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DIREITO CIVIL 1 DIREITO CIVIL PONTO 1: Defeitos do Negócio Jurídico - continuação PONTO 2: Erro ou Ignorância PONTO 3: Dolo PONTO 4: Coação PONTO 5: Estado de perigo PONTO 6: Lesão PONTO 7: Fraude Contra Credores PONTO 8: Simulação PONTO 9: (IN) VALIDADES PONTO 10: Prescrição e Decadência 1. Defeitos do Negócio Jurídico continuação: A validade do negócio jurídico requer a observância dos Requisitos de Validade – art. 104 do CC, caso contrario ele será nulo (quando ferir interesse de ordem pública) ou anulável (quando ferir interesse de ordem privada). O que os distinguirá é a sanção (uma mais grave, e outro menos grave). Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. Forma : maneira pela qual se exterioriza a vontade do agente - Ex.: art. 111 1 , CC: silêncio; No direito brasileiro vigora a consensualidade – art. 107 2 do CC – Toda forma é aceita como válida exceto quando a lei expressamente exigir forma especial – ex.: art. 108 3 do CC. O ato nulo pode ser reconhecido de ofício pelo juiz, já o anulável não. A anulabilidade só pode ser postulada pelos interessados, e esta sujeita a prazo decadencial. O negócio jurídico nulo, entretanto, pode ser postulado por vários legitimados – ex.: MP; juiz; parte interessada; etc., e não está sujeito a nenhum prazo. 1 Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. 2 Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. 3 Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

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DIREITO CIVIL

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DIREITO CIVIL

PONTO 1: Defeitos do Negócio Jurídico - continuação PONTO 2: Erro ou Ignorância PONTO 3: Dolo PONTO 4: Coação PONTO 5: Estado de perigo PONTO 6: Lesão PONTO 7: Fraude Contra Credores PONTO 8: Simulação PONTO 9: (IN) VALIDADES PONTO 10: Prescrição e Decadência

1. Defeitos do Negócio Jurídico – continuação:

A validade do negócio jurídico requer a observância dos Requisitos de Validade –

art. 104 do CC, caso contrario ele será nulo (quando ferir interesse de ordem pública) ou

anulável (quando ferir interesse de ordem privada). O que os distinguirá é a sanção (uma mais

grave, e outro menos grave).

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Forma: maneira pela qual se exterioriza a vontade do agente - Ex.: art. 1111, CC: silêncio; No

direito brasileiro vigora a consensualidade – art. 1072 do CC – Toda forma é aceita como

válida exceto quando a lei expressamente exigir forma especial – ex.: art. 1083 do CC.

O ato nulo pode ser reconhecido de ofício pelo juiz, já o anulável não. A anulabilidade

só pode ser postulada pelos interessados, e esta sujeita a prazo decadencial. O negócio jurídico

nulo, entretanto, pode ser postulado por vários legitimados – ex.: MP; juiz; parte interessada;

etc., e não está sujeito a nenhum prazo.

1 Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. 2 Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. 3 Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

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O prazo decadencial está previsto no CC – a regra geral é de 2 anos (art. 179 do CC)

para anulabilidade, mas há prazos especiais, ex.: art. 1784 do CC

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato

Exemplo: Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.

O ato nulo é imprescritível.

Art. 166 – Causas de Nulidade do Ato Jurídico

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. – Ex.: Art. 1521, CC – Impedimentos do Casamento

Causas de anulabilidade – art. 171 do CC:

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II – Vício da vontade: por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. (defeitos do negócio jurídico) Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.

O estudo dos Defeitos do negócio jurídico ou Vícios da Vontade se inicia pelo artigo

138 do CC, o que torna o negócio inválido (pois a vontade do sujeito não é idônea/pura.

A doutrina faz uma distinção entre vícios de consentimento (são as perturbações a que

afetam a formação da vontade retirando-lhe sua legitimidade) e os vícios sociais (o processo de

formação de vontade não é maculado, mas haverá uma sanção estabelecida pelo direito pela

conseqüência do ato perante terceiros).

4 Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

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Os vícios de consentimento: erro, dolo, coação, lesão e estado de perigo. E os vícios

sociais: fraude contra credores e simulação (no NCC a simulação não é mais um vicio de

consentimento, sendo tratado no campo das nulidades).

2. Erro ou Ignorância – art. 138, CC.

Do Erro ou Ignorância Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

- Conceito:

- Ignorância: desconhecimento total da realidade

- Erro é a falsa percepção da realidade. A idéia que se forma na mente do sujeito não

corresponde a realidade fática.

- Requisitos para que o ERRO invalide o negócio jurídico: (Para Invalidar o negócio

jurídico):

Obs: essa falsa percepção da realidade não é induzida por terceiro, é produzida pelo próprio

sujeito de forma espontânea, caso contrário, não seria erro (que deve se formar de forma

espontânea)

- Substancial (art. 139, CC): o erro substancial – quando o erro foi o elemento que deflagrou/

foi a razão de ser da vontade do negócio jurídico – ex.: só quero comprar o relógio se ele for

de outro;

Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.

- Natureza do ato negocial: o sujeito erra sobre o ato que celebra – Ex.: o sujeito imagina

que assina uma locação, mas está celebrando uma compra e venda.

- Objeto não pretendido: Ex.: compra de um apartamento no primeiro andar pensando ser

uma cobertura.

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- Qualidade essencial do objeto: Ex.: a compra de uma bijuteria pensando ser uma jóia;

compra de um relógio comum que pensa ser de outro.

- Qualidade essencial da pessoa: Ex.: o contrato de um músico que toca musica clássica

quando na verdade era um cantor de “hip hop”.

Entretanto, no código de 1916 a doutrina e a jurisprudência entendiam que não

bastavam esses requisitos, sendo necessário para inviabilizar o negócio jurídico o chamado

Erro Escusável.

O Erro escusável seria o erro desculpável, praticado pelo homem médio. Diferente

do erro inescusável, que não poderia anular o negócio jurídico. Ex: Erro quanto ao relógio

dourado vendido no camelô pensando ser de ouro – Se trata de erro grosseiro, indesculpável,

não sendo apto para inviabilizar o negócio jurídico.

A Teoria da Responsabilidade: o sujeito responsável pelo erro cometido não pode

invocá-lo para invalidar o negócio jurídico – diferente se erro desculpável, que o sujeito não

sendo responsável pelo erro pode invocar para anular o negócio jurídico.

Essa teoria só leva em consideração o erro escusável cometido, não cuidando da outra

parte do negócio que não teve a menor relação com o erro escusável, tendo uma visão

individualista – levando em conta apenas um dos sujeitos negociais – subjetivista.

Em razão disso, o CC/2002 alterou o instituto do erro, para invalidar o negócio

jurídico não leva mais em consideração da escusabilidade e sim o critério da

RECONHECIBILIDADE, que é a perceptibilidade do erro (percepção do erro).

Ex.: me dirijo até um sujeito para comprar um relógio de ouro (que não é de ouro), e

este erro deve ser reconhecível pela outra parte da relação negocial. Para que essa situação

invalide o negócio jurídico, o destinatário de minha manifestação de vontade deveria ter

condição de perceber o erro.

Essa interpretação está contida na leitura do artigo 138 do CC, parte final:

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Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

O negócio jurídico para ser válido tem por base o princípio da boa-fé/confiança. Se o

destinatário não percebeu que o interessado estava em erro, ele confiou na declaração de

vontade, não poderá ser penalizado com a invalidade do negócio, posto que de boa-fé.

Esse critério dificulta a nulidade do negócio jurídico – é uma prova difícil de ser feita –

buscando o legislador a conservação do negócio jurídico.

O CC/2002 também prevê a possibilidade do Erro de direito invalidar o negócio

jurídico. É uma falsa percepção do direito que o leva a celebrar o negócio jurídico. Caso

conhecesse completamente não faria o negócio jurídico.

Ex.: direito de sucessão os herdeiros pensando em beneficiar a mãe renunciam seus

direitos hereditários, mas segundo o direito os beneficiários serão seus filhos – essa renúncia

seria invalidada por erro de direito.

O CC/2002 também prevê uma outra novidade, no artigo 144, CC (para conservar o

negócio jurídico):

Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.

3. Dolo - art. 145 do CC:

Do Dolo Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.

- Conceito: há uma falsa percepção da realidade, porém produzida pela outra parte (ardiloso,

auspicioso) que induz a outra parte a erro, tendo uma falsa percepção da realidade.

Ex.: O vendedor leva o comprador acreditar que está sendo negociado um relógio de

outro, assim pretendido pelo comprador.

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- Forma: existem dois tipos de dolo: essencial e acidental.

- Dolo substancial (essencial): a vontade de celebrar o negócio jurídico nasce em razão da

indução ao erro. A pratica dolosa é a razão de ser do negócio. É o que caracteriza o defeito do

negócio.

Ex.: só compro o relógio porque a parte induz a erro, dizendo ser de ouro.

- Dolo acidental: Não é o dolo a razão da celebração do negócio. Gera os efeitos do ato

ilícito (perdas e danos).

Art. 146 do CC - O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.

- Dolo de terceiro – art. 148 do CC

Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.

O dolo não é causado pelas partes do negócio jurídico que só invalidará o negócio

jurídico se a parte beneficiada pelo negócio conhecia ou devesse conhecer o dolo praticado

pelo terceiro.

Porém, não sendo conhecido o dolo, não restará a invalidação, tendo em vista a boa-fé.

Cabe a vítima entrar com ação contra o terceiro de má-fé, buscando sua indenização em razão

do ilícito praticado.

- Requisitos do Dolo:

- comportamento enganoso (ativo ou passivo);

- intenção (animo) de enganar;

- participação de um dos sujeitos do negócio;

- produção do equívoco da vitima;

- equivoco produzido como causa do ato.

4. Coação – art. 151, CC:

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

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Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.

Quando incutido na vítima da coação um medo de vir a sofrer um dano, se vendo

obrigado a celebrar um negócio jurídico – retirando a espontaneidade da vontade, celebrando

um negócio prejudicial.

- Espécies:

- Coação Absoluta/física (vis absoluta): o sujeito é feito instrumento do outro. A vítima

nem tem vontade, mas celebrará um negócio (forçosamente).

Ex.: Um doente que tem a mão tomada para assinar uma doação sem ter o menor

conhecimento do que se trata. Haverá a inexistência do negócio.

- Coação Relativa/moral (vis compulsiva): a vítima com medo de sofrer um dano, assina

um negócio jurídico. Há uma vontade viciada, porque sofreu ameaça.

Ex.: se a vítima não doar um bem sofrerá conseqüência.

- Coação praticada por terceiro (art. 154 e 155): se a parte beneficiada conhecia ou devesse

conhecer

Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

- Requisitos da coação:

- Provenha de outra pessoa.

- Representar uma ameaça de dano.

- Mal ameaçado deve ser injusto, iminente e grave (a gravidade da ameaça deve levar em

consideração o aspecto objetivo e subjetivo da vítima da coação).

- Seja causa eficiente da realização do negócio.

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5. Estado de perigo (art. 156, CC):

Do Estado de Perigo Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.

Dá-se quando alguém levado pela necessidade de se salvar ou alguém próximo de grave

dano pessoal conhecido pela outra parte assume uma obrigação excessivamente onerosa.

- Elementos característicos:

- iniqüidade do negócio jurídico (desequilíbrio);

- mal iminente e grave;

- bem ameaçado: pessoa ou alguém próximo (parágrafo único5 do art. 156, CC);

- risco de dano como casa do negócio-vontade movida pelo salvar-se;

- conhecimento da outra parte.

6. Lesão (art. 157, CC):

Da Lesão Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

Caracteriza-se quando alguém se obriga a uma obrigação manifestamente

desproporcional, originada por duas circunstâncias: inexperiência (não tem o costume daquela

prática negocial) ou premente necessidade (econômica – para salvar-se da situação aflitiva

econômica).

- Requisitos:

- é objetiva (outro sujeito não precisa saber da minha situação);

- necessidade econômica;

- iminência de perigo patrimonial;

- inexperiência.

5 Art. 156, Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.

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- Características:

- desproporção manifesta entre as prestações recíprocas;

- deficiências psicológicas;

- nexo deficiência/vontade.

- Efeitos:

- a invalidade do negócio jurídico. Ressalva o §2º, art. 157, CC, caso a parte beneficiada abra

mão de sua vontade.

Art. 157, §2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

No caso do estado de perigo poderia ser aplicado o §2º, art. 157, CC? A doutrina

entende que pode ser estendido. Porém, o CC não refere.

Diferença entre a lesão do art. 157, CC e a Lesão do art 317, CC:

A diferença está no momento em que ocorre a desproporção.

Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.

- No art. 317, há a possibilidade de revisão do negócio. A desproporção se manifesta

posteriormente a celebração do negócio jurídico.

- No art. 157, anula ou corrige o negócio. A desproporção está na origem do negócio jurídico.

Quadro distintivo:

Estado de perigo: Lesão:

-risco pessoal - danos patrimoniais

- conhecimento da outra parte - objetiva

- também em negócios unilaterais - objetiva

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7. Fraude Contra Credores (Art. 158, CC):

Da Fraude Contra Credores Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor

já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

O primeiro aspecto é que o credor passa a ter legítimo interesse no patrimônio do

devedor. O segundo aspecto, ainda que haja essa relação, o devedor continua com o direito de

gerenciar o seu patrimônio.

Não pode o devedor reduzir patologicamente o seu patrimônio. Ou seja, é um ato de

disposição, gratuito ou oneroso, praticado pelo devedor insolvente ou levado a situação de

insolvência, trazendo prejuízo aos seus credores.

- Características:

- diminuição patrimonial /insolvência do devedor;

- preexistência de credor (credor quirografário);

- prejuízo ao credor (eventus damni).

Essa fraude pode ser combatida pela Ação Pauliana. Quem pode manejar essa ação é o

credor quirografário que é aquele que não tem garantias reais sobre o patrimônio do devedor.

- a título gratuito. Ex: doação.

- scientia fraudis (art. 1596, CC) – atos a título oneroso tem a exigência do conhecimento a

fraude. Aquele que contrata tinha conhecimento: notória insolvência ou quem contrata por

alguma razão tem conhecimento da fraude.

Só serão inválidos os atos através da ação pauliana se tiverem essa exigência.

8. Simulação (art. 167, CC):

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 6 Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.

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As pessoas dizem que estão praticando um ato, mas, na realidade, estão praticando

outro. Deve existiu um conluio das partes. (declaração enganosa da vontade).

- Requisitos:

- declaração desconforme com a intenção;

- declaração acordada entre as partes.

- Espécies:

- Absoluta: não há negócio nenhum, tendo apenas a aparência. Ex: simulam casamento, mas

na realidade não há nada. Casamento é nulo.

- Relativa: há um negócio aparente (simulado) e um real (dissimulação).

Ex: A e B simulam uma compra e venda (negócio simulado). Porém, trata-se de uma doação

(negócio dissimulado).

A compra e venda será nula e a doação, caso não haja nenhum problema, será válida.

Pois essa era a vontade das partes.

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

- Ad personam: o negócio é real, mas as partes são aparentes. Ou seja, o negócio é feito entre

“laranjas”.

Obs:

Não confundir a simulação (conluio entre as partes) com art. 1107, CC (figura da

reserva mental).

Na reserva mental apenas um dos sujeitos da relação negocial sabe que aquilo que está

declarando não é verídico. Trata-se de uma simulação unilateral.

7 Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

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9. (IN) VALIDADES:

- Conjunto de requisitos que determinam a vigência de um ato jurídico;

- a invalidade é uma deficiência genética;

- conforme a gravidade do defeito e a natureza do preceito afrontando, a sanção será mais ou

menos enérgica.

Trata-se de gênero que reconhece duas espécies:

1) nulo;

2) anulável.

- Características do ato nulo (negação pela de validade):

- pode ser decretado de ofício;

- argüido por qualquer interessado ou pelo MP;

- insanável;

- não produz efeito;

- pode ser textual ou virtual;

- insuscetível de confirmação ou convalecimento;

- imprescritível;

- viola norma jurídica de natureza cogente.

- Características do ato anulável:

- protege interesse de ordem privada;

- gera direito potestativo;

- apresenta previsão legal;

- é sanável;

- não pode ser reconhecido de oficio, nem requerido pelo MP.

10. Prescrição e decadência:

Tempo é fator relevante que repercute sobre relações jurídicas que estabelecemos.

- Critérios para distinção:

Classificação dos direitos subjetivos:

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1) direitos subjetivos a uma prestação:

sujeito ativo ← obrigação → sujeito passivo.

(Titular do direito) (aquele que deve cumprir com a obrigação/prestar algo).

De um lado, tenho o credor e de outro o devedor. Vinculando os sujeitos está o bem

da vida mediante uma prestação. Ou seja, nessa relação há um vinculo obrigacional (dar, fazer

ou não-fazer).

A pretensão é a possibilidade do sujeito ativo tem de exigir em juízo uma obrigação

devida. Nasce a partir do momento em que o direito é violado.

Pode ser convencional.

2) Direitos potestativos: poder.

sujeição

Há certas situações em que a lei confere a um sujeito o poder de interferir na esfera

jurídica do outro, sem que este nada possa fazer a não ser sujeitar-se.

Nos direitos potestativos não há a figura da pretensão, pois não tem vinculo

obrigacional. A lei confere. Simplesmente está exercendo o poder.

►Prescrição:

(extinção da pretensão)

A prescrição está relacionada ao direito de uma prestação (vinculo obrigacional).

Para haver a prescrição:

- direito material a uma prestação;

- violação desse direito material;

- surgimento da pretensão;

- lapso temporal;

- inércia do titular da pretensão.

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Nota-se que a obrigação continua existindo, porém, não há mais obrigação jurídica, ou

seja, converte-a em natural.

Art. 189. Violado o direito (a uma prestação), nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

► Decadência:

- certeza jurídica;

- o direito deixa de existir (envolve o próprio direito);

- envolve direitos potestativos.

O direito potestativo deixará de existir se eu não exercê-lo no prazo que a lei

estabelece. Caso não exerça o poder se extingue.

Ex: Art. 5558, CC - revogação de uma doação. Art. 5599, CC – prazo decadencial.

Obs: alteração legislativa.

Revogado art. 19410, CC – determinando que o magistrado tem o dever de reconhecer,

de ofício, a prescrição.

Objetivo é dar celeridade aos atos processuais. Há uma corrente que entende que em

nome da celeridade, às vezes, suprimimos outras garantias legais, como contraditório, devido

processo legal, entre outras.

Porém, antes de reconhecer a prescrição o juiz deveria dar ciência a outra parte em

respeito a essas garantias fundamentais.

8 Da Revogação da Doação Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo. 9 Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. 10 Art. 194. O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006).