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SERGIO BICUDO
COLAB: ECOLOGIA DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES DE CONVERGÊNCIA DIGITAL
DOUTORADO EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA
Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Comunicação e Semiótica, sob a orientação do Professor Doutor Rogério da Costa.
SÃO PAULO 2007
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP
Banca Examinadora
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_____________________________________
para a(s) Bruna e Paula, meninas no presente e esperanças no futuro,
e ao eterno menino João Hélio, meu ponto de mutação.
agradeço a todos os meus “nós”, que me constituem e re-significam:
família, amigos, colaboradores, professores, alunos, gurus, tubos e conexões, “eus”, alter-egos e avatares.
a todos que me são:
patricia, bia, vanessa, rogério, max, drica, hdhd, cida, maria lucia e alexandre,
arlindo, trivinho, ana claudia, giselle, clotilde, bairon, basbaum, vicente, victor, yvone
gilson , regina, reynaldo, fabio, lawrence, sonias, almeidas, almas, chaias, goldfarbs, passettis e feldmann
douglas, paulo, anjo, altemeyer, brigatti e celio julio, mik, dan, bob and joe e thiagos,
marcelos, cris e stela eliane, cida, paulina, bruno, sandra, mario,
fabio, izagar e jacbar, laís, rosangela e marcus,
sergio, ana, veronica, thiago, thais e evelyne willian, zita, dardo, dowbor, soninha e diogo
oded, mauricio, edu jorge, noemia, celia, gilberto e judith bruno, visca, vasco, marcos, guto, paulico e duda
ao steven, federico, pierre, manuel, maeda, morin, capra google, gmail, docs, reader, yahoo, wikipedia, wordpress,
meiobit, flash, indesign, brOficce, firefox e ubuntu, tv cultura, folha, telefonica, hp, ibm, palm e nokia
aos críticos que me fazem vivo
não esquecendo de quem imperdoavelmente
não poderia ter esquecido
e à inesgotável Pontifícia Universidade Católica de S.Paulo
sem os quais o improvável não teria sido possível.
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Resumo: coLab: ecologia do conhecimento em ambientes de convergência digital. Sergio Bicudo
A presente Tese investiga de que forma os avanços nas tecnologias de informação e comunicação requalificaram a produção de conhecimento em escala planetária. Observou-se, no processo de pesquisa, que o desenvolvimento puramente tecnicista fora de uma perspectiva humanística vem determinando um quadro crescente de exploração predatória, poluição, aquecimento global, desigualdade social, enfim, de uma gama de processos destrutivos desencadeados por uma visão fragmentada da existência humana.
Procuramos balizar a pesquisa inserindo as noções de “sustentabilidade” de Fritjof Capra e “ecologias” de Guattari, problematizadas dentro de uma perspectiva “ecológica” aplicada aos novos “ambientes midiáticos”.
As principais especificidades dos meios digitais foram sistematizadas e, a partir das referências de “mídia expandida”, de Arlindo Machado, observa-se que as linguagens midiáticas se re-significam mediante o processo de convergência digital, constituindo uma nova matriz de formas e funcionalidades.
No diálogo com os pressupostos de “emergência”, de Steven Johnson e “inteligência coletiva”, de Pierre Levy, são observadas profundas alterações no cenário cultural.
Nesse novo macroambiente, pudemos contextualizar a produção de conhecimento, avaliando-se sistemas de gestão de inteligência coletiva e verificando-se a aplicação dos conceitos observados no âmbito do uso social para as redes sociais.
É clara a definição de que os novos formatos híbridos, como a Televisão Digital, a Web e os Dispositivos Móveis, combinam linguagens visuais, sonoras e verbais, assumindo novos papéis com o incremento substantivo dos recursos de programação, processamento de dados e redes sociais. As mídias, portanto, passam a ser, além de elemento de representação simbólica, um novo espaço de vivência humana, integrado ao mundo físico e, como tal, carente de um modelo sustentável. Palavras-chave: Redes Sociais, Convergência Digital, Tecnologia da Informação, Ecologia, Mídia Colaborativa.
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Abstract: coLab: ecology of the knowledge in environments of digital convergence Sergio Bicudo.
The present Thesis investigates of that it forms the advances in the information technologies and communication requalificaram the production of knowledge in planetary scale. It was observed, in the research process, that the purely technical development is of a humanistic perspective comes determining an increasing picture of predatory exploration, pollution, global heating, social inequality, at last, of a gamma of destructive processes unchained by a fragmented vision of the existence human being.
We look for to mark out with buoys the research inserting the slight knowledge of “sustainability” of Fritjof Capra and “ecology” of Guattari, problematizing inside of an applied “ecological” perspective to new “media environments”.
The main specificities of the digital ways had been systemize e, from the references of “expanded media”, Arlindo Machado is observed that the media languages if reverse speed-mean by means of the process of digital convergence, constituting a new matrix of forms and functionalities.
In the dialogue with the estimated ones of “emergency”, of Steven Johnson and “collective intelligence”, of Pierre Levy, deep alterations in the cultural scene are observed.
In this new macro environment, we could contextualizes the knowledge production, evaluating themselves systems of management of collective intelligence and verifying it application of the concepts observed in the scope of the social use for the social nets.
The definition is clear of that the new hybrid formats, as the Digital Television, the Web and Mobile Devices, combine visual, sonorous and verbal languages, assuming new roles with the substantive increment of the programming resources, social data processing and nets. The media, therefore, start to be, beyond element of symbolic representation, a new space of experience human being, integrated to physical world e, as such, devoid of a sustainable model. Keywords: Social Network, Digital Convergence, Information Technology, Ecology, Collaborative Media.
7
sumário 07 resumo 05 abstract 06 00. imergência 09 00.00. fins e finalidades 17 00.01. meios, mensagens, mídias e métodos 22 00.10. princípios, origem e originalidade 31 01. convergência 54 01.00. meio-ambiente-meio 56 01.01. interfaces 60 01.10. considerações divergentes 96 10. emergência 112 10.00. conhecimento 116 10.01. ecologia do conhecimento 127 10.10. colaboração 131 10.11. urgente: considerações emergentes ! 136 bibliografia 140
8
“Humanity is acquiring all the right technology for all the wrong reasons”
Buckminster Fuller.
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introdução: 00. imergência
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/
10
Imergência, ou imersão:
ato de imergir, adentrar novo ambiente.
A Introdução “introduz” o trabalho ou inicia a imersão do leitor?
O texto no contexto perceptivo da mente ou o navegante na viagem da
construção do conhecimento?
Acreditamos que ambas as coisas. Todas as obras são fruto de
inteligência coletiva, tanto no seu nascedouro, no momento da inscrição
das idéias que vieram a emergir, quanto na sua fruição, no momento de
imergir através do ambiente contextual de cada um.
Como identificar de onde brotam nossas idéias, tamanha a
amálgama de pensamentos neuronizados na nossa trajetória cultural?
“Criadores aqui e em todos os lugares sempre, o tempo todo, se baseiam
na criatividade que veio antes ou os cerca agora” (LESSIG, 2005:15).
Esta é uma citação que decorre do rigor científico da pesquisa, mas
quantas outras idéias não subjazem nos nossos meandros cognitivos e
emergem sem informar de onde? Só podemos contar com as memórias
dos que nos cercam e da imprescindível humildade do re-conhecimento,
do re-memorar. Ou esperar até que tenhamos em operação sistemas
semânticos de gestão de informação como o IEML (Information Economy
Meta Language) proposto por Levy (2006). O pensador francês entende
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/
11
a economia da informação não apenas como economia monetária, mas
como o ecossistema dos fluxos de significados produzidos e
transformados pelo homem. Caracterizando inteligência como uma
dinâmica auto-sustentável e interdependente das funções cognitivas
(percepção, memória, aprendizagem, comunicação, coordenação da
ação), a sua aplicação a uma comunidade designa o termo inteligência
coletiva.
Não podemos deixar de localizar esta tese como um meta-
trabalho fruto de intensa “navegação” em ambientes informativos
coletivos e na insistente labuta de construção de sentido. A cada passo,
nos vimos cercado de infindáveis possibilidades, iluminadoras no seu
instante linear, mas extremamente intrincadas na articulação com o todo.
“Complexus significa o que foi tecido junto; de
fato, há complexidade quando elementos diferentes são
inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, o
político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o
mitológico), há um tecido interdependente, interativo e
inter-retroativo entre o objeto de conhecimento e seu
contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes
entre si (MORIN, 2002:38).”
Morin na busca do conhecimento do conhecimento (2005)
relata as angústias da tragédia bibliográfica do crescimento exponencial
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/
12
das referências e da tragédia da complexidade, no nível do objeto do
conhecimento e da obra do conhecimento.
“Em nível do objeto, somos postos
incessantemente diante da alternativa entre, de um lado, o
fechamento do objeto de conhecimento, que mutila a
solidariedade com outros objetos bem como com o seu
meio (e exclui, em conseqüência, os problemas globais e
fundamentais) e, por outro lado, a dissolução dos
contornos e das fronteiras que afoga todo o objeto e
condena à superficialidade.
Em nível da obra, o pensamento complexo reconhece ao
mesmo tempo a impossibilidade e a necessidade de
totalização, de unificação, de síntese. Deve pois
tragicamente visar à totalização, à unificação, à síntese,
mesmo lutando contra a pretensão a essa totalidade,
unidade, síntese, com a consciência absoluta e irremediável
do caráter inacabado de todo conhecimento, de todo
pensamento e de toda obra.” (MORIN, 2005:38)
Morin compartilha a angústia de todos que buscam o saber
moderno: ser reflexivo e objetivo, ou a contradição do ler e não escrever
e do escrever e parar de ler. Cremos ainda no agravante da atualidade
do tema, que produz um sem número de informações diuturnamente,
num fluxo de tal ordem que apenas o isolamento ermitão aplacaria.
Nosso grande desafio é manter a visão complexa totalizante e adotar
estratégias simplificadoras. Para tanto, só podemos imaginar o
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/
13
mapeamento de informações através de um ambiente hipertextual digital
e sua a tradução linear impressa.
Assumimos as palavras de Capra:
“Nosso exame abrange uma gama muito ampla
de idéias e fenômenos, e estou perfeitamente cônscio de
que a apresentação das conquistas detalhadas em vários
campos será fatalmente superficial, dadas as limitações de
espaço e tempo e de meus conhecimentos.” (CAPRA,
1988:15)
Como Capra, propomos uma primeira conexão, uma imersão,
um convite à reflexão que, esperamos, se propague em diversos
suportes e quiçá semeie ações empreendedoras.
“Entretanto, ao escrever o livro, acabei por ficar
fortemente convencido de que a visão sistêmica que nele
defendo aplica-se também ao próprio livro. Nenhum de
seus elementos é realmente original, e muitos deles podem
estar representados de um modo um tanto simplista. Mas a
maneira como as várias partes estão integradas no todo é
mais importante do que as próprias partes. As
interconexões e interdependências entre os numerosos
conceitos representam a essência da minha contribuição.
Espero que o resultado, no seu todo, seja mais importante
do que a soma das partes.” (idem, ibidem)
Assim o cremos também. De alguma forma, os sistemas
hipermidiáticos são um fator complicador e ao mesmo tempo
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/
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solucionador desse problema. Se, num primeiro momento, temos uma
maior complexidade pela ampliação das faculdades mentais como
memória e capacidade de processamento, numa etapa posterior
podemos, através de uma característica digital fundamental, a
identificação, criar uma rede de relações que inclua não só o conceito
fundamental, mas também o contexto, a estrutura de sua concepção. Se
ainda acrescentarmos vários colaboradores a essas operações, teremos
um grande incremento de abrangência, ou visão complexa, e eficácia, ou
fundamentos para uma navegação simples.
Em realidade (e virtualidade), como fruto desta pesquisa,
coletamos anotações que alcançam a casa dos milhares. Se agradecemos
às pessoas que colaboraram para a realização dessa obra, precisamos
também agradecer aos conceitos incorporados em ferramentas
tecnológicas como Google, Gmail, Google Docs, Google Reader, Blogger,
Yahoo, Wordpress, Wikipedia ... e também a chips, memórias, celulares e
Palms, entre tantos outros, sem os quais este trabalho não teria sido
possível.
Neste suporte impresso, procuramos reproduzir as idéias
principais dentro de um encadeamento lógico linear, próprio dos veículos
não interativos. É a inscrição de um percurso possível, que fizemos
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/
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dentre tantos outros que gostaríamos de compartilhar. Como no projeto
multi-plataforma do “Livro depois do Livro” de Giselle Beiguelman (2004),
também convidamos ao login e também à partilha de idéias e ideais.
Propomos um exercício de cruzamento de mídias onde a tese impressa e
o PDF na biblioteca da PUC-SP (ou em ODF em
http://bictv.com/colab ) tenham, em cada seção, o link para a página
correspondente, em constante fluxo de atualização, na comunidade
virtual co-irmã do projeto de pesquisa. Penso que o suporte mais
adequado para esta discussão interdisciplinar é um ambiente
compartilhado hipermidiático. Para tanto, desenvolvemos um laboratório
colaborativo, http://tv.pucsp.br/colab, com a finalidade de funcionar
como espaço de pesquisa, discussão e difusão, além de incubadora de
iniciativas e projetos de uso de comunicação para ecologia, cidadania,
educação, inclusão e outras causas sociais. Este ambiente é um
ecossistema vivo onde o conhecimento pode continuar a se desenvolver
e resultar em ações efetivas.
Morin (2005) e Freire (1997) foram uníssonos ao citar a
incompletude do ser humano e do conhecimento. O meio digital é
dinâmico por natureza, permitindo que se semeie “brotos rizomáticos”
onde houver dúvidas, intentos ou curiosidades.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/
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“Continuamos a produzir obras acabadas,
fechadas ao futuro, que fará surgir o novo e o
desconhecido, e nossas conclusões dão a resposta segura à
interrogação inicial somente com, (...), algumas novas
interrogações. (...) Que toda obra não dissimule a sua
brecha, mas a assinale.” (MORIN, 2005:39)
Como supracitado por Capra, acreditamos que a articulação das
partes seja mais enriquecedora que a seqüência do todo. Entendemos
que os princípios criam a base contextual onde podem ser desenvolvidos
os fins específicos. Por sua vez, definir objetivos acaba por alterar a
percepção do ponto de partida. Ecossistemas pressupõem ciclos
sustentáveis onde o final de um processo desencadeia a retro-
alimentação do seu princípio. Ou que “nunca se passa no mesmo rio
duas vezes” (Heráclito). Nem são mesmos o rio nem o passante.
Sistemas hipermidiáticos reticulares, tais como as estruturas
rizomáticas delineadas por Deleuze e Guattari (1995), sem hierarquias,
podem ser iniciadas de qualquer ponto, e deste passar a qualquer outro
sem intermeios. Sendo assim, por onde iniciar a construção deste
empreendimento? Cremos, como o Arquiteto da Informação Richard
Wurman (2005), que a correta percepção da finalidade é o momento
definidor essencial.
Primeiro o mais importante. Investiguemos os fins.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..fins
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00.01. fins e finalidades
"O mundo não é. O mundo está sendo." Paulo Freire.
Hoje em dia, a grande questão que se coloca é simples:
- Como sobreviver no panorama mundial que se avizinha?
Já os conceitos de sobrevivência e ambiente global são
extremamente complexos. Quando dizemos “sobrevivência”, é necessário
assinalar as diversas nuances (MORIN, 2001,2002; CASTELLS, 2003;
CAPRA, 2005, GADOTTI, 2000) que o termo suscita:
- Abrangência: individual, grupal, empresarial, urbana, humana,
biológica, planetária e cósmica.
- Temporalidade: Tenho o que comer hoje? O que faço hoje
garante o amanhã? O dinheiro vai dar este mês? Tenho casa e emprego
este ano? O que será da minha família em uma década? Que será de
meus filhos quando eu morrer? Meus descendentes terão recursos
naturais para sobreviver? Qual o futuro das cidades? A espécie humana
será extinta? Haverá vida na Terra? O Sol se extinguirá?
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..fins
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- Profundidade: Tenho Água? Comida? Amor? Higiene? Saúde?
Morada? Dinheiro? Trabalho? Educação? Cultura? Direitos? Deveres?
Contratos? Paz? Espiritualidade? Prazer?
O futuro será uma seqüência linear quando for passado, mas
até ser traçado é uma potência desconhecida. Como dizia Paulo Freire,
"meu direito à raiva pressupõe que, na experiência histórica da qual
participo, o amanhã não é algo pré-dado, mas um desafio, um
problema." (1997: 75)
O Homem se reconhece como proprietário do Planeta presente
e de seus destinos futuros, mas, como tal, não tem sabido entender e
administrar todos os ecossistemas envolvidos nessa complexa operação.
Segundo a teoria Gaia de Lovelock (2006), o planeta Terra é um
grande ecossistema vivo, composto de vários ecossistemas menores,
sendo a Humanidade o fator preponderante de desequilíbrio do sistema.
Infelizmente, as resultantes dessa interação, condicionadas pela
evolução exponencial dos processos capitalistas, hoje na sua etapa
globalizada e monopolista, produziu um ambiente sócio-econômico
predatório e irracional, determinado por uma minoria proprietária e
centralizadora dos principais recursos naturais, financeiros e culturais.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..fins
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Essa minoria não é capaz de problematizar a questão de modo
holístico e sistêmico, o que resulta em um grave esvaziamento dos
valores humanos em detrimento da acumulação material. Haja vista o
número de problemas ambientais, sociais e psicológicos ocasionados,
entendemos que está cada vez mais difícil “pagar essa conta”. Segundo
dados do relatório "Planeta Vivo 2006", produzido pelo Fundo Mundial
para a Natureza (WWF),
"retiramos da Terra 30% mais recursos do que a
biosfera pode reciclar. Tem quem argumente que a
tecnologia aumentará a produtividade e poupará o meio
ambiente. Até agora isso nunca aconteceu e o
desenvolvimento tecnológico atual foi agregado na
metodologia do estudo. Em 2050, a espécie humana estará
consumindo o dobro do que deveria. A passividade da atual
geração é, pois, um crime contra as gerações futuras
(MARICATO,2007)".
O relatório mede o impacto da interferência causada pelas
atividades humanas no planeta, a chamada “Pegada Ecológica”.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..fins
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Esperança de Vida das Pessoas, dos Ativos e das Infra-Estruturas.
Relatório Planeta Vivo 2006
"Projeções moderadas das Nações Unidas
sugerem que a pegada da humanidade dobrará em relação
à capacidade da Terra dentro de cinco décadas. O tempo
de vida da infra-estrutura posta hoje nos sítios de grande
extensão determina o recurso ao consumo durante décadas
e pode fechar a humanidade neste cenário ecologicamente
arriscado." (idem, ibidem)
A hipótese que avistamos é de que, com a Convergência Digital
de Mídias e Subjetividades, pela primeira vez temos um ecossistema
cultural passível de seguir os princípios adaptativos dos sistemas
biológicos. Se entendermos como aplicar os princípios de uma Ecologia
do Conhecimento, poderemos gerar sistemas auto-organizados que
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..fins
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repliquem a ciência com consciência, a educação libertária de forma
descentralizada, atendendo às necessidades da maioria.
Desse modo, o presente trabalho tem a finalidade de investigar
de que forma os avanços nas tecnologias de informação e comunicação
podem requalificar a produção de conhecimento em escala planetária.
Trata-se de uma abordagem que não pretende ser estritamente técnica,
mas preponderantemente interdisciplinar, tentando contextualizar o uso
social das tecnologias. Tecnologias sociais podem proporcionar novas
configurações culturais por sua vez re-comprometidas com o social.
Ou responder a questões tais como:
“De que modo Comunidades Virtuais podem atuar comunitariamente?”
Ou “quais os possíveis usos sociais das Redes Sociais?”
Ou “qual o uso inteligente da Inteligência Coletiva?”
Assim, a meta não é chegar ao estágio terminal estático e sim
alcançar o ponto de sustentabilidade, onde processos se auto-regulem.
Similarmente, o fim da presente pesquisa não é uma conclusão
categórica, é um estágio transitório de um processo metodológico que
pretende disseminar uma nova maneira de produzir conhecimento. Re-
conhecendo o contexto em sua complexidade, que se produza o
conhecimento sustentável, do ponto de vista natural, social e intelectual.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ .. meios
22
00.10. meios, mensagens, mídias e métodos
Os meios são a forma estratégica de atingirmos os fins que nos
propusemos. Portanto, a definição dos fins condiciona a utilização dos
meios na relação com os princípios.
Como alcançar o objetivo proposto?
As mídias são os condutos das mensagens emitidas/recebidas
pelos interatores. Segundo Castells (2003) e Levy (2001), temos um
quadro de conexão social generalizada, a Aldeia Global de McLuhan
(1993), potencializada com recursos interativos bidirecionais. Segundo
Tapscott & Willians (2007), entramos na era da colaboração em massa,
estabelecendo um novo padrão de distribuição de conteúdos que
combina distribuição massiva e segmentada ao mesmo tempo,
configurando o que Anderson (2006) chamou de fenômeno da “Cauda
Longa”. Segundo ele, a representação gráfica da atual comunicação do
gênero "muitos com muitos" do novo ambiente telemático, traçando-se
uma linha que indique desde os índices de audiências massivas às
audiências mais segmentadas, se assemelha à imagem de uma "cauda
longa". Neste cenário, podemos considerar que mesmo os excluídos
digitais pertencem a redes sociais que, por sua vez, se conectam a uma
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ .. meios
23
série de outras redes, físicas e/ou analógicas. Assim, construiu-se um
ambiente conectivo global como nunca antes na historia da humanidade.
Já é possível vislumbrar alterações substanciais na Internet,
notadamente na sua porção mais acessível, a World Wide Web. Apesar
de extremamente heterogênea, já há expertise suficiente para
diagnosticar demandas e traçar alguns caminhos na otimização desta
Mídia das Mídias.
Grosso modo, é possível notar uma explosão desordenada de
conteúdo e muita dificuldade de torná-la organizada e consequentemente
acessível e utilizável. "Como eu tinha mesmo chegado naquele site
imprescindível?"
Assim, a grande urgência é o investimento na área da
“Informação sobre a Informação”.
Então, são os movimentos das Redes Sociais, Inteligência
Coletiva, Comunidades Virtuais, Agentes Inteligentes, Inteligência
Artificial, Web 2.0, Web 3.0, Web Semântica, meta-Informação, entre
outros, que cada vez mais adquirem importância fundamental. Não é por
acaso que o maior sucesso da Web seja exatamente um buscador de
informações, o Google.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ .. meios
24
E é perturbador que, em tempos de Globalização, não haja esse
tipo de contextualização do Conhecimento dentro de uma visão mais
abrangente de mundo.
O que toda essa informação, extremamente especifica, está
trazendo de contribuição para o desenvolvimento da coletividade
planetária?
Como esse status da conectividade, da multimídia, está
alterando a televisão, o rádio, o telefone? O que podemos esperar dessas
mídias em processo de digitalização e convergência?
Assim, ao abordar “Comunidade Virtual”, não nos referimos
exclusivamente às locadas na Web, uma vez que existem inúmeras
configurações de Redes Sociais mediadas por diversos dispositivos
digitais.
"Por mais que profissionais de comunicação ou
intelectuais não queiram entender o conteúdo colaborativo,
uma coisa é certa: ele sugere a proximidade de um salto
quântico (...) no horizonte do negócio da comunicação.
Esse salto está em processo de realização, e vem
acompanhado de uma outra forma de comunicação, que
não será apenas interativa. Ela será “pervasiva”, palavra
proveniente do adjetivo inglês “pervasive”, presente em
tudo, difundido em todas as partes, algo que está em todo
lugar. O celular aponta esse destino." (COSTA, C.,
2006:27)
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ .. meios
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Pretende-se então explorar esse campo emergente da
Convergência. Nesse ponto, já uma convergência não só de mídias, mas
um verdadeiro ecossistema de pessoas e mídias.
A televisão hoje é um meio de comunicação de massa,
unidirecional, pouco interativo, que num prazo curtíssimo pode se tornar
o principal instrumento de interação da espécie humana. Estamos
preparados para isso? Estamos nós, donos de conglomerados de Mídia
ou produtores de conteúdo, nós, telespectadores, ou nós, ambas as
coisas, agentes interatores, como nos primórdios do Rádio?
A despeito do celular que se tornou o dispositivo digital mais
inovador e, diríamos, mais “inclusivo” também, o telefone dito “fixo”
também deve sofrer mudanças estruturais importantes: telas maiores e
interativas, conexão à Internet, serviços, integração com outros
dispositivos, acesso sem fio, entre outros.
Todo esse fluxo de dados e demandas cria um ritmo que pouco
favorece a reflexão, criando uma cultura do imediato, do descartável, do
raso, do individual, das “pílulas mágicas”, da fuga da realidade mais
profunda, do consumo como resposta para todos os males.
É cada vez mais comum ouvirmos relatos de pessoas que
mandam a seguinte mensagem:
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ .. meios
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“- Estou abandonando meu atual endereço de e-mail por
absoluta impossibilidade de responder a todas as mensagens. Se você
me enviou algo de extrema importância por favor reenvie mais uma vez
neste novo endereço.”
Ou, de quando o empregado ganha um celular da empresa e
depois percebe que, na verdade, está ganhando uma “coleira eletrônica”
que o vai controlar 24 horas por dia.
Na outra ponta temos uma geração de excluídos. Metade do
mundo composta de famintos, outra de obesos. Encontrar o “caminho do
meio”, interferir e alterar essa estrutura atual parece-nos uma tarefa
bastante difícil, para a qual é preciso entender profundamente a lógica
ecossistêmica de pessoas e ... “meios”.
Pretendemos contribuir com a análise do potencial das
principais mídias da cena convergente [web, tv digital, game e celular]
dentro de uma visão generalista, desconstruindo seus principais
elementos a fim de entender o que é especifico e o que é comum em
cada uma.
A partir desse entendimento dos novos meios, formulamos
táticas que, por sua vez, efetivam o uso desses meios em um contexto
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ .. meios
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mais colaborativo. Cooperativamente, uma pequena formiga contribui
para mudar todo um formigueiro.
Ciclo de transição para sustentabilidade. Relatório Planeta Vivo 2006
Nesse contexto, traçamos um ambiente relacional, não-linear e
retro-alimentado composto principalmente por:
- Atores: que se relacionam com o mundo dentro de um
contexto condicionado pela sua rede de informações e que, por sua vez,
atuam e produzem informações que alteram mundo e contexto.
- Informação: que é o tecido sócio-cultural produzido
conjuntamente da relação ator – mundo, influenciado pela arquitetura
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ .. meios
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das redes e investimentos educacionais, determinando o cenário
contextual.
- Mundo: físico, material, esgotável, que é trans-substanciado
em representações contextuais e abstrações informacionais.
Operando ações coletivas multiplicadoras com a matéria-prima
“informação” dentro de contextos complexos, é possível desenvolver
estratégias efetivas de atuação transformadora.
Capra (1988) nos mostra a necessidade urgente de um "Ponto
de Mutação". Na sua visão, muitas civilizações no decorrer da história
alcançaram o status de "maior potência do planeta". Egípcios, chineses,
romanos, alemães, entre outros, concorreram e se sucederam na
ostentação de tal título. Mas todas, sem exceção, tiveram seu momento
de apogeu e momentos de crise. As que mostraram flexibilidade
suficiente para não deixar o sucesso enrijecer seus processos,
conseguiram se reinventar, assumindo novos papéis.
A boa notícia é que Capra (1988) escreveu, em 1982, que os
períodos de crise contemporâneos que precedem mudança estão
durando cerca de trinta anos. Ou seja, há previsão de alterações
profundas para o início do século XXI.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ .. meios
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A má notícia é que talvez o Ser Humano não esteja incluído
nesses novos planos (GUIMARÃES, 2006). Talvez seja o início de um
novo tempo: "A Era das Baratas", únicas que sabidamente sobrevivem às
hecatombes.
Correntes de pensamento ecológico, como por exemplo, a teoria
Gaia, de Lovelock (2006) e Margullis, pregam que a o planeta é capaz de
funcionar como um ser vivo, com seus mecanismos de defesa e
sobrevivência. Nesse sentido, as epidemias e catástrofes naturais seriam,
na verdade, "anticorpos" da Terra para controlar seu maior câncer, o ser
humano (GUIMARÃES, 2006).
Se, aparentemente, não estamos intimidados por epidemias
avassaladoras (apesar da AIDS), a ameaça do Aquecimento Global
(GORE, 2006) já se torna uma realidade. Estamos próximos do que, em
física, chamamos de "point-of-no-return", ou o ponto da irreversibilidade.
A partir de determinado grau de degradação ambiental, a biosfera
terrestre aqueceria a ponto de entrar num ciclo vicioso que poderia
produzir uma nova era glacial. Do ponto de vista terrestre, talvez seja um
simples "resfriado". Para a humanidade pode, como para nossos
antecessores sauros, significar que mais uma espécie dominante chega
ao fim de seu reinado. "As reformas parciais são de todo insuficientes: é
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ .. meios
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preciso substituir a micro-racionalidade do lucro por uma macro-
racionalidade social e ecológica, o que exige uma verdadeira mudança de
civilização" (LOWY, 2005).
Granovetter (apud COSTA, 2004) desenvolveu, em 1970, a
teoria sobre a influência dos agenciamentos coletivos nos processos de
tomada de decisão. Segundo ele, "o limiar é esse ponto onde a
percepção de benefício para um indivíduo tomar sua decisão excede a
percepção dos custos.” (COSTA, 2004)
O ideograma chinês que representa “crise” é uma combinação
dos sinais de perigo e de oportunidade. A Ecologia do Conhecimento nos
permite optar entre o ponto de mutação e o da irreversão.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..principios
31
00.11. princípios, origem e originalidade
“Menos é Mais.” Mies Van der Rohe.
Comecemos do começo. Primeiro o mais importante: a
sustentação da vida e o equilíbrio dos processos planetários é a condição
fundamental de qualquer forma de interação.
Segundo Fritjof Capra (2005), o fundador do Instituto
Worldwatch, Lester Brown, definiu, na década de 1980, “sociedade
sustentável como aquela que é capaz de satisfazer suas necessidades
sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras”.
Capra (2005) propõe seis Princípios da Ecologia como
fundamentais à sustentação da vida:
- Energia Solar: é a base dos ciclos ecológicos, das cadeias
alimentares iniciadas nos processos fotossintéticos à formação dos
ventos, chuvas e correntes marinhas. Não é renovável, mas livre e
abundante nos próximos milhões de anos.
- Redes: de sistemas vivos multiplicam possibilidades através
da partilha de recursos. Do Planeta Terra às células cerebrais, todos os
limites funcionais são condicionados por visões simplificadoras de
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32
sistemas complexos. Um homem, por exemplo, pode ser identificado
como elo integrante de macro e/ou micro-rede.
- Diversidade: é condição fundamental para que as redes
ecológicas desempenhem suas capacidades adaptativas a partir da
interação entre diferentes.
- Ciclos: em redes promovem o aproveitamento máximo dos
recursos utilizados. A maior parte se constitui de ciclos abertos, mas que
se completam dentro de ciclos maiores. Assim, no macro-ciclo natural do
Planeta Terra não existe resíduo, já que matéria e energia estão sempre
em fluxos continuadamente sustentados.
- Parcerias: em redes possibilitaram as trocas de energia e
matérias que sustentam a vida, através de cooperação complexa.
- Equilíbrio Dinâmico: está presente em todos os
ecossistemas naturais. Nenhum elo atinge isoladamente seu potencial
máximo, todos flutuam, através de realimentação em redes flexíveis, em
função do ótimo para o coletivo em rede.
Criando outra rede, relacionada à dos princípios ecológicos, é
possível adaptar essas idéias às da produção de conhecimento na atual
conjuntura. Redes, Ciclos, Interdependências, Diversidade,
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..principios
33
Realimentação e Equilíbrio devem ser entendidos como paradigmas
estruturais do conhecimento contemporâneo. Restando, portanto, apenas
metaforizar o papel da Energia Solar em Idéia-Força, neste caso o da
própria “Sustentação à Vida” como grande energia geradora de um novo
ambiente planetário, em detrimento do atual conceito de “Acumulação
Material”.
Identificados os princípios formais, atentemos a alguns
princípios colaboradores à meta essencial, da “Vida Sustentável”.
Dado que o Homem é o grande agente modificador do planeta, a “Carta
da Terra” (2007), o código ético planetário aprovado pela ONU, pode
ser entendida como uma verdadeira “Declaração Universal dos Deveres
do Homem”. Seus principais ítens apontam as necessidades de:
1. Respeitar a Terra e a vida em toda a sua diversidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão e compaixão.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas,
sustentáveis e pacíficas.
4. Garantir as dádivas da Terra para atuais e futuras gerações.
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos.
6. Prevenir o dano ao ambiente como melhor método de proteção
ambiental e, na dúvida, assumir uma postura de precaução.
7. Adotar padrões de produção e consumo que visem bem-estar
comunitário, direitos humanos e aptidões regenerativas da Terra.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica, promover a troca
aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.
9. Erradicar a pobreza como imperativo ético, social e ambiental.
10. Garantir que as atividades econômicas promovam o
desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
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11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos
para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à
educação, assistência à saúde e às oportunidades econômicas.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um
ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a
saúde corporal e o bem-estar espiritual.
13. Fortalecer as instituições democráticas e proporcionar-lhes
transparência e prestação de contas no exercício do governo, acesso à
justiça e participação inclusiva na tomada de decisões.
14. Integrar, na educação formal e aprendizagem cotidiana, os
conhecimentos e habilidades para uma vida sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
16. Promover uma cultura de paz, tolerância e não violência.
Podemos assim estender nossa visão do problema ecológico
para um patamar mais complexo. Segundo Lago & Pádua (2006),
“Ecologia” foi o termo cunhado por Ernest Haeckel em 1866, a partir da
palavra grega “oikos” (casa), também usada em “economia” (ordenação
da casa), para introduzir uma nova área na Biologia, a “Ciência da Casa”,
que teria o papel de analisar as relações entre seres vivos e seu meio-
ambiente. Hoje, quando os interesses econômicos sobrepujam às
preocupações ecológicas, podemos constatar a grande contradição atual:
como é possível ordenar a casa sem ter ciência? A Economia trata da
produção de riqueza baseada na idéia de exploração de recursos naturais
ilimitados.
"O ser humano não produz nem matéria, nem
produz energia. Ele é um mero transformador dos recursos.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..principios
35
E isso significa que tudo que está em nossa volta, sem
exceção, veio da natureza, inclusive o sistema econômico.
(...) A gente acha que consegue jogar fora alguma coisa,
mas o planeta é um sistema fechado. Nada pode ser
jogado fora. Nós transformamos o planeta numa enorme
lixeira conosco dentro. (...) O sistema planetário é finito,
regenerativo e circular. O sistema econômico é infinito,
degenerativo e linear: extrai, produz, descarta."
(PENTEADO, 2006)
As grandes potências industriais não estão em colapso por
causa da globalização. Os Estados Unidos possuem cerca de um décimo
da população mundial, mas gastam cerca de um terço de toda energia e
recursos não-renováveis do mundo.
"O modo de produção e de consumo atual dos
países capitalistas avançados, fundados numa lógica de
acumulação ilimitada (do capital, dos lucros, das
mercadorias), do esgotamento dos recursos, do consumo
ostentatório, e da destruição acelerada do meio ambiente,
não pode, de modo algum, ser expandido para o conjunto
do planeta, sob pena de uma crise ecológica maior.
Segundo cálculos recentes, se generalizássemos para o
conjunto da população mundial o consumo médio de
energia dos EUA, as reservas conhecidas de petróleo
seriam esgotadas em dezenove dias. Tal sistema, portanto,
se fundamenta, necessariamente, na manutenção e
aumento da desigualdade (LOWY, 2005:49)".
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36
Quando se produz algum tipo de riqueza baseada em bens
duráveis é necessário que se considere o custo da exploração dos
recursos naturais, os gastos com a neutralização da poluição decorrente
dos gastos energéticos e o tratamento e/ou reciclagem dos resíduos.
Sem algum sistema de compensação ou imposto que o faça atingiremos
limites insustentáveis. É necessária uma nova abordagem sobre o papel
do Homem no ambiente terrestre.
Todos nós orbitamos em torno das nossas referências
pregressas, nosso repertório cultural e científico, para entender onde
estamos e projetar para onde vamos. É a raiz “Comum” dentro do
processo de Comunicação que constitui nosso ecossistema de valores,
articulando memória individual, as subjetividades mentais, e memória
coletiva, as inscrições midiáticas.
Porém, algumas vezes, as mudanças são tão radicais que
ficamos sem os referenciais necessários para fazer o que fomos
amoldados a vida toda e que perpetua nossa espécie: promover
adaptações a partir da contínua interpretação de padrões
(DARWIN,2007).
Pensamos que, na virada deste milênio, vivemos um momento
desse tipo: uma revolução no nosso modo de viver, em todos os níveis. A
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37
economia globalizada, as relações sociais desequilibradas,
desterritorializadas e a cultura midiatizada.
Então, é premente que a humanidade se situe dentro de um
novo contexto, mais amplo, ecossistêmico, livre de preceitos
incontestáveis e verdades absolutas que nos levaram ao atual estágio
insustentável. Uma tabula rasa da vivência humana na Terra.
Diferentemente dos sistemas emergentes de insetos sociais
como o das formigas, onde os elementos componentes não refletem
conscientemente sobre o ambiente, o Homem tece uma complexa teia de
questionamentos, psicológicos e sociais, antes de tomar decisões. Então,
uma vantagem evolutiva, a inteligência individual acaba por tornar-se
suscetível a uma série de influências que, na maioria das vezes, se
mostra inadequada, voltada a interesses imediatistas, construídos
socialmente dentro de uma lógica neoliberal..
Faz-se necessário um ponto de vista distanciado, que parta das
informações próximas e óbvias para alcançar um quadro complexo e a
formulação de estratégias implicadas com ideais mais humanistas e
ecológicos. Ou seja, o que é inato à formiga, micro-motivos que
provocam macro-comportamentos (JOHNSON, 2003), no ser humano
exige informação qualificada, percepção acurada e educação
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38
conscientizadora, a fim de proporcionar decisões adequadas às
demandas sociais e ambientais.
Mesmo assim, Johnson relata que os padrões emergentes
também são identificáveis na vida humana, mas em escala diferente. As
cidades, se observadas durante séculos, apresentam fenômenos
emergentes, se comportando como superorganismos. Contudo, essa
dificuldade da percepção de longos períodos, acentuada pelo imediatismo
cotidiano, pelo individualismo exacerbado, pela deterioração e
esvaziamento dos espaços públicos, torna bastante difícil sua
visualização.
É sintomático que almejemos o último modelo de iPod
ensimesmando nossa percepção de mundo, obliterando nossa realidade,
blindando a experiência da rua, do encontro, desviando nossos sentidos
e atenção, tapando nossos ouvidos enquanto o planeta grita por socorro.
Al Gore (2006) “brada aos quatro ventos” que a poluição
irresponsável da atmosfera vem, ironicamente, trazendo “ventos ruins”
para o seu país, o maior poluidor do planeta (EUA). John Zerzan, no
documentário Surplus, de Gandini (2003), radicaliza pregando um
“Futuro Primitivo”, onde o ser humano volta atrás na “evolução” material,
adotando um modo de vida minimalista. É difícil imaginar tal situação,
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mas também o é conceber o cenário de colapso que se projeta. Qual
então o direito de produzir riquezas e conhecimentos esgotando os
recursos naturais e gerando lixo e poluição para milhares de anos. Até
quando adaptações darão conta de esconder a realidade “embaixo do
tapete”?
Um surpreendente exemplo de adaptação rasteira, de
conhecimento míope, fragmentado, foi o desenvolvimento de uma
linguagem universal, que não dependesse dos conhecimentos lingüísticos
atuais, a fim de comunicar a um ser do futuro, alienígena ou não, que
naquela determinada região estaria localizado um depósito de lixo
nuclear, ainda tóxico mesmo milhares de anos depois (ECO, 2002).
Quando construímos um conceito, quando difundimos uma
idéia, temos que vislumbrar um largo espectro de seu potencial aplicação
em curto e em longo prazo. Sabemos do desgosto de Santos Dumont ao
constatar que o grande esforço da sua vida, o Vôo Aéreo, era usado para
destruir seres humanos em larga escala.
Ao tomarmos uma decisão operamos uma intensa negociação
entre prós e contras. O grande problema é que, ao contrário das
formigas, que decidem visando o bem coletivo, somos influenciados por
uma complexa teia de fatores que pode ir desde a Paz Mundial até a
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..principios
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gula, o que, na maioria das vezes, nos faz tender às decisões que visam
conquistas imediatas e individuais.
O imediato, ou o que não está mediado, e por isso de pronta
resposta, urgente, cada vez mais passa a ser mediado e, uma vez que
estamos permanentemente em rede, sujeito a desdobramentos
inimagináveis como na abordagem dos fenômenos emergentes e
epidêmicos de Tapscott & Willians (2007), Johnson (2003), Gladwell
(2002), Levitt & Dubner (2005). Ações imediatistas, mesmo que bem
intencionadas e aparentemente construtivas, podem gerar conseqüências
desastrosas.
Incentivar o plantio de árvores, por exemplo, é uma ação
louvável e bastante necessária. Porém, sem uma macro-visão, dentro de
um cenário complexo e multifacetado, que considere todas as gradações,
pode se tornar uma fonte de problemas. Toda ação implica em
repercussões em vários ecossistemas, desde o ambiental, passando pelo
cultural, político, social e econômico. Neste caso, o incentivo financeiro
para o plantio de arvores está sendo usado, de modo inescrupuloso, para
que se desmate e reivindique verbas. A abordagem correta seria a
criação de mecanismos de gestão dos estoques de carbono, como
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defendido por Gore (2006), avaliando sistematicamente o que está sendo
preservado e ampliado.
Ninguém, a priori, avalia que conquistas sociais dos
trabalhadores como salário mínimo, jornada de trabalho, assistência
medica, aposentadoria e décimo terceiro sejam prejudiciais. No entanto,
sem uma visão global do problema, estes benefícios podem se tornar um
“tiro no pé”. A globalização (FRIEDMAN, 2005; SANTOS, 2006) desregula
por completo as relações de trabalho, criando uma legião de
terceirizados terceiro-mundistas, que produzem sob condições de semi-
escravidão, com pouquíssimos direitos assegurados. Ou seja, a mão-de-
obra de nível braçal nesses paises, que garantem essas cláusulas sociais,
perde seus postos para uma vasta legião de miseráveis que se submetem
a níveis mínimos de sobrevivência.
Entre outros exemplos, observamos essa situação no
documentário “Roger e Eu” de Michael Moore (1989), onde vemos a
cidade de Flint em Michigan, antiga sede da General Motors, se tornar
uma quase cidade fantasma, após o outsourcing das fabricas de
automóvel. Existem sérias denúncias desse tipo de exploração,
principalmente na China e Taiwan, como se pode ver em diversos órgãos
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de comunicação e documentários como “The Corporation” (ACHBAR,
ABOTT & BAKAN, 2003).
O fenômeno é inequívoco. Emerge diante de nossos olhos,
mediados ou não. Não há como não adotar uma abordagem ampla,
sistêmica, inclusiva, dentro de uma contextualização holística e
socialmente responsável em todas grandes ações de nossa era: explosão
populacional, desigualdade econômica e social, fome, saúde,
consumismo, lixo, crise energética e destruição do meio-ambiente. Essa
preocupação perpassa toda a sociedade, dos menos esclarecidos à
comunidade científica, dos governos aos líderes empresariais conscientes
(MORAES, 2007; ALTENFELDER, 2005).
A sociedade, muito bem amestrada, é mantida sob rígido
controle ideológico através da Grande Mídia e de ciclos viciados em um
modo de vida compulsivo, que não permite qualquer distanciamento
crítico.
O capitalismo predatório leva à criação de novas falsas
necessidades de consumo, e é criticando essa direção que se situa o
movimento pró “Consumo Consciente”. Quando se compra um produto
que não respeita a ecologia e direitos humanos, estamos incentivando
esse desrespeito. . Pequenos atos podem gerar grande repercussão.
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Como propagado pelo Instituto Akatu (http://www.akatu.net): o simples
ato de escolher o que se consome já traz um grande impacto. O
receptador é cúmplice do roubo. Se não somos parte da solução, somos
parte do problema. Paulo Freire dizia que não há posição neutra. Quando
não adotamos um posicionamento diante das situações, nos colocamos a
favor do status quo, ou seja, das atuais forças dominantes.
Generalizando no nível dos processos planetários, o “caminho
do meio”, do equilíbrio sustentável, é consumir apenas o que se pode
repor. Apesar da lógica extremamente simples – a conta que tem que
fechar - a falta de uma consciência coletiva torna essa realidade distante
do nosso cotidiano.
“Não haverá verdadeira resposta à crise
ecológica a não ser em escala planetária e com a condição
de que se opere uma autêntica revolução política, social e
cultural reorientando os objetivos da produção de bens
materiais e imateriais.” (GUATTARI, 1990:9)
A busca da melhor tática passa pela definição das demandas
básicas, das motivações e das formas estratégicas de incentivo. O
homem, como todo animal, tem necessidades a satisfazer para sua
subsistência. Segundo Santaella (2004),
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..principios
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"Há duas necessidades básicas de que a
sobrevivência humana depende: as necessidades físicas e
as necessidades psíquicas. As primeiras são mais
facilmente explicáveis: o alimento, o abrigo, a reprodução,
a reposição da energia etc. Estas o ser humano compartilha
com os animais. As segundas são bem mais complexas,
pois nelas está cifrado o enigma da condição humana em
cujo seio se aloja um milagre até hoje tão inexplicável
quanto o da própria vida: o milagre da fala. Dele resulta a
capacidade especificamente humana, distinta dos outros
animais, de plantar e colher o alimento, de projetar e
construir seus abrigos, enfim, de transformar pelo trabalho
a face da natureza."
Maslow (1970) apresenta uma hierarquia das necessidades
humanas onde primeiro é necessário atender às mais básicas, de ordem
fisiológica, antes de ascender às mais complexas, como inserção social,
auto-estima e auto-realização.
Da mesma forma, o cérebro humano é um retrato físico da
evolução das espécies (DARWIN, 2007). As primeiras necessidades são
de ordem fisiológica: fome, sede, sono, frio, calor, dor, entre outras,
regidas pelo pequeno cérebro reptílico, o tronco cerebral, que controla
operações básicas (e inconscientes) como circulação, respiração e
digestão (TIBA, 2007). Acima dele, como nos mamíferos inferiores,
"o cérebro médio, o diencéfalo, é responsável
pelas emoções, pela auto preservação e pela continuação
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..principios
45
da espécie. Ele nos capacita a tomar decisões cotidianas
perante as ameaças. As porções reptiliana e média formam
o sistema límbico, que comanda todo o comportamento
emocional" (idem, ibidem).
Quanto mais básica a necessidade, maior o impulso para
resolvê-la e, consequentemente, o potencial de manipulação do outro. É
importante frisar que há um jogo de interesses na manipulação dessas
necessidades. A publicidade, por exemplo, não faz apenas divulgação das
qualidades do produto oferecido, mas principalmente induz o desejo no
consumidor. Então, temos um fator importante de motivação que pode
induzir a ações que atendam a interesses diversos. A metáfora mais
famosa é a do "Cavalo andando atrás da Cenoura". Infelizmente, o
Homem não se comporta de modo muito diferente, dependendo do nível
do seu ciclo de necessidades. É o que nos diz Yunus (2000) no
impressionante relato sobre a exploração da fome em Bangladesh e de
como a estratégia do Micro-Crédito conseguiu interromper esse ciclo. A
exploração das necessidades básicas ou induzidas por drogas é uma das
mais perversas formas de dominação.
"A natureza (ou bioquímica, ou Vida, ou Deus,
como preferir) é muito sábia. Para garantir sua existência,
proporcionou aos seres vivos uma recompensa cada vez
que preservassem sua vida. Ou perpetuassem sua espécie.
Qualquer ser vivo pode usufruir esse prêmio, mesmo que
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não o compreenda. Essa recompensa é o prazer nos
humanos e saciedade nos não-humanos. Hoje, a
neurociência conseguiu localizar o sistema de recompensa,
pelo qual passam todos os vícios” (TIBA, 2007:102).
O mecanismo da recompensa química ainda persiste por trás
dos vícios, mesmo sem a ingestão de drogas. O consumo patológico, a
jogatina, o sexo adicto, a ostentação, também disparam os mecanismos
de prazer do sistema límbico. A droga
"cria no organismo uma relação de pequena
causa (pouco esforço para consumir a droga) e muita
conseqüência (grande prazer). Desse modo, a droga
engana o circuito da recompensa, fazendo-se passar por
neurotransmissores que trabalham para receber a
gratificação, traindo a natureza biológica do ser humano
(idem, 2007:106).”
Acima, estamos no nível da psique, também passível de controle
e dominação. Satisfeitas as necessidades fisiológicas, a motivação
primordial passa a ser a segurança contra ameaças, agressões, doenças,
demissões e privações. Essas necessidades têm um caráter bastante
subjetivo, uma vez que estão intimamente ligadas aos medos interiores e
à percepção de mundo. Aqui, é possível observar uma ligação visceral
destes medos com a influência das mídias e das relações sociais, haja
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vista o exemplo dos estados de "exceção" criados nos EUA (CHOMSKY,
2003; MOORE, 2004) pós 11 de Setembro.
"O que torna a mídia tão perigosa é a sua
capacidade de andar de mãos dadas com o Estado,
enquanto vende a imagem de "neutralidade",
"objetividade" e "democracia". É a sua capacidade de
condicionar o imaginário, moldar percepções, gerar
consensos, criar a base psicosocial para uma operação,
como a guerra" (ARBEX, 2005).
A nosso ver, a satisfação das necessidades humanas não se
estrutura em uma pirâmide hierárquica como proposto por Maslow
(1970). Apesar da prevalência de instintos primais como a fome e o sexo,
existe uma intrincada rede de variáveis que pode induzir a
comportamentos em todos os níveis, como visto desde as salivações dos
experimentos de Reflexo Condicionado de Pavlov, até as ilusões de
sucesso pessoal criadas em propagandas de cigarro.
Há forte estímulo para o consumo e, na maioria, de
necessidades criadas socialmente seguindo uma lógica de mercado. Os
produtos são feitos para não durarem, não serem reciclados e
apresentarem inovações de forma lenta e paulatina, enfatizando
pequenas adaptações, em detrimento de uma visão mais ampla,
sistêmica. Por exemplo, o tamanho dos vagões do Metrô é decorrência
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da largura dos trilhos dos trens, que por sua vez, foi herdada das bigas
romanas, determinada pela distância de dois cavalos postos lado a lado.
Assim, eternizamos soluções fora do contexto original, criando uma série
de inadequações.
Aliás, as próprias ruas foram concebidas como o espaço público
que permitia a convivência simultânea de transportes, pessoas e
atividades diversas. Numa época de baixa densidade demográfica e sem
o ritmo frenético das grandes cidades talvez não fosse um grande
problema, mas essa concepção, perpetuada até os dias de hoje acarreta
a grande mortandade de pedestres em disputa do mesmo espaço com
veículos motorizados e, por conseqüência, a perda do espaço público
(JOHNSON, 2003; MORIN, 2002; DIMENSTEIN, 1995).
A lista de inadequações é grande. A metáfora das páginas
impressas para representar objetos interativos na Web. O desperdício de
recursos nas criações de gado. O uso do carro individual em sistemas
viários caóticos das grandes cidades. Receber, em casa, informações de
uma infinidade de “vias diferentes” (rádio, tv, telefone, celular, web, tv a
cabo...) em vez de única, sendo que todas transmitem a mesma coisa. O
sistema econômico baseado na exploração de bens escassos aplicado a
bens imateriais não esgotáveis. A inadequação das Propriedades
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..principios
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Intelectuais e Direitos Autorais. A acumulação de capital como antídoto à
falta de confiança psicológica e social.
Assim, uma gama de soluções que funcionavam em um
determinado contexto vai se perpetuando sem que haja uma nova
reflexão. O que procuramos apontar é a necessidade de se ter um ponto
de vista abrangente, que compreenda o problema em toda a sua
complexidade, para que se possa agir de modo simples e efetivo.
Guattari (1990) identifica como “Ecosofia” à rede de relações
sistêmicas entre as três ecologias: a ambiental, das relações entre seres
vivos e natureza; a mental, das subjetividades humanas e a social, fruto
dos processos culturais.
Bateson descreve que a “Ecologia das Idéias” não se restringe
ao campo da “psicologia dos indivíduos, mas se organiza em sistemas ou
em “espírito” (minds) cujas fronteiras não mais coincidem com os
indivíduos que deles participam.” (BATESON apud GUATTARI, 1990:38).
Em suas origens, tanto a palavra "alma", do grego "psyche" e latim
"anima", como a palavra "espírito", do grego "pneuma" e latim "spiritus",
remetem à idéia de "sopro vital" (CAPRA, 2005), que sugere fluxo, neste
caso aplicado às redes de processos cognitivos que imbricam em um
continuum com as redes sócio-culturais.
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50
Casalegno (2006), inspirado nas idéias de “Sociedade da Mente”
de Marvin Minsky, também sugere essa relação de interdependência
entre redes mentais e sociais. Minsky relata que memorizamos através
de redes das chamadas “linhas de conhecimento”. Quando
conhecimentos são similares, compartilham algumas das mesmas linhas,
percorrendo redes associadas, ou “sociedades”. Casalegno, então, aplica
o conceito às redes compostas por “linhas de sociabilidade”,
potencializadas pelos recursos telemáticos.
Para Capra (2005:117), “sistemas sociais vivos são redes auto-
geradoras de comunicações”. Uma vez que o processo de evocação de
memória individual se dá pela repetição dos percursos reticulares das
“linhas de conhecimento” e o da re-memoração sócio-cultural por “linhas
de sociabilidade” cada vez mais mediatizadas, temos a caracterização de
ciclos ecossistêmicos que “orbitam” em torno de núcleos “gravitacionais”
de memória.
Quanto mais densos esses núcleos de memórias individuais,
coletivas, corporativas ou institucionais, maiores os campos atratores e,
consequentemente, menores os raios de abrangência e potencial de
inovação. Hoje, um típico operário do terceiro mundo trabalha nove
horas por dia, gasta mais quatro horas em transportes dentro de um
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ambiente neurotizante de barulho, tensão e poluição e o que resta mal
atende às necessidades de alimentação, repouso e saúde. Trata-se do
ciclo de conhecimento de nível mais básico, fechado, limitado a uma
existência vegetativa, com pouquíssimo acesso à informação, à cultura,
ou a qualquer possibilidade de formação ou educação.
É difícil ter desprendimento suficiente para pensar na Ecologia
Planetária, sem ter condições mínimas de sobrevivência individual. No
entanto, com informação certificada, com uma mídia ética e democrática,
é possível distinguir que o desrespeito à Ecologia é um dos fatores
desencadeadores da desigualdade econômica. Ou seja, a fome pode ser
motivação para uma luta que vise o bem coletivo. E, mesmo a satisfação
às necessidades em todos os níveis não garante o bem comum.
“(...) para onde quer que nos voltemos,
reencontramos esse mesmo paradoxo lancinante: de um
lado, o desenvolvimento contínuo de novos meios técnico-
científicos potencialmente capazes de resolver as
problemáticas ecológicas dominantes e determinar o
reequilíbrio das atividades socialmente úteis sobre a
superfície do planeta e, de outro lado, a incapacidade das
forças sociais organizadas e das formações subjetivas
constituídas de se apropriar desses meios para torná-los
operativos.” (GUATTARI, 1990:12)
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..principios
52
A situação ideal do ponto de vista ecológico consiste na
construção de um ambiente com pluralidade de núcleos de memória,
tanto na diversidade temática quanto nos níveis de profundidade
(fisiológica, psicológica, social, intelectual), articulando ciclos abertos
complementares, como espirais dentro de uma rede fractal.
Esse “Tecido Coletivo”, portanto “Com-Plexo” (MORIN, 2005), é
o ambiente interativo das idéias que, mediado pelas tecnologias digitais,
converge meios e subjetividades. O desafio é controlar a “ansiedade da
informação” (WURMAN, 2005), mapear os fluxos idéia-contexto,
localizar-se e navegar objetivamente.
Maeda (2007) estabelece a complementaridade entre as noções
de “Simplicidade” e “Complexidade”. Sintetizando sua tese teremos que
“simplificar é reduzir o óbvio e priorizar o significativo”. É então
necessário ter claros os objetivos e a visão complexa do problema para
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/imerg/ ..principios
53
identificar aos possíveis atalhos de percurso. Sem isso, eliminar qualquer
trecho se torna uma aposta no acaso, a dita solução “simplista”.
Temos como princípio que a presente tese seja simples. Para
tal, deve ser curta, direta, ter claro seu fim, desenvolver seus meios em
redes multiplicadoras e conhecer os princípios holísticos. Entendemos
que a formação educadora pressupõe uma intencionalidade provocadora,
uma partilha de redes comuns e um saber localizar-se contextualmente.
Essa problematização, esse saber onde saber o que não se sabe, esse
grande tecido conectivo que, potencializado pelas mídias digitais, é o
ambiente convergente de indivíduos e comunicações nomina-se Hiper-
Córtex (ASCOTT), Pós-Humano (SANTAELLA), Memória Transativa
(WEGNER), Inteligência Coletiva (LEVY), Inteligência Conectiva
(KERCKHOVE), Comunidade Virtual (RHEINGOLD) entre outros.
“A integração interdisciplinar do conhecimento só é possível
numa sociedade aberta à participação de todos” (ALMEIDA, 2005). A
Ecologia do Conhecimento visa a produção de idéias e comportamentos
adaptados e adaptáveis à complexidade planetária, através do uso das
redes de informações pertinentes, certificadas, diversas e retro-
alimentadas e de técnicas inclusivas de formação ética, de valores
ecológicos e consciência planetária visando o beneficio coletivo.
54
capítulo: 01.convergência
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
55
Convergência: direcionamento a ponto comum.
Na década de 90, a predição corrente era a de que todas as
mídias convergiriam ao computador. Paradoxalmente, o que ocorreu foi o
contrário: o computador deixou de ser o “caixote-preto eletrodoméstico”
e seu e-DNA foi disseminado numa grande variedade de mídias digitais,
algumas, como o telefone celular, reinventadas, outras, como iPod,
recentemente criadas.
É necessário então distinguir que o processo que se destaca não
é o da convergência das várias mídias para uma única, e sim o da
convergência para o universo das linguagens digitais. No entanto,
mesmo dentro desse novo sistema, existe uma série de condições que
criam deferentes níveis de interoperabilidade.
No ambiente da convergência das mídias proporcionado pela
digitalização da informação, é necessário repensar a atual configuração
das tecnologias da informação e comunicação. Novas possibilidades
tecnológicas transformam completamente o quadro vigente das mídias.
No entanto, apenas dizer que todas as informações estão resumidas a
zeros e uns é uma visão simplista.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
56
01.00. MEIO-AMBIENTE-MEIO
Media, do latim, traduz-se mídias, no plural. Medium, no
singular, significa mídia. Adota-se também a forma meios, usada como
na tradução multimedia para multimeios. Refere-se, portanto, aos meios,
veículos ou suportes para linguagens e representações que transmitem
mensagens a um receptor (SANTAELLA, 2003).
Mídia também pode referir-se ao grande sistema de
comunicações, quase sempre associado a uma submissão ideológica dos
interesses capitalistas vinculados a modelos de negócio.
Segundo Manovich (apud MACHADO, 2007b), a imagem não
mais representa uma realidade preexistente, mas se torna um meio de
intervenção no real, agora um continuum de dados. O observador, agora
interator, não recebe passivamente a imagem para identificá-la na sua
memória. Ele vivencia ativamente, afetando e sendo afetado, em um
ecossistema, mental e midiático, de alta plasticidade, ao qual
denominamos meio-ambiente-meio.
Ampliando a idéia de convergência das mídias, o meio-
ambiente-meio é caracterizado pela “articulação de linguagens” em
mídias expandidas conectadas.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
57
"Cada uma dessas tecnologias de comunicação
[escrita, alfabeto, imprensa, televisão, internet] trouxe
profundas modificações de capacidades cognitivas e
reflexos sociais da maior importância. Todas as sociedades
tiveram influência desses meios e precisaram se adaptar à
nova situação. É importante notar que nenhum dos novos
meios eliminou os demais nem os anteriores. Houve, sim,
uma combinação de tecnologias (D'AMBROSIO apud
GADOTTI, 2000:33)".
Mais do que mídias convergindo a um único dispositivo, o que
observamos é a reconfiguração de funcionalidades baseada em novas
interações das suas antes isoladas especificidades, conectando-se e
proporcionando uma nova gama de conteúdos. As linguagens sonoras,
verbais e visuais, se combinam e se re-significam com um adendo
fundamental: o da inteligência coletiva. O próprio conceito de mídia
enquanto meio de registro pode ser posto em cheque em ambientes
dinâmicos como o dos games. Quem é o autor da mensagem: o
computador ou o programador? Provavelmente ambos. Acreditamos,
como Manovich (2002), que a tecnologia incorpora linguagens pregressas
dentro do discurso contemporâneo. Então, quando vivenciamos um game
estamos construindo um percurso único numa jornada colaborativa que
pode ter se iniciado há milhares de anos, na citação de guerras da
antiguidade e do uso da escrita, chegando ao mundo atual na
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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incorporação de programações e efeitos visuais e no compartilhamento
em tempo real através da Internet.
Dentro desse ecossistema sócio-cultural registrado na memória
midiática, Levy (1993) identifica que, a semelhança da “seleção natural”,
há uma “seleção cultural” que pode alterar seu equilíbrio. As mídias
tradicionais na passagem para o digital ampliam seu nicho ecológico,
compartilhando funcionalidades e linguagens entre si. Segundo Machado
(2007a), a convergência se dá não pela migração, mas pela expansão de
cada uma das mídias que acaba por invadir o limite das outras. A partir
do conceito de “Expanded Cinema” de Youngblood chegamos à síntese
de “Mídia Expandida”. Há então, a explosão das mídias, que se
pulverizam criando nuvens de intersecção entre si, zonas híbridas de
multi-conexões simultâneas em redes complexas.
Dada a completa dissolução dos meios, nos resta operar uma
espécie de “engenharia reversa” a fim de tentar mapear as relações
forma-conteúdo e produção de sentido. Analisemos as principais formas
de “Interação entre ser humano e computadores (HCI - human computer
interaction)” dentro de uma compreensão ampliada destes últimos como
dispositivos digitais interativos.
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“O meio ecológico no qual as representações se
propagam é composto por dois grandes conjuntos: as
mentes humanas e as redes técnicas de armazenamento,
de transformação e de transmissão das representações
(Levy, 1993).”
A partir deste mapeamento de interfaces, suas possíveis
hibridizações, e interação de subjetividades, emerge um novo ambiente
midiático, que, devido a digitalização das informações e a conectividade
das redes, possibilitou a grande convergência que, em verdade, não é
apenas a das mídias, mas a de mídias e subjetividades, criando um
grande ecossistema mental-sócio-cultural.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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01.01. INTERFACES
Interface: limite permeável entre dois sistemas.
Em 2006, um smartphone como o Treo 700 da Palm apresenta
um processador Intel de 312 MHz com 128 MB de memória, além das
diversas formas de conexão (usb, cdma, bluetooth) e multimídia (áudio,
foto, vídeo). Isto equivale a um computador de mesa de dez anos antes.
Enfim, DVD-players, celulares, iPods, consoles de videogames, Palms,
terminais de tv digital são, em maior ou menor escala, todos
computadores.
Podemos entender o manuseio de dados digitais (agora
codificados em bits indistinguíveis, seja de origem sonora, verbal ou
visual) dentro dos dispositivos digitais como a interação entre três
operações fundamentais (BICUDO, 2004:105): Entrada, Processamento e
Saída de Dados.
De tal maneira, começamos a constituir uma matriz com três
vetores, analisando “Entrada de Dados” via operador humano
individual/coletivo e via conexão com seus próprios sensores ou de
outras máquinas, o “Processamento de dados” em sinergia com
interpretações humanas individuais/coletivas e com cálculos locais ou em
rede compartilhada, assim como a “Saída de dados” para um usuário
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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apenas, ou para muitos, e também para a própria máquina em retro-
alimentação ou para outras máquinas conectadas.
1. Entrada de dados: A alimentação dos sistemas pode se dar
via operação humana, via sensores dos mais diversos, via análise de
dados vindos de outras máquinas e/ou inteligência artificial.
É necessário enfatizar que, muitas vezes, essas operações
acontecem de forma integrada: por exemplo, um sensor pode captar
variações climáticas ou perceber a temperatura de algum humano e
então processar alguma ação adequada. Aqui podemos alinhavar os
teclados alfanuméricos, botões funcionais, alavancas direcionais,
joysticks, os mouses e derivados, as telas interativas (touchscreen) com
ou sem reconhecimento de escrita, as análises estatísticas e inteligência
artificial, onde dados podem gerar mais dados. Ainda temos os sensores
de luz, movimento (realidade virtual), temperatura, vento, umidade,
som, incluindo aqui câmeras de vídeo captando imagem, com ou sem
reconhecimento de movimento, microfone captando som, com ou sem
reconhecimento de voz.
Aqui também já podemos observar que as capacidades de
“reconhecimento” são incrementos dos meios de entrada acrescidos de
processamento. Dois rabiscos feitos com mouse ou “caneta” de palm
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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podem ser interpretados como uma letra V que, por sua vez, combinada
com um botão funcional, pode significar Control+V, que dispara a função
Paste (Colar) dos sistemas operacionais. Ou seja, combinamos estímulos
que comunicam letras, palavras, comandos.
2. Processamento de dados: como no cérebro, onde não é
possível pensar sem memória, inclui as capacidades de armazenamento e
organização como pré-requisitos básicos para o substancial incremento
das capacidades intelectuais humanas. Se um computador apenas, já
amplia a memória e o poder de articulação dos conteúdos, veremos,
adiante, que o desenvolvimento das redes digitais que potencializam a
inteligência coletiva foi um salto quântico.
3. Saída de dados:
É o feedback do processamento de informações, fechando o
ciclo de interação e possibilitando um novo ciclo. Vale lembrar que a
saída pode visar a um ou mais humanos, mas também outros
dispositivos digitais. Por exemplo, computador recebe informação que
sua base de dados de antivírus está desatualizada e automaticamente
baixa a correção via internet. Aqui temos fundamentalmente as telas e
alto-falantes, que suportam informações audiovisuais (vídeo, animação,
gráficos, fotos, sons, ruídos, música), incluindo ainda as representações
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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verbais manifestadas em forma de escrita e voz. Então vemos maciços
investimentos na viabilização das interfaces wearable (incorporadas ao
vestuário), nas telas mais finas, mais leves, com mais resolução e
qualidade de cores, em fones de ouvido sem fio, em dispositivos de
realidade virtual e até mesmo em próteses implantadas no corpo
humano.
Todavia, no decorrer de nossa pesquisa sentimos necessidade
de cruzar essas funcionalidades com mais duas camadas: a dos
processos individuais e coletivos e também a dos processos humanos e
maquínicos. É cada vez mais difícil distinguir criador e criatura dentro do
universo das chamadas tecnologias da informação e comunicação. Onde
víamos a precedência de dispositivos digitais que interagiam com um
usuário, agora se distingue claramente a ascensão dos protocolos e
linguagens entre máquinas, sejam sensores ou operações em rede, fruto
da explosão da Internet e inteligência coletiva.
A primeira onda convergente é a digital, onde quase todas as
informações analógicas encontram sua tradução em códigos binários,
permitindo a cópia entre dispositivos.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
64
A segunda onda é a da Internet, com o desenvolvimento de
protocolos abertos que vem potencializando a interação entre pessoas e
máquinas dentro de estruturas formais.
A terceira é a dos padrões semânticos, como o IEML de Levy
(2006), que visa a inter-operação de conteúdos significantes.
Apesar de cada onda ser requisito para a sua predecessora,
cada fase não se encerra para que a outra comece. Vivemos todas as
ondas concomitantes e em processo de realimentação, como podemos
observar, por exemplo, na recente implementação da TV Digital no
Brasil.
A força motora da matriz de expansão das mídias é o desejo
humano de ampliar suas capacidades intelectuais e sociais. Para tal, é
necessário investir esforços nas inovações em usabilidade, acessibilidade,
portabilidade, conectividade e adequação. Sobretudo a adequação. A
adequação não se refere apenas à sustentabilidade econômica, ao
beneficio individual ou ao oportunismo contextual. A adequação deve ter
critérios ecológicos, ou seja, deve considerar os interesses coletivos em
escala planetária. O inovador Thomas Edison citava que a realização
demanda 1% de inspiração para 99% de transpiração. Mas,
experimentemos nos inspirar de modo equivocado para descobrir quanto
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trabalho é necessário para desfazer toda a transpiração consumida na
direção errada. O inovador Henry Ford citava que existem mais homens
que desistem do que homens que fracassam. Infelizmente, esse exemplo
de empreendedorismo, que fundou as bases da indústria automobilística,
dentro do contexto espaço-temporal da época, inspirando ar puro, não
distinguiu a complexidade epidêmica de sua intervenção, fundando
também a base da expiração dos poluentes atmosféricos.
Originalmente, a operacionalização das interfaces visava
disponibilizar a relação estímulo-resposta de modo “intuitivo”, ou seja,
compreensível a partir do repertório cultural adquirido na vivência do
mundo real. Aqui surgem as “metáforas” das escrivaninhas (desktop) e
também os conceitos de usabilidade representados pela máxima de
Steve Krug (2000): “Não Me Faça Pensar”. Basicamente havia o acesso
às entradas e saídas de dados, e o processamento ocorrendo dentro de
uma “caixa preta”, como na acepção de Flusser (2002), inexpugnável
para a grande maioria dos usuários. Lembremos que, nos primórdios, a
interface com o universo digital era a entrada de dados através de cartão
perfurado e feedback através de fita impressa. É certo que ainda
operamos uma caixa preta, mas uma solução de interface abriu grandes
possibilidades de manipulação: a Tela Eletrônica.
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A Tela dos dispositivos digitais, ao contrário de suas precursoras
da Pintura, que misturavam a própria natureza do conteúdo ao suporte,
são constitutivamente virtuais. Seu conteúdo é volátil e depende
exclusivamente da representação das informações da unidade de
processamento. A partir do surgimento da Tela, fica mais clara a
distinção entre hardware e software, uma vez que esse último deixa de
ser um conceito invisível para se transformar em algo manipulável
visualmente. Multiplicam-se então as possibilidades de interação com os
dispositivos digitais. É possível controlar entrada e saída e também
refinar o controle sobre as operações de processamento.
Os zeros e uns dos cartões perfurados foram substituídos por
conjuntos de palavras criados em teclados e visualizados nas telas. A
partir dos teclados das máquinas de escrever foram introduzidos os
teclados dos computadores. Apesar da constante evolução dos teclados
em adequação à grande variedade de dispositivos, sua função primordial
continua a mesma: introduzir caracteres.
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http://www.egtechnology.com/keyboard/keyboard.gif
Entretanto, mesmo nos teclados mais básicos, podemos
observar a presença de teclas que realizam ações e/ou operam em
combinação a outras. São as de funções fixas (enter, esc, print screen,
insert, del e as lock), as de funções variáveis (F1 a F12), as de
navegação (home, end, tab, page up/down e as direcionais) e as
combinatórias (ctrl, alt, shift).
A corrida pela miniaturização dos dispositivos portáteis e maior
naturalidade de uso vem originando grandes investimentos em pesquisa
sobre o design dos teclados. É importante ressaltar que na história das
invenções, assim como na de todo desenvolvimento humano, quase
sempre impera a lógica da adaptação, da inércia não reflexiva.
No caso dos teclados, a ocorrência mais paradoxal é
exatamente do modelo padrão de mercado, o QWERTY, que,
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surpreendentemente, foi criado para retardar a digitação nas máquinas
de escrever, que frequentemente “encavalavam” suas hastes. Ou seja,
dificultou-se o acesso às letras mais comuns a fim de diminuir a
eficiência ao teclar. Diz-se ainda que, para demonstrar a facilidade da
escrita da palavra “TYPEWRITER”, essas letras foram dispostas logo na
primeira linha a fim de aparentar simplicidade e alavancar a venda dos
produtos. Mais uma vez, interesses comerciais sobrepujam aos interesses
do desenvolvimento humano. Imaginemos o equívoco de investimentos
maciços em parques industriais e aprendizagem técnica baseados em
justificativas tão frágeis.
Existem diversas outras disposições de teclas e teclados:
pequenos, grandes, ergonômicos, para polegares, para um dedo só, para
uma mão só, touch-screen, com tela em cada tecla, com teclas que
funcionam em combinação e até mesmo teclas sem inscrição. Vejamos
os que agregam mais possibilidades inovadoras.
A disposição em ordem Alfabética parece ser uma das
formações mais obvias. Se ganha na curva de aprendizagem, uma vez
que a grande maioria dos alfabetizados terá facilidade para localizar as
teclas. Ainda assim, não é o que melhor proporciona a eficiência ao
digitar. Neste modelo, temos uso de cores.
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69
Teclado Alfabético
http://news.com.com//i/ne/p/photo/keyboard_550x264.jpg
O teclado Dvorak foi projetado com base na ocorrência das
letras da língua inglesa. Deste modo, concentrando vogais e
aproximando as letras mais usadas contiguamente, aumenta-se a
velocidade de digitação.
Teclado Dvorak
http://en.wikipedia.org/wiki/Image:KB_United_States_Dvorak.svg
Segundo testes que podem ser feitos no site Qwerty Vs The
Dvorak [http://www.siteuri.ro/dvorak/index.php], mesmo em português
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
70
a distância percorrida e velocidade de digitação são mais eficientes no
Dvorak. Os dois parágrafos acima obtiveram esses resultados:
Modelo Distância percorrida pelos dedos
Alfabético 21,8 m
Qwerty 20,7 m
Dvorak 17,2 m
Existe uma modalidade interessante que é a dos meio-teclados.
Pesquisas indicam que a metade esquerda dos teclados Alfabético e
Qwerty contêm a maior parte das letras usadas das principais palavras
inglesas. Como, normalmente, a mão direita opera o mouse é uma opção
a ser considerada.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
71
http://www.diycalculator.com/imgs/qkbd-fig5.gif
http://lib.store.yahoo.net/lib/xoxide/wolfking-warrior-1.jpg
O teclado Fitaly agrupa as teclas segundo uma disposição de
padrões mais reconhecíveis e portanto de mais fácil memorização.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
72
http://www.fitaly.com/fit-gifs/fitaly16.gif
Os teclados ergonômicos dividem as teclas de cada mão,
respeitando o ângulo natural do posicionamento para digitação. No
modelo abaixo, além dessa funcionalidade, o teclado reserva uma tecla
para cada dedo, funcionando ainda com combinação simultânea.
http://www.datahand.com/images/DatahandTabletop.JPG
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Velotype.jpg
Teclados para portáteis são hoje um dos maiores desafio dos
designers de interface.
http://www.wmexperts.com/articleimages/Treo750_Keyboard.jpg
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
74
http://news.sel.sony.com/en/image_library/consumer/computer_peripheral/mylo
_Communicator/high/25780
http://www.mobileireland.net/rim/blackberry-pearl.jpg
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
75
http://www.welectronics.com/gsm/Nokia/nokia6822.jpg
Os teclados virtuais são uma opção adequada ao espaço
reduzido dos celulares. Integrando-se ao potencial “mutante” das telas
touch-screen, são, sem dúvida, os que oferecem maior flexibilidade. É a
solução mais usada para PDAs e aos novos smartphones capitaneados
pelo iPhone como veremos mais a frente. O maior problema é a o tempo
de resposta aquém das teclas físicas.
Virtual Laser Keyboard
http://www.newlaunches.com/entry_images/0806/08/cellon_3.jpg
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
76
O hibridismo de teclas com telas abre um novo leque de
possibilidades, uma vez que combina flexibilidade funcional com presteza
responsiva. O teclado Optimus tem telas em cada uma de suas teclas, se
transformando conforme a aplicação: Word, Photoshop, Half-Life, Chinês,
entre outros.
http://www.artlebedev.com/everything/optimus/demo/
Outra opção são os teclados sem fio que se conectam via
bluetooth, acolhendo a tendência da conectividade.
http://palmyamcha.hkisl.net/archives/060706_kb2.jpg
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
77
No modelo acima podemos observar teclas direcionais que
podem substituir o Mouse, que abordaremos a seguir.
Por ora, lembremos que as conexões sem fio (RFID, bluetooth,
barcode, 3G, GPS e Wi-Fi principalmente) vêm dando novo impulso tanto
a novas entradas de dados (teclados, mouses, microfones, sensores de
voz, câmeras, sensores de presença, joysticks, entre outras) como para
saída (telas, alto-falantes, fones de ouvido, mensagens de texto ou
multimídia e dados informacionais entre outras). Tudo isso somado à
miniaturização e portabilidade traz uma grande convergência do mundo
físico e digital.
Um divisor de águas é a criação das “Graphic User Interfaces”
(GUI) por Engelbart (JOHNSON, 2001), nas quais é possível criar
abstrações espaciais que metaforizam um ambiente real com janelas,
mesas, pastas, lixo entre outras. A tela é o grande ambiente exploratório
e para essa interação é criado o Mouse.
O Mouse representa a “mão humana” dentro de um ambiente
digital visualizado numa tela, ou seja, movimenta um ponteiro em
coordenadas x, y em tempo real, baseado em sensores espaciais (esfera
de rolagem, ótico ou magnético). Os sensores esféricos e óticos operam
de forma relativa, ou seja, a partir da atual posição do ponteiro. O sensor
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
78
magnético trabalha de forma absoluta sobre um mapa configurável com
as coordenadas proporcionais à tela. Neste mapa, chamado mesa
digitalizadora (tablet), a mesma movimentação do mouse terá sempre a
mesma resposta do ponteiro na tela. Portanto, a resposta é mais rápida e
precisa, não sendo necessário arrastar o mouse no trajeto.
http://www.azona.hu/Album/images/1-1%20Mouse-02_tif_jpg.jpg
Um complemento recente ao uso do mouse foi o funcionamento
de “mouse gestures” no Firefox. Determinados movimentos do mouse
demandam respostas do sistema. Tudo configurável e intuitivo.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
79
http://accessfirefox.com/Extensions_SS/Mouse_Gestures/MouseGestures_Sidebar
_Guide.png
Dado o volume incalculável das interfaces de tela em nível de
software não aprofundaremos aqui essa evolução. Abordaremos às
principais inovações de hardware e funcionalidades dos dispositivos
físicos. Alguns apontamentos, no entanto, são importantes para ilustrar a
relação tela - interator.
A tela é a peça fundamental para representação do feedback ao
interator na maioria das interfaces. É fluida, dinâmica, desterritorializada.
Não faz sentido que a metáfora da página estática ainda seja umas das
principais formas de comunicação. A grande metáfora é o próprio
cérebro como exaustivamente propagado por Levy, Machado, Minsky,
Pinker e Ascott entre tantos outros.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
80
A simulação de ambientes tridimensionais e/ou camadas
paralelas ao plano da tela operam uma nova gama de possibilidades de
linguagem, já bem explorada em videoclipes (DUBOIS) e games
(MACHADO, 2007b; MURRAY), mas ainda a observar na constituição da
maioria dos vídeos, sites e aplicativos.
Voltando à análise de hardware, uma alternativa promissora é o
das telas OLED flexíveis.
Tela OLED
http://www.pinktentacle.com/images/flexible_organic_el_display.jpg
A proporção wide (16x9) só se justifica a partir de certa
distância e resolução. A portabilidade, a relação custo - beneficio e o
individualismo exacerbado aumentaram a procura pelos óculos–tela.
Existem diversos modelos, que vão desde o capacete para imersão
completa até mini-projetores direcionados à retina. Acreditamos que
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
81
estes últimos, com a leveza das telas OLED e perspectiva de uso em
situações normais, sejam a escolha de maior aceitação popular. O
modelo Lumus PD-20 abaixo, projeta a imagem diretamente na retina,
sem obstruir completamente a visão e ainda pode ser usado como
simulador de estereoscopia 3D com a adição de outro projetor.
http://www.lumus-optical.com/Downloads/Tech/new_bro_07_v7.pdf
As telas touch-screen combinam a representação visual das
informações, tradicionalmente saída de dados, ou feedback, com entrada
através de sensores de toque na própria tela. Palms, PDAs, Handhelds e
Smartphones foram os primeiros a difundir massivamente esse tipo de
interface.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
82
http://www.weblogsinc.com/common/images/5856308185341518.JPG
Essas telas viabilizam a interação diretamente na representação
visual dos conteúdos, aproximando-se muito das operações reais. Toca-
se a tela com os dedos ou com “canetas especiais” em substituição ao
mouse. Oriunda da interface limitada pelo ponteiro solitário do mouse, as
interfaces touch-screen são um exemplo típico de adaptação de soluções
anteriores em vez da reflexão diante do potencial das novas tecnologias.
O mouse indica um único ponto, porém se é possível usar os dedos,
abrem-se dez possibilidades simultâneas (multi-touch). Mais à frente,
indicaremos algumas inovações nesse sentido promovidas pelo projeto
iPhone, misto de celular e iPod da Apple. A titulo de ilustração
observemos o uso de toques simultâneos numa cena do filme Minority
Report (2002) de Steven Spielberg. Nesta cena, com os dedos, o usuário
aumenta imagens, arrasta-as, solta-as, sobrepõe-nas em camadas e
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
83
manipula-as livremente, como se estivesse organizando documentos
numa escrivaninha.
http://www.minorityreport.com/
A combinação de mesa digitalizadora com tela touch-screen deu
origem a um novo dispositivo, o computador tablet pc. Em verdade, o
lançamento do tablet pc potencializa, com maior resolução e capacidade
de processamento, o antigo conceito dos dispositivos portáteis com
interação na tela consagrados como Personal Digital Assistants (PDAs) ou
pela marca Palm. Uma vez que estes, tanto na versão grande como
pequena, dispensam o uso de teclado (opcional), torna-se fundamental
para seu sucesso a perfeita harmonia de hardware e software para o
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reconhecimento da escrita a mão. A metáfora é o caderno, a interface
mais natural ao ato de escrever e desenhar a mão livre.
www.pocketpcaddict.com/forums/media/48075/samsung_umpc_sense1_2.jpg
A indústria dos games é uma outra fonte importante de
pesquisa e inovação. O jogo, por sua natureza dinâmica, demanda
interações cada vez mais rápidas, precisas e aproximadas ao gestual
humano. Assim vivemos a evolução do joystick, o principal dispositivo de
controle dos videogames que, apesar do funcionamento assemelhado ao
do mouse, tem uma abordagem diferente. O joystick opera de uma
forma particularmente útil à jogabilidade dos games. Ao contrário do
mouse, que determina rapidamente ao cursor uma nova posição e
consequentemente um trajeto percorrido, o joystick indica direções e
potência ao objeto interativo em relação ao estado atual do mesmo. Por
exemplo, um carro centralizado na tela que pode acelerar, frear e virar a
esquerda ou à direita. É o tipo de contexto que valoriza a interação em
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
85
tempo real, pois possibilita a interferência e a alteração de conduta
mesmo antes da concretização da última ação idealizada.
http://www.ataritimes.com/2600/images/2600_joystick.jpg
Assim como o mouse, o joystick vem ganhando uma série de
recursos proporcionados por botões funcionais. Cada vez mais, os jogos
ampliam o uso do controle do deslocamento físico apenas para o uso de
múltiplas funções simultâneas. A combinação de botões acessados
concomitantemente por quase todos os dedos das duas mãos cria um
grande universo de possibilidades nos novos modelos de joystick. É
possível até o refinamento de vários botões direcionais operando ao
mesmo tempo e efeitos realistas como vibração.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
86
http://fp.scea.com/Content/peripherals/SCPH-10010U/1/detail/image.jpg
Porém, toda essa complexidade exige alta curva de
aprendizagem. Mais recentemente, o caminho da interface desses
dispositivos tem trilhado a busca da reprodução dos movimentos
naturais, mais próximos ao modo como ocorre na vida real. Dispomos de
exemplos dessa nova geração: tapetes interativos são uma forma criativa
de ampliar o realismo e jogabilidade dos games. Na verdade, seu
funcionamento se assemelha ao de um teclado gigante com áreas
clicáveis disposto no chão. As “teclas” normalmente são grandes o
suficiente para serem clicadas com os pés, simulando corridas, chutes e
principalmente a dança, objetivo de seu uso inicial.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
87
http://dimensionplus.nl/psx/boxes/58341.jpg
http://www.mindtech-group.com/game_accessories/media/15501.jpg
É evidente que, na evolução dessa interface, podem ser usadas
outras partes do corpo e, quem sabe, até a combinação de vários tapetes
fechando um cubo em volta do interator, como num ambiente do tipo
“cave”. Apesar da evolução na simulação dos movimentos reais, os
tapetes ainda não reproduzem a fidelidade dos movimentos na
complexidade de um ambiente tridimensional. Como ainda é necessário
clicar uma superfície, não é possível reproduzir o movimento, no máximo
registrar os pontos de saída e chegada dos pés, indicando uma possível
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
88
trajetória em linha reta restrita a duas dimensões e sem as nuanças de
possíveis curvas e variações de velocidade.
Começam a surgir os sensores de movimento wireless (sem fio).
Dentro desse aspecto, destacamos ainda as interações visando à
simulação de esportes, com destaque ao futebol (soccer), o mais popular
do mundo. Em breve deveremos ter dispositivos do tipo “bola e chuteiras
interativas”.
http://www.comparestoreprices.co.uk/images/unbranded/p/unbranded-playstation-
football-mat.jpg
Como evolução desses sensores, surgem dispositivos de
interação sem fio. O Super Arena é na verdade um conjunto de quatro
sensores de movimento acoplados a pés e mãos que opera em conjunto
a um “tapete” receptor que envia todas as ações no seu raio de alcance
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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em forma de comandos interativos representados na tela do game.
Lançado em 2006 para consoles Playstation 1 e 2 e computadores PC,
além do óbvio incremento da jogabilidade e realismo, visa também
renovar a imagem de que a atividade do jogador de game é sedentária,
sendo certo que pode promover várias atividades físicas como pular,
chutar, socar, defender, dançar, dentre um potencial enorme de variáveis
que ainda nem foram imaginadas. Não é necessário mais restringir o livre
movimento tridimensional a um toque numa superfície bidimensional.
http://www.zapgames.at/assets/images/produktmaedel.jpg
Ainda em 2006, verifica-se o lançamento de um novo joystick
que opera sem fio e reconhece movimentos tridimensionais. O Wii, da
Nintendo, tem um controlador que pode ser usado como espada, raquete
de tênis ou o que mais se inventar.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
90
http://i.i.com.com/cnet.g2/images/2006/features/hardware/revknow/revknow_sc
reen003.jpg
A livre movimentação no espaço real, tridimensional, é
percebida pelos sensores e reproduzida, ou representada, dentro da
simulação tridimensional dos jogos, ainda em telas bidimensionais.
Em breve, estarão no mercado as luvas virtuais com a mesma
agilidade de resposta dos controles wii.
http://content.answers.com/main/content/img/CDE/_GLOVE.GIF
Outra forma de captar movimentos se dá através de sensores
em câmeras de vídeo. A empresa Mídia Move de SP, por exemplo, exibe
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
91
em feiras um jogo de futebol virtual onde o jogador “chuta” uma “bola
virtual” em cima de um campo projetado.
Game com sensor de movimento
Novamente, então, voltamos a abordar as inovações propostas
pela Apple para seu iPhone, um híbrido de celular, palm e iPod.
Começamos pelo grande poder de conectividade a redes GSM, Wi-Fi e
Bluetooth. Apesar da pertinência dos recursos, observados em outros
aparelhos, é importante questionar a falta de padrões para conexões
sem fio, o que poderia proporcionar a otimização de recursos. Voz,
Vídeo, Musica e Web são todos representáveis em bits. Por que tantas
redes diferentes para transmitir a mesma coisa: bits.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
92
http://images.apple.com/iphone/images/techhero_sensors20070109.jpg
O iPhone solicita mais de 200 patentes para inovações.
Observemos as mais diferenciadas das soluções habituais:
- Multi-touchscreen: tela com boa resolução (320 por 480 pixels
a 160 ppi) sensível a toques múltiplos. Como no exemplo de Minority
Report, não há botões físicos, apenas soluções de interface diretamente
na tela, inclusive a possibilidade de aumentar imagens usando dois dedos
ao mesmo tempo. É importante ressaltar que há a criação de um leque
infinito de possibilidades gráficas. Resta saber se a Apple conseguiu
aprimorar o grande problema das telas sensíveis em relação aos botões
reais: o tempo de reação ao toque e conseqüente velocidade de
digitação.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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http://images.apple.com/iphone/images/techhero_multitouch20070109.jpg
http://iphonethebook.com/photos/keyboard.png
- Sensor de Movimento: semelhante ao joystick Wii, a Apple
desenvolveu a tecnologia do acelerômetro, que detecta a rotação do
aparelho adaptando automaticamente a representação dos conteúdos no
“modo retrato” (portrait), adequado à visualização de listas, para “modo
paisagem” (landscape), indicado à visualização de vídeos.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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http://images.apple.com/iphone/images/techhero_sensors20070109.jpg
- Sensor de proximidade: percebe quando o aparelho é
aproximado do ouvido e automaticamente trava a possibilidade de
toques acidentais e desliga a tela para poupar energia.
A Microsoft, por sua vez, apostando ainda no segmento PC,
apresentou em 2007 o protótipo do que imagina ser o futuro dos
computadores pessoais: o projeto “Surface”.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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http://info.abril.com.br/aberto/infonews/images/30052007b.jpg
Nesta proposta, a Microsoft investe nas interfaces naturais,
baseadas na interação por toque na tela, desta vez num tamanho que
possibilita o trabalho conjunto de várias pessoas ao mesmo tempo. Além
disso, seu hardware permite conexões sem fio com os principais
protocolos de transmissão, como Wi-Fi, Bluetooth e celular. Basta pousar
um dispositivo destes no Surface para abrir um leque de possibilidades
como copiar, conectar ou sincronizar com um simples arrastar de dedo.
Gates (2007) diz que o Surface se insere na tendência da “computação
onipresente” (pervasive computing). Os computadores, ou dispositivos
digitais, estão em todas as partes e conectados entre si.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
96
01.10. CONSIDERAÇÕES DIVERGENTES.
Neste cenário de explosão de possibilidades, tememos pela
noção unificadora da “convergência”, assim como pela visão simplista de
expressões superlativas como Super, Alta, Larga ou Nova. “High
Definition” ou “Alta Definição” se compara a o quê?
Se for ao mundo real estamos muito aquém, se estamos
comparando TV à película de cinema também. Aqui temos uma complexa
interação entre variáveis como quantidade versus densidade de pontos
por área, passando ainda pela qualidade da reprodução das cores, das
lentes, do tratamento de iluminação na captação, pelos métodos de
processamento, compactação, transmissão e descompactação e, não
menos importante, a adequação ao público-alvo. Esquece-se que
qualquer definição apenas o é enquanto “percebida” pelo espectador.
Então, a distância da tela ao observador, o ambiente, o tempo
disponível, a qualidade da atenção, o repertorio cultural, as capacidades
sensoriais, enfim, o contexto é tão ou mais importante do que o numero
de pixels.
Lembramos-nos do impacto do filme “Waking Life” de Linklater
(2001), que desenvolveu uma apurada linguagem gráfica, vetorizando às
imagens captadas e incorporando a vida “real” às possibilidades de
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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animação. Até aqui poderíamos argumentar que muitos são os que usam
efeitos especiais, mesmo observando que a imagem vetorial é
infinitamente ampliável, uma vez que é representada por polígonos
matemáticos em vez de pontinhos. Mas o que realmente mostrou-se
inovador foi que, dada a densidade do discurso narrativo (“alta reflexão”)
houve uma completa desconstrução de qualquer qualidade de imagem. O
que vai, de modo magistral, ao encontro do intento do filme: desvelar as
diversas vidas (a despeito da “Second”) que temos em paralelo e/ou
virtualmente. Ou seja, a imersão, a cognição, a fruição da mensagem em
um determinado contexto deixa o problema da “alta definição” em um
outro patamar.
Já a “Banda Larga”, apesar da louvável campanha de inclusão
digital do Creativo Ministro-Artista da Cultura, Gilberto Gil, nunca o será o
suficiente. Tudo que for disponível será utilizado. Se tivermos uma
escrivaninha de dez metros de comprimento em um ambiente
minimamente adaptativo ela será aproveitada em sua totalidade, mesmo
que esteticamente ou como mesa de futebol de botão. O que temos, na
verdade, são “Bandas Mínimas” dentro de um determinado contexto,
definido pelas variáveis de disponibilidade do interator, capacidades do
dispositivo e custo-benefício em adequação ao conteúdo pretendido.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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Propomos a terminologia “Banda Esperta” (SmartBand), para
um sistema que automaticamente se adaptasse, com mecanismos de
retro-alimentação, ao contexto do interator. Como em ecossistemas
auto-organizados teríamos, obviamente, níveis mínimos aceitáveis e
limites máximos possíveis, mas, sobretudo, a busca do atendimento
ótimo a maioria. Uma das grandes inovações do projeto OLPC (One
Laptop per Children) capitaneado por Nicholas Negroponte do MIT e
nomeado no Brasil como UCA (Um Computador por Aluno), é a adoção
das redes sem fio Wi-Mesh, que de forma descentralizada aproveitam
cada nó para transmitir e receber dados.
Amadeu (2007), na Revista A Rede (http://www.arede.inf.br),
manancial de informações eco-tecnológicas, nos demonstra um novo
potencial de arquitetura.
“P2P — do qual uma das maiores expressões é o
protocolo BitTorrent e softwares como o Emule e LimeWire
— utiliza uma arquitetura de rede distribuída, sem
centralidade, onde cada máquina cumpre as funções de
servidor e cliente de informações. (...) O conhecimento
está nas redes, assim como a inteligência não se concentra
em um ou dois neurônios, vem da sinapse, das associações
e conexões em nosso cérebro. (...) Os padrões, protocolos,
códigos e linguagens digitais, quando abertos, são mais
dinâmicos, não oferecem resistências e bloqueios à criação
e recombinação, a principal prática da cibercultura.”
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
99
E prossegue mostrando o potencial da aplicação do conceito na
chamada P2PTV na Web, como visto nos players Joost
(http://www.joost.com/) e Miro (http://www.getmiro.com).
"O uso de um sistema P2P na TV pela internet
implicaria que todos os usuários de determinada
programação ajudariam na distribuição das imagens. Cada
usuário que estivesse realizando um streaming converter-
se-ia em pequeno servidor do mesmo vídeo que estivesse
baixando. Desse modo, é possível solucionar dois grandes
problemas da transmissão broadcasting pela internet:
diminui-se a carga do servidor e o tamanho da banda
ocupada. Estudos indicam que a P2PTV poderia assegurar
a um canal manter 100 mil conexões simultâneas, sem a
necessidade de uma banda gigantesca (idem, ibidem)".
A possibilidade das conexões e padrões abertos multiplica de
forma exponencial aos limites da criação humano-tecnológica.
Também discordamos da prática de eternizar mídias em um
determinado contexto como realidade absoluta. Como identificar, por
exemplo, às “Novas mídias” do século futuro? Novíssimas? Pós-novas?
Propomos então, um novo tratamento para a atual modalidade:
“xmedia”. Remete ao múltiplo, ao x indeterminado e, portanto mutante,
ao “crossing” de arquiteturas cruzadas reticulares e ao “ex” da necessária
reformulação das idéias vigentes.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
100
O mundo físico também não está imune à convergência digital.
As conexões sem fio (RFID, bluetooth, barcode, 3G, GPS e Wi-Fi)
conectam mercadorias, eletrodomésticos, carros, torres, animais e
pessoas (BEIGUELMAN, 2005). Existem projetos para dotar cada
aparelho eletrodoméstico de um numero IP para que seja controlado via
Internet. Carros e outros veículos tendem a ser identificados digitalmente
(RFID, como no sistema Sem Parar e GPS para segurança anti-roubo e
serviços de orientação no trânsito) de modo permanente, como mostra o
projeto de lei da cidade de São Paulo para 2008.
Ipods, Smartphones e cartões conectam/controlam pessoas via
GPS, wifi, bluetooth e RFID. Presidiários e dependentes químicos usam
“coleiras eletrônicas” que as localizam instantaneamente. Mercadorias
são marcadas com códigos de barra e RFID. Animais, Plantas e Lugares
também são marcados com GPS a fim de se estudar/controlar. Várias
pessoas, temendo seqüestros, também reproduziram a experiência de
Eduardo Kac na Casa das Rosas em 97, introduzindo um microchip em si
mesmas a fim de serem identificadas digitalmente a distância (idem,
ibidem)
Os ecossistemas biológico-cultural-mental estão entrelaçados
em rede, dando origem a um macro-ecossistema. Estabelecidos os
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
101
padrões de conexão, todos os elementos podem interagir dando forma a
inúmeras novas configurações criativas.
Imaginemos, por exemplo, luvas virtuais wi-fi (como o controle
do wii) que respondam a mouse gestures projetados em telas de óculos
e falantes implantados nos ouvidos. Teríamos, a semelhança dos “zumbis
iPod”, legiões de “maestros” andando pela rua, regendo orquestras
virtuais ou arquitetando ambientes digitais. É na hibridização destas
tecnologias que acreditamos estar o cerne dos novos ciclos biológico,
cultural e mental.
“Na esfera cultural, os híbridos são mais fortes,
mais inovadores, mais robustos que os puros-sangues. E é
por isso que ainda há valor por encontrar nas formas
parasitas da televisão analógica. [...] São formas digitais
aprisionadas num meio analógico. Como tais, nos fazem
lembrar novamente a importância da passagem do
analógico para o digital, uma mudança que é tão cultural e
imaginativa quanto tecnológica e econômica” (JOHNSON,
2001:35).
Todas as inovações de interface citadas estão sendo
combinadas espontânea ou intencionalmente e, por sua vez,
proporcionando a criação de outras novas interfaces. A mera
transposição dos nomes da era analógica não explica os recentes
dispositivos digitais.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
102
Televisão significa ver a distância, telefone falar a distância,
Celular é o que é estruturado em células, Vídeo remete a “eu vejo”, Web
é teia, Rádio é um elemento químico com a propriedade de propagar
ondas eletro-magnéticas, Mobile é o que se pode movimentar, assim
como Portable ao que se consegue trazer junto ao corpo, Notebook é um
caderno de anotação e laptop algo que coloca sobre o colo, PDA é um
assistente pessoal, Cinema vem de cinematógrafo, o que se escreve
através do movimento, CD e DVD são discos compactos e versáteis.
Concluindo, todos esses nomes só fazem sentido enquanto marca e
modelo de negócio estabelecidos. É fantasioso procurar o dispositivo
analógico original representado na sua atualização digital. Qual, por
exemplo, seria o verdadeiro nome da nova safra de smartphones
(faladores inteligentes)? Algo como áudio-vídeo-fone-rádio-foto-personal-
portable-mobile-net-celular-gps.
Temos, por conseguinte, um ambiente adaptativo composto por
matrizes gerativas que, como num ecossistema biológico, evoluirão em
busca de equilíbrio sustentável dos pontos de vista social, cultural e
econômico.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
103
Matriz Gerativa de Mídias
É muito representativa a discussão a respeito da transição para
a TV Digital. Diferentemente das mídias originalmente inventadas em
ambiente digital como a Web, a TV sofre sua alteração mais radical nos
seus 50 anos. Há que se ressaltar que com os adventos da cor, do som
estéreo, do controle remoto entre outros, não se alterou
substancialmente a estrutura televisiva. A TV Digital, no entanto,
apropria-se da linguagem televisiva, mas oferece um potencial tão
grande de inovações que melhor seria não ser chamada de TV. Dentro
desse novo meio-ambiente-meio, a TV não tem ocupado seu potencial
digital e tem seu “nicho ecológico” invadido pela Web e pelo Celular.
É certo que esse ecossistema é muito dinâmico e ainda há
muita interação a acontecer. As propostas tecnológicas visam o que de
melhor se pode oferecer neste universo de linguagens articuladas:
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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conectividade, interatividade, portabilidade, mobilidade, robustez,
escalabilidade. Essas qualidades lembram a antiga TV? Talvez robustez,
mas erroneamente. Robustez no contexto digital indica a confiabilidade
no funcionamento de um sistema. No caso da TV analógica, o caixote é
robusto, mas o sinal, repleto de fantasmas e chuviscos, não. Tirante os
conceitos mais conhecidos como conectividade e interatividade, que
dispensam maiores explicações, é imprescindível citar a importância das
outras propriedades, uma vez que são padrões exigidos das mídias
digitais eficientes.
Portabilidade é a capacidade de ser portável e Mobilidade a de
ser móvel. Um avião é móvel, mas não portável. No caso da TV Digital, o
móvel é a exibição em trens e o portável em celulares. Dado o alto índice
de obsolescência dos dispositivos, a Escalabilidade é uma qualidade
importantíssima. É a capacidade de o sistema ser atualizado e/ou
complementado. São, portanto, as principais qualidades desejadas nas
novas mídias sempre visando à adequação aos contextos de utilização.
No nosso contexto, em um país deseducado, repleto de
desigualdades, houve o momento histórico para uma revolução midiática,
inclusiva, extremamente acessível. Com 90% de lares com aparelhos de
TV, antenas e retransmissoras instaladas em todo território nacional,
teríamos a possibilidade de multiplicar por até oito vezes o numero de
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canais, o que permitiria a difusão de conteúdos educacionais, regionais e
independentes, fundamentais para desenvolver o país. Lembremos dos
maciços investimentos educacionais nos tigres asiáticos do pós-guerra,
que reverteram baixíssimos índices educacionais.
"O investimento em educação é condição básica
para sustentar qualquer forma de desenvolvimento. É o
grande diferencial a um crescimento econômico elitista,
míope, desigual, instável, sem "lastro" de conhecimento em
contraposição a uma evolução constante, segura, perene,
com construção de uma sólida retaguarda estrutural,
adaptabilidade, flexibilidade, qualidade de vida, respeito ao
meio-ambiente e às conquistas sociais (MORAES, 2007)”.
A Coréia, em especial, tem como uma de suas principais fontes
de riqueza, exatamente a produção de entretenimento digital, lastreada
em conhecimento de alto nível.
A TV Digital, portanto, seria um espetacular disparador da
economia do conhecimento, sendo ao mesmo temo difusor e consumidor
de informação. Infelizmente, o oligopólio das rádio-difusoras, e sua vasta
representação política e mercadológica, não entendeu assim, alegando
que não haveria “bolo publicitário” para repartir com todos esses novos
canais.
Assim, em vez de um novo ambiente, criativo e inclusivo,
teremos uma “clonização” (o que é contestável legislativamente) dos
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
106
mesmos canais em 1, 2, 3 e 4, com as mesmas programações
determinadas pela publicidade, mais enlatados globalizados, e
sublocação de horários (um bem público e escasso) para mais tele-
vendas, tele-sexos e tele-exorcismos. Mas nem tudo é perdido. Se o
usuário se dispuser a comprar um set-top-box (terminal de acesso) de
800 reais (duas vezes o valor da TV) pode assistir conteúdos em “alta”-
definição (aquela que não é tão alta) que, infelizmente, ainda não são
gerados (porque não tem público) e que não passam em aparelhos
comuns de TV, abaixo de 27 polegadas e 1000 linhas de resolução
(PRIOLLI, 2007).
A interatividade pode ser basicamente de 2 tipos:
- o "walled garden", jardim murado, onde é possível "passear"
desde que seja dentro do que já está sendo transmitido, exemplos: tecla
SAP/estéreo, legendas closed caption, multi-ângulo.
- ou a semelhança da internet, com home-banking, comércio
eletrônico, chat, email entre outros. Infelizmente, essa segunda opção,
que poderia ser outra opção de inclusão digital, depende dos atores que
foram excluídos de todas as negociações do SBTV, as empresas de
telecomunicações.
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O chamado “canal de retorno”, requisito fundamental da
interatividade completa, depende de sistemas complementares (telefonia
fixa ou móvel, cabo, Wi-Max) para permitir a bidirecionalidade, uma vez
que as emissões terrestres via antena são difusões massivas
unidirecionais.
É anacrônico discutir a tecnologia da TV Digital sem entender o
novo ecossistema tecno-sócio-cultural das mídias. Hoje, as rádio-
difusoras (rádio e televisão) detêm o poder do que vai ser transmitido
em suas antenas. Cremos que são modelos de negócio com interesses e
necessidades diferentes e, como nas difusões via web e celular, o mais
adequado seria separação dessas duas modalidades. O Operador de
Rede transmite, e cobra sobre, pacotes de bits. O Produtor de
Conteúdo se preocupa em lançar material de qualidade, não importa
para quais suportes, e busca outras formas de sustentabilidade (FNDC,
2007; Intervozes, 2007).
Para viabilizar a produção de conteúdos de qualidade é
fundamental garantir a autonomia financeira sem comprometer-se ética
e moralmente. Na nova economia, os modelos de negócio são:
- Publicidade (anúncios generalizados e/ou segmentados)
- Patrocínio (apoio de empresas / instituições / governo)
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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- Fomento / projetos filantrópicos / doação.
- Tarifa / assinatura periódica (mensalidade).
- Imposto / contribuição percentual (exemplo BBC-UK).
- Pay-per-use / On demand.
- Produtos agregados / Parceiros de serviços (porcentagens).
- Reputação / Imagem Institucional.
Tanto a TV como o Rádio funcionam com distribuição de massa,
ou seja, visam grande audiência para financiar produtos caros. No novo
cenário, essas fronteiras começam a se dissipar.
O rádio, quando surgiu, comunicava de forma bidirecional. Ou
seja, assemelhava-se às rádios da Internet, que, por seu turno, com o
surgimento dos podcasts, hibridizam com a evolução dos registros
sonoros (gramofone, disco de vinil, CD e MP3).
Telefones celulares têm uma evolução constante da qualidade
das suas telas. No começo eram pequenos visores de leds alfanuméricos
que, de geração em geração, foram aumentando de tamanho (em
polegadas), de resolução (em pixel por polegada) e em quantidade de
cores. O mesmo vêm ocorrendo com MP3s players, telefones fixos e
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
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rádio digital que, por sua vez, recebe bits a distância e também poderá
exibir imagens. Então, como acomodar as “antigas mídias”?
“O desafio mais interessante e, talvez, mais
importante é o de representar a experiência subjetiva de
uma pessoa que vive em uma sociedade de dados. Se a
interação diária com volumes de dados e inúmeras
mensagens faz parte de nossa nova "subjetividade de
dados", como podemos representar essa experiência de
novas maneiras?” (MANOVICH, 2006).
Ë necessário distinguir o que é imperativo tecnológico do que é
apenas modelo mercadológico. O investimento em soluções mais
intuitivas, acessíveis e, portanto, mais inclusivas, como os traçados por
iPhone da Apple, Wii da Nintendo e Surface da Microsoft, nos parece a
abordagem mais construtiva. Bill Gates diz, em 2007, que tem como
objetivo ampliar seu alcance além do um bilhão de pessoas do planeta.
Pensando nas profundas contradições da Terra, na desigualdade de
oportunidades, na falta de condições mínimas de sobrevivência, nos
parece bastante difícil realizar esse tipo de proposta sem uma grande
mudança de mentalidade em todos os níveis.
Lembremos ainda das graves implicações éticas, que vêm sendo
debatidas há tempos, como a discussão da verdade no documentário e
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
110
da objetividade no jornalismo, e são substancialmente ampliadas com a
ascensão das Tecnologias da Comunicação.
Se nas mídias não interativas a inferência se dava no nível do
sugestionamento, no mundo digital há uma tênue fronteira entre a
invasão consentida e o controle totalitário. Por baixo da camada visível
das comunicações humanas temos uma camada invisível de meta-
informações como perfis de comportamento, cookies e logs de acesso
processadas por bots, robôs que vasculham nossos rastros para
“oferecer” facilidades (BEIGUELMAN, 2005). O preço dessas facilidades é
assinar em uma folha em branco, ou assinar na folha que está por cima e
não observar que tem outra folha embaixo do papel carbono.
"Toda ferramenta de software traz embarcada
uma "interface cultural", no sentido em que a define Lev
Manovich, ou seja: apresenta uma gramática de ações que
estrutura, no espaço e no tempo, a experiência humana de
acesso à informação." (REIS, 2007)
Desta feita, a caixa preta de Flusser (2002), como apresentada
por Machado (2006), não é apenas um mistério, mas está imbricada nas
nossas vidas. Ou seja, não temos noção do funcionamento das máquinas
que nos cercam e nem de quão disseminadas elas já se encontram.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/converg/
111
É necessária uma profunda reflexão, interdisciplinar, muito
menos vinculada às adaptações das mídias existentes e muito mais
propositiva, de mídias radicalmente inovadoras com legislações e
modelos de negócios igualmente inovadores. E, sobretudo, é necessária
uma visão humanista da tecnologia, integrando a ciência e o social em
pé de igualdade. Será que é preciso que cada ser humano tenha o seu
carro e seu computador pessoal? Acreditamos que a tecnologia deve ser
vista sob a ótica da consciência planetária como proposta por Morin
(2002) e otimizada pelo compartilhamento de seus recursos como citado
por Levy (1997), Rheingold (2001) e Johnson (2003), entre outros.
Se pudéssemos descrever o fenômeno da disseminação da
tecnologia, cada vez mais entranhada em todas as situações da vida
cotidiana, talvez pudéssemos resgatar a imagem dos vírus biológicos,
que se multiplicam e se incorporam em outros ambientes. Dessa relação
simbiótica surge o “Cibionte” (ROSNAY, 2006), o híbrido ciber-homem.
"Os novos serviços de informação e entretenimento não estão à
espera da chegada da fibra ótica à casa das pessoas: estão à espera de
imaginação" (NEGROPONTE, 1995:35).
112
capítulo: 10.emergência.
113
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Emergência tem duas principais acepções:
- Ato ou efeito de emergir, nascer ou aflorar.
- Urgência, necessidade imediata a uma situação crítica.
Então, atentemos aos objetivos urgentes. Como visto em
Gladwell (2002), um fator importante para a propagação da informação é
o potencial imediato de ação. Por isso, paradoxalmente, o urgente ficará
por último, em uma situação onde a mensagem deve apresentar maior
clareza e o leitor, próximo da conclusão, mais disposição para a ação. A
estratégia de implementação, a ambientação do contexto, é tão
importante quanto o conteúdo para a eficácia da proposta.
A teoria de que as grandes invenções são possíveis graças à
existência de gênios "ignora os esforços dispersos, comunitários, que
participam de todo importante avanço intelectual" (JOHNSON, 2003).
Johnson (2003) define sistemas emergentes como complexos
adaptativos do tipo bottom-up, formações massivas de baixo para cima,
diferente do top-down baseado em uma estrutura gerencial centralizada
de cima para baixo. Na emergência, "os agentes que residem em uma
escala começam a produzir comportamento que reside em uma escala
acima" (idem, ibidem: 14), ou seja, emergem.
114
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Dadas as condições necessárias, os mesmos padrões de
comportamento se verificam em bairros de cidades, colônias de formigas,
células cerebrais e comunidades virtuais. Urbanistas como Jacobs (apud
Johnson, 2003) criticam a falta de sensibilidade das ações arrasa-
quarteirão de requalificação de espaços. Soluções extremamente
tecnicistas acabam desconsiderando por completo a intrincada teia de
relações construídas cotidianamente.
Ainda segundo ele,
"sob a aparente desordem da velha cidade
existe, onde quer que a velha cidade funcione com
sucesso, uma maravilhosa ordem que mantém a segurança
das ruas e a liberdade da cidade. É uma ordem complexa.
Sua essência é a intimidade da calçada, trazendo consigo
uma constante sucessão de olhos".(idem,ibidem)
Acrescentemos então mais essa na conta da Sociedade do
Automóvel: perdemos os bons encontros nas calçadas, a rua enquanto
ambiente interativo fundamental para a construção da identidade cidadã.
É a proposta que encontramos no Projeto Cidade-Escola
Aprendiz, idealizado pelo jornalista Gilberto Dimenstein: a valorização dos
espaços públicos com acurada garimpagem das iniciativas sociais já
existentes, seja um teatro, uma escola ou uma banca de frutas.
115
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É exatamente o que Levy (1998) procura enfatizar: o foco nas
pessoas deve inspirar a tecnologia, não o contrário. Almeida (2005)
destaca que a tecnologia não é a solução da educação, e sim um
importante instrumento para o investimento nos recursos humanos –
formação, capacitação, inclusão social, cultural e política.
A Arquitetura, como exemplo transdisciplinar, utiliza conceitos
técnicos como mecânica dos solos, resistência dos materiais e cálculos
estruturais, mas em diálogo com as noções humanistas.
Levy (1998), Lessig (2005) e Lev Manovich (2002)
compartilham o pensamento de que na evolução do conhecimento é
necessário o livre fluxo das idéias pregressas.
116
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
10.00. CONHECIMENTO.
Freire (1997) nos convoca ao futuro. Conhecimento não serve
para que aceitemos resignados nossa condição. O conhecimento
pertinente, responsável, sistêmico, amplia nossos horizontes e mostra
que uma outra realidade é possível.
Segundo Ludd (2005), o uso intensivo do automóvel é um
grande exemplo da utilização equivocada da tecnologia. O "Sistema
Automobilístico" é responsável por um milhão de mortos e feridos ao
ano, pela maior parte da poluição atmosférica, por boa parte das
poluições sonoras e visuais e pela ocupação de 25% do espaço urbano.
Oded Grajew (2007), idealizador do Fórum Social Mundial e do
Movimento Nossa São Paulo, por ocasião do lançamento da campanha
pelo Dia Mundial Sem Carro (22/9) comenta:
“A poluição causada pelos automóveis provoca, a
cada ano, quatro mil mortes adicionais, por problemas
respiratórios, na cidade. É como se caíssem, invisíveis,
vinte aviões da TAM sobre São Paulo”.
Aviões invisíveis nos lembram o velho ditado de que o pior cego
é o que não quer enxergar. O caos aéreo não é diferente do hospitalar,
dos choques de trens ou ônibus e das mortes lentas no silencioso
117
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
acúmulo de toxinas do mundo moderno. A diferença das grandes
catástrofes é o choque das imagens da indignação da descoberta de que
até as classes mais abastadas estão expostas à irresponsabilidade
governamental. Contudo, qualquer descaso de governança é reflexo do
descaso da sociedade pela vida em coletivo. Quer dizer, é preciso
associar o fato ao conhecimento improcedente. Todos os sistemas
apresentam falhas, mas a adoção de procedimentos de avaliação
continuada e mecanismos que estabeleçam margens de segurança é
questão de vontade. Vontade política e vontade cidadã.
Morin (2002), Gore (2006), Santos (2006) e Capra (2005) nos
apontam as graves implicações da visão fragmentada da ciência. Em
oposição à ecologia do conhecimento seria o que podemos chamar de
"Conhecimento Míope", ou seja, imediatista, inconseqüente, localizado.
Sob esta abordagem, o custo ambiental dos carros, além de todos os
problemas expostos, ainda deve incluir os relacionados ao seu processo
de produção (energia, matéria-prima e dejetos), ao impacto da
asfaltização (gasto de energia, impermeabilização do solo, extração de
petróleo), à restrição das alternativas de transportes (coletivos e
bicicleta) e, uma das menos conscientizadas, ao alto impacto do descarte
do veículo (espaço físico e lentíssima biodegradabilidade). A esse item,
118
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
recorremos ao estarrecedor documentário Surplus (2003) de Eric
Gandini, onde são mostrados depósitos de pneus do tamanho de
"Maracanãs". O lixo é um capítulo a parte. As produções humanas não
podem vislumbrar apenas a funcionalidade imediatista. Dentro de uma
visão holística, tudo que é transformado na natureza tem de apresentar
seu custo ambiental: extração/esgotamento, gasto energético / poluição
e espaço / tempo para lixo / reciclagem. Traduzido economicamente, em
forma de preço e/ou imposto ambiental, relativizar-se-ia bastante a atual
ânsia consumista.
Restringindo-se substancialmente o universo de possibilidades,
o próprio conceito de lixo seria alterado, uma vez que o grau de
descartabilidade seria outro. A produção e funcionalidade dos bens
materiais transformados teriam que ser recontextualizados, ou seja,
haveria um índice de interferência ambiental bem menos agressivo e os
produtos estariam sempre em fluxo de reciclagem.
Em Surplus nos é apresentado o pensamento de John Zerzan.
Segundo ele, só tem o "direito" de ser produzido e consumido o que tiver
condição de ser inteiramente reposto, ou seja, o que atender ao "dever"
da sustentabilidade. Radical para muitos, Zerzan prega o "Futuro
Primitivo", onde à espécie humana só se permitam ações não
119
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
predatórias, eliminando completamente carros, propagandas e orgias de
consumo.
As engrenagens do capitalismo global e a visão fragmentada de
mundo criaram ciclos viciosos de propaganda-consumo, exploração-
acumulação, que privilegiam os valores materiais em detrimento aos
sociais e espirituais (ALTENFELDER, 2005).
Hoje, os três problemas ecológicos de mais fácil identificação
são conhecidos como os “3 C Mortais”:
Chainsaw (serras elétricas), Cars (Carros) e Cattle (Gado).
As Serras Elétricas têm sua função bastante clara: Cortar
Árvores. Desnecessário aprofundar todos os problemas acarretados:
Biodiversidade, Ciclo das Águas, Desertificação, Desequilíbrio Econômico,
Aquecimento Global entre outros.
A criação de gado, em especial o bovino, não vem sendo
tratada com a devida atenção. Desflorestamento para propagação de
pastagens, gasto energético elevado em relação à produção vegetal,
consumo de água e grãos muito alto, emissão de gases que agravam o
efeito estufa, tornaram o consumo de carne um dos mais graves
problemas ambientais da atualidade.
120
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
Mas, sem dúvida, o grande emblema da irracionalidade
contemporânea é a prevalência dos automóveis nas sociedades
metropolitanas. O carro deixou de ser apenas um meio de transporte
para se tornar o maior símbolo de status no capitalismo, uma verdadeira
“prótese social”. Exemplo de individualismo dos tempos atuais, ocupa
espaço desnecessário, tem manutenção custosa, deteriora o ambiente
urbano e a qualidade das relações sociais, não se “auto move” sem a
queima de combustíveis fósseis, gera resíduos não recicláveis e,
sobretudo, mata milhares de pessoas por ano, sua maioria pedestres.
"Eu odeio o trânsito, mas preciso do carro para ir ao trabalho.
Eu odeio meu trabalho, mas tenho que pagar as despesas do carro." (LUDD, 2005:155)
Destaquemos que grande parte desses problemas está
diretamente relacionada a pequenas decisões que tomamos
cotidianamente. O banho mais curto, o óleo não jogado na pia, a pilha
não jogada no lixo, o carro na garagem, a luz apagada, a leitura na tela
do PC, a TV desligada sem standby, a fruta da quitanda e, sobremodo, a
compra necessária e consciente.
Morin (2001) procura despertar nossas consciências cósmica e
planetária e Freire (1997) apela-nos à responsabilidade do conhecimento
121
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
pertinente. Uma ecologia do conhecimento demanda que o homem
entenda o planeta como ambiente de passagem e não de propriedade.
Amadeu (2004) cita a irracionalidade de se tratar o
conhecimento, um capital não escasso, fundamental para o
desenvolvimento humano e planetário, segundo as leis protecionistas do
mundo natural esgotável. No caso do uso (livre) do software livre, as
quatro condições básicas são: as de uso, cópia, modificações e
redistribuição. O acúmulo de propriedades está diretamente ligado às
fobias psicológicas e a um ambiente com baixo índice de vínculo social,
ou seja, falta de confiança. Se não confio na sociedade, compro para me
precaver. Se mantenho relações confiáveis, tenho certeza que terei
acesso ao que for necessário. Daí temos a importância da confiança e
capital social. O que seria da espécie humana se alguém houvesse
patenteado as letras do alfabeto?
Baseado no rol de Kollock (apud SPYER, 2007) de incentivos
sociais enquanto estímulo à participação em redes sociais, distinguimos a
reciprocidade, o prestígio, a ampliação do círculo social, a ação moral e o
trabalho comunitário.
122
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
- A Reciprocidade opera como um saldo de ações prestadas.
Se você ajuda, também espera ajuda e vice-versa. De outro modo, é
difícil obter colaboração sem colaborar.
- O Prestígio é um ranking qualitativo difícil de ser mensurado,
mas importante. Depende da interpretação pela comunidade da
participação do usuário, e, como toda interpretação, subjetiva e
temporal. Alguns sites, como Overmundo
(http://www.overmundo.com.br), por exemplo, operam com avaliação de
pontos, votos ou estrelas. Mesmo assim, consideramos se tratar de um
recorte dentro de uma grande gama de possibilidades. O Prestígio pode
se dar em relação a critérios estéticos, literários, científicos, psicológicos,
técnicos, sociais entre outros. O reconhecimento dos pares em cada uma
dessas áreas promove aumento significativo de capital social. Como
parametrizar avaliações individuais tão variadas em um contexto
coletivo? Por isso alguns sistemas empregam o veredicto binário gostei /
não gostei, para, ao menos, mensurar a aceitação do participante.
- A Ampliação do Círculo Social, assim como no mundo
físico, acontece pela disposição voluntária de se adentrar uma
comunidade por intermédio de colaborações espontâneas que visam o
reconhecimento pelos membros existentes. Além do conteúdo pertinente,
123
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
é importante destacar a adequação formal das intervenções. A chamada
Netiqueta recomenda que se navegue pela comunidade recolhendo
informações sobre os assuntos e participantes a fim de não repetir
assuntos já tratados e/ou cometer outras inadequações.
- A Ação Moral está vinculada a sensação psíquica de
realização em doar sua atenção e/ou ação para construir algo ou ajudar
alguém. No ambiente digital, o ato de se compartilhar o que já se tem é
tornado muito fácil a um custo praticamente inexistente.
- O Trabalho Comunitário foi acrescentado à lista de Kollock
porque entendemos que a construção coletiva do conhecimento é um
dos incentivos sociais basilares da nova era digital. Quando contribuímos
para a melhoria de sistemas como a Wikipedia (http://wikipedia.org) ou
Softwares Livres estamos demandando poucos recursos e obtendo
inúmeros benefícios, tanto a nível coletivo quanto individual (LEVY, 2001;
SPYER, 2003; TAPSCOTT & WILLIANS, 2007)
Ludd (2005) nos reporta à experiência de formação de um
coletivo inteligente, a Massa Crítica de S.Francisco em 92. O movimento
que deu origem às "Bicicletadas" atuais foi iniciado usando o boca-a-boca
e o impacto visual de grupos massivos de ciclistas circulando pelas ruas.
Na época, a mídia tática complementar foi a da "xerocracia", na verdade
124
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
o uso intensivo de panfletos, folders, zines, flyers e adesivos.
Atualmente, a estratégia digital, com uso de mensagens por internet e
celular, potencializou as ações de swarm (enxame) nos chamados smart
mobs, com a vantagem de não gerar lixo em papel.
Vivemos uma abundância de informações como nunca antes na
história (Wurman, Castells, Levy, Negroponte, Machado).
Paradoxalmente, o que aparenta ser uma evolução inequívoca, o
excesso, pode ser tão paralisante quanto a escassez. Borges, o visionário
escritor cego, nos conta que se perder num deserto sem o menor
referencial pode ser tão angustiante quanto o mais intrincado labirinto de
espelhos. Conta-nos ainda que, na sua Biblioteca de Babel, que detinha
todo o conhecimento do mundo, encontrar o que se desejava era tarefa
impossível. Não é surpresa que, na aurora do terceiro milênio, o mais
popular dos sítios virtuais seja um buscador de informações.
O sucesso dos buscadores e sítios de comunidades virtuais
revela que o que se objetiva exatamente são os referenciais, sem os
quais qualquer navegação torna-se impossível. Quando a estrutura não é
clara, legível ou inteligível ao navegante, resta-lhe apenas, como no
deserto, apelar a forças superiores.
125
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
Forças superiores já foram predominantemente religiosas,
míticas. Já foram forças da natureza: Sol, Lua, estrelas, raios, mar,
vento, petróleo. Já foram também big brothers de governos totalitários,
celebridades do star system, gênios da publicidade e magnatas da mídia.
Já foram drogas alienantes ou visionárias. Ainda o são. Mas, pela
primeira vez nos últimos séculos, emerge um outro tipo de força
superior, vinda dos níveis inferiores. Os sistemas de rede, a estrutura
informacional devidamente organizada, possibilitam que ações humanas
grandiosas possam ser construídas a partir de pequenas interações.
Sistematizando, as condições fundamentais para propagações
epidêmicas virais são: ecossistema de conhecimentos, emergência de
idéia, identificação, memória, capital social, fator de fixação e replicação.
"A cartografia da inteligência coletiva seria a
fotografia do ecossistema de idéias de um grupo ou
comunidade. No entanto, da mesma forma que a
inteligência individual requer certas condições para fluir
como, por exemplo, a saúde física, a criação familiar, a
situação afetiva, também a inteligência coletiva deve
requerer outras condições para afluir entre os indivíduos.
No caso da inteligência coletiva, como sugere Pierre Lévy,
essas condições poderiam ser dadas pela situação do
capital social, cultural e tecnológico de uma coletividade
(COSTA, 2004)".
126
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
Dentro de um ambiente com adequação de conhecimentos
(CAPRA; SPYER; LEVY; TAPSCOTT & WILLIANS), a idéia adequada
emergirá (JOHNSON), com alto poder de convencimento (fixação) e
replicação (GLADWELL; BEIGUELMAN).
Mas para tal é necessário que a idéia possua identificação. "a
revolução que mais acelerou as telecomunicações entre os seres
humanos foi a idéia de numerar as páginas dos livros (TAS, 2007)". Sem
o “nome” como referenciar algo, ou sem linguagem como pensar?
“(...) sem a memória de nosso percurso, que é nossa historia
cognitiva, como poderemos ensinar a aprender (ALMEIDA, 2001)?”
Casalegno (2006) reforça que a memória coletiva é essencial para a
construção dos vínculos sociais, que são a base do capital social.
Redes sociais operacionais fazem os conteúdos fluírem com
rapidez e eficácia (LEVY; GLADWELL, SPYER).
127
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
10.01. ECOLOGIA DO CONHECIMENTO.
"É pela memória que se puxam os fios da
história. Ela envolve a lembrança e o esquecimento, a
obsessão e a amnésia, o sofrimento e o deslumbramento.
(...) Sim, a memória é o segredo da história, do modo pelo
qual se articulam presente e o passado, o indivíduo e a
coletividade. O que parecia esquecido e perdido logo se
revela presente, vivo, indispensável. Na memória
escondem-se segredos e significados inócuos e
indispensáveis, prosaicos e memoráveis, aterradores e
deslumbrantes." Octávio Ianni (1988).
Nosso planeta, Terra de contradições e desigualdades, onde
metade da população consome recursos em excesso, sofrendo de
obesidade, e a outra não tem condições mínimas de sobrevivência, tem
fome, é a prova cabal de que estamos realmente à deriva de todo o
conhecimento que a espécie humana conseguiu produzir. Por que tudo
isto não tem refletido uma sociedade mais eficiente, uma convivência
mais ética, uma existência sustentável? Como decodificar, assimilar e
tornar produtivo todo esse potencial de conhecimentos?
Paulo Freire não vivenciou toda a revolução proporcionada pela
Internet, mas suas idéias continuam sendo inovadoras.
"As idéias de Paulo Freire tornam-se atuais, pois
o seu modelo pedagógico, a sua visão do processo de
128
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
aprendizado é sustentada exatamente por esse tripé:
interatividade, comunidade e informalidade. (..) ele não
está dizendo que esta ou aquela ferramenta vai criar um
novo tipo de educação. Ele insiste numa idéia muito mais
difícil de realizar: a de que somente a transformação nas
relações de poder entre quem "ensina" e quem "aprende"
será possível criar uma interatividade (ou seja, diálogo)
autêntico (SCHWARTZ, 2003)."
As novas tecnologias digitais proporcionam uma nova gama de
possibilidades e, portanto, requisitam a criação de modelos
comunicacionais inteiramente novos, não meras adaptações do existente.
A hibridização e a convergência são tamanhas que se torna tarefa difícil
identificar onde acaba uma mídia e onde começa outra. São sistemas
complexos, dinâmicos, de componentes conectados, múltiplos.
A economia imaterial, não baseada nos recursos naturais e no
industrial físico instalado, possibilita um rápido crescimento lastreado no
maior bem da humanidade: o conhecimento.
Em virtude da evolução tecnológica e globalização temos um
quadro que anuncia profundas alterações nos cenários tradicionais da
estrutura econômica mundial. Nesse contexto, aplicado ao universo da
formação universitária em comunicação, é necessário identificar como se
reconfiguram o Capital, o Trabalho, a Mídia.
129
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
"Os termos para designar o que está
acontecendo com o trabalho revelam a profundidade das
transformações: Alvin Toffler acha que vamos para o
trabalho intelectual, embalados na terceira onda, Domenico
De Masi nos acena com um agradável ócio ativo, Manuel
Castells mostra as perspectivas do trabalho em rede, Pierre
Lévy aponta para um universo coletivo de inteligência
compartilhada, Guy Aznar aponta para menos trabalho,
Jeremy Rifkin para o seu fim." [DOWBOR, 2001]
Passa-se então a uma mensuração de valores ditos
"Intangíveis", adaptados a esta nova realidade. Além da conhecida
avaliação material, também começam a ser identificados como
propriedades vantajosas os Capitais de Relacionamento, Organizacional e
Humano. O Capital de Relacionamento se aplica à estrutura externa das
instituições: à Marca, à interação com o Mercado e Clientes. O Capital
Organizacional (Estrutural) se aplica à estrutura interna das instituições:
à Gestão e "Expertise" da organização. O Capital Humano se remete às
Competências Pessoais e Coletivas, incluindo-se aí Conhecimentos e
Capacidades Sociais.
Nesse quadro, o Trabalho vem sofrendo profundas
modificações. As empresas são altamente especializadas e há um
acentuamento de relações cascateadas, inter-organizações em oposição
às tradicionais hierarquias internas. Todos se encaixam nos perfis
130
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/
clientes-patrão ou fornecedor-consumidor, seja de bens materiais quanto
imateriais, como, por exemplo, a grande demanda de serviços enquanto
produto. O foco é a conectividade e a terceirização. O trabalhador ou se
encaixa nas empresas detentoras de Capital ou, na outra ponta, é
terceirizado, trabalhando de modo informal, sem vínculos empresariais.
Cada vez mais é necessário que cada um tenha a possibilidade de ser
sua própria empresa. Há uma crescente flexibilização dos vínculos
empregatícios (trabalho sob demanda), do lugar de produção (em casa,
conectado), das formas e valores das remunerações, da avaliação (por
metas em vez de tempo de jornada de trabalho) entre outras.
" Áreas como as finanças, a comunicação e a informação se
globalizam, como se globaliza a nova geração de atividades
"nobres", o design, o marketing, a publicidade, a advocacia, o
management e outros setores que hoje frequentemente compõem
três quartos do valor do produto que compramos (DOWBOR,
2001).”
É importante ressaltar esse atributo antropofágico da produção
de conhecimento e conseqüentemente da evolução midiática.
"A nova política será uma política cultural, que (...) acontece
predominantemente no espaço dos meios de comunicação e tem
como armas os símbolos, mas, não obstante, permanece ligada
aos valores e questões que nascem das experiências de vida das
pessoas (CASTELLS apud CAPRA, 2005:230).”
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/ ..colab
131
10.10. COLABORAÇÃO
"Mídia Cidadã (citizen media em inglês);
Jornalismo Cidadão, Jornalismo Participativo ou Jornalismo
Colaborativo, são todos, ao fim e a cabo, maneiras de
produzir conteúdos (imagem, texto, som) sobre questões
que interessam à coletividade, a partir da iniciativa
voluntária de cidadãos comuns, com ou sem a colaboração
com jornalistas profissionais. (...) A internet é implacável
diante do imobilismo, da repetição. Estamos convencidos,
sem exagero, de que podemos cumprir um papel relevante
para a cidadania, ajudando a construir a opinião pública."
(MARKUN, 2007)
Os exemplos são diversos, estão na íntegra na versão on-line. O
coLab, ou colaboratório de tecnologias sociais, foi idealizado pelo
pesquisador e professor de multimeios Sergio Bicudo, coordenador da
TVPUC interativa, para ser uma rede de inteligência coletiva para
pesquisa, implementação e divulgação de tecnologia voltada ao social.
Iniciada em março de 2007, integra cerca de 80 colaboradores,
entre alunos de graduação, pesquisadores e produtores de mídia, da
PUC-SP em sua maioria. É mantido pela TVPUC São Paulo, dirigida por
Julio Wainer, professor de vídeo do curso de jornalismo e um dos
pioneiros na produção de mídia comunitária no Brasil. Conta ainda, no
seu núcleo principal, com a colaboração de Roberto Morales, webmaster,
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/ ..colab
132
e Danilo Lopes, Jonas Falasco, Micael Bretas, Thiago Masci, Américo
Fazio, Marcelo Claro e Fernando Werneck.
Dados os princípios gerais, os meios delimitados e os fins
compartilhados, começamos então a planejar a estratégia de ação.
Estamos na PUC-SP, uma universidade comunitária e filantrópica, com
hospital, clínica psicológica, trabalhos comunitários, reabilitação de
deficientes auditivos, vinte mil alunos, duzentos núcleos de pesquisa e
duzentos mil ex-alunos. Ou seja, um vasto capital intelectual e social a
ser operacionalizado para um efetivo aproveitamento.
Cremos em um modelo de educação ampliada, que contemple
redes sociais em vários níveis, educação a distância, biblioteca virtual,
videoblogs, pesquisa e extensão. O atual coLab é um protótipo em
código aberto (Linux, Apache, PHP, MySql, PHP e Wordpress), com o
recorte do uso das mídias, no caso um mídia-blog (BEIGUELMAN, 2005)
para fins sociais. Assim sendo, além do conhecimento colaborativo,
funciona também como ambiente de incubação de projetos, divulgação
de eventos e banco de mídias em creative commons. Até agosto de
2007, contabilizávamos 71 projetos, 88 entidades cadastradas e 34
produções audiovisuais entre vídeos, animações, áudio podcast e
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/ ..colab
133
hipermídias em flash. Nesse universo, constatamos seis áreas
prioritárias:
. Mídia Cidadã / Comunitária, Rede Social, Comunidade Virtual.
. Voluntariado, Ação, Atitude, Movimento, Mob.
. Educação, Informação, Conhecimento.
. Direitos, Paz, Justiça, Política, Cidadania.
. Urbanismo, Ambiente, Ecologia, Saúde, Energia, Lixo.
. Sustentabilidade, Consumo, Globalização, Desenvolvimento.
Emergiram então, da interação coletiva, algumas organizações
que estão sendo investigadas prioritariamente e se consolidando em
parcerias de pesquisa e projetos:
- Cidade do Conhecimento: Núcleo de pesquisa da USP,
idealizado por Gilson Schwartz, atua em campos relacionados a
tecnologias de informação e comunicação e redes digitais aplicadas a
projetos de natureza educacional, social, econômica, geopolítica e
biopolítica. Parceria consolidada para projetos sociais e educacionais
usando IPTV, celular, web e second life.
- Movimento Nossa São Paulo Outra Cidade: liderado por
Oded Grajew, conhecido por sua atuação junto ao Fórum Social Mundial,
Fundação Abrinq, e Institutos Ethos e São Paulo Sustentável, propõe
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/ ..colab
134
uma coalizão apartidária, inter-religiosa, unindo sociedade civil, empresas
e governo, a fim de reverter os baixos índices de desenvolvimento
humano da cidade de S.Paulo.
- Secretaria do Verde e Meio Ambiente de SP: gerida por
Eduardo Jorge, vem implementando vários projetos como ciclovias,
plantio de arvores, parques, entre outros.
- IEE: o Instituto de Estudos Especiais (PUC-SP, 2007) busca a
difusão do conhecimento produzido na universidade para a
implementação de políticas públicas e programas sociais.
- NTC (PUC-SP, 2007): Núcleo Trabalhos Comunitários visa a
formação de agentes e mídias voltadas a inclusão social e cidadania.
- NEPE (PUC-SP, 2007): o núcleo pesquisa e implementa
projetos relativos ao campo do Envelhecimento.
- PUC Junior (2007): é uma associação civil sem fins
lucrativos, prestadora de serviços de consultoria; integrada por alunos da
FEA-PUCSP. Destacam-se os projetos sociais como o Trote Solidário.
[http://www.pucjunior.com.br ]
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/ ..colab
135
- Ecos: Grupo de Estudos e Pesquisas Ambientais [PUC-SP]:
liderado pelo professor doutor Mauricio Broinizi.
- Projeto Aprendiz: idealizado pelo jornalista Gilberto
Dimenstein, realiza projetos da linha da cidadania, educação, inclusão,
arte e tecnologia. Instalado no bairro da V.Madalena, desenvolve e aplica
um método próprio baseado no conceito de bairro-escola.
TV Cultura: TV pública referencial no Brasil, procura rever seus
modelos de gestão na nova concepção de Paulo Markun, Fernando
Almeida e Fernando Moraes. A PUC-SP participa da programação do
Projeto Campus com produções acadêmicas e aguarda as iniciativas da
abertura de site 2.0 e canal voltado à educação no novo espectro
digitalizado.
Overmundo: Rede Social cultural, idealizada por Hermano
Vianna. Incorpora varias inovações colaborativas.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/ .. urgencia
136
10.11. URGENTE: CONSIDERAÇÕES EMERGENTES!
EPITÁFIO (Sérgio Britto – Titãs)
“Devia ter amado mais, ter chorado mais. Ter visto o sol nascer.
Devia ter arriscado mais e até errado mais. Ter feito o que eu queria fazer.
Queria ter aceitado as pessoas como elas são. Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração.
Devia ter complicado menos, trabalhado menos. Ter visto o sol se pôr.
Devia ter me importado menos com problemas pequenos. Ter morrido de amor.
Queria ter aceitado a vida como ela é. A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier.”
Primeiro o mais importante. O Homem é o único animal que tem
consciência da sua morte. Mas, por isso mesmo, é o único que pode
escolher seu destino em vida. Os animais ditos irracionais percorrem sua
existência satisfazendo seu ciclo de necessidades de nível fisiológico.
Apesar de parecer pouco, para metade da população do planeta já seria
uma evolução fantástica.
Vimos que fazemos parte de um complexo ecossistema
biológico, cultural, social e econômico. A herança do século XX foi um
alto grau de especialização nos pequenos fragmentos do conhecimento.
Essa especialização proporcionou pequenas soluções e grandes
problemas. Percebemos, então, que não é possível equacionar apenas o
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/ .. urgencia
137
próprio microcosmo se o macro está em situação de risco. O micro é
tragado pela espiral danosa.
Vimos também que o ambiente cognitivo do ser humano, por
abarcar uma crescente quantidade de informações, tende a criar uma
demanda de soluções urgentes e imediatistas. Observando sistemas
emergentes, como os das formigas, enxergamos alternativas para uma
atuação mais inclusiva, como por exemplo, a representada pela máxima:
“Pense globalmente, aja localmente”.
O “pensar” envolve uma série de processos que partem da
interação sujeito-mundo. O “agir”, uma operacionalidade estratégica.
Nossa contribuição a fim de efetivar a ação é:
“Veja o complexo, faça o simples”.
"Some men see things as they are and ask "Why"?
I dream things that never were and ask, "Why Not"?"
Robert F. Kennedy, 1968
Nos 60, tínhamos um quadro de mudanças comportamentais e
políticas profundas. No início do século XXI, temos uma oportunidade
estrutural que permite o livre fluxo de idéias, um meio ambiente cultural
que possibilita efetivas ações mobilizadoras. Quarenta anos depois:
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/ .. urgencia
138
“Alguns vêem o real e perguntam por quê?
Eu vejo o virtual e pergunto por que não?”
Morin, Freire, Capra, Gadotti, Almeida e tantos outros nos
lembram da incompletude do conhecimento humano.
“Este texto terminará incompleto. Indicarei as lacunas
de que tenho consciência, as questões em que permaneci nas
preliminares, os domínios em que minha informação me
parece demasiadamente incerta. Indicarei o que a meu ver
deve ser verificado, mais bem refletido, retomado.
Uma pressa tardia levou-me (...) a avançar a redação
final deste livro. Eu devia/podia tê-lo feito antes se tivesse
conseguido vencer tantos acasos, dificuldades, problemas,
tormentos, dores, alegrias, delícias e delírios de minha vida.
Deveria/poderia tê-lo feito mais tarde se não me tivesse vindo
essa tardia impaciência." (MORIN, 2005:39)
Admitiremos então, humildemente, nossas limitações e
existências transitórias, mas nem por isso deixaremos de dar importância
aos nossos pequenos atos.
Dados os números atuais e projeções futuras dos indicadores
econômicos, sociais, ambientais, enfim de desenvolvimento humano e
planetário, torna-se urgente propor medidas efetivas que possam
amenizar e reverter tais tendências.
http://tv.pucsp.br/colab/category/pro/ecolog/emerg/ .. urgencia
139
Aproveito a Emergência, para documentar o que aflorou das
relações do passado, das interações de idéias, autores e colaboradores
que nos confrontaram.
Aproveito a Emergência para invocar a importância do tempo
presente, ao que está emergindo agora e nem sempre tem nossa
atenção ou oportunidade de surgir.
Aproveito a Emergência para falar do que é Urgente, do que é
imprescindível para o nosso futuro.
Considero que este trabalho atingiu sua finalidade, mas não
chegou ao seu fim. Penso que das palavras emergirão atos que, por sua
vez, multiplicarão mais palavras e atos para, quem sabe, iniciar um novo
ciclo virtuoso. Com clareza dos fins e respeito aos princípios.
Ninguém passa no mesmo rio duas vezes. O pensamento se
recicla. A versão em PDF e ODF dessa tese pode ser encontrada na
http://pucsp.br/biblioteca e http://www.bictv.com/colab. A versão hiper-
tese colaborativa continua evoluindo em:
http://www.tvpuc.com.br/colab/category/pro/ecolog/
Colaboremos ... “Go to frame 1.”
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