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DIREITO PENAL 1 DIREITO PENAL PONTO 1: Introdução PONTO 2: Identificação Criminal – Lei 12.037/09 PONTO 3: Abuso de Autoridade Lei 4898/65 PONTO 4: Estatuto do Desarmamento 1. Introdução: Informativo 637 - STF, HC 106155, j. 23/08/11. Trata da conduta do “fogueteiro”, o qual solta bomba para avisar traficante. Essa conduta foi considerada atípica. Entenderam que o art. 33 da Lei 11.343/2006 não repetiu o tipo do inciso III do § 2º do art. 12 da Lei 6.368/76, sendo que o art. 33 é exaustivo, não permitindo a interpretação extensiva em prejuízo da defesa. Nota-se que a Lei 6368/76 pode ser aplicada atualmente, em face da sua ultra- atividade, quando mais favorável. 2. Identificação Criminal – Lei 12.037/09: 1. Conceito: Procedimento pelo qual o indiciado ou acusado é individualizado pelo processo datiloscópico ou fotográfico. 2. Revogação expressa: - Lei 10.054/00 3. Revogação Tácita: - Art 109 1 do ECA (Lei 8069/90); - art 5º 2 , Lei 9034/95. Ou seja, tudo o que tem haver com identificação criminal (em leis esparsas) está revogado tacitamente. Encontrando-se tudo na lei 12.037/09. Posição majoritária. 1 Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada. 2 Art. 5º. A identificação criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será realizada independentemente da identificação civil.

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DIREITO PENAL

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DIREITO PENAL

PONTO 1: Introdução PONTO 2: Identificação Criminal – Lei 12.037/09 PONTO 3: Abuso de Autoridade – Lei 4898/65 PONTO 4: Estatuto do Desarmamento

1. Introdução:

Informativo 637 - STF, HC 106155, j. 23/08/11.

Trata da conduta do “fogueteiro”, o qual solta bomba para avisar traficante. Essa

conduta foi considerada atípica. Entenderam que o art. 33 da Lei 11.343/2006 não repetiu o

tipo do inciso III do § 2º do art. 12 da Lei 6.368/76, sendo que o art. 33 é exaustivo, não

permitindo a interpretação extensiva em prejuízo da defesa.

Nota-se que a Lei 6368/76 pode ser aplicada atualmente, em face da sua ultra-

atividade, quando mais favorável.

2. Identificação Criminal – Lei 12.037/09:

1. Conceito:

Procedimento pelo qual o indiciado ou acusado é individualizado pelo processo

datiloscópico ou fotográfico.

2. Revogação expressa:

- Lei 10.054/00

3. Revogação Tácita:

- Art 1091 do ECA (Lei 8069/90);

- art 5º2, Lei 9034/95.

Ou seja, tudo o que tem haver com identificação criminal (em leis esparsas) está

revogado tacitamente. Encontrando-se tudo na lei 12.037/09. Posição majoritária. 1 Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada. 2 Art. 5º. A identificação criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será realizada independentemente da identificação civil.

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4. Maria da Penha:

- Art. 12, VI3, da Lei 11.340/06: não se trata de identificação previsto em lei especial.

Trata de mera qualificação.

5. hipóteses de identificação:

- art 3º4, L. 12.037/09.

Só nestas hipóteses o civilmente pode ser identificado criminalmente.

3. Abuso de Autoridade – Lei 4898/65:

1. Sujeito ativo (art. 5º):

Conceito de autoridade.

Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.

O particular pode praticar crime de abuso de autoridade – art. 305, CP:

A circunstância objetiva se comunica desde que todos tenham conhecimento. A

circunstância subjetiva: diz respeito aos motivos ou circunstâncias pessoais entre as partes.

Nunca se comunicam.

As elementares comunicam-se, desde que todos tenham conhecimento.

O termo autoridade é uma elementar. Portanto, o particular pode praticar abuso de

autoridade.

3 Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele; 4 Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa; V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. 5 Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

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2. Sujeito passivo:

Qualquer pessoal.

É crime de dupla subjetividade passiva, porque temos o sujeito passivo imediata que é

o titular do bem jurídico ofendido.

3. “Direito de representação”:

- Art. 2º:

Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição: a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção; b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.

- Art. 12:

Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso.

- É o direito constitucional de petição. Art. 5º, XXXIV6, CF.

- Não é condição de procedibilidade.

- Lei 5.249/67: uma ação pública incondicionada.

4. Crimes de atentado ou de empreendimento – art. 3º:

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção; b) à inviolabilidade do domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; f) à liberdade de associação; g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.

6 Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

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Não cabe tentativa dos crimes do art. 3º, porque são crimes de atentado ou

empreendimento.

Parte da doutrina refere que o art. 3º ofende o princípio da reserva legal, o qual

apresenta quatro desdobramentos:

- Lex Praevia;

- Lex Scripta;

- Lex Stricta;

- Lex Certa: traz o princípio da taxatividade.

Letra “i” – incolumidade física do individuo. Uma parcela da doutrina exige a

representação neste caso, interpretação a partir do art. 887 da Lei 9.099/95.

5. Crimes do art. 4º:

Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.

Depende do crime admite tentativa. Não há critica sobre a falta de taxatividade.

Se a ação comissiva cabe tentativa.

Letra “c” – sempre que a nossa lei trouxer esse inicio – “deixar de” – temos crime

omissivo próprio.

7 Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.

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Crimes omissivos:

- puros ou próprios: a omissão já está descrita na própria lei. Não admitem tentativa,

porque são unissubsistentes;

- impuros, impróprios ou comissivos por omissão. A lei não traz omissão, descreve

ação só que é praticada por alguém em especial que tem o dever jurídico de agir – garante (art.

13, §2º8, CP).

6. Sanções – art. 6º:

Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal. § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá em: a) advertência; b) repreensão; c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens; d) destituição de função; e) demissão; f) demissão, a bem do serviço público. § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros. § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; b) detenção por dez dias a seis meses; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos. § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.

Se a pena máxima não passa de 2 anos trata-se de uma IMPO. Portanto, o rito é

sumaríssimo da Lei 9099/95 (JEC).

7. Denúncia:

Quando se aplicava o rito especial previsto na Lei 4898/ o prazo para o oferecimento

da denuncia era de 48 horas. Com aplicação da Lei 9099/95 não há mais este prazo.

8 Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado

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- STJ, HC 163282, j. 18.05.10.

8. Competência – Súmula 1729 do STJ:

Sempre da Justiça Comum, seja estadual ou federal conforme o caso.

4. Estatuto do Desarmamento:

1. Legislação aplicada:

- Lei 10.826/03 (Estatuto de Desarmamento).

- Decreto regulamentador 5.123/04.

- Decreto 3665/00 ou R-105.

2. Órgão envolvidos:

- SINARM (Sistema Nacional de Armas) instituída no Ministério da Justiça no âmbito

da Polícia Federal.

- SIGMA (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas) é instituído no Ministério da

Defesa no âmbito do comando do exército.

3. Aquisição:

Idade mínima: 25 anos.

Exceção: as pessoas elencadas no art. 6º10 da Lei 10.826/03 que podem adquirir com

18 anos.

9 Súmula 172 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. 10 Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: I – os integrantes das Forças Armadas; II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal; III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004) V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei; IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental. X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.

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4. Registro:

- prazo de validade de 03 anos.

O registro tem validade em todo o território nacional.

- Limite: pode-se manter a arma dentro de casa (dependências também) ou do trabalho

(se titular do estabelecimento, no caso de empregado não pode).

5. Porte de arma:

- Prazo: 5 anos - art. 4611, do Decreto 5123.

Características:

- pessoal;

- excepcional (a regra é não autorizar);

- intransferível;

- revogável a qualquer tempo.

6. Suspensão e cassação - arts. 25 e 26 do Dec. 5123/04:

- Art. 25 refere da suspensão:

Art. 25. O titular do Porte de Arma de Fogo deverá comunicar imediatamente: I - a mudança de domicílio, ao órgão expedidor do Porte de Arma de Fogo; e II - o extravio, furto ou roubo da arma de fogo, à Unidade Policial mais próxima e, posteriormente, à Polícia Federal. Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo implicará na suspensão do Porte de Arma de Fogo, por prazo a ser estipulado pela autoridade concedente.

Mais uma hipótese de suspensão - art. 22, I12, da lei 11. 340/06.

11 Art. 46. O Ministro da Justiça designará as autoridades policiais competentes, no âmbito da Polícia Federal, para autorizar a aquisição e conceder o Porte de Arma de Fogo, que terá validade máxima de cinco anos. 12 Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003.

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- Art. 26 refere da cassação:

Art. 26. O titular de porte de arma de fogo para defesa pessoal concedido nos termos do art. 10 da Lei no 10.826, de 2003, não poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela adentrar ou permanecer em locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas em virtude de eventos de qualquer natureza. § 1o A inobservância do disposto neste artigo implicará na cassação do Porte de Arma de Fogo e na apreensão da arma, pela autoridade competente, que adotará as medidas legais pertinentes. § 2o Aplica-se o disposto no §1o deste artigo, quando o titular do Porte de Arma de Fogo esteja portando o armamento em estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas ou medicamentos que provoquem alteração do desempenho intelectual ou motor.

Nas hipóteses do art. 26, § § 1º e 2º - deve-se instaurar procedimento administrativo.

Nota-se que a cassação é mais grave.

7. Crimes em espécie:

► Porte de arma de fogo de uso permitido - art. 12:

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

- Conceito de uso permitido: Dec 3665/00.

Para configuração deste crime: a posse é vinculada em ter em casa ou ter no local de

trabalho, desde que titular.

STJ, 6ª T, HC 124.907, J. 06/09/11 – Atipicidade.

Porém, há divergências.

Passa-se pelo princípio da ofensividade, pois se a arma está desmuniciada não produz

disparos. Não há ofensividade ao bem jurídico.

Mesmo a posição pró-réu entende que não pode haver a imediatidade da munição, ou

seja, a disposição imediata da munição.

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Assim, a arma não pode estar municiada e a munição não pode estar ao alcance do

agente.

Observação para todos os crimes do Estatuto do Desarmamento:

- perigo abstrato: se presume de que daquela conduta abstrata advém o perigo – “juris

et de jure”.

- perigo comum: atinge número indeterminado de pessoas.

- crime vago: sujeito passivo é indeterminado

- ação penal: sempre pública incondicionada.

- Lei 9099/95: art. 8913 – sursis processual.

► Omissão de Cautela - art. 13:

Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Objeto material: mais restrito.

A pena máxima é de 2 anos, portanto, cabem todos os institutos despenalizadores da

Lei 9099/95.

Art. 13. Parágrafo único - Quase uma responsabilidade penal objetiva:

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

► Porte de arma de fogo de uso permitido – art. 14:

13 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

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Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente.

Pode incidir sobre arma, munição e acessório (R-105).

Tipo misto alternativo: uma ou várias condutas dentro do mesmo contexto fático

pratica um só crime.

O bem jurídico tutelado é a incolumidade pública.

Duas ou mais armas: a quantidade de armas irá influenciar para aumentar a pena base -

art. 5914 CP.

► Comércio ilegal de arma de fogo - Art. 17:

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Deve comprovar o ato de comércio, eis que é elemento do tipo.

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

Comércio ilegal ou trafico internacional tem pena aumentada pela metade se a arma for

de uso restrito.

► Disparo de arma de fogo – art. 15:

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:

14 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

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Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.

- Concurso com o porte? Se for dentro do mesmo contexto fático não – princípio da

absorção ou consunção. STJ. Atn 290, 2005.

- Fogos de artifício: há tipo especial na LCP, art. 28, parágrafo único15.

- soltar balão: não se trata deste artigo 15.

Se causar incêndio aplica-se o art. 4216 da Lei 9.605/98 – lei especial.

Se a arma for de uso proibido utiliza-se o art. 59 CP – na aplicação da pena-base.

- Lugar habitado: é aquele que possui moradores ainda que eventuais. Ex: Fazenda,

praia durante inverno. Só não haverá o crime se for numa ilha deserta.

► Posse e porte – art. 16:

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.

- armas, acessórios e munições de uso restrito – R-105.

15 Art. 28. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso. 16 Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

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- Se não tem numeração raspada – art. 16, caput.

- Se tem numeração raspada – aplica-se o art. 16 parágrafo único, IV.

- Caso o sujeito esteja raspando – aplica-se o art. 16, parágrafo único, I,

► Tráfico Internacional de Arma de Fogo – art. 18:

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

A competência é da justiça federal.

► Art. 21:

Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)

Inconstitucional.

Obs:

Art. 6º, caput17, Lei 10.826/03 – Mp, Juízes, tem porte em lei própria.

17 Art. 6o - É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria [...].