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POR DENTRO DA VACINAÇÃO DE CÃES E GATOS Prof. Dra. Mitika Kuribayashi Hagiwara

Por dentro da vacinação de cães e gatos · (Giardia canis) em cães e contra peritonite infecciosa felina, para os gatos. conceito de vacinas essenciais, opcionais e não-recomendadas

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Page 1: Por dentro da vacinação de cães e gatos · (Giardia canis) em cães e contra peritonite infecciosa felina, para os gatos. conceito de vacinas essenciais, opcionais e não-recomendadas

Por dentro da vacinação de cães e gatos

Prof. Dra. Mitika Kuribayashi Hagiwara

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este encarte é parte integrante da vetnews nº 1052

Introdução Atualmente os cães e gatos adquiriram o status de “membros da famí-lia” e, como tal, recebem todas as atenções de seus proprietários: ali-mentação de primeira qualidade, banho e tosa, produtos de higiene produzidos especificamente para suas necessidades e refinados cuidados de saúde que vão desde a imunização contra as principais doenças infecciosas até o acompanhamento dos problemas de saúde por profis-sionais altamente capacitados nas diferentes especialidades veteriná-rias. Os profissionais veterinários contam atualmente com uma gama imensa de vacinas, medicamentos e rações produzidos especificamente para promover a saúde e o bem-estar dos pets. Dentre as vacinas, as indicadas para proteção contra as principais doenças infecciosas graves e fatais, como a cinomose, a parvovirose canina, a hepatite infecciosa canina e a leptospirose para os cães, a panleucopenia felina, a rinotra-queíte infecciosa e a calicivirose para os gatos, além da vacina antir-rábica para ambas as espécies, fazem parte da rotina de imunização há décadas. Vacinas contra outras doenças menos graves foram sendo desenvolvidas e incorporadas ao longo dos anos no portfólio de imu-nógenos licenciados e comercializados, e geralmente estão incluídas nas vacinas polivalentes amplamente utilizadas na clínica de pequenos animais ou são apresentadas como produtos únicos.

Prof. Dra. Mitika Kuribayashi HagiwaraProf. colaboradora Sêniordepartamento de clínica MédicaFMvZ-USPemail:[email protected]

Por dentro da vacinação de cães e gatos

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A vacinologia canina e felina tem se benefi-ciado da contínua evolução da ciência e, com a incorporação de novos conhecimentos e tecno-logias, novas vacinas ou diferentes vias de aplica-ção dos imunógenos foram desenvolvidas para o benefício de cães e gatos, como, por exemplo, as vacinas intranasais e as vacinas recombinantes. Apesar dos avanços tecnológicos na produção das vacinas e dos conhecimentos imunológicos, ainda estamos aplicando as vacinas de acordo com os protocolos vacinais desenvolvidos e recomendados há anos.

As vacinas caninas inicialmente compreen-diam aquelas contra cinomose, hepatite infec-ciosa canina e leptospirose. Ao longo do tempo foram desenvolvidas as vacinas contra parain-fluenza canina, parvovirose canina, coronavirose canina e os antígenos de leptospiras dos sorova-res grippotyphosa e pomona. São vacinas de vírus vivo e vacinas mortas, acrescidas de adjuvantes, que levam ao desenvolvimento de diferentes graus de imunidade. Por questões de praticidade

e custos, todos esses antígenos são incorporados em um só produto vacinal. Em relação aos feli-nos, as vacinas inicialmente continham os antí-genos do parvovirus, herpesvirus e calicivirus. Foi posteriormente acrescido de Clamydophila felis. Uma das vacinas comercializadas no Brasil contém também a vacina contra a leucemia felina. Há ainda a antirrábica, obrigatória para ambas as espécies.

Hoje, as principais vacinas de cães são poli-valentes e contêm de sete a nove antígenos para promover proteção contra as diferentes doenças. São utilizadas tanto na série primária de imu-nização quanto nos reforços anuais. As vacinas dos gatos contêm quatro ou cinco antígenos. Para os cães, além da vacina antirrábica, ainda existem outras vacinas indicadas para proteção contra doenças respiratórias, giardíase e, agora, contra a leishmaniose visceral canina. Seriam todas essas vacinas necessárias? São todas isentas de riscos? Estamos sobrecarregando o sistema imunológico do animal com excesso de antíge-

nos? Há necessidade de revacinação anual, por toda a vida do cão ou do gato? Nos felinos, as vacinas estão associadas ao desenvolvimento de sarcomas no sítio de injeção?

Essas são as dúvidas muitas vezes formula-das por profissionais veterinários e pelos donos dos animais de companhia, preocupados com o possível excesso de vacinas recebidas por um único animal e, principalmente, com os even-tuais efeitos adversos associados à vacinação. As respostas a essas questões não podem ser simplificadas e colocadas em posições diame-tralmente opostas. Os aspectos imunológicos, as diferentes condições de vida e do ambiente onde vivem os animais, o agente infeccioso envolvido e a doença resultante da infecção, as características intrínsecas do produto biológico e a resposta do hospedeiro à vacinação devem ser criteriosamente analisados para que se obtenha o máximo beneficio da imunização em prol da manutenção da saúde dos cães e dos gatos.

A preocupação em relação à sobrecarga vacinal e a possibilidade de ocorrência de efeitos adversos pós-vacinais resultaram na análise criteriosa da real necessidade das vaci-nas em uso(2). A conclusão a que se chegou foi a de que: 1, nem todos os felinos ou caninos necessitam de todas as vacinas disponíveis, no intervalo vacinal adotado, principalmente após o término da série primária de vacinação; 2, as vacinas não estão isentas de efeitos indesejáveis decorrentes de seu uso e os benefícios advindos da vacinação devem ser sempre maiores que os eventuais riscos de desenvolvimento de reações adversas; 3, os cães e gatos não precisam ser vacinados contra doenças raras ou cuja preva-lência é baixa, que podem ser facilmente trata-das por outros meios ou que possuem pequena significância clínica ou epidemiológica.

As vacinas existentes foram incluídas em três categorias distintas, tendo como base o conheci-mento de cada uma das doenças infecciosas, sua

distribuição na população canina ou felina, as características do agente infeccioso envolvido, a gravidade da infecção, a eficácia e a segurança das vacinas e a duração da imunidade pós-vacinal(2).

• Vacinas essenciais, que todos os animais devem receber. São vacinas especificamente indi-cadas para aquelas doenças em que os benefícios advindos da imunização ativa sobrepujam em muito qualquer efeito adverso resultante de seu uso, os agentes infecciosos são amplamente dis-tribuídos na natureza e não existem tratamentos específicos contra as infecções. Estão neste grupo as vacinas contra cinomose, parvovirose canina e hepatite infecciosa canina, para os cães, e as vacinas contra panleucopenia, rinotraqueíte infecciosa felina e calicivirose felina, para os gatos. A vacina antirrábica é considerada essen-cial quando requerida pela legislação vigente e nos países onde a doença é endêmica.

• Vacinas opcionais, que nem todos os animais precisam receber. Sua indicação está

na dependência da localização geográfica e da distribuição do agente infeccioso, do estilo de vida do animal e dos riscos de exposição a que está exposto. Nesta categoria estão incluídas as vacinas cuja duração da imunidade resultante é mais baixa e, em geral, voltadas para infecções mais benignas. É o caso das vacinas contra o vírus da parainfluenza canina e também contra Bordetella bronchiseptica, Borrelia burgdorferi (nos Estados Unidos), além das vacinas contra leptospirose* (Leptospira interrogans sorovar icterohaemorrhagae e canicola, na Europa, e sorovares grippotyphosa e pomona, nos Estados Unidos).Para os felinos, enquadram-se nesta categoria as vacinas contra Clamydophila felis, Bordetella bronchiseptica e contra a leucemia felina e imunodeficiência.

• Vacinas não recomendadas: contra a coronavirose canina e contra a giardíase (Giardia canis) em cães e contra peritonite infecciosa felina, para os gatos.

conceito de vacinas essenciais, opcionais e não-recomendadas

Vacinologia

Nota: Em relação à leptospirose, o conceito de vacinas opcionais não se aplica em nosso meio. As vacinas contra os sorovares mais presentes nos ambientes urbanos e transmitidos pelos roedores sinantrópicos e pelos próprios cães (icterohaemorrhagaie e canicola), são ainda necessárias devido às precárias condições de saneamento ambiental existentes em praticamente todas as regiões urbanas brasileiras. Na realidade, a imunização contra os sorovares grippotuphosa e pomona pode ser omitida e está indicada apenas em algumas condições em que há maior risco de contato com os reserva-tórios desses sorovares. É interessante salientar que a leptospirose é uma infecção bacteriana contra a qual existem antimicrobianos eficazes. “A imunidade induzida pelas vacinas contra leptospirose é de curta duração e por serem adicionadas de adjuvantes, as vacinas estão associadas com maior número de reações adversas.” (2)

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Prof. Dra. Mitika Kuribayashi Hagiwara

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A ingestão de colostro permite a trans-ferência de anticorpos da mãe para o filhote, propiciando ao recém-nascido uma proteção adequada contra as doenças infecciosas, que podem ser fatais na infância. Em cães e gatos, o tipo de placenta não permite a passagem de anticorpos da mãe para os fetos durante a gesta-ção. Ao mamarem o colostro nas primeiras 24 horas após o nascimento, os filhotes recebem a transferência de anticorpos da mãe. Quanto maior o grau de imunidade materna e maior a quantidade de colostro ingerido, melhor e mais prolongada é a imunidade do filhote. A quantidade de colostro ingerido pelos filhotes é variável e, assim, a duração da imunidade transferida varia entre os membros de uma mesma ninhada e entre diferentes ninhadas de uma mesma gata ou cadela, dependendo, ainda, do agente infeccioso contra o qual foram gerados os anticorpos.

Os anticorpos derivados da mãe protegem os neonatos e, ao mesmo tempo, constituem um desafio para a vacinação dos filhotes. Aqueles que receberam colostro (dependendo da qualidade e da quantidade de colostro recebido) apresentam um período de 6 a 12 semanas de imunização (ou de 4 a 14 semanas, dependendo do agente infeccioso e da imunidade materna). Nesse período, os anticorpos derivados da mãe são gradualmente reduzidos a níveis não protetores contra as infecções naturais, mas se encontram em concentrações suficientes para interferir na vacinação e na resposta dos filhotes a antígenos estranhos. É a chamada “janela de suscetibilidade”. (Figura 1)

Imunidade passiva dos filhotes de cães e gatos

Nota: Meia-vida é o tempo necessário para a redução do título de anticorpos em 50%. Por exemplo, no caso da cinomose, a cada 8,4 dias o título de anticorpos cai pela metade, até que se torna suficientemente baixo para permitir a imunização ativa, por meio da vacinação. IDM é o período de tempo (em média) em que os anticorpos transferidos passivamente através do colostro podem proteger os filhotes contra a infecção natural e podem interferir na imunização ativa.

Fig. 1. Eliminação de anticorpos maternos no neonato e vacinação. Durante um período crítico (janela de suscetibilidade) os anticorpos presentes poderão bloquear uma vacina de vírus atenuado, mas poderão falhar em proteger contra a infecção de vírus virulento. Adaptado de Green & Schultz (2005).

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Quadro 1. Meia vida das imunoglobulinas derivadas da mãe (idM) em cães e gatos neonatos.(3)

doença Meia vida (dias)duração da imunidade (idM) (semanas)

cinomose canina 8,4 9 – 12

Parvovirose canina 9,7 10 – 14

Hepatite infecciosa canina 8,6 9 – 12

Panleucopenia felina 9,6 8 – 14

Leucemia feline 15,0 6 – 8

Herpes virus felino 18,5 6 – 8

calicivirus felino 15,0 10 – 14

Janela de suscetibilidade

}a

B

<

variação no título de anticorpos

a B

título mínimo para bloquear o vírus virulento

título mínimo para bloquear o vvM vacinal

idade (semanas)vacinações3s 6s 12s9s 15s 18s

Por dentro da vacinação de cães e gatos

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De um modo geral, a duração da imuni-dade derivada da mãe (IDM) é, na maioria dos filhotes caninos e felinos, de 6 a 12 sema-nas. Excepcionalmente, e dependendo da doença infecciosa contra a qual foram geradas as imunoglobulinas maternas e da quantidade de colostro ingerido, a duração da IDM pode ser menor ou até maior para um filhote em particular. São exceções, no entanto.

O protocolo vacinal atualmente reco-mendado nos rótulos vacinais pelos pro-dutores de biológicos visa a proporcionar à maioria dos filhotes caninos e felinos o benefício da resposta imune, sobrepujando a janela de suscetibilidade. É indicado o início da vacinação com seis semanas de idade (primeira dose), sendo que a segunda e a terceira doses devem ser aplicadas com 9 e 12 semanas, respectivamente. Opcionalmente, outros protocolos mais flexíveis recomendam a primeira dose entre 6 e 8 semanas de idade, a segunda entre 9 e 11 semanas e a terceira entre 12 e 14 semanas. Como as vacinas contêm vírus vivo, é necessário manter o intervalo mínimo de 14 dias entre as doses. Esse protocolo vacinal permite a imunização da grande maioria dos filhotes caninos e feli-nos contra as principais doenças infecciosas.

Em circunstâncias excepcionais, como por exemplo em ambientes de alta den-sidade populacional, como os abrigos, ou em condições de alta exposição ao risco da infecção, pode haver a necessidade de se ini-ciar a imunização mais precocemente, com menos de seis semanas de idade dos filhotes. Nessas condições, a recomendação é de que, idealmente, sejam utilizadas vacinas que

contenham apenas as vacinas virais essenciais para a proteção das doenças mais graves, as quais os filhotes podem estar expostos, como a cinomose e a parvovirose, no caso dos cães, a rinotraqueíte infecciosa (herpesvirus felino) e a panleucopenia, no caso dos gatos. Esse tipo de vacina com menos componentes também pode ser utilizada como primeira dose vacinal, com seis semanas de idade. Nas demais vacinações, é mais interessante serem utilizadas as vacinas V8 ou V10.

É altamente recomendável também que a última dose da série primária seja dada após as 12 semanas de idade, idealmente com 16 semanas, principalmente no Brasil, em locais onde a cinomose ainda é endêmica e uma boa parcela dos cães não é vacinada.

A cinomose é a principal e a mais grave das doenças infecciosas dos cães. O vírus é extremamente sensível a condições natu-rais e facilmente inativado por desinfetantes comuns. Porém, a infecção é de curso crôni-co e o cão infectado elimina o vírus através de secreções oronasais, urina e fezes durante dias, semanas ou vários meses, constituindo fonte de infecção para os suscetíveis. Os cães estão imunologicamente maduros para resistir à infecção natural após os seis meses ou, em alguns casos, apenas após os doze meses de idade. Antes dessa idade, os cães dependem da imunidade adquirida por meio da vacinação para se protegerem da doença quando são expostos ao risco da infecção.

Em alguns filhotes de cães cuja IDM é alta, a última dose da vacina aplicada com 12 semanas de idade pode ainda ser parcialmente inativada pelos anticorpos transferidos pelo

colostro e a resposta imune resultante ser de baixa qualidade e de curta duração. O cão, nessas circunstâncias, poderá adquirir a infec-ção quando for exposto ao vírus de campo e adoecer antes de receber o reforço, um ano após a primoimunização. Essa aparente sus-cetibilidade à infecção não se relaciona a uma “falha vacinal” e sim ao protocolo vacinal, especificamente nesse caso. A última dose vacinal aplicada com 14 a 16 semanas de idade poderia ter eliciado uma resposta imune mais protetora.

Explica-se, assim, a importância da vaci-nação dos filhotes e da aplicação da terceira dose vacinal após 12 semanas de idade, ou da quarta dose, se o procedimento vacinal tiver sido iniciado antes de seis semanas de idade. Idealmente, a série de vacinação primária deve ser concluída com 16 semanas de idade para todos os cães. Isso não quer dizer necessaria-mente introdução da quarta dose da vacina. Para os cães que vivem em locais onde a incidência de cinomose é baixa e, portanto, o risco de infecção é menor, o intervalo entre as doses pode ser de quatro semanas e, assim, a última dose da série primária poderia ser apli-cada com 14 semanas de idade ou pouco mais, abolindo a necessidade de uma dose adicional.

Durante a fase de imunização é extrema-mente recomendável que os filhotes sejam protegidos de uma possível infecção natu-ral, mantendo-os afastados do contato com outros animais que sejam portadores da cinomose e possam potencialmente se cons-tituir em fonte de infecção para eles, que ainda não têm a devida imunidade induzida pela vacinação

série primária de vacinação

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Revacinação (reforço vacinal)

Concluída a série primária de imuniza-ção, é de primordial importância o reforço vacinal. Normalmente recomenda-se que seja feito um ano após a terceira dose da série primária, isto é, ao redor de 15 meses de idade. Entretanto, se a última dose da série primária tiver sido aplicada com 12 semanas de idade, é recomendável que a

dose de reforço vacinal seja dada com 12 meses de idade. Isso se justifica princi-palmente se a cinomose for endêmica na região onde o cão vive, resultando em maior oportunidade de contágio para os animais que não desenvolveram uma imunidade mais consistente. A partir de um ano de idade, recomenda-se a revacinação anual

com as vacinas polivalentes. A necessidade de revacinação anual para doenças virais como cinomose, parvovirose canina, hepa-tite infecciosa canina, panleucopenia felina e rinotraqueíte infecciosa dos felinos vem sendo amplamente discutida, tendo em mente a questão do excesso de vacinas para um mesmo animal(2).

Prof. Dra. Mitika Kuribayashi Hagiwara

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Duração da imunidade adquirida

A revacinação anual indicada nos rótu-los dos produtos foi estabelecida baseada na duração (mínima) da imunidade (DI) propor-cionada pelas vacinas de vírus vivo atenuado (VV), quando foram produzidas inicialmente, há mais de 50 anos. Pouco se conhecia sobre a duração máxima da imunidade. Recentemente, testes sorológicos e testes de vacinação/desafio com o vírus virulento mostraram que, nas infecções virais, a imunidade é muito mais pro-longada: por exemplo, a imunidade pós-vacinal desenvolvida contra a cinomose pode ser mais longa do que cinco anos, o que nos permitiria ampliar o intervalo vacinal nos adultos, pelo menos em relação a essa infecção.

Com as evidências de que a DI pós-vacinal é muito maior do que se supunha inicialmente, e no sentido de minimizar possíveis efeitos indesejáveis advindos da excessiva vacinação, os protocolos vacinais até então vigentes foram revistos, emergindo desses estudos a proposta atual de revacinação do cão ou do gato adulto a cada três anos(2). Essa nova orientação esbarra em três questões de ordem prática, que pode-rão ser equacionadas somente em longo prazo. São elas:

1. A limitação dada pelas vacinas atual-mente comercializadas: vacinas polivalentes contendo, em um mesmo produto, antígenos vivos, que promovem imunidade de longa duração, e antígenos inativados, como os das leptospiras e coronavírus, que induzem baixa imunidade, de menos de um ano de duração. Há necessidade de produtos específicos contendo vacinas de vírus vivo e outros produtos con-tendo os antígenos inativados que resultam no desenvolvimento de imunidade mais tênue e de curta duração.

2. Indicação da duração da imunidade de um ano e revacinação anual nos rótulos das vacinas existentes. Requer a modificação dos rótulos vacinais com a indicação da DI.

3. O hábito, longamente estabelecido, de retorno ao veterinário para revacinação anual. Do ponto de vista prático, a vacinação anual é conveniente, protege contra as doenças mais graves e familiariza o proprietário do animal com a ideia de visita anual ao veterinário para a manutenção da saúde do pet, baseado na atualização das vacinas. O espaçamento entre

as revacinações quebraria esse paradigma, confundindo os proprietários dos pets. Há necessidade de um longo processo educativo e mudança de enfoque e dos hábitos adquiridos, transformando a visita anual ao veterinário

para a atualização das vacinas em uma etapa de um programa de qualidade da saúde do ani-mal, com visitas anuais para check-up geral, incluindo a atualização das diversas vacinas indicadas para o animal em questão.

este encarte é parte integrante da vetnews nº 1056

Por dentro da vacinação de cães e gatos

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Protocolo vacinal versus programa de imunização

Como procedimento médico, a decisão de vacinar um animal deve ser individua-lizada para cada um, levando-se em con-sideração a gravidade da infecção natural, o potencial de zoonose representado pelo agente infeccioso, o risco de exposição do animal e os requerimentos legais relaciona-dos à vacinação. (3)

Para delinear, recomendar e executar um plano efetivo de vacinação para cada pacien-te, é essencial o conhecimento das principais doenças que se constituem em ameaça para a saúde e a vida dos cães e gatos, principal-mente os filhotes, além do conhecimento da eficácia e da segurança das vacinas disponí-

veis e do grau de exposição ao risco em fun-ção do estilo de vida do animal. Informações relativas à ingestão de colostro e à exposição ao risco da infecção são importantes para a definição do programa de vacinação de um animal. Cães e gatos desprovidos de colostro ou que vivem em ambientes coabitados por múltiplos animais de diferentes faixas etá-rias, com histórico de vacinação desconheci-do, como no caso de abrigos, devem receber a primeira dose vacinal mais precocemente que aqueles que receberam colostro e vivem em locais onde são os únicos pets ou onde convivem com jovens e adultos de histórico vacinal conhecido. (3, 4)

As diretrizes emanadas dos grupos de estudos não são normas, mas apenas guias para auxiliar os clínicos veterinários na escolha do melhor programa de imunização para um paciente em particular. Os progra-mas a serem formulados devem considerar as diferenças entre os cães e os gatos mini-mamente expostos aos riscos da infecção e criados em ambientes estritamente domés-ticos e aqueles mantidos em condições de abrigo, onde a contínua introdução de animais cujas condições de saúde não são conhecidas representam um permanente risco para os suscetíveis, principalmente os mais jovens.

este encarte é parte integrante da vetnews nº 105 7

Referências bibliográficas

1. Evermann JE, Wills TB. Immunologic development and immunization. In: Peterson ME, Kutzler MA, editors. Small Animal Pediatrics The first 12 months of life. St Louis:

Elsevier; 2011. p. 526.

2. Day MJ, Horzinek MC, Schultz RD. WSAVA guidelines for the vaccination of dogs and cats. J Small Anim Pract. 2010 Jun;51(6):1-32.

3. Green CE, Schultz RD. Immunoprofilaxis. In: Green CE, editor. Infectious disease of dogs and cats. 3rd ed. Athens: Saunders; 2005. p. 1069-119.

4. Tizard I. The use of vaccines. In: IR T, editor. Veterinary Immunology An Introduction. 7 ed. Philadelphia: Saunders; 2004. p. 260-71.

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