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DIREITO PROCESSUAL PENAL 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL PONTO 1: Previsão Constitucional PONTO 2: Leis Instituidoras PONTO 3: Competência PONTO 4: Causas de exclusão/ afastamento da competência do JECRIM PONTO 5: O JECRIM e as Leis Penais Especiais PONTO 6: Critérios (princípios) informadores do JECRIM PONTO 7: Objetivos do JECRIM (art. 62) PONTO 8: Medidas (institutos) despenalizadores (descarcerizadores) PONTO 9: Atos Processuais (arts. 63 - 68) PONTO 10: Fase Preliminar PONTO 11: Fase Instrutória – Procedimento Sumaríssimo (arts. 77 – 81) PONTO 12: Representação nos crimes de lesão dolosa leve e culposas (art. 88) PONTO 13: Sistema Recursal 1. Previsão Constitucional: - JECRIM estadual: art. 98, I 1 , CRFB. - JECRIM Federal: art 98, §1º 2 , CRFB. 2. Leis Instituidoras: - JECRIM Estadual: Lei 9.099/95. - JECRIM Federal: Lei 10.259/01. 3. Competência: A) Em razão da matéria – “ratione materiae” (art. 60 3 ): I.M.P.O. (infração de menor potencial ofensivo). 1 Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. 2 Art. 98, § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3 Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

PONTO 1: Previsão Constitucional PONTO 2: Leis Instituidoras PONTO 3: Competência PONTO 4: Causas de exclusão/ afastamento da competência do JECRIM PONTO 5: O JECRIM e as Leis Penais Especiais PONTO 6: Critérios (princípios) informadores do JECRIM PONTO 7: Objetivos do JECRIM (art. 62) PONTO 8: Medidas (institutos) despenalizadores (descarcerizadores) PONTO 9: Atos Processuais (arts. 63 - 68) PONTO 10: Fase Preliminar PONTO 11: Fase Instrutória – Procedimento Sumaríssimo (arts. 77 – 81) PONTO 12: Representação nos crimes de lesão dolosa leve e culposas (art. 88) PONTO 13: Sistema Recursal

1. Previsão Constitucional:

- JECRIM estadual: art. 98, I1, CRFB.

- JECRIM Federal: art 98, §1º2, CRFB.

2. Leis Instituidoras:

- JECRIM Estadual: Lei 9.099/95.

- JECRIM Federal: Lei 10.259/01.

3. Competência:

A) Em razão da matéria – “ratione materiae” (art. 603): I.M.P.O. (infração de menor potencial

ofensivo).

1 Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. 2 Art. 98, § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 3 Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.

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→ Conceito de I.M.P.O. (art. 614):

- Contravenções penais.

- Crimes com pena máxima não superior a 2 anos.

* Concurso de I.M.P.O (enunciado 1205 FONAJE): o concurso de I.M.P.O. não afasta a

competência do JECRIM ainda que o somatório das penas em abstrato ultrapasse dois anos.

* Majorantes e agravantes:

Se com a aplicação de alguma majorante a pena máxima ultrapassar dois anos a

competência do JECRIM restará afastada.

O mesmo não ocorre com a agravante, cujo reconhecimento não permite a aplicação

da pena acima do máximo legal.

B) Em razão do local – “ratione loci” (art. 636): local da prática da I.M.P.O.

Obs: embora a divergência doutrinária, prevalece que a lei 9099/95 adotou a teoria da

atividade.

C) Competência do JECRIM Federal:

Será sempre que presente qualquer das hipóteses do art. 1097 da CF.

4 Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 5 Enunciado 120 - O concurso de infrações de menor potencial ofensivo não afasta a competência do Juizado Especial Criminal, ainda que o somatório das penas, em abstrato, ultrapasse dois anos. 6Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. 7 Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

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Por expressa determinação do inciso IV do referido dispositivo a justiça Federal não

tem competência para processar as contravenções penais.

I.M.P.O. – Contravenções + art. 109, CF = JECRIM Federal.

Observações:

1) Havendo conexão entre I.M.P.O/ Crime com contravenção penal, ambos em

detrimento de bens, interesse ou serviço da União prevalece na doutrina que deverá proceder a

separação dos processos, ficando a contravenção a cargo do JEC Estadual.

2) Em segunda instância a Justiça Federal tem competência para o processamento de

contravenção penal quando do julgamento de Juiz Federal (competência por prerrogativa de

função).

4. Causas de exclusão/ afastamento da competência do JECRIM:

A) Conexão e continência (art. 60, parágrafo único8):

Na reunião de processos perante o Juízo Comum ou o Júri aplicam-se a composição

dos danos civis e a transação penal para a I.M.P.O.

B) Citação por edital (art. 66, parágrafo único9):

Não sendo encontrado o autor do fato para ser citado o Juiz encaminhará as peças

existentes a Justiça Comum para citação por edital.

VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas. 8 Art. 60. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. 9 Art. 66. Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.

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Obs: A localização do sujeito não restabelece a competência do JECRIM (Enunciado 5110 do

FONAJE).

C) Complexidade do fato (art. 77, §2º11):

Não havendo possibilidade da formulação da denúncia pela complexidade ou

circunstâncias do fato o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo Comum.

Obs: o afastamento da complexidade do fato não restabelece a competência do

JECRIM (Enunciado 6012 do FONAJE).

D) Crimes Militares (art. 90-A13):

Não são suscetíveis dos benefícios do JECRIM, por ser incompatível com a hierarquia

e disciplina.

E) Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (art. 41, Lei 11.340/06):

Não se aplica a Lei 9099/95.

F) Prerrogativa de Função.

5. O JECRIM e as Leis Penais Especiais:

A) Usuário de Drogas (art. 48 da Lei 11.343/06):

Infração de ínfimo potencial ofensivo, portanto, se aplica a Lei 9099/95.

Obs: aplica-se o procedimento da Lei 9099/95 com as seguintes peculiaridades:

- Ainda que o usuário não assuma compromisso de comparecimento ao JECRIM, deverá ser

dispensado após a lavratura do TC.

10 Enunciado 51 - A remessa dos autos ao juízo comum, na hipótese do art. 66, parágrafo único, da Lei 9.099/95 (Enunciado 64), exaure a competência do Juizado Especial Criminal, que não se restabelecerá com localização do acusado. 11 Art. 77, § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. 12 Enunciado 60 - Exceção da verdade e questões incidentais não afastam a competência dos Juizados Especiais, se a hipótese não for complexa. 13 Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.

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- A proposta de transação penal só pode versar sobre as medidas educativas do art. 2814 da Lei

de Drogas.

B) Estatuto do Idoso (art. 9415 da Lei 10.741/03):

O referido dispositivo não ampliou o conceito de I.M.P.O. determinando apenas o

procedimento sumaríssimo aos crimes do Estatuto do Idoso com pena máxima não superior a

4 anos.

C) Lesão Corporal Culposa de Trânsito (art. 29116, Lei 9.503/97):

Se a lesão decorrer de embriaguez ao volante, participação em racha ou de velocidade

de 50km/h acima da máxima permitida, a ação penal é pública incondicionada, não se

admitindo composição civil e transação penal.

D) Crimes Ambientais (arts. 23/ 28, L. 9.605/98):

Em caso de IMPO os benefícios da transação penal e da suspensão condicional do

processo se submetem, além dos requisitos dos arts. 7617 e 8918 da Lei 9099/95, as condições

dos arts. 2719 e 2820 da Lei 9.605/98.

14 Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 15 Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. 16 Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. 17 Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. 18 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 19 Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de combustível suficiente para chegar ao local de destino. 20 Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.

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6. Critérios (princípios) informadores do JECRIM:

Art. 2º21:

- celeridade;

- oralidade;

- informalidade;

- simplicidade;

- economia processual.

Art. 6222:

- celeridade;

- oralidade;

- informalidade;

- ......

- economia processual.

Observações:

Discute-se a aplicação da simplicidade no JECRIM. Há duas interpretações possíveis:

1) Literal, sintática ou gramatical: não se aplica por ausência de previsão legal na parte

criminal da lei. Para esta corrente a simplicidade tem aplicação exclusivamente para o JECível.

2) Teleológica, Lógica ou Sistemática (Ada Pelegrini): não há qualquer óbice de

aplicação da simplicidade também no JECRIM, o que justifica a substituição do IP (Inquérito

Policial) por TC (termo circunstanciado) e a dispensa do relatório na sentença.

7. Objetivos do JECRIM (art. 62):

- Reparação dos danos sofridos pela vítima;

21 Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. 22 Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.

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- aplicação imediata de pena restritiva de direitos (PRD) ou multa ao autor do fato.

Observação:

O primeiro objetivo é alcançado pela composição civil (arts. 73 a 7523). O segundo

objetivo é alcançado pela transação penal (art. 7624).

8. Medidas (institutos) despenalizadores (descarcerizadores):

8.1. Composição dos danos civis (arts. 73 -75):

A) Conceito:

É um acordo entre o autor do fato e a vítima, na presença dos advogados e do MP que

consiste na reparação dos danos sofridos pela vítima em razão da I.M.P.O.

B) Extensão/ objeto do acordo:

O acordo pode versar sobre a composição de qualquer espécie de dano (material,

moral, psicológico, etc) e não há limite de valor.

Em caso de obrigação de fazer ou não-fazer deverá conter cláusula penal e valor certo

para facilitar a execução cível (Enunciados 3725 e 4326 do FONAJE).

23 Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça Criminal. Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. 24 Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. 25 Enunciado 37 - O acordo civil de que trata o art. 74 da Lei nº 9.099/1995 poderá versar sobre qualquer valor ou matéria. 26 Enunciado 43 - O acordo em que o objeto for obrigação de fazer ou não fazer deverá conter cláusula penal em valor certo, para facilitar a execução cível.

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C) Homologação:

Para que tenha força de titulo executivo o acordo deverá ser homologado pelo Juiz.

D) Recurso:

A sentença que homologa o acordo é irrecorrível.

E) Conseqüência Jurídica:

Em crimes de ação penal pública condicionada a representação e de privada a

homologação do acordo acarreta para a vítima a renúncia ao direito de representação e de

queixa.

Na hipótese de crimes de ação penal pública incondicionada a composição civil não

impede o prosseguimento do feito.

F) Vários autores:

Havendo composição com apenas alguns dos autores não há impedimento de

prosseguimento para os demais.

G) Composição frustrada:

Não havendo acordo a vítima pode oferecer representação (nos crimes de ação penal

pública condicionada) ou queixa (nos crimes de ação penal privada).

8.2) Transação Penal (art. 7627):

A) Conceito/ Objeto:

É um acordo entre o autor do fato e o MP que consiste na proposta de aplicação

imediata de PRD ou multa.

Observação:

A proposta de PRD é possível mesmo quando o tipo em abstrato só comporta a pena

de multa.

27 Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

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B) Ação privada:

É possível tanto a transação penal quanto a suspensão condicional do processo, por

proposta do MP (Enunciado 11228 do FONAJE).

C) Período Depurador (de carência): 5 anos.

Obs: a composição dos danos civis não se submete a período depurador.

D) Homologação:

A transação penal deve ser homologada pelo Juiz.

Observações:

1) O juiz só pode alterar se a proposta única for a de multa, situação em que pode

reduzi-la até a metade.

2) O Juiz pode deixar de homologar o acordo quando verificar a atipicidade do fato,

ocorrência de prescrição ou falta de justa causa para ação penal, equivalendo a decisão a

rejeição de denúncia ou queixa (Enunciado 7329 do FONAJE).

E) Natureza jurídica:

Prevalece no STF que a sentença que homologa o acordo tem natureza meramente

homologatória.

A doutrina diverge entre absolutória e condenatória.

F) MP não faz a proposta – solução:

Por ser tratar de ato privativo do MP, em caso de não oferecimento de transação penal

e suspensão condicional do processo, o Juiz adota a solução do art. 2830 do CPP por analogia.

Ou seja, remete ao PGJ (Enunciado 8631 do FONAJE).

28 Enunciado nº 112 - Na ação penal de iniciativa privada, cabem transação penal e a suspensão condicional do processo, mediante proposta do Ministério Público. 29 Enunciado 73 - O juiz pode deixar de homologar transação penal em razão de atipicidade, ocorrência de prescrição ou falta de justa causa para a ação penal, equivalendo tal decisão à rejeição da denúncia ou queixa. 30 Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

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G) Descumprimento injustificado:

A doutrina diverge parte entende que não há o que fazer em face do império da coisa

julgada.

Para outra parte, não sendo cumprido o acordo o MP retoma e oferece a denúncia.

Prevalece a orientação do FONAJE no sentido de que só é possível o prosseguimento

do feito se no acordo constar cláusula resolutiva expressa, no sentido de que só será

homologado depois de efetivamente cumprido.

H) Recurso: apelação (Art. 76, §5º32).

8.3) Suspensão Condicional do Processo (art. 8933):

A) Requisito Objetivo: a pena mínima não superior a um ano.

S.C.P Mínima Máxima I.M.P.O √ 1M 6M √ √ 6M 1A √ √ 1A 2A √ √ 1A 5A ×

Admite-se o beneficio sempre que a pena for igual ou inferior a um ano, mesmo que

não se trate de IMPO, desde que presentes os demais requisitos legais.

B) Outras denominações:

- “Sursis” processual.

- “Sursis” antecipado.

31 Enunciado 86 - Em caso de não oferecimento de proposta de transação penal ou de suspensão condicional do processo pelo Ministério Público, aplica-se, por analogia, o disposto no art. 28 do CPP. 32 Art. 76, § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. 33 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

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C) Causas de revogação obrigatória:

- prática de novo crime;

- frustrar a composição civil, salvo se houver justa causa.

D) Causas de revogação facultativa:

- prática de contravenção penal;

- descumprimento de demais obrigações.

E) Período de prova: 2-4 anos.

F) Prescrição: não corre durante o período de provas.

G) Recusa ao beneficio: não havendo aceitação do réu, o processo terá seguimento.

9. Atos Processuais (arts. 63 - 68):

A) Periodicidade/ horário:

Os atos processuais podem ocorrem em qualquer dia da semana e, horário diurno e

noturno, de acordo com o que dispuser as normas de organização Judiciária.

B) Nulidades:

Só são reconhecidas se demonstrar causar prejuízo.

C) Citação:

É sempre pessoal, não cabendo por edital.

Há orientação no FONAJE admitindo citação por hora certa (Enunciado 11034).

D) Intimações:

- correspondência (A.R.).

34 Enunciado 110 - No Juizado Especial Criminal é cabível a citação com hora certa.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

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E) Carta precatória: é perfeitamente possível a sua utilização para proposta de transação penal

e interrogatório (Enunciado 1335 e 1736 do FONAJE).

10. Fase Preliminar:

A) Fase Policial (art. 6937):

- Atribuição para lavratura de T.C.:

- Nos termos do art. 133, parágrafo único38, da Constituição Estadual do RS: autoridade

Policial = Delegado de Polícia.

- Portaria 172/00 – STS/RS – qualquer policial (autorização para P.M.).

- TJRS: não há irregularidade na portaria.

- Termo Circunstancia (T.C.): é o substituto do Inquérito Policial que serve ao registro da

I.M.P.O e seu encaminhamento ao JECRIM.

- Autor do fato: é a designação do sujeito que pratica a I.M.P.O.

- Perícia: é exigida na IMPO que deixa vestígios (não transeunte).

- Liberação Obrigatória: o autor do fato será obrigatoriamente dispensado quando, após a

lavratura do TC, assumir o compromisso de comparecimento ao JECRIM.

B) Audiência Preliminar:

- Objeto: essa audiência tem pó objeto a composição civil e a transação penal. 35 Enunciado 13 - É cabível o encaminhamento de proposta de transação por carta precatória. 36 Enunciado 17 - É cabível, quando necessário, interrogatório por carta precatória, por não ferir os princípios que regem a Lei 9.099/95. 37 Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. 38 Art. 133. Parágrafo único - São autoridades policiais os Delegados de Polícia de carreira, cargos privativos de bacharéis em Direito.

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Obs: a audiência preliminar será sempre individual (Enunciado 10639 do FONAJE).

- Intimação: as partes serão cientificadas de comparecer acompanhadas de advogado. Não

havendo, o Juiz nomeará Defensor Público ao autor do fato.

Não comparecimento da vítima, devidamente intimada à audiência, importa em

renúncia tácita a representação. Enunciado 11740 do FONAJE.

11. Fase Instrutória – Procedimento Sumaríssimo (arts. 77 – 81):

- Nova tentativa de acordos.

- Defesa preliminar oral.

- Recebimento da denúncia ou queixa.

- Oitiva da(s) vítima(s).

- Oitiva da(s) Testemunha(s):

Duas posições:

- 5 testemunhas - por analogia ao procedimento comum sumário.

- 3 testemunhas em analogia ao próprio juizado.

- Interrogatório do acusado.

- Debates.

- Prolação da Sentença: dispensa o relatório, apenas fundamentação e dispositivo.

12. Representação nos crimes de lesão dolosa leve e culposas (art. 8841):

39 Enunciado 106 – A audiência preliminar será sempre individual. 40 Enunciado 117 - A ausência da vítima na audiência, quando intimada ou não localizada, importará renúncia tácita à representação.

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Antes desta lei as ações eram de ação pública incondicionada. Após, passou a ser ação

pública condicionada a representação.

13. Sistema Recursal:

A) Duplo grau de jurisdição: é exercido pelas Turmas Recursais compostas por juízes de 1º

grau.

B) Recursos próprios:

B.1) Apelação – art. 76, §5º e art. 8242):

CPP: JECRIM:

5 dias (Intesposição - I) 8 dias (Razões - R)

10 dias (I) + (R)

B.2) Agravo de Instrumento (art. 8343):

CPP: JECRIM: 2 dias 5 dias Interrompe Suspende

Dúvida.

C) Outros recursos admitidos: demais recursos.

D) Recursos Inadmitidos:

- Recurso Especial (Súmula 20344 STJ).

- Embargos Infringentes.

- Recurso em Sentido Estrito (Enunciado 4845).

41 Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. 42 Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 43 Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida. 44 Súmula 203 STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida, nos limites de sua competência, por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais. 45 Enunciado 48 - O recurso em sentido estrito é incabível em sede de Juizados Especiais Criminais.

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E) Ações Impugnativas:

- Habeas Corpus.

- Mandado de Segurança.

- Correição Parcial.

- Revisão Criminal.

- Reclamação.

F) Erros materiais:

Podem ser corrigidos de oficio pelo Juiz.