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Introdução A Pop Art, abreviatura de Popular Art, foi um movimento artístico que se desenvolveu na década de 1950, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Foi na verdade uma reação artística ao movimento do expressionismo abstrato das décadas de 1940 e 1950. Crítica à cultura de massa Os artistas deste movimento buscaram inspiração na cultura de massas para criar suas obras de arte, aproximando-se e, ao mesmo tempo, criticando de forma irônica a vida cotidiana materialista e consumista. Latas de refrigerante, embalagens de alimentos, histórias em quadrinhos, bandeiras, panfletos de propagandas e outros objetos serviram de base para a criação artística deste período. Os artistas trabalhavam com cores vivas e modificavam o formato destes objetos. A técnica de repetir várias vezes um mesmo objeto, com cores diferentes e a colagem foram muito utilizadas. Materiais usados Os materiais mais usados pelos artistas da pop art eram derivados das novas tecnologias que surgiram em meados do século XX. Gomaespuma, poliéster e acrílico foram muito usados pelos artistas plásticos deste movimento. Principais artistas da Pop Art: - Andy Warhol: maior representante da Pop Art. Além de pintor foi também cineasta. - Peter Blake: foi o criador da capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. - Wayne Thiebaud: pintor norte-americano que se destacou na criação de obras com teor humorístico e nostálgico. - Roy Lichtenstein: pintor norte-americano que trabalhou muito com HQs (histórias em quadrinhos), criticando a cultura de massas.

POP-art

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Introdução 

A Pop Art, abreviatura de Popular Art, foi um movimento artístico que se desenvolveu na década de 1950, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Foi na verdade uma reação artística ao movimento do expressionismo abstrato das décadas de 1940 e 1950.

Crítica à cultura de massa

Os artistas deste movimento buscaram inspiração na cultura de massas para criar suas obras de arte, aproximando-se e, ao mesmo tempo, criticando de forma irônica a vida cotidiana materialista e consumista. Latas de refrigerante, embalagens de alimentos, histórias em quadrinhos, bandeiras, panfletos de propagandas e outros objetos serviram de base para a criação artística deste período. Os artistas trabalhavam com cores vivas e modificavam o formato destes objetos. A técnica de repetir várias vezes um mesmo objeto, com cores diferentes e a colagem foram muito utilizadas.

Materiais usados 

Os materiais mais usados pelos artistas da pop art eram derivados das novas tecnologias que surgiram em meados do século XX. Gomaespuma, poliéster e acrílico foram muito usados pelos artistas plásticos deste movimento.

Principais artistas da Pop Art:

- Andy Warhol: maior representante da Pop Art. Além de pintor foi também cineasta.

- Peter Blake: foi o criador da capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.

- Wayne Thiebaud: pintor norte-americano que se destacou na criação de obras com teor humorístico e nostálgico.

- Roy Lichtenstein: pintor norte-americano que trabalhou muito com HQs (histórias em quadrinhos), criticando a cultura de massas.

- Jasper Johns: pintor norte-americano cuja obra principal foi Flag (Bandeira) de 1954.

Influências 

A pop art exerceu uma grande influência no mundo artístico e cultural das épocas posteriores. Influenciou também o grafismo e os desenhos relacionados à  moda.

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Pop art (ou Arte pop) é um movimento artístico surgido no final da década de 1950 no Reino Unido e nos Estados Unidos. O nome desta escola estético-artística coube ao crítico britânico Lawrence Alloway (1926 - 1990) sendo uma das primeiras, e mais famosas imagens relacionadas ao estilo - que de alguma maneira se tornou paradigma deste - ,a colagem de Richard Hamilton (1922 - 2011): O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?, de 1956. A Pop art propunha que se admitisse a crise da arte que assolava o século XX desta maneira pretendia demonstrar com suas obras a massificação da cultura popular capitalista. Procurava a estética das massas, tentando achar a definição do que seria a cultura pop, aproximando-se do que costuma chamar de kitsch.

Diz-se que a Pop art é o marco de passagem da modernidade para a pós-modernidade na cultura ocidental.

Max Horkheimer (à esquerda) eTheodor W. Adorno (1955)

Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, nos anos 40, cunharam o termo Indústria cultural. O conceito analisa a produção e a função da cultura nocapitalismo e relaciona cultura como mercadoria para satisfazer a utilidade do público.

A defesa do popular traduz uma atitude artística adversa ao hermetismo da arte moderna. Nesse sentido, esse movimento se coloca na cena artística como uma das mãos que não se movia. Com o objetivo da crítica Tônica ao bombardeamento da sociedade capitalista pelos objetos de consumo da época, ela operava com signos estéticos de cores inusitadas massificados pela publicidade e pelo consumo, usando como materiais principais: gesso,tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, fluorescentes, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, como de uma escala de cinquenta para um,objeto pequeno , e depois ao tamanho normal

No Reino Unido

O Independent Group (IG), fundado em Londres em 1952, é reconhecido como o precursor do movimento de Pop art. O grupo, formado entre outros pelos artistas Laurence Alloway, Alison e Peter Smithson, Richard Hamilton, Eduardo Paolozzi e Reyner Banham utilizava os novos meios de produção gráfica que culminavam durante as décadas de1950 e 60, com o objetivo de produzir arte que atingisse as grandes massas. O Independent Group se dissolveu formalmente em 1956 depois de organizar a exibição "This Is Tomorrow" em Londres, na galeria de arte Whitechapel Gallery. Nesta exibição, o artista inglês Richard Hamilton apresentou a colagem "Just what is it that makes today's homes so different, so appealing?"(em português: O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes??), considerada por críticos e historiadores uma das primeiras obras de Pop art.[1]

É possível observar nas obras Pop britânicas um certo deslumbramento pelo american way of life através da mitificação da cultura americana. É preciso levar em consideração que o Reino 

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Unido passava por um período pós-guerra, se reerguendo e vislumbrando a prosperidade econômica norte-americana. Desta forma, todas as obras dos artistas pop britânicos aceitaram a cultura industrial e assimilaram aspectos dela em sua arte de forma eclética e universal.

Nos Estados Unidos

Ao contrário do que sucedeu no Reino Unido, nos Estados Unidos os artistas trabalham isoladamente até 1963, quando duas exposições (Arte 1963: novo vocabulário, Arts Council, Filadélfia e Os novos realistas, Sidney Janis Gallery, Nova York) reúnem obras que se beneficiam do material publicitário e da mídia. É nesse momento que os nomes de Andy Warhol, Roy Lichtenstein,Claes Oldenburg, James Rosenquist e Tom Wesselmann surgem como os principais representantes da Pop art em solo norte-americano. Sem estilo comum, programas ou manifestos, os trabalhos desses artistas se afinam pelas temáticas abordadas, pelo desenho simplificado e pelas cores saturadas. A nova atenção concedida aos objetos comuns e à vida cotidiana encontra seus precursores na antiarte dos dadaístas.

Os artistas norte-americanos tomam ainda como referência uma certa tradição figurativa local - as colagens tridimensionais de Robert Rauschenberg e as imagens planas e emblemáticas deJasper Johns - que abre a arte para a utilização de imagens e objetos inscritos no cotidiano. No trato desse repertório plástico específico não se observa a carga subjetiva e o gesto lírico-dramático, característicos do expressionismo abstrato - que, aliás, a arte pop comenta de forma paródica em trabalhos como Pincela (1965) de Roy Lichtenstein. No interior do grupo norte-americano, o nome de Tom Wesselmann liga-se às naturezas-mortas compostas com produtos comerciais, o de Lichtenstein aos quadrinhos (Whaam!, 1963) e o de Claes Oldenburg, mais diretamente às esculturas (Duplo Hambúrguer, 1962).

Andy Warhol

Pilares de latas Campbell no edifício da Academia Real Escocesa, Edimburgo

Andy Warhol foi uma das figuras centrais da Pop art nos Estados Unidos.[2] Como muitos outros artistas da Pop art, Andy Warhol criou obras em cima de mitos. Ao retratar ídolos da música popular e do cinema, como Michael Jackson, Elvis Presley, Elizabeth Taylor, Marlon Brando e, sua favorita, Marilyn Monroe, Warhol mostrava o quanto personalidades públicas são figuras impessoais e vazias; mostrava isso associando a técnica com que reproduzia estes retratos, numa produção mecânica ao invés do trabalho manual. Da mesma forma, utilizou a técnica da serigrafia para representar a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como as garrafas de Coca-Cola e as latas de sopa Campbell.

No Brasil

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Rubens Gerchman: pintura, colagem e outros materiais Policiais Identificados na Chacina

(Registro Policial), 1968

Nos anos 60 frutificou entre os artistas brasileiros uma tendência irônica derivada da Pop art norte-americana refletindo o clima tenso criado pelo regime militar imposto em 1964. Aderindo apenas à forma e à técnica utilizada na Pop art os artistas expressaram a insatisfação com a censura instalada pelo regime militar, tematizando questões sociais de política. Entre as exposições mais importantes nesse período destaca-se a Opinião 65, realizada noMuseu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, composta por 17 artistas brasileiros e 13 estrangeiros.[3]

Dentre os principais artistas nesta época estão Wesley Duke Lee, Luiz Paulo Baravelli, Carlos Fajardo, Claudio Tozzi, José Roberto Aguilar e Antonio Henrique Amaral, entre outros.

A Pop Art  é uma escola que utiliza em suas representações pictóricas imagens e símbolos de natureza popular. Originado particularmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, este movimento foi assim batizado em 1954, quando o crítico inglês Lawrence Alloway assim o denominou, ao se referir a tudo que era produzido pela cultura em massa no hemisfério ocidental, especialmente aos produtos procedentes da América do Norte.

Alguns criadores, inspirados no movimento dadaísta liderado por Marcel Duchamp, decidiram, em fins dos anos 50, se apropriar de imagens inerentes ao universo da propaganda norte-americana e 

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convertê-las em matéria-prima de suas obras. Estes ícones abundantes no dia-a-dia do século XX detinham um alto poder imagético.

A Pop-art representava um retorno da arte figurativa, contrapondo-se ao Expressionismo alemão que até então dominava a cena artística. Agora era a vez da cultura em massa, do culto às imagens televisivas, às fotos, às histórias em quadrinhos, às cenas impressas nas telas dos cinemas, à produção publicitária.

Na década de 20, os filósofos Horkheimer e Adorno já discorriam sobre a expressão indústria cultural, para expressar a mercantilização de toda criação humana, inclusive a de cunho cultural. Nos anos 60 tudo é produzido massivamente, e cria-se uma aura especial em torno do que é considerado popular. Desta esfera transplantam-se a simbologia e os signos típicos da massa, para que assim rompam-se todas as possíveis barreiras entre a arte e o povo. Há um certo fascínio em torno do modo de vida da população dos EUA.

Os artistas recorrem à ironia para elaborar uma crítica ao excesso de consumismo que permeia o comportamento social, estetizando os produtos massificados, tais como os provenientes da esfera publicitária, do cinema, dos quadrinhos, e de outras áreas afins. Eles se valem de ferramentas como a tinta acrílica, poliéster, látex, colorações fortes e calorosas, imitando artefatos da rotina popular.

Estes objetos que integram o dia-a-dia da massa são multiplicados em porte bem maior, o que converte sua concretude real em uma dimensão hiper-real. Enquanto, porém, a Pop-art parece censurar o consumismo, ela igualmente não prescinde dos itens que integram o circuito do consumo capitalista. Exemplo disso são as famosas Sopas Campbell e as garrafas de Coca-Cola criadas pelo ‘papa’ deste movimento, o artista Andy Warhol.

Este ícone da Pop-art inspirou-se nos mitos modernos, como o representado pela atrizMarilyn Monroe, símbolo do cinema hollywoodiano e do glamour contemporâneo, para produzir suas obras. Ele procurava transmitir sua certeza de que os ídolos cultuados pela sociedade no século XX são imagens despersonalizadas e sem 

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consistência. Para isso o artista utilizava técnicas de reprodução que simulavam o trabalho mecanizado.

Nesta salada imagética que constitui a pop-art, o que antes era considerado de mau gosto se transforma em modismo, o que era visto como algo reles passa a ter a conotação de um objeto sofisticado. Isto porque estes artefatos ganham um novo significado diante do contexto em que são produzidos, e assumem, assim, uma valoração distinta.

NO BRASIL

Em comparação à pop art americana, a pop art brasileira  era mais precária, mas sem perder a qualidade artística e conceitual. A pop art americana que influenciaria a criatividade em várias partes do mundo, era feita com técnica e materiais de boa qualidade.

No Brasil, a pop art se desenvolveu utilizando materiais alternativos e reaproveitados, e foi com a precariedade que a pop art brasileira encantou o público.

Na década de 60, os EUA viviam numa época de pós-guerra enquanto que o Brasil iniciava um período de ditadura. Boa parte do conteúdo impresso nas peças artísticas desse movimento no Brasil,  traziam referência à denúncias de tortura e violência.

A pop art brasileira revelou o seu engajamento contra a ditadura, como uma forma de se opor à repressão. Refletia também sobre o cotidiano e o banal, a nossa pop  art ganhou estilo próprio, nos EUA e Inglaterra, por exemplo, ocorreu uma incorporação de elementos da sociedade de consumo, enquanto que no Brasil, predominou a temática social dos anos 60.

Depois da anistia, nos anos 80, cada artista brasileiro seguiu o seu próprio rumo criativo. Dentre os artistas brasileiros, destacam-se Nitsche, Claúdio Tozzi, Rubens Gerchman, Wesley Duke Lee e Aguilar.

Claúdio Tozzi, por meio da construção das cores, expressou poesia em suas peças, se dedicou profundamente às pesquisas de cores. Muito comentado na mídia, Rubens Gerchman era pintor, desenhista, gravador e escultor e teve a oportunidade de expor seus trabalhos no México, Guatemala, EUA e Alemanha; em suas obras buscava o novo e o estático, além de expressar a imagem do beijo de diversas formas.

Wesley Duke Lee era um artista paulistano, pintor, desenhista, gravador e artista gráfico. Realizou obras irreverentes e originais. Em 1963, criou ao lado de Pedro Manuel Gismondi, o movimento “Realismo Mágico”, o movimento buscava enxergar o mundo a partir de elementos mágicos e energizantes.

Aguilar é reconhecido como o pintor das bandeiras. Aguilar é um paulistano nascido em 1941, e, em suas obras, indagou sobre uma sociedade globalizada, presa aos apelos televisivos e longe dos reais movimentos culturais. Analisa-se uma bandeira 

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como a identificação de uma nação, partido ou grupo, uma forma de pano repleta de cores. Mas, em suas obras, Aguilar explora  um conceito de liberdade nas bandeiras.

Vale lembrar que a pop art americana surgiu em Londres e em Nova York como forma de criticar o consumismo e valorizar a cultura popular. Em suas obras utilizavam ícones referentes às publicidade e veículos de massa como os quadrinhos, TV e cinema.

OUTRA PESQUISA

Veredas da Pop Art brasileira

 

A Pop Art no Brasil ganhou características próprias. Se, na Inglaterra e nos Eua, ela foi muito mais uma incorporação de elementos da sociedade de consumo e muito menos uma crítica social, no Brasil, que vivia, nos anos 1960, a ditadura militar, ocorreu exatamente o contrário.

Ela começou como uma forma de combater o autoritarismo e, em seguida, a partir dos anos 1980, com a abertura, cada artista seguiu o seu caminho. É o que vamos verificar com breves panoramas contemporâneos de Cláudio Tozzi, Rubens Gerchman, Wesley Duke Lee e Aguilar, alguns dos principais representantes da Pop Art nacional.

 

            Cláudio Tozzi

A construção das cores

 

            O artista plástico Cláudio Tozzi já foi chamado de “Chico Buarque das artes visuais”, pela poesia que existe em seu trabalho, “Midas da pintura moderna brasileira”, pelo sucesso que consegue em tudo o que faz, e “Poeta da produção industrial”, pela facilidade com que lida com diversas técnicas.

            Atualmente, trabalha com escadas imaginárias. Elas são a entrada para um mundo pictórico, não para casas ou edifícios. Podem ser retas ou ter angulações, mas mantém os principais elementos da pesquisa com a cor e a forma que caracterizam o artista. Elas não levam para lugar algum, a não ser para a consciência da harmonia plástica que a arte consciente propicia.

            Quando vemos casas em Tozzi, estamos perante um jogo de justaposição de cores para a criação de efeitos pictóricos marcados pela delicadeza e refinamento. Elas não são identificáveis como objetos do mundo real, mas como imagens pictoricamente erguidas.

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            Da casa, o artista plástico parte para as fachadas. São mostradas em tons ocre ou ainda com sutis jogos cromáticos de amarelo, verde e azul. Mais do que elementos de uma residência, são composições visuais, que conduzem à reflexão do artista em se aproximar cada vez mais de uma arte que dispensa os referenciais do mundo real.

            O passo seguinte nessa construção são os telhados. Se, por um lado, pode-se dizer que evocam o passado, principalmente o das moradias antigas de São Paulo ou de algumas cidades históricas periféricas; por outro, observa-se, com mais interesse, a maneira como a construção visual provoca no observador uma sensação de leveza.

            As cores mais quentes e contrastantes dos trabalhos com o título genérico de Cidade utilizam maiores massas de cor e contornos mais espessos. A cidade ganha peso em seus edifícios. Mas a referência arquitetônica se perde quando se percebe que o artista paulista não fala explicitamente do espaço urbano, mas apenas o utiliza como ponto de partida para a sua arquitetura visual.

 

 

            Rubens Gerchman

            O escritor Ramón Gómez de La Serna (1888-1963) dizia que “às vezes o beijo não passa de um chiclete partilhado”. A frase ganha novas possibilidades de interpretação perante o trabalho atual do artista plástico Rubens Gerchman. O pintor, desenhista, gravador e escultor oferece uma excelente oportunidade de reflexão sobre o significado de sua obra, principalmente quando se leva em conta sua ampla experiência internacional, com passagens por México, Guatemala, EUA e Berlim.

            Há em Gerchman um desafiante processo de rejeição da mesmice e a presente exposição confirma isso ao mostrar alguns dos temas preferidos do artista, como o beijo, dentro ou fora de carros, bicicletas e cenas de multidão. Estão expostos exemplos de pintura, gravura e trabalhos em diversos materiais como quartzo cinza e azul, além de cobre e caixas de madeira com diversos objetos dentro.

            Evidencia-se assim um artista com fobia a tudo o que é estático. Seu pensamento em ebulição constante propicia um sem-número de beijos, nas mais variadas posições e ambientes, numa procissão de encontro de almas, já que as bocas que se juntam em Gerchman são muito mais do que duas bocas se tocando.

            A riqueza das possibilidades que cria reside em mostrar ao observador como um mesmo tema pode não se esgotar se houver capacidade de recursos. Seja na gravura ou na pintura, cada beijo traz consigo um novo tom ou elemento diferenciador. O assunto funciona como o pretexto temático para uma experiência plástica – é isso não é pouco.

            Quando se pensa em escultura, a diversidade de materiais aponta para uma prática não muito comum de ser encontrada nos artistas plásticos contemporâneos, 

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muitos deles aparentemente acomodados quando uma fórmula encontra aceitação de mercado ou de crítica.

            Gerchman permanece inquieto ao longo da carreira e isso se deve, em boa parte, ao fato de encarar cada composição plástica como um desafio. O conjunto desta exposição evidencia essa mente para a qual o único pecado é deixar de pensar, de refletir e de conceber a arte como uma forma criativa de enfrentar os problemas que o mundo apresenta e propõe na forma de infinitas interrogações existenciais.

 

            Wesley Duke Lee

            A essência da arte

 

            Heidegger, em seu ensaio A origem da obra de arte, aponta que “qualquer que seja a solução, a pergunta sobre a origem da obra de arte se transforma na pergunta sobre a essência da arte”. O trabalho de Wesley Duke Lee  remete a esse pensamento do filósofo alemão, uma excelente e esquecida sugestão de possibilidade de entrada para o estudo de artes plásticas.

            Pintor, desenhista, gravador ou artista gráfico, esse paulistano nascido em 1931, realizou as mais diversas atividades plásticas, sempre com o compromisso com a originalidade e a irreverência, mas sem perder de vista a qualidade de seu trabalho e o cuidado na forma de melhor apresentá-lo.

            Uma das suas primeiras referência de Wesley foi Karl Plattner, que viveu em São Paulo, nos anos 1950, formando diversos pintores brasileiros. Do mestre italiano, com um trabalho importante no estudo do corpo humano, Duke Lee retirou importantes informações estéticas para o prosseguimento de sua obra.

            Há nele atmosfera medieval, certo romantismo e a predominância de ocres, responsáveis pela “melancolia” do título. Existem ali, no entanto, acima de tudo, formas plásticas de composição que remetem a dois ícones da arte mundial.

Em 1963, com Pedro Manuel Gismondi, Wesley criou o movimento Realismo Mágico, que propunha olhar o mundo a partir dos elementos mágicos que energizam a realidade objetiva. A interrogação sobre o real de Wesley dá origem, em 1965, no João Sebastião Bar, em São Paulo, SP, a sua exposição Ligas, o primeiro happening brasileiro.

Esse processo criativo revela a grande característica  plástica de Wesley Duke Lee, a inteligência formal. Ele nunca adorou a arte em si mesma como uma deusa do conhecimento, pronta a justificar todo, mas sim como um caminho para questionar o que significa ser artista, o que é arte de qualidade e os próprios dilemas da existência humana.

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            Duke Lee não caiu nessa armadilha. Boa parte de sue trabalho plástico é feito a partir da justaposição de segmentos de memória. E aí temos desde a Idade Média até a mitologia grega. O assunto, novamente, é o menos importante. A diferença do trabalho do artista paulistano reside na forma como as lembranças pessoais e coletivas são apropriadas e devolvidas ao observador, que não permanece indiferente.

            Se o artista se vale ainda de anotações anárquicas, elas não indicam surrealismo no sentido de uma irracionalidade, mas sim uma falta de ordenação baseada no princípio de que o poder em si mesmo existe para ser destruído. A desordem de Wesley é uma forma de indagar a ordem instituída.

            A gestualidade solta é o rei, e técnicas como assemblage, frottage, fotografia e fotocópia são um conjunto de rainhas. O assunto pode ser erótico, político, filosófico ou mitológico. Vale tudo, desde que não se perca a habilidade artística. Sua pintura de qualidade, convida a um mergulho que abre portas, janelas e pontes para alcançar salões e torres onde os dragões são vencidos pela lança iluminada do talento.

            O conhecimento das técnicas do passado, aliado à capacidade de sempre estar a imaginar novas situações, com processos atualizados, permite a renovação constante de seu repertório. Mitologia grega, Idade Média, Renascença, como os trabalhos que tomam Leonardo da Vinci como referência, Pop Art e numerosos procedimentos atribuídos à modernidade se fazem presentes, das formas  mais variadas em Wesley Duke Lee, um artista muitas vezes visto nas enciclopédias e sínteses apenas como um criador ligado à Pop Art, aposto que não lhe faz, de longe,  a merecida justiça histórica.

 

            Aguilar

            Um homem e suas bandeiras

 

            O que há de realismo e o que existe de fantasia na obra do artista Aguilar? Esta pergunta sempre me acompanhou ao conhecer as suas variadas dimensões, seja ao trabalhar com suportes mais tradicionais, como a tela, ou ao realizar performances em que as mais diversas artes se mesclam em autênticas óperas marcadas de energia visceral.

            Seus trabalhos mais recentes tem como  ponto de partida as bandeiras dos Estados brasileiros, o próprio pendão do País e palavras retiradas do Hino Nacional. O movimento que Aguilar alcança a partir desses objetos impressiona pela capacidade de mobilização interna que gera no espectador. Ele desmonta o Brasil que cada um tem na cabeça e propõe um novo, absolutamente pessoal. Surge um mapa fantástico renovado com cores interiores.

            Instaura-se assim um realismo fantástico. Embora o conjunto das bandeiras inusitadas e das palavras do hino plasticamente retrabalhadas tenham uma dimensão 

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questionada, há um referencial concreto em xeque que se chama Brasil e, além disso, existe uma dimensão ainda mais importante: Aguilar nos obriga a esquecer o Brasil tal qual o conhecemos.

            As alusões visuais a Jackson Pollock e a sua action painting são evidentes, mas funcionam como recordações de um período artístico em que pecar era não arriscar e limitar-se era o caminho para o inferno. O perigo de conter as emoções e reprimir-se parece ser o maior alerta de Aguilar ao longo de seu trabalho e, principalmente, em suas bandeiras.

            Nas pinturas de grandes dimensões, como as Bandeira dos Visionários, observa-se todo o talento de Aguilar em pensar alto. Suas imagens gritam pela nossa visibilidade. São um chamamento energético por alguns momentos de atenção plástica. A que tem como tema Getúlio Vargas constitui uma Via Láctea em meio às cores nacionais. Não há indiferença que resista.

            Nascido em 1941, em São Paulo, SP, ele nos oferece uma capacidade de indagação permanente que não é pouco, numa sociedade cada vez mais globalizada e conformada com horas por dia de sonolenta televisão e pouca efervescência cultural. Nesse sentido, cada bandeira é um soco no estômago de poder revolucionário, não daquele feito com uma arma na mão, mas daquela que trabalha com idéias na mente e no fígado.

            As bandeiras, assim como o Circo Antropofágico e a Banda Performática, são aspectos de um mesmo Aguilar: o homem- arte. Seja em vídeo seja em pintura, seu desejo é mostrar que o inconformismo e a rebeldia só valem a pena se puderem ser praticados de alguma forma.

            Levando em conta que uma bandeira identifica uma nação ou um partido, sendo, tradicionalmente um pedaço de pano com uma ou mais cores, às vezes com legendas ou símbolos, o que Aguilar propõe comporta um conceito libertador. Enquanto o símbolo, oprime, porque se cristaliza, suas bandeiras, que seguem impulsos e regas realisticamente fantásticas por serem absolutamente individuais, abrem possibilidades de interpretação.

            Descortina-se um novo mundo em cada Estado. Ao sair da exposição, todos se tornam visionários. Pode ser um nova cidade, país ou um universo – pouco importa. Foi criada, pelas bandeiras semeadas em cada mente, um grão de incômodo. Tomara que outros e novos A(a)guilares as façam frutificar.

 

Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

NO CINEMA

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Pop Art - Cinema e fotografia

As origens do cinema pop podem ser encontradas no cinema pop independente, que surgiu na década de

50 como resposta à estética e aos métodos de filmagem hollywoodianos. Estas vanguardas no campo do

cinema romperam com o sistema estabelecido de criação, produção e publicidade de Hollywood, tentando

revalorizar os artistas num mercado em que produtores tinham primazia sobre os diretores, mesmo

quando só entendiam de finanças.

Underground é a palavra chave para se entender o cinema pop, não em sua tradução literal de

subterrâneo ou escondido, mas como totalmente crítico e anticonvencional, qualidades que o definem. As

características deste novo cinema eram a ausência total de referência à filmografia clássica, numa

tentativa de redefini-lo como uma arte independente da televisão e do teatro. Esse é o caso dos filmes de

câmera fixa de Andy Warhol, de mais de oito horas de duração e sem fio narrativo.

Agrupados e patrocinados pela Filmmakers Association, cineastas como os irmãos Mekas, Ron Rice ou

Kean Jacobs conseguiram filmar independentemente das leis de distribuição e censura.Quanto à

fotografia, ela foi muito utilizada pelos artistas pop porque era o único método que permitia a reprodução

de eventos artísticos como happenings e environments. A exposição das fotos era considerada um evento

artístico.

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(De Romero Brito / Pintura Pop Art)

Desde o início os pintores pop manifestaram interesse em deixar de lado as abstrações e continuar no

figurativismo popular de Hopper, para tornar mais palpável essa segunda realidade que os meios de

comunicação tentavam transmitir e vender. Os quadros de personagens famosos de Warhol, deformados

pelo acréscimo de suas próprias variações cromáticas, não são mais do que a reinterpretação da nova

iconografia social representada por estrelas de cinema e astros do rock.

A frieza de expressão das colagens de anúncios publicitários de Rosenquist e os quadros eróticos de

Wesselman, próximos dos quadros Schwitters fazem uma imitação burlesca da nova cultura gráfica

publicitária. Paradoxalmente, as obras desses artistas em nenhum momento foram entendidas num plano

que não fosse meramente estético e, criticados por realizar uma arte eminentemente comercial, o fato é

que tiveram êxito e se valorizaram no mercado mundial devido ao impacto subliminar de sua obra.

Quanto ao pop britânico, os artistas realizaram exposições nas quais seus quadros, que eram verdadeiros

mostruários do cotidiano inglês, refletiam uma certa nostalgia das tradições e, num sentido mais crítico e

irônico, quase em tom de humor, faziam uma imitação dos hábitos consumistas da sociedade na forma de

verdadeiros horror vacuii (horror ao vazio) de objetos e aparelhos. As colagens do pintor Hamilton eram

uma reprodução grotesca da arte publicitária dos tempos modernos.

Pop Art - EsculturasPUBLICADO POR GUILHERME ÀS 14:340 COMENTÁRIOS

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(Exemplo de Escultura Pop Art)

Na primeira fase da arte pop, a escultura não era muito frequente e se manifestou mais dentro dos

parâmetros introduzidos pelo dadaísmo: objetos fora do contexto, organizados em colagens insólitas.

Mais tarde alguns artistas interessaram-se em acentuar seus efeitos, como foi o caso de Oldenburg, com

suas representações de alimentos em gesso e seus monumentais objetos de uso cotidiano, ou suas

controvertidas e engenhosas esculturas moles.

Não faltaram também as instalações de Beuys do tipo happening, em cujas instalações quase absurdas

se podia reconhecer uma crítica aos academicismos modernos, ou as esculturas figurativas do tipo

environment, de Segal, da mesma natureza. Outro artista pop que se dedicou a esta disciplina foi

Lichtenstein, mas suas obras se mantiveram dentro de um contexto abstracionista-realista, em muitos

casos mais perto das obras de seus colegas britânicos.