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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta O USO DA IMAGEM NA AVALIAÇÃO DE ANATOMIA HUMANA: elaboração de um material de apoio para o professor Belo Horizonte 2012

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · imagem estabelecem uma relação de dependência entre si, em que o elemento modificador é considerado dependente do elemento

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

O USO DA IMAGEM NA AVALIAÇÃO DE ANATOMIA HUMANA:

elaboração de um material de apoio para o professor

Belo Horizonte

2012

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

O USO DA IMAGEM NA AVALIAÇÃO DE ANATOMIA HUMANA:

elaboração de um material de apoio para o professor

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. Área de Concentração: Ensino de Biologia Orientadora: Profa. Dra. Andréa Carla Leite Chaves

Belo Horizonte

2012

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Cotta, Flávia Dutra da Silveira Magalhães C846u O uso da imagem na avaliação de anatomia humana: elaboração de um

material de apoio para o professor / Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta. Belo Horizonte, 2012.

127f.: il.

Orientadora: Andréa Carla Leite Chaves Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática.

1. Anatomia humana – Estudo e ensino. 2. Imagens, Ilustrações, etc. 3. Ensino e aprendizagem. 4. Materiais didáticos. I. Chaves, Andréa Carla Leite Chaves. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 611:373.5

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

O USO DA IMAGEM NA AVALIAÇÃO DE ANATOMIA HUMANA:

elaboração de um material de apoio para o professor

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.

_____________________________________________________________

Profa. Dra. Andréa Carla Leite Chaves (Orientadora) - PUC Minas

______________________________________________________________

Profª. Dra. Claúdia Vilhena Schayer Sabino (Avaliadora interna) - PUC Minas

_____________________________________________________________

Prof. Dr. Francisco Ângelo Coutinho (Avaliador externo) - UFMG

Belo Horizonte, 28 de Fevereiro de 2012.

Aos educadores.

AGRADECIMENTOS

À Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais por fazer parte de minha trajetória

acadêmica, desde a graduação.

Ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática por me aceitar em seu programa,

com destaque a todos os professores que me proporcionaram crescimento intelectual e

humano.

Destino um agradecimento especial à minha querida amiga e orientadora Professora

Andréa Carla, que acreditou em minha proposta de projeto de pesquisa. Sua competência,

atenção e carinho serão sempre lembrados. Muito obrigada Andréa.

À Universidade Salgado de Oliveira, instituição onde trabalho, por permitir que eu

aplicasse meus testes.

Não poderia esquecer de todos os meus amados alunos de Educação Física, que

participaram, integralmente, da minha pesquisa. Sem eles este trabalho não seria realizado.

São esses momentos que me fazem acreditar, cada vez mais, que a educação é o caminho

para a modificação do indivíduo.

Aos meus pais, que sempre estiveram comigo nos momentos de dificuldade.

A meu marido Hélio que me deu força e amor para não desistir.

Aquele que não está disposto a pequenas reformas não estará nunca disposto a grandes reformas. (GANDHI apud POLO, 2007, p. 194).

RESUMO

O uso da imagem é fundamental no ensino de Anatomia Humana, pois trata-se de

uma disciplina com forte contexto visual, que exige dos educandos a identificação e

a compreensão de uma variedade de estruturas do corpo humano. No presente

trabalho, foi desenvolvido um material didático dirigido aos professores sobre como

utilizar as imagens nas avaliações, apoiado em pesquisas da área da memória e da

cognição. Inicialmente, foi feita uma investigação sobre o uso da imagem em

diferentes tipos de questões de Anatomia Humana, em testes aplicados para alunos

da graduação de Educação Física. A análise dos resultados permitiu-nos concluir

que a colocação de uma imagem acompanhada de indicações claras, seja em

questões objetivas ou discursivas, facilita o resgate das informações na memória.

Observou-se, ainda, que a qualidade da imagem é um fator determinante para sua

efetividade na avaliação. Posteriormente, foi produzido um caderno, produto desta

dissertação, com orientações e exemplos de como introduzir as imagens na

avaliação de Anatomia Humana de forma assertiva e produtiva. Para a construção

do caderno, aplicaram-se os princípios da multimodalidade e do uso da imagem e

levou-se em consideração os resultados obtidos na investigação dessa pesquisa.

Numa análise preliminar, feita por especialista na área de Anatomia Humana, o

material foi bem avaliado e parece ter alcançado seus objetivos. Dessa forma, este

trabalho aponta caminhos que podem colaborar no sentido de melhorar a avaliação

na disciplina de Anatomia Humana, através da inserção de imagens.

Palavras-chave: Imagem. Avaliação. Ensino e aprendizagem. Anatomia Humana.

ABSTRACT

The use of the image is essential in the teaching of Human Anatomy, because it is a

discipline with strong visual context, which requires students to identify and

understanding a variety of structures of the human body. In the present work, we

developed an educational material aimed to teachers on how to use the images in

the assessments, supported by research in the area of memory and cognition.

Initially, we made a research on the use of the image in different issues of Human

Anatomy, tests applied for undergraduate students of Physical Education. The

results allowed us to conclude that the placement of an image accompanied by clear

indications, either objective or discursive issues, facilitates the recovery of

information in memory. There was also that the image quality is a determining factor

in assessing its effectiveness. It was later produced a notebook, a product of this

dissertation, with guidelines and examples of how to insert images in the evaluation

of Anatomy so assertive and productive. For the construction of the notebook, we

applied the principles and the use of multimodality image and took into account the

results obtained in this research study. In a preliminary analysis, done by a specialist

in the area of Human Anatomy, the material was well evaluated and appears to have

achieved their goals. Thus, this work suggests approaches that can work together to

improve the assessment in the discipline of Human Anatomy, by inserting images.

Keywords: Image. Evaluation. Teaching and learning. Human Anatomy.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Exemplo de uma página monomodal ....................................................34 FIGURA 2 - Exemplo de uma página multimodal......................................................35 FIGURA 3 - Esquema da alça motora.......................................................................39 FIGURA 4 - Esquema das terminações pré-sinápticas .............................................41 FIGURA 5 - Esquema da reação do medo................................................................41 FIGURA 6 - Esquema da circulação sanguínea no cérebro aumentada em certas regiões, que diferem segundo o tipo de tarefa efetuada ...........................................42 FIGURA 7 - Sequência de etapas dos sistemas de memória a partir de um evento novo ..........................................................................................................................44 FIGURA 8 - Memória operacional de Baddeley ........................................................50 FIGURA 9 - Modelo da compreensão integrada de texto e figura de Schnotz e Bannert......................................................................................................................52 FIGURA 10 - Teoria cognitiva da aprendizagem multimídia .....................................54 FIGURA 11 - Aula de Anatomia Humana em bancada elíptica.................................62 FIGURA 12 - Aula de Anatomia Humana em bancada um para oito ........................63

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Tipos e características da memória.....................................................46 QUADRO 2 - Alguns conceitos de avaliação da aprendizagem nas últimas décadas..................................................................................................................................57 QUADRO 3 - Caracterização das turmas participantes da coleta .............................68 QUADRO 4 - Esquema dos testes A, B, C e D utilizados na investigação ...............69 QUADRO 5 Esquema dos testes E, F, G e H utilizados na investigação.................70 QUADRO 6 - Gabarito do teste A..............................................................................72 QUADRO 7 - Gabarito do teste E..............................................................................73 QUADRO 8 - Assuntos abordados nos itens do ”Caderno de orientações sobre o uso da imagem na avaliação da aprendizagem de Anatomia Humana” ..........................82 QUADRO 9 - Aspectos positivos do produto segundo a avaliadora..........................85 QUADRO 10 - Aspectos negativos do produto segundo a avaliadora ......................86

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Desempenho dos alunos na questão de retenção..............................74 GRÁFICO 2 - Desempenho dos alunos na questão de transferência com resolução de problema ..............................................................................................................76 GRÁFICO 3 - Desempenho dos alunos na questão de transferência com elaboração de texto .....................................................................................................................77 GRÁFICO 4 - Desempenho dos alunos na questão de associação entre imagem esquemática e imagem real na mesma posição .......................................................79 GRÁFICO 5 - Desempenho dos alunos na questão de associação entre imagem esquemática e imagem real em posições diferentes.................................................80

LISTA DE SIGLAS

CITF- Compreensão integrada do texto e figura

ENADE- Exame nacional de desempenho dos estudantes

TCAM- Teoria cognitiva da aprendizagem multimídia

TCC- Teoria da carga cognitiva

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................27 2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................. .......................................................32 2.1 A multimodalidade .............................. ..............................................................32 2.2 O uso da imagem no ensino..................... .......................................................37 2.3 Memória e cognição............................. .............................................................44 2.3.1 Teoria da memória operacional de Baddeley ...................................................49 2.3.2 Teoria dos códigos duplos de Paivio ................................................................50 2.3.3 Teoria da carga cognitiva de Sweller................................................................51 2.3.4 Modelo da compreensão integrada de texto e figura (CITF) de Schnotz e Bannert......................................................................................................................52 2.3.5 Teoria cognitiva da aprendizagem multimídia (TCAM).....................................53 2.4 A aprendizagem multimodal...................... .......................................................55 2.5 O papel da avaliação no ensino superior........ ................................................57 2.6 Ensino de Anatomia Humana...................... .....................................................62 3 A INVESTIGAÇÃO ................................... .............................................................67 3.1 Cenário e sujeitos da pesquisa................. .......................................................67 3.2 Instrumento da pesquisa ........................ ..........................................................68 3.3 Análise e discussão dos dados .................. .....................................................73 4 ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DO PRODUTO................ ...................................81 4.1 Elaboração do caderno de apoio do professor .... ..........................................81 4.2 Avaliação do caderno ........................... ............................................................83 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................. ......................................................88 REFERÊNCIAS.........................................................................................................91 APÊNDICE A - Testes................................ ............................................................100 APÊNDICE B - Testes................................ ............................................................112 APÊNDICE C - Termo de consentimento livre e esclare cido.............................120 APÊNDICE D - Gabarito dos testes................... ...................................................121 APÊNDICE E - Questionário de avaliação do produto .. .....................................127

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1 INTRODUÇÃO

A aprendizagem é um processo multimodal caracterizado por várias

representações, tais como: músicas, imagens, sons e gestos. Segundo Iedema

(2003), a tendência para uma análise multimodal gira em torno de dois aspectos: (a)

a descentralização da linguagem como favorecedora da construção de sentido e (b)

um novo olhar sobre limites entre os papéis das várias representações.

A multimodalidade reconhece que a língua não é o centro da comunicação

(MARTINEC, 2001). Dentro do processo multimodal a relação língua e imagem

trabalham juntas (KRESS; VAN LEEUWEN, 1996). Segundo Martinec e Salway

(2005), assim como as relações entre as orações, numa oração coordenada,

colocam-nas como oração principal e coordenada, as relações entre imagem e texto

passam a ocupar um status desigual quando um dos dois modifica o outro. Texto e

imagem estabelecem uma relação de dependência entre si, em que o elemento

modificador é considerado dependente do elemento modificado.

Pozzer- Ardenghi e Roth (2005), afirmam que as imagens são, singularmente,

importantes para a construção do conhecimento científico, constituindo um meio

amplamente aceito no diálogo científico, tendo um grande potencial na comunicação

entre aspectos da natureza e, também, para indicar o conteúdo das idéias. A

imagem, no ensino da biologia, é um importante recurso para compreender e

visualizar os conceitos aprendidos em sala de aula.

A utilização da imagem é uma forma de comunicação das idéias científicas,

contribuíndo para a inteligibilidade de diversos textos científicos, e desempenhando

um papel fundamental na constituição das idéias científicas, e na sua

conceitualização, segundo Martins, Gouvêa e Piccinini (2005).

As imagens são utilizadas em diferentes contextos pedagógicos gerando uma

confusão na forma como essas são percebidas, o que muitas vezes, tem como

consequência diferentes interpretações de um mesmo conceito. Martins, Gouvêa e

Piccinini (2005), lembram que a busca de uma significação para a imagem envolve

análises de elementos composicionais, busca na memória por experiências

relevantes e estabelecimento de relações com situações do cotidiano. Da mesma

forma que a leitura do texto escrito, a leitura das imagens não se restringe à simples

leitura de signos, fazendo-se necessário um aprendizado de leitura das imagens.

Nessa perspectiva, o visual é visto, não como subordinado ou menos importante,

28

mas como um modo semiótico que interage e coopera com o linguístico (KRESS;

OGBORN; MARTINS, 1998).

Existem dois fatores necessários para que um elemento ou símbolo adquira

importância significativa, segundo Klein e Laburú citado por Amentler e Pintó (2002),

o primeiro é que os estudantes tenham conhecimento científico suficiente para ler a

imagem e, o segundo é a necessidade de enfatizar o símbolo, através das legendas

ou outro meio de destaque.

A possibilidade de visões diferentes de um mesmo conjunto de sinais e

símbolos nem sempre é prejudicial, pelo contrário, abre espaço para discussões e

favorece assimilação de novos conceitos e surgimento de novas hipóteses.

Entretanto, de acordo com Martins, Gouvêa e Piccinini (2005) isso pode ser

prejudicial quando se trata de assuntos padronizados, como conteúdos

programáticos de Ciências, que exigem fidelidade ao que se propôs, e ao lembrar

que o livro didático é um recurso, também, para ser usado em casa, longe do

educador.

É importante, portanto, que o professor tenha conhecimento de que a imagem

é um recurso considerável no processo de ensino, mas que sua utilização precisa de

ser entendida e avaliada para uma interpretação segura, por parte dos alunos. A

idéia de que os alunos podem ler imagens de formas diferentes e que, portanto, é

preciso conhecer essas leituras para intervir em sua produção é fundamental,

principalmente, se considerar-se o aluno participante ativo na produção do

conhecimento escolar. As leituras produzidas pelos alunos sobre as imagens podem

revelar dificuldades de elaborações conceituais do ponto de vista da Ciência,

obstáculos epistemológicos ou suas concepções alternativas, assim como os valores

e ideologias associados à produção científico-tecnológica. (SILVA; ZIMMERMANN;

CARNEIRO, 2006).

Em várias áreas da biologia, o emprego da imagem faz parte do contexto da

sala de aula. O que se percebe é uma dificuldade de entendimento das imagens

devido à falta de abordagem correta pelos professores ou mesmo um deslocamento

da imagem no texto. Um exemplo desse fato é encontrado na disciplina de

Embriologia, que utiliza uma diversidade de imagens. São utilizadas fotografias,

desenhos, esquemas, gráficos e tabelas, todos ao mesmo tempo, mostrando a falta

de uma sistematização. Araújo (1995) tratou do papel das imagens como fontes de

informações e suportes para aquisição de conhecimentos. Ele afirma que muitas

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lacunas e interrogações subsistem quanto a este papel, e sustenta que poucas são

as sistematizações desses conhecimentos sob a forma de métodos de sua utilização

no processo educativo. Ainda predomina preocupações mais com a estética da

imagem do que das modalidades práticas do uso desses suportes pelo professor em

sala de aula.

De acordo com Joly (2007), existem imagens registradas e imagens

fabricadas. As fotografias são imagens registradas, pois são obtidas pelas próprias

coisas. As imagens fabricadas são aquelas que imitam, mais ou menos

corretamente, um modelo. Os desenhos entram nesta categoria.

De uma forma geral, as disciplinas da área de Biologia utilizam muito as

imagens para explicar a forma e funcionamento das estruturas.

Para Matos et al.,

Devemos ter em mente que o uso das imagens é fundamental no ensino de Embriologia, pois a Embriologia é uma ciência visual que exige dos alunos um grande esforço para o entendimento de uma gama de conceitos e significados complexos e, muitas vezes, abstratos, como é o caso da visualização mental dos processos do desenvolvimento embrionário (MATOS et al., 2010, p. 95).

Assim como na Embriologia e no ensino de Anatomia Humana, a imagem,

também, é muito utilizada. A disciplina Anatomia Humana perpassa pelos conceitos

teóricos aplicados à prática, os quais os alunos são instruídos a identificar,

interpretar e descrever os elementos anatômicos dos diferentes tipos de tecidos,

órgãos e sistemas do corpo humano. Sua compreensão é fundamental para

efetivação dos estudos práticos em laboratório, pois, a forma, atualmente, aplicada

segue o modelo de ensino tradicional de anatomia realizado por meio de peças

tratadas de cadáveres ou anatômicas, diz Neves (2010).

Como professora de Anatomia Humana na graduação, frequentemente,

utiliza-se a imagem no preparo de material didático e de avaliações para uso em

sala de aula. Isto se deve à base morfológica característica desta disciplina.

Observou-se durante anos de docência que a quantidade de imagens diferenciadas

de uma mesma estrutura faz com que o aluno não entenda, exatamente, o que

considerar. Esse problema tem sido verificado, mais claramente, quando na inserção

da imagem nas avaliações da disciplina.

De maneira geral, durante a prática docente, quatro formas de uso da

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imagem são utilizadas nas avaliações: a identificação direta das estruturas, a partir

de uma imagem, a utilização de um enunciado em que se identificaria a melhor

imagem, imagens transformadas em enunciados e imagens comparativas. A partir

dessas experiências, percebe-se como a imagem pode ser interpretada e assimilada

de diversas formas pelos alunos.

Diante do exposto neste trabalho abordou-se a questão da utilização da

imagem nas avaliações. Considerando essa abordagem preocupou-se com a

inserção e a forma com que elas estão sendo aplicadas e cobradas,

interpretativamente, na avaliação. Inicialmente, desenvolveu-se uma pesquisa

investigativa para avaliar o desempenho dos alunos diante de diferentes formas de

emprego da imagem na avaliação. Considera-se que é necessário que os

professores conheçam as várias faces de compreensão da imagem pelos alunos, e

o como ela deve ser proposta de forma mais adequada, para permitir uma avaliação

mais efetiva da aprendizagem. Acrescenta-se, ainda, que diante da crescente

preocupação em transformar as avaliações em instrumentos não punitivos, mas

integradores do conhecimento reafirma-se a importância de que essas informações

cheguem até os professores, na tentativa de melhorar sua prática docente e tornar

mais eficiente o aprendizado dos alunos.

Assim, optou-se por trabalhar nesta dissertação, inicialmente, com o

desenvolvimento de uma pesquisa investigativa, direcionada pelos seguintes

questionamentos:

a) qual é a importância da imagem no processo avaliativo?

b) de que forma o aluno interpreta uma imagem?

c) qual a forma mais produtiva da imagem, na avaliação?

A partir desses questionamentos, traçou-se o primeiro objetivo que foi

investigar o efeito no desempenho dos alunos de várias formas de inserção da

imagem na avaliação da aprendizagem de Anatomia Humana, utilizando o tópico

cérebro que está dentro do sistema nervoso, como tema.

Posteriormente, a partir dos resultados desta pesquisa, passou-se ao

segundo objetivo deste trabalho que foi, elaborar e testar um material de apoio para

o professor, com sugestões norteadoras para a utilização de imagens na avaliação

de Anatomia Humana, relacionando-a com sua importância em um conjunto de

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formas de conhecimento, e levando em consideração as várias faces interpretativas

de um mesmo símbolo.

Esta dissertação foi organizada em capítulos, da seguinte forma:

a) o primeiro capítulo corresponde a esta introdução;

b) o segundo capítulo apresenta o referencial teórico com dados, ideias e

conceitos relevantes para a compreensão do uso das imagens no ensino,

mais especificamente, na avaliação. O conteúdo deste capítulo foi importante

ao nortear o desenvolvimento e análises deste trabalho;

c) o terceiro capítulo aborda o percurso metodológico e os resultados da

pesquisa investigativa;

d) o quarto capítulo é dedicado à elaboração e avaliação do material de apoio

para os professores que constitui o produto desta dissertação;

e) finaliza-se com as considerações finais, onde discute-se e integra-se os

assuntos abordados nos capítulos apresentados acima, no intuito de

contribuir para a melhoria da prática docente, mais especificamente, para o

uso mais assertativo das imagens na avaliação de Anatomia Humana.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A multimodalidade

Os gêneros discursivos produzem significados e estabelecem relações

através dos textos. Esses, por sua vez, materializam-se através da linguagem, seja

ela verbal ou não-verbal. Todo arranjo visual existente no gênero discursivo, ou seja,

a diagramação, cores, figuras, tipo de papel (no caso de texto escrito) ou até como

as pessoas se comportam nos textos orais (gestos, entonação de voz, expressões

faciais) chamamos de multimodalidade.

Kress e Van Leeuwen (1992) consideram multimodal qualquer texto que

utiliza mais de um recurso semiótico (linguagem verbal, visual, gestual, sonora e

outros). Conforme Kress, Leite-Garcia e Van Leeuwen (2000), a multimodalidade

tenta compreender todos os modos de representação que entram no texto.

É necessário considerar que as imagens são constitutivas em textos e não

funcionam, apenas, como um enfeite. Dionísio (2005, p.159), diz que “imagem e

palavra mantêm uma relação cada vez mais próxima, cada vez mais integrada”.

Dionísio (2005, p.159) classifica nossa sociedade como “cada vez mais visual”.

Mudanças significativas trazem à tona um novo tipo de texto bastante

recorrente nas práticas sociais modernas: o texto multimodal. A linguagem do

mundo atual privilegia o texto multimodal. É interessante refletir como o arranjo

visual acoplado ao textual prende a atenção, como guia o olhar diretamente para a

representação visual dos textos. Isso ocorre porque o objetivo do arranjo visual é

que as imagens sejam enlaçadas pelo indivíduo. Imagens bem elaboradas ajudam à

leitura textual, motivando e proporcionando uma continuidade nessa leitura

Tal interesse recai nas imagens multimodais como um todo. No caso dos

desenhos anatômicos, essas formas são: o desenho, as palavras, as expressões

técnicas, a fotografia, as setas, entre outras. Em outras palavras, um texto

multimodal apresenta a informação através de recursos verbais (orais ou escritos) e

de recursos pictoriais (estáticas ou dinâmicas). Deve-se observar se há um

comprometimento entre a construção de imagens e os enunciados a ela referentes.

De acordo com Lemke

os gêneros multimodais podem ser ensinados em sala de aula, desde que, tanto professores quanto alunos, possam saber o que eles são, para que

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são usados, que recursos empregam, como eles podem ser integrados um ao outro, como eles são tipicamente formatados, quais seus valores e limitações. (LEMKE, 2000, p. 269).

Dionísio e Travassos (2004, p. 8), lembram que “todo professor tem convicção

de que imagens ajudam a aprendizagem, quer seja como recurso para prender a

atenção dos alunos, quer seja como portador de informação complementar ao texto

verbal”.

As imagens auxiliam na memorização de conteúdos, ratificam os

acontecimentos, diminuem o esforço mental e cognitivo para a compreensão de

textos que são acompanhados de imagens. Conforme Gonzaga (2005), palavras e

imagens representam o conhecimento de formas diferentes, e possuem em seu

conteúdo qualidades diferentes.

Interessa-se estudar as relações da fusão imagem-texto, considerando que

estes modos (imagem e texto) possuem características particulares que se integram

tanto no layout quanto no significado da mensagem segundo Kress e Van Leeuwen

(1996). As razões desse interesse baseiam-se em duas idéias principais: (a) alguns

tipos de imagens, em certos contextos, podem ser mais esclarecedores que o texto

escrito e (b) a combinação de texto escrito e imagem pode favorecer melhor a

construção de sentidos. Além disso, as imagens costumam ter um impacto

emocional mais direto, enquanto o texto escrito traz um apelo maior ao raciocínio

lógico. Isto não quer dizer, porém, que as palavras não emocionem e que as

imagens não sejam racionais (Gráficos e tabelas são bons exemplos de mensagens

racionais). Mas interessa conhecer melhor de que maneira essa inter-relação entre

imagem e texto podem contribuir para a elaboração de materiais didáticos, que

favoreçam a construção de sentidos no texto pedagógico.

Como afirma Baldry e Thibault (2006), o texto multimodal apresenta diferentes

modalidades semióticas que adotam diferentes princípios organizacionais para criar

significados. Kress e Van Leeuwen (1996) apresentam parâmetros para observação

dos elementos que compõem as imagens, considerando-os não mais como “figuras”,

mas como sintagmas1 visuais correspondentes aos que existem na sintaxe2 da

linguagem escrita. 1

1 Sintagma: Combinação de duas formas ou unidades linguisticas elementares em que uma,

funcionando como determinante, cria um elo de subordinação com outra, dita determinada. (DICIONÁRIOWEB, 2011).

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Como afirma Lopes (2010), ocorreu uma mudança do texto monomodal para

o multimodal, a multimodalidade se apresenta com a utilização de diversos recursos

sendo que em uma página o espaço ocupado pela linguagem visual é quase o

mesmo daquele ocupado pela linguagem textual. Em algumas situações, as

imagens prevalecem na página, estando, portanto, em destaque. A Figura 1 abaixo

ilustra um texto monomodal e a Figura 2, um texto multimodal sobre o sistema

nervoso.

Figura 1 - Exemplo de uma página monomodal

TRONCO ENCEFÁLICO

O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo, ou seja, conecta a medula espinal com as estruturas encefálicas localizadas superiormente. A substância branca do tronco encefálico inclui tratos que recebem e enviam informações motoras e sensitivas para o cérebro e também as provenientes dele. Dispersas na substância branca do tronco encefálico encontram-se massas de substância cinzenta denominadas núcleos, que exercem efeitos intensos sobre funções como a pressão sangüínea e a respiração. Na sua constituição entram corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas, que por sua vez, se agrupam em feixes denominados tratos, fascículos ou lemniscos. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10fazem conexão com o tronco encefálico. O tronco encefálico se divide em: bulbo, situado caudalmente, mesencéfalo, e aponte situada entre ambos.

Fonte: WECKER; SOARES; LENZ, 2012.

2 Sintaxe: Arranjo, combinação ou disposição das palavras na frase. Disponível em:

(DICIONÁRIOWEB, 2011).

35

Figura 2 - Exemplo de uma página multimodal

Fonte: MORAES, 2010.

Contudo, apesar dos textos tenderem a discursos multimodais, que utilizam

vários recursos semióticos, existe, ainda, uma postura monomodal no ambiente de

aprendizagem, priorizando a linguagem verbal. Segundo Rezende (2004), os alunos

não são motivados ao desenvolvimento das competências necessárias para explorar

os recursos visuais realizando, assim, uma leitura crítica em relação às figuras e ao

texto verbal.

Royce citado por Rezende (2004), utiliza a expressão “competência

comunicativa multimodal” para referir-se à capacidade de construção e interpretação

da inter-relação semiótica nos textos multimodais. Para esse autor, a aquisição de

tal competência implica o investimento de algum esforço na análise do papel das

imagens em relação à linguagem escrita.

Assim, para Lopes (2010), o aluno deve, por exemplo, saber usar ou

reconhecer no texto, as pistas necessárias à identificação da relação entre texto

verbal e figuras e saber avaliar os meios de se estruturar a informação para alcançar

determinados propósitos. A falha em reconhecer e realizar isso, pode resultar em

dificuldades na leitura de textos multimodais (REZENDE, 2004). O exame dos textos

multimodais é uma prerrogativa para elucidar as várias maneiras como uma forma

simbólica é lida e compreendida por quem as produz e as recebe.

36

Segundo Fairclough (2001, 2003), categorias são empregadas para auxiliar o

entendimento de como os elementos relacionam-se uns com os outros, assim, como

quais conhecimentos culturais são exigidos ao ler determinado material de

aprendizagem. Essas categorias incluem a modalidade verbal e modalidade

imaginética que de acordo com Kress e Van Leeuwen (2001), respectivamente,

significam a categoria já conhecida (teoria do dado) e a desconhecida do leitor

(teoria do novo). O texto escrito, portanto, é a informação antiga, que no caso pode

estar ligada à idéia de entendimento gramatical e não, necessariamente,

conhecimento cultural. A imagem representa a informação nova e da mesma forma

que acontece com o texto escrito exige leitura crítica, pois para responder perguntas

sobre o texto aquela é usada como elemento de composição do significado

(FERRAZ, 2008).

Essas categorias podem ser lidas de várias maneiras configurando o que

Kress e Van Leeuwen (1996), chamam de leitura não-linear, que se caracteriza por

ser determinada pelo leitor, o qual pode iniciar a leitura da direita para esquerda, de

cima para baixo, linha por linha. A leitura pode ser em espiral, diagonal ou circular.

Com a composição multimodal, aumentaram-se as possibilidades aos receptores, e

conforme Kress e Van Leuwen (1996, p. 223), enquanto os textos lineares impõem

uma estrutura sintagmática para o leitor, as imagens mediante a sequência da

conexão entre os elementos podem ser vistos de forma que o leitor possa conectá-

los.

Segundo Barros (2009), os textos que aliam a materialidade verbal à

pictográfica exigem que o leitor recorra, não somente às estratégias de

compreensão e apreciação, mas também às estratégias particulares de observação

multimodal que levam a selecionar e verificar as informações da sintaxe verbal.

Estratégias de observação da multimodalidade foram elaboradas na reconstrução

dos sentidos dos textos multimodais (BARROS, 2005):

a) seleção e verificação das informações verbais - refere-se à ativação das

capacidades de compreensão e apreciação da leitura dos textos verbais,

como parte do processo de compreender a significação do texto como um

todo;

b) organização das informações da sintaxe visual - trata-se da observação dos

elementos pictográficos de modo a selecionar e organizar as informações

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relevantes à construção da significação;

c) integração das informações verbais e não verbais - trata-se da capacidade de

observar e conjugar as informações da materialidade verbal à pictográfica,

relacionando-as no ato de construção dos sentidos dos textos;

d) percepção do todo unificado de sentido que se compõe através da integração

dos materiais verbais e não verbais - trata-se da ativação de diversas

capacidades linguístico-discursivas e de leitura aliadas à organização e

observação das informações, através das quais o leitor constrói um todo de

significação.

2.2 O uso da imagem no ensino

A definição de imagem depende do seu foco de estudo. Para Contrera e

Hattori (2003, p. 26), a imagem é “um termo que comumente utiliza-se para designar

representações gráficas ou verbais de algo que existe ou poderia existir”. As

imagens, diferentemente das palavras, não estão, arbitrariamente, relacionadas às

coisas que representam.

Ter uma imagem é como ver o objeto, mas sem que o objeto esteja,

realmente, presente. Você reconhece o objeto na imagem do mesmo modo que

reconhece o objeto quando você pode realmente vê-lo [...]. As imagens melhoram a

memória no sentido em que você pode armazenar não apenas a própria palavra,

mas uma imagem da coisa a qual está dando nome [...] Conseguir formar uma

imagem da coisa a qual se refere, garante que a palavra que a denomina possa ser

melhor recordada (KOSSLYN, 1992).

Um conceito classificatório para imagem é proposto por Mitichell citado por

Contrera e Hattori (2003), o qual faz uma classificação didática em imagens gráficas

(pinturas, estátuas e desenhos), ópticas (geradas pelo espelhamento e projeção),

perceptuais (as que chegam pelos sentidos e reconhecimento de aparência),

mentais (realizadas pelos sonhos, memórias e idéias) e verbais (descritas pelas

palavras).

Entretanto, a compreensão de uma imagem pode ser a fusão de vários

conceitos classificatórios. A compreensão de uma imagem está associada ao

significado individual: o signo. Para Peirce (1972, p. 94), “um signo, ou

representamen, é algo que, sob certo aspecto ou de algum modo, representa algo

38

para alguém”.

Peirce (1972, p. 105), propôs uma divisão dos signos de acordo com a

relação existente entre a parte perceptível do signo (o significante) e o objeto (o

referente ou o representado), a saber:

a) o ícone, que é o signo cujo significante mantém com o seu referente uma

relação de analogia;

b) o símbolo, tipo de signo que mantém com o seu referente uma relação de

convenção, caracterizada pela arbitrariedade;

c) O índice, categoria do signo que mantém com seu referente uma relação de

causa e efeito.

Para ilustrar essa classificação dos signos, apresentamos a Figura 3, abaixo.

Trata-se de um esquema que representa a relação entre os gânglios da base e as

áreas motoras do córtex cerebral. Podemos observar que em sua construção foram

utilizadas as três categorias de signos: os signos simbólicos (Sinais + e -), signos

icônicos (Gânglios da base e palavras identificadoras) e signos de índice (Diagrama

da circuitaria da alça motora, através dos gânglios da base identificadas pelas

sinapses com sinal de adição (+) excitatórias, e aquelas marcadas com sinal de

subtração (-) inibitórias).

39

Figura 3 - Esquema da alça motora

Fonte: PEREIRA, 2011.

Cassiano, propõe a partir da categorização de Peirce, uma definição de

imagem. Para Cassiano

entendem-se como imagem [...] signos icônicos ou simbólicos (ou uma combinação desses) cujo significante (representamem) mantêm uma relação analógica (para ícones) ou convencional (para símbolos) com o referente. O referente pode ser um objeto (um ser, uma coisa) ou um fenômeno. Tais signos se apresentam em oposição ao texto escrito e são compostos por figuras, fotografias, diagramas, gráficos, esquemas, desenhos e imagens de arte. (CASSIANO, 2002, p. 22).

Santaella e Noth (1998) consideram as imagens sob dois focos distintos: as

imagens como representação mental e as imagens como representação visual. No

primeiro caso, as imagens aparecem como visões, esquemas, modelos,

imaginações e fantasias, em um domínio que os autores chamam de imaterial. No

segundo caso, as imagens aparecem como objetos materiais, signos representativos

de nosso ambiente visual. Tratam-se, agora, do domínio visual das imagens

representado pelos desenhos, pinturas, fotografias, infografias, gravuras, holografias

e as imagens televisivas e cinematográficas.

Para Joly, a imagem não é, apenas, um signo icônico ou figurativo, já que ela

pode ser o intercruzamento de diferentes materiais que constituem uma mensagem

40

visual. Segundo Joly

a imagem é, antes de tudo, algo que se assemelha a alguma coisa. Isto se aplica, até mesmo, quando esta imagem não é concreta. Esta semelhança coloca a imagem na categoria das representações: ela se parece com a coisa, porém não a é, sendo definida, portanto, como signo analógico, que tem na semelhança o seu princípio de funcionamento (JOLY, 2005, p. 114-115).

Os professores fazem uso constante da imagem como instrumento auxiliar

em suas aulas e materiais didáticos. Essas imagens são exibidas de várias formas,

inseridas no texto, autoexplicativas, ancoradas a uma visualização prévia como no

caso das lâminas histológicas observadas no microscópio ou complementares a

uma imagem real.

De acordo com Edwards (2005), o domínio do conteúdo disciplinar envolve o

desenvolvimento de ferramentas capazes de gerar uma nova proposta de

linguagem. Para Martins (2006), a inclusão de boas ilustrações é vista como um

atrativo, configurando-se como uma ferramenta para contornar ou superar as

dificuldades de leitura e interpretação de textos verbais escritos em linguagem

científica.

Segundo Mendes (2006), existem três funções desempenhadas pelas

imagens:

a) função explicativa: refere-se às imagens cujo objetivo é facilitar a

compreensão e retenção da informação textual;

b) função metalinguística: A imagem adquire mais importância que a mensagem

verbal;

c) função catalisadora de experiências: A imagem possibilita ao aluno exercitar

uma atividade.

A Figura 4, a seguir, é um exemplo da função explicativa da imagem que

evidencia as relações entre a produção do neurotransmissor dopamina na

substância cinzenta do córtex cerebral.

41

Figura 4 - Esquema das terminações pré-sinápticas

Fonte: DAMIANI, 2007.

A Figura 5, a seguir, é um exemplo de função metalinguística, que mesmo

sem haver nenhuma mensagem verbal, a própria imagem já identifica a função das

estruturas, tornando-se mais importante do que qualquer explicação.

Figura 5 - Esquema da reação do medo

Fonte: DAMIANI, 2007.

42

A Figura 6, a seguir, é um exemplo de função catalisadora de experiências,

que ao mostrar sequências do córtex cerebral quanto à formação de palavras

permite ao aluno interpretar e exemplificar as várias diferenças entre expressões e

sentidos de uma mesma palavra.

Figura 6 - Esquema da circulação sanguínea no cérebro aumentada em certas

regiões, que diferem segundo o tipo de tarefa efetuada

(aqui ligadas ao exame das palavras e sua verbalização)

Fonte: NICOLAU, 2012.

Contudo, o maior problema em relação ao uso da imagem no ensino é a

forma como que ela é explorada e interpretada no processo ensino-aprendizagem.

No intuito de proporcionar uma aula mais atrativa possibilitando uma fixação do

conteúdo mais eficiente, os professores elaboram variadas formas de inserirem a

imagem em suas aulas. Porém, dentro dessa realidade podem surgir divergências

entre o que o professor quer que o aluno entenda e interprete na imagem, e o que o

aluno interpretou daquela imagem.

Assim, conforme Martins (2001), o professor precisa de encontrar meios de

provocar ou estimular o interesse de seus alunos para obter o aprendizado, mas

cada um irá trilhar seus próprios caminhos até lá. Isto significa que mesmo que o

uso da imagem seja feito para um público homogêneo a leitura será diferenciada e

individualizada.

43

Segundo Soares (2008), a imagem tratada como sinal restringe a

interpretação, impondo a ideia de que a imagem fala por si só, e que o simples fato

de observá-la fará com que os alunos incorporem todos os conceitos à cerca do

conteúdo.

Baseado em Santaella (1983), a imagem tratada como símbolo contribui para

a asssociação dos sentidos e aumenta a possibilidade de ressignificação. Para que

uma imagem seja bem utilizada na aula, os professores devem ter consciência do

potencial informativo que elas carregam.

Para Martins (2006), a imagem só será explorada como recurso visual no

processo de ensino quando o professor estiver embasado sobre os benefícios que

ela poderá proporcionar. Pesquisadores de ensino de ciências têm afirmado que há

uma necessidade urgente de se aprender a “ler” as imagens, buscando-se, portanto,

existir a urgência de uma “alfabetização visual” (KRESS; VAN LEEUWEN, 2001, p.

3). Para que a alfabetização visual ocorra, é imprescindível, também, considerar

que:

“o trabalho de interpretação da imagem, como na interpretação verbal, vai

pressupor, também, a relação com a cultura, o social, o histórico, com a formação

dos sujeitos” (SOUZA, 2001, p. 7).

Confirmando isto, Silva et al., (2006), relata que para que uma imagem

obtenha sentido a partir de uma observação, tanto o leitor como a imagem são

considerados parte de um processo que se iniciou bem antes, já que todos trazem

experiências que podem ser chamadas de sentidos internalizados, a partir de

situações anteriores.

Isso indica, conforme Orlandi (1999), citado por Silva et al. (2006), que todo o

contexto que envolve o momento em que o leitor se depara com a imagem sofre

influências diretas das experiências vividas por ele e, de alguma forma irá influenciar

na interpretação da imagem.

Roth (2005) denomina isso de pré-conhecimento, ou seja, o conjunto de

informações que o leitor foi assimilando ao longo de suas experiências. São essas

experiências individuais que fazem com que uns vejam alguns detalhes de uma

imagem e outros não.

Assim fica explícito o caráter polissêmico da palavra imagem, para tal utilizar-

se-á a definição de Vezin e Vezin (1998, p. 655), “é uma representação figurada de

um conhecimento utilizando formas, dimensões e posições que reproduzem apenas

44

as categorias válidas de um determinado objeto ou fenômeno”.

Então, baseado nos vários conceitos sobre a imagem e sua utilização no

ensino, acredita-se que a leitura das imagens não ocorre de forma imediata, sendo

necessário que se promova o ensino da leitura delas, estabelecendo novas formas

de comunicação visual e verbal visando desvendar as potencialidades pedagógicas

da imagem.

2.3 Memória e cognição

A memória é dividida, segundo Lent (2005), em: aquisição, seleção, retenção,

esquecimento, consolidação e evocação.

A Figura abaixo representa este processo:

Figura 7 - Sequência de etapas dos sistemas de memória a partir de um evento

novo

Fonte: Adaptado de LENT, 2005, p. 592.

A aquisição consiste na entrada de um evento qualquer. Durante a aquisição,

existe uma seleção de aspectos mais relevantes para a cognição. Os eventos são

armazenados por um tempo variável na forma de retenção; esses eventos podem

ser esquecidos e desaparecer da memória, outros serão memorizados durante certo

período, e apenas poucos permanecerão na memória, prolongadamente, ocorrendo

uma consolidação sendo, portanto evocados para utilizá-los na cognição, emoção ou

exteriorizá-los através do comportamento, explica Lent (2005).

Para Pinto citado por Lent (2005) a memória passa por um processo de

entrada da informação na memória (aquisição), permanece lá por certo tempo

(retenção de curto e longo prazo) e por fim seria usada ou recordada (recordação).

Eventos externos

Aquisição Retenção temporária

Evocação

Consolidação

Esquecimento

Comportamento

Retenção duradoura

Eventos internos

45

Lent (2005) classifica a memória de acordo com o tempo de retenção

(memória ultrarrápida, memória de curta duração e memória de longa duração), e de

acordo com a natureza da memória (memória implícita ou não-declarativa, memória

explícita ou declarativa e memória operacional).

Assim como Lent (2005), Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006) enfatizam a

existência da memória sensorial ultrarrápida que decai, rapidamente, sendo

esquecida após poucas centenas de milissegundos; a memória de curta duração,

que tem duração de segundos a minutos e está, prontamente, acessível ao

processamento consciente e a memória de longa duração, que pode ser mantida por

um tempo significativo.

A memória explícita, conforme Lent (2005) reúne tudo que só se pode evocar

por meio de palavras; por outro lado, a memória implícita não precisa ser descrita

com palavras, já a memória operacional será útil para o raciocínio imediato,

resolução de problemas e elaboração de comportamentos. O Quadro 1 abaixo

resume estas classificações.

46

Quadro 1 - Tipos e características da memória

Tipos e subtipos Características

Ultrarrápida Dura de frações de segundos a alguns

segundos; memória sensorial

Curta duração Dura minutos ou horas, garante o sentido da

continuidade do presente

Quanto ao tempo de

retenção

Longa duração Dura horas, dias ou anos, garante o registro do

passado e dos conhecimentos do indivíduo

Explícita ou declarativa Pode ser descrita com palavras

Episódica Tem uma referência temporal; memória de fatos

sequenciados

Semântica Envolve conceitos atemporais; memória cultural

Implícita ou não-

declarativa

Não pode ser descrita por meio de palavras

De representação

perceptual

Representa imagens sem significado conhecido;

memória pré-consciente

De procedimentos Hábitos, habilidades e regras

Associativa Associa dois ou mais estímulos

(condicionamento clássico), ou um estímulo a

uma certa resposta (condicionamento operante)

Não associativa Atenua uma resposta (habituação) ou a

aumenta (sensibilização) através da repetição

de um mesmo estímulo

Quanto à natureza

Operacional Permite o raciocínio e o planejamento do

comportamento

Fonte: LENT, 2005, p. 593.

A aprendizagem e memória são interdependentes. Esta interdependência

ocorre porque a estrutura e significado do “material a ser aprendido” estão em

grande parte dependente do conhecimento retido na memória. Conforme

Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006) o aprendizado é o processo de aquisição de

informação, enquanto a memória refere-se à persistência do aprendizado em um

estado que pode ser evidenciado, posteriormente

Numa perspectiva cognitiva, segundo Pinto (2001), a aprendizagem é

concebida através da aquisição de novas informações e a sua integração no

47

conjunto de conhecimentos existentes. Aprender, porém não se limita, apenas, à

aquisição de novas informações, mas tem ainda por objetivo corrigir, aprofundar,

alargar e reorganizar a base de conhecimentos existentes. Neste contexto, a

aprendizagem não é independente dos outros processos mentais de atenção,

percepção, memória e raciocínio, sendo o conhecimento de que se é portador, o

resultado da mediação coordenada dos vários processos cognitivos.

Os processos de aquisição da informação permitem a criação de uma

representação interna da estimulação sensorial, de forma a ser armazenada na

memória. A natureza desta representação estaria dependente dos processos de

atenção, repetição e prática, profundidade de processamento, organização e

formação de imagens e tipo de crenças cognitivas subjacentes. Uma análise de

cada um destes fatores e processos é apresentada a seguir, conforme Pinto (2001):

a) a atenção significa selecionar um ou mais estímulos entre os muitos que

rodeiam o indivíduo de modo a poderem ser processados de forma mais

vasta;

b) o efeito do espaçamento, repetição e prática refere-se a melhoria na retenção

a longo prazo de apresentações espaçadas do mesmo material escolar, ou

de outro tipo de material, em relação a apresentações compactas;

Segundo o modelo dos níveis de processamento proposto por Craik e

Lockhart ,

a informação é adquirida e retida de modo mais permanente quando o processamento da informação é mais profundo. O grau de profundidade é maior quando as palavras são analisadas em termos de significado e menor quando as palavras são analisadas pelas suas características físicas ou fonológicas. (CRAIK; LOCKHART, 1972, p. 675).

a) quando a prática repetida não é possível ou os curricula não prevêem

sistemas periódicos de repetição, os estudantes podem beneficiar, em

alternativa ou em acréscimo, do processamento da informação recebida; Para

Tuving,

a organização da informação a ser adquirida é fundamental para uma boa recordação futura. Quanto melhor for a organização da informação, melhor tende a ser o desempenho de memória. A organização da informação pode ser externa ou interna. A organização externa é imposta pelo meio de

48

transmissão da informação. A organização interna ou subjetiva é elaborada pela pessoa no ato de aprendizagem. (TUVING, 1962, p. 352).

b) ao longo da vida, as pessoas adquirem grandes volumes de informação, mas

esta tem pouca utilidade, se não puder ser usada;

c) formar imagens de palavras, objetos e acontecimentos é uma competência

bastante eficaz para a retenção. Um dos casos mais famosos citado pela

autora é o do mnemonista3 S., descrito por Luria (1968), que era capaz de

criar, rapidamente, uma imagem visual específica de números, cores, sons ou

qualquer outro fenômeno que experimentasse. Além de vívidas e expressivas,

as imagens formadas por S. eram, frequentemente, bizarras e específicas, e

envolviam experiências sinestésicas de dois ou mais sentidos;

d) em geral, as pessoas têm crenças sobre o modo como funciona a mente

humana e os diversos processos cognitivos e fazem inferências e suposições

sobre qual o esforço necessário para se gastar numa tarefa de aprendizagem

para se ser bem sucedido.

Para Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006), da mesma forma que para Lent

(2005), a atenção é um mecanismo cerebral cognitivo que faz com que alguém

processe informações, pensamentos ou ações relevantes em detrimento de outros,

considerados irrelevantes ou dispersivos, caracterizando assim, a atenção seletiva.

Esses autores, ainda, dividem a atenção em duas categorias: a atenção voluntária

ou endógena, em que há habilidade ou intencionalidade em prestar atenção em

algo, e a atenção reflexa ou exógena, quando algo, como um evento sensorial, capta

nossa atenção.

Algumas teorias baseadas em pesquisas na área da ciência cognitiva foram

desenvolvidas para explicar os sistemas de memória e cognição, tais como a Teoria

da memória operacional (ou de trabalho) de Baddeley citado por Mayer (2005) e

Baddeley; Eysenck e Anderson (2009), a Teoria dos códigos duplos de Paivio citado

por Carvalho (2002) e Mayer (2005), a teoria da carga cognitiva de Sweller citado

por Mayer (2005); Sweller (2005) e Van Merriënboer e Sweller (2005) e o Modelo

integrado de compreensão de texto e figura de Schnotz e Bannert citado por Mayer

49

(2005) e Schnotz (2005).2

2.3.1 Teoria da memória operacional de Baddeley

Essa teoria foi proposta por Baddeley e Hitch citado por Baddeley, Eysenck e

Anderson (2009) e apresenta um modelo baseado em três componentes: a alça

fonológica, especializada em guardar sequências de itens acústicos ou baseados

em palavras; o esboço visuoespacial, em que guarda sequências de itens e

conjuntos codificados visualmente e/ou espacialmente; e o executivo central que

controla o sistema inteiro e manipula materiais em subsistemas resgatando-os para

acrescentar aos momentos em que a memória operacional é ativada.

Mais tarde, segundo Baddeley citado por Eysenck e Keane (2007) foi incluído

na teoria um quarto componente, o buffer episódico, que “é um sistema de

armazenamento temporário que pode reter e integrar as informações da alça

fonológica, do esboço visuoespacial e da memória de curto prazo” (EYSENCK;

KEANE, 2007, p. 195).

Ainda completando essa teoria Baddeley, Eysenck e Anderson (2009)

denominam o buffer episódico como um modelo multicomponente, pois permite que

vários componentes da memória operacional interajam e se liguem com a memória

de longo prazo.

3 Mnemonista: O que é fácil de memorizar e, por associações, possibilita a recordação de coisas mais

difíceis de reter. (DICIONÁRIOWEB, 2011).

50

A Figura abaixo representa um resumo dessa teoria:

Figura 8 - Memória operacional de Baddeley

Fonte: NÚCLEO DE NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA E EXPERIMENTAL, 2009.

2.3.2 Teoria dos códigos duplos de Paivio

A teoria dos códigos duplos de Paivio apresenta dois sistemas cognitivos: um

especializado no sistema visual, e outro especializado no sistema verbal. O sistema

visual refere-se a uma linguagem não-verbal, como objetos, eventos e imagens e o

sistema verbal refere-se a palavras e textos (CLARK; PAIVIO, 1989 apud

CARVALHO, 2002). De acordo com Paivio (1986), o sistema visual e verbal

relacionam-se, as palavras são meios para se lembrar de imagens e vice-versa, o

que estimula a recuperação da memória.

Segundo Carvalho,

Esses sistemas, verbal e não-verbal, funcionam de forma independente, mas podem se conectar, dependendo da situação, sendo mais fácil a lembrança de algo que está armazenado nos dois sistemas do que daquilo que está armazenado em apenas um (CARVALHO, 2002, p. 257).

Segundo Carvalho (2002), essa teoria diz que as representações pictóricas

das palavras ou representações nominais das imagens poderiam ser ativadas, mas

se uma imagem e sua designação verbal fossem apresentadas, seriam mais

facilmente lembradas do que se a imagem fosse apresentada duas vezes, ou se

51

uma palavra fosse repetida. E que o sistema de representação verbal é superior ao

sistema visual em casos de processamento sequencial, por isso a linguagem é

relembrada em etapas sequenciais, mas as informações visuais podem ser ativadas

por qualquer pormenor.

2.3.3 Teoria da carga cognitiva de Sweller

Segundo Sweller (2005, p. 28), a Teoria da carga cognitiva (TCC) “é uma

teoria instrucional baseada no conhecimento da arquitetura cognitiva humana que

trata, especificamente, das limitações da memória operacional”.

Essa teoria se baseia na interação da informação e conhecimento da

cognição humana. Ela admite, também, uma memória operacional limitada que

processa cerca de 7±2 elementos por vez, e que é capaz de lidar com informações

por não mais que poucos segundos, sendo quase toda a informação perdida após

20 segundos, ao menos que seja reforçada por ensaio. Mas essa limitação da

duração e capacidade da memória operacional somente se aplica a novas

informações obtidas através da memória sensorial. (VAN MERRIËNBOER;

SWELLER, 2005, p. 148).

A memória operacional guarda esquemas cognitivos que variam em seus

graus de complexidade e automação, sendo modificadas pelas informações

recuperadas da memória de longo prazo. Os esquemas organizam e armazenam

conhecimento, mas também reduzem muito a carga da memória operacional. Neste

sentido, esquemas podem agir como uma central executiva, organizando

informações ou conhecimentos que precisam de ser processados, nessa memória.

Esquemas construídos devem se tornar automáticos, se eles forem repetidamente

aplicados. (VAN MERRIËNBOER; SWELLER, 2005, p. 149).

52

2.3.4 Modelo da compreensão integrada de texto e figura (CITF) de Schnotz e

Bannert

Esse modelo é apresentado, esquematicamente, abaixo:

Figura 9 - Modelo da compreensão integrada de texto e figura de Schnotz e Bannert

Fonte: Adaptado de Schnotz, 2005, p. 57.

Segundo Schnotz e Bannert citado por Schnotz (2005) o CITF baseia-se nas

seguintes afirmações:

a) a compreensão de texto e figura acontece na arquitetura cognitiva incluindo

uma memória operacional de capacidade limitada, registros sensoriais de

entrada da informação e memória de longo prazo;

b) a informação verbal (por exemplo, informação de textos escritos ou textos

narrados) e a informação pictórica (por exemplo, informação de figuras visuais

e de figuras auditivas, ou de sons, respectivamente) são transmitidas para a

memória operacional através do canal visual e do canal auditivo;

c) processamento de informações adicionais na memória operacional acontece

em dois diferentes canais representacionais: o canal verbal e o canal

53

pictórico. A informação de texto escrito ou narrado é processada no canal

verbal. A informação de figuras visuais ou de sons é processada no canal

pictórico;

d) a compreensão de texto e figura é um processo ativo na formação da

coerência. Na compreensão, indivíduos se engajam em construir estruturas

de conhecimento coerente entre informação pictórica e verbal externa

disponível e de seus conhecimentos prévios.

2.3.5 Teoria cognitiva da aprendizagem multimídia (TCAM)

A TCAM especifica cinco processos cognitivos na aprendizagem: a seleção

de palavras relevantes de um texto ou narração apresentada; a seleção de imagens

relevantes de uma ilustração apresentada; a organização das palavras selecionadas

dentro de uma representação verbal coerente; a organização de imagens

selecionadas dentro de uma representação pictórica coerente; e a integração de

representações pictórica e verbal com o conhecimento prévio (MAYER, 2001, p. 41;

MAYER, 2005, p. 31).

Segundo essa teoria, as pessoas aprendem, mais profundamente, palavras e

figuras, do que palavras somente. Essa afirmação pode ser chamada de princípio

multimídia. Contudo, simplesmente adicionar figuras às palavras não garante uma

melhoria na aprendizagem, ou seja, nem todas as apresentações multimídia são

igualmente eficazes (MAYER, 2005, p. 31).

Segundo Schnotz,

A aprendizagem multimídia ocorre quando um indivíduo entende o que é apresentado, ou seja, utiliza as representações externas como fontes de informação para construir na memória operacional representações internas (mentais) do conteúdo de aprendizagem, armazenando estas representações na memória de longo prazo (SCHNOTZ, 2005, p. 52).

A Figura abaixo explica o funcionamento dos cinco processos cognitivos e

sua relação com as memórias sensorial, operacional e de longo prazo:

54

Figura 10 - Teoria cognitiva da aprendizagem multimídia

Fonte: Adaptado de MAYER, 2005, p. 37.

A memória sensorial permite que figuras e texto impressos sejam guardados

como imagens visuais exatas, por um período de tempo muito breve, em uma

memória sensorial visual (na base da figura) e que palavras narradas e outros sons

sejam guardados como imagens auditivas exatas, por um período de tempo muito

breve, em uma memória sensorial auditiva (no topo da figura). O lado esquerdo da

memória operacional, na figura, representa o material que entra nessa memória -

imagens visuais de figuras e imagens de sons de palavras - baseado em duas

modalidades sensoriais, chamadas de visual e auditiva. Em contraste, o lado direito

da memória operacional na figura representa o conhecimento construído na

memória operacional - modelos pictórico e verbal e ligações entre eles - baseado em

dois modos de representação, chamados de pictórico e verbal. Finalmente, no

55

quadro da direita, está indicada a memória de longo prazo e corresponde ao

depósito de conhecimento do aprendiz. Ao contrário da memória operacional, a

memória de longo prazo pode armazenar grandes quantidades de conhecimento por

longos períodos de tempo. Mas para pensar, ativamente, sobre material que está na

memória de longo prazo, ele deve ser levado para a memória operacional (MAYER,

2005, p. 37-38).

2.4 A aprendizagem multimodal

Acredita-se que exista um consenso, mesmo que intuitivo, no que diz respeito

à afirmativa de que a multimodalidade produz bons resultados na aquisição de nova

informação (COSCARELLI, 1998), isso demonstra a importância da utilização dos

recursos multimídia no ensino, de uma forma geral. Em especial nas disciplinas

relacionadas com ciências e tecnologias que utilizam em diversas situações, na

tentativa de favorecer a aprendizagem.

O conceito de aprendizagem multimodal (Multimedia Learning), de acordo

com Mayer, é a aprendizagem através de palavras e imagens. Porém, a simples

adição de figuras a palavras, no material instrucional, não garante a aprendizagem.

Existem condições de adição de palavras e imagens que devem ser utilizadas para

garantir a aprendizagem (MAYER, 2003).

Segundo Tarouco, Ávila e Grando (2009) ambientes de aprendizagem

multimodais são aqueles que utilizam dois modos diferentes para representar o

conteúdo do conhecimento. O uso deste tipo de aprendizagem vem sendo

investigado e acredita-se que a compreensão dos estudantes é ampliada pela

utilização de representações não-verbais e verbais. Recursos multimodais e com

interatividade são considerados por professores como uma forma de motivar os

alunos, gerando uma aprendizagem mais eficaz (SANTOS; TAROUCO, 2007).

Pesquisas (MAYER, 1997, 1999;2001;2003) demonstraram que quando os

estudantes, apenas, ouvem (ou lêem) apresentam dificuldades em relembrar as

principais ideias e, ainda, podem ter dificuldade em resolver problemas, uma vez

que a utilização de palavras e imagens favorece a aprendizagem.

Embora o uso de recursos multimodais possa contribuir para a aprendizagem,

Schnotz e Lowe (2003) afirmam que é um erro pressupor que ambientes de

aprendizagem, ricos nesses recursos, resultem em um processamento cognitivo

56

extensivo e na criação de estruturas e conhecimento elaborados. Ou seja, a

utilização da multimodalidade deve estar alinhada com a capacidade cognitiva dos

alunos e com o conteúdo a ser ensinado.

De acordo com Mayer (1999) existe uma série de condições necessárias para

o alinhamento entre a aprendizagem multimodal e a cognição humana. Estas

resultam em alguns princípios que devem ser priorizados na elaboração de materiais

didáticos visando aprendizagem efetiva. Neste trabalho, focalizar-se-á a utilização

do princípio da sinalização e da contiguidade espacial.

A memória, o princípio da sinalização, de acordo com Mautone e Mayer

(2001), diz que a aprendizagem é mais eficiente quando existem sinais ou pistas que

indicam, no texto, o que deve ser analisado na imagem. O ato de direcionar a

atenção do aluno leva-o a focar os elementos importantes para os objetivos da lição

e facilita a seleção e organização na memória operacional (MAYER, 2005).

A memória operacional é a central de trabalho da aprendizagem, ou seja,

local onde ocorre a seleção e organização das informações, sendo responsável pela

manutenção e processamento da informação. Esta memória é um sistema de

capacidade limitada que é capaz de armazenar e manipular a informação,

temporariamente, para a execução de tarefas complexas, tais como a compreensão,

a aprendizagem e o raciocínio (BADDELEY, 2000).

A ausência de sinalizações nos materiais didáticos pode tornar a busca por

informação demorada, excedendo os limites da memória operacional. Estes sinais

podem ser diversos, tais como números, setas, cor, entre outros, no texto e na

imagem, indicando as etapas do processo. Portanto, a colocação de sinais nos

textos e imagens facilita o processo de aprendizagem. Mayer (2005) ressalta a

importância de direcionar a atenção do aprendiz, através do uso de sinais,

permitindo uma organização da informação.

O princípio da contigüidade espacial segundo Mayer (2001) refere-se ao fato

de que pessoas aprendem melhor quando palavras e figuras correspondentes são

apresentadas próximas umas das outras, do que quando estão distantes umas das

outras.

Ainda segundo Mayer (2005) quando palavras e figuras correspondentes

estão próximas umas das outras, os aprendizes não têm que usar seus recursos

cognitivos para procurá-las visualmente na página, podendo guardar essas palavras

e figuras na memória operacional ao mesmo tempo, ao contrário do que aconteceria

57

se elas estivessem distantes.

2.5 O papel da avaliação no ensino superior

Ao longo da história educacional, diz Demo (2009), e no cotidiano de nossas

práticas educativas, avaliar é quase sinônimo para prova, um procedimento único e

padrão, no qual o professor atesta a capacidade ou incapacidade do educando,

perante um dado conhecimento. No entanto, as teorias no campo pedagógico vêm

demonstrando que avaliar é algo mais amplo, envolve o processo de ensino e

aprendizagem, a mediação do professor, a relação com o saber, o desenvolvimento

de competências e habilidades.

A avaliação possui diferentes definições e objetivos que foram apresentados

ao longo das últimas décadas. O Quadro 2 abaixo sintetiza os principais conceitos

para avaliação nas últimas décadas.

Quadro 2 - Alguns conceitos de avaliação da aprendizagem nas últimas décadas

Autor

Conceito de avaliação

Ênfase da avaliação

Ralph Tyler

(1949)

O processo de avaliação consiste essencialmente

em determinar em que medida os objetivos

educacionais estão sendo realmente alcançados

pelo programa do currículo e do ensino.

Caráter funcional

Michael Scriven

(1967)

Avaliação é uma atividade metodológica que

consiste na coleta e na combinação de dados

relativos ao desempenho.

Diferença entre

avaliação e

mensuração

Bloom, Hastings e

Madaus (1983)

Avaliação é um método de coleta e

processamento dos dados necessários à

melhoria da aprendizagem e do ensino. Avaliação

é superior ao rotineiro exame escrito. Avaliação

auxilia no esclarecimento dos objetivos.

Definição dos objetivos

Daniel Stufflebeam

(2007)

Avaliação é o processo de delinear, obter e

fornecer informações úteis para o julgamento de

decisões alternativas.

Caráter processual

Fonte: PELISSONI, 2009, p. 187.

58

O quadro permite identificar que a avaliação possui diferentes funções como

explica Pelissoni (2009). Destaca-se o caráter funcional, em que a avaliação

determina a eficácia do ensino; o caráter processual, em que a avaliação é um meio

de obter informações e reconduzir práticas educacionais; definição dos objetivos do

ensino, sendo a avaliação uma forma de acessar a aprendizagem e auxiliar na

recondução dos objetivos do ensino.

Luckesi entende que a:

[...] avaliação pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou para transformá-lo. A avaliação é um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão (LUCKESI, 2002, p. 33).

A avaliação deve superar o caráter classificatório e deve ser entendida como

um processo contínuo e sistemático, que é funcional e orienta as práticas

educativas. Ou seja, para Pelissoni (2009) a avaliação deve ter uma função

diagnótica, a partir do qual se verifica a situação da aprendizagem dos alunos para

propor novos meios de mediação e de intervenção do professor.

Segundo Luckesi (2006), a atual prática da avaliação escolar estipulou como

função do ato de avaliar a classificação e não o diagnóstico, como deveria ser,

constitutivamente. Ou seja, o julgamento de valor que teria a função de possibilitar a

tomada de decisão sobre o objeto é entendido como algo estático e finalizado.

Segundo Santos e Varela (2007) toda a avaliação deveria ter uma dimensão

diagnóstica, no sentido de que conduz, ou deveria conduzir, a um melhor ajuste do

processo ensino-aprendizagem. Deveria tratar a adaptação melhor do conteúdo às

formas de ensino com as características dos alunos revelados pela avaliação. Um

dos propósitos da avaliação com função diagnóstica consiste em informar o

professor sobre o nível de conhecimentos e habilidades de seus alunos, antes de

iniciar o processo de ensino - aprendizagem, para determinar o quanto progrediram

depois de certo tempo.

Segundo Martins (1985), o diagnóstico poderá ser direcionado nos seguintes

sentidos: determinar a existência de comportamento de entrada do aluno, que sejam

pré-requisitos para o alcance dos objetivos formulados; determinar o domínio de

certos objetivos por parte do educando, que possibilitem o ensino de assuntos de

nível mais elevado; classificar os alunos de acordo com seus interesses, aptidões e

59

traços da personalidade.

O professor relaciona-se com o seu trabalho pedagógico como um objeto

estranho e não como algo que faz parte de sua vida real, preocupando-se, apenas,

com os parâmetros estabelecidos pelos critérios das avaliações. Isso acaba

provocando uma distância entre o que o professor faz e o que ele fala que faz.

Vasconcellos (2000) entende que a avaliação é um processo em que deve

existir uma reflexão crítica sobre a prática, a fim de se captar possíveis avanços,

resistências, dificuldades possibilitando, assim, uma tomada de decisão sobre o que

fazer para superar possíveis problemas identificados.

O prévio conhecimento dos critérios e dos instrumentos de avaliação são

essenciais à conscientização do aluno em formação sobre o seu processo de

aprendizagem, promovendo assim o

exercício da metacognição, que implica conhecer e reconhecer seus próprios métodos de pensar, utilizados para aprender, desenvolvendo a capacidade de auto-regular a própria aprendizagem, descobrindo e planejando estratégias para diferentes situações (BRASIL, 2000, p. 44).

Segundo Méndez (2002, p.98), “mais que o instrumento, importa o tipo de

conhecimento que põe à prova, o tipo de perguntas que se formula, o tipo de

qualidade (mental ou prática) que se exige e as respostas que se espera obter

conforme o conteúdo das perguntas ou problemas que são formulados”.

A avaliação, na educação superior é muito mais do que aplicar testes,

levantar medidas, selecionar e classificar alunos. "Avaliar, para muitos de nós,

professores da educação superior, é uma das atividades pedagógicas mais difíceis

de realizar" (ABREU; MASETTO, 1990, p. 108).

Portanto, é necessário estabelecer técnicas e abordagens que identifiquem

conhecimentos, habilidades e atitudes. A avaliação no ensino superior deve estar a

serviço da aprendizagem inovadora, não sendo mais um instrumento que atribui,

somente, uma nota, mas que se preocupa com a velocidade de aprendizado do

aluno, suas habilidades e competências únicas, interagindo com um professor que

acompanha as etapas dessa dinâmica.

Vasconcellos (2003, p. 43) destaca a importância da intencionalidade do

professor como fator essencial à mudança das práticas avaliativas, com o sentido de

transformação, pois “a mudança na intencionalidade da avaliação, mesmo sem

60

maiores mudanças em outros aspectos num primeiro momento, tem possibilitado

avanços significativos do trabalho”. O autor enfatiza que a questão da

intencionalidade é o problema central da avaliação.

Gimeno Sacristán partilha desse ponto de vista, ao afirmar que

compreender esse elemento dinâmico e motor é fundamental para qualquer educador, especialmente em um contexto de valores imprecisos e de rotinas estabelecidas diante de desafios importantes que exigem respostas comprometidas. (GIMENO SACRISTÁN, 1999, p. 33).

Para Cória-Sabino e Damasceno, 2004 a avaliação cumpre três funções:

a) a função pedagógico-didática com duas vertentes. A primeira é a verificação

do cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação. A segunda

refere-se ao desenvolvimento de uma atitude mais responsável do aluno em

relação ao estudo. O fornecimento de informações, para o estudante, dos

erros cometidos por ele, possibilita o aprimoramento, a ampliação e o

aprofundamento dos seus conhecimentos e de suas habilidades;

b) a função de diagnóstico permite aos alunos identificar suas dificuldades e

progressos, ao mesmo tempo em que fornece, para o professor, informações

de como ele está conduzindo seu trabalho: andamento do conteúdo,

adequação de materiais e métodos, qualidade da comunicação e adequação

da linguagem;

c) a função de controle refere-se aos tipos e à frequência das verificações e da

qualificação dos resultados escolares.

Ainda, conforme Cória-Sabino e Damasceno (2004, p. 121) essas funções

são interrelacionadas e não podem ser feitas de forma isolada, ou mesmo com

prioridade de uma em detrimento de outra. Quando a função de controle é feita de

forma isolada, sem a função de diagnóstico e sem seu significado didático-

pedagógico, transforma-se num simples processo de atribuição de notas e

classificação.

Segundo Hoffmann (2001), defensora de uma avaliação mediadora da

aprendizagem dos alunos, a sala de aula é um local organizado para que o aluno

aprenda em múltiplas dimensões. Para a autora o processo avaliativo que se propõe

61

mediador, implica uma organização do ensino, tornando os alunos produtores de

conhecimento, ou seja, implica organização de experiências educativas significativas

de toda natureza.

A avaliação está, estritamente, ligada à natureza do conhecimento, e uma vez

reconhecida essa natureza, a avaliação deverá ajustar-se aos saberes individuais

mantendo uma coerência epistemológica. Nessa direção, diz Chueiri (2008), pode-

se partir do pressuposto de que a avaliação, como prática escolar, não é uma

atividade neutra, ou meramente técnica, isto é, não se dá num vazio conceitual, mas

é dimensionada por um modelo teórico de mundo, de ciência e de educação,

traduzida em prática pedagógica. Um segundo pressuposto é que a prática de

avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem ocorre por meio da relação

pedagógica que envolve intencionalidades de ação, objetivadas em condutas,

atitudes e habilidades dos atores envolvidos.

Reagindo contra as concepções tecnicistas e quantitativas da avaliação,

segundo Saul (1988) surge inúmeras críticas sobre os modelos e práticas da

avaliação em nossas escolas, verificando-se um rápido desenvolvimento de

enfoques de avaliação alternativos, com pressupostos éticos, epistemológicos e

teóricos bem diferentes. Nesse sentido, Chueiri refere-se à busca de alternativa para

a avaliação escolar:

Produziu-se um acelerado desenvolvimento do interesse sobre a perspectiva chamada de avaliação qualitativa. Esse movimento deveu-se em grande parte ao reconhecimento de que os testes padronizados de rendimento não ofereciam toda a informação necessária para compreender o que os professores ensinavam e o que os alunos aprendem. (CHUEIRI, 2008, p. 45).

Por essa razão a avaliação qualitativa caracteriza-se por um delineamento

mais flexível, permitindo um enfoque progressivo, isto é, uma avaliação centrada em

descobertas sucessivas e de transformações do contexto. Na opinião de Esteban

(2003), a avaliação qualitativa configura-se como um modelo em transição por ter

como centralidade a compreensão dos processos dos sujeitos e da aprendizagem, o

que produz uma ruptura com a primazia do resultado característico do processo

quantitativo.

62

2.6 Ensino de Anatomia Humana

O ensino da Anatomia Humana é marcado por dois momentos distintos desde

a fundação das primeiras escolas de saúde. Até o final da década de 50, diz Montes

(2009) as aulas práticas costumavam ser do tipo magistral. Nestas aulas, o contato

com o material por parte dos alunos dava-se por meio de observação de uma

dissecação de cadáver, feita pelo professor, em anfiteatros com bancadas dispostas

elipticamente ao redor da mesa, onde ficava o cadáver. A Figura abaixo mostra esse

tipo de aula:

Figura 11 - Aula de Anatomia Humana em bancada elíptica

Fonte: NATURALE..., 2012.

Porém, segundo o mesmo autor, a partir da década de 60, este modelo de

aprendizagem entrou em desuso, visto a necessidade de o aluno entrar em contato

com o material, em uma relação direta cádaver/aluno como mostra a Figura abaixo:

63

Figura 12 - Aula de Anatomia Humana em bancada um para oito

Fonte: UNIVERSIDADE NOVA LISBOA, 2011.

Desde essa modificação, nenhuma mudança significativa foi implantada no

ensino da Anatomia Humana. Apesar das inovações tecnológicas de apoio, tais

como computador e recursos audiovisuais, não se constatam nenhum resultado

substancial no rendimento acadêmico dos alunos. Segundo Vasan e Holland (2003),

Elizondo-Omana et al. (2004), Mclauchlan et al., (2004) existe uma preocupação

com mudanças e alternativas para a melhoria do conteúdo da matéria assimilada

pelo aluno, quase nunca é estabelecida a ponte entre o conteúdo a ser aprendido e

a forma como o aluno aprende.

Autores como Fornaziero e Gil (2003), explicam que, tradicionalmente, a

Anatomia Humana, disciplina básica da área de Ciências da Saúde, é estudada por

profissionais e estudantes da área de três maneiras distintas e individuais: textos,

atlas e cadáveres. Através dos textos, as estruturas anatômicas e suas relações são

descritas por meio de referências, sendo difícil para o leitor, visualizar as complexas

relações anatômicas. Os atlas, por sua vez, apresentam o conteúdo por meio de

desenhos esquemáticos ou fotografias de peças anatômicas reais. Neste caso, o

usuário fica limitado às ilustrações apresentadas pelo autor, que, geralmente,

representam a síntese dos principais detalhes anatômicos, enfocados pelo

desenhista, não permitindo o acesso à representação de todos os ângulos possíveis

e desejáveis ao estudo da anatomia humana. Já os cadáveres, são a própria matéria

viva e real do objetivo do estudo da Anatomia Humana. Importantes para as aulas

práticas apresentam grandes problemas, no que se refere à sua adequada

conservação e local de acondicionamento, além de serem de difícil obtenção.

64

Alguns fatores contribuem para a dificuldade por parte dos estudantes na

aprendizagem da Anatomia Humana. Dentre eles, segundo Moore e Dalley (2001)

está a terminologia anatômica, visto que a maioria dos termos é derivada do latim e

grego, tornando a linguagem difícil. Outro fator seria o pequeno tamanho das

estruturas e preparo inadequado das peças anatômicas, o que impede uma

observação mais minuciosa diz Ferreira (2008).

Ramos et al. (2008) diz que o processo ensino-aprendizagem apresenta-se

complexo e difícil, no que diz respeito ao ensino em morfologia, uma vez que a

memorização de estruturas infindáveis e com nomes bastante complexos, torna a

tarefa monótona demais e desestimulante para a maioria dos alunos quando não

ministrada de maneira mais participativa. O modo como o educador aborda o

conteúdo pode repercutir, positiva ou negativamente no processo de ensino-

aprendizagem do educando. O educador precisa de atuar de forma mais eficaz, com

didáticas inovadoras e possuir competência, não somente, no domínio dos

conteúdos da disciplina que ministra, como também no conhecimento de propostas

alternativas, exigindo mais do aluno na disciplina, cabendo-lhe, não apenas, o

exercício de sua capacidade de memorização das estruturas anatômicas, mas de

sua correlação com as ciências morfológicas e com a prática do curso (CAMPUS

NETO; MAIA; GUERRA, 2008).

De acordo com Justina e Ferla (2006), uma estrutura quando utilizada como

referência a uma imagem impressa permite materializar uma idéia ou um conceito,

tornado, assim, o conhecimento da referida imagem mais assimilável. A ausência de

material didático especializado torna limitante o aprendizado, principalmente na área

morfológica. A utilização de modelos de ensino-aprendizagem alternativos permite

que os discentes formem uma imagem mais próxima das estruturas dinâmicas reais

(FREITAS et al., 2008).

A disciplina de Anatomia Humana exige o ensino mecânico pautado na

memorização dos nomes das estruturas anatômicas, assim para Montes (2009), isso

não é suficiente, é preciso fazer uma conexão entre a aprendizagem mecânica e

significativa, permitindo aos alunos entender o porquê daquela forma e posição.

Para Tortora (2007), os estudantes necessitam de ajuda extra para aprender

as características anatômicas específicas dos diversos sistemas do corpo.

Para conseguir um processo ensino-aprendizagem eficiente na disciplina de

Anatomia Humana, Díaz Bordenave e Pereira (2001) explicam ser necessário utilizar

65

um esquema pedagógico que permita selecionar meios multissensoriais adequados.

Esses meios multissensoriais, segundo Pinto (2000), são os recursos visuais,

importante elemento estrutural na transmissão acadêmica, sendo um dos sinais de

reconhecimento da adequação do discurso proferido em relação ao conteúdo

proposto. A sua utilização costuma ser naturalizada pelos agentes do ensino

médico, que veem neles uma forma neutra de ilustração ou demonstração de seu

discurso.

Ainda segundo Pinto (2000), essa naturalização dos recursos visuais se

reflete na falta de reflexão crítica sobre seus efeitos e pressupostos. Os textos

possuem análises centradas na otimização do discurso completamente

desvinculadas do contexto prático. O autor diz que a análise das imagens,

constantemente, é feita de maneira absolutamente tautológica, pois as noções

necessárias para a identificação de suas características distintivas são colocadas

como uma descrição neutra, derivada, unicamente, da percepção imediata de um

objeto, não sendo objeto de uma reflexão detalhada sobre a sua natureza ou

operacionalidade.

As dificuldades que os alunos têm em perceber as diferenças entre as

imagens projetadas pelos professores revelam que o reconhecimento do conteúdo

de uma imagem – ou seja, uma leitura correta da representação que ela veicula –

exige, do mesmo modo que a leitura de um texto escrito, um capital cultural prévio

que permita inserir as impressões visuais obtidas pela observação em uma rede de

categorias, que lhe dê um significado legítimo (MARIN, 1996, p. 117).

Uma prova da força que a necessidade de visualização apresenta no

processo de apreensão do saber médico é o fato de muitos alunos reproduzirem nos

seus cadernos, não apenas o conteúdo dos textos projetados, mas também, a sua

disposição gráfica. Isso mostra que o texto serve mais como um objeto para um

futuro reconhecimento, do que como uma série de informações e conceitos a serem,

conscientemente, compreendidos e retidos (FOUCAULT, 1988, p. 34).

Conforme Pinto (2000), uma outra questão em relação ao uso de recursos

visuais no ensino de Anatomia Humana é o abuso na sua utilização, principalmente

quando estes são percebidos como uma tentativa de substituição de um discurso

articulado por uma mera leitura de tópicos pelos professores. Ainda dentro desse

contexto, os alunos procuram na própria figura projetada, os seus elementos

definidores, e não na análise das categorias utilizadas para a sua construção. Isso

66

impede que a imagem seja percebida como produto final de um processo perceptivo

e cognitivo, pois todas as suas etapas são achatadas no reconhecimento imediato.

67

3 A INVESTIGAÇÃO

Este capítulo destina-se à descrição da pesquisa realizada com alunos da

graduação, onde foram elaboradas questões sobre o tema “cérebro”, abordado na

disciplina Anatomia Humana para avaliar a influência no desempenho do aluno

diante da presença e da forma de colocação da imagem na avaliação. Foram

utilizadas questões de retenção, de transferência e de associação com ou sem

imagens. Os resultados desta investigação foram utilizados como base para a

elaboração de um material de apoio para auxiliar na inserção das imagens na

avaliação de Anatomia Humana.

3.1 Cenário e sujeitos da pesquisa

A investigação foi realizada numa instituição de ensino superior a

Universidade Salgado de Oliveira campus Belo Horizonte, onde a pesquisadora

ministra a disciplina de Anatomia Básica e Anatomia Aplicada. Foram escolhidas três

turmas que estavam cursando a disciplina de Anatomia Básica do curso de

Educação Física, designadas, respectivamente, de turmas T1, T2 e T3. Os alunos

dessas turmas cursam o 2º período, tendo, portanto, o primeiro contato com a

disciplina de Anatomia Humana na universidade. O tópico escolhido para os testes

desta investigação é abordado no início de cada semestre, seguindo o plano de

estudos da disciplina. O período da coleta foi de 22 a 26 de agosto de 2011, sendo

os testes aplicados em três momentos: dia 22/08 para 40 alunos (Turma T1), dia

24/08 para 52 alunos (Turma T2), dia 24/08 para 36 alunos (Turma T3). Ressalta-se,

que todos os alunos participantes da pesquisa possuíam conhecimento prévio do

assunto por já terem estudado a unidade sobre o sistema nervoso. Importante ainda

enfatizar, ainda que todos eles foram submetidos ao mesmo processo de ensino do

conteúdo, ou seja, as aulas sobre a temática foram ministradas pela mesma

professora, neste caso,a pesquisadora, utilizando os mesmos recursos didáticos. O

Quadro 3, a seguir, apresenta a caracterização das turmas.

68

Quadro 3 - Caracterização das turmas participantes da coleta

Turma Período Curso Nº de alunos

T1 2º Educação Física 40

T2 2º Educação Física 52

T3 2º Educação Física 36

Fonte: Dados da pesquisa

3.2 Instrumento da pesquisa

O tema escolhido para ser trabalhado nas questões dentro do programa de

Anatomia Básica foi o “cérebro”, estrutura estudada dentro do tópico de Sistema

Nervoso Central. Foram elaborados três tipos de questões: de retenção, de

transferência e de associação.

As questões de retenção visam verificar se o aluno reteve na memória

informações repassadas durante a aula, e as de transferência visam saber se os

alunos conseguiam aplicar os conhecimentos adquiridos em situações diferentes

daquelas que foram apresentadas em sala de aula.

Para Mayer (2005), a aprendizagem pode ser medida por testes de retenção,

quando a pessoa se lembra da informação que foi apresentada, e por testes de

transferência, quando a pessoa é capaz de usar a informação para resolver novos

problemas. Os testes de transferência podem ajudar a mostrar o quanto as pessoas

entendem, daquilo que elas aprendem.

As questões de transferência segundo Vosniadou (1994) são do tipo

generativa, isto é, questões que não podem ser respondidas através de simples

repetição de informação não assimilada e compreendida.

As questões de associação visam verificar a capacidade do aluno de

identificar mesmas estruturas em imagens diferentes.

Nos testes A, B, C e D (Apêndice A) as questões foram elaboradas de forma

que pudéssemos avaliar o desempenho dos alunos em cada tipo de questão

(retenção e transferência) na presença e ausência de imagens esquemáticas

diferenciadas – com graus diferentes de definição e com ou sem sinalização. Os

testes foram construídos de acordo com o esquema apresentado no Quadro 4.

69

Quadro 4 - Esquema dos testes A, B, C e D utilizados na investigação

Testes

Questões A B C D

Retenção

Sem imagem

Com imagem bem

definida sem

sinalização

Com imagem

bem definida

com sinalização

Com imagem

pouco definida

sem

sinalização

Transferência

com resolução

de problema

Com imagem

bem definida

sem sinalização

Sem imagem

Com imagem

pouco definida

sem sinalização

Com imagem

bem definida

com

sinalização

Transferência

com elaboração

de texto

Com imagem

pouco definida

com sinalização

Com imagem bem

definida com

sinalização

Sem imagem

Com imagem

bem definida

sem

sinalização

Fonte: Dados da pesquisa

Os testes A, B, C e D foram aplicados para as turmas T1 e T2. As duas

turmas com um total de 92 alunos foram divididas em quatro grupos de 23 alunos e

cada grupo fez um teste. Ou seja, os testes A, B, C e D foram aplicados para grupos

de 23 alunos.

Os testes E, F, G e H (Apêndice B) foram elaborados com o objetivo de

verificar a capacidade dos alunos de associar imagens esquemáticas com imagens

reais, e seguiram o esquema apresentado no Quadro 5.

70

Quadro 5 Esquema dos testes E, F, G e H utilizados na investigação

Testes Associação

E

Entre imagem esquemática sinalizada e imagem real, colocadas

na mesma posição

F

Entre imagem real sinalizada e imagem esquemática, colocadas

na mesma posição

G

Entre imagem esquemática sinalizada e imagem real, colocadas

em posições diferentes

H

Entre imagem real sinalizada e imagem esquemática, colocadas

em posições diferentes

Fonte: Dados da pesquisa

Os testes E, F, G e H foram aplicados para a turma T3 composta de 36

alunos. A turma foi dividida em quatro grupos de 9 alunos e cada grupo fez um teste.

Ou seja, os testes E, F, G e H foram aplicados para grupos de 9 alunos.

Todas as imagens empregadas nos testes foram utilizadas nas aulas

expositivas e no material de apoio do aluno, sobre o conteúdo avaliado, como os

roteiros de aula teórica e prática utilizados.

É importante ressaltar que antes da aplicação dos testes, foi esclarecido aos

alunos sobre a pesquisa, bem como a sua importância e seus objetivos. Em

seguida, foi, também, esclarecido o direito à privacidade e preservação do

anonimato. Para tanto, foi obtida a assinatura do termo de consentimento livre e

esclarecido (Apêndice C), conforme consta na Resolução 196/96 que aborda a

questão da pesquisa envolvendo seres humanos.

Quanto ao momento da aplicação dos testes estes foram, previamente,

marcados com os alunos, com duração de no máximo uma aula o que correspondeu

a cinquenta minutos, não sendo permitida a entrada de nenhum aluno após a saída

do primeiro a terminar o teste, evitando, assim, qualquer forma de comunicação. Os

testes foram individuais, sem qualquer forma de consulta. Não houve identificação

71

nos testes por parte dos alunos, obedecendo aos critérios do termo de

consentimento livre e esclarecido. Antes dos alunos iniciarem os testes, foram dadas

algumas explicações gerais, porém, durante o processo de resolução dos testes,

nenhum aluno foi atendido, mesmo que este estivesse com dúvidas, a fim de evitar

qualquer interferência nas respostas.

Para a correção dos testes foram elaborados gabaritos levando em

consideração as várias possibilidades de respostas. Para tal, convencionou-se uma

nota 10 para as respostas corretas, 5 para as respostas parcialmente corretas, e 0

para as respostas incorretas. Foram consideradas corretas as respostas dentro do

contexto da pergunta com utilização da nomenclatura anatômica apropriada. Foram

consideradas parcialmente corretas aquelas um pouco desvinculadas do contexto,

respondidas pela metade com uma ou outra palavra escrita fora da nomenclatura

anatômica adequada. Foram consideradas incorretas respostas deixadas em

branco, que estivessem, totalmente, fora do contexto, que não se encaixam nas

respostas anteriores, ou ainda, aquelas respondidas erroneamente.

No Quadro 6, apresenta-se o gabarito utilizado para a correção dos testes A e

no Quadro 7, o gabarito para o teste E. Os outros gabaritos utilizados na correção

dos testes encontram-se no Apêndice D.

72

Quadro 6 - Gabarito do teste A

TESTE A

QUESTÃO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS DE RESPOSTAS DOS ALUNOS NOTA

Correto R: Lobo frontal, lobo parietal, lobo

temporal, lobo occipital.

10

Parcialmente correto R: Lobo posterior, lobo parietal, lobo

occipital, lobo frontal, lobo temporal.

5

A

Retenção

Incorreto R: Sulco lateral e sulco central. 0

Correto R: As consequências podem ser distúrbios

da fala e prejuízos na motricidade.

10

Parcialmente correto R: Distúrbios da visão e olfato. 5

B

Transferência

com resolução de

problema Incorreto R: Em branco. 0

Correto R: O córtex cerebral é constituído de

substância cinzenta dividido em quatro

regiões, caracterizadas por giros

delimitados por sulcos. Essas regiões são

na parte rostral, o lobo frontal; na parte

posterior o lobo occipital, e ainda, existem

os lobos parietais e temporais. Dividindo o

lobo frontal do lobo parietal existe o sulco

central e dividindo o lobo frontal e parietal

do lobo temporal, existe o sulco lateral.

10

Parcialmente correto R: O lobo frontal localizado mais a frente

do córtex cerebral, seguido do lobo

temporal nas laterais, o lobo occipital mais

atrás e o lobo parietal acima do lobo

occipital. Os sulcos central e lateral

dividem os lobos e são intervalos entre os

giros.

5

C Transferência

com elaboração

de texto

Incorreto R: Substância cinzenta é a massa que

existe dentro do cérebro. Lobo occipital

perto do cerebelo. Rostral é na frente do

cérebro. Lobo temporal é do lado da frente.

Lobo frontal é acima do cérebro.

0

Fonte: Dados da pesquisa

73

Quadro 7 - Gabarito do teste E

TESTE E

QUESTÃO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS DE RESPOSTAS DOS ALUNOS NOTA

Associação Correto

10

Parcialmente

correto

5

Incorreto

0

Fonte: Dados da pesquisa

3.3 Análise e discussão dos dados

A primeira questão dos testes A, B, C e D avaliou a capacidade do aluno de

recordar, ou seja, buscar informações armazenadas na memória, a dos nomes dos

lobos do córtex cerebral com ou sem o auxílio de uma imagem. Neste caso, a

questão é objetiva e as respostas são diretas.

Lobo frontal Lobo occipital

Lobo temporal

Lobo parietal

Lobo occipital

Lobo parietal

Lobo temporal

Lobo frontal

Lobo frontal

Lobo parietal

Lobo occipital

Lobo temporal

74

Gráfico 1 - Desempenho dos alunos na questão de retenção

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando os dados, pode-se constatar que a colocação da imagem na

questão aumenta, sensivelmente, o número de respostas corretas, ou seja, a

imagem ajudou os alunos a resgatar na memória os nomes aprendidos durante o

estudo do conteúdo. Entretanto, não pode ser qualquer imagem, pois, como se pode

observar no Gráfico, o uso de uma imagem esquemática, pouco definida, não

contribuiu para o acerto da questão, nota-se que neste caso, o número de respostas

corretas foi igual à questão sem imagem. O Gráfico mostra ainda que, para esse tipo

de questão, a sinalização da imagem não foi relevante, uma vez que o uso da

imagem bem definida, com ou sem sinalização, produziu resultados similares.

Esse resultado vai de encontro ao que Mendes (2006) afirma sobre a

importância da imagem na melhoria da memória retencional, pois para ele, a

imagem possui uma função explicativa, o que facilita sua compreensão.

A teoria da memória operacional de Baddeley, Eysenck e Anderson (2009)

também corrobora esse resultado, uma vez que a adição da imagem ativa diferentes

canais que facilitam o processamento e o resgate de informações da memória

operacional.

75

Outro aspecto importante a ser considerado no contexto da pesquisa é que as

aulas de Anatomia são caracterizadas por atividades teóricas e práticas que

permitem repetir, várias vezes, as informações durante o processo de ensino e

aprendizagem (na explicação do conteúdo pelo professor, no estudo prático em

laboratório e no preenchimento dos desenhos do roteiro de aulas, entre outros.) o

que facilita a retenção e o armazenamento na memória de longo prazo. Este aspecto

é reforçado por Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006) ao afirmarem que a aquisição da

informação refere-se à persistência do aprendizado, e por Pinto (2001), que diz que

a repetição e a prática melhoram a retenção a longo prazo.

Salienta-se que a memorização (retenção na memória) de nomes de

estruturas no ensino de anatomia é essencial para o entendimento dos conteúdos da

disciplina.

A segunda questão dos testes A, B, C e D avaliou a capacidade do aluno de

reter e transferir conhecimentos sobre as estruturas do córtex cerebral. Neste caso,

além de memorizar, o aluno deveria ser capaz de utilizar informações retidas na

memória, para resolver um problema. Ou seja, este tipo de questão avalia a

capacidade do aluno de integrar e expressar o conhecimento adquirido.

O desempenho dos alunos, na questão de transferência que envolvia

resolução de problema, está apresentado no Gráfico 2.

76

Gráfico 2- Desempenho dos alunos na questão de transferência com resolução de

problema

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando os dados do Gráfico 2, observa-se que a colocação da imagem na

questão não foi tão efetiva, quando comparada aos resultados da questão de

retenção apresentados no Gráfico 1. Entretanto, embora de maneira discreta a

colocação da imagem (bem ou pouco definida) promoveu um aumento nas

respostas corretas. Aqui, observa-se um efeito positivo considerável da sinalização

da imagem (aumentou do número de respostas corretas de 22 para 35%).

A terceira questão dos testes A, B, C e D avaliou a capacidade do aluno em

organizar e expressar o conhecimento, acerca do córtex cerebral, na forma de texto.

Este tipo de questão de transferência avalia aprendizagens mais complexas que

vão, além do conhecimento específico do conteúdo, pois, neste caso, se o aluno

tiver dificuldade de se expressar ele poderá não responder, adequadamente.

O desempenho dos alunos para esta questão está apresentado no Gráfico 3.

77

Gráfico 3 - Desempenho dos alunos na questão de transferência com elaboração de

texto

Fonte: Dados da pesquisa

De modo análogo aos dados apresentados no Gráfico 2, a análise dos dados

do Gráfico 3 mostram que a colocação da imagem bem ou pouco definida na

questão produziu uma diminuição do número de respostas parcialmente corretas, e

um aumento no número de respostas corretas. Observa-se, ainda que, a sinalização

do imagem bem definida diminuiu a porcentagem de resposta incorretas e aumentou

a porcentagem de respostas corretas.

O desempenho dos alunos na questão 3 pode ser explicado pela dificuldade

crônica que os alunos, atualmente, têm de expressar, através da escrita.

Especificamente para esta questão, muitos alunos, após o teste, declararam saber

do que se trata, entender a imagem e serem capazes de construir, oralmente, a

descrição anatômica do cérebro, mas quando precisam de expressar o

conhecimento através da escrita encontram grande dificuldade.

Para Montes (2009), o ensino da disciplina de Anatomia Humana não pode

ser, exclusivamente, mecânico, ou seja, pautado na memorização dos nomes das

estruturas anatômicas, embora isto seja importante, é preciso fazer uma conexão

78

entre a aprendizagem mecânica e significativa, permitindo aos alunos entender o

porquê daquela forma e posição. Neste caso, a capacidade de fazer a transferência

do conhecimento aprendido é fundamental.

De modo geral, os dados apresentados nos Gráficos 2 e 3 mostram efeitos

positivos da imagem na transferência de conhecimentos aprendidos pelos alunos.

Estes efeitos podem ser explicados pelas teorias de Clark e Paivio (1991), Schnotz e

Bannert (2003) e Mayer (2005) que mostram que a imagem pode facilitar:

a) a aquisição de conhecimentos (entrada de informações na memória

sensorial);

b) o processamento e integração de informações na memória operacional;

c) o armazenamento das informações na memória de longo prazo;

d) na recuperação de conhecimentos prévios.

A sinalização da imagem também parece ser importante na transferência de

conhecimento, o que está de acordo com o princípio da sinalização de Mautone e

Mayer (2001), que diz que o ato de direcionar o aluno através de sinais, leva-o a

focar os elementos mais importantes, facilitando a organização da memória

operacional e, consequentemente, a expressão das informações armazenadas na

memória.

No ensino de Anatomia Humana, frequentemente, ocorre a utilização de

imagens presentes em materiais didáticos diversos como livros didáticos, apostilas e

atlas. Na maioria das vezes, as imagens utilizadas são do tipo esquemáticas, ou

seja, os conteúdos são apresentados por meio de desenhos esquemáticos, que

representam a síntese dos principais detalhes anatômicos enfocados pelo

desenhista, não permitindo o acesso à representação de todos os ângulos possíveis

e desejáveis ao estudo da Anatomia Humana, como nas fotografias de peças

anatômicas reais.

Diante disto, através dos testes E, F, G e H propôs-se a avaliar a capacidade

dos alunos em fazer a associação entre estruturas representadas em imagens

esquemáticas e em imagens reais do cérebro. Ou seja, será que ao utilizar-se uma

imagem esquemática para ensinar estruturas anatômicas, os alunos serão capazes

de identificá-las em uma imagem real?

79

O desempenho dos alunos na associação de imagem esquemática com

imagem real colocadas na mesma posição (teste E e F) e em posições diferentes

(testes G e H) estão apresentados no Gráficos 4 e 5.

Gráfico 4 - Desempenho dos alunos na questão de associação entre imagem

esquemática e imagem real na mesma posição

Fonte: Dados da pesquisa

80

Gráfico 5 - Desempenho dos alunos na questão de associação entre imagem

esquemática e imagem real em posições diferentes

Fonte: Dados da pesquisa

Os dados mostram que, de modo geral, os alunos tiveram dificuldade em

associar as imagens esquemáticas com as imagens reais e que a colocação de

imagens em posicionamento diferente levou a um aumento, considerável, do número

de respostas incorretas. Observou-se, também, que a sinalização das imagens reais

favoreceu a associação (aumento de respostas parcialmente corretas e corretas).

Entretanto, este aumento na associação não foi observado quando se sinalizou as

imagens esquemáticas. Estes dados mostram a importância de se trabalhar no

processo de ensino e aprendizagem e de avaliação, simultaneamente, com imagens

esquemáticas e imagens reais, utilizando diferentes posicionamentos, pois, o uso

exclusivo de imagens esquemáticas, especialmente de uma única imagem (como a

maioria dos livros didáticos fazem) pode dificultar a associação com o real e

prejudicar a aprendizagem dos conteúdos de anatomia.

81

4 ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DO PRODUTO

4.1 Elaboração do caderno de apoio do professor

O desenvolvimento do produto “Caderno de orientações sobre o uso da

imagem na avaliação de Anatomia Humana” deu-se através das seguintes etapas:

a) primeira etapa - escolha do tema: A escolha de trabalhar com a imagem foi

devido à própria característica que a disciplina de Anatomia Humana tem em

utilizar uma gama de figuras diferentes, podendo ser desenhadas, esboçadas

ou reais. Também levou-se em consideração o fato de que essa diversidade

de imagens pode influenciar no momento da avaliação. Muitas vezes,

também, o uso de imagens são inadequadas e desvinculadas do texto. Outro

fator observado é a necessidade de potencializar o uso da imagem, pois se

nas aulas elas são detalhadas através de indicações ou apontadas pelo

professor com o propósito de ressaltar certa estrutura ou ainda relacioná-la

com outras disciplinas, é incoerente que isso não seja colocado da mesma

forma na avaliação do aluno. Com isso a pesquisadora e sua orientadora,

julgaram que seria interessante elaborar um caderno com orientações para o

melhor uso de uma imagem, nas avaliações de Anatomia Humana.

b) segunda etapa - Construção do caderno de orientações: Optou-se por

construir um material voltado para os professores de fácil manuseio e de

leitura acessível. Para construir o caderno, baseou-se no referencial teórico

(capítulo 2) e na investigação (capítulo 3) presentes nesta dissertação.

Inicialmente, falou-se sobre o uso da imagem nos processos ensino e

aprendizagem de Anatomia Humana, onde ressaltou-se a necessidade de se

entender o papel da imagem, e de como ela é importante para o bom

entendimento: do corpo humano, principalmente levando em consideração

que muitos cursos da área de saúde não utilizam os cadáveres nas aulas de

Anatomia Humana. Em sequência dissertou-se sobre os vários tipos de

questões que são utilizados nas avaliações, questões com cunho objetivo e

questões que necessitam de respostas mais elaboradas (questões

discursivas). Depois elaborou-se algumas dicas de como utilizar de forma

mais produtiva as imagens nas avaliações. Por fim, deu-se exemplos dentro

82

de todos os conteúdos da Anatomia Humana de questões com imagens que

podem ser utilizadas, ou mesmo transformadas, pelo professor. Ressalta-se

que seguiu-se a divisão sistêmica da Anatomia Humana, modelo seguido pela

instituição ao qual trabalho. Todas as questões sugeridas vêm

acompanhadas de alguns comentários quanto ao tema abordado, possíveis

variações que a questão permite e os gabaritos com as respostas. Todas as

imagens colocadas no produto foram retiradas de sites confiáveis

disponibilizadas ao público em geral, portanto de livre acesso. Sugere-se que

o professor faça o mesmo, evitando a violação aos direitos autorais no caso

da utilização de imagens retiradas dos livros. No Quadro 8 abaixo,

apresentou-se de forma resumida os principais assuntos abordados em cada

item do caderno, e seus respectivos objetivos. Cada um dos itens está

descrito com detalhes no produto que acompanha esta dissertação.

Quadro 8 - Assuntos abordados nos itens do ”Caderno de orientações sobre o uso

da imagem na avaliação da aprendizagem de Anatomia Humana”

Itens Objetivos

A importância das imagens

no ensino de Anatomia

Humana

a. Conceituar a palavra imagem;

b. Ressaltar a importância da imagem para a disciplina de

Anatomia Humana;

c. Entender a imagem como um elemento multimodal.

A avaliação e os diferentes

tipos de questões

a. Conceituar a palavra avaliação;

b. Entender a função diagnóstica da avaliação;

c. Conhecer os dois tipos de avaliação: as objetivas e discursivas.

Orientações sobre o uso

da imagem na avaliação

da aprendizagem de

Anatomia Humana

a. Dar dicas de como utilizar de forma produtiva as imagens na

avaliação.

Exemplos de questões

utilizando imagens

a. Fornecer ao professor um exemplo de questão para cada

sistema do corpo humano utilizando imagens;

b. Dar exemplos de questões que estimulem a memorização e

retenção de informações;

c. Dar exemplos de questões que estimulem a transferência e

associação do conhecimento.

Fonte: Dados da pesquisa

83

a) terceira etapa - disponibilização do produto: A versão impressa do caderno

acompanha esta dissertação. Para facilitar sua utilização pelos professores,

foi incluído, e está disponível junto com o caderno impresso, um CD que

contém a versão digital. No CD, além do produto, está disponível a

dissertação.

4.2 Avaliação do caderno

Para testar a aceitação e validar sua qualidade, o caderno foi apresentado

para uma professora da disciplina de Anatomia Humana da Universidade Salgado

de Oliveira. Essa professora é graduada em Ciências Biológicas e mestre em

Zoologia de Vertebrados, cursados na Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais. Ela trabalha a oito anos na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO)

com as disciplinas de Anatomia Básica e Anatomia Aplicada. Foi entregue para ela o

caderno em versão impressa e por via email, para sua avaliação. Junto, ao CD foi-

lhe entregue um questionário avaliativo para que ela o respondesse e pudesse fazer

suas considerações (Apêndice E). As questões versaram sobre o conceito dado ao

material, a importância dada à divulgação desse tipo de material para o

aperfeiçoamento do professor, a capacidade esclarecedora sobre cada item do

material, a objetividade das dicas apresentadas para uma rápida consulta pelo

professor, a estrutura das questões em relação à sua construção, a possibilidade de

utilização das questões pela professora avaliadora. Em quase todas as questões foi

pedido que fosse justificada a resposta, o que tornou essa avaliação livre para

opiniões. Ainda dentro da avaliação do produto, foi solicitado a ela que citasse

quatro aspectos positivos e quatro negativos do material, e que fizesse sugestões de

modificações para a adequação do mesmo, ao seu jeito de trabalhar.

Com relação ao conceito dado ao produto, este foi considerado ótimo, e

também, foi importante a sua divulgação para o aperfeiçoamento dos professores,

sendo justificado pela avaliadora como um material que melhora o nível de

elaboração das questões que utilizam imagens, pois muitas vezes o professor não

entende as dificuldades que o aluno possa ter na resolução de uma questão. Pelas

próprias palavras da avaliadora:

84

muitas vezes queremos que a percepção dos alunos em seis meses seja a mesma que a dos educadores que estudaram muitos anos de anatomia e se especializaram em uma área. [...] É importante, pois pode ser utilizado com os modelos e aulas expositivas assimilando o visual, o auditivo e o tato.

Com relação à pergunta sobre o item “A importância da imagem no ensino de

Anatomia Humana” ela achou muito esclarecedora, sendo justificado que, até então,

ela não havia considerado a imagem como um fator preponderante para o estudo da

Anatomia Humana, escreve ela “para mim somente as aulas práticas bastavam para

o aprendizado dos alunos, considerava a imagem como uma conseqüência da

disciplina”.

A pergunta sobre “A avaliação e os diferentes tipos de questões” foi avaliado

como esclarecedora, sendo muito elogiada a descrição sobre as vantagens e

desvantagens do uso de cada tipo de questão, tornando a leitura rápida e objetiva.

Porém, a avaliadora em primeira instância, achou que as questões objetivas

tratavam-se de questões de múltipla escolha e as questões discursivas, de questões

abertas. Assim, isso para ela pode promover uma confusão, pois somente no final

do material, com os exemplos de questões, é que fica clara essa divisão, ou seja,

podem-se ter questões de múltipla escolha de caráter descritivo. Ela justifica “eu

particularmente não gosto de questões de múltipla escolha no ensino de graduação,

pois não estimula o aluno a escrever e construir seu pensamento”.

Sobre o item “Orientações sobre o uso da imagem na avaliação da

aprendizagem de Anatomia Humana” ela achou muito interessante, pois muitos

professores querem algo de leitura prática, apenas sugeriu que fosse ampliado

colocando mais sugestões e pequenos exemplos.

Continuando o relato da avaliação do produto, ao perguntar se ela achava

que os exemplos de questões objetivas e discursivas foram bem construídos, e se

ela utilizaria nas suas avaliações, a avaliadora respondeu, em ambas, que sim.

Justificou que usaria, mas grande parte dos professores teria que modificar sua

prática em sala de aula, pois a maioria, e ela se inclui, trabalha a Anatomia Humana

em um âmbito muito laboratorial. Diz ela

gostei muito das questões, são bem construídas, com boas indicações, aumenta o processo de construção e resgate da memória, porém temos que modificar quase toda a proposta de trabalho na disciplina, inserindo e dando um enfoque maior às imagens, trabalhando mais os atlas de Anatomia Humana auxiliares para o livro texto na sala de aula.

85

Outro relato interessante:

gostei mais das questões que relacionam conhecimentos, as de transferência, do que as de memorização direta, na atual docência o estudo de uma ou outra disciplina devem estar conectadas, permitindo ao aluno entender que o estudo não é em pacotes.

Quanto aos aspectos positivos e negativos do material, as respostas foram

analisadas e categorizadas de acordo com as recomendações de categorização de

Bardin (1997). No Quadro 9 abaixo, apresentou-se as categorias de respostas dos

aspectos positivos.

Quadro 9 - Aspectos positivos do produto segundo a avaliadora

Categorias de respostas Exemplos de respostas

Embasamento teórico “Os vários autores citados dão confiabilidade ao

material”

Linguagem “As questões estão no nível técnico exigido pela

graduação, força o aluno a manter um elevado

nível de conhecimento em Anatomia Humana”

Integração dos conteúdos “As questões poderiam ser utilizadas em conjunto

com outras disciplinas, pois tratam de assuntos

estudados em outros conteúdos como dança,

vôlei, socorros, bases biológicas, etc”

Interferência na prática docente “Faz repensar a prática docente em Anatomia

Humana e a vontade de modificar os padrões da

disciplina”

Qualidade do conteúdo “Ótimos exemplos de questões e sugestões

muito boas que transformam uma questão em

várias”

Fonte: Dados da pesquisa

Os aspectos positivos do produto levantados pela avaliadora mostraram que a

proposta de um caderno que oriente a utilização da imagem nas avaliações de

Anatomia Humana atingiu os objetivos esperados. Primeiro, foi capaz de despertar a

necessidade de modificar a prática docente na disciplina ao perceber que falha-se

ao achar que imagens incompletas, de baixa qualidade, sem indicações claras e que

não despertam nenhuma construção do resgate da memória, podem dizer tudo em

uma avaliação. Segundo, apontou que existe uma carência muito grande de

86

manuais ou livros, com exemplos de tipos de avaliações, e por último, que cada vez

mais, os professores sentem a necessidade de modificar suas avaliações, no

sentido de entrecruzar assuntos diversos, dando um significado ao aprendizado.

A seguir, apresenta-se o Quadro 10, com as categorias de respostas dos

aspectos negativos.

Quadro 10 - Aspectos negativos do produto segundo a avaliadora

Categorias de respostas Exemplos de respostas

Diversificação das questões “Faltaram questões com textos retirados de

revistas científicas”

“Faltaram questões de múltipla escolha que

também são muito utilizadas nas avaliações e

mesmo que a maioria dos professores não seja

favorável a esse tipo de questão, é preciso levar

em conta a realidade das instituições”

Estrutura do material “No início de cada exemplo de questão poderia

ser feita uma pequena descrição do sistema”

Dificuldade de inserção das questões nas

avaliações

“Como o conteúdo é muito extenso na disciplina

de Anatomia Humana, abordar tantos aspectos

diferentes das estruturas, como é o sugerido,

pode tornar a aula muito complexa, assim a

opção é elaborar avaliações que utilize apenas

um tipo de imagem”

“A falta de material e cursos de especialização

em ensino de Anatomia Humana”

Falta de padronização das imagens “Muitas imagens diferentes tiradas de muitos

sites, sem um padrão”

“Ausência de imagens dos livros que os alunos

utilizam”

Fonte: Dados da pesquisa

As sugestões de modificações no material feitas pela avaliadora coincidem

com as categorias dos aspectos negativos de uma forma geral. A seguir, são

destacadas algumas sugestões:

87

a) “Incluir questões de múltipla escolha”

b) “Elaborar questões cujo enunciado seja um texto científico”

c) “Incluir um texto introdutório resumido sobre o sistema ao qual o exemplo de

questão está abordando”

d) “Elaborar questões para uso durante as aulas práticas juntamente com os

modelos anatômicos”

Analisando os aspectos negativos e as indicações de aperfeiçoamento

apontados pela avaliadora, julgou-se pertinentes e pode-se adotar suas sugestões,

de utilizar textos científicos retirados de periódicos especializados na área, e

também, que seria interessante ampliar este caderno inserindo questões de múltipla

escolha. Sabe-se que a realidade de muitas instituições quanto ao baixo nível de

conhecimento dos alunos, propõe a utilização de questões deste tipo a fim de

facilitar a compreensão das avaliações. Contudo, insiste-se cada vez mais, que seja

uma tônica a perseverança, inclusive para estimular a produção de texto, em utilizar

o uso de questões abertas. Achou-se interessante a avaliadora perceber a

necessidade de fazer uma parte introdutória para cada sistema abordado nas

questões, mas ressalta-se que o nosso produto foi elaborado para ser objetivo e

direcionado para a elaboração de questões, e não para a abordagem teórica de

conteúdos de Anatomia Humana.

Discorda-se, totalmente, da sugestão de utilização de um único tipo de

imagem nas avaliações (padronização das imagens), seria incoerente em uma

disciplina, altamente visual e figurativa, com tantas opções de imagens

diferenciadas, utilizar apenas uma imagem para representar um modelo anatômico.

Atenta-se, mais uma vez, ao fato de que as imagens diversificadas devem ser

mostradas durante as aulas de uma forma comparativa, ou seja, quanto mais formas

de um órgão o aluno ver, aumenta a possibilidade de percepção dos detalhes e a

facilidade de reconhecimento das partes desse órgão. Em relação à utilização do

caderno, somente de imagens retiradas de sites de domínio público, foi proposital

para evitar qualquer tipo de violação de direitos autorais. Insistiu-se para que a

prática de utilização e a apropriação de imagens de livros, feitas pela maioria dos

professores na elaboração de materiais didáticos, seja modificada. Sugeriu-se que

as imagens retiradas dos livros, sejam utilizadas através de leitura dos mesmos, ou

através de projeção, mas nunca tomadas para inserção no material de terceiros.

88

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta dissertação abordou dois temas bastante discutidos, às vezes, até

mesmo, polêmicos, no processo de ensino e aprendizagem, atualmente: a avaliação

e o uso de imagens. Procurou-se, aqui, reunir estes dois temas, nesse caso, no

contexto do ensino de Anatomia Humana, disciplina presente em todos os cursos de

graduação na área da saúde. Poucos estudos e publicações existem nessa área, o

que torna esta dissertação um ponto inicial para futuras pesquisas inovadoras.

No levantamento do referencial teórico, constatou-se que poucos autores

tratam do assunto “imagem”, no ensino de uma forma geral e que, especificamente

na Anatomia Humana, a maioria dos trabalhos é de cunho médico, o que nos fez

constatar que ela não é tratada como uma disciplina que precise de uma abordagem

didática. Ou seja, existem poucos trabalhos direcionados à pesquisa sobre o ensino

de Anatomia Humana e, talvez, esse seja o motivo dos altos índices de dificuldade

de aprendizagem e de reprovação por parte dos alunos.

Quanto a estudos sobre a avaliação no ensino superior, verificou-se a

existência de trabalhos que se preocupam com essa temática, entretanto, todos eles

são bastante teóricos, ou seja, não contribuem efetivamente para a prática docente.

A partir dessas considerações, surgiu a idéia de elaborar um caderno com

orientações e sugestões de questões apoiadas no que se acredita e constata-se na

investigação, ser mais adequado para utilizar as imagens nas avaliações de

Anatomia Humana. Acredita-se que alguns aspectos destacados a seguir, e

discutidos nesta dissertação, podem ser relevantes neste sentido:

a) deve-se utilizar nas avaliações imagens que foram trabalhadas em sala de

aula, sejam aquelas que fazem parte do material de apoio do aluno como

roteiros teóricos e práticos, ou aquelas que fazem parte dos livros indicados

aos alunos para estudo. Não é aconselhável inserir imagens nas avaliações

que nunca foram vistas pelo aluno;

b) é interessante que as imagens sejam contextualizadas. Isso permite ao aluno

ampliar os conceitos e relações com outras disciplinas desmistificando a

disciplina de Anatomia Humana como uma “decoreba” que será esquecida,

após o período de estudos;

c) sempre procure integrar texto e imagens. A interpretação do texto pode ser

89

facilitada pela imagem;

d) evite usar imagens sem conexão com o conteúdo, de baixa qualidade e

definição e com excesso de informações;

e) sinalize as imagens com cores, setas, traços, entre outros, focalizando o que

é importante ser analisado nelas. Entretanto, isso não deve ser feito de forma

a facilitar a resposta do aluno;

f) na medida do possível, utilize, simultaneamente, imagens esquemáticas e

imagens reais;

g) procure diversificar ao máximo as imagens sobre o mesmo conteúdo,

evitando a utilização de uma única imagem (evite padronização de imagens).

A fim de contribuir, efetivamente, para a prática docente adicionou-se ao

caderno, exemplos de questões com imagens que podem ser utilizadas na

avaliação, dentro de todos os conteúdos da Anatomia Humana. Todas as questões

sugeridas vêm acompanhadas de alguns comentários quanto ao tema abordado,

possíveis variações que a questão permite e os gabaritos com as respostas. Desta

forma, o professor pode utilizar estas questões no momento de elaborar a avaliação,

ou alternativamente, fazer adaptações que se ajustem a sua realidade. É importante

enfatizar que em uma avaliação existem muitas formas de elaborar as questões que

se transformarão no instrumento de diagnóstico do desenvolvimento do aluno em

relação ao aprendizado, e que mais que o instrumento, importa mesmo é o tipo de

conhecimento e competência que se busca avaliar, o tipo e a qualidade da pergunta

e as diferentes possibilidades de respostas que se pode obter de acordo com as

perguntas ou problemas formulados.

Uma análise preliminar mostrou que o nosso produto foi bem aceito e

contribuirá para a área de ensino de Anatomia Humana. Certamente, alguns

aprimoramentos devem ser feitos para torná-lo mais efetivo. A posteriori é nossa

intenção que esse caderno seja avaliado por outros professores de Anatomia

Humana, inclusive de outras instituições cuja grade curricular pode ser diferente da

de onde foi executada a avaliação do mesmo.

Dentro de uma perspectiva de avaliação formativa sentiu-se a necessidade de

fazer uma correção dos testes aplicados com os alunos participantes da pesquisa,

entretanto, devido à falta de tempo, não foi possível. Recomenda-se que esta

estratégia de revisar, discutir e corrigir com os alunos a avaliação seja uma prática

90

adotada pelo professor, no processo de ensino e aprendizagem, pois assim, os erros

podem servir como ponto de partida para acessar a aprendizagem e auxiliar na

recondução dos objetivos do ensino. Ressalta-se, aqui, um relato interessante por

parte de alguns dos alunos participantes da pesquisa, que ao fazerem a avaliação

final, cuja matéria é acumulativa, ou seja, o assunto dos testes aplicados caiu nesta

avaliação, disseram acertar as questões, pois se lembraram das questões com

imagens que responderam na investigação. Isso reforça que a imagem de qualidade

e utilizada corretamente, como explanado, exaustivamente, no corpo desta

dissertação, ajuda no resgate de informações da memória.

Finaliza-se esta dissertação com a certeza de que se respeitaram as opiniões

e individualidades dos partícipes desta pesquisa, e que obteve-se um resultado

positivo ao tratar de um assunto muito importante para o processo de ensino

aprendizagem da Anatomia Humana, ou seja, a inserção de imagens nas avaliações

de forma produtiva.

91

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100

APÊNDICE A - Testes

Programa de mestrado em Ensino de Ciências e Matemá tica

Área de concentração: Ensino de Biologia

Pesquisadora: Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

Orientador: Profª. Drª. Andréa Carla Leite Chaves

Pesquisa: “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material de apoio para

o professor”.

Caro(a) aluno(a)

Esta atividade tem como principal objetivo a obtenção de dados para elaboração da

pesquisa de mestrado “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material

de apoio para o professor”. Ao respondê-lo, você colaborará muito para a execução

desse trabalho. Desde já, manifesto meus mais profundos agradecimentos.

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

[email protected]

101

- Teste A

a. O córtex cerebral é caracterizado por giros e sulcos que formam regiões

cerebrais. Como são chamadas essas regiões?

b. Um homem teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) agudo na região

frontal em decorrência de uma trombose cerebral desenvolvendo um déficit

neurológico focal. Quais as possíveis consequências de lesões nesta região?

102

c. Faça um texto descritivo sobre a anatomia do córtex cerebral baseando-se no

desenho e nas palavras abaixo.

Lobo parietal

Lobo temporal Lobo occipital

Sulco lateral

Rostral

Posterior

Substância cinzenta

Giros e sulcos

Lobo frontal

Sulco central

103

Programa de mestrado em Ensino de Ciências e Matemá tica

Área de concentração: Ensino de Biologia

Pesquisadora: Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

Orientador: Profª. Drª. Andréa Carla Leite Chaves

Pesquisa: “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material de apoio para

o professor”.

Caro(a) aluno(a)

Esta atividade tem como principal objetivo a obtenção de dados para elaboração da

pesquisa de mestrado “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material

de apoio para o professor”. Ao respondê-lo, você colaborará muito para a execução

desse trabalho. Desde já, manifesto meus mais profundos agradecimentos.

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

[email protected]

104

- Teste B

a. O córtex cerebral é caracterizado por giros e sulcos que formam regiões

cerebrais. Como são chamadas essas regiões?

b. Um homem teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) agudo na região

frontal em decorrência de uma trombose cerebral desenvolvendo um déficit

neurológico focal. Quais as possíveis consequências de lesões nesta região?

105

c. Faça um texto descritivo sobre a anatomia do córtex cerebral baseando-se no

desenho e nas palavras abaixo.

Sulco lateral

Lobo parietal

Lobo temporal

Lobo occipital

Rostral Posterior

Substância cinzenta

Giros e sulcos

Lobo frontal

Sulco central

106

Programa de mestrado em Ensino de Ciências e Matemá tica

Área de concentração: Ensino de Biologia

Pesquisadora: Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

Orientador: Profª. Drª. Andréa Carla Leite Chaves

Pesquisa: “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material de apoio para

o professor”.

Caro(a) aluno(a)

Esta atividade tem como principal objetivo a obtenção de dados para elaboração da

pesquisa de mestrado “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material

de apoio para o professor”. Ao respondê-lo, você colaborará muito para a execução

desse trabalho. Desde já, manifesto meus mais profundos agradecimentos.

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

[email protected]

107

- Teste C

a. O córtex cerebral é caracterizado por giros e sulcos que formam regiões

cerebrais. Como são chamadas essas regiões?

b. Um homem teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) agudo na região

frontal em decorrência de uma trombose cerebral desenvolvendo um déficit

neurológico focal. Quais as possíveis consequências de lesões nesta região?

108

c. Faça um texto descritivo sobre a anatomia do córtex cerebral utilizando as

seguintes palavras: lobo frontal / córtex/ giros e sulcos / rostral / sulco lateral /

sulco central / lobo temporal / substância cinzenta / lobo parietal / posterior /

lobo occipital.

109

Programa de mestrado em Ensino de Ciências e Matemá tica

Área de concentração: Ensino de Biologia

Pesquisadora: Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

Orientador: Profª. Drª. Andréa Carla Leite Chaves

Pesquisa: “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material de apoio para

o professor”.

Caro(a) aluno(a)

Esta atividade tem como principal objetivo a obtenção de dados para elaboração da

pesquisa de mestrado “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material

de apoio para o professor”. Ao respondê-lo, você colaborará muito para a execução

desse trabalho. Desde já, manifesto meus mais profundos agradecimentos.

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

[email protected]

110

- Teste D

a. O córtex cerebral é caracterizado por giros e sulcos que formam regiões

cerebrais. Como são chamadas essas regiões?

b. Um homem teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) agudo em decorrência

de uma trombose cerebral desenvolvendo um déficit neurológico focal. A

região afetada está indicada na Figura. Quais as possíveis consequências de

lesões nesta região

111

c. Faça um texto descritivo sobre a anatomia do córtex cerebral baseando-se no

desenho e nas palavras abaixo.

Lobo parietal

Lobo temporal Lobo occipital

Sulco lateral Rostral

Posterior

Substância cinzenta

Giros e sulcos Sulco central

Lobo frontal

112

APÊNDICE B - Testes

Programa de mestrado em Ensino de Ciências e Matemá tica

Área de concentração: Ensino de Biologia

Pesquisadora: Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

Orientador: Profª. Drª. Andréa Carla Leite Chaves

Pesquisa: “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material de apoio para

o professor”.

Caro(a) aluno(a)

Esta atividade tem como principal objetivo a obtenção de dados para elaboração da

pesquisa de mestrado “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material

de apoio para o professor”. Ao respondê-lo, você colaborará muito para a execução

desse trabalho. Desde já, manifesto meus mais profundos agradecimentos.

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

[email protected]

113

- Teste E

a. Compare o desenho utilizado na aula com a fotografia do encéfalo. Identifique

as regiões do desenho na fotografia.

Lobo occipital

Lobo frontal

Lobo temporal

Lobo parietal

114

Programa de mestrado em Ensino de Ciências e Matemá tica

Área de concentração: Ensino de Biologia

Pesquisadora: Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

Orientador: Profª. Drª. Andréa Carla Leite Chaves

Pesquisa: “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material de apoio para

o professor”.

Caro(a) aluno(a)

Esta atividade tem como principal objetivo a obtenção de dados para elaboração da

pesquisa de mestrado “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material

de apoio para o professor”. Ao respondê-lo, você colaborará muito para a execução

desse trabalho. Desde já, manifesto meus mais profundos agradecimentos.

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

[email protected]

115

- Teste F

a. Compare a fotografia do encéfalo com o desenho utilizado na aula. Identifique

as regiões da fotografia no desenho.

Lobo occipital

Lobo frontal

Lobo temporal

Lobo parietal

116

Programa de mestrado em Ensino de Ciências e Matemá tica

Área de concentração: Ensino de Biologia

Pesquisadora: Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

Orientador: Profª. Drª. Andréa Carla Leite Chaves

Pesquisa: “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material de apoio para

o professor”.

Caro(a) aluno(a)

Esta atividade tem como principal objetivo a obtenção de dados para elaboração da

pesquisa de mestrado “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material

de apoio para o professor”. Ao respondê-lo, você colaborará muito para a execução

desse trabalho. Desde já, manifesto meus mais profundos agradecimentos.

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

[email protected]

117

- Teste G

a. Compare o desenho utilizado na aula com a fotografia do encéfalo. Identifique

as regiões do desenho na fotografia.

Lobo frontal

Lobo parietal

Lobo occipital

Lobo temporal

118

Programa de mestrado em Ensino de Ciências e Matemá tica

Área de concentração: Ensino de Biologia

Pesquisadora: Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

Orientador: Profª. Drª. Andréa Carla Leite Chaves

Pesquisa: “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material de apoio para

o professor”.

Caro(a) aluno(a)

Esta atividade tem como principal objetivo a obtenção de dados para elaboração da

pesquisa de mestrado “O uso da imagem na avaliação: elaboração de um material

de apoio para o professor”. Ao respondê-lo, você colaborará muito para a execução

desse trabalho. Desde já, manifesto meus mais profundos agradecimentos.

Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

[email protected]

119

- Teste H

a. Compare a fotografia do encéfalo com o desenho utilizado na aula. Identifique

as regiões da fotografia no desenho.

Lobo occipital

Lobo frontal

Lobo temporal

Lobo parietal

120

APÊNDICE C - Termo de consentimento livre e esclare cido

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e M atemática

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do estudo: O uso da imagem na avaliação: Elaboração de um material de apoio para o professor. Prezado(a) Senhor(a): Este Termo de Consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao pesquisador que explique as palavras ou informações não compreendidas completamente. Introdução: Você está sendo convidado(a) a participar de forma totalmente voluntária. 1. Antes de concordar em participar desta pesquisa é muito importante que você compreenda as informações e instruções contidas neste documento. 2. O pesquisador deverá responder todas as suas dúvidas antes de você se decidir a participar. 3. Você tem o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, sem nenhuma penalidade e sem perder os benefícios aos quais tenha direito. Objetivo do estudo : Elaborar um material de apoio para os professores sobre a utilização da imagem nas avaliações. Procedimentos . Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder individualmente e sem consulta a nenhum material três perguntas sobre o cérebro humano. Benefícios . O provável benefício será a contribuição para a melhoria do ensino de Anatomia Humana. Riscos : O risco possível seria a divulgação de algum dado sobre as respostas dadas nas questões, que fosse pessoal. Como as respostas são anônimas, não haverá um risco maior, pois os resultados do estudo serão sempre apresentados como o retrato de um grupo e não de uma pessoa. Dessa forma, você não será identificado quando o material de seu registro for utilizado, seja para propósitos de publicação científica ou educativa. Mesmo assim, o pesquisador terão o verdadeiro cuidado com o arquivamento dos questionários coletados e este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Sigilo : As informações fornecidas por você serão confidenciais e de conhecimento apenas do pesquisador responsável. Os sujeitos da pesquisa não serão identificados em nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados em qualquer forma. O pesquisadore responsável pelo estudo poderá fornecer qualquer esclarecimento sobre o estudo, assim como tirar dúvidas, bastando contato no seguinte endereço telefone e/ou email: Nome do pesquisador: Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta Telefone: (31) 34923155 (31) 96380479 Email: [email protected] Declaração de consentimento: Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de assinar este termo de consentimento. Declaro que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste estudo de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebi respostas para todas as minhas dúvidas. Confirmo também que recebi uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Compreendo que sou livre para me retirar do estudo em qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade. Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade para participar deste estudo. Obrigado pela sua colaboração e por merecer sua confiança. Nome do participante (em letra de forma): _________________________________________________________________

Assinatura do participante / Data: ________________ ________________________________________________________

Nome (em letra de forma): _________________________ ____________________________________________________ Assinatura do pesquisador / Data: _________________ _____________________________________________________

121

APÊNDICE D - Gabarito dos testes

Gabarito do teste B

TESTE B

QUESTÃO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS DE RESPOSTAS DOS ALUNOS NOTA

Correto R: Lobo frontal, lobo parietal, lobo temporal, lobo

occipital.

10

Parcialmente

correto

R: Sulcos, giros, lobos parietal, frontal, temporal,

occipital.

5

a

Retenção

Incorreto R: Sulco lateral esquerdo, sulco lateral direito, sulco

central, giro pré-central, giro pós-central.

0

Correto R: Perda de movimentos musculares que

prejudicam a realização de movimentos

coordenados, perda da fala.

10

Parcialmente

correto

R: Dificuldade na fala e visão. 5

b

Transferência

com resolução

de problema

Incorreto R: Pode ocorrer perda geral do olfato. 0

Correto R: O encéfalo é dividido em quatro lobos: lobo

frontal, lobo temporal, lobo parietal e lobo occipital.

Separando o lobo frontal do temporal temos o sulco

lateral, separando o lobo frontal do lobo parietal

temos o sulco central. O córtex cerebral é revestido

por uma substância cinzenta. No encéfalo temos

regiões mais altas denominadas giros e regiões

mais profundas chamadas de sulcos. Na figura

temos um desenho no plano sagital onde

constatamos a parte rostral (anterior) e a parte

posterior do encéfalo.

10

Parcialmente

correto

R: O encéfalo é constituído por várias partes se

distinguindo a substância cinzenta que é mais

externa e destacando algumas regiões como a dos

lobos e também os giros.

5

c

Transferência

com elaboração

de texto

Incorreto R: Os sulcos separam os lobos parietal e occipital.

Na região rostral se localiza os sulcos e giros, lobo

frontal. Na região posterior o lobo occipital e

parietal.

0

Fonte: Dados da pesquisa

122

Gabarito do teste C

TESTE C

QUESTÃO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS DE RESPOSTAS DOS ALUNOS NOTA

Correto R: Lobo frontal, lobo parietal, lobo temporal, lobo

occipital.

10

Parcialmente

correto

R: Lobo frontal, sulco central, sulco lateral, lobo

temporal.

5

a

Retenção

Incorreto R: Sulco frontal, sulco posterior, sulco central, sulco

lateral direito.

0

Correto R: Perda de movimentos e alterações na

coordenação da fala.

10

Parcialmente

correto

R: Alterações na fala motricidade, pensamento,

visão, olfato, raciocínio, gustação,

5

b

Transferência

com resolução

de problema

Incorreto R: Pode ocasionar coágulos de sangue nesta

região.

0

Correto R: O córtex cerebral é formado por uma substância

cinzenta, nesta encontram-se os sulcos e giros, o

córtex é dividido em quatro partes, os lobos. Na

parte rostral o lobo frontal, na parte intermédia o

lobo parietal, na parte posterior o lobo occipital e na

parte lateral o lobo temporal. No córtex há sulcos

que delimitam os lobos, o sulco central separa o

lobo frontal do lobo parietal e o sulco lateral separa

o lobo parietal do lobo temporal.

10

Parcialmente

correto

R: O lobo frontal localiza-se na parte rostral da

cabeça, nele existem giros e sulcos que separaram

os lobos. O sulco lateral separa o lobo temporal do

lobo parietal e o sulco central separa o lobo central

do lobo parietal. O lobo occipital localiza-se na

parte posterior da cabeça.

5

c

Transferência

com elaboração

de texto

Incorreto R: Em branco. 0

Fonte: Dados da pesquisa

123

Gabarito do teste D

TESTE D

QUESTÃO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS DE RESPOSTAS DOS ALUNOS NOTA

Correto R: Frontal, parietal, temporal, occipital. 10

Parcialmente

correto

R: Frontal, parietal, sulco central, occipital. 5

a

Retenção

Incorreto R: Substância cinzenta e branca. 0

Correto R: Paralisia e perda de movimentos podendo

ocorrer alterações da fala.

10

Parcialmente

correto

R: Visão, distúrbios hormonais e paralisia dos

membros superior ou inferior

5

b

Transferência

com resolução de

problema

Incorreto R: Rompimento de um vaso sanguíneo. 0

Correto R: O córtex com substância cinzenta possui os

lobos frontal (rostral), parietal e temporal e o

occipital (posterior). O sulco central divide o

frontal do parietal e o sulco lateral o frontal e

parietal do temporal.

10

Parcialmente

correto

R: O córtex cerebral é caracterizado por giros e

sulcos que formam as regiões do cérebro. Entre o

sulco central e lateral localiza-se o lobo frontal e o

parietal. O lobo occipital localiza-se na parte

posterior. No córtex há a substância cinzenta.

5

c

Transferência

com elaboração

de texto

Incorreto R: Sulco central o maior sulco do cérebro. Lobo

frontal na parte da frente e posterior na parte de

baixo.

0

Fonte: Dados da pesquisa

124

Gabarito do teste F

TESTE F

QUESTÃO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS DE RESPOSTAS DOS

ALUNOS

NOTA

Correto R:

10

Parcialmente

correto

R:

5

Associação

Incorreto R:

0

Fonte: Dados da pesquisa

Lobo frontal

Lobo temporal

Lobo occipital

Lobo parietal

Lobo frontal

Lobo occipital

Lobo temporal

125

Gabarito do teste G

TESTE G

QUESTÃO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS DE RESPOSTAS DOS

ALUNOS

NOTA

Correto R:

10

Parcialmente

correto

R:

5

Associação

Incorreto R:

0

Fonte: Dados da pesquisa

Lobo parietal

Lobo frontal

Frontal

Lobo parietal

Parietal

Temporal

Occipital

Lobo temporal Lobo occipital

Lobo temporal

Lobo occipital

Lobo frontal

126

Gabarito do teste H

TESTE H

QUESTÃO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS DE RESPOSTAS DOS

ALUNOS

NOTA

Correto

R:

10

Parcialmente

correto

R:

5

Associação

Incorreto R:

0

Fonte: Dados da pesquisa

Lobo frontal

Lobo temporal

Lobo occipital

Lobo temporal

Lobo occipital

Lobo parietal

Lobo frontal

Lobo temporal

Lobo occipital

Lobo frontal

Lobo parietal

127

APÊNDICE E - Questionário de avaliação do produto

Nome: ___________________________________________________________ Grau de Instrução: ___________________________________________________________ Instituição onde Trabalha: ___________________________________________________________ Disciplinas ministradas: ___________________________________________________________ Tempo de docência no ensino superior: ___________________________________________________________

1. Assinale o conceito que você daria para o material: Ruim Médio Bom Ótimo 2. Você acha importante a divulgação deste tipo de material para o

aperfeiçoamento do professor? Sim Não Justifique:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Em relação ao capítulo “a importância da imagem no ensino de anatomia

humana você acha que foi esclarecedor? Sim Não

Justifique: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

128

4. Em relação ao capítulo “a avaliação e os diferentes tipos de questões” você acha que foi esclarecedor?

Sim Não

Justifique: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Em relação ao capítulo “orientações sobre o uso de imagens na avaliação de

anatomia humana” você acha que foi objetivo podendo ser consultado rapidamente pelo professor?

Sim Não

Justifique: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Em relação aos exemplos de questões objetivas você acha que elas estão bem construídas e poderiam ser usadas em suas avaliações?

Sim Não

Justifique: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Em relação aos exemplos de questões discursivas você acha que elas estão

bem construídas e poderiam ser usadas em suas avaliações? Sim Não

Justifique: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

129

8. Relacione quatro aspectos positivos e negativos do material: Positivos:

a. _________________________________________________________ b. _________________________________________________________ c. _________________________________________________________ d. _________________________________________________________

Negativos: a. _________________________________________________________ b. _________________________________________________________ c. _________________________________________________________ d. _________________________________________________________

9. Relacione modificações que poderiam ser feitas no material, a fim de torná-lo mais adequado ao seu jeito de trabalhar. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Agradeço sua avaliação. Sua contribuição é muito im portante para o aperfeiçoamento desse material.

Mestranda Flávia Dutra da Silveira Magalhães Cotta

Dezembro 2011