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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS LIDERANÇA VISIONÁRIA: Um estudo com executivos no contexto organizacional brasileiro SARA ISABEL BEHMER SÃO PAULO 2005

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ... · sobre a importância de investir em pessoas para agregar valor ao negócio. x ... ANEXO C MODELO DE CARTA DE AGRADECIMENTO.....84

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  • PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE SO PAULO

    PROGRAMA DE ESTUDOS PS-GRADUADOS EM ADMINISTRAO DE EMPRESAS

    LIDERANA VISIONRIA:

    Um estudo com executivos no contexto

    organizacional brasileiro

    SARA ISABEL BEHMER

    SO PAULO

    2005

  • SARA ISABEL BEHMER

    LIDERANA VISIONRIA:

    Um estudo com executivos no contexto

    organizacional brasileiro

    Dissertao de mestrado apresentada Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, como parte dos requisitos para obter o ttulo de Mestre em Administrao de Empresas.

    rea de Concentrao: Organizao e Recursos Humanos

    Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos.

    SO PAULO

    2005

  • iii

    FICHA CATALOGRFICA

    Behmer, Sara Isabel

    Liderana Visionria: Um estudo com executivos no contexto organizacional brasileiro. Sara Isabel Behmer So Paulo: PUC, 2005.

    98 p.

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Estudos Ps-graduados em Administrao de Empresas da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, como pr-requisito para obter o ttulo de Mestre em Administrao.

  • iv

    SARA ISABEL BEHMER

    LIDERANA VISIONRIA:

    Um estudo com executivos no contexto

    organizacional brasileiro

    BANCA EXAMINADORA

    _____________________________ Presidente

    _____________________________ Titular

    _____________________________

    Titular

    Dissertao de Mestrado defendida e aprovada em: ___/___/___.

  • v

    Ao meu marido, Frederico Behmer, que sempre valorizou minha carreira

    profissional e me estimulou a evoluir.

    Ao meu pai, Caetano Pinton, que me inspirou coragem para falar o que penso.

    A minha me, Helena Ferreira Pinton, cujo incentivo fez com que eu perseguisse

    meus sonhos.

    Aos meus filhos, Patrcia e Frederico, que me fizeram enxergar mais alto e buscar

    elevados padres de excelncia.

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    Ao iniciar esta jornada, meu sonho era mostrar que investir em pessoas

    agregava valor s organizaes.

    No decorrer do caminho, embora descobrisse que realizar esse sonho no

    seria fcil, algumas pessoas contriburam muito para que eu o atingisse e tornasse

    tangvel aquilo que, primeira vista, parecia intangvel.

    Agradeo imensamente Prof. Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos

    Santos, minha orientadora, que com sabedoria me fez refletir e encontrar o caminho.

    Agradeo a amizade, a disposio, a contribuio e a incansvel orientao que

    muito contribuiu para a qualidade deste trabalho.

    Agradeo ao Prof.Dr. Rubens Fam, que me ajudou a dar os primeiros

    passos para realizar este estudo, sugerindo que o conceito da Teoria de Agncia

    poderia ser um norte.

    Agradeo aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Claude

    Machline e Prof. Dr. Sergio Gozzi, pelas valiosas crticas e sugestes.

    Agradeo aos sempre amigos e parceiros profissionais, Alexandre Garret

    e Joo Honrio, que me ajudaram na difcil tarefa de contatar profissionais para

    responder a pesquisa.

    Agradeo aos presidentes, diretores gerais ou gerentes gerais de

    empresas, que dividiram seu tempo para responder a pesquisa que gerou esta

    dissertao.

    Agradeo a meus queridos lderes, Oswaldo Melantonio Filho, presidente

    da Ticket Servios SA; e Amlcar Melndez, presidente para Amrica Latina da

    AVON Cosmticos Ltda., pelo apoio no sentido de que este estudo fosse concludo.

    Agradeo ao meu amigo Sergio Ferreira, que me orientou nos primeiros

    passos para a apresentao do projeto de pesquisa deste estudo.

    Aos meus familiares agradeo a compreenso pelos momentos de

    ausncia e distanciamento das responsabilidades domsticas enquanto me dedicava a

    este trabalho.

    A Deus agradeo pelo prazer, entusiasmo e alegria durante todo o tempo

    empenhado neste estudo, desde a pesquisa at a redao final.

  • vii

    Tudo aquilo que voc:

    vividamente imaginar,

    ardentemente desejar,

    sinceramente acreditar,

    e sobre o qual entusiasticamente

    agir, inevitavelmente acontecer.

    Paul J. Meyer

  • viii

    Autorizo, exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou parcial desta dissertao por processos de fotocopiadoras ou eletrnicos.

    Assinatura: ______________________ Local e Data _____________

  • ix

    RESUMO

    No mundo contemporneo, a liderana tem sido considerada uma das

    questes fundamentais para o sucesso das organizaes, haja vista a crescente

    procura por lderes que garantam o sucesso das agncias, aqui entendidas como os

    profissionais que esto na liderana das organizaes, respondendo pelos interesses

    dos acionistas.

    Dentre as muitas teorias de liderana desenvolvidas nos ltimos cem

    anos, h as Teorias Contemporneas de Liderana e, fazendo parte dessas, chama-

    nos a ateno a abordagem da Liderana Visionria desenvolvida por Burt Nanus em

    1992.

    Essa abordagem prope uma forma de liderar que beneficia as

    organizaes de uma forma holstica, e os resultados disso se refletem na

    comunidade como um todo, isto : funcionrios, fornecedores, acionistas e clientes.

    Sob esse estilo de direo, inevitavelmente as organizaes obtm sucesso.

    O propsito deste estudo, portanto, analisar se lderes de sucesso

    concordam com a abordagem de Burt Nanus e, em caso afirmativo, como a aplicam.

    Para tanto, realizamos uma pesquisa com o primeiro lder de vrias empresas com

    fins lucrativos.

    Os dados foram coletados por um questionrio em que se utilizou uma

    escala de tipo Likert de 5 possibilidades, e avaliou-se o grau de

    concordncia/discordncia com os conceitos da Liderana Visionria. Pesquisou-se,

    ainda, quais os meios reconhecidos pelos participantes como responsveis pelo

    desenvolvimento desse estilo de liderana.

    Os resultados obtidos apontam que os lderes pesquisados se consideram

    visionrios, reafirmam o conceito da liderana visionria, e sugerem meios para

    serem utilizados no seu desenvolvimento. A partir desses dados, pudemos refletir

    sobre a importncia de investir em pessoas para agregar valor ao negcio.

  • x

    ABSTRACT

    Leadership has been considered one of the basic issues for a successful

    company in the contemporary world since there is an upward demand for leaders that

    are able to sustain the Agency s success. The concept of Agency has to be

    understood as professionals that are in leadership positions inside the organization

    and are working for the stockholders.

    Among the many leadership theories developed in the last ten decades

    there is the group of Contemporary Leadership Theories and in this group there is

    one theoretical approach that outstands, the Visionary Leadership approach

    developed by Burt Nanus in 1992.

    This approach suggests a way of leadership that holistically benefits the

    organization which results are reflected in every stakeholder. Organizations

    inevitably achieve success under this kind of management.

    Therefore the purpose of this study is to analyze if nowadays successful

    leaders agree with the approach suggested by Burt Nanus and if they do so, how this

    is put into practice. In order to obtain the data for this study, a research was

    conducted with the first leader of many profit-oriented companies.

    Data were collected through a questionnaire using the Likert 5

    possibilities scale in order to asses the degree of agreement / disagreement with the

    Visionary Leadership concepts. Also was researched with those leaders, which were

    the recognized drivers that lead to the development of this leadership style.

    The obtained results point that the researched leaders considers

    themselves visionary leaders, validating the visionary leadership concept and

    suggesting ways to be used in its development. From this data was possible to reflect

    about the importance of investing in people to add value to the company.

  • xi

    SUMRIO

    CAPTULO I INTRODUO ............................................................................ 1

    1.1 A Importncia do Estudo................................................................................... 1

    1.2 Antecedentes ..................................................................................................... 4

    1.3 Formulao e Delimitao do Problema ........................................................... 7

    1.4 Apresentao das Hipteses .............................................................................. 8

    1.5 Objetivos do Estudo .......................................................................................... 9

    1.6 Sumrio dos Captulos....................................................................................... 9

    CAPTULO II FUNDAMENTAO TERICA............................................. 11

    2.1 Natureza e Definio da Liderana ................................................................. 11 2.1.1 Caractersticas de Gerentes e de Lderes .................................................. 13 2.1.2 Definio de Liderana............................................................................. 14

    2.2 Transio das Teorias de Liderana ................................................................ 14 2.2.1 Teoria dos Traos ..................................................................................... 15 2.2.2 Teorias Comportamentais......................................................................... 15 2.2.3 Teorias Contingenciais ............................................................................. 16 2.2.4 Abordagem mais Recentes de Liderana Teorias Contemporneas...... 19

    2.2.4.1 Teoria da Atribuio de Liderana .................................................... 19 2.2.4.2 Teoria da Liderana Carismtica....................................................... 20 2.2.4.3 Liderana Transacional versus Transformacional............................. 21

    2.3 Liderana Visionria ....................................................................................... 23 2.3.1 A importncia da Liderana Visionria.................................................... 27 2.3.2 Desenvolvimento da Liderana Visionria .............................................. 29

    2.4 Conceito de Agncia ....................................................................................... 34

    CAPTULO III PLANEJAMENTO DO ESTUDO ........................................... 38

    3.1 Tipo de Estudo................................................................................................. 38

    3.2 Participantes .................................................................................................... 38

    3.3 Coleta de Dados............................................................................................... 39

    3.4 Questionrio de Pesquisa................................................................................. 39

    3.5 Apresentao e Anlise dos Dados ................................................................. 41 3.5.1 Anlise Estatstica .................................................................................... 41 3.5.2 Anlise Descritiva dos Entrevistados e das Organizaes que Lideram.. 41 3.5.3 Liderana Visionria Anlise Conceitual .............................................. 46 3.5.4 Confirmao da Abordagem Terica pela Percepo dos Executivos..... 47 3.5.4 Meios para o Desenvolvimento da Liderana Visionria......................... 55 3.5.5 Comentrios Espontneos dos Respondentes sobre o Estudo.................. 57

  • xii

    CAPTULO IV CONSIDERAES FINAIS E LIMITAES DO ESTUDO61

    BIBLIOGRAFIA................................................................................................... 64

    Livros............................................................................................................. 64 Consultas Internet ....................................................................................... 68

    ANEXOS............................................................................................................... 69

    ANEXO A CARTA CONVITE PARTICIPAO DA PESQUISA ............ 70

    ANEXO B QUESTIONRIO DE PESQUISA ................................................. 71

    ANEXO C MODELO DE CARTA DE AGRADECIMENTO ......................... 84

  • xiii

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Distribuio da amostra com relao ao tempo de exerccio no

    cargo de presidncia. ...............................................................................42

    Grfico 2 Distribuio da amostra com relao formao acadmica ....................43

    Grfico 3 Distribuio da amostra em relao ao nmero de funcionrios

    na empresa. ..............................................................................................44

    Grfico 4 Distribuio dos entrevistados quanto ao tempo de existncia

    da empresa em que trabalham. ................................................................45

    Grfico 5 Distribuio dos entrevistados em relao ao segmento da empresa

    em que trabalham. ...................................................................................46

    Grfico 6 Distribuio dos entrevistados em relao a enfrentar situaes

    desafiadoras em que a liderana visionria possibilitou conquistar

    reconhecimento destacado.......................................................................47

    Grfico 7 Aes e programas para suporte ao desenvolvimento da liderana

    visionria dos entrevistados.....................................................................56

    Grfico 8 Distribuio dos entrevistados em relao ao nmero de programas de

    treinamentos e desenvolvimento realizados por ano ...............................57

  • xiv

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Caractersticas de Gerentes e Lderes.........................................................13

    Quadro 2 Evoluo das Teorias de Liderana............................................................14

    Quadro 3 Caractersticas do Lder Carismtico .........................................................20

    Quadro 4 Caractersticas do Lder Carismtico Distante e Prximo..........................21

    Quadro 5 Diferenas entre Gerentes e Lderes...........................................................26

    Quadro 6 Foras Modeladoras das Organizaes do Sculo XXI .............................28

  • CAPTULO I INTRODUO

    1.1 A IMPORTNCIA DO ESTUDO

    O interesse neste estudo vem do fato de que o estilo de liderana

    reconhecido como fator de sucesso ou fracasso nas empresas. Na gesto

    contempornea, a liderana visionria tem sido destacada como um modelo que

    abraa todas as questes atuais que corroboram o sucesso das organizaes, quais

    sejam: viso de futuro, prosperidade, motivao e mobilizao das equipes. nesse

    contexto que estudaremos a liderana visionria e sua importncia para o xito das

    organizaes.

    Acreditamos que o treinamento de lderes seja um dos recursos para

    desenvolver a liderana visionria. Entretanto, o valor gasto em treinamento nas

    empresas classificado contabilmente como despesa e, assim sendo, suscetvel a

    cortes para satisfazer as necessidades de reduo de custos. Essa situao explicada

    por Reichheld (1996), que nos mostra que o modelo de negcios dos dias de hoje

    conduz as empresas definio de uma meta de lucro cada dia maior, o que, em

    contrapartida, demanda crescimento das vendas e reduo de custos e despesas,

    ameaando, assim, a capacitao de lderes.

    Autores como Fitz-enz (1995), Levering (1997), Flamholtz (1999),

    Friedman (2000) Becker (2001), embora tenham buscado argumentos para

    demonstrar que o investimento em treinamento de pessoas beneficia as organizaes,

  • 2

    ainda no conseguiram convencer os analistas financeiros, os quais tambm no

    reconhecem o Balano Social desenvolvido por vrias empresas.

    Ainda assim, acreditamos que o resultado da atuao do lder pode ser

    apresentado e reconhecido por dois aspectos de competncia, quais sejam: o

    Profissional e o da Administrao Financeira Corporativa. A propsito destacamos

    que competncia a qualidade de quem capaz de apreciar e resolver certo assunto,

    fazer determinada coisa . Ferreira (1985)

    Ulrich (2000) estudou a liderana voltada para resultados e afirma que

    empresas bem-sucedidas tm lderes competentes no seu comando. Segundo ele, para

    que haja sucesso e perenidade, a administrao de uma empresa precisa ser realizada

    por profissionais preparados e competentes para tal, j que tm, sob sua

    responsabilidade, o controle da empresa.

    Ao analisar a atuao do lder quanto ao aspecto da competncia da

    Administrao Financeira Corporativa, chegamos Teoria das Agncias apresentada

    por Ross (1995), que parte do princpio de que a gesto de uma empresa realizada

    pela Alta Administrao, a qual chamada de Agncia e composta do Presidente

    ou Gerente Geral e sua equipe direta. A agncia tem a responsabilidade bsica de

    gerar retorno para seus acionistas ou proprietrios. A Teoria das Agncias defende

    que a relao entre a Agncia e os acionistas contratual e, portanto, os objetivos dos

    administradores so diferentes dos objetivos dos acionistas; assim sendo, se deixarem

    os lderes pertencentes Alta Administrao sem controle, eles vo defender apenas

    seus prprios interesses e no os interesses dos acionistas ou proprietrios. A essa

    condio Ross (1995) chama conflito de agncia.

    Segundo Ross (1995, p.36), agncia

  • 3

    mais do que um conjunto de contratos. Um dos direitos

    contratuais um direito residual (de propriedade) sobre os ativos e

    os fluxos de caixa da empresa. Este contrato pode ser definido

    como uma relao entre principal e agente. Os membros da equipe

    administrativa so os agentes, e os fornecedores de capital prprio

    (acionistas) so os principais. Supe-se que os administradores e

    os acionistas, deixados por sua conta, procuraro agir segundo

    seus prprios interesses .

    Uma das maneiras de se reduzirem os conflitos de agncia, ainda

    segundo Ross (1995), desencorajar a Alta Administrao de atuar de maneira

    contrria aos interesses dos acionistas por meio de programas de incentivos

    apropriados aos administradores e acompanhar seu comportamento; entretanto, essa

    soluo complexa e dispendiosa. Assume-se que os problemas de agncia nunca

    podem ser perfeitamente solucionados e que a Alta Administrao nem sempre

    atuar segundo os interesses dos acionistas.

    Se considerarmos os aspectos da Teoria das Agncias e os da

    Competncia Profissional, a liderana visionria proposta por Nanus (1992) pode ser

    uma forma de se obter o sucesso das agncias, pois, segundo Robbins (1999), as

    teorias mais recentes sobre liderana fazem referncia liderana visionria como

    fundamental para o sucesso das organizaes.

    Neste trabalho, portanto, estudamos a liderana visionria para avaliar

    sua importncia como fator de sucesso da agncia. Ser analisado o desenvolvimento

    da liderana visionria em pessoas que trabalham nas agncias e se essa varivel

    influencia no sucesso e perenidade das empresas. Toda vez que nos referirmos s

    pessoas que atuam na Agncia, estaremos nos dirigindo Alta Administrao.

    Nesse sentido, a abordagem aqui refere-se importncia do investimento

    em pessoas da Alta Administrao que atuam nas agncias. Segundo Flamholtz

    (2000), que estudou como construir organizaes de sucesso, essas necessitam ser

  • 4

    dirigidas de maneira profissional para beneficiar funcionrios, clientes, fornecedores

    e acionistas.

    Arriscando-nos a ir ainda um pouco mais longe, este estudo visa tambm

    a colaborar para a criao de agncias bem-sucedidas geradoras de resultados que

    beneficiam a comunidade como um todo, e servir como fonte de referncia aos

    profissionais de recursos humanos na defesa da premissa de que investir na Alta

    Administrao agrega valor ao negcio.

    1.2 ANTECEDENTES

    Destacamos alguns autores que elucidam nossa proposta.

    O Frei Lucas Pacciolo desenvolveu a teoria das partidas dobradas, que

    a metodologia mundialmente utilizada para se analisar os resultados de uma

    organizao. Sua obra publicada em 10 de novembro de 1494, em Veneza, intitulada

    "Summa de Aritmtica, Geometra, Proportionati Et Proportionalita", contm a teoria

    das partidas dobradas, bero das teorias contbeis. Utilizada at os dias de hoje, ela

    considera o balano entre ativos (prdios, mveis e utenslio, mquinas, veculos,

    marcas e patentes, capital, estoques, contas a receber, ttulos a receber) e passivos

    (capital, lucros e perdas, ttulos a pagar, impostos a pagar, contas a pagar, dvidas) de

    uma organizao para se controlar o resultado da mesma. Tanto os ativos quanto os

    passivos so tangveis e mensurveis.

    Ross estabelece que, por conveno, nos balanos financeiros analisados

    anualmente compara-se o resultado de um ano contra o resultado do ano anterior e os

    itens analisados so tangveis.

  • 5

    Um dos atributos de mais difcil visualizao e mensurao numa

    empresa sua rentabilidade. Num sentido geral, os lucros

    contbeis representam a diferena entre receita e custos.

    Infelizmente, no existe maneira completa clara de saber quando

    uma empresa lucrativa. Na melhor das hipteses, o que um

    analista financeiro pode medir a rentabilidade contbil presente

    e passada. Muitas oportunidades de negcio, porm, envolvem o

    sacrifcio de lucros correntes para que se obtenha lucros no futuro.

    Por exemplo, todos os produtos novos exigem custos de introduo

    elevados e, em conseqncia disso, geram lucros iniciais

    reduzidos. Portanto, os lucros correntes podem ser um reflexo

    muito inadequado da verdadeira rentabilidade futura . (Ross,

    1995, p. 52)

    Assim, considerando, por exemplo, a situao do investimento em um

    programa de treinamento ou desenvolvimento para determinado funcionrio, o

    produto ou benefcio desse investimento o conhecimento adquirido aplicado ao

    trabalho em uma determinada poca, que pode ser imediata ou no. Esse benefcio,

    por sua vez, intangvel, pois o conhecimento adquirido no algo fsico que se

    possa tocar, armazenar e demonstrar sua rentabilidade financeira para a organizao.

    Logo, se o produto adquirido por meio dos investimentos em treinamento no podem

    ser considerados ativos para serem contabilizados e sua utilidade no pode ser

    comprovada dentro dos atuais conceitos contbeis, os valores aplicados em

    treinamentos so, ento, unicamente considerados despesas.

    Reichheld (1996), que vem estudando fidelizao de clientes h mais de

    10 anos, conclui que hoje se tem uma viso radicalmente diferente do que no

    passado. Ele assegura que o fundamental para se ter sucesso nos negcios a criao

    de valor para o cliente, o qual gera energia que mantm o negcio no hoje e no

    amanh. A existncia e continuidade do negcio, portanto, depende da criao de

    valor para o cliente. O referido autor mostra que somente os profissionais

    comprometidos com a perenidade da organizao criam valor para os clientes.

  • 6

    Afirma, ainda, que a fidelizao do profissional empresa fator fundamental para

    conquistar o cliente e, para fidelizar o profissional, preciso investir em treinamento

    e desenvolvimento, fator crtico para se ter produtividade superior. Reichheld ressalta

    tambm que o treinamento deve estar atrelado estratgia do negcio e somado

    estratgia para reter os profissionais.

    Um lder competente traz sucesso para si e para as empresas sem utilizar

    subterfgios que firam os princpios ticos. Krauss (1988) diz que o lder tem poder

    formal para deliberar sobre a maneira de fazer negcios na organizao.

    Robbins (2001) identifica as seguintes teorias de liderana: Teoria dos

    Traos, Teorias Comportamentais, Teorias Contingenciais, Teorias da Atribuio de

    Liderana, Teoria da Liderana Carismtica e, a mais recente, a Teoria da Liderana

    Visionria, a qual abordaremos neste trabalho. O diferencial desta ltima teoria est

    na sua abrangncia ao tratar a liderana considerando ganhos pessoais e para a

    comunidade de uma forma geral. Identifica-se, na Teoria da Liderana Visionria,

    uma oportunidade para o desenvolvimento de um lder de sucesso.

    Estudos mais profundos sobre liderana visionria foram realizados por

    Nanus (1992), que considera a na administrao contempornea como o fator mais

    relevante para se dirigir uma organizao com excelncia e com sucesso a curto e

    longo prazo. Ele considera que muitos dos lderes de sucesso no separam seus

    propsitos pessoais dos propsitos organizacionais. O referido autor relata que esse

    tipo de lder tem um inato senso de que sua vida parte de um propsito maior em

    que interesses organizacionais, sociais e pessoais so um todo.

    Nanus (1992, p.3) afirma:

    There is no more powerful engine driving an organization toward

    excellence and long-range success than an attractive, worthwile,

    and achievable vision of the future, widely sahared

  • 7

    Que traduzimos como: no existe fora motora mais poderosa para dirigir

    uma organizao em direo excelncia e ao sucesso de longo prazo do que uma

    viso de futuro atrativa e realista, amplamente compartilhada entre todos.

    Ao pesquisarmos sobre o tema, no encontramos registros a esse respeito

    nas publicaes de estudos graduados e ps-graduados da Pontifcia Universidade

    Catlica de So Paulo, Universidade So Paulo, e Escola de Administrao de

    Empresas de So Paulo FGV. Tambm no identificamos outras publicaes no

    Brasil.

    1.3 FORMULAO E DELIMITAO DO PROBLEMA

    Segundo Porter (1986), a organizao de sucesso tem crescimento

    sustentado, ou seja, aquele que acontece baseado na satisfao a curto, mdio e longo

    prazo de: acionistas, funcionrios, consumidores, fornecedores e da comunidade.

    Ao se analisarem as caractersticas do lder de viso, com base na Teoria

    da Liderana Visionria, nota-se que ela atende exigncia do crescimento

    sustentado.

    Assim sendo, fundamentamos tal idia atravs de uma pesquisa com

    lderes que esto frente de organizaes de sucesso. Buscamos identificar o quanto

    esses lderes concordam com os conceitos apresentados por Nanus (1992). Convm

    lembrar que, para fins deste estudo, organizaes de sucesso so empresas privadas

    com fins lucrativos e que no esto em processo de concordata ou falncia. Os

    lderes pesquisados foram os Presidentes ou Gerentes Gerais ou Diretores

    Presidentes que respondem pela administrao dessas organizaes.

    A questo de pesquisa divide-se em duas partes.

  • 8

    A primeira consiste em entender se esses lderes se consideram lderes

    visionrios na abordagem de Nanus (1992) e qual a percepo que eles tm sobre os

    conceitos deste estilo de liderana.

    A segunda visa a compreender o processo de desenvolvimento da

    liderana visionria e identificar quais os meios que contriburam para a formao do

    lder visionrio.

    1.4 APRESENTAO DAS HIPTESES

    Com base nas consideraes feitas por Nanus (1992), estabelecemos a

    primeira hiptese: a liderana visionria fator fundamental para que os

    profissionais da Alta Administrao possam ter sucesso no exerccio de suas funes,

    isto , construam organizaes de alto desempenho e beneficiem tambm a

    comunidade.

    A segunda hiptese a de que a liderana visionria pode ser

    desenvolvida por meio de aes estruturadas de treinamento e desenvolvimento. A

    sustentao dessa hiptese vem de diversas publicaes sobre formao e

    desenvolvimento de lderes, tais como: Kerr (2004), que comenta que muitos autores

    concordam que importante desenvolver lderes no comeo de suas carreira e no

    quando esses j esto em posio snior; Goldsmith (2003), para quem os recursos

    para desenvolver a liderana nos candidatos a ocuparem posies na Alta

    Administrao so a participao em programas de treinamento e desenvolvimento

    do tipo Coaching Executivo, Mentoring, Programas de Gesto Avanada etc.;

    McCall (2004), que, por sua vez, entende que a liderana pode ser desenvolvida por

    meio da experincia; e Leider (1996), que em sua obra A Suprema Tarefa da

    Liderana afirma que o lder do futuro precisa trabalhar no seu autodesenvolvimento.

  • 9

    1.5 OBJETIVOS DO ESTUDO

    Entendemos que os presidentes, ou gerentes gerais ou diretores

    presidentes tm em suas mos a responsabilidade pelo destino das organizaes, e

    que sua atuao afeta diretamente os funcionrios, fornecedores, clientes, acionistas,

    e a comunidade.

    Fomos buscar nesses lderes a confirmao dos conceitos apresentados

    por Nanus (1992) sobre liderana visionria. Procuramos ainda identificar na opinio

    de tais lderes qual foi o caminho realizado por eles para o desenvolvimento desse

    estilo de liderana, e qual a maneira recomendada por eles para se tornar um lder

    visionrio.

    Assim, dois so os objetivos deste estudo:

    entender o papel do lder visionrio para alcanar os resultados esperados pela

    organizao; e

    compreender de que maneira esse lder pode ser desenvolvido.

    1.6 SUMRIO DOS CAPTULOS

    O contedo desta anlise compe-se da seguinte maneira:

    Captulo I: apresentao do contexto geral da motivao que justificou o

    desenvolvimento deste estudo;

    Captulo II: apresentao, em seqncia cronolgica, das teorias de liderana e

    teoria de agncias, que sustentam esta pesquisa, especialmente a Teoria de

    Liderana Visionria, que est classificada nas teorias contemporneas de

    liderana;

  • 10

    Captulo III: descrio e desenvolvimento do estudo; quais as caractersticas dos

    participantes da pesquisa; a forma de coleta de dados; o questionrio de pesquisa

    bem como a escala utilizada para classificar os dados coletados. Esto detalhadas

    tambm as informaes sobre os dados obtidos e os resultados da anlise da

    pesquisa realizada;

    Captulo IV: concluses e consideraes finais obtidas a partir das teorias

    estudadas e comparadas com os dados levantados na pesquisa. Neste captulo

    encontram-se ainda as limitaes do estudo e a recomendao geral.

  • 11

    CAPTULO II FUNDAMENTAO TERICA

    Abordaremos aqui a evoluo das teorias de liderana at chegar s

    teorias contemporneas, dentre elas a Liderana Visionria. Ser feito, tambm, um

    comparativo entre as caractersticas dos gerentes e dos lderes.

    2.1 NATUREZA E DEFINIO DA LIDERANA

    Embora haja muitas pessoas buscando definir liderana e haja muitas

    formas de definir esse conceito, h algo em comum em todas as definies. Vejamos.

    Robbins apresenta uma viso completa e atual da evoluo das teorias de

    liderana:

    Liderana envolve um processo de influncia, as diferenas

    tendem a centrar-se em torno de se a liderana deve ser no-

    coercitiva (o oposto de usar autoridade, recompensas e castigo

    para exercer influncia sobre os seguidores) e se distinta de

    gerenciamento .Robbins (1999, p. 219)

    Segundo Schermerhorn (1999), a liderana um caso especial de

    influncia, que faz com que uma pessoa ou grupo faam o que o lder quer que seja

    feito. Ele se refere a dois tipos bsicos de teorias de liderana, a liderana tradicional

    e a liderana contempornea. A tradicional inclui a abordagem das caractersticas, do

    comportamento e da contingncia situacional; a contempornea enfatiza a

    combinao do carisma, da viso e da mudana.

  • 12

    J Jesuno, por sua vez, declara que

    Os estudos sobre liderana acham-se repartidos em termos

    globais entre duas grandes classes. A primeira consiste na

    identificao dos traos ou comportamentos caractersticos dos

    indivduos de autoridade legal ou formal para dirigir os outros. A

    designao consagrada na literatura para tais indivduos a de

    lderes formais. A segunda examina os traos e comportamentos

    dos indivduos que exercem maior influncia em grupos de tarefa

    (task groups) para os quais no se procedeu previamente a uma

    designao formal do lder. Tais indivduos so designados por

    lderes emergentes. Jesuno (1996, p.55)

    oportuno colocar que gerenciamento e liderana so diferentes papis.

    Robbins defende que, para uma organizao ter sucesso, precisa do exerccio dos

    dois papis, pois eles apresentam caractersticas diferentes, ainda que

    complementares. O referido autor comenta que lderes e gerentes so tipos de

    pessoas muito diferentes, eles diferem em motivao, histria pessoal e no modo de

    pensar e agir

    Robbins (1999 p. 219). O mesmo autor apresenta um estudo de John

    Kotter em que este defende que muitas organizaes so pouco lideradas e muito

    gerenciadas. Afirma que a caracterstica do gerente manter o status quo .

    Precisamos nos focar mais em desenvolver a liderana nas

    organizaes, porque as pessoas de hoje esto muito preocupadas

    em manter as coisas no organograma e dentro do oramento e em

    fazer o que foi feito ontem, fazendo apenas 5% melhor . Robbins

    (1999, p. 219)

    Os lderes, por suas caractersticas, so fundamentais para dirigir as

    pessoas em direo realizao de metas, pois, como veremos adiante, eles vo alm

    do usual e trazem resultados que os gerentes no so capazes de produzir.

  • 13

    2.1.1 Caractersticas de gerentes e de lderes

    Robbins (1999, p. 219) destaca as caractersticas que diferenciam

    gerentes e lderes, esquematizadas no Quadro 1, a seguir.

    GERENTES LDERES

    Gerentes tendem a adotar atitudes

    impessoais, s vezes at passivas, em

    relao a metas.

    Gerentes tendem a ver o trabalho como

    um processo de possibilidades

    envolvendo algumas combinaes de

    pessoas e idias, interagindo para

    estabelecer estratgias e tomar decises.

    Gerentes preferem trabalhar com

    pessoas: eles evitam atividades solitrias

    porque elas os tornam ansiosos. Eles

    relacionam-se com as pessoas de acordo

    com o papel que esto representando

    numa seqncia de acontecimentos ou

    um processo de tomada de deciso.

    O bom gerenciamento traz ordem e

    consistncia ao se projetarem planos

    formais, planejar estruturas

    organizacionais rgidas e acompanhar os

    resultados dos planos.

    Lderes tm uma atitude pessoal e ativa

    em relao a metas.

    Lderes trabalham em posies de alto

    risco na verdade, eles esto, em geral,

    temperamentalmente dispostos a buscar

    risco e perigo, sobretudo quando a

    oportunidade e a recompensa parecem

    altos.

    Lderes, que esto interessados em idias,

    relacionam-se com as pessoas de maneira

    mais intuitiva e com empatia.

    Liderana lidar com mudana. Lderes

    estabelecem direo desenvolvendo uma

    viso de futuro; ento eles incluem as

    pessoas comunicando a elas essa viso e

    inspirando a vencer obstculos.

    QUADRO 1

    CARACTERSTICAS DE GERENTES E LDERES

  • 14

    2.1.2 Definio de liderana

    Para efeito deste estudo, adotaremos a definio de liderana proposta

    por Robbins (1999, p.219):

    Liderana a capacidade de influenciar um grupo em direo

    realizao de metas.

    2.2 TRANSIO DAS TEORIAS DE LIDERANA

    Embora Jesuno (1996) e Schermerhorn (1999) tambm abordem a

    evoluo das teorias de liderana, consideraremos, neste estudo, por ser a mais atual,

    a evoluo das teorias de liderana apresentada por Robbins (1999), que comenta

    sobre 4 grupos de abordagens: Teoria de Traos, Teorias Comportamentais, Teorias

    Contingenciais e abordagens mais recentes, referindo-se s Teorias Contemporneas,

    em que est includa a Liderana Visionria. A evoluo das teorias de liderana est

    esquematizada no Quadro 2, a seguir.

    1900 Teoria dos Traos ou das Caractersticas Lder possui caractersticas inatas

    1940 Teorias Comportamentais Lder tem determinados comportamentos especficos

    (voltado para tarefas X voltado para pessoas)

    1960 Teorias Contingenciais Liderana dependendo da situao (Liderana Situacional)

    Delegar participar vender mandar

    1990 Teorias Contemporneas

    QUADRO 2 EVOLUO DAS TEORIAS DE LIDERANA

  • 15

    2.2.1 Teoria dos traos

    A Teoria dos Traos ou Teoria das Caractersticas, segundo Robbins

    (1999), a primeira abordagem para estudar a liderana e foi desenvolvida por volta

    dos anos 1900; aborda as caractersticas intrnsecas de cada pessoa e busca

    identificar atributos de personalidade, sociais, fsicos e intelectuais, comuns nas

    pessoas que so consideradas lderes. Ela defende que as caractersticas de um lder

    so inatas, e que, portanto, a pessoa nasce ou no com ela. Schermerhorn,(1999)

    refere que a Teoria dos Traos identifica caractersticas para diferenciar o grande

    homem , das massas, atravs de atributos como inteligncia, altura, dentre outros;

    uma vez identificados, tentar-se-ia relacion-los com o sucesso do lder e serviriam

    de critrio para escolher os lderes.

    Essa teoria no se sustentou ao longo dos anos, pois, em pesquisas

    realizadas, no se conseguia evidenciar que os traos estavam consistentemente

    associados aos lderes.

    2.2.2 Teorias comportamentais

    De acordo com Schermerhorn (1999), as Teorias Comportamentais,

    realizadas entre o fim de 1940 e incio de 1960, foram o passo seguinte para explicar

    o sucesso do lder; essa teoria baseia-se na observao do comportamento em vez de

    tratar dos traos subjacentes especficos que os lderes apresentam.

    Segundo Jesuno (1996), o mais conhecido dos exemplos das teorias

    comportamentais a Grade Gerencial de Blake e Mouton (1964), que apresenta o

    estilo gerencial baseado na combinao de duas variveis de comportamento

    observveis: preocupao com as pessoas e preocupao com a produo. Essa teoria

  • 16

    teve relativo sucesso, pois alguns estudos fortaleceram o conceito, entretanto o estilo

    do lder poderia no ser eficaz dependendo da situao.

    Robbins (2001) afirma que houve um sucesso modesto na identificao

    das relaes consistentes entre padres de comportamento de liderana e

    desempenho de grupos, pois as situaes mudam e o estilo de liderana precisa

    mudar. Comenta que as abordagens comportamentais no reconhecem mudanas nas

    situaes.

    2.2.3 Teorias contingenciais

    As Teorias Contingenciais ou Teoria de Contingncia Situacional foi

    desenvolvida no fim dos anos 60. Conforme Schermerhorn (1999, p.228),

    As principais contribuies para essa segunda perspectiva

    tradicional de liderana incluem o trabalho de Fred Fiedler,

    Robert House, Paul Hersey e Kenneth Blanchard, e Steven Kerr e

    John Jermier.

    Essa teoria defende que os estilos de liderana tm efeitos diferentes

    dependendo da situao; ento, para um lder ter sucesso, ele deveria apresentar a

    caracterstica ideal para determinado tipo de situao.

    Segundo Robbins, o primeiro modelo de liderana contingencial foi

    desenvolvido por Fred Fieldler, este modelo

    prope que o desempenho eficaz do grupo depende da

    combinao apropriada entre estilo de interagir do lder com seus

    subordinados e o grau em que a situao d controle e influencia

    ao lder . Robbins (1999, p 222)

  • 17

    A teoria de Fieldler est sustentada no instrumento que ele prprio

    desenvolveu chamado (CTMP), questionrio do colega de trabalho menos preferido,

    que pretende medir se uma pessoa orientada para tarefas ou para relacionamentos.

    A esse estilo de liderana ele fazia estudos combinando com a situao.

    Fielder identificou trs dimenses contingenciais que, argumenta

    ele, definem os fatores situacionais chave que determinam a

    eficcia da liderana. So elas relaes lder-membro, estrutura da

    tarefa e poder da posio. Elas so definidas como:

    1. Relaes lder-membro: o grau de segurana, confiana e

    respeito que os subordinados tm por seu lder.

    2. Estrutura da tarefa: o grau de procedimento que as misses de

    trabalho tm (isto estruturadas ou desestruturadas).

    3. Poder da posio: o grau de influncia que um lder tem sobre

    variveis de poder como contrataes demisses, atos

    disciplinadores, promoes e aumentos de salrios . Robbins,

    (1999, p 222)

    O modelo de Fieldler avalia tambm a qualificao das trs variveis.

    Relaes lder-membro so boas ou ms, a estrutura da tarefa

    alta ou baixa, o poder da posio e alto ou baixo . Robbins

    (1999, p 222)

    Esse modelo obteve relativo sucesso pela sua dificuldade de mensurao

    na prtica.

    A teoria da liderana situacional, desenvolvida por Hersey e Blanchard

    (1977), um modelo muito aplicado at hoje para o desenvolvimento de lderes.

    A liderana situacional usa as mesmas dimenses de liderana

    que Fieldler identificou: comportamentos de tarefas e

  • 18

    relacionamentos. Entretanto Hersey e Blanchard do um passo

    alm considerando cada uma como alta ou baixa e, ento,

    combinando-as em quatro comportamentos especficos de lder:

    narrar, vender, participar e delegar. Eles esto descritos como se

    segue:

    Narrar (tarefa alta

    relacionamento baixo) O lder define papeis e

    diz s pessoas o qu, como quando, e onde fazer vrias tarefas. D

    nfase ao comportamento diretivo.

    Vender (tarefa alta - relacionamento alto). O lder fornece tanto

    comportamento diretivo como comportamento de apoio.

    Participar (tarefa baixa

    relacionamento alto). O lder e o

    seguidor partilham da tomada de deciso, e o papel principal do

    lder o de facilitar e comunicar.

    Delegar (tarefa baixa

    relacionamento baixo). O Lder fornece

    pouca direo ou apoio . Robbins (1999, p 225)

    A teoria da liderana situacional prope que no h uma nica forma

    melhor de liderar.

    Mais especificamente, a teoria da liderana situacional identifica

    quatro estilos de liderana: delegar, participar, vender e mandar.

    Cada um deles destaca uma combinao diferente de

    comportamentos de tarefa e de relacionamento, de acordo com

    liderados situados em cada um dos quatro nveis de maturidade.

    Schermerhorn (1999, p.230)

    Segundo essa teoria, o lder desenvolve a capacidade de diagnosticar a

    situao dos seus liderados em termos de maturidade para realizar a tarefa a ser

    executada e escolher a melhor forma de se posicionar enquanto lder.

  • 19

    2.2.4 Abordagens mais recentes de liderana teorias contemporneas

    Robbins (1999) comenta que temos quatro abordagens recentes sobre

    liderana, so elas: a Teoria da Atribuio de Liderana, a Teoria da Liderana

    Carismtica, a Liderana Transacional Versus Transformacional e a Liderana

    Visionria. Vamos fazer uma rpida explanao de cada uma delas e nos

    aprofundarmos na liderana visionria, objeto deste estudo.

    2.2.4.1 Teoria da atribuio de liderana

    Schermerhorn (1999) coloca que a Teoria da Atribuio de Liderana foi

    a fase posterior s da identificao das caractersticas do lder e seus efeitos, pois na

    teoria anterior concluiu-se que nem sempre as caractersticas do lder podiam ser

    identificadas e mensuradas. A Teoria da Atribuio de Liderana defende que a

    liderana meramente uma questo de atribuio do papel de lder.

    A Teoria da Atribuio de Liderana define que:

    liderana meramente uma atribuio que as pessoas fazem a

    outros indivduos . Robbins (1999, p.232)

    Sendo assim, ela defende que a liderana uma mera atribuio de

    poder, o qual interfere na percepo de que se tem do lder.

    Isso ajuda a responder sobre a vulnerabilidade dos CEOs (Chief

    Executive Officer - primeiro responsvel por uma organizao),

    quando suas organizaes sofrem um grande golpe financeiro,

    independente de eles terem ou no muito a ver com isso. Tambm

    responde por que se tende a dar crdito a esses CEOs por

    resultados financeiros extremamente positivos

    de novo,

    independentemente de quanto eles tenham contribudo para isto .

  • 20

    Essa teoria mostra que o julgamento que se tem de um lder facilmente

    influenciado pela percepo ou pela imagem mental que se faz do bom lder e que

    pode ser diferente do que o verdadeiro lder seria; como conseqncia, no se

    consegue correlacionar com preciso ao e resultados do lder.

    2.2.4.2 Teoria da liderana carismtica

    Robbins (1999) comenta que a Teoria da Liderana Carismtica uma

    continuidade da Teoria da Atribuio na medida em que se atribuem ao lder de

    sucesso capacidades hericas pelos seus feitos extraordinrios. Destaca, ainda, que

    estudos mostram que os lderes carismticos apresentam quatro caractersticas

    bsicas, as quais tambm so citadas por Schermerhorn (1999) (ver Quadro 3, a

    seguir).

    ROBBINS (1999) SCHERMERHORN (1999)

    Viso ou sentido de objetivo muito atraente

    Capacidade de comunicar essa viso em termos claros

    Coerncia e foco na busca dessa viso

    Conhecimento de seus pontos forte e capitalizao em cima

    deles.

    Autoconfiana

    Honestidade

    Autoridade

    Sacrifcio

    QUADRO 3

    CARACTERSTICAS DO LDER CARISMTICO

    Schermerhorn (1999), alm de identificar quatro caractersticas do lder

    carismtico, descreve ainda que ele pode ser classificado entre carismtico distante,

    aquele que tem pouco ou nenhum contato fsico; e carismtico prximo, aquele que

    tem contato fsico prximo em reunies, por exemplo (ver Quadro 4, a seguir).

  • 21

    LDER CARISMTICO DISTANTE LDER CARISMTICO PRXIMO

    Persistncia

    Habilidades Retricas

    Coragem

    nfase na coragem social (expressar opinies, no se

    conformando com as presses).

    Orientao ideolgica

    Sociabilidade

    Experincia

    Humor

    Dinamismo, atividade

    Aparncia fsica

    Inteligncia

    Definio de altos

    padres

    Originalidade

    QUADRO 4

    CARACTERSTICAS DO LDER CARISMTICO DISTANTE E PRXIMO

    Esses estudos sobre a liderana carismtica mostram que existe

    correlao entre lderes carismticos, alto desempenho e alta satisfao dos

    seguidores. Demonstram, ainda, que a liderana carismtica pode ser desenvolvida.

    2.2.4.3 Liderana transacional versus transformacional

    Outra abordagem sobre liderana defende que podemos classificar os

    lderes em transacionais e transformacionais. Segundo Schermerhorn (1999, p 234),

    Com base nas idias de James Mac Gregor Burns bem como nas

    idias do trabalho de House, Bernard Bass desenvolveu uma

    abordagem que focaliza tanto a liderana transformacional quanto

    a transacional. Segundo ele, A liderana transacional envolve

    trocas dirias entre os lderes e os subordinados e necessria

    para que se consiga um desempenho de rotina de comum acordo

    entre lderes e subordinados.

  • 22

    Essas trocas envolvem 4 dimenses:

    recompensas contingenciais (prmios em troca do atingimento de metas);

    administrao ativa (observar desvios de regras e padres e tomar medidas

    corretivas);

    administrao passiva (interveno apenas se os padres no forem alcanados);

    laissez-faire (abdicar das responsabilidades e no acompanhar o subordinado).

    Segundo Schermerhorn (1999, p 235), a liderana transformacional

    muito mais atuante, pois:

    ocorre quando os lderes ampliam e elevam os interesses dos seus

    liderados, quando geram a conscientizao e a aceitao dos

    propsitos e da misso do grupo e quando incentivam os liderados

    a olhar alm do seu prprio interesse, vendo o bem dos demais.

    A liderana transformacional tem 4 dimenses:

    Carisma;

    Inspirao;

    Estmulo Intelectual;

    Considerao Individualizada .

    Robbins (2001) considera, sobre essa abordagem, que, de uma forma

    genrica, os gerentes so transacionais, pois motivam seus seguidores apenas na

    direo das metas estabelecidas; j o lder transformacional e tambm carismtico,

    quando inspira os seguidores a transcenderem seus prprios interesses para o bem da

    organizao. Exemplos de lderes transformacionais citados na obra de Robbins

    (2001, p.234):

    Leslie Wexner da cadea de lojas de varejo The Limeted e Jack

    Welch da General Eletric .

  • 23

    Robbins (1999, p. 235) conclui que:

    A evidncia geral indica que a liderana transformacional est

    mais fortemente correlacionada do que liderana transacional a

    taxas de rotatividade mais baixas, produtividade alta e satisfao

    de empregados mais alta .

    2.3 LIDERANA VISIONRIA

    A liderana visionria tem sido estudada desde 1990, sendo a primeira

    publicao especfica a de Nanus (1992), que foi seguida por outros autores, os quais

    reforam que o lder visionrio contribui destacadamente para o sucesso e a

    perenidade da organizao e do mundo de uma forma geral. A liderana visionria

    vai alm da liderana carismtica.

    Nanus(1992) pesquisou centenas de lderes levantando informaes sobre

    o tema liderana e viso. Como professor emrito de gerenciamento da Scholl of

    Business Administration at University of Southern Califrnia (USC) e diretor de

    pesquisas da USC Leadership Institute, teve a oportunidade de se dedicar ao estudo

    da liderana visionria e de ajudar lderes, em vrios tipos de organizao, a

    desenvolver suas habilidades como lderes visionrios. Essa atividade trouxe muitas

    contribuies que esto incorporadas na obra de Nanus; entretanto, todas as

    contribuies apenas fortaleceram a tese sobre liderana visionria. Ele considera

    que A viso indispensvel para o sucesso do mundo de hoje .

    Relacionamos, a seguir, a definio de liderana visionria segundo

    alguns autores:

    Nanus (1992, p. 8) define liderana visionria como:

  • 24

    Criar uma viso realista, crvel, atrativa do futuro para a

    organizao .

    Robbins (1999, p. 235) refere em sua obra que:

    Liderana Visionria a capacidade de criar e articular uma

    viso realista, crvel e atraente do futuro para uma organizao ou

    unidade organizacional que cresce e melhora a partir do presente.

    Essa viso, se selecionada e implementada apropriadamente, to

    energtica que na verdade d partida para o futuro clamando por

    habilidades, talentos e recursos para faz-lo acontecer .

    Jones (1995) refere-se a estudos que demonstram que, quando a viso

    comunicada, ela provoca um aumento de produtividade. O referido autor defende em

    sua obra que a viso traduzida em um propsito maior um ingrediente vital para a

    psique humana mobilizar-se para a ao. Comenta sobre estudos que mostram que as

    pessoas iro trabalhar com mais afinco e por mais tempo em projetos, quando elas

    entendem o significado completo da sua contribuio individual. Apresenta um

    exemplo de uma fbrica de avies onde os trabalhadores foram divididos em dois

    grupos. Para o primeiro grupo, o lder simplesmente informou aos trabalhadores

    sobre a tarefa que deveria ser realizada. J os trabalhadores do segundo grupo foram

    levados para o laboratrio de engenharia e lhes foi mostrado como cada pea iria

    montar um fantstico avio, o qual iria voar mais rpido, e como a contribuio de

    cada trabalhador seria importante para o sucesso do avio. Sem qualquer incentivo

    adicional, o segundo grupo apresentou produtividade superior. Isso evidencia a fora

    que uma viso ganha ao ser comunicada.

    Fritz (1996) define que lderes visionrios so construidores de novas

    possibilidades, trabalhando com imaginao, intuio e ousadia. Eles apresentam o

    desafio para as pessoas de forma a envolv-las e motiv-las para a conquista da meta.

    Comenta sobre a necessidade de o lder visionrio possuir viso e destaca que a

  • 25

    organizao evolui quando criada uma viso clara, largamente entendida entre a

    situao real e a ideal, de tal forma que se estimulam as pessoas a trabalhar juntas

    para reduzir a distncia entre elas. Refere ainda que existe uma profunda ligao

    entre o lder e o desempenho, e que o verdadeiro lder visionrio leva as pessoas a

    darem o melhor de si. O lder visionrio reconhece que existem verdades diferentes

    em muitas situaes de conflito na nossa sociedade atual. Ento ele procura solues

    que transcendem as solues clssicas e busca o melhor para todos, a partir de uma

    anlise profunda das causas do conflito ou problema, quebrando paradigmas e

    encontrando novas formas de atuao.

    McLaughlin (2001) define que liderana visionria est baseada no

    equilbrio entre expresso espiritual, mental, emocional e dimenso fsica. Para tal

    so necessrios valores universais, viso clara, relacionamento que estimule o

    sentimento de posse das pessoas e uma ao inovadora. Todas essas dimenses

    precisam ser atendidas para que se tenha uma liderana visionria. De acordo com o

    referido autor, os lderes visionrios so especialmente dotados para transformar

    velhos paradigmas e criar estratgias fora dos pensamentos convencionais. Esses

    lderes fazem uso tanto da razo quanto da intuio.

    O consultor americano Ben Gill1 pesquisou caractersticas de 55 lderes

    de companhias americanas e, a partir da, identificou a liderana visionria como um

    diferencial dos lderes. Gill ensina que o papel que o Presidente de uma

    organizao jamais pode delegar o papel de Visionrio da Organizao . Para ele,

    a definio de lder visionrio uma pessoa que influencia pessoas a atingir um

    propsito , ele nos convida a pensar sobre a profundidade dessa afirmao, pois, se

    ns relembrarmos dos grandes feitos na humanidade, vamos perceber que foram

    lderes visionrios que levaram pessoas a realizar grandes conquistas.

    _____________ 1 Fonte: Pesquisa Internet. Jan/2004

  • 26

    Nanus (1992) afirma que viso a chave da liderana, e que o trabalho

    do lder visionrio composto de quatro tarefas:

    estabelecer uma viso;

    ser agente de mudanas;

    negociar e defender essa viso; e

    treinar e inspirar a equipe a seguir a viso.

    Considerando-se que o lder visionrio sempre promove mudanas, a

    viso precisa estar presente no apenas no incio do processo de mudana, mas

    tambm durante todo o ciclo, para que se garanta o sucesso da implantao da

    mudana.

    Nanus (1992, p.10) refere diferenas entre gerentes e lderes, as quais

    esquematizamos no Quadro 5:

    GERENTES LDERES

    Administram

    Repetem processos

    So focados em sistemas e estruturas

    Exercem controles

    Viso restrita

    Perguntam como e quando

    Preocupam-se com o resultado financeiro

    Imitam outros

    Aceitam o status quo

    So um bom soldado

    Fazem certo as coisas

    Inovam

    So originais, tm suas prprias idias

    So focados em pessoas

    Estimulam confiana

    Viso holstica

    Perguntam o que e por qu

    Preocupam-se com as oportunidades

    Criam

    Desafiam o satus quo

    Seguem suas prprias idias

    Fazem as coisas certas

    QUADRO 5

    DIFERENAS ENTRE GERENTES E LDERES

    Goldsmith (2003) confirma a importncia de se estabelecer a viso, ao

    destacar que: criar e compartilhar a viso um papel fundamental dos lderes do

  • 27

    futuro. Coloca, ainda, que essa viso precisa ser clara e inspiradora para levar as

    pessoas a superarem todas as expectativas de metas a serem atingidas.

    Conley (1996) coloca que a viso existe quando pessoas em uma

    organizao compartilham um acordo explcito de valores, crenas, propsitos e

    metas que iro guiar seus comportamentos, ele chama isso de compasso interno .

    2.3.1 A importncia da liderana visionria

    Vrios autores como Nanus (1992), Leider (1996), Hill (2004) comentam

    sobre as organizaes do sculo XXI, as quais so afetadas por foras que levam tais

    organizaes a um elevado nvel de complexidade. Essas foras foram relacionadas

    por Nanus e esto apresentadas no Quadro 6.

  • 28

    1 Explosiva mudana tecnolgica causada simultaneamente e mutuamente por novos e revolucionrios materiais, alteraes genticas, informao cientfica, tecnologia espacial, automao e instrumentao.

    2 A dominncia de economias ps-industriais baseadas na informao, conhecimento, educao e servios.

    3 A globalizao dos negcios, aspectos polticos, culturais e ambientais.

    4 A reestruturao da econmica nacional para acomodar intensa competio internacional, e a gradual transio da dominncia militar para a dominncia da economia global.

    5 A eroso da confiana em todas as instituies, incluindo governos, famlias e religio, e o resultado da procura por auto-suficincia e significado do trabalho e da origem do ativismo.

    6 Alta exigncia econmica ocasionada por pesadas dvidas de emprstimos, competidores globais, vulnerabilidade no sistema bancrio, e custos diferidos da infra-estrutura decada e da recuperao do meio ambiente.

    7 Demogrficas e socioculturais diferenas aumentando a diversidade e fragmentao de valores, estilos de vida e preferncias.

    8 Reduo da procura por bens somada a novas carncias (por exemplo, segurana no emprego e tempo para cuidar das crianas) e aumento dos riscos pessoais de crime e poluio ambiental.

    QUADRO 6

    FORAS MODELADORAS DAS ORGANIZAES DO SCULO XXI

    Alm de apresentar as foras que modelam as organizaes (Quadro 6)

    Nanus (1992) descreve quais so as caractersticas das organizaes do sculo XXI:

    1. a fora de trabalho consiste principalmente de pessoas altamente capacitadas. A

    atividade de cada pessoa depende da inteligncia para fazer o uso de materiais,

    equipamentos;

    2. os produtos e servios tm atributos provenientes de conhecimento agregado. A

    competio exige a sofisticao dos produtos;

    3. as organizaes tendem a ter um escopo global. Os clientes esto distribudos em

    toda parte do mundo;

    4. as organizaes tendem a ser dirigidas pela tecnologia ou, no mnimo, ser

    altamente influenciadas pela tecnologia. A cada nova tecnologia, existem novas

    possibilidades que alteram o funcionamento das organizaes;

  • 29

    5. as organizaes tendem a ser caracterizadas por rpidas mudanas e por

    complexidade. A inovao em produtos e servios provoca mudanas constantes;

    6. as atividades so distribudas sem se considerar espao e tempo. O trabalho

    gerado pela forte demanda no possvel de ser feito apenas nas horas reservadas

    para o trabalho;

    7. as organizaes tendem a ter mais de um propsito, atendendo muitos interesses.

    Esses interesses so tais como: dos acionistas, da comunidade, da preservao do

    meio ambiente;

    8. as organizaes tendem a ter barreiras frgeis. As organizaes esto abertas a

    influncias sem controle e mesmo assim tm que atender seus objetivos.

    Segundo Nanus (1992), essas oito caractersticas das organizaes do

    sculo XXI so uma oportunidade para a atuao dos lderes visionrios, como uma

    maneira de essas organizaes atingirem o sucesso.

    2.3.2 Desenvolvimento da liderana visionria

    Para preparar novos lderes, fundamental o desenvolvimento da

    liderana, pois, segundo Hill (2004), as organizaes evoluram e tornaram-se mais

    geis e demandam que os lderes tenham a necessidade de lidar com grandes

    responsabilidades em suas carreiras. Os subordinados diretos, s vezes, so mais de

    vinte pessoas, e essas mesmas pessoas, s vezes, so lideradas por vrios lderes,

    formando uma rede matricial de relaes. Essa nova estrutura de relaes nas

    organizaes oferece servios e produtos mais integrados, os quais trazem vantagem

    competitiva s organizaes, porm exige que os lderes tenham responsabilidade por

    equipes e pessoas que no so subordinados diretos, exigindo o desenvolvimento de

    habilidades como: desenvolvimento de poder, influncia sobre pessoas,

    gerenciamento de conflito e negociao.

  • 30

    Ainda, segundo Hill (2004), graas globalizao as organizaes

    tambm demandam a liderana de pessoas de formao variada e em vrias

    localidades. Essa nova realidade exige que os lderes tenham habilidade para inspirar

    e motivar pessoas de diferentes condies. O autor exemplifica um lder que est

    conduzindo uma equipe virtual composta de argentinos e russos que trabalham no

    desenvolvimento de software. Comenta o quanto desafiante essa situao para um

    lder e o quanto exige a presena de lderes mais preparados. Defende ainda que os

    lderes precisam receber uma preparao conceitual para estarem aptos a exercer suas

    funes, principalmente pensar estrategicamente e estabelecer prioridades.

    As organizaes atuais, em funo da globalizao e das estruturas

    matriciais criadas, apresentam um aumento da necessidade de influncia sobre

    pessoas sem o proporcional aumento da autoridade; ento a habilidade de lidar com

    questes comportamentais torna-se especialmente importante. Hill (2004) afirma que

    no sculo XXI o lder precisa atuar como um visionrio para criar um contexto no

    qual as pessoas possam criar e inovar continuamente para atender as demandas da

    economia global.

    A liderana visionria tem como caractersticas essenciais: o

    estabelecimento de uma viso, a influncia e mobilizao de pessoas. Considerada a

    importncia da liderana visionria para o desenvolvimento do lder para o sculo

    XXI, temos a seguir propostas para o desenvolvimento desse lder.

    A analista financeira Schlieckert2 faz apresentaes nos Estados Unidos

    da Amrica sobre inovao no local de trabalho e prope 4 fatores-chave para o

    desenvolvimento da liderana visionria, so eles:

    _____________ 2 Fonte: consulta a Internet. Jan/2004

  • 31

    ser profundo conhecedor no seu campo de atuao. Recomenda a leitura de

    publicaes e estudos constantes para atualizao no seu campo de atuao de

    forma a estar informado de todas as tendncias;

    fortalecer suas habilidades na rea em que atua. Recomenda participar em

    seminrios, leitura de livros tcnicos para aprofundar o conhecimento na sua

    especialidade;

    ler para estar motivado. A leitura favorece a imaginao e a criatividade e oferece

    uma auto-renovao;

    expandir sua imaginao. Permitir que sua mente tenha muitas idias e acreditar

    que possvel fazer negcios de forma diferente. Schlieckert comenta que,

    quando o fundador da Federal Express props a idia do seu negcio em um papel

    na universidade de YALE nos Estados Unidos da Amrica, recebeu uma nota

    muita baixa dos seus professores.

    Para Schlieckert, implementar estas quatro chaves no estilo de vida

    ajudar a criar os lderes visionrios necessrios para o sculo XXI .

    Leider, aborda o conceito da autoliderana e defende que:

    A autoliderana o ncleo em torno do qual um novo contrato

    profissional elaborado. Ele consiste em objetivo, valores, viso e

    coragem pessoal. o carter que cada pessoa traz para o papel

    de liderana.

    A autoliderana a essncia da liderana. Ela se baseia no

    autoconhecimento e na busca de conselhos confiveis. Os lderes

    de um mundo mutvel precisam preparar um inventrio de

    atributos pessoais que abracem ou detenham a mudana. A menos

    que compreendam a viso que os motiva a liderar, o objetivo que

    os entusiasma e os valores que os investem de poder, como podem

    fazer escolhas corajosas em um mundo catico?

    A autoliderana a essncia de toda pessoa, equipe e mudana

    organizacional. A liderana visionria requer coragem. Leider

    (1996, p 1996)

  • 32

    McCall (2004) estudou o desenvolvimento dos executivos corporativos

    por meio da experincia. Realizou pesquisas qualitativas com executivos de sucesso

    ou com alto potencial em grandes corporaes e identificou que um meio para o

    desenvolvimento de executivos a experincia. Sua meta na pesquisa foi entender

    quais experincias influam no desenvolvimento do talento dos executivos, o que

    essas experincias ensinavam e qual o processo que fazia com que elas de fato

    ocasionassem o desenvolvimento do talento dos lderes. Ele conclui que a

    experincia um recurso primrio para se aprender a ser lder. Explica que existem

    pessoas que no aprendem automaticamente com as experincias, que algumas

    pessoas aprendem parte do que deveriam aprender, algumas chegam a concluses

    erradas e outras nem aprendem.

    Hill (2004) apresenta, em seu artigo, que os gerentes precisam aprender a

    aprender com as lies proporcionadas pelas as experincias de liderana. Ele

    comenta que os gerentes precisam atuar como visionrios e ser agentes de mudana.

    Ele comenta que na economia global ns precisamos cada vez mais de pesquisas para

    entender como os gerentes podem inspirar outras pessoas a comprometer-se em uma

    contnua jornada de aprendizagem e liderana.

    Raelin (2004) comenta que o investimento em treinamento no o nico

    fator de sucesso no desenvolvimento do lder. Ele explica que toda a teoria sobre

    liderana aprendida nas salas de aula, por melhor que sejam apresentadas, nem

    sempre combinam com a realidade das organizaes. A combinao entre os

    conhecimentos tcnicos adquiridos e a experincia da atuao no prprio local de

    trabalho oferece muitas oportunidades para o desenvolvimento do lder. Entretanto,

    preciso que a pessoa em desenvolvimento esteja atenta experincia que est

    vivendo e faa reflexes sobre os ensinamentos que a situao lhe oferece.

  • 33

    Nanus (1992) sugere que o desenvolvimento do lder visionrio um

    processo educacional. Ele apresenta que, inicialmente, existe um esforo pessoal de

    autodesenvolvimento, uma vontade de evoluir, e uma capacidade de aprender a partir

    das experincias.

    Ele afirma que vamos precisar de muitos lderes visionrios no sculo

    XXI, e que os jovens necessitam ser preparados para liderar com sucesso. O citado

    autor sugere:

    Que os pais desenvolvam muito cedo a auto-estima de seus filhos.

    Que as crianas sejam encorajadas a experimentar muitas coisas e

    a assumir responsabilidade por elas.

    Que as crianas sejam estimuladas para ter imaginao e

    criatividade.

    Seja desenvolvida a habilidade de comunicao global e escrita.

    Que a maior prioridade seja ensinar a criana como aprender.

    Ajudar a criana a descobrir do que gosta e encoraj-la a atuar e

    explorar aquilo que a faz feliz.

    Ensinar as crianas a admirar a histria dos grandes lderes,

    aqueles lderes que fizeram grandes diferenas no nosso mundo,

    independente de quem eles sejam, lderes polticos, religiosos,

    esportistas etc.

    Comenta ainda que:

    As escolas tm seu papel na formao das crianas a fim de criar

    lderes visionrios. As escolas no podem s ensinar o passado,

    mas estimular as crianas a idealizar um futuro melhor.

  • 34

    Todas as escolas deveriam incluir em seus programas uma matria

    de liderana e tambm como as organizaes funcionam.

    As empresas podem fazer muito para o estmulo ao desenvolvimento de

    lderes visionrios. Sugestes apresentadas por Nanus (1992): descentralizar a

    organizao, atribuir muita responsabilidade s pessoas de menor nvel, estimular no

    indivduo a criao de vises e estratgias e recompens-lo por isso. Reconhecer as

    pequenas conquistas. Contratar pessoas com potencial de liderana e proporcionar

    oportunidade de trabalho em diferentes atividades, gerando muitas experincias.

    Estimular a habilidade de aprender. Designar um mentor para os futuros lderes, e

    acompanhar os desenvolvimento dos mesmos para orientar e reconhecer sua

    evoluo.

    2.4 CONCEITO DE AGNCIA

    No incio deste estudo, comentamos sobre a Teoria de Agncia, a qual

    vamos nos aprofundar a seguir.

    Atualmente, em grande parte das organizaes, a propriedade est

    separada da gesto. Assim, o controlador (principal) nomeia uma diretoria

    profissional (agente) para gerir a empresa. Esse modelo de gesto acaba por criar

    uma assimetria informacional entre as partes, o gestor possui informaes que o

    proprietrio desconhece. Como na maioria das vezes os interesses das partes so

    distintos, existe a possibilidade de uma ao oportunista por parte do administrador,

    configurando o chamado conflito de agncia. Essa situao pode ser analisada na

    prtica com um dos muitos escndalos recentes envolvendo companhias norte-

    americanas. A Tyco International3, grande conglomerado que produz desde peas

    _____________ 3 *Fonte ( Jornal Folha de So Paulo, 05/06/2002, p.B9)

  • 35

    plsticas a equipamentos de segurana, teve seu principal executivo acusado de usar

    recursos da empresa para comprar obras de arte para sua galeria pessoal.

    Essa situao explicada por Gitman (1997) ao analisar que,

    teoricamente, a maioria dos administradores concorda com o objetivo de

    maximizao de riqueza do proprietrio, porm, na prtica, esto preocupados com

    sua riqueza pessoal, segurana no emprego, estilo de vida e outras vantagens.

    Na viso de Ross (1995), a sociedade por aes um ser artificial, e no

    uma pessoa natural. Existe apenas na contemplao da Lei . A sociedade por aes

    visa a maximizar a riqueza dos acionistas na empresa.

    Ross ( 1995; p. 35) acrescenta que :

    As sociedades por aes podem ser encaradas como um conjunto

    complexo de relaes contratuais entre pessoas. A sociedade por

    aes um artifcio legal que serve como centro de relaes

    contratuais. A sociedade no um indivduo, e sim uma maneira

    de integrar os objetivos conflitantes dos indivduos num equilbrio

    dentro de um contexto contratual legal .

    Portanto, considerando todos os conceitos comentados at aqui,

    identificamos que o lder um membro dessa agncia e ter atitudes diferentes

    dependendo de suas competncias e interesses. O lder que atua segundo os conceitos

    da liderana visionria pode agregar muito mais nossa sociedade exercendo seu

    papel com maestria, pois, como vimos anteriormente, para o lder visionrio, os

    interesses organizacionais, sociais e pessoais so um todo.

    Dentro desse contexto, Ulrich ( 2000, p.67) comenta que:

    A verdadeira liderana no consiste em superar os colegas no

    prximo degrau da escada hierrquica. Significa, ao contrrio,

    atingir resultados que beneficiam toda a organizao e produzir

  • 36

    esses resultados de forma a construir capacidades mais poderosas.

    A verdadeira liderana geralmente envolve um alto grau de

    colaborao, tanto com os demais lderes como com os seguidores,

    de modo a exercer opes excludentes que de fato impulsionem

    para frente toda a organizao. A liderana exige resultados

    altrustas, que so atingidos apenas mediante o uso do poder de

    forma apropriada e somente quando o todo maior do que a soma

    das partes.

    (Ross,1995, p. 36) complementa que:

    Os acionistas podem desencorajar os administradores de atuar de

    maneira contrria aos interesses dos acionistas graas criao

    de incentivos apropriados para os administradores e em seguida

    acompanhando seu comportamento. Fazer isso infelizmente

    complicado e dispendioso. Os custos da resoluo do conflito de

    interesses entre administradores e acionistas so tipos especiais de

    custos denominados custos de agency. Estes custos so definidos

    como a soma de:

    Custos de acompanhamento assumidos pelos acionistas e

    Incentivos pagos aos administradores.

    de se esperar que sejam concebidos contratos que forneam aos

    administradores os incentivos apropriados para maximizar a

    riqueza do acionista. Assim, a existncia de problemas de agency

    no significa que a sociedade por aes no atuar para melhor

    atender os interesses dos acionistas e sim que h certo custo em

    fazer isto. Entretanto os problemas de agency nunca podem ser

    perfeitamente resolvidos, e os administradores nem sempre

    atuaro segundo os interesses dos acionistas. Haver assim uma

    perda residual, que a riqueza perdida pelos acionistas em

    conseqncia do comportamento divergente, nesse sentido, pelos

    administradores .

  • 37

    Para ter-se uma idia da situao das agncias no Brasil seguem alguns

    dados:4

    O consultor Lisboa3 estima que o Brasil perde anualmente 1% do seu

    Produto Interno Bruto (PIB) com fraudes corporativas. Normalmente as fraudes

    dentro das empresas nascem justamente de quem foi contratado para cuidar bem dos

    negcios. Muitas vezes, o famoso homem de confiana joga contra o patrimnio da

    companhia, sentencia o diretor-geral da multinacional Kroll Associates no Brasil,

    Sampaio. Segundo Oliveira3, vice-presidente da Associao Nacional de Executivos

    de Finanas, Administrao e Contabilidade (Anefac), esse tipo de problema vem

    assustando o empresariado .

    Diante do exposto, entendemos que lderes tm atuaes que podem ou

    no atender os interesses das organizaes e, por conseqncia, a mesma

    considerao se aplica aos acionistas; caso no atendam, a tendncia o fracasso das

    organizaes, podendo inclusive comprometer sua a existncia no futuro.

    _____________ 4 *Fonte (Gazeta Mercantil-25/04/01

  • 38

    CAPTULO III PLANEJAMENTO DO ESTUDO

    3.1 TIPO DE ESTUDO

    Este estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa, na qual

    temos uma anlise a partir da opinio de executivos sobre a competncia da liderana

    visionria, suas caractersticas, e sua forma de aprendizagem e desenvolvimento.

    3.2 PARTICIPANTES

    A amostra constituda por 32 Presidentes ou Gerentes Gerais ou

    Diretores Gerais com mais de 1 ano no exerccio da funo em organizaes no

    Brasil, com fins lucrativos. Entende-se que um lder seja contratado por uma

    organizao para trazer resultados, assim, sendo sua permanncia maior que 1 ano no

    cargo, significa que o profissional est atendendo as exigncias da funo.

    Os profissionais convidados atuam em empresas com destaque pblico

    por seus produtos ou servios. Alm disso, a amostra contm apenas profissionais

    atuando em empresas que no esto em processo de falncia ou concordata, como

    uma forma de buscar lderes que pudessem apresentar o estilo de liderana

    visionrio, ou que pudessem reconhec-lo.

  • 39

    3.3 COLETA DE DADOS

    Os participantes foram contatados pelo pesquisador durante encontros

    profissionais ou sociais de executivos promovidos por associaes ou empresas de

    consultoria. Nessas ocasies, o pesquisador fez pessoalmente um convite ao

    executivo para que participasse da pesquisa. Alm do convite, o pesquisador

    apresentou verbalmente o propsito do estudo, a importncia do projeto no sentido

    de motivar o profissional a responder a pesquisa e obter o compromisso da

    participao. Aps essa breve explanao sobre o projeto, os questionrios eram

    entregues em mos, e o executivo teve liberdade para optar se faria o

    autopreenchimento dos questionrios de pesquisa ou uma reunio com o pesquisador.

    O pesquisador comprometeu-se com todos os participantes a encaminhar um volume

    do trabalho concludo.

    O principal instrumento de coleta de dados foi o questionrio de

    pesquisa, e a grande maioria preferiu o autopreenchimento. Foram distribudos 32

    questionrios, dos quais 32 retornaram respondidos.

    A coleta dos dados ocorreu entre os meses de dezembro de 2004 e maio

    de 2005.

    3.4 QUESTIONRIO DE PESQUISA

    Foi desenvolvido a partir do objetivo do estudo e dos conceitos tericos

    encontrados na pesquisa bibliogrfica realizada. Est estruturado em 5 partes, sendo:

    primeira parte: a apresentao do projeto de pesquisa;

    segunda parte: as instrues sobre como responder ao questionrio;

  • 40

    terceira parte: 6 questes conceituais, extradas das fontes tericas deste estudo.

    Conceitos de Liderana proposto por Robbins (1999), Liderana Visionria

    proposta por Nanus (1992); e desenvolvimento de liderana proposto por

    Schlieckert, e por Goldsmith (2003).

    As seis questes pesquisadas so: Liderana, Liderana Visionria,

    Trabalho do Lder Visionrio, Habilidades do Lder Visionrio, Importncia do Lder

    Visionrio, e Meios para se Desenvolver a Liderana Visionria, sobre as quais

    pesquisamos o grau de concordncia apresentados neste estudo.

    As seis questes conceituais esto desdobradas em 45 itens que foram

    respondidos atravs de uma escala tipo Likert, foi proposta por Rensis Likert em

    1932, na qual os respondentes so solicitados no s a concordarem ou discordarem

    das afirmaes, mas tambm a informarem qual o seu grau de

    concordncia/discordncia sobre o assunto tratado.

    Cada resposta tem 5 possibilidades:

    1 concordo totalmente;

    2 concordo;

    3 indiferente;

    4 discordo;

    5 discordo totalmente.

    A resposta marcada no prprio instrumento, evitando-se assim

    possveis erros no preenchimento de uma folha de respostas.

    Quarta parte; contm um inventrio de questes pessoais visando a pesquisar a

    correlao entre a liderana visionria e a trajetria profissional do respondente; e,

    por ltimo,

  • 41

    a quinta parte; dados de identificao do respondente e da empresa onde ele atua

    visando a correlacionar o tempo do profissional na funo e o sucesso da empresa.

    Pesquisas empricas junto a empresas de contratao de executivos sobre o

    sucesso de um presidente de empresa apontam que um presidente sem sucesso na

    funo consegue se manter no cargo no tempo de mximo de dois anos.

    3.5 APRESENTAO E ANLISE DOS DADOS

    3.5.1 Anlise estatstica

    Primeiramente, realizou-se uma anlise descritiva das caractersticas

    pessoais e de identificao.

    Em seguida, para cada questo sobre liderana visionria, ser calculada

    a pontuao mdia e o desvio padro.

    Finalmente, ser verificada a influncia das caractersticas de

    identificao na liderana visionria atravs de clculo das pontuaes mdias para

    cada agrupamento da caracterstica de identificao e da comparao desses

    agrupamentos utilizando testes de anlise de varincia (ANOVA).

    3.5.2 Anlise descritiva dos entrevistados e das organizaes que lideram

    Inicialmente apresentaremos o perfil dos entrevistados e das

    organizaes em que trabalham por meio de anlises descritivas.

  • 42

    Avaliando o tempo de exerccio dos entrevistados no cargo de presidente,

    verifica-se maior concentrao na faixa de 4 a 7 anos de cargo, como podemos

    observar no histograma abaixo:

    GRFICO 1

    DISTRIBUIO DA AMOSTRA COM RELAO AO TEMPO DE EXERCCIO

    NO CARGO DE PRESIDNCIA.

  • 43

    Quanto formao acadmica, a maioria dos profissionais formado em

    Engenharia (43,8%), seguida pelos Administradores de Empresa que representam

    34,4%, de acordo com o Grfico 2:

    GRFICO 2

    DISTRIBUIO DA AMOSTRA COM RELAO FORMAO ACADMICA

  • 44

    Avaliando o porte das empresas atravs do nmero de funcionrios,

    verificamos que a maioria dos entrevistados lder em empresas de mdio porte,

    com at 2.000 funcionrios, mas tambm temos lderes de empresas de grande porte,

    dentre essas, h duas empresas com mais de 8.000 funcionrios, conforme

    histograma a seguir:

    GRFICO 3

    DISTRIBUIO DA AMOSTRA EM RELAO AO NMERO DE

    FUNCIONRIOS NA EMPRESA

    Quanto ao tempo de existncia empresa, a maioria trabalha em empresas

    que possuem continuidade, ou seja, mais de 10 anos no mercado, com uma grande

    concentrao de empresas entre 40 e 50 anos de existncia, de acordo com

    histograma abaixo:

  • 45

    GRFICO 4

    DISTRIBUIO DOS ENTREVISTADOS QUANTO AO TEMPO DE EXISTNCIA

    DA EMPRESA EM QUE TRABALHAM

    Avaliando o segmento da empresa que os entrevistados trabalham,

    verifica-se que a maioria trabalha em indstrias (81,3%), conforme o grfico a

    seguir:

  • 46

    GRFICO 5

    DISTRIBUIO DOS ENTREVISTADOS EM RELAO AO SEGMENTO DA

    EMPRESA EM QUE TRABALHAM

    3.5.3 Liderana visionria anlise conceitual

    A pesquisa visava a pesquisar apenas lderes com grande possibilidade de

    apresentarem caractersticas de lderes visionrios, por isso selecionaram-se

    Presidentes com mais de 1 ano no cargo, para comprovar a hiptese de que esses

    profissionais eram lderes visionrios, perguntou-se no estudo se os entrevistados se

    consideravam lderes de sucesso; em seguida, perguntou-se se esses se consideravam

    lderes visionrios de acordo com a definio de Nanus (1992); atravs dessas

    perguntas, comprovou-se que todos os entrevistados se consideram lderes

    visionrios e de sucesso.

    Alm disso, todos os profissionais afirmaram ter enfrentado situaes

    desafiadoras, em que a liderana visionria possibilitou que atingissem metas

    ousadas.

  • 47

    O Grfico a seguir mostra que grande parte dos entrevistados (93,8%) j

    enfrentou situaes desafiadoras em que a liderana visionria possibilitou que eles

    conquistassem reconhecimento destacado:

    GRFICO 6

    DISTRIBUIO DOS ENTREVISTADOS EM RELAO A ENFRENTAR

    SITUAES DESAFIADORAS EM QUE A LIDERANA VISIONRIA

    POSSIBILITOU CONQUISTAR RECONHECIMENTO DESTACADO

    3.5.4 Confirmao da abordagem terica pela percepo dos executivos

    Verificaremos a concordncia dos executivos entrevistados com os

    conceitos apresentados por Nanus (1992) sobre liderana visionria, ou seja,

    analisaremos a relao entre a prtica da liderana visionria e a teoria apresentada

    pelo autor.

  • 48

    Avaliaremos os dados atravs das pontuaes mdias e seus desvios

    padres, de acordo com a escala abaixo:

    1 concordo totalmente;

    2 concordo;

    3 indiferente;

    4 discordo;

    5 discordo totalmente.

    Portanto, uma pontuao mdia prxima de 1 indicar um alto grau de

    concordncia dos entrevistados com as afirmaes do autor, e uma pontuao mdia

    prxima de 5 indicar que os entrevistados discordam da afirmao do autor.

    Analisando o primeiro grupo de afirmaes (Grupo A), que so

    afirmaes sobre liderana, verificamos uma tendncia dos entrevistados em

    concordar totalmente ou concordar com as afirmaes. A questo com menor nvel

    de concordncia e com maior variabilidade de respostas a questo A.2, que afirma

    que lderes trabalham em posio de alto risco, conforme podemos observar na tabela

    abaixo:

    TABELA 1

    AVALIAO DAS AFIRMAES SOBRE LIDERANA

    A AFIRMAES PONTUAO MDIA DESVIO PADRO

    A.1 Lderes tm uma atitude pessoal e ativa perante as Metas.

    1,38 0,79

    A.2

    Lderes trabalham em posies de alto risco eles esto em geral temperamentalmente dispostos a buscar risco e perigo, sobretudo quando a oportunidade e recompensa parecem altas.

    2,19 1,20

    A.3 Lderes esto interessados em idias, relacionam-se com as pessoas de maneira mais intuitiva e com empatia.

    1,59 0,76

    A.4 Liderana lidar com mudana. 1,59 0,80

  • 49

    No segundo grupo de afirmaes (Grupo B), no qual o tpico abordado

    liderana visionria, observa-se que em todas as questes h uma tendncia dos

    entrevistados em concordar totalmente ou concordar. As duas primeiras questes

    (B.1 e B.2), relativas aos conceitos bsicos de liderana visionria, tm um nvel de

    concordncia um pouco maior que as demais, de acordo com a tabela a seguir:

    TABELA 2

    AVALIAO DA LIDERANA VISIONRIA

    B AFIRMAES PONTUAO

    MDIA DESVIO PADRO

    B.1 O lder visionrio tem a capacidade de criar e articular uma viso realista, crvel e atraente do futuro para uma organizao que cresce e melhora a partir do presente.

    1,25 0,44

    B.2

    Essa viso, se selecionada e implementada apropriadamente, to energtica que na verdade d partida para o futuro chamando por habilidades, talentos e recursos para faz-lo acontecer.

    1,25 0,44

    B.3 O lder visionrio tem equilbrio entre a dimenso espiritual, mental, emocional e fsica.

    1,56 0,80

    B.4

    O lder visionrio possui valores universais, viso clara e inspiradora, e uma forma de relacionar-se que estimula o sentimento de posse das pessoas com relao viso.

    1,66 0,83

    B.5 O lder visionrio constri novas possibilidades, trabalhando com imaginao intuio e ousadia.

    1,66 0,83

    B.6 O lder visionrio faz uso tanto da razo quanto da intuio.

    1,48 0,81

    Avaliando o terceiro grupo de afirmaes (Grupo C), que faz afirmaes

    a respeito do trabalho de um lder visionrio, nota-se um comportamento semelhante

    entre as afirmaes, com um alto nvel de concordncia para todas as afirmaes,

    conforme podemos observar na tabela abaixo:

  • 50

    TABELA 3

    AVALIAO DAS AFIRMAES SOBRE O TRABALHO DO LDER

    VISIONRIO

    C AFIRMAES PONTUAO MDIA DESVIO PADRO

    C.1 Estabelecer a viso. 1,41 0,50

    C.2 Ser agente de Mudana. 1,47 0,67

    C.3 Negociar e defender essa viso. 1,69 0,74

    C.4 Treinar e inspirar a equipe a seguir essa viso. 1,53 0,67

    No quarto grupo de afirmaes (Grupo D), sobre as habilidades do lder

    visionrio, verifica-se que as duas ltimas questes so as com maior nvel de

    concordncia e menor variabilidade, mostrando que os lderes visionrios

    reconhecem a importncia das pessoas que trabalham com eles e da mobilizao

    dessas para resultados. Para as demais questes o nvel de concordncia tambm

    alto. A questo com o menor nvel de concordncia a 7, como podemos verificar na

    tabela a seguir:

  • 51

    TABELA 4

    AVALIAO DAS HABILIDADES DO LDER VISIONRIO

    4.3 D AFIRMAES PONTUAO MDIA DESVIO PADRO

    D.1 Responder a situaes com muita flexibilidade. 1,88 0,87

    D.2 Identificar oportunidades. 1,41 0,56

    D.3 Decodificar mensagens contraditrias ou ambguas. 1,75 0,88

    D.4 Reconhecer a importncia de diferentes elementos em uma mesma situao.

    1,72 0,63

    D.5 Encontrar similaridades entre situaes apesar das diferenas que podem separ-las.

    1,91 0,