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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Otávio Brasil de Moraes Resumo de artigo de opinião na perspectiva dos estudos linguísticos da microestrutura e da macroestrutura textual Mestrado em Língua Portuguesa São Paulo 2017

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Otávio Brasil de Moraes

Resumo de artigo de opinião na perspectiva dos estudos linguísticos da microestrutura e da

macroestrutura textual

Mestrado em Língua Portuguesa

São Paulo

2017

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Otávio Brasil de Moraes

Resumo de artigo de opinião na perspectiva dos estudos linguísticos da microestrutura e da

macroestrutura textual

Mestrado em Língua Portuguesa

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Língua Portuguesa, sob orientação da Profa. Dra. Mercedes Fátima de Canha Crescitelli.

São Paulo 2017

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Banca Examinadora

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

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À Juliana Brasil, minha esposa amada e

companheira há dez anos.

E à nossa filha querida, Giovana,

fonte de inspiração e felicidade.

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AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, pela bolsa de estudos

fundamental durante todo o período de mestrado em São Paulo.

À Secretaria Municipal de Ensino de Manaus (SEMED), que de forma bastante flexível

investiu em meu trabalho e nele acreditou.

Á Secretaria Estadual de Educação do Amazonas (SEDUC) que, em meio às dificuldades

enfrentadas, me permitiu ser persistente e perseverante.

A Deus, por ter me permitido chegar até o fim desta realização. Toda honra toda glória sejam

dadas a Ele, autor da vida.

Aos meus amados pais, Otávio Pereira e Francisca Elizeuda Brasil (in memorian), por me

ensinarem os valores mais importantes da vida: ser feliz, ser honesto, respeitar o próximo,

trabalhar e estudar.

À minha esposa, Juliana querida, pela paciência e serenidade que teve durante minhas estadias

em São Paulo e por sempre me incentivar a lutar pelos meus sonhos e objetivos.

Aos meus irmãos “Brasil de Moraes”, que, mesmo em meio às muitas adversidades cotidianas,

sempre me incentivaram a estudar e a trabalhar desde cedo.

Aos meus amigos Sansão e Erenilce Sena, fundamentais por terem auxiliado muito minha

esposa e filha nos inúmeros momentos e períodos longos de minha ausência do lar.

Aos professores mestres e doutores que tive na graduação, na especialização e muito

especialmente no mestrado na PUC-SP. Destaco entre eles a Profa.Dra. Jeni Turazza (in memorian) que tornou o peso da caminhada mais ameno com seus conselhos e orientações.

Aos meus amigos professores, gestores, pedagogos e demais profissionais da rede pública

municipal de Manaus e da rede estadual de ensino do Amazonas

À colega Luana Ferraz, doutoranda no Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua

Portuguesa, pela fundamental colaboração na reta final deste trabalho, e à Rosana Galdino,

Dinalva Cazzolatto e Lurdes Scaglione, colegas que descobri na PUC e que sempre estiveram

muito disponíveis para me ajudar.

E à minha querida orientadora, Profa. Dra. Mercedes Fátima de Canha Crescitelli, a quem

sempre serei grato pelas orientações, paciência, compreensão, dedicação, lucidez e pela forma

reflexiva e flexiva com que me auxiliou e me orientou até o estágio final deste estudo.

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Cada livro, peça ou poema que lemos é esse lago. Neles encontramos e admiramos nada mais que nós mesmos.

À medida que mudamos, a imagem do lago muda também. Então, admiramos na releitura do texto

a redescoberta de nós mesmos.

Steven Roger Fischer

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RESUMO

Nesta dissertação, temos como objetivo geral propor a utilização das noções de

micro e macroestruturas para a produção de resumos de artigos de opinião. Ao

longo da pesquisa, desenvolvida junto aos discentes do ensino médio de uma

escola estadual da cidade de Manaus, destacamos diferenças significativas entre

os resumos produzidos de forma “tradicional” e aqueles produzidos segundo a

nossa proposta. Para tanto, tomamos como base teórica a Linguística Textual das

gramáticas de texto, sobretudo a proposta de van Dijk (1996). Consideramos

também o conceito de texto desenvolvido durante as décadas de 1970 e 1980 por

van Dijk e Kinstch. Ademais, destacamos trabalhos mais recentes que tratam da

produção de resumos de textos segundo a perspectiva desses estudos, tais como

Marquesi (2004), Leite (2006), Delphino (1991) e Machado (2004).

Metodologicamente, a pesquisa se desenvolveu da seguinte forma: inicialmente,

na primeira aula, solicitamos aos alunos que produzissem um resumo de um artigo

de opinião, obedecendo à perspectiva tradicional de ensino de produção de

resumo, na qual de modo geral se enfatiza apenas a identificação das ideias

principais do texto; na segunda aula, trabalhamos os conceitos de micro e

macroestruturas para a produção de textos-resumo e, na terceira aula, solicitamos

aos discentes que produzissem um segundo resumo, no caso considerando a

utilização das noções de micro e macroestrutura. Após essa etapa, analisamos

vinte e oito resumos produzidos por 14 alunos, o que nos permitiu verificar os

pontos positivos da proposta que considera o trabalho com as macroestruturas

textuais. No capítulo de análise, apresentamos a título de exemplificação a análise

de 6 (seis) resumos escolhidos entre os 28 analisados, sendo 3 (três) elaborados

segundo a perspectiva tradicional de ensino de produção de resumo e 3 (três)

elaborados pelo viés micro/ macroestrutura. Em seguida, discutimos os resultados

que sinalizaram claramente as contribuições da perspectiva que considera os

estudos de micro e macroestrutura textual para a produção de resumos.

Palavras-chave: Gramática de Texto. Macro e microestrutura. Resumo. Artigo de

opinião. Ensino Médio.

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ABSTRACT

In this dissertation, our general objective is to propose the usage of the notions of

microstructures and macrostructures in the production of summaries of opinion

articles. Throughout the research, developed together with students of a

secondary school in the city of Manaus, we have highlighted significant differences

between summaries produced in the “traditional” manner and those produced

according to our proposal. Our theoretical framework is Textual Linguistics of text

grammars, especially the proposal by Van Dijk (1996). We have also considered

the concept of text developed in the 1970’s and 80’s by Van Dijk and Kinstch.

Moreover, we have highlighted more recent studies, such as Marquesi (2004),

Delphino (1991) and Machado (2004). Methodologically, the research was

developed as follows: initially, in the first class, we requested that students

produced an abstract of an opinion article following the traditional perspective in

teaching how to produce summaries, in which it is generally emphasized only the

selection of the main ideas in a text. In the second class, we discussed the

concepts of microstructures and macrostructures for the production of summaries,

and, in the third class, we requested that students produced a second summary

using those notions. We then analyzed twenty-eight summaries produced by 14

students, which allowed us to verify positive contributions from the proposal of

working with textual macrostructures. The data analysis chapter contains as

examples 6 summaries chosen among the 28 that were analyzed, of which 3

(three) were written with the traditional perspective and the other 3 (three) were

written in the framework of microstructures and macrostructures. After, we discuss

the results, which clearly point out the contributions of the studies of textual

microstructures and macrostructures to the production of summaries.

Keywords: Text Grammar. Microstructures and macrostructures. Summary.

Opinion article. Secondary education.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Resumo do Aluno X – Perspectiva Tradicional......................... 17

Figura 2 – Resumo do Aluno Y – Perspectiva Tradicional......................... 18

Figura 3 – Resumo do Aluno Z – Perspectiva Tradicional......................... 18

Figura 4 – Resumo do Aluno X – Viés da Micro/ Macroestrutura .............. 20

Figura 5 – Resumo do Aluno Y – Viés da Micro/ Macroestrutura .............. 20

Figura 6 – Resumo do Aluno Z – Viés da Micro/ Macroestrutura ............. 20

Figura 7 – Diagrama arbóreo ..................................................................... 48

Figura 8 – Resumo do Aluno X – Perspectiva Tradicional......................... 73

Figura 9 – Resumo do Aluno X – Viés da Micro/ Macroestrutura ............. 75

Figura 10 – Resumo do Aluno Y – Perspectiva Tradicional........................ 77

Figura 11 – Resumo do Aluno Y – Viés da Micro/ Macroestrutura ............ 79

Figura 12 – Resumo do Aluno Z – Perspectiva Tradicional........................ 81

Figura 13 – Resumo do Aluno Z – Viés da Micro/ Macroestrutura ............ 83

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 10

1. CONTEXTO METODOLÓGICO DA PESQUISA

15

1.1 Modelos de produção de resumo ...................................................... 16

1.2 Artigo de opinião: algumas características ....................................... 21

1.3 Metodologia e procedimentos metodológicos................................... 23

1.4 Instrumento de pesquisa utilizado para a constituição do corpus......

26

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................. 29

2.1 Gramáticas de texto ......................................................................... 30

2.2 Conceito de Texto da 2ª fase da LT................................................. 36

2.3 Microestrutura e macroestrutura textual .......................................... 38

2.4 Processo de sumarização em outros autores .................................. 52

3. PRODUÇÃO DE RESUMO E ANÁLISE DO CORPUS.......................... 57

3.1 Produção de resumos............ ........................................ .................. 58

3.2 Análise das respostas ao questionário .......................... ............ ...... 69

3.2.1 Seleção de microestruturas .................................................... 69

3.2.2 Construção de macroproposições .......................................... 69

3.2.3 Formação de macroestrutura textual ...................................... 70

3.3 Análise dos resumos produzidos pelos alunos ................................. 71

CONCLUSÃO ............................................................................................. 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 90

ANEXOS ..................................................................................................... 93

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INTRODUÇÃO

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Uma das inquietações que nos motivaram a desenvolver esta pesquisa

ganharam força na disciplina Tópicos de Linguística Textual, ministrada pela

Professora Dra. Sueli Cristina Marquesi, no Programa de Estudos Pós-Graduados

em Língua Portuguesa da PUC-SP. Nela, foram trabalhadas entre outras questões

as noções de microestrutura e macroestrutura textual em van Dijk (1996) e sua

aplicação em artigos de opinião.

Em uma das aulas, a professora solicitou aos alunos que identificassem as

microestruturas e construíssem as macroproposições de um artigo de opinião

selecionado da Folha de S. Paulo, a fim de que pudessem construir a mensagem

global do texto. Tratava-se de uma atividade aparentemente fácil.

Ocorre que, ao tentar identificar as estruturas e compreender a mensagem

global do texto utilizando os conceitos de microestrutura e macroestrutura,

compreendemos que a tarefa era muito mais complexa do que supúnhamos.

Acostumados com um ensino de resumo de texto em que somente deveríamos nos

preocupar em “sublinhar ideias principais”, não sabíamos como empreender a

redução das informações ou como relacioná-las na construção da macroestrutura.

Por consequência, enfrentamos obstáculos para identificar o conjunto de

ideias que formava o artigo e a mensagem global do texto. Não podendo construir

adequadamente a macroestrutura do texto, não conseguimos entender o tema de

que o artigo de opinião tratava.

Mas, após compreendermos as noções de microestrutura e macroestrutura

textual, conseguimos depreender a (s) relação (ões) entre as microestruturas e a

macroestrutura textual do artigo que estávamos lendo, isso porque pudemos, antes,

identificar as microestruturas, reconstruir as macroproposições e formar a

macroestrutura, o resumo do texto. Assim, passamos a entender a mensagem

global do artigo.

As dificuldades que tivemos em entender a mensagem global, mesmo após

termos sublinhando as informações principais do artigo, levaram-nos a pensar na

forma como tem sido trabalhada em sala de aula a modalidade resumo de artigos

de opinião, principalmente com os alunos do ensino médio.

Neste trabalho, vinculado à linha de pesquisa Leitura, escrita e ensino de

Língua Portuguesa, do Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua

Portuguesa da PUC-SP, pretendemos oferecer uma alternativa para a produção de

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resumos de artigos de opinião no ensino médio. Assim, temos como objetivo geral

apresentar e discutir uma proposta para a produção de resumos de artigo de

opinião na qual sejam consideradas as microestruturas e as macroestruturas do

texto-fonte para melhorar a compreensão do processo de produção de resumos em

sala de aula e qualificar a própria produção de resumos.

Desse modo, pretendemos mostrar que a utilização das noções de macro e

microestrutura é uma alternativa importante e relevante para o ensino da produção

de resumos, uma vez que a compreensão da hierarquia de enunciados parece

facilitar a identificação das ideias principais do texto-fonte, bem como a sua

reconstrução e organização na superfície textual do resumo.

Para isso, assumimos como fundamentação teórica a gramática de texto de

van Dijk (1983, 1996), especialmente no que diz respeito aos estudos sobre micro

e macroestrutura textual na produção de resumos.

Ao falarmos em gramática de texto, referimo-nos à Segunda Fase da

Linguística Textual (LT), na qual o texto é considerado objeto primário de estudo e

são investigadas as estruturas profundas e as estruturas de superfície que

possibilitam a compreensão e a produção dos textos, bem como a coerência

sintático-semântica das sequências de frases ou proposições da superfície textual

(VAN DIJK, 1996).

O gênero artigo de opinião é predominantemente argumentativo. Ele possui

uma das tipologias mais abordadas nas aulas de leitura e produção de textos e uma

das mais exigidas em importantes exames do país, tais como concursos públicos,

vestibulares e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). No entanto,

observamos atualmente, a respeito do ensino desse gênero na educação básica, o

predomínio de um estilo conservador que envolve o uso de uma metodologia de

perguntas e respostas pré-definidas, de questionários pré-elaborados, além de

outras práticas consideradas tradicionais e nem sempre produtivas.

Esse é um cenário que, a nosso ver, dificulta ainda mais a produção de

resumos de artigos de opinião de boa qualidade, já prejudicada por uma

metodologia de ensino de elaboração de resumos que permanece focada apenas

na identificação das ideias principais do texto lido.

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Nossa intenção é viabilizar que os alunos – dominando o processo de

construção da estrutura semântica global, isto é, da macroestrutura de artigos de

opinião – produzam resumos mais bem elaborados, mais objetivos e concisos.

Valemo-nos, nesta pesquisa, de pressupostos teóricos da LT, em especial,

daqueles da segunda fase da disciplina. Recorremos, assim, às obras de van Dijk

(1996) e de van Dijk e Kintsch (1983), nas quais são estabelecidas as noções de

macroestrutura textual e de microestrutura textual e a forma como esses conceitos

podem ser operacionalizados para explicar a construção das relações de sentido

no interior do texto e, por conseguinte, a construção do resumo.

Nossa hipótese inicial é a de que o estudo das micro e macroestruturas

fornece aos alunos subsídios para a elaboração de resumos mais delimitados e

organizados dos artigos de opinião, uma vez que essa teoria oferece recursos para

a seleção, generalização e construção das ideias mais importantes do texto,

levando em conta as estruturas ou partes do texto lido, o que difere da metodologia

atualmente aplicada na maior parte das escolas, em que o professor somente

solicita que os estudantes grifem ou sublinhem as ideias principais do texto para a

produção do resumo.

Quanto à estrutura, esta dissertação está organizada em três capítulos, além

desta introdução: contexto da pesquisa, fundamentação teórica, produção de

resumos e análise do corpus.

No primeiro, delineamos o contexto da pesquisa, inicialmente expondo, em

linhas gerais, dois modelos de produção de resumos (na perspectiva tradicional e

pelo viés da micro e macroestrutura textual), procurando revelar contribuições que,

a nosso ver, podem ser dadas pelo modelo de produção em que se consideram os

estudos das micro e macroestruturas textuais. Depois, mais brevemente,

apresentamos as características principais do artigo de opinião. Por fim, com um

detalhamento mais consistente, tratamos dos procedimentos metodológicos

adotados e da constituição do nosso corpus.

Já no segundo capítulo, apresentamos a fundamentação teórica que norteia

nosso estudo: discorremos sobre os estudos da gramática de texto, elencamos

conceitos de texto da segunda fase da LT e procuramos aprofundar nossas

reflexões sobre microestrutura e macroestrutura textual. Além disso, abordamos a

elaboração de resumo pelo viés da macroestrutura textual e da microestrutura

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como proposto em uma pesquisa de mestrado e em dois livros didáticos voltados

para o ensino superior com foco na sumarização de textos.

O capítulo 3 é iniciado com a apresentação de dois resumos por nós

elaborados de acordo com as noções de micro e macroestruturas de van Dijk.

Depois, analisamos resumos produzidos pelos alunos, nas duas perspectivas: três

em cada. Ainda nesse capítulo, expomos os avanços e as dificuldades encontradas

pelos discentes no que diz respeito à seleção e à construção das ideias principais

e à sua organização na superestrutura dos resumos.

Seguem, por fim, as conclusões a que chegamos.

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CAPÍTULO 1

CONTEXTO METODOLÓGICO DA PESQUISA

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Iniciamos este capítulo apresentando o que estamos considerando como

dois modelos de produção de resumos: o primeiro, que denominamos Resumo na

perspectiva tradicional, cujas características procuramos apresentar a seguir, mas

que basicamente tem sido a forma de resumo trabalhada nas salas de aula do

ensino regular e o segundo, que se baseia nos estudos de van Dijk (1996) sobre as

microestruturas e as macroestruturas textuais, o qual nomeamos como Resumo

pelo viés da micro e macroestrutura. Esse último modelo é o nosso foco e é por nós

compreendido como alternativa importante ao modelo tradicional de abordagem de

resumo na escola.

Passamos, depois, ainda que brevemente, a tratar do gênero artigo de

opinião e suas características, a fim de compreendermos melhor os textos-fonte

(ART 1 e ART 2) que foram resumidos pelos alunos, e finalizamos o capítulo

detalhando a metodologia da pesquisa e, principalmene, os procedimentos

metodológicos adotados bem como a forma de constituição do corpus

1.1 MODELOS DE PRODUÇÃO DE RESUMO

Resumo na perspectiva tradicional

No trabalho com a produção de resumos em sala de aula, predomina de

forma geral uma perspectiva tradicional: nas aulas que ministramos e presenciamos

em nossos 15 anos de trabalho docente no ensino fundamental e médio, deparamo-

nos inúmeras vezes com a ideia de que, grifando, sublinhando as ideias principais

de um texto, obtém-se um resumo de qualidade.

A nosso ver, a distância entre o que acreditamos ser necessário para a

produção de um bom resumo e a prática que observamos nas salas de aula –

inclusive a nossa – causa o desinteresse dos alunos, já que torna as aulas de língua

portuguesa de produção de resumos pouco atrativas e nada produtivas.

Nessa abordagem, solicita-se que os alunos grifem ou sublinhem as ideias

principais do texto lido, sem questioná-las ou reconstruí-las no resumo, sem que se

aborde a forma como podemos localizar as ideias principais do texto.

Paradoxalmente, embora seja esperada a produção de um resumo de qualidade,

ao longo do processo não são fornecidas aos discentes quaisquer dicas, instruções

ou estratégias para essa produção textual.

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Um dos motivos para o desinteresse pelo tema e para a ineficácia dos alunos

na produção do gênero resumo está relacionado ao próprio sistema de ensino,

segundo afirma Machado (2004, p. 13), a qual entende que “existe uma falta no

sistema no que diz respeito ao ensino desse gênero resumo, que seja adequado

ou orientado por um bom material didático”.

E ela garante que os alunos geralmente são cobrados por aquilo que não

lhes é ensinado: eles têm de aprender sozinhos, intuitivamente e com muito esforço

todos os procedimentos para a realização da tarefa de resumir textos.

Também sobre a produção de resumos, Souza e Silva (1985, apud

PINHEIRO, 2008, p. 51) afirma que o processo é muito complexo. Vejamos:

as decisões envolvidas na atividade de redução da informação perpassam o processo de escrita como um todo, implicando um conjunto mais amplo de escolhas em nível de planejamento, tradução e revisão, que vão além do tipo de tarefa (resumo com o texto-fonte presente) e da escolaridade do aluno. O sujeito não domina as regras do funcionamento textual, as quais exigem abstração de informação para a construção de macroproposições semânticas, porque também não domina todas as exigências das etapas de produção do texto.

Com a constatação da predominância da forma tradicional nas aulas de

produção de resumos, consideramos relevante e pertinente avaliar textos

produzidos segundo essa perspectiva. Assim, selecionamos três resumos, a seguir

apresentados como as Figuras 1, 2 e 3, os quais foram elaborados na perspectiva

tradicional, respectivamente, pelos Alunos X, Y e Z de uma escola estadual de

ensino médio de Manaus.

A análise desses resumos é realizada no capítulo 3.

Figura 1 – Resumo do Aluno X – Perspectiva Tradicional

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Figura 2 - Resumo do Aluno Y – Perspectiva Tradicional

Figura 3 - Resumo do Aluno Z – Perspectiva Tradicional

Esses três resumos foram selecionados para terem a sua análise

apresentada no capítulo 3. Todavia, percebemos que o desempenho está bem

abaixo do esperado para esse tipo de produção, o que nos revela a baixa eficiência

da abordagem tradicional, na qual se baseia a maior parte dos docentes.

Sendo assim, consideramos importante que os professores, conscientes de

que resumir textos não é uma tarefa fácil, busquem alternativas ou estratégias que

ajudem os alunos no desenvolvimento de uma produção textual mais exitosa.

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Resumo pelo viés da micro e da macroestrutura textual

A fim de trabalhar com a produção de resumos que entendermos ser mais

profícua, propomos, nesta pesquisa, utilizar conceitos diferentes dos que costumam

ser aplicados regularmente nas aulas de produção de textos-resumo da educação

básica.

Segundo a perspectiva que defendemos neste trabalho, a produção

adequada de um resumo de um artigo de opinião ou de outro texto exige que o

leitor-resumidor selecione as ideias principais do texto, mas o faça considerando o

paralelismo semântico entre elas, e as reconstrua no texto-resumo, organizando-

as de forma objetiva e concisa.

Para o desenvolvimento de estratégias eficientes de produção de resumos

de artigos de opinião, recorremos ao trabalho com as noções de microestrutura e

macroestrutura textual, de van Dijk (1996).

O domínio do conceito de microestrutura possibilita aos alunos selecionar as

ideias mais importantes do texto, materializadas nas expressões, palavras,

períodos simples ou compostos da superfície textual. E a identificação das

microestruturas pelos alunos, por sua vez, enseja a construção das

macroproposições (Macp) – que correspondem às ideias mais importantes dos

parágrafos.

A construção dessas macroproposições se dá pela aplicação das

macrorregas 1 de redução da informação, tema detalhadamente retomado no

próximo capítulo. Na sequência do processo de compreensão, pode-se chegar,

enfim, ao conjunto de macroproposições que compõem a macroestrutura (resumo,

mensagem global do texto).

Para dar seguimento à nossa investigação, selecionamos três resumos entre

os que foram produzidos pelos discentes seguindo a aplicação das noções de micro

e macroestruturas. Os resumos selecionados elaborados pelos alunos X, Y e Z,

1 Macrorregras: regras de redução das informações mais importantes de um texto. Podem ser de supressão,

de generalização e de construção. Na primeira, suprime-se toda informação desnecessária, irrelevante para o resto do texto, como, por exemplo, os detalhes locais da oração. Na segunda, podemos resumir uma sequência de elementos de uma oração em apenas uma oração simples. Na última, de forma mais abstrata, intuitiva, reconstrói-se toda uma sequência de orações em apenas uma mais geral que as englobe (VAN DIJK, 1990, p. 56).

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são apresentados a seguir, nas Figuras 4, 5 e 6. A análise deles será apresentada

no capítulo 3.

Figura 4 - Resumo do Aluno X – Viés Micro/ Macroestrutura Textual

Figura 5 - Resumo do Aluno Y – Viés Micro/ Macroestrutura Textual

Figura 6 - Resumo do Aluno Z – Viés Micro/ Macroestrutura Textual

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Por meio deles, avaliamos no capítulo 3 se, de fato, o uso das noções de

macro e microestrutura é mais útil para a produção de resumos bem elaborados do

que as estratégias fornecidas na forma tradicional de abordagem da produção de

resumo em sala de aula.

Para finalizarmos nosso capítulo de contextualização da pesquisa e

constituição do corpus, dedicamos a próxima seção ao artigo de opinião e a

algumas de suas características, a fim de compreendermos melhor os textos-fonte

que foram resumidos pelos discentes nas aulas.

1.2 ARTIGO DE OPINIÃO: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS

Optamos por trabalhar com o artigo de opinião por este ser um gênero

predominantemente com tipologia argumentativa – amplamente exigida em

exames, tais como o ENEM, a Prova Brasil e outros concursos e avaliações do

país.

Segundo Travaglia (2007), o artigo de opinião caracteriza-se por possuir uma

estrutura predominantemente argumentativa, na qual o locutor-produtor busca

convencer ou persuadir o leitor-ouvinte de sua posição em relação aos temas de

determinada cultura ou sociedade por meio de argumentos bem fundamentados.

Trata-se de um gênero textual de ampla circulação, principalmente em

jornais – veículo que congrega gêneros relacionados, de alguma forma, à

informação e ao entretenimento –, geralmente elaborado por especialistas de áreas

específicas, os quais são convocados ou contratados pelo jornal para escrever

matérias de provável interesse público. Normalmente, a especificação da

especialidade do autor aparece nesse gênero, seja no fim do texto, em seu início

ou em parágrafo centralizado. Desse modo, enfatiza-se uma das informações da

macroestrutura na superfície textual.

Os temas tratados nos artigos de opinião são, de modo geral, polêmicos e

direcionados a um público mais instruído. Os seus objetivos, nesse caso, estão

relacionados ao convencimento e à mudança de atitude do leitor, o que deriva da

reflexão acerca do tema tratado no artigo e da assimilação de novos valores pelo

(s) interlocutor (es).

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De acordo com Travaglia (2007, p. 4), o gênero artigo de opinião possui uma

forma de organização textual que atende a esses objetivos, ou seja, apresenta, em

sua superestrutura 2 , um esquema global de organização, que permite o

convencimento ou a persuasão do seu ouvinte/ leitor. Esse modo de organização é

denominado pelo autor dimensão esquemática global do tipo argumentativo.

Nos gêneros com predominância de tipologia argumentativa, categorias

como tese, justificativa e conclusão nos dão bons exemplos dessa organização,

assim como as manchetes grafadas em fontes maiores e os resumos no centro ou

no início das notícias, utilizados com o intuito de destacar algumas das ideias macro

do texto, como, por exemplo, as macroproposições organizadas na composição do

enredo, do ambiente, do tempo, entre outros elementos do texto narrativo (VAN

DIJK, 1990, p. 55).

Travaglia (1991, 2007) acredita que a tipologia argumentativa materializada

nos artigos de opinião pode ser considerada, por sua complexidade, o ápice da

argumentação. Ao reunir, na superfície desse gênero, argumentos e fragmentos de

discursos com o intuito de persuadir o leitor, o produtor do artigo de opinião recorre

a diferentes categorias de base ou dimensões esquemáticas globais. Dessa forma,

embora possam ocorrer, na superestrutura de um artigo de opinião, categorias

típicas do tipo descritivo ou narrativo, o predomínio sempre é das categorias

associadas ao tipo argumentativo.

Tal composição do gênero artigo de opinião (constituída pelos três principais

tipos textuais: argumentativo, descritivo e narrativo) dá a ele marcas tipológicas

distintas: esse gênero pode ser reconhecido não apenas por suas categorias

superestruturais, mas principalmente por suas características linguístico-

discursivas.

O tipo argumentativo se caracteriza linguisticamente pela natureza de suas

proposições e das relações estabelecidas entre elas (são especialmente

abundantes as relações de condicionalidade, de causa/ consequência, de oposição

ou contrajunção, de adição ou conjunção, de disjunção, de especificação, de

exemplificação, de ampliação e de comprovação), bem como pelo grande número

de conectores aditivos, consecutivos, explicativos etc.. Além disso, é de se notar

que, nesse gênero, o tempo presente não aparece marcado, já que a intenção do

2 A superestrutura pode ser compreendida como a composição formal de um gênero textual. Para mais informações sobre esse conceito, cf. van Dijk (1996) e Travaglia (1991, 2007).

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produtor é a construção de um texto atemporal, que apresente uma “verdade

eterna” (TRAVAGLIA, 1991, p. 58).

No que se refere aos objetivos do tipo textual argumentativo, predominante

no gênero artigo de opinião, o autor afirma:

[o] tipo textual argumentativo ‘stricto sensu’ artigo de opinião busca fazer uma reflexão, explicar, avaliar, conceituar, expor ideias, a fim de dar a conhecer, isto é, para se saber fazer, associando-as a uma análise e a uma síntese de representações´ (TRAVAGLIA, 1991, p. 60).

Consideramos que o propósito comunicativo do artigo de opinião também o

torna um gênero adequado para o desenvolvimento de nossa pesquisa, já que o

questionamento da realidade e a transmissão de valores sociais e culturais

relacionados à leitura e produção desse gênero favorecem a formação ética e o

desenvolvimento do pensamento crítico e flexível preconizados pelos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs) para os alunos do ensino médio.

1.3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Metodologicamente, esta pesquisa é do tipo bibliográfico e experimental.

Quanto aos procedimentos metodológicos, na fase da pesquisa que foi

desenvolvida na escola, com os alunos, propusemos um trabalho que contou com

duas etapas, descritas a seguir.

Etapa 1 – Produção de resumo do texto-fonte ART 1 (Nova chance) na

perspectiva tradicional

A etapa 1 teve a duração de uma aula (1 hora e 30 minutos). Nessa aula, a

primeira que ministramos aos alunos, tratamos do enfoque dado geralmente ao

resumo na perspectiva tradicional de ensino da produção de resumos. Explicamos

aos discentes que o resumo é, de forma geral, abordado nas aulas de redação

ministradas segundo a perspectiva que considera apenas a seleção das ideias

principais do texto-fonte, sem ao menos se cogitar como se depreendem tais ideias

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principais do texto-fonte ou sem qualquer menção à necessidade de supressão e

reconstrução de informações.

Também abordamos as características do artigo de opinião, suas categorias

e seu propósito comunicativo. Além disso, discutimos brevemente o conceito de

resumo e perguntamos aos alunos o que eles sabiam sobre esse assunto, com

base nas suas experiências anteriores nas aulas de Língua Portuguesa.

Na sequência, solicitamos que os alunos lessem o ART 1, Nova Chance, de

Luiz Castro, selecionado do jornal Dez Minutos, de Manaus e elaborassem um

resumo dele, conforme seus conhecimentos prévios sobre a atividade de resumir.

A escolha desse artigo de opinião deveu-se à sua menor extensão, quando

comparados aos artigos dos outros jornais investigados. Intentamos, com essa

escolha, tornar as aulas mais produtivas, na medida em que a curta extensão dos

artigos facilitaria, a priori, a execução dos resumos.

Essa atividade é contemplada na Parte 1 do instrumento de pesquisa

apresentado na sequência neste mesmo capítulo, o qual utilizamos para a

constituição do corpus. Procurando suprir possíveis falhas no repertório dos alunos

e de fornecer uma orientação mais detalhada para o desenvolvimento da tarefa, os

orientamos quanto à extensão do resumo, estipulando o mínimo de sete e o máximo

de doze linhas – o que consideramos razoável para resumos de textos curtos como

o ART 1.

Nesse momento, o intuito era coletar dados que, sendo posteriormente

analisados, talvez pudessem revelar alguma diferença entre a qualidade desses

resumos e a daqueles produzidos após a aula sobre macro e microestruturas.

Etapa 2 – Produção de resumo do texto-fonte ART 2 (O Canto do Peixada|)

pelo viés da microestrutura e macroestrutura textual

Essa etapa teve a duração de duas aulas (3 horas, mas em dois encontros).

Iniciamos a primeira delas fazendo algumas considerações e comentários sobre o

assunto principal de nossa pesquisa, as microestruturas e macroestruturas. Com o

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auxílio de slides, mostramos o que é a microestrutura textual e identificamos as

existentes num artigo de opinião3 escolhido para essa finalidade.

Depois, apontamos para as conexões de sentido entre as microestruturas e

as relações sintático-semânticas que essas microestruturas estabeleciam no texto.

Discorremos, ainda, sobre a construção das ideias principais de um texto

(macroproposições) e sobre a aplicação das macrorregras de redução da

informação semântica – processo que tem como resultado final a construção da

macroestrutura textual.

Tratamos também, nessa aula, da definição de macroestrutura e mostramos

aos alunos como ela é construída, utilizando, para isso, o mesmo artigo. Para

explicar aos alunos sobre a produção da macroestrutura, fundamentamo-nos nos

estudos anteriores das microestruturas e da formação das macroproposições,

segundo van Dijk (1996) e van Dijk e Kintsch (1975,1983), fartamente referido neste

trabalho, especialmente no capítulo 2.

Já na segunda aula dessa etapa 2, solicitamos aos alunos que produzissem

um segundo resumo conforme explicitado no instrumento de pesquisa que

utilizamos, a ser apresentado adiante. Antes da elaboração propriamente do

resumo, realizamos uma breve revisão recapitulando as duas aulas anteriores.

Depois da revisão, estabelecemos um intervalo de quinze minutos e demos

prosseguimento à atividade.

Para elaborar o sugerido na parte 2 do instrumento e produzir o resumo

solicitado na parte 3, os discentes tiveram um tempo que supomos parcialmente

satisfatório correspondente a 1 hora e 30 minutos. Além disso, contaram com o

momento em que dirimiram suas dúvidas.

Participaram deste estudo 14 alunos do ensino médio, sendo 5 do 1º ano, 5

do 2º ano e 4 do 3º ano. Escolhemos trabalhar com os três anos do ensino médio

para termos o máximo possível alunos com experiências diferentes. Os estudantes

foram selecionados pela Coordenadora Pedagógica da instituição de ensino da

rede pública estadual do Amazonas que procurou selecionar os mais preparados

para uma atividade de escrita, segundo seus próprios critérios.

3 Texto Termo denota ingenuidade, selecionado da versão digital do jornal Folha de São Paulo.

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1.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA UTILIZADO PARA A CONSTITUIÇÃO DO

CORPUS

O instrumento de pesquisa que elaboramos e utilizamos para coleta do

corpus contém quatro partes, sendo duas compostas por solicitação de elaboração

de resumos (primeiramente na perspectiva tradicional e depois pelo viés da micro

e macroestrutura textual), uma outra parte com solicitação de construção de

macroproposições, partindo de microestruturas, e a última parte formada por

enunciados a que o aluno deveria responder se eram falsos ou verdadeiros.

Ele tem o seguinte formato:

Parte 1

Diante da idéia de que o tema, introdução do texto representa nas aulas tradicionais fator primário para a compreensão de um texto argumentativo qualquer, produza um resumo do artigo de opinião Nova Chance, de Luís Castro, selecionado do jornal impresso do Amazonas Dez Minutos.

Parte 2

Partindo das microestruturas do artigo O Canto da Peixada de Serafim Correa, também selecionado do jornal Dez Minutos, construa macroproposições.

Parte 3

Produza um segundo resumo, agora sobre o artigo de opinião “O Canto da Peixada”, considerando nesta produção os estudos sobre: microestrutura, macroproposição e macroestrutura textual.

Parte 4

Marque (V) para verdadeiro e (F) para falso:

a) ( ) Microestruturas são estruturas sintático-semânticas menores, pois fazem parte da estrutura de superfície do texto, frases ou períodos compostos (van Dijk, 1996).

a) ( ) Macroproposições são “macro” afirmações, pois são estruturas semânticas de um nível maior de sentido, são representadas em boa parte pelos temas dos parágrafos van Dijk (1983) e Kintsch (1985).

c) ( ) Macroestrutura representa o sentido global ou a mensagem global do texto. Esta se constrói com as macrorregras de redução da informação, aplicadas nas microestruturas e macroproposições

d) ( ) Tema, introdução: representa uma unidade frasal sintático-semântica de sentido do texto (macroproposição), pois seu significado é parcial e não global do texto, van Dijk (1996).

e) ( ) Os artigos de opinião apresentam as categorias: argumentação (tese), justificativa e conclusão, além de se caracterizarem como tipo argumentativo ou gênero textual, por apresentar uma interação entre locutor e seu interlocutor, numa tentativa de persuadir ou convencer o ouvinte-

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leitor, em relação a assuntos que tratam de reflexões, críticas, posicionamentos em relação a esses temas (TRAVAGLIA, 2004).

Na primeira parte, solicitamos que os alunos produzissem um primeiro

resumo (do ART 1), utilizando o conhecimento que tinham sobre isso, ou seja,

trabalhando apenas com a identificação de ideias principais, na perspectiva em que

denominamos tradicional.

Na segunda, abordamos a relação entre microestruturas e

macroproposições, quando solicitamos aos alunos que construíssem

macroproposições partindo das microestruturas textuais.

Na terceira, solicitamos a eles que produzissem um segundo resumo (do

ART 2), no caso de acordo com as noções de microestrutura e de macroestrutura

textual.

Na quarta parte, a única em que os alunos não foram solicitados a

produzirem texto, apresentamos alguns enunciados com conceitos de

microestrutura, macroproposição, macroestrutura e artigo de opinião para que os

alunos indicassem quais são falsos e quais são verdadeiros. Com isso, buscamos

verificar a compreensão desses conceitos por eles.

Aplicado nas duas etapas descritas o instrumento elaborado, reunimos 28

resumos produzidos pelos 14 estudantes. Cada um deles produziu dois resumos,

um baseando-se na perspectiva tradicional e o outro pelo viés dos estudos de micro

e macroestrutura textual.

Analisamos os 28 (vinte e oito) resumos, mas escolhemos apenas 6 (seis)

para exemplificar a análise realizada, 3 (três) do ART 1 e 3 (três) do ART 2.

Inicialmente, analisamos a qualidade dos três primeiros resumos produzidos com

base na identificação das ideias principais do texto, o que estamos denominando

de perspectiva tradicional de ensino de resumo.

Em seguida, avaliamos a qualidade dos três resumos do ART 2, para cuja

elaboração os alunos levaram em conta a identificação das microestruturas, a

formação das macroproposições e a construção da macroestrutura, como

concebido por van Dijk (1996) e van Dijk e Kintsch (1975, 1983).

Na análise, consideramos a seleção das principais ideias, suas delimitações

e sua organização na superestrutura dos resumos.

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Adiante, no capítulo 3, dedicado à análise do corpus, destacamos os

aspectos positivos dos resumos produzidos pelos alunos bem como as dificuldades

apresentadas na seleção das ideias principais, na identificação das microestruturas

e na construção das macroestruturas dos artigos resumidos.

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CAPÍTULO 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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Este capítulo é inteiramente dedicado à apresentação e discussão da base

teórica que fundamenta nossa pesquisa. Discorremos, primeiramente, sobre a

Linguística Textual (LT), abordando os estudos das gramáticas de texto e, mais

especificamente, a gramática de texto de van Dijk (1973, apud MARQUESI, 2004),

na qual ele propõe e apresenta as noções teóricas de macroestrutura e

microestrutura textuais na produção de resumos.

Em seguida, passamos ao conceito de texto da segunda fase da LT,

baseando-nos em van Dijk e Kintsch (1983) e tratamos de forma mais aprofundada

dos conceitos-chave desta pesquisa: as noções de micro e macroestruturas.

E, por fim, contemplamos a produção de resumos num enfoque mais

atualizado, destacando a importância das macrorregras de redução da informação

para a construção da estrutura global abstrata dos artigos de opinião, isto é, para a

construção das macroestruturas de artigos de opinião.

2.1 GRAMÁTICAS DE TEXTO

Na primeira fase da LT, o interesse dos estudiosos esteve voltado para

questões da superfície textual, tais como o processo de referenciação nos textos,

a pronominalização, a seleção dos artigos, a ordem das palavras, a concordância

dos tempos verbais e a coesão por meio de advérbios e conjunções. Nesse período,

considerava-se que um texto era constituído a partir das relações de sentido

estabelecidas linearmente entre as proposições, as quais eram explicitamente

unidas por elementos coesivos (KOCH, 2009, p. 3).

Todavia, em pouco tempo, as observações dos pesquisadores os

conduziram à conclusão de que nem todos os fenômenos poderiam ser explicados

por teorias sintáticas e/ou semânticas que estivessem restritas ao nível da frase.

Passou-se a investigar, a partir de então, a manutenção da coerência sintático-

semântica do texto e a eficácia na produção de sentidos em textos nos quais não

era possível verificar, no contexto, a presença de elementos referenciais explícitos,

assim como a incoerência de textos nos quais era patente a presença de elementos

coesivos. Essas reflexões acerca da coerência sintático-semântica levaram à

produção das primeiras gramáticas de texto, movimento que tem van Dijk (1996)

como um de seus teóricos pioneiros.

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Já na perspectiva das gramáticas de texto, segundo momento da LT, a

compreensão textual começou a ser entendida como resultado de uma

competência intuitiva do falante. Autores como van Dijk (1996), Conte (1977, apud

MARQUESI, 2004, p. 12) e os demais estudiosos dessa fase afirmam que o texto

não pode ser compreendido apenas pela linearidade de suas proposições ou pela

coesão dos enunciados, mas também por sua base semântica abstrata,

denominada macroestrutura. Essa estrutura é responsável por reger todos os

enunciados ou proposições do texto e pode ser reconhecida por leitores e

produtores graças à competência textual dos falantes nativos de uma língua.

A macroestrutura – também chamada de base semântica global (VAN DIJK;

KINTSCH, 1983, apud FARIAS, 2000, p. 105) – configura, assim, a mensagem

global do texto, uma síntese de suas ideias principais, depreendida a partir de

microestruturas (enunciados locais ou tópicos frasais). Segundo esses autores, as

microestruturas são transformadas nas macroproposições (frases de maior

relevância semântica) pela aplicação das regras de redução da informação. Estas,

por sua vez, irão compor, de forma conjunta, a macroestrutura textual (MARQUESI,

2004, p. 42).

Nesse sentido, observamos uma mudança “qualitativa”, e não simplesmente

“quantitativa”, no tratamento do texto: do estudo das sequências de enunciados e

das relações linearmente estabelecidas entre elas, passamos ao tratamento

completo do texto e de sua coerência semântica global. Dessa forma, o texto passa

a ser compreendido como “signo linguístico primário”, unidade hierarquicamente

mais elevada de estudo, que pode ser subdividida em “signos parciais”, ou seja,

partes menores (elementos lexicais e gramaticais), passíveis de classificação.

Essas partes propõem significações sintático-semânticas essenciais para a

estruturação da unidade textual. Além disso, considera-se que não existe

continuidade entre frase e texto, visto se tratarem de entidades de ordens distintas.

Assim, a significação do texto não pode ser constituída unicamente pelo somatório

das partes que o compõe, mas, sim, por sua coerência sintático-semântica global

(HARTMAN, 1968, apud KOCH, 2009, p. 3-6).

É clara, nessa abordagem, a influência da gramática gerativa, proposta por

Chomsky na obra Syntactic Structures, de 1957. Para Chomsky (1957), a

competência linguística surge da criatividade do falante da língua, isto é, da

capacidade que o falante tem de compor, recompor e compreender sentenças às

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quais nunca foi exposto. Nesse caso, cada falante possui uma propriedade “inata”

da linguagem, sendo capaz de produzir enunciados infinitos e inéditos em uma

determinada língua. A essa propriedade inata, competência internalizada que

faculta ao falante a utilização de um conjunto de regras de formação de enunciados,

Chomsky (1957) denomina competência linguística.

Baseados nessas considerações, os pesquisadores da segunda fase da LT

elaboraram o conceito de competência textual. Coube, pois, a esses estudiosos, o

desenvolvimento de gramáticas textuais que propusessem regras capazes de

determinar todas as estruturas de texto possíveis em determinada língua. Dessa

forma, as tarefas de uma gramática textual seriam, fundamentalmente, as seguintes

(HARTMAN, 1968, apud KOCH, 2009, p. 5):

1. determinar o que faz de um texto um texto: quais são os seus princípios de

constituição, em que consiste a coerência textual e o que produz a

textualidade;

2. definir critérios para a delimitação de textos;

3. diferenciar os tipos de textos.

Bons exemplos de gramáticas textuais são as de Weinrich (1964, 1971,

1976), Petöfi (1973) e van Dijk (1972) apud Koch (2009) De acordo com Conte

(1977, apud MARQUESI, 2004), todos esses teóricos assumem como base comum

de estudo o elemento semântico global do texto, ou seja, a macroestrutura. Nesse

sentido, a autora destaca as três características comuns entre os modelos dos

teóricos que ela considera os mais representativos do período, van Dijk (1996),

Rieser (1973) e Petöfi (1973), os quais consideravam: um quadro teórico gerativo,

instrumentos conceituais e operativos da lógica e a integração da gramática dos

enunciados na gramática textual.

O modelo de Petöfi (1973, apud KOCH, 2009, p. 7), por exemplo, leva em

conta uma base textual não-linear, entendida como uma representação semântica

indeterminada, ou seja, uma estrutura constituída a partir de informações de sentido

amplas. Por meio de transformações, essa base semântica abstrata, representada

pela macroestrutura textual, determina a manifestação linear do texto.

A gramática textual é, na verdade, apenas um componente da teoria de texto

proposta por Petöfi (1973), que tem em vista a diferenciação entre os componentes

cotextual e contextual. Segundo ele, essa distinção torna possível a análise, a

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síntese e a comparação de textos. Décadas mais tarde, essa posição será

confirmada por Marcuschi (1986) quando afirma que a LT trata de descrever a

correlação entre a produção, a constituição e a recepção de textos, considerando

aspectos cotextuais e contextuais.

A respeito do modelo proposto por van Dijk (1996), o qual fornecerá a maior

parte dos subsídios teóricos para esta pesquisa, Conte (1977, apud MARQUESI,

2004, p.14) destaca como ponto de partida a distinção entre estrutura profunda e

estrutura de superfície, uma vez que, com essas definições, são introduzidas as

noções de macro e microestruturas textuais.

Em linhas gerais, o modelo de gramática textual proposto por van Dijk (1972,

apud KOCH, 2009, p. 8) pretende:

1. explicar a estrutura linguística de enunciados completos;

2. verificar as propriedades gramaticais estabelecidas além do limite das

sentenças;

3. analisar o texto/discurso, permitindo a construção de generalizações sobre

as propriedades de períodos compostos e de sequências de frases;

4. investigar as propriedades linguísticas que fazem parte de unidades supra-

sentenciais (fragmentos de texto e parágrafos, por exemplo), bem como da

macroestrutura textual;

5. contribuir para o estudo da Pragmática4;

6. fornecer uma base adequada para um relacionamento mais sistemático com

outras teorias que se ocupam do discurso, como a Estilística, a Retórica e a

Poética;

7. oferecer uma melhor base linguística para a elaboração de modelos

cognitivos do desenvolvimento, produção e compreensão da linguagem;

8. fornecer subsídios para os estudos do texto e da conversação em contextos

sociais interacionais e institucionais, bem como para o estudo dos tipos de

discurso e usos da linguagem entre culturas.

4 Segundo Koch (2009), van Dijk (1972) afirma que as gramáticas de texto são úteis à investigação de

fenômenos pragmáticos, tais como a relação entre os atos e os macroatos de fala, uma vez que a explicação desses fenômenos exige uma descrição gramatical, tanto de sequências de frases quanto de propriedades do discurso como um todo.

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Para o teórico, não basta ao pesquisador expandir a gramática da frase,

como faziam muitos autores da época. Segundo van Dijk (1973, apud MARQUESI,

2004, p. 21), uma gramática textual deve ter por tarefa principal especificar as

“estruturas profundas”, isto é, as macroestruturas textuais. Uma gramática textual

é, portanto, “um algoritmo, o qual gera infinitas estruturas textuais profundas num

texto”.

O autor ressalta, ainda, a consonância entre os projetos da gramática de

texto e da gramática gerativa, levando em conta que as duas visam ao

estabelecimento de regras análogas para a construção das relações interfrásicas e

intrafrasais. Dessa forma, os enunciados da gramática de texto seriam equivalentes

àqueles gerados segundo as regras propostas pela gramática gerativa.

Outro pesquisador que se dedicou à elaboração de gramáticas textuais foi

Dressler (1970), que considera arbitrário estabelecer limites rígidos entre a sintaxe

e a semântica, já que, para ele, a semântica deve constituir o ponto de partida para

a compreensão e produção textual (DRESSLER, 1970,1972, apud KOCH, 2009, p.

10 e VAN DIJK, 1972).

Em seu modelo de geração de textos, Dressler (1970,1972, apud KOCH,

2009) dedica atenção especial ao tema do texto. De acordo com esse estudioso, o

tema está diretamente ligado à significação global do texto, ou seja, à sua “base T”

semântica. Para explicar a relação entre o desenvolvimento temático e a coesão

semântica, o autor recorre aos casos semânticos das estruturas profundas,

descritos por van Dijk (1996).

Koch (2009) acrescenta que, além dos autores até aqui citados, outros

pesquisadores5 acreditam que, na superfície textual, pode ser encontrada apenas

uma parte do sentido de um texto, mas nunca a totalidade de suas informações

semânticas. Para esses autores, as estruturas de superfície sempre constituem,

portanto, formas de atualização textual derivadas de estruturas semânticas

profundas. Os articuladores de natureza sintática funcionam, assim, como marcas

suplementares, facultativas, que atuam como facilitadores da compreensão textual

para o interlocutor.

Segundo essa perspectiva, a competência textual garante, ao falante nativo

de uma língua, algumas habilidades:

5 Ela cita os seguintes autores Brinker, Rieser e Viehweger.

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[...] um falante nativo é capaz de resumir, parafrasear um texto; dizer se está completo ou incompleto, atribuir-lhe um título, produzir um texto a partir de outro texto dado, diferenciar as partes constitutivas dele e estabelecer as relações de diferenças entre essas partes, além de estabelecer ainda as relações interfrásticas no mesmo (VAN DIJK, 1972, apud KOCH, 2009, p. 6).

Na esteira dessas reflexões, Conte (1977, apud MARQUESI, 2004, p. 26)

elenca algumas capacidades relacionadas à competência textual do falante nativo

de uma língua, a saber:

1. distinguir um aglomerado incoerente de enunciados de um texto coerente;

2. parafrasear um texto, resumi-lo, chegar a seu significado geral;

3. perceber se um texto está interrompido ou incompleto;

4. atribuir título a um texto, ou descobrir um texto pelo título;

5. classificar os vários tipos de textos.

Importa dizer que gramáticas de texto fundamentam suas análises na lógica

formal, na gramática de valências e na semântica dos predicados. A contribuição

da lógica formal diz respeito à constituição da macroestrutura textual, que se

constrói pelas partes menores e pelas partes macro do texto (macroproposições).

A gramática de valências, por sua vez, contribui para o desenvolvimento das

gramáticas textuais na medida em que propõe uma estrutura hierárquica dos

elementos que compõem uma oração. Nessa gramática, os termos que mantêm

uma relação forte com o núcleo da oração são chamados actantes ou dependentes

da valência, ao passo que os elementos que não criam dependências com o núcleo

são chamados circunstanciais ou complementos livres.

De acordo com Tesnière (1969), o verbo, elemento regente e

hierarquicamente superior do enunciado, pode ser classificado como avalente

(verbo intransitivo, sem nenhum termo na frase), monovalente (verbo intransitivo e

acompanhado apenas pelo sujeito da frase), bivalente (verbo transitivo direto +

sujeito + objeto direto) e trivalente (verbo transitivo direto e indireto + sujeito +

objetos direto e indireto). Por conta dessa configuração, a gramática de valências

é conhecida até aos dias atuais como uma gramática de termos dependentes ou

não.

Analogamente, van Dijk e Kintsch (1983) estabelecem uma relação

hierárquica entre a macroestrutura e as microestruturas textuais: a macroestrutura

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representa um núcleo, uma base profunda e primária, que influencia a organização

das microestruturas, superficiais e complementares.

A influência da semântica de predicados se dá no reconhecimento de que o

falante da língua tem uma capacidade inata de linguagem (CHOMSKY, 1957), já

que é capaz de produzir textos sobre vários assuntos (mesmo sem ter contato com

eles), de resumir, de parafrasear ou de produzir outro texto com base no texto lido.

Além disso, vale destacar, no que concerne à semântica de predicados, a relação

que existe entre os predicados de base do texto, os quais constituem, em conjunto,

a macroestrutura textual (VAN DIJK,1996).

Como vimos até agora, o projeto de desenvolvimento das gramáticas

textuais trata da reconstrução do texto a partir de um sistema uniforme, estável e

abstrato, ainda estreitamente vinculado, como na análise transfrástica, ao estudo

dos critérios internos ao texto (MARCUSCHI, 1986).

O objeto de estudo, nessas duas primeiras fases da LT, é a coesão textual,

segundo esclarece Koch (2009), que muitas vezes é comparada com a coerência

ou é associada a ela, uma vez que ambas são consideradas, nesse momento,

qualidades ou propriedades intrínsecas do texto. A coerência considerada até então

é, portanto, a coerência sintático-semântica.

2.2 CONCEITO DE TEXTO DA 2ª FASE DA LT

Aqui procuramos refletir sobre as abordagens do objeto texto na visão de

van Dijk (1973, apud MARQUESI, 2004) e van Dijk e Kintsch (1975), a fim de

compreendermos com mais fundamento o uso da macroestrutura e da

microestrutura na produção de resumos de artigos de opinião.

Iniciamos por aquilo que van Dijk (1973, apud MARQUESI, 2004, p. 25)

afirma em relação ao objeto texto nessa fase da LT:

o texto é uma unidade teoricamente reconstruída, diferentemente do discurso: ‘unidade passível de observação, aquele que se interpreta quando se vê ou se ouve numa enunciação, ao qual o texto se refere’.

Para ele, a categoria texto é composta por vários conjuntos de enunciados

que realizam potenciais atos de fala distintos, de tal forma que sua associação

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hierárquica dá origem a um sistema coerente, isto é, a um conjunto global ou

macroato de fala.

Já vimos, na seção anterior, que van Dijk (1973, apud MARQUESI, 2004) e

van Dijk e Kintsch (1975) consideram improvável que um texto seja, simplesmente,

uma sequência de frases ou que uma frase seja uma sequência linear de palavras.

Para esses autores, um texto corresponde a uma estrutura formal/ gramatical de

um discurso, regida por uma base de texto: a estrutura semântica profunda.

Van Dijk e Kintsch (1975, p. 100) afirmam que uma base de texto é formada

por n-tuplos ordenados de proposições e que existe uma distinção entre a base de

texto implícita (BTI) e a base de texto explícita (BTE):

a BTI é formada pela sequência das proposições que constituem a entrada das

regras de expressão, conhecidas como macrorregras de redução da informação.

Dessa BTI são suprimidas todas as proposições ou todos os enunciados que

denotam fatos gerais (por exemplo, os postulados de significação) ou

particulares, que o locutor supõe serem conhecidos do ouvinte;

na BTE, todas as proposições construídas após a aplicação das macrorregras

de redução da informação estão presentes, o que garante a preservação da

coerência sintático-semântica do texto (VAN DIJK; KINTSCH, 1975, apud

MARQUESI, 2004, p. 28).

Prosseguem os autores explicando que a BTI será regular se for possível

derivá-la da BTE; caso contrário, será considerada irregular. A respeito das bases

de texto irregulares, eles também esclarecem que as BTI da conversação e de

outros tipos específicos de discurso são irregulares quando as proposições que não

podem ser fornecidas regularmente pelo texto ou pela estrutura contextual são

omitidas, mantendo apenas o estatuto de hipótese.

No intuito de fornecerem uma exemplificação do exposto, van Dijk e Kintsch

(1975, p. 101) apresentam a sequência João encontrou Laura no baile dos

estudantes do primeiro ano, eles tiveram logo três crianças e afirmam que as

proposições eles se apaixonaram e eles se casaram, presentes na BTI, não são

necessariamente expressas na BTE, permanecendo como uma possibilidade de

interpretação para o interlocutor.

Conte (1977, apud MARQUESI, 2004, p. 31) ratifica o conceito de texto de

van Dijk e Kintsch (1975) e também afirma que existe, no texto, uma estrutura

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superficial, governada por uma estrutura semântica profunda motivada,

representada pela macroestrutura textual. Como vemos, o conceito de texto na LT

está diretamente relacionado ao princípio da coerência sintático-semântica

considerada como uma qualidade interna ao texto. Assim, o texto inteiro é

percebido como um andaime de determinações, cujas partes são interdependentes.

2.3 MICROESTRUTURA E MACROESTRUTURA TEXTUAL

Em seções anteriores, vimos que, para van Dijk e Kintsch (1983), os textos

são formados por estruturas superficiais e por estruturas profundas. As primeiras,

chamadas de microestruturas, são representadas por frases ou períodos de um

texto e por suas relações imediatas. As segundas, denominadas macroestruturas,

são representadas por unidades discursivas maiores, como a síntese dos

parágrafos e as seções do discurso.

É importante registrar que os autores reconhecem, no texto, um nível

semântico e um nível pragmático. O nível semântico, definido como o nível dos

significados, está relacionado às microestruturas textuais. Já o nível pragmático,

que diz respeito aos atos de fala, vincula-se à macroestrutura. De acordo com van

Dijk (1983, p. 83), essa organização do texto garante que as duas estruturas

(macroestrutura e microestrutura) tornem-se mutuamente determinantes.

Já mencionamos que van Dijk (1996), assim como os demais autores de

gramáticas textuais, teve seu desenvolvimento teórico fortemente influenciado pela

gramática gerativa. Contudo, ele fez questão de sublinhar que a gramática de texto

representa um avanço em relação à gramática gerativa, já que essa última trabalha

apenas a concatenação dos enunciados, ao passo que aquela se preocupa com o

significado global do texto.

Para van Dijk e Kintsch (1983, p. 83), o significado global é construído por

meio da aplicação de macrorregras aos significados locais do texto. Assim, um texto

não pode ser coerente sem respeitar a “organização conjunta” do assunto global,

ou seja, sua macroestrutura.

A essa observação, van Dijk (1983) acrescenta que a macroestrutura não

está no plano sintático, mas no semântico, isto é, na memória do aluno, e que os

enunciados do texto (microestruturas) se apresentam no plano sintático por meio

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de processos cognitivos e linguísticos, que tornam manifestas as informações de

uma base semântica abstrata e global (que é a macroestrutura).

A diferença entre as estruturas semânticas do texto reside, portanto, no fato

de que, nos enunciados, há unidade de sentido lexical, isto é, considera-se a

concretude explícita das frases, das expressões do texto, ao passo que, em

macronível, encontram-se apenas derivações abstratas dos predicados de base,

ou seja, anula-se aquilo que é desnecessário, eliminam-se vocábulos e expressões

e generalizam-se as informações mais importantes do texto.

Verificamos as relações entre a base semântica global e os processos

cognitivos, linguísticos e sintático-semânticos dos enunciados que a originam, isto

é, a relação entre a macroestrutura e linearidade do texto (microestruturas) na

produção de resumos de artigos de opinião.

Van Dijk (1996) também descreve o que considera os objetivos principais da

compreensão e da produção de textos que se vale das noções de estruturas micro

e macrotextuais. Na produção, o objetivo central é a formação de um plano

semântico global, que permita ao produtor falar e escrever coerentemente. Já na

recepção, objetiva-se a produção de uma ideia global do que é dito por meio da

construção de planos semânticos globais.

Sem dúvida, a delimitação desses dois objetivos corrobora a função

defendida pelo autor para a macroestrutura textual, já que essa estrutura “tem um

papel central na organização de nosso comportamento verbal e, em geral, de nosso

comportamento cognitivo” (VAN DIJK, 1972, apud MARQUESI, 2004, p. 35).

Além disso, é importante destacar que, para ele, existem vários níveis de

macroestruturas. Assim, há a possibilidade de fixarmos, por uma dada

macroestrutura, outra mais global: um romance pode ser fixado, por exemplo, pelo

resumo de algumas páginas, de um capítulo ou da obra inteira.

Podemos afirmar que a constituição das macro e microestruturas textuais

obedece a uma organização hierárquica dos enunciados. Em um nível superior,

encontramos uma estrutura semântica global, a macroestrutura (resumo), que

representa o tema ou o assunto global do texto (VAN DIJK; KINTSCH, 1983, p. 94).

Essa macroestrutura é formada por outras estruturas “macro”, representadas

pelos temas ou tópicos frasais, as chamadas macroproposições, que adiante

abordamos mais detalhadamente, ainda neste capítulo.

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Já em um nível inferior, temos assuntos mais locais, representados pelas

microestruturas textuais, formadas por frases ou períodos compostos, ou seja, a

superfície lexical do texto.

A construção da macroestrutura depende, portanto, da derivação das

microestruturas em macroproposições, processo que acontece mediante a

aplicação de macrorregras que, de acordo com van Dijk e Kintsch (1983, p. 93),

definem:

1. quais informações são importantes para o texto como um todo;

2. que generalizações podem ser feitas;

3. quais informações podem ser agrupadas, conjuntamente, dentro de uma

classificação mais abstrata ou mais global.

Para realizarmos uma análise mais formal da macroestrutura, devemos

investigar sua formação partindo das informações locais (microestruturas)

oferecidas pelo texto. Dessa forma, a apreensão do tema do texto, ou da

mensagem em nível macroestrutural, proporciona ao produtor do resumo um

modelo cognitivo que possibilita a análise de suas microestruturas e

macroproposições.

A macroestrutura representa a informação global do texto, da mesma forma

que a manchete representa a estrutura semântica global de uma notícia de jornal

(van Dijk, 1992). Seguindo esse ponto de vista, a macroestrutura real, em seu

sentido mais delimitado, pode ser comparada com a informação resumida no título,

embora possamos encontrar títulos ou leads parciais, que representem apenas

detalhes dos acontecimentos expostos no texto.

Para o autor, apenas a análise macroestrutural permite relacionar o esquema

da superestrutura com as informações mais globais ou detalhadas do texto, as

macroproposições. As ideias macro dos parágrafos de um texto representam as

categorias da superestrutura, por exemplo: o título, o lead, o enredo.

É da sucessão inteira dos parágrafos (macroproposições), e não da inclusão

de palavras, orações ou frases, que deriva a organização formal de um texto. Por

esse motivo, van Dijk (1983, p. 95) afirma que, em princípio, o resumo de um texto

(macroestrutura) deve apresentar uma estrutura equivalente à do texto resumido.

As microestruturas textuais, também chamadas de estruturas de superfície,

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representam, por sua vez, os enunciados subsequentes da estrutura local e, como

já mencionado, são regidas pelas estruturas profundas.

É importante ter clareza de que a macroestrutura não é necessariamente

formada pelas proposições que estão explícitas no texto, já que ela tem como

característica resumir várias proposições, constituindo uma estrutura abstrata.

A respeito da construção da macroestrutura, van Dijk e Kintsch (1975, apud

MARQUESI, 2004, p. 36) acrescentam que as regras que projetam as bases de

texto sobre a macroestrutura (macrorregras) são conhecidas em parte, já que, em

geral, devem obedecer ao “princípio da implicação”, isto é, cada macroestrutura

deve ser implicada pela microestrutura (frases ou proposições) da qual é derivada.

As regras relacionadas ao princípio da implicação não são, contudo, lógicas,

uma vez que a macroestrutura resulta do texto não apenas de forma dedutiva, mas

também de forma indutiva, como resultado de um processo de interpretação.

Além disso, é importante ressaltar que essas regras devem respeitar um

princípio de pertinência relativa, ou seja, nenhuma proposição pode ser suprimida

se ela é a pressuposição de uma macroproposição.

Baseada nos estudos de van Dijk e Kintsch (1975), Charolles (1978, apud

MARQUESI, 2004, p. 37) tece algumas considerações sobre a macroestrutura

textual, afirmando que

chama-se macroestrutura de uma sequência, a(s) proposição(ões) de superfície obtida(s) depois de certo número de regras de redução da informação semântica (macrorregras de generalização, de apagamento, de integração ou construção) terem sido aplicadas sobre a sequência de frases que a compõe.

As macrorregas propostas por van Dijk e Kintsch (1975) e van Dijk (1996), e

retomadas por Sprenger-Charolles (1980, apud MARQUESI, 2004, p. 37-38), são

as da generalização, da supressão e da integração ou construção, as quais aqui

apresentamos:

Macrorregra 1 (MR 1) – da generalização

Permite a substituição de duas ou mais proposições por uma proposição que

as englobe. Exemplo:

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Joaquim está com febre. (proposição 1)

Ele está com frio. (proposição 2)

MR1

Joaquim está doente. (proposição 3)

Macrorregra 2 (MR 2) – da supressão

Permite suprimir as informações de detalhe. Exemplo:

Marta brincava com uma peteca amarela. (proposição 1)

MR2

Marta brincava com uma peteca. (proposição 2)

Macrorregra3 (MR 3) – da integração ou da construção

Permite a integração ou a construção de informações de ordem inferior no

seio de uma unidade de nível mais geral ou superior. Exemplo:

Paulo construiu paredes. (proposição 1)

Paulo construiu o teto. (proposição 2)

MR3

Paulo construiu a casa. (proposição 3)

Van Dijk (1996) e Sprenger-Charolles (1980) compreendem que as

macroestruturas (resumos das partes do texto ou do texto num todo) são

engendradas pela aplicação das macrorregras de redução da informação

semântica às microestruturas do texto.

E van Dijk (1983, p. 96) afirma ainda que o significado global de um texto só

pode ser alcançado se seu estudo for realizado nos níveis macro e microestrutural

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e desde que se levem em conta, portanto, a natureza interna ou abstrata das

proposições, bem como as conexões entre várias classes que as compõem

superficialmente.

Uma proposição se especifica, geralmente, pela presença de um predicado

central relacionado à presença de um verbo (sujeito + verbo ou sujeito + verbo +

complemento numa oração mais completa). Entretanto, alguns argumentos

também podem ser expressos por frases nominais, precedidas por uma ou mais

modalidades (de tempo, lugar etc.). Graças a essa configuração, os argumentos

podem desempenhar diferentes papéis semânticos no que diz respeito à

informação expressa pelo predicado, tais como: agente, paciente, de objetivo, de

instrumento etc.

O autor considera que as marcas da estrutura superficial são representadas

geralmente pelas palavras, no nível sintático, e pelas preposições e conjunções, no

nível morfológico. Essas marcas, somadas às conexões entre as orações, podem

indicar um conjunto de informações ou significados inerentes ao texto em análise:

as proposições podem unir-se por meio de conectivos condicionais, causais,

temporais, funcionais, entre outros, expressos na estrutura superficial pelas

conjunções, pelos advérbios ou, até mesmo, pela simples coordenação e

ordenação linear dos períodos.

As conexões entre as proposições precisam evidentemente cumprir certos

critérios de coerência, que se referem não apenas aos significados das proposições

e suas conexões, mas também às suas referências (coesão textual) ou às orações

que as expressam (VAN DIJK, 1983, p. 96).

Em geral, a análise da coerência sintático-semântica em uma sucessão de

proposições sobre acontecimentos e ações pode ser feita com base na observação

das relações condicional, temporal e funcional. Se as proposições estiverem

conectadas coerentemente, exibirão entre si uma relação de causa.

De modo semelhante, a coerência pode ser constatada por meio da

observação dos aspectos, detalhes ou fragmentos previamente mencionados no

texto, tais como acontecimentos, ações ou estados.

Uma produção de resumo na perspectiva dos estudos das micro e

macroestruturas permite que o aluno estabeleça a coerência local, mas também

que ele construa uma perspectiva semântica global do texto a ser resumido.

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Todavia, de acordo com van Dijk (1983), apenas o conhecimento dos conceitos que

permeiam as estruturas de um texto é insuficiente para estabelecer sua coerência

local ou superficial. Assim, é indispensável considerar, para essa produção de

resumo, a mobilização dos scripts, modelos cognitivos de vivência armazenados

na memória do aluno, já que apenas desse modo será possível realizar as

inferências necessárias ao restabelecimento das conexões textuais.

Também é importante sublinhar que a análise da coerência local fornece, ao

analista, instrumentos para uma investigação mais fundamentada do texto, uma

vez que dá a conhecer as informações que podem ser pressupostas do material

linguístico explícito e as suposições mais subjetivas, tais como opiniões, atitudes e

ideologias sobre as quais essas informações se baseiam (VAN DIJK, 1983 p. 98).

Como já vimos, van Dijk e Kintsch (1983, p. 104) denominam texto-base o

conjunto de proposições que encerram o significado do texto (macroestrutura).

Essas proposições, que, separadamente, compõem o nível microestrutural,

correspondem às representações semânticas de sentenças ou sequências de

sentenças, sendo assim responsáveis pela organização sequencial e pela

coerência local do texto.

No nível da macroestrutura, van Dijk e Kintsch (1983, p. 16) propõem

estratégias de coerência global ou macroestratégias que visam à inferência de

macroproposições (unidades semânticas de ordem mais abrangente no texto), as

quais são verificadas e organizadas com base na sequência de proposições

expressas localmente no texto. Cabe, pois, ao leitor reconstruir, nesse nível, o

significado de porções maiores do texto, como o parágrafo, identificando sua

essência de sentido, isto é, suas informações mais importantes.

As macroestratégias operam sobre informações do próprio texto, por meio

da interpretação de palavras, sentenças e sequências de sentenças, de inferências

semânticas, pistas sintáticas ou de informações sobre a estrutura particular do

texto. Quanto mais ostensiva for a sinalização textual, mais acessível e rápida será

a compreensão, visto que tal sinalização limita as possíveis interpretações,

apontando ao leitor as informações mais relevantes.

Elementos como títulos, subtítulos, sentenças, mudanças de parágrafos,

introdução de novos agentes, ações, fatos ou resumos, introdutórios ou finais, são

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alguns dos elementos que sinalizam macroestratégias (VAN DIJK; KINTSCH,

1983).

Do modelo de compreensão textual de van Dijk e Kintsch (1983) importam-

nos, em especial, os processos e as estratégias de formação do texto-base

(macroestrutura), os quais fornecem uma base teórica para a produção escrita ou

elaboração de resumos. É fundamental, assim, que consideremos a formação da

macroestrutura textual partindo-se da utilização das macrorregras, aplicadas de

forma lógica e consistente sobre o sentido das proposições ou sequências de

sentenças (microestruturas) do texto.

As macrorregras são estratégias de redução e reorganização da informação

que possibilitam ao leitor-resumidor selecionar e reconstruir as informações – o que

lhe proporciona uma visão mais global do texto –, além de permitir a construção

das macroproposições e da macroestrutura.

As mudanças de parágrafos, por exemplo, sinalizam macroproposições,

uma vez que cada parágrafo pode ser reduzido às informações essenciais pelo

apagamento do material linguístico acessório. Isso explica o fato de muitas vezes

encontrarmos macroestruturas reduzidas ou resumidas ao máximo na estrutura

semântica e formal – como acontece nos títulos dos textos.

Em relação a textos mais complexos, como o artigo de opinião, durante as

primeiras leituras, a atenção dos leitores está voltada para a formação do texto,

para a sua estrutura (VAN DIJK e KINTSCH, 1983). Somente nas leituras

seguintes, eles de fato irão se preocupar com a formação de uma ideia global, isto

é, com a macroestrutura ou o resumo do texto lido. Por isso, os alunos que leem

esse tipo de texto e são solicitados a resumi-lo logo após a primeira leitura não

demonstram muita habilidade em identificar as informações mais importantes,

sendo mais bem-sucedidos na segunda leitura.

Os autores explicam que a formação da macroestrutura se deve a um

processo dinâmico que acontece pela observação das informações mais

importantes do texto. Para eles, há uma diferença entre o tempo gasto para a leitura

das estruturas sintáticas e o tempo gasto para a construção da macroestrutura,

visto que a segunda é mais minuciosa e leva em conta a análise de todos os

parágrafos do texto.

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Embora considerem que a produção de resumo na leitura de texto seja um

processo espontâneo, eles relacionam três procedimentos que podem facilitar a

produção da estrutura macro, a saber:

1. elaboração do resumo de cada parágrafo do texto;

2. organização do resumo dos resumos em um único parágrafo, que possua

uma estrutura similar à do texto delimitado;

3. aplicação de regras de redução da informação semântica no último resumo.

A eficácia desses procedimentos instrucionais para a compreensão de textos

(que deveriam, segundo os autores, ser adotados por professores do ensino básico

ou superior) foi testada por eles que compararam resumos de um mesmo texto

produzidos por dois grupos de sujeitos: um que praticou os procedimentos

instrucionais mencionados e outro que não dispensou nenhum tratamento

específico ao texto durante a elaboração do resumo.

O objetivo desse estudo era verificar se a instrução explícita e direta sobre

como resumir teria efeitos sobre a identificação das informações mais importantes

do texto e se ajudaria os alunos a se lembrarem dessas informações. De fato, os

resultados do experimento indicaram diferenças significativas entre o grupo de

sujeitos que recebeu as instruções tradicionais da estrutura do texto e o grupo de

sujeitos que recebeu as instruções que levavam em conta a observação das macro

e microestruturas no que diz respeito à seleção das informações principais (VAN

DIJK; KINTSCH, 1983, apud FARIAS, 2000, p. 8).

Assim, os autores concluíram que a coerência local, ou estrutura de

superfície, é controlada pela coerência global, isto é, pela macroestrutura

semântica do texto, e que ambas as estruturas devem ser consideradas no ensino

da leitura e na produção de resumos de textos complexos.

De acordo com van Dijk (1990, p. 48), operamos somente na parte descritiva

dos microníveis do texto: palavras, sons, modelos de oração e seus significados.

Todavia, é necessário refletirmos sobre a descrição de um nível mais elevado (mais

global) de compreensão, em que se considere a totalidade das partes do texto, pois

o texto ou discurso apresenta-se com vários assuntos ou temas, não podendo ser

explicado, semanticamente, em termos de orações isoladas. O autor explica que

essa macrossemântica é necessária para compreendermos os significados dos

parágrafos ou capítulos completos do discurso.

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O pesquisador também afirma que os níveis micro e macro de um texto estão

relacionados da mesma forma que as estruturas do texto estão relacionadas às

ações ou aos significados. Para comprovar essa afirmação, o autor dá exemplos

de como as partes mais globais são construídas com base nos significados locais

do texto por meio da aplicação das macrorregras.

Sobre as macroproposições, van Dijk (1990, p. 55-56) explica que elas são

proposições que fazem parte de uma macroestrutura e representam cada tema do

texto. Sendo assim, discursos ou textos mais longos, que possuem vários temas,

apresentam uma macroestrutura formada por várias macroproposições.

Segundo ele, a macroestrutura deve possuir uma estrutura hierárquica, na

qual cada sequência de macroproposições é construída do nível mais baixo ao nível

mais alto. Essas relações hierárquicas podem ser definidas mediante a aplicação

das macrorregras, que representam intuitivamente o que entendemos como

resumo.

Como vimos anteriormente neste capítulo, as macrorregras são regras de

projeção semântica ou transformações que convertem proposições de nível mais

baixo em macroproposições de nível mais alto. Van Dijk (1990, p. 56) explica que

o conjunto de significados ou o assunto (tema) de um texto deriva da aplicação das

macrorregras, já que, por meio desse procedimento, construímos a essência de

sentido de cada parágrafo.

Van Dijk (1992, p. 59) também afirma que as macrorregras devem cumprir o

princípio de implicação semântica (entailment). Isso significa que cada

macroestrutura, obtida mediante a aplicação das macrorregras, deve ser implicada,

semanticamente, do conjunto de proposições que a originou. Em outras palavras,

o conteúdo de cada macroestrutura deve resultar de uma microestrutura ou de

outra macroestrutura inferior.

É importante ainda ressaltar que cada macroestrutura deve preservar as

conexões existentes na série de proposições que lhe dá origem, ou seja, nunca

podemos omitir uma proposição que representa uma pressuposição para outra

proposição de mesmo macronível, pois isso prejudica a compreensão global do

texto.

Sobre a relação entre a seleção das informações na produção de resumos e

a compreensão dos textos, Kleiman (1989, p. 2) observa:

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A capacidade de resumir textos, considerada como manifestação do processo de compreensão de textos (Kintsch e van Dijk, 1975) e como estratégia de estudo (...) é também indicativa da competência discursiva do leitor-resumidor, uma vez que o sucesso deste na utilização das diversas regras de redução semântica depende crucialmente de sua capacidade de avaliar as informações do texto em termos da estrutura global do mesmo.

Como vemos, para ela, o processo de compreensão de textos envolve a

construção de um conjunto global de sentido, um todo textual, e não apenas a

identificação dos significados isolados dos parágrafos ou das sentenças.

Van Dijk (1992) nos explica que uma forma de representar a macroestrutura

em um texto é o uso do “diagrama arbóreo”, como se observa na Figura 7:

Figura 7 – Diagrama Arbóreo

Fonte: Van Dijk (1990, p. 57)

De acordo com o que mencionamos anteriormente, van Dijk (1990, p. 56)

considera que as macrorregras reduzem a informação do texto, formando

macroestruturas. São três as maneiras de efetivar essa redução, como a seguir

apresentamos utilizando os exemplos fornecidos pelo próprio autor:

1. Redução da informação em razão da supressão de toda informação que não

seja relevante para a compreensão global do texto, como os detalhes em uma

proposição.

Exemplo:

Antes da redução: Maria é uma advogada muito competente.

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Supressão das informações menos relevantes: Maria é [uma]

advogada [muito competente].

Após a redução: Maria é advogada.

Fica evidente, no exemplo, a supressão do advérbio de intensidade muito e

do adjetivo ou predicativo do sujeito competente. Dessa redução, resulta uma

oração mais sintética, que preserva a essência da mensagem da proposição

original.

2. Redução da informação semântica pela generalização. Para explicar essa

macrorregra, dizemos que uma sequência de proposições pode ser

representada por uma proposição cujo sentido abarque todos os sentidos

expressos naquela sequência de proposições.

Exemplo:

Antes da redução: Temos um gato, um canário e um cão.

Após a redução: Temos animais domésticos.

Como vemos, o que é resultante da redução conserva a essência de sentido

da proposição-fonte, mesmo sendo essa resultante muito mais objetiva. Desse

modo, pode ser considerada uma proposição adequada tanto para a produção de

um texto-resumo quanto para a comunicação cotidiana.

3. Redução das informações por meio da integração ou construção de

proposições. Na aplicação dessa regra, uma sequência de proposições que

denota as condições usuais, os componentes ou as consequências de um ato,

ou qualidades de alguém, é transformada em uma macroproposição que

representa o ato ou o sucesso como um todo, isto é, uma proposição que

integra as demais.

Exemplo:

Antes da reução: Fui ao aeroporto, apresentei o bilhete e me

encaminhei à porta do avião.

Após a redução: Viajei para Londres.

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As três formas (supressão, generalização e construção) são as principais

macrorregras de redução da informação semântica. Além de serem as principais,

essas regras são recursivas em níveis mais altos (como é a macroestrutura),

podendo ser novamente aplicadas no resumo final do texto.

Van Dijk (1992, p. 54) chama de macroestrutura toda estrutura de texto mais

global. Entendemos que o autor, ao afirmar isso, esteja de fato se referindo às

macroproposições, aos temas e às próprias macroestruturas, pois essas são

estruturas semânticas mais abrangentes em termos de significação, ou seja, partes

com porções de sentido mais global. As microestruturas, por sua vez, consistem

nas estruturas de orações e sequências de textos.

Essas estruturas mais globais, denominadas macroestrutura, são de

natureza semântica. A macroestrutura é uma representação abstrata da estrutura

global do texto, ou seja, uma estrutura de coerência global, que rege todas as

proposições que formam a coerência linear.

Além disso, o estudioso explica que a macroestrutura é uma estrutura

abstrata e teórica, que se fundamenta sobre categorias e regras gerais e

convencionais que os falantes já conhecem implicitamente e cujo emprego já

dominam, mesmo que de forma superficial.

Van Dijk (1992, p. 57) entende que as macroestruturas devem cumprir as

mesmas condições de conexão e coerência semântica que os níveis

microestruturais. Por causa disso, defende que a aplicação das regras de projeção

semântica (ou macrorregras) é necessária para que haja uma relação de união

entre as microestruturas e as macroestruturas. Essa relação é caracterizada como

uma ligação entre séries de proposições: as proposições de nível inferior são

ligadas às proposições de nível superior por uma sucessão de transformações

semânticas derivadas da aplicação das macrorregras de redução da informação.

O entendimento do processo de construção da macroestrutura esclarece

porque, intuitivamente, as séries de orações podem ser consideradas, ou não,

compreensíveis ou aceitáveis pelos falantes de uma língua, já que a produção do

sentido global depende da construção da coerência linear do texto.

Desse modo, compreendemos que é fundamental selecionar as ideias mais

importantes e as reconstruir sem alterar o sentido global do texto na produção do

resumo, isto é, compreendemos a importância de manter a conexão entre a

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macroproposição resumida e as demais macroproposições do texto na formação

da macroestrutura, já que apenas assim estamos preservando as coerências linear

e global.

O autor entende que as macroestruturas são também representadas como

uma reconstrução formal da dedução de um assunto ou tema de um texto, de modo

que o tema de um texto é exatamente o que entendemos como macroestrutura

textual ou uma parte dela. E ainda afirma que uma macroestrutura define um

conjunto de textos, isto é, todos os textos que possuem o mesmo significado global

e que, por isso, as regras representam a maneira mais adequada de verificar o que

é principal e secundário num texto.

O conceito intuitivo de tema ou tópico de um texto, para ele, deve ser

explicado ou compreendido como o conceito de macroestrutura, pois um tema

representa um sinal de uma macroproposição em um determinado nível de

abstração. Se entendermos o tema como uma macroestrutura ou uma parte dela,

consideraremos que o texto compreende o tema, assim como compreende os

títulos e os períodos, já que, por definição, todos eles fazem parte da

macroestrutura.

Quando nos utilizamos de noções semânticas, temos que respeitar o

princípio semântico básico: o significado global de um texto deve ser especificado

em termos dos significados das partes do texto (VAN DIJK, 1996, p. 45). Isso

significa que, se quisermos especificar o sentido global de um texto, esse sentido

deve ser derivado dos sentidos das orações, isto é, das proposições subjacentes.

Ele explica que as proposições que representam os temas de um texto ou

discurso, que formam e fazem parte da macroestrutura, são chamadas

macroproposições. Ademais, considera que o vínculo entre as microestruturas e a

macroestrutura se deve a uma relação particular entre as sequências de

proposições: em termos lógicos, as macroproposições representam projeções

semânticas (mapping), construídas pela aplicação das macrorregras nas

microestruturas.

Como ele entende que nosso conhecimento da língua nos permite dizer que

um discurso não possui um tema ou assunto só, mas apresenta uma sequência de

temas ou assuntos que se expressam também em um resumo do texto, ele defende

que existem temas mais amplos que outros que resultam da condensação de vários

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níveis de macroestruturas, cada uma derivada de um nível imediatamente inferior,

pela aplicação das mesmas macrorregras. Para caracterizar esses diferentes tipos

de macroestrutura, van Dijk (1996) cita exemplos de temas de parágrafos, capítulos

etc.

2.4 PROCESSO DE SUMARIZAÇÃO EM OUTROS AUTORES

Nesta seção, temos como foco apresentar e discutir as contribuições dos

trabalhos de autores diferentes dos citados até o momento, mas semelhantes no

conteúdo quanto à abordagem de produção de resumo. São três autores: Delphino

(1991), Machado (2004) e Leite (2006), os dois últimos em livro didático e o primeiro

em sua pesquisa também de mestrado.

Vimos anteriormente que os falantes nativos de uma língua são capazes de

fazer um resumo de um texto, isto é, de produzir de forma intuitiva outro texto, que

guarde muitas semelhanças com a base do texto original. Além disso, diferentes

falantes podem produzir vários resumos de um mesmo texto, sempre que se

baseiem nas mesmas regras gerais. Isso é defendido por van Dijk (1992, p. 59).

Contudo, em relação à produção de resumos, Leite (2006, p. 10) afirma:

Os produtores de resumo apresentam duas dificuldades para a realização da tarefa. A primeira diz respeito à não consciência do leitor-resumidor, da naturalidade dessa ação, que decorre da capacidade que é inerente ao produtor do resumo. Uma segunda, por não se darem conta dessa capacidade de desenvolverem a habilidade de resumir, pois a ação de resumir é originária dessa capacidade que leva o leitor-resumidor à habilidade de resumir o texto-fonte.

Assim, o resumo é uma forma reduzida de informação, é o resultado de um

processo mental de compreensão, desencadeado ao sermos expostos a qualquer

situação de comunicação. Ela afirma que resumir é sumarizar a informação e que

o resumo é produto, a evidência desse processo, isto é, a comprovação de que

houve efetivamente compreensão e retenção das informações mais importantes às

quais o sujeito foi exposto.

Logo, de acordo com ela, só resumimos aquilo que entendemos, ou seja, só

é possível fazer um resumo adequado de um texto se houver compreensão do

texto. Para exemplificar essa afirmação, ela nos lembra dos resumos que

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elaboramos quando assistimos a um filme, quando participamos de um evento,

quando lemos um livro, os quais só são possíveis se compreendemos o filme a que

assistimos, o livro que lemos e o evento que presenciamos.

A pesquisadora defende que o ato de resumir é uma capacidade e constitui

uma habilidade mental própria do ser humano, que precisa ser acionada com

estratégias eficazes, pois o ser humano é capaz de resumir as informações a ele

oferecidas. No entanto, é preciso que se diga que as pessoas podem ser mais ou

menos hábeis no desempenho de tal tarefa.

A memória humana seleciona as informações, arquiva algumas e apaga

outras, conforme as motivações de cada leitor-resumidor, pois, para Leite (2006, p.

15), a mente é capaz de reconstruir as informações com as quais interagiu, isto é,

é capaz de oferecer nova forma ao conteúdo apreendido.

A fim de que se alcance um resultado satisfatório nas produções de resumo,

a autora orienta que, no desenvolvimento dessa atividade, pratique-se, com os

alunos, o processo de sumarização, que consiste em reter as ideias principais do

texto-fonte, e que se apliquem as estratégias de seleção e construção, já

apresentadas neste capítulo.

Por fim, uma informação bastante relevante no trabalho de Leite (2006, p.

15) é que, para o aluno, o resumo é uma estratégia de estudo, ao passo que, para

nós, professores, é um instrumento bastante completo de verificação da

aprendizagem, pois nos permite, a um só tempo, trabalhar as habilidades da escrita

e da leitura.

Delphino (1991, p. 5-6), por seu turno, nos esclarece que, na produção do

resumo, o leitor-resumidor tem que desenvolver estratégias que o ajudem a separar

em partes diferentes o que é relevante ou não. De acordo com a autora, é

necessário que o leitor-resumidor identifique as microestruturas das sentenças ou

proposições (ideias principais) e as macroestruturas textuais (poucas sentenças

globais) – chamadas por van Dijk (1996) de macroproposições –, que trazem,

dentro de si, todas as informações do texto; e que aplique as macrorregras de

redução da informação semântica nas micro e macroestruturas, a fim de obter as

informações mais importantes do texto, construindo, assim, um bom resumo.

A autora ensina que a regra de seleção condensa o conhecimento dos

tópicos frasais do texto e que, por isso, pode ser usada com sucesso na construção

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de macroestruturas. O indivíduo que utilizar essa regra de forma adequada

selecionará apenas o que é relevante para a produção do resumo; além de

identificar os tópicos do texto, ele conseguirá formular, com clareza, subtópicos que

englobem toda a informação de um ou de vários parágrafos, selecionando as ideias

principais e as ideias menos importantes do texto-fonte.

Já sobre a regra de invenção vemos que corresponde à macrorregra de

construção de van Dijk (1996). A aplicação dessa regra permite a criação de

sentenças-tópico (macroestruturas) que reúnam, em seu interior, certo número de

informações do texto. A essa informação a pesquisadora acrescenta que é

necessário que o leitor-resumidor reconstrua a informação sem perder de vista o

sentido genuíno do texto.

Observemos a aplicação das macrorregras de supressão e de construção

no exemplo a seguir:

Antes da redução: Marcos foi ao supermercado, ficou na fila e comprou

uma carteira de cigarros para fumar.

Supressão das informações menos relevantes: Marcos [foi ao

supermercado], [ficou na fila] e comprou [uma carteira]

de cigarros [para fumar.]

Após a redução: Marcos comprou cigarros.

Nesse sentido, van Dijk (1992) defende que a atividade de produção deve

sempre envolver certa abstração e generalização, mas não de maneira que se

perca o conteúdo original do texto. O autor nos explica que, para melhor

compreendermos a estrutura macro, temos que considerar que a macroproposição

sempre será o resultado da implicação semântica imediata das proposições dadas

no texto. Dessa forma, o sentido primário será preservado em todos os seus níveis,

ainda que a informação distribuída em fragmentos extensos seja resumida em

poucas palavras.

Outra pesquisadora que trabalha o tema resumo de texto de forma profícua

é Machado (2004), para quem, na atividade de produção de resumos de texto, o

conhecimento do leitor-resumidor é imediatamente mobilizado, já que se trata de

conhecimento intuitivo que ele já possui. Então, o professor deve explorar esse

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conhecimento que o leitor-resumidor já possui, articulando-o com outros recursos

teóricos.

Ela postula que o professor deve trabalhar em sala de aula, com os alunos,

alguns pré-requisitos para a tarefa de produção de resumos, tais como: (a) etapas

de produção; (b) estratégias discursivas; (c) recursos e mecanismos de construção

das ideias do texto.

A autora ainda aborda procedimentos para essa produção escolar, desde o

seu início até a sua avaliação e revisão final, entre os quais estão: (a) mostrar os

objetivos a serem atingidos; (b) expor as atividades a serem desenvolvidas pelos

alunos; (c) dar sugestões de atividades para o aprofundamento das questões

trabalhadas.

Machado (2004, p. 25) explica que a sumarização, processo essencial para

a atividade de produção de resumos, consiste num procedimento mental, que

ocorre durante a leitura do texto-fonte. Não se trata de um processo aleatório; segue

uma lógica, como vemos nos exemplos por ela apresentados:

a) Proposição inicial: No supermercado, Paulo encontrou Margarida, que

estava usando um lindo vestido azul de bolinhas amarelas.

Sumarização: Paulo encontrou Margarida.

Informações excluídas: circunstâncias que envolvem o fato (no

supermercado) e qualificações/ descrições de personagens (que estava

usando um lindo vestido azul de bolinhas amarelas).

b) Proposição inicial: Você deve fazer as atividades, pois, do contrário, não

vai aprender e vai tirar nota baixa.

Sumarização: Você deve fazer as atividades.

Informações excluídas: justificativas para uma afirmação (pois, do

contrário, não vai aprender e vai tirar nota baixa).

O processo de sumarização (ou de redução da informação) pode ser

aplicado numa parte do texto ou num texto inteiro, de acordo com Machado (2004).

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Por fim, nos revela alguns critérios fundamentais e prévios para a

compreensão global do texto e, por conseguinte, para a produção do resumo.

Devemos trabalhar, com nossos alunos, de forma a identificar o gênero a que

pertence o texto a ser lido e resumido, mostrando suas características e objetivos.

Além disso, sempre que possível é adequado conhecer a biografia do autor do

texto, comentando sobre sua posição ideológica, e detectar os principais

argumentos que ele utiliza para defender sua tese.

Em se tratando de gênero opinativo jornalístico, Machado (2004, p. 39)

orienta que o leitor-resumidor deve estar atento às seguintes categorias:

(a) questão que é discutida;

(b) posição (tese) que o autor rejeita;

(c) posição (tese) que o autor defende ou sustenta;

(d) argumentos que sustentam ambas as posições e

(e) conclusão final do autor.

No próximo capítulo, tratamos de colocar em prática o arcabouço teórico

visto até aqui, a fim de esclarecermos nossa proposta de produção de resumos de

artigos de opinião na perspectiva dos estudos linguísticos da micro e

macroestrutura textual.

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CAPÍTULO 3

PRODUÇÃO DE RESUMOS

E ANÁLISE DO CORPUS

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Neste capítulo, apresentamos e explicamos o processo de produção de

resumos utilizando como textos-fontes os dois artigos de opinião (Nova Chance –

ART 1 e O Canto da Peixada – ART 2) que os alunos tiveram de ler e resumir para

este estudo e como apoio teórico a perspectiva dos estudos linguísticos das micro

e macroestruturas textuais. Mesmo viés que utilizamos para proceder à análise dos

dados.

A análise das respostas dos alunos à ùltima parte do questionário se presta

a verificar a qualidade dos resumos produzidos de acordo com o modelo de van

Dijk (1996) (identificação das microestruturas, construção das macroproposições e

formação da macroestrutura textual), e também a averiguar se existe uma diferença

qualitativa entre os resumos produzidos com base nesse modelo e aqueles

produzidos segundo o modelo tradicional.

A seguir, apresentamos, passo a passo, o processo de produção dos

resumos dos ART 1 e 2, baseado na formação da macroestrutura (VAN DIJK,

1996). Esses resumos foram produzidos por nós mesmos com a intenção de criar

modelos que fornecessem parâmetros para a avaliação dos resumos dos alunos.

3.1 PRODUÇÃO DE RESUMOS

RESUMO DO ART 1

O artigo intitulado Nova Chance, apresentado a seguir, foi extraído do jornal

Dez Minutos, de Manaus. Logo após o artigo, passamos à 1) identificação das

microestruturas; 2) à construção das macroproposições e 3) à produção do resumo

(macroestrutura) desse texto.

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Iniciemos com a apresentação do tema do ART 1 que é “Sabemos que o

Brasil vai mal, com o desemprego, inflação, recessão e muita corrupção. E enorme

descrédito político”.

A etapa seguinte é a do levantamento das microestruturas (Mi) do ART1.

Chegamos a 33:

Mi1: “Sabemos que o Brasil vai mal”; Mi2: “com o desemprego”; Mi3: “inflação”, “recessão”, “e muita corrupção”; Mi4: “E enorme descrédito político”; Mi5: “Duas correntes se opõem frontalmente”; Mi6: “De um lado, os que defendem o impeachment da presidente Dilma por crime de responsabilidade”; Mi7: “De outro, os aliados da presidente reclamam de uma tentativa de golpe”; Mi8: “Nosso partido, Rede Sustentabilidade, tem uma posição diferente”; Mi9: “Entendemos que o povo brasileiro foi enganado” Mi10: “nas últimas eleições”; Mi11: “Uma campanha cara”; Mi12: “e cheia de mentiras”; Mi13: “afirmava que a vitória de Dilma ‘salvaria’ o Brasil de uma grande crise social e econômica”; Mi14: “Mas foi justamente o contrário que aconteceu”; Mi15: “Com a vitória de Dilma Roussef e Michel Temer, a situação piorou muito”; Mi16: “e o povo sofre cada vez mais”; Mi17: “A verdade é que tanto o PT quanto o PMDB se beneficiaram do ‘marketing’ da enganação”; Mi18: "cujo ‘mago marqueteiro’, João Santana, está preso”; Mi19: “sob acusação de também ter recebido dinheiro desviado pelas grandes empreiteiras investigadas na operação Lava Jato”;

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Mi20 “É aí que está o nó da questão”; Mi21: “Dilma Roussef e Michel Temer, PT e PMDB, foram sócios do poder”; Mi22: “antes e depois das eleições”; Mi23: “Os dois partidos têm envolvimento nas bandalheiras investigadas na Lava Jato”; Mi24: “Se o Congresso afastar apenas Dilma e deixar o vice Temer e o PMDB no poder, será uma decisão injusta”; Mi25: “E não resolverá a crise”; Mi26: “porque o povo brasileiro está cansado de ser enganado”; Mi27: “e, provavelmente”; Mi28: “não vai aceitar mais uma farsa”; Mi29: “Por isso, defendemos que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analise as provas de dinheiro público desviado para a campanha da presidente Dilma e do vice-presidente Temer”; Mi30: “e casse ambos”; Mi31: “Em seguida, que sejam feitas novas eleições”; Mi32: “limpas”; Mi33: “que devolvam ao povo brasileiro a oportunidade de escolher um caminho melhor para nosso País”.

A seguir, apresentamos as Macroproposições (Macp) construídas do ART 1:

Macp1: “O Brasil enfrenta vários problemas sociais, mas um destes é preocupante: o sério descrédito político”;

Macp2: “O Brasil possui duas correntes políticas que se opõem: de um lado, os defensores do processo de Impeachment, de outro, os aliados “anti-golpe”, a favor da presidente Dilma”;

Macp3: “O Brasil teve na última eleição presidencial, segundo o partido REDE, uma campanha cara e cheia de mentiras, pois afirmava-se que a vitória de Dilma ‘salvaria’ o País”;

Macp4: “O Brasil afirma que os partidos políticos PT e PMDB foram os maiores beneficiados com o ‘marketing’ da enganação e com o dinheiro desviado pelas empreiteiras investigadas na Lava Jato”;

Macp5: “O Brasil sofreu a vergonha da ‘corrupção’ porque Dilma e Temer, PT e PMDB, foram sócios do poder, antes e depois das eleições”;

Macp6: “O Brasil exige que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analise as provas do dinheiro público desviado no governo Dilma e Temer e que se façam novas eleições, caso sejam confirmadas as irregularidades”.

Por fim, construímos a Macroestrutura (Mace) (versão 1) do ART 1, que é o

resumo do texto:

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No resumo que apresentamos do ART 1, vemos que o tema pode ser ainda

mais reduzido pela aplicação da regra de generalização, ou seja, pela substituição

de duas ou mais proposições por uma que as englobe (VAN DIJK; KINTSCH, 1975;

SPRENGER-CHAROLLES, 1980, apud MARQUESI, 2004). É o que fazemos:

Antes da redução: Sabemos que o Brasil vai mal, com o desemprego, inflação,

recessão e muita corrupção. E enorme descrédito político.

Após a redução: O Brasil enfrenta mais um sério problema: o descrédito político.

Nesse caso, a tese defendida pelo autor do ART 1 representa a proposição

temática do resumo, formada pela união das seguintes proposições ou

microestruturas: O Brasil enfrenta mais um sério problema e o descrédito político.

Esse arranjo garante a coerência local do tema do ART 1, já que as microestruturas

preservadas representam, de forma sintética, a tese defendida no texto, compondo,

assim, a primeira macroproposição na superestrutura do resumo.

Vemos que o autor do ART 1 acredita que o descrédito político não é o único

problema enfrentado pelo país: no entanto, é desnecessário, para o produtor do

resumo, descrever todas as informações que podem ser inferidas a partir da leitura

do trecho O Brasil enfrenta vários problemas. Os problemas da nação já estão

presentes na BTI da macroestrutura e não precisam estar presentes na BTE, à

exceção daquele que constitui a informação fundamental desse trecho: o descrédito

político. As informações fundamentais da BTI encontram-se, portanto, preservadas

na BTE, o que garante a coerência da proposição.

O Brasil enfrenta vários problemas sociais, mas um destes é preocupante: o descrédito

político. O país possui duas correntes que se opõem: os defensores do processo de

impeachment e os aliados ‘anti-golpe’, a favor da presidente Dilma. O Brasil teve, na última

eleição presidencial, segundo o partido REDE, uma campanha cara e mentirosa, pois se

afirmava que a vitória de Dilma ‘salvaria’ o país. O governo afirma que os partidos políticos

PT e PMDB foram os maiores beneficiados com o ‘marketing’ da enganação e com o

dinheiro desviado pelas empreiteiras investigadas na Lava Jato. Com isso, o país sofreu a

vergonha da ‘corrupção’, porque Dilma e Temer foram sócios do poder, antes e depois das

eleições. O partido REDE exige que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analise as provas

do dinheiro público desviado, e, ainda, que se façam novas eleições, caso sejam

confirmadas as irregularidades.

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Outro exemplo importante de redução da informação aparece nas

proposições que representam os argumentos/ justificativas do ART 1, nas quais o

autor apresenta fatos que confirmam a sua tese, bem como suas causas e

consequências. Nesse trecho, ele desenvolve a tese do artigo, abordando aspectos

que levaram à derrocada do governo Dilma.

A relação entre os fatos é estabelecida pelo uso de elementos coesivos e

conjunções, sobretudo pelo uso repetitivo da conjunção aditiva e e das conjunções

explicativas pois e porque, que atuam na ligação entre expressões tais como:

aliados e anti-golpistas; campanha mentirosa; vitória de Dilma salvaria o país;

marketing da enganação e Dilma e Temer foram sócios do poder. A observação

dessas expressões deixa clara a tentativa do autor do texto de conduzir o leitor à

formação de um juízo de valor.

As proposições que compõem a BTE do desenvolvimento do ART1 podem

ser ainda mais condensadas pela aplicação das macrorregras de redução da

informação, conforme se observa a seguir:

Com a aplicação da macrorregra de supressão no trecho

O Brasil teve, na última eleição presidencial, [segundo a REDE], uma

campanha cara e mentirosa, [pois se afirmava que Dilma salvaria o país],

obtemos

O Brasil teve na última eleição presidencial uma campanha cara e mentirosa.

Verificamos que a redução não prejudica o sentido ou o objetivo da

mensagem do ART 1 – convencer o leitor de que existe um descrédito político no

Antes da redução: O país possui duas correntes que se opõem: os defensores

do processo de impeachment e os aliados ‘anti-golpe’, a favor da presidente

Dilma. O Brasil teve, na última eleição presidencial, segundo o partido REDE,

uma campanha cara e mentirosa, pois se afirmava que a vitória de Dilma

‘salvaria’ o país. O governo afirma que os partidos políticos PT e PMDB foram os

maiores beneficiados com o ‘marketing’ da enganação e com o dinheiro desviado

pelas empreiteiras investigadas na Lava Jato. Com isso, o país sofreu a vergonha

da ‘corrupção’, porque Dilma e Temer foram sócios do poder, antes e depois das

eleições.

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Brasil atual –, já que essa informação pode ser depreendida pela leitura de outros

trechos da BTE.

Um último exemplo de que é possível reduzirmos mais ainda a

macroestrutura do ART 1 exposta anteriormente está na conclusão do resumo, isto

é, no trecho que retoma os fatos elencados no tema e no desenvolvimento do texto

(VAN DIJK, 1972, apud KOCH, 2009; TRAVAGLIA, 1991, 2007), como segue:

O partido REDE exige que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analise as

provas do dinheiro público desviado, e, ainda, que se façam novas eleições, caso

sejam confirmadas as irregularidades.

Pela aplicação da macrorregra de seleção e de construção, obtemos

O partido REDE exige do TSE a análise das provas de corrupção e a

realização de novas eleições.

Como resultado, podemos observar aqui uma segunda versão do resumo do

ART 1, mais enxuta:

Macroestrutura (Mace) (versão 2) do ART 1

Verificamos, nessa macroestrutura, a manutenção da coerência sintático-

semântica da estrutura textual e a preservação da estrutura global e abstrata da

mensagem do ART 1.

O Brasil enfrenta mais um sério problema: o descrédito político. O país possui duas correntes que se opõem: os defensores do processo de impeachment e os aliados ‘anti-golpe’, a favor da presidente Dilma. O governo afirma que os partidos políticos PT e PMDB foram os maiores beneficiados com o ‘marketing’ da enganação e com o dinheiro desviado pelas empreiteiras investigadas na Lava Jato. Com isso, o país sofreu a vergonha da ‘corrupção’, porque Dilma e Temer foram sócios do poder, antes e depois das eleições. O partido REDE exige a análise dessas provas e a realização de novas eleições.

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RESUMO DO ART 2

O artigo de opinião intitulado O Canto da Peixada foi extraído do jornal

impresso Dez Minutos, de Manaus.

Iniciemos com a apresentação do tema do ART 2 que é “O restaurante O

Canto da Peixada é o mais antigo restaurante de Manaus: 42 anos.”

A etapa seguinte é a do levantamento das microestruturas (Mi) do ART 2.

Levantamos 36 Mi:

Mi1: “O restaurante Canto da Peixada é o mais antigo restaurante de Manaus:” Mi2: “42 anos.” Mi3: “Fundado em 1º de maio de 1974 pelo Luizinho e o Aldenor,” Mi4: “sobreviveu a todas as crises.” Mi5: “Em boa hora, a Assembleia, por proposta do deputado David Almeida, com a aprovação de todos nós, tornou aquele lugar Patrimônio Cultural” Mi6: “e Imaterial” Mi7: “do Estado do Amazonas,” Mi8: “com o que fez justiça” Mi9: “Tenho laços muito fortes com o Canto da Peixada.” Mi10: “Ao lado do Maneca,” Mi11: “meu amigo” Mi12: “e irmão,” Mi13: “e Álvaro Cezar de Carvalho, Jorge Humberto Barreto, Luiz Humberto Rosas, Joaquim Ferreira Campos e Cleomenes Chaves,” Mi14: “estivemos na pré-inauguração no dia 30 de abril de 1974” Mi15: “comendo aquela que talvez tenha sido a primeira calderada de tucunaré” Mi16: “servida pelo saudoso Washington,”

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Mi17: “garçom que aprendeu a profissão com meu avô Antonio,” Mi18: “no antigo Bar Avenida.” Mi19: “Hoje, o Aldenor toca o negócio, apesar de dificuldade de saúde, ao lado de seus filhos,” Mi20: “que com esforço mantém a qualidade dos bons pratos” Mi21: “e uma clientela fiel e amiga,” Mi22: “onde todos são bem tratados” Mi23: “Estes são, portanto, o segredo do sucesso” Mi24: “e longevidade do Canto da Peixada:” Mi25: “a qualidade” Mi26: “e o bom prato” Mi27: “O prato mais famoso é a costela ‘de Rio’,” Mi28: “como costuma lembrar,” Mi29: “para dizer que não vende nada de cativeiro,” Mi30: “e que já foi degustado até pelo papa João Paulo II quando de sua visita a Manaus.” Mi31: “Amador Aguiar, dono do Bradesco, foi outro cliente famoso.” Mi32: “Ficou tão satisfeito que levou Aldenor, a cozinheira e o garçom para fazer um almoço de ‘costelas’” Mi33: “na Cidade de Deus” Mi34: “para a diretoria do Bradesco.” Mi35: “Feliz por ser parte dessa história.” Mi36: “Parabéns Aldenor e família.

A seguir, apresentamos as Macroproposições (Macp) construídas do ART

2:

Macp1: “O restaurante Canto da Peixada é considerado o mais antigo de Manaus, inaugurado em 1º de maio de 1974 pelo Luizinho e o Aldenor, tornou-se Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Amazonas”.

Macp2: “O restaurante Canto da Peixada é um recanto para o encontro de amigos, um dos motivos é que lá talvez tenha sido feita a primeira calderada de tucunaré no Amazonas, servida pelo garçom Washington, do antigo Bar Avenida”.

Macp3: “O restaurante Canto da Peixada sobrevive ao tempo com seu fundador Aldenor e seus filhos, pois possui uma clientela fiel e amiga, além do principal produto de venda: a qualidade dos bons pratos”.

Macp4: “O restaurante Canto da Peixada possui um prato famoso, chamado de costela de tambaqui ‘de Rio’, que, dizem, já foi degustado pelo papa João Paulo II e por Amador Aguiar, dono do Banco Bradesco”.

Macp5: “Feliz por ser parte dessa história. Parabéns Aldenor e família”.

Por fim, construímos a Macroestrutura (Mace) (versão 1) do ART 2, que é o

resumo do texto:

O restaurante Canto da Peixada é considerado o mais antigo de Manaus, inaugurado em 1º de maio de 1974 pelo Luizinho e o Aldenor, tornou-se Patrimônio Cultural do Amazonas. Ele representa um recanto para o encontro de amigos, um dos motivos é que lá talvez tenha sido feita a primeira calderada de tucunaré no estado. Sobrevive ao tempo com seu fundador Aldenor e seus filhos, pois possui uma clientela fiel e amiga, além do principal produto de venda: a qualidade dos bons pratos. O restaurante possui um prato famoso, chamado de costela de tambaqui ‘de Rio’, expressão criada para lembrar que eles não vendem nada de cativeiro. Esse prato, dizem, já foi degustado pelo papa João Paulo II e por Amador Aguiar, dono do Banco Bradesco. Feliz por ser parte dessa história. Parabéns, Aldenor e família.

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Nessa macroestrutura, conseguimos identificar, na primeira proposição, o

tema do ART 2, ou seja, a tese ou premissa defendida pelo autor. Nela, o articulista

informa ao leitor que o restaurante Canto da Peixada é o mais antigo de Manaus e

que se tornou Patrimônio Cultural do Amazonas.

Numa primeira etapa de redução da informação, podemos aplicar, à primeira

proposição do resumo, a macrorregra de supressão, eliminando as informações

referentes a detalhes. Vejamos:

Antes da redução: O restaurante Canto da Peixada é considerado o mais antigo

de Manaus, inaugurado em 1º de maio de 1974 pelo Luizinho

e o Aldenor, tornou-se Patrimônio Cultural do Amazonas.

Após a redução: O restaurante Canto da Peixada, considerado o mais antigo de

Manaus, tornou-se Patrimônio Cultural do Amazonas.

É possível observar que o referente restaurante Canto da Peixada é

retomado pelo co-referente, representado pelo pronome de tratamento ele. Mesmo

implícito, o pronome garante a retomada do referente, o que assegura a

manutenção da coesão sintático-semântica na primeira premissa do texto-resumo.

Na segunda premissa do resumo, encontramos os argumentos que buscam

confirmar a tese defendida pelo autor. Explorando uma sucessão de fatos, o

articulista busca convencer o leitor dos motivos que levaram o restaurante Canto

da Peixada a se tornar Patrimônio Cultural do Estado do Amazonas:

1) Ele representa um recanto para o encontro de amigos; um dos motivos é que lá

talvez tenha sido feita a primeira caldeirada de tucunaré no estado;

2) Sobrevive ao tempo com seu fundador Aldenor e seus filhos, pois possui uma

clientela fiel e amiga, além do principal produto de venda: a qualidade dos bons

pratos;

3) O restaurante possui um prato famoso, chamado de costela de tambaqui ‘de Rio’,

expressão criada para lembrar que eles não vendem nada de cativeiro;

4) Esse prato, dizem, já foi degustado pelo papa João Paulo II e por Amador Aguiar,

dono do Banco Bradesco.

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Observando a sequência de frases apresentada, vemos que à

microestrutura da primeira proposição poderíamos aplicar a macrorregra de

construção. E, então, alguns elementos supérfluos da frase seriam eliminados, tais

como os que aparecem a seguir entre colchetes:

[Ele] representa um recanto para [o encontro de] amigos, [um dos motivos é que]

lá talvez tenha sido feita a primeira calderada de tucunaré no estado.

Após a aplicação da macrorregra de construção, obtemos

Representa um recanto para os amigos, pois lá, talvez, tenha sido feita a primeira

calderada de tucunaré no estado.

Com essa redução da informação, percebemos que a proposição se torna

mais sintética e objetiva e ainda preserva o seu sentido essencial.

Na segunda proposição, podemos aplicar as regras de supressão e de

construção, eliminando os elementos (vocábulos ou termos) desnecessários e

integrando as informações de ordem inferior no seio da unidade de ordem superior:

Sobrevive [ao tempo] com seu fundador Aldenor [e seus filhos], pois possui uma

clientela fiel [e amiga, além do principal produto de venda]: a qualidade dos bons

pratos.

Resultante da aplicação das macrorregas, temos

Sobrevive com seu fundador Aldenor, pois possui uma clientela fiel e a qualidade

dos bons pratos.

Na terceira proposição da justificativa, o articulista argumenta em prol do

restaurante Canto da Peixada, exaltando a qualidade dos ingredientes utilizados no

preparo dos pratos comercializados:

O restaurante possui um prato famoso, chamado de costela de tambaqui ‘de Rio’,

expressão criada para lembrar que eles não vendem nada de cativeiro.

Nesse trecho ainda podemos aplicar as regras de supressão e de

generalização, conforme vemos a seguir:

O restaurante [possui um prato famoso, chamado de] costela de tambaqui ‘de Rio’,

[expressão criada para lembrar que eles] não vendem nada de cativeiro.

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Após a redução da informação, chegamos à seguinte proposição macro:

No restaurante, não vendem nada de cativeiro, exemplo é o prato de costela de

tambaqui ‘de Rio’.

Novamente, notamos que a redução torna a proposição mais delimitada e

objetiva.

Na última proposição, identificamos que a menção a pessoas célebres –

papa João Paulo II e Amador Aguiar, presidente do Banco Bradesco

(sintaticamente classificados como agentes da passiva compostos) – é utilizada

como argumento para convencer o leitor de que o prato costela de tambaqui “de

Rio” é o mais delicioso do restaurante:

Esse prato, dizem, já foi degustado pelo papa João Paulo II e por Amador Aguiar,

dono do Banco Bradesco.

Já na conclusão – parte que retoma os fatos comentados no tema e no

desenvolvimento do texto –, o autor afirma estar feliz por fazer parte da história do

restaurante e da grande família de amigos e encerra o artigo agradecendo a

Aldenor e família. Nesse trecho, a aplicação das macrorregras de redução da

informação não é necessária.

Vejamos, agora, uma segunda versão do resumo do ART 2, produzida após

a aplicação das macrorregras de redução da informação:

Macroestrutura (Mace) (versão 2) do ART 2

Diante dos exemplos de produção de resumos apresentados, concluímos

que os estudos das micro e macroestruturas textuais contribuem grandemente para

a produção de resumos mais delimitados e bem estruturados em termos de

organização formal e de seleção das ideias principais.

O restaurante Canto da Peixada, considerado o mais antigo de Manaus, tornou-se Patrimônio Cultural do Amazonas. Representa um recanto para os amigos, pois lá, talvez, tenha sido feita a primeira caldeirada de tucunaré no estado. Sobrevive com seu fundador Aldenor, pois possui uma clientela fiel e a boa qualidade dos pratos. Nele, não vendem nada de cativeiro, exemplo é o prato costela de tambaqui ‘de Rio’. Feliz por ser parte dessa história. Parabéns, Aldenor e família.

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Na sequência do capítulo, apresentamos a análise de 6 (seis) dos resumos

produzidos pelos alunos.

3.2 ANÁLISE DAS RESPOSTAS AO QUESTONÁRIO

3.2.1 Levantamento das Microestruturas

Na verificação da análise das microestruturas, avaliamos as respostas dadas

pelos discentes às questões 1, 3 e 4 do questionário de pesquisa, referentes ao

ART 2. Para tanto, utilizamos dois critérios, a saber: (1) a definição adequada e (2)

a identificação efetiva dessas estruturas no ART 2. Esses dois critérios foram os

mesmos considerados na verificação da análise das macroproposições e da

macroestrutura textual no resumo do ART 2.

No que diz respeito ao critério (1), isto é, à definição de microestrutura,

verificamos que catorze alunos responderam à questão. Desses, dez acertaram a

resposta e quatro erraram. Com o resultado de 71,4% de acertos, concluímos que

houve, de fato, a apreensão do conceito de microestrutura por parte da maioria dos

estudantes da turma.

Em relação à identificação dessa estrutura no artigo, percebemos que os

alunos foram bem-sucedidos, pois, ao final da atividade, a maioria conseguiu

desenvolver os dois resumos, ainda que distintos em qualidade, considerando as

ideias principais de cada artigo de opinião impresso.

3.2.2 Construção de macroproposições

A verificação da construção das macroproposições deu-se pela correção das

questões 1 e 2 do questionário. A questão 1 trata da aplicação do modelo tradicional

na produção do resumo do ART 1. A questão 2 refere-se à construção das

macroproposições do ART 2.

A respeito do primeiro critério de verificação (o conceito de

macroproposição), averiguamos que os alunos obtiveram um resultado que

consideramos satisfatório: de um total de catorze, oito acertaram a definição de

macroproposição textual, o que corresponde a um aproveitamento de 57,1%.

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No que tange ao segundo critério (construção das macroproposições do

artigo), podemos dizer que os discentes encontraram dificuldades por terem de lidar

com um conceito novo, com o qual nunca tiveram contato, exceto quando com o

qual raramente têm contato. O resultado foi que, na resposta a esse item, o

desempenho dos alunos caiu para 42,8% de acertos.

Dessa forma, entendemos que os discentes apresentaram desempenho

regular quanto à construção das macroproposições do ART 2. Esse resultado

revela que os alunos dessa amostra têm grande dificuldade em selecionar as ideias

principais de um texto, requisito exigido nos principais exames de concursos do

país e no ENEM – que normalmente exploram textos organizados em quatro

parágrafos (um parágrafo de introdução, dois parágrafos de desenvolvimento do

tema e um parágrafo de conclusão).

Parece-nos que grande parte dos alunos apresenta uma espécie de

dificuldade em se desvencilhar do modelo tradicional ou possui algum tipo de

restrição no conhecimento prévio que limita a construção da mensagem mais

importante de cada parágrafo. Assim, mesmo após as aulas expositivas e a análise

conjunta de artigos de opinião, muitos deles continuaram a considerar o tema do

texto, apresentado na introdução, como o ponto principal para a produção de

resumo e, com isso, não conseguiram construir as ideias mais importantes do

artigo.

3.2.3 Construção de macroestruturas

A definição de macroestrutura é abordada na questão 4 do questionário.

Nesse caso, podemos considerar que mais da metade dos alunos – oito dos

catorze, ou seja, 57,1% – respondeu a questão a contento. Acreditamos que seis

alunos não conseguiram acertar a questão por falta de contato prévio, ou pelo

menos mais frequente, com as noções de macro e microestrutura, uma vez que

essas noções são pouco ou nada trabalhadas nas aulas de produção de resumos

nas redes públicas de ensino.

No que diz respeito à formação da macroestrutura, exigida na questão 3 do

questionário, pudemos observar que, entre os 14 discentes que produziram o

resumo do ART 2, uma grande parte (12 deles, ou seja, 85,7%) teve êxito,

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considerando-se, na correção da atividade, todas as estruturas estudadas para a

formação da macroestrutura: microestruturas e macroproposições.

Dessa forma, tendo em vista as estatísticas dos erros e acertos dos

discentes dessa escola estadual de ensino médio nas respostas às questões,

podemos afirmar que resultados satisfatórios foram alcançados em relação à

definição, identificação, construção e produção das estruturas textuais abordadas

neste trabalho (microestruturas, macroproposições e macroestruturas textuais).

3.3 ANÁLISE DOS RESUMOS PRODUZIDOS PELOS ALUNOS

Levando-se em conta os questionários desta pesquisa, podemos afirmar que

os resumos produzidos pelos alunos do ART 1 e do ART 2 apresentam diferenças

significativas no que diz respeito à seleção das principais ideias, à construção

dessas ideias e à sua organização na superfície textual.

É importante esclarecer que, no âmbito desta análise, consideramos como

eficiência na produção do resumo a seleção das informações mais importantes do

artigo lido e a posterior organização dessas ideias na superestrutura do resumo.

Assim, obedecemos, em nossa análise, à orientação de van Dijk (1972) e de van

Dijk e Kintsch (1975, 1983) quanto à operacionalização dos conceitos de micro e

macroestrutura para a produção de resumos.

No item 3.4.3, afirmamos que a construção da macroestrutura do ART 2 foi

bem realizada pela maior parte dos alunos. Prova disso é que, dos catorze

discentes, apenas dois cometeram equívocos na seleção das ideias e na

organização do resumo, ou seja, não conseguiram selecionar e organizar as ideias

para a produção de um resumo que estivesse em consonância com o texto original

lido.

Já os doze alunos que se mostraram eficientes na produção do resumo do

ART 2 atingiram um nível que lhes garantiu selecionar, organizar e construir as

principais ideias do artigo (microestruturas e macroproposições), o que culminou

na produção de uma macroestrutura clara e precisa. Dessa forma, eles foram

capazes de executar sínteses e paráfrases adequadas de partes do texto original,

sem perder de vista a essência da mensagem.

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Em relação aos resumos do ART 1, pudemos observar uma variação

negativa: a qualidade desses resumos apresentou piora relevante quando

comparada à dos resumos do ART 2, tanto em relação à seleção das ideias

principais quanto à sua organização na composição do texto-resumo. Mais

especificamente, podemos afirmar que os resumos do ART 1 mostraram

importantes ausências no que concerne ao conjunto das ideias principais do texto,

além de apresentarem ideias desconexas em sua organização. Acreditamos que

isso aconteceu porque os alunos consideraram apenas as ideias principais do texto,

sem delimitá-las ou reconstruí-las na elaboração do resumo.

Os resultados obtidos após a avaliação dos resumos do ART 1 nos mostram,

portanto, uma baixa eficiência do modelo tradicional, uma vez que a maior parte

dos resumos elaborados de acordo com essa perspectiva apresentou falhas

expressivas. Dos catorze alunos, apenas três produziram um resumo adequado em

relação à macroestrutura do artigo, ou seja, quase 80% deles não conseguiu extrair,

delimitar e reconstruir as ideias principais do texto original, sequer organizá-las na

superestrutura do resumo.

Diversamente, após a avaliação dos resumos do ART 2, verificamos que a

maioria dos alunos – doze dos catorze – alcançou uma produção eficaz, isto é, foi

capaz de selecionar as principais ideias do artigo e de reconstruí-las no resumo.

Evidências dessas diferenças na qualidade dos dois resumos produzidos

podem ser encontradas nas respostas dadas pelos discentes às questões 1 e 3 do

questionário. Consideramos, nessa avaliação, dois aspectos, a saber: a seleção e

a construção abstrata das principais ideias nos dois artigos de opinião

(microestruturas e macroproposições) e a organização e distribuição dessas

estruturas na macrossintaxe (composição) dos resumos produzidos.

Em relação aos alunos X, Y e Z do 1º ano do ensino médio, observamos que

eles não obtiveram êxito na produção do resumo do ART 1 (Figura 1, Figura 3 e

Figura 5), pois identificamos omissões na seleção das ideias e na construção das

ideias principais do artigo para a formação das macroproposições e da

macroestrutura. O contrário ocorre nas produções dos resumos do ART 2 desses

mesmos alunos (Figura 2, Figura 4 e Figura 6), nas quais observamos uma seleção

adequada das ideias principais e uma construção exitosa das estrutururas

semânticas abstratas.

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Ao lermos o resumo do ART 1, reapresentado adiante (Figura 8), observamos

que o aluno X selecionou apenas as microestruturas de 1 a 5, (Mi1) > (Mi5),

deixando de considerar as demais microestruturas, (Mi6) > (Mi35), o que traz como

consequência a construção inadequada das macroproposições e da

macroestrutura do texto. Além disso, as proposições do artigo, selecionadas pelo

aluno X, estão dispostas sem nexo, soltas no espaço textual. Não encontramos,

assim, a organização textual necessária ao que poderíamos chamar de um bom

resumo.

Figura 8 – Resumo do Aluno X – Perspectiva Tradicional

De acordo com o estudo das microestruturas e macroestruturas,

identificamos, na superestrutura do resumo do aluno X, as seguintes

microestruturas, macroproposições e macroestrutura:

Levantamento das Mi:

Mi1: O Brasil vem sofrendo nos últimos anos; Mi2: com vários problemas; Mi3: como inflação, recessão entre outros; Mi4: com isso uma série de problemas na política e seriedade; Mi5: com muitas crises e problemas na sociedade do Brasil

Construção das Macp: Macp: não identificamos a construção de macroproposições no resumo

Produção da Mace:

Mace: Figura 8 (resumo mal estruturado e desorganizado)

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Vemos que, nesse resumo, elaborado de acordo com o modelo tradicional,

o discente não obteve êxito, pois, em nenhum momento, há indícios de que ele

selecionou, reconstruiu e ordenou as ideias do texto-fonte (ART1) no texto

produzido. Quando observamos os aspectos macro e micro do resumo do aluno X

acima, verificamos que ele tenta resumir o tema central do ART 1, que é o

descrédito político que o país enfrenta, porém, não desenvolve os argumentos e as

justificativas; não conclui o resumo, explicando as causas e consequências desse

descrédito; nem apresenta solução para o problema apontado pelo autor do artigo.

A tentativa de resumir o tema pode ser comprovada pelas primeiras microestruturas

do seu resumo:

O Brasil vem sofrendo nos últimos anos com vários problemas, como inflação,

recessão entre outros; com isso uma série de problemas na política e seriedade,

com muitas crises e problemas na sociedade do Brasil.

No entanto, vemos que o aluno X deixa de construir as macroproposições

em seu resumo. Caso a macrorregra de construção fosse aplicada às

microestruturas expostas acima, teríamos, como resultado, a seguinte

macroproposição:

Macp1: O Brasil enfrenta mais um problema: o descrédito político.

Essa ideia macro representaria a tese do texto-fonte reconstruída no resumo.

Além disso, o estudante deixa o seu resumo repetitivo, estanque e confuso,

como se observa pelas repetições nas seguintes microestruturas: (1) O Brasil vem

sofrendo nos últimos anos com vários problemas; (2) uma série de problemas na

política e seriedade e (3) com muitas crises e problemas na sociedade do Brasil.

Na primeira delas, verificamos uma redundância no uso dos termos sofrendo

e problemas, já que se referem ao mesmo sujeito da oração e, se algo (ou alguém)

vem sofrendo, é óbvio que há problemas. Na segunda e na terceira, vemos a

repetição da expressão problemas na sociedade.

Nesse caso, não temos dúvida de que a ineficiência do aluno se deve à falta

de conhecimento de que é necessário considerar as ideias do texto em seu sentido

global, selecionando as ideias principais, delimitando-as e reconstruindo-as com as

macrorregras de seleção e de construção, a fim de produzir resumos de qualidade.

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Já no que diz respeito ao resumo do ART 2 (Figura 9), do mesmo estudante,

percebemos que X alcançou um resultado satisfatório na seleção e construção das

estruturas micro e macro. Vejamos a presença dessas estruturas no resumo do

aluno:

Figura 9 - Resumo do Aluno X – Viés Micro/ Macroestrutura

Levantamento das Mi:

Mi1: O canto da peixada é um dos restaurantes mais velhos de Manaus; Mi2: com 42 anos de existência; Mi3: fundado em 1974 pelo Luizinho e o Aldenor; Mi4: com isso e a aprovação da população; Mi5: tornou-se um patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Amazonas; Mi6: hoje, Aldenor comanda o negócio; Mi7: mantendo a qualidade dos pratos Mi8: até hoje. Mi9: Pode-se dizer que o prato mais famoso é a costela de tambaqui “de rio”; Mi10: como costuma lembrar; Mi11: para deixar claro que não vende nada de cativeiro,; Mi12: prato famoso; Mi13: tanto que foi degustado pelo papa João Paulo II; Mi14: quando visitava Manaus.

Construção das Macp:

Macp1: O canto da peixada é um dos restaurantes mais velhos de Manaus com 42 anos de existência, fundado em 1974 pelo Luizinho e o Aldenor;

Macp 2: com isso e a aprovação da população tornou-se patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Amazonas;

Macp 3: hoje, Aldenor comanda o negócio mantendo a qualidade dos pratos até hoje; Macp 4: Pode-se dizer que o prato mais famoso é a costela de tambaqui “de rio” como

costuma lembrar, para deixar claro que não vende nada de cativeiro; Macp 5: prato famoso tanto que foi degustado pelo papa João Paulo II quando visitava

Manaus.

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Produção da Mace:

Mace: Figura 9

Observa-se, no resumo apresentado, o aproveitamento do aluno X em

relação ao estudo das micro e macroestruturas para a produção do resumo do ART

2. Isso fica evidente logo na primeira macroproposição, formada pelas três

primeiras microestruturas do resumo: O canto da peixada é um dos restaurantes

mais velhos de Manaus, com 42 anos de existência, e fundado em 1974 pelo

Luizinho e o Aldenor”.

Nessa macp1, o aluno X aborda de forma sucinta a tese do ART 2, que tem

como objetivo mostrar que o restaurante Canto da Peixada é o mais antigo de

Manaus. Já no que diz respeito à segunda macp (com isso e a aprovação da

população tornou-se patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Amazonas),

entendemos que ela representa o primeiro argumento que justifica a tese do ART

2, ou seja, o primeiro motivo que fez o restaurante Canto da Peixada tornar-se

Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Amazonas. Isso fica claro pelo uso do

adjunto adverbial de causa com aprovação da população, que representa uma

microestrutura do resumo e do texto-fonte (ART 2).

Além disso, uma terceira macp, que aparece nesse mesmo trecho do

resumo, justifica ainda mais a tese do ART 2: hoje, Aldenor comanda o negócio

mantendo a qualidade dos pratos até hoje. Nessa macroproposição, encontramos

dois argumentos que fundamentam o tema do texto-fonte em questão: o de que

Aldenor, apesar de tanto tempo de existência do restaurante Canto da Peixada,

ainda comanda o mesmo negócio, e o de que o restaurante mantém a qualidade

dos bons pratos para a permanência da clientela.

Uma quarta macp, presente nesse resumo do aluno X (Pode-se dizer que o

prato mais famoso é a costela de tambaqui “de rio” como costuma lembrar, para

deixar claro que não vende nada de cativeiro), termina a justificativa ou o

desenvolvimento do resumo do aluno, a fim de deixar claro que, no restaurante,

não se vende nada de cativeiro, como o tambaqui. Prova disso é o uso da

expressão, entre aspas, “de rio”, que representa uma locução adjetiva com sentido

específico, para fundamentar ainda mais a argumentação da tese defendida pelo

autor do artigo de opinião.

Por fim, o aluno usa a quinta macp, prato famoso tanto que foi degustado

pelo papa João Paulo II quando visitava Manaus, para concluir a tese e o

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desenvolvimento do resumo, confirmando que, de fato, o Canto da Peixada é o

melhor e mais antigo restaurante de Manaus.

Na análise desses dois resumos do aluno X, concluímos que, no primeiro

caso (resumo produzido segundo o modelo tradicional), o estudante não conseguiu

alcançar uma produção adequada por não ter conhecimento de estratégias de

produção para essa modalidade; ao passo que, no segundo caso, ele conseguiu

produzir um resumo de qualidade, pois foi eficiente na seleção, na reconstrução e

no ordenamento das principais ideias do texto.

Acreditamos que isso ocorreu porque, depois das aulas sobre macro e

microestruturas, o aluno X passou a considerar os passos previstos por esse

modelo (identificação das ideias principais do texto, aplicação das regras de

redução da informação, construção das macroproposições e produção da

macroestrutura textual) na elaboração de seu resumo.

No que diz respeito ao aluno Y, do 2º ano do ensino médio, percebemos uma

melhora na seleção das microestruturas ou macroproposições. Diferentemente de

X, Y extraiu as ideias mais importantes de cada parágrafo do ART 1, excluindo

umas e reconstruindo outras; porém, no primeiro parágrafo, deixou a desejar, pois

não fez alusão à tese a ser defendida pelo autor do texto-fonte. É o que podemos

constatar a seguir na leitura do resumo 1 produzido por Y (Figura 10) e na análise

de suas micro e macroestruturas:

Figura 10 - Resumo do Aluno Y – Perspectiva Tradicional

Levantamento das Mi:

Mi1: Desemprego, inflação e corrupção, poucas destas palavras podem resumir a situação do nosso país; Mi2: Com a reeleição de Dilma para um segundo mandato junto de seu vice Temer;

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Mi3: por consequencia de uma cara campanha; Mi4: por consequencia das falcatruas da Operação Lava jato; Mi5: a verdade veio a tona até chegar a presidencia; Mi6: se começou a falar de Impeachment.; Mi7: Daí então dois lados começaram a se opor,; Mi8: os a favor e os contra; Mi9: cabe ao tribunal superior eleitoral julgar e executar de forma correta os infratores desse escândalo; Mi10: para que uma eleição justa seja refeita; Mi11: como uma nova esperança para o Brasil.

Construção das Macp: Macp1: Não há, pois o aluno não apresentou a temática “o descrédito político no Brasil”; Macp2: Com a reeleição de Dilma para um segundo mandato junto de seu vice Temer por

consequência de uma cara campanha; Macp3: por consequência das falcatruas da Operação Lava jato a verdade veio à tona até

chegar a presidência; Macp4: Daí então dois lados começaram a se opor os a favor e os contra; Macp5: cabe ao tribunal superior eleitoral julgar e executar de forma correta os infratores

desse escândalo para que uma eleição justa seja refeita como uma nova esperança para o Brasil.

Produção da Mace:

Mace: Figura 3

Em relação à macp1, entendemos que o aluno Y não reconstruiu, em seu

resumo, a ideia principal do primeiro parágrafo, que representa a tese do texto-

fonte. Em vez de citar a tese defendida no ART 1, O descrédito político no Brasil,

ele apenas listou as microestruturas que representam as causas desse fato:

Desemprego, inflação e corrupção, poucas destas palavras podem resumir a

situação de nosso país.

No que diz respeito às macp2, macp3, macp4 acima, vemos que o estudante

Y conseguiu extrair, do texto-fonte, as principais ideias que justificam a tese do

autor. Os argumentos que respaldam o assunto do artigo de opinião, isto é, que

representam a defesa da tese, se apresentam em forma de uma gradação, que fica

evidente na construção das expressões macro: consequência de uma cara

campanha (macp2); consequência da Lava Jato chegando à presidência (macp3)

e dois lados que se opõem (macp4).

Observando as ideias macro selecionadas, entendemos que, apesar de

ainda apresentar dificuldades relevantes – como a que levou ao apagamento da

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primeira macroproposição –, Y conseguiu elaborar um bom resumo segundo a

perspectiva das microestruturas e macroestruturas.

No final do resumo, ele se utiliza da macp5 (formada pelas microestruturas

cabe ao tribunal superior eleitoral julgar e executar de forma correta os infratores

desse escândalo e para que uma eleição justa seja refeita como uma nova

esperança para o Brasil), a fim de retomar a tese e os argumentos, concluindo seu

texto.

No que tange à elaboração do resumo 2, solicitada na questão 3 do

questionário, verificamos que, a despeito dos deslizes gramaticais, o aluno Y

aprimorou sua produção após as aulas sobre microestruturas, macroproposições e

macroestrutura, conforme podemos observar na Figura 11:

Figura 11 – Resumo do aluno Y – Viés da Micro/ Macroestrutura

Levantamento das Mi:

Mi1: O restaurante Canto da Peixada, o restaurante mais antigo de Manaus; Mi2: com 42 anos; Mi3: foi declarado patrimônio cultural e imaterial pelo deputado David Almeida; Mi4: a primeira caldeirada de tucunaré foi servida no dia 30 de abril de 1974 pelo garçom Whashington; Mi5: porém o prato mais famoso de lá é a costela de tambaqui; Mi6: que já foi provada até pelo papa João Paulo II.

Construção das Macp:

Macp1: O restaurante Canto da Peixada, o restaurante mais antigo de Manaus com 42 anos foi declarado patrimônio cultural e imaterial pelo deputado David Almeida;

Macp2: a primeira caldeirada de tucunaré foi servida no dia 30 de abril de 1974 pelo garçom Whashington;

Macp3: porém o prato mais famoso de lá é a costela de tambaqui Macp4: que já foi provada até pelo papa João Paulo II.

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Produção da Mace:

Mace: Figura 4

Em relação a esse segundo resumo do aluno Y, percebemos que o discente

aborda as principais microestruturas e macroproposições, chegando, portanto, à

produção de um bom resumo (construção da macroestrutura). Exemplo disso se

observa na construção da primeira macp do resumo, na qual se pode perceber a

tese que é defendida no texto-fonte: O restaurante Canto da Peixada, o restaurante

mais antigo de Manaus com 42 anos foi declarado patrimônio cultural e imaterial

pelo deputado David Almeida.

No entanto, essa macp1 poderia ser ainda mais resumida, aplicando-se a

ela a regra de seleção, o que a tornaria mais delimitada e objetiva, como se observa

a seguir:

Antes da redução: O restaurante Canto da Peixada, o restaurante mais antigo de Manaus

com 42 anos foi declarado patrimônio cultural e imaterial pelo

deputado David Almeida,

Aplicando a macrorregra, obtemos

O restaurante Canto da Peixada é o mais antigo de Manaus.

A diferença entre a macroproposição apresentada pelo aluno e a

macroproposição resumida é nítida. Logo, vemos que a aplicação da macrorregra

deixaria o texto mais enxuto.

Quanto às macp2, macp3 e macp4, podemos afirmar que esse aluno

consegue expor as principais ideias do texto-fonte, desenvolvendo as justificativas

e os argumentos do ART 2. Desse modo, ele se mantém fiel à ideia defendida na

tese: a de que esse restaurante, além de ser o mais antigo, é um dos mais visitados,

pela qualidade dos bons pratos e da clientela fiel que o frequenta.

Contudo, o estudante deixa de citar, em seu resumo, uma das

macroproposições, quando não aborda uma das ideias macro do texto-fonte:

Sobrevive com seu fundador Aldenor, pois possui uma clientela fiel e a boa

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qualidade de seus pratos 6 . Essa macroproposição é formada por duas

microestruturas unidas pelo conectivo explicativo pois e representa um dos

argumentos que sustentam a tese do ART 2: o restaurante é, de fato, bom e bem

frequentado.

Verificamos, porém, pela observação geral do resumo que, mesmo sem ter

ainda domínio completo das macrorregras de redução da informação, o aluno Y

consegue abordar a essência do sentido global do texto-fonte, mostrando a tese,

os principais argumentos e a conclusão de que o Canto da Peixada é um dos

restaurantes mais antigos de Manaus, detentor de boa clientela e de bons pratos,

como a caldeirada de tucunaré e a costela de tambaqui.

Finalmente, no que concerne à análise da produção do estudante Z, do 3º

ano do ensino médio, podemos afirmar que ele não produziu um resumo de

qualidade do ART 1, o que pode ser confirmado pela leitura do resumo apresentado

na Figura 12:

Figura 12 - Resumo do Aluno Z – Perspectiva Tradicional

Levantamento das Mi: Mi1: O Brasil se encontra, nos últimos tempos, cheio de debilidades; Mi2: que só pioram a cada dia;

Mi3: Nessa fase difícil do país, a população está dividida; Mi4: entre a permanência e a saída de Dilma do poder; Mi5: Mas em meio a essa bandalheira; Mi6: existem aqueles que preferem ficar do lado do povo; Mi7: ao invés de defender partidos; Mi8: O povo foi enganado; Mi9: e a ideia da Rede Sustentabilidade, um partido meio termo, é devolver os direitos do povo; Mi10: pois discutir quem fica e quem sai só serve para ter dor de cabeça.

6 O modelo de construção das macroproposições do ART 2 pode ser visto nas páginas 60 e 61 desta dissertação.

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Construção das Macp: Macp1: O Brasil se encontra, nos últimos tempos, cheio de debilidades que só pioram a

cada dia; Macp2: Nessa fase difícil do país, a população está dividida entre a permanência e a saída

de Dilma do poder; Macp3: Mas em meio a essa bandalheira existem aqueles que preferem ficar do lado do

povo ao invés de defender partidos; Macp4: O povo foi enganado e a ideia da Rede Sustentabilidade, um partido meio termo,

é devolver os direitos do povo; Macp5: pois discutir quem fica e quem sai só serve para ter dor de cabeça.

Produção da Mace: Mace: Figura 5

Ao analisarmos a macp1 do aluno Z (O Brasil se encontra, nos últimos

tempos, cheio de debilidades que só pioram a cada dia), percebemos que ele

comete o mesmo erro que o estudante Y havia cometido na produção do resumo

1: ele não cita, em seu resumo, a tese defendida pelo autor do artigo-fonte, que é

O descrédito político no Brasil.

Em relação à construção das macp2, macp3 e macp4, vemos que o aluno Z

apresenta os principais argumentos que fundamentam a tese do artigo. No entanto,

percebemos uma falta de organização das ideias macro no que se refere à

distribuição dessas estruturas no resumo.

Há algumas falhas também na construção das macroproposições. A macp2,

por exemplo, poderia ser reduzida pela aplicação da macrorregra de construção, a

fim de obtermos uma macroproposição mais objetiva e concisa em relação ao

conteúdo global do texto-fonte. Vejamos essa redução no exemplo abaixo:

Antes da redução: Nessa fase difícil do país, a população está dividida entre a

permanência e a saída de Dilma do poder.

Após a redução: A população se opõe a favor e contra a permanência de Dilma

no poder.

Percebe-se, no exemplo acima, certo grau a mais de clareza na ideia macro

reduzida, que se refere às duas correntes que se opõem: uma que propõe a saída

de Dilma do poder e outra que defende a sua permanência. Isso só pode ocorrer,

como vimos no capítulo teórico, quando aplicamos a macrorregra de seleção, de

generalização ou de construção nas partes maiores do texto, como os parágrafos;

em sentenças de proposições; ou entre orações coordenadas e subordinadas.

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Assim, acreditamos que o excesso de informações acessórias presente nas macps

construídas pelo aluno Z deve-se à não-aplicação das macrorregras nos parágrafos

do texto-fonte.

O aluno Z conclui seu resumo com a macp5: pois discutir quem fica e quem

sai só serve para ter dor de cabeça. A nosso ver, essa macroproposição não

representa uma conclusão coerente com a tese do texto e com os argumentos

expostos no seu desenvolvimento. Uma conclusão que nos parece adequada ao

conteúdo global do ART 1 é a seguinte: O partido REDE exige que o TSE apure desvios

de verba e que os culpados, que deixam o país com essa imagem negativa na política,

sejam punidos.

Contudo, verificamos que o mesmo aluno Z se superou na produção do

resumo do ART 2. Vejamos:

Figura 13 – Resumo do Aluno Z – Viés Micro/ Macroestrutura

Levantamento das Mi:

Mi1: O restaurante Canto da Peixada é o mais antigo restaurante de Manaus; Mi2: 42 anos; Mi3: e se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado; Mi4: Tenho laços muito fortes com o Canto da Peixada; Mi5: pois lá passei por momentos muito agradáveis com meus amigos; Mi6: Atualmente, Aldenor, um de seus fundadores, é quem toca o negócio ao lado de seus filhos apesar das dificuldades; Mi7: Seu segredo do sucesso é a qualidade e o bom trato; Mi8: No decorrer dos anos, recebeu clientes famosos, como o papa João Paulo II e Amador Aguiar, dono do Bradesco; Mi9: Feliz por fazer parte dessa história; Mi10: Parabéns, Aldenor e família.

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Construção das Macp: Macp1: O restaurante Canto da Peixada é o mais antigo restaurante de Manaus: 42 anos

e se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado; Macp2: Tenho laços muito fortes com o Canto da Peixada pois lá passei por momentos

muito agradáveis com meus amigos; Macp3: Atualmente, Aldenor, um de seus fundadores, é quem toca o negócio ao lado de

seus filhos apesar das dificuldades seu segredo do sucesso é a qualidade e o bom trato;

Macp4: No decorrer dos anos, recebeu clientes famosos, como o papa João Paulo II e Amador Aguiar, dono do Bradesco.

Macp5: Feliz por fazer parte dessa história. Parabéns, Aldenor e família.

Produção da Mace:

Mace: Figura 6

Em relação a esse resumo, podemos afirmar que Z atuou adequadamente

na seleção das ideias do texto-fonte e nas reconstruções empreendidas. Confirma

essa observação o fato de ele haver selecionado as ideias-tópico (ou macro) de

cada parágrafo do texto-fonte e as ter distribuído em cada macp de seu resumo, de

forma objetiva e bem organizada.

Vejamos como ele apresentou a macp1 do resumo:

O restaurante Canto da Peixada é o mais antigo restaurante de Manaus: 42

anos e se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado.

Nesse conjunto de microestruturas, o estudante expõe, de forma bem

sintética e delimitada, a tese defendida pelo autor do texto-fonte.

Observemos o uso do conectivo e que une as duas microestruturas dessa

macp: O restaurante Canto da Peixada é o mais antigo restaurante de Manaus: 42

anos e se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado.

Trata-se de uma conjunção que denota adição. Assim, nessa construção, ela

serve para enfatizar que o Canto da Peixada não só é o restaurante mais antigo

de Manaus, mas também se tornou patrimônio cultural do Amazonas. Vemos,

então, que a relação semântica estabelecida entre as microestruturas para a

formação dessa macp segue uma conexão semântico-sintática que confirma a tese

defendida no ART 2.

Outra evidência de que o texto de Z é um bom resumo é o fato de o estudante

conseguir unir as principais macroproposições, macp2 e macp3, macp4, que

representam o desenvolvimento e a confirmação da tese do ART 2, apresentando-

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nos as causas de o restaurante ser o mais antigo de Manaus e de se tornar

patrimônio cultural.

O primeiro argumento (ou ideia macro) é apresentado na macp 2: Tenho

laços muito fortes com o Canto da Peixada pois lá passei por momentos muito

agradáveis com meus amigos. Nela, o estudante explicita o sentido essencial do

argumento: mostrar que o restaurante é um recanto para o encontro dos amigos.

De fato, verificamos que o aluno deixa de citar a caldeirada de tucunaré, que se

supõe ter sido a primeira realizada no estado do Amazonas. Essa ausência,

contudo, não prejudica o sentido global do texto-resumo elaborado.

Um terceiro exemplo de que o texto elaborado por Z é um bom resumo

apresenta-se na macp3, pois o aluno consegue selecionar e construir mais uma

macroproposição dos parágrafos do texto-fonte, mantendo a fidelidade com o

desenvolvimento da tese do ART 2: Atualmente, Aldenor, um de seus fundadores,

é quem toca o negócio ao lado de seus filhos apesar das dificuldades seu segredo

do sucesso é a qualidade e o bom trato.

Na macp3, o aluno Z consegue manter as duas principais microestruturas

que dão conexão e sentido para a formação da macroproposição apesar das

dificuldades, Aldenor mantém este restaurante:

Aldenor, um de seus fundadores é quem toca o negócio, ao lado de seus filhos

(microestrutura 1)

a clientela fiel e amiga permanece pela qualidade dos bons pratos

(microestrutura 2)

Desse modo, o aluno reconstrói, em seu resumo, a essência de sentido do

terceiro parágrafo do texto-fonte.

Na construção da macp4, vemos que o aluno Z não consegue extrair a ideia

essencial do quarto parágrafo do texto-fonte. Nesse caso, o adequado seria que o

aluno comentasse que o restaurante não vende nada de cativeiro e que um

exemplo disso é a costela de tambaqui ‘de Rio’. Entretanto, verificamos que Z se

limita a dissertar sobre a clientela que frequenta o restaurante, o que não tem

conexão direta com a ideia global do parágrafo No decorrer dos anos, recebeu

clientes famosos, como o papa João Paulo II e Amador Aguiar, dono do Bradesco.

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Todavia, entendemos que a falta dessa informação não compromete

totalmente o sentido global do resumo de Z, já que a tese defendida pelo autor do

ART 2 (O restaurante Canto da Peixada é o mais antigo de Manaus e já é

patrimônio cultural e imaterial do estado do Amazonas) é expressa pelo aluno logo

na macp1 de seu resumo.

Na macp5, o aluno Z conclui a tese do ART 2, dizendo: Feliz por fazer parte

dessa história. Parabéns, Aldenor e família. Com essa macroproposição final, o

aluno Z encerra o resumo sem perder de vista o sentido global do ART 2.

Em suma, com as análises das produções dos alunos X, Y e Z, concluímos

que a abordagem tradicional da produção de resumos, que leva em conta a

identificação das ideias principais do texto como estratégia principal para a

produção, e a abordagem baseada na proposta de van Dijk (1996), que utiliza as

noções de micro e macroestruturas, apresentam resultados bem diferentes no que

diz respeito à produção de um bom resumo.

Por um lado, verificamos, pela análise dos primeiros resumos produzidos,

referentes ao ART 1, que os alunos não conseguiram atingir um bom nível de

produção por meio do modelo tradicional, adotado na maior parte das salas de aula

das redes de ensino público e privado, cujo foco, conforme já mencionamos nesta

dissertação, é a apreensão do sentido global apenas com a seleção das ideias

principais, sem delimitação ou reconstrução dessas ideias.

Por outro lado, vimos que os alunos atingiram bons níveis de produção com

o modelo baseado na proposta de van Dijk (1996), o qual leva em conta o sentido

global do texto, observado em todas as suas partes, parágrafos e mensagens. Os

sentidos construídos com base nessas partes formam, como vimos, um conjunto,

que funciona como um sumário formado pelas macroproposições. Esse conjunto

de ideias macro do texto guia os alunos na construção da macroestrutura textual.

Desse modo, obtemos, como resultado, a produção de bons resumos, nos quais

observamos uma síntese das principais ideias do artigo lido, bem como a

ordenação lógica das macroproposições na superestrutura textual.

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CONCLUSÃO

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Procuramos mostrar e discutir, neste trabalho, uma forma de ensinar ao

aluno do ensino médio a produção de resumos de artigos de opinião publicados em

jornais. Para isso, teoricamente recorremos aos postulados da gramática de texto

de van Dijk (1996) e das estruturas textuais (microestruturas e macroestruturas),

estudos da chamada Segunda Fase da Linguística Textual

Realizamos um experimento que visava à produção de resumos por 14

estudantes de uma escola da rede pública estadual localizada no centro de

Manaus. Para isso, consideramos a existência de, pelo menos, duas maneiras de

produzir resumos: o modelo que se insere no que denominamos perspectiva

tradicional e o que é produzido levando-se em conta o viés da microestrutura/

macroestrutura.

No primeiro modelo, levam-se em conta apenas as ideias centrais de cada

parágrafo, sem considerar a forma como as ideias podem ser identificadas, por

exemplo, e sem a preocupação de como podem ser reconstruídas no resumo.

Quanto ao outro modelo, propõe-se dar importância a todas as ideias tema ou

assunto de cada parágrafo do texto-fonte, de maneira mais trabalhada e

aprofundada no que tange a essas ideias principais, suprimindo, generalizando ou

reconstruindo essas ideias presentes nas microestruturas de cada parágrafo do

texto-fonte. Em outras palavras, no segundo modelo, são consideradas e

trabalhadas as micro e macroestruturas do texto-fonte.

Analisamos vinte e oito resumos produzidos pelos alunos segundo ambos

os modelos, sendo 14 resumos de cada modelo. O grupo de alunos era composto

por estudantes dos 3 anos do ensino médio.

O experimento realizado com os dois modelos mostrou-se bem-sucedido, na

medida em que nos permitiu detectar diferenças relevantes quanto à qualidade dos

resumos elaborados: os resumos do ART 2 (referentes ao segundo modelo) foram

de modo geral produzidos a contento, ao passo que os resumos do ART 1 (primeiro

modelo) se mostraram menos ou pouco satisfatórios. Dessa forma, até o momento,

pudemos concluir que nossa proposta, que leva em conta os estudos linguísticos

das micro e macroestruturas, se apresenta mais eficiente do que o que se realiza

geralmente na perspectiva tradicional na escola.

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Pudemos reforçar a importância de um ensino de produção de resumos que

considere o texto de forma “global”, pois acreditamos que um ensino que leve em

conta a organização hierárquica dos enunciados na construção textual conduz à

produção de textos mais bem elaborados e delimitados.

Entre as limitações que reconhecemos haver nesta dissertação, está a

amostra pouco abrangente, já que nos limitamos a aplicação da pesquisa e sua

coleta de dados em apenas uma escola de Manaus com somente 14 alunos, como

é de se esperar em uma pesquisa dessa natureza

Outro fator que limitou este estudo foi a existência de poucas fontes

bibliográficas para a abordagem do tema, exceção evidentemente feita aos

extensos estudos de van Dijk, os quais, não à toa, foram os que mais contribuíram

para o desenvolvimento do experimento

A nosso ver, contudo, entendemos que esta dissertação pode trazer alguma

contribuição para o trabalho de produção de texto-resumo em textos

argumentativos, como os do artigo de opinião, junto aos professores universitários

e seus alunos na graduação, mas também e principalmente junto aos demais

professores, atuantes no ensino médio.

Além disso, parece ser este estudo uma contribuição e também um estímulo

para a existência de trabalhos futuros na área da LT, em continuidade a este, tanto

no que se refere a trabalhos que se insiram na segunda fase da LT, quanto em

relação a experimentos resultantes de outras perspectivas teóricas linguísticas.

Encerramos a experiência com a certeza de que ela pode contribuir para o

ensino bem como para a investigação de estratégias eficientes para a produção de

resumos mais objetivos e mais bem elaborados de artigos de opinião ou, no geral,

de textos de opinião. E o ensino da produção de resumo na perspectiva que

defendemos poderá ajudar os alunos a obterem êxito nos exames realizados no

país e nas atividades cotidianas das redes de ensino público e privado, não estando

restrito às aulas de Língua Portuguesa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. DRA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, r

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de u7"xto argumentativo

irado de Jornais Impressos do

2) Questão

1"é)l),

...,: A'ffmiJ.á/w?_.vn f& [!~ Atd .vm?!.

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3) Questão

4)

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutura,

macroproposição e macroestrutura desse texto. (\ '

Ú!Yrl

l(),Ml &x9 ..i2t:J.&.O

~V(lMd..9 !11".hida va · M G&illt,/'\ . l '

as sintático- semânticas menores, pois fazem parte -da estrutura de superfície do texto, frases ou períodos compostos (Van Dijk, 1980).

b)(Ç) Macropropo ção: são "macro" afirmações, pois são estruturas semânticas de um

~!,,__i1S»J'"'TC,.,resentadas em boa parte, pelos tópicos frasa is ou temas

dos parágrafos (Van Dijk, 1983) e ( Kintsch, 1985).

tido global ou a mensagem do texto. Esta se

constrói, a parti~regras de redução da informação, aplicadas nas

microestruturas e nas macroproposições.

~ d)(l>)"Tema" ou "lntroduçN : representa uma unidade sintático- semântica de sentido

do texto ( macroproposiç , pois se significado é parcial e não global ao texto,

segundo Van Dijk (1972).

e)(\j) Os Artigos de Opinião apresentam as categorias: argumentação, justificativa e

conclusão, além de Jeiaracterizare orno tipo argumentativo ou gênero textual por

apresentar uma i~teração e o locutor e seu interlocutor, numa tentativa de

persuadir ou conv· ouvinte, em relação a assuntos que tratam de reflexões,

críticas, posicionamentos em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. ORA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

do autor Luís Castro.

2) Questão

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3) Questão

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

4) Questão

Marque (V) para Verdadeiro e (F) para Falso.

a)( ) Microestrutu s: são truturas sintático- semânticas menores, pois fazem parte

da estrutura de perfície d texto, frases ou períodos compostos (Van Dijk, 1980).

nível maior de sentido, sã representadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos (Van Dijk 1983) e ( Kintsch, 1985).

c)( )Macroestrutura: r resenta o sentido global ou a mensagem do texto. Esta se

constrói, a partir d macrorregras de redução da informação, aplicadas nas

d)( )"Tema" ou "lnt~dução": representa uma unidade sintático- semântica de sentido

do texto ( macropr posição), pois seu significado é parcial e não global ao texto,

segundo Van Dijk (1 72).

e)( ) Os Artigos de Opinião apresentam as categorias: argumentação, justificativa e

conclusão, além de se caracterizarem como tipo argumentativo ou gênero textual por

apresentar uma inter~o entre o locutor e seu interlocutor, numa tentativa de

persuadir ou convenc r o ouvinte, em relação a assuntos que tratam de reflexões,

críticas, posicionamen os em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. ORA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

Amazonas "No~a Chance", do autor Luís Castr~ . -Ji;m . /(, R= tQ 69ta/xf trze.,WffYOi:J:w, 11114Q~ ~' cÂeffer:fL 1

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2) Questão

A partir das "Microestruturas, construa "Macroproposições" para o Artigo de Opinião

Impresso "O Canto da Peixada", do autor Serafim Correa. - ....i- I 0 '. / I

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3) Questão

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutura,

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4) Questão

Marque (V) para Verd ) para Falso.

turas sintático- semânticas menores, pois fazem parte

da estrutura de spperfície do exto, frases ou períodos compostos (Van Dijk, 1980).

b)( ) Macroprophsição: sã "macro" afirmações, pois são estruturas semânticas de um

nível maior de sentido, sNo representadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos (Van D" k, 1983) e ( Kintsch, 1985).

c)( )Macroestrutur . representa o sentido global ou a mensagem do texto. Esta se

constrói, a partir: das macrorregras de redução da informação, aplicadas nas

d)( )"Tema" o "Introdução": representa uma unidade sintático- semântica de sentido

do texto ( m croproposição), pois seu significado é parcial e não global ao texto,

segundo Van ijk (1972).

e)( ) Os Art. os de Opinião apresentam as categorias: argumentação, justificativa e

conclusão, alé de se caracterizarem como tipo argumentativo ou gênero textual por

apresentar um€· eração entre o locutor e seu interlocutor, numa tentativa de persuadir ou ncer o ouvinte, em relação a assuntos que tratam de reflexões,

críticas, posici namentos em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. ORA. MERCEDES CRESCITELU- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

Amazonas "Nova Chance", do autor Luís Castro. X f\ . I'" I" ' ('.__, ./

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2} Questão

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3) Questão

4)

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutura,

macroproposição e macroestrutura desse texto.

R= o llt:5Tf=\;Q,ql,JtÇ \)11\.J\'\J D4- fü ·, XAQA i o J}'y)&-;S fY'fWl\{JS · i;;NOA-DO OM { Otq 7 .

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luras sintático- mânticas menotes, pois fazem parte

da estrutura de superfície do texto, fr ou períodos compostos (Van Dijk, 1980).

b)(Ú Maccop posição: são "m o" afirmações, pois são estruturas se-mânticas de um

nível maior e sentido, s- representadas em· oa parte, pelos tópicos frasa is ou temas

dos parágra Dijk, 1983) e ( · c , 1985).

c)(V)Macrpê'strutura: repre a o sentido global ou a mensagem do texto. Esta se

d)(VTema" ou "lntrod ". representa uma idade sintático- semântica de sentido

do texto ( macroproposiç o), pois significado é parcial e não global ao texto,

segundo Van Dijk (1972).

e)(,V) Os Artig Opinião apresentam as cate · : argumentação, justificativa e

conclusão, ai m d se caracterizarem co po argumentativo ou gênero textual por

apresentar ma interação entre ocutor e seu interlocutor, numa tentativa de

persuadir ou convencer vinte, em relação a assuntos que tratam de reflexões,

'--- entos em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. ORA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

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2) Questão

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3) Questão

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

4) Questão ,

Marque (V) para Ver adeiro e (F ra Falso.

a)(-J) Microestruturas. N estruturas sintátic~cas menores, pois fazem parte

períodos compostos (Van Dijk, 1980).

as macropropo oes.

a mensagem do texto. Esta se

da informação, aplicadas nas

~,, ou "lntroduçã ". representa uma unidade sintático- semântica de sentido

do te ( macro osição), pois seu significado é parcial e não global ao texto,

segundo 1jk (1972). -,

e)( \[l Os Artigos de Opinião apresentam as categorias: ar entação, justificativa e

conclusão, alé de/e caracterizarem como tipo mentativo ou gênero textual por

apresentar a interação entre o loc e seu interlocutor, numa tentativa de

persuadir o convencer o ouvin , em relação a assuntos que tratam de reflexões,

relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. ORA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

Amazonas "Nova Chance", do autor Luís Castro.

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2) Questão

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3) Questão

Produza um segundo uresumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutura,

4) Questão

Marque (V) para Verdad

sintático- semâ · · menores, pois fazem parte

da estrutura de superfíc~o, frases o todos compostos (Van Dijk, 1980).

b)(V) Macroprop~ão: são "macro" rmações, pois são estruturas semânticas de um

esentadas em boa o~elos tópicos frasais ou temas

constrói, a

entido global ou a mensagem do texto. Esta se

crorregras de redução da informação, apticadas nas

m icroestrutu raS"e"líãs ma crop roposições.

d)(Yl"Tema" ,óU1flntrodução": representa uma unidade sintático- semântica de sentido

do texto (

e)N) Os Artigos de Opinião apresentam as categorias: argumen o, justificativa P

apresentar u~a interação entre o locutor e interlocutor, numa tentativa de persuadir ou convencer o ouvinte, e ação a assuntos que tratam de reflexões,

críticas, posici namentos em rei -o a esses temas (Travaglia, 2004)

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QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. ORA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do >< Amazonas "Nova Chance", do autor Luís Castro.

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2) Questão

A partir das "Microestruturas, construa "Macroproposições" para o Artigo de Opinião

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3) Questão

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutura,

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'( . 'l ~ ~ - J . -~ 1 ·~ --a 4b!J b' rV ~ ,. r.~ ~ ~ ;;.;;~~ 1... ,t e '.:::. r::t::.tt -pezic. fo"fr' n .\M,,1 r1 ~~ Mm. 'ª!,., &wf21' 4 • s.9 • 'P 17.p,,cDL D<cti •

----4) Questão

Marque (V) para Ve

a)(!=') Microestrutur~sintático- emânticas menores, pois fazem parte

da estrutura de superfície do texto, frase períodos compostos (Van Dijk, 1980).

b)(V) Macropr os ção: são "mac afirmações, pois são estruturas semânticas de um

nível maior d sentido, sã presentadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos ijk, 1983) e ( Kintsch

c)(y )Macroest tura: representa entido global ou a mensagem do texto. Esta se

constrói, a reduç~a informação, aplicadas nas ~

microestruturas as macroproposições.

d)(V)"Tema",.eu "Introdução": re

do texto (

e)(r ) Os Artigos de Opinião apresentam as categorias: argumentação, justificativa e

conclus.ãÕ)Jlém de se caracterizarem como tipo argumentativo ou gênero textual por

interação entre o 1 cutor e seu interlocutor, numa tentativa de

convencer o ou · e, em relação a assuntos que tratam de reflexões,

em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL

QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. ORA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

Amazonas "Nova Chance", do autor Luís Castro. . /(

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2) Questão

A partir das "Microestruturas, construa "Macroproposições" pa Artigo de Opinião ../

Impresso "O Canto da Peixada", do autor Serafim Corre

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3) Questão

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

4) Questão

Marque (V) para Verdadeiro e (F) para Falso.

a)( ) Microestruturas: são est turas intático- semânticas menores, pois fazem parte

da estrutura de superfície d texto, fr es ou períodos compostos (Van Dijk, 1980).

b)( ) Macroproposição: são macro" firmações, pois são estruturas semânticas de um

nível maior de sentido, são repres tadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos (Van Dijk, 1983) ( Kintsch, 1985).

constrói, a partir das

ta o sentido global ou a mensagem do texto. Esta se

crorregras de redução da informação, aplicadas nas

d)( )"Tema" ou "lntrod~ão": representa uma unidade sintático- semântica de sentido do texto ( macroprop sição), pois seu significado é parcial e não global ao texto,

segundo Van Dijk (1972).

e)( ) Os Artigos de Opinião apresentam as categorias: argumentação, justificativa e

conclusão, além de se caracterizarem como tipo argumentativo ou gênero textual por

apresentar uma intera elltre o locutor e seu interlocutor, numa tentativa de

persuadir ou convenc,ér'o--Ouvinte, em relação a assuntos que tratam de reflexões,

críticas, posicionamentos em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. DRA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

Amazonas "Nova Chance", do autor Luís Castro.

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2) Questão

A partir das "Microestruturas, construa "Macroproposições" para o Artigo de Opinião

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3) Questão

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutura,

ição e macroestrutura desse texto.

4) Questão

Marque (V) para

a)M Microestru~uras sintático- semânticas menores, pois fazem parte

da estrutura de superfície do texto, frases ou os compostos (Van Dijk, 1980).

b)W°) Macropr ição: são "macro" mações, pois são estruturas semânticas de um

nível maior de sentido, são esentadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos ijk, 1983) e ( Kintsch, 1

c)(\Ó)Macroe r tura: representa o ido global ou a mensagem do texto. Esta se

constrói, a redução da informação, aplicadas nas

microestruturas e nas macroproposições.

d)(~"Tema" ou "lntr ução": represent unidade sintático- semântica de sentido

do texto ( macrop oposição), · seu significado é parcial e não global ao texto,

segundo Van Dijk (1

e)( )~rtigos de Opinião apresentam as categorias: argumentação, justificativa e conclusã , além de se caracterizarem como tipo argumentativo ou gênero textual por

aprese ar uma interação entre o locutor e seu interlocutor, numa tentativa de

persu ir ou convencer o ouvinte, em relação a assuntos que tratam de reflexões,

crítica~osicionamentos em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA nRA MFRCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o "Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

2) Questão

A partir das "Microestruturas, construa "Macroproposições" para o Artigo de

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3) Questão

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutura,

4) Questão

Marque (V) para

ras sintático- semânticas menores, pois fazem parte

da estrutura de s~ texto, frases o nodos compostos (Van Dijk, 1980).

b)M Macropr o ição: são "macr " irmações, pois são estruturas semânticas de um

nível maior de entido, s- epresentadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos (Van Dijk, 1983) e ( Kintsch, 1 ~ ~

ido global ou a mensagem do texto. Esta se

orregras de redução da informação, aplicadas nas

microestruturas e nas macroproposições.

d)(Y}"Tema" ~ntrodução": representa uma unidade sintático- semântica de sentid<

do texto ( rhaa;( roposição ois seu significado é parcial e não global ao texto,

segundo Van Dijl< 2).

e)(\1 Os Artigos de Opinião apresentam as categorias: argumentação, justificativa f:

conclusão, além

apresentar um tor e seu interlocutor, numa tentativa d,_

persuadir ou co~nte, em relação a assuntos que tratam de reflexões,

críticas, posicionamentos em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL

QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. ORA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto,

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto arguy<entativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de J9(hais Impressos do

Amazonas 11Nova Chari R= Ü .

2) Questão

A partir das "Microestrutur~ construa "Macroproposições" gafa"o Artigo de Opinião

Impresso "O Canto da Peixada~o autor Serafim Correa.

R= U \,Q,dJO Ó. O, 'QD, ~ -

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3) Questão

4)

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutura,

ra desse texto.

turas: são estruturas sintático- semân · cas menores, pois fazem parte

da estrutura de sup ' ie do texto, frases nodos compostos (Van Dijk, 1980).

b)tv') Macroproposi ão: são "m afirmações, pois são estruturas semânticas de um

nível maior de sentido, sao representadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos (Van ~ 1983) e ( Kintsch, 1985).

c)(f)Macroestrutura~enta o sentido g~u a mensagem do texto. Esta se

microestruturas e nas macroproposiçõ

d)(\J}"Tema" ou "Introdução": repre enta uma unida

do texto ( macroproposição), pois seu · 1cado é

segundo Van Dijk (1972).

da informação, aplicadas nas

·t:ático- semântica de sentido

parcial e não global ao texto,

e)( A Os Artigos de Opinião apres tam as categorias: argumentação, justificativa e

conclusão, além de se caracteriz rem1 como tipo argumentativo ou gênero textual por

apresentar uma interação ent e o interlocuto ma tentativa de

persuadir ou convencer o ouvinte, em elação a os que tratam de reflexões,

críticas, posicionamentos em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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PP.E9.Q,1.mAimB006ÁÁIE~A: DDOON'm~ITTAL

QQIIDIDCSIÁÁ.IOCJl AAAJ(Offi.l:JOOB[)f:U~OO-S'ltoocffiase 2 016

AJl!JElOO~~CJDI}~IE$9_Ql.MAEESOOMRJKnOm\D[)(M\ljfllKJiÁIOCIDBt\RIANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A\· 00 ,....,FA. ORA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nH êYh:is

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argument11tiv~

qualquer, produza um "resll'Rto" do Artigo de Opinião tirado de Jornais lm™"'Hos do

2) Questão

A partir das "Microestruturas,

À) ' y~ -/. / fflA.º'- 11»ia e /.<RMA2J .

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3) Questão

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa°').{odução os estudos sobre: º~tema, a microestrutura,

macroproposição e macroestrut~ desse texto.

R=: Q 2. d\M 1n 1 ~h~ C\ t;daa i;L &liD{u cl9= ctn,1. {&..,

(J

crd 1 i Jo &.d(. .

iJ~ rv ~· pQ1L. I

4) Questão

Marque (V) para V

:..sã6 estruturas sintático- semânticas menores, pois fazem parte

da estrutura de superfície . o texto, frases ou períodos compostos (Van Dijk, 1980).

b)(f) Macroproposição. - "macro" firmações, pois são estruturas semânticas de um

nível maior de sentido, sa resentadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos (Van Dijk, 1983) e ( Kintsch, 1985).

c)(\J )Macroestrutura: repr

constrói, a partir das ~a-crorr~e redução da informação, aplicadas nas

d)(f )"Tema" ou "Introdução": representa

do texto ( macroproposição), pois seu si~ parcial e não global ao texto,

segundo Van Dijk (1972).

e)( V) Os Artigos de Opinião apres~m as categorias: argum~ção, justificativa e

conclusão, além de se caracterizafem tomo tipo argumel}l:ati'VÓ ou gênero textual por

persuadir ou convencer o ouvin~ção a assuntos que tratam de reflexões,

críticas, posicionamentos em relação a esses temas (Travaglia, 2004}

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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL

QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTAD_OR (A);._PRQFA. DRA. MERCEDES CRESCITFI 11- 01 ir co

1) Questão

Diante da ideia de que o "Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

2) Questão

A partir das "Microestrutura~, construa "Macroproposições" paril o Artigo de Opinião

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3) Questão

4)

Produza um segundo "resumo", sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutu!Y,

macroproposição e macroestrutura desse texto.

R=íl.Jt1At~ ~

a)(v) Microestruturas~truturas sintático- semânticas menores, pois fazem parte

períodos compostos (Van Dijk, 1980).

afirmações, pois são estruturas semânticas de um

nível maior d sentido - representadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos an Dijk, 1983) e ( Kintsch, 1985).

c)(.f')Macroestrut ra: representa o sentido global ou a mensagem do texto. Esta se

constrói, a parti s macr ras de redução da informação, aplicadas nas

microestruturas e nas macroproposições.

d)(\})"Tema" o " tradução": representa uma unidade sintático- semântica de sentido

do texto ( croproposiç~u significado é parcial e não global ao texto, segundo Van .. k (19

e)F) Os Artigos d

conclusão, além d

o locutor e seu interlocutor, numa tentativa de

ouvinte, em relação a assuntos que tratam de reflexões,

críticas, posicionamentos em relação a esses temas (Travaglia, 2004)

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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL

QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS-Ano Base 2016

APLICAÇÃO DA PESQUISA: ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MANAUS

PESQUISADOR PROF. MESTRANDO: OTÁVIO BRASIL- PUC, SP

ORIENTADOR (A): PROFA. DRA. MERCEDES CRESCITELLI- PUC, SP

1) Questão

Diante da ideia de que o ''Tema" ou "Introdução" do texto, representa nas aulas

tradicionais, "fator primário", para a compreensão de um texto argumentativo

qualquer, produza um "resumo" do Artigo de Opinião tirado de Jornais Impressos do

2) Questão

r~ ~ M)l

~_Q_~,. .. P~

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3) Questão

Produza um segundo "resumo11, sobre o Artigo de Opinião Impresso "O Canto da

Peixada", considerando nessa produção os estudos sobre: o tema, a microestrutura,

macroproposicão e macroestrutura desse texto.

4) Questão

Marque (V) para Verdadeiro e (F) para Falso.

a)M Microestruturas: são estruturas sintático- semânticas /nytíores, pois fazem parte

da estrutura de superfície do texto, frases ou períodos comlibstos (Van Dijk, 1980).

b)((} Macroproposição:@.p "macro11 afirmações, pois são estruturas semânticas de um

nível maior de sentido, s~sentadas em boa parte, pelos tópicos frasais ou temas

dos parágrafos (Van Dijk, 1983) e ( Kintsch, 1985).

c)('\f )Macroestrutura: representa)"}entido ~u a mensagem do texto. Esta se

redução da informação, aplicadas nas

microestruturas e nas macropro

d)(A11Tema11 ou "Introdução": representa u

do texto ( macroproposição), pois seu signr

segundo Van Dijk (1972).

tático- semântica de sentido

é parcial e não global ao texto,

e)('\/) Os Artigos de Opinião apresentam as categorias: argumentação, justificativa e

conclusão, além de se caracterizare

apresentar uma interação entre

1vo ou gênero textual por ,, rlocutor, numa tentativa de

persuadir ou convencer o ouvint~, em rela~ assuntos que tratam de reflexões,

temas (Travaglia, 2004)

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--·· ---i- ·-· .

.......---,...-.,.,..-~.-.:::-:-~-~.....,...,..,....-:--:-:-~~---~-.__,_··------- -- -.-~-..~~-,.,.....,,.,...~t."'<.'~-~ .... ~.~~-=-:---c=--· --.. --·:-----~~--.---·~7-

FoLHA.v~s.PÁuió- SEGUNDA-FEIRA, 6.DE ABRIL DE i015 -~.;

TENDtNCIAS / DEBATES

.... -.....;.-~- --.~----~: -=---~·:- ._..: ::·.:1 (.~ .._--'· .·. ~ .. ,-;-~ /.

; hora dé debater a cidade que queremos ~~~- - . , . 0ftlf"c.-w~ · . JOSE FORTUNATI

(\\ t ~~·(.,'ir V-- () ~ -~. -J~ Í:<{.··.·. · ~-,:,.·,,; ~-,)~Y.I~t~~I(.dt:llifoS} O~n\Toivimento·,sµ.stentável Q~S; que começa nesta tero.,

~· ~.-~~~.-.,~.;r.$ct_·:~=~~.~ :m. ~---~~~~: .. ~:~.-:.::1:.g~:~.~;. • f9.ª).-, ~~Bra~:~e.s~t~ig~~!!~~~~.c ~-~a.p,~~,o"itle ennoãá"!Yí~ ..... ~;;\""I .. ,,,.. ........... ,_ ... :··--'. ......•..

1., .~-J~· de pal~stras, !oruns, salas e e~pa ~'

_s. .!Çaor~~ ~e.e··e emento essenc1a a ~""" çosdeü1teraçao, trocadeexpenen- '~ ~ . ~~~Dià"!l~lfi'- qµalidad~devidàJl'ascidades cias exitosas, desafios e soluções "' ~ r~ ~tãtl~~::"' · que os governantes e gestores mu-

lJ r,.l ll~~Qfihã1lã'."pb- nicipais enfrentam. São esperados l s \> nítit]Je m;~~~ç~~~õ~e- necessário r§~~gªtannos_a..a-edibilk mais de 5.000 participantes -500 ~ 1 ~;~urf;O'S~p~~~· integram um con- êiaãê"€fu.~tJtl!~§~~,_pel~~,9,µajs prefeitos e prefeitas dentre -~les-\ \ 1untode1Illc1~tiv~quepodemace- ~~!i!!HP~i::. . A que estão comprometidos com ci1;' ~

\ l~r~ a consoli~?iº dos ganJ:os ?º~ .Ant~ o ne ~no a1uste. e_cc?no; dades c.a~a .vez mais jus~.' toleran.- -V:. .. \ cia1s ~a estab11I~a~e·.ecol}om1ca -~co cir~unstanc1al e transitc;ino, e te sohdcq.1~.""~,,__ ....... __ ~-· .... ·, ~· """Çc ( ~cop.qmstadasnasúltimasdecadas. 11\fital apnmorar a agenda de mves- in:. ,nwmento:~sustenta~ e;..-~,

Nesta semana, em que se inicia ofJ, • entos públicos e privados. apare e, portanto, forno pohto e ')\ j, ire'bliffl>J!!õS{Mtüiiãpiõ"Sfé~-,r · Am l.iar é11>.W~ll>~ª9.,nQP}.!L" c§~~~ü,q~;:11ni~ .. vez q~~· lnd~­

ID:~_J1Dil!n:~lr"'"Su~vE1r .,m vez,...,!~'°I~?.~~;:lª.)~.9-,Ç~fllI!ili,'t ~!:19:ente111ehte de 1deolog1as e pai: ;.~ (~S~.· . º~. ;, ·; ; .renfm .. acr~n~J!~ pa. ra.~".~;,~<?.JWJli_aç,jôlpJ~IJ.tre,ós Pode~ .?S:B:~s! torna-se ~!emento ~ssenc1al a t'J~~~~<{~Y~~~~~é'de- m'ª,§qq~~~~pebatereconfron- quahd~~e de.vida ~as c1dad~s nas pramto~. · revelíÇãoecom15areawr- tar alternativas sao as chaves para uas vanas dimensoes: ambiental,

~ ~-:" ». · =~~ nião,&;,~é!,.dos e m1mici- pactuarmos soluções que avancem financeira, educacional e cultural!, t~ ios- rutâigl~~. ;trocandoin.- nas conquistas tão caras que aso ~ ,.Çonvidamos n. ~º-~Il,ª5~P.J.e. fe\-

f õfm tmSe'"'~~W,.- ciedade brasileira. c~nq~stou de - J2~ Th~~iJãSU.~ciP'ª!.~e !1º~

;>, ~ºd~~~rÇ~A9~ .. depi:~;~J~~j:;Q~~spw •. · .. J~~:!~~[~~~~l;~rit~~ueb~~~ ~™!,!nao ~~bJ~B'.vo ãe apnmor~ o E.st~d~ bra 'f êlaâ~Q~.a~~a ~«?!1~ttµil1nqs cidades

"\' .. -~!~~ml.~,~.Ri@Jm1llm~ sileiro, propomos a mstituiçao de ~ããa vez mellior~s pélfa VIVermos. ~\ .gru:,.q,ÇQAS.tit:ucional..queao,sg.~Q~ uma mesa permanente de negocia- .-=Esle-"é ô" momento de con~truir­

:v.,. ~~ll~~~Illggáti~-2,.d~!>J" çãofederativaplena,emqueUniã mos ifiWMã'S1fpropositi~ que l' ~g;J.~~~ç-.,-'_;_~oiã~."'. e Es~adosemul!~íp·i·~~.e}e~~ .. e. ~ apontei;i. p~a-maisemel~oresser-

. ~V. ~ ~Jit~ _ .:.--~~h_~ffiessemDgãmas~Jí'.~tegi~:.c;S4\ ~~~ubiic~. com gestoes cada · ~~ _ tfüã .. ifu'1êr.;á<r5íii'éle.~ efJ!~':':~.-~~2.~-.ª~~.-:<>:~~~~.~- .! emas c?m. o mo~ilid~d~ urb~a vezmais.transparentes,preserv.a:r:­t f~tiVO;JUdicrano e Lêgislati\fõ':..,i metropolitana, qise hídrica, sau- do e apnmorando avanços socia · · 6 ~~~~~~etotttada<> e, educação e e~e~gia !1ão devem na defe~a.intrans~ge!1te do Esta.do . e; tlY_ 1!~~~~~1i!~!1ºI1ll~t:lttd~ co~~tar apenas das diretriz.es progra- democratico de Direito.

~~1.VffiientoSõtlãlamparatlo'S'.no' maticas de governos, mas devem se ~~Ç'~~~Q~~~-p(!~ conso~~ar c01po lQ:oliticas de ESta- JOSÉ FORTUNATI, 59, prefeito de Porto Alegre pelo

eã'-'ê'°"dO-~DDO~ci:'if:~-Se O, políticas publicas republicanas. PDT, é presidente da Frente Nacional de Prefeitos

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