45
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DO BALANCED SCORECARDS NA GLAXOSMITHKLINE por RODRIGO FAVONI RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – CCS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO Rio de Janeiro, Novembro de 2002

por - PUC-Rio

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: por - PUC-Rio

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DO BALANCED

SCORECARDS NA GLAXOSMITHKLINE

por

RODRIGO FAVONI

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – CCS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

Rio de Janeiro, Novembro de 2002

Page 2: por - PUC-Rio

RODRIGO FAVONI

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DO BALANCED

SCORECARDS NA GLAXOSMITHKLINE

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Orientador: Prof. Marcos Rego

Área: Organizações

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

Novembro de 2002

Page 3: por - PUC-Rio

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DO BALANCED SCORECARDS NA GLAXOSMITHKLINE

BALANCED SCORECARDS IMPLEMENTATION PROPOSAL IN GLAXOSMITHLINE

Aluno: RODRIGO FAVONI

Professor Orientador: MARCOS REGO

RESUMO O modelo de contabilidade financeira atual, baseado em medidas puramente

financeiras, tornou-se inadequado para avaliar e monitorar a trajetória organizacional

em ambientes competitivos. Este estudo propõe uma metodologia de implementação

da ferramenta Balanced Scorecard, que através de quatro diferentes perspectivas,

fornece orientações mais adequadas para a criação de valor financeiro.

ABSTRACT The current financial model, based on financial indicators only, is no longer proper to

evaluate and monitor the organizational direction in a competitive environment. This

study proposes implementing the Balanced Scorecard, which through four different

perspectives, provides a better method for creating financial value.

PALAVRAS-CHAVE Balanced Scorecard

Perspectiva

Implementação

KEYWORDS Balanced Scorecard

Perspective

Implementation

ÁREA: Organizações

Page 4: por - PUC-Rio

RESUMO O modelo de contabilidade financeira atual, baseado em medidas puramente

financeiras, tornou-se inadequado para avaliar e monitorar a trajetória organizacional

em ambientes competitivos. Este estudo propõe uma metodologia de implementação

da ferramenta Balanced Scorecard, que através de quatro diferentes perspectivas,

fornece orientações mais adequadas para a criação de valor financeiro.

ABSTRACT The current financial model, based on financial indicators only, is no longer proper to

evaluate and monitor the organizational direction in a competitive environment. This

study proposes implementing the Balanced Scorecard, which through four different

perspectives, provides a better method for creating financial value.

PALAVRAS-CHAVE Balanced Scorecard

Perspectiva

Implementação

KEYWORDS Balanced Scorecard

Perspective

Implementation

ÁREA: Organizações

Page 5: por - PUC-Rio

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - O PROBLEMA ................................................................................................ 1 1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1 1.2 OBJETIVO ..................................................................................................................... 3 1.3 HIPÓTESE..................................................................................................................... 3 1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ........................................................................................ 3 1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO .......................................................................................... 3 1.6 A ORGANIZAÇÃO ......................................................................................................... 4 1.7 PROBLEMAS NA GLAXOSMITHKLINE – FATORES INTERNOS ............................... 7

CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA ............................................................................................. 8 2.1 TIPO DE PESQUISA ..................................................................................................... 8 2.2 UNIVERSO E AMOSTRA .............................................................................................. 8 2.3 SELEÇÃO DOS SUJEITOS........................................................................................... 8 2.4 COLETA DE DADOS ..................................................................................................... 8 2.5 TRATAMENTO DOS DADOS........................................................................................ 9 2.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO .......................................................................................... 9

CAPÍTULO 3 - REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 10 3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10 3.2 PERSPECTIVA FINANCEIRA ..................................................................................... 10 3.3 PERSPECTIVA DOS CLIENTES................................................................................. 12 3.4 PERSPECTIVA DOS PROCESSOS INTERNOS DA EMPRESA ............................... 15 3.5 PERSPECTIVA DE APRENDIZADO E CRESCIMENTO ............................................ 18 3.6 INTEGRAÇÃO DAS MEDIDAS DO BSC À ESTRATÉGIA.......................................... 22 3.7 CRIAÇÃO DE UM BALANCED SCORECARD............................................................ 22

CAPÍTULO 4 - IMPLEMENTAÇÃO...................................................................................... 30 CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................... 38 CAPÍTULO 6 - BIBLIOGRAFIA............................................................................................. 40

Page 6: por - PUC-Rio

1

CAPÍTULO 1 - O PROBLEMA 1.1 INTRODUÇÃO

As mudanças no mercado criaram desafios competitivos para todas as

companhias. As organizações devem estar preparadas para promover suas visões

corporativas em todos os níveis provendo toda a informação essencial que os gerentes

precisam para alinhar as unidades de negócio à estratégia da companhia.

Com o advento da era da informação nas últimas décadas do século XX muitas

premissas fundamentais da concorrência industrial tornaram-se ultrapassadas. As

vantagens competitivas, conseguidas através da rápida implementação de novas

tecnologias aos ativos físicos, não mais são sustentáveis e duradouras. Da mesma

forma, a simples gestão de passivos e ativos financeiros não são mais capazes de

suportar vantagens competitivas por muito tempo. O ambiente da era da informação

exige novas capacidades para assegurar o sucesso competitivo. O foco está na

capacidade de mobilização e exploração dos ativos intangíveis como, por exemplo, o

desenvolvimento do relacionamento com clientes, a capacidade de inovação e

lançamento de novos produtos e a motivação de funcionários para melhoria de

processos.

As empresas devem procurar explorar não só a capacidade física do funcionário,

mas também a capacidade intelectual. No cenário atual de competitividade, os

empregados devem pensar, solucionar problemas, garantir a qualidade do produto ou

serviço, pois em muitos setores industriais e de serviços, a parte operacional está sendo

feita por máquinas de alta tecnologia. Agora, os funcionários devem agregar valor pelo

que sabem e pelas informações que podem oferecer.

As organizações estão implementando diversas iniciativas de melhoria para

manterem-se competitivas e bem-sucedidas na era da informação. Entretanto, essas

iniciativas se mostram frustrantes por muitas das vezes. Elas são quase sempre

iniciativas isoladas, dissociadas da estratégia organizacional, não alcançando resultados

financeiros e econômicos esperados.

O modelo de contabilidade financeira atual não avalia os ativos intangíveis e

intelectuais de uma empresa, alicerces para o sucesso no ambiente competitivo de hoje e

de amanhã. Existe uma ênfase excessiva na obtenção e manutenção de resultados

financeiros de curto prazo que acabam levando as empresas a investirem em soluções

rápidas e superficiais, ao invés de incentivarem a criação de valor à longo prazo. Este

modelo atual é inadequado para avaliar e monitorar a trajetória organizacional em

Page 7: por - PUC-Rio

2

ambientes competitivos. As medidas utilizadas pelo modelo contábil atual refletem parte

da história das ações passadas e não fornecem orientações adequadas para ações que

devem ser realizadas hoje e amanhã, a fim de criar valor financeiro futuro.

Problemas na Indústria Farmacêutica Brasileira

A Indústria Farmacêutica vem enfrentando diversas barreiras ao seu crescimento

no Brasil. Parte significativa dos custos de produção é de insumos importados, sujeitos à

variação cambial. Estudos indicam que eles representam 30% dos preços de venda da

indústria. A desvalorização cambial afeta todos os medicamentos, sejam eles de

referência ou genéricos, de receituário ou de venda livre. Cerca de 50% dos

medicamentos genéricos atualmente no mercado brasileiro são importados prontos.

A Indústria Farmacêutica brasileira vem sofrendo duros golpes com a

desvalorização e não consegue manter suas margens de lucro por ser um setor

regulamentado pelo Governo. Este determina quando e quanto os aumentos de preço

são aplicados aos medicamentos. Todavia, estudos mostram que estes aumentos têm

ficado consistentemente abaixo da inflação. Com isso, o setor mantém o preço de seus

produtos praticamente congelados frente ao agressivo aumento de custos.

O setor farmacêutico perdeu sua capacidade de continuar investindo no Brasil,

seja ela multinacional ou nacional. Os projetos em andamento estão sofrendo restrições e

cortes por incapacidade de geração de caixa por parte das empresas. Ao contrário da

tendência positiva de crescimento de todo o setor industrial, a Indústria Farmacêutica tem

apresentado uma tendência negativa, cortando postos de trabalho. A previsão de curto

prazo deve ser agravada, pois a redução de pessoal será necessária para garantir as

margens de lucro.

Page 8: por - PUC-Rio

3

1.2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é apresentar uma metodologia para introdução da

ferramenta Balanced Scorecards em uma organização da Indústria Farmacêutica.

1.3 HIPÓTESE

A partir da avaliação do autor, estima-se que o desempenho da GlaxoSmithKline

esteja sendo continuamente subavaliado, por conta de medidas puramente financeiras.

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Pretende-se abordar o processo de introdução do Balanced Scorecards em uma

empresa do setor farmacêutico, a GlaxoSmithKline. Dada a diversidade de situações e de

diferentes processos dentro das filiais desta empresa, estará sendo estudado somente o

processo interno da GlaxoSmitKline no Brasil, especificamente a Unidade Consumo.

1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O estudo é relevante para organizações de todos os setores, que estejam sendo

orientadas por medidores exclusivamente financeiros, onde a capacidade intangível não

esteja sendo avaliada corretamente.

O estudo demonstrará uma maneira de introduzir uma ferramenta capaz de

mudar a metodologia de medição de desempenho, mantendo os processos e atividades

internas sempre em linha com a estratégia organizacional e mudando o foco para a

mobilização e exploração da capacidade intangível.

Page 9: por - PUC-Rio

4

1.6 A ORGANIZAÇÃO

A GlaxoSmithKline foi formada através da fusão da Glaxo Wellcome com a

SmithKline Beecham em 27 de Dezembro de 2000, uma fusão que uniu duas das

maiores companhias farmacêuticas, ambas com extensos currículos em cuidados com a

saúde e que foram pioneiras em diversas áreas da ciência e da medicina.

A trajetória dessa companhia farmacêutica baseada em pesquisa começou com

visões empreendedoras individuais no século XIX. Seus esforços pioneiros construíram a

base para o crescimento nas diferentes companhias que, ao longo dos anos, iriam

conduzir a GlaxoSmithKline de hoje.

Sediada no Reino Unido, a nova companhia é líder em termos de fatia do

mercado, detendo 6.9% do mercado farmacêutico mundial.

A GlaxoSmithKline é líder em quatro das maiores áreas terapêuticas:

antiinfecciosos, Sistema Nervoso Central (SNC), respiratório e intestinal/metabólico. Além

disso, é líder na importante e crescente área de vacinas.

A companhia também possui um portfolio de Consumo composto por produtos

que dispensam prescrição (OTC), produtos de cuidado oral e bebidas nutricionais, todos

esses entre os líderes do mercado. A GSK está entre as três maiores companhias do

mundo tanto em relação à linha OTC quanto na de produtos de cuidado oral, com dez

marcas de cuidado oral e de bebidas nutricionais com vendas de US$100 milhões. A

companhia tem as melhores posições no mercado de analgésicos, terapia de reposição

de nicotina, gastro-intestinal e produtos para o trato respiratório; e em nutrição,

dermatologia e bem-estar natural. Conseqüentemente, a GSK tem produtos de marcas

conhecidas em 130 países como, por exemplo, a linha de higiene oral Aquafresh e o

analgésico Panadol.

A GSK tem uma das maiores vendas e operações de mercado na indústria

mundial, com cerca de 43.000 pessoas envolvidas em vendas e marketing. Estes estão

entre os mais de 100.000 empregados que a companhia possui em todo o mundo.

A empresa dedica US$ 4 bilhões, o que corresponde a 18% do seu faturamento,

em pesquisas para descoberta de novas soluções terapêuticas, um dos mais altos

índices do setor. O Brasil representa hoje cerca de 20% do volume de faturamento da

GlaxoSmithKline na América Latina.

Com aproximadamente 1.800 funcionários no país, a GlaxoSmithKline concentra

toda a sua produção em duas fábricas localizadas em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro,

que abastecem o mercado brasileiro e, num futuro bem próximo, deverão abastecer

outros países do Mercosul. O faturamento previsto em 2002 para o Brasil é de US$ 200

milhões.

Page 10: por - PUC-Rio

5

A comunidade é importante para GSK. A empresa respeita e valoriza os vizinhos

e, por este motivo, ações com a comunidade estão sempre acontecendo para priorizar o

bem-estar dessas pessoas.

Conheça algumas das ações:

- Igreja de São Gonçalo do Amarante (Jacarepaguá) - Restauração da igreja

e construção do anexo Centro Catequético e Cultural São Gonçalo do

Amarante.

- Saneamento básico para as residências - A necessidade de saneamento

básico para a comunidade da Cidade de Deus também é uma

preocupação da GlaxoSmithKline. Por isso, algumas casas, situadas à Av.

Comandante Guaranys, que não possuíam saneamento básico tiveram

este benefício.

- Doações de alimentos, agasalhos e livros - Saúde, educação e

alimentação são muito importantes para a empresa. Por isso, a

GlaxoSmithKline promove, anualmente, uma campanha para doação de

alimentos, livros e agasalhos, para serem distribuídos pelas Associações

de Moradores na comunidade da Cidade de Deus.

- Reforma de casa - Em razão de uma situação emergencial por causa de

fortes chuvas na área de Jacarepaguá, algumas casas na comunidade da

Cidade de Deus foram bastante afetadas. A GlaxoSmithKline, por iniciativa

própria e, em cooperação com as Associações de Moradores do local,

identificou estas casas e, então, foram realizadas as reformas necessárias.

O organograma da empresa no Brasil é dividido entre Unidade Farmacêutica,

responsável por produtos que necessitam de prescrição médica e Unidade Consumo,

responsável por produtos de venda livre ou OTC (over the counter). Existem diretorias

dentro da unidade farmacêutica que prestam serviços para a Unidade Consumo,

formando a área chamada de Serviços Compartilhados. São funções e suporte prestados

a ambas unidades como pode ser visto na Figura 1.

Além das duas unidades, existem duas fábricas que as fornecem produtos.

Todas as duas unidades estão situadas em Jacarepaguá.

Page 11: por - PUC-Rio

6

MISSÃO DA GLAXOSMITHKLINE

A missão da GSK é melhorar a qualidade de vida humana, permitindo que as

pessoas façam mais, sintam-se melhor e vivam mais.

Figura 1 – Organograma da GlaxoSmithKline

UNIDADE CONSUMO

Presidente

Diretoria Comercial

Diretoria Jurídica

Diretoria Financeira

Diretoria de Informática

Diretoria de Marketing

Diretoria de RH

Procurement

Presidente

Diretoria de Marketing

Diretoria de Vendas

Diretoria Financeira

Diretoria Médica

Serviços Compartilhados

UNIDADE FARMACÊUTICA

PRODUÇÃO

FÁBRICAS

Page 12: por - PUC-Rio

7

1.7 PROBLEMAS NA GLAXOSMITHKLINE – FATORES INTERNOS

Por todos os problemas que a Indústria Farmacêutica vem enfrentando, é

necessário delinear uma estratégia para o futuro.

A GlaxoSmithKline está passando por um processo de reestruturação intenso

com o objetivo de cortar custos fixos para poder manter-se competitiva no mercado. Caso

o Governo não libere o aumento de preços dos medicamentos, repassando os prejuízos

com a desvalorização cambial, esta situação se agravará no futuro.

Uma forma de garantir a competitividade é garantir que as demais variáveis que

independem de ações do Governo estejam sendo bem sucedidas. Todavia, com o

modelo contábil utilizado na empresa, fica difícil medir o valor criado ou destruído pelas

ações dos executivos, bem como orientar ações futuras. O sistema de indicadores da

empresa é puramente financeiro e, com a atual situação que a Indústria Farmacêutica

Brasileira passa, leva a soluções rápidas e superficiais como a redução de investimentos

em desenvolvimento de novos produtos, cortes drásticos em despesa, redução prazos de

pagamento de clientes dentre outras.

O sistema de medição de desempenho se concentra em princípios básicos de

melhoria de custos, de qualidade e ciclo de processos existentes. Nem todos os

processos e ações tomadas estão alinhados à estratégia da empresa.

O processo orçamentário se dá com base em relatórios financeiros sofisticados,

porém utilizando medidores contábeis que não são mais são suficientes para fazer

projeções a longo prazo. A projeção é feita com base em ações passadas, e pouca

atenção é dada ao potencial intangível da empresa.

Na maioria das vezes, os projetos de inovação não proporcionam os resultados

esperados e em diversas vezes não estão de acordo com a estratégia global da empresa.

Esta pode ser uma das razões pela qual a GlaxoSmithKline vêm enfrentando

problemas e adotando medidas a curto prazo para solucioná-los, muitas vezes sem saber

se estão de acordo com o que os acionistas estão esperando.

Page 13: por - PUC-Rio

8

CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA 2.1 TIPO DE PESQUISA

Para a classificação da pesquisa, toma-se como base a taxonomia apresentada

por Vergara (2000), que a qualifica em relação a dois aspectos quanto aos fins e quanto

aos meios.

Quanto aos fins, a pesquisa será aplicada e metodológica. Aplicada pois é

motivada pela necessidade de resolver um problema concreto e imediato de

planejamento estratégico e medidor de desempenho na GlaxoSmithKline . Tem assim,

uma finalidade prática. É também metodológica porque está associada a um

procedimento para atingir determinado fim.

Quanto aos meios, a pesquisa será de campo. É uma investigação empírica

realizada na própria GlaxoSmithKline onde ocorrerá a proposta de mudança da situação

atual em que se encontra.

2.2 UNIVERSO E AMOSTRA

Para a realização desta pesquisa, serão analisados os dados da Unidade de

Negócios sediada no Brasil, dentro da Unidade Consumo.

2.3 SELEÇÃO DOS SUJEITOS

Os sujeitos de pesquisa serão gerentes e diretores da área administrativa. Estes

serão responsáveis diretos pelas principais tomadas de decisão.

2.4 COLETA DE DADOS

Na pesquisa bibliográfica, serão buscados estudos sobre implementação de

Balanced Scorecards nas mais diversas organizações. Como resultado desta pesquisa,

espera-se formular uma maneira de introduzir a ferramenta na GlaxoSmithKline da

melhor maneira possível.

Page 14: por - PUC-Rio

9

No campo, o método adotado é a observação simples dos procedimentos, onde

não há total interação com a situação estudada. Além disso, serão extraídas informações

estatísticas do banco de dados da empresa estudada.

2.5 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados serão tratados qualitativamente, apresentados de uma forma

estruturada.

2.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

O método escolhido para a pesquisa apresenta algumas dificuldades. Com

relação à coleta de dados, não foi possível identificar a parcela de influência externa e a

interna nos maus resultados da companhia. Este estudo está assumindo que os fatores

externos correspondem a no máximo 50% de participação nos resultados negativos.

Em relação à pesquisa bibliográfica, o estudo ficou limitado ao modelo de

implementação de Balanced Scorecards proposto por Robert Kaplan e David Norton,

desconsiderando qualquer outra proposta.

Page 15: por - PUC-Rio

10

CAPÍTULO 3 - REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 INTRODUÇÃO

Segundo Kaplan e Norton (1997), o Balanced Scorecards (BSC) é uma

ferramenta completa que traduz a missão e a estratégia da empresa em objetivos e

medidas, organizados sob quatro perspectivas diferentes: financeira; do cliente; dos

processos internos e do aprendizado e crescimento. O scorecard cria uma estrutura, uma

linguagem para a comunicar a missão e a estratégia, e utiliza indicadores para informar

os funcionários sobre os vetores do sucesso atual e futuro.

O Balanced Scorecard deve ser utilizado como um sistema de comunicação,

informação e aprendizado ao invés de um sistema de controle.

As quatro perspectivas equilibram os objetivos de curto e longo prazo, resultados

desejados e vetores do desempenho desses resultados, as medidas objetivas concretas

e as subjetivas mais imprecisas.

Vale a pena ressaltar que estas quatro perspectivas têm sido adequadas e

suficientes em diversas empresas e setores do mercado. Entretanto, é possível que seja

preciso agregar uma ou mais perspectivas complementares.

Para melhor compreender a ferramenta, segue abaixo uma síntese de cada uma

das quatro perspectivas mencionadas acima, bem como um exemplo de Balanced

Scorecard.

3.2 PERSPECTIVA FINANCEIRA

Os objetivos financeiros servem de foco para os objetivos e medidas das outras

perspectivas do scorecard. O BSC permite tornar estes objetivos explícitos e ajustá-los às

unidades de negócio. Na maioria das organizações onde o scorecard foi implementado,

temas financeiros como aumento de receita, melhoria dos custos e produtividade,

incremento da utilização de ativos e redução de riscos servem de base para integrar as

quatro perspectivas do scorecard.

É importante definir medidas financeiras adequadas a cada estratégia. Portanto,

é improvável que uma única medida financeira seja adequada para unidades de negócio

distintas.

Os objetivos financeiros variam de acordo com a fase do ciclo de vida da

empresa. Robert. S. Kaplan e David P. Norton destacam três principais fases:

Page 16: por - PUC-Rio

11

- Crescimento

- Sustentação

- Colheita

Empresas em crescimento tendem a aproveitar seu potencial de investimento

em aperfeiçoamento de novos produtos e serviços, gerando capacidades operacionais,

investindo em sistemas, infra-estrutura, etc... Objetivos globais para este tipo de empresa

são percentuais de crescimento de receita e aumento de vendas.

Na fase de sustentação, as organizações ainda conseguem atrair investimentos,

mas são duramente cobradas a obter excelentes retornos sobre o capital investido. Os

projetos estão destinados a ampliar capacidade e buscar melhoria contínua. Os objetivos

estabelecidos por estas empresas são em geral objetivos financeiros relacionados à

lucratividade como retorno sobre o investimento, retorno sobre o capital empregado e

valor econômico agregado.

A fase de colheita representa o período de maturidade da empresa. Não

necessitam grandes investimentos e o objetivo principal é a maximização do fluxo de

caixa. Sendo assim, os objetivos financeiros globais são fluxo de caixa operacional e

diminuição da necessidade de capital de giro.

O desenvolvimento do BSC deve ser iniciado somente após intenso diálogo com

o diretor financeiro da unidade identificando o papel desta dentro do portfolio da empresa.

É necessário que haja uma estratégia financeira explícita para cada unidade de negócios.

É importante ressaltar que o posicionamento de cada unidade não é imutável.

Em virtude disto, os objetivos financeiros devem ser analisados periodicamente com o

objetivo de reafirmar ou mudar a estratégia financeira da unidade.

Através dos estudos de Kaplan e Norton, verificou-se que existem três temas

financeiros que norteiam a estratégia empresarial:

- Crescimento e mix de receita – ampliação da oferta de produtos e serviços,

conquista de novos clientes e mercados, mudanças no mix de produtos e

serviços para ítens de maior valor agregado e modificação nos preços de

produtos e serviços.

- Redução de custos/melhoria da produtividade – baixar custos diretos de

produtos e serviços, reduzir custos indiretos e compartilhar recursos com

outras unidades de negócio.

- Utilização de ativos/estratégia de investimento – redução de capital de giro

para sustentar o negócio, melhor utilização da base de ativo fixo e tornar

mais eficaz a utilização de recursos escassos.

Page 17: por - PUC-Rio

12

3.3 PERSPECTIVA DOS CLIENTES

Esta perspectiva traduz a missão e a estratégia da empresa em objetivos

específicos para segmentos focalizados de clientes e mercado. É nesta perspectiva que

as empresas identificam os segmentos de cliente e mercado que desejam competir.

Assim, alinham-se as medidas essenciais de resultado relacionada aos clientes –

satisfação, fidelidade, retenção, captação e lucratividade – aos segmentos específicos de

clientes e mercado.

Devido ao fato dos clientes não serem homogêneos, é necessário que empresa

formule a sua estratégia conforme os segmentos de clientes e mercado que pretende

atacar. Esta seleção deve ser feita, pois ao decidir satisfazer as preferências de todos os

clientes, corre-se o risco de não atender a ninguém de maneira correta.

Phillip Kotler (1999) propõe a identificação do público-alvo após a segmentação

de mercado. Esta segmentação pode ser feita tomando-se como base as principais

variáveis: geográfica, demográfica, psicográfica e comportamental. Para serem úteis, os

segmentos de mercado devem apresentar mensurabilidade, acessibilidade,

substancialidade e operacionalidade. Para escolher o cliente alvo, a empresa deve contar

com três fatores: tamanho e taxa de crescimento, atividade estrutural e objetivos e

recursos da empresa. No primeiro fator, a empresa deverá coletar dados como vendas

correntes, índices de crescimento e lucratividade esperada. Através desta pesquisa,

poderão ser avaliados os segmentos em que valha a pena investir. Para o segundo fator,

a empresa deverá estar avaliando concorrentes, produtos substitutos, poder relativo dos

compradores. Estes fatores afetam a atratividade do segmento a longo prazo. No terceiro

fator, deverá ser analisado se o segmento se insere nos objetivos da empresa e se esta

tem recursos suficientes para entrar neste segmento.

Após a identificação e focalização do segmento de mercado, deve-se cuidar dos

objetivos e indicadores específicos. Segundo Kaplan e Norton, as empresas geralmente

selecionam dois conjuntos de medidas para a perspectiva dos clientes. O primeiro grupo

contém medidas essenciais:

- Participação de mercado: reflete a proporção de negócios num

determinado mercado.

- Retenção de clientes: controla a intensidade com que uma unidade de

negócios mantém relacionamentos contínuos com seus clientes.

- Captação de clientes: mede a intensidade com que a unidade de negócios

conquista novos clientes/negócios.

- Satisfação de clientes: mede o nível de satisfação dos clientes.

Page 18: por - PUC-Rio

13

- Lucratividade de clientes: mede o lucro líquido de clientes ou segmentos.

Essas medidas podem ser agrupadas de acordo com a Figura 2 formando uma

cadeia de relações de causa e efeito.

Participaçãode Mercado

LucratividadeDos Clientes

Satisfação de Clientes

Retenção deClientes

Captação de Clientes

Figura 2 – Medidas essenciais para a Perspectiva dos Clientes

Page 19: por - PUC-Rio

14

A seguir, uma proposta de indicadores para cada medida:

- Participação de Mercado: Participação de mercado com clientes-alvo,

parcela do volume total de compras de clientes-alvo.

- Retenção de Clientes: Percentual de crescimento de negócios realizados

com clientes-alvo.

- Captação de Clientes: Número de novos clientes, volume total de vendas

para novos clientes.

- Lucratividade de Clientes: Avaliação em termos absolutos do lucro/prejuízo

por cliente.

O segundo grupo contempla os atributos que os fornecedores oferecem através

de seus produtos e serviços, para gerar fidelidade e satisfação em segmentos alvo.

Os mais comuns são:

- Atributos dos produtos/serviços.

- Relacionamento com clientes.

- Imagem e reputação.

Os atributos dos produtos referem-se a sua funcionalidade, preço e qualidade.

Cada cliente busca determinado tipo de combinação entre esses fatores. Haverá vezes

em que um cliente estará buscando mais qualidade, mesmo que seja por um preço mais

elevado.

O relacionamento com os clientes refere-se à entrega do produto/serviço ao

cliente, tempo de resposta e entrega e conforto do cliente na compra.

A imagem e reputação estão relacionadas aos fatores intangíveis que atraem um

cliente para a empresa. Portanto, empresas que tentam explorar o atributo da imagem e

reputação definem seu cliente ideal e tentam influenciar o comportamento de compra

através da imagem associada à aquisição de seus produtos ou serviços. Esta influência

se dá basicamente através de publicidade e qualidade dos produtos e serviços

oferecidos.

Uma forma de medir os atributos e listá-los e garantir que o cliente esteja dando

feedback sobre a sua satisfação em relação a estes atributos. O modelo da Figura 3

serve para identificar o índice de satisfação do cliente em cada atributo.

Page 20: por - PUC-Rio

15

Desta forma é possível medir a satisfação por cliente e por critério. Com esta

ferramenta, a empresa identifica mais facilmente o que cada cliente deseja enfatizar.

3.4 PERSPECTIVA DOS PROCESSOS INTERNOS DA EMPRESA

Normalmente, os objetivos e medidas para esta perspectiva são formulados

após o desenvolvimento das perspectivas financeira e do cliente. Através desta

seqüência, é possível focar os processos que conduzirão aos objetivos dos clientes e

acionistas. Para o BSC, é recomendável definir uma cadeia de valor completa dos

processos internos, indo desde o processo de inovação ao serviço pós-venda.

A maioria das empresas não se limita mais a utilizar apenas a análise de

variação de resultados financeiros como método de avaliação e controle. As tendências

reforçam a importância de medir o desempenho dos processos internos, como

atendimento a pedidos, compras, planejamento e controle da produção. Medidas de

custo, qualidade, produtividade e tempo devem ser definidas e avaliadas para estes

processos.

No Balanced Scorecard, os objetivos e medidas para esta perspectiva derivam

de estratégias explícitas, voltadas para o acionista e clientes-alvo.

Kaplan e Norton (1997) constataram que existe uma cadeia de valor genérica

(Figura 4) para servir de modelo na construção da perspectiva dos processos internos.

Este modelo inclui três processos principais:

- Inovação: a unidade de negócios pesquisa as necessidades dos clientes e

depois cria produtos que atendem estas necessidades.

- Operações: produtos e serviços são criados e oferecidos aos clientes.

- Pós-venda: serviço ao cliente após a venda ou entrega do produto ou

serviço.

Figura 3 – Indicadores de satisfação do cliente

Cliente Nível MédioProposta de Valor Critérios A B C D de Satisfação

Atributo do Produto - Funcionalidade 1. Segurança 9 8 10 7 8,5

Atributo do Produto - Pontualidade 2. Cumprimento dos Cronogramas 9 6 9 7 7,8

Atributo do Produto - Pontualidade 3. Apresentação de procedimentos em tempo hábil 8 5 8 5 6,5

Relacionamento 4. Flexibilidade 7 6 9 6 7,0

Atributo do Produto - Preço 5. Inovação para reduzir custos 8 7 9 8 8,0

Índice de Satisfação 8,2 6,4 9,0 6,6 7,6

Page 21: por - PUC-Rio

16

Pelas palavras de Kaplan e Norton (1997), podemos perceber a importância da

inovação para a criação desta perspectiva na Industria Farmacêutica.

“A importância relativa do ciclo de inovação sobre o ciclo operacional torna-se especialmente clara em empresas com longos ciclos de projeto e desenvolvimento, como nos setores farmacêutico, de produtos químicos agrícolas, de software e de equipamentos eletrônicos de alta tecnologia. A partir do momento em que os produtos chegam à fase de produção, as margens operacionais brutas podem se tornar bastante altas. As oportunidades para reduções substanciais de custo também podem ser limitadas. A maioria dos custos incide e é predeterminada durante as fases de pesquisa e desenvolvimento. A importância do processo de inovação nos levou a modificar a “geografia” do Balanced Scorecard, para que o processo de inovação pudesse ser reconhecido como parte integrante da perspectiva dos processos internos.”

O processo de inovação consiste em dois componentes. No primeiro, é feita a

identificação do tamanho do mercado através de pesquisas. Alem do tamanho, também é

pesquisada a natureza das preferências dos clientes bem como pontos de preço para

cada produto ou serviço.

Processo de Serviço Pós-Venda

Processo de Operações

Processo de Inovação

Satisfaçãodas

NecessidadesDos Clientes

Identificação das Necessidades dos Clientes

Identificar o

Mercado

Idealizar Oferta deProdutos /Serviços

Gerar Produtos / Serviços

Entregar Produtos /

Prestar Serviços

Serviços aos

Clientes

Figura 4 – Cadeia de valor genérica

Page 22: por - PUC-Rio

17

O intuito da pesquisa é surpreender os clientes identificando os benefícios que

estes estarão valorizando no dia de amanhã e através do processo de inovação, buscar

maneiras de oferecer os benefícios antes da concorrência.

O segundo componente é o próprio desenvolvimento do produto. Os novos

produtos devem agregar valor aos clientes. Além disso, deve ser feita uma pesquisa para

explorar tecnologias existentes e criar bases para a geração seguinte de produtos e

serviços. Em seguida, deve-se tomar as devidas iniciativas para o desenvolvimento e

lançamento de novos produtos e serviços ao mercado.

As medidas para o primeiro componente do processo de inovação podem ser:

- Percentual de vendas gerado por novos produtos.

- Lançamento de novos produtos versus lançamento dos concorrentes

- Tempo de desenvolvimento da geração de produtos seguinte.

- Quociente do lucro operacional em relação ao custo total de

desenvolvimento.

Pode-se adotar como medidas para o desenvolvimento de produtos:

- Tempo de desenvolvimento.

- Número de vezes que o projeto é modificado.

- Percentual de recursos alocados ao desenvolvimento em relação aos

recursos totais da empresa

Dando continuidade à cadeia de valor, o processo seguinte é o processo de

operações que vai desde o recebimento do pedido do cliente e termina com a entrega do

produto ou prestação de serviço. A influência da gestão da qualidade total e da

competição baseada em tempo levou às empresas a complementarem suas medidas

financeiras tradicionais com medidas de qualidade e do tempo de ciclo.

Para a perspectiva dos processos internos, pode-se adotar como medidas

genéricas as medidas de tempo, qualidade e custo dos processos operacionais. Além

destas medidas, é importante avaliar outras características referentes a estes processos

como, por exemplo, desempenho de serviço.

A última fase da cadeia de valor interna é o serviço pós-venda. Este serviço

engloba garantia e conserto, correção de defeitos e devoluções e processamento dos

pagamentos. As medidas para identificar o desempenho desta fase podem ser as

mesmas da fase anterior: tempo, custo e qualidade de atendimento. Um outro ponto a ser

Page 23: por - PUC-Rio

18

medido é o processo de faturamento e cobrança que pode ser avaliado pelo tempo

decorrido entre a conclusão do projeto e o pagamento final pelo cliente.

3.5 PERSPECTIVA DE APRENDIZADO E CRESCIMENTO

Os objetivos desta pesquisa oferecem a infra-estrutura que possibilita a

execução dos objetivos das outras três perspectivas. O BSC enfatiza a importância de

investir no futuro. Por esta razão, as empresas devem investir em infra-estrutura

(pessoal, sistemas e procedimentos) caso queiram alcançar objetivos ambiciosos de

crescimento financeiro a longo prazo.

De acordo com a experiência de Kaplan e Norton, existem três categorias

principais para a perspectiva de aprendizado e crescimento:

- Capacidade dos funcionários

- Capacidade dos sistemas de informação.

- Motivação, empowerment e alinhamento.

Capacidade dos Funcionários

Com a automatização das rotinas de trabalho, hoje em dia os funcionários estão

sendo contratados para pensar. As idéias que permitem melhorar os processos e

desempenho para os clientes estão vindo cada vez mais das cabeças de funcionários da

linha de frente. A mudança do trabalho braçal para o pensamento exige grande

reciclagem de funcionários para que suas capacidades criativas sejam mobilizadas no

sentido dos objetivos organizacionais.

Existem medidas que auxiliam na confecção de objetivos para os funcionários.

As três medidas essenciais são satisfação, retenção e produtividade dos funcionários. O

ânimo e a satisfação com o emprego são hoje aspectos considerados importantes pela

maioria das empresas. Para que o cliente seja atendido satisfatoriamente, é necessário

que o funcionário também esteja satisfeito.

De acordo com Kaplan e Norton (1997), a satisfação dos funcionários pode ser

medida por:

- Envolvimento nas decisões.

- Reconhecimento pela realização de um bom trabalho.

Page 24: por - PUC-Rio

19

- Acesso a informações suficientes para o bom desempenho da função.

- Incentivo ao uso de criatividade e iniciativa.

- Qualidade do apoio administrativo.

- Satisfação geral com a empresa.

A retenção dos funcionários pode ser medida pela rotatividade de pessoas

enquanto que a produtividade é normalmente avaliada por receita por funcionário.

Capacidade dos Sistemas de Informação

Pra que os funcionários possam trabalhar com eficácia, é necessário ter um

excelente nível de informação sobre os clientes, os processos internos e as

conseqüências financeiras de suas decisões.

Somente com o feedback sobre o produto entregue é possível sustentar

programas de melhoria contínua onde os defeitos sejam constantemente identificados e

eliminados. Serviços de informações excelentes são essenciais para que os funcionários

melhorem os processos

As medidas poderiam ser o percentual de processos que oferecem rápido

feedback sobre qualidade, tempo e custo e o percentual de funcionários que lidam

diretamente com os clientes e têm acesso direto às informações destes.

Motivação, Empowerment e Alinhamento

Para contribuir para o sucesso organizacional, o funcionário deve estar motivado

a fazer o melhor pela empresa. Esta categoria dentro da perspectiva do aprendizado e

crescimento focaliza o clima organizacional para motivação e a iniciativa dos

funcionários.

De acordo com Leon Megginson (1998), existem pelo menos três objetivos da

motivação na administração, cada qual exigindo diferentes abordagens, táticas e

incentivos.

- Encorajar os empregados potenciais a ingressarem na empresa.

- Estimular os empregados a produzir mais ou desempenhar suas funções

com eficácia.

- Encorajar os empregados a permanecerem na empresa.

Page 25: por - PUC-Rio

20

Pelas palavras de Leon Megginson (1998), pode-se concluir a importância da

motivação na administração:

“Os administradores estão continuamente dando origem a respostas positivas ou negativas dos empregados. O desempenho existe quando os administradores conseguem uma resposta positiva; não ocorre quando a resposta é negativa. O ponto principal é saber qual o tipo de ambiente que os administradores podem proporcionar para estimular um desempenho melhor e um desenvolvimento mais eficaz do empregado... Não há duvida que um dos principais desafios nas organizações é melhorar o desempenho dos empregados. Esse desafio foi realçado em um estudo em que se afirmava que menos de um em cada quatro empregados norte-americanos achava que estava dando seu maior potencial. Metade dizia que não se esforçava mais do que o necessário para conservar seu emprego. A grande maioria – 75% - afirmava poder ser muito mais eficiente do que estava sendo.”

Uma das teorias da motivação é a Hierarquia das Necessidades de Maslow.

Esta teoria baseia-se em dois princípios. Em, primeiro lugar, as necessidades humanas

podem ser ordenadas em uma hierarquia de importância, indo dos níveis mais baixos

para as necessidades mais altas, como pode ser visto na Figura 5.

Maslow salienta que as necessidades podem ser classificadas em uma

hierarquia em que uma necessidade é mais importante que as outras, até ser satisfeita,

quando a próxima se torna predominante. Uma vez satisfeita, uma necessidade não

motiva mais o comportamento.

Necessidades Fisiológicas

Necessidades Fisiológicas

Necessidades de Segurança

Necessidades Sociais

Necessidades do Ego

Necessidades de Auto-Realização

Figura 5 – Hierarquia de Necessidades de Maslow

Page 26: por - PUC-Rio

21

Segue abaixo um breve resumo com exemplos para os diferentes níveis da

hierarquia:

- Necessidades Fisiológicas: Primordiais quando não satisfeitas. São

necessidades fisiológicas ou biológicas. Exemplo: respiração, bebida,

alimentação. O empregador pode oferecer: salário, férias, banheiros, ar e

água pura.

- Necessidades de Segurança: Protege contra perigos, ameaças ou

privações. Exemplos são: proteção e estabilidade. O empregador pode

oferecer: desenvolvimento do empregado, boas condições de trabalho,

planos de aposentadoria.

- Necessidades Sociais: Necessidade de associação, aceitação pelo colega.

Exemplos: amizade, sentimento de equipe. O empregador pode oferecer:

clubes, atividades patrocinadas pela empresa.

- Necessidades do Ego: São as necessidades da estima. Exemplo: status,

auto-confiança, salário, apreciação,reconhecimento.

- Necessidades de auto-realização. Procurar executar bem o próprio

trabalho, desenvolver a criatividade. Exemplos: atingir o próprio potencial,

auto-desenvolvimento e crescimento.

Esta teoria deve ser considerada somente como um guia geral visto que é um

conceito teórico e não uma explicação absoluta do comportamento humano.

A motivação dos funcionários pode ser medida através de um questionário.

A iniciativa dos funcionários, estimulada pelo empowerment, pode ser medida

através do número de sugestões por funcionário. Com isto, estará sendo avaliada a

participação dos funcionários na melhoria do desempenho da empresa. Pode-se medir

também o número de sugestões implementadas, onde será possível monitorar a

qualidade destas sugestões.

O alinhamento individual e organizacional determina se as metas dos

departamentos ou indivíduos estão alinhadas com os objetivos da empresa, articulados

no Balanced Scorecard. A medida percentual de funcionários com metas alinhadas ao

scorecard pode ser utilizada neste caso. Um outro exemplo de medida é um questionário

com perguntas do tipo: “Você conhece o Balanced Scorecard da empresa?”, “Você age

de outra maneira em função do scorecard?”.

Page 27: por - PUC-Rio

22

3.6 INTEGRAÇÃO DAS MEDIDAS DO BSC À ESTRATÉGIA

O BSC deve ser mais do que uma combinação de medidas agrupadas em quatro

perspectivas. Deve integrar medidas de resultados com vetores de desempenho através

de relações de causa e efeito. As medidas de resultado são indicadores de ocorrência e

indicam se as iniciativas estão gerando os resultados desejáveis. As medidas dos vetores

de desempenho indicam a tendência, alertando a empresa o que deve ser feito hoje para

criar valor no futuro. Um exemplo dentro da perspectiva financeira pode ser visto na

Figura 6.

3.7 CRIAÇÃO DE UM BALANCED SCORECARD

O primeiro Balanced Scorecard de uma empresa deve ser construído através de

um processo que busque o consenso e clareza sobre como traduzir a missão e a

estratégia da unidade de negócios em objetivos e medidas operacionais. No projeto, será

necessária uma pessoa que estará encarregada de estruturar e ser o facilitador do

processo. Além disso, esta pessoa será responsável por coletar informações básicas

relevantes para a construção do scorecard. Segundo Kaplan (1997), os scorecards

devem representar o pensamento e as energias da equipe executiva da unidade de

negócios. E imprescindível que haja apoio e participação ativa dos altos executivos e a

liderança e comprometimento da cúpula.

Obter o consenso e apoio da alta administração é, portanto, o primeiro passo

para a construção de um Balanced Scorecard. Normalmente, esta não é uma tarefa

difícil, já que a maioria dos executivos percebe a deficiência do uso exclusivo de medidas

financeiras.

Indicadores de Ocorrência Indicadores de Tendência

Indicadores Estratégicos Objetivos Estratégicos

Financeira 1- Melhorar Lucros 2- Reduzir Estrutura de Custos

- Retorno sobre Investimento - Aumento de receita de Custos

- Variedade de produtos geradores de receita

Figura 6 – Exemplo de indicadores da perspectiva financeira

Page 28: por - PUC-Rio

23

Após o início do processo, a equipe executiva deve chegar a um acordo quanto

aos objetivos do projeto. Estes objetivos têm a finalidade de:

- Orientar o estabelecimento de objetivos e medidas para o Balanced

Scorecard.

- Obter consenso entre os participantes do projeto.

- Esclarecer a estrutura para os processos de gestão e de implementação

que decorrem da construção do primeiro scorecard.

A implementação de um scorecard vem de alguma necessidade da organização.

Algumas destas necessidades são:

- Desenvolver uma equipe executiva

- Comunicar a estratégia

- Estabelecer metas estratégicas

- Vincular recompensas a realização dos objetivos estratégicos.

- Sustentar investimentos em ativos intelectuais e intangíveis.

Quando os objetivos e funções futuras do Balanced Scorecard são definidos, a

organização deverá selecionar o líder do projeto, responsável por sua organização,

filosofia, metodologia e desenvolvimento. Mais uma vez, é imprescindível que a alta

administração esteja completamente engajada no projeto, pois dela virá a liderança dos

processos gerenciais associados a utilização do BSC.

O líder, que pode ser chamado de arquiteto, tem as seguintes funções:

- Orientar o processo.

- Supervisionar o cronograma de reuniões e entrevistas.

- Garantir a equipe de projeto a disponibilidade de documentação, material

de leitura e informações competitivas de mercado.

Durante a fase de construção do BSC, o arquiteto deverá também ser capaz de

traduzir opiniões subjetivas e genéricas sobre as estratégias e intenções em objetivos

explícitos e mensuráveis. Adicionalmente, tem a missão de formar a equipe participante e

resolver eventuais conflitos que possam porventura surgir.

Segundo Kaplan e Norton (1997), suas experiências mostram que o arquiteto

costuma ser um alto executivo de áreas de apoio dentro da organização. Não existe uma

Page 29: por - PUC-Rio

24

regra definida. Já foram utilizados diversos perfis profissionais para o gerenciamento e

facilitação do projeto.

Dentre os exemplos citados estão vice-presidente de planejamento estratégico,

vice-presidente de qualidade e controller.

Para facilitar a construção do Balanced Scorecard, Kaplan e Norton sugerem a

implementação seguindo as atividades descritas a seguir.

Atividade 1. Selecionar a unidade organizacional adequada.

Devido a alta diversificação das corporações atuais, a construção de um

scorecard a nível corporativo pode se tornar uma tarefa bastante complicada. A

construção do primeiro scorecard funciona melhor em uma unidade estratégica de

negócios, de preferência que tenha atividades de uma cadeia de valores completa:

inovação, operações, marketing, vendas e serviços. É recomendável que seja uma

unidade onde seja relativamente fácil criar medidas agregadas de desempenho

financeiro. A Figura 7 mostra uma estrutura típica de uma empresa multinacional

organizada hierarquicamente.

O foco do BSC está no Nível 3 de uma organização. Portanto, se a unidade for

muito restrita, ou seja, toda dentro do Nível 3 da Figura 7, poderá ser difícil definir uma

estratégia coerente e independente. Entretanto, os Balanced Scorecards já foram

construídos para diversas organizações complexas. O ponto relevante é se a unidade

organizacional objeto da implementação possui uma estratégia para realizar sua missão.

NÍVEL 2

NÍVEL 1 Corporação

Divisão A Divisão B Divisão C

Unidade 1

Unidade 2

Unidade 3

Unidade 4

Unidade 5

Unidade 6

Unidade 7

Unidade 8

NÍVEL 3

Figura 7 – Diferentes níveis de uma organização

Page 30: por - PUC-Rio

25

Atividade 2. Identificar as relações entre a unidade de negócios e a corporação

Ao selecionar a unidade piloto do projeto, o arquiteto deverá analisar o

relacionamento desta com outras unidades, além da estrutura divisional e corporativa.

Também será papel do arquiteto convocar entrevistas com os principais executivos nos

níveis divisional e corporativo com o objetivo de levantar:

- Os objetivos financeiros estabelecidos para a unidade (crescimento,

lucratividade, fluxo de caixa, volumes de extração)

- Os temas corporativos primordiais (meio ambiente, segurança, qualidade,

relacionamento com a comunidade)

- Relações com outras unidades (clientes comuns, relacionamento entre

fornecedores de clientes internos).

O objetivo deste levantamento é garantir que a unidade onde será implementado

o scorecard desenvolva objetivos e medidas que propiciem a sua otimização as custas de

outra unidade ou de toda a corporação.

Atividade 3. Realizar a primeira série de entrevistas

Após preparar o material básico para o BSC, bem como os documentos sobre a

visão, missão e estratégia da empresa e unidade, o arquiteto deverá fornecer estas

informações a cada alto executivo da unidade de negócios. Além das informações acima,

é necessária a coleta de informações sobre o setor e o ambiente competitivo da unidade,

tendências de tamanho e crescimento do mercado, concorrentes e produtos

concorrentes, preferências de clientes e inovações tecnológicas.

Após a análise do material, os executivos serão entrevistados pelo arquiteto que

ficará encarregado de obter informações sobre os objetivos estratégicos e idéias

preliminares da empresa para as medidas do Balanced Scorecard, abrangendo as quatro

perspectivas. É interessante que o arquiteto utilize as mesmas perguntas para todos os

entrevistados.

Cabe ressaltar que com as entrevistas, cumprem-se objetivos explícitos e

implícitos do projeto. Os explícitos são:

- Comunicar o conceito do Balanced Scorecard.

- Responder às dúvidas.

Page 31: por - PUC-Rio

26

- Obter informações iniciais sobre a estratégia organizacional e

compreender como se traduz em objetivos e medidas para o BSC.

Os objetivos implícitos são:

- Início da indução da empresa a pensar em traduzir estratégias e objetivos

em medidas operacionais tangíveis.

- Conhecer melhor as possíveis preocupações dos participantes em relação

ao desenvolvimento e implementação do scorecard.

- Identificar conflitos potenciais entre os participantes.

Atividade 4. Sessão de síntese

Ao finalizar as entrevistas o arquiteto deve discutir junto aos outros membros do

projeto as respostas obtidas. Desta discussão deverá sair uma relação preliminar de

objetivos e medidas que servirão de base para a primeira reunião com a alta

administração. O resultado final deve ser uma lista e uma classificação de objetivos nas

quatro perspectivas. É importante determinar se a relação destes objetivos está em linha

com a estratégia da unidade de negócios. Os objetivos devem também estar interligados

em relações de causa e efeito.

Atividade 5. Workshop Executivo: Primeira Etapa

A primeira reunião com a alta administração é feita para se chegar a um

consenso em relação ao scorecard. Nesse ponto a missão e a estratégia da empresa são

discutidas até que se chegue a um consenso. Cada objetivo deve ser discutido

individualmente para que se possa identificar pontos fortes e deficiências. Deve-se fazer

uma escolha dentre os objetivos citados identificando os mais importantes.

A equipe executiva deve ser dividida em quatro subgrupos, um para cada

perspectiva. Estes grupos serão liderados por uma pessoa.

Até o final do workshop, os grupos já deverão ter identificado de três a quatro

objetivos para cada perspectiva, uma descrição detalhada para estes além de uma lista

de indicadores para cada objetivo.

Page 32: por - PUC-Rio

27

Atividade 6. Reuniões dos subgrupos.

O arquiteto deverá trabalhar com subgrupos que terão quatro objetivos cada:

- Ajustar os objetivos estratégicos de acordo com as intenções expressas no

primeiro workshop.

- Identificar indicadores que melhor demonstrem a intenção dos objetivos

- Para cada indicador proposto, identificar fontes e ações necessárias para

tornar as informações acessíveis.

- Para cada perspectiva, identificar relações entre os indicadores e entre as

perspectivas.

A partir do momento em que estes objetivos forem alcançados, o arquiteto

poderá dar inicio ao segundo workshop.

Atividade 7. Workshop Executivo: Segunda Etapa

O segundo workshop envolverá a equipe da alta administração, seus

subordinados diretos e gerentes de nível médio. O objetivo é debater a visão, a

estratégia, e os objetivos e indicadores propostos. O resultado das reuniões dos

subgrupos deve ser apresentado por estes aos demais participantes, dando a idéia de

que eles serão os verdadeiros responsáveis pelos objetivos e indicadores. Esta é

também uma boa oportunidade de elaborar um informativo sobre as intenções e o

conteúdo do scorecard a todos os funcionários da unidade de negócios.

Atividade 8. Desenvolver o Plano de Implementação

Os líderes de cada grupo ficarão responsáveis em desenvolver um plano de

implementação para o scorecard abordando maneiras de vincular os indicadores aos

bancos de dados e sistemas de informação. Poderá também ser desenvolvido um novo

sistema de informações executivas vinculando medidas de alto nível às medidas

operacionais.

Atividade 9 . Workshop Executivo: Terceira Etapa

Page 33: por - PUC-Rio

28

Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Atividades I. Arquitetura do Programa de Medição 1. Escolha da Unidade Organizacional 2. Identificação das Relações entre a Unidade e a Corporação

II. Definição dos objetivos estratégicos 3. Entrevistas da Primeira Etapa 4. Sessão de Síntese 5. Workshop Executivo: Primeira Etapa

III. Escolha dos Indicadores Estratégicos 6. Reuniões dos Subgrupos 7. Workshop Executivo: Segunda Etapa

IV. Elaboração do Plano de Implementação 8. Desenvolvimento do Plano de Implementação 9. Workshop Executivo: Terceira Etapa 10. Finalização do Plano de Implementação

Planejamento do Projeto

Entrevistas

Workshop #1

Workshop #2

Subgrupos

Workshop #3

Lançamento do Plano

Esta terceira etapa tem a missão de chegar a uma decisão final em relação à

visão, objetivos e indicadores desenvolvidos nos primeiros workshops. Além disso,

servirá para chegar a um acordo em relação ao plano de implementação e como o

scorecard será comunicado aos funcionários, integrando-o à filosofia da empresa e

desenvolvendo um sistema de informação que “alimente” o scorecard.

Atividade 10. Finalizar o Plano de Implementação

O BSC deve ser integrado ao sistema gerencial da organização. Será necessário

um plano de implementação que, de um modo geral, contempla 16 semanas para a

introdução do scorecard.

Deve ser levada em consideração a disponibilidade dos executivos para realizar

entrevistas, workshops e reuniões de subgrupo.

A Figura 8 ilustra um cronograma típico para a implementação do scorecard.

A presença do arquiteto será marcante no início do processo (até a sexta

semana). Posteriormente, a alta administração deverá assumir mais responsabilidades

pelo desenvolvimento do scorecard.

Fonte: Robert. S. Kaplan, David P. Norton, “A Estratégia em Ação: Balanced Scorecard”, 1997: 323

Figura 8 – Cronograma de implementação do BSC

Page 34: por - PUC-Rio

29

Ao final do cronograma, os executivos da unidade de negócios deverão ter

chegado a um consenso em relação à tradução da estratégia em objetivos e indicadores

específicos para as quatro perspectivas.

Page 35: por - PUC-Rio

30

CAPÍTULO 4 - IMPLEMENTAÇÃO

A proposta de implementação está focada na Unidade Consumo da empresa e

pode posteriormente servir de base para a implementação na Unidade Farmacêutica. Os

projetos são distintos pois cada unidade tem sua estratégia independente.

A Unidade Consumo possui uma cadeia de valores completa, o que facilitará a

implementação do Balanced Scorecard.

Embora a proposta seja para toda a Divisão Consumo da Unidade Brasil, o

projeto piloto será desenvolvido na Diretoria Financeira. Não serão realizadas todas as

entrevistas propostas no referencial teórico, bem como informações de mercado,

concorrentes, etc... A proposta apresentada é apenas um esboço do que seria o BSC na

GlaxoSmithKline e é baseada na seqüência de tarefas apresentada no Referencial

Teórico bem como algumas sugestões propostas pelas Diretorias entrevistadas. No

Capítulo seguinte, serão recomendados os próximos passos a serem tomados com o

objetivo de realizar efetivamente o projeto final de implementação.

O primeiro passo foi uma entrevista com o Diretor Financeiro explicando a

proposta de implementação do scorecard. Neste primeiro contato foi possível coletar os

objetivos financeiros estabelecidos para a unidade. Estes estão descritos abaixo:

- Crescimento de vendas: Crescer 8% durante os próximos quatro anos.

- Aumentar a Margem Bruta: Elevar a margem para 75% em média.

- Tornar a empresa mais rentável: A meta é chegar a 30% de rentabilidade

em relação às vendas. Prazo de quatro anos.

- Excelência Operacional: Reduzir o total de despesas operacionais a 13%

das vendas no mais curto espaço de tempo.

- Redução do nível de estoque: Reduzir o número médio de dias de estoque

para 45 dias.

- Redução do prazo de pagamento: Reduzir o prazo de pagamento dos

clientes para 40 dias em média.

A necessidade maior de implementar a nova ferramenta está no alinhamento dos

objetivos acima à perspectiva do cliente, dos processos internos e do aprendizado e

crescimento.

Page 36: por - PUC-Rio

31

Chegamos à conclusão que a fase do ciclo de vida da GSK é a sustentação, por

ainda obter grandes investimentos em troca de resultados expressivos. Seus índices

estão basicamente relacionados à lucratividade.

O próximo passo foi identificar a estratégia financeira dentro da Unidade

Consumo Brasil. Como esta unidade faz parte de uma região chamada Brasil/Cone Sul,

onde os outros paises participantes (Argentina, Chile, Paraguai, Bolívia e Uruguai) têm

baixa rentabilidade por não possuírem fábricas locais, a estratégia é:

“Tornar-se o país mais lucrativo e rentável dentro da região Brasil/Cone Sul para

dar suporte aos outros países participantes”. Diretor Financeiro, GlaxoSmithKline –

Unidade Consumo.

Com a missão, estratégia e objetivos, foi possível fazer o esboço do “cartão”

financeiro como pode ser visto na Figura 9.

A missão Melhorar a qualidade de vida humana, permitindo que as pessoas façam mais,

sintam-se melhor e vivam mais.

Estratégia Financeira Tornar-se o país mais lucrativo e rentável dentro da região Brasil/Cone Sul para

dar suporte aos outros paises participantes.

Perspectiva Financeira

Tema Estratégico Objetivos Financeiros IndicadoresAumento e mix de receita Crescimento de Vendas de 8% nos

próximos quatro anos- Vendas ano corrente vs. Vendas ano anterior - Percentual de vendas de novos produtos em relação à venda total

Redução de custos / Aumento de Produtividade

Aumentar Margem Bruta para 75% - Percentual de devolução sobre as vendas - Percentual de itens importados no custo dos produtos - Percentual de descontos comerciais sobre o faturamento

Redução de custos / Aumento de Produtividade

Chegar a 30% de rentabilidade nos próximos quatro anos

- Lucro operacional em relação às vendas

Redução de custos / Aumento de Produtividade

Reduzir o total de despesas operacionais a 13% das vendas

- Somatório das despesas de vendas, distribuição, Marketing, Médica e Administrativa em relação às vendas

Utilização dos Ativos Reduzir o número de dias de estoque para 45

- Medição de quantos dias em estoque existem na fábrica

Utilização dos Ativos Reduzir o prazo de pagamento dos clientes para 40 dias

- Medição de quanto tempo o cliente leva para pagar suas dívidas junto à empresa

Figura 9 – Perspectiva Financeira do BSC da GlaxoSmithKline

Page 37: por - PUC-Rio

32

Todos os indicadores propostos na Figura 9 estão concentrados em um mesmo

banco de dados da ferramenta corporativa “JDEdwards”, disponível a todos os

funcionários. Estes dados são facilmente extraídos e poderão ser analisados

mensalmente com facilidade.

No final, todos os objetivos e medidas das outras perspectivas deverão estar

associados à consecução de um ou mais objetivos na perspectiva financeira.

Dando continuidade a atividade quatro do referencial teórico, uma entrevista com

o Diretor Comercial foi realizada com o objetivo de identificar particularidades de clientes

da GlaxoSmithKline e obter um esboço de objetivos e indicadores referentes à

perspectiva dos clientes.

Chegou-se à conclusão de que o foco da empresa são os Distribuidores e

Supermercados, que, segundo o próprio diretor, representam mais de 50% das vendas

da GSK. Como estes clientes costumam comprar em grande quantidade, normalmente

recebem descontos adicionais e diversos benefícios, além de terem seu prazo de

pagamento estendido. De acordo com o Diretor Comercial, na maioria das vezes não é

possível medir se a venda é salutar ou não para a empresa. Como não existem

atualmente efetivas medidas referentes ao cliente, optou-se por incluir no cartão de

clientes, todas as medidas essenciais propostas no referencial teórico.

Desta maneira a perspectiva dos clientes foi montada como mostra a Figura 10.

Perspectiva dos Clientes

Objetivos IndicadoresObter 20% de participação em Distribuidores e 15% em Supermercados

- Parcela da GSK no volume total de comprar do cliente

Aumentar a participação em 5% dentro dos clientes-alvo

- Inserção de novos SKU's nos pedidos dos clientes - Crescimento de negócios realizados com cliente-alvo

Captar pelo menos um novo potencial cliente por mês em cada região do país

- Número de novos clientes captados por região por mês - Percentual de vendas novo cliente sobre total das vendas

Obter índice de satisfação de pelo menos 97% nos clientes alvo e 93% nos outros clientes

- Pesquisa de Satisfação dos Clientes

Fazer com que 85% dos clientes sejam lucrativos e que dentro destes, a rentabilidade seja de pelo menos 25% em relação às vendas

- Avaliação em termos absolutos do lucro/prejuízo por cliente - Cálculo do lucro/prejuízo sobre as vendas

Reduzir o percentual de devolução para no máximo 1,2% por cliente

- Cálculo do valor de devolução sobre total das vendas

Reduzir o prazo de pagamento dos clientes-alvo gradativamnete para 40 dias

- Medição de quanto tempo o cliente leva para pagar suas dívidas junto à empresa

Figura 10 – Perspectiva dos clientes do BSC da GlaxoSmithKline

Page 38: por - PUC-Rio

33

Após a confecção dos dois primeiros scorecards, o passo seguinte é construir o cartão

referente à perspectiva dos processos internos.

Como já mencionado anteriormente, as empresas da Industria Farmacêutica

dependem muito de inovações para que possam oferecer aos clientes novas

possibilidades de melhorarem suas vidas.

Seguindo o modelo proposto por Kaplan e Norton da cadeia de valor genérica,

as primeiras medidas devem ser relacionadas ao processo de inovação.

Em conversa com dois gerentes de marketing, responsáveis por duas das

principais categorias de produto da GlaxoSmithKline, bem como a gerente de pesquisa

de mercado, foi abordada a falta de incentivo e orientação para o desenvolvimento de

novas idéias. A empresa não lança um produto no mercado há mais de quatro anos,

identificado como um dos fatores que levou a GSK a perder market share no mercado

brasileiro.

Medidas de percentual de vendas geradas por novos produtos e lançamento de

produtos concorrentes existem, mas não são o foco da empresa, visto que o

desempenho da unidade de negócios é medido única e exclusivamente pelo resultado

financeiro. Como praticamente não houve mudanças no portfolio da Unidade Consumo

no Brasil, seria interessante medir a quantidade de idéias relacionadas à inovação bem

como a quantidade de idéias que obtiveram êxito. Poderia-se adotar também as medidas

de tempo e custo do processo de desenvolvimento.

Na parte de operações, um ponto importante foi a reclamação de vendedores

quanto a falta de produtos em determinados períodos. Os números de back order são

muito acima da média da própria empresa nos últimos três anos. As causas estariam na

má qualidade do processo e demanda realizado com os gerentes de produto. Ao estimar

baixas unidades de venda para a fábrica, esta não produz o volume suficiente para

atender o mercado que acaba ficando sem o produto. Uma outra causa é a demora no

desembaraço das mercadorias presas no porto do Rio de Janeiro, no caso de matérias-

primas e produto acabado importado. Muitas vezes os níveis de estoque ficam acima dos

objetivos da empresa por conta da previsão em excesso no processo de demanda

(exatamente ao contrário do processo que gera back order). Outro ponto de discussão foi

o alto percentual de devolução de produtos pelos clientes. De acordo com uma pesquisa

interna realizada pelo setor de vendas, 60% dos casos de devolução estão relacionados

à entrega fora do prazo, o que é quase sempre responsabilidade da empresa

transportadora.

Através das informações coletadas acima, chegou-se a um esboço do scorecard

de Processos Internos que pode se observado na Figura 11.

Page 39: por - PUC-Rio

34

Figura 11 – Perspectiva dos processos internos do BSC da GlaxoSmithKline

A perspectiva de aprendizado e crescimento foi discutida com o gerente de

recursos humanos. A idéia de medir a satisfação dos funcionários já existe na empresa.

O primeiro passo seria incorporá-la ao BSC de uma forma mais sofisticada, como

pesquisas mais elaboradas e, ao invés de anualmente, realizá-la trimestralmente.

O desenvolvimento do funcionário também é importante para que a empresa

esteja agregando valor para o futuro. Um meio de desenvolver o funcionário é

proporcionar cursos e treinamentos para cada tipo de setor. O desenvolvimento pode ser

medido pela produtividade após cada treinamento realizado.

Em relação à capacidade dos sistemas de informação, foram identificadas falhas

de comunicação interna e externa. Não existe internamente um sistema onde os

funcionários possam analisar informações de setores da empresa distintos. Cada setor

tem seu próprio sistema e eles não estão interligados. Os problemas externos referem-se

à captação de informações das necessidades dos clientes. É imprescindível para a GSK,

por exemplo, saber o nível de estoque de seus principais clientes. Hoje, os sistemas

instalados não fornecem este tipo de informação e o feedback do cliente não é

satisfatoriamente rápido.

Além de adotar medidas de desempenho dos sistemas instalados, foi

identificada como oportuna a avaliação da motivação dos funcionários bem como a

participação destes nas decisões da empresa. A motivação pode ser medida através de

um questionário procurando identificar em qual posição da hierarquia proposta por

Perspectiva dos Processos Internos

Objetivos IndicadoresFazer um levantamento mensal de ações da concorrência

- Número de lançamentos de novos produtos pelos concorrentes - Percentual de market share perdido por lançamentos da concorrência

Estimular o desenvolvimento de novos produtos

- Percentual de vendas gerados por novos produtos - Percentual do lucro gerado por novos produtos

Reduzir o percentual de material importado bem como produto acabado

- Percentual de itens importados dentro do custo total do produto

Atingir 85% de acuracidade no processo de demanda

- Vendas reais sobre vendas estimadas

Melhorar a qualidade do serviço das transportadoras

- Tempo de entrega vs. Tempo estimado - Índice de devolução por produto com defeito devido ao transporte inadequado

Manter o alto índice de satisfação dos clientes com o canal de atendimento ao consumidor

- Número de perguntas esclarecidas sobre total de perguntas - Número de reclamações resolvidas sobre o número de reclamações

Page 40: por - PUC-Rio

35

Maslow, se concentram as necessidades dos funcionários. Um modelo simples de

perguntas objetivas como a Figura 12 poderia ser adotado.

Para definir quanto os funcionários da GSK estão participando nas decisões da

empresa é possível medir o número de sugestões por funcionário além do número de

sugestões implementadas.

Seguindo a proposta do referencial teórico, seria possível adotar na perspectiva

de aprendizado e crescimento, a medida de funcionários com metas alinhadas ao

Balanced Scorecard, garantindo que ao atingir suas próprias metas individuais, os

funcionários estarão contribuindo para atingir os objetivos da empresa como um todo.

O scorecard de Aprendizado e Crescimento na GSK teria a forma da Figura 13.

Figura 12 – Modelo de questionário para avaliação do grau de motivação dos funcionários

Perspectiva do Aprendizado e Crescimento

Objetivos IndicadoresFazer com que os funcionários trabalhem satisfeitos e com muita motivação

- Pesquisa de satisfação dos funcionários

Estimular o empowerment - Número de sugestões pro funcionário - Número de sugestões implementadas

Desenvolver os funcionários tecnicamente - Número de treinamentos por ano - Produtividade ante e pós treinamento

Alinhar metas pessoais - Percentual de metas individuais atingidas versus percentual de objetivos do scorecard atingido

PERGUNTAS Sim Não Sugestões

1. Você está satisfeito com salário e benefícios oferecidos pela empresa?

2. As condições de higiene do ambiente de trabalho são satisfatórias?

3. Você é reconhecido pelo seu trabalho?

4. Existe sentimento de equipe no seu setor?

5. Você tem muitos amigos na empresa?

6. As atividades informais realizadas pela empresa são de boa qualidade?

Figura 13 – Perspectiva do aprendizado e crescimento do BSC da GlaxoSmithKline

Page 41: por - PUC-Rio

36

Conforme proposto no referencial teórico, estas perspectivas por si só não

representam a idéia do BSC. Elas deveriam estar interligadas por relações de causa e

efeito.

Além das interligações, os scorecards também deveriam apresentar indicadores

de tendência que deveriam ser propostos pela alta administração durante as reuniões

descritas no processo de criação dos scorecards.

Embora não tenha ocorrido no estudo em questão tais reuniões, a Figura 14

mostra como deveria se comportar as relações entre as perspectivas.

Como não houve benchmarking no processo de implementação, não é possível

comparar o esboço do Balanced Scorecard na GSK com o de outras empresas.

Após a finalização do esboço do projeto, foram feitas novas entrevistas com os

gerentes já entrevistados na pesquisa. Todos mostraram-se muito interessados em

concluir o projeto mesmo com as desvantagens que possa proporcionar, como pode ser

visto no capítulo seguinte.

Vale lembrar que não foi desenvolvido o plano de implementação, haja vista que

este depende da aprovação de todos os participantes. Esta aprovação não foi realizada

pois o estudo é apenas um projeto de mudança.

Page 42: por - PUC-Rio

37

Perspectiva FinanceiraObjetivos IndicadoresCrescimento de Vendas de 8% nos próximos quatro anos

- Vendas ano corrente vs. Vendas ano anterior - Percentual de vendas de novos produtos em relação à venda total

Aumentar Margem Bruta para 75% - Percentual de devolução sobre as vendas - Percentual de itens importados no custo dos produtos - Percentual de descontos comerciais sobre o faturamento

Chegar a 30% de rentabilidade nos próximos quatro anos

- Lucro operacional em relação às vendas

Reduzir o total de despesas operacionais a 13% das vendas

- Somatório das despesas de vendas, distribuição, Marketing, Médica e Administrativa em relação às vendas

Reduzir o número de dias de estoque para 45

- Medição de quantos dias em estoque existem na fábrica

Reduzir o prazo de pagamento dos clientes para 40 dias

- Medição de quanto tempo o cliente leva para pagar suas dívidas junto à empresa

Perspectiva do Aprendizado Perspectiva dos ClientesCrescimento Objetivos Indicadores

Objetivos Indicadores

Obter 20% de participação em Distribuidores e 15% em Supermercados

- Parcela da GSK no volume total de comprar do cliente

Fazer com que os funcionários trabalhem satisfeitos e com muita motivação

- Pesquisa de satisfação dos funcionários

Aumentar a participação em 5% dentro dos clientes-alvo

- Inserção de novos SKU's nos pedidos dos clientes - Crescimento de negócios realizados com cliente-alvo

Estimular o empowerment

- Número de sugestões por funcionário - Número de sugestões implementadas

Captar pelo menos um novo potencial cliente por mês em cada região do país

- Número de novos clientes captados por região por mês - Percentual de vendas novo cliente sobre total das vendas

Desenvolver os funcionários tecnicamente

- Número de treinamentos por ano - Produtividade ante e pós treinamento

Obter índice de satisfação de pelo menos 97% nos clientes alvo e 93% nos outros clientes

- Pesquisa de Satisfação dos Clientes

Alinhar metas pessoais - Percentual de metas individuais atingidas versus percentual de objetivos do scorecard atingido

Fazer com que 85% dos clientes sejam lucrativos e que dentro destes, a rentabilidade seja de pelo menos 25% em relação às vendas

- Avaliação em termos absolutos do lucro/prejuízo por cliente - Cálculo do lucro/prejuízo sobre as vendas

Reduzir o percentual de devolução para no máximo 1,2% por cliente

- Cálculo do valor de devolução sobre total das vendas

Reduzir o prazo de pagamento dos clientes-alvo gradativamnete para 40 dias

- Medição de quanto tempo o cliente leva para pagar suas dívidas junto à empresa

Perspectiva dos Processos InternosObjetivos IndicadoresFazer um levantamento mensal de ações da concorrência

- Número de lançamentos de novos produtos pelos concorrentes - Percentual de market share perdido por lançamentos da concorrência

Estimular o desenvolvimento de novos produtos

- Percentual de vendas gerados por novos produtos - Percentual do lucro gerado por novos produtos

Reduzir o percentual de material importado bem como produto acabado

- Percentual de itens importados dentro do custo total do produto

Atingir 85% de acuracidade no processo de demanda

- Vendas reais sobre vendas estimadas

Melhorar a qualidade do serviço das transportadoras

- Tempo de entrega vs. Tempo estimado - Índice de devolução por produto com defeito devido ao transporte inadequado

Manter o alto índice de satisfação dos clientes com o canal de atendimento ao consumidor

- Número de perguntas esclarecidas sobre total de perguntas - Número de reclamações resolvidas sobre o número de reclamações

Figura 14 – Relações entre as perspectivas

Page 43: por - PUC-Rio

38

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Através dos resultados deste estudo, a primeira e mais importante conclusão a

que pode-se chegar é de que realmente o desempenho da Unidade de Consumo da

GlaxoSmithKline no Brasil está sendo subavaliado. O desempenho é medido atualmente

apenas comparando-se o lucro real (antes dos impostos) com o lucro orçado. Desta

maneira, não é considerada a forma como os resultados foram atingidos e sim, o simples

alcance de uma meta financeira. O bônus anual é pago em virtude do cumprimento desta

meta. Mais uma vez, não há uma avaliação de como esta meta foi cumprida.

Como o Balanced Scorecard implementado, a GlaxoSmithKline terá como medir

não só os resultados financeiros mas também os resultados intangíveis, como por

exemplo satisfação dos funcionários, satisfação do cliente, capacidade de desenvolver

novos produtos. Todas essas medidas são desconsideradas no modelo de avaliação

atual. Entretanto, como já foi visto anteriormente, são imprescindíveis para uma empresa

manter-se competitiva.

Como todo projeto, existem vantagens e desvantagens que deverão ser

analisadas previamente pela alta administração.

Dentre as vantagens do Balanced Scorecard, pode-se destacar:

- Complemento de medidas financeiras do desempenho passado por

medidas que impulsionam o desempenho futuro.

- Incorpora aos indicadores financeiros tradicionais um conjunto de medidas

mais genérico e integrado que vincula o desempenho sob a ótica dos

clientes, processos internos, funcionários e sistemas ao sucesso financeiro

a longo prazo.

- Esclarece e traduz a visão e a estratégia.

- Comunica e associa objetivos e medidas estratégicas.

- Melhora o feedback e o aprendizado estratégico.

- Alinha metas departamentais e pessoais à estratégia.

As desvantagens que devem ser levadas em consideração são:

- A necessidade do total comprometimento da alta administração.

- Dificuldade em mobilizar toda a organização.

Page 44: por - PUC-Rio

39

- Os custos relacionados à implementação, como consultoria e treinamento,

podem ser maiores do que o disponível no orçamento da empresa.

- O projeto pode não ser concluído satisfatoriamente.

- Pode demandar novas tecnologias.

- Pode haver resistência de alguns setores.

- O programa de implementação pode se tornar muito extenso devido à falta

de tempo para se comprometer com o projeto.

As vantagens e desvantagens devem ser consideradas e equilibradas pela alta

administração.

No caso da decisão de implementar a ferramenta, o ideal seria contratar uma

consultoria externa e realizar um treinamento com os participantes-chave do processo.

Esta consultoria ajudaria na criação e implementação dos Scorecards.

Uma outra idéia, que modificaria o sistema de avaliação da empresa, seria

incorporar o scorecard ao sistema de pagamento de bônus. Uma das recompensas da

GSK é o bônus, caso a empresa atinja o lucro orçado no período de um ano. Entretanto,

os esforços pessoais e departamentais, bem como as outras medidas do Balanced

Scorecard, como satisfação do cliente, desenvolvimento de produtos dentre outras, não

são avaliados.

O BSC deveria servir de base para o orçamento anual onde cada perspectiva

teria uma participação. Seria orçada uma média mínima e a pontuação geral no período

de um ano deveria exceder esta média. As médias poderiam ser estipuladas por setor

fazendo com que cada um se esforçasse ao máximo para atingir seus objetivos. Como no

BSC as metas departamentais e pessoais estão alinhadas ao objetivo maior da empresa,

este seria atingido caso todos pontuassem acima da média orçada.

Enfim, existem diversas idéias relacionadas à implementação do Balanced

Scorecard que poderão ser discutidas após a decisão de implementá-lo. Este trabalho

serve como suporte para iniciar a discussão de um projeto de criação de Balanced

Scorecard na GlaxoSmithKline e posteriormente em outras indústrias farmacêuticas.

Page 45: por - PUC-Rio

40

CAPÍTULO 6 - BIBLIOGRAFIA

KAPLAN, Robert S., NORTON, David P. A Estratégia em Ação – Balanced Scorecard.

13. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

MEGGINSON, Leon C., MOSLEY, Donald C., PIETRI JR., Paul H. Administração –

Conceitos e Aplicações. 4. ed. São Paulo: Harbra,1998.

KOTLER, Philip, ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 7. ed. Rio de Janeiro:

LTC, 1999.

MASLOW, Abraham H. Maslow no Gerenciamento. 3. ed. Rio de Janeiro: Quality Mark,

2001.

VERGARA, Sylvia C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 2. ed. São

Paulo: Atlas, 1998.

MARTINS, Gilberto de A., Manual para Elaboração de Monografias e Dissertações. 2. ed.

São Paulo: Atlas, 1994.