124
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática Área de concentração: Ensino de Biologia Fernando Marques Teixeira A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL BELO HORIZONTE 2015

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS · decorrência dos novos padrões alimentares e estilo de vida, observamos o desenvolvimento de novas epidemias como: obesidade,

  • Upload
    buinhu

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática

Área de concentração: Ensino de Biologia

Fernando Marques Teixeira

A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS

NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

BELO HORIZONTE 2015

Fernando Marques Teixeira

A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS

NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. Orientador: Prof. Dr. Fernando Costa Amaral

Belo Horizonte 2015

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Teixeira, Fernando Marques

T266f A feira de ciências como estratégia pedagógica para a disseminação de

conhecimentos, atitudes e práticas nutricionais saudáveis para alunos do ensino

fundamental / Fernando Marques Teixeira. Belo Horizonte, 2015.

123 f. : il.

Orientador: Fernando Costa Amaral

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática.

1. Educação Alimentar e Nutricional. 2. Nutrição – Saúde. 3. Hábitos

alimentares. 4. Saúde pública 5. Educação - Estudo e ensino. I. Amaral, Fernando

Costa. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-

Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 612.39:37.02

Fernando Marques Teixeira

A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS

NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Ensino de Ciências e

Matemática Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre

em Ensino de Ciências e Matemática.

__________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Costa Amaral - (Orientador) – PUC Minas

__________________________________________________ Profa. Dra. Claudia de Vilhena Schayer Sabino – PUC Minas

__________________________________________________ Prof. Dr. Santer Alvares de Matos (Centro Pedagógico – UFMG)

Belo Horizonte, 03 de dezembro de 2015

Aos colegas educadores que, no

exercício árduo e gratificante de

lecionar, encontrem apoio nesta

obra.

AGRADECIMENTOS

É chegado o momento do término de mais uma etapa, posso dizer, com muita

alegria, que conquistei um dos maiores objetivos da minha vida. Essa vitória, a

maior até agora, é muito importante para mim. Os momentos vividos para

chegar até aqui não foram fáceis, em vários aspectos, e são feitos como esses

que sustentam o ser humano durante as dificuldades da vida. Em primeiro

lugar, gostaria de agradecer a Deus por me dar a oportunidade de realizar um

grande sonho. Aos familiares que me apoiaram durante todo o tempo, seja com

palavras de incentivo ou atitudes que fortaleceram a minha jornada. Aos

amigos que me apoiaram durante todo o curso, eles que cobravam e

incentivaram durante todo mestrado. Aos professores da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, em especial aos profissionais que

realmente se prontificaram a agregar valores ao nosso trabalho.

RESUMO

Novos padrões de comportamentos alimentares decorrentes do

desenvolvimento social, científico e tecnológico, incentivados pela mídia e

assumidos por grande parte da população têm, nos últimos anos,

desencadeado alguns dos principais problemas de saúde pública no mundo.

Em poucas décadas mudou-se o paradigma da desnutrição e da carência

alimentar para o da superalimentação, com quantidade excessiva de calorias,

desequilíbrios e deficiências nutricionais, além do uso indiscriminado de

aditivos alimentares, de suplementos e de moduladores metabólicos. Em

decorrência dos novos padrões alimentares e estilo de vida, observamos o

desenvolvimento de novas epidemias como: obesidade, sobrepeso, problemas

cardiovasculares, diabetes, dentre outras, que comprometem a saúde de uma

população cada vez mais jovem. O crescente número das patologias

associadas ao padrão alimentar dos indivíduos reclama por educação e

estímulo para aquisição e manutenção de hábitos alimentares saudáveis o

mais precocemente possível na vida de crianças e jovens. Entendendo que

parte da responsabilidade na formação desses hábitos e posturas sociais cabe

à educação escolar, como sugerido nos temas transversais no PCN (BRASIL,

1998), e que apenas estudos em livros, aulas expositivas e palestras não são

normalmente capazes de produzir a educação formativa e transformadora de

atitudes que se almeja, desenvolvemos a presente pesquisa. O trabalho

consistiu na proposição, acompanhamento e avaliação de um “Projeto de

Trabalho” no qual, estudantes do oitavo e nonos anos do ensino Fundamental,

em grupos, pesquisaram e estudaram temas relacionados à nutrição e saúde.

Em seguida, elaboraram diferentes estratégias de divulgação, e apresentaram

seus trabalhos em uma “Feira de Ciências”, para a comunidade escolar e

externa. Os resultados obtidos neste trabalho reforçam a premissa de que a

educação em espaços e tempos não-formais, aliados ao protagonismo

estudantil, além de ser uma estratégia pedagógica capaz de motivar o

estudo/aprendizado, contribui, efetivamente, para a construção e

desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis.

Palavras-chave: Feira de Ciência, Nutrição e Saúde, Pedagogia de Projeto.

ABSTRAT

New patterns of eating behaviors resulting from social, scientific and

technological development, encouraged by the media and made for much of the

population has, in recent years, triggered some of the major public health

problems in the world. In a few decades it moved the paradigm of malnutrition

and food shortages for the overfeeding with excessive amount of calories,

imbalances and nutritional deficiencies, apart from indiscriminate use of food

additives, supplements and metabolic modulators. As a result of new eating

patterns and lifestyle we observe the development of new epidemics such as

obesity, overweight, cardiovascular problems, diabetes, among others, which

endanger the health of an increasingly younger population. The growing

number of pathologies associated with dietary patterns of the people calls for

education and encouragement for the acquisition and maintenance of healthy

eating habits as early as possible in the lives of children and youth.

Understanding that part of the responsibility in the formation of these habits and

social attitudes lies with education, as suggested in cross-cutting themes in the

PCN (BRASIL, 1998), and that only studies in books, lectures and class talks

are not normally able to produce formative education and transforming

attitudes, that aims to have developed this research. The work consisted in the

proposition, monitoring and evaluation of a "Work Project" in which students of

the 8th and 9th grades of Elementary School, in groups, researched and

studied issues related to nutrition and health; then, they developed different

dissemination strategies, and presented their works at a scientific exhibition

"Science Fair" for the school and the outside community. The results of this

study reinforce the premise that education in non-formal spaces and times,

together with the student leadership, besides being a pedagogical strategy to

motivate the study/learning, contributes effectively to the construction and

development of healthy eating habits.

Keywords: Science Fair, Nutrition and Health, Project Pedagogy.

LISTA DE IMAGENS

IMAGEM 1: Alunos preparando amostras....................................................74 IMAGEM 2: Alunos durante a EXPOCIÊNCIAS 2014..................................75 IMAGEM 3: Oficina dos Sucos.....................................................................78 IMAGEM 4: Suplementos e Anabolizantes...................................................81

LISTA DE ANEXOS Anexo 01: Plano de aula Teórico....................................................................98 Anexo 02: Plano de aula Prático...................................................................101 Anexo 03: Produto Educacional....................................................................104

LISTA DE SIGLAS

CEJM – Centro Educacional de João Monlevade

CTS – Ciências, Tecnologia e Sociedade.

CTSA – Ciências, Tecnologia, Sociedade e Ambiente

DAB – Departamento de Atenção Básica

EAN – Educação Alimentar Nutricional

EJA – Educação de Jovens e Adultos

FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

IMC – Índice de Massa Corporal

MIT – Massachusetts Institute of Technology

OMS – Organização Mundial da Saúde

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PCNEM – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio

PEAS – Programa de Educação Afetivo-Sexual

PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNAN – Política Nacional de Alimentação e Nutrição

PNPS – Política Nacional de Promoção da Saúde

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 12

2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................... 17

3 OBJETIVOS................................................................................................ 21

3.1 Objetivos Gerais.......................................................................................... 21

3.1 Objetivos específicos................................................................................... 21

4 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................... 22

4.1 Educação formal, não-formal e informal: contribuições dos diversos espaços

educativos....................................................................................................

22

4.2 Feiras de Ciências ou Mostras Científicas de Projetos de Pesquisa........... 28

4.3 Educação Nutricional e Saúde..................................................................... 33

4.3.1 Influências e o papel da educação escolar.................................................. 33

4.3.2 Importância da alimentação para o ser humano.......................................... 37

4.4 Influências do meio no processo de aprendizagem.................................... 45

4.4.1 Influências da família e de pessoas próximas na formação do indivíduo.... 45

4.4.2 Influência escolar ......................................................................................... 49

4.4.3 Fatores associados ao comportamento alimentar inadequado em adolescentes

escolares.....................................................................................................

52

4.5 Buscando uma educação transformadora................................................... 57

4.5.1 Importância dos enfoques para as estratégias pedagógicas....................... 57

4.5.2 A abordagem CTSA na Pedagogia de Projeto............................................ 58

5 METODOLOGIA.......................................................................................... 61

5.1 Sujeitos e local da pesquisa........................................................................ 61

5.2 Desenvolvimento do Projeto....................................................................... 63

5.2.1 Fundamentação teórica dos alunos............................................................ 63

5.2.2 Formação dos grupos de trabalho.............................................................. 68

6. RESULTADOS............................................................................................ 72

6.1 Nutrição e Saúde – Turma I ....................................................................... 72

6.2 Nutrição e Saúde – Turma II....................................................................... 79

6.3 Produto: Roteiro Orientado.......................................................................... 82

6.3.1 Etapas do Roteiro Orientado....................................................................... 83

7 CONCLUSÕES............................................................................................ 85

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 86

12

1. INTRODUÇÃO

A Educação Básica é um dos melhores caminhos para assegurar a

todos uma formação comum indispensável para o exercício da cidadania e

fornecer aos estudantes os meios para progredir no trabalho e em estudos

posteriores. A educação possui impacto em várias etapas de nossa vida, e por

meio dela podemos garantir nosso desenvolvimento pessoal, social, econômico

e cultural. Entretanto, para que o ensino seja efetivo, deve ser diversificado,

afetivo, significativo e reforçado.

Muitos professores do Ensino Fundamental e Médio, têm se preocupado

basicamente com o desenvolvimento do ensino-aprendizado dos alunos

apenas no espaço sala de aula, e com base na transmissão oral de conteúdos

curriculares. Esse comportamento muito se justifica, entre os educadores,

pelos limitados recursos disponibilizados pelas instituições de ensino,

notadamente, as públicas.

Entretanto, é da cultura das metodologias pedagógicas atuais, que o

ensino não se deva desenvolver exclusivamente no espaço formal da sala de

aula, e seria simplista pensar que apenas os conhecimentos transmitidos de

forma isolada pelos livros, docentes, palestras, mostras científicas e mídia

seriam suficientes para a formação integral que se pretende oferecer aos

nossos estudantes. A integração de técnicas educacionais é necessária para

se alcançar melhores resultados.

Sabemos que os conhecimentos e saberes adquiridos são alicerces para

mudanças cognitivas nos seres humanos. No entanto, não são por si só

suficientes para garantirem transformações de posturas e atitudes, uma vez

que muitas pessoas notoriamente conhecedoras dos cuidados necessários à

manutenção da saúde apresentam comportamentos opostos. Outros fatores

que podem influenciar e direcionar condutas de cada pessoa são: influências

da família e dos amigos, a mídia, a escola, influências culturais regionais e

globais, a história de vida e os valores pessoais desenvolvidos por cada um.

Assim, representam um conjunto de fatores que devem ser levados em

consideração no processo de construção e transformação da identidade do

indivíduo.

13

De modo geral a educação deve preparar o ser humano para a análise

de situações, para a leitura do mundo, para a realização de escolhas

conscientes e para o desenvolvimento de posturas e atitudes ao longo da vida.

Nesse sentido, faz-se necessário que o indivíduo tenha um aprendizado

consolidado e capaz de subsidiar a formação continuada que extrapola os

muros e os tempos da educação escolar, dando suporte aos vários aspectos

de aprendizado que virão durante toda a vida, sejam eles culturais,

econômicos, sociais, políticos, científicos e tecnológicos.

A educação nutricional que envolve vários dos aspectos elencados é o

tema desta pesquisa. A escolha foi motivada por percepções pessoais sobre as

condutas alimentares de grande parte dos aprendizes da escola em que

leciono, bem como pelo fato de que as questões nutricionais conclamam por

uma educação que possa contribuir efetivamente para a formação sociocultural

necessária para a manutenção da saúde pessoal e coletiva. Vale ressaltar que

nutrição e saúde constituem tema transversal recomendado pelo PCN e que

demanda estratégias de ensino que favoreçam o desenvolvimento e

aprendizado dos alunos em relação aos hábitos alimentares promotores e

mantenedores da saúde e do bem estar.

Em decorrência dos novos padrões alimentares e estilo de vida de

grande parte da população de países desenvolvidos ou em desenvolvimento,

como o Brasil, pode-se observar o desenvolvimento das chamadas “Novas

Epidemias”, como a obesidade mórbida, obesidade subclínica, sobrepeso,

problemas cardiovasculares, hipertensão, diabetes, dentre outras,

comprometem a saúde de uma população cada vez mais jovem. O crescente

número das patologias associadas ao padrão alimentar dos indivíduos pede

então por uma educação que promova a aquisição e manutenção de hábitos

alimentares saudáveis o mais precocemente possível na vida de crianças e

jovens.

O comportamento nutricional é complexo e inclui determinantes externos

e internos ao sujeito. A infância é o período de formação dos hábitos

alimentares e o entendimento dos fatores determinantes possibilita a

elaboração de processos educativos, que são efetivos para mudanças no

padrão nutritivo das crianças (RAMOS & STEIN, 2000). Tais mudanças irão

14

contribuir de forma significativa no comportamento alimentar na vida adulta

(BISSOLI & LANZILLOTTI, 1997). Seguindo essas ideias, é sábio que esse

padrão de comportamento é multideterminado, fatores genéticos, psicológicos,

fisiológicos e influências do ambiente pode ser fatores consideráveis na

construção de boas ou más práticas alimentares. Em relação a interferência do

meio, segundo alguns autores durante o período de amamentação e

gestacional pode interferir nos hábitos alimentares do indivíduo durante toda a

vida (VALLE e EUCLYDES, 2007; SANTOS e GUIMARÃES, 2008).

“Talvez a mais remota influência do ambiente no comportamento

alimentar seja ainda durante a gestação. Tem-se demonstrado, tanto

em animais como em humanos, que o filhote tende a consumir

alimentos que foram consumidos pela mãe durante a gestação e

lactação. Mais tarde este comportamento tende a se repetir com o

consumo de alimentos que os adultos de seu grupo social

consomem. Este comportamento provavelmente tem razões

evolutivas uma vez que animais de diferentes espécies ou até mesmo

grupos étnicos ingerem diferentes hábitos alimentares.” ou (QUAIOTI

e ALMEIDA, 2006)

A alimentação embora seja influenciada por aspectos relacionados à

história pessoal e à genética de cada indivíduo, ela é profundamente

influenciada pelas diversas culturas de diferentes populações do planeta, além

de refletir imposições locais e sócio-político-econômicas. Não se pode

desprezar os interesses e pressões da indústria que se exteriorizam nas

campanhas publicitárias. Assim, muitos países no mundo sofrem com as

mudanças alimentares impostas pela indústria e difundidas pela mídia,

socialmente aceitas e aprovadas de forma acrítica ou conformada pela

sociedade em geral, além da ausência ou ineficácia de políticas públicas,

gerando aumento da mortalidade e da morbidade relacionadas à má conduta

alimentar. As tão comentadas “enfermidades do novo milênio”, como as

doenças metabólicas, cardiovasculares, a hipertensão, e alguns tipos de

canceres estão estreitamente relacionadas com hábitos alimentares

inadequados a preservação da saúde.

Em se tratando especificamente do Brasil a situação não é diferente, o

número de obesos e sobrepeso vem crescendo aceleradamente e,

15

paralelamente a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis

relacionadas a esses problemas nutricionais vem aumentando. Especialistas

no assunto sustentam que as melhores estratégias para prevenção e controle

dessas morbidades são a promoção de alimentação saudável, ajustada aos

diferentes perfis pessoais juntamente com a prática regular de atividades

físicas.

“No Brasil, tem sido detectada a progressão da transição nutricional,

caracterizada pela redução na prevalência dos déficits nutricionais e

ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade não só na

população adulta, mas também em crianças e adolescentes.”

(TRICHES; GIUGLIANI, 2005)

Então, seria incorreto de nossa parte, pensar e analisar alguns dos

problemas citados, tais como obesidade, sobrepeso, hipertensão e as diversas

outras doenças estariam exclusivamente ligadas ao hábito alimentar. Sabe-se

hoje que o aparecimento e desenvolvimento de muitas dessas morbidades é

multifatorial, e certamente envolve o modus vivendis e a prática de atividades

físicas. Masson et al (2005) ressaltam que a promoção da prática de atividades

física auxilia no equilíbrio energético do corpo, libera hormônios que fazem bem

para a mente, além de ter um importante papel nas prevenções primária e

secundária da doença cardiovascular e obesidade.

Nesse contexto, aliada aos benefícios da alimentação saudável fica

nítida a relevância da prática esportiva, estando bem descrito na literatura

científica. Estudos indicam que tais comportamentos, quando também

adotados na infância ou adolescência, tendem a perdurar até a vida adulta

(AZEVEDO et al; LIEN et al. apud NAHAS et al., 2007, p.13), sugerindo que a

juventude é uma das fases ideais para a realização de intervenções que visem

à aquisição de hábitos saudáveis, motivos que corroboram a importância de

estratégias de ensino durante as fases inicias da vida.

Não obstante, levantamentos disponíveis sugerem que um elevado

percentual de adolescentes, como regra geral, não atinge as recomendações

atuais relacionadas à prática de atividade física e condutas alimentares

saudáveis (VARO et al.; HALLAL et al. apud NAHAS et al., 2007, p.13).

Práticas e aprendizagens inadequadas adquiridas na infância e na

adolescência normalmente repercutem sobre o comportamento em muitos

16

aspectos da vida futura, como a alimentação, autoimagem, saúde individual,

valores, preferências e desenvolvimento psicossocial, além de poderem ser

fatores de risco para doenças crônicas na fase adulta (LEVY et al., 2009).

De acordo ainda com Ravenna (2011), outro fator que evolve o tema em

questão está associado a diversas técnicas adotadas por muitas pessoas, que

buscam por ideais estéticos. Fazer o uso de medicamentos e dietas ditas

“milagrosas” que se espalham de forma informal entre a população,

representam um risco enorme para saúde quando não administrada por

profissionais capacitados. Ressalta-se que muitas das estratégias relacionadas

ao tratamento e medicação, de pessoas que já apresentam comprometimentos

da saúde decorrentes da obesidade, sobrepeso e mesmo carências

nutricionais, são muitas vezes consideradas paliativas ou não totalmente

efetivas. É importante lembrar que a busca por padrões estéticos pode ser

patológica nos casos de bulimia e anorexia, demandando acompanhamento de

psicólogos e psiquiatras.

Várias pesquisas destacam que muitas das refeições consumidas por

adolescentes são pouco saudáveis, esse fato é especialmente observado entre

os jovens pertencentes às classes econômicas mais favorecidas e que,

teoricamente possuem maiores possibilidades alimentares e acesso à

informação (NUNES; FIGUEROA; ALVES, 2007). Sendo tal dieta usualmente

rica em gorduras, açúcares de rápida assimilação e quantidades excessivas de

sódio, com pequena participação de frutas e hortaliças, e normalmente pobres

em fibras vegetais e vitaminas. Isto é, cada dia mais se troca alimentações

saudáveis e equilibradas como o tradicional de arroz com feijão, carnes magras

e verduras, obviamente preparados com pouco óleo e sal, e sobremesa com

frutas, por outras opções alimentares rápidas como os ditos “fast foods” que

são excessivamente calóricas e de baixo valor nutricional (TORAL; CONTI;

SLATER, 2009).

O consumo alimentar tem sido relacionado à obesidade não somente

quanto ao volume da ingestão alimentar, como também à composição

e qualidade da dieta. Além disso, os padrões alimentares também

mudaram, explicando em parte o contínuo aumento da adiposidade

nas crianças, como o baixo consumo de frutas, hortaliças e leite, o

aumento no consumo de guloseimas (bolachas recheadas,

17

salgadinhos, doces) e refrigerantes, bem como a omissão do café da

manhã. (TRICHES; GIUGLIANI, 2005, p.542)

Desse modo, a importância da temática está relacionada a necessidade

de aprimoramento dos hábitos alimentar das crianças, jovens e adultos (EJAS-

Educação de Jovens e Adultos) devido a prevalência visível nas escolas, como

na sociedade contemporânea de problemas relacionados à alimentação

indevida e inadequada.

2 JUSTIFICATIVA

A despeito da grande diversidade de estratégias que podem contribuir

para a mudança de comportamento da sociedade como um todo, nunca é

demais ressaltar algumas questões. Aquilo que se faz de forma isolada

relacionada na educação nutricional não é suficiente para a transformação no

modo de vida que é o principal objetivo dos educadores e disseminadores do

conhecimento.

É ingênuo supor que a formação de bons hábitos alimentares se

efetive na escola com ações isoladas, como a oferta de alimentos

nutricionalmente ricos, aulas de Ciências, textos no livro didático,

palestras e distribuição de folhetos. (SILVA & FONSECA, 2009.p.3)

Acreditamos que dentre as estratégias mais efetivas para a educação

para a saúde destacam-se práticas pedagógicas no ensino básico, sempre que

se utilizarem estratégias capazes de promover autoeducação e apropriação

(formação/ transformação) de hábitos de vida saudáveis, que podem ser

desenvolvidos por projetos de pesquisa e divulgação, tal como a “Feira de

Ciências”, sugerida nesta pesquisa.

Destacamos ainda que, a preocupação política com problemáticas

pedagógica existe e diversos órgãos e organizações governamentais sugerem,

apoiam e fomentam investidas para controlar epidemias contemporâneas.

Entretanto, para muitos entendidos do assunto, prevalece à ideia que é melhor

prevenir do que remediar, além do que, normalmente, são economicamente

muito mais caros os tratamentos do que o investimento na prevenção.

18

Em 2002, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou um

manual chamado Estratégia Mundial sobre Alimentação Saudável,

Atividade Física e Saúde. Trata-se de um trabalho de prevenção para

grupos populacionais de todo o mundo, que foi desenvolvido em 2002

e divulgado em 2004, com o objetivo de apresentar os conhecimentos

científicos disponíveis sobre as principais evidências ligando dieta,

atividade física e doenças crônicas não transmissíveis. Essa

estratégia já ajudou na redução de algumas dessas doenças em

países como Finlândia, Cingapura e Japão. (VINHOLES; ASSUNÇÃO

& NEUTZLING, 2009, p. 791)

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), através do Departamento de

Atenção Básica (DAB), estabelece as diretrizes da Política Nacional de

Alimentação e Nutrição (PNAN). Na qual, se insere, como eixo estratégico, a

Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) que corresponde a

uma das determinações da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS),

tendo como enfoque prioritário a realização de um direito humano básico, que

proporcione a realização de práticas alimentares apropriadas dos pontos de

vista biológico e sociocultural, bem como o uso sustentável do meio ambiente.

Tais ações, promotoras da alimentação adequada, incentivadas pelas

políticas públicas, que aumentam o nível de conhecimento da população sobre

a importância da promoção da saúde por meio da manutenção do peso

saudável e de uma vida ativa. Tais atitudes conciliadas com a prática de

atividades físicas, além de modificar atitudes sobre alimentação e condutas que

favoreçam a se prevenir do excesso de peso e consequentemente uma saúde

comprometida.

Portanto, a adoção de políticas públicas também é importante, para que

em todos os períodos da vida tenhamos oportunidades de aprendermos um

pouco mais sobre a forma que estamos tratando a nossa alimentação e

também aprimorar nossos hábitos.

De maneira geral, considera-se que é mais fácil e efetivo o

desenvolvimento precoce de crenças, hábitos e atitudes do que em etapas

posteriores da vida dos indivíduos. Acreditando nisso a educação alimentar

pode se consolidar de forma bastante considerável entre as crianças, nos

primeiros anos de vida, durante os anos do Ensino Fundamental.

19

Em outras palavras, entendemos que quanto mais rapidamente

questionamentos e entendimento sobre nutrição e saúde forem apropriados

pelos estudantes e a sociedade em geral, maior é a possibilidade de êxito

educativo e mudança de posturas. Ressaltamos ainda que, sempre estamos

em tempo de aprender e mudar, quanto antes na vida o indivíduo apresente

hábitos saudáveis, normalmente menos afetado ele é, e isso se deve, em

parte, por menor tempo de exposição a alimentos que podem colocar em risco

o organismo, acarretando uma série de morbidades, contribuindo assim para

melhor qualidade de vida.

Em apoio a essas ideias, entendemos que a efetividade de uma

estratégia pedagógica pode ser bastante favorecida pela participação dos

discentes em atividades lúdicas e em espaços não-formais de ensino. Essa

premissa nos levaram a propor como estratégia pedagógica, o

desenvolvimento de um projeto de pesquisa e divulgação que culminaria na

“EXPOCIÊNCIAS 2014”, uma modalidade de Mostra ou Feira de Ciências

elaborada anualmente no CEJM, em período e espaço não-formal de ensino.

Destacamos que cabe ao professor, no caso dos “Projetos de Pesquisa

e Divulgação”, propor, organizar, acompanhar e orientar os trabalhos a serem

desenvolvidos pelos alunos, que serão os verdadeiros protagonistas e

multiplicadores do próprio aprendizado. Tais estratégias educativas têm

funções relevantes no processo ensino-aprendizado, podendo ser trabalhada

por uma enorme quantidade de temáticas da Ciências, na qual escolheu-se o

conteúdo de “Nutrição e Saúde”, que faz parte do programa curricular da

disciplina no ensino fundamental.

Nesse contexto, essa proposta (EXPOCIÊNCIAS) pode subsidiar

pedagogicamente o professor de Ciências que enfrenta uma série de desafios

para superar limitações metodológicas e conceituais em seu cotidiano escolar.

Em grande parte das vezes, a “Mostra Científica” ou “Feira de Ciências”, é um

alicerce para a assimilação efetiva de conteúdos e ideias, mudança de

comportamento e disseminação de saberes entre os estudantes, a comunidade

escolar e as famílias. Todavia, observando o cotidiano das escolas de nossa

região, as Feiras de Ciências, ficaram esquecidas no tempo. Esta estratégia

pedagógica que surgiu no Brasil na década de sessenta, promovida por várias

20

instituições de ensino do país, está perdendo espaço devido a diversas

dificuldades. De acordo com alguns relatos de alguns professores, dificuldades

como falta de recursos e de apoio, desinteresse por parte dos profissionais,

falta de motivação dos alunos, restrição de espaço, restrições curriculares, são

razoes suficientes para esses impasses.

Atento as problemáticas encontradas dentro do ensino de Ciências, em

especial o ensino de nutrição e saúde para crianças e adolescentes, e

cursando o mestrado profissional em ensino de ciências e matemática da

Pontifícia Católica de Minas Gerais, fui desafiado a propor e executar

pesquisas sobre uma possível estratégia pedagógica, em um determinado

campo do saber em Ciências Biológicas.

Entendendo pedagogia de projeto como um conjunto de técnicas,

princípios, métodos e estratégias educacionais com a finalidade de

proporcionar uma educação diferenciada aos nossos alunos. Esta, capaz de

formar um cidadão crítico diante do seu contexto social. Então, encontrei na

“EXPOCIÊNCIAS” do CEJM (MG), onde trabalho, a oportunidade de

aprofundar os conhecimentos sobre a importância, a efetividade e

possibilidades pedagógicas de uma “Feira de Ciências ou Mostra Científica” na

formação dos estudantes numa perspectiva CTSA (Ciência, Tecnologia,

Sociedade e Ambiente). O Tema Transversal escolhido para ser pesquisado,

desenvolvido e apresentado na EXPOCIÊNCIAS pelos alunos foi “Nutrição e

Saúde”, que se encaixa nas propostas pedagógicas do enfoque CTSA.

Orientação, acompanhamento, registro, pesquisas e avalição do

processo ou estratégia pedagógica pesquisada são fundamentais ao

desenvolvimento desse trabalho. É ainda uma exigência do Mestrado

Profissional a elaboração de um “Produto Educacional” que deverá ser

entregue, juntamente com a “Dissertação” e disponibilizados pelo Programa de

Mestrado na Biblioteca da PUC Minas.

Portanto, a presente pesquisa vislumbra a ideia da utilização da mostra

científica como meio colaborador do processo de ensino e mudança de atitudes

no cotidiano da comunidade escolar em geral e também, em longo prazo,

melhorar a cultura alimentar dentro e fora do ambiente educacional. Também

contribuir na implementação da alimentação adequada dos jovens, pessoas

21

envolvidas diretamente no processo educativo e demais públicos que

frequentaram “EXPOCIÊNCIAS” do Centro Educacional de João Monlevade

(MG).

Pelo até agora exposto fica evidente nossa intenção de promover a

autonomia de crianças e jovens na busca reflexiva por conceitos, análise,

seleção e organização de informações. Elaboração e implementação de

estratégias para a divulgação das informações selecionadas, através de projeto

de pesquisa e “Feira de Ciências”. Em um momento que, segundo relatos de

pesquisadores citados nesse trabalho, revela-se como momento chave para a

formação da identidade pessoal e a consolidação de bons hábitos de vida, que

podem refletir na sua saúde em curto e em longo prazo. Fomenta-se ainda a

autoconfiança e o sentimento de pertença à comunidade escolar, através

desse tipo de projeto pedagógico, disseminando práticas e ideias que

influenciam toda a comunidade escolar, fazendo com que ocorra uma

educação transformadora em todos.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Elaborar, testar e avaliar um projeto de pesquisa para o desenvolvimento de

conhecimentos, atitudes e práticas em educação alimentar e nutricional

saudável para alunos do Ensino Fundamental, com culminância em uma “Feira

de Ciências”.

3.2 Objetivos específicos

Avaliar conhecimentos prévios dos alunos sobre nutrição através de

observações, registros e debates em aulas teóricas sobre Nutrição e

Saúde.

Orientar grupos de estudantes a desenvolver projetos de trabalhos sobre

o tema “Nutrição e Saúde” para serem divulgados pelos mesmos em

uma “Feira de Ciências”.

22

Estimular, acompanhar e registrar o desempenho dos discentes durante

o desenvolvimento dos projetos e sua difusão na “Feira de Ciências”.

Avaliar e registrar possíveis aquisições intelectuais e atitudinais dos

alunos e desenvolvidas por eles no “Projeto”.

Desenvolver e incentivar atividades que favoreçam a valoração da

alimentação e saúde, tais como, cantinas saudáveis, espaços de

informação e mostra de novidades em relação a saúde alimentar.

Elaborar um roteiro com orientações e sugestões que possam auxiliar

outros professores no desenvolvimento de projetos de pesquisa e

divulgação em “Feira de Ciências” ou outras modalidades de mostra

científica.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Educação formal, não-formal e informal: contribuições dos diversos espaços educativos.

Compreendemos a educação como um processo que se desenvolve

formal ou informalmente, com caráter intencional ou não, no espaço escolar ou

em outros espaços sociais, ao longo de toda vida do indivíduo. Assim,

acreditamos que a didática formal, que se baseia na transmissão de

conhecimentos apenas em sala de aula, não é suficiente para a educação que

pretendemos. Destacamos aqui a importância da estratégia proposta para o

desenvolvimento nos alunos da capacidade de buscar, analisar, organizar e

difundir saberes (aprender a aprender e aprender a fazer), e ao serem

influenciados pelos saberes, optar por novos comportamentos (aprender a ser).

Neste contexto, vale lançar mão do ensino não-formal conscientes das

influências da informal, que pode servir como contraponto, complementando o

processo educativo (CASCAIS &TERÁN, 2011).

Entendemos como regra geral, em diversos setores de nossas vidas

como também na educação nutricional, que alguns conceitos e fundamentos

precisam ser abordados e reforçados em vários momentos da vida do

indivíduo, seja por meio da educação formal, informal e não formal, sendo o

fundamental a interação e a complementaridade das três na formação do

23

sujeito. Ressaltamos que as mudanças pretendidas pela educação formal

podem e devem buscar diálogo e apoio nos outros tipos de educação, uma vez

que, apenas o conhecimento, embora necessário, não é, por si só, suficiente

para determinar mudanças de conduta do indivíduo ao longo da sua vida.

Os termos formal, não-formal e informal são de origem anglo-saxônica

tendo surgido a partir de 1960. Segundo Gohn (2006), pode-se dizer que a

educação não-formal de imediato exige uma comparação com a educação

formal. A educação formal tem um espaço próprio para ocorrer, ou seja, ela é

institucionalizada e prevê conteúdos, enquanto que a educação informal pode

ocorrer em qualquer espaço, envolve valores e a cultura própria de cada lugar.

Já a educação não formal ocorre a partir da permuta de experiências entre os

indivíduos em espaços comuns.

A educação formal é comumente identificada com a educação escolar e

entendida como o tipo de educação organizada com uma determinada

sequência e proporcionada pelas escolas, com uma estrutura, um plano de

estudos e papeis definidos para quem ensina e pra quem é ensinado. Conduz

normalmente a um determinado nível escolar, certificado por um diploma.

Gohn (2006), chama atenção para a educação formal os concernentes

ao “ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados”, que

preparam o indivíduo para atuar em sociedade como cidadão ativo. A

pedagogia formal é aquela que acontece no espaço escolar institucionalizado,

onde há um currículo a seguir, normas a cumprir e onde o principal objetivo é a

aprendizagem. O ensino formal é metodicamente organizado, ele segue um

currículo, é dividida em disciplinas, segue regras, leis, divide-se por idade e

nível de conhecimento.

Segundo Gohn (2006), os resultados esperados para as estratégias

formais de ensino são: a aprendizagem e a titulação. O autor ainda ressalta a

importância da educação não-formal, por ser normalmente mais apropriada

para a formação integral do indivíduo. Entretanto, afirma que esse tipo de

educação não substitui a educação formal, mas pode complementá-la através

de programações específicas e fazendo uma articulação com a comunidade

educadora.

24

Chassot (2003) discorre sobre a escola enquanto instituição formal em

uma sociedade globalizada, relatando a respeito da invasão do mundo exterior

nas salas de aula, e por outro lado, a forma como ela hoje se exterioriza. Em

tempos anteriores, o estabelecimento de ensino servia de referência à

comunidade por ser detentora do conhecimento, diferentemente de hoje, onde

os conhecimentos do mundo exterior adentram no mundo escolar. O autor

ainda revela que o ensino de ciências, entre os anos 80 e início dos anos 90,

era centrado na aquisição de conhecimentos científicos, o professor se

preocupava com a quantidade de páginas do livro que eram repassadas ao

estudante. Hoje é inconcebível um currículo que não esteja voltado para

“aspectos pessoais e sociais” dos estudantes.

Baseando-se nisso e com o passar dos anos, reconhecemos que a

informação dos livros didáticos e em alguns casos a formação dos professores

são obsoletas por si só. Em muitos casos, os jovens, estão muito bem

informados sobre diversos assuntos, como por exemplo, novas descobertas

científicas na qual os próprios professores desconhecem muitas vezes por não

terem acesso à internet, TV a cabo, ou simplesmente por falta de tempo para

formação continuada. A globalização inverteu o fluxo de conhecimento, sendo

também da comunidade para a escola. Assim, faz-se necessário que o

educandário reveja seu papel em relação às novas demandas e possibilidades

para a disseminação do conhecimento e formação dos indivíduos.

Segundo Marques (2002), existe um espaço próprio onde a educação

trata do conhecimento científico, este lugar são as escolas com os seus níveis

de ensino, suas regras e procedimentos. Entretanto, a educação não deve ater-

se somente neste espaço, faz-se necessário utilizar-se de outros ambientes e

recursos que possam favorecer uma aprendizagem mais significativa e

instigante aos estudantes.

Para Rocha (2008), a escola tem um papel importantíssimo no

movimento de alfabetização científica. Porém, ela não é capaz de fazer isso

sozinha, uma vez que, o volume de informação é cada vez maior, por isso a

importância de uma parceria desta com outros espaços onde se promova a

educação não-formal. É importante que a instituição, em seu planejamento

25

anual, adote atividades em novos espaços e tempos de divulgação científica,

não somente como atividade complementar e espaço de lazer, mas como parte

do processo de instrução e aprendizagem, ou seja, trabalhando os conteúdos

de ensino das Ciências Naturais e suas relações com o desenvolvimento social

e a preservação do meio. Ressaltamos que a didática não-formal pode ser

trabalhada com tendências mais próximas a educação formal ou mais próximas

ao ensino informal dependendo dos objetivos do professor.

A educação não-formal é normalmente representada por atividades

extraclasses como, por exemplo, visita dirigidas a zoológicos, museus,

universidades, centros de Ciências, a elaboração de Feiras Culturais e Mostras

Científicas. Essa estratégia pedagógica em Ciências está voltada para a

utilização de vários espaços educativos onde se pode proporcionar a

aprendizagem de forma mais prazerosa, levando o estudante à apreensão de

conteúdos previstos no currículo do espaço formal. (BIANCONI & CARUSO,

2005)

Maria da Gloria Gohn enfatiza a ideia de que a educação não-formal é

aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de

compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações de

coletivos cotidianos. Aquela que ocorre a partir da troca de experiências entre

os indivíduos, sendo promovida em espaços coletivos (GONH, 2006).

VIEIRA et al. (2005) define a educação não-formal como aquela que

acontece fora do ambiente escolar, podendo ocorrer em vários espaços,

institucionalizados ou não. A educação não-formal pode ser definida como a

que proporciona a aprendizagem de conteúdos da escolarização formal em

espaços como museus, centros de ciências, ou qualquer outro em que as

atividades sejam desenvolvidas de forma bem direcionada, com um objetivo

definido.

Segundo Gohn (2006), dentre os resultados esperados para a educação

não-formal está o desenvolvimento de processos, como: “consciência e

organização de grupo”, “construção e reconstrução de concepções”,

“sentimento de identidade”, “formação para a vida”, “resgate do sentimento de

valorização de si próprio”, “a leitura e interpretação do mundo que os cerca”.

26

Fensham citado por Valente (2005) relata que o conhecimento que o

público adulto tem sobre os temas científicos mais atuais e relevantes, não vem

das experiências escolares, mas da ação da divulgação científica, da mídia

eletrônica de qualidade e dos museus de ciência, que trazem para as suas

exposições, tanto os conhecimentos científicos/tecnológicos clássicos, quanto

as temáticas atuais e/ou polêmicas.

Seguindo uma diferente vertente está a educação informal.

Consideramos essa metodologia de ensino como poderosa para desencadear

processos de formação intelectual e cultural dos alunos, e também favorece

mudanças nos valores pessoais e comportamentais, modificando posturas e

atitudes diante a sua realidade. Ela se caracteriza por conhecimentos e

julgamentos de fatos transmitidos através dos pais, da convivência com

amigos, do ato de frequentar cinemas e teatros, leitura de livros, mídia

televisiva, jornais e na atualidade a internet, ou seja, aquela absorvida de

maneira despretensiosa, natural, mas é influenciada por saberes adquiridos na

educação formal. Segundo ainda Alberto Gaspar:

Na educação informal, não há lugar, horários ou currículos. Os

conhecimentos são partilhados em meio a uma interação

sociocultural que tem, como única condição necessária e suficiente,

existir quem saiba e quem queira ou precise saber. Nela, ensino e

aprendizagem ocorrem espontaneamente, sem que, na maioria das

vezes, os próprios participantes do processo deles tenham

consciência. (GASPAR, 2002, p.173)

A educação informal é aquela que os indivíduos aprendem durante seu

processo de socialização, podendo ocorrer em espaços que não a sala de aula,

normalmente envolvendo valores e a cultura própria de cada lugar, levando os

indivíduos a desenvolver hábitos e atitudes, influenciados pela cultura e os

valores de cada grupo. O autor acredita que a educação informal é um

processo permanente e não-organizado (GOHN, 2006, p. 29).

Portanto, sabemos que os espaços de divulgação científica, tornam-se

imprescindíveis para o desenvolvimento da educação científica não somente

para aqueles que frequentam a escola, mas para todos os cidadãos que de

uma forma ou de outra participam da vida em sociedade.

27

Dessa forma, pode-se inferir que as três modalidades de educação se

complementam. É consenso entre os autores pesquisados, que a escola, cujo

espaço é ocupado pela educação formal, não consegue sozinha dar conta das

múltiplas informações que surgem a cada momento no mundo, assim como, as

novas descobertas científicas. Cabe-nos então, estabelecer interlocução e

parcerias com outros espaços educativos não-formais e mesmo informais

(CASCAIS & TERÁN, 2011).

Mesmo nas civilizações tidas como culturalmente avançadas, a vida

cotidiana sempre exigiu muito mais do que o conhecimento apresentados

formalmente nas disciplinas escolares. As necessidades do cotidiano requerem

algo a mais que não vem dos livros, revistas e artigos científicos. A educação

informal na escola da vida pode, muitas vezes, ser tão importante quanto a

escola tradicional para a formação intelectual dos indivíduos (GASPAR, 2002).

Entendemos que processos educacionais, baseados em projetos

pedagógicos, funcionam como base para a mudança na reavaliação de

concepções prévias, aquisições de novos padrões avaliativos, mudanças de

valores. Assim como mudança positiva de hábitos, de atitudes e

comportamentos das pessoas. Consequentemente tais transformações

colaboram para uma vida mais aprazível e uma qualidade de vida apreciável.

Segundo Nunomura, Teixeira & Fernandes (2009) a qualidade de vida,

reflete a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de uma pessoa, onde a

sensação de bem estar é o resultado final de avaliações subjetivas feitas pelo

indivíduo.

Essa virtude do “bem estar” está relacionado à autoestima e ao bem-

estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o

nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade

intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os

valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o

emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive (VECCHIA

et al.,2005, p.247).

28

Resumindo, o conceito de qualidade de vida, varia de autor para autor e,

além disso, é um conceito subjetivo dependente do nível sociocultural, da faixa

etária e das aspirações pessoais do indivíduo. Contudo, fica evidenciado que

manter a boa saúde é uma das principais condições para manter o padrão de

vida ao longo da nossa existência, sendo a alimentação saudável um dos

quesitos fundamentais para a melhoria do nível de vida (VECCHIA et al.,2005).

4.2 Feiras de Ciências ou Mostras Científicas de Projetos de Pesquisa.

Com diversas denominações, dependendo da região, as Feiras ou

Mostras Científicas ou de Ciências, são eventos em que os estudantes são

responsáveis pela elaboração de projetos de cunho científico, e estes são

executados e expostos por eles durante o período letivo. Durante a década de

sessenta começou no estado de São Paulo (nas galerias Prestes Maia) a

serem realizadas as primeiras feiras de ciências no Brasil. Logo em seguida,

começaram a acontecer diversas feiras pelo interior do estado nas mais

variadas cidades, até se estenderem por todo território nacional(BRASIL,2006).

De acordo com o Programa Nacional de Apoio às Feiras de Ciências da

Educação Básica, apesar das dificuldades, podemos dizer que o movimento

das feiras se encontra muito vivo no Brasil, evidenciando modos de superar a

ideia de uma ciência como conhecimento estático. Durante todo o processo de

construção do projeto os alunos são instigados a horas de estudos e

investigação em busca de coleta de informações que serão interpretados e

esquematizados para apresenta-las a outros indivíduos que comparecerem ao

evento. Muitas das pesquisas têm caráter interdisciplinar e seus problemas e

soluções se encontram na própria comunidade escolar, contextualizando os

conhecimentos.

Embora as Feiras sejam atividades pedagógicas recomendadas pelos

PCN´s (BRASIL,1998), e os alunos se adequarem muito bem a este tipo de

atividade dentro do ambiente escolar existem vários entraves para seu

planejamento e execução como: dificuldade de mobilizar os professores das

diferentes áreas de conhecimento a desenvolverem atividades

interdisciplinares, mesmo com temas transversais, dedicação de tempo extra

para esse desenvolvimento de atividades com qualidade, dificuldades

29

financeiras do sistema educacional, deficiências nas logísticas de tempo

(durante o ano letivo) e espaço físico de algumas escolas. Ainda, alguns

professores, consideram como perda de tempo, pois esse tempo poderia ser

melhor aproveitado com o cumprimento do extenso conteúdo curricular,

satisfazendo algumas vezes pais, coordenadores, pedagogos e diretores.

No entanto, apesar de todas as dificuldades enumeradas acima ou por

resistência imposta por grande parte dos membros das escolas, alguns

professores ou colaboradores da educação diferenciada, ou seja, aqueles que

ensinam além dos livros didáticos, dos exercícios maçantes do dia-a-dia e das

provas tradicionais. Aqueles ousam extrapolar o ensino formal e tradicional em

sala de aula, e defendem tal modalidade de ensino como essencial para a

formação sociocultural dos estudantes, entendendo que são nesses momentos

e locais onde conhecimentos são divulgados em ampla diversidade de formas.

Nas mostras científicas é comum que os estudantes mostrem os

resultados de experimentos desenvolvidos por eles ou executem alguns

experimentos demonstrativos. Outras atividades não menos importantes e

consistem em divulgar conceitos e conhecimentos científicos contextualizados

com aspectos do cotidiano, através de painéis informativos; oficinas (como as

de preparação de sucos de frutas que auxiliam na manutenção da saúde);

desenvolvimento de jogos educativos, entre outras técnicas metodológicas. As

Feiras estimulam o intercâmbio de conhecimentos entre instituições (uma vez

que os estudantes e professores de outras escolas comparecem as mostras,

levando consigo novas ideias e conceitos a serem disseminados em seus

estabelecimentos de ensino), entre os alunos, entre os discentes e os demais

visitantes.

O surgimento das Feiras de Ciências, há mais de 50 anos nas escolas

latino americanas, deu a oportunidade para os estudantes apresentarem suas

produções científicas escolares para entre eles e também para um público

externo, desenvolvendo habilidades incontestáveis durante e ao final de todo o

processo. Segundo Mancuso transcrito por Hartmann e Zimmermann (2009), a

produção cientifica pode ser resumida em três tipos:

30

a) Trabalhos de montagem, em que os estudantes apresentam artefatos a

partir do qual explicam um tema estudado em ciências.

b) Trabalhos informativos em que os estudantes demonstram

conhecimentos acadêmicos ou fazem alertas e ou denúncias.

c) Trabalhos de investigação, projetos que evidenciam uma construção de

conhecimento por parte dos alunos e de uma consciência crítica sobre

fatos do cotidiano.

Em outras palavras, essa estratégia e intenção pedagógica, a feira,

favorecem o protagonismo dos aprendizes ao levantarem dados da pesquisa,

nos planejamentos das ações, no desenvolvimento de estratégias de

montagem de artefatos e objetos de divulgação para a mostra científica, além

de aprimorar a capacidade de contextualização de informações técnico-

cientificas ao cotidiano da comunidade visitante da feira e de si mesmo,

facilitando o entendimento e absorção de informações por parte do público

presente.

Mancuso (2000) e Lima (2008) escrito por Hartmann e Zimmermann

(2009), argumentam que a elaboração da Feira traz benefícios e mudanças

positivas no trabalho em ciências, tais como o crescimento pessoal e

ampliação dos conhecimentos, pois durante todo o processo alunos e

professores se mobilizam para aprofundar sobre temas científicos que

normalmente não são discutidos em sala de aula.

Além disso, as mostras científicas contribuem para desenvolver

habilidades de comunicação e argumentação do estudante, uma vez que o

mesmo necessita expor e explicar fatos e teorias, trocar ideias com os colegas

e professores e defender seus pontos de vista, além de terem que se preparar

para apresentações ao visitante no dia do evento. Como o público é

diversificado quanto ao nível intelectual e etário o aluno se esforça para ser

bem compreendido por todos, isso faz com que se desenvolva e amplie o seu

poder de argumentação.

A estratégia educativa também favorece mudanças de hábitos e atitudes

perante a si mesmo e a sociedade. O conhecimento adquirido durante o

processo de elaboração e apresentação dos materiais produzidos trás o

desenvolvimento da autoconfiança e da iniciativa, conjuntamente desperta o

31

poder de criticidade devido ao amadurecimento da capacidade de avaliar o

próprio trabalho e o dos outros, permitindo uma comparação construtiva entre

os trabalhos, podendo até modificar o seu caso julgue necessário ou valorativo

(MANCUSO,2000; LIMA,2008 apud HARTIMANN; ZIMMERMANN,2009).

Apostamos em um maior envolvimento do aluno nas atividades,

despertando interesses por diversos assuntos relacionados à ciência, uma vez

que as produções são escolhas suas e representam, curiosidades, interesses e

afetos dos próprios alunos, ou seja um compromisso com eles mesmo e com o

grupo.

Os trabalhos podem e devem favorecer o desenvolvimento de

habilidades de comunicação, interação social, e mesmo de politização dos

estudantes, uma vez que muitos dos temas escolhidos ampliam a sua visão

perante o mundo gerando um protagonismo juvenil, pois os alunos acabam

protagonizando alertas e orientando a população de alguma forma.

(MANCUSO,2000; LIMA,2008 apud HARTIMANN; ZIMMERMANN, 2009)

Além disso, as mostras colaboram para o aperfeiçoamento de alguns

fatores importantes na formação dos alunos e sugeridos pelo sistema

educacional brasileiro. Os PCN´s (BRASIL,1998) indicam como “Objetivos

Gerais do Ensino Fundamental” que eles sejam capazes de:

a) “Utilizar as diferentes linguagens - verbal, matemática, gráfica, plástica e

corporal - como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias,

interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e

privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação”

(BRASIL,1998, p.7).

b) “Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos

para adquirir e construir conhecimentos” (BRASIL,1998, p7).

c) “Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-

los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a

capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando

sua adequação” (BRASIL,1998, p.8).

32

Reforçamos então que as características enumeradas acima são

normalmente requeridas e desenvolvidas pelos alunos ao participarem de

Feiras de Ciências.

Atualmente, uma das temáticas que vêm sendo discutidas no cenário

educacional é o trabalho por projetos. Os vários projetos pedagógicos

(pesquisa, trabalho e extensão) que circulam frequentemente no âmbito do

sistema de ensino muitas vezes não encontra o professor preparado para situar

sua prática pedagógica em termos de propiciar aos estudantes uma nova forma

de aprender integrando as diferentes mídias nas atividades do espaço escolar.

As “Feriras de Ciências” ou “Mostras Científicas” embora tenham sua

culminância em um evento aberto ao público em um determinado dia do ano

letivo, demandam orientação, pesquisa, estudo, interlocução com as pessoas

envolvidas durante todo o ano. Além disso, com a organização de espaços,

tempo e estratégias de divulgação, e estas características nos permitem

classificar estas dinâmicas como “pedagogia de projetos”.

O protagonismo dos alunos, que ao pesquisarem, organizarem

conteúdos, prepararam materiais e dinâmicas de apresentação, certamente já

terão se apropriado do conhecimento que divulgam, do valor para si e para a

comunidade. Ressalta-se o desenvolvimento da autoestima e de qualidades

necessárias ao trabalho coletivo (importante na vida social e profissional), da

crença na possibilidade de ações sociais promotoras do bem comum

(desenvolvimento de responsabilidade social, e da politização), sendo estes

aspectos preconizados pelo movimento CTSA.

Pelo exposto até o momento, fica evidente a relevância e aspectos

educacionais refletidos na elaboração e apresentação das feiras. O evento que

se desenrola ao longo de vários meses surte efeito na vida do aluno. Envolve

organização, envolvimento concreto dos alunos e participação das pessoas

responsáveis pela educação. As dificuldades são variadas, entretanto,

podemos imaginar, que a recompensa no processo de ensino aprendizado do

aluno e de todas pessoas envolvidas seja imensurável.

33

4.3 Educação Nutricional e Saúde

4.3.1 Influências e o papel da educação escolar

A importância da educação alimentar e nutricional para a saúde e

desenvolvimento humano ocupa hoje um lugar de destaque no contexto

mundial (BRAGA & PATERNEZ, 2011). Os hábitos alimentares e nutricionais

são influenciados por interesses econômicos, possibilidades pessoais, culturas

familiares, influências socioculturais globais e locais (como os apelos midiáticos

veiculados por propagandas – divulgações em redes sociais – informações

propagadas em academias de ginástica). Nessa perspectiva, a escolha uma

alimentação saudável não depende apenas do acesso a informação nutricional

adequada, trata-se de formação sociocultural dos indivíduos.

É na escola, local também de grandes influencias sobre os indivíduos,

que o indivíduo constrói relacionamentos, se socializa, revela preferências e

vários aspectos comportamentais, como seus hábitos alimentares. E segundo o

Ministério da Saúde (BRASIL, 2000), a escola é um espaço privilegiado para a

formação e reeducação do indivíduo, no qual programas de educação e saúde

podem ter grande repercussão e efetividade por atingir estudantes nas etapas

influenciáveis de sua vida, como a infância e a adolescência.

Nesse contexto os PCN´s (BRASIL, 1998) indicam como “Objetivos

Gerais do Ensino Fundamental” que os alunos sejam capazes de: - conhecer e

cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando práticas saudáveis como um

dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em

relação à sua saúde e a coletiva;

O desenvolvimento de estratégias de promoção de alimentação

saudável, quando envolve a comunidade escolar, está intimamente relacionado

ao sucesso na educação nutricional. Quando as estratégias envolvem

processos ativos, lúdicos e interativos, há o favorecimento por mudanças de

atitudes e das práticas alimentares permanentes (SCHMITZ, 2008).

34

A orientação por hábitos saudável no ambiente escolar vem sendo

fortemente recomendada por órgãos nacionais e internacionais. No Brasil,

segundo Santos (2012), o Ministério da Educação preconiza que os

estabelecimentos de ensino são os espaços mais focados pelas políticas

públicas de alimentação e nutrição para promoção de hábitos nutricional

saudáveis, sendo reconhecida como o local de formação crítica e de posturas.

Tal preocupação está relacionada a importância de se ter e se

desenvolver bons modos alimentares desde jovem, afim de se evitar as

possíveis consequências de hábitos inadequados para a saúde num futuro não

tão distante, como por muito tempo se concebeu. Hoje, sabemos que o

desenvolvimento e o agravamento de uma série de doenças são

profundamente influenciados pela nutrição desapropriada. A população cada

vez mais jovem vem acusando problemas de saúde nas mais diversas

gravidades, por conta também dos péssimos comportamentos nutricionais, seja

uma alimentação exacerbada ou com deficiências de nutrientes.

O ensino da nutrição dentro do espaço escolar está intimamente

relacionado com o desenvolvimento dos hábitos alimentares dos jovens no

ambiente estudantil e sua manutenção e aprimoramento na vida futura, assim

como também as possíveis consequências dessas práticas. Comportamentos

saudáveis desenvolvidos na infância e adolescência e mantidos ao longo da

vida têm reflexos altamente positivos na saúde e na qualidade de vida de

populações, aumentando assim, a expectativa de vida do ser humano, que

atualmente é muito superior ao de algumas décadas passadas. (PELLANDA et

al., 2002)

Em um passado recente as doenças nutricionais relativas a carências

eram predominantes, sendo assim, o ensino de nutrição nas escolas buscava

orientar no sentido de se prevenir tais desnutrições. Inúmeros estudos têm

chamado a atenção para os crescentes problemas de saúde humana

(epidemias crônicas não infecciosas) decorrentes de práticas alimentares

inadequadas e de dietas mal orientadas do ponto de vista nutricional.

(GONZALEZ & PALEARI, 2006)

Como profissional da educação, vejo um cenário de nutrições incorretas

(muitas das quais relacionadas ao abuso alimentar, à falta de critérios na

35

dinâmica alimentar, à cultura do corpo magro; a cultura do corpo

hipermusculoso; e da utilização abusiva dos fast-food), isso impõe novas

abordagens que alertem para os perigos da anorexia; da bulimia; do

sobrepeso; da obesidade; do desenvolvimento e agravamento da hipertensão,

do diabetes, aterosclerose; do infarto do miocárdio; disfunções renais;

desenvolvimento de alguns tipos de canceres entre outras doenças menos

comuns.

Diante desta circunstância preocupante, se fez necessário algumas

medidas com o intuito de consolidar a escola como espaço fundamental na

formação da identidade do sujeito, abordadas pelos PCN´s (BRASIL,1998).

O PCN (BRASIL, 1998) preconiza que se deve enfatizar a elaboração de

propostas pedagógicas que proporcionem aos alunos conhecer e cuidar do

próprio corpo, valorizar e adotar práticas saudáveis como um dos aspectos

básicos da qualidade de vida. Em relação ao corpo, a alimentação, ao lado de

outros costumes saudáveis à vida, é fator reconhecidamente importante para a

promoção da saúde. Nessa perspectiva, propõe-se que a “Educação Alimentar

e Nutricional” seja acolhida como atividade pedagógica na escola,

reconhecendo as questões atuais que envolvem a alimentação e nutrição,

estão interligadas com aspectos ambientais, econômicos, culturais,

comportamentais da população e refletidas nos indicadores epidemiológicos e

nutricionais.

A EAN, Educação Alimentar Nutricional, tem por finalidade contribuir

para o alcance de objetivos que vão muito além do caráter alimentar e

nutricionais, pois tem por essência a finalidade de educar para a saúde. Por

isso, justifica-se a sua valorização como diretriz para ação no âmbito das

políticas públicas da promoção da saúde, das políticas da segurança alimentar

e nutricional das políticas de Educação, dentre outras.

Dessa maneira, alimentação e nutrição encontram espaço no currículo

escolar através dos temas transversais “trabalho e consumo” e da temática da

“Saúde” e passam a ser contempladas na educação básica como forma de

apoiar a EAN na escola. O seu enfoque tem sido atribuído como de

responsabilidade dos professores nas disciplinas do ensino fundamental, o qual

deve permear todo o currículo, sem, contudo ser uma disciplina isolada.

36

Outra legislação brasileira que endossa alimentação ideal dentro das

escolas passa pelo PNAE (BRASIL, 2009). O PNAE, “Programa Nacional de

Alimentação Escolar”, teve sua origem na década de 40, e ao longo desses

anos sofreu diversas modificações, mas foi em 1988, com a promulgação da

nova Constituição Federal, que o direito à alimentação escolar para todos os

estudantes do Ensino Fundamental foi assegurado. Juntamente com o FNDE,

“Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação”, que fiscaliza a execução

do PNAE, essa era a garantia do capital fundamental para arcar com os gastos

das instituições públicas com para a manutenção da merenda escolar

chegasse de forma integral e efetiva. Entretanto, o que vemos pelo país é uma

merenda muitas vezes com valoração nutricional lastimável, as vezes

contaminada ou vencida, como já foi denunciada pela mídia. Isso tudo devido

aos desvios de verbas destinadas a esse fim ou até mesmo para atender

outros interesses políticos.

Uma ressalva do programa é que, a compra da merenda escolar pelas

instituições públicas tem de obedecer a um cardápio previamente estabelecido

pelo programa. Cardápios esses elaborados por nutricionistas capacitados para

atender as exigências nutricionais das crianças e adolescentes. Respeitando

os hábitos alimentares de cada localidade, sua vocação agrícola e preferência

por produtos básicos, dando prioridade, dentre esses, aos semielaborados e

aos in natura.

O PNAE (BRASIL, 2009) atua na distribuição de refeição da merenda

escolar aos alunos da rede pública visando suprir as necessidades nutricionais

referentes ao período de permanência na escola, favorecendo a nutrição, a

aprendizagem e a frequência deles. Nesse sentido, a organização do espaço

físico da instituição, como em refeitórios e cantinas; a formação de professores;

o preparo dos alimentos e a aplicação prática das orientações do PNAE

juntamente com a proposta pedagógica das escolas configuram um cenário

adjacente, podendo interferir na educação alimentar/nutricional e ambiental do

aluno (DAVANÇO et al., 2004).

Nesse sentido, é importante salientar que os programas como estes do

governo além de ser um instrumento que pretende alimentar adequadamente

seus alunos contribuem também para o desenvolvimento de novas culturas de

37

condutas alimentares saudáveis entre as crianças e os jovens. Entretanto, não

podemos dispensar a educação alimentar formal, não formal e informal,

disponíveis à vida do aluno.

4.3.2 Importância da alimentação para o ser humano

No cenário mundial, pode-se afirmar que a emergência da nutrição como

um campo específico do saber científico, é um fenômeno relativamente

recente, característico do início do século XX (VASCONCELOS, 2002).

Também se pode sustentar que as condições históricas para a constituição

desse campo foram estimuladas com o advento da revolução industrial

europeia, ocorrida no século XVIII (VASCONCELOS 2001a, 2001b). No Brasil,

esse panorama surge na década de 30, no bojo das transformações políticas

sociais e econômicas do período.

A “Política Nacional de Alimentação e Nutrição” (PNAN), estabelecida

pela União e respaldada na Declaração Universal Dos Direitos Humanos, não é

uma responsabilidade exclusiva do Estado, cabendo à sociedade organizada e

aos indivíduos a busca e o direito a alimentação saudável e de qualidade. Isso

se torna cada vez mais necessário, porque há algumas décadas, vários

estudos demostram as importâncias da boa alimentação, de forma que

contemple diferentes necessidades nutricionais e seja equilibrada, para a

manutenção da saúde e do bom funcionamento dos processos biológicos dos

seres humanos, evitando assim o surgimento de doenças e mortes (PNAN,

p.3,1999).

A concretização dos direitos humanos, e mais particularmente no

âmbito da alimentação e nutrição, compreende responsabilidades

tanto por parte do Estado, quanto da sociedade e dos indivíduos.

Assim é que, no preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos

Humanos, está inscrita a condição do ser humano de sujeito do

desenvolvimento, a qual é explicitada, na Declaração sobre o Direito

ao Desenvolvimento da ONU (1986), nos seguintes termos: “Todos

os seres humanos são responsáveis pelo desenvolvimento,

individualmente e coletivamente, levando em conta a necessidade do

respeito integral de seus direitos humanos e liberdades fundamentais,

38

bem como suas obrigações para com a comunidade, que podem

garantir a livre e completa realização do potencial humano”. (PNAN,

p.3,1999)

Valente apud Albuquerque & Menezes [200-] considera que a

alimentação é ideal quando contribui para a construção de seres humanos

saudáveis, conscientes de seus direitos e deveres e de sua responsabilidade

para com o meio ambiente e com qualidade de vida de seus descendentes.

A falta de conhecimento sobre alimentação e nutrição, sobre o seu papel

para o desenvolvimento físico e mental e para a qualidade de vida tem

justificado a pouca importância dada a esse direito humano básico e

fundamental de que todos possam ser adequadamente alimentados

(OLIVEIRA, 2007).

Hoje, felizmente, o problema vem sendo discutido com mais seriedade,

com diferentes aspectos – biológicos, sociais, educacionais, econômicos.

Espera-se que maiores e mais apurados conhecimentos da situação alimentar

e nutricional levem a melhores soluções das problemáticas que envolvem o

tema (OLIVEIRA, 2007).

Apesar desses avanços nos reconhecimentos da importância de uma

alimentação saudável e do conhecimento científico em relação ao assunto,

tem-se verificado que à medida que os países se "desenvolvem" e a população

adquire maior poder aquisitivo é comum ocorrer um aumento da alimentação

indevida. Isso parece um contrassenso, uma vez que, normalmente,

populações com maior poder aquisitivo têm normalmente maior acesso a

informações e formação escolar mais consistente, levando-nos a acreditar que

saber não é suficiente para mudanças de atitudes ou formação de hábitos.

Preocupante são as consequências de distorções e inadequações

nutricionais ao contribuírem de forma significativa para o aumento no número

das enfermidades como as cardiovasculares, hiperglicemias, diabetes,

hipertensão, obesidade mórbida, que hoje são consideradas como epidemias.

Contudo, em muitos países, a educação em alimentação mostrou ter um efeito

significativo em promover a adopção de práticas alimentares saudáveis e

reduzir as morbidades e mortalidades relacionadas, sendo motivo pelo qual a

OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a criação de escolas

39

promotoras de saúde e o empenho destas na promoção de uma alimentação

qualificada (PRECIOSO & SILVA, 2004).

Sobre a alimentação, é importante salientar as afirmações de estudos

das últimas décadas sobre a relevância da boa ingestão de comida no

processo de desenvolvimento orgânico; regeneração tecidual; aleitamento;

gestação; desenvolvimento mental e social do indivíduo, tendo um efeito

marcante, nos anos iniciais de vida. A importância de uma boa alimentação, em

todas as fases do ciclo de vida da pessoa, é reconhecida pela Organização

Mundial de Saúde “World Health Organization” (WHO, apud SANTOS &

PRECIOSO,2012).

Exercer a alimentação saudável pode ser feita a qualquer momento da

vida, entretanto, alguns autores relatam a importância da formação sobre a

saúde alimentar na infância. Bizzo e Leder (2005) colocam que na infância o

valor dessa alimentação adequada se torna muito maior, pois as crianças se

encontram em fase de crescimento, desenvolvimento e formação da

personalidade e de seus hábitos alimentares. Valle (2010) entende que a

formação das culturas nutricionais se dá na infância e é determinada por

fatores internos e externos do sujeito.

Seguindo essas ideias, WHO apud Santos & Precioso comenta que, em

primeiro lugar, uma alimentação saudável ajuda as crianças a atingirem todo o

seu potencial para a aprendizagem, pois a nutrição afeta o seu

desenvolvimento intelectual e consequentemente a sua capacidade para

aprender. Além de múltiplos estudos revelarem uma relação significativa entre

um estado nutricional adequado das crianças e um bom desempenho escolar,

nomeadamente em testes cognitivos (exemplo estudos nas Honduras, no

Quénia e nas Filipinas mostraram que o desempenho académico e a

“habilidade” mental de alunos com bom estado nutricional são

significativamente mais altos do que em estudantes sujeitos a um fraco estado

nutricional, independentemente do seu nível económico-familiar, da qualidade

escolar e da competência do professor (SANTOS & PRECIOSO,2012).

Holford apud Santos & Precioso faz referência a várias investigações

realizadas no MIT “Massachusetts Institute of Technology” (Instituto de

Tecnologia de Massachusetts) que revelam que a ideia que muitas pessoas

40

possuem sobre o fato da inteligência ser qualquer coisa inata e que não há

nada que se possa fazer para modificar não é absolutamente verdadeira,

havendo a influência da alimentação.

A alimentação correta favorece a disposição, o desempenho cognitivo,

melhora a atividade cerebral como um todo, combate os desgastes naturais do

seu cotidiano (estudos, trabalho, atividades de lazer), potencializando

aprendizado e satisfação da criança. Em outras palavras e de acordo com

Cavalcanti citado por Ribeiro e Silva (2014, p.78):

[...] o consumo alimentar inadequado, por períodos prolongados,

resulta em esgotamento das reservas orgânicas de micronutrientes,

trazendo como consequência para as crianças e adolescentes retardo

no desenvolvimento, redução na atividade física, diminuição na

capacidade de aprendizagem, baixa resistência as infecções e maior

suscetibilidade a doenças.

A boa alimentação e nutrição dão como resultados bom

desenvolvimento físico e mental, boa capacidade de aprender e agir. Contudo,

pelo até agora exposto, fica claro que tanto refeições excessivas como as

hipercalóricas, hipersalinas, com alto teor lipídico, como aquelas

desbalanceadas e carentes de nutrientes necessários ao desenvolvimento

(energéticos, vitaminas e sais minerais, aminoácidos e ácidos graxos

essenciais), regeneração e manutenção das atividades orgânicas básicas,

devem ser consideradas inadequadas (MARIN, BERTON & SANTOS, 2009).

De acordo com Gandra (1981), a alimentação desempenha um papel

decisivo para o crescimento e o desenvolvimento físico da criança em idade

escolar, época em que ela passa por um acelerado processo de maturação

biológica, juntamente com o desenvolvimento social e psicomotor.

Outro lado importante da ingestão alimentar correta é que as pessoas

em geral, e também as crianças em particular, se estiverem bem nutridas têm

menor probabilidade de adoecer, já que essa atitude fortalece o sistema

imunitário (AUGUSTO, 2011). Este fator aumenta-lhes a capacidade para ir

para a escola ou trabalhar no dia-a-dia, dependendo do nível etário. A

alimentação saudável deveria ser uma parte integrante da vida diária de modo

41

a contribuir para o bem-estar físico, psicológico e social (WHO apud SANTOS;

PRECIOSO, 2012).

É papel da escola ensinar e educar sobre a importância qualitativa e

quantitativa da alimentação para a promoção e manutenção da saúde, levando

em consideração o fato de que as influências familiares são poderosos

determinantes na construção e manutenção de hábitos alimentares,

demandando uma educação transformadora. Conforme Dinis referenciado por

Custódio (2010, p.6) “hábitos alimentares interferem diretamente na

peculiaridade de vida do indivíduo...”

A difusão de medidas “inteligentes” de nutrição, higiene e saúde pública

tem contribuído para a redução significativa de doenças infecciosas e

deficiências nutricionais em muitas partes do mundo. Acompanhamento

durante o pré-natal, elevação do nível escolar materno, melhora da renda nas

últimas décadas, melhora na qualidade da água e alimento que chega as

mesas das pessoas, mais acesso aos meios de comunicação são fatores que

permitiram melhor entrada a boa alimentação. (DAVANÇO, TADDEI &

GAGLIANONE, 2004)

As evoluções tecnológicas, econômicas e sociais contribuíram para o

desaparecimento de doenças metabólicas comuns existentes na sociedade no

século XX. Doenças como bócio, escorbuto, anemias, beribéri, cegueira

noturna, raquitismo, desnutrição foram atenuadas na sociedade nas últimas

décadas e parte desse sucesso pode ser atribuído a atenção das escolas e

políticas públicas. Por meio de programas de alimentação escolar e

campanhas de orientações nutricionais foram aperfeiçoados os programas

educacionais alimentares foram implantados por vários governos nas últimas

décadas.

Apesar desse avanço, o que percebemos é a existência de sérios

desconfortos quando se trata de saúde alimentar no Brasil e no mundo. Como

já foi mencionado, os problemas agora não são mais os mesmos, essas

doenças vêm sendo substituídas por outras não menos graves. Problemas

como obesidade, sobrepeso, gastrite, hipertensão, complicação renal devido a

exageros em suplementações, diabetes e câncer relacionados à má

alimentação vem aumentando de forma preocupante, mesmo entre jovens e

42

crianças. O aumento da expectativa de vida média e o envelhecimento

populacional contribuem na elevação da probabilidade de acometimento de

doenças crônicas não transmissíveis, normalmente associadas com alterações

do estilo de vida. (MONTEIRO et al. apud PINHEIRO, FREITAS &

CORSO,2004)

A obesidade, dependendo do grau, pode ser considerada morbidade ou

determinante de morbidades e comorbidades cujo aumento nas últimas

décadas a credencia como um dos principais problemas de saúde pública na

sociedade moderna, assumindo caráter epidemiológico. E diferentemente do

que se pesava há algumas décadas, o conceito de que às vezes uma pessoa

obesa pode ser qualitativamente mal nutrida, isso é, podem apresentar ainda

doenças relacionadas à deficiência de determinadas vitaminas ou substancias

essenciais para a vida saudável. O certo é que o excesso de gordura é fator de

risco para várias morbidades. A adipose, além de sobrecarregar o sistema

cardiovascular pode também causar uma sobrecarga articular comprometendo

o sistema locomotor do indivíduo (BRANDALIZE & LEITE, 2010).

Para Perri et al. citado por Bavaresco e Costa (2013, p.5) o indivíduo é

considerado obeso quando a quantidade de gordura relativa à massa corporal

se iguala ou excede a 30% em mulheres e a 25% em homens e a obesidade

mórbida é caracterizada por um conteúdo de gordura corporal que exceda 40%

em mulheres e 35% em homens.

É importante relembrar o que já é de conhecimento das pessoas que se

interessam pelo assunto, alguns casos obesidade estão relacionados as

heranças genéticas, bioquímicas e psicológicas. Portanto, uma gama de

fatores, incluindo os históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos,

psicossociais, biológicos e culturais. Ainda assim, nota-se que, em geral, os

fatores mais estudados da obesidade são os biológicos relacionados ao estilo

de vida, especialmente no que diz respeito ao binômio: - dieta e atividade

física. (WANDERLEY & FERREIRA, 2010).

De acordo com Monego e Jardim (2006), a hipertensão arterial é uma

doença crônica, definida pela persistência de níveis de pressão arterial acima

dos valores arbitrariamente definidos como limite de normalidade. É o mais

comum fator de risco para a doença cardiovascular, sendo considerado um

43

grave problema de saúde pública em todos os extratos socioeconômicos. A

hipertensão está intimamente relacionada a uma alimentação exacerbada em

relação a alguns nutrientes. A determinação de seu aparecimento se dá a partir

de fatores desencadeados ainda na infância.

Uma pesquisa recente (Bogalusa Heart Study), citada por Monego e

Jardim (2006) evidenciou que não só a etiologia de grande parte das doenças

cardiovasculares tem sua raiz na infância e podem ser identificadas

precocemente, como também os fatores ambientais tais como dieta, cigarro e

atividade física influenciam significantemente o aparecimento da hipertensão

arterial e da obesidade.

Esses novos problemas de saúde pública emergem no mundo

abastecido pelos mais diversos alimentos e suplementos alimentares,

disponíveis no comércio, nas dispensas nas geladeiras. A facilidade de acesso,

o massacre de propagandas supervalorizando produtos (de alguma forma

enganosa), a busca pela perfeição física, aliada a falta de educação, com o

predomínio de alimentação regrada a óleos, gorduras, açucares, alimentos de

origem animal e processados associado ao desprezo as frutas, verduras e

legumes, tem sido responsáveis por modernas epidemias como as elevadas

taxas de obesidade infantil, aumento de doenças cardiovasculares, diabetes

tipo II e câncer, associadas, principalmente, a mudanças nos padrões

nutricionais e sedentarismo.

Atualmente predomina o padrão alimentar caracterizado, por um lado,

pelo alto consumo de alimentos de origem animal, açucares óleos e

farinha refinados, e por outro, por baixo consumo de cereais integrais,

legumes, verduras e frutas. Em decorrência disso, muitas crianças

desenvolvem atualmente doenças como, obesidade patológica,

hipertensão arterial sistêmica e problemas cardíacos.” (WHO apud

RIGHI, 2010, p.15)

Enfatizando essas convicções, é fato também a dificuldade entre os

adultos para controlar a obesidade, devido à baixa nos processos metabolismo

do corpo, portanto quando mais tempo o jovem mantiver tais condições

corporais e metabólicas fica mais difícil livrar se delas no futuro.

44

Pelas razoes já apresentadas, destacamos a necessidade de se usar o

período escolar da criança e adolescente como momento de implementação de

propostas educacionais favorecedoras do aprendizado e incorporação de

hábitos de vida saudáveis. Um cuidado com o peso desde jovem pode

perpetuar durante a vida adulta.

As Feiras se encaixam perfeitamente nessas propostas justificando a

abordagem do tema durante “EXPOCIÊNCIAS 2014” do CEJM. Na infância

temos o momento da vida no qual o aprendiz conseguirá construir a sua

identidade perante as questões alimentares. Durante suas pesquisas e

discussões ele promove uma educação transformadora durante todo o

processo e ainda no dia da culminância da mostra.

A prevalência de sobrepeso e obesidade não é uma exclusividade dos

brasileiros de uma determinada classe econômica, é crescente em vários

países e em populações de todos os níveis sociais, e cada vez mais cedo

acomete o ser humano, estando relacionado principalmente a dietas ricas em

lipídios e diminuição da atividade física.

A obesidade é preocupante não apenas pelas implicações à saúde,

como pela complexidade de seu tratamento e controle, já que este

acarreta em mudança de comportamento alimentar no plano

individual e da adoção de políticas públicas que podem ir contra os

interesses de diferentes setores da indústria e comércio de alimentos.

(RINALDI et al.2008, p.272)

Infelizmente, reforçando esses argumentos, compreendemos e

concordamos que estas tendências (obesidade e sobrepeso) não estão

restritas à população adulta, ou a um determinado grupo de pessoas. Atinge

crianças e adolescentes, devido não somente ao sedentarismo ditado ou

incentivado pelo atual modus vivendi. Também e preponderantemente, por

hábitos alimentares adequados que não foram efetivamente transmitidos ao

longo dos anos principalmente pelas famílias e centros educacionais, estes

últimos, assessorados por políticas públicas defasadas, sendo incapaz

transformar as atitudes de boa dos indivíduos.

Davanço, Taddei e Gaglianone (p.179 2004) acreditam no poder das

políticas públicas quando ressaltam que:

45

Como forma de prevenir doenças crônicas, apontadas como a

principal causa de morte na idade adulta, programas de educação

nutricional vêm sendo criados em diversos países. Tais programas

beneficiam as crianças, por meio de orientação sobre adequada

ingestão energética e de micronutrientes e favorecem a boa forma

física. Promovem também a redução dos riscos de doenças que se

manifestariam na maturidade, por meio da modificação de

determinados comportamentos na infância.

Assim, a boa compreensão de conceitos de nutrição é importante não

somente para a vida acadêmica atual e futura do indivíduo, mas também para o

entendimento do seu corpo, da importância da boa saúde, favorecendo a

prática de bons modos alimentares, podendo ainda ser transmitida a pessoas

do seu convívio social. Isso ao longo da vida lhe permitirá melhor qualidade de

vida e satisfação.

4.4 Influências do meio no processo de aprendizagem.

4.4.1 Influências da família e de pessoas próximas na formação do indivíduo

Durante o processo de socialização da criança ela desenvolve diversos

aspectos mentais e motores que serve de base para novas conquistas no

decorrer da vida. Ao nascer, o primeiro grupo social dela, na maioria das vezes,

será a família. Nesse momento, a criança é inserida num contexto familiar que

torna-se responsável pelos cuidados físicos, pelo desenvolvimento psicológico,

emocional, moral e cultural desta criança na sociedade. Com isso, através do

contato humano a criança supre suas necessidades e inicia a construção dos

seus esquemas perceptuais, motores, cognitivos, linguísticos e afetivos

(SOUSA & FILHO, 2008).

Segundo a nutricionista Raymundo [2000?], durante a infância, os pais e

parentes próximos, devem estar atentos aos alimentos que oferecem as

crianças, uma vez que essa cultura alimentar poderá ficar registrada como

hábito durante a vida adulta. A oportunidade para que se desenvolva bons

modos alimentares é bem considerável. Ela ainda, especialista no assunto

alerta que é comum os filhos não aceitarem alguns alimentos saudáveis

simplesmente pelo seu cheiro ou a forma apresentada, recomenda-se sempre

criar estratégias de se preparar esse determinado tipo de alimento para que o

mesmo faça parte da dieta alimentar, caso feita várias tentativas em

46

diferenciadas formas de preparo pode-se tentar outros alimentos que também

contemplam a boa saúde.

Analisando as informações apresentadas até agora, conseguimos

entender a importância da família se preocupar com os costumes das dietas

logos nos primeiros anos de vida dos filhos, uma vez que nesse momento que

ele está aprendendo a construir suas apreciações e rejeições. Esse é o

momento de se oferecer as crianças os alimentos promotores da vitalidade,

aflorar em seu sistema cognitivo e mental para essas práticas, favorecendo que

esse comportamento perpetue durante a sua vida e para que ao longo dela não

seja necessária mudanças drásticas nos seus costumes de vida no ponto de

vista alimentar, algo mais complexo de se fazer na fase adulta.

[...] Todo o seu progresso psicológico foi realizado, até então, através

das relações com outrem, principalmente os pais. De começo, a

criança fundiu-se com as pessoas que a rodeiam, identificou-se com

elas, foi invadida pela sua presença [...]. (MÉDICI apud SOUSA;

FILHO, 2008, p.2).

Nesse ponto, apresento um depoimento pessoal: - em conversas

informais com alguns colegas professores, muitos revelaram alguns

comportamentos alimentares típicos de suas famílias e que muitas vezes não

sabem dizer a razão de manterem esses padrões ou costumes alimentares

inquestionados, mesmo que os indivíduos tenham conhecimentos científicos

para fazê-los. Muitos relatam que simplesmente os mantêm por se sentirem

bem com essas ações. Como justificativa para essas ideias podemos citar

hábitos de alguns indivíduos, tais como comer ovos mexidos com arroz e feijão

na manhã de domingo, por que seus pais tinham esse hábito. Ingerir

refrigerantes todos os dias, seguindo os costumes dos progenitores. Jantar

completo no período noturno, pois é uma tradição daquela família a anos.

Observamos então que essas práticas, boas ou não para a promoção e

manutenção da saúde, são mantidas em nossas vidas sem o necessário

questionamento sobre sua importância ou influência em nossas vidas. Por

esses motivos, defendemos a educação como formadora e transformadora

favorecendo a implementação de culturas alimentares sadias e que perdurem

por toda a vida do indivíduo, trazendo benefícios a saúde pessoal e

influenciando as futuras gerações.

47

O processo de aprendizagem pode ser definido de forma simplificada

como o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem

competências e mudam o comportamento, utilizando sua inteligência cognitiva

e emocional. Mas para que seja efetivo, faz-se necessário um processo

interativo ao meio em que está inserido: família, escola e sociedade. As

funções intelectuais vão adquirindo importância progressiva como forma de

interação com o meio. Da atividade intelectual, que tem a linguagem como um

instrumento indispensável, depende o coletivo. Permitindo acesso à linguagem,

podemos dizer que a emoção está na origem da atividade intelectual. Pelas

interações sociais que propicia, as emoções possibilitam o acesso ao universo

simbólico da cultura (TAILLE apud MENEGAZZO, 2015).

Segundo Silva (2008, p.22), a aprendizagem é um processo integrado

que provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que

aprende. Essa transformação se dá através da alteração de conduta de um

indivíduo, seja por condicionamento operante, experiência ou ambos, de uma

forma razoavelmente permanente. As informações podem ser trabalhadas

através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos. O ato

ou vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo humano,

pois somente este possui o caráter intencional, ou a intenção de aprender.

É natural acreditarmos que os pais são os mais preocupados com a boa

alimentação para seus filhos e motivos para isso é que não lhes faltam.

Entretanto, muitas vezes tomados pelo trabalho ou por diversas preocupações

diárias deixam pra depois esse cuidado com a criança e também desconhecem

os prejuízos em longo prazo para as crianças que não se alimentam com

variedades e qualidades nutricionais. Lembrando que excessos ou carências

nessa fase da vida podem contribuir para surgimento ou agravamento de

doenças crônicas na fase adulta, ou até mesmo precocemente, durante a

juventude. O aumento da obesidade em crianças é preocupante, pois tem

assumido caráter epidêmico. No Brasil a obesidade entre as crianças e os

jovens é crescente, inclusive entre os das classes menos favorecidas (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, apud CABRAL,2008, p.15).

Outro aspecto que emerge nas recentes pesquisas está relacionado ao

novo cenário econômico-social que impõe novas dinâmicas e restrições

48

familiares. Assim, na busca da valoração pessoal ou até devido as

necessidades familiares, muitas mães precisam sair de casa para trabalhar,

deixando de acompanhar e vigiar seus filhos, além de muitas vezes

recompensar sua ausência com permissividades alimentares. Um cenário

menos pernicioso ocorre quando muitos filhos de pais trabalhadores

frequentam precocemente creches e escolas e ali recebem alimentação

adequada e educação alimentar, no início das formações cognitivas para tais

questões.

Em acréscimo aos fatores negativos já ditos, propomos a reflexão

referente ao processo educativo alimentar da criança, quando recorrentemente

os pais, avós ou outros parentes responsáveis, tentam suprir a falta da sua

presença junto a criança recompensando-o com alimentos saborosos nada

saudáveis. Muitas vezes mesmo levando guloseimas (doces que representam

açúcar de assimilação rápida) e produtos de fast-foods ao final do dia para

atenuar a sua ausência diária e ser ainda taxados como “bons pais”.

Devido a importância social da educação alimentar defendemos que pais

e educadores devem se orientar e assumir a responsabilidade de educar suas

crianças e adolescentes favorecendo a elaboração de conceitos efetivos para a

formação ou mudanças no padrão alimentar delas agora e no futuro. Criar

atitudes positivas frente ao alimento, encorajar a aceitação da necessidade de

uma alimentação saudável e diversificada, promover a compreensão entre

alimentação-saúde e incentivar o desenvolvimento de práticas alimentares

saudáveis. Tais mudanças irão contribuir no comportamento alimentar na vida

adulta.

Muitos de nossos costumes alimentares são condicionados logo nos

primeiros anos de vida. Dados de investigação sugerem que as crianças não

estão dotadas de uma capacidade inata para escolher alimentos em função do

seu valor nutricional, pelo contrário, os seus comportamentos são aprendidos a

partir da experiência, da observação e da educação. O papel da família e da

equipe escolar na alimentação e na educação nutricional das crianças é,

portanto, inquestionável e assume particular importância uma vez que pode

oferecer uma aprendizagem formal a respeito do conhecimento de alimentação

saudável (MARIN, BERTON & SANTOS, 2009, p.73).

49

Entendemos então que do ponto de vista cultural, psicológico e social, a

criança sofre influência do meio em que está inserida - geralmente, o ambiente

familiar e mesmo o escolar. Suas atitudes, frequentemente, são reflexos do

ambiente. A ingestão diária de alimentos considerados não saudáveis,

portanto, pode levar ao desenvolvimento de maus hábitos (SILVA,2009).

Por conveniência, entendemos que desde cedo é de incumbência dos

pais e professores transmitir saberes e conhecimentos reveladores de

condutas alimentares apropriadas ou ideais para a manutenção da saúde e da

qualidade de vida. Acreditamos ainda que, não basta transmitir conhecimentos

ou impor normas para se conseguir transformar atitudes e posturas, e aqui

ressaltamos a importância do exemplo e da coerência de pais e educadores.

Notadamente nos primeiros anos de vida e de escola quando as crianças se

revelam um campo fértil e aberto à formação de hábitos, costumes e

desenvolvimento de paladares preferenciais.

Na educação escolar, defendemos o poder das atividades lúdicas, do

protagonismo juvenil, do poder do trabalho em espaços e tempos não-formais

como aliados da efetividade educativa que se pretende melhorar. Nesse

momento acreditamos que a efetividade educativa dos projetos pedagógicos e

das mostras científicas no processo de desenvolvimento dos alunos que

durante todas as etapas de elaboração da dos projetos e da Feira reforçam

conceitos já adquiridos, absorvem novos conhecimento e organizam ideias e

elabora estratégias para transmitir seus conhecimentos e criações aos

visitantes, em destaque, para os pais. Além de poder aproximar as relações

entre pais e filhos uma vez que os filhos recorrem a ajuda deles para

elaborarem seus projetos. Portanto, a “Feira” apresenta normalmente ação

transformadora para ele, para a família e toda a comunidade escolar envolvida.

4.4.2 Influência escolar

Segundo Cabral (2008,), depois da família, a escola é o melhor meio a

interferir na formação básica dos indivíduos, seja por meio de intenção

formativa derivada das práticas pedagógicas, seja através de interações sociais

e influências às quais os alunos estão expostos. O autor ainda acredita que é

50

na infância que se fixam as atitudes e práticas mais difíceis de serem

modificadas na idade adulta.

As dinâmicas sociais, e a vida escolar é uma delas, vem sofrendo nos

últimos anos maiores e mais rápidas transformações do que em tempos

anteriores, reclamando rápidas e contínuas adaptações por parte dos

professores, coordenadores e direção pedagógica. No Brasil ocorreu nas

últimas décadas uma grande expansão de vagas, patrocinada pela política de

“acesso para todos” ampliando também o acesso de camadas da sociedade

que que encontravam à parte do mundo das escolas. Soma-se a isso o fato de

que muitos pais tiveram que assumir jornadas amplas de trabalho, afastando-

os de casa e do contato com os filhos. Essas realidades fizeram com que

diversas responsabilidades que eram tipicamente familiares fossem

transferidas para a escola contemporânea, inclusive a formação de hábitos e a

cultura alimentar das crianças. Isso demanda das instituições de ensino a

elaboração e aplicação melhores estratégias pedagógicas para conseguir

contemplar aos seus alunos a educação pleiteada.

“Além de fornecer modelos comportamentais, fontes de conhecimento

e de ajuda para o alcance da independência emocional da família, a

escola também passa a ser o local para a formação do ser social e

para o desenvolvimento do processo de transmissão-assimilação do

conhecimento – que pode ser utilizado pelo aluno em seu meio de

sociabilidade como instrumento de sua prática.” (FILHO & SOUSA,

2007, p.4)

Quando o discente passa a conviver em ambiente escolar novas

perspectivas de aprendizagem aparecem, sendo essas boas ou ruins. Em se

tratando da cultura alimentar, ele passará a receber novos estímulos nos quais

a partir de então farão parte de sua vida. Nesse cenário que a escola deve

trabalhar em prol dos bons costumes nutricionais assegurando boas condutas

durante passagem das crianças e consequentemente também para a fase

adulta, diminuindo os riscos de se adquirir as doenças metabólicas atuais e

outras que poderão surgir pela frente.

É de conhecimento de algumas pessoas a importância de se comer

bem, pois traz benefícios para o corpo e mente, ajuda a nos manter ativos para

realizar as tarefas do dia a dia, melhora o rendimento escolar e outras diversas

51

atividades diárias. Alimentação saudável é aquela que reúne todas as

substâncias químicas que precisamos, em quantidades adequadas, para que o

corpo possa funcionar e se desenvolver adequadamente. Requer variedade,

equilíbrio e qualidade de ingredientes em todas as refeições, balanceando os

carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. Qualquer exagero ou

deficiência pode se transformar em problemas de saúde futuros (RECINE &

QUEIROZ, 2002).

Na escola, um espaço ocupado por crianças e jovens (as vezes adultos),

isso se torna ainda mais relevante, porém muitos sabem que a oferta de

alimentos saudáveis nas cantinas e lanchonetes que funcionam dentro dos

estabelecimentos normalmente não seriam a recomendáveis como saudáveis.

Por questões de praticidade no preparo, custo e armazenamento, é mais fácil

encontrar produtos industrializados que têm prazo de validade maior (com uma

maior quantidade de aditivos, gorduras, corantes, conservantes, e derivados de

processamentos que prejudicam o organismo), mas esses normalmente

causam mais danos à saúde que os alimentos in natura. Isso acaba sendo um

reforço negativo que precisa ser mudado dentro do ambiente escolar, sob a

pena de minar todas as ações educativas direcionadas a formar boas condutas

frente ao alimento.

Dessa maneira, a cada ano, isso vem refletindo de forma negativa nos

adolescentes, segundo estudo apresentado por SILVA et al. (2008) vários

países do mundo tem apresentado uma crescente preocupante em relação ao

aumento de obesidade e sobre peso infantil. Na Europa (França, Inglaterra) a

situação é bem alarmante, perdendo apenas para os Estados Unidos. Já o

Brasil a situação não é diferente dos demais países apesar de apresentares

números estatísticos para o crescimento da adipose entre os jovens um pouco

menor (SILVA et al ,2008).

Além dessa problemática, no ambiente escolar atual encontramos um

ambiente de insatisfação corporal por parte de vários adolescentes, seja para

chamar a atenção dos outros ou por passar despercebido pelos colegas. Por

pressão de amigos próximos que praticam o assédio moral ou até mesmo dos

responsáveis, os jovens se submetem a dietas descontroladas em busca de

atingir um corpo exigido pela sociedade. Nesse momento da vida, a opinião de

52

pessoas a volta desse estudante tem alta significância, favorecendo com que

se tenha comportamentos que podem não ser saudáveis a curto e longo prazo.

Entre eles, pode-se destacar: vômitos auto induzidos, restrição patológica

alimentar, compulsão alimentar, uso de medicamentos para emagrecimento

(diuréticos, laxantes e pílulas dietéticas), entre outros (FORTES, MORGADO &

FERREIRA, 2013, p.59-64)

Portanto, a escola como instituição, de forma não intencional, também

tem contribuído de maneira negativa para disseminar más condutas

alimentares entre seus meninos, é normal em muitas escolas do Brasil, como

também no Centro Educacional de João Monlevade, o uso de alimentos

altamente energéticos em sua cantina particular e até mesmo nas refeições

servida gratuitamente no refeitório. Basicamente, a alimentação é regrada a

massas, açucares e gorduras, apesar de que hoje o CEJM não disponibilizar

mais salgados fritos, que de certa forma já é um indício de mudança, para

melhor, no hábito alimentar. De acordo com Schmitz et al. 2008, p.313,

Estudos demonstram que os alimentos das cantinas escolares são

muito energéticos, ricos em açúcares, gorduras e sal, indicando a

preferência dos estudantes pelos mesmos. Essa realidade necessita

ser modificada, e a cantina deve ser um espaço que reforce e

estimule a prática de hábitos alimentares saudáveis, abordados pelo

educador nas aulas.

Expostos esses desafios presentes no ensino contemporâneo, é justo

pensarmos em técnicas que favoreçam a boa cultura alimentar dos jovens. E

para os professores do CEJM, a “EXPOCIÊNCIAS” é de suma importância

para que se consiga uma educação transformadora. Por meio dela pode-se

conseguir com que pais e filhos reflitam suas condutas nutricionais diárias,

além de disseminar as boas.

4.4.3 Fatores associados ao comportamento alimentar inadequado em

adolescentes escolares

Sabemos que um excelente mediador na influência dos hábitos

alimentares das pessoas em geral é o meio de comunicação. Muitos dos

apelos midiáticos para o consumo de refeições ressaltam apenas o prazer

53

proporcionado pelo sabor e outros aspectos não necessariamente relacionados

com a nutrição, como o convívio e aceitação social nos “fast foods”. Os jovens

e principalmente as crianças normalmente não sabem ou não acreditam nos

malefícios que o consumo exagerado de determinados alimentos podem

acarretar em longo prazo.

Tendo como cultura da sociedade desde o seu surgimento e hoje como

objeto fundamental na vida das pessoas, a televisão (TV) é um dos principais

meios de transmissão de informação que consegue se infiltrar nas casas das

pessoas e participar da educação e formando opiniões delas. Tendo essa

importância na vida das famílias a TV também influencia substancialmente o

consumo de alimentos, pois a refeição engloba tanto a necessidade quanto o

desejo do indivíduo. Segundo Clemente et al. citado por Duarte (2012), a

quantidade de produtos destinados às crianças que incorporam algum apelo

infantil é grande. Essa estratégia, caracterizada como marketing, é definida por

Kotler apud Duarte (2012), de forma resumida, como o conjunto de medidas

que visa proporcionar melhores condições possíveis para o sucesso de um

novo produto ou serviço.

Santos et al.(2012) acredita ainda que a TV é o meio de comunicação

mais utilizado para o entretenimento e a educação, representando uma grande

fonte de informações sobre o mundo e transmitindo aos mais diversos meios

dados sobre como as pessoas se comportam, se vestem, o que pensam, como

aparentam ser e como se alimentam.

Não seria problema caso as propagandas publicitárias estivessem

incentivando as pessoas a terem hábitos coerentes com a vida saudável.

Entretanto Miotto & Oliveira (2006) descrevem na literatura que os comerciais

veiculados pela televisão versam predominantemente sobre produtos

alimentícios que, em geral, contêm altos níveis de constituintes não saudáveis

como gorduras, açúcares e sal, podendo contribuir para a obesidade e/ou

hipertensão, além de outras enfermidades, se consumidos na proporção em

que são anunciados na televisão.

Um dos alvos mais consideráveis na atualidade, que são objetos de

grande merchandising, favorecendo o surgimento de doenças primárias como

obesidade e deficiência nutricional, podendo consequentemente desencadear

54

vários tipos de doenças secundárias na criança e adolescente são os “fast-

foods”. A falta de tempo para se alimentar aliada à correria do cotidiano

resultam na necessidade de se comer de forma rápida e que atenda o paladar,

o que é normalmente atendido pelos fast foods, que representam um reflexo

negativo dentro dos padrões alimentares da sociedade.

Fast-food é uma expressão utilizada para se referir a todo alimento

preparado em um pequeno intervalo de tempo e consumido por conveniência,

como sanduíches, salgados e pizzas. Idealizado inicialmente nos Estados

Unidos em meados século XX, esse tipo de refeição, já se tornou uma cultura

pelo mundo. Somente no final do século começou-se a preocupação com esse

costume, devido ao aumento acelerado dos índices de obesidade.

Algumas redes de lanches desse tipo já promoveram algumas

modificações em seu cardápio, afim de diminuir os índices de sais, gorduras,

açúcares e colesterol. Isso em resposta a uma sentença de um processo legal,

que acusava uma das maiores redes de fast-foods do mundo como

responsáveis por deixar as pessoas mais obesas. Em detrimento disso, no

início do século XXI era possível ver cardápios alternativos nesses

estabelecimentos, para amenizar a situação. Hoje encontram-se opções

ligth/diet, além de sucos naturais, saladas e frutas como opções para clientes

mais exigentes. Mesmo assim, isso não tem sido suficiente para cuidar da

saúde da população em geral, ainda tem preferência pela alimentação com alto

poder calórico (RAVENNA, 2011).

Pesquisas recentes, apresentadas também por Ellwood (2013) apontam

que pessoas que se alimentam com esse produto pelo menos três vezes por

semana, além dos problemas tradicionais com a saúde, como obesidade e

sobrepeso, podem também desenvolver mais facilmente outros tipos de

doenças como asma alérgica, eczema (irritação da pele) e rinite, do que as

pessoas que evitam ou não consomem.

A cada dia a televisão, revistas, jornais (principalmente por meio de

propagandas e marketing) e até mesmo as rede sociais, (que também pode se

dizer que é uma instituição formadora de opinião) expandem seus espaços

voltados para beleza física e alimentação, muitas vezes de forma ruim, em

55

busca de aumentar a suas rentabilidades, e não com o proposito ideal, o da

boa saúde. Culto do desenvolvimento de corpos “ideais” ou idealizados

(imagem corporal, aceitação pessoal e social) tem também promovido o

consumo de diversos suplementos alimentares e drogas com finalidade de

melhorar o corpo a qualquer custo, além da prática de atividades físicas sem

orientação profissional, que podem em curto prazo, representar enorme perigo

para o bem-estar, principalmente de adolescentes e jovens em

desenvolvimento.

Além dessas falhas (quando pensamos em saúde alimentar) trazidas

pela publicidade, existem outros fatores que contribuem para os impasses

produzidos pela revolução tecnológica dos últimos anos em relação ao bem

estar da sociedade. A oferta de diversão e entretenimento sem a necessidade

de exercer esforço físico contribui para o sedentarismo. Computadores, vídeo

games, tabletes, celulares que são capazes de exercer diversas funções e

finalidades hoje tomam o lugar das brincadeiras de rua, do futebol com os

amigos, das escolinhas recreativas que exigiam algum esforço físico.

Gonzalez & Peleari (2006, p.14) reforçam a ideia relatando,

Marcadas por novos estilos de vida e estética corporal, impostos por

sociedades industrializadas e consumistas das mais diversas

culturas, as pessoas tornaram-se dependentes de refeições rápidas,

alimentos comercializados semipreparados, da comodidade de

controles remotos e transportes, de coquetéis vitamínicos e pílulas de

emagrecimento, quando não padecem da desigualdade social que as

impede de obter uma alimentação adequada.

Segundo Giugliano & Carneiro citado por Carneiro (2007, p.10) “as

crianças tornaram-se menos ativas, incentivadas pelos avanços tecnológicos.

Uma relação positiva entre inatividade, como o tempo gasto assistindo à

televisão e o aumento da adiposidade em escolares vem sendo observada.”

A atividade física deve estar alienada a boa alimentação, mas não como

proposito única e exclusivamente do físico ideal, mas para proporcionar o

equilíbrio o bom funcionamento do corpo e da mente. Segundo Matsudo

(2009), praticar exercícios corporais de forma moderada melhora vários

56

parâmetros sanguíneos e circulatórios, nesse sentido, os níveis de hormônios

que matem a estabilidade do organismo, diminui o estresse por meio da

liberação de endorfinas, favorece a boa relação entre as pessoas em grande

parte das vezes, minimiza os níveis de gordura/colesterol do organismo e

consequentemente reduzem as chances de desenvolvimento de problemas

cardíacos, circulatórios, neurológicos e obesidade, aumenta a autoestima e

disposição para as tarefas do dia a dia. Além de melhorar o sono, que também

é fator importantíssimo para a manutenção da saúde física e mental a curto e

longo prazo.

Nesse contexto, o que vemos difundido pelo país é sociedade cada vez

mais narcisista, os jovens acabam pagando pelas as imposições sociais e

midiáticas que propõem, corpos sarados, magros, com músculos exuberantes.

Isso vem ocorrendo cada dia mais cedo, crianças que antes se preocupavam

com brinquedos e diversões, hoje estão fazendo suas matriculas em

academias e procurando por suplementos e anabolizantes para transformação

do seu corpo de forma precoce. Muitos estão buscando a boa imagem corporal

utilizando-se de medicamentos para emagrecer, suplementos e anabolizantes

sem qualquer orientação médica. Infelizmente tudo está passando dos limites,

e o que é pior, sobre o aval dos pais por se sentirem realizados como

modernos e legais ou por pura falta de informação dos malefícios dessas ações

nessa faixa etária.

Cuidar do corpo é muito bom, querer um corpo magro e belo também

é bom, mas os limites que se tem ultrapassado para a conquista

deste corpo é que devem ser avaliados e discutidos. Exageros têm

sido vistos e isso é o que deve ser criticado. Quanto educadores do

corpo, vemos tudo isso como uma crise sem fim, construída por todos

nós. A sociedade abraça conceitos e a aceitação é sempre mais fácil

do que a negação (CRUZ et al. 2008, p.2).

Pelo exposto é evidente a necessidade de se fazer alertas a sociedade

em geral em relação aos riscos que estamos nos expondo ao nos

alimentarmos dessa forma. Por meio da Mostra Científica do CEJM, os

estudantes tiveram a oportunidade de conhecer melhor os alimentos se

resguardando na medida do possível da influência dos apelos midiáticos em

57

relação dos modos alimentares próprios. Além disso, puderam transmitir essas

informações a diversas pessoas que estavam presentes, reforçando os

conceitos e provocando uma reflexão sobre as suas condutas.

Para os professores de Ciências do CEJM há a necessidade da escola

sempre que possível desenvolver estratégias pedagógicas capazes de

minimizar possíveis influências negativas do meio social no processo de

formação e desenvolvimento de comportamentos saudáveis em relação a

comida.

4.5 Buscando uma educação transformadora

4.5.1 Importância dos enfoques para as estratégias pedagógicas

É importante discutir configurações curriculares sensíveis a temas

contemporâneos e estratégias pedagógicas (enfoques, ênfases e abordagens)

para a educação e projeção dos conhecimentos necessários ao aprimoramento

intelectual, social e cultural dos seres humanos, ou seja, mais do que fomentar

habilidades intelectuais nos alunos, é preciso formar cidadãos capacitados e

comprometidos com o desenvolvimento sustentável, com a saúde pessoal e

coletiva, com a justiça, com a solidariedade e com a paz. É preciso ainda,

buscar na história do desenvolvimento sociocultural, científico e tecnológico

subsídios para a escolha de modelos curriculares e estratégias pedagógicas

mais eficientes na educação atual, para propor alteração que levem à

revitalização permanente da educação e do desenvolvimento cultural e social

sustentável da humanidade.

Expandir as áreas nas quais o aprendiz possa buscar o seu

conhecimento, aproximar os conteúdos da realidade de cada um, fazer

associações com situações rotineiras, favorecer a autonomia deles, criar

situações que favoreçam o diálogo entre os alunos, entre eles e familiares,

sobre os conteúdos trabalhados na escola pode favorecer o processo de

formação educacional de todos e de toda sua área de atuação.

58

Acreditamos ser papel do professor e da escola o desenvolvimento de

práticas capazes não somente de transmitir conhecimentos científicos sobre

alimentação e saúde mas que, buscando a formação integral dos discentes,

sejam capazes fomentar pensamentos críticos e atitudes responsáveis, bem

como desenvolver hábitos nutricionais promotores da vitalidade, almejando

contribuir para transformar a realidade pessoal, familiar e comunitária.

4.5.2 A abordagem CTSA na Pedagogia de Projeto

No mundo contemporâneo, não é concebível praticar um ensino de

ciências voltado apenas para o conteúdo desconectado dos aspectos sociais,

ecológicos, econômicos, éticos e tecnológicos. O desejado é integrar o saber

científico, derivado de cada conteúdo estudado, com a responsabilidade social

levando a uma visão crítica dos diversos aspectos estudados, com formação

de um cidadão ético, solidário, comprometido com o desenvolvimento

sustentável e com a preservação ambiental.

A abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), ou Movimento

CTS, surgiu na década de 70, como uma proposta de educação para a

cidadania, baseada em abordagens e práticas de ensino capazes de integrar o

conhecimento científico com as realidades socioculturais, econômicas e

políticas locais e globais. A política educacional CTS, que se intensifica no

Brasil a partir da década de 80, objetivava inicialmente a preparar melhor os

estudantes para atuarem no controle social da ciência e da tecnologia.

Segundo Santos e Mortimer (2001) a necessidade de se estabelecer controle

social da ciência e da tecnologia foi fator determinante das mudanças nos

objetivos do ensino de ciências, que passou a buscar a preparação dos

estudantes para que pudessem atuar como cidadãos capazes de acompanhar

a dinâmica social e atender às demandas relacionadas ao desenvolvimento

científico-tecnológico.

A ciência não é uma atividade neutra e o seu desenvolvimento está

diretamente imbricado com os aspectos sociais, políticos,

econômicos, culturais e ambientais. Portanto a atividade científica

não diz respeito exclusivamente aos cientistas e possui fortes

implicações para a sociedade. Sendo assim, ela precisa ter um

controle social que, em uma perspectiva democrática, implica em

59

envolver uma parcela cada vez maior da população nas tomadas de

decisão sobre Ciência e Tecnologia (SANTOS & MORTIMER, 2001,

p. 96).

Para guiar a prática docente e orientar a reconstrução curricular, os

Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) (BRASIL, 1999),

orienta para a importância da interação e aproximar dos alunos da ciência e a

tecnologia e sua influência em todas as dimensões da sociedade,

oportunizando a ele uma concepção ampla e social do contexto científico-

tecnológico, sugerindo a necessidade do desenvolvimento de valores e

competências para a cidadania.

[...] desenvolver valores e competências necessárias à integração de

seu projeto individual ao projeto da sociedade em que se situa; o

aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a

formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do

pensamento crítico; a preparação e orientação básica para a sua

integração ao mundo do trabalho, com as competências que

garantam seu aprimoramento profissional e permitam acompanhar as

mudanças que caracterizam a produção no nosso tempo; o

desenvolvimento das competências para continuar aprendendo, de

forma autônoma e crítica, em níveis mais complexos de estudos

(BRASIL, 1999, p. 23)

A adoção da abordagem CTS, com a intenção de propiciar um ensino

com caráter interdisciplinar e contextualizado, solicita a adequação de materiais

didáticos e principalmente, a formação de um novo perfil de educador

preocupado com a pesquisa didática e com interação entre ensino, cidadania e

desenvolvimento sustentável. Mas essa implementação, segundo Auler e

Delizoicov referenciado por Figueiredo (2009), é dificultada pelo pouco

conhecimento dos professores em relação à abordagem CTS, evidenciando a

necessidade de inclusão de temas CTS na formação inicial e continuada dos

professores, para que estes possam contribuir mais adequadamente para

melhorar e inovar o ensino das ciências, visando conseguir uma alfabetização

científica mais ajustada às necessidades de formação dos cidadãos reflexivos,

críticos, responsáveis e éticos.

60

Pinheiro, Silveira e Bazzo citado por Figueiredo (2009) destacam que

apenas uma pequena parcela das instituições brasileiras que trabalham com

formação de professores apresenta linha de pesquisa no enfoque CTS,

fazendo com que a grande maioria de professores não tenha acesso a esse

tipo de abordagem, mais de trinta anos após sua implementação no País. Além

disso, a formação dos professores é eminentemente disciplinar, o que não

condiz com a necessidade interdisciplinar do enfoque CTS.

Mais recentemente, para garantir que as abordagens CTS considerem e

incorporem às questões ambientais, surge a designação Ciência, Tecnologia,

Sociedade e Ambiente (CTSA).

Devido às interações existentes entre a abordagem CTSA e o cotidiano

dos alunos, o ensino de ciências passa a representar importante estratégia de

inclusão dos indivíduos na sociedade, como agente ativo de mudanças e não

simplesmente como espectador. É papel da escola é fazer essa transposição

do acadêmico para a realidade da vida. Neste sentido, a abordagem CTSA

deve produzir transformações levando o ensino a formar pessoas críticas na

sociedade, e o ensino de ciências pode facilitar em muito essa perspectiva.

Segundo Santos e Mortimer apud Figueiredo (2009, p. 26)

[...] Não basta fornecer informações atualizadas sobre questões de

ciências e tecnologia para que os alunos de fato se engajem

ativamente em questões sociais. Como também não é suficiente

ensinar ao aluno passos para a tomada de decisão. Se desejamos

preparar os alunos para participar ativamente de decisões da

sociedade, precisamos ir além do ensino conceitual, em direção a

uma educação voltada para a ação social responsável, em que haja

preocupação com a formação de atitudes e valores.

Na concepção de Pinheiro, Silveira e Bazzo por Figueiredo (2009), o

enfoque CTSA deve ser inserido nos currículos com a função primordial de

despertar no estudante a curiosidade, o espírito investigador, questionador e

transformador da realidade, com o intuito de que ele possa vir a assumir essa

postura questionadora e crítica num futuro próximo. Isso implica dizer que a

aplicação de uma postura CTSA deve ocorrer não somente dentro da escola,

mas, também, fora dela e para a vida toda.

61

A abordagem CTSA ao pretender desenvolver postura ética e humanista

demanda ações de cunho sociocultural e educacional, para que a apropriação

social dos conhecimentos científicos e tecnológicos possibilite o

empoderamento individual e coletivo. Assim, o movimento CTSA se insere na

escola, mas transcende a relação didático-pedagógica que acontece no espaço

e no tempo da educação formal, sendo imbuída do compromisso de contribuir

para que as sociedades se façam ouvir no campo político, com influência na

tomada de decisões ligadas à vida cotidiana, permeada de questões afetivas,

étnicas, históricas e econômicas, advindas dos contextos familiares, escolares

ou comunitários, nos âmbitos locais, regionais e planetários.

Com base nos dados acima e com o intuito de contribuir para o

aprimoramento de ensino de ciências, propomos elaborar, desenvolver, avaliar

e divulgar uma estratégia pedagógica (“Pedagogia de Projeto”) que culmina em

uma “Feira de Ciências” com a temática “Nutrição e Saúde” para alunos do

Ensino Fundamental numa abordagem CTSA em espaço formal e não-formal

de ensino.

Esperamos ainda que, trabalhando o significado e as orientações do

Movimento CTSA, poder estimular futuros professores de Ciências e Biologia a

sempre refletirem sobre a escolha de conteúdos e práticas docentes para que o

saber não seja visto apenas como um conteúdo a se aprender, mas como

compromisso com a ética, o desenvolvimento humano e a cidadania.

5 METODOLOGIA

5.1 Sujeitos e local da pesquisa

O Centro Educacional de João Monlevade, o CEJM, é uma escola

pública localizada na região central da cidade de João Monlevade - MG,

instituição que já foi eleita como melhor estabelecimento do Ensino

Fundamental, anos finais (6º ao 9ºano) da região. A escola conta com

excelente estrutura para disponibilizar uma boa educação aos seus alunos, tal

como: anfiteatro, laboratório de ciências, matemática e informática, salas de

vídeo, refeitório, pátio e quadra esportiva coberta, sem contar com os

62

excelentes profissionais que atuam ou já atuaram formando milhares de

cidadãos. Resumindo, a escola é referência no ensino na cidade, importante na

educação de diversos cidadãos da região do Médio Piracicaba.

A escola é conhecida por desenvolver diversos projetos pedagógicos de

grande relevância para os seus alunos com intuito sempre de fornecer uma

educação diferenciada e que consiga de alguma forma oferecer um ensino de

qualidade. Durante o ano letivo acontece a Tarde Literária, Gincanas em prol

de entidades carentes, Semana da Consciência Negra, Mostra de Geometria,

PEAS (Programa de Educação Afetivo-Sexual), Gentileza Gera Gentileza,

Show de talentos, a EXPOCIÊNCIAS, que será melhor relatado neste trabalho.

A Feira de Ciência ocorre no CEJM a várias décadas, e somente há alguns

poucos anos passou a ser denominada de “EXPOCIÊNCIAS-CEJM”, sofrendo

algumas modificações em sua estrutura com o objetivo de aperfeiçoar o projeto

e melhorar o processo de aprendizado dos estudantes e dos profissionais

envolvidos no trabalho.

Para que todo esse movimento acontecesse elaboramos uma proposta:

a “EXPOCIÊNCIAS-CEJM 2014”. Momento de aprofundamento das pesquisas

em determinados temas e conjuntamente organização de estratégias para

apresentação de dados e conceitos desenvolvidos ao longo de meses de

pesquisas por parte dos estudantes, professores e coordenadores. O evento

ocorre anualmente no amplo espaço extraclasse da escola, como cumprimento

legal da carga horária do alunos.

A EXPOCIÊNCIAS de 2014 mostrou-se uma ótima oportunidade de se

pesquisar a efetividade da estratégia pedagógica baseada em projeto de

pesquisa, desenvolvimento e apresentação de temas relativos às questões que

envolvem o ser humano. Os trabalhos desenvolvidos e apresentados nessa

feira tiveram o intuito de apresentar conceitos e informações, dinâmicas

instrucionais e educativas sobre diversos temas transversais dentro das

Ciências, entre os quais destacamos o assunto “Nutrição e Saúde”, foco dessa

pesquisa.

63

5.2 Desenvolvimento do Projeto

Os trabalhos relativos ao tema “Nutrição e Saúde” foram preparados e

desenvolvidos em várias etapas por cerca de setenta estudantes do oitavo ano

do Ensino Fundamental do CEJM. Duas turmas que se identificaram melhor

com o assunto e os materiais poupáveis (quadros informativos, produtos,

artefatos, alimentos...) foram divulgados no período matutino do dia vinte e dois

de novembro de 2014, no formato de “Feiras”. O momento foi apreciado pelo

demais alunos da escola, professores do educandário, para os familiares e

conhecidos da comunidade escolar.

O projeto de pesquisa e elaboração dos trabalhos em “Nutrição e Saúde”

desde sua proposição até a mostra na “EXPOCIÊNCIAS 2014” foram

desenvolvido durante seis meses e constou de:

I. Proposição do tema para os alunos.

II. Fundamentação teórica e prática sobre nutrição e saúde para os alunos.

(8h/ aula- teórica + 2h/ aula-prática).

III. Divisão e organização dos grupos de trabalho (como escolha ou

distribuição de subtemas e proposição de estratégias de divulgação).

Apresentações de Seminários preparatórios.

IV. Levantamento e análise de materiais científicos e outros.

V. Orientação e acompanhamento do desenvolvimento dos trabalhos.

VI. Determinação dos espaços, materiais e tempo para a mostra na Feira.

VII. Acompanhamento das montagens para a Feira.

VIII. Registro e avaliação do processo desde a proposição até a Feira.

5.2.1 Fundamentação teórica dos alunos

Toda a EXPOCIÊNCIAS foi elaborada em conjunto pelos professores de

Ciências dos 8º e 9º anos, alunos e coordenadores pedagógicos do Ensino

Fundamental (anos finais), tendo como tópico central “A Teia da Vida” projeto

64

fundamentado e inspirado no livro “A Teia de Aranha Alimentar”. Obra do

médico argentino, Dr. Máximo Ravenna, que alcançou êxito em transformar

para melhor, a vida de milhares de pessoas em todo o mundo, em relação a

boa saúde alimentar, física e mental.

A obra reproduz a vulnerabilidade e instabilidade as quais o homem do

nosso tempo tem sido submetido, imerso em um mecanismo de consumo

obsessivo e ostentação de valores efêmeros. As pessoas, seja por negação,

distração, cegueira, ignorância, angustia, compulsão ou simplesmente por

acaso, acabam ficando presas a uma “teia de aranha”, codinome dado pelo

autor a diversas questões do nosso dia-a-dia que nos envolve e cada vez mais

deixa a saúde da sociedade debilitada por conta da comida, drogas ilícitas,

jogos de azar, alcoolismo, trabalho ou estudos em excesso, relacionamentos,

entre vários outros aspectos. Ravenna entende que quando entramos nesse

emaranhado de fios invisíveis temos somente dois caminhos: liberta-se de vez

da teia ou ser devorado aos poucos pela aranha que, escondida na teia, espera

apenas um sinal para atacar.

Em relação ao tema da nossa pesquisa, a aranha nada mais é que os

prejuízos (obesidade, transtornos alimentares, problemas do coração...) a

saúde que a alimentação inadequada ou outro comportamento de adição pode

nos proporcionar. E a teia são as técnicas, desculpas e influências externas e

internas que apropriamos para continuar nesse caminho. Explica

detalhadamente como o vício à comida se estabelece nas pessoas (física e

psicologicamente) e propõe uma estratégia médica para o controle e melhora

nas relações com as refeições do nosso cotidiano. Segundo Ravenna, os

hábitos ruins alimentares assombram diversas pessoas do mundo, e que

muitos já tentaram se desprender dessa teia sem sucesso, outras pouco se

preocupam.

Nossos trabalhos não tiveram nenhuma intenção de transcrever dietas,

mas dar maior formação a respeito dos alimentos, alertar sobre os perigos da

má alimentação, tornar o aluno capaz de produzir seu próprio conhecimento, e

transmiti-lo a todas as pessoas que estão de alguma forma envolvidas com a

escola. Que todos participantes desse trabalho sejam de alguma forma capaz

65

de fazer suas escolhas alimentares de forma consciente e correta. Tudo isso

durante o ano letivo com a culminância em um dia, no principal evento

pedagógico do CEJM.

Iniciado os trabalhos, logo no começo do ano, foi sugerido aos jovens a

promoverem pequenos seminários acerca de temas diversificados, que

envolvessem de alguma forma as problemáticas do ser humano atualmente, e

que futuramente poderiam aproveitados, de alguma forma, por eles durante a

“EXPOCIÊNCIAS-CEJM 2014”. Na ocasião todas as 16 turmas, do oitavos e

nonos anos do CEJM, foram instigadas pelos seus respectivos professores de

Ciências a se envolverem com assuntos relacionados ao tema principal “A Teia

Da Vida”. Então, a tônica englobava à apresentação de seminários curtos que

se relacionasse a dificuldades contemporâneas do ser humano. Os temas que

foram desenvolvidos pelos alunos da escola foram:

1- Depressão.

2- Consumismo.

3- Religião.

4- Esportes.

5- Cocaína e Crack.

6- Nutrição e Saúde.

7- Maconha.

8- Cafeína.

9- Fármacos.

10- Jogos Virtuais.

11- Álcool.

12- Telefonia Celular.

13- Nicotina.

14- Sexualidade.

15- TV e Internet.

16- Estresse.

Após a escolha do tema “Nutrição e Saúde”, por parte dos alunos,

buscou-se estratégias para que possamos não somente adquirir e reforçar os

conhecimentos, como também proporcionar uma educação transformadora,

66

capaz de modificar mal hábitos que prejudiquem a saúde humana. Portanto,

lograr não somente os jovens estudantes como toda comunidade escolar

envolvida por eles, fornecendo-os também subsídios para mudanças em seus

costumes e comportamentos, condutas saudáveis que quando intimamente

ligadas umas às outras permitem as pessoas melhor saúde física e mental.

Nesta etapa inicial, foram formados grupos de três a quatro pessoas em

cada sala para que todos os membros do grupo tivessem a possibilidade de

sem envolverem mais com suas respectivas pesquisas, evitando que com

grupos extensos uns trabalhem mais do que os outros ou até mesmo que uns

façam pelos outros. Além disso, essa diversidade de grupos proporcionou

maior quantidade de apresentações com abordagens diferentes em relação a

vários assuntos.

Nesse objeto de estudo, foram relatados os desenvolvimentos e resultados

apenas de duas turmas do oitavo ano do CEJM, as turmas responsáveis pelos

subtemas “Nutrição e Saúde” haja visto que o interesse era apresentar

sugestões e estratégias de ensino relacionados aos respectivos subtemas.

Inicialmente, para auxiliar na elaboração dos seminários, os alunos

obtiveram 8h/a aulas expositivas (teóricas) sobre as macromoléculas

formadoras dos alimentos, recebendo conhecimento acerca da importância e

funcionalidade no organismo das proteínas, carboidratos e lipídeos, assim

como os diversos tipos de vitaminas e sais minerais, ressaltando as respectivas

funcionalidades no organismo humano. Conteúdo contemplado na grade

curricular do 8º ano do Ensino Fundamental. Além disso, tiveram embasamento

sobre os tipos de problemas alimentares dos quais hoje são mais raros, como

carência nutricional.

Nessas aulas, tiveram também um pouco mais de conhecimento sobre as

doenças metabólicas contemporâneas, os problemas mais comuns envolvendo

as dietas exageradas, tais como obesidade, sobrepeso, bulimia, além das

doenças secundarias acometidas por essas enfermidades. Foram trabalhados

textos de reportagens e cunho científico acerca de uso de substâncias

reforçadoras da alimentação, além de debates que discutem as razoes sobre o

uso desses suplementos e substâncias anabolizantes.

67

A fundamentação forneceu maior subsídio e curiosidades aos alunos para

aprofundarem suas pesquisas, proporcionando maior confiança e habilidades

de escrita e argumentação a respeito dos assuntos trabalhados. Despertando

em si a necessidade de um novo olhar em relação aos valores nutricionais

presentes em nossa alimentação diária.

Em seguida, foram desenvolvidas duas aulas em laboratório, para que

pudéssemos, através de atividades práticas, estabelecer a importância desses

nutrientes no processo de desenvolvimento, manutenção das funções vitais e

promoção da saúde. Nessas aulas foram elaboradas de maneira dinâmica a

forma como as enzimas digestivas agem sobre os diferentes tipos de nutrientes

e suas respectivas funções no organismo. Tivemos também aulas para o

conhecimento dos valores energéticos dos alimentos e também de um

momento de análise e estudo sobre os rótulos dos alimentos industrializados

mais utilizados pelos alunos na escola. Interpretando os rótulos e conhecendo

os diversas substâncias que estão em excesso nesses alimentos e contribuem

para a deterioração da saúde humana.

Essa estratégia se respalda na significância das aulas práticas não só para

a disseminação de conhecimentos, mas principalmente para estimular a

formação os bons hábitos dietéticos, desenvolver técnicas de investigação e

questionamentos nos adolescentes através de uma abordagem diferente, com

vista à manutenção de tais aquisições para as etapas seguintes da vida dos

indivíduos.

Ao final de todas essas etapas iniciais foram marcadas datas para

apresentação dos seminários pelos grupos, dentro do subtema “Nutrição e

Saúde”. Os alunos trabalharam uma quantidade diversificada de assuntos. A

intenção era na verdade o surgimento de variados assuntos a fim de que os

interesses dos alunos aparecessem nesses seminários, assuntos que eles

escolheram, por considerarem mais interessantes.

Esses trabalhos foram feitos de forma breve e abordaram temas de

relevância social atuais. A partir das apresentações, e avalição através da

observação, pudemos diagnosticar que as duas turmas estavam com ideias

bem apuradas para aprofundar os trabalhos. Os alunos já apresentavam certa

68

familiaridade com os termos e conceitos, o que contribuiu bastante para a

fundamentação teórica e o prosseguimento para próxima etapa do projeto.

Os seminários em “Nutrição e Saúde” tiveram os seguintes tópicos:

1. Cultura alimentar em outros países.

2. Alimentação saudável na infância e adolescências.

3. Importância da prática esportiva.

4. Alimentação durante o período gestacional e idosos.

5. Interpretação dos rótulos.

6. Importância das frutas, verduras e legumes na alimentação.

7. Perigos do sal de cozinha.

8. Açúcar e Gordura.

9. Doenças relacionadas a nutrição.

10. Perigos dos “fast-foods”.

11. Suplemento alimentares.

12. Anabolizantes.

13. Prática esportiva na manutenção corporal.

5.2.2 Formação dos grupos de trabalho e seleção final dos subtemas

Passado esse período de respaldo teórico, aprofundamento dos estudos e

apresentação de seminários, foi sugerido aos jovens que dentro dos tópicos

pesquisados fossem elaboradas estratégias para apresentações no formatos e

padrões ideias para “Feiras de Ciências”. Eles realizaram diversos encontros

com a intenção de discutir dinâmicas práticas ou artefatos que pudessem

apresenta durante a mostra. Momentos de grandes pesquisas e discussão com

os professores foram muito importantes, permitindo aos alunos e professores o

desenvolvimento de boas ideias sobre os assuntos trabalhados.

Em relação as escolhas de como seriam os trabalhados, os alunos

acreditaram que a quantidade de tópicos desenvolvidos nos seminários era

bastante elevado para ser trabalhados durante a EXPOCIÊNCIAS, sendo

necessário promover alguma redução nos objetos de estudo ou até mesmo

pequenas modificações.

69

Os docentes, contribuíram com diversas sugestões, sempre procurando

relacionar as ideias com o livro “Teia de Aranha Alimentar”, livro utilizado por

nós professores para auxiliar na elaboração mostra. Assim, foram selecionados

sucintos tópicos de boa significância dentro do cotidiano escolar e também da

comunidade local como sugestão inicial para a elaboração da

“EXPOCIÊNCIAS-CEJM 2014”.

As duas turmas eram compostas por 35 alunos cada, possuindo uma faixa

etária, em média, de 13 anos. Os estudantes das salas foram divididos em três

subgrupos com 11 a 12 alunos, totalizando 6 subgrupos. Cada subgrupo ficou

responsável por um determinado assunto dentro do tópico “Nutrição e Saúde”.

Tiveram cerca de dois meses para realizarem levantamentos de materiais e

dados científicos que pudessem ser interpretados e elaborados da melhor

maneira possível para apresentação a toda a comunidade visitante no dia da

feira. Foi orientado novamente a eles que procurassem por estratégias que

estão em prevalência em nossa sociedade atual e o qual as pessoas

pudessem se sentir atingidos ou até mesmo instigados a se interessarem mais

sobre o assunto, sempre dentro do subtema “Nutrição e Saúde”. Ficou então

definido para os seguintes grupos:

Para o subgrupo I se interessou por trabalhar com o subtema

“Interpretação de Rótulos de Alimentos”. O foco era analisar a quantidade

de sódio (sal), açúcar e gorduras consumidos de maneira muitas vezes

desconhecida pela sociedade. A ideia foi alertar e disseminar informação sobre

esses ingredientes que ficam implícitos dentro de rótulos de alimentos

comumente utilizados por todos nós.

De início, foram feitas pesquisas sobre os níveis de consumo de sal,

açúcar e gordura entre os brasileiros de acordo com os órgãos públicos de

saúde. Os alunos, durante as pesquisas, chegaram à conclusão que nas

últimas décadas houve um aumento de consumo diário de sódio, açúcar e

gorduras entre os brasileiros, e segundo OMS (Organização Mundial da Saúde)

o consumo está bem acima do recomendado, muitas vezes consumido mais

que o dobro diariamente. E ainda perceberam que o consumo por tempo

prolongado e de forma exacerbada traz problemas de saúde graves.

70

Constataram também, a diversidade de alimentos industrializados, utilizados

por eles mesmos, que apresentam alto teor das substâncias citadas.

Então, diante desses dados coletados, era necessário elaborar materiais

que pudessem alertar e sensibilizar as pessoas em relação a continuidade ou

não de se consumir produtos que carregam verdadeiros dos perigos a saúde

do ser humano. Nessa linha de raciocínio, o consumo elevado e desconhecido

dessas substâncias encontradas durante a pesquisa, fomentou o interesse dos

jovens em aprofundar seus estudos a fim de se conhecer sobre quais perigos

para o organismo seriam esses.

Nesse momento, reforçou-se a necessidade de se conhecer mais sobre as

doenças metabólicas atuais. O subgrupo II, ficou responsável pelo item

“Doenças Relacionadas à Nutrição”, enfermidades que normalmente

acomete em pessoas que mantém hábitos de ingestão alimentar

desequilibrado. Diversas doenças crônicas não transmissíveis tais como

obesidade, sobrepeso, hipertensão, diabetes, anorexia e bulimia entre outras

menos comuns tornaram-se materiais importantes para os trabalhos dos

alunos.

Durante as pesquisas sobre tais enfermidades e o potencial de alguns

alimentos na manutenção da saúde, surgiu a ideia e necessidade de se passar

ao público presente na mostra estratégias para se prevenir e remediar contra

esses problemas relacionados a nutrição contemporâneos. Nesse sentido, o

subgrupo III aprofundou as averiguações em relação aos alimentos e atitudes

que poderiam fazer parte da vida das pessoas auxiliando na melhoria da saúde

e consequentemente da qualidade de vida. Esse grupo trabalhou com o

assunto “A Importância das Frutas, Verduras e Legumes”.

Aprimorando-se desses conceitos e fundamentos, naturalmente foram

surgindo ideias interessantes por parte dos alunos em relação dos possíveis

projetos a serem apresentados. Trabalhos que foram desenvolvidos e

apresentados no dia de Feira, mas segundo os alunos, ficaram na memória de

várias pessoas envolvidas com essas atividades escolares.

71

Então, os três primeiros subgrupos definiram suas estratégias para a

apresentação dos assuntos para o evento:

• Subgrupo I escolheu o item sugerindo “Interpretação dos Rótulos de

Alimentos”, mostrando e detalhando os níveis de sal açúcar e gordura

presente em diversos alimentos do cotidiano e os perigos do uso de forma

exacerbada;

• Subgrupo II escolheu trabalhar com a “Doenças Relacionadas a Nutrição”

ressaltando a importância do controle do peso e pressão sanguínea evitando

desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, além de passar os

conceitos e características das doenças. Através do miniprojeto “Clínica Legal”;

• Subgrupo III trabalhou com “A Importância das Frutas, Verduras e

Legumes” no auxílio a manutenção da saúde, através da “Oficina de Sucos

Naturais”.

Os alunos da segunda turma também foram divididos em três subgrupos

de 11 e 12 pessoas cada. Na exploração do seu subtema, “Nutrição e Saúde”

pesquisaram “O Aumento do Consumo Indiscriminado de Suplementos e

Anabolizantes” principalmente por jovens e adolescentes de várias regiões do

pais e do mundo. Muitos alunos, em conversas com amigos de faixa etárias

semelhantes, revelaram descobrir que o uso desses produtos está mais

comum que muitas vezes pensamos. Diante disso aprofundaram as pesquisas

em relação ao histórico desses produtos, os benefícios e prejuízos, tipos mais

comuns utilizados, motivos da utilização entre outros aspectos.

Subgrupo IV escolheu trabalhar com as questões que julgaram

importantes em relação aos “Suplementos”.

Subgrupo V, nessa mesma linha de raciocínio, trabalhou com assuntos

que consideraram relevantes em relação aos “Anabolizantes”.

Subgrupo VI, pesquisou sobre “Uso Mundial dos Suplementos e

Anabolizantes”, tentando sensibilizar as pessoas, pesquisaram sobre

personalidades famosas mundiais que tiveram problemas com uso de

suplementos e anabolizantes, mostrando os principais prejuízos a vida

pessoal e profissional deles.

72

Nas apresentações prévias, ficou evidente para o professor orientador o

cuidado com a forma de exposição, a qualidade das informações a serem

divulgadas. Além de ter sido, uma oportunidade de trabalhar a intenção

formativa dos trabalhos acrescentando informações e dados capazes de

provocar nas pessoas a reflexão sobre suas condutas e promover mudanças

comportamentais. Sabendo que a informação por si mesma muitas vezes não é

capaz de sensibilizar as pessoas ao nível de que elas realmente mude suas

atitudes, entretanto pode ser um ponto de partida para essa transformação.

Os resultados dessa pesquisa foram aqui apresentados na forma de relato.

Trata-se de uma avaliação processual, na qual o professor orientador

acompanhou, registrou e descreve as atividades desenvolvidas pelos alunos,

com conteúdos conceituais e atitudinais.

6 RESULTADOS

Os resultados foram bastante satisfatório para os alunos, visitantes,

professores, supervisores, pedagogos e direção em geral. Puderam apreciar

um material pesquisado e elaborado pelos próprios alunos. Percebeu-se uma

evolução cognitiva dos alunos, melhora significativa em fatores que

consideramos formadores do cidadão capaz de orientar o próximo e ainda

dividir experiências de convivência e de produtos elaborados. Pelos resultado

descritos a seguir podemos perceber como juntos conseguimos que a

EXPOCIÊNCIAS se torna-se um instrumento importante na vida de todos nós.

6.1 Nutrição e Saúde – Turma I

O subgrupo I “Interpretação dos Rótulos de Alimentos”, subtema

“Nutrição e Saúde”, realizou uma sondagem de diversos alimentos

industrializados comumente ingeridos no nosso dia-a-dia. De posse desse

material, os alunos fizeram uma análise dos seus respectivos rótulos

observando os percentuais de sal, açúcar e gordura. Aqueles produtos que

possuíam valores elevados de substâncias capazes de comprometer a saúde

foram selecionados e expostos no dia da mostra de forma que essas

informações presentes no rótulo ficassem mais evidentes para as pessoas

73

presentes. Destaca-se que os alunos consideraram que muitos rótulos eram de

difícil visualização e interpretação, reclamando por uma legislação e/ou

fiscalização que favoreçam a simplificação e acesso fácil às informações sobre

o produto, revelando que os alunos se conscientizam e se posicionam no

sentido de uma cidadania responsável.

Assim como narrado pelos aprendizes, percebemos que o consumo de

alimentos industrializados ricos em esses três tipos de substâncias é

considerável na sociedade em geral, e que ainda muitos não sabem

efetivamente os prejuízos trazidos ao corpo a longo prazo. Muitos estudantes

imaginam fazer mal, por já ter ouvido algo a respeito, mas não conseguiam

especificar qual seria esse mal. Eles ainda disseram não saber qual a

quantidade recomendada de consumo, de gordura, açúcar e sal, e quanto

consomem por dia, se está ou não acima dos índices recomendados pelos

órgãos de saúde pública. Mas ficou a indicação para que o professor e os

alunos pudessem posteriormente pesquisar sobre o assunto, o que foi feito,

posteriormente durante os trabalhos da Feira.

Destacamos que o transformar de ideias em atitudes e posturas

depende em grande parte a mudança de postura dos pais, que acreditamos

tenham sido sensibilizados pelos trabalhos de seus filhos a ponto de se

sentirem preocupados com a situação e buscarem se adequar a uma postura

alimentar que favoreça um futuro com mais saúde e melhor qualidade de vida.

A partir dessas reflexões e aprofundamentos dos estudos, os alunos

desenvolveram uma estratégia diferenciada para demonstrar durante a feira os

alimentos que ingerimos e os volumes de produtos indesejáveis para o

organismo presentes.

Em recipientes personalizados colocaram as quantidades, em gramas,

de açúcar, sal e gordura, contida nos alimentos selecionados e mais

comumente presentes em suas dietas, tais como refrigerantes, salgadinhos tipo

chips, pães, queijos, iogurtes, salames, lanches rápidos como hambúrgueres,

cachorro quentes e macarrão instantâneo entre outros. Para isso eles tiveram

que fazer pesquisas, conversar com nutricionistas da cidade para conseguir os

74

valores exatos da quantidade, dessas substâncias em cada uma porção dos

alimentos escolhidos.

Fonte - AUTOR DA DISSERTAÇÃO – CEJM MG – 2014

Imagem 1 – Alunos preparando amostras de sal, açucar e óleo

Assim, assegurados das informações, com auxílio de uma balança de

precisão do laboratório da escola, montaram diversos recipientes colocando as

substâncias (sal, açúcar e gordura) de cada porção de alimento em potes. No

dia da Feira o visitante podia ver o alimento, que muitas vezes fazia parte do

seu cardápio diário e também a quantidade de sal, açúcar e gordura presente

nele. Para representar a quantidade de sal e açúcar foram usados açúcar

cristal e sal de cozinha, para representar o percentual de gordura foi utilizado o

óleo de cozinha.

Relatamos aqui o comentário de um professor sobre o trabalho dos alunos

que, para além dos conteúdos de ciências em nutrição e saúde desenvolveram

conhecimentos da área da matemática.

“O Projeto EXPOCIÊNCIAS foi um sucesso novamente,

os alunos durante a preparação puderam aprender um

pouco mais sobre Ciências e Matemática de forma

paralela, o interesse sobre os conteúdos de proporção,

unidades de medidas e regra de três simples foi algo

diferente e muito satisfatório”.

75

Segundo outro professor da área de exatas a feira também teve importância

para o sua conscientização sobre a importância da nutrição para a saúde.

“A nossa Feira teve uma mobilização humana

interessante e envolvente, permitiu a mim e vários outros

colegas a pensar em questões sobre a nossa saúde que

na correria do dia-a-dia não damos a menor importância.”

Uma professora de português comentou:

“Eu achei a EXPOCIÊNCIAS muito interessante, consegui

ver os perigos que diversos alimentos podem trazer a

nossa saúde.”

Um dos exemplos que se tornou emblemático para os pais e alunos foi a

análise de uma lata de refrigerante de trezentos e cinquenta mililitros que

possui quarenta gramas de açúcar, o estudante colocou uma lata desse

refrigerante e em frente o recipiente com quarenta gramas de açúcar cristal

para representar o percentual de açúcar, muitos relataram ter ficado

“chocados” com a revelação. Num outro exemplo também contundente um

pacote de batata chips de 200 gramas que apresenta 70 gramas de gordura,

mas a informação por si só parece não ser tão reveladora quanto a observação

de um recipiente com 70 gramas de óleo de cozinha para representar o

percentual de gordura do pacote.

Imagem 2 – Estande com alunos apresentando os conteúdos de sal, açúcar e gordura de alguns alimentos - EXPOCIÊNCIAS, CEJM 2014.

Fonte - AUTOR DA DISSERTAÇÃO – CEJM MG – 2014

76

O subgrupo II demonstrou preocupação com os graves problemas de

obesidade em uma população que cada vez mais jovem, relataram o aumento

de cirurgias bariátricas e o uso indiscriminado de medicamentos para eliminar

gordura mas normalmente não conseguem se desvencilhar de uma vida de

maus hábitos alimentares. Buscando enfocar principalmente os crescentes

casos de problemas gerados a partir do excesso de peso, tais como

hipertensão, diabetes, tiveram a ideia de montar a “Clínica Legal”. A

estratégia proposta para a clínica tinha a intenção de informar e alertar, de uma

maneira diferente, as pessoas sobre as principais doenças metabólicas

contemporâneas.

A clínica era um espaço destinado a orientar os visitantes sobre a

necessidade de nos preocupar com o nosso corpo e mente em relação as

práticas dietéticas. Mostrar as doenças prevalentes na sociedade, algumas

informações sobre essas enfermidades, fazer algumas procedimentos clínicos

básicos que poderiam advertir os visitantes sobre seus possíveis problemas de

saúde. Verificar por exemplo, através do monitoramento da pressão do

visitante poderíamos ter algum parecer em relação a hipertensão, doença que

muitas vezes não apresenta sintomas. Também, era possível realizar o cálculo

do IMC, índice de massa corpórea, afim de ajudar no diagnóstico da

obesidade, sobrepeso e até mesmo desnutrição. Entretanto, era sempre

orientado ao visitante procurar ajuda médica para análise mais precisas do seu

estado de saúde, tais procedimentos eram apenas feitos de maneira informal e

sem a propriedade médica. Todos os visitantes da clínica recebiam uma ficha

na entrada, para que fossem registrados todos os monitoramentos feitos dentro

da “clínica”, assim, a pessoa poderia até levar os dados para uma consulta

médica posterior, caso necessário.

Apresentamos a transcrição do relato de uma aluna do 8º ano sobre o

envolvimento de todos e a importância do projeto capaz de fomentar mudanças

de posturas e atitudes em direção a uma vida mais saudável. Esse relato foi

selecionado dentre vários para expressar a opinião externada por vários outros

alunos. Destacamos ainda que engajamento e entusiasmo com que os alunos

desenvolveram e apresentaram seus trabalhos é por si só bastante eloquente.

77

“O empenho e a determinação de todos foram relevantes

na conclusão desse trabalho, em pouco tempo alunos,

professores, coordenadores e direção estavam

empolgados com a proposta de trabalho para a

EXPOCIÊNCIAS do CEJM. Entendo que todo esse

movimento na melhora da alimentação do ser humano

deva ser continuo dentro das escolas e se estender

dentro dos lares para que os objetivos das ideias sejam

efetivamente contemplados. Além do mais percebi que

nunca é tarde, para se dar início a um bom projeto e

grandes mudanças em nossas atitudes e

comportamentos, é só irmos por etapas, um passo de

cada vez”.

Para os procedimentos da “clínica” os alunos conseguiram em farmácias e

com parentes alguns medidores eletrônicos de pressão, conhecendo já as

técnicas de monitoramento pediam ao visitante se assentasse nas cadeiras do

stand, colocavam o na posição correta e aferiam a pressão arterial e

posteriormente registrada na sua ficha personalizada. Terminada essa etapa,

de posse da ficha, os participantes encaminhavam a pessoa para outro,

responsável pela balança, local onde era feita a medição do massa e também

altura afim de se ter as variáveis necessárias para calcular o IMC, através de

fórmula clássica (comumente utilizada por fisioterapeutas e educadores

físicos). Assim, de posse dessas informações e através da comparação dos

dados da tabela de IMC, os jovens poderiam informar qual a situação

momentânea do visitante, se ele estava abaixo do peso, no peso ou acima do

peso ideal. Novamente eles mesmos alertavam que o IMC apenas dava uma

noção de como andava a saúde da pessoa, sendo que outros fatores deveriam

ser analisados por médicos e nutricionistas para confirmar alguma informação

de obesidade ou desnutrição, por exemplo.

Alguns alunos, preocupados com a importância das frutas, verduras e

legumes na prevenção das doenças relacionadas a nutrição e manutenção da

vida saudável o subgrupo III elaborou uma “Oficinas de Sucos”. A Oficina

fornecia receitas de sucos e amostras dos mesmos feitos com frutas e verduras

a serem degustados como a promessa de sabor e promoção de vitalidade e

saúde.

78

Imagem 3 – Alunos apresentando sua “Oficina de Sucos” EXPOCIÊNCIAS, CEJM 2014.

Fonte - AUTOR DA DISSERTAÇÃO – CEJM MG - 2014

Os discentes selecionaram diversas receitas de sucos naturais que

evolviam vários vegetais, tais como couve, berinjela, inhame, laranja, limão,

espinafre, gengibre, abacaxi, maça entre outros. Estes são alimentos que

ajudam na regulação dos níveis de colesterol, contribuíam para o controle da

diabetes, controlavam a hipertensão, saciavam a fome auxiliando no controle

do peso, ainda alimentos naturais tidos como “queimadores” de gordura

(estimulantes do aumento do metabolismo basal), que desintoxicam o

organismo (favorecedores da diurese).

Os alunos foram instigados (pela feira em si e por professores) a

proporcionar aos visitantes algum tipo de atividade/material que pudessem

servir de exemplo saudável para a vida. Já conhecendo o poder das frutas e

verduras na manutenção da saúde e aproveitando dos conhecimentos

adquiridos durante as pesquisas resolveram elaborar sucos naturais

específicos para o cuidado de diversas doenças metabólicas.

Foram elaborados coquetéis desses sucos naturais favorecedores da

boa saúde. Os sucos eram servidos para apreciação dos visitantes juntamente

com as informações dos benefícios de cada suco, suas funções no organismo,

79

os ingredientes e caso fosse de interesse do convidado ele recebia um cartão

com a receita do coquetel.

6.2 Nutrição e Saúde - Turma II

A segunda turma escolheu estudar e divulgar conhecimentos sobre

“Suplementos e Anabolizantes”. De acordo com pesquisas realizadas pelos

estudantes, estão sendo consumidas entre jovens e adultos de maneira

indiscriminada e causando diferentes problemas a saúde das pessoas que se

sujeitam ao uso dessa forma.

Segundo os próprios alunos o consumo sem orientação profissional se

deve a diversos fatores, tais como necessidade de melhores rendimentos em

atividades esportivas rápida e sem muito gasto de recursos, busca pelo corpo

ideal (cada vez mais cedo) e em curto espaço de tempo, para substituir

refeições do dia como cafés, almoços e jantares, idealização da melhora da

saúde de forma geral. Muitos alunos relataram o fato de que em grande parte

dos casos os jovens usam essas substâncias sem o consentimento dos pais,

mas que em alguns casos, os próprios pais, pensando estar ajudando,

compram esses produtos para os filhos. Brower apud Souza & Fisberg alertam

que em curto prazo muito desses produtos e substâncias não aparentam trazer

risco significativo (exceto para alguns poucos indivíduos na população como no

caso daqueles que já apresentam hepatopatias e outras disfunções

fisiológicas), em curto período de uso ocorre alteração no humor, aumento na

produção de pelos corporais, diminuição do libido. Entretanto o uso contínuo e

prolongado pode acarretar problemas gravíssimos, tais como problemas renais,

disfunções hormonais, hipertensão e insuficiência hepática.

Então a classe já devidamente dividida (três subgrupos), no qual cada um

estava responsável por itens dentro do subtema, itens que foram julgados

pertinentes a comunidade escolar e que pudessem ser apresentados durante a

mostra do CEJM.

O subgrupo IV fez um levantamento sobre quais “Suplementos” eram os

mais usados pelos jovens, para isso fizeram visitas e pesquisas nos

80

estabelecimentos da cidade que vendem esses produtos além de irem a

academias e analisar diretamente com os usuários suas preferências. Além

dos produtos mais utilizados, por meio dos funcionários dessas lojas foram

informados das funções e ações dos suplementos no organismo. Através da

escola, solicitaram o empréstimo dos suplementos para a exposição no dia do

evento. Para melhorar, além das informações conseguidas nos

estabelecimentos, os aprendizes utilizaram-se de artigos diversos para

aprofundar os conhecimentos sobre o assunto.

Em suas pesquisas eles investigaram sobre possíveis efeitos positivos e

negativos associados ao uso de diversos suplementos e anabolizantes,

demonstrando os suplementos alimentares mais utilizados entre os

frequentadores de academias.

No dia da exposição os alunos apresentaram suplementos a base de

carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais, explicando aos visitantes as

funções dos nutrientes no organismo, as ações desses produtos a curto e

longo prazo, fornecendo melhor informação ao público que se abastece de tais

substâncias, incentivando a se informar melhor sobre determinados compostos

químicos e consultar especialistas no assunto para saber se são mesmo

necessárias, a recomendação e a forma e doses exatas para o uso.

Os alunos do subgrupo V trabalharam alguns aspectos relacionados aos

“Anabolizantes”, e pesquisaram a respeito do histórico da substância, o uso

de anabolizantes pelo ser humano nas décadas passadas até a utilização de

forma descontrolada dos dias atuais. Os efeitos a curto e longo prazo no

organismo, o uso desequilibrado entre os jovens na atualidade em razão da

busca pelo corpo “perfeito”.

Muitos, durante o desenvolvimento dos trabalhos, informaram conhecer

vários jovens que utilizam esses elementos no desenvolvimento físico sem a

devida orientação medica. Alguns alunos revelaram saber que o uso desses

produtos para o desenvolvimento muscular rápido, poderia ser a porta de

entrada para o início da deterioração da saúde apesar da hipertrofia muscular.

Outros, apesar da pouca idade (entre 12 para 13 anos) relataram ter vontade

81

de iniciar atividades de musculação, mesmo ainda não tendo permissão

médica e dos pais.

Alguns alunos, no início das pesquisas, mencionaram ainda já ter ouvido

falar que o uso dos anabolizantes fazia mal à saúde. Entretanto, eles não

sabiam qual o mal proporcionado ao organismo dos usuários. Sabiam apenas

que alguns desses anabolizantes eram produtos que eram utilizados nos

animais. Após irem as casas veterinárias da cidade tiveram conhecimento

sobre alguns dos principais anabolizantes animais que eram usados em

humanos para hipertrofia muscular, coletando também informações sobre

alguns pontos negativos do uso desses produtos em seres humanos.

No dia do evento, os alunos expuseram alguns tipos de anabolizante mais

comuns utilizados por seres humanos. Fizeram alertas aos visitantes, relatando

que muitas pessoas fazem uso desses produtos sem o devido conhecimento e

concordância dos familiares, revelando possíveis locais onde os usuários

conseguem esses produtos de forma ilegal. Os alunos ainda destacaram os

principais prejuízos desses produtos a saúde humana.

Fonte - AUTOR DA DISSERTAÇÃO – CEJM MG – 2014 Imagem 4 – Estande com alunos apresentando suas pesquisas sobre

“Suplementos e Anabolizantes” na EXPOCIÊNCIAS, CEJM 2014.

O subgrupo VI, procurando aproximar os assuntos a realidade dos

visitantes, fez uma investigação de casos de “Uso Recorrente de

82

Anabolizantes e Suplementos Alimentares entre Pessoas Conhecidas

Nacional ou Internacionalmente”. Atletas que foram afastados de suas

atividades em decorrência do uso de substancias proibidas ou que tiveram

sérios problemas de saúde em função do uso de substâncias anabolizantes e

ou suplementos.

Para a surpresa dos jovens, os casos de problemas com anabolizantes

(principalmente) são bem numerosos e a dúvida que mais intrigou aos jovens

foi a razão pela qual os atletas, mesmo sabendo que poderiam ser submetidos

a testes ainda eram capazes de utilizarem tais substâncias.

No dia da exposição os alunos exibiram fotos das personalidades, tais

como Padre Marcelo Rossi, cantor Netinho (Jorge Bastos), o ator Miguel

Falabella, entre outros que utilizaram de suplementos e anabolizantes durante

algum período da vida, os tipos de substâncias que foram utilizadas e os

prejuízos físicos e na carreira trazidos por esse uso. Eles citaram ainda ao final

do evento que muitas pessoas ficaram impressionadas em saber os malefícios

dessas substâncias e ainda saber que muitos ídolos passaram por esses

constrangimentos.

6.3 O produto: Roteiro Orientado

A escola necessita no contesto atual de diferentes estratégias

pedagógicas para responder a necessidade da formação do sujeito integral,

facilitando a construção da subjetividade para crianças e adolescentes, de

forma que possam criar estratégias e recursos para interpretar o mundo e

escrever sua própria história. O uso da Feira como de PROJETOS DE

TRABALHO no ensino tem figurado como instrumento importante contribuindo

para práticas mais eficazes dentro da escola.

Um dos objetivos gerais da dissertação e ainda como exigência do

Mestrado Profissional era elaboração de um “Produto Educacional”. Além de

todo favorecimento didático aos alunos, relevância social local, valoração do

currículo profissional dos participantes, a feira, proporcionou subsídios para

montagem de um material que servirá de base para muitas escolas poderem,

em qualquer tempo, planejar, elaborar, desenvolver, executar e avaliar uma

Feira de Ciências sobre o tema “Nutrição e Saúde”.

83

Nesse sentido, foi importante para nós a elaboração deste roteiro que

facilitará o dia a dia de professores e pessoas voltadas para a educação que

dispõe de pouquíssimo tempo para realizar tais tipos de projetos educacionais.

Através de nossa experiência foi possível verificar os caminhos e dificuldades

que foram encontrados ao longo de todo o processo de elaboração de uma

feira.

6.3.1 Etapas do Roteiro Orientado

O roteiro foi elaborado de forma bem dinâmica afim de demostrar ao leitor que

esses tipos de trabalho não são tão complexos de serem feito como muito se

imagina. Muitas vezes com poucos recursos e tempo podemos realizar um

trabalho diferenciado. O roteiro consiste em cinco passos:

1º Passo: Pensando e escolhendo o Tema e os Subtemas.

A escolha do tema subsidiará a escolha dos subtemas, com sugestões

dos professores e dos alunos que devem ser então analisadas e selecionadas

de acordo com o interesse as possibilidades de execução das mesmas.

2º Passo: Escolhendo as estratégias.

Escolhas das estratégias bem feitas proporcionam melhores resultados diante

dos desafios. Estímulos aos alunos são bem importantes de serem colocados

dentro das estratégias previstas no trabalho.

3º Passo: Desenvolvimento do Projeto.

Nessa etapa pode levar algumas semanas e até meses, tudo depende da

liberdade da escola em se direcionar o tempo de aula única e exclusivamente

na execução das estratégias escolhidas.

4º Passo: Apresentação dos Trabalhos Produzidos.

O momento é muito importante para o aluno, deve-se deixa-lo livre para

executar o que aprendeu, entretanto nós como professores devemos estar

atento para facilitar ao nosso trabalho de avaliação que é o nosso último passo.

5º Passo: Avaliação do processo e dos produtos finais

84

É importante sempre valorizar os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, mesmo

aqueles que não conseguiram atingir seus objetivos reais, atitude necessária

uma vez que pode servir de um estímulo para os próximos trabalhos a serem

feitos, seja no nível fundamental, médio ou superior. Evitar equiparar trabalhos

é uma boa maneira de se evitar frustrações. Essas e outras estratégias são

relatadas de forma detalhada no “Roteiro Orientado”.

Os resultados obtidos reforçam nossa tese de que projetos de trabalhos

compreendem estratégia pedagogia que, para os estudantes, incentiva e

promove a busca autônoma de informações, além de contribuir para que eles

desenvolvam a capacidade de selecionar, avaliar, planejar, organizar e divulgar

os conhecimentos.

Entendemos que apesar da sobrecarga de trabalho e dificuldades para

a implementação e execução, os projetos de pesquisa e divulgação são de

fundamental importância para o desenvolvimento intelectual e sociocultural dos

alunos.

Defendemos ainda a premissa de que a educação em espaços e tempos

não-formais, aliados ao protagonismo estudantil, além de motivar o estudo,

contribui efetivamente para o aprendizado, para a construção e

desenvolvimento do intelecto, de hábitos e de posturas, fortalece se vínculo

com a instituição.

Destacamos a importância das feiras como desenvolvedor de

habilidades físicas e intelectuais nos alunos. Percebemos a melhora linguística

e de raciocínio durante as apresentações. O evento também permitiu nós como

professores aperfeiçoar os nossos processos de avaliação, tornamos mais

observadores e detalhistas após a feira. Conseguimos compreender melhor as

dúvidas e dificuldades de nossos alunos e de maneira mais prática e eficiente

conseguimos direciona-los ao caminho da sabedoria e educação.

85

7 CONCLUSÕES

Esse trabalho foi proposto e desenvolvido com base em algumas

premissas dentre as quais destacamos a consciência de que parte da

responsabilidade na formação de hábitos e posturas sociais e culturais cabe à

educação escolar, ou seja, por acreditarmos que não basta apenas transmitir

conhecimentos e desenvolver capacidades intelectuais, é preciso educar a

vontade, favorecer a autoestima, fomentar a autonomia para o aprendizado e a

leitura do mundo.

Ressalta-se ainda que a prática educativa escolar no mundo atual

disputa espaço como várias mídias extremamente sedutoras, cujo volume e

velocidade dificulta a atualização e evolução das práticas pedagógicas

tradicionais. Estamos cada vez mais convencidos de que apenas estudos em

livros, aulas expositivas e palestras, embora sejam atividade educativas

valorosas, não são normalmente capazes de produzir a educação formativa e

transformadora de atitudes que se almeja. É necessário atividades

diferenciadas, acreditando que projetos de trabalhos se encaixam

perfeitamente nessas necessidades educacionais. Percebemos que para área

das Ciências, a Feira, tem um grande poder de desenvolvimento intelectual,

social e pessoal em nossos alunos.

Temas como os trabalhados nesta pesquisa refletem algumas

demandas socioculturais da atualidade (CTSA), em interfaces com outras

mídias atuais capaz de despertar o interesse e o protagonismo juvenil,

predispondo para a pesquisa e orientando reflexões e posicionamentos.

Destacamos a importância desse tipo de trabalho não só para os alunos,

mas para a escola, para os educadores, e para as famílias. Essa aproximação

entre comunidade e escola, revela intenções formativas e dá visibilidade aos

trabalhos desenvolvidos.

Destacamos ainda, a dimensão afetiva desse tipo de trabalho capaz de

despertar sentimentos de pertencimento e orgulho da escola, favorecendo a

disciplina e o engajamento dos alunos no processo ensino e aprendizagem.

Promove ainda o desenvolvimento ou aprimoramento da responsabilidade e da

capacidade de interação e participação social. Favorece ainda a relação

86

professor aluno, estabelecendo laços de parceria e confiança, além de ampliar

a percepção (conhecimento) do professor sobre os seus estudantes.

Por fim essa Dissertação e seu Produto tem a intenção de fomentar e

orientar esse tipo de prática educativa, na expectativa de promover um ensino

de melhor qualidade, mais significativo e transformador.

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUGUSTO, Aurinda Lucília Pires Rodrigues. Educação alimentar na formação

de adultos: contributo para a educação/promoção da saúde. 2011.

BAVARESCO, Bruna; COSTA, Gisele M. Treinamento intervalado associado à

nutrição na redução do peso corporal,2013.

BIANCONI, M. Lucia; CARUSO, Francisco. Educação não-formal. Ciência e

Cultura, v. 57, n. 4, p. 20-20, 2005.

BIZZO MLG, LEDER L. Educação Nutricional nos parâmetros curriculares

nacionais para o ensino fundamental. Rev Nutr. 2005; 18(5): 661-7.

BRAGA, Milena Mendes; PATERNEZ, Ana Carolina Almada Colucci. Avaliação

do consumo alimentar de professores de uma Universidade particular da

cidade de São Paulo (SP). Rev Simbio-Logias, v. 4, n. 6, p. 84-97, 2011.

BRANDALIZE, Michelle; LEITE, Neiva. Orthopedic alterations in obese children

and adolescents. Fisioterapia em Movimento, v. 23, n. 2, p. 283-288, 2010.

BRASIL, 2000 Ministério da Saúde. Promoção da Saúde. Escolas Promotoras.

Disponível em: <www.saude.gov.br/programas/promoção/escolas.htm>)

Acesso em: 20 nov. 2014.

BRASIL, 2006 Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica –

Brasília Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Apoio às Feiras

87

de Ciências da Educação Básica: Fenaceb. Brasília. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/fenaceb.pdf, Acesso em: 03

de out. 2015.

BRASIL, Ministério da Saúde - Departamento de Atenção Básica Portaria nº

2.488, de 21 de outubro de 2011. Disponível em:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude_

3ed.pdAcesso em: 27 jun. 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação. Ministério da Educação. Resolução/CD/FNDE Nº 38, de 19 de julho

de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da

educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE.

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional do Desenvolvimento da

Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3o e 4o ciclos do ensino

Fundamental: saúde. Brasília, DF, 1998. Disponível em: Acesso em: 07 jan.

2015.

CABRAL, Hellen Cristina de Oliveira. A educação alimentar e nutricional nos

anos iniciais do Ensino Fundamental da rede pública municipal de Rio Verde-

GO. 2008. Dissertação (Mestrado em Educação) -Universidade Federal de

Goiás. Rio Verde. Disponível em:

http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3504.

Acesso em 25 nov. 2014.

CARNEIRO, Vinícius Guimarães. A influência da mídia na obesidade de

crianças e adolescentes. Monografia apresentada ao curso de Educação Física

da UNAERP-Campus Guarujá como requisito parcial para obtenção do título de

Licenciado em Educação Física, 2007. Disponível em:

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EDU

CACAOFISICA/monografia/midia-na-obesidade.pdf. Acesso em 21 jul. 2015.

CASCAIS, M. das G. A.; TERÁN, A. F. Educação formal, informal e não formal

em ciências: contribuições dos diversos espaços educativos. In: ENCONTRO

DE PESQUISA EDUCACIONAL NORTE NORDESTE, 2011, Manaus. Anais...

88

Manaus: Editora da UFAM. Disponível em:

file:///C:/Users/Fernando/Downloads/2011_Educa%C3%A7%C3%A3o%20form

al,%20informal%20e%20n%C3%A3o%20formal%20em%20ci%C3%AAncias_c

ontribui%C3%A7%C3%B5es%20dos%20diversos%20espa%C3%A7os%20edu

cativos%20(4).pdf . Acesso em: 28 fev. 2015.

CHASSOT, Attico. Alfabetização Científica: uma possibilidade para a inclusão

social. Revista Brasileira de Educação, p. 89-100, jan/fev/mar/abr, 2003.

CRUZ, Priscila Postali et al. Culto ao corpo: as influências da mídia

contemporânea marcando a juventude. Corpo, Violência e Poder, v. 6, n. 1, p.

1-8, 2008.

CUSTÓDIO, Ivanir Madoenho. Influências da alimentação na aprendizagem.

Disponível em:

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1674-8.pdf. Acesso

em 10 dez. 2014.

DA SILVA, Cleliani de Cassia. Alimentação e crescimento saudável em

escolares. Alimentação, Atividade Física e Qualidade de Vida dos

Escolares do Município de Vinhedo/SP, p. 15, 2009.

DAVANÇO, Giovana Mochi; TADDEI, José Augusto de Aguiar Carrazedo;

GAGLIANONE, Cristina Pereira. Conhecimentos, atitudes e práticas de

professores de ciclo básico, expostos e não expostos a Curso de Educação

Nutricional. Rev. nutr, v. 17, n. 2, p. 177-184, 2004.

DE ALBUQUERQUE, Débora Lima Barbosa; DE MENEZES, Cristiane Souza.

Educação Alimentar na Escola: Em busca de uma vida Saudável.

DE OLIVEIRA, José Eduardo Dutra. Educação e direito à alimentação.

Estudos avançados, v. 21, n. 60, p. 127-134, 2007. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-

40142007000200010&script=sci_arttext. Acesso em: 30 nov. 2014.

89

DE SOUSA, Ana Paula; JOSÉ FILHO, Mário. A importância da parceria entre

família e escola no desenvolvimento educacional. Revista Iberoamericana de

Educación, v. 44, n. 7, p. 2-4, 2007.

Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2009000400010. Acesso

em: 21 fev. 2015.

DOS SANTOS, Wildson Luiz Pereira; MORTIMER, Eduardo Fleury. Tomada de

decisão para ação social responsável no ensino de ciências. Ciência &

Educação, v. 7, n. 1, p. 95-111, 2001.Disponivel em:

http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v7n1/07.pdf. Acesso em 15 maio. 2015.

DUARTE, Raquel de Sousa. O MARKETING NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS:

Embalagem e os Meios de Comunicação.2012. Trabalho de Conclusão de

Curso II apresentado ao Curso de Bacharelado em Nutrição. Universidade

Federal do Piauí. Disponível em:

http://www.ufpi.br/subsiteFiles/picos/arquivos/files/MONOGRAFIA%20PRONTA

.pdf. Acesso em: 15 maio,2015.

ELLWOOD, Philippa et al. Do fast foods cause asthma, rhinoconjunctivitis and

eczema? Global findings from the International Study of Asthma and Allergies in

Childhood (ISAAC) Phase Three. Thorax, p. thoraxjnl-2012-202285, 2013.

FIGUEIREDO, José Arimatéa. O ensino de Botânica em uma abordagem

Ciência, Tecnologia e Sociedade: propostas de atividades didáticas para o

estudo das flores nos cursos de ciências biológicas. 2009. Tese de Mestrado.

Dissertação de Mestrado, Universidade Católica de Minas Gerais Belo

Horizonte, Brasil. Disponível em:

http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/EnCiMat_FigueiredoJA_1.pdf. Acesso

em 15 maio 2015.

FORTES, Leonardo de Sousa; MORGADO, Fabiane Frota da Rocha;

FERREIRA, Maria Elisa Caputo. Fatores associados ao comportamento

alimentar inadequado em adolescentes escolares. Rev Psiq Clín, v. 40, n. 2, p.

59-64, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rpc/v40n2/v40n2a02.pdf.

Acesso em: 16 de abr. 2015.

90

GANDRA, Yaro Ribeiro. O pré-escolar de dois a seis anos de idade e o seu

atendimento. Rev. Saúde públ, p. 3-8, 1981.

GASPAR, Alberto. A educação formal e a educação informal em ciências.

In: Ciência e Público: caminhos da divulgação científica no Brasil, Rio de

Janeiro: Casa da Ciência–Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fórum de Ciência e Cultura. 2002.

GOHN, Maria da Glória. "Educação não-formal na pedagogia social."

Proceedings of the 1. I Congresso Internacional de Pedagogia Social. 2006.

GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e

estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de

Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38, jan./mar. 2006.

GONZALEZ, Fabiana Gaspar; PALEARI, Lucia Maria. O ENSINO DA

DIGESTÃO-NUTRIÇÃO NA ERA DAS REFEIÇÕES RÁPIDAS E DO CULTO

AO CORPO Digestion-nutrition teaching in the fast food and body cult era.

Ciência & Educação, v. 12, n. 1, p. 13-24, 2006. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v12n1/02.pdf, acesso em 29 nov. 2014.

HARTMANN, Ângela Maria; ZIMMERMANN, Erika. Feira de Ciências: a

interdisciplinaridade e a contextualização em produções de estudantes de

ensino médio. VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em

Ciências, 2009. Disponível em:

http://www2.unifap.br/rsmatos/files/2013/10/178.pdf. Acesso em: 21 nov.2014

LEVY, Renata Bertazzi et al. Food consumption and eating behavior among

Brazilian adolescents: National Adolescent School-based Health Survey

(PeNSE), 2009. Ciênc. Saúde Colet 2010;15 (Suppl 2):3085-97.

MARIN, Tatiana; BERTON, Priscila; SANTO, L. K. R. E. Educação nutricional e

alimentar: por uma correta formação dos hábitos alimentares. Revista F@

pciência, v. 3, n. 7, p. 72-78, 2009.

MARQUES, Mário Osório. Educação nas ciências: interlocução e

complementaridade. Ijuí: Inijuí, 2002.

91

MASSON, Carmen Rosane et al. Prevalência de sedentarismo nas mulheres

adultas da cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. Caderno de

Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 6, p. 1.685-1.695, 2005. Disponível

em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

311X2005000600015 Acesso em 24 fev.2015.

MATSUDO, Sandra Marcela Mahecha. Envelhecimento, atividade física e

saúde. BIS. Boletim do Instituto de Saúde (Impresso), n. 47, p. 76-79, 2009.

Disponível em:

http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-

18122009000200020&lng=es&nrm=iso&tlng=es. Acesso em: 21 jul. 2015.

MENEGAZZO, Renato Fernando. Janelas de oportunidades são caminho para

aprendizagem: um estudo de caso. Disponível em:

http://www.abpp.com.br/sites/default/files/129.pdf. Acesso em: 17 jan. 2015.

MIOTTO, Ana Cristina; OLIVEIRA, Ana Flávia. A influência da mídia nos

hábitos alimentares de crianças de baixa renda do Projeto Nutrir. Rev Paul

Pediatr, v. 24, n. 2, p. 115-20, 2006. Disponível em:

http://eventos.unicentro.br/modelo_cd/pdf/resumo_542.pdf. Acesso 20

mar.2015.

MONEGO, Estelamaris T.; JARDIM, P. C. B. V. Determinantes de risco para

doenças cardiovasculares em escolares. Arq Bras Cardiol, v. 87, n. 1, p. 37-

45, 2006.

NAHAS, Markus Vinícius, et al. Reprodutibilidade e validade do questionário

saúde na boa para avaliar atividade física e hábitos alimentares em escolares

do ensino médio. Rev Bras Ativ Fís Saúde 2007; 12:12-20. Disponível em :

http://www.researchgate.net/profile/Markus_Nahas/publication/237268691_REP

RODUTIBILIDADE_E_VALIDADE_DO_QUESTIONRIO_SADE_NA_BOA_PAR

A_AVALIAR_ATIVIDADE_FSICA_E_HBITOS_ALIMENTARES_EM_ESCOLAR

ES_DO_ENSINO_MDIO/links/0046351bf6cb650fee000000.pdf. Acesso em 24

fev 2015.

92

NUNES, M. M. A.; FIGUEIROA, José Natal; ALVES, João Guilherme Bezerra.

Excesso de peso, atividade física e hábitos alimentares entre adolescentes de

diferentes classes econômicas em Campina Grande (PB). Revista da

Associação Médica Brasileira (1992. Impresso), v. 53, p. 130, 2007.

NUNOMURA, Myrian; TEIXEIRA, Luís Antônio Cespedes; FERNANDES, Mara

Regina Caruso. Nível de estresse em adultos após 12 meses de prática regular

de atividade física. Revista Mackenzie de educação física e esporte, v. 3, n.

3, 2009. Disponível em:

http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1325/1026.

Acessado em 24 abril, 2015.

OLIVEIRA, José Eduardo Dutra de. Educação e direito à alimentação. Estud.

av., São Paulo, v. 21, n. 60, p. 127-134, ago. 2007 . Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

40142007000200010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso

em 10 jan. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142007000200010.

PELLANDA, Lucia Campos et al. Doença cardíaca isquêmica: a prevenção

inicia durante a infância. J Pediatr, v. 78, n. 2, p. 91-6, 2002.

PINHEIRO, Anelise Rizzolo de Oliveira; FREITAS, Sérgio Fernando Torres de;

CORSO, Arlete Catarina Tittoni. Uma abordagem epidemiológica da obesidade.

2004.

PRECIOSO, José; SILVA, S. As escolas promotoras de saúde na educação

alimentar: um estudo efetuado em alunos do 2º ciclo. 2004. Disponível em:

http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3976/1/As%20Escolas%20P

romotoras%20de%20Sa%C3%BAde%20na%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20

Alimentar%20-%20%28Alimenta%C3%A7%C3%A3o%20Humana%29.pdf.

Acesso em: 22 ago. 2015.

QUAIOTI, Teresa Cristina Bolzan; ALMEIDA, Sebastião de Sousa.

Determinantes psicológicos do comportamento alimentar: uma ênfase em

fatores ambientais que contribuem para a obesidade. Psicol. USP, v. 17, n.4,

93

p. 193-211 2006. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-

65642006000400011. Acesso em: 20 fev.2015.

RAVENNA, Máximo. A Teia de Aranha Alimentar. Quem come Quem?

Tentações perigosas. Rio de Janeiro: Guarda Chuva, 2011. Cap. 3 p.70-71.

RAYMUNDO, Gisele Pontaroli. A formação dos hábitos alimentares na criança.

[200-]. A nutricionista. Disponível em:

http://www.aprendebrasil.com.br/falecom/nutricionista_bd.asp?codtexto=542.

Acesso em: 23 nov. 2014.

RECINE, Elisabetta G. Iole Giovanna; QUEIROZ, Eduardo Flávio Oliveira.

Concepções de profissionais de saúde da atenção básica sobre a alimentação

saudável no Distrito Federal, Brasil Concepts of healthy diet as expressed by

primary health care workers in the national capital of Brazil.Cad. Saúde

Pública, v. 18, n. 5, p. 1367-1377, 2002.

RIBEIRO, Gisele Naiara Matos; SILVA, João Batista Lopes da. A alimentação

no processo de aprendizagem. Eventos Pedagógicos, v. 4, n. 2, p. 77-85,

2014.

RIGHI, Marcia Medianeira Toniasso. As concepções de estudantes do ensino

fundamental de escolas públicas de Santa Maria-RS sobre alimentação,2010.

Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS. Programa de Pós

Graduação em Educação em Ciências: Química da vida e saúde. Disponível

em: http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3504.

Acesso em 25 nov. 2014.

RINALDI, Ana Elisa M. et al. Contribuições das práticas alimentares e

inatividade física para o excesso de peso infantil. Revista Paulista de

Pediatria, v. 26, n. 3, p. 271-277, 2008. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/rpp/v26n3/12. Acesso 1 jun.2015.

ROCHA, Sônia Cláudia Barroso da. A escola e os espaços não-formais:

possibilidades para o ensino de ciências nos anos iniciais do ensino

fundamental. Dissertação (Mestrado em Educação e Ensino de Ciências na

Amazônia) Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2008.

94

SANTOS, Cíntia da Conceição et al. A influência da televisão nos hábitos,

costumes e comportamento alimentar. Cogitare Enfermagem, v. 17, n. 1,

2012.

SANTOS, Maria Beatriz Gomes dos; PRECIOSO, José Alberto Gomes.

Educação Alimentar na Escola: avaliação de uma intervenção pedagógica

dirigida a alunos do 8º ano de escolaridade. 2012.

SANTOS, Wildson Luiz P.; MORTIMER, Eduardo F. Tomada de Decisão para

ação social responsável no ensino de ciências. Ciência & Educação, Bauru,

v.7, n.1, p.95-111, 2001

SCHMITZ, B.A.S. A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis: uma

proposta metodológica de capacitação para educadores e donos de cantina

escolar. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S312-S322,

2008.

SILVA, António José et al. A prevalência do excesso de peso e da obesidade

entre crianças portuguesas. p.303, 2008. Disponível em:

https://repositorio.utad.pt/bitstream/10348/1403/1/A%20PREVAL%C3%8ANCIA

%20DO%20EXCESSO%20DE%20PESO%20E%20DA%20OBESIDADE%20E

NTRE%20CRIAN%C3%87AS%20PORTUGUESAS.pdf. Acesso em 07 out.

2015

SILVA, Elizabete Cristina Ribeiro; FONSECA, Alexandre Brasil.

ABORDAGENS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO ALIMENTAR E

NUTRICIONAL EM ESCOLAS NO BRASIL PEDAGOGICAL APPROACHES

ON FOOD AND NUTRITION EDUCATION IN BRAZILIAN SCHOOLS. 2009

Disponível em:

http://axpfep1.if.usp.br/~profis/arquivos/viienpec/VII%20ENPEC%20%202009/w

ww.foco.fae.ufmg.br/cd/pdfs/1694.pdf. Acesso em: 26 fev. 2015.

SILVA, Isabel Navarrete de Andrade. Dificuldades de aprendizagem

enfrentadas por professores no ensino especial. Produção Didático-

Pedagógica apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)

95

da Secretaria de Estado da Educação. Universidade Estadual do Norte do

Paraná (UENP). Jacarezinho – Paraná.2008, p.22.

SOUZA, Elaine S.; FISBERG, Mauro. O uso de esteroides anabolizantes na

adolescência. Brazilian Pediatric News, v. 4, n. 1, 2002.

TORAL, Natacha; CONTI, Maria Aparecida; SLATER, Betzabeth. A

alimentação saudável na ótica dos adolescentes: percepções e barreiras à sua

implementação e características esperadas em materiais educativos. Cad.

Saúde Pública [online]. 2009, vol.25, n.11, pp. 2386-2394. ISSN 1678-

4464. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2009001100009. Acesso em: 22

fev.2015.

TRICHESA, Rozane Márcia; GIUGLIANIB, Elsa Regina Justo. Obesidade,

práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Porto Alegre-

RS, 2005, p.541. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034891020050004000

04. Acesso 22 fev.2015.

VALENTE, Maria Esther Alvarez. O MUSEU DE CIÊNCIA: ESPAÇO DA

HISTÓRIA DA CIÊNCIA The Science Museum: a place of history of science.

Ciência & Educação, v. 11, n. 1, p. 53-62, 2005.

VALLE, Janaína Mello Nasser, EUCLYDES Marilene Pinheiro. A formação dos

hábitos alimentares na infância: uma revisão de alguns aspectos abordados na

literatura nos últimos dez anos Revista APS, v.10, n.1, p. 56-65, jan./jun. 2007.

Disponível em: www.ufjf.br/nates/files/2009/12/Hinfancia.pdf. Acesso em: 20

fev.2015.

VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de. Fome, eugenia e constituição

do campo da nutrição em Pernambuco: uma análise de Gilberto Freyre, Josué

de Castro e Nelson Chaves. Hist. Cienc. Saúde-Manguinhos, v. 8, n. 2, p.

315-339, 2001.

VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de. O nutricionista no Brasil: uma

análise histórica. Rev. nutr, v. 15, n. 2, p. 127-138, 2002. Disponível em:

96

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-

52732002000200001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso: 27 Nov. 2015.

VECCHIA, Roberta Dalla et al. Qualidade de vida na terceira idade: um

conceito subjetivo. Revista brasileira de epidemiologia, p. 246-252, 2005.

VIANA, Victo; SANTOS, Pedro Lopes dos; GUIMARÃES, Maria Júlia.

Comportamento e hábitos alimentares em crianças e jovens: Uma revisão da

literatura. Psic., Saúde & Doenças, Lisboa, v.9, n.2, p. 209-231, 2008.

Disponível em: www.redalyc.org/articulo.oa?id=36219057003. Acesso em: 21

fev. 2015.

VIEIRA, Valéria; Espaços não-formais de ensino e o currículo de ciências.

Ciência e Cultura, São Paulo, n. 4, Oct. /Dec. 2005.

VINHOLES, Daniele Botelho; ASSUNÇÃO, Maria Cecília Formoso;

NEUTZLING, Marilda Borges. Frequência de hábitos saudáveis de alimentação

medidos a partir dos 10 Passos da Alimentação Saudável do Ministério da

Saúde. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad Saúde Pública, v. 25, n. 4, p.

791-799, 2009.

WANDERLEY, Emanuela Nogueira; FERREIRA, Vanessa Alves. Obesidade:

uma perspectiva plural. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p.

185-194, Jan. 2010. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

81232010000100024&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 02 Ago. 2014.

97

ANEXOS

98

ANEXO 1 – PLANO DE AULA TEÓRICO

Formulário de Plano de Aula

DADOS

Escola: Centro Educacional de João Monlevade

Professora Fernando Marques Teixeira

Duração da atividade: 8 horas-aula

[X] Ensino Fundamental [ ] Ensino Médio 8ºano

Conteúdos: Sistema digestório e Nutrição e Saúde.

Disciplinas envolvidas: Ciências

Objetivos

Objetivo Geral

Promover através da contextualização, conhecimento científico para subsidiar os alunos

dos 8º anos iniciais do Ensino Fundamental no processo ensino/aprendizagem,

oportunizando a participação ativa de todos e uma formação crítica sobre a importância da

alimentação saudável.

Objetivos específicos:

Reconhecer os órgãos que formam o sistema digestório.

Compreender o funcionamento do sistema digestivo e quais as doenças que este pode

sofrer devido a uma má alimentação.

Entender a funcionalidade dos diferentes tipos de nutrientes, vitaminas e sais minerais

99

para o perfeito funcionamento do corpo humano.

Identificar e localizar órgãos do corpo e suas funções, com ênfase na identificação das

regiões e funcionamento do sistema digestivo.

Conhecer as importâncias de todas as etapas da digestão.

Saber associar boa nutrição à vida saudável.

Metodologia

1. Para iniciar, a classe deve estar disposta em fila, da forma tradicional e acompanhar

através do livro didático as considerações do professor sobre o assunto.

2. Após, os alunos deverão realizar pesquisas sobre as principais doenças metabólicas

citadas pelo professor e apresentar na forma de texto na aula seguinte.

3. Será realizado uma discussão sobre sistema digestório, alimentação saudável e as

doenças pesquisadas.

4. Logo, os alunos ficaram em dupla para realização das atividades previstas no livro

didático, além das preparadas pelo professor.

5. Momento de correção das atividades e retirar dúvidas.

Recursos

Quadro branco

Pincel

Livro didático

Lápis de escrever e borracha

Leituras e atividades complementares

Avaliação

100

Como critério serão considerados os índices de envolvimento do aluno na atividade, seu

empenho em participar das atividades. Além da participação oral durante a discussão.

Bibliografia

BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson. Ciências do 6º ao 9º ano. 3 ed. São Paulo: Ática,

2007.

BERTOLDI, Odete Gasparello; VASCONCELLOS, Jaqueline Rauter de. Ciência & Sociedade

do 6º ao 9º ano. 2ª ed. São Paulo: Scipione, 2006.

101

ANEXO 2 – PLANO DE AULA PRÁTICO

Formulário de Plano de Aula

DADOS

Escola: Centro Educacional de João Monlevade

Professora Fernando Marques Teixeira

Duração da atividade: 2 horas-aula

[X] Ensino Fundamental [ ] Ensino Médio 8ºano

Conteúdos: Sistema digestório e Nutrição e Saúde.

Disciplinas envolvidas: Ciências - Laboratório

Objetivos

Objetivo Geral

Promover através da contextualização prática, conhecimento científico para subsidiar os

alunos dos 8º anos iniciais do Ensino Fundamental no processo ensino/aprendizagem,

oportunizando a participação ativa de todos e uma formação crítica sobre a importância da

alimentação saudável.

Objetivos específicos:

Reconhecer os órgãos que formam o sistema digestório.

Compreender o funcionamento do sistema digestivo e as principais enzimas digestivas

participantes da digestão.

Conhecer alguns tipos de nutrientes existentes nos alimentos do cotidiano local.

Identificar e localizar órgãos do corpo e suas funções, com ênfase na identificação das

102

regiões e funcionamento do sistema digestivo.

Conhecer as importâncias de todas as etapas da digestão.

Saber associar boa nutrição à vida saudável.

Metodologia

1. Para iniciar, a classe ficará disposta em forma de U dentro do laboratório. Em seguida

será identificado através de indicadores químicos os nutrientes que estão presente em

alimentos como pães, trigo, batata, ovo, leite, carne, entre outros.

2. Após, os alunos com auxílio do professor, deverão informar o caminho percorrido por

esse alimento e alguns das principais enzimas que agem no corpo, especificando o local e

qual o produto da transformação desses alimentos.

3. Será realizado uma discussão sobre se os alunos estão de fato tendo uma alimentação

saudável e como se pode fazer para modificar essa alimentação em caso de ser ruim.

4. Por último com a utilização de figuras fornecidas pelo professor, os alunos deverão

montar uma pirâmide alimentar que seja adequada a boa saúde.

Recursos

Alimentos diversos do dia a dia.

Indicadores de nutrientes (iodo, HNO3, CuSO4(aq)...)

Modelo do sistema digestório

Figuras de Alimentos saudáveis e não saudáveis.

Cartolina ou folha branca.

Avaliação

103

Como critério serão considerados os índices participação e coerência nas respostas aos

desafios propostos. Além da participação oral e montagem de uma pirâmide alimentar

equilibrada.

Bibliografia

BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson. Ciências do 6º ao 9º ano. 3 ed. São Paulo: Ática,

2007.

BERTOLDI, Odete Gasparello; VASCONCELLOS, Jaqueline Rauter de. Ciência & Sociedade

do 6º ao 9º ano. 2ª ed. São Paulo: Scipione, 2006.

104

ANEXO 3 – PRODUTO EDUCACIONAL

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

Produto desenvolvido no Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.

Dissertação: A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO

ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E

PRÁTICAS NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Mestrando Fernando Marques Teixeira

Orientador Prof. Dr. Fernando Costa Amaral

Belo Horizonte

2015

INTRODUÇÃO

A relevância dos “Projetos de Trabalho” na escola com

foco nas “Feiras de Ciências”.

Muitas escolas estão adotando, a cada dia, diferentes estratégias

pedagógicas para responder a necessidade da formação do sujeito integral,

facilitando a construção da subjetividade para crianças e adolescentes, de forma

que possam criar estratégias e recursos para interpretar o mundo e escrever

sua própria história. Para isso, é preciso que a escola possibilite ao aluno, a

vivência de situações diversas que favoreçam seu aprendizado, capacitando-as

ao diálogo com a comunidade e à participação da vida em todos os seus âmbitos:

científico, cultural, social e político.

Dentro desse contexto, o uso de PROJETOS DE TRABALHO no ensino tem

figurado como instrumento importante contribuindo para práticas mais

eficazes dentro da escola. Mais do que apresentar um determinado conteúdo de

forma neutra, o professor pode discuti-lo e ampliá-lo retirando de si o papel

centralizador de disseminação da informação, passando para o aluno, o papel

de pesquisador na formação do seu próprio conhecimento. Desta forma essa

prática pedagógica traz em si uma filosofia de ensino que coloca o professor

como propositor, incentivador e orientador, e os alunos como pesquisadores e

divulgadores de conhecimentos, posturas e práticas.

As “FEIRAS DE CIÊNCIAS” ou “MOSTRAS CIENTÍFICAS” já foram mais

populares no Brasil, tendo seu ápice na década de 90. Contudo, ainda hoje, elas

são utilizadas por algumas escolas como estratégia pedagógica capaz de alterar

a rotina, muitas vezes enfadonha, das aulas expositivas, incentivar os alunos a

se tornarem protagonistas de seu aprendizado, desenvolvendo competências,

criticidade, autonomia, criatividade e espírito cooperativo na resolução de

problemas.

Deve-se buscar superar a falta de recursos financeiros e materiais, o

possível desinteresse dos alunos, a dificuldade dos professores em se

organizarem para a elaboração e desenvolvimento de propostas, as jornadas de

trabalho duplas e triplas que, aliada a premência na abordagem dos conteúdos

curriculares, representam possíveis obstáculos ao desenvolvimento de

atividades extracurriculares. Assim, os projetos de trabalho, como as “Feiras de

Ciências”, requerem mudanças na concepção de ensino-aprendizagem, na

postura dos professores, dos orientadores educacionais e da própria escola.

Destacamos também que, além do potencial formador e transformador para os

alunos, as “Feiras” favorecem a identificação dos alunos com a instituição de

ensino e divulgam a escola para a comunidade.

A importância do ensino de nutrição nas escolas.

Novos padrões de comportamentos alimentares decorrentes do

desenvolvimento social, científico e tecnológico, incentivados pela mídia

e assumidos por grande parte da população têm, nos últimos anos,

desencadeado alguns dos principais problemas de saúde pública no

mundo.

Em poucas décadas mudou-se o paradigma da desnutrição e da carência

alimentar para o da superalimentação, com quantidade excessiva de

calorias, desequilíbrios e deficiências nutricionais, além do uso

indiscriminado de aditivos em alimentos industrializados de

suplementos e moduladores metabólicos usados indiscriminadamente na

busca por padrões corporais socialmente determinados.

Em decorrência dos novos padrões alimentares e estilo de vida

observamos o desenvolvimento de novas epidemias como: obesidade,

sobrepeso, problemas cardiovasculares, diabetes, dentre outras, que

comprometem a saúde de uma população cada vez mais jovem. O

crescente número das patologias associadas ao padrão alimentar dos

indivíduos reclama por educação e estímulo para aquisição e manutenção

de hábitos alimentares saudáveis o mais precocemente possível na vida

de crianças e jovens.

Entendendo que parte da responsabilidade na formação desses hábitos e

posturas sociais cabe à educação escolar, como sugerido nos temas

transversais no PCN (BRASIL, 1998), e que apenas estudos em livros, aulas

expositivas e palestras não são normalmente capazes de produzir a

educação formativa e transformadora de atitudes que se almeja, é que

apresentamos esse “Roteiro de atividades”.

APRESENTAÇÃO

O presente “Roteiro Orientado” pretende servir como material de apoio

para orientar professores do Ensino Fundamental e Médio na elaboração,

desenvolvimento e avaliação de projetos de pesquisa e trabalho com culminância

em “Feira de Ciência”. E foi na forma de “produto” desenvolvido, aplicado e

avaliado no Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática, da Dissertação: “A FEIRA DE

CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE

CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS

DO CICLO FUNDAMENTAL.”

A temática do projeto de pesquisa e trabalho “NUTRIÇÃO E SAÚDE” foi

escolhida dentre os temas transversais sugeridos pelos PCN, e devido a sua

relevância para a formação dos alunos dentro de um enfoque “Ciência Tecnologia

Sociedade e Ambiente” CTSA, que orienta para a relevância de aproximar o aluno

da interação com a ciência e a tecnologia e ambiente em todas as dimensões da

sociedade, oportunizando a ele uma concepção ampla e social do contexto

científico-tecnológico, sugerindo a necessidade do desenvolvimento de valores e

competências para a formação cidadã.

É fundamental transformar a educação científica num processo que permite aos

alunos a leitura do mundo e a interpretação/reflexão sobre os acontecimentos

presentes em nossa dura realidade. Não faz sentido concebermos uma educação

científica que não contemple os problemas dessa sociedade se fechando num

compartimento isolado onde só existem conceitos, fórmulas, algoritmos, fenômenos e

processos, a serem memorizados acriticamente pelos educandos. (TEIXEIRA, 2003, p.

101).

Embora esse roteiro sugira uma forma organizada para a execução dos

trabalhos, por meio de etapas pré-estabelecidas, ele não pretende mais do que

incentivar e orientar a estratégia pedagógica que pode comportar novas

abordagens e adequações temáticas e metodológicas. Para isso os professores

devem estar atentos às oportunidades fornecidas pelo momento histórico, pelas

demandas sociais e ambientais, e mesmo do grupo de alunos com suas

necessidades e possibilidades físicas, fisiológicas, psicológicas, suas visões sociais

e políticas.

Destacamos ainda que, opinião dos alunos e dos demais educadores na

escolha do tema e dos subtemas normalmente agrega o grupo, pois estão

trabalhando com assuntos desejado, favorece a participação e valoriza mais o

trabalho. Com os alunos se envolvendo e colocando a mão-na-massa desde a

elaboração até a execução do projeto, as chances de sucesso são maiores,

favorecendo não só a aquisição de conhecimento como também promovendo

mudanças de comportamentos e posturas, capazes de proporcionar uma melhor

saúde física e mental, aprimorando as relações interpessoais, e uma melhor

qualidade de vida para o aluno e para a comunidade.

1

A pedagogia de projeto requer uma MUDANÇA DE POSTURA EDUCACIONAL, um repensar da prática pedagógica, onde o PROFESSOR passa a ser o MEDIADOR DA APRENDIZAGEM.

No planejamento do projeto pedagógico devemos buscar ATIVIDADES SIGNIFICATIVAS E TRANSDICIPLINARES.

Quando elaboramos um projeto é FUNDAMENTAL ESTABELECER OS OBJETIVOS que desejamos e podemos alcançar com o trabalho, não só para estabelecer intenções pedagógicas e orientar os grupos de trabalho, mas para intervir no decorrer do processo e, na avaliação final confrontar o que foi objetivado com o que foi obtido.

O Planejamento do projeto de trabalhos a FLEXIBILIDADE deve ser contemplada de modo que o tempo e as condições para a sua execução sejam sempre reavaliados em função dos objetivos inicialmente propostos, dos recursos à disposição dos grupos e de eventualidades.

O projeto de trabalho é uma ATIVIDADE ORIENTADA em direção a um objetivo que dará sentido a várias atividades a serem desenvolvidas como os recursos materiais e humanos disponíveis resultando em diversas produções.

A busca de informações pelos alunos é orientada e O PROFESSOR NÃO APRESENTA RESPOSTAS PRONTAS.

O projeto permite a construção de uma ESCOLA INSERIDA NA REALIDADE E ABERTA PARA MÚLTIPLAS RELAÇÕES COM A SOCIEDADE.

As práticas desenvolvidas normalmente superam uma visão estática e descontextualizada, APOIANDO-SE NO REAL, NO CONHECIMENTO PRÉVIO DOS ALUNOS e no que querem conhecer.

Os alunos se comprometem a uma participação ativa e estabelecem um bom vínculo com o conhecimento.

Cada grupo é único, as propostas são diferentes e os participantes têm normalmente ritmos diferentes. Portanto UM TRABALHO NÃO DEVE SER COMPARADO COM O OUTRO.

O professor deve estar atento a

algumas características próprias

dos projetos pedagógicos para sua

implantação, gerenciamento e é

claro, SUCESSO!

2

Passo-a-passo: Elaborando a Feira de Ciências!

Nós aprendemos melhor quando

estamos prontos para aprender

O aprendizado é favorecido pela

aplicação.

Nós aprendemos melhor quando

os novos conhecimentos são úteis

e benéficos.

Aprendizado bem sucedido

estimula mais aprendizado.

Devemos saber ou conhecer para

fazer.

A prática e a aplicação são

requeridas.

Os projetos desenvolvidos são

baseados em necessidades e

relevância do momento.

A complexidade do projeto tende

a aumentar no seu

desenvolvimento.

INTENÇÃO PEDAGÓGICA - estabelecer seus objetivos pensando nas necessidades

e interesses dos alunos, para posterior instrução e problematização do assunto, direcionando a curiosidade e sugerindo a montagem de projetos, de forma dialógica.

PREPARAÇÃO E O PLANEJAMENTO - o professor, ou grupo de professores, deve orientar o desenvolvimento das principais atividades à serem desenvolvidas pelos

alunos definindo os tempos e datas para a execução das tarefas, as estratégia para coleta e análise dos materiais de pesquisa. Sugere-se ainda elaborar com os alunos

a o registro dos conhecimentos prévios sobre o tema, as possíveis dúvidas, questionamentos e curiosidades a respeito do tema, as fontes de pesquisa e sua qualidade, objetivando responder adequadamente aos questionamentos propostos,

contribuindo para a formação de competências, autonomia, e desenvolvimento de autoestima.

EXECUÇÃO OU DESENVOLVIMENTO - acompanhar e gerenciar a realização das atividades propostas com a participação ativa dos alunos, criando possibilidades para

sua construção de conhecimentos, competências, e posturas sociais.

AVALIAÇÃO PROCESSUAL E FINAL – a avaliação processual é fundamental para

dar o suporte que os alunos necessitam e corrigir rumos no decorrer dos trabalhos,

enquanto a final se presta a avaliar o projeto como um todo oportunizando aos

alunos externar de suas impressões, opiniões, conclusões, sugestões e sentimentos

a respeito do projeto.

3

.

Para escolha do tema “Nutrição e Saúde” o professor deverá

primeiramente fazer uma breve sondagem sobre a

importância do tema para a escola, os alunos e a comunidade

escolar, correlacionando a sua significância dentro de um

contexto nacional ou até mesmo mundial. Verificar se a

escolha dele se faz necessário para o atual momento vivido

por todas pessoas que se envolverão com o assunto. Caso

ainda esse não seja o momento de desenvolvimento do

projeto este pode ser postergado para uma nova

oportunidade.

Normalmente essa seria uma excelente oportunidade dos alunos do 8º do Ensino

Fundamental trabalharem diversos assunto que contemplem o tema em questão. Uma vez

que o conteúdo se faz presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN para o Ensino

A escolha do tema subsidiará a escolha

dos subtemas, com sugestões dos

professores e dos alunos que devem

ser então analisadas e selecionadas de

acordo com o interesse as

possibilidades de execução das

mesmas.

4

Fundamental. O 9º ano também estaria apto a desenvolver este projeto uma vez que

possuem bases conceituais normalmente bem apuradas, adquiridas no ano anterior.

O esquema ilustra a possibilidade de escolha de outros temas transversais sugeridos pelo

PCN do ensino fundamental.

Envolver os alunos desta faixa etária nesse tema se justifica pelo fato dessa idade ser o

momento em que os alunos começam a se preocupar um pouco mais com o

desenvolvimento corporal, ingestão controlada ou não de alimentos, tomada de decisões

sem a consulta dos familiares e relacionamentos profundos com outras pessoas que podem

influenciar positiva ou negativamente a nutrição e saúde dos jovens. Além de definir alguns

hábitos alimentares que poderão se perpetuar durante a vida adulta.

Dentro do tema em questão podem ser trabalhados uma gama enorme de subtemas, nesse

momento é importante que o professor deixe o aluno apresentar suas ideias. Quando o

aluno tem a liberdade de escolher o assunto a ser trabalhado as chances de sucesso são

maiores, a possibilidade de aprendizado aumenta e os resultados alcançados são mais

satisfatórios. Caso seja necessário separamos uma lista de subtemas que podem servir de

opções aos alunos, lembrando que é importante que se ofereça essas opções somente

após os alunos tentarem escolher seus próprios assuntos.

Possíveis temas transversais

Destino das águas servidas

Poluição Qualidade de

vida

Solo e atividades

humanas Água, lixo, solo e saneamento

básico

Recursos

tecnológicos

5

O papel dos sais minerais e das vitaminas para a saúde humana.

Aproveitamento integral dos alimentos (evitando o desperdício)

Oficina de receitas - contribuições da comunidade.

O perigo dos excessos alimentares (de gordura; de sal; do álcool).

A bulimia e a anorexia (imagem corporal ou saúde?).

O perigo da suplementação alimentar e anabolizantes propagada por

academias de ginástica

Doenças que impõe restrição nutricional. (Diabetes, hipertensão,

Intolerância a lactose...)

Alimentos integrais ou processados (o caso do arroz e do pão)

(conservantes usados na indústria – em excesso

podem ser prejudiciais à saúde)

Verduras, legumes e frutas com defensivos agrícolas ou

orgânicas (como podemos evitar os defensivos a ingestão de

venenos agrícolas?)

Virtudes e problemas de diferentes alimentos.

Obesidade e desnutrição infantil.

Métodos de conservação dos alimentos. (Antigos e atuais)

Sucos e vitaminas naturais e seus benefícios à saúde.

(Oficina dos Sucos)

Cultura alimentar de diversos países do mundo.

Cuidados e higienização no preparo dos

alimentos - possíveis contaminantes.

Prática das atividades físicas associadas a boa

alimentação e seus benefícios na saúde do

indivíduo.

6

Interpretação de rótulos (Mostrando os percentuais de sal,

açúcar e gordura e conservantes nos alimentos

industrializados).

Doenças relacionadas a má alimentação. (Hipertensão,

sobrepeso, obesidade, gastrites e cânceres).

Onde mora o perigo dos “fast-foods”.

Pirâmide Alimentar orientando a nutrição equilibrada e mais saudável.

Alimentação na gestação, na infância, e para idosos,

dicas e cuidados.

Doenças nutricionais do passado recente.

Os perigos das propaladas “dietas milagrosas”.

“Cantina inteligente”, alimentos saudáveis e saborosos

dentro da escola.

Dentro das escolhas alguns fatores devem ser levados em consideração, pois podem ser

o diferencial na hora de um projeto dar certo ou não. Elementos como necessidade e

disponibilidade de recursos, espaço físico

disponível, número de integrantes de cada

grupo, complexidade dos subtemas, nível de

aprendizado e motivação dos estudantes,

envolvimento dos demais professores da

escola entre outros são importantes de

serem observados antes do

desenvolvimento das etapas do projeto.Com

esse levantamento prévio se pode ter noção

do tamanho e nível do trabalho a ser

elaborado.

Uma dica importante para se esquivar da falta de recursos é a promoção de atividades para

angariar fundos para elaboração da mostra. Gincanas, rifas, vendas de lanches alternativos

7

saudáveis podem funcionar muito bem, além de solicitação de produtos e serviços

solidários nos comércios próximos a escola.

Após a escolha do tema é o momento de se planejar e elaborar as estratégias que serão

utilizadas tanto para a pesquisa e desenvolvimento dos trabalhos quanto para a

apresentação. Nesse momento é sempre importante

mostrar aos estudantes quais os objetivos do projeto

e o que eles irão conquistar com seus esforços. Os

objetivos são bastante diversos, podem ser pessoais

ou coletivos, o qual merece destaque é a qualidade

de vida adquirida ao se levar a vida com alimentos

mais saudáveis. A oportunidade de se salvar vidas

que se entrelaçam com hábitos nada saudáveis.

Aprimorar a autoestima, tornando-se uma pessoa mais feliz. Além de se apoderar

da sensação de ser também um divulgador do conhecimento.

Importante lembrar das pesquisas e incentiva-las, pois deverão ser feitas para a coletar

dados e embasamento teórico para a elaboração dos trabalhos.

Recompensas nas mais variadas formas aos destaques da

“Mostras” são relevantes, tais como viagens, brindes, certificados,

confraternizações, trocas das temidas avaliações escritas por

avaliações de cada etapa do projeto permite que eles consigam

ativar regiões do cérebro responsáveis por aguçar os interesses

no trabalho em questão. Nesse sentido, estas e outras estratégias

que vierem a surgir podem ser importantes na questão

motivacional, item imprescindível para todo o processo acontecer perfeitamente.

8

A primeira estratégia a ser implantada é de capacitar os alunos

com os conteúdos pertinentes aos temas e subtema da feira.

Como isso pode ser feito? De várias maneiras, considera-se

importante reservar de 6 a 8 horas/aulas para conceituação

teórica do tema, explorando as principais biomoléculas

(Proteínas, Carboidratos, Lipídios, Vitaminas e sais minerais),

essa etapa bem executada é de suma importâncias para o

sucesso das etapas seguintes. Contribuirá por exemplo, para

que o aluno entenda o porquê de se limitar o consumo de certas

substâncias, como elas agem no organismo e ainda melhorar o

poder argumentativo do pré-adolescente, nesse período um

pouco limitado acerca do assunto.

Para ainda melhorar o embasamento, caso a escola tenha

disponível um laboratório de Ciências, é interessante que se execute

pelo menos 2 horas/ aulas práticas do conteúdo. Nesse momento

você estará estimulando o poder investigativo do aluno, e permitindo

que ele aprenda a seguir orientações para encontrar realizar um

experimento, e que este ainda possa ser diferente do previsto.

Após esses dois momentos, os pequenos cientistas estão

tecnicamente preparados para montar os seus trabalhos e demonstra-los em pequena

escala. Chegou então o momento deles prepararem os seminários. Podem ser bem

simples, para que os alunos melhorem suas escritas e premissas sobre os assuntos em

questão, podem ser sugeridos seminários com duração de 15 a 20 minutos por grupo, além

de uma parte escrita a ser entregue no ato da apresentação. Esse momento pode ser feito

de forma individual ou em pequenos grupos de três, quatro pessoas. Grupos reduzidos

tendem a fazer com que todos participem de efetiva nas atividades, gerar boas quantidades

de ideias e temas diversificados, e ainda possibilitar maior facilidade de observação pelos

professores no desenvolvimento de cada jovem em seus materiais produzidos. Grupos

grandes podem fazer com que os alunos se dispersem nos temas e ainda que uns alunos

façam o trabalho para os outros.

Outra estratégia que pode mobilizar os grupos e também toda escola é a criação de uma

cantina saudável dentro da escola. Pode-se aproveitar a tradicional que funciona dentro da

escola, e ao invés de vender lanches e guloseimas com baixo valor nutritivo e alto teor

9

calórico serem colocados alimentos naturais, como salada de frutas, sucos naturais,

vitaminas, alimentos integrais em geral. Essa implementação pode ser feita uma vez por

mês, ou por semana inicialmente, para que todos da escola se acostumem bem

vagarosamente com os novos hábitos da escola, evitando possíveis revoltas ou

insatisfações.

Vamos trabalhar! Essa etapa pode levar algumas

semanas e até meses, tudo depende da liberdade da

escola em se direcionar o tempo de aula única e

exclusivamente na execução das estratégias

escolhidas. Primeiro, o professor deve reservar

algumas de suas aulas para apresentação das suas

aulas teóricas sobre o tema, discussões e debates

são importantes para potencializar a aula. Em

seguida, sem esperar passar por muitos dias após as

aulas teóricas, aplique as aulas práticas, isso ajudará

o seu aluno a aperfeiçoar os conceitos recebidos na

aula teórica e despertar o cientista dentro de si,

estimulando seu potencial de pesquisador e

desenvolvedor de ideias.

Chegou a hora de o aluno assumir o comando e os professores intermediando as decisões,

ele deverá agora escolher subtemas dentro do tema Nutrição e Saúde, de preferência

assuntos que despertem maior interesse por parte dele, realizar pesquisas sobre o assunto

e apresentar para os próprios colegas de sala. Caso sinta que os alunos já estejam com

10

maior confiança, podem ser convidadas as turmas das séries seguintes para

acompanhamento dos trabalhos.

A cantina saudável também é importante durante todo processo, é uma maneira de incitar

toda a comunidade escolar para o tema selecionado. Importante criar um nome para a

cantina, por exemplo, Cantina Legal, Saudável, Inteligente, nomes vistosos podem

melhorar ainda mais a ideia. Em seguida, deve-se

elaborar o cardápio a ser oferecido, considerável

que seja diversificado com intuito de atender a

vários gostos. De posse do cardápio fazer o

levantamento das relevâncias desses alimentos

escolhidos na vida das pessoas como nutrientes

presentes, como se comportam dentro do

organismo, se ajudam ou não no tratamento de

doenças, se podem ser consumidos por todos

entre outros aspectos que se julguem necessários

e pertinentes ao público escolar. Elaborar painéis dessas informações e expor durante o

recreio podem gerar interesses dos alunos sobre o assunto. Outro aspecto a se considerar

no sucesso da cantina está em relação ao valor dos alimentos, preço justo nesse início é

sempre importante e pode atrair mais adeptos ao movimento.

No momento em que se deixa o aluno livre para realizar suas escolhas e construir seus

materiais poupáveis para apresentação no dia da

“Feira” começa-se a surgir diversos projetos

interessantes, basta agora você apenas direcionar o

barco que desloca a todo vapor! Dentro do tópico em

questão desse trabalho podem se destacar diversos

recursos que podem ser produzidos por alunos.

Cantina inteligente, onde serão oferecidos ao público

da mostra alimentos importantes para saúde (produto

que poderá ser aperfeiçoado ao longo de todo o

11

processo com culminância na feira). Clínica Legal, local no qual poderá servir de uma

triagem básica sobre a sua saúde atual, com a medição do peso, pressão, IMC com as

devidas orientações, tais como recomendar a procura de uma especialista para fazer o

analise oficial, além de esclarecimentos sobre diversas doenças relacionadas a má

alimentação. Oficina de sucos naturais, com receitas e dicas de alimentos promotores da

saúde. Interpretação dos rótulos, exposição de percentuais de açúcar, lipídeos e sal

presente nos alimentos industrializados utilizados no dia a dia das pessoas, com o propósito

de informar os males desses componentes em excesso no

organismo. Pirâmide alimentar, mostrando ao público as

diferentes prioridades alimentares em diversas culturas do

mundo, as mudanças das pirâmides alimentares ao longo dos

anos, vantagens e desvantagens de cada uma. Mostras dos

principais suplementos e anabolizantes usados por desportistas

famosos, ou pessoas comuns e seus efeitos a saúde.

Esses são alguns dos materiais que podem surgir após o

desenvolvimento de todas as estratégias propostas, os alunos

muitas vezes tem uma visão dentro do trabalho que nós mesmo

imaginamos, nos resta acompanha-los e direciona-los até o final desse processo.

É importante sempre valorizar os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, mesmo aqueles

que não conseguiram atingir seus objetivos reais, atitude necessária uma vez que pode

servir de um estímulo para os próximos trabalhos a

serem feitos, seja no nível fundamental, médio ou

superior. Evitar equiparar trabalhos é uma boa maneira

de se evitar frustrações. Uma negativa nesse período da

vida pode refletir de forma ruim na vida do estudante por

um bom tempo.

As avaliações poder ser realizadas de diversas formas,

durante o desenvolvimento ou na culminância do

trabalho, sendo necessário ser feita de forma cuidadosa

a fim de se não causar injustiças com os alunos e mantê-

12

los sempre motivados. A primeira dica é convidar os professores das demais áreas para

poderem avaliar os alunos, principalmente durante o dia da mostra, momento pelo qual os

professores poderão ter melhor oportunidade de acompanhar os trabalhos. Uma análise de

pessoas que não estão envolvidas diretamente ao projeto podem apontar críticas

construtivas favorecedoras do crescimento intelectual dos estudantes.

Os educadores poderão avaliar através de notas, questionários com perguntas

direcionadas ao desenrolar do trabalho como: Achou o tema pertinente? Os alunos estavam

preparados para as apresentações? Os conteúdos estavam superficiais? Podem também

tecer comentários de formas espontâneas, o importante é conseguir uma opinião técnica

de pessoas que não participaram das etapas anteriores do projeto. Diretores e comissão

pedagógica podem também se envolverem com as avaliações, isto pode ser mais

motivador aos grupos.

Outra ideia é convocar os pais e familiares dos alunos para poderem fazer suas

considerações sobre os trabalhos dos filhos, para evitar constrangimentos entre pais e

filhos sugiro que os pais ponderem os trabalhos dos grupos que os seus filhos não estejam.

Durante as etapas de desenvolvimento dos trabalhados é pertinente fazer a avaliação dos

alunos pelos professores orientadores. A avaliação subdividida pode estimular o aluno

durante todo o processo, evitando que o aluno deixe tudo para a última hora, não se

esqueça de comunicar a ele que a avaliação ocorrerá durante todo o processo.

Por exemplo durante as aulas expositivas sobre os conceitos básico do tema podem ser

avaliados as participações e interesse dos alunos pelas aulas. No decorrer dos seminários

de aprofundamento podem ser avaliadas o desenvolvimento da comunicação, auto

confiança, criticidade, poder de iniciativa, diversidade de linguagens utilizadas para expor

o tema, competência em utilizar os recursos tecnológicos disponíveis, capacidade em

relacionar assuntos com o cotidiano dele.

Nas aulas práticas em laboratório também podem ter algumas ações dos alunos

qualificadas. Relatórios podem servir de instrumentos de avaliação e reflexão dos

conteúdos trabalhados em aluas teóricas. Relatórios podem organizar melhor as ideias

transmitidas pelo professor contribuindo para aperfeiçoamento dos aprendizado dos

alunos. Importante fazer anotações sobre as dificuldades e qualidades deles, facilitando a

vida do professor quando for necessário saber como interceder diante de alguma

dificuldade.

13

ALMEIDA, M. E. B. de. Como se trabalha com projetos (entrevista). Revista TV Escola. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, n. 22, mar./abr. 2002.

BARCELOS, N. N. S.; JACOBUCCI, G. B.; JACOBUCCI, D. F.. QUANDO O COTIDIANO PEDE ESPAÇO NA ESCOLA, O Projeto da Feira De Ciências “vida em sociedade” se concretiza. Ciência & Educação, v. 16, n. 1, p. 215-233, 2010.

BRASIL, 2006 Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica – Brasília Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Apoio às Feiras de Ciências da Educação Básica: Fenaceb. Brasília. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/fenaceb.pdf, Acesso em: 03 de out. 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Resolução/CD/FNDE Nº 38, de 19 de julho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE./

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3o e 4o ciclos do ensino Fundamental: saúde. Brasília, DF, 1998. Disponível em: Acesso em: 07 jan. 2015.

BRASIL Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Apoio às Feiras de Ciências da Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/fenaceb.pdf. Acesso em: 1 abr.2015.

DORNFELD, Carolina Buso; MALTONI, Kátia Luciene. A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO AUXÍLIO PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA. Revista Eletrônica de Educação. São Carlos, SP: UFSCar, v. 5, no. 2, p.42-58, nov. 2011. Disponível em http://www.reveduc.ufscar.br.

GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38, jan./mar. 2006.

HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

TEIXEIRA, P. M. M. Educação Científica e Movimento CTS no Quadro das Tendências Pedagógicas no Brasil. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v.3, n.1, p.88-102, ago. 2003.

VENTURA, Paulo Cezar Santos POR UMA PEDAGOGIA DE PROJETOS: uma síntese introdutória Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.7, n.1, p.36-41, jan./jun. 2002.

WANDERLEY, E. C. Feiras de Ciências enquanto espaço pedagógico para aprendizagens múltiplas. 1999. 190f. Dissertação (Mestrado em Educação Tecnológica) -Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999.

0

Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Campus Coração Eucarístico – PRÉDIO 20 - Telefone: (31) 3319-4552

Av. Dom José Gaspar, 500 - Coração Eucarístico - Belo Horizonte - MG - CEP 30535-901 - Telefone geral: (31) 3319-4444