124
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Marcos Augusto Assi Pereira OS CONTROLES INTERNOS E CONTÁBEIS NA GESTÃO DE TESOURARIA MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS São Paulo 2010

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULOlivros01.livrosgratis.com.br/cp153380.pdf · mau humor em certos momentos e em momento algum desistiu de me apoiar, como sempre. Aos

  • Upload
    buitruc

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO

PAULO

PUC-SP

Marcos Augusto Assi Pereira

OS CONTROLES INTERNOS E CONTÁBEIS

NA GESTÃO DE TESOURARIA

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

São Paulo

2010

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

2

Marcos Augusto Assi Pereira

OS CONTROLES INTERNOS E CONTÁBEIS

NA GESTÃO DE TESOURARIA

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo (PUC-SP) como

exigência parcial para obtenção do título

de MESTRE em Ciências Contábeis e

Atuariais, sob a orientação do Prof. Dr.

Roberto Quiroga Mosqueira.

São Paulo

2010

4

Reitor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Prof. Dr. Dirceu de Mello

Pró-Reitoria de Pós-Graduação

Prof. Dr. André Ramos Tavares

Coordenador do Programa de Estudos Pós-Graduados

em Ciências Contábeis e Atuariais

Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos

Vice-Coordenador do Programa de Estudos Pós-Graduados

em Ciências Contábeis e Atuariais

Prof. Dr. Napoleão Verardi Galegale

5

Banca Examinadora

_______________________________

_______________________________

_______________________________________

6

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou

parcial desta dissertação por processos de fotocopiadora ou eletrônicos.

______________________________________, ___/___/____.

7

Aos meus pais, Aparecido Pereira

Neto e Malvina Assi Pereira, a minha

esposa Regina e meus filhos Vítor e

Arthur.

8

Agradecimentos

A Deus, pois sem Ele nada disso seria possível.

Ao Prof. Dr. Roberto Quiroga, pelo tempo e disponibilidade dedicados

à orientação desta dissertação, pelo estímulo e apoio constantes, pela

amizade e pelas aulas no curso de mestrado e indicações de

pesquisas sobre o tema.

Aos membros da banca examinadora.

A meu pai, Aparecido Pereira Neto, que nunca sentou em uma

cadeira escolar, mas a vida lhe proporcionou o conhecimento,

exemplo que levarei para sempre; à minha mãe Malvina Assi Pereira,

que sempre foi dedicação pura e carinho sem tamanho.

À minha esposa Regina C. Schneider Assi Pereira, que suportou meu

mau humor em certos momentos e em momento algum desistiu de

me apoiar, como sempre.

Aos professores de meu curso de mestrado da PUC-SP, pela

dedicação, pelo conhecimento e pela paciência neste período

maravilhoso em que trocamos experiências acadêmicas e de vida.

Serei eternamente grato e sinto-me honrado por ter participado

desse momento acadêmico.

Aos colegas e amigos do Programa de Estudos Pós-Graduados em

Ciências Contábeis e Financeiras da PUC-SP, pelos incentivos e apoios

recebidos. Minha gratidão especial a: Tomio Ogassavara, Mário

Shinzato, Ambrosio Bispo, João Yanase, Luis Valério e Eduardo

Henrique.

Aos meus alunos, aos incentivadores e principalmente aos críticos

que me deram forças para aprimorar-me nos setores acadêmico e

profissional.

9

RESUMO

As atividades de Controles Internos e Contábeis fazem parte da gestão do negócio, mas ainda existe muita dificuldade no entendimento da aplicabilidade da matéria seja por ignorância dos benefícios, seja pela ausência de cultura de controle. Essas atividades exigem multiplicidade de conhecimentos de gestão, controle e governança corporativa, além da permanente atualização profissional. O controle contábil é derivado do controle interno, que determina as políticas e procedimentos da organização, sem contar os relatórios gerenciais e contábeis, que fazem parte das do dia a dia da empresas e da notas explicativas. Sendo assim, este estudo se propõe a responder às seguintes questões: “Como as empresas estão implementando os controles internos e contábeis para suporte da gestão de tesouraria?”; “Os erros e fraudes contábeis estão sendo tratados como parte do negócio ou ainda é incipiente?” Em decorrência da dúvida apresentada, o objetivo geral deste estudo é contribuir para o processo de implementação de controles que favoreçam a gestão corporativa, desenvolvendo estratégias que possibilitem a relação entre teoria e prática principalmente na Controladoria. A coleta de informações teve duas etapas. Na primeira, realizou-se um estudo exploratório por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental. Na segunda, elaborou-se uma pesquisa de campo mediante um questionário encaminhado aos profissionais responsáveis pela implementação de controles corporativos em empresas de pequeno, médio e grande porte na região de São Paulo. A pesquisa qualitativa, participante e descritiva contribui para a obtenção de métodos e metodologias de gestão de controles na área de tesouraria e para ampliar o conhecimento dos riscos de erros e fraudes na organização. O resultado alcançado com o questionário, em conjunto com conceitos e definições explorados na pesquisa bibliográfica e documental, demonstra que muitas empresas estão implementando controles e algumas ainda têm dificuldade de entendimento da gestão de riscos dos controles internos e contábeis.

Palavras-chave: controladoria; gestão de riscos; controles internos; controles contábeis; erros e fraudes; prevenção à fraude.

10

SUMMARY

The activities of Internal Control and Accounting are part of business management, but there is much difficulty in understanding the applicability of the matter, either through ignorance of the benefits or lack of control culture. These activities require a variety of knowledge management, control and corporate governance in addition to ongoing professional development. The control account is derived from the internal control, which determines the policies and procedures of the organization, not counting the accounting and management reports that will be part of the day to day business and explanatory notes. Thus, this study proposes to answer the following question: How companies are implementing internal controls and accounting to support cash management? The accounting errors and fraud are being treated as part of the business or know not? Because of the doubt given, the general aim of this study is to contribute to the process of implementing controls that favor corporate management, developing strategies that facilitate the relationship between theory and practice primarily on the controller. Data collection took two steps. In the first, was held exploratory study by a research literature and documents. In the second, we performed a field survey by questionnaire sent to professionals responsible for implementing corporate controls on small, medium and large companies in the region of Sao Paulo. Qualitative research and descriptive participant seeks to contribute to the disclosure of the methods and methodologies of management controls in the area of treasury and knowledge about the risk of error and fraud in the organization. The result achieved with the questionnaire, together with the definitions and concepts explored in the research literature and documents, shows that companies are implementing controls and some still have difficulty understanding risk management through internal controls and accounting.

Keywords: controller, risk management, internal controls, accounting controls, errors and fraud, fraud prevention.

11

Sumário

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................... 12

LISTA DE FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS ........................................... 13

1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 14

1.1 Tema e Delimitação do Problema ................................................ 15

1.2 Objetivo .................................................................................. 19

1.3 Justificativa do tema ................................................................. 23

1.4 Estrutura do Trabalho ............................................................... 35

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 37

2.1 Sistemas de Controles Internos .................................................. 38

2.1.1 Controles Internos na Visão das Entidades Reguladoras .............. 38

2.1.1.1 AICPA (American Institute of Certified Public Accountants) ....... 38

2.1.1.2 COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission) ................................................................................. 39

2.1.1.3 ERM (Enterprise Risk Management) – COSO II ........................ 44

2.1.1.4 IT – Governance Institute .................................................... 48

2.1.1.5 CFC (Conselho Federal de Contabilidade) ............................... 52

2.1.1.6 Banco Central do Brasil ........................................................ 58

2.1.1.7 Lei Sarbanes-Oxley ............................................................. 65

3. METODOLOGIA .............................................................................. 76

3.1 Metodologia ............................................................................. 77

4. METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................... 82

4.1 Delineamento da pesquisa ......................................................... 83

4.2 População e amostra ................................................................. 85

4.3 Coleta de dados........................................................................ 86

4.4 Análise de Dados ...................................................................... 87

4.5 Limitações da pesquisa .............................................................. 88

5. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .................................................. 89

5.1 Controles Internos e Contábeis na Gestão de Tesouraria ............... 90

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 109

APÊNDICE ....................................................................................... 117

BIBLIOGRAFIA................................................................................. 119

12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAA: American Accounting Association (Assoc. Americana de Contadores) AICPA: American Institute of Certified Public Accountants (Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados) BACEN: Banco Central do Brasil BOVESPA: Bolsa de Valores de São Paulo CEO: (Chief Executive Officer) CFC: Conselho Federal de Contabilidade CFO: (Chief Financial Officer) COSO: Comitê de Organizações Patrocinadoras (Committee of Sponsoring Organizations – Treadway Comission), sigla em inglês COBIT: Objetivos de Controles de Informações relacionados à Tecnologia (Control Objectives for Information and related Technology) CPA: Certified Public Accountants (Contadores Públicos Certificados) CPC: Comitê de Pronunciamentos Contábeis CRC: Conselho Regional de Contabilidade CVM: Comissão de Valores Mobiliários FIPECAFI: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Contábeis, Atuariais e Financeiras GAAP: (Generally Accepted Accounting Principles) IASB: International Accouting Standard Board IBGC: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBRACON: Instituto dos Auditores Independentes do Brasil IIA: The Institute of Internal Auditors (Instituto dos Auditores Internos associado ao Audibra) – Instituto dos Auditores Internos do Brasil IFAC: International Federation of Accountants (Federação Internacional de Contadores) IFRS: Padrão Internacional de Relatórios Financeiros (International Financial Reporting Standard) IMA: Institute of Management Accountants (Instituto dos Contadores Gerenciais) ISACA: Information Systems Audit and Control Foundation (Fundação de Controles e Auditoria de Sistema de Informação) NBC: Normas Brasileiras de Contabilidade OCDE: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Organisation for Economic Co-operation and Development) PCGA: Princípios Contábeis Geralmente Aceitos PED: Processamento Eletrônico de Dados PUC-SP: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo SAS: Demonstração de Procedimentos de Auditoria (Statement on Auditing Procedures) SLM: Service Level Management (Gerenciamento de nível de serviço) SOX: Lei Sarbanes-Oxley USGAAP: Generally Accepted Accounting Principles (United States) USP: Universidade de São Paulo

13

LISTA DE FIGURAS, TABELAS, GRÁFICOS E QUADROS Figura 1 – Sistemas de controle ........................................................... 28 Figura 2 – Etapas de implementação de um controle interno estratégico ... 29 Figura 3 – Etapas de controle contábil validador de dados e informações .. 34 Figura 4 – Estrutura do COSO ............................................................. 41 Figura 5 – Estrutura do ERM – COSO II ................................................ 44 Tabela 1 – Frequencia das reuniões ..................................................... 94 Gráfico 1 – Controles Internos e Compliance ......................................... 91 Gráfico 2 – Auditoria Interna ............................................................... 92 Gráfico 3 – Segregação de Função em Tesouraria .................................. 92 Gráfico 4 – Controladoria e Tesouraria .................................................. 93 Gráfico 5 – Atividades de Tesouraria .................................................... 93 Gráfico 6 – Políticas e Procedimentos de Tesouraria ............................... 94 Gráfico 7 – Evidencias de Fraudes ........................................................ 95 Gráfico 8 – Evidencias de erros operacionais ......................................... 95 Gráfico 9 – Monitoração de Riscos ........................................................ 96 Gráfico 10 – Políticas de Conduta e Ética .............................................. 96 Gráfico 11 – Auditoria de Tesouraria .................................................... 97 Gráfico 12 – Política e procedimento de recrutamento ............................ 97 Gráfico 13 – Monitoração de limites operacionais ................................... 98 Gráfico 14 – Relatórios contábeis para controles .................................... 98 Gráfico 15 – Riscos de Derivativos e Mercado Futuro .............................. 99 Gráfico 16 – Controles de Alçadas ........................................................ 99 Gráfico 17 – Politica conheça seu cliente ............................................. 100 Gráfico 18 – Política conheça seu funcionário ...................................... 100 Gráfico 19 – Política conheça seu fornecedor ....................................... 101 Gráfico 20 – Possibilidade de fraudes ................................................. 101 Gráfico 21 – Prevenção a fraudes nas empresas .................................. 102 Gráfico 22 – Controles internos e prevenção a fraudes ......................... 102

14

1. INTRODUÇÃO

15

1.1 Tema e Delimitação do Problema

Este estudo exploratório qualitativo tem o objetivo de discutir a

importância do controle interno e contábil para a gestão das

empresas, principalmente no que tange à área de tesouraria,

justamente por ser a área de maior exposição a riscos financeiros,

pois todas as transações financeiras das empresas transitam por esta

área.

O desenvolvimento de controles internos, a aferição de sua

eficiência e eficácia, é condição sinequanon para a atuação das

empresas, dado, entre outros fatores, a obrigatoriedade

regulamentar, o significativo volume de recursos envolvidos, a

volatilidade do mercado, a competição entre as empresas.

O tema controle nas empresas é assunto que vem sendo

explorado muito na mídia, nas corporações e principalmente nas

entidades reguladoras e no meio acadêmico por meio de palestras e

seminários, aparentemente com excessiva ênfase em nas perdas

financeiras e nas possibilidades de fraudes.

Segundo o ERM - Enterprise Risk Management — Integrated

Framework do COSO (2004, p. 4), o Sistema de Controles Internos

compreende as políticas e os procedimentos instituídos pela Alta

Administração de uma organização para assegurar que os riscos

inerentes às suas atividades sejam identificados e geridos

adequadamente.

Cabe salientar que os Controles Internos permeiam todas as

operações e atividades de uma organização, e a verificação de

exposição a riscos não será completa sem uma adequada avaliação

da cobertura e efetividade dos controles internos.

16

Hendriksen e Van Breda (2007, p. 99) comentam que a

confiabilidade é uma das características principais para a tomada de

decisão e definem:

A qualidade da informação garante que a informação seja razoavelmente livre de erro e viés e represente fielmente o que visa representar. A confiabilidade, disse o Fasb, é função de:

� Fidelidade de representação. � Verificabilidade. � Neutralidade.

Ainda em Hendriksen e Van Breda (2007, p. 167), identificamos

a seguinte afirmação sobre regras de conduta:

Regras de conduta pressupõem um processo político. Negociações, barganhas, permutas, força – independentemente de como seja descrito, trata-se de um jogo de poder. O que está em jogo é o lucro da empresa e o objeto do jogo é divulgá-lo quando o quer. Os autores de padrões, neste contexto, procuram elaborar regras somente quando é impossível evitá-lo, e procuram elaborá-las de maneira a criar um equilíbrio de poder. Esse equilíbrio de forças pode levar a regras que favorecem apenas um grupo de interesse...

O enfoque de fraude, aparentemente, está desalinhado de um

padrão existente na literatura acadêmica disponível no Brasil. Essas

fontes científicas nacionais consagram o controle interno,

prioritariamente, como elemento de gestão e supõe-se que o controle

interno e contábil tende a favorecer o processo de gestão não apenas

quanto à prevenção de fraudes, mas até mesmo para evidenciar a

eficiência operacional.

A partir de elementos conceituais da literatura acadêmica,

buscou-se evidenciar um vínculo entre controle interno, controle

contábil e a gestão de tesouraria.

Almeida (2003, p. 63) comenta o controle interno e sua relação

com o processo de geração de informações contábeis e gerenciais,

como se segue:

O controle interno representa em uma organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os

17

ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa.

Os dois primeiros objetivos representam controles contábeis e o último, controles administrativos. São exemplos de controles contábeis:

� Sistemas de conferência, aprovação e autorização; � Segregação de funções; � Controles físicos sobre ativos; � Auditoria interna.

São exemplos de controles administrativos:

� Análises estatísticas de lucratividade por linha de produtos; � Controle de qualidade; � Treinamento de pessoal; � Estudo de tempos e movimentos; � Análise de variações entre valores orçados e os incorridos; � Controle de compromissos assumidos, mas ainda não realizados economicamente.

A partir das informações compiladas neste trabalho, é possível,

com base nos elementos bibliográficos, considerar que há um forte

vínculo entre a contribuição informativa do controle interno e contábil

e os variados níveis de gestão empresarial. Logo, a importância do

controle para a gestão das empresas está no seu potencial de

informação.

O tema proposto tem como principal foco oferecer uma base de

consulta por meio das melhores práticas e sempre que possível com

base na legislação e nos normativos para que possamos compreender

a importância dos Controles Internos e Contábeis nas organizações.

Foram analisadas algumas das principais alterações da

legislação que determinaram o aumento do controle e da

regulamentação pelos órgãos reguladores decorrentes das crises

vividas no mundo corporativo desde 2002, especialmente nos Estados

Unidos.

Este tema causa uma enormidade de questionamentos seja no

mundo acadêmico seja no mundo corporativo, por esse motivo alguns

18

questionamentos surgem sempre que colocamos em discussão as

necessidades de eficiência, eficácia e confiabilidade das transações de

tesouraria, que nortearão a nossa pesquisa, tais como:

As fraudes contábeis são originárias em decorrência da

ausência de controle ou de índole? Os controles internos e

controles contábeis buscam a mesma coisa ou tem foco

diferenciado? A importância do controle interno e contábil

para a gestão das empresas não se restringe a evitar práticas

fraudulentas?

O enfoque de que o controle interno é, predominantemente,

vinculado a atos fraudulentos, não é verdadeiro, pois os escândalos,

lobbies, propinas e manipulações contábeis são exemplos do

resultado da negligência generalizada com os controles empresariais

e até mesmo com a ausência de conduta e ética corporativa.

Mesmo que essa visão possa ser verificada e comprovada em

alguns casos, muito pouco é publicado sobre a importância dos

controles empresariais em condições de normalidade dos negócios.

Portanto, para esse enfoque, presente na literatura acadêmica

contábil brasileira, também recebeu, positivamente, influências do

desenvolvimento contábil de práticas não nacionais, entre as quais as

práticas norte-americanas de controle induzidas pelo mercado

acionário.

A proposta é avaliar a suposição, com base no suporte

bibliográfico, de que a importância do controle interno e contábil para

a gestão das empresas não se limita a evitar práticas fraudulentas. O

livro da subcomissão de auditoria interna da Febraban (2005, p. 79)

alerta:

As revisões estratégicas de tesouraria são usadas para identificar os riscos financeiros críticos que a instituição enfrenta e para avaliar se

19

seus sistemas de tesouraria são eficientes em termos de custo e reduzir os riscos a um nível aceitável.

(...) Risco de comunicações – comunicações ineficientes entre a tesouraria, alta administração e operações relacionadas a riscos financeiros.

Ao estimular a discussão sobre as conexões dos conceitos de

controle interno e contábil, este estudo contribuirá para que os

empresários e gestores analisem as visões administrativas em

relação ao controle. Dessa forma, pretende-se superar a imagem de

fraude que esconde e limita as vantagens que os controles podem

trazer ao empresário frente aos desafios deste século.

1.2 Objetivo

A pesquisa pretende demonstrar as evidências das melhores

práticas dos controles internos e contábeis que em certos momentos

são negligenciadas em razão da busca de resultados por meio de

atividades com muito risco ou que estejam fora dos padrões éticos e

morais.

Devemos destacar a importância dos profissionais

especializados no assunto, como Controladores, Contadores,

Auditores Internos e Externos, Oficiais de Compliance,

Administradores e outros colaboradores, no envolvimento dos

processos de avaliação dos controles internos e contábeis e dos

procedimentos de prevenção a erros e fraude.

A seguir são mencionados alguns dos objetivos que

entendemos como necessidade de serem mais específicos, conforme

abaixo:

Apresentar os principais conceitos e elementos sobre o

tema, bem como sua relação nas organizações;

20

Expor conceitos e práticas correlatas à área e suas

aplicações no Brasil, como compliance; a Lei Sarbanes-

Oxley e a ética corporativa;

Verificar indícios e evidências da influência das boas

práticas de Controles Internos e prevenção a erros e a

fraudes;

Observar como os normativos auxiliam as organizações

na busca por melhorias de seus controles e suas

demonstrações contábeis;

Analisar as possibilidades de controles em áreas bem

específicas para que os resultados sejam tempestivos,

confiáveis e transparentes.

O profissional focado em Controles Internos e Contábeis

necessita constantemente buscar ferramentas e processos eficazes

para tornar as transações financeiras mais transparentes e seguras,

haja vista, a publicação realizada pela CVM (Comissão de Valores

Mobiliários), que após alguns escândalos de perdas em tesourarias de

empresas de capital aberto, exigiu maiores controles e forma de

apresentação de posições de instrumentos derivativos por meio da

Deliberação 550 de 2008, que justamente vai de encontro com dois

princípios da Governança Corporativa, transparência e prestação de

contas.

Acreditamos que podemos contribuir na exemplificação das

atividades que pode ser implantadas com sucesso nas organizações e

evidenciar as regras publicadas pelos órgãos reguladores, CVM,

Banco Central do Brasil, Conselho Federal de Contabilidade, IASB,

CPC, SOX entre outros.

21

É importante conscientizar funcionários, colaboradores e

gestores envolvidos nos processos sobre a responsabilidade de cada

um, o que confere um sistema operacional mais seguro.

Há muito tempo procuram-se as melhores formas de proteção

dos ativos das empresas. Como a fraude tem evoluído na mesma

velocidade e em certos casos mais rápido que a evolução corporativa,

muitas pesquisas já foram realizadas com o intuito de mapear as

causas das fraudes.

Com essa preocupação tão evidente e na busca de melhores

formas de salvaguardar os ativos das empresas, o assunto de

prevenção à fraude sempre está na mídia e ultimamente nos meios

acadêmicos seja como tema de palestras, seja nas disciplinas de

prevenção à fraude, gestão de riscos e governança corporativa, o que

evidencia a necessidade de entendimento do perfil do fraudador e

como as empresas tratam o assunto.

Weill e Ross (2006, p. 23) apresentam que a informação

sempre foi importante para as empresas, mas, com o

desenvolvimento tecnológico dos últimos anos, seu papel e valor

mudaram significativamente. A informação:

� É cada vez mais fácil de coletar e digitalizar; � Tem crescente importância para produtos e serviços; � É muito difícil avaliar ou apreçar; � Tem meia-vida decrescente; � Tem crescente exposição a riscos; � É uma despesa significativa na maioria das empresas.

Sobre análise e gestão de riscos, Oliveira, Faria, Oliveira e Alves

(2008, p. 175), comentam que:

A preocupação de executivos de empresas, com relação à possibilidade de incorrer perdas decorrentes de situações que nem sempre estão diretamente sob o seu controle, causa a necessidade de serem utilizadas ferramentas de identificação, gerenciamento e proteção de riscos de perdas inseridas nos processos operacionais.

22

Soma-se isso à existência de muitos processos operacionais mal estruturados, controles internos deficientes ou inexistentes ou fraudes internas ou externas, entre outras inúmeras ocorrências, que podem prejudicar o desempenho na busca de criação de valor para a empresa e seus acionistas.

Portanto, sobre o assunto de controles na prevenção à fraude, a

KPMG Foresinc (2009) tem como padrão publicar uma pesquisa sobre

a radiografia da fraude desde 2002.

O documento demonstra que 68% das empresas pesquisadas já

foram vítimas de fraude, 20% não sofreram qualquer tipo de fraude e

12% não souberam dizer. Abaixo apresentamos somente algumas

das informações disponibilizadas na pesquisa com base em 2008

sobre o tema fraude:

Formas de identificação

Controles Internos 25% Denúncias de funcionários 24% Denúncias de terceiros 22% Denúncias anônimas 21% Auditoria interna 19% Investigações especiais 15% Acaso 6% Auditoria externa 2%

Análise por tipos identificados

Falsificação de cheques/documentos/balanços 29% Roubo de ativos 25% Notas fiscais frias 14% Contas de despesas adulteradas 12% Pagamento de propinas 12% Uso indevido de informações 6% Compras para uso pessoal 5% Cartão de crédito 3% Espionagem 2% Outros 7%

Vale a pena salientar que os controles internos são uma forma

de identificação de possibilidades de fraudes alem de outras formas

de identificação. Por esse motivo adotamos a metodologia de

melhores praticas e avaliação de necessidades de controles tendo

como foco o controle interno e contábil.

23

1.3 Justificativa do tema

Na busca de melhores práticas e por ser um assunto de

importância significativa para profissionais voltados aos Controles

Internos e Contábeis, Governança Corporativa e Auditoria,

identificamos uma melhor abordagem na mitigação dos Riscos

Operacionais, entre outros riscos, que serão tratados neste estudo.

Muito do material obtido até o momento é proveniente de

normativos, legislação, livros didáticos e pareceres técnicos.

Confrontando todas as visões de controles internos empresariais que

podem ser implementadas, percebe-se a existência de uma

necessidade minimizar as perdas, evitar os erros e maximizar os

resultados de uma forma mais confiável.

Oliveira, Faria, Oliveira e Alves (2008, p. 175 e p. 176)

comentam que assumir riscos:

...faz parte da cultura corporativa. Da possibilidade de correr perigo vem a palavra risco, que é um fato inerente às atividades empresariais. Como comprar matérias-primas e mão de obra para a produção, fabricar uma quantidade variada de produtos, vender a prazo, financiar o cliente, receber as faturas, pesquisas de novos produtos ou tecnologias, gerenciar o capital humano com toda a sua problemática, anseios e ambições típicas do ser humano etc. sem correr riscos?

A abrangência do Controle Interno é parte integrante do

gerenciamento de riscos corporativos. A estrutura do gerenciamento

de riscos corporativos abrange o controle interno, originando dessa

forma uma conceituação e uma ferramenta de gestão mais eficiente.

Existe uma infinidade de definições de controles internos,

destacamos as consideradas de relevância para o presente trabalho.

O grupo norte-americano de entidades profissionais COSO1 define:

1 Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission publicou o manual Controles Internos – uma estrutura integrada em 1992.

24

O Controle interno é um processo operado pelo conselho de administração, pela administração e outras pessoas, desenhado para fornecer segurança razoável quanto à consecução de objetivos nas seguintes categorias:

a) confiabilidade de informações financeiras; b) obediência (compliance) às leis e a regulamentos

aplicáveis; c) eficácia e eficiência de operações.

O IFAC2 (International Federation of Accountants), em

português, Federação Internacional de Contadores, contribui nos

termos:

Os sistemas contábeis e de controle interno não podem dar à administração evidência conclusiva de que os objetivos foram atingidos porque têm limitações inerentes. Essas limitações incluem: (...) A possibilidade de contornar os controles internos por meio de conluio de um membro da administração ou empregado com partes de fora (terceiros) ou de dentro da entidade. (...) A possibilidade de uma pessoa responsável por exercer um controle interno possa abusar dessa responsabilidade. Por exemplo, um membro da administração que passe por cima de um controle interno.

O comitê do AICPA3 (American Institute of Certified Public

Accountant) publicou o SAS (Statement on Auditing Procedures), n.

29, que define o Controle Interno Contábil como:

Plano de Organização e todos os procedimentos referentes diretamente relacionados com a salvaguarda do ativo e a fidedignidade dos registros financeiros. São procedimentos que compreendem controles, tais como sistemas de autorização, de aprovação e de segregação entre as tarefas relativas à manutenção e à elaboração de relatórios e para procedimentos que dizem respeito à operação ou custo-dia do ativo, controles físicos sobre o ativo e auditoria interna.

O controle contábil sempre foi uma ferramenta de controle

interno nas organizações sem levar em conta nome ou ramo de

atividade de cada uma, e um dos principais instrumentos

administrativos de controle, identificação e gerenciamento de riscos

de perdas é a contabilidade, porém, quando o assunto é derivativos,

2 International Federation of Accountants: trabalha em estreita colaboração com os seus membros e associados e das organizações regionais de contabilidade para assegurar a competência e integridade dos contabilistas em todo o mundo e apoiar os contabilistas em seus esforços para proporcionar serviços de alta qualidade.

3 American Institute of Certified Public Accountant: o Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados e seus antecessores têm atendido aos profissionais de contabilidade desde 1887.

25

é necessário que existam outros controles adicionais para o adequado

gerenciamento desses instrumentos.

Oliveira, Faria, Oliveira e Alves (2008, p. 173) comentam a

respeito de assumir riscos:

Diversas operações com derivativos ocorridas no passado apontaram perdas significativas em empresas, instituições financeiras e governamentais, devido principalmente ao fato de os gestores atuarem com esses instrumentos sem o devido embasamento teórico e conhecimentos técnicos, além da atuação de forma irresponsável, em alguns casos.

Conceituados administradores até então eram financeiramente bem--sucedidos. Ao começar a transacionar com derivativos, passaram a cometer erros primários, os quais geraram perdas de bilhões de dólares para as empresas, chegando ao extremo de ocasionar a falência de algumas corporações.

Os Controles Internos como forma de entender e especificar

todas as políticas que podem ser adotadas pelas Organizações e

segundo o Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados

(AICPA – American Institute of Certified Public Accountants), têm

como principais objetivos:

Proteger os ativos da empresa.

Garantir a confiabilidade das informações.

Promover a eficiência e a eficácia operacional da

organização.

Estimular a obediência e o respeito às políticas da

administração e à legislação.

Hendriksen e Van Breda (2007, p. 521) evidenciam que:

O uso uniforme de princípios e procedimentos contábeis tem sido considerado essencial, há muito tempo, para a avaliação das atividades de uma empresa e para a projeção de suas atividades futuras.

O controle contábil é quem efetua todos os registros e

históricos das transações financeiras realizadas; afinal, em algum

momento as atividades operacionais exercidas na organização vão se

26

refletir em valor a ser registrado na contabilidade, e o controle

interno é que esquematiza e avalia as ferramentas de checagem.

O controle interno tem como objetivo validar e evidenciar que

as leis e os regulamentos para cada atividade operacional estejam

sendo realizados com a segurança necessária e com os controles em

conformidade com as políticas da organização e dos órgãos

reguladores.

Oliveira, Faria, Oliveira e Alves (2008, p. 163), apresentam os

seguintes exemplos sobre controles do sistema contábil e de

informações:

Assim, um adequado sistema de informações e relatórios gerenciais deve prover à administração informações confiáveis, claras, precisas, objetivas, atualizadas e em prazos adequados, que possibilitem a tomada de medidas saneadoras e sirvam para as tomadas de decisões, quando aplicável. Exemplos de controles do sistema contábil e de informações:

� Avaliação do tipo de informação fornecida; � Qualidade da informação apresentada; � Utilização correta da informação; � Sistema de relatórios estratificados para cada nível

administrativo.

Em Iudicibus (2006, p. 26) a abordagem comportamental é

tradada da seguinte forma:

... as informações contábeis deveriam ser feitas “sob medida”, de forma que os usuários reagissem para tomar a decisão correta. Esta abordagem atinge os campos da Psicologia, da Sociologia e da Economia. É dada ênfase à forma pela qual os relatórios contábeis são utilizados mais do que ao desenvolvimento lógico dos demonstrativos.

A controladoria pode estabelecer cada estratégia com base em

Manuais Internos de Contabilidade, que em certos casos são

27

elaborados com base nas NBC (Normas Brasileiras de Contabilidade)

e no IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade)4.

Essa análise é evidenciada por meio de um esquema contábil,

que demonstra:

� Os impactos na contabilidade.

� A adequação da operação de hedge ou macro-hedge.

� Os critérios contábeis que serão adotados nos

balancetes para envio à matriz e balancetes contábeis

para fins brasileiros.

Como a contabilidade é fundamentada em registros,

documentos e procedimentos, Iudicibus (2006, p. 77) avalia:

(...) os registros devem ter suporte, sempre que possível, em documentos de transações, normas e procedimentos escritos e práticas geralmente aceitas no ramo comercial específico. Observe que a base documental é bastante ampla, incluindo não somente títulos de crédito, de propriedade ou de transações, mas também vouchers, documentos de uso interno, manuais de procedimentos etc.

Segundo uma visão no controle de gestão, os controles internos

podem ser demonstrados na organização como sendo as principais

ações a serem implementadas, e os controles estratégicos podem ser

classificados como procedimentos administrativos, sistema de

informações e sistema contábil, conforme o quadro a seguir:

4 O IFRS já esta sendo representado nas NBCs disponíveis no site do Conselho Federal de Contabilidade ou nos pronunciamentos contábeis publicados pelo CPC.

28

Procedimentos Administrativos

Manual de normas e procedimentos

Segregação de Funções

Atribuição de Responsabilidades

Delegação de funções

Organograma bem definido e

transparente

Sistema de Informações

Captação de dados corretos e

confiáveis

Adequadas análises e registros

Em tempo adequado

Adequada análise de custo-benefício

Relatórios periódicos para

monitoração

Sistema Contábil

Correta situação financeira

patrimonial

Relatórios de reconciliação

contábil

Informações gerenciais,

conforme as necessidades dos

usuários

Sistema de avaliação de desempenho

Avaliação do orçamento

Real x Orçado

Figura 1 – Sistemas de controle

Cada empresa deverá desenvolver seu próprio sistema de

controles e, por melhor que seja, nenhum sistema de controles

poderá compensar ou neutralizar a incompetência dos executivos da

empresa. A complexidade dos sistemas de controles internos e

contábeis não representa garantia de eficácia e eficiência.

Sem dúvida, na avaliação dos controles internos é fundamental

estar atento aos riscos crédito, mercado e demais riscos, contudo, a

gestão desses riscos começa pela gestão dos processos, pessoas,

sistemas e fatores externos. Portanto, somente reduzindo esses

riscos operacionais é possível reduzir os demais riscos e é nessa

premissa que deve ser feita a avaliação dos sistemas de controles

internos.

Os controles internos estratégicos são chamados de controles

de gestão, que tem como objetivo definir como sendo um Controle de

29

Gestão Estratégico como processo de avaliação dos atos e fatos que

aconteceram no passado – mais comumente conhecido como efeito

aprendizado – e estão ocorrendo atualmente e que poderão ocorrer

no futuro, interna ou externamente, com vista a adequar os

mecanismos de controles às mudanças estratégicas requeridas. Isso

é demonstrado conforme Oliveira (2008, p. 170) na figura a seguir:

Erros e fatos que

aconteceram no

passado

Efeito Aprendizado

Controle Interno Estratégico

(Controle de

Gestão)

Figura 2 – Etapas de implementação de um controle interno estratégico

Para melhor compreensão dessa visão, é necessário estabelecer

níveis diferentes para tratamento sistêmico dos controles internos e,

para um controle interno estratégico, são fundamentais no contexto

estrutural, e para que a organização venha a se beneficiar do

dimensionamento e do tratamento das outras possibilidades de

controles, devem estar relacionados às diversas situações de risco a

que estão expostas, variáveis sobre as quais esses controles devem

agir para minimizar os efeitos.

Identificam-se essas necessidades e implementam-se

procedimentos que assegurem as várias fases do processo decisório e

do fluxo de informações para que se revistam da necessária

confiabilidade na prevenção de perdas, na repressão aos crimes de

fraude financeira, contábil e de lavagem de dinheiro, assuntos estes,

tão evidenciados na mídia ultimamente. Não podemos ser

30

surpreendidos com alternativas criadas a todo o momento, pois a

cada fraude ocorrida, inúmeros serão os riscos envolvidos.

Ainda, sobre o tema de controles, não podemos deixar de

evidenciar as fraudes ocorridas nos últimos anos, que demonstram

ausência de controle, negligência operacional, ausência de índole e

despreparo das auditorias e dos órgãos reguladores.

Com o propósito de evidenciar as fraudes ocorridas, Borgerth

(2007, p. 1) inicia justamente com a apresentação dos principais

escândalos contábeis, que nos motivaram a desenvolver este

trabalho:

O Caso Enron – EUA (2001) – A empresa admitiu ter

inflado os lucros em aproximadamente US$ 600 milhões

em quatro anos.

O Caso Arthur Andersen – EUA (2002) – Recebeu a

quantia de US$ 52 milhões por serviços prestados a Enron,

sendo US$ 27 milhões em serviços de consultoria.

O Caso WorldCom – EUA (2002) – A cada trimestre, a

empresa revisava os números contábeis para adequá-los

às estimativas dos analistas.

O Caso Xerox – EUA (2002) – Não utilizou o princípio da

competência para contratos de longo prazo, reconhecendo

seus resultados no primeiro ano e inflando a receita. A

KPMG pagou multa de US$ 22 milhões por atuação neste

caso.

O Caso Bristol-Myers Squibb – EUA (2002) – A

empresa praticou concessão de descontos considerados

abusivos. A Bristol reconheceu receitas adicionais da

31

ordem de US$ 1,5 bilhão, lançadas como adiantamento de

vendas não realizadas.

O Caso Merck – EUA (2001) – A empresa inflou receitas

e despesas em igual número. O efeito foi nulo, mas induziu

ao investidor uma noção equivocada sobre o porte da

empresa.

O Caso Tyco – EUA (2002) – Transferência de várias

subsidiárias para paraísos fiscais, a empresa pagou multa

de US$ 50 milhões por prática de fraude contábil.

O Caso Parmalat – Itália (2003) – Outro exemplo de

manipulação contábil, mas com interesse muito mais

nefasto. Além de tentar melhorar os números, mascaram-

se os esquemas de fraude do próprio controlador. O caso

veio à tona quando um dos bancos se recusou a confirmar

o valor que teria a pagar à Parmalat, declarado em um dos

seus balanços.

E complementando os casos de fraudes apresentamos os fatos

mais importantes e mais recentes de manipulação de resultados ou

perdas financeiras por questões de ausência de controle ou

negligencia na fiscalização das transações financeiras como seguem:

O caso Sadia – Brasil – (2008) – As operações com

derivativos cambiais levaram a Sadia a ter um prejuízo de

R$ 2,484 bilhões em 2008, o maior de sua história ao

longo de 64 anos. Balanço divulgado em 2009 apontou que

a companhia perdeu nada menos que R$ 2,55 bilhões com

os instrumentos que ficaram conhecidos como "derivativos

tóxicos".

32

O caso Aracruz Celulose – Brasil – (2008) – A empresa

divulgou um comunicado informando que a exposição da

companhia a instrumentos de derivativos foi "fortemente"

afetada pelo dólar e que contratou uma empresa

especializada para verificar o tamanho do estrago. O

diretor financeiro pediu licença do cargo. Também por

apostar excessivamente neste instrumento, a fabricante de

celulose Aracruz anunciou um prejuízo de R$ 4,2 bilhões

em 2008.

Banco Société Générale – França – (2008) – A

ministra de Economia e Finanças da França, Christine

Lagarde, disse que alguns dos controles internos do banco,

que sofreu em 2007 uma perda de cerca de US$ 7 bilhões

(EUR$ 4,9 bilhões) com um esquema de fraude sobre as

operações realizadas pelo operador Jérôme Kerviel,

falharam ou não foram levados em consideração antes do

golpe.

Satyam Computer Service – Índia – (2009) – Em uma

carta ao conselho de administração da empresa, que foi

apresentado à Bombay Stock Exchange, disse que a

empresa havia inflado seu lucro operacional nos três meses

encerrado em 30 de setembro de US$ 12,2 milhões para

US$ 136 milhões, enquanto as receitas foram inflacionadas

de US$ 430 milhões para US$ 550 milhões. A empresa

havia relatado uma margem operacional de 24%, quando

na verdade ela foi de 3%. A acusação da polícia é que os

auditores participaram ativamente da “maquiagem” dos

números, que já vem sendo considerada pior fraude

corporativa da Índia.

33

O que mais impressiona é a forma como as fraudes foram

tratadas e como causaram inúmeros prejuízos a colaboradores,

investidores, governos e ao próprio mercado, sem contar a questão

de imagem e reputação dos contadores, empresas de auditoria e

órgãos reguladores. Portanto:

Os profissionais contábeis, auditores, compliance e

gestores conseguirão suportar a carga de desconfiança

presente em sua atividade profissional? As empresas têm

buscado implementar melhorias nos processos de tesouraria?

A controladoria tem participado na elaboração dos controles?

O profissional pouco afeito aos assuntos gerenciais e contábeis

pode entender que as informações contábeis são dirigidas, única e

exclusivamente para o público externo, criando-se a impressão de

que elas atendem apenas aos interesses fora da organização.

Essa visão não é completa, segundo Oliveira (2008, p. 170):

Nas empresas de classe mundial, o controle interno deve ser visto no seu contexto mais elevado de instrumento de gestão. O sistema normativo, as políticas, diretrizes, enfim, toda a estrutura organizacional, podem ser considerados legítimos integrantes do sistema de controles.

Portanto a informação contábil vinculada aos sistemas de

controles internos é amplamente utilizada pelos administradores. O

fato de o processo contábil servir de importante ponto de controle

para os gestores, também o qualifica como ferramental

administrativo. O controle interno vem despertando interesse do

mercado de capitais, então esse interesse sinaliza que através de

bons controles pode existir indício de valor para o acionista.

O conceito de controle é tratado com frequência pela literatura,

contudo, as formas empregadas para isso nem sempre permitem

visualizar as conexões entre as diferentes situações em que ele é

empregado.

34

Nesse âmbito, é comum referir-se ao processo de gestão – o

planejamento e a sua execução – para expressar um tipo de controle

organizacional, enquanto o termo, também, é aplicado a outras

situações, como, por exemplo: controle contábil, de custos, interno e

assim por diante. Dessa forma, a constatação é de que não se

observam reflexões sobre os níveis de interdependência entre os

diversos tipos de controle, tampouco sobre a importância do principal

elemento que os integra, a informação, e dos atributos a ela

inerentes, como: utilidade, tempestividade e fidedignidade.

Segundo Iudicibus (2008, p. 29) o controle contábil:

Envolve um processo de participação entre usuário e contabilidade e uma noção sistêmica da contabilidade dentro do processo ou sistema de informação empresarial.

Segundo o autor (2008, p. 77) define o termo objetividade a

ser implementado na contabilidade e sob o aspecto objetividade

apresenta:

Os registros devem ter suporte, sempre que possível em documentos de transações, normas e procedimentos escritos e praticas geralmente aceitas no ramo comercial especifico. Observe que a base de evidencia documental é bastante ampla, incluindo não somente títulos de crédito, de propriedade ou transações, mas também vouchers, documentos de uso interno, manuais de procedimentos etc.

Figura 3 – Etapas de controle contábil validador de dados e informações

35

Lopes e Martins (2007, p. 114) definem a características

qualitativas da informação contábil:

As características específicas da informação contábil são as necessárias para fazer com que a informação seja útil para os usuários de tais informações. Essas características podem estar relacionadas aos usuários ou às decisões tomadas.

O relatório do Comitê de Organizações Patrocinadoras (1992, p.

9-12) enfatiza que os:

Controles internos vinculam-se à consecução de objetivos nas categorias de elaboração e apresentação de relatórios financeiros, obediência às leis e aos regulamentos (compliance) e operações.

O AICPA (1988) definiu controle interno como plano da organização e

todos os métodos e medidas coordenados, adotados dentro da

empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a adequação e

confiabilidade de seus dados contábeis, promover a eficiência

operacional e fomentar o respeito e obediência às políticas

administrativas fixadas pela gestão.

1.4 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está estruturado em seis capítulos.

O capítulo 1 – introdução – apresenta os aspectos referentes à

proposta do trabalho, os objetivos, a metodologia e os instrumentos

de pesquisa utilizados para atingir os objetivos propostos e, por

último, a organização e estrutura final da pesquisa.

O capítulo 2 – a fundamentação teórica – fornece as definições

do termo de controles internos, controles contábeis, legislação

regulatória, melhores práticas de governança e normas

internacionais.

36

O capítulo 3 – metodologia – expõe seu delineamento, a

população e a amostra, a coleta e a análise de dados e as limitações

da pesquisa.

O capítulo 4 – metodologia de pesquisa – apresenta a descrição

e a análise dos dados relacionados com a gestão de controles

internos e contábeis, a preocupação com a gestão de riscos

operacionais e financeiros, o reconhecimento da gestão do negócio e

a prevenção a erros e a fraudes.

O capítulo 5 – descrição e análises de dados – apresenta as

tendências e preocupações das organizações no que tange ao

controle de suas operações e à melhoria das informações.

O capítulo 6 – considerações finais – traz as considerações

finais do trabalho.

37

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

38

2.1 Sistemas de Controles Internos

2.1.1 Controles Internos na Visão das Entidades Reguladoras

2.1.1.1 AICPA (American Institute of Certified Public

Accountants)

O AICPA tem emitido pronunciamentos sobre controles

internos, incluindo definições, desde a década de 1940. Em 1972,

emitiu o Statements on Auditing Standards I (comumente conhecida

pela sigla SAS), estabelecendo padrões e pronunciamentos em

auditoria, no qual define controles contábeis e controles

administrativos.

Em 1988, o AICPA emitiu o SAS (Statements on Auditing

Standards 55) e, em 1995, emitiu o SAS (Statements on Auditing

Standards 78), ambos atualmente em vigor, que vieram a alterar

suas definições anteriores sobre sistemas de controles internos

(Boynton, Johnson, Kell, 2002, p. 320):

Consideração de Controles Internos em uma auditoria de

demonstração contábil (Consideration of Internal Control in a

Financial Statement Audit) para que as normas profissionais

passassem a refletir o arcabouço e a linguagem utilizados no

relatório do Comitê de Organizações Patrocinadoras.

O SAS 78 apresenta a seguinte definição:

Controle interno é um processo estabelecido pelo Conselho de

Administração, Diretoria, gerência ou outras pessoas da companhia,

estruturado para providenciar razoável segurança de que os

seguintes objetivos sejam atingidos: Confiabilidade nos relatórios

financeiros, Eficácia e eficiência das operações e Conformidade com

as leis e normas aplicáveis.

39

2.1.1.2 COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the

Treadway Commission)

O COSO é uma organização privada criada nos Estados Unidos

em 1985 para prevenir e evitar fraudes nas demonstrações contábeis

da empresa.

Muito se tem falado sobre controles internos. Perguntas como:

Para que serve um controle interno? É uma ferramenta para auxiliar

as operações de uma organização ou para atrapalhar? É um

instrumento que só é útil à auditoria interna ou a toda organização?

Essas perguntas eram respondidas de diferentes maneiras,

conforme a quem se perguntava. Gestores tinham uma opinião sobre

controle interno que não era a mesma dos auditores internos, que,

por sua vez, tinham uma visão diferente dos colaboradores da

controladoria.

A falta de um denominador comum ajudava a aumentar a

confusão do papel e do significado dos controles internos para a

organização.

Em 1985, foi criada nos Estados Unidos a National Commission

on Fraudulent Financial Reporting (Comissão Nacional sobre Fraudes

em Relatórios Financeiros), uma iniciativa independente, para estudar

as causas da ocorrência de fraudes em relatórios financeiros e

contábeis.

Essa comissão era composta de representantes das principais

associações de classe de profissionais ligados à área financeira. Seu

primeiro objeto de estudo foram os controles internos.

Em 1992, publicaram o trabalho Internal Control – Integrated

Framework (Controles Internos – Um Modelo Integrado), que se

40

tornou referência mundial para o estudo e aplicação dos controles

internos e é a base que fundamenta este livro.

Posteriormente, a Comissão transformou-se em Comitê, que

passou a ser conhecido como COSO – The Committee of Sponsoring

Organizations (Comitê das Organizações Patrocinadoras).

COSO é uma entidade sem fins lucrativos, dedicada à melhoria

dos relatórios financeiros fundamentados na ética, na efetividade dos

controles internos e na governança corporativa; além de ser

patrocinado por cinco das principais associações de classe de

profissionais ligados à área financeira nos Estados Unidos. Veja-as a

seguir:

AICPA – American Institute of Certified Public Accounts

(Instituto Americano de Contadores Públicos

Certificados)

AAA – American Accounting Association (Associação

Americana de Contadores)

FEI – Financial Executives International (Executivos

Financeiros Internacionais)

IIA – The Institute of Internal Auditors (Instituto dos

Auditores Internos associado ao Audibra) – Instituto

dos Auditores Internos do Brasil

IMA – Institute of Management Accountants (Instituto dos

Contadores Gerenciais)

O Comitê trabalha com independência em relação a suas

atividades patrocinadoras. Seus integrantes são representantes da

indústria, dos contadores, das organizações de investimento e da

Bolsa de Valores de Nova York. O primeiro presidente foi James C.

Treadway, de onde veio o nome Treadway Commission.

41

Conforme a publicação do COSO, sendo o risco a probabilidade

de perda ou incerteza associada ao cumprimento de um objetivo,

deve ser feito um processo de identificação de riscos para cada

objetivo proposto.

A seguir descrevemos a estrutura conceitual de controles

internos desenvolvida pelo COSO, constante no Controles Internos –

Estrutura Integrada – e aprimorada pelo “Gerenciamento de Riscos

Corporativos – Estrutura Integrada”, a qual atualmente é a mais

aceita entre as companhias abertas norte-americanas, tendo também

sido a estrutura recomendada pelo PCAOB5 e pela SEC.

Figura 4 – Estrutura do COSO

5 Public Company Accounting Oversight Board – is a private, nonprofit corporation created by the

Sarbanes-Oxley Act of 2002 to oversee the auditors of public companies. The PCAOB was created to protect investors and the public interest by promoting informative, fair, and independent audit reports.

42

Os cinco componentes de um sistema de controles internos, também

de forma semelhante ao descrito no SAS 55/78, são caracterizados

da seguinte maneira:

1) Ambiente de controle – Estabelece a base para o sistema

de controle interno por meio do fornecimento de disciplina e

de sua estrutura fundamental.

2) Avaliação do risco – Envolve a identificação e a análise

pela gestão – não pelo auditor interno – dos riscos

relevantes para o alcance dos objetivos predeterminados.

3) Atividades de controle, políticas, procedimentos e

práticas – Asseguram que os objetivos de gestão sejam

alcançados e implementadas as estratégias de mitigação dos

riscos.

4) Informação e comunicação – Suporta todos os outros

componentes de controle pela comunicação das

responsabilidades de controle aos empregados e pelo

fornecimento de informação que permita às pessoas o

cumprimento de suas responsabilidades.

5) Monitoração – Inclui a supervisão externa dos controles

internos por parte da gestão ou de outras partes externas ao

processo. Também pode consistir na aplicação de

metodologias independentes (como procedimentos

customizados ou listas de verificação padronizadas) pelas

pessoas envolvidas num processo.

De acordo com o COSO, os três principais objetivos de um

sistema de controle interno são assegurar:

Assegurar operações eficientes e eficazes.

Proporcionar relatórios financeiros corretos.

Garantir conformidade com leis e regulamentos.

43

Entre as vantagens das auditorias baseadas no COSO, podemos

destacar cinco:

1) Eficácia. O teste de todos os cinco componentes de

controle do COSO fornece uma base sólida para

determinar o grau de garantia fornecido pelos

controles.

2) Eficiência. O enfoque numa categoria de objetivos do

COSO protege contra o problema de uma abrangência

indefinida (algo que normalmente acarreta custos

elevados).

3) Possibilidade de comparação. A utilização de um

framework de auditoria e de um sistema de avaliação

comum permite a comparação entre controles de

diferentes segmentos de negócio.

4) Comunicação. A integração de critérios do COSO nas

conversações com os clientes permite melhorar a sua

compreensão dos conceitos de controle.

5) Comitê de auditoria. Os relatórios baseados no

framework do COSO ajudam a visualizar os pontos

fortes e os pontos fracos do sistema de controle

interno.

44

2.1.1.3 ERM (Enterprise Risk Management) – COSO II

O ERM começou a ser desenvolvido em 2001 paralelamente à

revelação dos escândalos norte-americanos daquele período. O

trabalho, que se desenvolveu por iniciativa do COSO, contou com a

colaboração de profissionais da PricewaterhouseCoopers e foi

concluído em 2004.

O novo conceito não teve a pretensão de revogar o trabalho do

Comitê divulgado em 1992, o Internal Control – Integrated

Framework, pelo contrario, complementou-o e aumentou a sua

abrangência que, segundo o próprio COSO (2004, p. 2), definiu

como:

Enterprise Risk Management é um processo, efetivado pelo Conselho de Administração, diretores e outras pessoas da entidade, aplicado no processo de definição da estratégia, desenhado para identificar potenciais eventos que possa afetar a entidade e para gerenciar riscos de forma que eles fiquem enquadrados dentro de seus limites de tolerância, providenciando razoável segurança de que os objetivos da entidade serão realizados.

Figura 5 – Estrutura do ERM – COSO II

45

Com relação aos componentes de controles internos, o

documento editado pelo COSO através do ERM, a Figura 5 exibe os

oito componentes que ampliam o conceito de controle interno

juntamente com a gestão de riscos.

Podemos notar que o gerenciamento de risco consiste no inter-

relacionamento desses oito componentes derivados de uma forma de

gerência e de iniciativas ao processo de gerenciamento. Veja-os a

seguir:

1) Ambiente Interno – o ambiente interno compreende o

tom de uma organização e fornece a base pela qual os

riscos são identificados e abordados pelo seu pessoal,

inclusive a filosofia de gerenciamento de riscos, o apetite

a risco, a integridade e os valores éticos, além do

ambiente em que estes estão.

2) Fixação de Objetivos – os objetivos devem existir antes

que a administração identifique os eventos em potencial

que poderão afetar a sua realização. O gerenciamento de

riscos corporativos assegura que a administração

disponha de um processo implementado para estabelecer

os objetivos que propiciem suporte, estejam alinhados

com a missão da organização e sejam compatíveis com o

seu apetite a riscos.

3) Identificação de Eventos – os eventos internos e

externos que influenciam o cumprimento dos objetivos de

uma organização devem ser identificados e classificados

entre riscos e oportunidades. Essas oportunidades são

canalizadas para os processos de estabelecimento de

estratégias da administração ou de seus objetivos.

46

4) Avaliação de Riscos – os riscos são analisados,

considerando-se a sua probabilidade e seu impacto como

base para determinar o modo pelo qual deverão ser

administrados. Esses riscos são avaliados quanto à sua

condição de inerentes e residuais.

5) Resposta a Risco – a administração escolhe as

respostas aos riscos – evitando, aceitando, reduzindo ou

compartilhando – desenvolvendo uma série de medidas

para alinhar os riscos à tolerância e ao apetite a risco.

6) Atividades de Controle – políticas e procedimentos são

estabelecidos e implementados para assegurar que as

respostas aos riscos sejam executadas com eficácia.

7) Informações e Comunicações – as informações

relevantes são identificadas, colhidas e comunicadas na

forma e no prazo para que cumpram suas

responsabilidades. A comunicação eficaz também ocorre

em um sentido mais amplo, fluindo em todos os níveis da

organização.

8) Monitoramento – a integridade da gestão de riscos

corporativos é monitorada e são feitas as modificações

necessárias. O monitoramento é realizado por meio de

atividades gerenciais contínuas ou avaliações

independentes ou de ambas as formas.

A abrangência do Controle Interno é parte integrante do

gerenciamento de riscos corporativos. A estrutura do gerenciamento

de riscos corporativos abrange o controle interno, originando, dessa

forma, uma conceituação e uma ferramenta de gestão mais eficiente.

47

O controle interno é definido e descrito sob o título “Controle

Interno – Estrutura Integrada”. Em razão do fato de a estrutura ter

resistido ao tempo e ser base das normas, dos regulamentos e das

leis existentes, o documento permanece vigente como fonte de

definição e marco para as estruturas de controles internos.

Enquanto apenas alguns trechos do texto de “Controle Interno

– Estrutura Integrada” estão sendo reproduzidas na presente

estrutura, a sua totalidade está incorporada como referência.

Os componentes descritos estão intimamente ligados ao

estabelecimento e à realização dos objetivos da Organização. O COSO

resumiu os objetivos em quatro categorias:

Estratégia: constitui-se de metas de alto nível alinhadas

ao suporte da missão. São elaboradas pela alta

administração e devem ter relação direta com a missão

da organização.

Operação: refere-se ao uso efetivo e eficiente dos

recursos disponíveis. Representa o nível tático dos

objetivos. Por meio dela, são realizados os objetivos

estratégicos da alta administração. Compreende o

gerenciamento e direcionamento dos recursos disponíveis

na busca da criação ou do aumento do valor para o

acionista.

Relatório: traz as informações, que são a realimentação

dos objetivos e das operações e representam a base para

a tomada de decisão e para as possíveis modificações que

se mostrem necessárias para a realização dos objetivos.

Além disso, os relatórios devem ser amigáveis e

elaborados com fidelidade para transmitir informações

úteis, tempestivas e confiáveis. Sendo assim, possibilitam

48

aos gestores descobrir se suas iniciativas estão sendo

efetivas para a realização dos objetivos estratégicos da

organização e para a mitigação dos riscos associados.

Conformidade: refere-se à conformidade com leis e

regulamentos aplicáveis. A obediência às leis e aos

regulamentos aplicáveis à Organização torna-se fator

fundamental no mundo globalizado, no qual regras

determinam como participar e tirar vantagem das

oportunidades. A conformidade às leis e aos

regulamentos, bem como o acompanhamento e a

antecipação de eventos em consequência das

necessidades daqueles, pode proporcionar ganhos ou

vantagem competitiva para a organização. Caso contrário,

pode causar perdas significativas e desnecessárias.

2.1.1.4 IT – Governance Institute

Do inglês, Control Objectives for Information and related

Technology, COBIT é um guia formulado como framework, dirigido

para a gestão de tecnologia de informação (TI).

Recomendado pelo Isaca (Information Systems Audit and

Control Foundation), o COBIT possui uma série de recursos que

podem servir como modelo de referência para gestão da TI, incluindo

sumário executivo, framework, controle de objetivos, mapas de

auditoria, ferramentas para a sua implementação e, principalmente,

um guia com técnicas de gerenciamento.

O COBIT pode ser traduzido como Objetivos de Controle para a

Informação e Tecnologia relacionada. É uma metodologia para gestão

49

e controle da Tecnologia da Informação a ser empregada por meio de

processos de Governança de TI.

Vale ressaltar que as empresas que possuem Governança de TI

funcionam com eficiência maior e concebem ativamente um conjunto

de mecanismos de Governança de TI, como:

Comitês

Processos orçamentários

Aprovações

Monitoramento

Em contraste a tudo o que a Governança de TI oferece, ainda

existem empresas que governam TI por omissão e constatam

frequentemente que ela pode sabotar sua própria estratégia de

negócios. Aproveitando que estamos falando sobre o assunto, o que é

Governança de TI?

Governança descreve o processo de tomada de decisão e de

implementação ou não das decisões tomadas. As Organizações

públicas conduzem os negócios públicos, administram recursos

públicos e buscam garantir a realização dos direitos humanos. Além

disso, no caso de TI, condiz também com o relacionamento entre a

área de TI e o restante da organização.

Os termos governança corporativa, governança de TI e boa

governança têm sido utilizados na literatura quando se trata de

desenvolvimento econômico, tecnologia da informação e gestão

empresarial.

A boa governança realiza esses aspectos de maneira

essencialmente livre de abusos e de corrupção, com o devido respeito

à lei. Portanto, ela define um ideal, difícil de atingir sua totalidade.

Na busca do desenvolvimento humano sustentável, as ações

50

são realizadas no sentido de obter esse ideal. Segundo Peter Weill e

Jeanne W. Ross (2006, p. 8), Governança de TI é:

A especificação dos direitos decisórios e do framework de responsabilidade para estimular comportamento desejáveis na utilização da TI.

Para isso, devemos nos espelhar na boa governança financeira

e corporativa, pois sabemos que, para uma boa prática, a segregação

de função é essencial.

Afinal em governança de TI, a administração determina a

quantia a ser investida em um dado período e em quais áreas, e a

alta gerência estabelece os direitos decisórios e a responsabilidade

pela TI para estímulo dos comportamentos desejáveis na empresa.

Tudo isso parece simples, mas está longe de ser.

Voltando ao COBIT que foi publicado pela Isaca (Information

Systems Audit and Control Foundation) em 1996, o COBIT está em

sua terceira edição, marcando sua transferência para IT Governance

Institute (Instituto de Governança de TI) e acrescentando em sua

estrutura as guias de gerenciamento requeridas pela governança

corporativa.

O COBIT foi desenvolvido com base no consenso de

especialistas de todo o mundo no que concerne às melhores práticas

e metodologias, como:

Código de conduta (Conselho Europeu, OECD, Isaca etc.),

critérios de qualificação para os sistemas e processos de

TI.

Padrões profissionais para controle interno e auditoria

(COSO, IFAC, AICPA, Isaca, IIA etc.)

51

Práticas de mercado e requerimentos legais,

governamentais e específicos dos mercados que

dependem fortemente de tecnologia, como o setor

financeiro e de telecomunicações.

O COBIT tem como missão pesquisar, desenvolver, publicar e

promover um conjunto atualizado, com autoridade e foco

internacional de Objetivos de Controle geralmente aceitos e aplicáveis

à Tecnologia da Informação para uso rotineiro de gestores de negócio

e auditores, entre outros profissionais. O grande diferencial do COBIT

é sua orientação para negócios, o que vem atender às seguintes

demandas:

Da administração e gerência, que visam equilibrar os

riscos e os investimentos em controles no ambiente

dinâmico de TI.

Dos usuários, que dependem dos serviços de TI e seus

respectivos controles e mecanismos de segurança para

realizar suas atividades.

Dos auditores, que utilizam os serviços de TI para validar

suas opiniões ou recomendar melhorias dos controles

internos à administração.

As atividades de TI são apresentadas pelo COBIT de forma

lógica e estruturada, relacionando riscos de negócios, necessidades

de controles e questões técnicas. A seguir, apresentamos os

benefícios do COBIT na área de Tecnologia da Informação:

Propicia o gerenciamento dos riscos e investimentos em

tecnologia.

Maximiza os recursos de TI.

52

Auxilia na redução do custo total para fornecer os serviços

de TI.

Provê garantias quanto à segurança e aos controles

adotados nos serviços de TI.

Independe da plataforma de hardware.

É aplicável a qualquer segmento de indústria.

E o COBIT também proporciona alguns benefícios para a

auditoria:

Auxilia na avaliação dos controles internos.

Realiza auditoria orientada aos objetivos de negócios.

Deixa claro como cada atividade de controle individual

satisfaz os requisitos de eficácia, eficiência,

confidencialidade, integridade, disponibilidade,

conformidade e confiabilidade da informação.

É recomendado por entidades reguladoras (Banco

Central).

O COBIT é um mecanismo muito útil para definição e implementação

de processos de gestão de níveis de serviços (SLM – Service Level

Management).

2.1.1.5 CFC (Conselho Federal de Contabilidade)

A Resolução CFC n. 1.135/08, de 25 de novembro de 2008,

aprovou a NBC T 16.8, que estabelece referenciais para o controle

interno como suporte do sistema de informação contábil, no sentido

de minimizar riscos e dar efetividade às informações da contabilidade,

visando contribuir para o alcance dos objetivos da entidade do setor

público, que é aplicável a qualquer setor de atividade.

53

Controle interno sob o enfoque contábil compreende o conjunto

de recursos, métodos, procedimentos e processos adotados pela

entidade do setor público com a finalidade de:

a) salvaguardar os ativos e assegurar a veracidade dos

componentes patrimoniais;

b) dar conformidade ao registro contábil em relação ao ato

correspondente;

c) propiciar a obtenção de informação oportuna e

adequada;

d) estimular adesão às normas e às diretrizes fixadas;

e) contribuir para a promoção da eficiência operacional da

entidade;

f) auxiliar na prevenção de práticas ineficientes e

antieconômicas, erros, fraudes, malversação, abusos,

desvios e outras inadequações.

A Resolução CFC n. 820/97, de 21 de Janeiro de 1998, aprova a

NBC T 11 – Normas de Auditoria Independente das Demonstrações

Contábeis – com alterações e fornece algumas providências

referentes a controles internos. Nela, identificamos o item 11.2.5 –

Estudo e avaliação do sistema contábil e de controles internos. Veja a

seguir:

11.2.5.1 – O sistema contábil e de controles internos compreende o plano de

organização e o conjunto integrado de método e procedimentos

adotados pela entidade na proteção do seu patrimônio, promoção

da confiabilidade e tempestividade dos seus registros e

demonstrações contábeis, e da sua eficácia operacional.

11.2.5.2 – O auditor deve efetuar o estudo e a avaliação do sistema contábil

e de controles internos da entidade, como base para determinar a

54

natureza, oportunidade e extensão da aplicação dos

procedimentos de auditoria, considerando:

a. O tamanho e a complexidade das atividades da entidade;

b. Os sistemas de informação contábil, para efeitos tanto internos

quanto externos;

c. As áreas de risco da auditoria;

d. A natureza da documentação, em face dos sistemas de

informatização adotados pela entidade;

e. O grau de descentralização de decisão, adotado pela

administração da entidade; e

f. O grau de envolvimento da auditoria interna, se existente.

A norma NBC T11 deixa bem evidente a necessidade de uma

fiscalização eficiente pelas auditorias e evidenciando de forma clara e

objetiva as atividades de controle e gestão de riscos a serem

testadas.

11.2.5.3 – O sistema contábil e de controles internos é de responsabilidade

da administração da entidade; porém, o auditor deve efetuar

sugestões objetivas para seu aprimoramento, decorrentes de

constatações feitas no decorrer do seu trabalho.

11.2.5.4 – A avaliação do sistema contábil e de controles internos pelo

auditor deve considerar os seguintes aspectos:

a. O ambiente de controle existente na entidade; e

b. Os procedimentos de controle adotados pela administração

da entidade.

11.2.5.5 – A avaliação do ambiente de controle existente deve considerar:

a. A definição de funções de toda a administração;

b. O processo decisório adotado na entidade;

55

c. A estrutura organizacional da entidade e os métodos de

delegação de autoridade e responsabilidade;

d. As políticas de pessoal e a segregação de funções; e

e. O sistema de controle da administração, incluindo as

atribuições da auditoria interna, se existente.

Para embasamento das Normas Brasileiras de Contabilidade -

NBC T11, no que tange a avaliação dos controles internos, citamos

Almeida (2003, p. 63) que comenta:

O auditor executa os seguintes passos na avaliação de controles internos:

� Levanta o sistema de controle interno; � Verifica se o sistema levantado é o que esta sendo seguido

na prática; � Avalia a possibilidade de o sistema revelar de imediato

erros e irregularidades; � Determina tipo, data, volume dos procedimentos de

auditoria.

11.2.5.6 – A avaliação dos procedimentos de controle deve considerar:

a. As normas para a elaboração de demonstrações contábeis e

quaisquer outros informes contábeis e administrativos, para

fins internos ou externos;

b. A elaboração, a revisão e a aprovação de conciliações de

contas;

c. A sistemática revisão da exatidão aritmética dos registros;

d. A adoção de sistemas de informação computadorizados e os

controles adotados na sua implantação, alteração, acesso a

arquivos e geração de relatórios;

e. Os controles adotados sobre as contas que registram as

principais transações da entidade;

f. O sistema de aprovação e a guarda de documentos;

56

g. A comparação de dados internos com fontes externas de

informação;

h. Os procedimentos de inspeções físicas periódicas em ativos da

entidade;

i. A limitação do acesso físico a ativos e registros; e

j. A comparação dos dados realizados com os dados projetados.

A Norma Brasileira der Contabilidade esta alinhada as melhores

práticas de controles internos apresentada pelo COSO, que em certos

momentos se torna até redundante a apresentação de certos itens.

Portanto, como a norma define e exemplifica a necessidade de

apresentação de uma estrutura definida e seus componentes de

controle para evidenciação da estrutura de controle interno, que

compreende:

a) Ambiente de controle – deve demonstrar o grau de

comprometimento em todos os níveis da administração

com a qualidade do controle interno em seu conjunto;

b) Mapeamento e avaliação de riscos – é a

identificação dos eventos ou das condições que podem

afetar a qualidade da informação contábil e da

avaliação de riscos corresponde à análise da relevância

dos riscos identificados, incluindo:

� a avaliação da probabilidade de sua ocorrência;

� a forma como serão gerenciados;

� a definição das ações a serem implementadas para

prevenir a sua ocorrência ou minimizar seu

potencial; e

� a resposta ao risco, indicando a decisão gerencial

para mitigar os riscos a partir de uma abordagem

57

geral e estratégica, considerando as hipóteses de

eliminação, redução, aceitação ou

compartilhamento.

c) Procedimentos de controle – são medidas e ações

estabelecidas para prevenir ou detectar os riscos

inerentes ou potenciais à tempestividade, à

fidedignidade e à precisão da informação contábil,

classificando-se em:

� Procedimentos de prevenção – medidas que

antecedem o processamento de um ato ou um fato

para prevenir a ocorrência de omissões,

inadequações e intempestividade da informação

contábil;

� Procedimentos de detecção – medidas que visem à

identificação, concomitante ou a posteriori, de

erros, omissões, inadequações e intempestividade

da informação contábil.

d) Informação e comunicação – deve identificar,

armazenar e comunicar toda informação relevante, na

forma e no período determinados, a fim de permitir a

realização dos procedimentos estabelecidos e outras

responsabilidades, orientar a tomada de decisão,

permitir o monitoramento de ações e contribuir para a

realização de todos os objetivos de controle interno; e

e) Monitoramento – compreende o acompanhamento

dos pressupostos do controle interno, visando

assegurar a sua adequação aos objetivos, ao ambiente,

aos recursos e aos riscos.

58

2.1.1.6 Banco Central do Brasil

Atender à Resolução n. 2554/98 do Banco Central do Brasil

(Bacen) nada mais é que enquadrar a Organização em todos os

regulamentos internos e externos e formalizar os controles internos

de processos, produtos e pessoas.

A Resolução dispõe sobre a implantação e implementação de

sistema de controles internos voltados para as atividades

desenvolvidas pelas Organizações, como sistemas de informações

financeiras, operacionais e gerenciais, e para o cumprimento das

normas legais e regulamentares a elas aplicáveis.

Para facilitar o entendimento da Resolução n. 2554,

apresentamos a seguir, de forma resumida, alguns pontos primordiais

da referida Resolução, que será abordada na íntegra nesta obra,

afinal o assunto é controles internos.

• Quanto aos meios de divulgação – As disposições do

normativo devem ser acessíveis a todos os

colaboradores da Organização de forma a assegurar que

sejam conhecidas a respectiva função no processo e as

responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da

organização. Os Controles Internos devem prever:

� Definição de processos.

� Definição de responsabilidades.

� Segregação das atividades.

� Meios de identificar e avaliar fatores internos e

externos que possam afetar adversamente.

Os meios de divulgação estão focados na existência de

canais de comunicação que assegurem aos

colaboradores, segundo o correspondente nível de

59

atuação, o acesso a confiáveis, tempestivas e

compreensíveis informações consideradas relevantes

para suas tarefas e responsabilidades.

É importante estabelecer procedimentos para o

acompanhamento sistemático das atividades

desenvolvidas e testes periódicos de segurança para os

sistemas de informações, além de dar atenção ao meio

eletrônico e aos limites estabelecidos. As leis e

regulamentos aplicáveis devem estar sendo cumpridos e

é fundamental assegurar que quaisquer desvios possam

ser prontamente corrigidos.

A atualização deve ser contínua e convém avaliar os

diversos riscos associados às atividades da Organização.

Os controles internos devem ser periodicamente

revisados e atualizados.

• Quanto à formalização – O acompanhamento

sistemático das atividades relacionadas com o sistema

de controles internos deve ser objeto de relatórios, no

mínimo semestrais, contendo:

� As conclusões dos exames efetuados.

� As recomendações a respeito de eventuais

deficiências, com o estabelecimento de seu

cronograma de saneamento, quando for o caso.

� A manifestação dos responsáveis pelas

correspondentes áreas.

• Quanto ao procedimento – As conclusões,

recomendações e manifestações referidas devem ser

submetidas ao conselho de administração ou, na falta

dele, à alta administração ou à auditoria externa da

60

Organização. Esses documentos devem permanecer à

disposição do Banco Central do Brasil pelo prazo de cinco

anos.

• Quanto à cultura organizacional – Além das

responsabilidades enumeradas, incumbe-se à alta

administração da Organização a promoção de elevados

padrões éticos e de integridade da cultura

organizacional, que demonstre e enfatize a todos os

colaboradores a importância dos controles internos e o

papel de cada um no processo.

A circular n. 3.467 do Banco Central do Brasil, publicada em 14

de setembro de 2009, estabeleceu critérios para elaboração dos

relatórios de avaliação da qualidade e da adequação dos sistemas de

controles internos e de descumprimento de dispositivos legais e

regulamentares.

Estabeleceu também que os relatórios de avaliação da

qualidade, inclusive de sistemas de processamento eletrônico de

dados, deverão atender à circular.

É fundamental comentar a evidenciação do gerenciamento de

riscos elaborados nos trabalhos de auditores independentes,

conforme art. 21, inciso II, do anexo da Resolução n. 3.198, de 2004.

Esse relatório traz que todas as Organizações autorizadas a funcionar

pelo Banco Central do Brasil devem abranger as seguintes

informações:

I. Ambiente de controle;

II. Identificação e avaliação de riscos;

III. Controles;

61

IV. Informações e comunicações;

V. Monitoramento e aperfeiçoamento, e

VI. Deficiências identificadas.

Vale salientar que, na Circular em epígrafe, o Art. 2o menciona

a seguinte informação:

A descrição dos aspectos relativos ao ambiente de controle previsto no art. 1o, inciso I, deve abordar a cultura de controles da Organização, incluindo, pelo menos, os seguintes elementos:

I. Compromisso com a ética e a integridade: existência de evidência de compromisso da administração da Organização com a ética e a integridade, incluindo, mas não se limitando ao estabelecimento de um código de ética e sua divulgação dentro da organização;

II. Competência técnica: existência de evidência apresentada pela administração da Organização quanto aos critérios adotados para seleção e avaliação dos profissionais de seu quadro funcional;

III. Políticas institucionais: existência de evidências de tais políticas, bem como de processos que garantam a sua divulgação dentro da organização;

IV. Estrutura de gerenciamento de riscos, controles internos e auditoria interna: existência de estrutura organizacional voltada para o gerenciamento desses aspectos e de outros correlatos, eventualmente presentes na Organização, com indicação de, pelo menos, seus níveis hierárquicos;

V. Envolvimento da alta administração com as questões de controle interno e gestão de riscos: existência de evidências quanto ao envolvimento da administração relativamente a tais questões, e

VI. Política de treinamento e conscientização do corpo funcional a respeito dos riscos e controles internos: existência de política formal de treinamento e sua abrangência.

A circular evidencia ainda os aspectos de atenção da

Organização, das pessoas e dos auditores responsáveis pelos

controles internos no que tange aos processos de identificação,

mensuração, avaliação e validação dos riscos existentes. O art. 4o

desta circular destaca os seguintes elementos de controle:

I. Políticas e procedimentos a respeito da segregação de atividades, de modo a evitar conflitos de interesse e acúmulo de funções incompatíveis;

II. Políticas de autorizações específicas e gerais;

III. Normas para elaboração dos relatórios contábeis e administrativos;

62

IV. Processos de revisão e conciliação contábil, bem como procedimentos de inspeção física periódica em ativos da Organização;

V. Procedimentos de controle relativos ao gerenciamento de riscos, incluindo identificação e quantificação, reconciliação deposições, estabelecimento e controle de limites de exposição e elaboração de relatórios de posições detidas pela Organização;

VI. Segurança física, e

VII. Planos de contingência ou de continuidade.

Parágrafo único. A descrição mencionada no caput deve incluir controles que visem evitar o envolvimento da Organização em atividades indevidas ou ilícitas, em especial os procedimentos e controles para reconhecer, deter e informar atividades de lavagem de dinheiro e de financiamento ao terrorismo.

A Circular ainda exige que os canais de informação assegurem

aos colaboradores, de acordo com seu grau de atuação, acesso a

informações confiáveis, tempestivas e de preferência com grau de

compreensão relevante para suas tarefas com destaque aos

seguintes itens:

I. Segurança dos sistemas contábeis e integração dos sistemas informatizados com os registros contábeis da Organização, e

II. Processo de divulgação, em todos os níveis da organização, das políticas de controles internos.

No art. 6o, os aspectos importantes de monitoramento

abrangem a forma de abordagem dos processos de revisão e de

atualização dos controles internos de forma a garantir processos para

avaliação de novos riscos e análise dos riscos já existentes,

considerando sempre:

I. Atualização de premissas, das metodologias e dos modelos de gestão de riscos;

II. Atribuições da auditoria interna relativas aos controles internos, à gestão de riscos e à frequência dos trabalhos de auditoria nos últimos doze meses;

III. Atividades de monitoramento contínuo realizadas durante o desenvolvimento das operações, e

IV. Testes periódicos de segurança dos sistemas de informações, em especial dos mantidos em meio eletrônico.

63

Na elaboração do relatório de descumprimento dos dispositivos

legais e regulamentares já previstos no art. 21, inciso III, do

Regulamento anexo à Resolução n. 3.198, de 2004, e no art. 13,

inciso III, do Regulamento anexo à Circular n. 3.192, de 2003, as

informações que atenderem aos dispositivos legais de

descumprimento da circular, poderão ser apresentados como parte do

relatório de avaliação da qualidade e da adequação dos sistemas de

controles internos, inclusive dos sistemas de processamento

eletrônico de dados e de gerenciamento de riscos.

Ainda na elaboração dos relatórios mencionados nos arts. 1o e

7o dessa circular, devem ser observados os aspectos não conflitantes,

como a regulamentação estabelecida pelo Conselho Monetário

Nacional e pelo Banco Central do Brasil, as normas e os

procedimentos determinados pela Comissão de Valores Mobiliários

(CVM), pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e pelo Instituto

dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

No parágrafo único do art. 9o desta circular, relata-se que as

operações de crédito não foram esquecidas, pois as disposições desse

artigo também se aplicam ao relatório objeto do art. 12 da Resolução

n. 2.682, de 21 de dezembro de 1999.

A seguir, são mencionadas as informações sobre a substituição

dos serviços de auditoria independente:

Art. 10. As Organizações referidas no art. 1o, ao contratarem ou substituírem serviços de auditoria independentemente de que tratam os arts. 1o do Regulamento anexo à Resolução n. 3.198, de 2004, e 1o do Regulamento anexo à Circular n. 3.192, de 2003, devem registrar no Sistema de Informações sobre Entidades de Interesse do Banco Central (Unicad6), no prazo máximo de 10 (dez) dias contados da contratação ou substituição, os seguintes dados cadastrais do auditor:

21 Informações sobre Entidades de Interesse do Banco Central: é o sistema de cadastro do Banco Central cujo objetivo é integrar as diversas bases de informações cadastrais existentes no Banco Central em um sistema único, completo, abrangente e seguro. Substituiu o Cadinf (Cadastro de Instituições Financeiras), o Capef (Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas – administradores e acionistas das Instituições Financeiras supervisionadas pelo Banco Central) e outros sistemas cadastrais do Bacen.

64

I. Nome;

II. Endereço;

III. Número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas(CPF) ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), e

IV. Ato declaratório de registro do auditor independente na CVM.

§ 1o Os dados relativos ao auditor contratado devem ser mantidos atualizados no Unicad, observado o prazo estabelecido no caput.

§ 2o A documentação relativa à substituição do auditor deve conter os motivos que determinaram a decisão e a ciência do auditor substituído, o qual, na hipótese de não conformidade, deve apontar as justificativas de sua discordância.

§ 3o A documentação a que se refere o § 2o deve ser mantida na Organização à disposição do Banco Central do Brasil pelo prazo de 5 (cinco) anos.

§ 4o As disposições deste artigo se aplicam também, no que couber, à substituição periódica do responsável técnico pela auditoria de cooperativa de crédito, quando a auditoria de demonstrações contábeis for realizada por entidade de auditoria Cooperativa de que trata o art. 23 da Resolução n. 3.442, de 2007.

A Organização deverá informar os dados relativos ao diretor

responsável pelo acompanhamento, supervisão e cumprimento das

normas e procedimentos de contabilidade e de auditoria, designado

na forma dos arts. 5o do Regulamento anexo à Resolução n. 3.198,

de 2004, e 5o do Regulamento anexo à Circular n. 3.192, de 2003. Os

dados devem ser registrados no prazo de 10 (dez) dias contados da

data da nomeação e mantidos atualizados no Unicad.

O diretor deverá apresentar uma declaração que ficará à

disposição do Bacen pelo prazo de cinco anos. Nela consta a

regulamentação do acompanhamento, da supervisão e do

cumprimento das normas e dos procedimentos de contabilidade e

auditoria, em que deve demonstrar que:

I. É consciente de suas obrigações, e II. É responsável pelas atribuições previstas nos arts. 5o do

Regulamento anexo à Resolução n. 3.198, de 2004, e 5o do Regulamento anexo à Circular n. 3.192, de 2003.

65

Conforme já evidenciada na Resolução n. 2554, a circular

apresenta no art. 13 a seguinte informação:

Art. 13. O Banco Central do Brasil, em função de fatos constatados nas Organizações referidas no art. 1o pode, sem prejuízo de outras medidas previstas na legislação e na regulamentação vigentes:

I. Exigir a prestação de informações e esclarecimentos adicionais;

II. Determinar a realização de exames complementares, e

III. Determinar que o trabalho executado por auditor independente ou por entidade de auditoria cooperativa seja revisado por outro auditor.

2.1.1.7 Lei Sarbanes-Oxley

Os Estados Unidos da América lançaram uma nova ordem

mundial para os mercados de capitais em 30 de julho de 2002. Em

reação rápida e desesperada à sequência de escândalos contábeis,

que abalaram a confiança dos investidores e os fundamentos da

economia, o Congresso norte-americano decidiu pôr fim à tradicional

auto-regulação calcada no modelo dos melhores princípios e

substituí-la por uma lei dura e abrangente, capaz de colocar nos

trilhos os mais diversos agentes do mercado e ainda todas as

companhias que quiserem ter suas ações listadas nos Estados Unidos.

A criação desta lei foi consequência das fraudes e escândalos

contábeis que, na época, atingiram grandes corporações nos Estados

Unidos (Enron, Arthur Andersen, WorldCom, Xerox etc.) e teve como

intuito tentar evitar a fuga dos investidores causada pela insegurança

e perda de confiança em relação às escriturações contábeis e aos

princípios de governança nas empresas.

66

Segundo Borgerth (2007, p. 50):

A ccontabilidade é, hoje, unanimamente reconhecida pelo seu valor de provedora de informações. O que se busca com a Lei Sarbanes-Oxley é garantir ao usuário dessa informação a confiabilidade que jamais lhe deveria ter sido tirada.

Por isso, cada quadro e cada caçulo terão que ser cuidadosamente preparados, de forma a fornecer não apenas informação segura, mas perfeitamente interpretável por parte de seus usuários.

Extenso normativo de reformas corporativas idealizado pelos

parlamentares Paul Sarbanes e Michael Oxley, a Sarbanes-Oxley é

considerada a mais importante legislação do mercado de capitais

desde o crash da bolsa de Nova York em 1929 e dos atos de 1933 e

1934 expedidos pela Securities and Exchange Commission (SEC), em

português, Comissão de Valores Mobiliários Norte-americana.

A Sarbanes-Oxley não economizou em abrangência. Impôs

regras a conselheiros, CEOs (Chief Executive Officer), CFOs (Chief

Financial Officer), diretores, auditores, analistas de mercado e até

mesmo aos advogados que tenham em suas carteiras de clientes

organizaçãos de capital aberto.

A seção 302 da Lei Sarbanes-Oxley obrigou CEOs e CFOs a

assinar declarações atestando a veracidade das informações

apresentadas em seus demonstrativos contábeis, as quais:

Asseguram a ausência de dados falsos ou omissões.

Proíbem empréstimos a administradores.

Disciplinam a criação de comitês de auditoria,

formados a partir de membros dos conselhos de

administração e compostos apenas por participantes

independentes.

Impedem a prestação de serviços de auditoria e

consultoria para um mesmo cliente.

67

Obrigam a adoção de códigos de ética para os

administradores.

Determinam à SEC a criação de uma regulamentação

específica para reduzir os conflitos de interesses no

trabalho de analistas de mercado.

Exigem que advogados passem a informar à SEC

violações relevantes à legislação por parte dos

administradores.

O Congresso deixou para a SEC o desafio de conciliar a

Sarbanes-Oxley com os interesses e as jurisdições internas de todos

os países.

Desde que foi lançada, a nova lei gera protestos de países como

Alemanha e Japão, que não concordam com a imposição de regras a

organizações estrangeiras – já submetidas à sua regulamentação

local, algumas vezes incompatível com as normas norte-americanas.

A Sarbanes-Oxley aumentou o número de colaboradores na

função de auditoria, e o total de colaboradores alocados nas funções

de auditoria interna nas organizações norte-americanas registrou um

acréscimo de 40% desde 2003, consequência, basicamente, da

obrigatoriedade de as corporações se adequarem à Lei Sarbanes-

Oxley.

Criada para dar transparência e proteger os investidores, a lei

reescreveu, literalmente, as regras para a governança corporativa

relativas à divulgação e à emissão de relatórios financeiros.

Nas entrelinhas da Lei, reside uma premissa simples: a boa

governança corporativa e as práticas éticas do negócio não são mais

requintes, mas sim leis. E isso não afeta apenas as organizações

americanas ou as suas unidades em outros países.

68

Todas as organizações que têm suas ações negociadas nos

Estados Unidos sofrem o reflexo das mudanças trazidas pela Lei. No

entanto, as responsabilidades criadas pela Lei Sarbanes-Oxley são do

interesse de todas as organizações que queiram se atualizar sobre as

práticas rigorosas que estão em vigor nos Estados Unidos e que terão

influência global.

A Sarbanes-Oxley privilegia o controle interno e as formas mais

adequadas de divulgação e emissão de relatórios financeiros, o que

aumenta a transparência no mundo corporativo e contribui para o

aumento da confiança nesse setor.

Em função da obrigatoriedade da emissão e divulgação desses

relatórios, o cumprimento da lei implica uma série de procedimentos.

Entre eles, estão aqueles referentes às seções inicialmente em vigor

da legislação. Veja-as a seguir:

Seção 302

Exige que a direção da Organização informe trimestral e

anualmente:

quem é responsável pela divulgação dos controles e

procedimentos;

a definição dos controles para assegurar que informações

importantes sejam conhecidas;

a avaliação da eficácia dos controles divulgados;

as conclusões em relatórios adequados;

a divulgação ao Comitê de Auditoria e aos auditores das

deficiências significativas de controle e dos atos de

fraudes;

as mudanças significativas de controle interno por meio

do relatório;

o conceito de divulgação de controles e procedimentos;

69

a expansão do conceito atual de integridade dos controles

em relação aos demonstrativos financeiros.

Seção 404

Exige da direção da Organização que faça:

declaração oficial sobre sua responsabilidade no

estabelecimento e na manutenção de uma estrutura

interna de controles internos e procedimentos para

relatórios financeiros;

avaliação da eficácia dos controles internos e dos

procedimentos da Organização para relatórios

financeiros;

requerimento de um auditor externo para atestar suas

declarações.

Exige procedimentos de controle interno das demonstrações

financeiras das organizações, pressupondo a estrita

verificação deles por parte das próprias companhias por

meio de suas auditorias internas e de suas auditorias

externas.

Seção 406

Código de Ética: As empresas devem:

declarar se possuem ou não um código de ética;

disponibilizar os códigos de ética na internet e intranet;

divulgar o fato em seus relatórios.

70

Seção 407

Especialista financeiro: As empresas devem:

divulgar se possuem especialista financeiro em seu

Comitê de Auditoria;

atestar que possui conhecimento dos princípios contábeis

geralmente aceitos;

ter experiência na preparação ou auditoria de

demonstrações Contábeis e em Controles Internos no

ambiente de contabilidade.

O tempo extra, segundo especialistas, deve ser usado para

testar e aprimorar os mecanismos de avaliação sobre os controles

internos. “Deve existir um grande compromisso da alta direção das

organizações, tendo como base um bom planejamento”, declara

Bruce Mescher, sócio da área de Auditoria da Deloitte.

Além de apresentar o levantamento, Ponzoni apontou algumas

das chamadas "fraquezas materiais" (material weakness) das

organizações, definidas pela Public Company Accounting Oversight

Board (PCOAB), entidade reguladora instituída pela Sarbanes-Oxley

para fiscalizar o trabalho dos auditores. Fraquezas materiais são

deficiências que podem implicar falhas (difíceis de serem detectadas)

nos balanços das organizações.

As áreas de maior incidência de fraquezas materiais e que,

consequentemente, requerem controles mais apurados são as de

controle de gerenciamento da companhia, os segmentos de

tecnologia e os chamados "controles sem os quais um auditor não

pode viver" (controls you cannot live without), como:

Conciliações contábeis

Processos de fechamento

71

Management judgement

Controles sobre ativos físicos ou intangíveis relevantes

Reconciliação entre princípios contábeis locais e

USGAAP

Nas organizações brasileiras – avaliou Ponzoni –, há maior risco

de ocorrência das fraquezas materiais em razão:

da falta de definição clara das funções e

responsabilidades dos comitês de auditoria.

do baixo envolvimento dos níveis gerenciais das

organizações com as normas e implicações decorrentes

da entrada em vigor da Lei Sarbanes-Oxley (muitas

vezes a responsabilidade pela adoção da norma recai

sobre os colaboradores inexperientes).

da insuficiência das amostras obtidas para comprovar

o baixo risco dos processos e a falta de um plano de

ação.

Dividida em onze títulos (capítulos), com um número variável

de seções cada um, totalizando 69 seções (artigos), a SOX obriga as

empresas a reestruturar os processos para aumentar os controles, a

segurança e a transparência na condução dos negócios, na

administração financeira, nas escriturações contábeis e na gestão e

divulgação das informações.

A SOX define por lei e torna obrigatória uma série de medidas

que já eram consideradas, no mundo todo, como práticas de boa

governança corporativa.

A SOX se refere de forma explícita aos GAAP (Generally

Accepted Accounting Principles), na versão US GAAP, para a definição

de normas e práticas contábeis a serem aplicadas.

72

Está em andamento, sob a coordenação da SEC, um processo

oficial de adoção do padrão IFRS (International Financial Reporting

Standards), de influência europeia e administrado pelo IASB

(International Accounting Standards Board), no lugar do USGAAP,

que deverá ser concluído até 2016. Outra legislação relevante e

explicitamente mencionada na SOX é o Securities Exchange Act de

1934.

As penalidades pelo descumprimento da SOX, em relação à

integridade e à fidedignidade das demonstrações financeiras e à

certificação de demonstrativos em desacordo com a lei, são a multa

de até USD 1.000.000 e/ou a reclusão por até 10 anos. Quando o

descumprimento da lei for intencional (normalmente com finalidades

fraudulentas), a multa aumenta para até USD 5.000.000 e a reclusão

pode chegar a 20 anos. Os principais artigos da SOX (divididos por

categoria) são os seguintes:

PCAOB

Art. 101: Cria o Public Company Accounting Oversight Board.

Art. 102: Trata da organização do PCAOB e de suas atribuições.

Art. 103: Define regras e padrões de auditoria, controle de qualidade

e independência.

Art. 104: Determina que o PCAOB crie um programa permanente de

inspeção nas empresas de auditoria registradas na SEC.

Art. 109: Define o financiamento e taxas de funcionamento do

PCAOB.

A criação do PCAOB atendeu as necessidades de uma órgão de

fiscalização dos procedimentos de auditoria com o nítido propósito de

proporcionar maior confiabilidade no mercado.

73

Independência do auditor

Art. 201: Define serviços que são proibidos para os auditores dentro

das companhias que auditam.

Art. 202: Determina a necessidade da aprovação prévia do comitê de

auditoria para qualquer outro serviço prestado pelos

auditores independentes da companhia.

Art. 203: Determina a rotatividade a cada 5 anos do sócio

responsável por cada cliente, em empresa de auditoria.

Art. 204: Cria regras para comunicação entre os auditores

contratados e o comitê de auditoria da companhia.

Este artigos acima referem-se as atividade do comitê de

auditoria e impõe regras para contratação e manutenção das

empresas de auditoria.

Responsabilidades da empresa

Art. 301: Define as funções atribuídas e o nível de independência do

comitê de auditoria em relação à direção da empresa.

Art. 302: Determina a responsabilidade dos diretores das empresas,

que devem assinar os relatórios certificando que as

demonstrações e outras informações financeiras incluídas

no relatório do período apresentem todos os fatos

materiais e que não contenham nenhuma declaração falsa

ou que fatos materiais tenham sido omitidos. Também

devem declarar que divulgaram todas e quaisquer

deficiências significativas de controles, insuficiências

materiais e atos de fraude ao seu Comitê de Auditoria.

Art. 303: Proíbe a conduta imprópria de auditor por influência

fraudulenta, coação ou manipulação, não importando se

intencional ou por negligência. Proíbe diretores e

funcionários da empresa de tomar qualquer medida para

influenciar os auditores.

74

Art. 305: Define as responsabilidades e penalidades a cargo dos

diretores da empresa.

Art. 307: Cria regras de responsabilidade para advogados obrigando-

os a relatar evidências de violação importante da companhia

para a qual prestam serviços, devendo reportar-se ao

comitê de auditoria, se não forem ouvidos pela diretoria.

A SOX se preocupou muito na inserção de maiores

responsabilidades para seus diretores, conselheiros e do comitê de

auditoria, onde encontramos punições e penalidades a todos os

responsáveis pela gestão da empresa.

Aprimoramento das divulgações financeiras

Art. 401: Obriga a divulgação das informações trimestrais e anuais

sobre todo fato material não relacionado com o balanço,

patrimonial, tais como: transações, acordos, obrigações

realizadas com entidades não consolidadas,

contingências e outras. Também exige a divulgação de

informações financeiras não relacionadas com as normas

geralmente aceitas (de acordo com o GAAP).

Art. 402: Obriga a divulgação das principais transações envolvendo a

diretoria e os principais acionistas da companhia. Nenhum

diretor ou funcionário graduado de companhia aberta poderá

receber, direta ou indiretamente, empréstimos em

companhia aberta.

Art.404:Determina uma avaliação anual dos controles e

procedimentos internos para a emissão de relatórios

financeiros. Além disso, o auditor independente deve emitir

um relatório distinto que ateste a asserção da

administração sobre a eficácia dos controles internos e dos

procedimentos executados para a emissão dos relatórios

financeiros.

Art. 406: Define o Código de ética para os administradores, alta

gerência e gerência.

75

Art. 409: Obriga a divulgação imediata e atual de informações

adicionais relativas a mudanças importantes na situação

financeiras ou nas operações da companhia.

Outro ponto importante é tratado nas questões de divulgação

das informações financeiras e sem contar na avaliação dos controles

e procedimentos internos para emissão de relatórios.

Responsabilidade por fraude corporativa ou criminal

Art. 802: Define as penalidades criminais por questões de

alteração/destruição/falsificação de documentos a serem

utilizados nas vistorias da SEC.

Art. 806: Cria os meios de proteção aos funcionários de empresas de

capital aberto que denunciarem fraude na companhia em

que trabalham.

Art. 807: Define as penalidades criminais por prejudicar acionistas

minoritários de empresas de capital aberto com

informações inverídicas.

Aumento das penalidades para crimes de colarinho

branco

Art. 906: Aumenta a responsabilidade da diretoria sobre as

demonstrações financeiras e define as penalidades para

as infrações.

Prevenção a fraude e penalidades criminais finalizam a

legislação e aumenta a responsabilidade na divulgação das

demonstrações financeiras.

76

3. METODOLOGIA

77

3.1 Metodologia

A forma de abordagem da questão deste estudo se dará

mediante pesquisa de caráter qualitativo, e o enfoque qualitativo,

com frequência, está fundamentado em métodos de coleta de dados

sem medição numérica, com as descrições e as observações.

Em termos gerais, os estudos qualitativos envolvem a coleta de

dados utilizando técnicas que não pretendem medir e nem tão pouco

associar a números, tais como: observação não estruturada;

entrevistas abertas; revisão de documentos; discussão em grupo;

avaliação de experiências pessoais; inspeção de histórias de vida;

análise semântica e de discursos cotidianos; interação com grupos ou

comunidades e introspecção.

Os procedimentos adotados para o desenvolvimento deste

estudo serão dois: levantamento bibliográfico e pesquisa empírica,

qualitativa e analítica.

A pesquisa bibliográfica é uma etapa inerente ao trabalho

científico, razão pela qual permeia todo o desenvolvimento deste

estudo. Serão abordadas as principais contribuições teóricas que

evidenciam as práticas diferenciadas de controles internos e

contábeis para auxiliar as empresas a evitar perdas. Verificamos que

nas organizações é de suma importância que todos os profissionais

envolvidos nos processos de Controles Internos e Contábeis estejam

sempre atentos às mudanças nas regras do mercado financeiro

nacional e internacional.

78

Oliveira (2003, p. 66) relata no capitulo 5 de seu livro

Pesquisando em Contabilidade – as técnicas disponíveis, o seguinte:

A grande vantagem da pesquisa de campo é a obtenção de dados diretamente na realidade. Sem em nenhum momento desmerecer a pesquisa teórica, em uma ciência factual, é na pesquisa de campo que as teorias propostas podem ser validadas ou refutadas. Assim, com a utilização, muitas vezes, de técnicas de amostragem estatística, a pesquisa de campo permite o acúmulo de conhecimento sobre determinado aspecto da realidade, conhecimento esse que pode ser comprovado e utilizado por outros pesquisadores.

A finalidade da pesquisa empírica é coletar dados da realidade

concreta de forma a responder ao problema da pesquisa e aos

objetivos propostos.

A escolha dos sujeitos foi realizada por meio de amostragem

não probabilística, denominada amostragem por acessibilidade ou por

conveniência.

Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, por voltar-

se para a coleta de dados da realidade, buscando, por meio das

pesquisas exploratórias, uma nova visão do problema.

Segundo Severino (2007, p. 125), questionário é um:

Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos e estudo. As questões devem ser pertinentes ao objeto e claramente formuladas, de modo a serem compreendidas pelos sujeitos. As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas, ambiguidades e respostas lacônicas.

O questionário é composto de 24 questões. Vinte e três são

fechadas, para que o participante escolha as alternativas que melhor

representem sua situação, e uma questão aberta para expressar sua

opinião e suas impressões. Além de ser de fácil aplicação e análise, o

questionário garante anonimato aos respondentes e oferece facilidade

ao respondente. Ao pesquisador foi possível conciliar informação,

79

analisando pontos específicos, considerados categorias de análise,

por meio da incidência das respostas coletadas.

Com essa necessidade inerente à atividade operacional contábil

da empresa, os controles internos devem ser muito bem mapeados,

evidenciados e divulgados entre todos na organização, tais como

conselho de administração, alta administração, gestores, contadores,

auditores, oficiais de conformidade, colaboradores, fornecedores,

clientes e investidores.

Sempre que necessário, utilizaremos um modelo de pesquisa

por método dedutivo para demonstrar as relações entre a

mensuração e o gerenciamento de riscos e, sempre que possível,

reduzir as perdas operacionais e os custos envolvidos na estruturação

destas áreas para aplicação de metodologias.

Como o controle interno compreende o plano de organização e

todos os métodos, medidas e coordenadas são adotadas numa

empresa para proteger o patrimônio, verificar a exatidão e a

fidedignidade dos dados contábeis, incrementar a eficiência

operacional e promover a obediência às diretrizes administrativas

estabelecidas e às normas legais impostas por autoridades

competentes.

Não podemos deixar de evidenciar o trabalho de

conscientização da cultura de controle nas organizações. É

fundamental entender que implantar controle não é custo e sim

investimento, principalmente em segurança da informação.

80

As recomendações do próprio COSO7, em português, Comitê de

Organizações Patrocinadoras, que define as principais finalidades das

melhores práticas de controles internos e contábeis, são:

Estabelecer uma única definição de controles internos que

atenda às necessidades de diferentes interessados;

Fornecer um padrão com o qual empresas e outras

entidades avaliem seus sistemas de controles e

determinem como poderiam aperfeiçoá-los.

Dentro dessa necessidade, evidenciamos o próprio relatório do

COSO, que corrobora com nossa metodologia na busca da proteção

de investimentos, transferência de ativos e transparência operacional,

e se confunde com os procedimentos de Governança Corporativa, que

define controles internos do seguinte modo:

São um processo operado pelo conselho de administração, pela administração e outras pessoas, desenhado para fornecer segurança razoável quanto à consecução de objetivos nas seguintes categorias:

• Confiabilidade de informações financeiras; • Obediência (Compliance) às leis e aos regulamentos

aplicáveis; • Eficácia e eficiência de operações.

Dentro dessa metodologia de controle e sobre questionamentos

de ética profissional, índole e possibilidade de controle, Iudícibus

(2006, p. 26) afirma que:

... a abordagem ética é muito enfatizada por alguns autores; todavia, por ser muito subjetiva, apresenta o perigo de, por comodismo, continuarmos aceitando, no estado em que se encontram, (...). Além do mais, a abordagem ética não distingue muito bem as necessidades diferenciadas dos vários usuários, pretendendo apresentar um único conjunto de informações que deveria ser “justo” para todos.

Segundo esta abordagem, as informações contábeis deveriam ser feitas “sob medida”, de forma que os usuários reagissem para tomar a decisão correta. Esta abordagem atinge os campos da

7 Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO).

81

Psicologia, da Sociologia e da Economia. É dada ênfase à forma pela qual os relatórios contábeis são utilizados mais do ao desenvolvimento lógico dos demonstrativos. (...)

A evidenciação da ausência de controles, monitoração e

fiscalização externam a importância da utilização de métodos de

controle que possam adequar-se às necessidades das organizações,

haja vista que o próprio COSO apresenta um framework para que

possamos aprimorar os controles conforme a regulamentação

existente e o tipo de atividade exercida pela organização, portanto a

intenção é aprimorar os controles internos e contábeis para assegurar

a continuidade das organizações.

Segundo Borgerth (2007, p. 37) e a SOX na Seção 404 – no

certificado previsto na Seção 302 –, os administradores atestam a

efetividade dos controles internos da empresa. Nessa Seção:

... são estabelecidos os critérios para a sua avaliação. Todos os relatórios financeiros da empresa devem apresentar informações sobre os sistemas de controles internos e procedimentos de teste para verificar sua precisão.

Uma entidade pode adotar objetivos e controles que se

relacionam com a preparação de demonstrações contábeis que

atendam a outras bases abrangentes de contabilização, diferentes

dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos – PCGA.

82

4. METODOLOGIA DE PESQUISA

83

4.1 Delineamento da pesquisa

Este trabalho foi desenvolvido em duas etapas constituindo-se

de uma pesquisa participante e uma exploratória (descritiva e

explicativa). Segundo Severino (2007, p. 120 e p. 123):

Pesquisa participante – É aquela em que o pesquisador, para realizar a observação dos fenômenos, compartilha a vivência dos sujeitos pesquisados, participando, de forma sistemática e permanente, ao longo do tempo da pesquisa, das suas atividades. O pesquisador coloca-se numa postura de identificação com os pesquisados. Passa a interagir com eles em todas as situações, acompanhando todas as ações praticadas pelos sujeitos. Observando as manifestações dos sujeitos e as situações vividas, vai registrando descritivamente todos os elementos observados bem como as análises e considerações que fizer ao longo dessa participação.

Pesquisa exploratória – Busca apenas levantar informações sobre um determinado objeto, delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições e manifestação desse objeto. Na verdade, ela é uma preparação para a pesquisa explicativa.

Os procedimentos adotados para o desenvolvimento deste

estudo tiveram como base, em uma primeira etapa, a pesquisa

bibliográfica complementada pela pesquisa documental e, na

segunda, por uma pesquisa de campo qualitativa, semi-estruturada.

Segundo Severino (2007, p. 122), entende-se por pesquisa

bibliográfica e pesquisa documental:

A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrado;

[...] pesquisa documental, tem-se como fonte documentos no sentido amplo, ou seja, não só de documentos impressos, mas sobretudo de outros tipos de documentos, tais como jornais, fotos, filmes, gravações, documentos legais.

84

Sobre pesquisa bibliográfica, Marconi e Lakatos (2009, p. 57) ensinam:

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas quer gravadas.

Na primeira etapa, consistiu em levantamento bibliográfico para

estabelecer o referencial teórico sobre controles internos, controles

contábeis, controladoria, gestão de riscos em tesouraria, prevenção a

erros e fraudes, sendo efetuada a revisão bibliográfica dos principais

pesquisadores que já trataram esses temas com base em consultas a

sites especializados e legais: Biblioteca Digital da PUC-SP SAPIENTIA,

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São

Paulo – USP, Google Acadêmico, Conselho Federal de Contabilidade –

CFC e Presidência da Republica – Legislação.

Ainda na primeira etapa, após o levantamento bibliográfico,

procedeu-se uma leitura crítica de livros, dissertações, teses,

legislações, artigos publicados em revistas científicas e normas

contábeis e de auditoria sobre conceitos, definições e classificações

de controles internos e contábeis por órgãos reguladores nacionais e

internacionais, efetuando-se anotações completas e fiéis ao original.

As pesquisas, documental e bibliográfica, são etapas inerentes ao

trabalho científico e foram utilizadas como referencial teórico para a

pesquisa de campo realizada na segunda etapa.

85

Sobre pesquisa de campo, Severino (2007, p 123) preceitua:

Na pesquisa de campo, o objeto/fonte é abordado em seu meio

ambiente próprio. A coleta dos dados é feita nas condições

naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente

observados, sem intervenção e manuseio por parte do

pesquisador. Abrange desde os levantamentos (surveys), que são

mais descritivos, até estudos mais analíticos.

A pesquisa de campo com enfoque qualitativo foi efetuada para

identificar os métodos e as metodologias de controles internos e

contábeis e o conhecer o envolvimento da controladoria nas

atividades de gestão de tesouraria e de riscos relacionados ao

negócio.

4.2 População e amostra

A pesquisa de campo foi concretizada com profissionais da área

de controladoria, gestão de riscos, controles internos e compliance de

empresas de pequeno, médio e grande porte. Conforme afirma

Martins (1994, p. 35):

Geralmente, as pesquisas são realizadas através de estudo dos elementos que compõem uma amostra extraída da população que se pretende analisar. O conceito de população é intuitivo; trata-se do conjunto de indivíduos ou objetos que apresentam em comum determinadas características definidas para o estudo. Amostra é um subconjunto da população.

Marconi e Lakatos (2009, p. 37-38) preceituam a característica

principal da técnica de amostragem não probabilista e intencional:

A característica principal das técnicas de amostragem não probabilista é a de que, não fazendo uso de formas aleatórias de seleção, torna-se impossível a aplicação de fórmulas estatísticas para o cálculo, por exemplo, entre outros, de erros de amostra. Dito de outro modo, não podem ser objetos de certos tipos de tratamento estatístico. Amostragem não probabilística intencional – O tipo mais comum de amostra não probabilista é a denominada intencional. Nesta, o pesquisador está interessado

86

na opinião (ação, intenção etc.) de determinados elementos da população, mas não representativos dela.

Sobre a amostragem intencional, Martins (1994, p. 41) afirma:

De acordo com determinado critério, é escolhido intencionalmente um grupo de elementos que irão compor a amostra. O investigador se dirige intencionalmente a grupos de elementos do quais deseja saber a opinião.

A escolha dos sujeitos foi realizada por meio de amostragem

em entidades de classe, por acessibilidade ou por conveniência.

4.3 Coleta de dados

O instrumento utilizado para coleta de dados foi o questionário,

que segundo Severino (2007, p. 125).

Questionário – Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos e estudo. As questões devem ser pertinentes ao objeto e claramente formuladas, de modo a serem compreendidas pelos sujeitos. As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas, ambiguidades e respostas lacônicas.

O questionário contava com 23 perguntas fechadas para que o

participante escolhesse as alternativas que melhor representassem

sua situação, opinião ou ponto de vista. As perguntas fechadas são

de fácil aplicação e análise e possibilitam confiança e anonimato aos

respondentes. Além disso, oferecem facilidade ao respondente e

proporciona ao pesquisador conciliar informação, analisando pontos

específicos, considerados categorias de análise, por meio da

incidência das respostas coletadas.

O questionário apresentou uma pergunta aberta, em que os

participantes poderiam responder livremente com suas próprias

palavras, conforme identificamos em Severino (2007, p. 126):

87

Podem ser questões fechadas ou questões abertas. No primeiro caso, as respostas serão escolhidas dentre as opções predefinidas pelo pesquisador; no segundo, o sujeito pode elaborar as respostas, com suas próprias palavras, a partir de sua elaboração pessoal.

4.4 Análise de Dados

De acordo com Oliveira (2003, p. 77), a análise é a tentativa de

evidenciar as relações entre os fenômenos estudados e outros fatores

e é realizada em três níveis: interpretação, explicação e

especificação.

A interpretação corresponde à verificação das relações entre as variáveis independente e dependente, e da variável interveniente a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno.

A explicação diz respeito ao entendimento da relação entre a variável dependente e a variável antecedente.

A especificação qualifica as relações estabelecendo até que ponto as relações entre as variáveis são válidas (como, onde e quando).

A análise dos dados só é possível com a sua organização; de

acordo com Oliveira (2003, p. 76), a organização de dados

compreende três etapas: seleção, codificação e tabulação:

Seleção é o exame minucioso dos dados. De posse do material coletado o pesquisador deve submetê-lo a uma verificação crítica, a fim de detectar falhas ou erros, evitando informações confusas, distorcidas, incompletas, que podem prejudicar o resultado da pesquisa.

Codificação é a técnica operacional utilizada para categorizar dados que se relacionam. Mediante a codificação, os dados são transformados em símbolos, podendo ser tabelados e contados.

Tabulação é a disposição dos dados em tabelas, possibilitando maior facilidade na verificação das inter-relações. É uma parte do processo técnico de análise estatística, que permite sintetizar os dados de observação obtidos pelas diferentes categorias e representá-los graficamente.

Para possibilitar a análise dos dados coletados por meio do

questionário, examinou-se o material coletado a fim de verificar

falhas ou erros, efetuou-se a codificação e, para possibilitar maior

facilidade na verificação das inter-relações, organizaram-se os dados

88

em tabelas, isso feito, procedeu-se à análise evidenciando as relações

entre os fenômenos estudados.

4.5 Limitações da pesquisa

As limitações da pesquisa, mesmo considerando o rigor na

coleta, análise e interpretação dos dados, são aquelas inerentes à

pesquisa qualitativa na qual a amostra é pequena, não permitindo a

generalização dos resultados; outra limitação se deve ao uso de

questionários como meio de coleta de dados, que podem apresentar

as seguintes desvantagens citadas por Oliveira (2003, p. 71-72).

Não se tem controle sobre as condições em que o questionário foi respondido, nem sobre quem respondeu, o que pode diminuir sua eficácia e, ainda mesmo com uso do pré-teste, as perguntas não entendidas não podem ser esclarecidas. O fato de o pesquisador ser docente na Região Metropolitana de Santos da disciplina Auditoria na graduação em Ciências Contábeis e na pós-graduação pode ainda ter inibido a liberdade de expressão dos colegas docentes com receio de comparações e críticas quantos aos métodos de ensino empregados e conteúdo programático.

Neste capítulo, apresentaram-se, de forma sucinta, as etapas

da pesquisa, a descrição da população e da amostra, o modo como se

procederam a coleta de dados (questionário) e a análise de dados. A

pesquisa bibliográfica em livros, teses, dissertações, artigos

científicos, legislação e normas e os dados coletados foram revisados

e devidamente organizados em tabelas e, por fim, procedeu-se a

análise dos dados.

89

5. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

90

5.1 Controles Internos e Contábeis na Gestão de Tesouraria

Apresenta-se, a seguir, o resultado da aplicação do questionário

de Controles Internos e Contábeis na Gestão de Tesouraria com

destaque, na primeira parte do questionário, ao entendimento da

gestão do negócio e, na segunda, à gestão de riscos e à

implementação de normas e procedimentos na gestão de tesouraria.

O referido questionário foi respondido por profissionais

participativos de entidades de classe e de profissionais escolhidos

entre uma camada de especialistas em controladoria, auditoria

interna e de controles internos e compliance.

Quadro 1 – Tabela de População e Amostra da Pesquisa

Ramo de atividade Porte da

empresa

Percentual de

participação

Instituição Financeira Grande Porte 12%

Instituição Financeira Médio Porte 22%

Seguradoras Médio Porte 12%

Seguradoras Grande Porte 10%

Indústria Grande Porte 11%

Indústria Médio Porte 8%

Comercio Médio Porte 15%

Prestação de Serviços Médio Porte 10%

Para fins informativos e para favorecer o grau e nível das

empresas pesquisadas, apresentamos os ramos de atividades e o

referido porte das empresas que foram classificados como médio e

grande porte para isso, levamos em consideração o tamanho de

91

patrimônio liquido e faturamento na data da pesquisa, conforme

segue:

� Inst. financeiras de grande porte com PL acima de R$

300 milhões;

� Seguradoras de grande porte com PL acima de R$

150 milhões;

� Indústrias de grande porte com faturamento acima

de R$ 200 milhões;

� Para comércio e prestadoras de serviço somente

consultamos empresas de faturamento abaixo de R$

100 milhões.

Oliveira (2003, p. 76) comenta que uma vez manipulados os

dados e obtidos os resultados, o passo seguinte é a análise e

interpretação desses dados, onde:

Analise é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores. A elaboração da analise é realizada em três níveis: interpretação, explicação e especificação.

Questão 1 – A sua empresa possui área de controles internos e compliance?

Gráfico 1 - Controles Internos e Compliance

A questão 1 indagou sobre a existência da área de controles

internos e compliance, que atualmente pode auxiliar a empresa na

busca de conformidade com leis e regulamentos, e 84% dos

92

entrevistados afirmaram que a empresa possui uma área responsável

por políticas e procedimentos

Questão 2 – A sua empresa possui área de auditoria interna?

Gráfico 2 - Auditoria Interna

A questão 2 indagou sobre a existência de uma área de

auditoria interna, entendemos que seja a área responsável pela

validação dos controles. Nesse caso, 78% dos entrevistados

afirmaram que a empresa possui uma área responsável por auditoria

interna própria, e 19% disseram não.

Questão 3 – Existe segregação de função para a área de tesouraria?

Gráfico 3 – Segregação de Função em Tesouraria

A questão 3 abordou o tema segregação de função para a área

de tesouraria, e 84% possuíam tal procedimento e 14% não.

Podemos entender que o número está próximo das empresas que

possuem área de controles internos.

93

Questão 4 – A controladoria envolve-se na elaboração de controles de tesouraria?

Gráfico 4 – Controladoria e Tesouraria

A questão 4 questionou sobre o envolvimento da controladoria

na elaboração de controles de tesouraria, e 59% confirmaram a

participação da controladoria e 38% ainda não possuem

envolvimento ativo na elaboração dos controles, demonstrando

ausência ou desconhecimento das possibilidades de controle.

Questão 5 – A sua empresa possui atividades rotineiras na área de Tesouraria?

Gráfico 5 – Atividades de Tesouraria

A questão 5 demonstra que 97% das repostas afirmaram que a

empresa tem atividades rotineiras na tesouraria e que não encontra

entendimento para o não envolvimento da controladoria nessas

atividades.

94

Questão 6 – Existem políticas e procedimentos para a área de tesouraria?

Gráfico 6 – Políticas e Procedimentos de Tesouraria

Nesta questão, acima de 86% responderam que a empresa já possuía políticas e procedimentos para a área de tesouraria, e 10% ainda estavam implementado as normas. Questão 7 – Com que frequência a tesouraria reúne-se para definir estratégias? Definição de Estratégias Respostas Percentual

Todos os dias 19 33%

2 vezes por semana 9 16%

1 vez por semana 22 38%

Nenhuma 8 14%

Tabela 1 – Frequência das reuniões

Na questão 7, questionamos a frequência de reuniões de

definições de estratégias de tesouraria, e somente 14% responderam

que a empresa não possui rotinas de reuniões de caixa e/ou

tesouraria.

95

Questão 8 – Existem históricos e evidências de fraudes em sua empresa?

Gráfico 7 – Evidencias de Fraudes

Na questão 8, evidenciamos que pelo menos 45% das

empresas já tiveram evidências de fraudes e 14% não.

Questão 9 – Existem históricos e evidências de erros operacionais?

Gráfico 8 – Evidências de erros operacionais

Na questão 9, constatamos que pelo menos 78% das empresas

já tiveram evidências de erros operacionais e 9% não possuíam

registros de ocorrência de erros.

96

Questão 10 – Os riscos do Negócio são cuidadosamente considerados e adequadamente monitorados?

Gráfico 9 – Monitoração de Riscos

Na questão 10, evidenciamos que pelo menos 55% das

empresas consideram e monitoram os riscos envolvidos no negócio e

45% não ou ainda estão implementando o monitoramento.

Segundo Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 341):

Monitoração é um processo que avalia a qualidade do desempenho dos controles internos ao longo do tempo. Envolve avaliação do desenho e da tempestividade de operação dos controles e a tomada de ações corretivas (AU 319.38).

Questão 11 – Políticas apropriadas da entidade sobre práticas de negócios aceitáveis, conflitos de interesse e códigos de conduta foram estabelecidos e adequadamente comunicados?

Gráfico 10 – Políticas de Conduta e Ética

Na questão 11, indagamos sobre a existência de políticas sobre

negócios, conflitos de interesse e códigos de conduta e 72% das

respostas demonstram a preocupação sobre o assunto e pelo menos

16% já procuram implementar políticas apropriadas.

97

Questão 12 – Qual a periodicidade da auditoria de Tesouraria em sua empresa?

Gráfico 11 – Auditoria de Tesouraria

Na questão 12, identificamos que a área de tesouraria é

constantemente auditada, mas 29% ainda fazem somente por

demanda.

Questão 13 – Políticas e procedimentos atuais resultam em recrutamento ou desenvolvimento de pessoas competentes e confiáveis, necessárias à operação de uma estrutura eficaz de controles Internos?

Gráfico 12 – Política e procedimento de recrutamento

Na questão 13, identificamos que ainda existe deficiência na

contratação de pessoas competentes e confiáveis, ponto este de

suma importância na operação de uma estrutura eficaz de controles

internos em que pelo menos 31% ainda não têm ou estão

implementando essas políticas.

98

Questão 14 – Existe monitoração de operações em Tesouraria para excesso de limite de operações?

Gráfico 13 – Monitoração de limites operacionais

Na questão 14, ficou evidenciado que 34% das empresas não

possuem ou ainda buscam por monitoração das operações de

tesouraria, fato este que pode causar perdas operacionais.

Questão 15 – Os relatórios contábeis atendem à necessidade de controle de tesouraria?

Gráfico 14 – Relatórios contábeis para controles

A questão 15 evidencia que os relatórios contábeis de controle

de tesouraria ainda possuem deficiências, pois somente 66%

afirmaram que os relatórios existentes nas empresas suprem a

necessidade da contabilidade.

99

Questão 16 – Existe Política de Riscos para Derivativos e Mercado Futuro?

Gráfico 15 – Riscos de Derivativos e Mercado Futuro

A questão 16 indagou sobre a existência de política de riscos

para derivativos e mercado futuro. Somente 52% das empresas

possuem políticas e 38% não, haja vista que nem todos os

entrevistados possuem tais operações em suas empresas.

Questão 17 – Existe política de Controle de alçadas para Tesouraria?

Gráfico 16 – Controles de Alçadas

Na questão 17, tendo em vista a necessidade de controle de

tesouraria para as operações de contas a pagar e o contas a receber,

o índice de 81% demonstra que boa parte das empresas se preocupa

com a política de controle de alçadas, pois é um método preventivo

no que tange à gestão de riscos.

100

Questão 18 – Existe a “política conheça seu cliente”?

Gráfico 17 – Política conheça seu cliente

Na questão 18, em torno de 41% das empresas entrevistadas

não possuem “política de conheça seu cliente”, ponto estratégico na

prevenção a fraudes e na política de crédito.

Questão 19 – Existe a “política conheça seu funcionário”?

Gráfico 18 – Política conheça seu funcionário

Na questão 19, evidenciamos que 53% não possuem política de

conheça seu funcionário e estão sujeitas à ausência de índole ou

conduta moral dos funcionários contratados. Ponto estratégico na

prevenção a fraudes e políticas de crédito.

101

Questão 20 – Existe a “política conheça seu fornecedor”?

Gráfico 19 – Política conheça seu fornecedor

Na questão 20, somente 45% das respostas comprovam a

existência de políticas para fornecedor, portanto ainda 55% não

possuem políticas de conheça seu fornecedor. Ponto estratégico na

prevenção a fraudes e políticas de crédito.

Questão 21 – Existe conhecimento sobre a possibilidade de fraudes para os negócios da empresa?

Gráfico 20 – Possibilidade de fraudes

A questão 21 evidencia o conhecimento sobre a possibilidade de

fraudes para os negócios da empresa, e boa parte dos entrevistados,

em torno de 78%, afirmou possuir tal conhecimento.

102

Questão 22 – Existe programa de capacitação em prevenção a fraudes nas empresas?

Gráfico 21 – Prevenção a fraudes nas empresas

A questão 22 indagou sobre a existência de capacitação em

prevenção a fraudes nas empresas, e 62% possuem treinamentos e

busca por qualificação de seus profissionais e 38% ainda

desconhecem esse tipo de treinamento.

Questão 23 – Existe alguma evidência de prevenção a fraudes fundamentada nos dos controles internos?

Gráfico 22 – Controles internos e prevenção a fraudes

A questão 23 indagou sobre a evidência de prevenção a fraudes

com base nos controles internos, e 72% dos entrevistados afirmaram

que já evitaram fraudes por possuírem controles internos efetivos.

Para fins acadêmicos e didáticos apresentamos a seguir o

quadro comparativo entre as respostas obtidas na pesquisa e a teoria

e melhores práticas de controles internos e contábeis apresentados

em nossa fundamentação teórica, como segue:

103

Quadro 2 - Comparativo entre pesquisa e teoria

Questões Conclusões Teoria

1) A sua empresa possui área de controles Internos e Compliance?

84% das empresas possuem área e profissionais para controles internos e compliance.

Segundo o ERM o 1º componente do Coso é ambiente interno

2) A sua empresa possui área de auditoria interna?

78% das empresas já possuem profissionais para a área de auditoria interna.

O item 11.2.5.5. da NBC-T 11 no item e), apresenta atribuições para auditoria interna.

3) Existe segregação de função para a área de tesouraria?

A segregação de funções acompanha o mesmo percentual de controles internos nas empresas.

O item 11.2.5.5. da NBC-T 11 no item d), apresenta necessidade de políticas de pessoal a segregação de função.

4) A controladoria envolve-se na elaboração de controles de tesouraria?

Identificamos que a área de controladoria necessita participar mais ativamente na elaboração de controles de tesouraria, somente 59% tem participação.

Os itens 11.2.5.1 e 11.2.5.3. da NBC-T 11 confirma que o sistema contábil e de controles internos é de responsabilidade da administração da entidade.

5) A empresa possui atividades rotineiras na área de tesouraria?

97% das empresas possuem atividades rotineiras na tesouraria.

Segundo o ERM o 8º componente do Coso é monitoramento, justamente para atividades rotineiras

6) Existem políticas e procedimentos para a área de tesouraria?

A maioria da empresas já implementaram políticas e procedimentos para controle de atividades de tesouraria.

Segundo o ERM o 6º componente do Coso é atividades de controle, justamente para assegurar as respostas ao risco.

7) Com que freqüência a tesouraria se reúne para definir estratégias?

49% da empresas têm reuniões de definições estratégicas de tesouraria pelo menos 2 vezes por semana e 14% não possuem.

Segundo o ERM o 7º componente do Coso é informações e comunicações.

8) Existem históricos e evidencias de fraudes em sua empresa?

Das respostas obtidas somente 45% das empresas tinham conhecimento de fraudes devidamente documentadas.

Segundo o ERM o 3º componente do Coso é identificação de eventos, para gerenciamento dos riscos.

9) Existem históricos e evidencias de erros operacionais?

Para a questão de erros operacionais as evidencias já foram maiores, sendo de 78% das respostas afirmativas.

Segundo o ERM o 3º componente do Coso é identificação de eventos, para gerenciamento dos riscos.

104

Questões Conclusões Teoria

10) Os riscos do negócio são cuidadosamente considerados e adequadamente monitorados?

Para este item somente 55% das empresas monitoram as operações para questões de gestão de riscos do negócio.

Segundo o ERM o 8º componente do Coso é monitoramento, justamente para avaliação dos riscos no negócio.

11) Políticas apropriadas da entidade sobre praticas de negócios aceitáveis, conflitos de interesse e códigos de conduta foram estabelecidas e adequadamente comunicadas?

Muitas empresas já estão adaptando sua gestão de controle com políticas de conduta e ética para evitar conflito de interesses e desvios de procedimentos cerca de 72% das empresas participantes da pesquisa.

A resolução nº 2554 do Bacen menciona em seu item quanto a cultura organizacional, a promoção de elevados padrões éticos e a SOX em sua seção 406.

12) Qual a periodicidade da auditoria de tesouraria em sua empresa?

As auditorias de tesouraria acontecem semestralmente ou anualmente, mas 29% dos pesquisados afirmaram que os trabalhos acontecem ainda somente por demanda.

A seção 302 e 404 da SOX requer pelo menos que um auditor externo possa validar as informações contábeis e de controles internos.

13) Políticas e procedimentos atuais resultam em recrutamento ou desenvolvimento de pessoas competentes e confiáveis, necessárias a operação de uma estrutura eficaz de controles internos?

Neste item 31% das respostas identificaram que não possuem procedimentos definidos para a contratação de profissionais com capacitação profissional comprovada.

A seção 407 da SOX solicita especial atenção com relação ao especialista financeiro, sobre conhecimento dos princípios contábeis, controles internos e ambiente contábil.

14) Existe monitoração de operações em tesouraria para excesso de limite de operações?

Sendo a tesouraria uma área de operações financeiras de alto risco, 34% das respostas demonstraram não possuir este procedimento.

Segundo o ERM o 8º componente do Coso é monitoramento, justamente para avaliação dos riscos no negócio.

15) Os relatórios contábeis atendem a necessidade de controle de tesouraria?

Somente 66% das respostas afirmaram possuir relatórios contábeis para controle de operações de tesouraria.

A seção 302 da SOX solicita que a organização apresente periodicamente vários relatórios que comprovem a sua eficácia.

105

Questões Conclusões Teoria

16) Existe política de riscos para derivativos e mercado futuro?

Por ser um produto especifico os derivativos e mercado futuro somente 52% das empresas possuem políticas de riscos.

Segundo o ERM o 5º componente do Coso é resposta ao risco, justamente para avaliação dos riscos.

17) Existe política de controle de alçadas para tesouraria?

81% das empresas possuem políticas de controle de alçadas para operações de tesouraria.

Segundo o ERM o 6º componente do Coso é atividade de controle, para assegurar que as respostas aos riscos sejam executadas.

18) Existe política de conheça seu cliente?

41% das empresas não possuem políticas de conheça seu cliente, fragilizando os controles internos operacionais.

A circular 3.467/09 do Bacen no art. 4º, parágrafo único, menciona os controles para evitar operações ilícitas com a organização.

19) Existe política de conheça seu funcionário?

53% das empresas pesquisadas não possuem políticas de conheça seu funcionário.

A circular 3.467/09 do Bacen no art. 2º, itens II e VI determina competência técnica e política de treinamento e conscientização do quadro funcional

20) Existe política de conheça seu fornecedor?

Neste item 55% não possuem políticas de conheça seu fornecedor, portanto existe uma exposição a risco.

A circular 3.467/09 do Bacen no art. 4º, parágrafo único, menciona os controles para evitar operações ilícitas com a organização.

21) Existe conhecimento sobre a possibilidade de fraudes para os negócios da empresa?

Para esta questão 78% afirmaram possuir conhecimento das possibilidades de fraudes em suas atividades.

A circular 3.467/09 do Bacen no art. 6º, determina a avaliação dos riscos e analise das possibilidades.

22) Existe programa de capacitação em prevenção a fraudes na sua empresa?

Para este item 38% das respostas foram negativas com relação a treinamentos e capacitação de seus profissionais.

A circular 3.467/09 do Bacen no art. 2º, itens II e VI determina competência técnica e política de treinamento e conscientização do quadro funcional

23) Existe alguma evidencia de prevenção a fraudes com base nos controles internos?

72% das respostas afirmaram que os controles internos já evitaram fraudes internas e/ou externas.

Segundo o ERM o 3º componente do Coso é identificação de eventos, para gerenciamento dos riscos.

106

A questão 24 foi a única aberta, em que foi solicitado aos

participantes da pesquisa o registro da opinião de cada um quanto à

importância dos controles internos e contábeis na prevenção a erros e

à fraude. A seguir, apresentamos algumas respostas8.

Registro de algumas respostas à pergunta aberta

Qual é a importância dos controles internos e contábeis na prevenção

a erros e à fraude.

1. São essenciais, uma vez que controles sistêmicos e manuais são

complementares e não excludentes. Desde que recebam apoio da alta

administração, vão funcionar

2. A controladoria deveria participar mais na formatação dos controles

3. Sim, podem através de mecanismos de controles internos, aliados a

uma eficiente análise de riscos e com profissionais devidamente

treinados e capacitados, os riscos são naturalmente minimizados.

4. Sim, porque vão auxiliar no entendimento dos processos e

identificação de falhas, para posterior correção e implantação de

controles mais efetivos.

5. Os controles internos são fundamentais para a prevenção e detecção

de fraudes. O conjunto de aprovações, conferências, conciliações,

controles de acesso e segregação de funções minimiza a possibilidade

de que sejam efetuadas transações incorretas, intencionais ou não.

6. Efetivamente sim. Eles são primordiais para a identificação e

mitigação de riscos. Quanto mais evoluídos e consistentes forem esse

controles, melhor será a governança.

7. Certamente ambas as ferramentas auxiliam no combate e na

prevenção de erros e fraudes. Para tanto, é fundamental uma cultural

organizacional robusta para que sejam muito bem aproveitadas.

8. Sim. Nossa experiência mostra que através do sistema de controles

internos realizam-se melhorias constantes nos processos da

instituição. O sistema de controles internos corrige os erros

encontrados e implementa planos de ação para mitigar o risco de

novos erros e fraudes.

8 Reproduzimos na íntegra as respostas de 21 pessoas, pois algumas respostas foram monossilábicas ou sem preenchimento (nota do autor).

107

9. Podem auxiliar desde que estejam associados à metodologia

adequada com testes de identificação, mensuração de dados em

matriz de controle x riscos que seja revisada e testada

sistematicamente.

10. Sem dúvida, a contabilidade como linguagem de negócios

atualmente, mais do que antes é a melhor fonte de acompanhamento

das transações na empresa. Os controles internos estruturados e

aplicados com inteligência contribuem efetivamente na mitigação dos

potenciais riscos.

11. As fraudes, independente dos controles, sistemas, e

acompanhamento contábil, poderão ocorrer, mas sua contenção de

forma preventiva é vital para a empresa.

12. A estrutura de Controles Internos auxilia a empresa a documentar

seus processos e reduzir a ocorrência de riscos de erros e Fraudes.

Todos os controles devem ser retroalimentados e validados

periodicamente uma vez que a criatividade dos fraudadores é

ilimitada e pesquisas apontam que as fraudes ocorrem por

funcionários com tempo razoável de empresa e com bom

conhecimento das operações.

13. Sem controle o risco é certo, a oportunidade se faz presente

independente da ética profissional. Fraude é como o vírus da gripe,

estamos sempre expostos, por isso devemos estar sempre alerta,

reforçando a nossa imunidade e monitorando para que não se torne

um problema mais sério. Erros humanos todas as empresas são

sucessíveis, porém com a implantação de procedimentos, controles

por meio de alçadas, travas de sistema, matrizes de riscos etc., o

risco torna-se quase que residual. Controle é sempre a melhor

maneira para inibir, prevenir e mitigar os riscos que envolvem os

negócios da Companhia.

14. A contabilidade, se elaborada de forma consistente e suportada por

documentação fidedigna, é instrumento fundamental para a indicação

e prevenção de erros e fraudes, assim como uma política consistente

de controle interno

15. Os controles internos e contábeis auxiliam na identificação,

acompanhamento e solução de erros. Isso influencia na correção de

processos e adequação de métodos usados. O cruzamento destes

controles previne tentativas de fraudes e evidencia comportamentos

fora dos padrões para as atividades, identificando situações ‘fora da

108

curva’ que necessitam de acompanhamento para identificação de

necessidade de orientação ou prevenção.

16. Sim, o monitoramento constante dos riscos e das transações permite

a identificação de tendências que possam ocasionar em fraudes ou

erros, para isso a companhia faz um estudo sobre fraudes atendendo

a circular 344 da SUSEP e monitora frequentemente as transações

com o objetivo de identificar possíveis problemas.

17. Os controles internos são muito importantes para a prevenção de

fraudes e a materialização do risco operacional, é importante ter

meios para efetuar o monitoramento, uma das formas é através do

sistema contábil, designando contas específicas para contabilização

de perdas, podendo até ser implantado um painel de

acompanhamento de indicadores. Mas isto será efetivo se houver o

acompanhamento e reporte apropriado dos riscos, bem como seu

tratamento. Além disso, é importante a empresa ter um Código de

Conduta onde estão claros quais são os padrões comportamentais

esperados e assim depois poder exigir isto de seus colaboradores,

além das demais práticas de não permitir o acúmulo de férias,

propiciar o “job rotation” e demais melhores práticas.

18. Controle Interno é uma forma de se maximizar o resultado da

empresa, pois se evita a falha operacional e também se previne a

apropriação indébita.

19. Ferramenta fundamental para a boa prática de governança

corporativa

20. Segregação de funções e monitoramento contínuo, código de ética.

21. Acredito que a prevenção a fraude deve ser mais bem estudada pela

minha empresa.

109

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

110

O presente trabalho busca contribuir para o processo de

entendimento na aplicabilidade dos controles internos e contábeis

como ferramenta de gestão de tesouraria, justamente pelo grau de

importância da área na gestão financeira das organizações, e na

busca por aprimoramento dos processos internos.

Para a consecução do trabalho, efetuou-se, inicialmente, uma

pesquisa bibliográfica e documental que serviu de base para o

trabalho e subsidiou a pesquisa de campo. Foram consultados livros,

artigos publicados em revistas científicas, dissertações, teses e

legislações, além de sites de entidades de classe e normas da

profissão contábil e universitárias.

Os trabalhos foram complementados pela pesquisa de campo,

de enfoque qualitativo, aplicada aos profissionais e estudiosos da

área de compliance e controladoria. Foi utilizado como instrumento

de coleta de dados um questionário com 23 perguntas fechadas de

múltipla escolha e uma questão aberta, por meio da qual obtivemos

respostas que validam e reafirmam a necessidade de controles bem

mais eficientes e eficazes.

Esta pesquisa foi elaborada para atender aos objetivos

estabelecidos neste estudo e responder ao problema formulado: a

importância do controle interno e contábil para a gestão das

empresas.

O objetivo geral desta pesquisa é contribuir para o processo de

reconhecimento do nível de implementação e cultura dos controles

internos e contábeis pelas organizações. O objetivo geral foi

alcançado com o cumprimento dos objetivos específicos, descritos a

seguir:

111

a) Elaborou-se o referencial teórico sobre conceitos,

definições e melhores práticas de controles,

regulamentação e desenvolvimento da atividade de

controladoria e compliance no Brasil;

b) Elaborou-se o referencial teórico sobre os controles

internos, controles contábeis, normas, requisitos e

atributos pessoais;

c) Identificaram-se os métodos e as metodologias de

aplicabilidade mais apropriadas à gestão de tesouraria

com indicativos dos riscos envolvidos e como preveni-

los.

Os resultados obtidos neste trabalho evidenciam que a pesquisa

cumpriu os objetivos e possibilitou responder ao problema proposto,

todavia, forçoso é reconhecer que este trabalho não exaure o tema.

Este estudo gerou algumas questões, que serão mencionadas a

seguir:

– As fraudes contábeis são originárias em decorrência da

ausência de controle ou de índole?

Dentro do que podemos identificar nas pesquisas as fraudes

contábeis podem ser minimizadas, desde que a alta

administração tenha consciência das possibilidades

existentes de perda e proporcionar uma maior efetividade de

suas políticas, procedimentos, aprimoramento da cultura

organizacional e capacitação de seus profissionais na busca

da eficiência, eficácia e confiabilidade de suas informações

financeiras e contábeis, independente da índole, mas com

uma gestão bem monitorada e tempestiva.

– Controles internos e controles contábeis quer dizer a mesma

coisa?

112

Com o propósito de embasar nossa conclusão, apresentamos

a NBC-T11 no item 11.2.5.1 apresenta a seguinte redação:

O sistema contábil e de controles internos compreende o

plano de organização e o conjunto integrado de método e

procedimentos adotados pela entidade na proteção do seu

patrimônio, promoção da confiabilidade e tempestividade

dos seus registros e demonstrações contábeis, e da sua

eficácia operacional.

Na verdade um demanda do outro, em outras palavras, o

controle interno determina normas e procedimentos

operacionais, e o controle contábil implementa controles

financeiros a partir de conciliações e relatórios que atendam

às necessidades dos stakeholders e órgãos reguladores.

– A importância do controle interno e contábil para a gestão das

empresas limita-se a evitar práticas fraudulentas?

Antes devemos buscar a possibilidade de minimizar as

fraudes, é fundamental implementar controles para monitorar

as operações, evitando-se, com isso, que os erros

proporcionem perdas indesejáveis nas organizações, sempre

que possível sem aumentar os custos, mas aumentando e

eficiência e melhorias na forma de mapear os riscos e

providenciar melhorias.

– Os profissionais contábeis, auditores, compliance e gestores

conseguirão suportar as desconfianças em sua atividade

profissional?

A história torna evidente que a confiança nas demonstrações

contábeis representa a base para a continuidade operacional

das empresas, pois, a cada escândalo de fraude, o risco da

113

reputação e o da imagem demonstram claramente como o

mercado recebe esse tipo de informação e reage contra isso.

– As empresas têm buscado implementar melhorias em seus

processos de tesouraria?

Por ser uma área que trata de grande volume financeiro e os

exemplos de desvios, perdas e por que não evidenciar os

motivos de perdas com instrumentos financeiros derivativos

ocorridos nos últimos meses, portanto vêm a cada dia

mudando a forma de gestão de tesouraria, muitas empresas

têm demonstrado interesse em aprimorar a gestão de

controles internos e contábeis, com a implementação de

políticas de alçadas, limites e monitoração de movimentação

diária.

– A controladoria tem participado na elaboração dos controles?

Em algumas empresas, a controladoria tem participado

intensamente na elaboração de controles e métodos de

gestão. É fundamental incentivar os profissionais de

controladoria a participar na gestão do negócio, pois o

profundo conhecimento do negócio contribui para a eficácia

dos controles implementados, pois podemos implementar

controles sobre os recebimentos e pagamentos diários,

aplicações e captações de recursos da organização,

principalmente quando da avaliação dos riscos de controle

por motivos de movimentações manuais, não sistêmicas que

determina uma maior atenção dos documentos existentes

para fins de evidencia de os procedimentos estejam sendo

cumpridos.

Por fim, destaque-se que este trabalho não esgota o assunto,

dadas a sua complexidade e importância, mas espera contribuir de

114

alguma maneira para a melhoria do processo de controles na gestão

de tesouraria e fomentar a discussão e a pesquisa sobre os métodos,

as metodologias e as técnicas profissionais e acadêmicas para a

gestão de riscos por meio dos controles bem evidenciados e

monitorados.

Tendo em vista os últimos acontecimentos no mundo

corporativo, é fundamental a implementação dos controles, uma vez

que é evidente que a maioria das fraudes e erros contábeis ocorre

justamente pela falta de controle ou por negligência da alta

administração.

É importante haver uma identificação bem detalhada de quem

realiza as operações da organização (funcionários que fazem parte

desses processos), além do entendimento por parte dos gestores

sobre as metas e objetivos das empresas na obtenção de resultados e

continuidade de seus negócios no âmbito da legalidade, dos conceitos

de responsabilidade, da integridade das informações e da

demonstração de confiabilidade para que a governança corporativa

seja realmente efetiva.

As melhores práticas de controles contábeis e/ou internos

existem, mas ainda existe resistência às mudanças. Devemos mudar

a abordagem de forma a demonstrar que quanto maior o

entendimento dos processos operacionais, mais fácil se torna a

implementação de metodologias de controle. Podemos identificar

inúmeras ferramentas de controle, que na realidade são conjuntos de

sistemas informatizados, processos, políticas e pessoas.

As pesquisas sobre fraude no Brasil costumam demonstrar que

o item de maior preocupação dos profissionais da área é a

insuficiência do sistema de controles internos seguido por controles

115

internos burlados e particularidades do ramo de atuação, além da

falta de condução responsável da empresa.

Por esse motivo, entendemos que os controles internos e

contábeis somente serão ferramentas na mitigação de riscos,

prevenção a erros e fraudes se os conselhos de administração, a alta

administração, os gestores, colaboradores e profissionais

especializados no assunto criarem uma cultura organizacional que

imprima maior conscientização na implementação de controles,

evitando-se negligência e flexibilização dos controles organizacionais

nas organizações, o que acarretará confiabilidade nas organizações e

nas demonstrações contábeis.

Ainda com base nos conceitos fundamentais identificamos no

COSO (1992, p. 9-12), e sugerimos esta metodologia para análise:

Controles internos representam um processo. São um meio para atingir um fim, não um fim em si mesmo. Consistem em uma série de ações que permeiam a infraestrutura de uma entidade e a ela se integram, não que a ela se adicionam.

Controles Internos são operados por pessoas. Não são meramente um manual de políticas e um conjunto de formulários, mas o resultado da interação de pessoas em todos os níveis da organização – inclusive o conselho de administração, a administração e os membros do quadro de pessoal em geral.

Pode-se esperar que controles internos forneçam apenas segurança razoável, não segurança absoluta, à administração e ao conselho de administração de uma entidade, em razão de suas limitações inerentes e da necessidade de consideração dos custos e benefícios relativos de sua implantação.

Controles internos vinculam-se à consecução de objetivos nas categorias de elaboração e apresentação de relatórios financeiros, obediência as leis e aos regulamentos (compliance) e operações.

Partindo-se da pressuposição de que a administração e o

conselho de administração formulem e periodicamente atualizam

objetivos da organização em cada uma das outras três categorias

citadas, conclui-se que os procedimentos e as melhores práticas

deveriam seguir os conceitos mencionados pelo COSO.

116

A alta administração deve ter a responsabilidade pela

implementação das estratégias e políticas aprovadas pela diretoria e

pelo desenvolvimento de processos que identifique, mensure,

monitore e controle os riscos incorridos pela empresa.

Dessa forma, é fundamental possuir uma estrutura

organizacional que determine claramente responsabilidades, isto é,

quem se reporta a quem, pela fixação das medidas apropriadas para

o controle interno e pela monitoração da adequação e da efetividade

do sistema de controle interno.

A controladoria tem a incumbência de monitorar o

funcionamento dos elementos que integram essa dimensão e de

aferir se o seu produto, que é a informação, tem a qualidade

requerida para que as atividades organizacionais sejam desenvolvidas

com segurança.

O sistema de informações depende imensamente da dimensão

dos controles a serem implementados, pois a confiança e o controle

dependem da dimensão dos controles de dados e dos procedimentos

internos aplicados, gerenciados e monitorados. A área de

controladoria é responsável pelo controle contábil, de custos, fiscal e

de ativos, voltada sempre a disponibilizar informações confiáveis e

tempestivas aos gestores com base nesses controles.

117

APÊNDICE

Questionário de pesquisa sobre Controles Internos e

Contábeis na Gestão de Tesouraria respondido pelos

profissionais de controladoria, controles internos e compliance

Pesquisa para fins de identificação de conhecimento sobre os controles internos e contábeis na Gestão de Tesouraria como base de avaliação de metodologia de conhecimento. Os dados aqui fornecidos só serão utilizados em trabalho de pesquisa acadêmica. O autor se compromete a não repassar informações a qualquer título. Por favor, queira dispor de alguns minutos para responder às questões.

1. A sua empresa possui área de controles internos e compliance?

Sim ( ) Não ( ) Terceirizado ( )

2. A sua empresa possui área de auditoria interna?

Sim ( ) Não ( ) Terceirizado ( )

3. Existe segregação de função para a área de tesouraria?

Sim ( ) Não ( ) Não aplicável ( )

4. A controladoria envolve-se na elaboração de controles de tesouraria?

Sim ( ) Não ( ) Não aplicável ( )

5. A sua empresa possui atividades rotineiras na área de Tesouraria?

Sim ( ) Não ( ) Não relevante ( )

6. Existem políticas e procedimentos para a área de tesouraria?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

7. Com que frequência a tesouraria se reúne para definir estratégias?

Todos os dias ( ) 2 vezes por semana ( ) 1 vez por semana ( )

8. Existem históricos e evidências de fraudes em sua empresa?

Sim ( ) Não ( ) Não registrado ( )

9. Existem históricos e evidências de erros operacionais?

Sim ( ) Não ( ) Não registrado ( )

10. Os riscos do Negócio são cuidadosamente considerados e adequadamente monitorados?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

11. Políticas apropriadas da entidade sobre práticas de negócios aceitáveis, conflitos de interesse e códigos de conduta foram estabelecidas e adequadamente comunicadas

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

12. Qual a periodicidade da auditoria de Tesouraria em sua empresa?

Semestral ( ) Anual ( ) Por demanda ( )

118

13. Políticas e procedimentos atuais resultam em recrutamento ou desenvolvimento de pessoas competentes e confiáveis, necessárias à operação de uma estrutura eficaz de controles Internos?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

14. Existe monitoração de operações em Tesouraria para excesso de limite de operações?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

15. Os relatórios contábeis atendem à necessidade de controle de tesouraria?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

16. Existe Política de Riscos para Derivativos e Mercado Futuro?

Sim para ambos ( ) Não para ambos ( ) Implementando ( )

17. Existe política de Controle de alçadas para Tesouraria?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

18. Existe política de conheça seu cliente?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

19. Existe política de conheça seu funcionário?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

20. Existe política de conheça seu fornecedor?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

21. Existe conhecimento sobre a possibilidade de fraudes para os negócios da empresa?

Sim ( ) Não ( ) Não faço ideia ( )

22. Existe programa de capacitação em prevenção a fraudes na sua empresa?

Sim ( ) Não ( ) Não faço ideia ( )

23. Existe alguma evidencia de prevenção a fraudes com base nos controles internos?

Sim ( ) Não ( ) Implementando ( )

24. Em sua opinião os controles internos e contábeis podem auxiliar na prevenção a erros e à fraude? Apresente a sua opinião.

119

BIBLIOGRAFIA

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução n. 2.554, de 24/09/98,

Brasília, disponível em <www.bcb.gov.br>.

_______. Circular n. 3.467, de 14/09/09, Brasília, disponível em

<www.bcb.gov.br>.

SUSEP. Circular n. 380, de 29/12/08, Brasília, disponível em

<www.susep.gov.br>.

FEBRABAN – Federação de Bancos Brasileiros. Estudo sobre a função

de Compliance, disponível em <www.febraban.org.br, 2004>.

_______. Auditoria em Tesouraria. IBCB: São Paulo, 2005.

KPMG Foresinc . A Fraude no Brasil Pesquisa em 2009, disponivel em

www.kpmg.com.br/publicacoes/forensic/Fraudes_2009_port.pdf.

VIEIRA, Jose Aluísio.– Controles Internos em Organizações

Financeiras – Uma Comparação entre as Normas Brasileiras (BCB) e

os Princípios Internacionais (BIS/BASILEIA). São Paulo, 2005.

Dissertação de Mestrado. UNIFECAP.

SANCHES, Marcos Venício. Sistemas de Controles Internos e de

Fiscalização em Demonstrações Contábeis – Uma Análise Crítica de

Normas especificas. São Paulo, 2007. Dissertação de Mestrado.

Universidade de São Paulo (USP).

D’AVILA, Marcos Zähler. Um Estudo Exploratório Sobre a

Aplicabilidade do Método de Controles Internos do COSO para as

Empresas Brasileiras de Pequeno Porte. São Paulo, 2005. Dissertação

de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).

120

GARCIA, Alexandre Sanches. Controles Internos: Conceito e

Aplicação. São Paulo, 1999. Dissertação de Mestrado, Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC).

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria. Um Curso Moderno e

Completo. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2003.

BOYNTON, William C., JOHNSON, Raymond N., KELL, Walter G.

Auditoria. 1. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

PEREIRA, Marcos Augusto Assi. Controles Internos e Cultura

Organizacional. 1. ed. São Paulo: Editora Saint Paul, 2009.

IUDÍCIBUS, Sergio de. Teoria da contabilidade. 8. ed. São Paulo:

Atlas, 2006.

HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da

Contabilidade; tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. 1. ed. 6a

reimpr. São Paulo: Atlas, 2007.

LOPES, Alexsandro Broedel; MARTINS, Eliseu, Teoria da

Contabilidade: uma nova abordagem. 1. ed. 2a reeimpr. São Paulo:

Atlas, 2007.

MARTINS, Eliseu; IUDÍCIBUS, Sérgio de. A Contabilidade não

funciona? Revista de Contabilidade, Conselho Regional de

Contabilidade. São Paulo. março 2004, pp. 38-45.

BORGUERTH, Vania Maria da Costa. SOX – Entendendo a Lei

Sarbanes-Oxley. 1. ed. São Paulo: Editora Thomson, 2007.

OLIVEIRA, Alexandre Martins Silva de, FARIA, Anderson de Oliveira,

OLIVEIRA, Luis Martins de, ALVES, Paulo Sávio Lopes da Gama –

Contabilidade Internacional – Gestão de Riscos, Governança

121

Corporativa e Contabilização de Derivativos. 1. ed. São Paulo: Editora

Atlas, 2008.

IASB [International Accounting Standards Board] (1989): Framework

for the Preparation and Presentation of Financial Statements,

Londres: IASB.

IFAC – International Federation of Accountants – Compliance

Program, disponível em <www.ifac.org>, 2009.

AICPA – American Institute of Certified Public Accountant – SAS

Statement on Auditing Procedures, n. 29, disponível em

<www.aicpa.org>, 2008.

________. (1988). Statement on Auditing Standard (SAS) no. 55.

New York. USA. 1988.

________. (1992). Statement on Auditing Standard (SAS) no. 70.

New York. USA. 1992.

FIPECAF, Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, Sergio

Iudicibus, Eliseu Martins e Ernesto Rubens Gelbcke. 7. ed. São Paulo:

Atlas, 2007.

SILVA NETO, Lauro de Araujo. Derivativos – Definições, Emprego e

Risco. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Deloitte, Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS, São Paulo:

Atlas, 2006.

IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – Código das

melhores práticas de governança corporativa. 4. ed. São Paulo, 2009.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23.

ed. revisada e atualizada. São Paulo: Cortez, 2007.

122

OLIVEIRA, Antonio Benedito Silva. Coordenação. Métodos e técnicas

de pesquisa em contabilidade. São Paulo: Saraiva, 2003.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de

pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e

técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados.

7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual de elaboração de monografias

e dissertações. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

AUDIBRA – Instituto dos Auditores Internos do Brasil – Normas

Internacionais de Auditoria Interna, disponível em

<www.audibra.org.br>, 2009.

Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission

(COSO), Internal Control – Integrated Framework, USA, disponível

em <www.coso.org>, 2009.

Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission

(COSO), COSO ERM – Enterprise Risk Management – Integrated

Framework, USA, disponível em <www.coso.org>, 2009.

WEILL, Peter, ROSS, Jeanne W. Governança de TI, Tecnologia da

Informação. São Paulo: Editora M.Books do Brasil Ltda. 1. ed., 2006.

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo