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RELATÓRIO Nº 201602686 Pavimentação e Drenagem Pluvial (Ação 1D73), em Sidrolândia/MS Demanda do Ministério Público Estadual para fiscalização da aplicação de recursos federais do Programa 0310 – Gestão da Política de Desenvolvimento Urbano / Ação 1D73, referente às obras/serviços financiados pelo Contrato de Repasse nº 0332.492-69, entre o Ministério das Cidades/Caixa e a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, no Estado do Mato Grosso do Sul. POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO? A ação de controle foi desenvolvida em função de situações presumidamente irregulares em processos licitatórios e na execução de contratos para elaboração de projetos de Engenharia (Processo nº 2591/2010) e de Obras de Pavimentação Asfáltica e Drenagem Pluvial (Processos nº 3504/2011 e nº 4068/2011), no município de Sidrolândia/MS. CONCLUSÕES ALCANÇADAS Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos públicos não está adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores, com destaque aos seguintes apontamentos: i) Restrição ao caráter competitivo na realização das licitações; ii) Obras paralisadas; iii) Sobrepreço de R$ 35.810,68, referente à planilha orçamentária contratada na Tomada de Preços nº 09/2011; iv) Superfaturamento de R$ 19.160,58 decorrente de pagamentos de serviços com preços superiores aos de mercado; v) Superfaturamento de R$ 50.396,35 por pagamentos de serviços não executados; vi) Retenção indevida de IRPJ no valor de R$ 10.298,83; vii) Potencial perda de serviços executados de pavimentação asfáltica. Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU

POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO? - auditoria.cgu.gov.br · de pavimentação asfáltica. Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU . Secretaria

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RELATÓRIO Nº 201602686

Pavimentação e Drenagem Pluvial (Ação 1D73), em Sidrolândia/MS

Demanda do Ministério

Público Estadual para

fiscalização da aplicação de

recursos federais do

Programa 0310 – Gestão da

Política de Desenvolvimento

Urbano / Ação 1D73,

referente às obras/serviços

financiados pelo Contrato de

Repasse nº 0332.492-69,

entre o Ministério das

Cidades/Caixa e a Prefeitura

Municipal de Sidrolândia, no

Estado do Mato Grosso do

Sul.

POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO?

A ação de controle foi desenvolvida em função

de situações presumidamente irregulares em

processos licitatórios e na execução de

contratos para elaboração de projetos de

Engenharia (Processo nº 2591/2010) e de

Obras de Pavimentação Asfáltica e Drenagem

Pluvial (Processos nº 3504/2011 e nº

4068/2011), no município de Sidrolândia/MS.

CONCLUSÕES ALCANÇADAS

Com base nos exames realizados, conclui-se

que a aplicação dos recursos públicos não está

adequada e exige providências de

regularização por parte dos gestores, com

destaque aos seguintes apontamentos:

i) Restrição ao caráter competitivo na

realização das licitações;

ii) Obras paralisadas;

iii) Sobrepreço de R$ 35.810,68, referente à

planilha orçamentária contratada na

Tomada de Preços nº 09/2011;

iv) Superfaturamento de R$ 19.160,58

decorrente de pagamentos de serviços

com preços superiores aos de mercado;

v) Superfaturamento de R$ 50.396,35 por

pagamentos de serviços não executados;

vi) Retenção indevida de IRPJ no valor de

R$ 10.298,83;

vii) Potencial perda de serviços executados

de pavimentação asfáltica.

Ministério da Transparência, Fiscalização e

Controladoria-Geral da União - CGU

Secretaria Federal de Controle Interno

Unidade Examinada: SIDROLANDIA PREF GABINETE DO PREFEITO

Introdução

1. Introdução Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida em função de situações presumidamente irregulares, ocorridas no município de Sidrolândia/MS, apontadas à Controladoria-Geral da União - CGU, que deram origem ao Processo nº 00211.000179/2016-95. A fiscalização teve como objetivo analisar demanda do Ministério Público Estadual sobre supostas irregularidades na execução licitatória e contratual decorrente do Convite nº 35/2010 e das Tomadas de Preços nº 09/2011 e nº 10/2011 realizadas pela Prefeitura de Sidrolândia/MS, identificando eventuais práticas de direcionamento licitatório e de sobrepreço e superfaturamento nas contratações; além da efetiva entrega dos objetos contratados dentro de suas especificações. A execução financeira das duas primeiras licitações decorreu de fonte integralmente municipal, e a última foi financiada pelo Contrato de Repasse nº 0332.492-69/2010/MINISTÉRIO DAS CIDADES/CAIXA, firmado em 30 de dezembro de 2010 entre o Governo Federal – por intermédio do Ministério das Cidades representado pela Caixa Econômica Federal (CEF) – e a Prefeitura Municipal de Sidrolândia/MS. Os trabalhos de campo foram realizados no período de 22 de setembro de 2016 a 04 de novembro de 2016 sobre a aplicação de recursos federais do Programa 0310 - Gestão da Política de Desenvolvimento Urbano / Ação 1D73 - Apoio à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano no município de Sidrolândia/MS.

Relatório de Demandas Externas Número do relatório: 201602686

Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e registros fotográficos e análise documental. Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados, por meio do Ofício nº Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016, embora não tenham se manifestado até a data deste relatório. O escopo dos exames incluiu a (i) avaliação quanto ao envio do Relatório de Operação para o Ministério das Cidades; (ii) avaliação dos editais de licitação e (iii) inspeção física para avaliar a situação das obras. 1.1. Informações sobre a Ação de Controle

Ordem de Serviço: 201602686 Número do Processo: 00211.000179/2016-95 Município/UF: Sidrolândia/MS Órgão: MINISTERIO DAS CIDADES Instrumento de Transferência: Convênio - 741226 Unidade Examinada: SIDROLANDIA PREF GABINETE DO PREFEITO Montante de Recursos Financeiros: R$ 1.381.700,69

2. Resultados dos Exames Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito responsável pela tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela existência de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria. 2.1 Parte 1 Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.

2.2 Parte 2 Nesta parte, a competência primária para adoção de medidas corretivas dos fatos apresentados a seguir pertence ao executor do recurso federal descentralizado. Esclarece-se que as situações relatadas são decorrentes de levantamentos necessários à adequada contextualização das constatações relatadas na primeira parte.

Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de recursos federais, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas ministeriais. Destinam-se, ainda, para ciência dos Órgãos de Defesa do Estado com vistas à tomada de providências no âmbito das respectivas competências. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das providências saneadoras relacionadas a estas constatações.

2.2.1. Convite nº 35/2010. Restrição ao caráter competitivo em licitação para contratação de serviços de elaboração de projetos técnicos de engenharia. Fato Trata-se de análise documental com o objetivo de se verificar a legalidade do processo licitatório, identificando-se eventual restrição à competitividade e prática de conluio. Para a consecução da presente ação de controle, procedeu-se à análise do Convite nº 35/2010 (Processo n° 2591/2010) realizado pela Prefeitura de Sidrolândia/MS, cujo objeto era contratação de empresa para execução de Projetos de Engenharia de interesse da Secretaria Municipal de Administração, sendo utilizados recursos próprios do Município, conforme consta na Nota de Empenho nº 2875, de 03 de maio de 2010, em favor da empresa Visão Engenharia Ltda., vencedora do certame. Constatou-se pela análise do processo nº 2591/2010 que se tratavam de Projetos Engenharia de Pavimentação Asfáltica do Bairro Cascatinha, da Rua Antero Lemes e do Bairro Sol Nascente, que possuem relação com o objeto das Tomadas de Preços nº 03/2011, 09/2011 e 10/2011. Segundo a ata de julgamento de documentações e proposta do Convite nº 35/2010, de 27 de abril de 2010, participaram três empresas, sagrando-se vencedora a empresa Visão Engenharia Ltda.

Quadro – Empresas participantes do Convite nº 35/2010 Empresas CNPJ Proposta (R$) Visão Engenharia Ltda. 10.392.193/0001-27 93.128,00 Construtora Rio Negro Ltda. 04.536.530/0001-00 93.840,00 Ateliê Comunicação, Arquitetura e Design Ltda. 33.774.886/0001-80 95.250,00 Fonte: Processo nº 2591/2010 Da análise do referido processo, constataram-se as seguintes impropriedades: a) Definição insuficiente e imprecisa do objeto licitado, comprometendo o caráter competitivo do certame. O edital do Convite nº 35/2010, subscrito pelo Presidente da Comissão Permanente de Licitações (CPF: ***.028.961-**), contém a seguinte descrição do objeto, em seu item 01:

“1.1. O objeto do presente Convite é a contratação de empresa para a execução de Projetos de Engenharia, conforme Relação anexa, parte integrante do Edital,

para atender as necessidades da Secretaria Municipal de Administração” (original sem grifo).

Contrariando o art. 40, inciso I, da Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, constatou-se a descrição deficiente do objeto licitado com falta de clareza do que se está contratando, haja vista, por exemplo, a existência de diversas especialidades de Projetos de Engenharia, tais como Projetos de Pavimentação, Drenagem, Arquitetônico, Estrutural, dentre outros. Ademais, a relação anexa, citada no item 1.1 do edital, constante na fl. 12 do processo, não esclarece o tipo de projeto a ser desenvolvido pelos licitantes interessados em participar do certame – se apenas projeto básico ou também projeto executivo. A mencionada relação anexa refere-se a formulário de elaboração das propostas dos licitantes, o qual não contém o detalhamento dos serviços a serem realizados, quais levantamentos técnicos e estudos preliminares a serem implementados, previsão da existência ou não de anteprojeto, nem as especificações técnicas básicas, minimamente necessárias para se determinar o objeto a ser projetado, tais como tipo de empreendimento (edificação, pavimentação etc.), suas dimensões gerais, níveis de acabamento, de qualidade e de desempenho etc., de modo que o licitante tivesse condições de elaborar a proposta de preços. A definição precisa e suficiente do objeto licitado é condição indispensável ao caráter competitivo licitatório.

“A definição precisa e suficiente do objeto licitado constitui regra indispensável da competição, até mesmo como pressuposto do postulado de igualdade entre os licitantes, do qual é subsidiário o princípio da publicidade, que envolve o conhecimento, pelos concorrentes potenciais das condições básicas da licitação. Na hipótese particular da licitação para compra, a quantidade demandada e essencial a definição do objeto do pregão” (original sem grifo). - Súmula TCU 177

b) Ausência de valor estimado/orçado da licitação

Em análise do processo nº 2591/2010, constatou-se a inexistência de informações sobre o valor estimado da licitação, bem como a inexistência de pesquisas de preços no mercado ou outro método que estimasse os preços de execução dos projetos para, por exemplo, determinar a modalidade licitatória a ser utilizada, conforme previsão da alínea “a” do inciso I do artigo 23 da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993:

“Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia:

a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);”

Neste sentido, o Tribunal de Contas da União possui vasta jurisprudência sobre a obrigatoriedade da realização de ampla pesquisa de mercado para balizar os preços orçados:

“Realize ampla pesquisa de preços no mercado, a fim de estimar o custo do objeto a ser adquirido, anexando-a respectivo processo licitatório, de acordo com os arts. 7º, § 2º, II, e 43, IV, da Lei no 8.666/1993”. - Acórdão TCU 2479/2009 Plenário

“Realize pesquisa de mercado com fornecedores suficientes, de forma a possibilitar estimativa correta dos valores a serem contratados e a compatibilidade dos preços propostos com os praticados no mercado, conforme disposto nos arts. 43, inciso IV, e 48, inciso II, da Lei no 8.666/1993”. - Acórdão TCU 2432/2009 Plenário

A inexistência de valor orçado pela Administração tornaria, ainda, inviável a aplicabilidade do item 3.3 do edital que dispõe sobre a inexequibilidade de propostas de preços:

“3.3. Serão desclassificadas as propostas que tenham sido feitas em desacordo com as disposições do presente Convite, bem como as que contemplem preços manifestamente inexequíveis, assim como não serão consideradas quaisquer ofertas de vantagens não previstas neste Instrumento Convocatório” (original sem grifo).

De acordo com o §1º do artigo 48 da Lei 8666 de 21 de junho de 1993 a inexequibilidade de propostas de preços para serviços de engenharia é determinada com base no valor orçado pela Administração. Desta forma, a inexistência de valor orçado pela Administração, tornou inviável a aplicabilidade do §1º do artigo 48 da Lei nº 8666 e, consequentemente, do item 3.3 do edital de licitação:

“§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso de licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores: (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)

a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela administração, ou (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)

b) valor orçado pela administração” (original sem grifo). Ademais, deve-se destacar a improvável proximidade entre os valores das propostas das empresas, tanto no aspecto global quanto unitário, uma vez que a variação entre o saldo das menores e das maiores propostas unitárias apresentadas é de apenas 3%, ao se considerar nesse caso a definição incerta do objeto licitado associada à ausência de orçamento prévio no processo como eventual referência de preço.

Tabela – Comparativo entre as propostas de preços

Item Projetos Visão Rio Negro Atelie menor Maior (M-m)/m %

1 Barragem Parque do Vacaria 8.500,00 8.700,00 8.750,00 8.500,00 8.750,00 3%

2 Cascatinha 18.000,00 18.100,00 18.100,00 18.000,00 18.100,00 1%

3 Antero Lemes 5.775,00 6.000,00 6.000,00 5.775,00 6.000,00 4%

4 Jardim das Paineiras 4.950,00 5.000,00 5.100,00 4.950,00 5.100,00 3%

5 Pindorama 6.480,00 6.500,00 6.400,00 6.400,00 6.500,00 2%

6 Av. Dorvalino dos Santos 5.980,00 6.000,00 6.800,00 5.980,00 6.800,00 14%

7 Lauro Muller 7.025,00 7.000,00 7.000,00 7.000,00 7.025,00 0%

8 Sol Nascente 16.290,00 16.300,00 16.300,00 16.290,00 16.300,00 0%

9 São Bento I 6.838,00 6.840,00 7.100,00 6.838,00 7.100,00 4%

10 São Bento II 8.400,00 8.500,00 8.500,00 8.400,00 8.500,00 1%

11 Jardim das Paineiras 4.890,00 4.900,00 5.200,00 4.890,00 5.200,00 6%

93.128,00 93.840,00 95.250,00 93.023,00 95.375,00 3%

Fonte: Processo nº 2591/2010

c) Ausência de definição do regime de execução dos serviços licitados

Em análise ao edital de licitação, constatou-se que não houve determinação do regime de execução para realização dos serviços de engenharia objeto da licitação, infringindo o caput do art. 40 da lei 8666, de 21 de junho de 1993:

“Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:”

Neste sentido, constatou-se, ainda, que o Contrato firmado com a empresa Visão Engenharia Ltda., cuja minuta não integrou o edital (em desacordo com o art. 40, §2º, III, Lei 8666, de 21 de junho de 19993), não definiu o regime de execução, em afronta ao inciso II do artigo 55 da Lei 8666, de 21 de junho de 1993:

“Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:

(...)

II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;”

d) Ausência de planilha de composição dos custos unitários e demonstração do BDI por parte dos licitantes

Em análise aos autos do processo nº 2591/2010, não foram identificadas planilhas detalhadas que expressassem a composição de todos os custos unitários, conforme determina

o inciso II, do § 2º, do art. 7º, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, nem o detalhamento do BDI - Bonificação e Despesas Indiretas. As empresas participantes do certame, por sua vez, não apresentaram o detalhamento dos custos de suas propostas, bem como do BDI.

Nesse sentido, o entendimento do Tribunal de Contas da União, pode ser verificado no âmbito do Acórdão nº 375/2009 – Segunda Câmara:

“[...] 9.2.4. observe em atenção ao art. 7°. §2°, inciso II, da Lei 8.666 de 1993, que as obras e os serviços somente poderão ser licitados quando existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários, devendo essa exigência ser feita aos licitantes para que apresentem em sua proposta as composições detalhadas de todos os custos unitários, incluída aí a composição analítica do BDI utilizado” (original sem grifo).

e) Exigência de visto do CREA/MS no registro do CREA apresentado pelas licitantes sediadas em outras unidades da federação.

Foi consignada no item 4.1.4 do edital a exigência de que as empresas licitantes com sede em outras Unidades da Federação apresentassem, como requisito de habilitação, a Certidão de Registro junto ao respectivo CREA, com a formalização do visto no CREA/MS, conforme transcrito abaixo:

“4.1.4 Certidão atualizada de registro de pessoa jurídica, expedida pelo Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia -CREA-MS ou por ele vistado quando se tratar de CREA de outra região, em se tratando de Empresa de Engenharia.”

Tal exigência é ilegal, pois a empresa só deveria possuir inscrição no Conselho Regional de Engenharia do Estado onde executará a obra (nesse caso, CREA/MS) se fosse vencedora do certame licitatório e, em decorrência disso, assinasse o contrato de execução da obra. Portanto, a cláusula exigida obsta a participação de empresas de outros estados, que teriam que cumprir um item desnecessário, que traria custos financeiros adicionais para apenas apresentarem as suas propostas.

No mesmo sentido, o Tribunal de Contas da União corrobora esse posicionamento, conforme demonstram os excertos dos Acórdãos abaixo transcritos:

“9.2.1. a comprovação de inscrição, junto a órgão de fiscalização profissional do local em que o serviço será prestado, só deve ser exigida por ocasião da contratação da licitante vencedora, sendo indevida tal exigência na fase de habilitação;”

Acórdão nº 703/2007 – Plenário

“(...)

Observe, na contratação de obras e serviços contemplados com recursos federais, o disposto na Lei nº 8.666/1993 e na jurisprudência do TCU, especialmente quanto a possibilidade de comprovação:

(...)

• do visto do conselho regional com jurisdição no local da obra (art. 69 da Lei Nº 5.194/1966) apenas pela empresa vencedora do certame, quando de sua contratação.”

Acórdão nº 1823/2009 Plenário

“(...)

A respeito desse ponto, relembro que este Tribunal tem jurisprudência firme no sentido de que a exigência de registro ou visto no CREA do local de realização da obra licitada somente dar-se-á no momento da contratação. Nessa linha, cito as Decisões Plenárias 279/1998 e 348/1999, o Acordão 979/2005-Plenario e o Acordão 992/2007-Primeira Câmara.

O entendimento do Tribunal fundamenta-se no principio constitucional da universalidade de participação em licitações, impondo-se ao ato convocatório o estabelecimento de regras que garantam a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, vedadas cláusulas desnecessárias ou inadequadas que restrinjam o caráter competitivo do certame.

Dessa forma, entendo que o dispositivo contido na Lei 5.194/66 não pode prevalecer diante do texto constitucional, em especial o art. 37, inciso XX I, e da Lei 8.666/1993 (art. 30, inciso I). Até porque é competência privativa da União legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, nos termos expressos no art. 22, inciso XX VII, da Carta Magna.”(original sem grifo)

Acórdão nº 772/2009 Plenário (Voto do Ministro Relator)

f) Exigência de alvará de funcionamento sem especificação do fundamento legal Em análise ao item 4.1.3 do edital do convite, constatou-se a exigência de alvará de funcionamento expedido pelo Município do Licitante, entretanto a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, ao tratar da documentação para habilitação jurídica, condiciona a exigência de autorização de funcionamento às atividades que a exigem. No caso em tela, não consta o embasamento legal sobre a necessidade de autorização de funcionamento para empresas que realizam Projetos de Engenharia:

“Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá em:

(...)

V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir.”(original sem grifo)

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.2. Convite nº 35/2010 - Favorecimento à empresa contratada mediante a realização de pagamento sem cobertura contratual e de pagamento antecipado. Fato Trata-se de análise documental com o objetivo de se verificar a legalidade do processo licitatório, identificando, quando for o caso, a ocorrência de restrição à competitividade e a prática de conluio. Para a consecução da presente ação de controle, procedeu-se à análise do Convite nº 35/2010 (Processo n° 2591/2010), cujo objeto era contratação de empresa para execução de Projetos de Engenharia para atender as necessidades da Secretaria Municipal de Administração. a) A Nota de Empenho em favor da empresa Visão Engenharia foi emitida em data anterior a homologação do processo licitatório. Constatou-se que a Prefeitura de Sidrolândia/MS emitiu a Nota de Empenho nº 2875, com data de 03 de maio de 2010, em favor da empresa Visão Engenharia Ltda., embora o certame licitatório só viesse a ser homologado em 05 de maio de 2010.

Fonte: Processo nº 2591/2010

Neste caso, nota-se que a Prefeitura Municipal emitiu empenho à empresa licitante antes da homologação do certame, sem aguardar eventuais recursos a serem interpostos pelas outras licitantes, fato este que sinalizaria potencial ocorrência de conluio entre as participantes da licitação, convidadas pela própria Prefeitura Municipal. b) Realização de pagamento sem cobertura contratual Constatou-se que a Prefeitura de Sidrolândia/MS realizou o pagamento de R$ 37.700,00, em favor da empresa Visão Engenharia Ltda., por meio de depósito de cheque na data de 17 de junho de 2010. Entretanto, o Contrato nº 149/2010 foi assinado em 20 de setembro de 2010, e os serviços foram entregues pela Coordenadoria de Planejamento Estratégico em 13 de abril de 2011, demonstrando que foi realizado pagamento sem cobertura contratual dos serviços executados.

Fonte: Processo nº 2591/2010

c) Realização de pagamento antecipado em relação à efetiva prestação dos serviços Constatou-se que a Prefeitura de Sidrolândia/MS realizou o pagamento pela execução do projeto do Jardim das Paineiras, no valor de R$ 4.890,00, em 17 de junho de 2010, conforme Ordem de Pagamento nº 7465, de 15 de junho de 2010, referente a Nota Fiscal nº 01, de 17 de maio de 2010, entretanto os serviços foram entregues pela Coordenadoria de Planejamento Estratégico em 13 de abril de 2011, demonstrando que foi realizado o pagamento antecipado pela execução dos serviços:

Fonte: Processo nº 2591/2010

Assim, de antemão, já se pode afirmar que a antecipação de pagamento pela Administração Pública antes da efetiva prestação dos serviços contratados por ela encontra óbice nas disposições contidas nos arts. 62 e 63 da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, in verbis:

“Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação. Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. § 1° Essa verificação tem por fim apurar: I - a origem e o objeto do que se deve pagar; II - a importância exata a pagar; III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.

§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base: I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II - a nota de empenho; III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço. ”

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.3. Tomada de Preços nº 09/2011. Direcionamento à empresa contratada mediante a inclusão de cláusulas restritivas no edital de licitação. Fato Trata-se de análise documental com o objetivo de se verificar a legalidade do processo licitatório, identificando-se eventual restrição à competitividade e prática de conluio. Para a consecução da presente ação de controle, procedeu-se à análise da Tomada de Preços n° 09/2011 (Processo n° 3504/2011), cujo objeto era a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública, no valor estimado de R$874.200,02, julgada conforme tipo licitatório menor preço e critério de julgamento global, objetivando a contratação de empresa para execução de obra, pelo regime de empreitada por preço unitário, para execução de 16.5537,51 m² de Pavimentação Asfáltica e 4.958,26 m de Meio Fio e Sarjeta no Bairro Cascatinha II, Município de Sidrolândia/MS. O julgamento do certame licitatório ocorreu às dez horas do dia 09 de junho de 2011, sagrando-se vencedora a única participante do certame, a empresa Policon Engenharia Ltda. (CNPJ: 01.446.024/0001-31), com a proposta no valor de R$ 874.200,06. Em análise à Tomada de Preços nº 09/2011, constataram-se as seguintes impropriedades: a) Vedação ilegal à participação de empresas sem cadastro de fornecedores do município.

Analisando-se o edital da TP nº 09/2011, constatou-se que o Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**, fez constar indevidamente do item 2.1.2 do instrumento convocatório a obrigatoriedade de cadastramento prévio pelas licitantes para sua participação no processo licitatório:

“2.1 – Poderão participar desta Tomada de Preços as empresas: (...) 2.1.2 – Que estejam Cadastradas no Sistema de Cadastro de Prestadores de Serviços desta Prefeitura, ou venham a se cadastrar até 72 (setenta e duas horas) da data de abertura desta Tomada de Preços, e mediante apresentação dos documentos relacionados no subitem 3.1 deste Edital.” (original sem grifo) O item 2.1.2 do Edital exige o efetivo cadastramento das empresas interessadas na Prefeitura Municipal de Sidrolândia/MS - PMS, enquanto que a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, determina apenas que as empresas não cadastradas apresentem todas as documentações exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data de entrega das propostas, não sendo necessária para sua participação na licitação a emissão de certidão cadastral pela Prefeitura, mas apenas termo ou protocolo de comprovação de recebimento daqueles documentos, o qual substituirá as documentações que seriam apresentadas no envelope de habilitação da licitante não cadastrada, conforme art. 22 daquela Lei e entendimento do Tribunal de Contas da União em seu Acórdão 649/2006 - Segunda Câmara, a saber:

“Art. 22. São modalidades de licitação: [...] § 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. [...] § 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administração somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível com o objeto da licitação, nos termos do edital” (original sem grifo). “Institua, no processamento de licitações na modalidade de tomada de preços, a apresentação simultânea de dois envelopes, um com a proposta e o outro contendo a documentação de habilitação (inscrição no cadastro de empresas ou comprovação da apresentação de documentos exigidos para o cadastramento até o terceiro dia anterior à data de entrega das propostas), de tal forma a assegurar-se que os licitantes não terão conhecimento prévio do resultado da fase de habilitação do certame, antes de apresentar as propostas”. - Acórdão TCU nº 649/2006 - Segunda Câmara (original sem grifo).

Dessa forma, é suficiente às empresas não cadastradas que apresentem suas documentações habilitatória até o terceiro dia anterior ao da sessão de julgamento, não se exigindo dessas licitantes a apresentação de certidão cadastral, cujos procedimentos para emissão poderiam ser atrasados pela própria repartição cadastradora ao ponto de inviabilizar a participação daquelas empresas no processo licitatório

Por fim, em análise ao processo licitatório, constatou-se a inexistência do cadastro da empresa Policon Engenharia Ltda., embora o edital tenha exigido que as empresas participantes estivessem cadastradas no Sistema de Cadastro de Prestadores de Serviços da Prefeitura de Sidrolândia/MS ou que se cadastrassem até 72 horas da data de abertura da Tomada de Preços. A inexistência de comprovantes de cadastro da empresa vencedora, demonstra que houve favorecimento à empresa Policon Engenharia Ltda. b) Exigência indevida de apresentação do comprovante de recolhimento da taxa de fornecimento do edital como documento de habilitação das licitantes. No caso da disponibilidade do edital o princípio da Publicidade se materializa na Lei da seguinte forma:

“Art. 21 - Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez: (...) § 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas as informações sobre a licitação.” (original sem grifo) “Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor da administração ou publicação em órgão da imprensa oficial. (...) § 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata este artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado, com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida.” (original sem grifo)

O texto da Lei deixa claro que o edital deverá estar à disposição em local que todos os interessados possam ler. Portanto, para se conhecerem os detalhes da íntegra do edital não pode ser exigido o pagamento de nenhum valor, com exceção dos custos de reprodução do edital, para disponibilização de cópia a cada um dos interessados. A Lei deixa claro que o edital deverá estar à disposição para consulta e leitura, sendo que o pagamento de taxa de edital só será obrigatório quando e se o interessado solicitar cópia impressa do mesmo. Assim, obrigar que o comprovante de recolhimento de taxa de aquisição do edital seja um documento de habilitação é ilegal, pois restringe a participação de potenciais empresas interessadas, independentemente do valor do edital, e constitui mecanismo para que agentes públicos envolvidos identifiquem dias antes da sessão de julgamento quais licitantes participarão efetivamente do certame, desabilitando as demais. No entanto, o Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**, exigiu como documento de habilitação a comprovação do recolhimento de taxa de aquisição do edital conforme item 4.1.2.1 do edital, a saber:

“04 – DA HABILITAÇÃO 4.1. A documentação deverá ser apresentada de acordo com o disposto neste Edital e conter obrigatoriamente todos os requisitos abaixo, sob pena de inabilitação. (...) 4.1.2.1 – Comprovante de recolhimento da taxa de R$ 50,00 (cinquenta reais) que corresponde ao valor deste edital.” (original sem grifo)

Vale dizer que a exigência de apresentação do recolhimento de taxa de aquisição do edital como documento de habilitação dos licitantes não se encontra relacionada nos art. 27 a 31 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, in verbis, os quais detalham, exaustivamente, os documentos habilitatórios a serem exigidos nas contratações conduzidas pela Administração Pública:

“Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação jurídica; II - qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV - regularidade fiscal e trabalhista. V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal. Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá em: I - cédula de identidade; II - registro comercial, no caso de empresa individual; III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus administradores; IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício; V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir. Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em: I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social, demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da

Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943. Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a: I - registro ou inscrição na entidade profissional competente; II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos; III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação; IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso. (...) Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a: I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta; II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física; III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no "caput" e § 1º do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.” (original sem grifo)

Com base nas informações acima relatadas, verifica-se que a exigência indevida de comprovante do recolhimento de taxa de aquisição de edital como documento de habilitação jurídica configura cláusula restritiva à competitividade das licitações, uma vez que inibe a participação de outras empresas nos certames e limita, injustificadamente, o universo de possíveis interessados em contratar com a Administração, afrontando, assim, o disposto no inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal.

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”

Ressalta-se que o Tribunal de Contas da União já se pronunciou contrariamente a essa prática ilegal de exigência do comprovante de recolhimento dessa taxa como documento de habilitação ao certame, conforme se depreende dos excertos dos seguintes julgados:

“Adote providências no sentido de não prever nos editais de licitação: • cobrança de taxas ou emolumentos além do valor do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida, tendo em vista o art. 32, § 5º, da Lei 8.666/1993; • provas de recolhimento do valor do edital, como requisito de qualificação técnica e econômica dos licitantes, por não ser indispensáveis a garantia do cumprimento das obrigações, em face do disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal. - Acórdão nº 1453/2009 Segunda Câmara (Relação). “Adote providencias no sentido de não prever nos editais de licitação cláusulas restritivas a participação dos interessados na visita técnica, a exemplo de comprovação do recolhimento da taxa de aquisição do edital e seus anexos e do depósito da garantia de participação, por contrariar o art. 30, inciso III, da referida lei;” - Acórdão nº 1450/2009 Segunda Câmara (Relação).

A obrigatoriedade de pagamento para aquisição de Edital como condição de participação ao certame licitatório representa, frequentemente, mecanismo para formação de conluio, uma vez que possibilita aos agentes públicos conhecerem, antes mesmo da sessão de abertura e julgamento das propostas, as empresas que concorrerão ao embate, tornando possível, assim, que as partes mal intencionadas estabeleçam combinações fraudulentas entre si ou que aliciem as empresas estranhas ao arranjo a participarem do esquema ou a desistirem da licitação – ou mesmo que se anule o certame –, burlando-se assim o princípio da livre concorrência, condição para que se atinja o objetivo licitatório, qual seja a escolha da proposta mais vantajosa à Administração Pública (Lei nº 8.666/93) assegurada a todos os concorrentes a igualdade de condições (art. 37, XXI, CF/88) – princípio da isonomia. c) Exigência injustificada de realização de Vistoria pelo responsável técnico da empresa; e apresentação de Atestado de Visita Técnica emitido pela Prefeitura Municipal de Sidrolândia como condição habilitatória. O subitem 4.1.6 do Edital, subscrito pelo Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-** traz a seguinte exigência para os interessados em participar do certame:

“04 – DA HABILITAÇÃO 4.1. A documentação deverá ser apresentada de acordo com o disposto neste Edital e conter obrigatoriamente todos os requisitos abaixo, sob pena de inabilitação. (...) 4.1.6 Atestado fornecido pela Secretaria Municipal de Obras, de que o responsável técnico da empresa visitou e vistoriou os locais onde serão executados os serviço de reforma, bem como tomou conhecimento de todas as informações inerentes ao fiel cumprimento das obrigações do objeto desta licitação.” (sic).

Muito embora o artigo 30 da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 não preveja expressamente a realização de vistoria técnica – possibilita apenas exigir-se documento que demonstre o conhecimento do licitante de todas as informações e das condições locais para o

cumprimento das obrigações –, a Administração Pública tem exigido a realização pelos licitantes de vistoria ao local da obra com base no inciso III daquele artigo. O Tribunal de Contas da União entende que a obrigatoriedade da vistoria pelos licitantes deve atender a situações excepcionais, em que a necessidade, a pertinência e a indispensabilidade da visita in loco sejam técnica e expressamente justificadas para a correta execução do objeto licitado face à sua complexidade e extensão.

Acórdão TCU nº 571/2006 - Segunda Câmara:

“Consigne de forma expressa, nos próximos editais, o motivo de exigir-se visita ao local da realização dos serviços do responsável técnico da empresa que participará da licitação, demonstrando, tecnicamente, que a exigência é necessária, pertinente e indispensável à correta execução do objeto licitado, de forma que a demanda não constitua restrição ao caráter competitivo do certame” (original sem grifo).

No caso concreto, o serviço de pavimentação asfáltica e drenagem não apresenta natureza técnica complexa que justificasse a obrigatoriedade de vistoria ao local da obra pelas empresas licitantes. Ademais, os locais das obras constituem vias públicas, cujos acessos são franqueados a qualquer cidadão e que, portanto, independeriam de acompanhamento de servidor público. Vale dizer, ainda, que não se constatou no processo qualquer parecer técnico de forma a justificar a exigência de visita técnica. A resistência da Corte de Contas, quanto à obrigatoriedade da realização de vistoria, fundamenta-se na possível restrição à competitividade do certame, já que potenciais licitantes sediados em locais diversos ao do local do objeto poderiam ficar impedidos de atender tal requisito. Também o fato de tornar o certame mais oneroso às empresas competidoras figurar-se-ia um dos motivos para a resistência do TCU quanto à realização obrigatória de vistoria para fins de atendimento aos requisitos referentes à qualificação técnica. Em situação hipotética, uma empresa sediada em outro Estado da Federação, ou em outro município de Mato Grosso do Sul, interessada em participar do certame, deveria deslocar seu responsável técnico ao Município de Sidrolândia/MS em data anterior ao julgamento do certame somente para participar da Visita Técnica da obra, tendo que arcar com custo financeiro extra, tão-somente para demonstrar interesse e continuar em condições de participação. Portanto, a jurisprudência entende que a comprovação a que se refere o inciso III do art. 30 da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 deve ser exigida apenas nos casos em que a complexidade do objeto seja tecnicamente justificável. De modo geral, é suficiente a declaração, por parte do licitante, de que tem conhecimento das condições do local dos serviços.

Acórdão TCU nº 2.150/2008 – Plenário:

“9.7.5. abstenha-se de inserir em seus instrumentos convocatórios cláusulas impondo a obrigatoriedade de comparecimento ao local das obras quando, por sua limitação de tempo e em face da complexidade e extensão do objeto licitado, pouco acrescente acerca do conhecimento dos concorrentes sobre a obra/serviço, de maneira a preservar o que preconiza o art. 3ª caput, e § 1º,

inciso I, da Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, sendo suficiente a declaração do licitante de que conhece as condições locais para a execução do objeto. Para os casos onde haja a imprescindibilidade da visita, evite reunir os licitantes em data e horários marcados capaz de dar-lhes conhecimento prévio acerca do universo de concorrentes” (original sem grifo).

Acórdão TCU nº 1.174/2008 – Plenário:

“Atende o art. 30, inciso III, da Lei nº 8.666/1993, sem comprometer a competitividade do certame, conforme art. 3º, § 1º, inciso I, do citado dispositivo legal, a substituição de atestado de visita por declaração formal assinada pelo responsável técnico, sob as penalidades da lei, de que tem pleno conhecimento das condições e peculiaridades inerentes a natureza dos trabalhos, assumindo total responsabilidade por esse fato e informando que não o utilizara para quaisquer questionamentos futuros que ensejem avencas técnicas ou financeiras com o órgão licitador” (original sem grifo).

Muito frequentemente, o ato de exigir-se Atestado de Visita Técnica, expedido pela Administração Pública, constitui apenas mecanismo para que, previamente à sessão de abertura e julgamento das propostas, agentes públicos conheçam quais empresas participarão do certame licitatório.

Por isso, é suficiente apenas que o licitante firme declaração, constante em modelo em anexo do Edital fornecido pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos e que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação. Portanto, não se trata de algo cuja comprovação só possa ser feita por testemunhas, não havendo qualquer exigência quanto a imprescindível visita ao local, muito menos com prazo de solicitação para realizar a visita e a obrigatoriedade da presença do responsável técnico da licitante. Da mesma forma, a imposição constante do subitem 4.1.6 do edital, obrigando que a visita ao local da obra seja realizada pelo representante técnico da empresa interessada, constitui restrição ao caráter competitivo do processo licitatório, uma vez que a legislação aplicada não prevê tal condição e limita a quantidade de empresas participantes. Reforçando o constatado, o Tribunal de Contas da União possui vasta jurisprudência que veda a realização de vistoria técnica exclusivamente por responsável técnico da empresa licitante:

Acórdão 800/2008 Plenário (Sumário) “Inexiste fundamento legal para se exigir, com vistas a habilitação da licitante, que a visita técnica seja realizada por um engenheiro responsável técnico, detentor de vínculo empregatício com a empresa licitante”. Acórdão 1731/2008 Plenário “Estabeleça que eventuais vistorias possam ser realizadas por qualquer preposto da licitante, a fim de ampliar a competitividade do certame”.

Além de não estar prevista em lei, a exigência de vistoria obrigatória emitida pela Entidade promotora da licitação constrói um ambiente propício ao conluio, pois o conhecimento

prévio de todos os que participarão da licitação é um dos fatores principais para que propostas possam ser combinadas, frustrando o caráter competitivo do certame. Com isso, nota-se que a obrigatoriedade de visita técnica ao local da obra por responsável técnico da empresa, associada à necessária apresentação desse atestado de visita assinado pela entidade promotora da licitação como condição habilitatória, configura-se uma exigência injustificada, a qual restringe a participação de possíveis licitantes interessados d) Exigência ilegal de apresentação de Certidão Negativa de Violação dos Direitos do Consumidor (CNVDC) emitida pelo PROCON. O edital, subscrito pelo Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**, restringiu o fator competitivo do certame ao exigir ilegalmente Certidão do PROCON, conforme seu item 4.1.4, a seguir reproduzido:

“04 – DA HABILITAÇÃO 4.1. A documentação deverá ser apresentada de acordo com o disposto neste Edital e conter obrigatoriamente todos os requisitos abaixo, sob pena de inabilitação. (...) 4.1.4. Certidão Negativa de Violação aos Direitos do Consumidor (CNVDC) da empresa licitante, expedida pelo órgão competente da sede ou domicílio da licitante.”

A exigência de apresentação de Certidão Negativa de Violação dos Direitos do Consumidor (CNVDC) extrapola os documentos admitidos para essa finalidade pela lei nº 8.666, de dd de mmm de 1993, em seus artigos 27 e 29, quais sejam:

“Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação jurídica; II - qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV - regularidade fiscal e trabalhista. (...) Art.29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em: I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.” (original sem grifo)

Cabe mencionar que a Lei Estadual nº 3.041, de 07 de julho de 2005, foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3735), nos termos da decisão abaixo reproduzida:

“Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 3.041/2005, do Estado de Mato Grosso do Sul, inexistindo efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Ausentes, neste julgamento, os Ministros Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Falou pelo Estado de Mato Grosso do Sul o Dr. Ulisses Schwarz Viana, Procurador do Estado. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 08.09.2016” (original sem grifo).

Dessa forma, ao incluir exigência de certidões ilegalmente, a PMS impediu que empresas que atuam normalmente em licitações participassem desta, restringindo o caráter competitivo da licitação. e) Exigência indevida na fase habilitatória de visto do CREA de Mato Grosso do Sul nas certidões apresentadas pelas licitantes sediadas em outras unidades da federação. Foi consignada, no subitem 4.1.9 do Edital analisado, subscrito pelo Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**, a exigência de que as empresas licitantes com sede em outras Unidades da Federação apresentassem, como requisito de habilitação (qualificação técnica), a Certidão de Registro junto ao respectivo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia - CREA, com a formalização do visto no CREA/MS, conforme transcrito abaixo:

“04 – DA HABILITAÇÃO 4.1. A documentação deverá ser apresentada de acordo com o disposto neste Edital e conter obrigatoriamente todos os requisitos abaixo, sob pena de inabilitação. (...) 4.1.9 Certidão atualizada de registro de pessoa jurídica, expedida pelo Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia – CREA-MS ou por ele vistado quando se tratar de CREA de outra região, em se tratando de Empresa de Engenharia.” (original sem grifo)

Tal exigência é ilegal, pois a empresa só deveria possuir inscrição no Conselho Regional de Engenharia do Estado onde executará a obra (nesse caso, CREA/MS) se fosse vencedora do certame licitatório, devendo comprovar o visto do CREA de Mato Grosso do Sul quando da assinatura do contrato de execução da obra. Portanto, a cláusula exigida obsta a participação de empresas de outros estados, que teriam que cumprir um item desnecessário, que traria custos financeiros adicionais para apenas apresentarem as suas propostas. No mesmo sentido, o Tribunal de Contas da União corrobora esse posicionamento, conforme demonstram os excertos dos Acórdãos abaixo transcritos:

“9.2.1. a comprovação de inscrição, junto a órgão de fiscalização profissional do local em que o serviço será prestado, só deve ser exigida por ocasião da

contratação da licitante vencedora, sendo indevida tal exigência na fase de habilitação;” - Acórdão nº 703/2007 – Plenário “(...) A respeito desse ponto, relembro que este Tribunal tem jurisprudência firme no sentido de que a exigência de registro ou visto no CREA do local de realização da obra licitada somente dar-se-á no momento da contratação. Nessa linha, cito as Decisões Plenárias 279/1998 e 348/1999, o Acordão 979/2005-Plenario e o Acordão 992/2007-Primeira Câmara. O entendimento do Tribunal fundamenta-se no principio constitucional da universalidade de participação em licitações, impondo-se ao ato convocatório o estabelecimento de regras que garantam a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, vedadas cláusulas desnecessárias ou inadequadas que restrinjam o caráter competitivo do certame. Dessa forma, entendo que o dispositivo contido na Lei 5.194/66 não pode prevalecer diante do texto constitucional, em especial o art. 37, inciso XX I, e da Lei 8.666/1993 (art. 30, inciso I). Até porque é competência privativa da União legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, nos termos expressos no art. 22, inciso XX VII, da Carta Magna.” - Acórdão nº 772/2009 Plenário (Voto do Ministro Relator)

f) Restrição à impugnação do edital de licitação e a recursos dos licitantes

O item 2.8 do edital dispõe o seguinte:

“2.8. Não será aceita documentação remetida via fac-símile ou e-mail”

Desta forma, a administração municipal não se preocupou em facilitar a entrega das impugnações, bem como dos recursos administrativos, pela Internet e/ou outro meio de comunicação. Nesse caso, verifica-se que qualquer empresa localizada em outro município do Mato Grosso do Sul ou de outra Unidade da Federação teria prejudicado o direito de impugnação e/ou recurso administrativo, pois exigiria o desembolso financeiro com a locomoção de algum preposto até o município de Sidrolância/MS ou a contratação de alguém no município que pudesse entregar pessoalmente o documento na prefeitura.

Cabe destacar que o Tribunal de Contas da União tem considerado que a vedação à apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal ou fac-símile (fax) cerceia o pleno gozo do direito de petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea a, da Constituição Federal (Acórdão nº 2266/2011 – TCU Plenário):

“9.1. dar ciência à Fundação Universidade Federal de Mato Grosso das seguintes impropriedades identificadas na fiscalização do processo licitatório para contratação das obras do Hospital Universitário Júlio Müller, objeto do Edital de Concorrência nº 8/2010, revogado conforme Aviso de Revogação publicado no D.O.U. de 4/3/2011, seção 3:

(...)

9.1.7. vedação à apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal ou facsímile (fax), cerceando o pleno gozo do direito de petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea “a”, da Constituição Federal;”

Dessa forma, entende-se que os fatos constatados acima, tomados em conjunto, foram suficientes para impor limites à competitividade da Tomada de Preços nº 009/2011, instaurada pela Prefeitura de Sidrolândia/MS, fato esse corroborado pela participação de apenas uma empresa no certame (Policon Engenharia Ltda.).

Consequentemente, verifica-se o desrespeito ao inciso I do § 1º do art. 3º, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993:

“Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional, e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. § 1º É vedado aos agentes públicos: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991” (original sem grifo).

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.4. Tomada de Preços nº 09/2011. Existência de sobrepreço no valor de R$ 35.810,68 na planilha orçamentária contratada. Fato Em continuidade à análise da Tomada de Preços nº 09/2011 (processo nº 3504/2011), para execução de pavimentação no município de Sidrolândia/MS, agora tendo como objetivo verificar se os valores do Contrato nº 166/2011, firmado em 20 de junho de 2011 entre a Prefeitura de Sidrolândia/MS e a Policon Engenharia, são condizentes com os praticados pelo mercado, efetuou-se cotejamento daqueles valores com os de referência do Sistema

Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) acrescidos em 26% a título de Bonificações e Despesas Indiretas (BDI), percentual adotado para análise. Nesse comparativo consideraram-se os seguintes parâmetros:

a) Planilha Orçamentária apresentada pela POLICON Engenharia Ltda.:

Para execução do empreendimento, a empresa contratada apresentou planilha orçamentária contemplando valor global de R$ 874.200,06, praticamente o mesmo valor estimado no edital. b) Amostra:

Considerando que a planilha orçamentária contempla 22 itens de serviços, foi possível efetuar comparativo para 18 itens, cujo montante representa 95% do valor financeiro da planilha orçamentária contratada da obra. c) Composição dos custos: No comparativo de preços, adotaram-se as Tabelas de Base Nacional e Regional, para o Estado de Mato Grosso do Sul, do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - Sinapi, para o mês de referência março de 2011, data base da planilha orçamentária estimada pela Prefeitura de Sidrolândia/MS, conforme art. 40, inciso XI, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. d) Bonificação e Despesas Indiretas – BDI:

Considerando-se que, tanto a proposta da empresa vencedora quanto o anexo do edital de licitação não detalham o percentual o BDI, e que se tratam de recursos municipais, adotou-se o percentual de 26% para o BDI, percentual este idêntico ao que foi adotado pela própria Prefeitura de Sidrolândia/MS na execução de obra de pavimentação asfáltica, objeto da Tomada de Preços nº 10/2011. e) Método de limitação do preço global:

No cálculo de sobrepreço foi considerado o “Método de limitação do preço global” institucionalizada por meio da Portaria CGU nº 2.079 de 11 de setembro de 2014, tendo sido normatizado, o seguinte:

“A metodologia a ser aplicada para a quantificação de sobrepreço/superfaturamento deve ser avaliada em cada caso concreto. Em situações normais, o método de limitação dos preços unitários ajustado é cabível para avaliação de sobrepreço ainda na fase editalícia; enquanto o método da limitação do preço global deve ser aplicado no caso de contratos assinados. Assim temos: [...] 2. Método de limitação do preço global (e variante método de limitação dos preços extremos global) [...] b) Em certames licitatórios quando o regime de execução for o de empreitadas por preço unitário, nos casos de situações jurídicas constituídas (contrato celebrado), compensando os serviços com subpreços com os sobrepreços apurados”.

Assim, adotando-se a metodologia acima exposta, identificou-se que o preço total orçado está superestimado em R$ 35.810,68.

Quadro 1 – Comparativo dos preços constantes da planilha orçamentária com os preços SINAPI (Tomada de

Preços nº 09/2011)

Item Cód. SINAPI

Descrição Unid. Qtde

Valor Unit. ref.

SINAPI (mar/11)

Valor Unit. SINAPI +

BDI (paracigma)

Valor Unit. Contratado POLICON

Valor SINAPI +

BDI (paradigm

a)

Valor Contratado POLICON

SOBREPREÇO

Contratado

1. SERVIÇOS PRELIMINARES

17.298,06 16.427,22 -870,84

1.01 23605/001 Placa Obra, padrão CEF m² 8 142,27 179,26 183,34 1.434,08 1.466,72 32,64

1.02 23604/001 Abrigo provisório em um pavimento

m² 25 182,92 230,48 194,34 5.761,98 4.858,50 -903,48

1.03 (¹) Projeto de Engenharia vb 1 - 10.102,00 10.102,00 10.102,00 10.102,00 -

2. PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA

630.721,85 655.520,29 24.798,44

2.01 31431/reg

Preparo do sub-leito, escavação e conformação de caixa, espessura 30 cm, sem bota-fora

m³ 5.738,96 4,63 5,83 6,05 33.479,94 34.720,71 1.240,76

2.02 20902/001 Bota-fora, carga, transporte, descarga e espalhamento de material de sub-leito

m³ 7.460,65 5,97 7,52 7,76 56.120,50 57.894,64 1.774,14

2.03 74151/001 Escavação e carga de material de jazida para aterro de sub-leito esp=11cm.

m³ 2.104,28 3,08 3,88 4 8.166,29 8.417,12 250,83

2.04 72887 Transporte de material de jazida para aterro de sub-leito.

m³.km 21.042,80 0,62 0,78 0,81 16.438,64 17.044,67 606,03

2.05 8096/reg Espalhamento de material de 1ª categoria para aterro de sub-leito.

m³ 2.104,28 1,28 1,61 1,66 3.393,78 3.493,10 99,32

2.06 31432/reg Compactação mecânica de aterro a 100% do PN.

m³ 1.618,68 4,2 5,29 7,32 8.566,05 11.848,74 3.282,68

2.07 31435* Regularização e compactação de sub-leito, 95% PN

m² 19.129,85 2,05 2,58 2,7 49.412,40 51.650,60 2.238,19

2.08 74151/001 Escavação e carga de material de jazida para base.

m³ 2.869,48 3,08 3,88 4 11.135,88 11.477,92 342,04

2.09 72887 Transporte de material de jazida para base

m³.km 119.370,56 0,62 0,78 0,81 93.252,28 96.690,15 3.437,87

2.10 31434

Base estabilizada granulometricamente, sem mistura - execução (volume geométrico)

m³ 2.869,48 9,26 11,67 12,1 33.479,94 34.720,71 1.240,76

2.11 72945 lmprimação da base, execução e fornecimento de asfalto diluído CM - 30

m² 16.537,51 3,02 3,81 3,93 62.928,53 64.992,41 2.063,88

2.12 72958+737

60/001

Tratamento superficial duplo com capa selante, com emulsão asfáltica RR-2C, execução e fornecimento

m² 16.537,51 10,67 13,44 13,87 222.333,59 229.375,26 7.041,67

2.13 72887 Transporte de brita para TSD.

m³.km 39.516,99 0,62 0,78 0,81 30.870,67 32.008,76 1.138,09

2.14 72887 Transporte de emulsão para imprimação.

m³.km 1.463,57 0,62 0,78 0,81 1.143,34 1.185,49 42,15

3. SERVIÇOS COMPLEMENTARES

152.708,20 164.591,28 11.883,08

3.01 31441/reg

Meio-fio com sarjeta, concreto fck = 18MPa, seção 615 cm², inclusive pintura a cal em uma demão

m 4.985,26 21,49 27,08 29,33 134.987,88 146.217,68 11.229,80

3.02 72887 Transporte de brita para meio-fios.

m³.km 22.683,46 0,62 0,78 0,81 17.720,32 18.373,60 653,28

TOTAL 790.626,11 826.436,79 35.810,68

Fonte: Processo n° 3504/2011

Conforme acima demonstrado, foi identificado sobrepreço na amostra analisada de R$ 35.810,68.

Desse modo, houve infração ao art. 43, IV, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, abaixo transcrito:

“Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos:

...

IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda com os constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão ser devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis;”

Em complemento, com o objetivo de se verificar a presença de possíveis itens na planilha orçamentária da empresa vencedora (Policon Engenharia Ltda.) com superfaturamento em relação aos valores do SINAPI e, a partir de comparação realizada com os valores de mercado, com consequente sobrepreço identificado, foi identificado que vários itens com

sobrepreço já foram pagos à empresa, consubstanciando-se em pagamento indevido, por valores acima aos de mercado, como demonstrado abaixo:

Tabela – Comparativo dos preços constantes da proposta vencedora com os preços SINAPI (Tomada de Preços n° 09/2011)

Item

Cód. SINAPI Descrição Unid.

Valor Unit. ref. SINAPI (mar/11)

Valor Unit. SINAPI + BDI (paracigma)

Valor Unit. Contratado POLICON

Qtd. Acum. 2º BM (29fev12)

Valor Paradigma Acum. Medido

Valor Contrato Acum. Medido

SUPERFAT. sobrepreço

1. SERVIÇOS PRELIMINARES 15.863,98

14.960,50

-903,48

1.02

23604/001 Abrigo provisório em um pavimento

m² 182,92 230,48 194,34 25 5.761,98 4.858,50 -903,48

1.03

(¹) Projeto de Engenharia

vb - 10.102,00

10.102,00

1 10.102,00

10.102,00

-

2. PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA 427.939,49

444.618,78

16.679,29

2.01

31431/reg Preparo do sub-leito, escavação e conformação de caixa, espessura 30 cm, sem bota-fora

m³ 4,63 5,83 6,05 3.488,50 20.351,21

21.105,43

754,21

2.02

20902/001* Bota-fora, carga, transporte, descarga e espalhamento de material de sub-leito

m³ 5,97 7,52 7,76 4.535,05 34.113,55

35.191,99

1.078,43

2.03

74151/001 Escavação e carga de material de jazida para aterro de sub-leito esp=11cm.

m³ 3,08 3,88 4 1.279,11 4.963,97 5.116,44 152,47

2.04

72887 Transporte de material de jazida para aterro de sub-leito.

m³.km

0,62 0,78 0,81 12.791,10

9.992,41 10.360,79

368,38

2.05

8096/reg Espalhamento de material de 1ª categoria para aterro de sub-leito.

m³ 1,28 1,61 1,66 1.279,11 2.062,95 2.123,32 60,37

2.06

31432/reg Compactação mecânica de aterro a 100% do PN.

m³ 4,2 5,29 7,32 983,93 5.206,96 7.202,37 1.995,41

2.07

31435 Regularização e compactação de sub-leito, 95% PN

m² 2,05 2,58 2,7 11.628,31

30.035,92

31.396,44

1.360,51

2.08

74151/001 Escavação e carga de material de jazida para base.

m³ 3,08 3,88 4 2.869,48 11.135,88

11.477,92

342,04

2.09

72887 Transporte de material de jazida para base

m³.km

0,62 0,78 0,81 119.370,56

93.252,28

96.690,15

3.437,87

2.10

31434 Base estabilizada granulometricamente, sem mistura - execução (volume geométrico)

m³ 9,26 11,67 12,1 1.847,52 21.556,12

22.354,99

798,87

2.11

72945 lmprimação da base, execução e fornecimento de

m² 3,02 3,81 3,93 10.174,60

38.716,39

39.986,18

1.269,79

asfalto diluído CM - 30

2.12

72958+73760/001

Tratamento superficial duplo com capa selante, com emulsão asfáltica RR-2C, execução e fornecimento

m² 10,67 13,44 13,87 10.174,60

136.789,36

141.121,70

4.332,34

2.13

72887 Transporte de brita para TSD.

m³.km

0,62 0,78 0,81 24.314,47

18.994,46

19.694,72

700,26

2.14

72887 Transporte de emulsão para imprimação.

m³.km

0,62 0,78 0,81 983,14 768,03 796,34 28,31

3. SERVIÇOS COMPLEMENTARES 43.497,40

46.882,17

3.384,77

3.01

31441/reg Meio-fio com sarjeta, concreto fck = 18MPa, seção 615 cm², inclusive pintura a cal em uma demão

m 21,49 27,08 29,33 1.420,00 38.449,91

41.648,60

3.198,69

3.02

72887 Transporte de brita para meio-fios.

m³.km

0,62 0,78 0,81 6.461,20 5.047,49 5.233,57 186,08

TOTAL 487.300,87

506.461,45

19.160,58

Fonte: Tomada de Preço n° 09/2011

Conforme acima demonstrado, foi identificado superfaturamento na amostra analisada de R$ 19.160,58, decorrente de pagamento indevido, por serviços contratados a preços superiores aos de mercado.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.5. Tomada de Preços nº 09/2011. Prejuízo de R$ 22.313,23 na execução das obras realizadas pela empresa Policon Engenharia Ltda. por superfaturamento quantitativo. Fato A partir de verificação física “in loco” realizada, mediante cotejamento entre as informações constantes da Planilha Orçamentária contratada, Planilhas de Readequações e Boletins de Medição expedidos, com os dados obtidos mediante levantamento das dimensões e quantitativos dos serviços efetivamente executados, realizado por esta equipe da Controladoria Geral da União no Mato Grosso do Sul – CGU- R/MS, ficou constatada a

ocorrência de SUPERFATURAMENTO POR QUANTITATIVOS, ou seja, quantitativos de serviços medidos e pagos que não foram efetivamente executados, que importam em um montante de R$ R$ 22.313,23 (vinte e dois mil, trezentos e treze reais e vinte e três centavos), conforme descrito abaixo.

Em continuidade à análise da execução das obras de pavimentação asfáltica objeto da Tomada de Preços nº 09/2011 (Contrato nº 166/2011), constatou-se que os itens 2.08 e 2.09, que tratam de escavação de material de jazida para base e transporte de material de jazida para base, foram 100% executados, conforme Boletim de Medição nº 002, de 29 de fevereiro de 2012, última medição realizada, aprovada pela fiscal da prefeitura, engenheira CPF ***.231.061-**. No entanto, identificou-se que ao se multiplicar a quantidade de escavação e carga de material de jazida para base pelo DMT (Distância Média de Transporte), encontra-se uma quantidade de transporte de material de jazida em um montante de 27.547,20 m³.km inferior à quantidade constante no 2º Boletim de Medição:

Item Descrição DMT Unid. Qtde Medição

Qtde Real Dif. Qtde Valor Unitário Contratado Policon

Superfaturamento Quantitativo (R$)

2.08 Escavação e carga de material de jazida para base.

m³ 2.869,48

2.09 Transporte de material de jazida para base

32,0 m³.km 119.370,56 91.823,36 27.547,20 0,81 22.313,23

Fonte: 2º Boletim de Medição da TP nº 09/2011

Em função da discrepância entre a quantidade de transporte de material de jazida para base medida em relação à quantidade real, considerou-se um prejuízo de R$ 22.313,23 pagos indevidamente, por valores medidos e pagos, porém não executados.

Ademais, constatou-se, também, o pagamento de R$ 10.102,00 relativos a realização de Projeto de Engenharia, constantes no item 1.03 da Planilha Orçamentária da Tomada de Preços nº 09/2011, pagos mediante a Nota Fiscal nº 316, de 27 de dezembro de 2011, emitida pela empresa Policon Engenharia Ltda.

Em análise ao processo da TP nº 09/2011, verificou-se a inexistência de quaisquer projetos realizados pela empresa Policon Engenharia. Consta no processo da TP nº 09/2011 a existência da ART nº 11321709, de 13 de outubro de 2011, em que a Prefeitura Municipal de Sidrolândia/MS aparece como contratante e a empresa Visão Engenharia Ltda. como contratada para execução de Projetos de Engenharia no Bairro Cascatinha II, não havendo qualquer menção à empresa Policon Engenharia Ltda.

Por outro lado, constatou-se que a empresa Visão Engenharia Ltda. foi contratada pela Prefeitura Municipal de Sidrolândia, por meio do Convite nº 35/2010, para realização de projetos técnicos de engenharia, dentre eles do Bairro Cascatinha II, sendo que o Projeto de

Drenagem e de Pavimentação foi pago, por meio da Nota Fiscal nº 0001, de 17 de maio de 2010, pelo valor de R$ 16.000,00.

Desta forma, constata-se pagamento em duplicidade de R$ 10.102,00 relativo a execução do Projeto de Pavimentação do Bairro Cascatinha II.

Sobre o impacto, cabe anotar que o superfaturamento importa em desvio de recursos públicos e pagamento indevido, com prejuízo ao erário identificado:

“Segundo Marques Neto (1993), o superfaturamento de um contrato administrativo consiste em procedimento doloso no sentido de lesar o erário, por meio do expediente da prática de preços acima dos padrões de mercado, com desrespeito aos princípios da economicidade e razoabilidade que devem nortear a avença administrativa”.

Outrossim, pontua-se que, em 06 de outubro de 2016, data da verificação in loco, realizada por esta equipe de auditoria, verificou-se que a obra referente ao Contrato nº 166/2011, Tomada de Preços nº 09/2011encontrava-se paralisada desde 29 de fevereiro de 2012, sendo que o 2º Boletim de Medição foi o último a ser emitido pela empresa Policon Engenharia Ltda. A análise documental referente à obra em epígrafe revelou que haviam sido realizados 57,93% da obra de pavimentação asfáltica, conforme constante do 2° Boletim de Medição, com valores medidos no montante de R$ 506.461,45 e pagos no montante de R$ 491.241,08. Verificou-se, ainda, que o Contrato nº 166/2011 firmado com a empresa Policon Engenharia Ltda. não foi rescindido pela Prefeitura de Sidrolândia, mesmo tendo expirado em 20 de janeiro de 2014, e tampouco foram adotadas providencias pelo gestor municipal visando a punição da empresa, pela paralisação da obra ou, medidas visando a conclusão desta, o que revela inércia por parte da gestão municipal na adoção de providências com vistas à conclusão da obra fiscalizada. Ademais, registra-se, também, que a fiscalização realizada por esta CGU-Regional/MS foi levada a cabo em outubro de 2016, sendo que a obra em questão teve a Ordem de Serviço para o seu início expedida em 21 de novembro de 2011, conforme colocado abaixo:

Fonte: Processo n° 3504/2011 Ou seja, houve um lapso temporal de, aproximadamente, quatro anos e onze meses entre o início das obras e a realização da fiscalização por esta equipe de auditoria.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.6. Tomada de Preços nº 09/2011. Fragilidade na execução da obra de pavimentação asfáltica, com potencial perda dos serviços executados. Fato Trata-se de ação de controle que teve por objetivo verificar se, na execução da obra de pavimentação asfáltica sob a responsabilidade desta equipe de auditoria, foram adotadas as especificações técnicas definidas em projeto, bem como se foram seguidos os métodos executivos dos serviços definidos no caderno de encargos e em consonância com as normas técnicas. Dessa feita, foi realizada inspeção in loco, na data de 06 de outubro de 2016, em Sidrolândia/MS, para verificação: a) da existência de deficiências que comprometam a qualidade e a durabilidade da obra; b) da qualidade dos produtos empregados; e c) da existência de eventuais divergências encontradas entre projetos e execução. No quesito existência de deficiências que comprometam a qualidade e a durabilidade da obra, verificou-se que a inexistência de sistema de drenagem de águas pluviais nos trechos em que houve a pavimentação asfáltica. A inexistência de drenagem nos trechos pavimentados causa a deterioração prematura do pavimento, aumentando consequentemente os custos de manutenção:

Foto: Rua Saraiva Paim, Sidrolândia/MS, em 06/10/2016.

Foto: Rua Cuiabá, Sidrolândia/MS, em 06/10/2016.

No tocante à qualidade dos produtos empregados, a verificação documental atestou a inexistência de ensaios dos materiais utilizados nas obras (como, por exemplo, testes de equivalente de areia, conforme DNER-ME 054/97; durabilidade de agregado, conforme DNER-ME 089/94; adesividade de agregados, conforme DNER-ME 078/94; ou ensaio abrasão Los Angeles, conforme DNER-ME 035/98) no processo nº 3504/2011.

Por fim, quanto à existência de eventuais divergências encontradas entre projetos e execução, não foram necessárias modificações contratuais para tanto, tendo em vista que não foram encontradas divergências entre projetos e execução da obra. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.7. Tomada de Preços nº 10/2011. Favorecimento à empresa contratada mediante a inclusão de cláusulas restritivas no edital de licitação. Fato Trata-se de análise documental com o objetivo de se verificar a legalidade do processo licitatório, identificando-se eventual restrição à competitividade e prática de conluio. Para a consecução da presente ação de controle, procedeu-se à análise da Tomada de Preços n° 10/2011 (Processo n° 4068/2011), cujo objeto era a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública no valor estimado de R$1.375.816,28, julgada conforme tipo licitatório menor preço e critério de julgamento global, objetivando a contratação de empresa para execução de obra, pelo regime de empreitada por preço unitário, para Pavimentação Asfáltica (16.736,41 m²), Meio Fio (4.203,67 m), Drenagem (868,60 m), Galeria Celular (294,16 m), Sinalização Viária (803,69m²), 31 Bocas de Lobo e 06 Posto de Visita, no Bairro Sol Nascente, referente ao Contrato de Repasse nº 0332.492-69/2010/MINISTÉRIO DAS CIDADES/CAIXA e Município de Sidrolândia/MS. O julgamento do certame licitatório ocorreu às oito horas do dia 06 de julho de 2011, sagrando-se vencedora a única participante do certame licitatório, a empresa Policon Engenharia Ltda. (CNPJ: 01.446.024/0001-31), com a proposta no valor de R$ 1.375.816,27. Em análise à Tomada de Preços nº 10/2011, constataram-se as seguintes impropriedades: a) Vedação ilegal à participação de empresas sem cadastro de fornecedores do município.

Analisando-se o edital da TP nº 010/2011, constatou-se que o Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-** , fez constar indevidamente do item 2.1.2 do instrumento convocatório a obrigatoriedade de cadastramento prévio pelas licitantes para sua participação no processo licitatório:

“2.1 – Poderão participar desta Tomada de Preços as empresas: (...) 2.1.2 – Que estejam Cadastradas no Sistema de Cadastro de Prestadores de Serviços desta Prefeitura, ou venham a se cadastrar até 48 (quarenta e oito horas) da data de abertura desta Tomada de Preços, e mediante apresentação dos documentos relacionados no subitem 3.1 deste Edital” (original sem grifo).

O item 2.1.2 do Edital exige o efetivo cadastramento das empresas interessadas na Prefeitura Municipal de Sidrolândia/MS - PMS, enquanto que a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993 exige apenas que as empresas não cadastradas apresentem todas as documentações exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data de entrega das propostas, não sendo necessária para sua participação na licitação a emissão de certidão cadastral pela Prefeitura, mas apenas termo ou protocolo de comprovação de recebimento daqueles documentos, o qual substituirá as documentações que seriam apresentadas no envelope de habilitação da licitante não cadastrada, conforme art. 22 daquela Lei e entendimento do Tribunal de Contas da União em seu Acórdão 649/2006 - Segunda Câmara, a saber:

“Art. 22. São modalidades de licitação: [...] § 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. [...] § 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administração somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível com o objeto da licitação, nos termos do edital” (original sem grifo).

“Institua, no processamento de licitações na modalidade de tomada de preços, a apresentação simultânea de dois envelopes, um com a proposta e o outro contendo a documentação de habilitação (inscrição no cadastro de empresas ou comprovação da apresentação de documentos exigidos para o cadastramento até o terceiro dia anterior à data de entrega das propostas), de tal forma a assegurar-se que os licitantes não terão conhecimento prévio do resultado da fase de habilitação do certame, antes de apresentar as propostas”. - Acórdão TCU nº 649/2006 - Segunda Câmara (original sem grifo).

Dessa forma, é suficiente às empresas não cadastradas que apresentem suas documentações habilitatória até o terceiro dia anterior ao da sessão de julgamento, não se exigindo dessas licitantes a apresentação de certidão cadastral, cujos procedimentos para emissão poderiam ser atrasados pela própria repartição cadastradora ao ponto de inviabilizar a participação daquelas empresas no processo licitatório b) Exigência indevida de apresentação do comprovante de recolhimento da taxa de fornecimento do edital como documento de habilitação das licitantes. No caso da disponibilidade do edital o princípio da Publicidade se materializa na Lei da seguinte forma:

“Art. 21 - Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez: (...) § 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas as informações sobre a licitação.” (original sem grifo) “Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor da administração ou publicação em órgão da imprensa oficial. (...) § 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata este artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado, com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida.” (original sem grifo)

O texto da Lei deixa claro que o edital deverá estar à disposição em local que todos os interessados possam ler. Portanto, para se conhecerem os detalhes da íntegra do edital não pode ser exigido o pagamento de nenhum valor, com exceção dos custos de reprodução do edital, para disponibilização de cópia a cada um dos interessados. A Lei deixa claro que o edital deverá estar à disposição para consulta e leitura, sendo que o pagamento de taxa de edital só será obrigatório quando e se o interessado solicitar cópia impressa do mesmo. Assim, obrigar que o comprovante de recolhimento de taxa de aquisição do edital seja um documento de habilitação é completamente ilegal, pois restringe a participação de potenciais empresas interessadas, independentemente do valor do edital, e constitui mecanismo para que agentes públicos envolvidos identifiquem dias antes da sessão de julgamento quais licitantes participarão efetivamente do certame, desabilitando as demais. No entanto, o Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**, exigiu como documento de habilitação a comprovação do recolhimento de taxa de aquisição do edital conforme item 4.1.2.1 do edital, a saber:

“04 – DA HABILITAÇÃO 4.1. A documentação deverá ser apresentada de acordo com o disposto neste Edital e conter obrigatoriamente todos os requisitos abaixo, sob pena de inabilitação. (...) 4.1.2.1 – Comprovante de recolhimento da taxa de R$ 50,00 (cinquenta reais) que corresponde ao valor deste edital.” (original sem grifo)

Vale dizer que a exigência de apresentação do recolhimento de taxa de aquisição do edital como documento de habilitação dos licitantes não se encontra relacionada nos art. 27 a 31 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, in verbis, os quais detalham, exaustivamente, os documentos habilitatórios a serem exigidos nas contratações conduzidas pela Administração Pública:

“Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação jurídica; II - qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV - regularidade fiscal e trabalhista. V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal. Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá em: I - cédula de identidade; II - registro comercial, no caso de empresa individual; III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus administradores; IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício; V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir. Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em: I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social, demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943. Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a: I - registro ou inscrição na entidade profissional competente; II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos; III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação; IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso.

(...) Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a: I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta; II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física; III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no "caput" e § 1º do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.”

Com base nas informações acima relatadas, verifica-se que a exigência indevida de comprovante do recolhimento de taxa de aquisição de edital como documento de habilitação jurídica configura cláusula restritiva à competitividade das licitações, uma vez que inibe a participação de outras empresas nos certames e limita, injustificadamente, o universo de possíveis interessados em contratar com a Administração, afrontando, assim, o disposto no inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal.

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”

Ressalta-se que o Tribunal de Contas da União já se pronunciou contrariamente a essa prática ilegal de exigência do comprovante de recolhimento dessa taxa como documento de habilitação ao certame, conforme se depreende dos excertos dos seguintes julgados:

“Adote providências no sentido de não prever nos editais de licitação: • cobrança de taxas ou emolumentos além do valor do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida, tendo em vista o art. 32, § 5º, da Lei 8.666/1993; • provas de recolhimento do valor do edital, como requisito de qualificação técnica e econômica dos licitantes, por não ser indispensáveis a garantia do cumprimento das obrigações, em face do disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal. - Acórdão nº 1453/2009 Segunda Câmara (Relação). “Adote providencias no sentido de não prever nos editais de licitação cláusulas restritivas a participação dos interessados na visita técnica, a exemplo de comprovação do recolhimento da taxa de aquisição do edital e seus anexos e do

depósito da garantia de participação, por contrariar o art. 30, inciso III, da referida lei;” - Acórdão nº 1450/2009 Segunda Câmara (Relação).

A obrigatoriedade de pagamento para aquisição de Edital como condição de participação ao certame licitatório representa, frequentemente, mecanismo para formação de conluio, uma vez que possibilita aos agentes públicos conhecerem, antes mesmo da sessão de abertura e julgamento das propostas, as empresas que concorrerão ao embate, tornando possível, assim, que as partes mal intencionadas estabeleçam combinações fraudulentas entre si ou que aliciem as empresas estranhas ao arranjo a participarem do esquema ou a desistirem da licitação – ou mesmo que se anule o certame –, burlando-se assim o princípio da livre concorrência, condição para que se atinja o objetivo licitatório, qual seja a escolha da proposta mais vantajosa à Administração Pública (Lei nº 8.666/93) assegurada a todos os concorrentes a igualdade de condições (art. 37, XXI, CF/88) – princípio da isonomia. c) Exigência injustificada de realização de Vistoria pelo responsável técnico da empresa e apresentação de Atestado de Visita Técnica emitido pela Prefeitura Municipal de Sidrolândia como condição habilitatória. O subitem 4.1.6 do Edital, subscrito pelo Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**, traz a seguinte exigência para os interessados em participar do certame:

“04 – DA HABILITAÇÃO 4.1. A documentação deverá ser apresentada de acordo com o disposto neste Edital e conter obrigatoriamente todos os requisitos abaixo, sob pena de inabilitação. (...) 4.1.6 Atestado fornecido pela Secretaria Municipal de Obras, Transportes e Serviços Urbanos, de que o responsável técnico da empresa , visitou e vistoriou os locais onde serão executados os serviços, bem como tomou conhecimento de todas as informações inerentes ao fiel cumprimento das obrigações do objeto desta licitação; ( a visita deverá ser agendada com antecedência ).” (sic).

Muito embora o artigo 30 da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 não preveja expressamente a realização de vistoria técnica – possibilita apenas exigir-se documento que demonstre o conhecimento do licitante de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações –, a Administração Pública tem exigido a realização pelos licitantes de vistoria ao local da obra com base no inciso III daquele artigo. O Tribunal de Contas da União entende que a obrigatoriedade da vistoria pelos licitantes deve atender a situações excepcionais, em que a necessidade, a pertinência e a indispensabilidade da visita in loco sejam técnica e expressamente justificadas para a correta execução do objeto licitado face à sua complexidade e extensão.

Acórdão TCU nº 571/2006 - Segunda Câmara:

“Consigne de forma expressa, nos próximos editais, o motivo de exigir-se visita ao local da realização dos serviços do responsável técnico da empresa que participará da licitação, demonstrando, tecnicamente, que a exigência é necessária, pertinente e indispensável à correta execução do objeto licitado, de forma que a demanda não constitua restrição ao caráter competitivo do certame” (original sem grifo).

No caso concreto, o serviço de pavimentação asfáltica e drenagem não apresenta natureza técnica complexa que justificasse a obrigatoriedade de vistoria ao local da obra pelas empresas licitantes. Ademais, os locais das obras constituem vias públicas, cujos acessos são franqueados a qualquer cidadão e que, portanto, independeriam de acompanhamento de servidor público. Vale dizer, ainda, que não se constatou no processo qualquer parecer técnico de forma a justificar a exigência de visita técnica. A resistência da Corte de Contas, quanto à obrigatoriedade da realização de vistoria, fundamenta-se na possível restrição à competitividade do certame, já que potenciais licitantes sediados em locais diversos ao do local do objeto poderiam ficar impedidos de atender tal requisito. Também o fato de tornar o certame mais oneroso às empresas competidoras figurar-se-ia um dos motivos para a resistência do TCU quanto à realização obrigatória de vistoria para fins de atendimento aos requisitos referentes à qualificação técnica. Em situação hipotética, uma empresa sediada em outro Estado da Federação, ou em outro município de Mato Grosso do Sul, interessada em participar do certame, deveria deslocar seu responsável técnico ao Município de Sidrolândia/MS em data anterior ao julgamento do certame somente para participar da Visita Técnica da obra, tendo que arcar com custo financeiro extra, tão-somente para demonstrar interesse e continuar em condições de participação. Portanto, a jurisprudência entende que a comprovação a que se refere o inciso III do art. 30 da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 deve ser exigida apenas nos casos em que a complexidade do objeto seja tecnicamente justificável. De modo geral, é suficiente a declaração, por parte do licitante, de que tem conhecimento das condições do local dos serviços.

Acórdão TCU nº 2.150/2008 – Plenário:

“9.7.5. abstenha-se de inserir em seus instrumentos convocatórios cláusulas impondo a obrigatoriedade de comparecimento ao local das obras quando, por sua limitação de tempo e em face da complexidade e extensão do objeto licitado, pouco acrescente acerca do conhecimento dos concorrentes sobre a obra/serviço, de maneira a preservar o que preconiza o art. 3ª caput, e § 1º, inciso I, da Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, sendo suficiente a declaração do licitante de que conhece as condições locais para a execução do objeto. Para os casos onde haja a imprescindibilidade da visita, evite reunir os licitantes em data e horários marcados capaz de dar-lhes conhecimento prévio acerca do universo de concorrentes” (original sem grifo).

Acórdão TCU nº 1.174/2008 – Plenário:

“Atende o art. 30, inciso III, da Lei nº 8.666/1993, sem comprometer a competitividade do certame, conforme art. 3º, § 1º, inciso I, do citado dispositivo legal, a substituição de atestado de visita por declaração formal assinada pelo responsável técnico, sob as penalidades da lei, de que tem pleno conhecimento das condições e peculiaridades inerentes a natureza dos trabalhos, assumindo total responsabilidade por esse fato e informando que não o utilizara para quaisquer questionamentos futuros que ensejem avencas técnicas ou financeiras com o órgão licitador” (original sem grifo).

Muito frequentemente, o ato de exigir-se Atestado de Visita Técnica, expedido pela Administração Pública, constitui apenas mecanismo para que, previamente à sessão de abertura e julgamento das propostas, agentes públicos conheçam quais empresas participarão do certame licitatório.

Por isso, é suficiente apenas que o licitante firme declaração, constante em modelo em anexo do Edital fornecido pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos e que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação. Portanto, não se trata de algo cuja comprovação só possa ser feita por testemunhas, não havendo qualquer exigência quanto a imprescindível visita ao local, muito menos com prazo de solicitação para realizar a visita e a obrigatoriedade da presença do responsável técnico da licitante. Da mesma forma, a imposição constante do subitem 4.1.6 do edital, obrigando que a visita ao local da obra seja realizada pelo representante técnico da empresa interessada, constitui restrição ao caráter competitivo do processo licitatório, uma vez que a legislação aplicada não prevê tal condição e limita a quantidade de empresas participantes. Reforçando o constatado, o Tribunal de Contas da União possui vasta jurisprudência que veda a realização de vistoria técnica exclusivamente por responsável técnico da empresa licitante:

Acórdão 800/2008 Plenário (Sumário) “Inexiste fundamento legal para se exigir, com vistas a habilitação da licitante, que a visita técnica seja realizada por um engenheiro responsável técnico, detentor de vínculo empregatício com a empresa licitante”. Acórdão 1731/2008 Plenário “Estabeleça que eventuais vistorias possam ser realizadas por qualquer preposto da licitante, a fim de ampliar a competitividade do certame”.

Além de não estar prevista em lei, a exigência de vistoria obrigatória emitida pela Entidade promotora da licitação constrói um ambiente propício ao conluio, pois o conhecimento prévio de todos os que participarão da licitação é um dos fatores principais para que propostas possam ser combinadas, frustrando o caráter competitivo do certame. Com isso, nota-se que a obrigatoriedade de visita técnica ao local da obra por responsável técnico da empresa, associada à necessária apresentação desse atestado de visita assinado pela entidade promotora da licitação como condição habilitatória, configura-se uma exigência injustificada, a qual restringe a participação de possíveis licitantes interessados e) Exigência ilegal de apresentação de Certidão Negativa de Violação dos Direitos do Consumidor (CNVDC) emitida pelo PROCON. O edital, subscrito pelo Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**, restringiu o fator competitivo do certame ao exigir ilegalmente Certidão do PROCON, conforme seu item 4.1.4, a seguir reproduzido:

“04 – DA HABILITAÇÃO

4.1. A documentação deverá ser apresentada de acordo com o disposto neste Edital e conter obrigatoriamente todos os requisitos abaixo, sob pena de inabilitação. (...) 4.1.4. Certidão Negativa de Violação aos Direitos do Consumidor (CNVDC) da empresa licitante, expedida pelo órgão competente da sede ou domicílio da licitante.”

A exigência de apresentação de Certidão Negativa de Violação dos Direitos do Consumidor (CNVDC) extrapola os documentos admitidos para essa finalidade pela lei nº 8.666, de dd de mmm de 1993, em seus artigos 27 e 29, quais sejam:

“Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação jurídica; II - qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV - regularidade fiscal e trabalhista. (...) Art.29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em: I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.” (original sem grifo)

Cabe mencionar que a Lei Estadual nº 3.041, de 07 de julho de 2005, foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3735), nos termos da decisão abaixo reproduzida:

“Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 3.041/2005, do Estado de Mato Grosso do Sul, inexistindo efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Ausentes, neste julgamento, os Ministros Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Falou pelo Estado de Mato Grosso do Sul o Dr. Ulisses Schwarz Viana, Procurador do Estado. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 08.09.2016”.

Dessa forma, ao incluir exigência de certidões ilegalmente, a PMS impediu que empresas que atuam normalmente em licitações participassem desta, restringindo o caráter competitivo da licitação. d) Exigência indevida na fase habilitatória de visto do CREA de Mato Grosso do Sul nas certidões apresentadas pelas licitantes sediadas em outras unidades da federação. Foi consignada, no subitem 4.1.9 do Edital analisado, subscrito pelo Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**, a exigência de que as empresas licitantes com sede em outras Unidades da Federação apresentassem, como requisito de habilitação (qualificação técnica), a Certidão de Registro junto ao respectivo CREA, com a formalização do visto no CREA/MS, conforme transcrito abaixo:

“04 – DA HABILITAÇÃO 4.1. A documentação deverá ser apresentada de acordo com o disposto neste Edital e conter obrigatoriamente todos os requisitos abaixo, sob pena de inabilitação. (...) 4.1.9 Certidão atualizada de registro de pessoa jurídica, expedida pelo Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia – CREA-MS ou por ele vistado quando se tratar de CREA de outra região, em se tratando de Empresa de Engenharia.” (original sem grifo)

Tal exigência é ilegal, pois a empresa só deveria possuir inscrição no Conselho Regional de Engenharia do Estado onde executará a obra (nesse caso, CREA/MS) se fosse vencedora do certame licitatório, devendo comprovar o visto do CREA de Mato Grosso do Sul quando da assinatura do contrato de execução da obra. Portanto, a cláusula exigida obsta a participação de empresas de outros estados, que teriam que cumprir um item desnecessário, que traria custos financeiros adicionais para apenas apresentarem as suas propostas. No mesmo sentido, o Tribunal de Contas da União corrobora esse posicionamento, conforme demonstram os excertos dos Acórdãos abaixo transcritos:

“9.2.1. a comprovação de inscrição, junto a órgão de fiscalização profissional do local em que o serviço será prestado, só deve ser exigida por ocasião da contratação da licitante vencedora, sendo indevida tal exigência na fase de habilitação;” - Acórdão nº 703/2007 – Plenário “(...) A respeito desse ponto, relembro que este Tribunal tem jurisprudência firme no sentido de que a exigência de registro ou visto no CREA do local de realização da obra licitada somente dar-se-á no momento da contratação. Nessa linha, cito as Decisões Plenárias 279/1998 e 348/1999, o Acordão 979/2005-Plenario e o Acordão 992/2007-Primeira Câmara. O entendimento do Tribunal fundamenta-se no principio constitucional da universalidade de participação em licitações, impondo-se ao ato convocatório o estabelecimento de regras que garantam a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, vedadas cláusulas desnecessárias ou inadequadas que restrinjam o caráter competitivo do certame. Dessa forma, entendo que o dispositivo contido na Lei 5.194/66 não pode prevalecer diante do texto constitucional, em especial o art. 37, inciso XX I, e da Lei 8.666/1993 (art. 30, inciso I). Até porque é competência privativa da União

legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, nos termos expressos no art. 22, inciso XX VII, da Carta Magna.” - Acórdão nº 772/2009 Plenário (Voto do Ministro Relator)

e) Exigência ilegal de atestado de capacidade técnica da licitante

O Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**,exigiu que as empresas participantes apresentassem o seguinte documento:

“04 – DA HABILITAÇÃO 4.1. A documentação deverá ser apresentada de acordo com o disposto neste Edital e conter obrigatoriamente todos os requisitos abaixo, sob pena de inabilitação. (...) 4.1.10. Atestado fornecido por pessoa jurídica de direito público ou privado, devidamente registrado junto ao CREA, acompanhada da certidão de registro de atestado e acervo técnico, comprovando que a empresa e seu (s) responsável (eis) técnico (s) já executou (aram) obras ou serviços compatíveis em quantidade com o objeto da licitação, no caso.” (original sem grifo)

Dispõe a Lei nº 8.666/93, em seu art. 30, inciso II, que, a título de documentação relativa à qualificação técnica, pode a Administração Pública requerer da licitante “comprovação e aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos”. No mesmo art. 30, dispõe a Lei ainda que:

“§ 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do ‘caput’ deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes, limitadas as exigências a: I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos; II – (Vetado)”. (Original sem grifo)

Portanto, a comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível com o objeto da licitação, a ser apresentada pela licitante, refere-se à demonstração de que

esta possui, em seu quadro permanente, e na data prevista para entrega da proposta, profissional capacitado detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de característica semelhante ao objeto licitado, fornecido por pessoa jurídica de direito público ou privado, devidamente registrado na entidade profissional competente. Assim, o atestado de capacidade técnica refere-se ao histórico do profissional e não ao da licitante. Cabe a ela, porém, demonstrar que este profissional compõe seu quadro permanente. Paralelamente, a Administração pode exigir das licitantes, de acordo com o §6º do art. 30 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a apresentação de relação explícita e declaração formal da disponibilidade de máquinas, equipamentos e pessoal técnico especializado, considerados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação, sob as penas cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de localização prévia. Convém mencionar que a previsão de Atestado Técnico-Operacional estava prevista no Inciso II do Parágrafo Único do art. 30 da Lei Federal 8.666, de 21 de junho de 1993, sendo objeto de veto duas vezes, na sanção da mesma e na sanção da Lei Federal nº 8.883, de 08 de junho de 1994, que tentou incluir novamente o Atestado Técnico-operacional na Lei de Regência das Licitações (Lei 8.666/93). As razões do veto ao citado inciso não deixam dúvidas quanto à impossibilidade de os editais conterem a exigência do Atestado de Capacidade-operacional em nome da empresa licitante, se não vejamos:

“Reconhecidamente, a competição entre possíveis interessados é principio ínsito às licitações, pois somente ao viabilizá-la o Poder Público pode obter as propostas economicamente mais vantajosas, barateando, assim, os preços de suas obras e serviços. Ora, a exigência de “capacidade técnico-operacional”, nos termos definidos no primeiro dos dispositivos supra, praticamente inviabiliza a consecução desse objetivo, pois segmenta, de forma incontornável, o universo dos prováveis competidores, na medida em que, embora possuindo corpo técnico de comprovada experiência, uma empresa somente se habilita a concorrer se comprovar já haver realizado obra ou serviço de complexidade técnica idêntica à que estiver sendo licitada. Ademais, dependendo do vulto da obra ou serviço, essa exigência pode afastar pequenos e médios competidores, já que pode chegar a 50% (cinqüenta por cento) das “parcelas de maior relevância técnica ou valor significativo”, conceito, aliás, sequer definido objetivamente no projeto. Impõem-se, assim, expungir do texto os dispositivos em foco, que, por possibilitarem possíveis direcionamentos em proveito de empresas de maior porte, se mostram flagrantemente contrários ao interesse público.” – Mensagem Presidencial ao Senhor Presidente do Senado Federal nº 335, com os vetos e razões dos vetos ao Projeto de Lei nº 1.491/91 (n.º 59/92 no Senado Federal) atual Lei Federal 8.666/93.

Importa ter presente, ainda, na espécie o verdadeiro conteúdo e alcance do comando insculpido no art. 37, inciso XXI, da Constituição da República, ipsis litteris:

“XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensável à garantia do cumprimento das obrigações”. (Original sem grifo)

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo já se posicionou sobre esse assunto:

MANDADO DE SEGURANÇA Licitação Concorrência pública Contratação de empresa especializada para construção de novo Fórum de Limeira - Poder Público que inabilita a empresa por alegada ausência de demonstração de capacitação técnica operacional. Desclassificação afastada pela sentença que se mantém - Recursos não providos. “4. Verifica-se que a interpretação que conduz ao raciocínio de que o administrador pode exigir atestado de capacidade técnico ou operacional contraria expressa determinação legal, pois inclui essa possibilidade quando o dispositivo acima deduzido determina, às escancaras, que seja exigido apenas o atestado de capacidade técnico-profíssional de que trata o parágrafo 1º, inciso I, do artigo 30, da Lei n° 8.666/93. (...) Em conclusão, a hermenêutica conjugada com os diversos dispositivos sistematizados em linha jurídica, impõem o raciocínio de que, em licitação de obras e serviços, somente se admitem exigências de qualificação técnico-profissional.” (original sem grifo). (TJ-SP, Relator: Peiretti de Godoy, Data de Julgamento: 01/06/2011, 13ª Câmara de Direito Público)

Neste sentido, a exigência de atestado de capacidade técnica da licitante não possui amparo legal e acarretou uma limitação ilegal do caráter competitivo do certame licitatório.

A despeito da exigência irregular, constatou-se a inexistência, nos autos do processo nº 4068/2011, do atestado de capacidade técnica da empresa Policon Engenharia. Tampouco, o Presidente da Comissão Permanente de Licitação, CPF ***.028.961-**, inabilitou a empresa vencedora do certame.

f) Restrição à impugnação do edital de licitação e a recursos dos licitantes

O item 2.8 do edital subscrito pelo Presidente da Comissão Permanente de Licitação, portador do CPF ***.028.961-**, dispõe o seguinte:

“2.8. Não será aceita documentação remetida via fac-símile ou e-mail”

Desta forma, a administração municipal não se preocupou em facilitar a entrega das impugnações, bem como dos recursos administrativos, pela Internet e/ou outro meio de comunicação. Nesse caso, verifica-se que qualquer empresa localizada em outro município do Mato Grosso do Sul ou de outra Unidade da Federação teria prejudicado o direito de

impugnação e/ou recurso administrativo, pois exigiria o desembolso financeiro com a locomoção de algum preposto até o município de Sidrolância/MS ou a contratação de alguém no município que pudesse entregar pessoalmente o documento na prefeitura.

Cabe destacar que o Tribunal de Contas da União tem considerado que a vedação à apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal ou fac-símile (fax) cerceia o pleno gozo do direito de petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea a, da Constituição Federal (Acórdão nº 2266/2011 – TCU Plenário):

“9.1. dar ciência à Fundação Universidade Federal de Mato Grosso das seguintes impropriedades identificadas na fiscalização do processo licitatório para contratação das obras do Hospital Universitário Júlio Müller, objeto do Edital de Concorrência nº 8/2010, revogado conforme Aviso de Revogação publicado no D.O.U. de 4/3/2011, seção 3:

(...)

9.1.7. vedação à apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal ou facsímile (fax), cerceando o pleno gozo do direito de petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea “a”, da Constituição Federal;”

Dessa forma, entende-se que os fatos constatados acima, tomados em conjunto, foram suficientes para impor limites à competitividade da Tomada de Preços nº 010/2011, instaurada pela Prefeitura de Sidrolândia/MS, fato esse corroborado pela participação de apenas uma empresa no certame (Policon Engenharia Ltda.).

Consequentemente, verifica-se o desrespeito ao inciso I do § 1º do art. 3º, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993:

“Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional, e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. § 1º É vedado aos agentes públicos: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991” (original sem grifo).

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.8. Tomada de Preços nº 10/2011. Superfaturamento quantitativo de R$ 17.981,12 em favor da empresa Policon Engenharia Ltda. Fato Para verificação da compatibilidade dos quantitativos dos serviços efetivamente executados na obra com os consignados pela POLICON na última medição (9º Boletim do contrato nº 179/2011), atestados pela Prefeitura de Sidrolândia/MS e pagos pela CEF, a equipe de fiscalização selecionou para inspeção física, com base nos projetos disponibilizados pela Prefeitura, quatro dos 46 itens de serviços que poderiam ser visualmente identificados, cujo somatório totalizava um valor de R$ 149.354,66 (cerca de 17% do valor executado até a 9ª medição), a saber: Tabela – Comparativo dos serviços executados com os serviços da 9ª medição (Tomada de Preços n° 10/2011) SERVIÇO Quantidades Preço

Licitado – R$

Diferença total – R$

Item Descrição 9ª Medição

In loco Diferença

3.5 Galeria Celular 250 x 100 cm 95%

3.5.4 Forma para paredes e lajes de galerias celulares, não incluindo desmoldantes.

1.539,40 1.462,00 77,40 40,38 3.125,41

4 PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA 100%

4.1.2 lmprimação da base, execução e fornecimento de asfalto diluído CM - 30

3.966,76 3.966,76 0,00 3,78 0,00

4.1.3 Tratamento superficial duplo com capa selante, com emulsão asfáltica RR-2C, execução e fornecimento

3.966,76 3.966,76 0,000 13,42 0,00

5 SERVIÇOS COMPLEMENTARES 100%

5.0.1 Meio-fio com sarjeta, concreto fck = 18MPa, seção 615 cm*, inclusive pintura a cal em uma demão

798,88 798,88 0,00 23,74 0,00

Subtotal Serviços Inspecionados (A) 3.125,41

Fonte: Tomada de Preço n° 10/2011

Ainda que apenas quatro subitens de serviços pudessem ser visualmente verificados, havia no 9º Boletim de Medição outros oito subitens que compõem o item 3.5 – Galeria Celular 250x100cm, cujos quantitativos, portanto, devem ser realizados na mesma razão que o do subitem 3.5.4 inspecionado in loco, e cujos valores totais correspondem a cerca de 33% do valor do contrato (R$ 295.463,61). Dessa forma foi aplicado sobre aqueles subitens o

percentual de 95% referente à execução efetiva do serviço inspecionado, para a quantificação indireta desses outros oito subitens: Tabela – Comparativo dos serviços executados com os serviços da 9ª medição (Tomada de Preços n° 10/2011) SERVIÇO Quantidades Preço

Licitado R$

Diferença total – R$

Item Descrição 9ª Medição In loco Diferença

3.5 Galeria Celular 250 x 100 cm 95%

3.5.1 Fornecimento de concreto estrutural Fck= 25MPa, sem lançamento.

245,41 233,07 12,34 300,89 3.712,70

3.5.2 Lançamento e aplicação manual de concreto em estruturas, inclusive vibração. 245,41 233,07 12,34 95,63 1.179,98

3.5.3 Lastro de concreto magro 1:4:8 acabamento sarrafeado

42,39 40,26 2,13 285,71 608,95

3.5.5 Fornecimento, corte. dobra e colocação de Aço CA-50 (6,3 a12,5mm)

13.239,56 12.573,88 665,68 8,3 5.525,11

3.5.6 Fornecimento, corte. dobra e colocação de Aço CA-60 (3,4 a 6,mm)

394,37 374,54 19,83 9,11 180,64

3.5.7 Lastro de brita apiloada manualmente 175,00 166,20 8,80 79,14 696,34

3.5.8 Enrocamento manual, com arrumação 349,50 331,93 17,57 117,66 2.067,60

3.5.9 Dreno de Brita 3 nas dimensões de 50x50, revestido com Bidim OP 20 e barbacã com tubo de PVC 75 mm, conforme detalhe de projeto

715,90 679,91 35,99 24,57 884,40

Subtotal Serviços Inspecionados (B) 14.855,71

Total Serviços Inspecionados (A+B) 17.981,12

Fonte: Tomada de Preço n° 10/2011

Assim, com base nos projetos disponibilizados pela Prefeitura de Sidrolândia, na inspeção física realizada e nas tabelas infra relacionadas, pode-se concluir que houve superfaturamento quantitativo em nove itens de serviços executados pela POLICON ENGENHARIA LTDA. (R$ 17.981,12 - cerca de 2,03% do valor executado até a 9ª medição), uma vez que os mesmos foram medidos e consignados como totalmente executados pela contratada no 9º Boletim de Medição, atestados pela engenheira da Prefeitura portadora do CPF ***.231.061-** e CREA/MS 5886/D, confirmados pelo engenheiro da empresa contratada pela CEF para supervisão da obra (DOMINIUM PERICIAS E AVALIAÇÃO LTDA. – CNPJ 07.860.829/0001-83) e pagos pela CEF.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.9. Tomada de Preços nº 10_2011. Retenção indevida de IRPJ no valor de R$ 10.298,83 em favor do erário municipal. Fato Trata-se da análise das movimentações financeiras na conta específica na Caixa Econômica Federal, Agência nº 1108, Conta Corrente nº 6477070-9, ocorridas em função da aprovação do Contrato de Repasse nº 0332.492-69/2010, que aprovado, permitiu a assinatura do Contrato nº 179/2011 com a Empresa Policon Engenharia Ltda. (CNPJ: 01.446.024/0001-31). Os recursos transferidos pelo Ministério das Cidades para a Prefeitura de Sidrolândia/MS se destinam à contratação de empresa de engenharia para a pavimentação asfáltica e drenagem de águas pluviais no Bairro Sol Nascente. Os recursos para as obras foram repassados pelo Ministério das Cidades no período de 18 de maio de 2012 a 06 de janeiro de 2016, totalizando R$ 635.026,80. Por meio da análise dos extratos bancários, das medições da obra fornecidas e dos processos de pagamentos das notas fiscais pagas, constatou-se retenção de imposto de renda na fonte e recolhimento aos cofres da Prefeitura de forma indevida, conforme explicitado no quadro a seguir: Tabela – Retenção de Imposto de Renda na Fonte recolhida aos cofres municipais. Data Histórico Valor (R$)

05/12/2013 Valor retido do IRRJ da NF 677, referente às 2ª, 3ª e 4ª medições das obras de pavimentação e drenagem de águas pluviais.

1.697,80

11/03/2014 Valor retido do IRRJ da NF 701, referente à 5ª medição das obras de pavimentação e drenagem de águas pluviais.

2.779,90

02/07/2014 Valor retido do IRRJ da NF 724, referente à 6ª medição das obras de pavimentação e drenagem de águas pluviais.

1.083,40

20/02/2015 Valor retido do IRRJ da NF 734, referente às 7ª e 8ª medições das obras de pavimentação e drenagem de águas pluviais.

2.851,34

15/03/2016 Valor retido do IRRJ da NF 745, referente à 9ª medição das obras de pavimentação e drenagem de águas pluviais.

1.603,89

Total 10.016,33 Fonte: Processo nº 4068/2011. Constatou-se, ainda, a inexistência de comprovação de recolhimento do IRPJ relativo à 1ª medição, no valor de R$ 282,50. Com isso, tem-se que um valor de R$ 10.298,83 foi retido na fonte irregularmente, tendo em vista que os Estado e Municípios não têm competência para reter o imposto de renda dos pagamentos efetuados a pessoas jurídicas, muito menos recolher essas retenções para os seus cofres. Esse assunto já foi tratado pela Procuradoria da Fazenda Nacional no Parecer PGFN/CAT Nº 658/2012, de 12 de abril, o qual tem a seguinte ementa:

“RETENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA NA FONTE POR ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS, NA FORMA DOS ARTIGOS 157, I, E 158, I, DA CONSTITUIÇÃO. INCIDÊNCIA EXCLUSIVA SOBRE RENDIMENTOS PAGOS A SERVIDORES E EMPREGADOS. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA HIPÓTESE

CONSTITUCIONAL PARA PROMOVER RETENÇÕES SOBRE PAGAMENTOS FEITOS A PESSOAS JURÍDICAS POR PRESTAÇÃO DE SERVIÇO OU VENDA DE MERCADORIAS.”

Também foi tratado pela Secretaria da Receita Federal no Parecer Normativo COSIT Nº 2, de 18 de maio de 2012 (DOU de 02 de julho de 2012, pág. 40), que tem a seguinte conclusão:

“15. Em face do exposto, conclui-se que: a) a competência atribuída à União para instituir o Imposto sobre a Renda, nos termos do inciso III do art. 153 da Constituição Federal, confere a essa pessoa política, em caráter exclusivo, o poder para legislar sobre o referido imposto; b) embora a Constituição Federal, nos termos do inciso I no art. 157 e do inciso I do art. 158, destine aos Estados, Distrito Federal e Municípios o produto da arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre rendimentos pagos a qualquer título, esses entes não têm competência para legislar sobre hipóteses de incidência, devendo apenas aplicar a legislação federal que disciplina o referido imposto.”

Desse modo, não resta dúvida quanto à ilegalidade das retenções na fonte de Imposto de Renda por pagamentos realizados pelos municípios a pessoas jurídicas.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.10. Tomada de Preços nº 10/2011. Fragilidade na execução da obra de pavimentação asfáltica, com potencial perda dos serviços executados. Fato Trata-se de ação de controle que teve por objetivo verificar se, na execução da obra de pavimentação asfáltica e drenagem pluvial sob a responsabilidade desta equipe de auditoria, foram adotadas as especificações técnicas definidas em projeto, bem como se foram seguidos os métodos executivos dos serviços definidos no caderno de encargos e em consonância com as normas técnicas.

Dessa feita, foi realizada inspeção in loco, na data de 05 de outubro de 2016, em Sidrolândia/MS, para verificação: a) da existência de deficiências que comprometam a qualidade e a durabilidade da obra; b) da qualidade dos produtos empregados; e c) da existência de eventuais divergências encontradas entre projetos e execução. Verificou-se a existência de deficiências que comprometem a qualidade e a durabilidade da pavimentação asfáltica, conforme registros abaixo:

Foto: Rua Rozendo Gardiano, Sidrolândia/MS, 05 de outubro de 2016

Foto: Rua Sonia de Almeida Ortêncio, Sidrolândia/MS, 05 de outubro de 2016.

Quanto a execução da galeria celular, constatou-se a existência de trechos comprometidos, conforme registro abaixo:

Foto: Galeria Celular, Sidrolândia/MS, 05 de outubro de 2016

Foto: Galeria Celular, Sidrolândia/MS, 05 de outubro de 2016.

Verificou-se, ainda, que o dissipador de energia encontrava-se obstruído, conforme abaixo:

Foto: Dissipador de Energia, Sidrolândia/MS, 05 de outubro de 2016.

Foto: Dissipador de Energia, Sidrolândia/MS, 05 de outubro de 2016.

Ainda, no quesito existência de deficiências que comprometam a qualidade e a durabilidade da obra, verificou-se que o sistema de drenagem de águas pluviais não foi totalmente implementado pela Prefeitura de Sidrolândia/MS. Verificou-se nos trechos pavimentados a inexistência de bocas de lobo e a implementação definitiva do sistema drenagem. A execução parcial do sistema de drenagem nos trechos pavimentados causa a deterioração prematura do pavimento, aumentando consequentemente os custos de manutenção:

Foto: Rua Rozendo Gardiano sem drenagem, Sidrolândia/MS, 05 de outubro de 2016.

Foto: Rua Dona Tutinha sem drenagem, Sidrolândia/MS, 05 de outubro de 2016.

No tocante à qualidade dos produtos empregados, a verificação documental atestou a qualidade dos produtos empregados, com laudos técnicos que foram analisados pela CEF em sua atuação como agente interveniente do Contrato de Repasse n° 332.492-69/2010. Já quanto à existência de eventuais divergências encontradas entre projetos e execução, não foram necessárias modificações contratuais para tanto, tendo em vista que não foram encontradas divergências entre projetos e execução da obra. Outrossim, pontua-se que, por ocasião da realização da inspeção in loco (05 de outubro de 2016), verificou-se que a obra em epígrafe encontrava--se paralisada desde 31 de agosto de 2015, sendo que o 9º Boletim de Medição foi o último a ser emitido pela empresa Policon Engenharia Ltda, o qual atestava um percentual de execução na ordem de 64,30% (sessenta e quatro vírgula trinta por cento), com valores pagos no montante de R$ 884.619,15. Verificou-se que o Contrato nº 179/2011 firmado com a empresa Policon Engenharia Ltda. foi rescindido, por meio do Termo de Rescisão Unilateral ao Contrato nº 179/2015,

celebrado entre o Município de Sidrolândia-MS e a empresa Policon Engenharia Ltda, de 14 de outubro de 2015. A cláusula terceira do Termo de Rescisão Unilateral informa o motivo para a rescisão, conforme abaixo:

“CLÁUSULA TERCEJRA: DA MOTIVAÇÃO FÁTICA A presente rescisão unilateral, administrativa, decorre do fato de que a CONTRATADA infringiu os incisos I e II e em especial o inciso V, todos do art. 78 da Lei 8.666/93, tendo paralisado por mais de 4 (quatro) meses o andamento das obras, a qual não fora concluída, e até a presente data a mesma somente realizou 56,53% da obra física contratada, tendo a partir da paralisação dos serviços se ausentando do local da obra e não apresentando justificativas para a paralização dos serviços.”

Em que pese a presente rescisão contratual, a fiscalização realizada por esta equipe não encontrou documentação que revelasse a implementação de ações, por parte da Prefeitura Municipal de Sidrolândia, para providências com vistas à conclusão da obra fiscalizada; fato este que revelou a inércia por parte da gestão municipal no tocante à gestão de contratos. Ademais, registra-se que a fiscalização realizada por esta CGU-Regional/MS foi levada a cabo em outubro de 2016, sendo que a obra em questão teve a Ordem de Serviço para o seu início expedida em 10 de dezembro de 2011, conforme colocado abaixo:

Fonte: Processo n° 4068/2011 Ou seja, houve um lapso temporal de, aproximadamente, quatro anos e dez meses entre o início das obras e a realização da fiscalização por esta equipe de auditoria. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada em relação ao Relatório Preliminar encaminhado, por meio do Ofício nº 21.756/2016/Regional/MS-CGU, de 21 de dezembro de 2016. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’. ##/AnaliseControleInterno##

3. Consolidação de Resultados Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos públicos não está adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores. Destacam-se, a seguir, as situações de maior relevância quanto aos impactos sobre a efetividade do Programa/Ação fiscalizado: - Restrição ao caráter competitivo na realização do Convite nº 35/2010, Pregão nº 09/2011 e 10/2011 pela Prefeitura de Sidrolândia/MS; - Obras decorrentes dos Pregões nº 09/2011 e 10/2011 paralisadas; - Existência de sobrepreço de R$ 35.810,68 na planilha orçamentária da Tomada de Preços nº 09/2011; - Superfaturamento de R$ 19.160,58 nos pagamentos decorrentes da Tomada de Preços nº 09/2011. - Superfaturamento quantitativo de R$ 10.102,00 por pagamento de Projeto de Pavimentação do Bairro Cascatinha II já existente; - Superfaturamento quantitativo de R$ 17.981,12 em favor da empresa Policon Engenharia Ltda.; - Prejuízo de R$ 22.313,23 na execução das obras realizadas pela empresa Policon Engenharia Ltda.; - Retenção indevida de IRPJ no valor de R$ 10.298,83 em favor do erário municipal; - Fragilidades na execução das obras de pavimentação asfáltica, com potencial perda de serviços executados.