético pode ser feito na calculadora, trazendo assim dependência da máquina e inibição da aprendizagem; as calculadoras não são usadas em concursos e vestibulares e outras afirmações. (p. 4)

  • 24

    Consideramos, ainda, as ideias de Santos, André e Giritana (2004) que

    corroboram este discurso sobre a resistência expressa pelos licenciandos em

    Matemática quanto à sua utilização:

    Durante muitos anos o uso das calculadoras no ensino médio e principalmente no ensino fundamental foi considerado por muitos professores como inadequado. Para estes, a calculadora faz com que o aluno deixe de raciocinar, tornando-se preguiçoso, deixe de desenvolver mentalmente operações simples ou ainda deixe de aprender a realizar manualmente operações que a calculadora executa rapidamente. (p. 1)

    A partir da reformulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

    (LDB) em 1996, um novo panorama foi apresentado para a Educação Básica no

    Estado de São Paulo. Documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares

    Nacionais dos Ensinos Fundamental e Médio, passaram a orientar as práticas de

    maneira a priorizar o desenvolvimento global dos alunos, abarcando todas as

    disciplinas componentes do Currículo.

    A Matemática, abordada no Ensino Fundamental II, visa desenvolver no

    indivíduo a potencialidade despertada a partir dos conhecimentos intelectual, social

    e cognitivo, de maneira que possa utilizá-los, posteriormente, em situações diversas

    de sua vida. Essa condição é estabelecida sobre uma perspectiva reflexiva que deve

    mediar o processo de ensino de aprendizagem, contemplando vários aspectos da

    disciplina. Observa-se que o desenvolvimento de seu contexto continua atrelado a

    uma prática clássica e tradicional, preservando uma estrutura lógico-matemática

    como elemento fundamental para a sua aquisição.

    A utilização de recursos didáticos é um importante aliado para a

    implementação dessa prática, na busca pelo desenvolvimento da Matemática, nos

    diferentes segmentos sociais.

    Um dos recursos didáticos que podem acarretar essa mudança é a

    calculadora, pois possibilita a elaboração de procedimentos, execução de

    estratégias, comparação de resultados e validação dos procedimentos realizados

    pelo aluno. O interesse pelo uso dos recursos tecnológicos, como instrumentos que

    podem auxiliar na realização de alguns trabalhos, sem anular o esforço da atividade

    compreensiva. (BRASIL, 1998, p. 75)

    Em sua pesquisa, Melo (2008) evidenciou a resistência na utilização desse

    recurso pedagógico em sala de aula. As alegações apresentadas pelos professores

  • 25

    que se colocam contra o seu uso são baseadas em ideias distorcidas sobre sua

    proposta, seus argumentos são pautados na “preguiça” que o aluno pode expressar

    na realização de cálculos que dispensaria fazer com seu uso, na utilização mecânica

    do recurso, na falta de raciocínio e confiabilidade nos resultados expressos pela

    máquina.

    Segundo a investigação de Silva (1989), sua utilização é condenada por uma

    série de argumentos apresentados pelos professores quanto à execução de cálculos

    – coluna cervical da matemática –, alegando que os alunos se tornam desatentos,

    displicentes no momento da abordagem dos cálculos, já que creem no que a

    máquina calculará, que deixarão de raciocinar, ou que resolverão os cálculos de

    maneira mecânica.

    Como consequência dessa postura, o tratamento dado à Matemática por

    esses professores mantém enraizada a estrutura de como se determina o cálculo,

    em que se valida a resposta alcançada, deixando-se em segundo plano a expressão

    do raciocínio e a criatividade, quanto ao caminho seguido para a resolução, pois,

    muitas vezes, esses cálculos são expressos como uma receita pronta e acabada,

    sem vislumbrar as possibilidades que tal recurso apresenta, enquanto facilitador na

    abordagem de outros contextos, haja vista a sua presença em vários segmentos

    sociais, bem como profissionais.

    A utilização da calculadora na realização de cálculos com estimativas e

    arredondamentos, em percentuais, na acomodação de números com representação

    numérica decimal na realização dos cálculos, nos cálculos com raízes não exatas,

    assim como no que diz respeito à conversão de unidades em estatística, ocorrências

    possíveis em cálculos probabilísticos e cálculos financeiros com juros simples e

    compostos são alguns exemplos que ilustram como esse recurso pedagógico

    acompanha a evolução do mundo.

    Devemos lembrar que a calculadora apresenta versões das mais simples às

    mais sofisticadas, adequando-se a diferentes necessidades, como as calculadoras

    científicas, financeiras e gráficas programáveis, sendo que algumas dessas versões

    podem ser encontradas em aparelhos portáteis como o celular.

    Os PCNEF (BRASIL, 1998, p.27) discutem a formação básica do aluno como

    cidadão, relatando a importância de se ter recursos, para uma participação efetiva e

    ágil na resolução de problemas sociais diversos, cuja utilização facilitará o acesso ao

    conhecimento e às posições de trabalho, de maneira que não dissocie o papel da

  • 26

    escola daquele da sociedade e, sim, que conduza e envolva o aluno de forma a

    utilizar os conhecimentos adquiridos e desenvolvidos nos bancos escolares.

    Uma exigência que o mundo do trabalho, frente ao desenvolvimento

    tecnológico social faz, é que seus trabalhadores sejam versáteis e criativos, capazes

    de compreender o processo de trabalho como um todo, e utilizar-se de diferentes

    recursos tecnológicos para resolver problemas de diferentes linguagens.

    O fato de a utilização da calculadora estar previsto pelos PCNEF (1998) não

    conquistou a adesão de muitos profissionais, sendo ainda um obstáculo e um

    assunto controverso, discutido entre os pesquisadores da Educação Matemática e

    os demais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, ao longo do

    estabelecimento dessa nova Lei de Diretrizes e Bases nacionais para a Educação

    Básica.

    Os aspectos sobre a utilização ou não da calculadora, nos inquietava e

    interferiam diretamente sobre a nossa atuação. Quando o material era solicitado aos

    alunos, o pedido precisava ser devidamente justificado e esclarecido junto aos pais,

    pois alguns não permitiam que os filhos levassem calculadora às aulas de

    Matemática. No geral, em nossas aulas, a utilização estava atrelada aos cursos de

    formação continuada, do qual participávamos, de forma a apresentar ao final dos

    módulos os resultados das atividades ali solicitadas. Mesmo com as orientações

    dadas pelos PCNEF (1998) e PCNEM (1998), já com novos complementos PCN+

    (2002) dos Ensinos Fundamental e Médio e as Orientações Curriculares para o

    Ensino Médio (2006) a base comum de conhecimento sofria alterações, de acordo

    com a região de procedência do aluno, pois cada escola se responsabilizava por

    delinear o seu perfil, de acordo com o da sua comunidade, em seus Projetos

    Políticos Pedagógicos, causando um desencontro de conteúdos, quando o aluno

    necessitava mudar de escola.

    Em 2008, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEESP), iniciou

    o processo de reorganização curricular com o intuito de estabelecer uma base

    comum de conhecimentos e habilidades, a partir dos conteúdos aos quais os alunos

    deveriam ter acesso durante o Ensino Fundamental. No ano de 2010 essa

    reorganização que era denominada Proposta Curricular, constituiu o Currículo oficial

    das escolas Estaduais da Rede Pública. Uma das iniciativas tomadas pela SEESP

    para a implantação desse Currículo foi a distribuição de material complementar no

  • 27

    formato de Cadernos para gestor, professor e aluno, bem como esclarecimentos a

    toda comunidade escolar e projetos paralelos à sua implantação.

    A inserção desse material nas aulas, tal qual o uso da calculadora, causou

    polêmica na comunidade escolar, com a sua utilização questionada a todo tempo.

    Discursos como falta da liberdade de cátedra do professor, imposição da ordem dos

    conteúdos a serem ministrados, materiais com abordagem insuficiente, ou sua

    utilização exclusiva, norteavam as discussões semanais, estabelecendo, mais uma

    vez, a divisão entre os docentes, ainda que esclarecido o caráter complementar

    desse material, aliado aos demais recursos pedagógicos de que o professor

    dispunha.

    Assim, mais uma vez, nossa prática sofreu indagações e inclinações sobre o

    motivo pelo qual se estabelecia tanta controvérsia em torno dessa nova proposta,

    que apresentava conteúdos conhecidos, porém com uma abordagem diferente sobre

    os assuntos a serem estudados.

    Ingressando no curso de Mestrado Acadêmico na Pontifícia Universidade

    Católica, pudemos apresentar os resultados de nossa formação continuada, no

    trabalho com TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) e o resultado de

    nossas experiências ao Grupo de Pesquisa de Educação Algébrica (GPEA) para o

    qual fomos encaminhadas, devido a um de seus projetos, intitulado Educação

    Algébrica e o uso de Tecnologia da linha de pesquisa: Tecnologia da Informação e

    Educação Matemática.

    Em seu projeto o GPEA tem como questão norteadora: Qual a álgebra a ser

    ensinada em cursos de formação de professores de Matemática? E o que busca

    fundamentar as suas pesquisas, a partir das mudanças que vêm afetando a

    Educação Matemática, entre elas o rápido desenvolvimento da tecnologia, por ter

    influência sobre outras áreas do conhecimento?.

    O uso recente de computadores e calculadoras no ensino levanta questões sobre as contribuições das novas tecnologias para o ensino e aprendizagem de matemática, para não mencionar a possibilidade de que essa introdução gere por si só novos problemas de compreensão e raciocínio. (COELHO, MACHADO, MARANHÃO, 2003, p.2)

    Na descrição de seu projeto, o GPEA ainda aponta o que revelam as

    pesquisas sobre a educação algébrica e a incorporação de tecnologias:

  • 28

    A revolução tecnológica proporciona ricos elementos para ensinar e oferece novas possibilidades para a aprendizagem. Existem hoje computadores e calculadoras, acessíveis a estudantes, que realizam cálculos simbólicos, o que devem provocar mudanças de longo alcance nos currículos de matemática – em especial o de álgebra- e no seu ensino. (COELHO, MACHADO, MARANHÃO, 2003, p.4)

    Foi utilizada a Análise de Conteúdo de Bardin (1991) como referencial

    metodológico por se tratar de um veículo de comunicação em massa, ou seja, para

    toda Rede Estadual de Ensino.

    Após os primeiros estudos sobre referências teóricas de diversos autores no

    decorrer do curso, optamos pelas ideias de Dreyfus (1991) sobre o desenvolvimento

    da compreensão de um contexto na mente do aluno intitulado como Pensamento

    Matemático Avançado que indicaremos como PMA.

    A incorporação da calculadora como recurso didático na resolução de

    situações-problema torna-se relevante, devido às potencialidades cognitivas que

    podem ser desenvolvidas no aluno, no processo de aprendizagem, mediante seu

    uso: agilidade na realização dos cálculos, verificação de acertos ou erros, criação de

    estratégias para a resolução, conjecturas, experiência e investigação, uma vez que

    se explorará o contexto no qual a situação está envolvida e não somente na técnica.

    Pensando ainda no desenvolvimento cognitivo a partir da resolução de

    problemas, buscamos vislumbrar nas Situações de Aprendizagem propostas no

    Caderno do Professor de acordo com as orientações dada a seguinte questão de

    pesquisa:

    Que Situações de Aprendizagem, para as quais se sugere a inserção da

    calculadora no Caderno do Professor, podem promover no aluno desenvolvimento

    do Pensamento Matemático Avançado?

  • 29

    CAPÍTULO 2

    REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

    Neste capítulo apresentamos as ideias teórico-metodológicas, que

    fundamentam esta investigação.

    2.1 O Pensamento Matemático Avançado

    Para Dreyfus (1991), a forma sob a qual pode ser concebida a compreensão

    na mente do aluno, é estruturada em uma sequência de atividades, na qual

    acontece a interação entre os processos mentais e suas componentes: representar,

    visualizar, generalizar, classificar, induzir, analisar, sintetizar, abstrair ou formalizar

    de maneira intrincada, para que se estabeleça a compreensão na aprendizagem.

    A interação entre essas diferentes componentes é denominada Pensamento

    Matemático Avançado e sinalizam a forma como ocorre esse processo da

    compreensão na mente do aluno, reunindo os aspectos psicológicos aos

    matemáticos. Entretanto, é necessária a inclusão de tópicos que permitam aos

    estudantes elevarem sua compreensão a um nível mais complexo de resolução, e

    que possibilitem, a partir da abstração, formalizar conceitos, associá-los a outros a

    partir de imagens mentais já abstraídas incluindo as diferentes formas de

    representações. Cada aluno apresenta diferentes representações mentais, quando

    pensa a respeito de um mesmo objeto matemático, cuja representação, por sua vez,

    gera uma imagem (símbolo, desenho, número, letra) que o aluno utiliza para agir

    com o mundo externo.

    No entender de Dreyfus (1991, p.36), quando um aluno desenvolve a

    capacidade de, conscientemente, fazer abstrações de situações matemáticas,

    alcança um nível mais alto do pensamento matemático. Como pré-requisito para que

    esta abstração aconteça, além do processo de representar, são necessárias a

    generalização e a síntese.

    Como um dos elementos do Pensamento Matemático Avançado, Dreyfus

    (1991) considera a reflexão sobre a prática. Esse elemento torna necessário que o

  • 30

    professor priorize, em sua atuação, ações que promovam e estimulem o

    desenvolvimento e o pensamento matemático que o aluno já possui, com situações

    que o encaminhem ao processo de descoberta de um conceito, e não apenas ao

    seu produto final.

    A maneira como os contextos algébricos são tratados no processo de ensino

    e aprendizagem, desde os primeiros anos escolares até o curso superior, pode

    estabelecer uma estrutura voltada a fragmentação do conhecimento matemático,

    como se houvesse uma separação entre os campos pertinentes à Matemática. O

    professor responsável pelo processo de transposição, de forma geral centraliza a

    sua prática na execução de programas delimitados, nos quais tenta abordá-los de

    maneira cronologicamente organizada. Essa abordagem é articulada a partir de

    aplicações na Matemática e em outras áreas do conhecimento, embasadas em

    teoremas, apresentados de maneira formal, pronta e inquestionável.

    Para o professor adepto desse tipo de prática, a vantagem na utilização do

    formalismo, focando-se somente no que for conveniente a uma turma dada, série ou

    curso, o levaria ao final do programa previsto. No entanto, entende-se que as ideias

    concebidas pela Matemática foram criadas a partir de necessidades

    socioeconômicas de vários povos, utilizando-se da intuição, imprecisões e com

    diferentes representações que não necessariamente por um número ou letra.

    [...] sabe-se muito bem que a matemática não foi criada em sua forma polida e acabada, mas por meio de tentativas e erro, por meio de afirmações parcialmente corretas (e parcialmente incorretas), por meio de formulações intuitivas nas quais foram intencionalmente introduzidos termos soltos e imprecisões por meio de desenhos que tentam apresentar visualmente partes presentes nas estruturas matemáticas sobre as quais se está pensando, por meio de mudanças dinâmicas feitas nesses desenhos, etc. (DREYFUS, 1991, p. 27)

    Para corroborar as concepções de Dreyfus, está nos PCNEF (1998, p. 19):

    No ensino da Matemática, destacam-se dois aspectos básicos: um consiste em

    relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas,

    figuras); outro consiste em relacionar essas representações com princípios e

    conceitos matemáticos.

    Dreyfus (1991) apresenta em Advanced Mathematical Thinking Processes

    considerações sobre a aplicação de problemas para alunos considerados bem

    preparados de um curso Cálculo, quanto à resolução de problemas que fugiam do

    padrão estabelecido pelo formalismo em que, surpreendentemente, nenhum dos

  • 31

    alunos respondeu a situação-problema de maneira totalmente correta: Encontrar, no

    mínimo, uma solução para a equação 4x3–x4 =30, ou explicar por que essas

    soluções não existem.

    Suas considerações indicam que a álgebra ensinada, está baseada na

    realização de inúmeros procedimentos padronizados, formalizados por intermédio de

    questões que envolvem repetições (rituais). Apesar de demonstrarem certo

    conhecimento matemático, esse não é suficiente para a resolução de problemas

    desconhecidos.

    Uma das ações que podem colaborar para o desencadeamento desse

    processo matemático é a resolução de problemas na construção de conceitos, pois

    exige que o aluno realize atitudes organizadas em relação ao que lhe é exposto, a

    partir da interpretação, estabelecendo em seu pensamento uma sequência de

    operações em busca da solução.

    [...] a maioria dos professores do Cálculo gostaria que seus alunos fossem capazes de responder perguntas como: Que condições são suficientes para garantir que a função f(x) = ax3 +bx2 +cx + d seja crescente em x = 0? E de começar imediatamente o procurar um erro quando veem um resultado que tem, obviamente, o sinal errado, como em 211

    1

    1

    1

    12 −=

    −=

    −−

    ∫ xd x

    x .

    (DREYFUS, 1991, p.28)

    A resolução de um problema, no entender de Tall (1991 apud DOMINGOS,

    2001, p.5), não deve basear-se numa teoria como técnica para resolução de

    exercícios e sim como uma atividade criativa, que inclua a formulação de

    conjecturas, proposta por uma sequência para testar atividades, modificando-as e

    redefinindo-as, até o momento em que será possível estabelecer uma prova, dado

    um teorema, transcendendo de um conceito geral para a demonstração formal.

    Segundo Ruthven (1989 apud DREYFUS, 1991, p.29) na inserção de uma

    proposta cuja abordagem pretendia ensinar métodos numéricos no laboratório de

    computação, partindo da tentativa-gráfica propiciada pela máquina em paralelo a

    uma construção analítica, revelou aos estudantes que a utilização da calculadora-

    -gráfica como recurso para a resolução desse tipo de cálculo serviu de aporte para

    que visualizassem sob o fenômeno de estudo, relações que desconheciam.

    Os computadores podem servir como ferramentas heurísticas para os matemáticos e estudantes de matemática de forma muito parecida como um microscópio serve o biólogo: se a ferramenta está direcionada para fenômenos interessantes e focalizado corretamente, ela pode mostrar um

  • 32

    quadro inesperado, muitas vezes visual, do fenômeno sob estudo, e isso leva a novas ideias, para o reconhecimento de relações antes desconhecidas. (DREYFUS, 1991, p.30)

    Com a utilização de recursos tecnológicos em sala, auxiliando na resolução

    de problemas, é provável que se alcance a apreensão de conceito em um número

    maior de alunos, pois eles facilitam a aquisição de diferentes tipos de representação

    para um mesmo conceito.

    Para tanto, é necessário que o professor seja conhecedor dos recursos que

    vai usar, para que possa fazê-lo adequadamente, bem como as componentes do

    Pensamento Matemático Avançado, para que seja possível vislumbrar o seu

    desenvolvimento nas atividades que irá propor.

    A generalização é a componente responsável pela transição dos casos

    particulares para um caso geral, em que o aluno pode expressar a formalização de

    um conceito, como na convergência de uma sucessão de números para a

    convergência da ideia de função, por exemplo, identificando-se a condição para n

    casos e estabelecendo o seu domínio de validação, isto é, para um grande número

    de casos.

    Generalizar é derivar ou induzir a partir de indicações que identificam pontos comuns, para expandir os domínios de validade. Então, a generalização ocorre quando é estabelecida a transição de casos particulares para um caso geral. (DREYFUS, 1991, p.35)

    Além da generalização, a síntese é outra componente do Pensamento

    Matemático Avançado responsável pela ascensão da abstração, na qual as

    estruturas mentais são construídas mais a partir de estruturas matemáticas, na

    busca do aluno pelas propriedades e relações, do que propriamente na definição do

    objeto matemático.

    É a síntese que proporciona ao aluno a combinação ou a composição das

    partes de um conceito, quando trabalhados de maneira isolada. Podemos citar como

    exemplo, no estudo das funções, ser necessário que os alunos saibam outros

    tópicos relacionados a esse contexto, como grandezas direta e inversamente

    proporcionais, estudo da imagem e domínio, por exemplo, para que, no momento em

    que lhe for solicitado o novo contexto, ocorra o reconhecimento desses tópicos

    anteriormente mencionados. Para tanto, é desejável que na prática em sala de aula,

    o professor proponha atividades que encaminhem o aluno a realizar o processo de

  • 33

    síntese, a fundir aspectos diferentes de um conceito em um mesmo domínio

    matemático ou em diferentes domínios.

    A representação tem um papel importante no desenvolvimento cognitivo do

    aluno, pois envolve a relação entre um símbolo e seu significado, ou seja, a imagem

    mental do sujeito sob um objeto matemático e a exposição de seu significado a partir

    da sua simbologia. A representação, segundo Dreyfus (1991, p.31), é a

    comunicação oral ou escrita sobre um conceito, na qual ocorre a interação entre a

    imagem mental (interno) e a sua utilização exterior. O modo com que cada sujeito

    realiza a representação é particular e pode exibir uma variação representativa

    quanto ao conceito estudado.

    Podemos ilustrar como exemplo, que o cálculo do perímetro de um retângulo

    cuja medida dos lados é a e b pode ser representado por um aluno nas formas

    P = 2x(a+b); ou P= 2a + 2b; ou P = a + a + b + b; ou ainda poderá utilizar-se de uma

    figura geométrica para expressar a sua ideia sobre este cálculo.

    Associada às representações mentais, a visualização descreve a imagem

    gerada dos conceitos matemáticos, ou seja, a materialização dos objetos para a

    obtenção dos quais se pode lançar mão de recursos, como por exemplo, um

    software para a representação de uma função, a calculadora para a representação

    do cálculo de um algoritmo, fórmulas para expressar a relação entre grandezas,

    assim como utilizar de todos os aparatos para representar um único conceito.

    Entretanto, é importante salientar que este processo deve estar diretamente

    relacionado à aquisição de conceitos.

    Em casos favoráveis, várias representações mentais para o mesmo conceito podem complementar um ao outro e eventualmente podem ser integradas em uma única representação do conceito. (DREYFUS, 1991, p.32, tradução nossa)1

    Para que a abordagem de conceitos matemáticos seja significativamente bem

    sucedida, é importante que estejam atreladas às suas diferentes representações

    mentais, para que se promova no aluno o domínio sobre os vários aspectos que a

    compõem, permitindo que eles as utilizem de acordo as situações--problema

    requeridas em sala ou não.

    1 In more favorable cases, several mental representations for the same concepty may complement each other and eventually may be integrated into single representation of that concept. (DREYFUS, 1991, p.32)

  • 34

    2.2 Metodologia

    2.2.1 Análise de Conteúdo

    Para a realização desta pesquisa utilizamos uma metodologia com

    características qualitativa do tipo documental, a Análise de Conteúdo definida por

    Bardin (1991).

    A investigação qualitativa possui expressões variadas, devido às diferentes

    utilizações. Bogdan e Biklen (1994, p.16) utilizam-se da expressão investigação

    qualitativa como um termo genérico que agrupa diversas estratégias de investigação

    que partilham determinadas características.

    As pesquisas qualitativas são caracteristicamente multimetodológicas, isto é, usam uma grande variedade de procedimentos e instrumentos de coleta de dados. Podemos dizer, entretanto, que observação (participante ou não), a entrevista em profundidade e a análise de documentos são os mais utilizados, embora possam ser contemplados por outras técnicas. (MAZZOTTI e GEWANDSNAJDER, 1999, p. 163)

    De acordo com Bardin (1991, p.28), a utilização da investigação de

    documentos, tem como propósito se desprender de um olhar ingênuo e de afastar-se

    da compreensão espontânea, tornando-se desconfiado,lutando contra as evidências.

    Tal atitude de “vigilância crítica” exige o rodeio metodológico e o emprego de

    técnicas de rupturas, ou seja, estabelecendo planos de investigação com a

    finalidade de dizer não à leitura simples do real.

    A abordagem de investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado com a ideia de que nada é trivial, que o mundo tem potencial para construir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo. (BOGDAN e BIKLEN, 1994, p. 49)

    Segundo Mazzotti e Gewandsnadjer:

    Considera-se como documento qualquer registro escrito pode ser usado como fonte de informação. [...] podem nos dizer muita coisa sobre os princípios e normas que regem o comportamento de um grupo [...] No caso da educação, livros didáticos, registros escolares, programas de curso, planos de aula, trabalho de alunos são muito utilizados. (1999, p 169)

  • 35

    Utilizar a Análise de Conteúdo como referencial metodológico significa

    afastar-se da compreensão espontânea. É preciso estar vigilante, ler além do real,

    buscar mais do que significados imediatos.

    Objetiva em seu método, a ultrapassagem da incerteza: Será que o que julgo ver, todos veem da mesma forma, ao ponto de ser generalizável? e o enriquecimento da leitura: a partir de uma leitura atenta pode-se evidenciar elementos suscetíveis a que não se tinha compreensão anteriormente. (BARDIN, 1991, p. 29)

    Tem-se, então, como característica dessa teoria, o rigor e a descoberta que

    prezam elementos que vão além do que é aparente. Segundo Bardin (1991), a

    Análise de Conteúdo deveria ser aplicada a qualquer tipo de comunicação, ou seja,

    como uma função heurística, instigando a descoberta, ou como uma função

    administradora da prova, isto é, a sua confirmação.

    Geralmente, as duas funções se complementam ao longo de uma análise,

    quando a investigação trata de algo pouco explorado, em que as problemáticas e as

    técnicas utilizadas estão ausentes. Quando se conhece a problemática, podem-se

    construir novos instrumentos que favoreçam novas interpretações, num crescimento

    progressivo, na qual as técnicas vão-se aprimorando continuamente. É um método

    empírico, dependente do que se pretende interpretar no objeto de estudo.

    2.2.2 Campo

    A Análise de Conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicação.

    Pode se apresentar uma série de instrumentos, ou um único deles, com

    características diferentes e adaptáveis aos diversos tipos de investigação de acordo

    com o objeto de estudo.

    De acordo com que pretendemos apresentar na pesquisa, a Análise de

    Conteúdo contempla o objeto quando o campo trata, segundo Bardin (1991) de

    desmascarar a axiologia subjacente aos manuais escolares, ou seja, aqueles

    provenientes do senso comum, os quais são utilizados como verdades

    inquestionáveis.

    Em última análise, qualquer comunicação, isto é, qualquer transporte de significações de um emissor para um receptor controlado ou não por este,

  • 36

    deveria poder ser escrito, decifrado pelas técnicas de análise de conteúdo. (BARDIN, 1991, p.32)

    A Análise de Conteúdo sistematiza-se por dois critérios:

    • O número de pessoas implicadas na comunicação (grupo restrito);

    • A natureza do código e do suporte da mensagem (linguística).

    Seu interesse não está na descrição do objeto e sim nas considerações que

    podem ser feitas após estudarmos o assunto a ser tratado, com o objetivo de inferir

    condições de produção nos textos, descobrindo, suscitando a partir da análise

    documental, de acordo com os vestígios deixados, de forma que se evidenciem

    quais as causas que conduziram a um determinado enunciado, e quais as

    consequências podem provocar. É a partir das evidências (vestígios) deixadas, que

    o analista terá condições de inferir sobre o objeto de análise.

    2.2.3 Inferência

    Segundo a definição de Bardin (1991), a Análise de Conteúdo é um conjunto

    de técnicas da análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e

    objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Seu interesse não está em

    descrever os conteúdos, e sim no que estes poderão ensinar após serem tratados,

    como, por exemplo, a classificação de um objeto em relação a outros. Isso posto, é

    necessário que, ao realizar uma análise, se coloque em evidência o documento que

    se pretende analisar.

    A análise de conteúdo possibilita que o leitor adquira informações

    suplementares, quando este quer debruçar-se mais sobre um texto, aprofundando-

    -se num foco central, apoiando-se nos elementos construtivos da comunicação,

    mensagem e seu veículo e os polos de inferência (emissor e receptor)

    • Emissor: é o produtor da mensagem.

    • Receptor: é um grupo de indivíduos para quem se direciona a

    mensagem com finalidade de ação ou adaptação desse material.

    • A mensagem: é o material, o ponto de partida e o indicador que

    possibilitará a análise. Canal, instrumento, objeto técnico de investigação.

    Para se limitar ao seu conteúdo é necessário revelar o que a leitura

  • 37

    evidencia, quais temas estão presentes no discurso, e se os mesmos estão

    ligados a outras estruturas de significações.

    2.2.4 A análise de Conteúdo e a Análise Documental

    O motivo da vinculação da Análise de Conteúdo à Análise Documental é por

    apresentarem analogias em algumas características. Assim, é importante confrontá-

    -las, para posteriormente diferenciá-las, explicitando a especificidade e o campo de

    ação.

    Para Bardin (1991), a Análise Documental é uma operação ou o conjunto de

    operações visando representar o conteúdo de um documento sob forma diferente da

    original, com a finalidade de facilitar num estado ulterior, sua conduta e

    referenciação. Assim, o tratamento da informação contida nessa análise busca

    transmiti-la, permitindo o fácil acesso para o observador, de maneira quantitativa,

    demonstrando maior pertinência nos aspectos qualitativos.

    A análise possibilita a um documento a condensação de sua forma original

    em resumos, abstract, recebendo um formato adequado para bancos de dados ou

    indexação por palavra-chave. Sendo assim, a realização desta análise se limita de

    acordo com a temática.

    Tabela 1: Características que diferenciam a Análise de Conteúdo da Análise Documental.

    Análise de Conteúdo Análise Documental

    Trabalha com mensagens. Trabalha com documentos.

    Análise categorial: técnicas da análise

    de conteúdo.

    Classificação – indexação.

    Manipulação de mensagens para

    evidenciar indicadores que permitam

    inferir sobre outra realidade que não a

    da mensagem.

    Representação condensada da

    informação, para consulta e

    armazenagem.

    Fonte: A autora

  • 38

    2.2.5 O Método

    O método de aplicação da Análise de Conteúdo se aplica em três polos

    cronológicos segundo Bardin (1991, p.95):

    • A pré-análise

    • A exploração do material;

    • O tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.

    2.2.5.1 A Pré-Análise

    É a fase de organização do que será analisado de modo que as ideias iniciais

    se tornem sistematizadas, conduzindo ao desenvolvimento analítico. Para que isso

    ocorra de maneira flexível, porém precisa, a fase de pré-análise divide-se em três

    etapas que, embora articuladas dependentemente, não transcorrem sempre da

    mesma forma: a escolha do documento; formulação da hipótese; e formulação dos

    objetivos. Este último levanta os indicadores para a fundamentação de uma

    interpretação final.

    A leitura flutuante é o primeiro contato com o documento, conhecendo o texto

    e deixando vir à tona as primeiras expressões e orientações. Lentamente essa

    leitura torna-se precisa, a partir da vinculação com outras teorias, com possíveis

    aplicações.

    A escolha dos documentos é determinada a priori. Seleciona-se uma série de

    documentos que possam fornecer informações sobre o problema levantado, o

    corpus.

    O corpus é o conjunto dos documentos tidos em conta para serem

    submetidos aos procedimentos analíticos. (BARDIN, 1991, p.96).

    A constituição do corpus implica escolha de regras:

    • Regra da exaustividade: utilizar todos os elementos que compõe este

    corpus. (p. 97)

    • Regra da representatividade: pode-se utilizar, tratar apenas de uma

    amostra, desde que seja possível, ou seja, haja representatividade

    suficiente. (p.97)

  • 39

    • Regra da homogeneidade: os documentos utilizados devem obedecer ao

    mesmo critério de escolha. (p.98)

    • Regra da pertinência: Os documentos que servirão como fonte de

    informação devem ser adequados, correspondendo aos objetivos da

    análise. (p.98)

    A formulação da hipótese dos objetivos é uma afirmação provisória que se

    propõe a confirmar ou não, baseada nos procedimentos da análise. Sua origem

    advém de nossa intuição, que fica suspensa até o momento da prova. Já o objetivo

    é o fim ao qual se propõe o quadro, em que os resultados serão utilizados.

    Quando uma hipótese é levantada significa que se está em busca da sua

    veracidade, querendo elucidar se a interpretação é sugerida pela análise a priori e

    pelo conhecimento que se possui sobre o objeto ou se está baseada nas primeiras

    leituras.

    2.2.5.2 A exploração do material

    Quando todas as fases da pré-análise são concluídas, administram-se

    sistematicamente as decisões tomadas. A exploração do material consiste nas

    operações de codificação, desconto ou enumeração.

    • Codificação

    Expressa a razão pela qual se e como se analisa. Por esse motivo, a hipótese

    precisa se enquadrar em uma técnica de um quadro teórico. Equivale à

    transformação de recorte, agregação de um dado bruto que possibilita uma

    descrição do conteúdo a ser analisado.

    • Enumeração

    Distinção entre a unidade de registro (o que se conta) e a regra de

    enumeração (como é contado).

    • Categorização

    É obrigatória para qualquer Análise de Conteúdo. Uma operação que

    classifica de acordo com a semelhança, utilizando um critério semântico, é um

    processo estruturalista composto por duas etapas:

  • 40

    • O inventário: isola os elementos;

    • A classificação: divide os elementos e impõe organização as mensagens.

    2.2.5.3 Tratamento dos resultados e interpretação

    Quando o analista tem à sua disposição resultados significativos e fiéis,

    podendo propor-se inferências e interpretações de acordo com os objetivos

    previstos. Posteriormente, servindo de base para uma nova análise, em que se

    buscarão novas dimensões.

    2.3 Procedimentos Metodológicos

    Nesta pesquisa quanto à Análise de Conteúdo, nos concentraremos nos três

    polos cronológicos (pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados e

    inferência e interpretação) definidos por Bardin (1991).

    De forma a atingir o objetivo desta pesquisa, que é investigar a inserção do

    uso da calculadora nas Situações de Aprendizagem propostas ao Ensino

    Fundamental II da Rede Pública do Estado de São Paulo, nos cadernos do

    Professor à luz do Pensamento Matemático Avançado, para a composição desta

    etapa da análise recorremos à sistematização das ideias iniciais, de maneira a

    organizar as fases de desenvolvimento das operações.

    Assim, foram selecionados e organizados os documentos que compõem o

    levantamento bibliográfico e que constituíram o corpus da pesquisa, isto é, que

    apresentassem relevância ao tema e que pudessem contribuir para a sua

    fundamentação, ou seja, os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino

    Fundamental II (1996), a Proposta Curricular de Matemática e suas Tecnologias da

    Rede Pública do Estado de São Paulo (2008), o Currículo de Matemática e suas

    Tecnologias da Rede Pública do Estado de São Paulo (2010), os Cadernos do

    Professor de Matemática da Rede Pública do Estado de São Paulo (2009), bem

    como pesquisas, cujo tema está relacionado à utilização da calculadora em sala de

    aula.

  • 41

    Para Bardin (1991, p.98), os documentos selecionados devem ser

    adequados, enquanto fonte de informação, de modo a corresponderem ao objetivo

    que suscita a análise.

    Segundo Holsti (1969 apud LÜDKE e ANDRÉ, p.41), o processo de análise

    de conteúdo tem início na decisão sobre a unidade de análise, no qual o

    pesquisador pode selecionar segmentos específicos para realizar a análise, como,

    por exemplo, uma expressão, a frequência com que uma palavra aparece no texto,

    um tópico, um tema ou um determinado item.

    A seguir, apresentamos algumas considerações observadas na leitura dos

    documentos oficiais, nos quais vislumbramos orientações sobre a inserção da

    calculadora na resolução das Situações de Aprendizagem do Caderno do Professor

    de Matemática, uma vez que, seu uso é previsto pelos Parâmetros Curriculares

    Nacionais do Ensino Fundamental II.

  • 42

    CAPÍTULO 3

    PRÉ-ANÁLISE DOCUMENTAL

    3.1 Levantamento Bibliográfico

    A implementação das aulas de Matemática, mediante a utilização das TIC –

    Tecnologia da Informação e Comunicação – é um desafio para o professor, pois

    exige dele não só o domínio sobre os conhecimentos relativos à técnica, ou seja, à

    parte operacional, mas também o domínio sobre a forma como esse recurso será

    adotado, de modo a contribuir para o desenvolvimento do processo de ensino e

    aprendizagem.

    [...] professores precisam desenvolver confiança no uso dessas tecnologias e uma atitude crítica em relação a elas. Precisam ser capazes de integra-las as finalidades e aos objetivos da matemática. (PONTE, OLIVEIRA e VARANDAS, 2003, p.23)

    A mudança na postura do professor é inevitável, pois não se pode retroceder

    a este avanço praticamente diário em todos os setores. Com o desenvolvimento

    histórico-social do homem, o volume de atividades que lhe são atribuídas

    aumentaram nos diversos setores, que exigiram que a educação se aproximasse

    dos aspectos éticos, comportamentais, emocionais e afins, com a finalidade de

    alcançar a democratização do ensino. Assim, a busca por instrumentos facilitadores

    para essas atribuições e funções ocorreu de maneira concomitante com seu

    desenvolvimento.

    A busca pela inserção dos novos recursos nas aulas torna-se necessária para

    que os alunos, bem como os professores, acompanhem a evolução e rompam com

    antigos paradigmas, como aulas com o enfoque tradicional, em que o professor atua

    como um transmissor de informações, centralizando em si o conhecimento.

    De acordo com Imbernón (2009, p.29), o conhecimento profissional do

    professor exerce uma influência sobre outros seres humanos e, portanto, não pode e

    nem deve ser uma profissão meramente técnica de “especialistas infalíveis” que

    transmitem unicamente seus conhecimentos acadêmicos.

  • 43

    A utilização adequada das TIC propicia ao professor a conduta de mediador,

    em que a insegurança quanto à utilização dos recursos já dominados pelos alunos

    não ocupem espaço. Para tanto, é necessário um investimento à formação

    continuada desse profissional, em relação à utilização das tecnologias, de forma que

    alie seu conhecimento técnico à prática, a fim de que a condução das aulas

    aconteça de maneira dinâmica.

    Para o levantamento bibliográfico, apresentamos algumas considerações

    sobre as leituras realizadas, que reforçam a investigação sobre o uso das TIC,

    especificamente a respeito da utilização da calculadora como um recurso

    pedagógico de aprendizagem, encontradas no banco de dissertações e teses da

    PUC-SP e da CAPES, além da literatura sugerida no grupo de pesquisa, como os

    trabalhos de Valverde (2007) e Borba e Selva (2010). Para a busca no site da

    CAPES utilizamos como palavras-chave ensino de matemática e calculadora, em

    que foram selecionadas as pesquisas de Rubio (2003), Melo, A. R. F. (2008), Melo,

    A. J. F., Nhoncance (2009) que tratavam dos níveis Fundamental e Médio da

    Educação Básica.

    Rubio (2003) descreve em seu trabalho as possibilidades e desafios da

    inserção da calculadora nas aulas de matemática, destinadas ao 5º ano do Ensino

    Fundamental, a partir da exploração de situações-problema envolvendo a adição e

    subtração com o conjunto dos números naturais.

    Considera a calculadora como recurso mobilizador na realização de tarefas

    exploratórias e de investigação e um instrumento de auto-avaliação, devido à sua

    capacidade de verificação de resultados