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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
MESTRADO EM ECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO
ALEXANDRE RICARDO DIAS
DETERMINANTES DO INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO PARA ECONOMIAS
EM DESENVOLVIMENTO E EM TRANSIÇÃO, 1996-2011. EXISTEM
DIFERENÇAS PARA A AMÉRICA LATINA E CARIBE?
PORTO ALEGRE
2014
ALEXANDRE RICARDO DIAS
DETERMINANTES DO INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO PARA ECONOMIAS
EM DESENVOLVIMENTO E EM TRANSIÇÃO, 1996-2011. EXISTEM
DIFERENÇAS PARA A AMÉRICA LATINA E CARIBE?
Dissertação apresentada como requisito para
obtenção do grau de Mestre em Economia do
Desenvolvimento pelo Programa de Pós-Graduação
da Faculdade de Administração, Contabilidade e
Economia da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul.
Orientador: Prof. Dr. Silvio Hong Tiing Tai
Porto Alegre
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
D541d Dias, Alexandre Ricardo Determinantes do investimento direto externo para economias
em desenvolvimento e em transição, 1996-2011. existem
diferenças para a América Latina e Caribe. / Alexandre Ricardo
Dias. – Porto Alegre, 2014. 79 f.
Dissertação (Mestrado em Economia do Desenvolvimento) –
Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia, PUCRS. Área de Concentração: Desenvolvimento Econômico. Linha de Pesquisa: Crescimento Econômico e Equidade. Orientação: Prof. Dr. Silvio Hong Tiing Tai.
1. Desenvolvimento Econômico – América Latina. 2. Investimento Externo Direto. 3. Investimentos Estrangeiros –
América Latina. 4. Investimentos Estrangeiros – Caribe. 5. Países
em Desenvolvimento. I. Tai, Silvio Hong Tiing. II. Título.
CDD 330.98
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária: Cíntia Borges Greff – CRB 10/1437
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer aos meus colegas de mestrado. Apesar de curta nossa
convivência sempre foi muito positiva.
A PUCRS pela excelente estrutura que fornece aos alunos.
Aos professores pela qualidade no ensino demonstrada durante todo o curso.
E especialmente ao professor Silvio pela ajuda na elaboração desta dissertação.
RESUMO
Esta dissertação tem como objetivo principal testar empiricamente quais os principais fatores
determinantes dos fluxos de Investimento Direto Externo (IDE) para as economias em
desenvolvimento e em transição e saber se para a região da América Latina e Caribe, esses
mesmos determinantes se mantém ou não. Para dar apoio à parte empírica do trabalho, o
capítulo dois, que está dividido em duas seções, iniciou apresentando a evolução teórica das
principais abordagens sobre o IDE compreendendo a Teoria da Organização Industrial de
Hymer (1976), a Teoria da Internalização de Buckley e Casson (1976), a Teoria do Ciclo do
Produto de Vernon (1966), a Teoria Eclética de Dunning (1988, 1993 e 2000) e a Nova Teoria
do Comércio. E na segunda seção do capítulo, foram revisados um total de vinte artigos
empíricos com ênfase nos determinantes dos fluxos de IDE para os países em
desenvolvimento e em transição e para os países da América Latina e Caribe. No terceiro
capítulo será apresentada a evolução dos fluxos mundiais de IDE com duas analises
separadas: uma para os países em desenvolvimento e em transição e outra para os países da
América Latina e Caribe. No quarto capítulo, utilizando uma metodologia de dados em painel,
foram estimadas regressões para uma ampla amostra composta por 118 países sendo 27 da
América Latina e Caribe para o período 1996-2011. Os resultados mostram que existem
diferenças nos fatores que determinam os fluxos de entrada de IDE. Dando evidências de que
enquanto nos países em desenvolvimento e em transição os principais determinantes são a
busca por mercados (Market-seeking), e busca por eficiência (Efficiency-seeking). Nas
economias da América Latina e Caribe prevalece apenas a busca por mercados (Market-
seeking).
Palavras-chave: Investimento Direto Externo. Dados em Painel. Economias em
Desenvolvimento e em Transição. América Latina e Caribe.
ABSTRACT
This dissertation has as main objective to test empirically what are the main determinants of
foreign direct investment flows (FDI) for developing economies and in transition and whether
for the region of Latin America and Caribbean, those same determinants remains or not. To
support the empirical part of the job, chapter two, which is divided into two sections, started
showing the evolution theory of the main approaches about the FDI including the Theory of
Industrial Organization of Hymer (1976), the Theory of Internalization of Buckley and
Casson (1976), the Product Cycle Theory of Vernon (1966), the Eclectic Theory of Dunning
(1988, 1993 and 2000) and the New Trade Theory. And in the second section of the chapter,
we reviewed a total of twenty articles with emphasis on empirical determinants of FDI flows
to developing countries and in transition and for the countries of Latin America and
Caribbean. In the third chapter will appear the evolution of the global FDI flows with two
separate analyses: one for developing countries and in transition and one for the countries of
Latin America and Caribbean. In the fourth chapter, using a methodology of panel data,
regressions were estimated for a wide sample of 118 countries being 27 of Latin America and
Caribbean for the period 1996-2011. The results show that there are differences in factors that
determine inflows of FDI. Giving evidence that while in developing countries and in
transition the main determinants are the search for markets (Market-seeking), and search for
efficiency (Efficiency-seeking). The economies of Latin America and Caribbean prevails just
search for markets (Market-seeking).
Keywords: Foreign Direct Investment. Panel data. Developing and economies in transition.
Latin America and Caribbean.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Participação relativa dos principais receptores de IDE por região (%).......
35
Tabela 2 - Estoque de IDE por setor (em milhões de US$ correntes)...........................
37
Tabela 3 - Fluxo de entrada de IDE como percentual da formação bruta de capital
físico na América Latina e Caribe com regiões e países selecionados........
41
Tabela 4 - Resultados com as variáveis institucionais agrupadas.................................
52
Tabela 5 - Resultados Finais com erros-padrão robustos..............................................
54
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Determinantes do IDE no país hospedeiro................................................... 19
Quadro 2 - Resumo dos trabalhos empíricos estudados para os países em
desenvolvimento e em transição.................................................................
27
Quadro 3 - Resumo dos trabalhos empíricos estudados para os países da
América Latina e Caribe..............................................................................
30
Quadro 4 - América Latina e Caribe: Estratégias das Empresas Multinacionais..........
41
Quadro 5 - Total de Variáveis Utilizadas no Modelo.....................................................
50
Quadro 6 - Resultados do Teste de Hausman.................................................................
53
Quadro 7 - Resultados dos Testes de Diagnóstico..........................................................
54
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Fluxo de Ingressos Mundiais de IDE 1980-2011 (em bilhões de US$
correntes).......................................................................................................
33
Gráfico 2 - Fluxo de Ingressos de IDE para a América Latina e Caribe 1990-2011
(em bilhões de US$ correntes)......................................................................
39
Gráfico 3 - Relação % do estoque acumulado de IDE sobre o PIB, para 1990 e
2010..............................................................................................................
40
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE GRÁFICOS
1 INTRODUÇÃO 11
2 INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO: EVOLUÇÃO TEÓRICA E
TRABALHOS EMPÍRICOS......................................................................................
13
2.1 EVOLUÇÃO TEÓRICA............................................................................................ 13
2.1.1 Teoria da Organização Industrial........................................................................ 13
2.1.2 Teoria da Internalização....................................................................................... 15
2.1.3 Teoria do Ciclo do Produto................................................................................... 16
2.1.4 Teoria Eclética de Dunning................................................................................... 17
2.1.5 A Nova Teoria do Comércio e o IDE.................................................................... 20
2.2 TRABALHOS EMPÍRICOS...................................................................................... 21
2.2.1 Trabalhos Empíricos para os Países em Desenvolvimento e em Transição....
2.2.2 Trabalhos Empíricos para os Países da América Latina e Caribe....................
22
27
3 PANORAMA RECENTE DO IDE............................................................................
31
3.1 O IDE PARA OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO E EM TRANSIÇÃO....... 32
3.2 O IDE PARA A AMÉRICA LATINA E CARIBE.................................................... 38
4 METODOLOGIA VARIÁVEIS E RESULTADOS................................................
45
4.1 METODOLOGIA....................................................................................................... 45
4.2 VARIÁVEIS............................................................................................................... 47
4.2.1 Variáveis Tradicionais........................................................................................... 48
4.2.2 Variáveis Institucionais.......................................................................................... 49
4.3 RESULTADOS........................................................................................................... 51
4.3.1 Discussão dos Resultados.......................................................................................
5 CONCLUSÃO...............................................................................................................
54
58
REFERÊNCIAS...............................................................................................................
62
APÊNDICE.......................................................................................................................
67
11
1 INTRODUÇÃO
Nas ultimas décadas, especialmente a partir da década de 1990, a economia mundial
está passando por rápidas transformações que permitiram uma integração econômica sem
precedentes. Diferentes fatores como maior abertura comercial e financeira, criação de blocos
econômicos, evolução nos transportes e comunicações contribuem para esse processo de
mudanças. Essas mudanças vieram alinhadas as necessidades das empresas multinacionais de
expandir seu controle e produção em escala global através do investimento direto externo
(IDE).
Pela sua característica de transferir tecnologia, ampliar fluxos de comércio e contribuir
para o crescimento e eficiência de empresas, o IDE pode fazer parte da estratégia de
desenvolvimento de um país/região (UNCTAD, WIR 1999 e Borensztein et al., 1998).
Portanto, pode ser considerado uma forma de investimento positivo, na medida em que não é
meramente um investimento especulativo de curto prazo.
Em 2010, conforme a United Nations Conference on Trade and Development
(UNCTAD), pela primeira vez os fluxos de ingresso de IDE para os países em
desenvolvimento e em transição foram maiores do que os fluxos para os países desenvolvidos.
Fato que também se repetiu nos anos de 2011 e 2012. Esses resultados não aconteceram por
acaso. Em um cenário de menor crescimento das economias desenvolvidas, as economias em
desenvolvimento e em transição apresentaram condições mais atraentes para a realização de
IDE. Com maior crescimento, aumento do mercado consumidor, abertura comercial, custos de
produção mais baixos e a possibilidade de exploração de recursos naturais.
Entre os países em desenvolvimento ganha destaque a região da América Latina e
Caribe. Essa região, bastante carente por investimentos, teve sua participação relativa nos
fluxos mundiais de IDE saltando de 4,30% em 1990 para 14,23% em 2011 (UNCTAD). Em
um processo de crescimento dos investimentos que ocorreu em dois períodos distintos. O
primeiro, do início da década de 1990 até 1999, em um momento de maior abertura
econômica quando houve uma consolidação dos programas de privatização na região. E o
segundo período, a partir de 2003/2004, em um momento de aumento dos preços das
commodities internacionais e aceleração do ritmo de crescimento.
A participação cada vez maior das economias em desenvolvimento e em transição e da
região da América Latina e Caribe nos ingressos mundiais de IDE está acompanhada de uma
12
literatura empírica bastante vasta sobre o tema. Onde podem ser citados, entre outros, os
trabalhos de Nonnenberg e Mendonça (2005), Campos e Kinoshita (2003 e 2008), Asiedu
(2002) e Bengoa e Sanchez-Robles (2003). Assim, considerando a amplitude do tema, a
presente dissertação busca contribuir para a análise do IDE tendo como objetivo principal não
só testar empiricamente os fatores determinantes dos fluxos de IDE para os países da América
Latina e Caribe, mas comparar os resultados com os mesmos determinantes para os países em
desenvolvimento e em transição. Ou seja: existem diferenças para a América Latina e Caribe?
Para isso serão analisados 118 países no período 1996-2011.
Para cumprir com esse objetivo além desta introdução serão apresentados mais quatro
capítulos. O capítulo dois que vai cobrir uma revisão de literatura dividida em duas partes: a
primeira destacando as principais correntes teóricas que analisam o IDE. E a segunda parte
que fará uma revisão somente de artigos empíricos com um total de treze artigos para os
países em desenvolvimento e em transição e sete artigos para os países da América Latina e
Caribe. Já o capítulo três vai contextualizar os fluxos mundiais de IDE desde a década de
1990. Primeiro para os países em desenvolvimento e em transição e, em análise separada, os
países da América Latina e Caribe.
O capítulo quatro vai cumprir com a principal parte do trabalho apresentando a
metodologia e variáveis utilizadas com os respectivos resultados e suas análises. Enquanto o
quinto capítulo será composto pelas conclusões.
13
2 INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO: EVOLUÇÃO TEÓRICA E TRABALHOS
EMPÍRICOS
2.1 EVOLUÇÃO TEÓRICA
A análise do investimento direto externo não possui uma teoria única. É um tema em
constante estudo que possui diferentes abordagens, mas que passam pela mesma ideia central
de explicar porque as empresas multinacionais realizam esse tipo de investimento. Com isso,
a presente seção vai apresentar a evolução das principais teorias sobre IDE iniciando com
Stephen Hymer (1976) e a Teoria da Organização Industrial e seguindo com a Teoria da
Internalização de Buckley e Casson (1976), a Teoria do Ciclo do Produto de Vernon (1966), a
Teoria Eclética de Dunning (1988, 1993 e 2000), que é atualmente a forma mais abrangente
de análise sobre o IDE e finaliza com a tentativa da nova Teoria do Comércio de explicar o
IDE distinguindo o IDE vertical do IDE horizontal.
2.1.1 Teoria da Organização Industrial
Para Faeth (2009) as primeiras teorias que buscavam explicar o IDE tinham como base
o modelo de Heckscher-Ohlin. Mas pelo fato de ser um modelo de equilíbrio entre dois
países, dois fatores de produção (capital e trabalho) e dois bens sendo produzidos com
retornos constantes de escala e sem custos de transporte, esse modelo era bastante limitado
para explicar tal tipo de investimento. Até então o IDE era visto como uma forma de
investimento capaz de ingressar em outros mercados para passar por barreiras comerciais,
obter fornecimento de matérias- primas e maior retorno com diferenças de taxas de juros.
A moderna análise sobre o IDE começa com Hymer (1976). Esse autor vai contestar
as ideias vigentes até então considerando que existem imperfeições no mercado, custos de
transação e a concorrência não é perfeita. Além disso, o IDE é diferente do investimento em
portfólio porque envolve maior controle e participação na empresa não podendo ser explicado
por teorias tradicionais de investimento como as de Tobin (1958) e Markowitz (1959).
Analisando principalmente as empresas norte-americanas Hymer (1976) observou que no
século XX essas transformaram-se em grandes corporações com novas formas de
administração mais complexas e inseridas em setores de concorrência oligopolizada e
imperfeita. Para manterem-se competitivas e estenderem sua produção essas empresas
passaram a realizar investimentos em outros países.
14
O IDE seria então uma forma de controlar operações no exterior diminuindo a
competição internacional e assim gerar maior eficiência para a firma. Como as empresas
locais já instaladas possuem vantagens adquiridas como conhecimento do mercado, sistema
legal, preferências dos consumidores, acesso ao crédito e fornecedores. A empresa
multinacional estrangeira precisa obter vantagens compensatórias para que seus investimentos
no exterior compensem os custos por ser uma empresa estrangeira a ingressar em um novo
mercado já dominado por firmas locais.
Essas vantagens compensatórias podem ser adquiridas através de:
concorrência imperfeita que pode surgir por diferenciação de produtos.
existência de economias internas e externas de escala.
intervenção governamental como barreiras comerciais e tarifas que podem
encorajar/obrigar firmas estrangeiras a realizar IDE.
imperfeições no mercado de fatores que podem surgir por acesso a tecnologia e
crédito, capacidade de gestão e patenteamento.
Contemporâneos de Hymer, Kindleberger (1969)1 e Caves (1971) vão estender sua
teoria. Kindleberger (1969) concorda com Hymer (1976) quanto ao fato do IDE surgir por
imperfeições no mercado e a necessidade de vantagens compensatórias para sua realização.
Mas difere dele quanto ao fato de as empresas multinacionais determinarem a estrutura de
mercado existente. Para Kindleberger (1969) é a estrutura de mercado, considera por ele de
concorrência monopolística, que vai determinar a forma como as empresas multinacionais
conduzem seus processos de produção.
Já Caves (1971) segue sua abordagem com ênfase na diferenciação do produto
classificando o IDE em dois tipos: o IDE horizontal, quando matriz e filial produzem bens
similares, e o IDE vertical, quando a firma produz matérias-primas ou insumos no exterior.
Qual o tipo de IDE que será realizado vai depender das estratégias de negócios de cada firma
onde será considerada não só a existência ou não de diferenciação de produtos2, mas também
de variáveis como custos com transporte, tarifas e a existência de barreiras comerciais.
1 Citado por Faeth (2009), e Nonnenberg e Mendonça (2005).
2 Caves (1971) faz uma longa explicação do que ele considera ser diferenciação do produto. De uma forma
breve pode-se resumir como sendo produtos similares competindo entre si, mas com diferenças na forma de produção, venda e marketing.
15
Caves (1971) concorda que é a estrutura de mercado que vai definir a realização ou
não do IDE. A firma deve manter o conhecimento de como produzir e o IDE horizontal será
realizado quando esse conhecimento for empregado na diferenciação do produto, caso
contrário se o conhecimento for apenas de gestão/administrativo a firma apenas exporta ou
promove uma licença de produção. Já o IDE vertical surge quando não existe a capacidade de
diferenciação de produto.
2.1.2 Teoria da Internalização
Uma corrente alternativa de estudos, tendo como referências principais Buckley e
Casson (1976)3, destaca que o IDE surge pela necessidade das empresas multinacionais
internalizarem sua produção como forma de reduzir custos de transação. Para Buckley e
Casson (2009) um mercado pode ser atendido por quatro formas diferentes: produtores locais,
subsidiárias locais de empresas multinacionais, exportações de fora realizadas por empresas
locais e exportações de fora de empresas multinacionais estrangeiras. A forma como os
mercados são atendidos vai depender da interação entre localização e propriedade.
A localização vai depender de diversos fatores como: a existência de retornos
crescentes de escala em diferentes atividades; a complexidade de integrar à rotina de produção
atividades como marketing e P&D; imperfeições de mercado; possibilidade de intervenção
governamental; e finalmente a possibilidade da decisão de localização ser influenciada pela
extensão da internalização dos mercados por parte da firma modificando também os itens
citados anteriormente, Buckley e Casson (2009).
Já a propriedade representa ativos da empresa como marca, patente, inovação e
marketing, que são de difícil transferência por serem ativos de custos elevados e intangíveis,
sendo mais eficiente para a firma possui-los e organizá-los internamente do que vende-los ou
adquiri-los de outras firmas. Em uma situação onde as firmas buscam maximizar seus lucros,
em mercados que funcionam de forma imperfeita, a internalização da produção será uma
forma da firma utilizar seus ativos para estender seu controle sobre sua produção em mais de
um país surgindo dessa forma à empresa multinacional. Com a internalização a empresa
multinacional consegue substituir o mercado internacional por um mercado interno próprio
onde é possível estabelecer preços de transferências para filiais, minimizar impostos, controlar
3 Citado por Faeth (2009), Nonnenberg e Mendonça (2005), e Buckley e Casson (2009).
16
fluxos de capitais, insumos e produtos além de controlar assistência pós-venda, Andreff
(2000).
Portanto a localização vai mostrar onde produzir enquanto a propriedade define quem
tem o controle de produção. Para Nonnenberg e Mendonça (2005) quando a produção e o
controle do conhecimento estão no país de origem a firma exporta. Quando o controle está no
país de origem, mas a produção no exterior, ela permite uma licença. E finalmente quando a
firma decide controlar e produzir no exterior então ocorre o IDE. Buckley e Casson (1981)
ainda demonstram que o IDE vai depender de fatores como custos, demanda e tamanho do
mercado.
2.1.3 Teoria do Ciclo do Produto
Uma outra linha de estudo que analisa o IDE foi proposta por Raymond Vernon
(1966). Analisando principalmente as empresas multinacionais americanas, Vernon (1966)
destacou que essas empresas estavam em um mercado com maior intensidade de capital e
fatores específicos de produção e concorrência tendo assim uma maior capacidade de
inovação. Para esse autor o fator principal que comanda a produção por parte das empresas
multinacionais será a inovação tecnológica que permite lançar novos produtos. Sendo que o
produto possui um ciclo dividido em três etapas: lançamento/inovação, maturidade e
padronização.
Na fase de lançamento/inovação a empresa multinacional precisa de um “monopólio
momentâneo” da tecnologia e conhecimento necessários para a produção como forma de
garantia de que poderá ter retorno com o produto que está sendo lançado. Já que inicialmente
a demanda inicial é baixa. Nessa fase a produção será local e a demanda externa é atendida
através de exportações.
Com o aumento da demanda interna e externa pelo produto é possível obter economia
de escala na produção e assim maior retorno, começa então a segunda etapa. Sua forma de
produção já não será mais de conhecimento apenas da empresa inovadora. Outras empresas
vão entrar na concorrência e assim o produto se torna padronizado. A forma de concorrer será
então através da redução de custos e assim surge a possibilidade de investir na produção em
outros países.
17
Na terceira etapa a produção é transferida para outro país, normalmente em
desenvolvimento, que oferece possibilidade para a empresa multinacional continuar
produzindo com custos menores e desse país exportar para o resto do mundo. Ao mesmo
tempo em que isso ocorre, nos países desenvolvidos novos produtos vão sendo lançados e o
ciclo de produção se reinicia.
Assim Vernon (1966) conseguiu colocar a inovação tecnológica e a busca por redução
de custos como fatores principais para as firmas continuarem disputando mercados e o IDE
como forma de transferência de produção. E mostrou que a produção não se encerra, ela é
internalizada de países mais intensivos em capital para países menos intensivos, esses
normalmente países em desenvolvimento.
2.1.4 Teoria Eclética de Dunning
Reconhecendo que os mercados são imperfeitos operando com barreiras comerciais,
intervenção governamental e falhas de informação, assim como as empresas multinacionais
possuem diferentes características e necessidades. Através de sua Teoria Eclética, Dunning
(1988,1993 e 2000), busca integrar a Teoria da Organização Industrial com os determinantes
locacionais da produção internacional, para explicar o que determina o investimento direto
externo e as atividades das empresas multinacionais. Para Dunning (1988) a produção em
outro país através do IDE dependerá do conjunto de três vantagens denominadas OLI:
Vantagens de propriedade específicas da firma (Ownership - O)
Vantagens de localização (Locational - L)
Vantagens de internalização (Internalization - I)
As vantagens de propriedade são divididas entre as vantagens próprias da firma como
ativos intangíveis e direitos de propriedade, inovação de produtos, sistemas de marketing e
capital humano. E as vantagens próprias do grupo enquanto organização como acesso a
mercados, economias de escala e poder de barganha. Já as vantagens de localização dependem
das diferenças entre o país de origem e destino do IDE e são influenciadas pela dotação de
recursos naturais, infraestrutura, custos com transportes, políticas comercial e industrial.
Finalmente as vantagens de internalização dependem da possibilidade de explorar e se
proteger de falhas e imperfeições de mercado. Assim é importante a redução de custos de
18
transação com contratos, intervenção governamental, proteção da tecnologia e do
conhecimento. Ou seja, principalmente diminuir as incertezas e garantir maior segurança em
relação à possibilidade de realização de IDE. Se a empresa multinacional possuir as três
vantagens ela realiza o investimento direto no exterior. Se não possuir vantagens de
localização pode entrar em outro mercado exportando e se somente possuir vantagens de
propriedade fornece uma licença para produção no exterior.
Com base nesse paradigma Dunning (2000) argumenta que as empresas
multinacionais possuem quatro estratégias diferentes para realizar investimento direto
externo: Market-seeking (busca de mercado), Resource-seeking (busca de recursos),
Efficiency-seeking (busca de eficiência) e Asset-seeking (busca por ativos).
A primeira estratégia, Market-seeking, busca ampliar espaço no mercado hospedeiro
sendo realizada principalmente através de fusões e aquisições. Depende do tamanho do
mercado e seu crescimento. Com essa forma de ingresso a empresa multinacional pode
também aproveitar-se da integração regional de diferentes países. A estratégia de Resource-
seeking tem como objetivo obter recursos específicos para a produção principalmente de
matérias-primas além de mão-de-obra com custos baixos.
Na terceira estratégia, denominada Efficiency-seeking, a empresa multinacional utiliza
diferentes mercados para obter redução de custos, ganhos de escala e maior racionalização na
sua produção. Por último a estratégia Asset-seeking será realizada principalmente através de
fusões e aquisições para através delas a empresa multinacional adquirir ativos já existentes de
outras empresas como tecnologia, estrutura física e capacidade empresarial.
Para Dunning (2000) a realização do IDE vai depender de um contexto envolvendo as
vantagens OLI com a estratégia da empresa multinacional para realizar o investimento. No
Quadro 1 a seguir Dunning (2003) sintetiza as estratégias das empresas multinacionais com os
principais determinantes locacionais do IDE.
19
Quadro 1 - Determinantes do IDE no país hospedeiro
Determinantes do País Hospedeiro Tipo de IDE classificado pelo motivo das empresas
multinacionais
Principais Determinantes Econômicos nos Países Hospedeiros
1 Quadro Político para o IDE - Estabilidade social, política e econômica. - Regras com respeito à entrada e operações. - Padrões de tratamento a filial do exterior. - Políticas sobre funcionamento e estrutura de mercados (especialmente políticas de competição e fusões e aquisições). - Acordos Internacionais sobre IDE. - Políticas de privatização. - Política de comércio (tarifas e barreiras não-tarifárias) e coerência sobre IDE e políticas de comércio. - Política de impostos. - Política industrial/regional. 2 Determinantes econômicos 3 Facilidade para negócios - Regimes de promoção ao investimento, incluindo construção de imagem, atividades de geração de investimento e serviços de facilidade ao investimento. - Incentivos ao investimento. - Reduzidas “dificuldades” com custos relativos à corrupção, ineficiência burocrática etc. - Amenidades sociais (escolas bilíngue, qualidade de vida, etc.). - Pré e pós serviços de investimento (ex. central de serviços). - Proteção aos direitos de propriedade. - Boa infraestrutura e serviços de suporte (ex. bancos, legais/normas, serviços de contabilidade). - Capital social. - Cluster e promoção de redes (network).
A. Market-seeking (busca de mercado)
B. Resource-seeking (busca de recursos)
C. Efficiency-seeking (busca de eficiência)
D. Asset-seeking (busca de ativos)
Tamanho do mercado e renda per capita. Crescimento do Mercado. Acesso ao mercado regional e global. Preferências específicas dos consumidores locais. Estrutura do mercado. Terra e estrutura custos/aluguéis e taxas. Custos de matérias-primas componentes e partes. Baixo custo da mão-de-obra sem qualificação. Disponibilidade e qualidade da mão-de-obra qualificada. Custos dos recursos e ativos citados em B ajustados pela produtividade dos insumos do trabalho. Outros custos com insumos (exemplo: transportes e comunicações custos de dentro da economia hospedeira e custos de outros produtos intermediários). Participação em acordos de integração regional com o objetivo de promover maior eficácia e divisão internacional do trabalho. Tecnológico, administrativo, relacional e outros ativos, incorporados em firmas individuais ou clusters. Infraestrutura física (portos, estradas, energia e telecomunicações). Macro inovação, capacidade empresarial, educacional e ambiental.
Fonte: DUNNING (2003)4.
No mesmo trabalho de 2003, Dunning observa que o IDE para países em
desenvolvimento tem como objetivos principais a busca de mercados e recursos naturais.
Enquanto o IDE para países desenvolvidos almeja busca de ativos estratégicos sendo
realizado na sua maioria através de fusões e aquisições. E destaca ainda a preocupação dos
executivos de negócios com fatores como estabilidade política, qualidade da infraestrutura e
políticas de governo para empresas privadas e competição. Assim sua teoria Eclética é uma
das formas mais modernas e abrangentes de análise do IDE permitindo, entre outras coisas,
incluir a importância dos países em desenvolvimento nas estratégias das empresas
multinacionais.
4 Dunning (2003) adaptou esse quadro do relatório WIR 1998 (pág. 91 tabela IV.1.).
20
2.1.5 A Nova Teoria do Comércio e o IDE
A partir da década de 1980 pela percepção cada vez maior da importância das
empresas multinacionais na economia e no comércio exterior surgiram novos estudos com
base em modelos de comércio exterior para tentar explicar a realização do IDE. Aliando as
ideias vistas até agora de Hymer, Kindleberger e Caves com a Teoria da Internalização da
Produção e as vantagens OLI de Dunning, a nova teoria do comércio criou uma alternativa
para analisar o IDE e as atividades das empresas multinacionais combinando vantagens de
propriedade e localização com tecnologia e características dos países, Faeth (2009). As
empresas multinacionais podem então ser classificadas em dois tipos: multinacionais verticais
que separam geograficamente a produção separando-a em diferentes estágios e as
multinacionais horizontais que possuem linhas de produção em diferentes países, Grossman et
al. (2003).
Para explicar o IDE vertical Helpman (1984) e Helpman e Krugman (1985) partem de
um modelo de equilíbrio geral com dois países, dois bens, dois fatores de produção (capital e
trabalho), rendimentos crescentes de escala, produtos diferenciados, concorrência
monopolística e preferências iguais entre os países. A empresa multinacional vai concentrar
suas atividades de P&D, marketing e gestão em sua sede e vai produzir no exterior quanto
maiores forem às diferenças de dotação de fatores entre países. Se ambos os países forem
idênticos nas suas respectivas dotações de fatores não haverá geração de IDE apenas comércio
para produtos diferenciados.
Nessa forma de IDE considerada vertical, a firma5 vai se aproveitar das diferenças de
dotação de fatores entre países para primeiramente substituir no exterior a(s) linha(s) de
produção de bens finais pois essa é a parte da produção que requer menor conhecimento
mantendo a linha central de produção no seu país de origem. Isso porque é mais custoso para
a firma separar a parte intermediária da produção da base de produção central. Dessa forma o
IDE vertical é gerador de comércio, pois através dele com a criação de subsidiárias no
exterior as empresas multinacionais vão realizar transferências internas de insumos, bens e
serviços gerando comércio intrafirma, Helpman e Krugman (1985).
5 Helpman e Krugman (1985) estão considerando uma empresa multinacional na concepção de Caves (1982) na
qual a empresa possui insumos como gerenciamento, marketing e P&D que são altamente especializados e que estão presentes apenas em um país normalmente a sede da empresa. Sendo transferido para outros países apenas atividades de produção.
21
Diferentemente de Helpman (1984) e Helpman e Krugman (1985), Markusen (1984)
demonstra que uma empresa multinacional pode transferir para outros países seu
conhecimento sobre produção (P&D, marketing, gestão) sem diminuir o valor desse
conhecimento já adquirido e utilizado na matriz/sede. Dessa forma é possível uma produção
multiplanta (produção horizontal) onde o mesmo produto seja fabricado em dois países
diferentes com a mesma intensidade de fatores.
Com os trabalhos de Horstmann e Markusen (1992) e Brainard (1993a e 1993b) a
análise do IDE horizontal foi aprofundada. Para esses autores a realização do IDE vai
depender de economias de escala em nível de firma e em nível de planta além de diferenças
entre o tamanho de mercados e custos como transporte (que aumentam com a distância) e
comércio (como barreiras comerciais). Assim a decisão entre produzir localmente ou expandir
a produção no exterior através de comércio ou investimento vai depender do trade-off entre
proximidade e escala de produção. Havendo incentivo em realizar IDE quando a economia de
escala em nível de firma for maior do que economia de escala em nível de planta e possibilitar
cobrir os custos com transporte e comércio.
2.2 TRABALHOS EMPÍRICOS
A presente seção está dividida em duas partes. A primeira que destaca trabalhos
empíricos e seus resultados com ênfase na análise dos determinantes do IDE em diferentes
regiões e países em desenvolvimento e em transição. Enquanto isso a segunda parte fará a
mesma análise somente para os países da América Latina e Caribe.
Considerando a vasta quantidade de artigos e trabalhos sobre o assunto, foram
selecionados aqueles que de melhor maneira representam aquilo que se busca analisar e testar
empiricamente na presente dissertação. Como será visto os resultados encontrados são
diferentes e variam de acordo com o período e amostra analisados bem como a metodologia
empregada. Na sequência é dado destaque para os principais resultados encontrados e
conclusões dos respectivos autores.
22
2.2.1 Trabalhos Empíricos para os Países em Desenvolvimento e em Transição
Jun e Singh (1996) começam fazendo seis perguntas:
A percepção de condições favoráveis para operar negócios afeta positivamente
os fluxos de IDE?
Impostos em transações internacionais impedem o IDE?
Que tipos de instabilidade sócio-políticas são prejudiciais aos fluxos de IDE?
As economias orientadas para exportação atraem IDE, com exportações
precedendo investimentos, ou o IDE precede exportações?
Quais indústrias de exportação (primária ou manufatureira) são relacionadas
com IDE?
Existem diferenças estruturais entre países que atraem grande ou pequeno
fluxo de IDE?
Com dados para 31 países em desenvolvimento no período 1970-1993 os autores
chegam a importante conclusão de que países com histórico de receber fluxos altos ou baixos
de IDE são estruturalmente diferentes. Por isso, alguns trabalhos encontram resultados
inconclusivos, pois uma análise agregada pode não considerar as características do grupo no
qual um determinado país faz parte.
Para Jun e Singh (1996), nos países com histórico de receber níveis maiores de IDE a
percepção de estabilidade política e condições para operar negócios são variáveis
significativas. Já para os países com baixo histórico de IDE, pelo fato de serem na sua maioria
economias intensivas em mão-de-obra, esses devem melhorar sua relações trabalhistas, pois a
instabilidade sócio-política (representada por uma variável de horas de trabalho perdidas) é
significativa. Os países que atraem mais IDE são principalmente aqueles orientados para
exportações e pouco afetados por impostos em transações internacionais.
Nunnenkamp e Spatz (2002 e 2003) apresentam dois artigos. No primeiro, publicado
em 2002, analisam se a globalização mudou os determinantes dos ingressos de IDE. Para isso
foram utilizados dados em painel e testes de correlação de Spearman para 28 economias no
período 1987-2000. As variáveis explicativas foram divididas em tradicionais (população,
PIB per capita, crescimento do PIB, gargalos administrativos, restrições de entrada e fatores
de risco), não tradicionais (fatores complementares de produção, média de anos de
23
escolaridade, custo de fatores e restrições ao comércio externo) e outras variáveis que não
foram classificadas nas duas categorias anteriores. Os resultados encontrados mostraram que
as variáveis tradicionais são mais importantes para atrair IDE e que as variáveis não
tradicionais possuem baixa importância.
Para o artigo de 2003 Nunnenkamp e Spatz utilizam os estoques de IDE da economia
dos Estados Unidos em setores e indústrias de países em desenvolvimento e ressaltam que o
ingresso de IDE terá impactos diferentes de acordo com as características do país receptor.
Assim o resultado vai depender de fatores como tecnologia, mão-de-obra qualidade
institucional e abertura comercial no país de destino dos investimentos. Além disso, os
determinantes do IDE são setorialmente diferentes. Por exemplo, para receber investimentos
em serviços é necessário um mercado mais desenvolvido, aberto e com instituições mais
sólidas. Assim o IDE em serviços possui maior relação com crescimento do que o setor de
produção.
Borensztein et al. (1998) utilizando-se de fluxos de IDE com origem em economias
desenvolvidas e destino para 69 economias em desenvolvimento, comprovam a importância
do IDE na geração de crescimento, até mesmo maior do que o investimento doméstico, e na
sua capacidade de transferir tecnologia. Mas para que um determinado país possa se
beneficiar das transferências de IDE é necessário possuir um estoque de capital humano
mínimo já acumulado. Para que assim as transferências de tecnologia possam ser absorvidas e
aumentem a produtividade da economia.
Enquanto isso, em um dos poucos artigos publicados no Brasil, Nonnenberg e
Mendonça (2005) analisaram os determinantes do IDE com dados em painel para 33
economias em desenvolvimento no período 1975-2000. A abertura comercial, a qualificação
da mão-de-obra, o tamanho do mercado, a inflação6 (representando estabilidade
macroeconômica) e o crescimento médio do PIB nos últimos cinco anos são variáveis
significativas para os ingressos de IDE. Assim como uma variável DOWNJONES que
representa as bolsas de valores mundiais. Também foram realizados testes de causalidade que
demonstraram que o IDE não causa PIB, mas o PIB possui efeito sobre o IDE.
6 Pelo fato de uma variável de risco (representando risco país) só estar disponível a partir de 1985, os autores
estimaram um modelo para 1975-2000 sem a variável risco e outro para 1985-2000 com essa variável. A variável inflação é significativa apenas no modelo para o período maior.
24
Partindo para uma análise regionalizada pode-se citar alguns artigos importantes. São
eles Cheng e Kwan (2000), Asiedu (2002), Bevan e Estrin (2004) e Campos e Kinoshita
(2003). Iniciando por Cheng e Kwan (2000) nesse artigo os autores dividiram a economia
chinesa em 29 regiões/províncias para analisar quais os determinantes da localização do IDE
naquele país no período 1985-1995. O tamanho do mercado, boa infraestrutura e políticas
para atração de IDE como a criação de Zonas Especiais Econômicas foram variáveis
significativas. Enquanto custos com salários têm impactos negativos e a educação apesar de
positiva não teve efeito significativo na atração de IDE7.
Asiedu (2002) questiona se os determinantes dos ingressos de IDE para a África8 são
diferentes dos determinantes para os países em desenvolvimento. Os resultados encontrados
pela autora mostram que a infraestrutura e o retorno sobre o capital são variáveis importantes
para atrair IDE nos países em desenvolvimento mas não são significativas nos países
africanos. A abertura comercial é importante para ambos os grupos de países apesar que o
benefício marginal da abertura é maior nos países em desenvolvimento. Já a localização
geográfica é uma variável negativa na atração de investimentos por parte dos países
subsaarianos pelo risco de se realizar negócios na região e pelo fato da África ser vista pelos
investidores como um único país. Com isso Asiedu (2002) conclui que deve haver uma maior
abertura comercial na região junto com esforço por parte de governos para ampliar a
credibilidade de processos e reformas.
Já Bevan e Estrin (2004) ao analisar a relação bilateral do IDE de países do oeste para
o centro-leste europeu no período 1994-2000, observam que o IDE se relaciona positivamente
com o tamanho dos mercados e negativamente com o custo do trabalho e a distância entre
países. Assim o IDE da região pode ser considerado market-seeking e efficiency-seeking. Os
autores também destacam que a integração com a União Europeia foi importante para
promover o IDE nas economias em transição da região.
Para as regiões do leste europeu e báltica, Campos e Kinoshita (2003) com dados em
painel para 25 economias de 1990 até 1998, analisam a importância das economias de
aglomeração (clusters) e variáveis institucionais em comparação com fatores iniciais e
7 Cheng e Kwan (2000) argumentam que no início da abertura da China para o IDE, esse era destinado em parte
para áreas sem grande capacidade em educação, como sul da China devido à políticas preferenciais e da proximidade geográfica com Hong Kong. 8 No título do artigo é utilizado o nome África, mas o que a autora está efetivamente analisando são os países
da África subsaariana, representados por 32 países daquela região. Enquanto as economias em desenvolvimento são representadas por outros 39 países. O período analisado é 1988-1997.
25
dotação de fatores (recursos naturais, tamanho do mercado e infraestrutura) na atração de
IDE. As principais conclusões são de que os fatores mais importantes de atração e localização
de IDE foram as variáveis institucionais e economias de aglomeração (representadas pelo
estoque de IDE defasado). Além disso para os autores outras variáveis como abertura
comercial e poucas restrições ao IDE também são significativas.
Recentemente é cada vez maior o interesse na compreensão da importância da
qualidade institucional como variável importante na atração de IDE, o que tem gerado uma
quantidade grande de estudos a respeito. Sobre esse tema foram analisados os artigos de
Bénassy-Quéré et al. (2007), Globerman e Shapiro (2002), Daude e Stein (2007) e Busse e
Hefeker (2007).
Bénassy-Quéré et al. (2007) contribuem para a análise da importância das instituições
e sua relação com o IDE através de dois modelos: um em painel para 1985-2000 e outro
Cross-Section apenas para o ano 2000. Utilizando dados de estoques bilaterais de IDE os
autores encontram evidências de que baixos níveis de burocracia e corrupção, um bom setor
bancário (controle, competição e garantia de empréstimos) e boas instituições legais são
determinantes positivos para receber IDE. Em compensação a excessiva proteção local do
mercado de trabalho e diferenças de “distância institucional”9 podem reduzir seus fluxos de
ingresso.
Enquanto isso os trabalhos de Globerman e Shapiro (2002), Daude e Stein (2007) e
Busse e Hefeker (2007) são bastante significativos pela ampla quantidade de países analisados
e variáveis utilizadas. Globerman e Shapiro (2002) analisam como a infraestrutura
governamental10
pode influenciar nos ingressos e saídas de IDE. Com uma amostra de 144
países entre desenvolvidos, em transição e em desenvolvimento para o período 1995-1997 os
autores confirmam que boa governança com incentivo à competição em nível doméstico e
internacional, um regime legal transparente e uma efetiva distribuição dos serviços do
governo são variáveis importantes para atrair e realizar IDE.
Daude e Stein (2007) utilizaram dados de estoque de IDE no exterior com origem em
34 países (na sua maioria desenvolvidos), e destino para 152 países no período1982-2002.
9 Pode-se entender distância institucional como a diferença de qualidade das instituições dos países de origem
e destino do IDE que está sendo realizado. Bénassy-Quéré et al. (2007). 10
Em termos gerais Infraestrutura Governamental é definida pelos autores como algo que compreende instituições públicas e políticas criadas pelo governo como ferramenta para relações econômicas e sociais. Para representá-la foram utilizados seis indicadores retirados de Kaufmann et al. (1999).
26
Com diferentes bases de dados institucionais11
foi possível demonstrar que a qualidade
institucional é fator significativo e positivo para atrair IDE. Havendo diferenças na
importância que cada variável adquire na decisão de onde investir. Assim imprevisibilidade
política, excessiva carga regulatória e carência de confiança no governo são mais impeditivas
na atração de IDE do que outras. Entre as variáveis positivas pode-se citar a qualidade
regulatória.
Finalmente Busse e Hefeker (2007) com uma ampla quantidade de variáveis
institucionais12
e dados para 83 países em desenvolvimento de 1984 até 2003, encontram
evidências de que o nível de estabilidade do governo, nível de envolvimento em conflitos
internos/externos, nível de corrupção, tensões étnicas, lei e ordem (imparcialidade do sistema
legal), responsabilidade do governo com a democracia, e qualidade da burocracia (capacidade
das instituições e sistema burocrático de absorver mudanças de governo) são significativas na
atração de IDE.
Concluindo, com os trabalhos analisados pode-se perceber que são muitos os fatores
determinantes dos ingressos de IDE. As variáveis analisadas podem mudar de importância de
acordo com a região ou amostra do país ou grupo de países que estão sendo analisados. De
uma forma geral o tamanho do mercado, o crescimento econômico, a abertura comercial e a
qualidade das instituições são apontadas como importantes para explicar esses determinantes.
Alguns autores como Borensztein et al. (1998), e Campos e Kinoshita (2003) destacam as
externalidades positivas (transferência de capital, tecnologia e conhecimento) que o IDE pode
gerar. Portanto se preparando para receber esse tipo de investimento uma economia pode
obter maior nível de desenvolvimento. O Quadro 2 abaixo faz um pequeno resumo dos artigos
analisados.
11
Foram utilizados dados institucionais de Kaufmann et al. (1999), International Country Risk Guide (ICRG) e World Business Environment Survey (WBES). 12
Foram utilizadas 12 variáveis. São elas: estabilidade do governo, condições socioeconômicas, perfil de investimento, conflito interno, conflito externo, nível de corrupção, influência militar no governo, tensão entre grupos religiosos, lei e ordem, tensão entre grupos étnicos, responsabilidade democrática do governo, força institucional e qualidade da burocracia. Todas as variáveis foram testadas individualmente.
27
Quadro 2 - Resumo dos trabalhos empíricos estudados para os países em desenvolvimento
e em transição. AUTOR(ES)/ANO PERÍODO AMOSTRA PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES Jun e Singh (1996)
1970-1993 31 Países em Desenvolvimento. Existem diferenças na atração de IDE de acordo com as características de cada país.
Nunnenkamp e Spatz (2002)
1987-2000 28 Países em desenvolvimento. Variáveis tradicionais ligadas ao mercado como população, e pib per capita são mais importantes do que variáveis não tradicionais (escolaridade, restrição comercial) na atração de IDE.
Nunnenkamp e Spatz (2003)
1990 Estoques de IDE da economia dos EUA em diferentes países.
Ingresso de IDE depende das características de cada economia e possui diferentes fatores determinantes de acordo com o setor.
Borensztein et al. (1998) 1970-1989 69 Economias em Desenvolvimento como destino do IDE.
Confirma a importância do IDE no crescimento e sua capacidade de transferir tecnologia.
Nonnenberg e Mendonça (2005)
1975-2000 33 Economias em Desenvolvimento. Variáveis significativas: tamanho e crescimento do PIB, escolaridade, abertura da economia, inflação. IDE não causa PIB.
Cheng e Kwan (2000) 1985-1995 29 regiões/províncias chinesas. Variáveis significativas para atrair IDE: tamanho do mercado, boa infraestrutura e políticas de atração de IDE. Educação não foi significativa.
Asiedu (2002)
1988-1997 32 Países da África subsaariana e 39 países em desenvolvimento.
Existem diferenças na atração de IDE por parte dos países africanos em relação aos países em desenvolvimento.
Bevan e Estrin (2004)
1994-2000 Países do oeste e centro-leste europeu. Tamanho e localização/proximidade dos mercados são significativos para atrair IDE. Destaque para a integração com a UE.
Campos e Kinoshita (2003)
1990-1998 25 Economias do Leste-Europeu e Região Báltica. Efeitos de aglomeração, variáveis institucionais e abertura comercial são significativas na atração de IDE.
Bénassy-Quéré et al. (2007) 1985-2000 52 Países entre membros e não membros da OCDE. Confirma a importância de boas instituições para
atrair IDE. Observa a distância institucional
como variável que influencia nos fluxos de IDE.
Globerman e Shapiro (2002) 1995-1997 144 Economias (Desenvolvidas, em Transição e em Desenvolvimento).
Boa governança com incentivo à competição são significativos para atrair e realizar IDE.
Daude e Stein (2007) 1982-2002 Estoque de IDE com origem em 34, países na sua
maioria desenvolvidos, e destino para 152 países.
Boas instituições são significativas e positivas na
atração de IDE.
Busse e Hefeker (2007)
1984-2003 83 Países em Desenvolvimento. Confirmam a importância da qualidade institucional, por exemplo um bom sistema legal e controle da corrupção, para atrair IDE.
Fonte: Elaboração própria.
2.2.2 Trabalhos Empíricos para os Países da América Latina e Caribe
Em relação aos artigos apresentados anteriormente, que exploraram as economias em
desenvolvimento e em transição, a literatura empírica para os países da América Latina e
Caribe é mais restrita. Com foco principal na forma como as diferentes mudanças econômicas
ocorridas nas ultimas décadas foram importantes para atrair maiores fluxos de IDE para a
região.
Assim, Trevino et al. (2002), começam analisando os ingressos de IDE no período
1988-1999 para sete países13
com um modelo estimado por mínimos quadrados ordinários
com séries de tempo multivariada. Sendo a América Latina uma região que passou por um
rápido processo de abertura ao capital externo entende-se porque foram significativas às
13
Os países são: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela.
28
variáveis tamanho do mercado (representado pelo PIB), uma variável de privatização
(representada pelos valores de privatizações domésticas menos os ingressos de IDE em
setores privatizados) e a inflação que representou no modelo a estabilidade econômica. As
variáveis representando risco político, reformas no mercado de capitais, taxa de câmbio real e
conta corrente do balanço de pagamentos não foram significativas.
Bengoa e Sanchez-Robles (2003) testaram a relação entre IDE, crescimento e
liberdade econômica. Com dois modelos em dados em painel: primeiro para o IDE e depois
para o crescimento real do PIB per capita como variáveis dependentes. As autoras observam
que a liberdade econômica é positiva para atrair IDE, e o IDE por sua vez é positivamente
correlacionado com o crescimento econômico. Foram significativos o tamanho do mercado,
índice de liberdade econômica e inflação (representando disciplina monetária). Bengoa e
Sanchez-Robles (2003) ainda observam que é necessário ao país de destino do IDE possuir
capital humano, estabilidade econômica e mercados liberalizados para que hajam benefícios
de longo prazo com os fluxos de capital externo.
Ramirez (2010), trabalhando com dados em painel para nove países de 1980 até 2001,
usou como variáveis explicativas para os ingressos de IDE na região o PIB, a taxa de câmbio
real e o pagamento de serviços sobre as exportações de bens e serviços. Além disso,
investimento público, gasto com educação e crédito ao setor privado (todos sobre o PIB). Para
complementar o modelo foi utilizada uma variável de liberdade econômica e uma variável
dummy para explicar as variações dos fluxos de IDE na região (1 para anos de crise
econômica e 0 para anos sem crise). Nos resultados encontrados todas as variáveis possuem
os sinais esperados e são significativas. A exceção foi a variável investimento público que
apresentou sinal negativo, o que segundo o autor, em ceteris paribus, pode representar que
aumentos no investimento público têm efeito crowding out no IDE. Apesar de que
investimentos públicos podem ser feitos para melhorar a infraestrutura e assim atrair mais
investimentos.
Em trabalho recente Blanco (2012) utilizou-se de econometria espacial para estimar
diferentes equações para a América Latina tendo como variável dependente o IDE vindo do
resto do mundo e também o IDE com origem nos Estados Unidos14
. Os resultados confirmam
a importância da integração econômica da região pelo fato de haver significativos efeitos de
14
O primeiro modelo para os fluxos mundiais de IDE foi estimado para 17 países no período 1986-2006. O segundo modelo com o IDE dos Estados Unidos foi estimado para o período 1987-2005 sem incluir Brasil e Guatemala na amostra de 17 países.
29
aglomeração na distribuição do IDE. Também a qualidade institucional foi significativa para a
região com importância para o controle da corrupção assim como as exportações de matérias-
primas são significativas na atração de IDE. A autora sugere que a distribuição espacial do
IDE pode variar dependendo da origem dos investimentos podendo ser testada para outros
países que invistam na região assim como o IDE pode ser testado por setores.
Com ênfase em determinantes institucionais Amal e Seabra (2007) estimam, através
de dados em painel, um modelo para 15 economias emergentes no período 1987- 2001 e outro
para 7 economias da América Latina de 1984 até 2001. Os resultados mostram que para as
economias emergentes o fluxo de comércio, risco político, grau de liberdade econômica e
participação em processos de integração regional são variáveis significativas para determinar
os ingressos de IDE. Enquanto nos países da América Latina as variáveis significativas foram
o PIB do mercado receptor, taxa de câmbio real, risco político, liberdade econômica, e
integração regional15
.
Com esses resultados Amal e Seabra (2007) concluem que existem diferenças na
atração de IDE entre os países emergentes e os países da América Latina. No primeiro grupo
predominam estratégias de busca de eficiência pela importância do comércio e da liberdade
econômica enquanto no segundo grupo predominam estratégias que buscam explorar o
mercado interno pela importância do tamanho do PIB e da taxa de câmbio.
Enquanto isso Biglaiser e DeRouen (2006) com dados para 15 economias da América
Latina de 1980 até 1996 defendem que a maioria das reformas econômicas sofridas na região
e o tipo de regime político/econômico adotado por cada país possuem efeitos limitados na
atração de fluxos de IDE. As exceções foram às reformas financeira e comercial e uma
variável de risco de expropriação, o que faz sentido, pelo histórico de nacionalizações de
empresas ocorridos na região. Já o consumo do governo também foi significativo mas
apresentando sinal negativo, o que mostra uma relação inversa entre investimentos externos e
tamanho do governo. Já que o governo intervindo excessivamente na economia pode reduzir a
competição privada.
Já Campos e Kinoshita (2008) vão argumentar o contrário. Para eles as reformas
econômicas foram significativas na atração de IDE. Com dados para 19 países da América
Latina e 25 do Leste Europeu para 1989-2004 os resultados para o primeiro grupo de países
15
A integração regional foi medida por uma variável dummy (1 se o país analisado possui acordo de integração regional e zero caso contrário). Amal e Seabra (2007).
30
mostram que principalmente as reformas envolvendo privatizações16
foram significativas na
atração de IDE. Também foram significativas as variáveis abertura comercial, infraestrutura
(medida por linhas de telefone celular) e eficiência bancária.
Com a revisão apresentada pode-se perceber que na América Latina e Caribe as
principais variáveis determinantes para atrair IDE são macroeconômicas como o tamanho do
mercado, o crescimento do PIB, e a taxa de câmbio. As privatizações, junto com a
estabilidade econômica atingida com a diminuição da inflação, foram variáveis significativas.
Indicadores institucionais como liberdade econômica também são importantes assim como a
importância de efeitos de aglomeração na localização dos investimentos. O Quadro 3 abaixo
faz um pequeno resumo dos artigos analisados.
Quadro 3 - Resumo dos trabalhos empíricos estudados para os países da América Latina e
Caribe. AUTOR(ES)/ANO PERÍODO AMOSTRA PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES
Trevino et al. (2002)
1988-1999 7 Países da América Latina Privatizações, estabilidade política alcançada e o tamanho
dos mercados foram significativos para atrair IDE.
Bengoa e Sanchez-Robles (2003) 1970-1999 18 Economias da América Latina
e Caribe
O IDE é positivamente correlacionado com o crescimento e
necessita de estabilidade e liberdade econômica para ser
atraído.
Ramirez (2010) 1980-2001 9 Países da América Latina Variáveis macroeconômicas como PIB, tx. de câmbio e
crédito ao setor privado são significativas para atrair IDE.
Liberdade econômica e gasto com educação também.
Blanco (2012) 1986-2006 17 Países da América Latina Efeitos de aglomeração, qualidade institucional e
exportações de matérias-primas. Foram significativas para
atrair IDE.
Amal e Seabra (2007)
1987-2001 1984-2001
15 Economias Emergentes 7 Economias da América Latina
Na América Latina predominam estratégias de busca de
mercado interno (PIB e taxa. de câmbio). Enquanto para
países em desenvolvimento estratégias de busca por
eficiência (comércio e liberdade econômica).
Biglaiser e DeRouen (2006) 1980-1996 15 Países da América Latina Baixa importância das reformas econômicas para atrair
IDE. Relação inversa entre consumo do governo e IDE.
Campos e Kinoshita (2008) 1989-2004 19 Economias da América Latina
25 Economias do Leste Europeu
Para a região da América Latina as reformas,
principalmente envolvendo privatizações foram positivas
na atração de IDE.
Fonte: Elaboração própria.
Na sequência o capítulo três vai apresentar como foram os fluxos de ingresso de IDE a
partir da década de 1990. Dando destaque primeiro para os países em desenvolvimento e em
transição. E após isso, em análise separada, os países da América Latina e Caribe.
16
O indicador de privatização foi retirado pelos autores de Kikeri e Kolo (2005).
31
3 PANORAMA RECENTE DO IDE
A partir da década de 1980 inicia-se um rápido processo de integração financeira e
comercial em nível mundial. Como resposta a estagnação econômica que ocorria na época,
após duas crises do petróleo (1974 e 1979), final do padrão ouro (1971) e aumento das taxas
de juros mundiais, muitos países adotaram medidas para diminuir a participação do estado na
economia e buscar novas formas de crescimento com medidas liberais, Michalet (2003).
Essas medidas incluíram programas de privatização, controle da inflação, abertura ao
comércio mundial e maior liberalização/integração financeira. Com a criação de blocos
econômicos como NAFTA, Mercosul e União Europeia, o rápido crescimento das economias
asiáticas e as diferentes evoluções que ocorreram nos transportes, comunicações e gestão das
empresas. A partir da década de 1990 esse processo de mudanças se acentuou cada vez mais.
Esse cenário de mudanças abriu novas possibilidades de investimentos para as
empresas multinacionais, que lideradas por Estados Unidos, Japão e União Europeia
utilizaram-se do IDE como uma das principais formas de expansão internacional17
estando
esse tipo de investimento cada vez mais presente nas suas estratégias de mercado que
passaram a ser globais18
. Portanto é fundamental compreender que os fluxos mundiais de IDE
acompanham as decisões das empresas multinacionais de escolher onde e porque investir. Isso
porque, conforme Andreff (2000), em um mercado globalizado as empresas multinacionais
passaram a ter produção cada vez mais especializada sendo capazes de produzir em qualquer
lugar do mundo criando dessa forma um mercado interno próprio entre matriz e filial que vai
definir preços, custos, e transferências de capital e trabalho.
No que se refere às características dos países que recebem IDE, a UNCTAD (WIR,
1998) destaca que estão entre os principais fatores determinantes nas escolhas das empresas
multinacionais o tamanho e crescimento do mercado, infraestrutura, recursos naturais e custos
de mão-de-obra. Fatores estes que podem ser observados nos países em desenvolvimento e
17
Conforme Silva (2006) em médias anuais as transferências mundiais de IDE cresceram 28,9% no período 1983-1989 e 18,8% no período 1990-2000. Nos mesmos períodos, as exportações mundiais cresceram 9,4% e 7,0%, enquanto o crescimento mundial foi de 7,8% e 4,0% respectivamente. 18
As 100 maiores empresas multinacionais não financeiras do mundo possuíam até 2009, US$ 11,5 trilhões em ativos sendo 62% desse total no exterior (fora do seu país de origem). Assim como faturaram US$ 6,9 trilhões sendo 66% no exterior e empregavam 15,1 milhões de trabalhadores sendo 57% no exterior. Enquanto isso, também para o ano de 2009, as 100 maiores empresas multinacionais das economias em desenvolvimento e em transição possuíam US$ 3,1 trilhões em ativos com 32% desse total no exterior, faturaram US$ 1,9 trilhões onde 48% foi no exterior e empregavam 8,2 milhões de trabalhadores sendo 41% no exterior. Fonte, UNCTAD ( WIR, 2011).
32
em transição19
. Desde o início da década de 1990, em um período de menor crescimento das
principais economias desenvolvidas, os países em desenvolvimento e em transição tornaram-
se cada vez mais atrativos para a realização de IDE. Esse segundo grupo de países recebeu na
década de 1980 aproximadamente 22,18% do total dos ingressos mundiais de IDE, enquanto
na década de 1990 recebeu 30,53%, e do ano 2000 até 2011 aumentou sua participação para
38,39%20
.
Nesse contexto, entre os países em desenvolvimento destaca-se a América Latina e
Caribe. Essa região carente por investimentos, após o final da até então dominante política de
desenvolvimento por substituição de importações, encontrava-se pouco aberta ao comércio
com sua indústria defasada e pouco diversificada com diferentes países como Brasil e México
enfrentando sucessivos problemas de balanço de pagamentos. Para sair dessa situação,
principalmente a partir da década de 1990, seguiu o mesmo receituário de adotar medidas
neoliberais com maior abertura e integração comercial, reformas institucionais, liberalização
financeira e programas de privatização.
Logo a média de ingressos anuais de IDE saltou de US$ 6,5 bilhões na década de 1980
para US$ 42,0 bilhões na década de 1990 (UNCTAD). Com esse tipo de investimento
tornando-se cada vez mais importante para o desenvolvimento da região. Assim, o presente
capítulo, que está dividido em duas partes, vai analisar os fatores recentes que levaram ao
aumento dos fluxos de IDE nas ultimas duas décadas. Primeiro para os países em
desenvolvimento e em transição e, após isso, na segunda parte, para a América Latina e
Caribe.
3.1 O IDE PARA OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO E EM TRANSIÇÃO
O Investimento Direto Externo tornou-se um dos fatores mais importantes das
transformações que a economia mundial passou nas ultimas duas décadas. O estoque mundial
de IDE passou de uma proporção de 9,35% do PIB mundial em 1990 para 23,24% no ano
2000 e 29,77% em 2012 (UNCTAD). O IDE é caracterizado como uma forma de
investimento de longo prazo capaz de atrair tecnologia, gerar fluxos de comércio, crescimento
19
Foi utilizado como critério para definir economias desenvolvidas, economias em desenvolvimento e economias em transição o mesmo apresentado nos relatórios World Investment Report (WIR) publicados anualmente pela UNCTAD. 20
Dados da UNCTAD.
33
e melhorar a gestão de empresas. Portanto capaz de acelerar o processo de desenvolvimento
de um determinado país/região21
. Assim, pela necessidade de receber novos investimentos,
muitos países flexibilizaram22
sua entrada seja através de mudanças em suas legislações
internas ou diretamente com programas de privatização.
O Gráfico 1 a seguir mostra o rápido crescimento dos fluxos mundiais de IDE
distinguindo os países desenvolvidos em relação aos países em desenvolvimento e em
transição a partir da década de 1980. De um fluxo total de US$ 54,0 bilhões em 1980, passou
para mais de US$ 207,4 bilhões em 1990, US$ 1,4 trilhões no ano 2000 até chegar no valor
máximo de mais de US$ 1,9 trilhões em 2007. No período em análise os países desenvolvidos
receberam aproximadamente 64,01% dos ingressos mundiais totais ficando os 35,99%
restantes com os países em desenvolvimento e em transição.
Gráfico 1- Fluxo de Ingressos Mundiais de IDE 1980-2011 (em bilhões de US$ correntes).
Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.
Pelo Gráfico 1 é possível notar que a partir da década de 1990 a participação relativa
das economias em desenvolvimento e em transição é cada vez maior. Sendo um fato muito
significativo que em 2010 pela primeira vez a soma do IDE para esse grupo de países foi
maior do que o IDE destinado para os países desenvolvidos23
. Apesar de não ser um
21
Ver Borensztein et al. (1998), Cheng e Kwan (2000) e UNCTAD (WIR, 1999). 22
Em nível mundial de 1991 até 2003 foram adotadas 1.885 mudanças regulatórias sobre IDE sendo 1.771
(93,95%) com o objetivo de facilitar sua entrada, UNCTAD (WIR, 2004). 23
Fato que se repetiu nos anos de 2011 e 2012, UNCTAD (WIR, 2013).
0
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20
10
20
11
Total Mundial
Países Desenvolvidos
Países emDesenvolvimento e emTransição
34
crescimento contínuo, havendo variações de ano para ano24
, existe uma clara tendência de
crescimento do IDE para esses países. As economias em desenvolvimento e em transição
representam uma parcela cada vez mais importante na economia mundial passando de uma
participação no PIB mundial de 30,72% em 1990 para 49,03% em 201125
. Com a recente
crise com origem nos Estados Unidos e o fraco desempenho dos países europeus, as
economias em desenvolvimento e em transição foram as maiores responsáveis pela
manutenção do crescimento econômico mundial. De acordo com a Comissão Econômica para
a América Latina e o Caribe (CEPAL, 2011) esses países foram responsáveis por três quartos
do crescimento mundial de 2008 até 2011.
Conforme UNCTAD (WIR 2005 e 2011) a maior participação das economias em
desenvolvimento e em transição nas transferências mundiais de IDE ocorre por diferentes
fatores como o maior crescimento econômico, aumento do mercado consumidor, elevação dos
preços das commodities, disponibilidade de recursos naturais e melhores fundamentos
macroeconômicos. Assim como o fato das indústrias nos países desenvolvidos já estarem
consolidadas, sendo os países em desenvolvimento mais atrativos para novos investimentos.
Para manter sua competitividade muitas empresas multinacionais buscam expandir sua
produção para mercados com maior crescimento. Dessa forma, investindo nas economias em
desenvolvimento e em transição, espera-se estimular vendas e racionalizar a produção
obtendo economias de escala e menores custos de produção. Como consequência desses
fatores as economias em desenvolvimento e em transição possuem fatia cada vez maior nos
resultados das empresas multinacionais26
.
Mas ainda que haja um crescimento do IDE para esses países, é importante destacar
que sua distribuição se dá de forma desigual tanto em nível mundial como regional. Entre os
países em desenvolvimento no período 1990-2011 a China recebeu sozinha 28,40% do total
de IDE. E junto com a China compondo o grupo dos dez países que mais receberam IDE27
estão Brasil (6,72%), Cingapura (6,22%), México (5,33%), Rússia (5,27%), Índia (3,37%),
Arábia Saudita (2,56%), Chile (2,12%), Argentina (1,98%) e Turquia (1,81%). Na América
24
Dados apresentados no Apêndice A. 25
PIB calculado pela Paridade do Poder de Compra pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). 26
Tomando como exemplos: Coca Cola 45%, Toyota 68%, Unilever 36%, Nissan Motor 32%, Nestlé 19%, Honda Motor 26% e Bayer 41%. Para as empresas listadas os valores em percentual ao lado representam a participação das economias em desenvolvimento e em transição no total do lucro das mesmas para o ano de 2010. Fonte, UNCTAD (WIR 2011). 27
Entre parênteses está a participação relativa de cada país entre os países em desenvolvimento. O Apêndice B apresenta uma quantidade maior de países. Todos os dados foram retirados da UNCTAD.
35
Latina e Caribe apenas Brasil e México juntos receberam 42,56% do IDE para a região. Os
BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China) receberam 43,67% do IDE para os países em
desenvolvimento e em transição e 16,02% do IDE mundial.
Nas três regiões com maior presença de países em desenvolvimento, África, Ásia, e
América Latina e Caribe boa parte dos investimentos são concentrados em poucos países.
Além da América Latina e Caribe que será analisada com maior atenção na próxima seção, a
Ásia (somando Ásia e Oriente Médio) é a região que emerge como a maior receptora de IDE
recebendo de 1990 até 2011 mais de US$ 3,7 trilhões, ou 54,98% do total. Nessa região,
conforme Tabela 1 mais uma vez fica evidente a presença da China com 51,53% dos
ingressos de IDE.
Tabela 1 - Participação relativa dos principais receptores de IDE por região (%) PAÍS/ANO 2007 2008 2009 2010 2011 Média 1990-2011
Nigéria 11,82 14,26 16,42 14,14 20,90 15,55
Egito 22,49 16,41 12,74 14,80 -1,13 13,43
África do Sul 11,06 15,57 10,19 2,84 13,61 11,38
Marrocos 5,44 4,29 3,70 3,64 5,90 6,05
Sudão 4,71 4,49 3,44 4,78 4,53 4,80
Tunísia 3,13 4,76 3.20 3,50 2,67 4,40
Argélia 3,22 4,48 5,21 5,25 6,02 4,39
Participação Total na África 61,87 64,26 54,95 48,99 52,53 60,02
China1 42,33 46,26 47,91 49,76 49,51 51,53
Cingapura 13,43 3,10 7,74 12,66 15,12 11,29
Índia 7,29 11,41 11,29 6,29 7,45 6,12
Arábia Saudita 6,53 10,03 10,18 7,31 3,87 4,65
Turquia 6,30 5,12 2,66 2,35 3,75 3,29
Tailândia 3,25 2,22 1,53 2,53 2,26 3,12
Malásia 2,45 1,88 0,46 2,37 2,82 2,98
Participação Total na Ásia2 81,58 80,02 81,77 83,27 84,78 83,02
Brasil 20,07 21,50 17,36 25,88 30,72 23,33
México 18,27 12,95 10,78 11,05 9,01 18,62
Chile 7,29 7,40 8,62 8,20 7,97 7,68
Argentina 3,75 4,64 2,68 3,76 3,33 7,02
Colômbia 5,25 5,06 4,77 3,68 6,09 4,83
Peru 3,18 3,30 4,30 4,51 3,79 3,30
Venezuela 0,94 0,57 -1,69 0,64 2,44 2,13
Participação Total na A.L. e Caribe 58,75 55,42 46,82 57,72 63,35 66,93
Fonte: UNCTAD. Elaboração própria. 1 Somando China, Hong Kong, Macau e Taiwan.
2 Somando Ásia e Oriente Médio em um bloco único e excluindo Israel e Japão que são considerados pela
UNCTAD países desenvolvidos.
36
Ao mesmo tempo é marcante a pouca participação da África. Esse continente recebeu
de 1990 até 2011 apenas 6,81% dos ingressos de IDE para os países em desenvolvimento e
2,49% do total mundial. Selecionando os sete maiores receptores de IDE por região, a Tabela
1 deixa claro que os investidores buscam os maiores mercados e também países que possuem
abundância em recursos naturais. Com isso muitos países acabam excluídos das transferências
mundiais de IDE.
Quanto à forma de realização do IDE destacam-se duas maneiras: os investimentos
greenfield e as fusões e aquisições. Os investimentos tipo greenfield são novos investimentos
(ou ampliação de um já existente) como a instalação de uma fábrica ou empreendimento em
um outro país, sendo considerado um “IDE bom” pelo potencial de geração de empregos,
renda, investimentos e transferência de tecnologia. Já as fusões e aquisições representam a
aquisição total ou parcial (sendo no mínimo 10%) de um empreendimento já existente28
.
Na década de 1990 as fusões e aquisições foram a forma predominante de realização
de IDE em nível mundial com 63,01%29
dos ingressos ocorrendo dessa forma. Isso se deveu
pela facilidade que essa forma de realização de investimento traz consigo e pela maneira
como ela permite adquirir uma fatia de mercado já existente sem a necessidade de um aporte
maior de recursos, Chesnais (1996). Além disso, o ingresso através de fusões e aquisições
permite uma maior segurança em termos de informação sobre o ativo que está sendo
adquirido, UNCTAD (WIR 2010). Já para os países em desenvolvimento e economias em
transição as fusões e aquisições representaram apenas 27,26% do total de ingressos na década
de 1990.
A partir da década passada o IDE realizado por fusões e aquisições perde espaço para
o IDE tipo greenfield. A explicação para isso, segundo os relatórios da UNCTAD (WIR 2010,
2011 e 2012), está no fato do IDE tipo greenfield estar acompanhado pelo maior crescimento
dos países em desenvolvimento nos últimos anos e pela possibilidade de redução de custos e
maior retorno que essa forma de investimento pode obter nesses países. Além disso, a crise
28
Para uma definição mais completa sobre o IDE ler OECD Benchmark Definition of Foreign Direct Investment, Third Edition (1996). Assim como as Definições e Fontes apresentadas nos anexos dos relatórios World Investment Report da UNCTAD. A própria UNCTAD reconhece que os dados sobre IDE possuem limitações, (WIR, 2009). As informações sobre Fusões e Aquisições e projetos Greenfield são adquiridas de fontes externas. 29
No que se refere às fusões e aquisições, até 2008 eram apresentados nos relatórios da UNCTAD o valor total de vendas e o valor de compras. A partir de 2009 passou a ser subtraído do total de vendas as vendas de filiais do exterior no mercado local e nas compras as vendas de filiais estrangeiras das companhias locais. Essas alterações mudaram substancialmente as estatísticas a respeito das fusões e aquisições. Nos cálculos apresentados no texto foram utilizados dados de fusões e aquisições pela primeira metodologia.
37
econômica iniciada em 2008 trouxe incertezas na avaliação de ativos que estão cotados em
mercados financeiros dificultando assim fusões e aquisições. De 2003 até 2012 foram
realizados mais de US$ 9,0 trilhões em IDE na forma de greenfield com 32,35% desses
investimentos sendo realizados nos países desenvolvidos, 60,45% nos países em
desenvolvimento e 7,18% nas economias em transição.
Finalmente deve ser destacada a importância cada vez maior do setor de serviços. De
acordo com a Tabela 2 abaixo, de 1990 até 2011 o estoque mundial de ingresso e saída de
IDE no setor de serviços passou de pouco mais de US$ 1,0 trilhão para US$ 13,2 trilhões de
entradas e de US$ 996,6 bilhões para US$ 14,4 trilhões de saídas. Isso equivale a uma
mudança relativa em nível mundial de 48,72% para 63,66% sobre o total de entradas e de
47,65% para 67,37% sobre o total de saídas.
Tabela 2 - Estoque de IDE por setor (em milhões de US$ correntes). Entrada de IDE 1990 2011 Setores/Regiões Países
Desenvolvidos Países em
Desenvolvimento Mundo Países
Desenvolvidos Países em
Desenvolvimento Países em Transição*
Mundo
Primário 160.692 32.139 192.831 921.833 555.837 59.840 1.537.510 Secundário 686.408 167.308 853.716 3.519.872 1.604.786 94.898 5.219.557 Terciário 833.462 179.211 1.012.673 9.192.542 3.854.442 241.106 13.288.090
Saída de IDE 1990 2011 Setores/Regiões Países
Desenvolvidos Países em
Desenvolvimento Mundo Países
Desenvolvidos Países em
Desenvolvimento Países em Transição*
Mundo
Primário 180.283 2.924 183.207 1.384.792 188.939 1.246 1.574.977 Secundário 897.304 8.404 905.708 4.113.656 285.373 6.556 4.405.584 Terciário 984.885 11.700 996.685 12.224.794 2.191.759 29.322 14.445.875 Fonte: UNCTAD (WIR, 2013). *Os dados para os países em transição só estão disponíveis para o ano de 2011.
Como observam Ramasamy e Yeung (2010), e Chesnais (1996) o serviço busca
participação no mercado e pela necessidade de proximidade com o cliente deve ser produzido
e consumido localmente. Portanto o IDE torna-se a maneira natural de produzir serviços no
mercado externo se comparado ao comércio. Chesnais (1996) também destaca as
oportunidades que a desregulamentação e privatização de setores antes controlados pelo
Estado como telecomunicações, financeiro, meios de comunicação e transporte aéreo
trouxeram para as grandes empresas multinacionais na forma de IDE.
Quanto à participação dos países em desenvolvimento no setor de serviços, em 1990
eles foram responsáveis por 17,69% das entradas e apenas 1,17% das saídas mundiais de IDE.
Enquanto em 2011 esses números avançam para 29,0% e 15,17% das entradas e saídas de
IDE respectivamente. De acordo com a CEPAL (2003) dois fatores são responsáveis por essas
mudanças. Primeiro: políticas de liberalização e privatização adotadas por esses países em
38
setores como telecomunicações, financeiro e infraestrutura. Segundo: a emergência de novos
serviços como desenvolvimento de softwares, processamento de dados, call centers e suporte
para negócios que são destinados em parte para esses países.
3.2 O IDE PARA A AMÉRICA LATINA E CARIBE
Acompanhando os países em desenvolvimento a América Latine e Caribe também
apresentou um rápido crescimento nos ingressos de IDE. A importância cada vez maior dessa
região pode ser medida pela sua participação relativa nos investimentos. Enquanto em 1990
apenas 4,30% dos ingressos mundiais de IDE foram direcionados para essa região em 2011
esse valor foi de 14,23%. Sendo o ano de pico em 1997 com 15,04% do total mundial.
Considerando apenas países em desenvolvimento a participação relativa da América Latina e
Caribe é maior com uma fatia de 31,7% nesse grupo de países em 201130
. Mas repetindo o
que ocorre nas economias em desenvolvimento e em transição os fluxos de IDE para a região
latino-americana também são desiguais com 66,93% dos investimentos, no período 1990-
201131
, ficando apenas com Brasil, México, Chile, Argentina, Colômbia, Peru e Venezuela.
O fluxo de entrada de IDE para a América Latina e Caribe foi marcado por dois
períodos distintos. Pelo Gráfico 2 pode-se observar que o primeiro período vai do início da
década de 1990 até o ano 1999 quando o fluxo total de IDE passou de pouco mais de US$ 8,9
bilhões em 1990 para atingir os US$ 104,5 bilhões em 1999. A partir do ano 2000 o IDE
começa a cair chegando em US$ 47,9 bilhões em 2003. Nesse período houve uma
consolidação dos programas de privatização com fusões e aquisições sendo realizadas nos
mais diversos setores (UNCTAD, 2005). Esse primeiro período termina a partir de 2000/2001
com a crise na economia Argentina, crise do setor de energia no Brasil, redução do
crescimento nos Estados Unidos e final de programas de privatização como no caso do
próprio Brasil. Considerando o período de 1990-2002 o IDE ficou bastante concentrado em
30
Excluindo a China dos países em desenvolvimento a participação relativa da América Latina e Caribe sobe para 38,71% em 2011, mas já ultrapassou o nível de 50% de participação em 1998 e 1999 com 59,45% e 54,92% respectivamente. Todos os dados são da UNCTAD. 31
É necessário observar que parte dos ingressos de IDE na região são destinados para paraísos fiscais. Somente Ilhas Virgens e Ilhas Cayman receberam 15,27% e 8,14% respectivamente do IDE para o período 1990-2011. Na presente dissertação estão sendo considerados os fluxos totais para a região incluindo esses países e não está sendo considerado o IDE para Bermuda (ilhas Bermudas) por ser considerado pela UNCTAD um país desenvolvido.
39
poucos países com Brasil, México, Argentina e Chile juntos recebendo 69,28% do total de
investimentos.
Gráfico 2 - Fluxo de Ingressos de IDE para a América Latina e Caribe 1990-2011 (em bilhões
de US$ correntes).
Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.
A partir de 2003/2004 se inicia o segundo período com recuperação dos ingressos de
investimentos diretos devido ao aumento dos preços das commodities, maior crescimento da
região latino-americana e recuperação da economia mundial. Nessa nova fase interrompida
por mais uma crise, dessa vez surgida no sistema financeiro norte-americano, o IDE
ultrapassa os mais de US$ 210,6 bilhões em 2008 e US$ 249,4 bilhões em 2011. Nesse
segundo período, ainda que continue concentrado em poucos países, houveram mudanças
significativas na distribuição do IDE. No período 2003-2011 Chile e Colômbia receberam
individualmente mais investimento direto do que a Argentina e houve queda acentuada na
participação da Venezuela. Acompanhando o resto do mundo as empresas multinacionais
tiveram como forma predominante de ingresso na América Latina e Caribe o IDE tipo
greenfield. Essa forma de investimento somou US$ 978,7 bilhões no período 2003-2012.
Sendo realizados um total de 10.168 projetos na região, UNCTAD (WIR 2013).
Diferentes autores como Ramirez (2010) e Blanco (2012) concordam que a partir da
década de 1990 o investimento direto externo foi importante para a manutenção de uma nova
forma de desenvolvimento iniciada na região com maior abertura ao capital externo e ao
comércio exterior. Para ilustrar a importância do IDE na região latino-americana dois
indicadores são relevantes. O primeiro demonstrado no Gráfico 3 mostra o estoque de IDE
0
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9
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0
201
1
América Latina e Caribe(Total)
América Central eCaribe
América do Sul
40
acumulado em relação ao PIB para os principais países da América Latina e Caribe no
período 1990-201032
.
Com exceção da Guatemala todos os países possuíam em 2010 uma relação
estoque/pib maior do que em 1990. Para Brasil e México, as duas maiores economias da
amostra, essa relação era menor do que 10% do PIB em 1990, enquanto em 2010 esse valor já
ultrapassa os 30%. Também chama atenção à elevada participação do estoque de IDE sobre o
PIB em Trinidad e Tobago, Chile e Nicarágua. Assim como o rápido crescimento em outros
países como El Salvador, Honduras, Colômbia e República Dominicana.
Gráfico 3 – Relação % do estoque acumulado de IDE sobre o PIB, para 1990 e 2010.
Fonte: UNCTAD e Banco Mundial. Elaboração própria.
Já o segundo indicador se refere a maior participação relativa do IDE na formação
bruta de capital fixo. Pela Tabela 3 esse indicador passa de 4,3% em 1990 para representar
mais de 20% em 2012. Esse fenômeno pode ser observado para a maioria dos países da região
apresentados na mesma tabela. No Brasil esse indicador passou de apenas 1,2% em 1990 para
chegar em 15,1% em 2012. Em países como El Salvador e Peru passou de menos de 1% para
atingir 15,1% e 21,5% em 2012 respectivamente. No Chile que é uma das economias mais
desenvolvidas da região o IDE representou em 2012, 46% da formação bruta de capital fixo.
Tabela 3 - Fluxo de entrada de IDE como percentual da formação bruta de capital físico na
32
Conforme Campos e Kinoshita (2003) um maior estoque acumulado de IDE pode representar uma boa medida de fatores de aglomeração. Espera-se que esse indicador possa sinalizar uma boa estrutura para futuros investimentos. Além é claro dos benefícios que o IDE pode trazer como transferência de tecnologia e eficiência para empresas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1990
2010
41
América Latina e Caribe com regiões e países selecionados. Localidade/Ano 1990 1995 2000 2005 2010 2012
América Latina e Caribe...................................... 4,3 8,6 24,8 15,5 18,9 20,9
América do Sul............................................... 3,5 6,8 24,7 15,0 12,2 16,8
América Central.................................................. 5,4 17,1 13,6 14,9 11,9 7,7
Caribe............................................................... 12,5 5,8 146,8 28,3 340,3 309,7
Argentina..................................................... 9,3 12,1 22,6 13,4 9,6 12,3
Brasil.......................................................... 1,2 3,1 30,3 10,7 11,6 15,1
Chile.......................................................... 7,6 15,3 29,4 26,8 33,1 46,0
Colômbia.................................................... 3,8 3,5 17,3 35,6 10,9 18,8
Costa Rica..................................................... 11,1 15,1 14,4 23,0 20,4 25,2
El Salvador................................................. 0,3 2,1 7,8 19,6 4,1 15,1
México........................................................ 5,1 18,8 13,4 14,3 10,5 5,2
Peru............................................................. 0,7 19,8 7,5 17,7 20,4 21,5
República Dominicana................................... 8,0 16,4 19,7 20,5 22,8 37,8
Trinidad e Tobago......................................... 15,7 29,3 53,5 20,5 17,7 70,6
Uruguai...................................................... 3,8 4,9 8,4 29,5 30,9 27,7
Fonte: UNCTAD (WIR, 2013).
Tradicionalmente a América Latine e Caribe recebe investimentos externos que
buscam recursos naturais, eficiência e ingresso em mercados (CEPAL 2008). Sendo
caracterizada por ser uma região vasta que possui economias com diferentes características
como, por exemplo, na dotação de recursos naturais, qualificação da mão-de-obra, posição
geográfica e tamanho dos mercados consumidores internos. Como sintetiza o Quadro 4 a
seguir, a distribuição do IDE nessa região vai estar diretamente relacionada com essas
características e inserida dentro das estratégias das empresas multinacionais.
Quadro 4 - América Latina e Caribe: Estratégias das Empresas Multinacionais. Estratégia
Corporativa e Setor
Busca de Recursos
Naturais
Busca de Mercado local (nacional e
regional)
Busca de eficiência para
conquista de outros mercados
Busca de ativos
tecnológicos
Bens Petróleo e Gás:
Comunidade Andina,
Argentina e Trinidad e Tobago.
Minério: Chile, Argentina
e Comunidade Andina
Automotivo: Mercosul.
Química: Brasil
Indústria de Alimentos: Argentina, Brasil e México.
Bebidas: Argentina, Brasil e México
Tabaco: Argentina, Brasil e México
Automotivo: México.
Eletrônica: México e
Bacia do Caribe. Vestuário: Bacia do
Caribe e México
Serviços Turismo: México e Bacia
do Caribe
Finanças: México, Chile, Argentina,
Venezuela, Colômbia, Peru, Brasil.
Telecomunicações: Brasil, Argentina,
Chile, Peru e Venezuela.
Comércio Varejista: Brasil, Argentina
e México. Energia Elétrica: Colômbia, Brasil,
Chile, Argentina e América Central.
Distribuição de Gás: Argentina, Chile, Colômbia e Bolívia.
Serviços de Administração: Costa
Rica
Fonte: CEPAL (2004).
42
Conforme CEPAL (2003, 2004 e 2005) a busca por recursos naturais na América
Latina e Caribe está concentrada no setor primário e principalmente na América do Sul. É
nessa região que estão concentradas as principais fontes desses recursos com os investimentos
sendo realizados com objetivo principal de atingir resultados com exportações. O que faz com
que dependam pouco das características internas dos mercados locais. Exemplo disso são os
investimentos cada vez maiores da China em Minério, Petróleo e Gás e até mesmo na
produção de bens primários como soja, arroz e cana de açúcar para atender ao mercado
chinês, CEPAL (2011). Competindo com a China nesse tipo de IDE estão empresas
multinacionais da União Europeia, CEPAL (2012a).
A grande abundância em recursos naturais da região também gera IDE com objetivo
de obter espaço em mercados nacionais e regionais. Conforme CEPAL (2013) no setor
agrícola e agroindustrial o IDE busca adquirir o controle e uso de ativos que tenham acesso a
recursos naturais e animais (para consumo humano) e também ativos que permitam obter
infraestrutura para processamento agropecuário, aquisição e desenvolvimento de tecnologia,
estabelecimento de alianças produtivas e realização de novas compras e fusões. Citando
estudo da UNCTAD (2009) a CEPAL (2013) destaca que devido a fatores como liberalização
do comércio, movimentos de capitais, consolidação de tratados de livre comércio e
crescimento das economias emergentes, entre os períodos 1989-1991 e 2005-2007, os fluxos
mundiais de IDE em atividades primárias (agricultura, caça, pesca e produção florestal) e
atividades agroindustriais (alimentos, bebidas e tabaco) quadruplicaram. Recentemente no
período 2005-2011 do IDE destinado à Agroindústria apenas seis países, Brasil, México,
Argentina, Costa Rica, Uruguai e Paraguai receberam juntos US$ 48,4 bilhões33
. Com
destaque para o Brasil que no período 2001-2011 registrou crescimento médio anual de 35%
nesse setor.
Já os investimentos realizados com busca de eficiência têm como prioridade produzir
com custos mais baixos aproveitando-se da mão-de-obra mais barata e da posição geográfica
privilegiada pela proximidade maior com a América do Norte. Os investimentos que seguem
essa estratégia estão concentrados principalmente na América Central e Caribe em setores
como Automotivo, Eletrônico, Confecções e Calçados com zonas francas e plataformas de
exportação sendo desenvolvidas com incentivos fiscais e tributários. A região da América
33
A distribuição desses investimentos ocorre da seguinte forma: Brasil (49,9%), México (37,9%), Argentina (11%), ficando o resto, aproximadamente 1% com Uruguai, Costa Rica e Paraguai. Nesse valor total de US$ 48,4 bilhões não estão incluídos IDE na indústria de máquinas agrícolas e processamento de biocombustíveis.
43
Central34
tem se distinguido por essa característica. Desde a década de 1980 foram tomadas
medidas no sentido de adotar um modelo exportador com menor participação do Estado e
maior abertura comercial, com os Estados Unidos sendo o principal investidor na região. Em
2006 foi assinado acordo de livre comércio entre Costa Rica, El Salvador, Guatemala,
Honduras, Nicarágua e República Dominicana junto com os Estados Unidos, CEPAL (2011).
Com a dupla característica de buscar mercados locais e eficiência para exportações o
setor automotivo se apresenta como um dos maiores receptores de IDE na América Latina e
Caribe tendo como destaques Brasil e México que de acordo com a CEPAL (2010) são
responsáveis por aproximadamente 90% da produção de veículos da região. Mas como
destaca o mesmo relatório ambos os países estão em situações bem distintas.
Enquanto no Brasil o crescimento do setor está sendo puxado pela demanda interna
que cresceu em média 14% a.a. de 2003 até 2009, no México, que recebeu US$ 23,0 bilhões
em IDE no setor automotivo de 1994 até 2009, existe uma relação de dependência do
mercado norte-americano. O México exporta veículos com maior valor agregado (80% da
produção de veículos mexicana é exportada) e importa veículos da América do Sul e Ásia
com menor valor agregado. Dessa forma o mercado automotivo mexicano é considerado um
dos mais abertos e competitivos do mundo.
A busca por mercados em serviços foi a mais importante realizada na América Latina
e Caribe na segunda metade da década de 1990, CEPAL (2004). Como apresentado no
Quadro 1 dentro dessa estratégia destacam-se diferentes setores como Telecomunicações,
Financeiro e Comércio Varejista. A abertura comercial e maior liberdade para investimentos
externos permitiu que principalmente através de fusões/aquisições e privatizações houvesse
uma maior participação estrangeira em setores antes dominados por empresas de capital
nacional e estatal. Além disso o crescimento econômico e a ampliação do consumo em massa
torna esses setores bastante atrativos para receber investimentos, CEPAL (2013).
Um ponto importante destacado pela CEPAL (2012a e 2012b) é o baixo conteúdo
tecnológico do IDE na região. No período 2003-2011 apenas 6% dos investimentos diretos
em manufaturas foram em setores de alta tecnologia e um terço para setores de tecnologia
média-alta. Enquanto isso na Ásia no mesmo período a China e os Tigres Asiáticos receberam
34
A CEPAL (2011) realiza análise sobre Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá. Este grupo de países forma o chamado Istmo Centro-americano. A República Dominicana está incluída na análise por fazer parte do Tratado de Livre Comércio realizado por esse país junto com América Central (Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua) e Estados Unidos em 2006.
44
70% dos investimentos em setores de tecnologia alta e média-alta. No período 2003-2010
apenas 3% dos projetos mundiais de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) foram destinados
para a região e no ano de 2011 esse resultado chegou em 7,3%. A exceção da região latino-
americana é o Brasil que em 2011 concentrou 4,9% do IDE mundial em P&D (principalmente
no setor primário). São valores baixos se comparados com a Ásia e Pacífico que receberam
45,7% dos projetos em 2003-2010 e 38,4% em 2011. O que mostra claramente que a América
Latina e Caribe não é destino preferencial em P&D, CEPAL (2012b).
Assim, tendo caracterizado nesse capítulo como foram os fluxos de ingressos de IDE
para os países em desenvolvimento e em transição e também para os países da América Latina
e Caribe. O próximo capítulo vai cumprir com a principal parte da dissertação que é
apresentar o modelo econométrico e seus resultados.
45
4 METODOLOGIA VARIÁVEIS E RESULTADOS
Após apresentar nos capítulos dois e três uma revisão de literatura teórica
complementada por trabalhos empíricos e a evolução recente do IDE. Nesse quarto capítulo
será apresentada a metodologia e o modelo utilizado para testar quais as principais variáveis
determinantes para atrair IDE nas economias em desenvolvimento e em transição e para a
região da América Latina e Caribe.
4.1 METODOLOGIA35
Pela característica de tornar possível a análise de um mesmo indivíduo (pessoa,
empresa, família, estado) ou grupo de indivíduos ao longo do tempo e o objetivo da presente
dissertação de estudar os determinantes do investimento direto externo para uma ampla
amostra de 11836
países de 1996 até 2011, a metodologia utilizada será de dados em painel.
Baltagi (2008) lista diferentes vantagens em se trabalhar com essa metodologia onde é
possível citar: maior controle e consideração de heterogeneidade dos indivíduos; dados em
painel oferecem mais informações, maior variabilidade, menos colinearidade entre as
variáveis, mais graus de liberdade e maior eficiência; são mais adequados para estudar
dinâmicas de ajustamento como, por exemplo, o desemprego; e permitem construir e testar
modelos de comportamento mais complicados como mudanças de eficiência técnica.
Pode–se definir uma regressão com dados em painel da seguinte forma37
:
yit = αi + βxit + µit
Onde:
i = 1,...,N - número/tamanho da amostra (118 países).
t = 1,...,T - período da amostra (1996-2011).
yit = a variável dependente, no caso o fluxo anual de investimento direto externo para
os 118 países da amostra.
35
A análise de dados em painel pode ser encontrada em diferentes manuais de econometria e artigos. A metodologia exposta segue: Baltagi (2008), Gujarati e Porter (2011), Maddala (2003), Marques (2000) e Wooldridge (2011). 36
O apêndice D apresenta o conjunto completo de países que serão analisados. 37
Seguindo Maddala (2003).
46
αi = uma constante que capta efeitos individuais das unidades da amostra.
β = é o vetor dos parâmetros que serão estimados no modelo.
xit = matriz de variáveis explicativas formada por k regressores.
µit = é o erro aleatório com média zero e variância σ2.
No presente trabalho serão estimadas três diferentes regressões com dados em painel:
primeiro uma com dados empilhados/agrupados ou coeficientes constantes (pooled
regression), segundo uma com efeitos fixos e por ultimo uma com efeitos aleatórios.
No modelo com coeficientes constantes (pooled regression) os dados estão agrupados,
portanto os coeficientes estimados são os mesmos para toda a amostra analisada (países). Ao
considerar que todos os indivíduos possuem comportamento uniforme torna-se uma forma de
análise mais simples e irrealista, Marques (2000). Dessa forma a heterogeneidade dos
indivíduos é, para Gujarati e Porter (2011), “camuflada”. As diferentes individualidades de
cada país poderão estar incluídas no termo de erro (µit), com consequente correlação desse
com os coeficientes estimados. O que pode levar a coeficientes tendenciosos e inconsistentes.
Diferentemente de uma regressão com dados agrupados, em um modelo com efeitos
fixos será preservada a heterogeneidade de cada indivíduo observado através da utilização de
variáveis dummy. Sendo o modelo de efeitos fixos também conhecido como modelo de
mínimos quadrados com variáveis dummies (MQVD). Cada indivíduo observado terá seu
próprio intercepto αi. Com os interceptos variando de acordo com os indivíduos mas sendo
fixos ao longo do tempo.
Já no modelo com efeitos aleatórios αi são tratadas como variáveis aleatórias ao invés
de serem constantes fixas. E também αi são independentes dos erros µit e independentes entre
si. Com αi sendo aleatório os erros passam a ser vit = αi + µit. Sendo αi um componente de corte
transversal ou específico dos indivíduos, e µit, chamado de termo idiossincrático,
representando um elemento de erro combinado da série temporal e corte transversal variando
com o indivíduo.
A definição de qual modelo será escolhido entre efeitos fixos e efeitos aleatórios vai
depender do resultado do Teste de Hausman. A escolha vai depender se αi é ou não
correlacionado com xit. Portanto, com uma distribuição qui-quadrado (χ2), o Teste de
Hausman vai verificar a hipótese abaixo:
47
H0 = αi não são correlacionados com xit
H1 = αi são correlacionados com xit
Se a hipótese nula não for rejeitada considera-se o modelo por efeitos aleatórios mais
eficiente e consistente enquanto o modelo por efeitos fixos é consistente mas não eficiente.
Caso contrário, se a hipótese nula for rejeitada o modelo por efeitos fixos será mais
consistente e eficiente do que o modelo por efeitos aleatórios que será inconsistente. O Teste
de Hausman é definido abaixo:
H = ( ̂EF - ̂EA)´[Var( ̂EF) – Var( ̂EA)]-1
( ̂EF - ̂EA)
sendo ̂EF e ̂EA os vetores dos estimadores de efeitos fixos e efeitos aleatórios
respectivamente.
Após o Teste de Hausman serão realizados os testes de diagnóstico para detectar a
presença ou não de heterocedasticidade e autocorrelação nos resíduos. Para o teste de
heterocedasticidade será realizado o Teste de Wald38
modificado para regressões em painel
com efeitos fixos. Enquanto que para o teste de autocorrelação nos resíduos será utilizado o
Teste de Durbin-Watson modificado elaborado por Bhargava et al39
.
4.2 VARIÁVEIS
As variáveis utilizadas no modelo estão divididas entre variáveis tradicionais (macro e
microeconômicas) e variáveis institucionais. Todas foram retiradas dos trabalhos empíricos
apresentados na seção 2.2 e têm como objetivo analisar quais os principais determinantes
econômicos que os países hospedeiros possuem para atrair IDE. A variável dependente será o
fluxo anual de investimento direto externo na forma de logaritmo natural. A seguir são
apresentadas individualmente todas as variáveis utilizadas na mesma ordem em que estão nas
equações que foram estimadas.
38
Metodologia apresentada em Greene (2003). 39
Metodologia apresentada em Bhargava et al. (1982). Também pode ser vista em Verbeek (2008).
48
4.2.1 Variáveis Tradicionais
- Crescimento real anual do PIB (PIB): Para essa variável espera-se sinal positivo, pois para
um maior nível crescimento de um país ou região espera-se uma maior quantidade de
ingressos de IDE.
- Tamanho do Mercado (lnMPPC): O tamanho do mercado será representado pelo PIB
calculado pela paridade do poder de compra (em logaritmo natural). Também é esperado sinal
positivo porque mercados consumidores maiores devem atrair mais IDE.
- Abertura Comercial (AC): Para a abertura comercial, calculada pela soma das exportações e
importações divididos sobre o PIB, o sinal esperado pode ser positivo ou negativo. Positivo
porque quanto mais aberta ao comércio for uma economia mais atraente ela deve ser para
atrair investimentos. Mas o sinal pode ser negativo na medida em que o IDE pode ser
utilizado como forma de ultrapassar barreiras comerciais.
- Estabilidade Econômica (lnIN): Para representar a estabilidade econômica será utilizado o
Índice de Preços ao Consumidor (na forma de logaritmo natural). A inclusão dessa variável
deve-se ao fato da análise ser realizada para economias em desenvolvimento e em transição,
que muitas vezes apresentam períodos de crise com efeitos nos índices de preços. Como
quanto maior a inflação maior deve ser a instabilidade da economia é esperado sinal negativo
para essa variável.
- Efeitos de Aglomeração (lnEST(-1)): Para testar a existência de efeitos de aglomeração será
utilizado o estoque de IDE defasado em um período (em logaritmo natural). Quanto maior o
estoque de IDE acumulado que um país possui mais atraente esse país deve ser para os
investidores externos porque já deve apresentar uma infraestrutura mínima para receber
investimentos, portanto é esperado sinal positivo nessa variável.
- Infraestrutura (lnINFRA): A importância da infraestrutura dos países da região será testada
através da quantidade de telefones celular para cada cem habitantes (em logaritmo natural).
Também é esperado sinal positivo para essa variável considerando que uma melhor
infraestrutura deve ser fator de atração de IDE.
- Recursos Naturais (RECN): Para os recursos naturais será utilizado um indicador do Banco
Mundial que é calculado pela soma dos ganhos que um país pode obter com petróleo, gás
natural, carvão, minerais e florestas sobre o PIB. Essa é uma variável de difícil medida dada
49
sua complexidade em encontrar indicadores que sejam amplos. Pela característica de vários
países da amostra de possuir altos níveis de recursos naturais espera-se sinal positivo nessa
variável.
- Desenvolvimento do Sistema Financeiro (M2): O desenvolvimento do sistema financeiro
será medido pelo agregado monetário M2 em relação ao PIB. A presença de um sistema
financeiro desenvolvido deve ser considerada como uma fator importante na realização de
investimentos no exterior sendo assim é esperado para essa variável sinal positivo.
- Tamanho do Governo (CONS): O tamanho e a intervenção do Governo é um fator que pode
atrair ou não IDE. Para essa variável será usado como proxy o consumo final do governo em
relação ao PIB. Como uma maior intervenção do governo na economia é vista como fator
prejudicial para atrair investimentos o sinal esperado dessa variável deve ser negativo.
4.2.2 Variáveis Institucionais
As variáveis institucionais foram retiradas dos seis indicadores elaborados por
Kaufmann et al. (2010) apresentados pelo Banco Mundial. Esses indicadores, chamados de
WGI (Worldwide Governance Indicators), formam uma boa medida da qualidade
institucional de mais de 200 países desde 199640
. Os dados são obtidos de diferentes fontes
como Bancos de Desenvolvimento Internacionais, Gallup World Poll, Reporters Without
Borders, etc. Cada indicador está em uma escala de -2,5 até +2,5 onde quanto maior a escala
melhor o resultado do indicador avaliado. Dessa forma para todas as variáveis deve-se esperar
uma relação positiva com os fluxos de IDE41
. A seguir é apresentado um resumo do
significado de cada variável.
- Voz e Responsabilidade (VOZ): captura a liberdade das pessoas de eleger seus
representantes, liberdade de expressão, liberdade de associação e liberdade de imprensa.
- Estabilidade Política e Ausência de Violência (ESPO): mostra a possibilidade do Estado ser
desestabilizado ou derrubado através de atos de violência, terrorismo, atos inconstitucionais
ou intervenções externas.
40
Os dados WGI são fornecidos a cada dois anos de 1996 até o ano 2000 e anualmente a partir de 2002. Portanto para os anos de 1997, 1999 e 2001 os dados não estão disponíveis. Para maiores informações consultar Kaufmann et al. (2010). 41
Pode-se observar o uso e tratamento dessas variáveis em Daude e Stein (2007) e Globerman e Shapiro (2002).
50
- Efetividade do Governo (EG): representa a qualidade dos serviços públicos, a qualidade da
formulação e implementação de políticas, mede o grau de independência institucional em
questões políticas.
- Qualidade Regulatória (QR): captura a percepção da habilidade do Governo em formular e
implementar políticas sólidas e regulação que permitam e promovam o desenvolvimento do
setor privado.
- Lei e Ordem (LEI): mede a percepção da dimensão em que os agentes possuem confiança
nas leis e as obedecem, a qualidade da execução de contratos, direitos de propriedade, polícia,
tribunais e a probabilidade de crimes e violência.
- Controle da Corrupção (CORR): mede a percepção de que o poder público é exercido em
benefício privado em diferentes níveis.
O Quadro 5 abaixo faz um resumo das variáveis que serão testadas junto com o sinal
esperado para cada uma delas e a respectiva fonte dos dados.
Quadro 5 - Total de Variáveis Utilizadas no Modelo.
Variável Dependente Sinal Esperado Fonte Log do Fluxo Anual de IDE (lnIDE) --------------- UNCTAD
Variáveis Independentes Sinal Esperado Fonte Crescimento % do PIB (PIB) Positivo Banco Mundial
Log do PIB pela Paridade do Poder de Compra
(lnMPPC)
Positivo Banco Mundial
Abertura Comercial (AC) Positivo/Negativo Banco Mundial
Log da Inflação (lnIN) Negativo Banco Mundial
Log do Estoque de IDE (lnEST(-1)) Positivo UNCTAD
Log da Infraestrutura (lnINFRA) Positivo Banco Mundial
Recursos Naturais (RECN) Positivo Banco Mundial (Natural Resources
Wealth)
Desenvolvimento do Sistema Financeiro (M2) Positivo Banco Mundial
Consumo final do Governo (CONS) Negativo Banco Mundial
Voz e Responsabilidade (VOZ) Positivo Banco Mundial (Kaufmann et al.
2010)
Estabilidade Política e Ausência de Violência
(ESPO)
Positivo Banco Mundial (Kaufmann et al.
2010)
Efetividade do Governo (EG) Positivo Banco Mundial (Kaufmann et al.
2010)
Qualidade Regulatória (QR) Positivo Banco Mundial (Kaufmann et al.
2010)
Lei e Ordem (LEI) Positivo Banco Mundial (Kaufmann et al.
2010)
Controle da Corrupção (CORR) Positivo Banco Mundial (Kaufmann et al.
2010)
Fonte: Elaboração Própria.
51
4.3 RESULTADOS
Como já citado a metodologia utilizada será de dados em painel. Serão feitas
regressões para três amostras diferentes de países todas com as mesmas variáveis e período de
tempo (1996-2011). A primeira amostra para o total de 118 países será apenas uma referência
para os países em desenvolvimento e em transição. Como o que efetivamente se busca
analisar são os determinantes dos fluxos de IDE para os países em desenvolvimento e em
transição e saber se para os países da América Latina e Caribe existem diferenças nesses
determinantes, da amostra de 118 países foram retirados os 27 países da América Latina e
Caribe formando uma nova amostra com 91 países. Essa medida tem como objetivo retirar
dos resultados dos países em desenvolvimento e em transição os efeitos que os países da
América Latina e Caribe podem causar. Para analisar a América Latina e Caribe uma terceira
amostra apenas com os seus 27 países foi criada. Todas as regressões foram feitas com o
software Stata 12.1. A estatística descritiva está apresentada no apêndice E.
Inicialmente as primeiras regressões foram estimadas com todas as variáveis
apresentadas na seção 4.2. Para cada uma das três amostras de países foram feitas três
regressões. Iniciando sempre com uma regressão com dados agrupados e seguindo com mais
duas regressões, uma com efeitos fixos e outra com efeitos aleatórios. O resultado da primeira
regressão estimada com dados agrupados serve como uma referência onde é possível testar o
grau de multicolinearidade do modelo. Para isso foi utilizado como teste o Variance Inflation
Factor (VIF)42
. Os resultados médios foram de 3,88 para a amostra total de países 4,13 para a
amostra de 91 países e 5,94 para os países da América Latina e Caribe. Em todas as
regressões, as variáveis institucionais apresentaram multicolinearidade elevada43
e alta
correlação umas com as outras. Esses primeiros resultados estão no Apêndice H.
Então, através da metodologia de análise de componente principal, optou-se por
agrupar as seis variáveis institucionais em uma única nova variável chamada de WGI. Essa
variável vai representar a qualidade institucional dos países analisados. Assim foram feitas
novas regressões com os resultados apresentados na Tabela 4.
42
Fator de Inflação da Variância (FIV). O Apêndice F mostra sua fórmula de cálculo e os resultados encontrados. 43
Conforme apêndice F (resultados FIV) e apêndice G (matriz de correlação).
52
Tabela 4 – Resultados com as variáveis institucionais agrupadas.
Total de Economias
(118 países)
Economias em Desenvolvimento e Transição
(91 países)
Economias da América Latina e Caribe
(27 países) (Pooled Regression) (Efeitos Fixos) (Efeitos Aleatórios) (Pooled Regression) (Efeitos Fixos) (Efeitos Aleatórios) (Pooled Regression) (Efeitos Fixos) (Efeitos Aleatórios)
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
Variáveis lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE
PIB 0.0253*** 0.00846 0.0124** 0.0278*** 0.00322 0.00964 0.0512*** 0.0307*** 0.0383***
(0.00656) (0.00634) (0.00612) (0.00747) (0.00749) (0.00723) (0.0116) (0.0106) (0.0104)
lnMPPC 0.359*** 0.607*** 0.560*** 0.339*** 0.640*** 0.571*** 0.730*** 1.169*** 0.717*** (0.0340) (0.183) (0.0591) (0.0388) (0.221) (0.0656) (0.0691) (0.299) (0.118)
AC 0.00354*** 0.00761*** 0.00695*** 0.00442*** 0.00829*** 0.00799*** 0.00163 0.00723* 0.00383
(0.000774) (0.00188) (0.00131) (0.000884) (0.00217) (0.00145) (0.00184) (0.00397) (0.00291) lnIN 0.0543* 0.111*** 0.0884*** 0.00853 0.101** 0.0652 0.0877* 0.0970* 0.109**
(0.0314) (0.0352) (0.0329) (0.0366) (0.0432) (0.0398) (0.0504) (0.0525) (0.0502)
lnEST(-1) 0.545*** 0.287*** 0.378*** 0.626*** 0.266*** 0.404*** 0.206*** 0.313*** 0.288*** (0.0280) (0.0520) (0.0412) (0.0338) (0.0606) (0.0479) (0.0453) (0.102) (0.0719)
lnINFRA 0.122*** 0.163*** 0.151*** 0.124*** 0.181*** 0.161*** 0.0443 -0.0262 0.0426
(0.0159) (0.0263) (0.0158) (0.0183) (0.0304) (0.0181) (0.0291) (0.0544) (0.0325) RECN 0.00497** 0.00571 0.00491 0.00345 0.0108* 0.00630* -0.00107 -0.0175** -0.0103
(0.00197) (0.00476) (0.00334) (0.00224) (0.00559) (0.00371) (0.00392) (0.00857) (0.00627)
M2 -0.00551*** -0.00562** -0.00859*** -0.00720*** -0.00755** -0.0100*** 0.00399 0.00886* 0.00624 (0.00121) (0.00278) (0.00198) (0.00136) (0.00325) (0.00220) (0.00338) (0.00535) (0.00441)
CONS -0.0292*** -0.00915 -0.0187** -0.0243*** -0.00380 -0.0167* 0.0164 -0.0307 -0.0198
(0.00564) (0.0113) (0.00886) (0.00643) (0.0129) (0.00987) (0.0128) (0.0256) (0.0197)
WGI 0.137*** 0.350*** 0.202*** 0.0549** 0.275*** 0.125*** 0.215*** 0.433*** 0.258***
(0.0196) (0.0625) (0.0354) (0.0252) (0.0751) (0.0423) (0.0257) (0.0982) (0.0464)
Constante -7.195*** -11.98*** -11.16*** -7.402*** -12.80** -11.77*** -14.02*** -25.37*** -14.09***
F-test (Chow) Prob > F
(0.692)
-----
(4.256)
6.90 (0,0000)
(1.270)
-----
(0.793)
-----
(5.162)
5.62 (0,0000)
(1.412)
-----
(1.483)
-----
(6.978)
7.13 (0,0000)
(2.603)
-----
Breusch-
Pagan Test
----- ----- 478.98
(0,0000)
----- ----- 184.86
(0,0000)
----- ----- 129.07
(0,0000) R-quadrado 0.801 0.455 0.4487 0.805 0.465 0.4563 0.869 0.497 0.4817
VIF 2.15 ----- ----- 2.20 ----- ----- 3.11 ----- -----
Observações 1,189 1,189 1,189 895 895 895 294 294 294
Fonte: Elaboração própria.
Nota: *, **,*** indicam que os parâmetros estimados são estatisticamente significativos aos níveis de 10%, 5% e 1% respectivamente. Entre parênteses está o valor do erro-padrão de cada variável.
53
Nos resultados da Tabela 4 é possível perceber uma redução expressiva do grau de
multicolinearidade. Com médias de 2,15 para o total de países, 2,20 para a segunda amostra
com 91 países e 3,11 para os países da América Latina e Caribe. A Tabela 4 também mostra o
ganho que se obtém estimando as regressões por efeitos fixos e aleatórios. Os resultados dos
Testes de Chow rejeitaram a hipótese nula de que todos os interceptos são iguais à zero.
Sendo assim é válida a regressão por efeitos fixos em relação à regressão com dados
agrupados.
Enquanto isso os resultados do Teste LM de Breusch-Pagan confirmam a presença de
efeitos aleatórios. O Teste LM de Breusch-Pagan considera como hipótese nula que a
variância dos indivíduos seja zero. Com uma distribuição χ
2 com um grau de liberdade os
resultados rejeitam essa hipótese. Portanto com ≠ 0 é confirmada a presença de efeitos
aleatórios e esse modelo deve ser estimado em relação ao modelo com dados agrupados44
.
Após estimar as regressões, foi realizado o Teste de Hausman para definir qual o
melhor modelo para ser analisado entre as regressões com efeitos fixos e aleatórios. Com base
nos resultados apresentados na Tabela 4, ao nível de significância de 5%, pode-se rejeitar a
hipótese nula de efeitos aleatórios e assim dá-se preferência ao modelo com efeitos fixos. Os
resultados estão apresentados no Quadro 6 abaixo.
Quadro 6 - Resultados do Teste de Hausman. Total de Países Países em Desen. e Transição América Latina e Caribe
30.07
45.56 21.05
p-valor 0.0008 p-valor 0.0000 p-valor 0.0208
Fonte: Elaboração própria.
Tendo definido o modelo por efeitos fixos, foram realizados os testes de diagnóstico
para detectar a presença ou não de heterocedasticidade e autocorrelação nos resíduos. No teste
de heterocedasticidade, com a hipótese nula sendo pela presença de homocedasticidade, o p-
valor rejeita essa hipótese em todos os grupos de países portanto pode-se concluir pela
presença de heterocedasticidade. Já para o teste de autocorrelação nos resíduos os resultados
rejeitam a hipótese nula de não haver correlação serial de primeira ordem. Todos os resultados
estão no quadro 7.
44
Os Testes de Chow e LM de Breusch-Pagan estão apresentados em Baltagi (2008).
54
Quadro 7 - Resultados dos Testes de Diagnóstico. Resultados do Teste de Wald modificado para regressões com efeitos fixos
Total de Países Países em Desen. e Transição América Latina e Caribe
5136.16
3732.73 370.79
p-valor 0.0000 p-valor 0.0000 p-valor 0.0000
Resultados do Teste de Durbin-Watson Modificado de Bhargava et al.
Total de Países Países em Desen. e Transição América Latina e Caribe
0.95894664 0.95408556 1.0636318
Fonte: Elaboração própria.
Com isso confirmada a maior consistência e eficiência das regressões por efeitos fixos
e a presença de heterocedasticidade e autocorrelação nos resíduos, novas regressões (apenas
com efeitos fixos) foram realizadas com erros-padrão robustos. Os resultados estão
apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 - Resultados Finais com erros-padrão robustos. Total de Economias
(118 países)
Economias em Desenvolvimento e
Transição (91 países)
Economias da América Latina e Caribe
(27 países)
(Efeitos Fixos) (Efeitos Fixos) (Efeitos Fixos)
(1) (2) (3)
Variáveis lnIDE lnIDE lnIDE
PIB 0.00846 0.00322 0.0307** (0.0113)
1.169**
(0.436) 0.00723
(0.00622)
0.0970 (0.0685)
0.313*
(0.161) -0.0262
(0.0870) -0.0175
(0.0110)
0.00886 (0.00740)
-0.0307
(0.0331) 0.433***
(0.132)
-25.37** (10.06)
294
0.497
(0.0118) (0.0132)
lnMPPC 0.607** 0.640**
(0.261) (0.307) AC 0.00761*** 0.00829***
(0.00248) (0.00266)
lnIN 0.111** 0.101* (0.0502) (0.0584)
lnEST(-1) 0.287*** 0.266**
(0.102) (0.109) lnINFRA 0.163*** 0.181***
(0.0393) (0.0432) RECN 0.00571 0.0108
(0.00752) (0.00885)
M2 -0.00562 -0.00755* (0.00348) (0.00386)
CONS -0.00915 -0.00380
(0.0158) (0.0168) WGI 0.350*** 0.275***
(0.0878) (0.0949)
Constante -11.98** -12.80* (5.934) (7.041)
Observações 1,189 895
R-quadrado 0.455 0.465
Fonte: Elaboração própria.
Nota: *, **,*** indicam que os parâmetros estimados são estatisticamente significativos aos níveis de 10%, 5% e 1% respectivamente.
Entre parênteses está o valor do erro-padrão de cada variável.
4.3.1 Discussão dos Resultados
Como citado no início dessa seção a primeira regressão com todos os 118 países
(equação 1) serve como uma referência. O objetivo principal é comparar os resultados
apresentados na equação 2 que representa os países em desenvolvimento e em transição sem a
55
presença da América Latina e Caribe com os resultados da equação 3 para os países da
América Latina e Caribe. Embora tenha ficado claro que os resultados das regressões 1 e 2
são bastante próximos.
Comparando as regressões 2 e 3, como era de se esperar o crescimento (PIB) teve sinal
positivo mas é significativo apenas na América Latina e Caribe. Considerando o crescimento
das economias em desenvolvimento e em transição nas ultimas duas décadas esperava-se que
essa variável fosse significativa também para esse grupo de países. O mercado consumidor
(lnMPPC) é positivo e significativo nas duas regressões o que confirma a importância dessa
variável na atração de IDE pois espera-se que quanto maior o mercado consumidor mais
atrativo ele deve ser para as empresas multinacionais realizarem investimentos.
A abertura comercial (AC) foi positiva e significativa para os países em
desenvolvimento e em transição confirmando os resultados de Asiedu (2002) e Nonnenberg e
Mendonça (2005). Com isso, para esse grupo de países, pode-se afirmar que quanto maior a
abertura ao comércio, maiores devem ser os fluxos de entrada de IDE. Mas essa variável não
foi significativa para a região da América Latina e Caribe. Esse mesmo resultado foi
encontrado por Amal e Seabra (2007). O que pode ser considerado natural porque essa região
ainda é bastante fechada ao comércio em relação ao resto do mundo.
A inflação (lnIN), que tinha como objetivo representar a estabilidade econômica,
apresentou sinal positivo para ambas as amostras de países, sendo significativa somente para
as economias em desenvolvimento e em transição (apenas com 10% de significância).
Esperava-se um sinal negativo como em Nonnenberg e Mendonça (2005) e também Campos e
Kinoshita (2008). Mas vale lembrar que no período analisado ocorreu um aumento dos preços
de diversas commodities internacionais como alimentos, petróleo, minério e aço. O que
certamente causa pressão nos preços. E muitos dos países analisados produzem essas
commodities e recebem IDE nesses setores. Então, é possível analisar por essa ótica o sinal
positivo dessa variável.
Já o estoque acumulado de IDE (lnEST(-1)) como era de se esperar foi significativo e
positivo para os dois grupos de países. Confirmando que o IDE já acumulado pode possuir
externalidades positivas que sinalizam para os novos investidores a presença de boas
condições, ou pelo menos condições mínimas, para realizar investimentos no país hospedeiro.
Esse mesmo resultado foi encontrado por Campos e Kinoshita (2003).
56
A variável infraestrutura (lnINFRA) foi positiva e significativa para os países em
desenvolvimento e em transição mas não para os países da América Latina e Caribe. Claro
que existem limitações na utilização dessa variável. A infraestrutura pode ser medida de
diferentes maneiras. Nonnenberg e Mendonça (2005) utilizaram o consumo per capita de
energia elétrica, mas a variável não foi significativa. E Asiedu (2002) observa que na África
muitas firmas são obrigadas a utilizar geradores privados de energia. Outra variável que pode
ser utilizada é a quantidade de estradas pavimentadas. Mas como destacam Campos e
Kinoshita (2003) se, por exemplo, um país possuir apenas uma estrada, e ela for pavimentada,
então 100% das estradas são pavimentadas.
A quantidade de telefones celular por habitantes cresceu bastante nos últimos anos.
Mas para que isso tenha ocorrido é necessária uma infraestrutura mínima. Por isso deu-se
preferência pela utilização de telefones celular por 100 habitantes como variável de
infraestrutura. Para os países em desenvolvimento e em transição os resultados confirmam
Asiedu (2002). Mas na América Latina e Caribe contradizem Campos e Kinoshita (2008) que
tiveram essa variável significativa nos seus resultados. Apesar da infraestrutura ser importante
para atrair investimentos ainda é precária em vários locais da região latino-americana então
pode-se entender porque não foi significativa.
A variável recursos naturais (RECN) não foi significativa e apresentou sinal negativo
para os países da América Latina e Caribe. É uma variável de difícil medida. Campos e
Kinoshita (2008) utilizaram a participação percentual do petróleo e gás natural sobre as
exportações. Blanco (2012), analisando o IDE para a América Latina, encontrou resultado
significativo e positivo para as exportações de matérias primas sobre o PIB. Mas no mesmo
trabalho as exportações de petróleo não foram significativas. Talvez em uma análise setorial,
por exemplo, somente com os determinantes dos fluxos de IDE para o setor de petróleo ou de
mineração seja possível encontrar uma relação positiva e significativa para essa variável.
Apesar da importância do desenvolvimento do sistema financeiro essa variável só foi
significativa na equação 2 apenas com 10% de significância e mesmo assim com sinal
negativo o que não era esperado. Economicamente um sinal negativo para essa variável não
faz sentido porque espera-se que quanto mais desenvolvido o setor financeiro de um país mais
fácil torna-se a realização de negócios e investimentos nele. No trabalho de Borensztein et al.
(1998) essa variável não foi significativa e, segundo os autores, uma das razões para isso pode
ser o fato da amostra ser composta apenas por países em desenvolvimento.
57
O consumo do governo (CONS), apesar de apresentar sinal negativo como era
esperado, também não foi significativo. O que pode representar que mesmo possuindo relação
inversa com os fluxos de IDE, o tamanho do Governo nos países analisados não é importante
para inibir investimentos externos. Já a ultima variável analisada (WGI), que agrupou as
variáveis institucionais, foi positiva e significativa ao nível de 1% confirmando a importância
da qualidade institucional na atração de IDE.
58
5 CONCLUSÃO
Esta dissertação teve como objetivo principal analisar os determinantes dos fluxos de
investimento direto externo para os países em desenvolvimento e em transição e responder a
seguinte pergunta: existem diferenças para a América Latina e Caribe? Para responder a essa
pergunta o capítulo 2 iniciou com uma revisão de literatura dividida em duas partes. Primeiro
uma revisão teórica que acompanhou a evolução de diferentes abordagens sobre o IDE, e a
segunda parte que enfatizou trabalhos empíricos sobre o tema. Na primeira parte do capítulo,
as diferentes abordagens apresentadas, mostraram que a realização do IDE vai depender
fundamentalmente das estratégias e objetivos das empresas multinacionais e os ganhos que
elas podem obter investindo em outro país. Hymer (1976) mostrou que essas empresas
precisam de vantagens compensatórias para realizar IDE. Para Buckley e Casson (1976 e
2009) as empresas multinacionais internalizam sua produção como forma de reduzir custos de
transação.
Vernon (1966), com sua Teoria do Ciclo do Produto, mostrou que a busca por redução
de custos leva à transferência da produção para outros países. Para Dunning (1988, 1993 e
2000) as empresas multinacionais possuem quatro estratégias para realizar IDE: busca por
mercado (Market-seeking), busca por recursos (Resource-seeking), busca por eficiência
(Efficiency-seeking) e busca por ativos (Asset-seeking). Enquanto pela nova teoria do
comércio o IDE horizontal depende do trade-off entre proximidade e escala de produção e o
IDE vertical depende das diferenças de fatores de produção existentes entre os países.
A segunda parte do capítulo 2 concentrou-se em mostrar os resultados e conclusões de
13 artigos empíricos para países em desenvolvimento e em transição e 7 artigos empíricos
para a região da América Latina e Caribe. Os resultados apresentados dependeram da amostra
de países, período analisado e variáveis utilizadas. As principais conclusões confirmam que os
ingressos de IDE dependem do tamanho do mercado consumidor, da estabilidade econômica,
da abertura comercial, do crescimento, de recursos naturais, da qualidade da mão-de-obra e da
qualidade institucional.
O capítulo três mostrou como foram os fluxos de IDE para os países em
desenvolvimento e em transição e após isso a mesma análise foi feita para os países da
América Latina e Caribe. Pelos dados apresentados foi possível concluir que a participação
das economias em desenvolvimento e em transição é cada vez maior nas transferências
mundiais de IDE. Tendo sido nos anos de 2010, 2011 e 2012 maior do que a participação dos
59
países desenvolvidos. Também foi visto que os ingressos de IDE são desiguais tanto em nível
mundial como regional, ficando boa parte dos investimentos concentrados em poucos países
que possuem os maiores mercados, apresentam maior crescimento e são ricos em recursos
naturais. Sendo cada vez maior a participação do IDE no setor de serviços.
Enquanto isso na América Latina e Caribe o investimento direto externo passou a estar
cada vez mais presente no desenvolvimento da região. Com as estratégias das empresas
multinacionais para realizar IDE acompanhando as diferentes características dos países de
destino dos investimentos. Os ingressos de IDE caracterizaram-se por dois períodos distintos.
O primeiro de 1990 até 1999 em um momento de maior abertura econômica e consolidação de
privatizações em setores antes controlados pelo governo. No segundo período iniciado em
2003/2004 o maior ritmo de crescimento da região e o aumento dos preços das commodities
internacionais impulsionaram à retomada dos investimentos.
Com a utilização de dados em painel e uma amostra de 118 países, o capítulo 4
cumpriu com a principal parte da dissertação que foi testar quais os determinantes dos
ingressos de IDE para os países em desenvolvimento e em transição e para os países da
América Latina e Caribe. Para posteriormente comparar os resultados. Foram feitas regressões
para três amostras diferentes de países. Primeiro com a amostra total de 118 países que serviu
como uma referência para os países em desenvolvimento e em transição. Segundo para uma
amostra com 91 países sem a presença dos países da América Latina e Caribe. E terceiro
somente com os 27 países da América Latina e Caribe.
As variáveis institucionais testadas apresentaram elevada correlação entre elas,
portanto, através de análise de componente principal, foram agrupadas em uma nova variável
que representou a qualidade institucional dos países. Com esse modelo reduzido foram feitas
novas regressões. O Teste de Hausman definiu como melhor modelo as regressões por efeitos
fixos. Enquanto os testes de diagnóstico confirmaram a presença de heterocedasticidade e
autocorrelação nos resíduos.
Foram feitas novas regressões somente com efeitos fixos e com erros-padrão robustos.
Com esses resultados finais foram feitas as devidas análises. O crescimento econômico só foi
significativo para os países da América Latina e Caribe. Apesar de sua importância para atrair
IDE, não foi significativo nos países em desenvolvimento e em transição. O tamanho do
mercado, como era de se esperar, foi significativo e positivo tanto para os países em
desenvolvimento e em transição como para os países da América Latina e Caribe.
60
A abertura comercial sendo positiva e significativa confirmou os resultados
encontrados por Asiedu (2002), e Nonnenberg e Mendonça (2005) para os países em
desenvolvimento e em transição. Já para os países da América Latina e Caribe essa variável
não foi significativa. O mesmo resultado foi encontrado por Amal e Seabra (2007), sendo
compreensível pela pouca abertura dos países latino-americanos ao comércio exterior.
A inflação, que representou a estabilidade econômica, não foi significativa para os
países da América Latina e Caribe. Mas foi significativa para os países em desenvolvimento e
em transição com o sinal positivo, quando era esperado sinal negativo. Considerando que
muitos dos 118 países analisados são produtores de commodities que tiveram elevação em
seus preços e muitos países tiveram inflação elevada no período analisado, pode-se interpretar
que haja uma relação positiva entre os fluxos de IDE e o nível de preços. Mas essa variável
falha ao representar à estabilidade econômica.
O estoque acumulado de IDE foi significativo e positivo para ambas as amostras de
países. É o mesmo resultado obtido por Campos e Kinoshita (2003). O que confirma à
importância de efeitos de aglomeração na atração futura de IDE. Para representar a
infraestrutura foi utilizada a quantidade de telefones celular por cem habitantes. O resultado
positivo e significativo para os países em desenvolvimento e em transição foi o mesmo
encontrado por Asiedu (2002). Enquanto que para os países da América Latina e Caribe essa
variável não foi significativa. Contrariando os resultados de Campos e Kinoshita (2008) que
encontraram essa variável como significativa para esses países. Mas pelo fato da
infraestrutura ser ruim na região latino-americana o resultado é compreensível.
Apesar dos relatórios da UNCTAD e da CEPAL mostrarem a importância dos
recursos naturais na atração de IDE, essa variável não foi significativa. O que não impede, por
exemplo em um estudo setorial, a possibilidade dessa variável ser significativa. Enquanto
isso, o desenvolvimento do sistema financeiro foi significativo somente para os países em
desenvolvimento e em transição, mas com sinal negativo. Esse resultado não possui
significado econômico.
O consumo do governo teve sinal negativo como era esperado, mas não foi
significativo. Desse resultado é possível concluir que os gastos do Governo possuem relação
negativa com os ingressos de IDE. Mas pelo fato da variável não ter sido significativa tanto
para os países em desenvolvimento e em transição como para os países da América Latina e
Caribe, o tamanho do Governo não é suficiente para inibir fluxos de entrada de IDE.
61
E finalmente a qualidade institucional foi significativa e positiva para ambas as
amostras de países. Apesar de terem sido analisados países em desenvolvimento e em
transição. E o foco principal deste trabalho não ter sido somente estudar a importância das
instituições como determinantes do IDE. Esse resultado mostra que pela possibilidade de criar
condições mais favoráveis e seguras para as empresas multinacionais operarem, a qualidade
institucional é cada vez mais levada em consideração por investidores nas suas decisões e
possui relevância na atração de IDE.
Com esses resultados pelo fato de haver diferenças nos resultados encontrados, tem-se
evidências de que existem diferenças nos determinantes do IDE para os países da América
Latina e Caribe em relação aos países em desenvolvimento e em transição. Seguindo Dunning
(1988, 1993 e 2000) para os países em desenvolvimento e em transição sendo significativas as
variáveis representando o tamanho do mercado e o estoque acumulado de IDE pode-se
concluir que as empresas multinacionais realizam nessa região estratégias de busca de
mercados (Market-seeking). E com as variáveis abertura comercial, infraestrutura e qualidade
institucional também sendo significativas confirmam por parte das empresas multinacionais a
estratégia de busca por eficiência (Efficiency-seeking).
Já para os países da América Latina e Caribe as variáveis crescimento do PIB,
tamanho do mercado e estoque de IDE foram significativas e comprovam a busca por
mercados (Market-seeking) como estratégia principal.
62
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67
APÊNDICE
68
Apêndice A - Fluxos de ingressos de IDE (em milhões de US$ correntes) e participação % das Economias em Desenvolvimento e em Transição sobre o total mundial. Ano Média 1980-
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995
(1) Total Mundial 81.302 197.276 207.455 154.072 165.880 223.316 255.999 342.798 (2) Países Desenvolvidos
61.822 166.528 172.526 114.035 111.141 143.435 150.575 222.484
(3) Países em Desenvolvimento e em Transição
19.480 30.748 34.928 40.037 54.739 79.881 105.425 120.314
(3)/(1) 23,96% 15,58% 16,83% 25,98% 32,99% 35,77% 41,18% 35,09%
Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
(1) Total Mundial 390.899 487.853 706.265 1.091.439 1.400.541 827.617 627.974 586.956 (2) Países Desenvolvidos
236.035 285.391 508.745 852.121 1.137.996 601.241 443.432 376.808
(3) Países em Desenvolvimento e em Transição
154.865 202.463 197.521 239.318 262.544 226.376 184.543 210.149
(3)/(1) 39,61% 41,50% 27,96% 21,92% 18,74% 27,35% 29,38% 35,80%
Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
(1) Total Mundial 744.329 980.727 1.463.351 1.975.537 1.790.705 1.197.823 1.309.001 1.524.422 (2) Países Desenvolvidos
422.179 622.625 981.869 1.310.425 1.019.648 606.212 618.586 747.860
(3) Países em Desenvolvimento e em Transição
322.150 358.102 481.482 665.112 771.058 591.611 690.415 776.562
(3)/(1) 43,28% 36,51% 32,90% 33,66% 43,05% 49,39% 52,74% 50,94%
Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.
69
Apêndice B - Fluxo de IDE por região e países selecionados. Distribuição dos Ingressos de IDE por região: 1990-2011 (em milhões de US$ correntes)
Região/Ano 2007 2008 2009 2010 2011 Média 1990-2011
Mundo 1.975.537 1.790.705 1.197.823 1.309.001 1.524.422 838.862 Países Desenvolvidos 1.310.425 1.019.648 606.212 618.586 747.860 531.153 Países em Desenvolvimento* 547.311 650.016 519.225 616.660 684.399 277.817 África 51.478 57.841 52.644 43.122 42.651 20.961 Ásia 349.412 380.360 315.237 384.063 423.157 169.206 América Latina e Caribe 172.280 209.517 149.402 187.400 216.988 86.955 Oceania 1.139 2.297 1.940 2.074 1.602 693 Economias em Transição** 90.800 121.040 72.386 73.754 92.162 29.891
Fluxo de ingressos de IDE para os principais países em desenvolvimento e economias em transição: 1990-2011 (em milhões de US$ correntes)
País/Ano 2007 2008 2009 2010 2011 Média 1990-2011
China*** 147.935 175.955 151.056 191.123 209.543 87.203 Brasil 34.584 45.058 25.948 48.506 66.660 20.635 Cingapura 46.929 11.797 24.417 48.636 64.003 19.113 México 31.492 27.140 16.119 20.708 19.554 16.378 Rússia**** 55.073 75.002 36.499 43.288 52.878 17.814 Índia 25.505 43.406 35.595 24.159 31.554 10.369 Arábia Saudita 22.821 38.151 32.100 28.105 16.400 7.872 Chile 12.571 15.518 12.887 15.372 17.299 6.537 Argentina 6.473 9.725 4.017 7.055 7.243 6.088 Turquia 22.047 19.504 8.411 9.038 15.876 5.577 Tailândia 11.359 8.454 4.854 9.733 9.571 5.286 Malásia 8.594 7.171 1.452 9.102 11.966 5.055 Coréia do Sul 2.628 8.408 7.501 8.511 4.660 4.463 Colômbia 9.048 10.619 7.137 6.899 13.234 4.262 Cazaquistão**** 11.119 14.321 13.242 10.768 12.910 4.581 Emirados Árabes 14.186 13.723 4.002 5.500 7.679 3.842 Indonésia 6.928 9.318 4.877 13.771 18.906 3.780 Nigéria 6.086 8.248 8.649 6.098 8.915 3.260 Peru 5.490 6.923 6.430 8.454 8.232 2.926 Vietnã 6.700 9.578 7.600 8.000 7.430 2.913 Egito 11.578 9.494 6.711 6.385 -482 2.815 Ucrânia**** 9.891 10.913 4.816 6.495 7.207 3.058
Fonte: UNCTAD. Elaboração própria. *Por serem considerados países desenvolvidos estão excluídos Japão e Israel da Ásia, Bermudas da América Latina e Caribe, Austrália e Nova Zelândia da Oceania. ** Pela UNCTAD (WIR 2013) são economias em transição: Albânia, Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Bósnia e Herzegovina, Cazaquistão, Croácia, Geórgia, Macedônia, Moldávia , Montenegro, Quirguistão, Rússia, Sérvia, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão. *** Somando: China, Macau, Hong Kong e Taiwan. **** Dados a partir de 1992.
70
Apêndice C - Fluxo de Ingressos de IDE para países selecionados da América Latina e Caribe: 1990- 2011 (em US$ milhões)
1990-2006 2007 2008 2009 2010 2011
América do Sul
Argentina........................................ 5.849 6.473 9.725 4.017 7.055 7.243
Bolívia............................................. 389 366 512 423 642 858
Brasil............................................... 13.718 34.584 45.058 25.948 48.506 66.660
Chile................................................ 4.127 12.571 15.518 12.887 15.372 17.299
Colômbia ....................................... 2.754 9.048 10.619 7.137 6.899 13.234
Equador.......................................... 498 194 1006 321 158 567
Guiana............................................ 62 152 178 164 154 165
Paraguai.......................................... 102 202 209 94 228 303
Peru................................................ 1.696 5.490 6.923 6.430 8.454 8.232
Suriname........................................ -44 -247 -231 -93 -612 -585
Uruguai........................................... 294 1.329 2.105 1.528 2.289 2.191
Venezuela....................................... 2.128 1.620 1.195 -2.536 1.209 5.302
América Central
Costa Rica....................................... 514 1.896 2.078 1.346 1.465 2.104
El Salvador...................................... 214 1.550 903 365 116 385
Guatemala...................................... 241 745 753 600 805 984
Honduras........................................ 238 928 1.006 523 797 1014
México............................................ 14.430 31.492 27.140 16.119 20.709 19.554
Nicarágua........................................ 153 382 626 434 508 968
Panamá........................................... 670 1.777 2.196 1.259 2.350 2.790
Caribe
Antígua e Barbuda.......................... 80 338 174 81 97 59
Bahamas......................................... 452 1.623 1.512 873 1.142 1.533
Barbados......................................... 75 476 464 247 290 334
Belize.............................................. 38 143 170 109 97 94
Dominica........................................ 21 40 57 41 24 25
Granada......................................... 42 157 142 103 60 40
Haiti............................................... 17 75 30 38 150 181
Jamaica.......................................... 393 867 1.437 541 228 242
Rep. Dominicana........................... 618 1.667 2.870 2.165 1.896 2.371
São Cristóvão e Névis.................... 52 134 178 131 120 142
São Vicente e Granadinas.............. 46 130 159 97 103 135
Santa Lúcia..................................... 67 272 161 146 110 76
Trinidad e Tobago.......................... 605 830 2.801 709 549 574
Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.
71
Apêndice D - Países analisados.
África: África do Sul, Angola, Argélia, Benin, Botsuana, Burkina Faso, Burundi,
Cabo Verde, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Djibuti, Egito, Eritréia,
Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial,
Lesoto, Libéria, Líbia, Madagascar, Malawi, Mali, Marrocos, Maurício,
Mauritânia, Moçambique, Namíbia, Níger, Nigéria, Quênia, República
Centro-Africana, República Democrática do Congo, República do Congo,
Ruanda, São Tomé e Príncipe, Senegal, Seychelles, Suazilândia, Sudão,
Tanzânia, Togo, Tunísia, Uganda, Zâmbia, Zimbábue.
América Latina: Antígua e Barbuda, Argentina, Aruba, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala,
Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai,
Peru, República Dominicana, Trinidad e Tobago, Uruguai, Venezuela.
Ásia: Arábia Saudita, Bahrein, Bangladesh, Brunei, Butão, Camboja,
Cazaquistão, China, Cingapura, Coréia do Sul, Emirados Árabes,
Filipinas, Hong Kong, Iêmen, Índia, Indonésia, Irã, Jordânia, Kuwait,
Macau, Malásia, Mianmar, Mongólia, Nepal, Omã, Paquistão, Qatar,
Síria, Sri Lanka, Tadjiquistão, Tailândia, Turcomenistão, Turquia,
Uzbequistão, Vietnã.
Leste Europeu: Albânia, Armênia, Croácia, Geórgia, Rússia, Ucrânia.
Fonte: Elaboração própria.
72
Apêndice E - Estatística descritiva.
Estatística descritiva para o total de países.
Variáveis N° de Obs. Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Fluxo de IDE (lnIDE) 1801 5.851678 2.372761 -11.44116 11.72792
Crescimento (PIB) 1887 4.740355 6.057834 -59.7 106.2798
Mercado (lnMPPC) 1835 24.17328 1.931111 18.74276 30.05596
Abertura Comercial (AC) 1806 85.92989 54.23494 .3088029 460.4711
Inflação (lnIN) 1753 1.765523 1.150895 -4.091758 10.10279
Estoque de IDE (-1) (lnEST) 1871 7.675569 2.361704 -1.347074 13.97894
Infraestrutura (lnINFRA) 1821 2.031738 2.46239 -6.911417 5.495109
Recursos Naturais (RECN) 1838 12.45177 18.44761 0 218.8864
Desenvolv. do S.F. (M2) 1791 48.79365 37.37959 2.072555 327.9526
Consumo do Gov. (CONS) 1776 14.38529 6.479026 2.047121 69.54283
Voz e Responsabilidade (VOZ) 1529 -.4775915 .7830176 -2.221134 1.471362
Est. Po. e Aus. de Vio. (ESPO) 1529 -.3693238 .8918472 -2.986354 1.424166
Eficiência do Gov. (EG) 1528 -.3302573 .7463992 -1.981993 2.407654
Qualidade Regulatória (QR) 1529 -.3289176 .7854393 -2.412731 2.247345
Lei e Ordem (LEI) 1529 -.4340898 .7472743 -2.233534 1.764065
Controle da Corrup. (CORR) 1528 -.3644695 .7423509 -2.057457 2.417994
Fonte: Elaboração própria.
Estatística descritiva para os países em desenvolvimento e transição sem América Latina e Caribe.
Variáveis N° de Obs. Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Fluxo de IDE (lnIDE) 1383 5.70789 2.448306 -11.44116 11.72792
Crescimento (PIB) 1455 5.12849 6.499 -59.7 106.2798
Mercado (lnMPPC) 1437 24.10775 1.948697 18.74276 30.05596
Abertura Comercial (AC) 1400 88.33226 57.16158 .3088029 460.4711
Inflação (lnIN) 1348 1.774564 1.205597 -4.091758 10.10279
Estoque de IDE (-1) (lnEST) 1448 7.648748 2.298863 -1.347074 13.97894
Infraestrutura (lnINFRA) 1392 1.801327 2.578748 -6.911417 5.495109
Recursos Naturais (RECN) 1418 14.15956 19.87711 0 218.8864
Desenvolv. do S.F. (M2) 1377 48.91311 40.93827 2.072555 327.9526
Consumo do Gov. (CONS) 1352 14.46022 6.682094 2.047121 69.54283
Voz e Responsabilidade (VOZ) 1183 -.6587349 .7196316 -2.221134 1.026079
Est. Po. e Aus. de Vio. (ESPO) 1183 -.4187613 .9264255 -2.986354 1.400933
Eficiência do Gov. (EG) 1182 -.4015809 .7518441 -1.981993 2.407654
Qualidade Regulatória (QR) 1183 -.4213052 .7849403 -2.412731 2.247345
Lei e Ordem (LEI) 1183 -.460782 .740645 -2.233534 1.764065
Controle da Corrup. (CORR) 1182 -.4237898 .723704 -2.057457 2.417994
Fonte: Elaboração própria.
Estatística descritiva para os países da América Latina e Caribe.
Variáveis N° de Obs. Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Fluxo de IDE (lnIDE) 418 6.327417 2.034948 .0198026 11.10736
Crescimento (PIB) 432 3.433094 3.984062 -12.3 18.28661
Mercado (lnMPPC) 398 24.40989 1.849356 20.59558 28.46008
Abertura Comercial (AC) 406 77.64583 41.63864 14.93285 273.0364
Inflação (lnIN) 405 1.735433 .9470287 -2.077448 4.60417
Estoque de IDE (-1) (lnEST) 423 7.767383 2.565966 .0198026 13.42212
Infraestrutura (lnINFRA) 429 2.779365 1.854252 -3.809196 5.28021
Recursos Naturais (RECN) 420 6.685958 10.61401 0 63.63403
Desenvolv. do S.F. (M2) 414 48.39634 21.72176 13.57958 119.8425
Consumo do Gov. (CONS) 424 14.14636 5.784974 4.787428 39.8808
Voz e Responsabilidade (VOZ) 346 .1417515 .6663373 -1.8867 1.471362
Est. Po. e Aus. de Vio. (ESPO) 346 -.2002933 .7384134 -2.378574 1.424166
Eficiência do Gov. (EG) 346 -.0866029 .6736707 -1.676646 1.589504
Qualidade Regulatória (QR) 346 -.0130376 .7014627 -1.629447 1.644733
Lei e Ordem (LEI) 346 -.3428274 .7635676 -1.909397 1.451109
Controle da Corrup. (CORR) 346 -.1618202 .7700787 -1.81587 1.760029
Fonte: Elaboração própria.
73
Apêndice F - Multicolinearidade
Pode-se resumir a presença de multicolinearidade quando existe uma relação linear
“perfeita” ou exata entre algumas ou todas as variáveis explicativas de uma regressão,
Gujarati e Porter (2011). Diferentes fatores podem levar a essa situação como o método de
coleta de dados ou simplesmente má especificação do modelo. Além disso, as variáveis
analisadas podem simplesmente ter correlação umas com as outras como consumo com
eletricidade e tamanho da casa (Gujarati e Porter, 2011) ou despesas escolares sobre o
desempenho de estudantes (Wooldridge, 2011).
A presença de multicolinearidade não invalida o modelo. Para Maddala (2003) a
questão prática a abordar é saber o quão elevada são as intercorrelações entre as variáveis
explicativas a ponto de causar problemas de inferência. A multicolinearidade refere-se à
amostra e não a população utilizada e não existe teste para sua detecção mas apenas formas de
medir seu grau, Gujarati e Porter (2011). Com isso no presente trabalho para medir o grau de
multicolinearidade dos modelos e variáveis estimadas será utilizado o fator de inflação da
variância (FIV)45
.
O FIV mostra como a variância de um estimador é “inflada” pela presença de
multicolinearidade e pode ser calculado da seguinte maneira:
FIV =
Onde é o coeficiente de correlação entre duas variáveis x2 e x3. Quando
está
próximo de 1, FIV estará próximo do infinito. Então quando a colinearidade aumenta a
variância do estimador também aumenta. Não havendo colinearidade FIV estará próximo de
1. Como regra geral se o FIV de uma variável for maior do que 10 essa variável pode ser
considerada altamente colinear, Gujarati e Porter (2011). Abaixo seguem os resultados das
estimativas FIV.
45
Para uma literatura mais ampla outros testes de multicolinearidade são apresentados em Gujarati e Porter (2011) e Maddala (2003).
74
Indicador VIF de multicolinearidade para o total de países.
Modelo com todas as variáveis Modelo com as variáveis institucionais agrupadas
Variável VIF Variável VIF
EG 9.87 ----- -----
LEI 9.22 ----- -----
CORR 6.81 ----- -----
QR 5.86 ----- -----
lnMPPC 5.38 ----- -----
lnEST(-1) 4.71 lnEST(-1) 4.57
ESPO 2.70 lnMPPC 4.55
M2 2.51 M2 2.28
AC 2.29 AC 2.11
VOZ 2.25 WGI 1.84
RECN 1.57 lnINFRA 1.45
lnINFRA 1.49 RECN 1.29
lnIN 1.25 lnIN 1.17
CONS 1.18 CONS 1.13
PIB 1.09 PIB 1.07
Média 3.88 Média 2.15
Fonte: Elaboração própria.
Indicador VIF de multicolinearidade para o total de países excluindo América Latina e Caribe.
Modelo com todas as variáveis Modelo com as variáveis institucionais agrupadas
Variável VIF Variável VIF
EG 11.77 ----- -----
LEI 9.78 ----- -----
CORR 7.27 ----- -----
QR 6.41 ----- -----
lnMPPC 5.05 ----- -----
lnEST(-1) 4.95 lnEST(-1) 4.65
ESPO 2.73 lnMPPC 4.23
M2 2.64 M2 2.47
AC 2.48 AC 2.26
VOZ 2.08 WGI 2.15
RECN 1.74 lnINFRA 1.52
lnINFRA 1.53 RECN 1.35
lnIN 1.27 CONS 1.19
CONS 1.23 lnIN 1.18
PIB 1.07 PIB 1.06
Média 4.13 Média 2.20
Fonte: Elaboração própria.
75
Indicador VIF de multicolinearidade para os países da América Latina e Caribe.
Modelo com todas as variáveis Modelo com as variáveis institucionais agrupadas
Variável VIF Variável VIF
LEI 18.84 ----- -----
lnMPPC 12.93 ----- -----
CORR 11.58 ----- -----
lnEST(-1) 7.61 ----- -----
EG 6.92 ----- -----
VOZ 6.34 lnMPPC 9.57
QR 5.25 lnEST(-1) 6.53
ESPO 4.90 M2 3.56
AC 3.80 AC 3.04
M2 3.74 WGI 1.75
CONS 1.78 CONS 1.58
lnINFRA 1.53 lnINFRA 1.36
lnIN 1.42 lnIN 1.32
RECN 1.27 PIB 1.19
PIB 1.21 RECN 1.17
Média 5.94 Média 3.11
Fonte: Elaboração própria.
76
Apêndice G - Matriz de correlação
Matriz de correlação para todos os países (com todas as variáveis)
lnIDE PIB lnMPPC AC lnIN lnEST(-1) lnINFRA RECN M2 CONS VOZ ESPO EG QR LEI CORR
lnIDE 1.0000
PIB 0.1450 1.0000
lnMPPC 0.7788 0.0657 1.0000
AC 0.1696 0.1045 -0.1252 1.0000
lnIN -0.0528 -0.0384 0.0087 -0.1600 1.0000
lnEST(-1) 0.8660 0.0778 0.8286 0.1642 -0.059 1.0000
lnINFRA 0.4878 0.0439 0.3045 0.2333 -0.183 0.4563 1.0000
RECN 0.1636 0.1636 0.1186 0.0593 0.0470 0.1482 0.1017 1.0000
M2 0.3415 -0.0143 0.2774 0.5341 -0.287 0.3848 0.3712 -0.1761 1.0000
CONS -0.1642 -0.1116 -0.1682 0.0642 -0.058 -0.1195 0.0387 0.0543 0.0787 1.0000
VOZ 0.1316 -0.0427 0.0283 0.0917 -0.120 0.0790 0.2422 -0.4114 0.2621 0.1138 1.0000
ESPO 0.1014 0.0616 -0.1346 0.3977 -0.298 0.0290 0.2778 -0.0331 0.3543 0.2002 0.4805 1.0000
EG 0.3973 0.0366 0.2930 0.4202 -0.308 0.3680 0.3805 -0.2098 0.6257 0.1427 0.5962 0.6393 1.0000
QR 0.3857 0.0012 0.2309 0.3801 -0.354 0.3388 0.3612 -0.2293 0.5417 0.0847 0.6237 0.6006 0.8865 1.0000
LEI 0.2632 0.0455 0.1328 0.4088 -0.334 0.2265 0.3378 -0.1635 0.5975 0.2196 0.5812 0.7244 0.8896 0.8387 1.0000
CORR 0.2192 0.0170 0.0715 0.4391 -0.306 0.1863 0.3112 -0.1651 0.5479 0.2314 0.5593 0.6809 0.8673 0.8059 0.9051 1.0000
Fonte: Elaboração própria.
Matriz de correlação para os países em desenvolvimento e transição sem América Latina e Caribe (com todas as variáveis)
lnIDE PIB lnMPPC AC lnIN lnEST(-1) lnINFRA RECN M2 CONS VOZ ESPO EG QR LEI CORR
lnIDE 1.0000
PIB 0.1483 1.0000
lnMPPC 0.7634 0.0603 1.0000
AC 0.2952 0.1036 -0.0044 1.0000
lnIN -0.0674 -0.0155 -0.0285 -0.1598 1.0000
lnEST(-1) 0.8738 0.0706 0.8120 0.3113 -0.0722 1.0000
lnINFRA 0.5075 0.0615 0.3253 0.2878 -0.1911 0.4907 1.0000
RECN 0.1814 0.1402 0.1035 0.0667 0.0305 0.1469 0.1289 1.0000
M2 0.4256 -0.0059 0.4190 0.5289 -0.2787 0.5192 0.3972 -0.1780 1.0000
CONS -0.1904 -0.1215 -0.1758 0.0207 -0.0437 -0.1541 0.0453 0.0540 0.0214 1.0000
VOZ 0.0857 0.0017 0.0613 0.1307 -0.1019 0.0802 0.1918 -0.4307 0.2713 0.1568 1.0000
ESPO 0.1256 0.0798 -0.0871 0.4241 -0.3080 0.0833 0.2940 0.0174 0.3306 0.2144 0.4280 1.0000
EG 0.4148 0.0545 0.3780 0.5009 -0.3138 0.4566 0.4032 -0.2048 0.6612 0.1443 0.5514 0.6210 1.0000
QR 0.3998 0.0292 0.3036 0.4712 -0.3644 0.4208 0.4010 -0.2121 0.5829 0.0972 0.5761 0.5977 0.8976 1.0000
LEI 0.3077 0.0507 0.2493 0.4629 -0.3323 0.3276 0.3923 -0.1680 0.6145 0.2066 0.5756 0.7080 0.9051 0.8594 1.0000
CORR 0.2209 0.0313 0.1292 0.5454 -0.3112 0.2386 0.3334 -0.1610 0.5722 0.2367 0.5079 0.6674 0.8736 0.8085 0.8951 1.0000
Fonte: Elaboração própria.
77
Matriz de correlação para os países da América Latina e Caribe (com todas as variáveis)
lnIDE PIB lnMPPC AC lnIN lnEST(-1) lnINFRA RECN M2 CONS VOZ ESPO EG QR LEI CORR
lnIDE 1.0000
PIB 0.2177 1.0000
lnMPPC 0.8591 0.1115 1.0000
AC -0.5013 0.0419 -0.7095 1.0000
lnIN 0.0055 -0.1373 0.1400 -0.1686 1.0000
lnEST(-1) 0.8615 0.1396 0.8796 -0.4786 -0.0197 1.0000
lnINFRA 0.3277 0.0900 0.2192 0.0064 -0.1727 0.3287 1.0000
RECN 0.2019 0.1933 0.2481 -0.1133 0.1517 0.2287 0.1496 1.0000
M2 -0.1882 -0.0926 -0.4748 0.5888 -0.3667 -0.2687 0.2454 -0.2121 1.0000
CONS 0.0428 -0.1497 -0.1295 0.3055 -0.1362 0.0491 0.1279 -0.0694 0.5340 1.0000
VOZ 0.1391 0.0793 -0.1627 0.2545 -0.2921 0.0079 0.1853 -0.1222 0.5386 0.3052 1.0000
ESPO -0.0657 0.0392 -0.3447 0.3195 -0.2642 -0.1980 0.1237 -0.2572 0.5613 0.1898 0.8324 1.0000
EG 0.2727 0.0608 -0.0184 0.1206 -0.3073 0.0545 0.1805 -0.1238 0.5265 0.2436 0.8197 0.7057 1.0000
QR 0.2628 0.0292 -0.0328 0.1047 -0.3627 0.0550 0.0281 -0.1566 0.4657 0.1763 0.7194 0.6056 0.8368 1.0000
LEI 0.0964 0.0491 -0.2232 0.2264 -0.3446 -0.0709 0.1228 -0.1417 0.6121 0.3187 0.8677 0.8098 0.8699 0.8381 1.0000
CORR 0.1765 0.0335 -0.1113 0.0913 -0.3051 0.0232 0.1746 -0.1163 0.5555 0.3044 0.8221 0.7423 0.8519 0.8066 0.9427 1.0000
Fonte: Elaboração própria.
Matriz de correlação para todos os países (com as variáveis institucionais agrupadas)
lnIDE PIB lnMPPC AC lnIN lnEST(-1) lnINFRA RECN M2 CONS WGI
lnIDE 1.0000
PIB 0.1450 1.0000
lnMPPC 0.7788 0.0657 1.0000
AC 0.1696 0.1045 -0.1252 1.0000
lnIN -0.0528 -0.0384 0.0087 -0.1600 1.0000
lnEST(-1) 0.8660 0.0778 0.8286 0.1642 -0.0598 1.0000
lnINFRA 0.4878 0.0439 0.3045 0.2333 -0.1838 0.4563 1.0000
RECN 0.1636 0.1636 0.1186 0.0593 0.0470 0.1482 0.1017 1.0000
M2 0.3415 -0.0143 0.2774 0.5341 -0.2873 0.3848 0.3712 -0.1761 1.0000
CONS -0.1642 -0.1116 -0.1682 0.0642 -0.0587 -0.1195 0.0387 0.0543 0.0787 1.0000
WGI 0.2921 0.0249 0.1273 0.4163 -0.3328 0.2422 0.3662 -0.2238 0.5699 0.1910 1.0000
Fonte: Elaboração própria.
78
Matriz de correlação para os países em desenvolvimento e transição sem América Latina e Caribe (com as variáveis institucionais agrupadas) lnIDE PIB lnMPPC AC lnIN lnEST(-1) lnINFRA RECN M2 CONS WGI
lnIDE 1.0000
PIB 0.1483 1.0000
lnMPPC 0.7634 0.0603 1.0000
AC 0.2952 0.1036 -0.0044 1.0000
lnIN -0.0674 -0.0155 -0.0285 -0.1598 1.0000
lnEST(-1) 0.8738 0.0706 0.8120 0.3113 -0.0722 1.0000
lnINFRA 0.5075 0.0615 0.3253 0.2878 -0.1911 0.4907 1.0000
RECN 0.1814 0.1402 0.1035 0.0667 0.0305 0.1469 0.1289 1.0000
M2 0.4256 -0.0059 0.4190 0.5289 -0.2787 0.5192 0.3972 -0.1780 1.0000
CONS -0.1904 -0.1215 -0.1758 0.0207 -0.0437 -0.1541 0.0453 0.0540 0.0214 1.0000
WGI 0.3083 0.0482 0.2109 0.4975 -0.3378 0.3208 0.3922 -0.2145 0.5955 0.2019 1.0000
Fonte: Elaboração própria.
Matriz de correlação para os países da América Latina e Caribe (com as variáveis institucionais agrupadas)
lnIDE PIB lnMPPC AC lnIN lnEST(-1) lnINFRA RECN M2 CONS WGI
lnIDE 1.0000
PIB 0.2177 1.0000
lnMPPC 0.8591 0.1115 1.0000
AC -0.5013 0.0419 -0.7095 1.0000
lnIN 0.0055 -0.1373 0.1400 -0.1686 1.0000
lnEST(-1) 0.8615 0.1396 0.8796 -0.4786 -0.0197 1.0000
lnINFRA 0.3277 0.0900 0.2192 0.0064 -0.1727 0.3287 1.0000
RECN 0.2019 0.1933 0.2481 -0.1133 0.1517 0.2287 0.1496 1.0000
M2 -0.1882 -0.0926 -0.4748 0.5888 -0.3667 -0.2687 0.2454 -0.2121 1.0000
CONS 0.0428 -0.1497 -0.1295 0.3055 -0.1362 0.0491 0.1279 -0.0694 0.5340 1.0000
WGI 0.1603 0.0523 -0.1626 0.2008 -0.3417 -0.0244 0.1486 -0.1662 0.5950 0.2813 1.0000
Fonte: Elaboração própria.
79
Apêndice H – Resultados das regressões com todas as variáveis
Total de Economias (118 países) Economias em Desenvolvimento e Transição (91 países) Economias da América Latina e Caribe (27 países)
(Pooled Regression) (Efeitos Fixos) (Efeitos Aleatórios) (Pooled Regression) (Efeitos Fixos) (Efeitos Aleatórios) (Pooled Regression) (Efeitos Fixos) (Efeitos Aleatórios)
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
Variáveis lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE lnIDE
PIB 0.0280*** 0.0109* 0.0146** 0.0285*** 0.00434 0.0108 0.0585*** 0.0341*** 0.0428***
(0.00655) (0.00631) (0.00609) (0.00741) (0.00745) (0.00722) (0.0112) (0.0104) (0.0104)
lnMPPC 0.391*** 0.570*** 0.590*** 0.421*** 0.583*** 0.626*** 0.573*** 1.097*** 0.713***
(0.0366) (0.183) (0.0601) (0.0419) (0.225) (0.0682) (0.0771) (0.299) (0.109)
AC 0.00357*** 0.00816*** 0.00705*** 0.00494*** 0.00898*** 0.00814*** -0.00133 0.00819** 0.00297
(0.000796) (0.00188) (0.00130) (0.000915) (0.00217) (0.00145) (0.00198) (0.00393) (0.00267)
lnIN 0.0776** 0.110*** 0.0977*** 0.0316 0.108** 0.0790** 0.155*** 0.107** 0.134***
(0.0321) (0.0349) (0.0328) (0.0374) (0.0429) (0.0398) (0.0501) (0.0517) (0.0494)
lnEST(-1) 0.520*** 0.250*** 0.357*** 0.598*** 0.217*** 0.377*** 0.263*** 0.363*** 0.270***
(0.0281) (0.0521) (0.0411) (0.0344) (0.0610) (0.0485) (0.0470) (0.103) (0.0654)
lnINFRA 0.117*** 0.183*** 0.154*** 0.119*** 0.210*** 0.162*** 0.0886*** -0.00755 0.0759**
(0.0159) (0.0268) (0.0160) (0.0181) (0.0313) (0.0184) (0.0296) (0.0534) (0.0318)
RECN 0.00545** 0.00597 0.00429 0.000956 0.00998* 0.00476 0.000275 -0.0142* -0.00551
(0.00216) (0.00473) (0.00340) (0.00251) (0.00554) (0.00386) (0.00391) (0.00853) (0.00573)
M2 -0.00397*** -0.00428 -0.00707*** -0.00584*** -0.00653** -0.00874*** 0.00301 0.0102* 0.00745*
(0.00125) (0.00277) (0.00200) (0.00139) (0.00324) (0.00222) (0.00332) (0.00531) (0.00421)
CONS -0.0233*** -0.00711 -0.0138 -0.0196*** -0.00191 -0.0129 0.0309** -0.0318 -0.00804
(0.00570) (0.0112) (0.00883) (0.00645) (0.0128) (0.00987) (0.0130) (0.0253) (0.0180)
VOZ 0.0695 -0.301** -0.0123 0.0368 -0.406** -0.0161 -0.0676 0.0810 0.0629
(0.0606) (0.146) (0.0984) (0.0741) (0.172) (0.117) (0.179) (0.262) (0.220)
ESPO 0.194*** 0.242*** 0.200*** 0.280*** 0.269** 0.227*** 0.0945 0.301* 0.138
(0.0548) (0.0932) (0.0769) (0.0624) (0.108) (0.0873) (0.120) (0.181) (0.151)
EG -0.141 -0.237 -0.352** -0.436*** -0.0660 -0.307 0.325** -0.693** -0.323
(0.128) (0.189) (0.165) (0.163) (0.232) (0.203) (0.161) (0.286) (0.215)
QR 0.513*** 0.742*** 0.708*** 0.388*** 0.561*** 0.563*** 0.710*** 0.857*** 0.721***
(0.0997) (0.152) (0.129) (0.123) (0.199) (0.160) (0.142) (0.224) (0.181)
LEI -0.155 0.0698 -0.103 -0.165 -0.280 -0.339 0.0260 0.476 0.349
(0.122) (0.198) (0.166) (0.151) (0.245) (0.206) (0.227) (0.307) (0.254)
CORR -0.0576 0.410*** 0.108 -0.00633 0.614*** 0.184 -0.268 -0.0153 -0.156
(0.106) (0.152) (0.133) (0.133) (0.192) (0.166) (0.177) (0.220) (0.187)
Constante -7.861*** -10.67** -11.73*** -9.311*** -10.99** -12.91*** -10.84*** -24.15*** -14.14***
(0.769) (4.287) (1.313) (0.893) (5.262) (1.504) (1.641) (6.922) (2.380)
F-test (Chow)
Prob > F
----- 6,87
(0,0000)
----- ----- 5.50
(0,0000)
----- ----- 6,57
(0,0000)
-----
Breusch-Pagan
Test
----- ----- 476.55
(0,0000)
----- ----- 158.94
(0,0000)
----- ----- 63.33
(0,0000)
R-quadrado 0.805 0.469 0.459 0.811 0.480 0.4643 0.881 0.533 0,511
VIF 3,88 ----- ----- 4.13 ----- ----- 5,94 ----- -----
Observações 1,189 1,189 1,189 895 895 895 294 294 294
Fonte: Elaboração própria. Nota: *, **,*** indicam que os parâmetros estimados são estatisticamente significativos aos níveis de 10%, 5% e 1% respectivamente. Entre parênteses está o valor do erro-padrão de cada variável.