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DIREITO PENAL

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PONTO 1: Extinção da Punibilidade

DIREITO PENAL

PONTO 2: Prescrição Penal

1. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Com a prática da infração penal, surge para o Estado o direito de punir o agente,

ou seja, a punibilidade, que consiste na possibilidade jurídica de o Estado impor sanção a

quem comete algum delito.

O legislador, estabelece causas que extinguem a punibilidade, previstas no art.

107 do Código Penal. Vale ressaltar que o rol do art. 107 do CP não é taxativo, existindo

ainda outras causas que extinguem a punibilidade na parte especial do Código.

As causas de extinção da punibilidade não se confundem com as escusas

absolutórias. Naquelas, o direito de punir do Estado surge em primeiro momento e,

posteriormente, é fulminado pela causa extintiva. As escusas são, excludentes de

punibilidade, nem permitindo que surja o direito de punir para o Estado.

Em regra, as causas geram efeitos civis, conforme art. 67, II do CPP.

Dependendo do momento em que ocorre a extinção da punibilidade, o procedimento a ser

adotado para a reparação do dano na esfera civil pode variar:

- Se antes do trânsito em julgado da sentença, a vítima deverá ingressar com

uma ação ordinária, de cognição plena e exauriente;

- Se após o trânsito em julgado, o juiz é obrigado a fixar um valor mínimo de

reparação do dano, para isso basta que a vítima execute no cível este título que agora será

líquido, certo e exigível.

Causas de extinção da Punibilidade:

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a) Morte do agente: o juiz à vista da certidão de óbito do agente, decretará a

extinção da punibilidade. Não basta portanto o mero atestado de óbito assinado pelo

médico, sendo necessária a competente certidão expedida pelo Cartório de Registro Civil.

Essa causa extintiva da punibilidade pode ocorrer em qualquer momento, antes

ou durante a ação penal ou, ainda, em fase de execução. A morte do agente, por óbvio não

se comunica aos demais autores da infração.

b) Anistia, graça ou indulto: a anistia exclui o crime apagando seus efeitos. É

ela concedida por lei, referindo-se a fatos e não a pessoas e , por isso, atinge todos que

tenham praticado delitos de certa natureza. Pode ser concedida antes ou depois da sentença

e retroage apagando o crime, extinguindo a punibilidade do agente e as demais

conseqüências de natureza penal. Assim, se o agente vier a cometer novo crime, não será

considerado reincidente.

A graça e o indulto, por outro lado, pressupõem a existência de uma sentença

penal condenatória transitada em julgado e atingem somente a pena imposta, subsistindo os

demais efeitos condenatórios. Assim, se a pessoa agraciada ou indultada vier a cometer

novo crime, será considerada reincidente.

A graça é concedida individualmente, enquanto o indulto é concedido a um

grupo de condenados.

c) Retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso: esse

inciso consagra a aplicação da regra contida no art. 2º do Código Penal, que trata da

retroatividade da lei penal mais benéfica. A abolitio criminis pode ocorrer antes ou depois

da condenação e, no último caso, rescinde a própria condenação e todos os seus efeitos

penais.

d) Prescrição, decadência ou perempção: decadência na ação penal privada é a

perda do direito de ação do ofendido em face de decurso do prazo sem oferecimento da

queixa. Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, a decadência

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decorre do não oferecimento no prazo legal da representação, o que impede o Ministério

Público de oferecer a denúncia.

A prescrição da pretensão punitiva que será após estudada também extingue a

punibilidade, assim como a perempção, que é uma sanção aplicada ao querelante,

consistente na perda do direito de prosseguir na ação penal privada, em razão de sua inércia

ou negligência processual.

e) Renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação

privada: a renúncia é um ato através do qual o ofendido abre mão do direito de oferecer a

queixa. É um ato unilateral, independendo de aceitação do autor do delito. A renúncia só

pode ocorrer antes do início da ação penal.

O perdão do ofendido é ato através do qual o querelante desiste do

prosseguimento da ação penal privada, desculpando o querelado pela prática da infração

penal. O perdão só cabe após o início da ação penal. Trata-se de ato bilateral, gerando a

extinção da punibilidade se for aceito.

f) Retratação do agente nos casos que a lei admite: através da retratação o

agente admite que agiu erroneamente. Ex: crimes de calúnia.

g) Perdão judicial, nos casos previstos em lei: o perdão judicial é o caso em que

o juiz, embora comprovada a prática da infração pelo sujeito, deixa de aplicar pena em

razão das circunstâncias. Somente é cabível nas hipóteses expressamente mencionadas.

2. PRESCRIÇÃO PENAL

Natureza Jurídica da Prescrição:

Para alguns é instituto de Direito Penal; para outros, de Direito Processual Penal

e há, ainda, os que a atribuem um caráter misto. A corrente dominante a considera como de

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Direito Penal, embora haja conseqüências imediatas de Direito Processual Penal.

Outrossim, a prescrição penal recebe conotação diferente da civil, pois na penal, o Estado

perde o direito de apurar e punir certa infração; na cível, perde o direito de ação mas

subsiste o direito material.

Espécies: podemos falar em prescrição da pretensão punitiva e prescrição da

pretensão executória. Entretanto, as duas espécies possuem subespécies que serão a seguir

mencionadas.

A prescrição da pretensão punitiva em abstrato é a única espécie de prescrição

que independe de sentença peal condenatória. Se baseia na pena máxima em abstrato. As

majorantes e minorantes também são levadas em conta, uma vez que previstas em lei, se

variáveis deve-se levar em conta a que mais aumenta ou menos diminui a pena.

Prescrição intercorrente: prevista no art. 110, §1º do CP, dispõe uma

modalidade de contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva, na espécie posterior

a sentença condenatória. Dessa forma, mesmo que tenha havido uma sentença

condenatória, que pela regra se utilizaria da pena imposta pelo juiz in concreto, aplicar-se-á

pena máxima em abstrato cominado no tipo penal.

A prescrição intercorrente ocorrerá enquanto não houver transitado em julgado

a sentença para a acusação. Enquanto não houver a decisão do recurso da acusação, correrá

o prazo prescricional da pena máxima em abstrato. “Caracterizada a prescrição da

pretensão punitiva, na modalidade superveniente, se entre a data da sentença ao dia do

julgamento da apelação que nega provimento ao recurso do Ministério público, decorreu o

lapso prescricional, hipótese em que deve ser decretada de ofício”. (AR. Rel. Célio Borja –

RT 672/386- STF).

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Prescrição Retroativa, encontra-se prevista no art. 110, §2º, do CP. Segundo

entendimento sumulado “a prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada,

quando não há recurso da acusação”. A prescrição retroativa leva em consideração a pena

aplicada, in concreto, mesmo sendo uma espécie de prescrição da pretensão punitiva, que

na regra geral deveria ser aplicada a pena in abstrato, por fundamento o princípio da pena

justa, significando que, ausente o recurso da acusação ou improvido este, a pena aplicada

na sentença era, desde a prática do fato, a necessária e suficiente para aquele caso concreto.

Por isso deve servir de parâmetro para a prescrição, desde a consumação do fato, inclusive.

Nestes termos, a prescrição retroativa pode ser considerada entre a consumação do crime e

o recebimento da denúncia, ou entre este e a sentença condenatória.

A pronúncia nos crimes contra a vida, também cria um marco interruptivo para

a prescrição retroativa. Para a caracterização da prescrição retroativa, deve-se examinar o

seguinte: a) Inocorrência da prescrição abstrata; b) Sentença penal condenatória; c)

Transito em julgado para a acusação ou improvimento de seu recurso; d) Tomar a pena

concretizada na sentença condenatória; e) Verificar qual é o prazo prescricional

correspondente (art. 109 do CP); f) Analisar a existência de causa modificativa do lapso

prescricional.

Prescrição da pretensão executória: Após o trânsito em julgado da sentença

condenatória, o direito de punir se transforma, surgindo para o Estado o poder-dever de

impor concretamente a sanção imposta ao autor da infração penal pelo Poder Judiciário.

Com o decurso do tempo, entretanto, o Estado perde o direito de exercer a

pretensão de executar a pena aplicada ao agente. Enquanto na prescrição da pretensão

punitiva o prazo é determinado pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada em

abstrato, na prescrição da pretensão executória será regulado pela pena imposta na sentença

condenatória, variando o prazo prescricional de acordo com a regra estabelecida no artigo

109 do CP.

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Em relação aos termos iniciais da prescrição, temos o art. 111, do CP, que

expõe que a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I -

do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a

atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV

- nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da

data em que o fato se tornou conhecido.