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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

PONTO 1: Introdução PONTO 2: Direitos Fundamentais (Princípios) Constitucionais Processuais. PONTO 3: Demais Princípios do Processo Civil

1. Introdução:

Os princípios estruturam o processo civil.

Atualmente, o correto é se falar em direitos fundamentais processuais (garantias

processuais) ao invés de “princípios”. Pois temos a diferenciação entre princípios e regras. Os

direitos fundamentais processuais podem ter caráter de princípios ou de regras.

O direito fundamental processual é uma evolução das garantias processuais. A CF de

1988 traz os direitos fundamentais e garantias fundamentais auto-aplicáveis. Assim, tenho

princípios que não precisam de regras para serem concretizados.

A garantia é característica de um estado mais liberal. Já o direito fundamental

processual tem uma conotação mais ativa: além de proteger as lesões aos direitos

fundamentais, tenho que realizá-los.

2. Direitos Fundamentais (Princípios) Constitucionais Processuais:

Nota-se que há princípios que encontramos na CF e outros que não estão. Porém, se

correlacionam. Como há uma interconexão não se pode dizer que um princípio absolutamente

infraconstitucional.

1. Direito Fundamental à efetividade processual e seu tencionamento com a segurança

jurídica:

São dois os principais princípios do processo civil: Efetividade e Segurança Jurídica.

Há uma composição entre esses dois valores (efetividade e segurança jurídica). O

legislador quando constrói o direito positivo em termos de processo civil em alguns momentos

se aproxima da segurança jurídica e, inevitavelmente, se afasta da efetividade e vice-versa.

Portanto, busca sempre um equilíbrio da necessidade social e política.

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Nas reformas atuais, em face do excesso de demandas, o legislador está restringindo,

priorizando a efetividade do processo civil, com prejuízo da segurança jurídica.

Sempre que esses dois valores que estão constituindo na própria CF e constituindo

direitos fundamentais processuais, tem se não apenas a obrigação de levá-los em consideração,

mas de otimizá-los no caso concreto.

Ex: antecipação de tutela – talvez em nenhum outro instituto do processo civil o

conflito entre esses dois princípios está tão evidente como na antecipação de tutela.

Mas, num caso concreto, havendo perigo de dano, deve ser privilegiada a efetividade

(em prejuízo da segurança jurídica), garantindo a tutela, levando em conta o perigo na demora

e a aparência do bom direito (procurando minimizar o prejuízo da não utilização da segurança

jurídica).

Portanto, ao agir assim, o juiz compõe o conflito entre ambos os princípios. –

buscando, também, evitar o chamado Dano marginal – não pode, para evitar o dano, o juiz

antecipar a tutela e causar, de outro lado (ou ao terceiro) um dano ainda mais grave.

Ex2: Efeito suspensivo de apelação – no Brasil a regra é que a apelação tenha efeito

suspensivo que é a opção pela segurança jurídica. Na reforma do CPC busca que o efeito

suspensivo na apelação seja atribuído pelo juiz, se aproximando cada vez mais da efetividade e se

distanciando da segurança jurídica.

2. Direito fundamental da inafastabilidade do controle jurisdicional:

O acesso a Jurisdição – garantia (efetiva) de acesso jurisdicional - é informado pelo

artigo 5º, XXXV1 da CF – é o mesmo que a garantia a tutela jurisdicional efetiva de forma

eficaz.

Por isso a necessidade de procedimentos processuais para viabilizar o acesso

jurisdicional (não afastando a lesão ou ameaça a lesão).

1 Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

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Obs.: O fato de não ser necessário esgotar a via administrativa para buscar-se tutela perante o

poder judiciário, não dispensa a necessidade de que esteja presente a condição da ação

interesse processual.

- Exceção da inafastabilidade do judiciário previsto na CF:

- Preciso esgotar a via administrativa no caso da justiça desportiva.

- No caso da Súmula 247, que foi dada interpretação conforme a constituição do artigo

38 da lei 6030: a exigência contida no artigo 38 da lei de execução fiscal não deve ser entendida

como requisito para o ajuizamento da ação anulatória (condição da ação), mas sim como

requisito para suspensão da exigibilidade do crédito tributário (caso contrário, a fazenda pode

tomar as medidas judiciais cabíveis).

3. Direito fundamental à justiça gratuita:

O direito fundamental da justiça gratuita se liga diretamente ao acesso a jurisdição.

Deve ser comprovada a condição de ser pobre (ônus do autor). Mas a lei da AJG (Lei

1060/50) dará justiça gratuita à quem se diz pobre (é radical por ser uma lei pós-guerra, a fim

de garantir acesso ao judiciário).

Pontes de Miranda menciona que a CF quando exige a “comprovação” porque prevê a

justiça gratuita integral (todo andamento do processo), mas a lei da AJG não refere ser integral,

não diz respeito ao advogado. Não há direito de ter um advogado custeado pelo estado na

AJG, devendo haver comprovação para ter esse direito.

4. Direito Fundamental ao devido processo legal:

É o direito ao processo justo.

No Brasil não existe due process of law (norte americano). Segundo o devido processo

legal deve obedecer a um conjunto de normas.

Há o Devido processo legal Formal/processual (deve seguir as normas, seguir seu

regramento) e o Devido processo legal Substancial/material (se liga a idéia de razoabilidade, ao

resultado, a decisão deve ser razoável).

5. Direito Fundamental Isonomia processual:

No Brasil impera a igualdade (princípio aristotélico).

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Os prazos especiais do artigo 1882 CPC, trata da Fazenda Pública e MP e do artigo

1913, CPC, trata do litisconsorte com procuradores diferentes, ou seja, tratam dos prazos

diferenciados que concretizam a idéia de isonomia:

Contestar Recorrer Contra-razoar (falar nos autos)

Art. 188: FP e MP 4x 2x 1x – prazo simples

Art. 191: litisconsortes

c/procuradores diferentes

2x 2x 2x

*LONDP – Defensoria 2x 2x 2x

Obs.: Contestação intempestiva não pode ser desentranhada porque irá acarretar a presunção

de veracidade dos fatos alegados.

O recurso intempestivo impede o direito de acesso a instância superior. Já nas contra-

razões intempestivas não se perde o acesso, pois está apenas argumentando.

*Existe uma Lei Orgânica da Defensoria Pública (LONDP) que tem um artigo que

menciona o mesmo que o artigo 191, CPC.

STF, Súmula 641: Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja

sucumbido.

Nota-se que essa Súmula reitera a isonomia processual.

6. Direito Fundamental ao Juiz Imparcial:

A imparcialidade do juiz é a essência da jurisdição, define a jurisdição – o CPC protege

a imparcialidade ao extremo.

Ex1: litisconsórcio necessário é parte, devendo constar na demanda. O Juiz deve mandar

emendar a inicial que não aponte o litisconsórcio necessário, não podendo fazer de ofício.

2 Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. 3 Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

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Ex2: Mandado de Segurança que indicar a autoridade coatora equivocada não pode ser

corrigido de ofício pelo juiz, é obrigado intimar o autor e pedir a emenda da inicial, sob pena

de extinção.

Ex3: sentença ultrapetita (o juiz ultrapassa o que foi pedido pelo autor) e extrapetita (o Juiz

concede coisa de natureza diferente da que foi pedida), ferem a imparcialidade do juiz que

deve estar vinculado aos fatos e aos pedidos.

– Princípio Jura Novit Curia (o Juiz conhece o direito positivo, não estando vinculado à

argumentação do autor).

Do princípio da Imparcialidade Judicial são extraídos: o Princípio da Demanda e o

Princípio da Congruência (a sentença deve ser congruente ao que foi pedido).

7. Direito Fundamental Contraditório:

Basta que as partes tenham a oportunidade de exercer o contraditório.

No direito fundamental ao contraditório, não apenas exige que se proporcione aos

litigantes o direito de serem ouvidos, mas também de que sejam ouvidos no momento

oportuno, de forma que a participação possa influenciar no resultado do julgado. Não se trata,

portanto, de mera “garantia formal”.

8. Direito Fundamental ao Juiz Natural:

Não pode criar tribunal de exceção. Não pode escolher o Juiz.

O juiz tem sua jurisdição e não pode ser removido, sujeito as regras de competência,

constituídos pela própria CF: absoluta e relativa.

A regra de competência relativa, em alguns casos, pode ser superada. Já se a

incompetência for absoluta causará uma macula no processo que é inevitável.

Se estabelecida pela CF, a competência será sempre absoluta, caso não diga o contrário.

9. Publicidade dos Atos Processuais:

No processo civil, a regra, é que os atos processuais são públicos.

Mas há aqueles que correm em segredo de justiça (preservar intimidade ou interesse

social/público exigir). Ex: ações de direito de família, ações que envolvem menores.

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3. Demais Princípios do Processo Civil:

1. Princípio da fundamentação dos atos processuais:

O Dever de Fundamentação se liga a idéia do Estado de Direito – não fundamentar

seria arbitrário, além do mais deve ser oportunizado o recurso e o controle da decisão por

outros tribunais (caso contrário, corromperia o estado democrático de direito.

O dever de fundamentação das decisões judiciais permite que as partes possam

formular os seus recursos e, portanto que os tribunais possam controlar a atividade

jurisdicional. Trata-se de dever essencial a idéia do estado de direito, já que sem as

fundamentações os juízes atenderiam a arbitrariedade, tornando-se juízes legisladores.

Fundamentação sucinta: o STJ entende que as decisões que indefere a antecipação de

tutela, sob o fundamento de que não estão presentes os seus requisitos, encontra-se

adequadamente fundamentada (preocupação de ordem prática).

2. Princípio do duplo grau de jurisdição:

O princípio do duplo grau de jurisdição não está na CF garantido que as pessoas

sempre têm o direito a um duplo grau de jurisdição. A previsão não se encontra expressa, mas

para alguns estaria implícita.

3. Princípio da congruência ou correspondência:

Significa que o Juiz ao sentenciar está vinculado aos pedidos e as causas de pedir,

sendo-lhe vedado proferir sentenças Citra, Extra ou Ultra petita.

Liga-se a idéia da imparcialidade judicial e o princípio da demanda.

4. Princípio dispositivo:

O processo é movido conforme interesse das partes, que podem dispor da demanda,

inclusive desistir dela.

O autor antes da citação do réu pode desistir. Após a citação do réu, nos processos de

conhecimento, será necessária sua concordância.

Já na execução é diferente, pois se promove no interesse do credor. Ele pode desistir

da execução, inclusive, depois da citação do executado. Porém, se houver os embargos, tem

natureza de processo de conhecimento, não serão necessariamente extintos. Faz uma divisão:

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se os embargos versar sobre questão processual da execução, será extinto, mas se versar sobre

outras matérias precisa de concordância do embargante.

5. Princípio da estabilidade da demanda:

Possui três fases:

a) até a citação do réu, o autor pode livremente emendar a petição inicial, alterando

pedidos e causa de pedir;

b) depois de citado o réu, o pedido ou a causa de pedir só podem ser alterados com a

concordância do réu;

c) mesmo que ocorra a concordância do réu com a alteração do pedido ou causa de

pedir, após o saneamento do processo, isso não será mais possível.