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Arquivística.net (www.arquivistica.net), Rio de Janeiro, v.4, n. 2, p 35-58, ago./dez. 2008 Relato de Pesquisa A preservação preservação preservação preservação e o acesso e o acesso e o acesso e o acesso de acervos fonográficos de acervos fonográficos de acervos fonográficos de acervos fonográficos – relato de pesquisa relato de pesquisa relato de pesquisa relato de pesquisa por por por por SILVA SILVA SILVA SILVA, S , S , S , Sérgio Conde de Albite rgio Conde de Albite rgio Conde de Albite rgio Conde de Albite Doutor em Ciência da Informação, mestre em Memória Social, arquivista-conservador e professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO [email protected] RESUMO RESUMO RESUMO RESUMO Relata as diferentes etapas, processos e principais resultados de dois projetos de pesquisa sobre preservação e acesso de acervos sonoros compostos por discos de vinil e de goma- laca. Os acervos, objetos da pesquisa, estão custodiados no Instituto Cultural Cravo Albin- ICCA e na Divisão de Música e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional-BN, ambos com sede no Rio de Janeiro. Os projetos foram desenvolvidos entre agosto de 2001 e abril de 2006. As etapas de pesquisa e de intervenção consideraram, de forma integral e indissociável, a preservação e o acesso dos discos, e contemplaram a conservação (higienização e consolidação física) das unidades documentais, o acondicionamento, a descrição, a formatação de bancos de dados, arquivos de metadados e a digitalização sonora das músicas para acesso em intranet e/ou internet. Palavras-chave: preservação e acesso de acervos fonográficos – arquivos sonoros – discos de vinil e goma-laca – discos de música brasileira ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT This research report presents the different stages and processes of two projects that involved research of technologies and materials and its subsequent implementation. Such projects were developed in collections with Brazilian's music record-discs of two cultural institutions in Rio de Janeiro: the Instituto Cultural Cravo Albin-ICCA and the Biblioteca Nacional-BN (National Library), between August of 2001 and April of 2006. The research and the treatment considered, in a integral way, the cleaning and the physical conservation of the documental units, the packaging, the archive description, the formatting of a databases and its metadata files, the digitization of the music for access in intranet and/or internet.

por SILVASILVA, S ,, SS, Sé ééérgio Conde de Albitergio ... · sobre preservação e acesso de acervos sonoros compostos por discos de vinil e de goma- ... o registro de Frank

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Relato de Pesquisa

AAAA preservação preservação preservação preservação e o acesso e o acesso e o acesso e o acesso de acervos fonográficosde acervos fonográficosde acervos fonográficosde acervos fonográficos –––– relato de pesquisa relato de pesquisa relato de pesquisa relato de pesquisa

porporporpor

SILVASILVASILVASILVA, S, S, S, Séééérgio Conde de Albitergio Conde de Albitergio Conde de Albitergio Conde de Albite

Doutor em Ciência da Informação, mestre em Memória

Social, arquivista-conservador e professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO

[email protected] RESUMORESUMORESUMORESUMO Relata as diferentes etapas, processos e principais resultados de dois projetos de pesquisa sobre preservação e acesso de acervos sonoros compostos por discos de vinil e de goma-laca. Os acervos, objetos da pesquisa, estão custodiados no Instituto Cultural Cravo Albin-ICCA e na Divisão de Música e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional-BN, ambos com sede no Rio de Janeiro. Os projetos foram desenvolvidos entre agosto de 2001 e abril de 2006. As etapas de pesquisa e de intervenção consideraram, de forma integral e indissociável, a preservação e o acesso dos discos, e contemplaram a conservação (higienização e consolidação física) das unidades documentais, o acondicionamento, a descrição, a formatação de bancos de dados, arquivos de metadados e a digitalização sonora das músicas para acesso em intranet e/ou internet. Palavras-chave: preservação e acesso de acervos fonográficos – arquivos sonoros – discos

de vinil e goma-laca – discos de música brasileira ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT This research report presents the different stages and processes of two projects that involved research of technologies and materials and its subsequent implementation. Such projects were developed in collections with Brazilian's music record-discs of two cultural institutions in Rio de Janeiro: the Instituto Cultural Cravo Albin-ICCA and the Biblioteca Nacional-BN (National Library), between August of 2001 and April of 2006. The research and the treatment considered, in a integral way, the cleaning and the physical conservation of the documental units, the packaging, the archive description, the formatting of a databases and its metadata files, the digitization of the music for access in intranet and/or internet.

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INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A par da revisão de literatura, do campo teórico conceitual e da pesquisa de

materiais envolvidos nos projetos de pesquisa, priorizou-se apresentar neste relato os

processos e os principais resultados dos projetos intitulados “Organização e Preservação

de Acervos do Instituto Cultural Cravo Albin (2001-2004)” e “Passado Musical (2005-

2006)”. Justifica-se essa escolha em razão de demanda sobre o tema manifestada por

arquivistas e conservadores de várias partes do Brasil e em vista do aumento significativo

de instituições que começam a tratar seus acervos fonográficos.

No âmbito dos dois projetos de pesquisa, a preservação foi entendida como toda

ação que se destina a salvaguardar e a recuperar as condições físicas, proporcionando

permanência e durabilidade aos materiais dos suportes, possibilitando a disseminação da

informação. Isto significa que o conceito de preservação a longo prazo ultrapassa a

intervenção física nos suportes ao contemplar o acesso contínuo à informação. Significa,

também que há uma relação hierárquica entre os conceitos de preservação, conservação,

restauração e conservação preventivas e as respectivas ações de intervenção (SILVA, 1998,

p. 9). Isto é, a preservação engloba as conservação e a restauração (ações corretivas) e a

conservação preventiva (ações preventivas). Os usos e os recursos das tecnologias de

informação e comunicação-TICs corroboram a ampliação do conceito de preservação,

uma vez que o principal foco no uso das TICs é o conteúdo intelectual dos objetos.

Garantir a continuidade do acesso é o principal objetivo da preservação que transforma

objetos analógicos em objetos digitais.

O objetivo geral de ambos os projetos foi o de preservar os registros e democratizar

o acesso a uma parte do passado musical brasileiro armazenado nos itens das coleções

fonográficas tratadas. O desenvolvimento e aprimoramento de metodologias, bem como a

capacitação de técnicos e estagiários dos cursos de graduação em Arquivologia e

Biblioteconomia, tendo em vista a continuidade das ações que visam implantar outros

projetos semelhantes, também se impuseram como objetivos importantes. Outro objetivo

foi a promoção da difusão das informações sobre os tratamentos de preservação e

organização pesquisados, desenvolvidos, testados e aplicados no acervo fonográfico

tratado através de publicações de referência técnico-científica em meio impresso e virtual,

bem como de estratégias de comunicação de seus resultados e participação em eventos

científicos.

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Mais especificamente, objetivou-se ainda, desenvolver metodologia de preservação,

organização, arranjo e descrição arquivística de documentos sonoros; formular,

implementar e testar técnicas de higienização e acondicionamento para conservação de

acervos fonográficos; identificar e construir planilha de dados técnicos e de conteúdo de

cada item documental (discos); arranjar, física e intelectualmente, os acervos, oferecendo

uma distribuição estrutural do acervo que refletisse a acumulação e o acesso; descrever,

visando a produção de instrumentos de pesquisa tradicionais como guia, inventários,

catálogos, índices etc., e instrumentos de consulta via Internet; divulgar os conhecimentos

adquiridos e a metodologia adotada.

A pouca quantidade de acervos fonográficos devidamente tratados, preservados,

documentados e com seus dados disponíveis em bases e centros de referência justifica os

esforços e os investimentos aplicados nos estudos e nos tratamentos de documentos

sonoros. A preservação e a organização de acervos fonográficos abrem perspectivas para

novas e definitivas ações na área. A identificação de metodologias de catalogação,

descrição e de preservação de arquivos fonográficos, e a respectiva verificação da

propriedade de sua aplicação, poderão contribuir para diminuir a lacuna existente na área.

Os acervos tratados fazem parte da memória musical do Brasil. Neles, estão

registradas interpretações de músicas brasileiras, compositores, intérpretes, idéias e ideais

de diferentes épocas. Além disso, uma outra memória está presente nos discos – a da

própria tecnologia dos registros sonoros. A digitalização, ainda que mude o suporte

original em decorrência do uso de uma outra tecnologia, permite preservar e tornar

acessível a informação registrada, isto é, as músicas gravadas nos discos1.

Em busca da troca de experiências, de interlocução e de referenciais necessários

para o desenvolvimento da pesquisa e dos testes e da intervenção propriamente dita,

foram mantidos contatos com profissionais e instituições da área como Arquivo Nacional

(http://www.arquivonacional.gov.br), Biblioteca Nacional (http://www.bn.br), Instituto

Moreira Salles (http://www.ims.uol.com.br), Fundação Casa de Rui Barbosa

(http://www.casaruibarbosa.gov.br), Metalgâmica Produtos Gráficos Ltda., Polysom Fábrica

1 No projeto do ICCA, a definição dos acervos objetos de intervenção foi feita pelo titular do arquivo e presidente do Instituto, Ricardo Cravo Albin. No projeto Passado Musical, coube à equipe do projeto selecionar, entre milhares de discos de 78rpm os de música brasileira que seriam tratados. Foram considerados como discos de música brasileira os registros com a participação de pelo menos um brasileiro, seja como compositor, seja como intérprete. Isto é, foram considerados como discos de música brasileira, por exemplo, o registro de Frank Sinatra (cantor norte-americano) cantando uma composição de Tom Jobim (compositor brasileiro), ou então, Francisco Alves (intérprete brasileiro) cantando George Gershwin (compositor norte-americano).

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de Vinil (Belford Roxo), Gráfica Teatral Ltda, DocPro-Rio, entre outros. Pesquisa em

inúmeros sites na internet como a Music Division of National Library of Canadá

(http://www.collectionscanada.gc.ca/music-performing-arts/index-e.html), referência

mundial no tratamento de documentos sonoros; Library of Congress

(http://www.loc.gov/index.html), Projeto CPBA – Conservação Preventiva em Bibliotecas e

Arquivos (www.cpba.net); Rochester Institute of Technology (http://www.rit.edu/); Task

Force on Archiving Digital Information, comissionada pelas The Comission on Preservation

and Access e The Research Libraries Group, disponível no site do CLIR – Council on

Library Information and Resources, National Media Laboratory (http://www.clir.org/), dos

EUA, entre outros.

Este relato apresenta, na ordem, o item SobreSobreSobreSobre Registros FonográficosRegistros FonográficosRegistros FonográficosRegistros Fonográficos, com alguns

nomes, datas e fatos tidos como relevantes no desenvolvimento da tecnologia de som,

bem como aspectos constitutivos dos discos, a substância formadora do som nas gravações

originais e os formatos e materiais das cópias de reprodução. Em Os Os Os Os Projetos Projetos Projetos Projetos

DesenvolvidosDesenvolvidosDesenvolvidosDesenvolvidos são descritas as características gerais de ambos os projetos (“Organização e

preservação de acervos do Instituto Cultural Cravo Albin” e Projeto “Passado Musical”),

especificidades e elementos indicativos do universo de intervenção. No item O Processo O Processo O Processo O Processo

de Intervençãode Intervençãode Intervençãode Intervenção estão registradas as etapas e as ações preliminares realizadas, as principais

causas e sinais de deterioração encontrados, os relatos das atividades de conservação dos

acervos e de processamento da informação (com imagens ilustrativas) e respectivos

produtos: as entidades informacionais resultantes. Este relatório conclui-se com as

considerações finais e as referências das obras consultadas.

SOBRE OS REGISTROS FONOGRÁFICOSSOBRE OS REGISTROS FONOGRÁFICOSSOBRE OS REGISTROS FONOGRÁFICOSSOBRE OS REGISTROS FONOGRÁFICOS

A identificação e os estudos da literatura específica sobre o tema e o conhecimento

adquirido no percurso possibilitaram e subsidiaram ações posteriores como diagnóstico do

acervo, reconhecimento da natureza dos materiais e das tecnologias dos discos, critérios e

ordem das intervenções. Além disso, foi possível conhecer um pouco mais da história das

gravações e dos discos. Os aspectos considerados relevantes são relacionados a seguir.

Nomes, datas e fatosNomes, datas e fatosNomes, datas e fatosNomes, datas e fatos

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Início do Século XIX - Thomaz Young desenvolve um vibroscópio capaz de produzir uma

“tradução” gráfica das vibrações sonoras de um diapasão. Martinville chega ao

fonoautógrafo com o qual consegue o primeiro registro gráfico da vibração da voz. Charles

Gros idealiza um equipamento que grava e reproduz o som e Thomaz Edison constrói o

fonógrafo, o primeiro “armazenador” de som capaz de gravar e reproduzir sons em rolos e

cilindros.

1877 – A Tin-Foil Phonograph realiza a primeira gravação sonora e reproduz um poema

recitado por Thomaz Edison.

1887/88 – Com o advento do gramophone, o disco substitui o rolo/cilindro para gravar e

reproduzir sons. Emile Berlinger desenvolve a sulcagem lateral.

1891 – Frederico Figner (1866-1946) chega ao Brasil e, em 1902, funda a Casa Edison,

que comercializava cilindros de cera (amberol) e discos, fonógrafos, partituras e

instrumentos musicais.

1924 – Western Electric Co. desenvolve tecnologia que transforma a gravação mecânica

(com uso de corneta) em gravação elétrica com uso de microfone e amplificação (o

microfone capta as diferenças da pressão do ar que vibra ao seu redor levada pela

propagação das ondas sonoras e o amplificador converte as diferenças de pressão do ar

em diferenças de tensão de corrente elétrica).

1925 - Victor Talking Machine e a Columbia industrializam e comercializam cópias de

discos.

1931 – RCA Victor desenvolve a tecnologia de microsulcos e a velocidade de 33e1/3rpm

(rotações por minuto).

1946 – Surgem as primeiras capas personalizadas no Brasil.

1948 – Peter Goldmark desenvolve o Long-Playing (LP), um disco de longa duração capaz

de registrar entre 8 a 12 músicas com cerca de 3 minutos cada. Até então, os discos de 78

rpm, em sua grande maioria, registravam apenas uma música de cada lado do disco,

também com cerca de 3 minutos cada.

1951 – Disseminação do LP pelo mundo.

1964 – Ano do último disco de 78rpm gravado no Brasil.

1980 – Advento do compact-disc CD.

2000 – Surge a tecnologia do MP3.

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DDDDos discos e dos discos e dos discos e dos discos e da substâna substâna substâna substância formadora do somcia formadora do somcia formadora do somcia formadora do som –––– o formato e o material dos discos o formato e o material dos discos o formato e o material dos discos o formato e o material dos discos

O acetato de celulose, um polímero modificado (sal orgânico) é um produto

sintético obtido por reação química entre a celulose vegetal e o ácido acético (etano/etila).

Foi o material usado para a fase inicial de captura do som até o advento das fitas

magnéticas. Antes da industrialização e comercialização das cópias de discos, um mesmo

e único disco de acetato, que havia capturado e registrado o som original emitido

diretamente de uma fonte sonora, era utilizado também para reproduzir esse som. A fina e

sensível camada de acetato de celulose exigia uma base mais rígida de alumínio, vidro,

madeira ou cartão e uma cobertura de laca com óleo de ricínio para poder ser

transportada e manuseada. Alguns discos de acetato, usados como matriz na captura do

som, apresentam, impressos no rótulo, acompanhando o perímetro da circunferência

externa do rótulo, uma série numerada em pequenos quadrados (geralmente, de 1 a 40)

que sinalizavam a quem fosse reproduzir o disco, quantas vezes o disco já havia sido

tocado e quantas vezes ele ainda poderia ser ouvido com qualidade. A cada reprodução,

um número era riscado.

Com o surgimento das fitas magnéticas e dos gravadores, o disco de acetato

continuou sendo usado apenas pela indústria do vinil para a “produção do master ou corte

do áudio”.2 A captura do som passou a ser feita, preferencialmente, pelas fitas magnéticas.

Até 1950, os discos em goma-laca constituem praticamente a totalidade dos

acervos. Os diâmetros variavam entre 16, 14 e 10 polegadas, sendo este último o mais

freqüente. Sua constituição era de 19% de goma-laca e de 81% de cargas como goma do

Gongo, vinsol, negro de carbono, esterearto de zinco, carbonato de cálcio, silicato de

alumínio, estopa de algodão, sílica, barita, cera de carnaúba, etc. A grande maioria era

reproduzida na velocidade de 78rpm (no projeto Passado Musical foram encontrados

2 Etapas do processo industrial de fabricação das cópias de reprodução vinil: 1º)1º)1º)1º) Produção do “master” em Produção do “master” em Produção do “master” em Produção do “master” em

acetatoacetatoacetatoacetato: corte do áudio com o registro do áudio original em um disco de 14 polegadas (lacquer disc 14") com sulcagem lateral em baixo relevo. 2º)2º)2º)2º) Produção do “original”Produção do “original”Produção do “original”Produção do “original”: o “master” em acetato (da etapa anterior) é banhado em um processo chamado de galvanosplastia que fixa a prata no acetato, cujo resultado é um disco com sulcagem lateral em alto relevo. É reservado como cópia de segurança, caso o processo a seguir sofra algum tipo de problema, evitando ter-se de produzir um novo “master” de acetato, um material bem mais caro. 3º) Produção da “madre”3º) Produção da “madre”3º) Produção da “madre”3º) Produção da “madre”: do “master” é feita a “madre” em sulcagem lateral e em baixo relevo. É com a “madre” que realiza-se o controle de qualidade do áudio. Se este não for de boa qualidade, abandona-se a “madre” e volta-se ao original para produzir uma nova “madre”. 4º) Produção da 4º) Produção da 4º) Produção da 4º) Produção da “matriz”“matriz”“matriz”“matriz”: da “madre” se produz a “matriz” com sulcagem lateral em alto relevo. É a “matriz” que será usada na prensagem de cada uma das cópias a serem produzidas. Há uma matriz para o lado A e outra para o lado B de cada disco.

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discos com velocidades de 76 e até 74rpm). Com o avanço das tecnologias de reprodução

surgiram os discos com a velocidade de 45rpm.

Depois de 1950, surgem os discos de vinil, produzidos com matéria derivada do

petróleo (policloreto de vinila, elemento resultante da indústria petroquímica), são

materiais sintéticos (matéria plástica – matéria versátil e com capacidade de moldagem)

formados por cadeias moleculares longas (polímeros), podendo ser considerados análogos

sintéticos das cadeias poliméricas de carbono que constitutivas das fibras de celulose.

Os diâmetros dos discos de vinil variavam entre 16, 12, 10 e 7 polegadas. O de 7

polegadas era denominados de “compacto” (apenas uma música de cada lado) ou de

“compacto duplo” (com duas músicas de cada lado). Era um artifício da indústria

fonográfica para fazer chegar, mais rapidamente, aos consumidores os sucessos musicais.

O chamado Long-Playing, com cerca de 12 músicas, velocidade de reprodução de

33e1/3rpm e diâmetro de 12 polegadas torna-se hegemônico até ser substituído pelo CD

(compact disc).

Entre os cerca de 12 mil discos estudados e tratados em ambos os projetos, havia 8

mil discos de vinil (ICCA) e 4 mil discos de goma-laca (BN).

OS OS OS OS PROJETOSPROJETOSPROJETOSPROJETOS DESENVOLVIDOS DESENVOLVIDOS DESENVOLVIDOS DESENVOLVIDOS

Muitos aspectos e grande parte da metodologia de intervenção foram comuns aos

dois projetos. Em ambos os projeto, adotaram-se duas etapas de intervenção desenvolvidas,

necessariamente, de forma seqüencial. Isto é, depois de definido o universo das unidades

documentais a serem tratadas, realizada a sua separação física e concluído o diagnóstico

geral, a intervenção iniciava-se pela conservação do acervo. À medida que as atividades de

conservação eram concluídas, os discos tratados e acondicionados de forma definitiva

eram enviados para a etapa do processamento da informação. Após a conclusão do

processamento da informação, os discos eram então enviados para a digitalização sonora,

para depois serem levados para a reserva técnica.

A digitalização sonora dos discos também exigiu uma série de testes comparativos

de reprodução sonora e captura do som entre discos não higienizados e discos

higienizados realizadas e discutidos por todos os profissionais envolvidos. Foram ainda

estudadas e testadas agulhas, toca-discos e velocidades de gravação para conhecer os

melhores efeitos e procedimentos.

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Alguns padrões de ordem geral e preliminar à intervenção direta nos discos foram

estabelecidos e passaram a compor a metodologia de tratamento dos acervos fonográficos

em questão. Com isso, tratava-se de diminuir os riscos de erros e intervenções indevidas

que pudessem prejudicar o desenvolvimento seguro dos projetos, bem como oferecer

diretrizes para as equipes da conservação do acervo e do processamento da informação.

• PRESERVA-SE A INFORMAÇÃO – isto significa que qualquer medida de

preservação que intervenha na informação registrada no disco (som/música), no

encarte e na capa (ficha técnica/letras de músicas/textos/fotografias/imagens etc.)

deve ser pensado e repensado antes de ser aplicada.

• SENTIDO ESTÉTICO – complementar à questão da preservação da informação

(questão principal), é preciso considerar um certo sentido estético nas medidas

aplicadas para a conservação dos encartes e, principalmente, das capas. Muitas

vezes, um documento conservado de maneira deficiente compromete mais o

acesso à sua informação do que um documento que não recebeu qualquer

tratamento de conservação.

• DIAGNÓSTICO – é o mais difícil, mas é essencial. Sem um diagnóstico preciso dos

problemas que ameaçam a preservação da informação e a durabilidade e

permanência do suporte qualquer intervenção é temerária e contraproducente. É

uma questão complexa, mas não pode ser evitada.

• MENOS É MAIS – isto significa que quanto menos se interferir, melhor. É preciso

estabelecer a justa medida (para isso um bom diagnóstico é essencial): garantir

consistência física ao suporte com um mínimo de intervenção.

• ONDE INTERVIR – se e quando tiver de intervir, fazer de forma que a intervenção

não se sobreponha ou prejudique a informação. Nas capas, por exemplo, sempresempresempresempre

pelo verso ou por dentro do documento ou por onde não exista qualquer tipo de

informação. A intervenção que se sobrepõe à informação é sempre sempre sempre sempre exceção e

somente deve ser realizada após as devidas discussões e estudos de alternativas.

• BASE PARA O TRABALHO – os trabalhos devem ser realizados sobre um papel

mata-borrão e entretela. Os instrumentos utilizados devem ser muito bem limpos

após o seu uso diário.

• QUALIDADE – a equipe como um todo deve se responsabilizar pela qualidade do

trabalho. Ou seja, antes de encaminhar as unidades documentais preservadas para

o Processamento da Informação todostodostodostodos devem verificar se o trabalho de todostodostodostodos está

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bem feito. Deve se refazer as intervenções até se chegar a uma unanimidade em

relação à qualidade do trabalho.

• NÃO ARRISCAR – os diagnósticos ou as medidas de preservação que implicarem

em riscos ou que não tenham o consenso da equipe devem ser separadas e

colocadas em uma caixa “Problemas” para análise e discussões posteriores.

Projeto “Organização e preservação de acervos do Instituto Cultural Cravo AlbinProjeto “Organização e preservação de acervos do Instituto Cultural Cravo AlbinProjeto “Organização e preservação de acervos do Instituto Cultural Cravo AlbinProjeto “Organização e preservação de acervos do Instituto Cultural Cravo Albin””””

O projeto do Instituto Cultural Cravo Albin teve como universo de intervenção

cerca de oito mil discos de vinil, de 33 rpm (rotações por minuto) com registros de música

brasileira. Foi desenvolvido, entre agosto de 2001 e dezembro de 2004,

concomitantemente e esteve vinculado ao “Projeto Dicionário Cravo Albin de Música

Brasileira”, este último sob a coordenação geral do professor Dr. Julio Diniz, da

Faculdade de Letras da PUC-Rio, ambos com apoio da FAPERJ.

O Arquivo do ICCA é constituído pela “Fundo Ricardo Cravo Albin” com os

documentos das atividades e funções de seu titular, e por diversas coleções fonográficas de

terceiros, doadas e acumuladas pelo ICCA. Na época (2001), o total do acervo fonográfico

do ICCA compreendia mais de 15.000 mil discos de 12, 10 e 8 polegadas (longplays em

vinil, 78rpm em goma-laca, compactos simples e duplos), 2.000 fitas magnéticas sonoras

de rolo, 700 fitas magnéticas cassete e 500 CDs. Desse universo, tratou-se de identificar

um conjunto de discos produzido, recebido e acumulado em razão das atividades

profissionais do titular do acervo, Ricardo Cravo Albin. O objeto específico de intervenção

do Projeto de Organização e Preservação de Acervos do Instituto Cultural Cravo Albin foi

a série “Fonográfica” do “Fundo Ricardo Cravo Albin”. O arranjo então concebido reflete

essa circunstância.

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É preciso destacar que, muito além das intervenções diretas de preservação e de arranjo e

descrição nas unidades documentais, o projeto de Organização e Preservação de Acervos

do ICCA pautou-se pela busca e identificação de metodologia que garantisse a propriedade

do tratamento aplicado, o que envolveu tempo e atenção para pesquisa de materiais, para

técnicas de conservação, a concepção de arranjo físico e intelectual e de notação

específica para o acervo bem como para a concepção e produção de planilhas ISAD(G).

Paralelamente, teve-se a preocupação com a escolha e aquisição de mobiliário, de

equipamentos e de materiais arquivísticos que oferecessem permanência ao acervo,

segurança e conforto humano.

O projeto se iniciou com os primeiros contatos com a direção do ICCA e com o

Ricardo Cravo Albin e com a formação de uma equipe com uma conservadora-

restauradora sênior, uma arquivista sênior, e estagiários dos cursos de Arquivologia da

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-UNIRIO, sob a coordenação do

professor-pesquisador Sérgio Albite, do Departamento de Estudos e Processos Arquivísticos

do Centro de Ciências Humanas e Sociais da UNIRIO). As discussões sobre as diretrizes e

linhas de atuação, visitas ao acervo, busca de referência bibliográficas nacionais e

internacionais, visitas técnicas a instituições referenciais no tratamento de discos, o início

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propriamente dito das pesquisas e das escolhas dos materiais e equipamentos foram etapas

subsequentes. Com a liberação das primeiras verbas, foram realizadas as compras de

materiais, móveis e equipamentos, o estudo e a definição do espaço e distribuição das

salas de trabalho, reformulação dos ambientes e o mapeamento geral do acervo. A

pesquisa e a metodologia das intervenções técnicas de tratamento de conservação e

processamento da informação foram consolidados no desenvolvimento de um projeto

piloto com 130 discos. Com isso foi possível observar os principais problemas bem como

traçar uma linha de intervenção propriamente dita.

Em dezembro de 2004, quando se encerra o projeto de Organização e Preservação

de Acervos do Instituto Cultural Cravo Albin, estavam preservadas (higienizadas e

acondicionadas) e processadas (arranjadas e descritas) 7.870 unidades documentais

(discos de vinil).

A metodologia desenvolvida, testada e consolidada no ICCA com apoio da FAPERJ

em discos de vinil foi ajustada e aplicada na conservação de acervo e processamento da

informação dos discos de 78rpm em goma-laca da Divisão de Música e Arquivo Sonoro da

Biblioteca Nacional, no projeto denominado “Passado Musical”, com apoio Petrobras

Cultural.

Projeto “Passado Musical”Projeto “Passado Musical”Projeto “Passado Musical”Projeto “Passado Musical”

O segundo projeto de preservação de que trata este relato, denominado “Passado

Musical”, foi realizado entre janeiro de 2005 e abril de 2006, e teve como universo de

intervenção quatro mil discos de 78 rpm em goma-laca e acetato do Divisão de Música e

Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional. Foi desenvolvido em parceria com o Laboratório

de Automação de Museus, Bibliotecas Digitais e Arquivos da PUC-Rio sob a coordenação

geral da professora Ana Pavani, com apoio da Petrobrás Cultural.

O projeto Passado Musical, essencialmente interdisciplinar, reuniu equipes com

competências distintas e complementares. A equipe do LAMBDA-PUC, responsável pela

coordenação geral e integração do projeto, formava com analistas de sistemas,

programadores, bibliotecária, web designer e estagiários de biblioteconomia, informática e

engenharia.

A identificação e seleção das unidades documentais para tratamento, conservação

do acervo de discos em suporte tradicional e descrição de conteúdo em sistema

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informatizado contou com uma conservadora-restauradora sênior, uma arquivista sênior, e

estagiários dos cursos de Arquivologia e Biblioteconomia da Universidade Federal do

Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO e da Universidade Federal Fluminense - UFF, sob a

coordenação do professor-pesquisador Sérgio Albite, do Departamento de Estudos e

Processos Arquivísticos do Centro de Ciências Humanas e Sociais da UNIRIO.

A digitalização dos discos e a conversão sonora da gravação analógica para digital

foi realizada pela DocPro, uma empresa brasileira, com técnicos e tecnologia brasileira.

Além dos profissionais da empresa, trabalharam no projeto estagiários dos Cursos Técnicos

CEFET/RJ – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca e da

ETE/FAETEC – Escola Técnica Estadual Visconde de Mauá / Fundação de Amparo à Escola

Técnica do Estado do Rio de Janeiro.

O desenvolvimento do hot site para o portal da Biblioteca Digital ficou a cargo da

Marlin, empresa com soluções e idéias em tecnologia e comunicação digital.

Como é possível observar, o Passado Musical preocupou-se também com a

formação de recursos humanos. Estagiários de várias instituições e com diferentes áreas de

formação profissional aprimoraram seus conhecimentos acadêmicos.

No desenvolvimento do Projeto Passado Musical encontraram-se discos dignos de

se mencionar, quer por sua antiguidade, por aspectos curiosos, prêmios etc. É preciso

considerar que parte do acervo do Passado Musical foi produzido em um momento em

que a tecnologia e a indústria de discos, no Brasil e no mundo, ainda não estavam

consolidadas. Isto significa que muitos exemplares chegaram ao mercado, a arquivos e

bibliotecas, ou mesmo às mãos de colecionadores com nítidos sinais do momento em que

a tecnologia e a indústria se encontravam. Os próprios discos de acetato gravados ao vivo

na Rádio Nacional são exemplo disso. Quer dizer, não havia então, a tecnologia das fitas

magnéticas sonoras e dos gravadores, de rolo ou cassete, que vieram a facilitar a gravação

de eventos, musicais ou outros, ao vivo. Assim, a Rádio Nacional gravava muitos de seus

programas de auditório ou alguma apresentação individual de um determinado intérprete,

usando um disco de acetato virgem para a captura do som. Isto significa que o mesmo

disco usado para capturar o som emitido pelo artista era usado para reproduzir o som

gravado. Não havia também tecnologia para fabricação de cópias. Os discos assim

gravados são discos únicos. Mario de Andrade, entre outros, usou esse recurso em suas

pesquisas de música brasileira. Em decorrência disso, as informações (nome do intérprete,

do compositor, da música etc.) que constam dos rótulos das gravações produzidas ao vivo

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na e pela Rádio Nacional eram datilografadas (usando-se uma máquina de escrever), para

depois ser o rótulo colado ao disco. Originalmente impresso no rótulo apenas o símbolo e

prefixo da rádio – PRE-8. Os discos de acetato virgem eram, originalmente, gravados

apenas em um dos lados. O lado sem o registro sonoro era “enfeitado” com desenhos e

formas variadas em alto relevo.

Há no acervo da BN, alguns discos singulares, como um samba de Ataulfo Alves

gravado em Japonês. Ao ouvi-lo, a melodia e o ritmo são imediatamente reconhecidos,

mas a letra está vertida para o Japonês (disco 27.13). O disco mais antigo do acervo

tratado pelo Passado Musical, e, provavelmente, um dos mais antigos da discografia

brasileira, data de 1900, tendo recebido dois prêmios na França em 1903 e 1904 (disco

26.3). Este disco tem rotação de 76 rpm. Foi encontrado um único disco cuja letra da

canção está impressa no rótulo, o que é pouco comum (disco 76.4). O disco 64.2 tem

rótulos com design diferente, apesar de ser, obviamente, da mesma gravadora, em cada

um dos lados do disco, e o disco 118.7 tem rótulos de tamanhos diferentes em cada um

dos seus lados. Há um disco, que alguns musicólogos consideram raro, com 7,5 polegadas

de diâmetro (o que é uma medida fora do padrão. Os diâmetros convencionais são 7, 10,

10,5, 12 e 16 polegadas), da Odeon com as músicas “As cortadeiras”, interpretada por

Bahiano, e “Risonha Morena”, interpretada pela Banda da Casa Edison (disco 118.5).

Foram encontrados sete de oito discos da coleção (discos 2.12 / 80.12 / 80.13 / 92.9

/135.15 / 157.4 / 161.2) das gravações feitas por Villa-Lobos e Stokowsky, em 1940, em

um navio fundeado na Baía de Guanabara com os equipamentos de gravação vindos dos

EUA. Participaram dessa gravação Donga, Cartola e a bateria da Mangueira, entre outros.

O diagnóstico do estado geral dos acervos, a escolha aleatória de cerca de 1,5% das

unidades documentais do acervo para o desenvolvimento de “projeto-piloto” com vista aos

testes iniciais necessários para definição de abordagem e identificação de especificidades

de cada um dos suportes (vinil e goma-laca/acetato), os testes de higienização com jatos

de ar, banho com lauril-sulfato de sódio (Detertec) e Tergytol para remoção de fungos,

gorduras e sujidades mais resistentes, bem como testes dos materiais de acondicionamento

e a concepção e formatação da planilha de descrição arquivística, reunindo elementos da

Norma ISAD(G) e do Formato Marc para arquivo sonoro, possibilitaram a consolidação,

adaptação ou a alteração das ações inicialmente propostas.

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O PROCESSO DE INTERVENÇÃOO PROCESSO DE INTERVENÇÃOO PROCESSO DE INTERVENÇÃOO PROCESSO DE INTERVENÇÃO

Etapas e ações preliminares Etapas e ações preliminares Etapas e ações preliminares Etapas e ações preliminares

• Formação da equipe: um arquivista-conservador, professor e pesquisador e

coordenador técnico-científico de duas equipes: a de Conservação do Acervo,

formada por um conservador-restaurador sênior e quatro estagiários; e de

Processamento da Informação, formada por um arquivista sênior e outros 4

estagiários trabalhando em turnos alternados (manhã e tarde).

• Formulação de normas, parâmetros e diretrizes de investigação e da intervenção

técnica, formatadas em um plano escrito.

• Elaboração de uma listagem com equipamentos, instrumentos, material

permanente e de consumo.

• Acompanhamento na escolha e adaptações de salas para a criação de um

ambiente de trabalho técnico para a equipe.

• Diagnóstico e levantamento preliminar das condições gerais do acervo.

• Identificação, entrevistas e busca de anotações e registros existentes sobre a

organização, a localização, as formas de aquisição e de acúmulo do acervo.

• Diagnóstico preliminar das condições físicas de conservação e de reprodução

(audição) do acervo.

• Diagnóstico preliminar para a identificação de algum método de organização ou

critério de acúmulo e proveniência originalmente aplicado.

• Transferência controlada do acervo ou de parte do acervo a ser tratado do local

original para as salas de tratamento técnico.

• Desenvolvimento de projeto piloto para identificação de particularidades, de

testes de metodologia (planilhamento, higienização, acondicionamento, arranjo

e descrição) e para a confirmação da metodologia ou formulação de alternativas

de tratamento.

• Elaboração de uma listagem com a ordem seqüencial das unidades documentais

a serem tratadas.

• Acondicionamento preliminar dos discos em caixas de polipropileno rígido com

15 unidades por caixa. As caixas aguardam em prateleira reservada para tal que

a equipe de CA as leve para tratamento.

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• Concepção e configuração, em conjunto com representantes das instituições

titulares dos acervos e com técnicos em informática, dos campos que

constituirão a planilha em papel e/ou o banco de dados para a descrição.

PPPPrrrrincipais incipais incipais incipais causascausascausascausas e sinais e sinais e sinais e sinais d d d deeee deterioração deterioração deterioração deterioração encontrados encontrados encontrados encontrados

• Deterioração por tensões internas diferentes entre materiais diferentes

sobrepostos, como o acetato de celulose e a base de vidro, ou de papel, de

alumínio.

• Descolamento do acetato do (segundo) suporte de alumínio, vidro ou papel,

com surgimento de bolhas.

• Ataques de fungos e microorganismos.

• Reação com os materiais de acessórios (capas e envelopes de plásticos e

papelão e equipamentos de reprodução).

• Manuseio e acondicionamento incorreto.

• Vandalismo, como riscos com lápis de cera na área de reprodução

(microssulcos).

• Degradação pelo atrito das agulhas de reprodução dos aparelhos de som.

• Amolecimento por calor acentuado por empilhamento, provocando

empenamento da superfície dos discos.

• Manchas resultantes da ação do metabolismo dos microorganismos.

• Acúmulo de poeira que penetra nos sulcos dificultando a passagem da agulha,

provocando riscos e interferências e impedindo a correta reprodução do som.

• Descolamento das camadas de acetato, tanto da forma de bolhas como de

pedaços faltantes nas trilhas sonoras.

DDDDDDDDaaaaaaaa ccccccccoooooooonnnnnnnnsssssssseeeeeeeerrrrrrrrvvvvvvvvaaaaaaaaççççççççããããããããoooooooo ddddddddoooooooossssssss aaaaaaaacccccccceeeeeeeerrrrrrrrvvvvvvvvoooooooossssssss

Ainda que existam algumas diferenças fundamentais no tratamento de conservação

entre os discos de vinil, goma-laca (extremamente frágil) e acetato (descolamento da

camada de acetato, o que impossibilita o jateamento a ar), a maior parte dos aspectos é

comum, como segue.

Separação dos discos e das capas, encartes, envelopes internos e externos. Nos

discos de vinil, as capas em cartão/papel aguardam tratamento de conservação posterior e

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os envelopes plásticos originais (externo e interno) são eliminados. Nos discos de 78 rpm,

como as capas (fabricadas em sua quase totalidade em papel Kraft de péssima qualidade

para preservação e geralmente em adiantado processo de degradação) eram padronizadas

pela gravadora e não personalizadas por disco (sem arte-gráfica que identificasse e

diferenciasse um disco do outro), optou-se por preservar apenas dois exemplares de cada

um dos modelos existentes em melhor estado estrutural (físico) e informacional (conteúdo)

para posterior tratamento de conservação (planificação, consolidação do suporte, reparos

de rasgos etc.). Apenas em 1946, as capas dos discos de 78rpm começaram a receber

desenhos e alusões gráficas temáticas, como discos de carnaval, discos de natal etc.

Exemplos das primeiras capas de discos de 78rpm

O disco passa então para a higienização com jato de ar. Os discos são jateados

com pistola de ar sobre papel mataborrão. O movimento do jato de ar deverá acompanhar

o espiral dos microsulcos de cada lado do disco. Após o jateamento, serão acondicionados

em entretela enquanto aguardam ser encaminhados à área de banho. O jato de ar

mostrou-se muito mais eficiente que a aspiração.

Limpeza mecânica com jateamento de ar

Na área de banho, os discos receberão um tratamento com detergente específico.

Serão imersos em água com o detergente já diluído e friccionados com trinchas de pelo de

marta, também acompanhando o sentido dos microsulcos. Muitas vezes, para a remoção

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completa dos fungos no é necessário a aplicação de 3, 4 ou 5 banhos. A solução de

Detertec3 para os discos em vinil foi de 1,2% (18 mL de Detertec por 1,5 L de água) e para

os discos em goma-laca e acetato foi de 0,16% (2,5 mL de Detertec por 1,5 L de água). Os

testes com o Tegitol, importando da Talas, EUA, não se revelou adequado nem fácil de ser

manuseado. A remoção do detergente deve ser feita em água corrente e abundante. Após

o banho, os discos recebem um novo jateamento de ar para acelerar a secagem e para a

remoção de possíveis resíduos e são postos no escorredor para a completa secagem.

Tratamento aquoso

Os discos somente deverão ser acondicionados nas capas quando estiverem

completamente secos. É preciso observar o clima do ambiente da área de tratamento e da

reserva técnica. O disco é então colocado diretamente em um envelope de Tyvek e este

dentro de um envelope de polipropileno.

Disco já tratado, sendo acondicionado em envelope Tyvek e em envelope de polipropileno

3 O lauril-sulfato de cobre solúvel em éter do Detertec, detergente em ambos os projetos, foi também utilizado pela

indústria de discos na higienização do máster, do original, da madre e da matriz.

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Etiquetas, selos e materiais estranhos (sem informação auto-explicativa ou

referenciada) e que impedem a leitura de alguma informação original do rótulo devem ser

removidos e eliminadas. Os discos são, então, acondicionados de forma definitiva em uma

caixa plástica (polipropileno) rígida (15 unidades documentais por caixa). As caixas

plásticas de acondicionamento definitivo recebem uma etiqueta externa com a logomarca

do projeto, um número seqüencial e a numeração-limite dos discos contidos.

As caixas com os discos devidamente conservados e acondicionados são enviadas

para a estante organizadora da linha de produção rigorosamente na mesma ordem original

recebida, onde aguardam a equipe do Processamento da Informação.

Quinze discos acondicionados em Estante organizadora da

caixa plástica rígida linha de produção

Do pDo pDo pDo processamento da rocessamento da rocessamento da rocessamento da informaçãoinformaçãoinformaçãoinformação

Após o tratamento de conservação, os discos aguardam na estante organizadora o

início do processamento da informação, descrição em planilha digital de cada unidade

documental. Antes de iniciar a descrição, deverá ser verificado se os discos estão na

ordem correta. Deverá ser feita, também, a identificação e a separação das "duplicatas

idênticas". São consideradas duplicatas idênticas aqueles discos de mesmo conteúdo

fonográfico e de fichas técnicas rigorosamente iguais.

A descrição das unidades documentais consiste no preenchimento em uma planilha

em papel ou diretamente em um banco de dados com cerca de 30 campos, inclusive com

o título de cada uma das músicas dos discos. As informações para a descrição são retiradas

exclusivamente do rótulo dos discos. Observou-se que as informações nas capas

ilustrativas são freqüentemente incorretas. Quando as informações estiverem ilegíveis ou

mesmo forem inexistentes no rótulo do disco, deve ser realizado um levantamento e um

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busca em bancos de dados sobre arquivos sonoros, em sites especializados no tema e na

literatura da área. Todas as informações atribuídas4 deverão vir entre colchetes. As

informações retiradas dos rótulos dos discos devem obedecer, rigorosamente, o formato

em que constam no disco, ou seja, sem correção de grafia, desdobramento de nomes e

títulos abreviados ou outra qualquer. Nos casos em que a correção da grafia original ou o

desdobramento de abreviaturas, por exemplo, forem importantes para a melhor

compreensão da unidade descrita, devem ser registrados no campo “Observações” das

planilhas. As planilhas, depois de completamente preenchidas, deverão ser conferidas e ter

os seus dados checados por pelo menos dois membros diferentes da equipe, além de

quem fez a descrição.

Exemplo de planilha de banco de dados para descrição produzida pela equipe do LAMBDA-PUC/Rio para o

projeto Passado Musical.

Após a revisão das planilhas, os discos recebem uma notação automática do

computador, que é um código numérico seqüencial, exclusivo e identificador de cada

unidade documental (disco). Esta notação deverá ser impressa em duas etiquetas auto-

adesivas. Uma etiqueta é colada no envelope Tyvek e outra no rótulo do disco processado.

Toda e qualquer manipulação dos discos é feita com o uso de luvas de helanca branca.

Depois da descrição completa, das conferências e de etiquetados, os discos voltam aos

envelopes de Tyvek e de polipropileno e são devolvidos às caixas polipropileno rígido.

Para se garantir o controle do Processamento da Informação os discos deverão ser

dispostos na estante destinada segundo a etapa do processamento em que se encontram:

• Discos para planilhamento

4 Informações atribuídas são os dados e informações relevantes, obtidas em fonte confiável e segura pela equipe de descrição, e não existentes no rótulo do disco descrito.

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• Discos para revisão do planilhamento efetuado • “Problemas” • Discos prontos para serem enviados à digitalização sonora

PPaarraa mmiinniimmaammeennttee ggaarraannttiirr oo ccoonnttrroollee ddaass aattiivviiddaaddeess ddee pprroocceessssaammeennttoo ddaa

iinnffoorrmmaaççããoo,, ffoorrmmaa ffoorrmmuullaaddooss ee iimmpplleemmeennttaaddooss aallgguunnss pprroocceeddiimmeennttooss ee nnoorrmmaass ppaarraa aa

ddeessccrriiççããoo

• As unidades documentais que chegam da conservação devem ter a ordem na caixa

conferida, bem como verificada a existência de duplicatas idênticas e/ou discos

com músicas sem participação de brasileiros. Quando existirem, estes deverão ser

retirados da caixa, com o devido registro do fato.

• Deve-se retirar uma caixa por vez da prateleira “Discos conferidos - Prontos para

descrever”, e obedecer rigorosamente a ordem numérica seqüencial das caixas.

• Deve ser feita a descrição completa e total de todas as unidades documentais da

caixa em que se trabalha, bem como fazer pelo menos uma revisão geral das

unidades documentais descritas, antes de enviar a caixa para a prateleira “Discos

descritos – Conferir e etiquetar” e apanhar nova caixa para descrever.

• Em qualquer das prateleiras, a ordem numérica seqüencial das caixas deve ser

sempre rigorosamente respeitada. A ausência de uma caixa, por qualquer motivo,

deve ficar evidente pelo vão correspondente na prateleira. A descrição deve

respeitar a ordem seqüencial das unidades documentais na caixa, bem como a

conferência das unidades documentais.

• Após a conclusão da conferência da caixa, as unidades documentais deverão ser

etiquetadas, bem como os respectivos envelopes Tyvek. As etiquetas somente serão

afixadas quando a caixa for considerada absolutamente pronta. A aplicação

definitiva da etiqueta no disco e no envelope Tyvek deve ser tomada como uma

espécie de “selo de qualidade” do trabalho executado.

• As etiquetas dos envelopes Tyvek deverão ser coladas no canto superior direito do

verso do envelope (na aba do envelope). As etiquetas do rótulo deverão ser coladas

no lado A do disco, preferencialmente na parte central do rótulo, de tal forma que

não se sobreponha a qualquer informação existente no rótulo.

• Somente após a colocação das etiquetas é que os discos poderão ser enviados para

a prateleira “Discos para a digitalização sonora” da estante organizadora.

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• Após a digitalização sonora, os dados faltantes na descrição, como tempo de

duração das faixas e do disco e idioma, deverão conferidos e, se necessário,

incluídos ou alterados no banco de dados.

• No fim de cada dia de trabalho, as caixas deverão ser recolhidas às respectivas

prateleiras, de acordo com a etapa do processamento em que se encontram.

• A transferência das caixas para a reserva técnica deverá ser feita apenas após a

conferência das etiquetas dos discos e da sua correta posição de acondicionamento

nos envelopes.

Concluída a etapa do processamento da informação, os discos são voltam para a

estante organizadora da produção para aguardar a digitalização das músicas. Na

digitalização, devem ser produzidas uma matriz de preservação, uma matriz de

reprodução e cópias para consulta de todo o acervo digitalizado.

Todos os procedimentos (conservação de acervo e processamento da informação)

recebem documentação fotográfica e são registrados por escrito em um “Diário de bordo”.

EntEntEntEntidades idades idades idades informacionais informacionais informacionais informacionais resultantesresultantesresultantesresultantes

Ao fim de cada projeto, com a conclusão de todas as etapas, resultam os seguintes

produtos, denominados de “entidades informacionais” (cf. Ana Pavani, LAMBDA-PUC-

Rio):

• Acervo analógico: os discos em acetato, goma-laca ou vinil conservados e

acondicionados;

• Catálogo do acervo analógico: discos catalogados/descritos em Formato MARC

e/ou ISAD(G), e etiquetados;

• Acervo digital: as músicas digitalizadas, constituindo arquivos digitais sonoros;

• Catálogo do acervo digital: listagem dos metadados dos objetos digitais sonoros.

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Quadro com as entidades informacionais e seus Quadro com as entidades informacionais e seus relacionamentos:relacionamentos:

Acervoanalógico(discos)

catalogaçãoCatálogo do acervo analógico

digitalização

Acervo digital

catalogação

Catálogo do acervo digital

Fonte: PAVANI, Ana. Laboratório de Automação de Museus, Bibliotecas Digitais e Arquivos. PUC-Rio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS À GUISA DE CONCLUCONSIDERAÇÕES FINAIS À GUISA DE CONCLUCONSIDERAÇÕES FINAIS À GUISA DE CONCLUCONSIDERAÇÕES FINAIS À GUISA DE CONCLUSÃOSÃOSÃOSÃO

À medida que as atividades de conservação dos acervos e de processamento da

informação se desenvolviam, foi importante para as equipes observar, relatar e discutir era

a propriedade das intervenções, os riscos envolvidos e as necessárias alternativas.

Foi parte indissociável de ambos os projetos, a identificação de materiais

adequados para a preservação de documentos sonoros, a busca e a consolidação de uma

metodologia de tratamento seguro e eficaz, a elaboração coerente dos arranjos e das

descrições dos acervos e o acompanhamento e troca de impressões e dados na formulação

das bases de dados para o acesso e pesquisa.

As observações técnicas, os progressos alcançados no tratamento, o uso de novos

materiais e a identificação de fornecedores que se interessaram em atender à demanda e

às necessidades das equipes, quer fornecendo materiais, quer produzindo artefatos para

guarda dos discos, servirão de referência para uma área em futuros projetos de

preservação.

Com o desenvolvimento satisfatório verificado, tanto do ponto de vista técnico e de

ações específicas de intervenção, como do trabalho interdisciplinar de pesquisa, foi

possível perceber o potencial existente em ambos os projetos, o que motivou este relato, e

justificou a retomada do tema, apesar dos anos decorridos de suas conclusões. A

oportunidade de contribuir com o desenvolvimento da área na divulgação desse

conhecimento, concretizado nesta publicação, levou em conta que ambos os projetos

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foram, em última instância, apoiados por verbas públicas (FAPERJ e Petrobras Cultural) o

que também justificaria, mais uma vez, a reincidência no tema.

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