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DIREITO ECONÔMICO 1 DIREITO ECONÔMICO PONTO 1: Princípios da Ordem Econômica PONTO 2: Princípios implícitos PONTO 3: Intervenção do Estado na Economia PONTO 4: Regulação da Economia PONTO 5: Recursos Minerais PONTO 6: Mercosul 1. Princípios da Ordem Econômica: I. Soberania nacional: “A afirmação da soberania nacional econômica não supõe o isolamento econômico, mas antes, pelo contrário, a modernização da economia – e da sociedade - e a ruptura de nossa situação de dependência em relação às sociedades desenvolvidas”. (Eros Grau, p. 242). Além disso, José Afonso da Silva argumenta que o referido princípio determina “empreender a ruptura [da] dependência em relação aos centros capitalistas desenvolvidos. (...) Com isso, [criar] as condições jurídicas fundamentais para a adoção do desenvolvimento autocentrado, nacional e popular, que, não sendo sinônimo de isolamento ou autarquização econômica, possibilita marchar para um sistema econômico desenvolvido (...)”. (Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 1998, p.765). - O princípio justificaria, em tese, a proteção da indústria nacional com políticas fiscais e cambiais. - Justifica a adesão a normas convencionais da OMC sobre regras de comércio internacional. - Viabiliza alguns monopólios estratégicos: como petróleo, minérios, etc. - Não se deve esquecer o vício de segmentos empresariais nacionais com subsídios, proteções, o que pode ser ineficiente e prejudicial ao consumidor. - O modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações resultou em hiperinflação na década de 1980. - A proteção da tecnologia nacional (especialmente informática) não deu em nada.

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DIREITO ECONÔMICO

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DIREITO ECONÔMICO

PONTO 1: Princípios da Ordem Econômica PONTO 2: Princípios implícitos PONTO 3: Intervenção do Estado na Economia PONTO 4: Regulação da Economia PONTO 5: Recursos Minerais PONTO 6: Mercosul

1. Princípios da Ordem Econômica:

I. Soberania nacional:

“A afirmação da soberania nacional econômica não supõe o isolamento econômico, mas

antes, pelo contrário, a modernização da economia – e da sociedade - e a ruptura de nossa

situação de dependência em relação às sociedades desenvolvidas”. (Eros Grau, p. 242).

Além disso, José Afonso da Silva argumenta que o referido princípio determina

“empreender a ruptura [da] dependência em relação aos centros capitalistas desenvolvidos. (...)

Com isso, [criar] as condições jurídicas fundamentais para a adoção do desenvolvimento

autocentrado, nacional e popular, que, não sendo sinônimo de isolamento ou autarquização

econômica, possibilita marchar para um sistema econômico desenvolvido (...)”. (Curso de

direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 1998, p.765).

- O princípio justificaria, em tese, a proteção da indústria nacional com políticas fiscais e

cambiais.

- Justifica a adesão a normas convencionais da OMC sobre regras de comércio internacional.

- Viabiliza alguns monopólios estratégicos: como petróleo, minérios, etc.

- Não se deve esquecer o vício de segmentos empresariais nacionais com subsídios, proteções,

o que pode ser ineficiente e prejudicial ao consumidor.

- O modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações resultou em

hiperinflação na década de 1980.

- A proteção da tecnologia nacional (especialmente informática) não deu em nada.

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II. Propriedade Privada / III. Função Social da Propriedade:

“(...) Impõe ao proprietário o dever de exercê-la (a propriedade) em beneficio de

outrem e não, apenas, de não a exercer em prejuízo de outrem. (...) a função social da

propriedade atua como fonte da imposição de comportamentos positivos – prestação de fazer,

portanto, e não, de não fazer – ao detentor do poder que deflui a propriedade” (Grau, p. 249).

A propriedade transforma-se em poder/dever. Daí que o proprietário deve ter

produtividade, gerar riqueza.

De acordo com Léon Duguit (Traité de Droit Constitutionel t.3): “A propriedade

deixou de ser o direito subjetivo do indivíduo e tende a se tornar a função social do

detentor de uma riqueza a obrigação de empregá-la para o crescimento da riqueza

social e para a interdependência social. Só o proprietário pode executar uma certa tarefa

social.

Só ele pode aumentar a riqueza geral utilizando a sua própria; a propriedade

não é, de modo algum, um direito intangível e sagrado, mas um direito em contínua

mudança, que se deve modelar sobre as necessidades sociais às quais deve responder”.

Observa José Afonso da Silva, que “a propriedade não constitui uma instituição única,

mas varas instituições diferenciadas em correlação com os diversos tipos de bens e de titulares.

(...) Garante o direito de propriedade em geral (artigo 5º, XXII1; garantia de um conteúdo

mínimo essencial), mas distingue claramente a propriedade urbana (artigo 182, §2º2) e a propriedade

rural (artigo 5º, XXVI3, e, especialmente, arts. 1844, 1855 e 1866), com seus regimes jurídicos

próprios (...).

1 Art 5º, XXII - é garantido o direito de propriedade. 2 Art. 182, § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. 3 Art. 5º, XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento. 4 Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 5 Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

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Como alertou Pugliatti, (...) ‘no estado das concepções atuais e da disciplina positiva

do instituto, não se pode falar de um só tipo, mas se deve falar de tipos diversos de

propriedade, cada um dos quais assume um aspecto característico”. (PUGLIATTI, Salvatore;

“La Proprietá nel nuovo diritto. Milano, 1964, p. 145 a 309).

Não se pode falar em um só tipo de propriedade, e cada tipo assume características

específicas.

A propriedade deixa de ser um direito e passa a ser um dever.

A propriedade, portanto, presta-se a “procedimentos interpretativos de legitimação das aspirações

sociais”, ou seja, a uma nova óptica hermenêutica, oposta a tradicional ‘interpretação de

bloqueio’, de acordo com Tércio Sampaio Ferraz Junior.

Desta forma, insere-se na perspectiva da concepção constitucional da igualdade, como

lógica funcional do combate às desigualdades reais (Laura Beck Varela e Marcos de Campos

Ludwig).

IV. Livre concorrência:

“(...) é forma de tutela do consumidor, na medida em que competitividade induz a uma

distribuição de recursos a mais baixo preço.

De um ponto de vista político, é a garantia de oportunidades iguais a todos os agentes, ou seja,

é uma forma de desconcentração de poder”.

Observa Miguel Reale que “(...) livre iniciativa e livre concorrência são conceitos

complementares, mas essencialmente distintos. A primeira não é senão a projeção da liberdade

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva. 6 Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

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individual no plano da produção, circulação e distribuição das riquezas, (...) Já o conceito de livre

concorrência tem caráter instrumental, significando o ‘princípio econômico’ segundo o qual a fixação dos preços

das mercadorias e serviços não deve resultar de atos cogentes da autoridade administrativa, mas sim do livre jogo

das forças em disputa de clientela na economia de mercado (O plano Collor e a intervenção do Estado

na Ordem Econômica, in temas de Direito Positivo, São Paulo, RT, 1992, pp 249/262).

- Além disso, este princípio é manifestação da liberdade de iniciativa, cuja proteção é dada

pela repressão ao abuso de poder econômico. (José Afonso da Silva, Curso de direito

constitucional positivo, São Paulo: Malheiros, 1998, p. 769).

- Visa Proteger as estruturas do mercado e os seus mecanismos de funcionamento eficiente.

V. Defesa do consumidor:

Deve-se proteger o consumidor através da garantia da competição e qualidade e preço

dos produtos e serviços.

VI. Defesa do meio ambiente:

“O principio da defesa do meio ambiente conforma a ordem econômica, informando

substancialmente os princípios da garantia do desenvolvimento e do pleno emprego (...).

O desenvolvimento nacional que cumpre realizar, um dos objetivos da República

Federativa do Brasil e o pleno emprego que impende assegurar supõem economia auto-

sustentada, suficientemente equilibrada”. (Grau, p. 256).

Desenvolvimento sustentável:

- O principio justifica a assinatura do protocolo de Kyoto (compromisso com níveis de

emissão de carbono na atmosfera).

- Leis ambientais domésticas que exigem autorizações prévias de órgãos ambientais (EIA,

RIMA, art. 225, §1º, IV7): necessidade do estudo de impacto ambiental para obtenção da

licença ambiental.

7 Art. 225, § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

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- Atuação do MP.

- Complementa-se com leis urbanísticas (Estatuto da Cidade, Plano Diretor, Zoneamento,

etc.): exemplo limites de altura.

VII. Redução das desigualdades regionais e sociais:

- Justifica políticas públicas que favoreçam regiões mais pobres do país e planos e órgãos de

desenvolvimento e de planejamento como SUDENE, SUFRAMA, BADESUK, etc.

- Viabiliza políticas publicas de redistribuição de renda (fome zero, bolsa escola, prouni,

políticas afirmativas, etc.).

VIII. Pleno emprego:

Salienta-se que o referido princípio requer a plena utilização dos recursos produtivos,

especialmente no sentido de propiciar trabalho a todos quantos estejam em condições

de exercer uma atividade produtiva.

Aponta José Afonso da Silva que a esta norma “(...) [se] harmoniza, assim, com a regra

de que a ordem econômica se funda na valorização do trabalho humano isso impede que o

princípio seja considerado apenas como mera busca quantitativa, em que a economia absorva a

força de trabalho disponível, como o consumo absorve mercadorias”.

Alguns autores falam até em direito ao desenvolvimento (Petter).

IX. Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte:

- As pequenas e micro empresas são grandes empregadoras.

-Tem alto grau de falência – mais de 80% (SEBRAE).

- Igualdade material no mercado – há dificuldade de concorrência com empresas

transnacionais.

- Lei 9841/99: Estatuto da microempresa.

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- Lei Geral do Supersimples (Lei 9317/96).

- Programas Redes de Cooperação (SEDAI-RS).

- Cooperativismo.

2. Princípios Implícitos:

Os princípios implícitos da ordem econômica.

- Subsidiariedade: o poder público só pode atuar no mercado (atividades econômicas), em

situações constitucionais expressamente previstas. A regra é a de que o mercado deve ser

resultado da atuação privativa (CF, art. 1738).

- Igualdade: A Constituição estabelece a igualdade também na exploração da atividade

econômica pelo Estado frente aos particulares e mesmo entre os próprios particulares (CF,

artigo 173, §1º, II9 e 2º10). Mas permite exceções – proibição do abuso de poder de mercado,

proteção das micro e pequenas empresas. Ex: Bancos estatais devem competir com o mercado

em igualdade com os particulares.

- Desenvolvimento Econômico: resultado de políticas de pleno emprego. Amartya SEN fala

em direito fundamental ao desenvolvimento.

- Democracia Econômica: politização da economia; necessidade que todos participem no

desenvolvimento econômico.

8 Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 9 Art. 173, § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 10 Art. 173, § 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.

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- Livre exercício de atividade econômica (CF, artigo 170, parágrafo único11): deve ser

observada a lei regulamentadora da profissão (OAB, CRM, CREA, etc), registros em órgãos

ambientais, sanitários, etc.

3. Intervenção do Estado na economia:

- Atuação do Estado na economia pode ser: direta e indireta.

- Direta: exploração de atividade economia dentro dos requisitos constitucionais (CF, 173).

Ocorre pelo exercício por parte do Estado de uma atividade econômica. Intervenção direta do

Estado na economia.

- Indireta: atuação como agente normativo, indutor e regulador (CF, 17412). O Estado não

exerce atividade econômica diretamente, mas regula as atividades econômicas.

- A CF adota um sistema econômico capitalista, pautado pela livre iniciativa.

- Pautado pela atuação de empresas e indivíduos no mercado.

- Também adota um sistema provedor de serviços públicos: direitos fundamentais de segunda

e de terceira geração.

► Exploração de atividade econômica pelo Estado:

- O mercado é por essência uma atividade de iniciativa privada.

- O Estado, por opção constitucional, não pode explorar atividade econômica, salvo nas

hipóteses previstas no texto da própria Constituição.

11 Art. 170. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 12 Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

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- Essa excepcional intervenção direta ocorrerá por intermédio de empresas públicas e

sociedades de economia mista, em igualdade de condições com empresas privadas (DL

200/67) – “pero no mucho”.

- É vedada a participação direta da Administração Pública Direta no mercado (Leonardo

Figueiredo, Lições, p. 160) – algo muito discutível entre administrativistas.

► Critérios da Intervenção Direta:

- Segurança nacional: razão de ser do Estado (que surge com exército e tributação).

- Algumas atividades econômicas podem ser estratégicas para soberania (energia atômica,

petróleo, telecomunicações, etc).

- Conceito Político. Conceito jurídico indeterminado (Lei 7170/83, DL 314/67).

- Interesse coletivo: interesse transindividual, que transborda o interesse particular, direitos de

terceira geração, pois afetam a toda a sociedade ou parte significativa dela.

- CDC, art. 8113; LAC.

- Preponderância do interesse público sobre o particular.

- Não esquecer da proteção à propriedade.

- Intervenção direta por absorção (monopólio) – apenas nas hipóteses previstas no artigo

17714, caso contrário há concorrência com setor privado.

13 Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 14 Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

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- Monopólio – é uma estrutura de mercado não concorrencial (atuação com exclusividade em

determinado mercado).

- No caso, Estado subtrai a participação no mercado de agentes econômicos privados.

- Monopólio legal – instituído por lei dentro dos limites constitucionais e sempre em favor de

EP/SEM.

- Monopólio natural (algumas invenções tecnológicas como patentes, recursos naturais,

volume de investimentos, etc.).

► Flexibilizações pós 1988:

- EC 09/95: contratação de empresas privadas ou públicas para abastecimento de petróleo.

- EC 49/06: flexibilização no segmento de minérios e minerais.

►Caso dos serviços postais:

- Divergência doutrinária se o serviço postal é serviço público ou atividade econômica estrita.

- Caso seja estendido como atividade econômica, não pode ser considerado monopólio da

União, haja vista não estar elencado no artigo 177, prevalecendo livre iniciativa e concorrência.

- Se entender que o serviço postal é serviço público, nessa hipótese poderá se falar em controle

exclusivo pela União, fato este que veda a atuação concorrente dos particulares.

- Barroso entende que a atividade praticada pelos Correios é atividade econômica e não serviço

público.

- “A realidade demonstra que, em todo o mundo, a prestação de serviço postal não pressupõe

o exercício do poder estatal (...), ninguém é capaz de imaginar, na realidade atual, que o serviço

postal só possa ser prestado pelo Estado ou que decorra de alguma de suas funções básicas. O

serviço postal, portanto, não é definitivamente, um serviço público inerente.”.

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- Resta saber se o direito objetivo brasileiro, por uma opção político-normativa, atribui ao

serviço postal tal qualidade. Também aqui a resposta é negativa.

- O marco legal dessa alteração histórica na natureza do serviço postal brasileiro foi a

transformação do Departamento de Correios e Telégrafos – DTC, em 1968, em empresa

pública, à qual completa, nos termos do Decreto-Lei 509, de 20/03/1969, a execução e

controle, em regime de monopólio, dos serviços postais. Lembre-se que a Constituição em

vigor à época permitia que alei ordinária instituísse monopólios.

- Resta saber se o direito objetivo brasileiro, por uma opção político-normativa, atribui ao

serviço postal tal qualidade. Também aqui a resposta negativa”.

- A ordem jurídica anterior a Constituição de 1988 não considerava o serviço postal como

serviço público – ao menos desde a década de 60 – e também a nova Carta assim não

consagrou. Como já referido, o serviço postal, pode ter sido considerado um serviço público

no passado, em razão principalmente de falta de capacidade ou interesse da iniciativa privada

nesse empreendimento, mas já de algum tempo evoluiu para atividade econômica.

- Natureza jurídica do serviço postal – serviço público x atividade econômica:

- O artigo 21, X15 da CF prescreve competir à União “manter” o serviço postal. Se qualificada

tal atividade econômica – tese sustentada pelo autor da Argüição de descumprimento de

preceito fundamental 46 – regeria a matéria o artigo 177 da CF, que contempla as hipóteses de

monopólio sem mencionar a presente.

- Se, de outro lado, enquadrada fosse pelo STF a prestação como “serviço público”, situar-se-

ia a atividade em área exclusiva do Estado, não cabendo a rigor sequer falar-se em

“monopólio”, mas em privilégio estatal.

- Aderiu o STF, por maioria, a essa segunda tese na ADPF 46.

15 Art. 21. Compete à União: X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

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- Lei 6538/78 artigos 9º16 e 4717 - Carta, Cartão postal e Correspondência agrupada (crime).

- Também nos termos do artigo 1181 da Lei 9.882/99, tendo em vista a relevância da matéria,

declarar o que se entende por carta, que por motivos de segurança e privacidade, continuam sendo prerrogativas

da argüida, restringindo tal conceito de carta ao papel escrito, metido em envoltório fechado, selado,

que se envia de uma parte a outra, com conteúdo único, para comunicação entre pessoas

distantes contendo assuntos de natureza pessoal e dirigido, produzido por meio intelectual e 16 Art. 9º - São exploradas pela União, em regime de monopólio, as seguintes atividades postais: I - recebimento, transporte e entrega, no território nacional, e a expedição, para o exterior, de carta e cartão-postal; II - recebimento, transporte e entrega, no território nacional, e a expedição, para o exterior, de correspondência agrupada: III - fabricação, emissão de selos e de outras fórmulas de franqueamento postal. 17 Art. 47º - Para os efeitos desta Lei, são adotadas as seguintes definições: CARTA - objeto de correspondência, com ou sem envoltório, sob a forma de comunicação escrita, de natureza administrativa, social, comercial, ou qualquer outra, que contenha informação de interesse específico do destinatário. CARTÃO-POSTAL - objeto de correspondência, de material consistente, sem envoltório, contendo mensagem e endereço. CECOGRAMA - objeto de correspondência impresso em relevo, para uso dos cegos. Considera-se também cecograma o material impresso para uso dos cegos. CÓDIGO DE ENDEREÇAMENTO POSTAL - conjunto de números, ou letras e números, gerados segundo determinada lógica, que identifiquem um local. CORRESPONDÊNCIA - toda comunicação de pessoa a pessoa, por meio de carta, através da via postal, ou por telegrama. CORRESPONDÊNCIA AGRUPADA - reunião, em volume, de objetos da mesma ou de diversas naturezas, quando, pelo menos um deles, for sujeito ao monopólio postal, remetidos a pessoas jurídicas de direito público ou privado e/ou suas agências, filiais ou representantes. CUPÃO-RESPOSTA INTERNACIONAL - título ou documento de valor postal permutável em todo país membro da União Postal Universal por um ou mais selos postais, destinados a permitir ao expedidor pagar para seu correspondente no estrangeiro o franqueamento de uma carta para resposta. ENCOMENDA - objeto com ou sem valor mercantil, para encaminhamento por via postal. ESTAÇÃO - um ou vários transmissores ou receptores, ou um conjunto de transmissores e receptores, incluindo os equipamentos acessórios necessários, para assegurar um serviço de telecomunicação em determinado local. FÓRMULA DE FRANQUEAMENTO - representação material de pagamento de prestação de um serviço postal. FRANQUEAMENTO POSTAL - pagamento de tarifa e, quando for o caso, do prêmio, relativos a objeto postal. diz-se também da representação da tarifa. IMPRESSO - reprodução obtida sobre material de uso corrente na imprensa, editado em vários exemplares idênticos. OBJETO POSTAL - qualquer objeto de correspondência, valor ou encomenda encaminhado por via postal. PEQUENA ENCOMENDA - objeto de correspondência, com ou sem valor mercantil, com peso limitado, remetido sem fins comerciais. PREÇO - remuneração das atividades conotadas ao serviço postal ou ao serviço de telegrama. PRÊMIO - importância fixada percentualmente sobre o valor declarado dos objetos postais, a ser paga pelos usuários de determinados serviços para cobertura de riscos. REGISTRO - forma de postagem qualificada, na qual o objeto é confiado ao serviço postal contra emissão de certificado. SELO - estampilha postal, adesiva ou fixa, bem com a estampa produzida por meio de máquina de franquear correspondência, destinadas a comprovar o pagamento da prestação de um serviço postal. TARIFA - valor, fixado em base unitária, pelo qual se determina a importância a ser paga pelo usuário do serviço postal ou do serviço de telegramas. TELEGRAMA - mensagem transmitida por sinalização elétrica ou radioelétrica, ou qualquer outra forma equivalente, a ser convertida em comunicação escrita, para entrega ao destinatário. VALE-POSTAL - título emitido por uma unidade postal à vista de um depósito de quantia para pagamento na mesma ou em outra unidade postal. 18 Art. 11. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de argüição de descumprimento de preceito fundamental, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

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não mecânico, excluídos expressamente deste conceito as conhecidas correspondências de mala-direta, revistas,

jornais e periódicos, encomendas, contas de luz, água e telefone e assemelhados, bem como objetos bancários como

talões de cheques, cartões de crédito etc.

►Intervenção indireta no domínio econômico:

- Sendo a atividade do estado subsidiária na atividade econômica, cumpre a ele um papel de

planejamento, de fiscalização e de incentivos (normas “promociais” na linguagem de Bobbio)

– CF, 174.

- Para alguns (GRAU, BERCOVICI), é expressão da natureza programática da CF.

- Para outros (FIGUEIREDO) é expressão da natureza neo-liberal ou reguladora da CF na

ordem econômica (“desestatização”).

- Muitos defendem que a intervenção indireta é fruto do Keynesianismo (the end of laissez faire) –

necessidade de atuação do Estado via planejamento econômico.

- Influxo de idéias socialistas em Keynes e em Constituições do século XX.

- Idéias de Durkheim – Estado atuando em situações de “anomia” social.

- Contudo, o Estado sempre teve normas que interferiram na propriedade e no mercado

(questões sanitárias, urbanísticas).

- A diferença está no grau admitido de intervenção, na sua maior especificidade (antitruste) e

em sua expressa previsão constitucional (CVM, CADE, etc).

São três as formas de intervenção do Estado na Economia (GRAU):

a) Intervenção por participação/ absorção: caracteriza a intervenção direta. Estado é

monopolista. Participação: quando o Estado concorre com demais agentes privados.

b) Intervenção por direção: Intervenção indireta.

c) Intervenção por indução: Intervenção indireta.

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- O planejamento fica fora – não é modo, mas qualidade de intervenção.

- Planejamento: é a forma de ação estatal, caracterizada pela previsão de comportamentos

econômicos e sociais futuros, pela formulação explicita de objetivos e pela definição de meios

de ação coordenados mediante o qual se procura ordenar o processo econômico (mercado).

- O planejamento pode ser endógeno (intraestatal ou administrativo)ou exógeno (atuação na

economia – esfera privada).

- Deve tornar previsível a atuação estatal e diminuir as incertezas, instrumentalizando a

intervenção estatal.

- Deve dar vazão aa racionalidade e a eficiência nas políticas públicas.

- Segundo Eros Grau (“A ordem econômica”, p. 92 e ss), em sentido estrito, a atuação do

Estado na/sobre atividade econômica é uma forma de intervenção do Estado na esfera

privada, isto é, no mercado (“domínio econômico”), ou seja, num campo que não é

naturalmente seu.

►Intervenção como agente:

- Há absorção quando o Estado assume integralmente o controle dos meios de produção em

determinado setor da atividade econômica (monopólio) (CF 177).

- Atua por participação quando o Estado assume apenas parcela do controle dos meios de

produção (concorrência com demais empresas privadas) – daí a impossibilidade de privilégios

(igualdade) (CF 173).

►Intervenção como regulador (artigo 174, CF):

Regulação: a) direção; b) indução.

- Direção: Estado exerce pressão criando normas compulsórias (normas sancionatórias em

BOBBIO).

- Indução: estabelecimento de incentivos (normas prêmio, promocionais em BOBBIO).

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Diferença entre intervenção direta e indireta:

- Por que participar como agente do mercado? Interesse coletivo ou segurança nacional.

- Por que regular o mercado? Falhas e imperfeições do mercado (assimetria de poder

econômico e fático, externalidades, assimetria de informações, problemas de captura, agência).

- Segundo Grau, a intervenção ou participação na atividade econômica, dista-se do serviço

público (onde há uma atuação no campo típico do Estado), porque neste há uma atividade

essencial e/ou indispensável à coesão social. Existe um interesse social na sua realização, por

isso a lógica não é de mercado (art. 175 e 21 da CF).

- Naquela há presença de interesse coletivo/ segurança nacional (reconhecidos por lei) em

atividade típica do domínio econômico (mercado). Segue-se aqui a lógica de mercado.

4. Regulação da Economia:

- Auto-regulação: mercado (lei da oferta e da procura).

- Hetero regulação: religião, sociedade, Estado, seja por meio de leis e de atos normativos.

- Figueiredo faz a distinção entre regulação estatal por indução (promoção) e por direção

(fiscalização e controle).

- Ainda, segundo Figueiredo a regulação atinge vários mercados e mesmo alguns serviços

públicos (dependendo da classificação): meio-ambiente, saúde, telecomunicações, energia,

valores mobiliários, etc.

►Fiscalização Estatal:

- A fiscalização sobre a atividade econômica integra a competência regulatória do Estado.

- São controladas práticas dos agentes econômicos frente às normas disciplinadoras do

mercado.

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- Atividade de vigilância e de supervisão (SDE, SEAE, BACEN, CVM).

5. Recursos Minerais:

- Jazida: “toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando em superfície

ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico; e, Mina, a jazida em lavra,

ainda que suspensa.” (art. 4°19 do Código de Minas - Decreto 227/67).

- Lavra: “conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial da

jazida...” (art. 3620 do Código de Minas).

►Propriedade e Exploração

- Arts. 20, IX21, e 22, XII22, da CF – Determinam que os recursos minerais são bens da

União, inclusive os do subsolo, e que compete a ela, privativamente, legislar sobre minas,

jazidas e outros recursos minerais e metalurgia.

- Embora compreenda bem da União, a exploração não é exclusiva da União, pois o art. 17623

reforça que as jazidas e as minas são de propriedade da União, mas garante ao

concessionário a propriedade do produto da lavra mediante autorização e concessão da

lavra (§ 1°24).

19 Art. 4º Considera-se jazida toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superficie ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico; e mina, a jazida em lavra, ainda que suspensa. 20 Art. 36. Entende-se por lavra o conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das substâncias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas. 21 Art. 20. São bens da União: IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo. 22 Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; 23 Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. 24 Art. 176, § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

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- A propriedade do solo, por outro lado, é distinta da dos recursos minerais e do produto da

lavra.

► Autorização e Concessão

- A exploração pode ser imediata (sem pesquisa mediante permissão do DNPM em caso de

jazida já aflorada) e mediata (necessária pesquisa de definição da jazida).

- Autorização: Depende de alvará do Diretor do DNPM. Quem faz a pesquisa tem direito

alienável da lavra (1 ano caduca) (art. 1425 do CM).

- Concessão: Depende de Portaria do Ministério de Minas e Energia (pode ser negada -

mediante indenização dos gastos com a pesquisa - por prejuízo ao bem público). Art. 4226 do

CM.

- Sujeição ao licenciamento ambiental? (art. 225, § 1°, IV27 da CF). Atualmente, o

entendimento majoritário é que é preciso o licenciamento, devido ao impacto ambiental.

7. Mercosul:

Natureza jurídica – Pessoa Jurídica de Direito Internacional (art. 3428 Protocolo de Ouro

Preto).

- Organização internacional de caráter intergovernamental constituída por Tratado como

associação de Estados, dotada de órgãos comuns.

► Propósito e princípios – Art. 1°29 do Tratado de Assunção:

25 Art. 14 Entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e a determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento econômico. 26 Art. 42. A autorização será recusada, se a lavra for considerada prejudicial ao bem público ou comprometer interesses que superem a utilidade da exploração industrial, a juízo do Governo. Neste último caso, o pesquisador terá direito de receber do Governo a indenização das despesas feitas com os trabalhos de pesquisa, uma vez que haja sido aprovado o Relatório. 27 Art. 225, § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 28 Artigo 34 - O Mercosul terá personalidade jurídica de Direito Internacional.

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A. Livre circulação de bens, serviços e outros fatores produtivos entre países.

B. Estabelecimento de uma tarifa comum externa (TEC) e adoção de uma política

concorrencial comum em relação a terceiros Estados.

C. Coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre Estados- Partes.

D. Compromisso de harmonização das legislações internas.

► Instrumentos – art. 5º30 do Tratado de Assunção:

A) Programa de Liberação Comercial, que consistirá em reduções tarifárias progressivas,

lineares e automáticas e de outras medidas restritivas.

B) A coordenação de políticas macroeconômicas gradual e convergente com o item

anterior.

C) Tarifa Comum Externa – TEC.

D) Adoção de acordos setoriais.

29 Artigo 1 - Os Estados Partes decidem constituir um Mercado Comum, que deverá estar estabelecido a 31 de dezembro de 1994, e que se denominará "Mercado Comum do Sul" (MERCOSUL). Este Mercado comum implica: A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não tarifárias à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalente; O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum e relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros econômico-comerciais regionais e internacionais; A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes – de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de outras que se acordem -, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes, e O compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração. 30 Artigo 5 - Durante o período de transição, os principais instrumentos pra a constituição do Mercado Comum são: a. Um Programa de Libertação Comercial, que consistirá em reduções tarifárias progressivas, lineares e automáticas, acompanhadas da eliminação de restrições não tarifárias ou medidas de efeito equivalente, assim como de outras restrições ao comércio entre os Estados Partes, para chegar a 31 de dezembro de 1994 com tarifa zero, sem barreiras não tarifárias sobre a totalidade do universo tarifário (Anexo I); b. A coordenação de políticas macroeconômicas que se realizará gradualmente e de forma convergente com os programas de desgravação tarifária e eliminação de restrições não tarifárias, indicados na letra anterior; c. Uma tarifa externa comum, que incentive a competitividade externa dos Estados Partes; d. A adoção de acordo setoriais, com o fim de otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de produção e alcançar escalas operativas eficientes.

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► Solução de Controvérsias:

- Protocolo de Olivos (Decreto 4.982 de 09/04/2004).

- Deslocamento para o âmbito da OMC.

- Negociações Diretas.

- Procedimento Opcional ante o Grupo Mercado Comum (órgão executivo com 4 + 4

membros por país).

- Tribunal Arbitral Ad Hoc - 3 árbitros designados pelas partes com recurso ao Tribunal

Permanente de Revisão; é um tribunal composto apenas para a controvérsia.

- Acordo ou Desistência – Possível em qualquer fase dos procedimentos mediante

comunicação específica.