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DIREITO PENAL 1 DIREITO PENAL – ECA PONTO 1: Estatuto da Criança e Adolescente Lei 8.069/90 PONTO 2: Espécies de Famílias PONTO 3: Competência PONTO 4: Rito PONTO 5: Guarda PONTO 6: Suspensão e destituição do Poder Familiar PONTO 7: Tutela PONTO 8: Adoção 1. Estatuto da Criança e Adolescente - Lei 8.069/90: Art. 1° - Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Doutrina da Proteção Integral: proteção integral constitui-se em expressão que designa um sistema no qual crianças e adolescentes figuram como titulares de interesses subordinantes perante a família, sociedade e Estado, direitos esses destinados a proporcionar-lhes desenvolvimento saudável e integridade. Importante ressaltar que o legislador constitucional rompeu com o sistema da situação irregular adotando expressamente as expressões criança e adolescente, proscrevendo a expressão menor uma vez que essa expressão traduz, pejorativamente, trombadinha, bandido, criança, mal feitor, etc. Busca-se uma igualdade positiva dentro do ECA, na medida em que criança e adolescente são considerados seres em desenvolvimento e, como tal, necessitam de normas protetivas que lhes garantam todo o interesse dos entes púbicos e privados na busca de proteção. É o mesmo raciocino desenvolvido no Estatuto do idoso, com a diferença de que não existe conselho tutelar dos idosos, uma vez que idoso se auto tutela. A legitimidade do MP é mais ampla possível quando se tratar de Estatuto da Criança e do Adolescente e do Estatuto do Idoso. Art. 2° - Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. - Criança: 0 a 11 anos completos ou 12 anos incompletos.

PONTO 1: Estatuto da Criança e Adolescente – Lei 8.069/90 PONTO 2 ...aulas.verbojuridico3.com/Regular2011/ECA_Pietro... · estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional,

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DIREITO PENAL

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DIREITO PENAL – ECA

PONTO 1: Estatuto da Criança e Adolescente – Lei 8.069/90 PONTO 2: Espécies de Famílias PONTO 3: Competência PONTO 4: Rito PONTO 5: Guarda PONTO 6: Suspensão e destituição do Poder Familiar PONTO 7: Tutela PONTO 8: Adoção

1. Estatuto da Criança e Adolescente - Lei 8.069/90:

Art. 1° - Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Doutrina da Proteção Integral: proteção integral constitui-se em expressão que designa

um sistema no qual crianças e adolescentes figuram como titulares de interesses subordinantes

perante a família, sociedade e Estado, direitos esses destinados a proporcionar-lhes

desenvolvimento saudável e integridade.

Importante ressaltar que o legislador constitucional rompeu com o sistema da situação

irregular adotando expressamente as expressões criança e adolescente, proscrevendo a

expressão menor uma vez que essa expressão traduz, pejorativamente, trombadinha, bandido,

criança, mal feitor, etc.

Busca-se uma igualdade positiva dentro do ECA, na medida em que criança e

adolescente são considerados seres em desenvolvimento e, como tal, necessitam de normas

protetivas que lhes garantam todo o interesse dos entes púbicos e privados na busca de

proteção. É o mesmo raciocino desenvolvido no Estatuto do idoso, com a diferença de que

não existe conselho tutelar dos idosos, uma vez que idoso se auto tutela.

A legitimidade do MP é mais ampla possível quando se tratar de Estatuto da Criança e

do Adolescente e do Estatuto do Idoso.

Art. 2° - Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

- Criança: 0 a 11 anos completos ou 12 anos incompletos.

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- Adolescente: 12 anos completos a 17 anos completos ou 18 anos incompletos.

Parágrafo único: exceção:

O ECA poderá ser aplicado a pessoas maiores de 18 anos, desde que a situação fática

tenha começado antes de praticar 18 anos de idade. A sua cessação é aos 21 anos.

Convenção Americana dos Direitos da criança que o Brasil é signatário.

Possibilidade da criança e do adolescente serem apreendidos: podem praticar ato

infracional – art. 1031 do ECA (conduta descrita como crime ou contravenção). Serão cabíveis

medidas de proteção – art. 1012, ECA. Jamais gerarão privação da liberdade da criança.

Uma criança não pode ser encaminhada a Delegacia de Policia e sim ao Conselho

Tutelar.

Súmula 338, STJ: “A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas”.

Art. 4° - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Fundamentos da proteção integral: criança e adolescente passam a ser prioridade

absoluta na política de atendimento governamental, dentro da família e na sociedade. O

administrador deverá agir na busca da efetivação de todos os direitos previstos no ECA. Para

tanto deverá priorizar a destinação de recursos públicos a proteção de criança e adolescente.

1 Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. 2 Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Art. 6° - Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

Princípio do maior interesse da criança ou do adolescente. Se houver pagamento

art. 2383 ECA.

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Direito da Criança e do Adolescente ao convívio familiar, de qualquer forma,

inclusive por meio de família extensa/ampliada ou substituta, tratando-se de direito

fundamental – art. 227, § 4°4, CF.

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.

Falta de recursos materiais não é motivo para perda ou suspensão do poder familiar.

2. Espécies de Famílias:

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Família natural: é formada pelo pai e pela mãe.

Família extensa ou ampliada: pessoas próximas, parentes que mantenham vínculo

de afinidade ou afetividade com a criança e o adolescente.

Família substituta: pessoas que não possuem qualquer tipo de vínculo com a criança

ou o adolescente.

Ver art. 2375, ECA. 3 Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. 4 Art. 227, § 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.

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Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.

Colocação em família substituta.

► Formas: Guarda, tutela e Adoção.

- Guarda: Não pressupõe suspensão/ destituição do poder família, mas reclama procedimento

contraditório sempre que houver discordância de algum dos genitores.

- Tutela: Pressupõe previa suspensão ou desconstituição do poder familiar.

- Adoção: Pressupões desconstituição do poder familiar.

Ouvida da criança ou do adolescente: eles deve ser ouvidos, principalmente se importar

a substituição da guarda.

Deve ser observado o grau de parentesco, afinidade e afetividade que existe entre a

criança e o adolescente e a pessoa a quem se entrega.

3. Competência:

Adoção: Juizado da Infância – art. 148, III6, ECA

Guarda e tutela: art. 987, art. 148, III, parágrafo único8, a, ECA.

5 Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto: Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. 6 Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para: III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes. 7 Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta. 8 Art. 148. Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:

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4. Rito:

Consensual: quando os pais forem falecidos, tiverem sido declarados suspensos ou

destituídos do poder familiar ou quando tiverem aderido expressamente ao pedido – art. 166 a

170.

Contraditório: discordância dos pais ou quando não forem localizados. - art. 155 a

163.

Estudo social a ser realizado por equipe multidisciplinar – art. 1519, 161, § 1°10, 16711,

ECA.

Condições pessoais: art. 2912, ECA.

Adoção por estrangeiro: Trata-se de medida excepcional regulamentada pelo ECA,

prevista no art. 3113.

a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder poder familiar; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais; f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; g) conhecer de ações de alimentos; h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito. 9 Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico. 10 Art. 161, § 1o A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 11 Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência. 12 Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado. 13 Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.

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Recursos - art. 19814: utiliza-se o CPC com as adaptações do ECA, sendo que o prazo

é de 10 dias.

5. Guarda:

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009)

É a forma mais precária de colocação em família substituta, obrigando o sujeito ativo

aos deveres de prestação de assistência material, moral e educacional.

Não implica prévia suspensão ou destituição do poder familiar ao contrario da tutela e

da adoção.

Espécies: Pode ser deferida liminar ou incidentalmente nos procedimentos de tutela e

adoção, exceto nos casos de adoção por estrangeiro.

Pode ser para que se atenda uma situação peculiar – art. 33, § 2°15: guarda requerida por

parentes próximos com a anuência dos pais.

Guarda destinada a suprir falta dos pais ou responsáveis em caso de doença.

Guarda como direito de representação: representação em sentido amplo, incluindo-se a

assistência, tratando-se de verdadeira inovação do ECA, pois antes a assistência somente

competia aos pais, curadores e tutores.

Exemplo: assistência na rescisão de contrato de trabalho.

14 Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude fica adotado o sistema recursal do Código de Processo Civil, aprovado pela Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e suas alterações posteriores, com as seguintes adaptações: I - os recursos serão interpostos independentemente de preparo; II - em todos os recursos, salvo o de agravo de instrumento e de embargos de declaração, o prazo para interpor e para responder será sempre de dez dias; III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor; 15 Art. 33, § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados.

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A guarda traz para o guardado de dependente para todos os fins, inclusive

previdenciários. Art. 33, § 3°16, ECA. A guarda não produz coisa julgada – art 3517.

O poder público deverá por meio de incentivos, estimular as ações de guarda – art.

3418.

A guarda somente com fins econômicos é vedada.

6. Suspensão e destituição do Poder Familiar:

Características: Art. 22 a 24, ECA e art. 163519, CCB.

Legitimidade: Ministério Público ou quem detenha legítimo interesse jurídico, moral

ou econômico. Exemplo: guardião que tem interesse na tutela ou na adoção.

Procedimento: contraditório – art. 153 a 156: tudo deve estar concluído no prazo

máximo de 120 dias.

Possibilidade de pedido liminar: quando houver motivo grave (ex: abuso sexual) -

art. 13020, ECA.

Prazo contestacional: art. 15121, 15922, ECA: 10 dias.

16 Art. 33, § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. 17 Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. 18 Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 19 Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: I - pela morte dos pais ou do filho; II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único; III - pela maioridade; IV - pela adoção; V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. 20 Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. 21 Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação,

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Necessidade de nomeação de curador nas hipóteses em que a ação é proposta pelo

MP.

Competência: quando se tratar de criança e adolescente nas hipóteses do art. 9823, a

competência é do JIJ (Juizado da Infância e Juventude).

Requisição de documentos: é possível que autoridade judiciária requisite

documentos a pedido das partes e do MP – art. 16024.

Estudo social por equipe multidisciplinar – art. 161, § 1°25.

Revelia: não se fazem presentes os seus efeitos, por quanto o poder familiar trata-se

de direito indisponível.

Ouvida da criança e adolescente: se o pedido importar modificação de guarda, será

obrigatória, desde que possível e razoável – art. 28, § 1°26 e art. 161, § 3°27. Nos casos de

encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico. 22 Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de nomeação. 23 Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta. 24 Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de documento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público. 25 Art. 161, § 1o A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 26 Art. 28, § 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 27 Art. 161, § 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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adoção, quando o adotando for maior de 12 anos, será necessário o seu consentimento – art.

41, § 2°28.

Efeitos da sentença: a sentença que decretar a perda ou suspensão do Poder Familiar

será averbada a margem do Registro Civil – art. 163, parágrafo único29, ECA.

Se houver destituição do poder familiar ou suspensão e o pai vem a falecer o filho

herda porque não perde a condição de descendente. Não confundir a ação de

destituição/suspensão do poder familiar com o efeito extrapenal penal da sentença penal

condenatória. Cada uma ocorre em instância diversa, mas o efeito é o mesmo. Aplicado o art.

92, II30, CP, torna-se desnecessária a ação de destituição/suspensão do poder familiar.

7. Tutela – art. 36 a 38, ECA:

Implica prévia suspensão ou destituição do poder familiar, sendo que o tutor deve

exercer obrigatoriamente a guarda. Anteriormente, o tutor era obrigado a especializar bens, em

hipoteca legal, para garantir os bens do menor de 18 anos. O ECA minimizou isso no art. 3731,

reduzindo as hipóteses.

O CC acabou com isso absolutamente. Mesmo o tutor nomeado por meio de

testamento está sujeito a controle judicial.

A tutela somente se aplica aqueles até 18 anos incompletos, bem como não é instituto

de preferência por parte do MP, uma vez que não tem o caráter perene da adoção.

28 Art. 41, § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. 29 Art. 163. Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 30 Art. 92 - São também efeitos da condenação: II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. 31 Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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8. Adoção – arts. 39 a 52, ECA:

Somente pode ser concedida por meio de sentença. É vedada a adoção por procuração.

É imprescindível que haja o consentimento – art. 39, § 2°32.

Competência é da Justiça da Infância e Juventude.

Vedações e Requisitos: Os ascendentes e os irmãos do adotando não podem adotar

– art. 4233. A razão da vedação prende-se ao fato de que a adoção rompe os vínculos naturais

de filiação e parentesco, estabelecendo novos vínculos entre as pessoas referidas no art. 41, §

2°34, ECA.

O adotante deverá ser maior do que 18 anos, independentemente do estado civil.

A adoção por ambos os cônjuges poderá será formalizada desde que comprovada a

estabilidade da família – art. 42, § 2°35, ECA. Se apenas um dos cônjuges requerer a adoção, o

pedido deverá vir de expressa anuência do outro, salvo, se vier acompanhado de prova de que

ambos já estão separados de fato – art. 165, I36.

O adotante deverá ser, pelo menos, 16 anos mais velho que o adotado – art. 42, § 3°37.

Quem estiver divorciado ou separado judicialmente poderão adotar conjuntamente,

contanto que acertem sobre guarda e regime de visitas e desde que o estágio de convivência

tenha iniciado durante a constância do matrimônio ou da união estável.

32 Art. 39, § 2o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 33 Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 34 Art. 41, § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. 35 Art. 42, § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 36 Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de colocação em família substituta: I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste. 37 Art. 42, § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.

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Natureza jurídica da sentença que concede a ação é constitutiva, somente produz

efeito a partir do trânsito em julgado.

Exceção: Art. 42, § 638: a sentença é o marco pelo qual se iniciam os efeitos da adoção.

Excepcionalmente, a adoção poderá produzir efeitos a partir de momento anterior ao da

sentença, desde que, tenha havido inequívoca manifestação de vontade dos adotantes, trata-se

de uma adição “post mortem”, ou seja, com o falecimento dos adotantes no curso do

procedimento e inequívoca manifestação de vontade. O efeito da adoção retroage a data do

óbito. A jurisprudência já decidiu que procedimento já existe quando os futuros adotantes já

detinham a guarda do futuro adotado.

A adoção somente será deferida quando representar reais vantagens ao adotado – art.

4339.

O tutor ou curador não poderão adotar o pupilo ou o curatelado quando não derem

conta dos bens – art. 4440.

A adoção depende do consentimento dos pais ou do consentimento legal do adotando

e ou do adotando se esse contar com mais de 12 anos, será dispensado o consentimento dos

pais ou responsáveis quando tiverem sido suspensos ou destituídos previamente do poder

familiar, ou seja, desconhecidos – art. 4541.

A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais – art. 4942.

A adoção é irrevogável – art. 4843.

38 Art. 42, § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 39 Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. 40 Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado. 41 Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. 42 Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais. 43 Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Cadastro: o cadastro para adoção possui 2 níveis, nacional e estadual. Fora isso, o

cadastro é assim dividido:

Crianças e adolescentes, pessoas ou casais habilitados e pessoas e casais habilitados

residentes fora do país. A obrigação de fazer o cadastro é da autoridade judiciária, depois de

proferir a sentença que declarou a criança/adolescente em condição de ser adotado, ou a

pessoa/casal em condição de adotar, para realizar o cadastro, sob pena em incorrer em

administração administrativa. A inscrição deve ser feita em cadastro estadual e nacional.

No RS a coordenação do cadastro é feita pela Corregedoria Nacional de cadastro e no

Brasil fica na Secretaria Estadual de Cadastro que tem o status de Ministério.

O consentimento dos pais ou responsáveis com a adoção é revogável até a publicação

da sentença constitutiva de adoção.

O mandado judicial de inscrição fará cancelar o registro original do adotado,

conferindo-lhe a situação de filho perante os adotantes, com todos os seus ascendentes,

rompendo-se os vínculos com os pais biológicos e parentes consanguíneos, salvo quanto aos

impedimentos para o casamento.

Se um dos cônjuges ou companheiros adotar o filho do outro mantém-se os vínculos

de filiação ente o adotado e o cônjuge ou companheiro do adotante e os respectivos parentes –

art. 41, § 1°44.

A sentença conferirá ao adotando o nome do adotante e, a pedido desde poderá

determinar a modificação do pré nome – art. 47, § 5°45. A decisão confere ao adotando o

sobrenome do adotante, podendo acarretar a alteração do seu prenome, a pedido do adotante

ou adotando – art. 47, § 5°.

44 Art. 41, § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. 45 Art. 47, § 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Estágio de convivência: a adoção será precedida de estágio de convivência pelo

prazo que autoridade judiciária fixar, observada as peculiaridades do caso, auxiliado pelo

estudo social feito pela equipe multidisciplinar.

Dispensa de estágio de convivência quando o adotando não tiver mais de um ano de

idade e quando independentemente da idade, já estiver na companhia do adotante por tempo

suficiente para poder se avaliar sobre a constituição do vínculo.

Adoção internacional: a partir do art. 50 se regulamenta o capítulo relativo a adoção

internacional, trazendo normas que estão na convenção de Haia sobre o tema. Pode ser

inclusive, brasileiro desde que residente no exterior.

As normas aplicáveis, todas são as da adoção nacional, com as seguintes alterações:

1°) é uma medida excepcional, devendo ser esgotadas as tentativas de adoção dentro do Brasil;

2°) estágio de convivência obrigatório de 30 dias no Brasil;

3°) vedada a saída do país antes do trânsito em julgado da sentença que concede a adoção.

O Código Civil não prevê qualquer norma a respeito da adoção internacional, sendo

ela regulamentada exclusivamente pelo ECA e além disso, a adoção internacional poderá fazer

com que todos os textos apresentados sejam na verdade acompanhados de provas de que

aquilo que foi apresentado ainda vige no país de origem e o consulado deverá autenticar os

documentos – art. 23946.

Consequências da Adoção – Art. 4747: A sentença constitutiva será inscrita no

Registro Civil mediante mandado, do qual não se fornecerá certidão.

46 Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. 47 Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.

DIREITO PENAL

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A inscrição constará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus

ascendentes. O mandado judicial, que será arquivado cancelará o registro original do adotado.

Nenhum registro será guardado a margem da certidão de nascimento. Os efeitos de são a

partir do trânsito em julgado, salvo, o artigo 42, § 6°48, quando houver inequívoca

manifestação de vontade dos adotantes no curso do procedimento.

Adoção do nascituro: Um casal que não pode ter filhos contrata o ventre alheio

(barriga de aluguel). Como garantir que nascido o filho a mãe biológica vai permitir que o casal

adote a criança?

Defendeu-se nesse sentido que a lei regulamentasse a matéria, no entanto, o ECA

continuou dizendo que mãe é aquela que dá a luz, independentemente, de qualquer outra

providência. Não há, portanto, que a mãe biológica nessa situação entregue a criança a

contratante, não havendo qualquer sanção.

De outro lado se houver promessa de vantagem pela entrega de filho alheio, ainda que

se trate de nascituro, entende o STJ, que se trata do crime do art. 23849, devendo, no entanto,

haver início de pagamento. Por fim, não existe no Brasil adoção de nascituro, somente existe

de criança nascida com vida.

Adoção à brasileira sócio afetiva: trata-se de uma adoção “intuito persone”, em que

existe o vínculo de intenção entre o titular do poder familiar e aquele que adota. Nesse

contexto, existe uma “burla” ao ECA sendo que o adotado não é filho do adotante, mas acaba

sendo registrado como se seu filho fosse. A conduta, inclusive, é considerada crime.

Adoção pessoal: ocorre quando existe um vínculo muito forte entre as pessoas que

querem adotar. Adoção direcionada. Não pode ser adoção negociada.

48 Art. 42, § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 49 Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.