32
jae.adventist.org REVISTA Número 35: 2013

Port JAE 35 - circle.adventist.orgcircle.adventist.org/files/jae/jae2013po35.pdf · exemplo, embora a Bíblia não seja, A Bíblia e a ciência estão em confl ito? DAVID B. EKKENS

Embed Size (px)

Citation preview

  • j a e . a d v e n t i s t . o r g R E V I S T A N m e r o 35: 2 0 13j a e . a d v e n t i s t . o r g R E V I S T AR E V I S T A N m e r o 35: 2 0 13

  • 2 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . a d v e n t i s t . o r g

    3 Qual o seu legado? Beverly J. Robinson-Rumble

    4 A Bblia e a cincia esto em confl ito? David B. Ekkens

    9 Currculo e f em tenso Modelos e princpios educacionais que podem reduzir a tenso e promover compreenso

    C. Garland Dulan

    16 O Mestre dos mestres Seu foco, estratgias e resultados

    John Wesley Taylor V

    23 Implantando classes de idioma Richard P. Carrigan

    28 As Escrituras e o aprendizado de idiomas Peggy Wahlen

    C O N T E D O

    239 16 28

    3 5 : 2 0 1 3

    DIRETORA EDITORIALBeverly J. Robinson-Rumble

    DIRETOR ASSOCIADOLuis A. Schulz

    ASSESSORESLisa M. Beardsley-Hardy

    Ben SchounElla Simmons

    DIVISO DA FRICA MERIDIONAL-OCEANO NDICOEllah Kamwendo

    DIVISO AFRICANA OCIDENTALAndrew Mutero

    DIVISO AFRICANA ORIENTALChiemela Ikonne

    DIVISO EURO-AFRICANABarna Magyarosi

    DIVISO EURO-ASITICA Vladimir Tkachuk

    DIVISO INTERAMERICANAGamaliel Florez

    DIVISO NORTE-AMERICANA Larry Blackmer

    DIVISO SIA-PACFICO NORTEChek Yat Phoon

    DIVISO SIA-PACFICO SULLawrence Domingo

    DIVISO SUL-AMERICANAEdgard Leonel Luz

    DIVISO SUL-ASITICA G. Nageshwara Rao

    DIVISO PACFICO SULKen Weslake

    DIVISO TRANSEUROPEIADaniel Duda

    DIAGRAMAOGlen Milam

    A REVISTA EDUCAO ADVENTISTA publica artigos sobre temas de interesse para os educadores adventistas. As opinies dos colaboradores no representam necessaria-mente as ideias dos editores ou a posio ofi cial do Departamento de Educao da As-sociao Geral.

    A REVISTA EDUCAO ADVENTISTA publicada pelo Departamento de Educao da Associao Geral dos Adventistas do S-timo Dia, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA; telefone: (301) 680-5062; fax: (301) 622-9627.

    Copyright 2013 Associao Geral dos

    Adventistas do Stimo Dia.

    R E V I S T AR E V I S T A

    As ilustraes das pginas 5 e 16 so de Harry Knox, obtidas do site Photos.com. Pginas 11 e 12, cortesia da Universidade Oakwood. Pginas 24 e 26, cortesia de Carol Campbell. Pginas 28, 29, 30 e 31, cortesia do autor

  • 3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3j a e . a d v e n t i s t . o r g

    Como seus alunos se lembraro de voc no prximo semestre ou em dez anos? O que vo dizer da maneira como voc infl uenciou o de-senvolvimento espiritual deles? Pouco tempo atrs, um capelo de uma universidade adventista, ao preparar um sermo, resolveu perguntar no Fa-cebook: De que maneira seus professores ajudaram voc a desenvolver sua f?

    Em dois dias, ele recebeu mais de 80 respostas que descreviam uma ampla gama de aes de do-centes de diversas disciplinas, alm dos que lecio-navam religio. Estes so alguns dos comentrios sobre os professores de cincias: Fez associaes entre o contedo de fsica e as Escrituras; in-fundiu espiritualidade em todas as aulas; deixou claro que no preciso sacrifi car a f para acreditar na cincia e vice-versa. Algum comentou que seu professor de fi nanas inicia as aulas com palavras inspiradoras, um versculo da Bblia e uma orao. Vrios comentrios eram acerca dos professores de educao fsica que faziam momentos devocionais antes de iniciar as atividades, o que defi nitivamente produziu um impacto sobre defi nio de priorida-des.

    Outros educadores, inclusive professores de religio, foram lembrados por aes especfi cas relacionadas f e doutrina: Apresentou-me diversos desafi os que impulsionaram o desenvolvi-mento de minha f; ajudou-me a ver que a f sem refl exo uma f vulnervel; certifi cou-nos de que a f prtica era compatvel com outras discipli-nas; inspirou-me porque estava aberto a perguntas difceis nas aulas de religio e fi losofi a; ajudou a reconhecer a constante generosidade divina e explicou-me a graa.

    Talvez os comentrios mais convincentes e sinceros tenham sido aqueles que descreveram traos de carter e interesse solcito de professores preocupados com o bem-estar de seus alunos. A essa mesma concluso chegou Carole Kilcher em um artigo que escreveu, h alguns anos, para esta revista1. Entre as respostas enviadas pelo Facebook, havia comentrios especfi cos sobre professores de religio: Demonstrou humildade e pediu desculpas a um estudante e como resultado me mostrou o carter de Deus; respondeu a minhas perguntas

    e se importou com o desenvolvimento de minha f mesmo aps eu ter me graduado.

    Alunos e ex-alunos se lembraram de professores que dedicaram seu tempo para escutar os anseios do corao e dvidas espirituais, para escutar os problemas, para dar a oportunidade de parti-cipao, compartilhando alimentos e acolhendo pessoas em sua casa, ajudando a conseguir um emprego e a obter uma bolsa de estudos, auxi-liando a identifi car talentos e orando sobre uma necessidade especfi ca.

    Como uma pessoa pode se preparar para ser um excelente educador cristo que infl uencia o desen-volvimento da f em seus alunos? preciso obter conhecimento na prpria rea de atuao e manter uma ligao pessoal com Cristo capaz de refl etir em sua vida diria. Isso me faz lembrar de Os Con-tos de Canturia2: E aprendia com prazer, e com prazer ensinava, sempre voltado para a virtude moral. A sntese poderia ser esse comentrio: Fortaleceu minha f na religio, no apenas com palavras, mas como sua vida prtica.

    Ao refl etir sobre a maneira pela qual podemos infl uenciar a vida de nossos alunos, espero que voc escreva para esta revista sobre este e outros temas que iro auxiliar seus colegas em todo o mundo a integrar a f ao ensino-aprendizagem, e a servir como modelo no processo de desenvolvimento moral e acadmico dos alunos nas instituies adventistas.

    Ao me preparar para me aposentar, depois de 42 anos como editora da Revista Educao Adventista, quero expressar meus sinceros agradecimentos a todos os educadores maravilhosos com quem tive a bno de trabalhar no preparo de artigos para a publicao, e ao Dr. Luis Schulz em seu fantstico trabalho na preparao das edies internacionais. Encorajo todos a enviar artigos que podem ser teis para os leitores.

    REFERNCIAS1. Disponvel em: .2. Geoffrey Chaucer, Canterbury Tales, Prlogo Geral, linhas

    309, 310.

    E D I T O R I A L

    Beverly J. Robinson-Rumble

    3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3

    Qual o seu legado?

  • H outras defi nies possveis, mas esta ser sufi ciente para nossos pro-psitos. Seguindo a mesma linha de raciocnio, milagre defi nido como um evento que no pode ser explica-do to somente por meios cientfi cos naturalistas.

    As cincias experimentais e histricas

    Ao discutirmos cincia e f, con-vm fazer distino entre a cincia experimental (ou emprica) e a cin-cia histrica. As cincias primordial-mente experimentais (por exemplo, qumica, fsica, anatomia, ecologia) envolvem a manipulao das condi-es fsicas a fi m de isolar e identifi -car fatores causais que explicaro o evento. As cincias primordialmente histricas (por exemplo, arqueologia, paleontologia) estudam os resultados de algum evento passado e tentam explicar o que ocorreu a fi m de pro-

    duzir a evidncia observada.Em sua maioria, as cincias en-

    globam tanto os aspectos empricos quanto histricos. Porm, apenas os aspectos empricos esto abertos experimentao o mesmo no acontece com os aspectos histricos. Normalmente, no h confl ito entre as Escrituras e a cincia experimen-tal. As difi culdades acontecem no momento em que se tenta compreen-der eventos histricos para os quais a Bblia prov uma explicao sobre-natural, enquanto a cincia tenta chegar a uma explicao naturalista.

    Tipos diferentes de passagens bblicas

    Antes de considerarmos questes em que parece ser difcil conciliar a cincia e as Escrituras, devemos notar que existem muitas reas em que no encontramos confl ito. Por exemplo, embora a Bblia no seja,

    A Bblia e a cincia esto em confl ito?

    D AV I D B . E K K E N S

    Nas discusses sobre cincia e f, muitas vezes tem-se a impresso de que s pos-svel acreditar ou na cincia ou nas Escrituras, no em ambas. No mundo secular, o normal que se veja a cincia como a verdadeira fonte de conhecimento. A Bblia, caso seja considerada, vista apenas como uma fonte de compreenso espiritual, contanto que ela no apre-sente algum confl ito com o consenso cientfi co. Este artigo examinar a seguinte pergunta: A Bblia e a cincia esto em confl ito? Depois, vamos analisar como um crente que tambm um cientista pode lidar com o problema.1

    Antes de continuar, vamos defi nir o signifi cado de cincia neste artigo. Por cincia refi ro-me a um processo sistemtico que tenta explicar fenmenos em termos dos mecanismos fsicos que os causam.

    4 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . a d v e n t i s t . o r g

  • primariamente, um livro-texto de cincias, ela descreve muitos fenmenos de natureza cien-tfi ca. Vrios autores bblicos mencionam mamferos, aves e plantas. Aspectos da anatomia, da fi siologia e do comportamento das plantas, dos animais e dos humanos so mencionados por autores bblicos. A Bblia descre-ve a criao de formas de vida, sugerindo que Deus projetou e fabricou os sistemas viventes que hoje esto disponveis para nosso estudo. A cincia de hoje reconhece em todos os nveis de complexidade a evidncia de um projeto, embora exista considervel discrdia sobre a origem dele.

    Algumas passagens da Bblia foram escritas em termos simblicos ou em fi guras de linguagem. Pode-se, portanto, interpretar erradamente uma expresso como sendo literal, quando ela na verdade fi gurada. Por exemplo, Habacuque 3:3 diz que Deus veio de Tem2. Talvez algumas pessoas venham a concluir, a par-tir desse texto, que Deus mora em Tem, mas a maioria de ns conside-ra a expresso como uma fi gura de linguagem. Aqui, Deus represen-tado como vindo do sul, ou do Sinai, onde foram dados os Dez Manda-mentos. Outras passagens podem ser poticas, ilustrativas ou expresses de compreenso comum, que no foram escritas para dar explicaes cientfi cas. Por outro lado, existem muitas passagens das Escrituras que so de clara inteno histrica. A esto includas passagens como Gnesis 1-11, as narrativas encontra-das nos evangelhos sobre os milagres de Jesus, Seu nascimento de uma virgem, Sua morte e ressurreio. A prosa claramente expositiva no apoia tentativas de espiritualiz-las ou, ento, categoriz-las como fi gurativas, poticas etc.

    Alguns cristos interpretam Gnesis 1-11 e eventos miraculosos nas Escrituras como fi gurativos e/ou poticos, no devendo ser enten-didos literalmente. Muitos desses cristos assumem que os autores

    dessas partes da Bblia descreveram sua prpria compreenso dos eventos ou gravaram as tradies que foram transmitidas a eles. Esses autores no eram sofi sticados o sufi ciente para entender que os eventos real-mente no aconteceram da maneira que descreveram e, presumivelmen-te, Deus no tentou corrigir o mal-entendido. Essa viso rasa da inspi-rao bblica parece minar a crena de que Toda a Escritura inspirada por Deus e til para o ensino, para a repreenso, para a correo, para a educao na justia (2 Timteo 3:16). Ela tambm aparece para des-truir a f em Jesus e nos apstolos uma vez que suas referncias a G-nesis indicam que eles acreditavam que esses acontecimentos realmente aconteceram.

    Explicaes naturais e sobrenaturaisPodemos oferecer duas explica-

    es possveis para os fenmenos: naturais ou sobrenaturais. Os dois sistemas explicativos podem estar em confl ito ou podem complementar um ao outro. Como a Bblia descreve primordialmente as atividades de Deus no curso da histria humana, ela quase sempre profere explicaes sobrenaturais. Como mencionamos anteriormente, as explicaes de fe-nmenos passados no so intrnseca e diretamente testadas por mtodos cientfi cos. Para um dado fenmeno que a Bblia descreve como sobrena-tural, um cientista materialista pode dar uma explicao naturalista. Em alguns casos, ambas as explicaes podem ser aplicveis. Em outras

    palavras, Deus pode ter usado processos fsicos corriqueiros de maneira sobrenatural para reali-zar Sua vontade.

    Muitos dos grandes cientistas do passado eram crentes e no viam confl itos entre a Bblia e a cincia. No sculo 17, os cientis-tas dividiram-se em dois campos, no que diz respeito religio e cincia (ou fi losofi a, como era ento chamada). Francis Bacon e Galileu Galilei pertenciam ao grupo separatista. Eles acredi-

    tavam que era melhor manter separa-dos o Livro das Escrituras e o Livro da Natureza, embora reconhecessem que ambos tinham o mesmo Autor.3 Na ltima metade do sculo passa-do, o cientista americano Stephen J. Gould ampliou a ideia de separao com sua proposta do conceito de Ma-gistrios No Interferentes (Nonover-lapping Magisteria ou Noma, na si-gla em ingls). De acordo com ele, a cincia e a religio ocupam domnios diferentes, os quais no interagem entre si.4 Segundo Gould, a religio ocupa-se com ideias espirituais e ticas, enquanto a cincia lida com o mundo real. Para aceitar o conceito da no interferncia, aparentemente necessrio rejeitar as Escrituras como a Palavra inspirada de Deus. O outro grupo de cientistas do sculo 17, os pansofi stas, via a cincia e as Escrituras em suprema harmonia.

    Assim, ambos os grupos chegaram a uma resposta de no confl ito os separatistas, porque compartimen-talizavam os campos de estudo; e os pansofi stas, porque viam a cincia como um reforo para as Escrituras. Os dois grupos viam Deus como o Autor das Escrituras e o Criador do mundo. Algum aparente confl ito estava em uma discordncia entre interpretaes da Bblia e/ou inter-pretaes da cincia. Podemos fazer a mesma abordagem hoje com uma advertncia adicional: nem todas as nossas perguntas sero respondidas. Uma vez que estamos em um mundo de pecado e possumos apenas uma compreenso incompleta da cincia e das Escrituras, no chegaremos a

    3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 5j a e . a d v e n t i s t . o r g

  • respostas completas para todas as perguntas.

    reas de conflitoO conflito evidencia-se princi-

    palmente no estudo das origens, o qual uma questo histrica, no uma questo experimental. Os que possuem uma cosmoviso naturalista preferem a teoria evolucionista, pois ela prope explicaes em termos de puros mecanismos fsicos. Os que tm uma cosmoviso baseada na revelao bblica preferem a teoria da criao, pois ela aceita os relatos bblicos de atividade sobrenatural na criao e manuteno do mundo natural. Ambas as vises clamam por evidncia. Como essa evidncia incompleta e aberta a diferentes explicaes, a cosmoviso do cientis-ta acaba desempenhando um papel importante na interpretao. Vamos, agora, voltar-nos para reas onde o conflito bastante evidente.

    Um dos exemplos mais conheci-dos encontrado em Galileu Galilei (1564-1642), considerado por muitos como o pai da astronomia observa-cional e da fsica moderna e o maior responsvel pelo nascimento da cincia moderna.

    No fim do sculo 16, lderes da Igreja Catlica Romana endossavam a ideia de que a Terra era o centro do Universo. Embora fosse um crente devoto, Galileu era, antes de tudo, um cientista. Ele defendia a ideia de Coprnico de que a Terra girava em torno do Sol. Uma vez que a igreja se considerava a autoridade suprema, Galileu foi identificado como um herege.5 Nesse exemplo, importante notar que o problema de Galileu no foi, estritamente, um conflito entre a Bblia e a cincia, mas uma diferena manifestada entre lderes religiosos e alguns cientistas sobre como inter-pretar a Bblia e dados cientficos.

    Aos olhos da maioria dos cien-tistas materialistas, sempre existiu conflito entre cientistas seculares e os que sustentam uma cosmoviso testa. Vrios livros j foram escritos sobre o tpico da, assim chamada, guerra entre cincia e religio.6 In-

    felizmente, cristos demasiadamente zelosos tm alguma responsabilidade nesse conflito. Pensadores srios foram muitas vezes perseguidos em virtude de supersties, sofrendo represso e coao (associadas igreja dominante). Isso levou falta de confiana na prpria Bblia.

    A Bblia narra a ocorrncia de numerosos milagres, os quais so quase que invariavelmente interpre-tados por dois grupos. Uma pessoa no convencida da inspirao divina conclui que o milagre no aconteceu de fato e que o relato bblico uma falcia. O descrente chega a uma das seguintes concluses: (1) o escritor pensou que o milagre aconteceu da maneira que ele o escreveu, mas es-

    tava errado; (2) ele sabia que estava errado, mas estava tentando ludibriar seu pblico; (3) ele queria enfatizar uma informao e, para isso, me-ramente contou uma histria. Em qualquer dos casos, o relato bblico considerado como no confivel, ou, pelo menos, que no deve ser tomado literalmente. Em contraste, a pessoa que aceita a Bblia como divinamente inspirada reconhece o milagre por meio da f. Uma vez que a ocorrncia est na Bblia, e a Bblia a palavra de Deus, o crente aceita que Deus usou Seu poder para causar o milagre.

    Milagres sem evidncia fsica disponvel

    Voltaremos nossa ateno ago-ra para os milagres para os quais no temos evidncias fsicas. Um exemplo includo pelos escritores dos evangelhos Jesus andar sobre as guas (ver Mateus 14:25-32). Os cticos podem sugerir que Jesus conheceria a localizao das rochas logo abaixo da superfcie de modo que fosse possvel caminhar da praia at o barco, aparentando que andava sobre a gua. Pedro, por no saber onde estavam essas rochas, veio a afundar e precisou ser resgatado. Os crentes poderiam corretamente considerar essa explicao um tanto forada, mas, como no h evidncia fsica direta disponvel hoje, no po-demos realizar nenhum teste. Assim, baseados em nossas pressuposies pessoais, aceitamos ou rejeitamos a histria.

    Um segundo exemplo o da filha de Jairo, uma menina que havia morrido, e Jesus a trouxe de volta vida (ver Lucas 8:49-56). O descrente pode observar que o prprio Jesus declarou que a menina estava apenas adormecida (Mateus 9:24) e que Ele meramente a acordou. Os relatos de Mateus e Lucas so, portanto, considerados errados. No temos evidncia fsica direta para saber se a menina estava, de fato, viva ou mor-ta. A resposta ao relato vai depender da confiana que se tenha na confia-bilidade da Bblia.

    Se formos consistentes em nos-sa compreenso da

    inspirao das Escrituras,

    estaremos prontos

    para aceitar que os

    eventos milagrosos de

    fato ocorreram e que,

    utilizando os meios

    convencionais, no

    podere-mos provar

    como eles aconteceram.

    Assim o potencial para

    conflitos continua, como

    continuar enquan-to

    durar o mundo, em sua

    presente realidade.

    6 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . a d v e n t i s t . o r g

  • Milagres com efeitos fsicos observveis

    Os milagres para os quais existe evidncia fsica hoje parecem apre-sentar questes mais problemticas. s vezes, parece que a evidncia cientfica discorda de nossa mais cuidadosa interpretao das Escritu-ras. Essas so questes que podemos classificar da seguinte forma: no h conflito, mas... Nossa crena a de que a Bblia e a cincia no esto em conflito. No entanto, parecem estar. Para resolver esses problemas, a evi-dncia tem que ser cuidadosamente avaliada, j que ela pode ser interpre-tada de diferentes maneiras.

    De acordo com um crente, a ori-gem da vida na Terra um exemplo de um evento milagroso em que a B-blia e a cincia no esto em conflito. O crente no v conflito nesta questo porque sente que os muitos experi-mentos qumicos para gerar vida que foram realizados nos ltimos 60 anos forneceram uma forte evidncia de que a vida no poderia ter surgido por meios naturais. Todas essas experi-ncias tm se baseado fortemente na inteligncia do investigador, se a vida se originou a partir desses tipos de experimentos, dificilmente ela pode-ria ser descrita como espontnea.

    Que molculas orgnicas tenham sido originadas a partir de gases inor-gnicos considerado por cientistas desvinculados da viso bblica como uma evidncia de que a gerao es-pontnea de uma clula viva poderia ocorrer. Eles acreditam que, dado o tempo suficiente e as condies cer-tas, a vida poderia surgir por meios naturais (aleatrios). Portanto, eles veem conflito entre os resultados de suas experincias e a afirmao dos cristos de que Deus criou os primei-ros seres vivos.

    A rea em que as questes no h conflito, mas... talvez sejam mais incmodas a da quantidade de tempo requerida para a acumulao de sedimentos retentores de fsseis na crosta terrestre. Parece haver um conflito entre o tempo relativamente curto sugerido na Bblia e o tempo longo inferido pela cincia.

    Os ncleos de gelo oferecem outro exemplo. Em lugares da superfcie terrestre como a Groelndia, foi formada uma grossa camada de gelo. Quando o gelo perfurado e um pedao do ncleo extrado, pode-se ver que existem camadas diferentes, como os anis de uma rvore. Alguns ncleos de gelo podem conter 160.000 camadas,7 das quais as que esto mais abaixo podem ser identificadas por meios qumicos. Uma vez que essas camadas presumidamente se deposi-tam razo de uma a cada ano, isso apresenta um conflito com o calen-drio bblico. Naturalmente, no h datas na Bblia, mas os eruditos bbli-cos mais conservadores tm utilizado as genealogias mencionadas no texto para concluir que no muito mais que dez mil anos esto representados pela histria bblica.

    Muitos outros exemplos podem ser dados de tcnicas convencionais de datao, os quais sugerem que a Terra muito mais velha que dez mil anos. Muitos cientistas que creem na Bblia no veem nenhum conflito nas datas antigas das rochas. Deus certamente poderia ter criado as rochas da Terra h muitos milhes de anos e, depois, organizado a crosta terrestre durante uma semana de criao mais recente. Contudo, existem muitos exemplos de fsseis encontrados em rochas e data-dos por tcnicas padro como muito mais antigos do que dez mil anos.

    Mesmo considerando esses proble-mas, temos evidncias de que o lti-mo captulo sobre a datao das eras ainda est para ser escrito. Em alguns casos, novas evidncias cientficas podem lanar dvidas sobre a datao convencional das eras. Por exemplo, um tecido macio foi recentemente encontrado dentro de ossos fossiliza-dos de dinossauros que teriam cerca de seis milhes de anos, segundo se acredita.8 Ningum tem uma ideia adequada para explicar como esse te-cido macio pode ter sobrevivido tanto tempo. Outro exemplo a descoberta da natureza catastrfica das flores-tas fsseis do parque Yellowstone,9 uma vez tidas como representantes de longas eras de processos ordin-

    rios. Outra evidncia para o depsito rpido de sedimentos inclui o depsi-to subaqutico rpido dos turbiditos (formaes geolgicas causadas por um tipo de avalanche subaqutica) e o ritmo de eroso dos continentes, que parece ser rpido demais para longas eras de idade da Terra.10

    Considerar a Bblia um mito cria mais problemas

    Algumas pessoas resolvem o conflito, concluindo que os milagres bblicos so mitos contos tradicio-nais que servem para expressar uma cosmoviso. Para esses, o conflito inexistente uma vez que o evento no aconteceu da maneira descrita. Por exemplo, realmente no teria existido um homem chamado Daniel, que pas-sou a noite em uma cova com lees. Isso seria meramente uma histria contada para mostrar que Deus cuida daqueles que creem nEle.

    No entanto, essa abordagem solapa a inspirao das Escrituras. Algumas pessoas veem as eras obtidas pela datao convencional como um indi-cador to forte de uma Terra muito antiga que acabam concluindo que uma leitura literal da Bblia seja um absurdo. Esses indivduos costumam aceitar as ideias de alguns eruditos b-blicos que creem que algumas partes de Gnesis, como o captulo 1, foram escritas depois de outras sees. Se aceitarmos essa viso das Escrituras, podemos acabar negando a vida e o ministrio de Cristo. A evidncia con-tra a ressurreio corprea de Cristo comparvel quela que contraria uma leitura literal de Gnesis 1.

    Para que sejamos consistentes em nossa compreenso sobre a inspira-o das Escrituras, precisamos estar prontos para aceitar que milagres aconteceram e que, usando meios convencionais, no podemos provar como eles aconteceram. Assim, o conflito continua.

    O conflito pode ser inevitvel em alguns casos

    Para a maioria dos crentes, no surpresa haver conflito entre f e cincia secular. As doutrinas cris-

    3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 7j a e . a d v e n t i s t . o r g

  • ts so baseadas na f e apoiadas por evidncias que apelam razo, incluindo a experincia pessoal, evi-dncias documentais e testemunhas oculares. A evidncia emprica tam-bm importante, mas no o nico fator, como acontece na cincia.

    Ao interpretarmos as Escrituras, devemos faz-lo com humildade. Existem outras possveis interpreta-es que no destruam o significado original? Podemos aceitar opinies alternativas se a passagem assim permitir, conquanto no deixemos de enxergar a natureza milagrosa do evento. O mesmo princpio deve ser aplicado para interpretar a cincia. preciso ter uma atitude humilde e considerao para com hipteses al-ternativas. Esse tipo de atitude pode ajudar a manter em perspectiva os conflitos entre a Bblia e a cincia.

    Se formos consistentes em nos-sa compreenso da inspirao das Escrituras, estaremos prontos para aceitar que os eventos milagrosos de fato ocorreram e que, utilizando os meios convencionais, no podere-mos provar como eles aconteceram. Assim o potencial para conflitos continua, como continuar enquan-to durar o mundo, em sua presente realidade.

    ConclusoTalvez Deus nos revele algum dia

    o tipo de cincia que Ele emprega, as leis dentro das quais Ele escolheu agir. S ento entenderemos que, afinal, no existe conflito. Por ora, temos que viver com a tenso. Para um cientista, ela pode ser s vezes considervel.

    Do que foi dito anteriormente, podemos concluir que sempre haver algum conflito entre a cincia e a Bblia. Alguns aparentes conflitos podem ser resolvidos medida que a cincia for fazendo novas descober-tas, mas outros sero resolvidos so-mente na eternidade. O conflito entre a Bblia e a cincia surge por vrias razes, incluindo: (1) entendimentos filosficos divergentes sobre o papel de Deus na natureza; (2) a dificulda-de de interpretar a histria do mundo

    cientificamente; (3) a incapacidade de a cincia explicar em termos cien-tficos o que Deus fez milagrosamen-te; e (4) o fato de os relatos bblicos sobre a histria da natureza serem breves e incompletos.

    Todas essas questes e conflitos devem apresentar oportunidades para que cientistas e telogos cres-am juntos em seu entendimento. A tragdia que ambos parecem estar limitados por sua prpria perspectiva e presos dentro dela. Por isso, no conseguem se comunicar em uma linguagem comum.

    Este artigo adaptado de um ca-ptulo do livro Mistrios da Criao (Casa publicadora Brasileira, 2013). Impresso com permisso.

    David B. Ekkens cursou bacha-relado e mestrado em biologia na

    Universidade Andrews. Depois lecionou para o ensino mdio por quatro anos. Al-canou o ttulo de PhD em biologia pela Universi-dade de Loma

    Linda e lecionou no Southwestern Adventist College (hoje Universi-dade Southwestern Adventist) por dois anos. Posteriormente, viajou para a frica, onde lecionou por quatro anos na Nigria e por seis anos na Universidade do Leste da frica, no Qunia. A essa experin-cia, acrescentou um ano de estudos ps-doutorais no laboratrio de neurofisiologia na Universidade Andrews. Uniu-se, ento, ao corpo docente do Kettering College of Me-dical Arts antes de mudar-se para a Southern Adventist University, onde recentemente se aposentou.

    REFERNCIAS1. Para sugestes teis sobre como lidar

    com essa tenso, ver o Captulo 20, Como viver sem ter todas as respostas?, de Gary Burdick, Mistrios da Criao (Tatu, SP: casa publicadora Brasileira, 2013).

    2. Deus vem de Tem, e do monte Par vem o Santo (NKJV). Textos bblicos so

    creditados verso RA, Almeida, Revista e Atualizada no Brasil, 2 ed. Barueri SP: Sociedade Bblica do Brasil, 1988, 1993.

    3. F. E. Manuel, The Religion of Isaac Newton (London: Oxford University Press, 1973).

    4. Stephen Jay Gould, Nonoverlapping Magisteria, Natural History 106 (1977): 16-22.

    5. Maurice A. Finocchiaro, Myth 8. That Galileo Was Imprisoned and Tortured for Advocating Copernicanism, em Galileo Goes to Jail and Other Myths About Science and Religion, ed. R. L. Numbers (London: Harvard University Press, 2009): 68-78.

    6. William H. Jennings, Storm Over Genesis: Biblical Battleground in Americas Wars of Religion (Minneapolis, MN: Fortress, 2007).

    7. T. H. Jacka, Antarctic Ice Cores and Environmental Change, Glacioloy Program, Antarctic Cooperative Research Centre and Australian Antarctic Division, http://www.chem.hope.edu/~polik/warming/IceCore/IceCore2.html (acessado em 11 de maro de 2010).

    8. M. H. Schweitzer et al., Analyses of Soft Tissue From Tyrannosaurus Rex Suggests the Presence of Protein, Science 316, n 5882 (2007): 277-280.

    9. H. Coffin, The Puzzle of the Petrified Trees, Dialogue 4, n 1 (1992): 11-13, 30, 31. Tambm disponvel online em http://www.aiias.edu/ict/vol_08/08cc_091-095.htm#_ednref6.

    10. A. A. Roth, Origens: Relacionando a Cincia com a Bblia (Tatu, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001).

    8 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . a d v e n t i s t . o r g

  • Modelos e princpios educacionais que podem reduzir a tenso e promover compreenso

    Com quase 7.500 escolas, 75.000 professores e 1,47 milhes de alunos em 145 pases, o sistema educacional adventista do s-timo dia um fenmeno global com mltiplos desafi os de vrias cultu-ras, experincias religiosas e nfase fi losfi ca. O desafi o particular-mente intenso quando a introduo de disciplinas acadmicas desafi a a perspectiva de f ou viso global do aluno.

    A questo suscita vrias perguntas bsicas:

    Quo cuidadoso deve ser o pro-fessor adventista quanto a iniciar uma discusso com base na f, dada

    a variedade religiosa e viso cultu-ral representada em muitos campi adventistas? Existem assuntos que devem ser evitados?

    Quando o professor percebe que assuntos apresentados na aula ou em tarefas de leitura involuntariamente desafi aram a f do aluno, como ele deve lidar com a situao?

    O professor deve intencionalmente escolher contedo do currculo (ex. cincias, teologia ou fi losofi a) que desafi e as convices de f do aluno? Nesse caso, como o material deve ser apresentado?

    Qual seria uma abordagem razo-vel a ser usada no estudo e discusso

    de assuntos em que informao ou perspectiva cientfi ca difere signifi -cantemente da perspectiva bblica? Como o professor pode manter um ambiente de respeito para alunos que possuem vises diferenciadas?

    Oferecer aos alunos oportunidades para explorar diferentes maneiras de obter conhecimento, em reas espe-cializadas de estudo e nos variados contextos sociais e religiosos nos quais a educao oferecida, tem potencial tanto para tenso criati-va quanto para improdutiva. Alm disso, a fi losofi a da educao adven-tista do stimo dia1 possui alguns elementos singulares e, portanto,

    Currculo e f em tenso

    3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 9j a e . a d v e n t i s t . o r g

    C . G A R L A N D D U L A N

  • no de surpreender que a aplicao dessa filosofia crie tenso para os que sustentam uma viso secular, bem como para os que so de outras tradies de f e, at mesmo, diante de adventistas com diferentes posi-cionamentos teolgicos. Tais tenses talvez no sejam necessariamente intencionais, pelo contrrio, podem ser resultado inevitvel de diferenas filosficas que formam as bases e parte do contedo da instruo.

    Este artigo considera modelos e princpios educacionais, prov exem-plo prtico e inclui alguns princpios de Ellen White que podem ser teis ao se lidar com tais tenses em sala de aula.

    Modelos educacionaisMuitos modelos educacionais

    incluem tcnicas recomendadas para apresentar a matria aos alunos. Cada um possui filosofia subjacen-te e um conjunto de suposies, designadas a alcanar um propsito especfico. Vamos revisar rapida-mente cinco modelos relevantes para o nosso estudo.

    1. Modelo do Bom Professor. De-finies antigas descreviam um bom professor como algum que cumpria o ideal comunitrio de bom cidado, bom funcionrio ou bom pai.2 Esse modelo cedeu lugar para um mode-lo que enfatizava as caractersticas psicolgicas de um bom professor tais como realizaes, motivao, compromisso, empatia, experincia, flexibilidade e assim por diante. Mais recentemente, o enfoque foi mudado de ensino bom para ensino eficaz. Pesquisas tm focalizado nas interaes entre professor e aluno

    em sala de aula, focando especifica-mente a influncia que os professores exercem sobre os alunos. Mais pes-quisas esto sendo realizadas sobre os padres de ensino eficaz e como alcanar os resultados desejados nos alunos.

    2. Modelos de Perguntas. A preocupao quanto a facilitar o aprendizado tem instigado educado-res a revisar os mtodos de questio-namento que ocorrem nas salas de aula. Algumas perguntas requerem respostas, enquanto outras so retri-cas. Os alunos no podem distinguir entre as duas e em algumas instn-cias talvez nem estejam cientes de que uma pergunta tenha sido feita. Assim, pesquisadores sentiram a ne-cessidade de definir as caractersti-cas de perguntas eficazes, perguntas que fazem os alunos se envolverem ativamente na composio de uma resposta e, assim, envolv-los no processo de aprendizado.3

    Perguntas que trazem tona um factoide memorizado, testes de ml-tipla escolha, perguntas a ser com-pletadas, perguntas de associao e semelhana que requerem uma nica resposta correta ou um mbito es-treito de respostas so denominadas perguntas convergentes ou fecha-das. Perguntas que incentivam uma resposta geral ou aberta so referidas como perguntas divergentes ou indi-retas e exigem um nvel mais elevado de pensamento e sntese. Um exem-plo de pergunta divergente seria a que pede aos alunos que reconheam e expliquem as diferenas entre sis-temas polticos, posies filosficas, pessoas e grupos. A quantidade de pensamento crtico e profundidade de investigao em reas cognitivas mais profundas exigidas pelas per-guntas do teste devem relacionar-se com os alvos do professor, os resulta-dos desejados no curso, e o nvel de notas e maturidade dos alunos. Professores devem considerar cui-dadosamente seus alvos e objetivos antes de empregar uma metodologia especfica.

    3. Modelo de Inquirio. Desig-nado a capitalizar na curiosidade do

    aluno, o modelo de inquirio busca desenvolver a disciplina intelectual e habilidades que os alunos precisam para suscitar perguntas e buscar respostas.4 Este modelo comea apresentando aos alunos um evento enigmtico com a suposio de que eles sero naturalmente motivados a resolver o enigma e assim se envol-verem em mtodos disciplinados de pesquisa e descoberta. O professor se concentra em treinar alunos para desenvolver mtodos apropriados para a soluo de problemas.

    4. Modelo de Inquirio para cincias biolgicas. Impulsionado pelo movimento de reforma acad-mica na educao americana durante as dcadas de 1950 e 1960, este modelo buscou revisar o currculo convencional que fora construdo em torno das mais importantes ideias e mtodos de pesquisa de discipli-nas acadmicas.5 Em vez disso, ele advoga o ensino de cincias como inquirio, dando aos alunos tarefas que os capacitem a duplicar o racio-cnio que produziu uma inveno ou descoberta atual. medida que suas habilidades aumentam, cami-nham para mais perto das fronteiras do conhecimento. Todo trabalho de laboratrio e sala de aula focaliza em capacitar alunos a investigar problemas.

    5. Modelo do Desconforto. Joyce e Weil6 sugerem que existe relaciona-mento entre estilos de aprendizado e modelos de ensino. medida que os alunos so expostos a contedo des-conhecido e forados a usar estilos de aprendizado que so novos para eles, experimentaro graus variados de desconforto. Crescimento real frequentemente exige tornar o apren-diz desconfortvel, e os professores devem criar situaes em que isso ocorra e ajudar alunos a lidar com os resultados.

    A funo do desconforto aparece no apenas na literatura envolvendo a necessidade de professores se aven-turarem e se arriscarem, mas tam-bm nos estudos de teoristas de es-tgio de desenvolvimento que lidam com os melhores meios para alunos

    Quo cuidadoso deve ser o professor adventista quanto a

    iniciar uma discusso

    com base na f?

    10 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . adven t i s t . o r g

  • que os ajudam a aprender rapida-mente;

    Sero motivados a prestar ateno;Aprendero a recordar informa-

    o;Sero capazes de pensar e agir em

    relao ao que aprenderam, e resol-ver problemas;

    Aperfeioaro seu aprendizado por meio de pensamento, desempe-nho e soluo de problemas com a prtica;

    Passaro a associar o aprendizado com uma experincia agradvel e assim tero mais probabilidade de aplicar o que aprenderam;

    Aprendero o que precisam apren-der e usaro o que aprenderam.

    Desse modo, os professores preci-sam encontrar maneiras de integrar modelos de ensino com princpios educacionais apropriados. Isso se torna um desafio ainda maior medi-da que o professor encontra alunos com diferentes perspectivas de f e precisa tentar prover ambiente de apoio enquanto busca ampliar os horizontes cognitivos deles.

    Um exemplo pessoalConflitos podem surgir quando

    professores encontram alunos com outras tradies de f e/ou alunos dentro da mesma tradio de f, mas que possuem opinies muito diferen-tes sobre assuntos especficos.

    Enquanto ensinava sociologia em uma faculdade adventista, incentivei alunos a examinar de modo crtico suas opinies em relao a uma srie de assuntos polmicos. Essa abordagem foi incorporada dentro

    de uma matria difcil para forman-dos e pr-formandos da faculdade de sociologia. Os alunos precisavam desenvolver uma justificativa por escolher certa perspectiva sobre questes especficas, a qual devia basear-se em sua pesquisa pessoal, usando fontes bblicas e seculares.

    Trs suposies bsicas moldaram minha filosofia sobre o ensino de so-ciologia em instituies adventistas:

    Primeiro, a pessoa precisa enten-der como atuar com xito dentro de grupos sociais.

    Segundo, a perspectiva crist, de acordo com a qual tudo que conhece-mos foi disponibilizado pela revela-o de Deus e deve ser compreendi-do no contexto da verdade relativa ou absoluta, prov um contexto importante para o ensino de concei-tos sociolgicos. Ellen White escreve que aprender a cincia atravs da interpretao humana apenas falsa educao; aprender de Deus e de Cristo, porm, aprender a cin-cia do Cu.11 Para se adquirir uma verdadeira perspectiva do compor-tamento humano, pontos de vista da sociedade devem ser examinados luz da verdade revelada.

    Terceiro, estudar o comportamen-to humano inevitavelmente leva a pessoa a um exame de sua respon-sabilidade tica e pessoal por seu prprio comportamento. Ao consi-derar as razes do comportamento humano, a pessoa deve lutar com questes de nature [temperamento] versus nurture [cultura]. Isso suscita dvidas quanto s escolhas da pessoa

    alcanarem nveis mais elevados de desenvolvimento.7 O fator descon-forto tem demonstrado estimular professores a adquirir novas habili-dades e repertrios de estratgias de ensino. Mas a literatura tambm tem mostrado que a maioria dos professo-res se sente desconfortvel quanto a usar novas estratgias, mesmo depois de receber treinamento meticuloso.8

    Psiclogos sociais usam o termo dissonncia cognitiva para descrever como as pessoas tentam resolver o dilema de duas ideias concorrentes que exigem ateno simultnea. O aluno busca, to logo seja possvel, reduzir a tenso resultante da disso-nncia para alcanar a consonncia.9

    Princpios educacionaisCom todos esses diferentes mode-

    los de ensino, o que o professor deve fazer? Stephen Yelon10 enumera dez princpios poderosos envolvidos no ensino eficaz: significncia, pr-re-quisitos, comunicao aberta, ideias essenciais organizadas, material de apoio, inovao, modelagem, prtica apropriada ativa, condies e conse-quncias agradveis e consistncia. Se professores aplicarem esses prin-cpios, Yelon acredita que os alunos:

    Sero motivados a associar tpicos com seu passado, presente e futuro;

    Descobriro quais conceitos e habilidades eles precisam conhecer para que possam se concentrar na aquisio dos mesmos;

    Sero capazes de focalizar nas ideias mais importantes;

    Sero capazes de usar dispositivos

    Quando os assuntos apresentados desa-fiam involuntariamente

    a f do aluno, como o

    professor deve lidar com

    a situao?

    3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 11j a e . adven t i s t . o r g

  • e, por conseguinte, quanto sua res-ponsabilidade pelas consequncias resultantes.

    O contedo e a abordagem de uma matria difcil exigiam que o aluno explicasse o inter-relacionamento entre sua disciplina e vida crist, e as implicaes de uma para com a outra. Os alunos tambm tinham que comparar, justapor ou reconciliar suas crenas e posies pessoais, perspectivas da sociedade e pers-pectivas bblicas a outras questes sociais. A exigncia de que o aluno se desentendesse com seu prprio sistema de crena pessoal e f bblica coincidiu ou divergiu, e o modo como essa coincidncia ou diver-gncia afetou seu conceito do que apropriado, tico ou justificvel nas experincias da vida, constituiu a essncia da matria.

    Os alunos foram levados a re-

    fletir sobre questes que talvez j considerassem estabelecidas em sua mente. No entanto, quando forados a refletir sobre elas, frequentemente descobriam que essas questes no estavam claras como pensavam an-tes. Descobri que era saudvel con-siderar as reflexes dos alunos no ambiente corporativo da sala de aula, em ambiente no ameaador, onde seus colegas poderiam participar com eles medida que lutavam com questes importantes. No resolve-mos muitas das questes, mas fui ca-paz de prover diretrizes sobre como os alunos podem continuar a pensar sobre suas reaes pessoais para com as questes da vida em termos de sua disciplina e princpios bblicos. O quadro, nesta pgina, descreve uma tarefa tpica na matria.

    Foi ainda exigido que os alunos fornecessem perspectivas sociais,

    bblicas e pessoais sobre a questo, com pesquisa de apoio da bibliote-ca, internet, noticirios, recursos de mdia e da Bblia.

    A abordagem funcionou bem e es-timulou discusso aberta sobre uma variedade de assuntos apresentados durante o curso. Em alguns casos, alunos deram sua opinio pessoal sobre o assunto, ento foram solici-tados a pesquisar a justificativa em defesa do ponto de vista oposto. Com o tempo, os alunos foram capazes de ampliar suas perspectivas em uma variedade de assuntos e corrigir pre-conceitos, quando necessrio.

    A perspectiva de Ellen WhiteUma significativa fonte de ajuda

    ao lidar com tenso entre currculo e f so os escritos de Ellen G. Whi-te. Sua nfase em alguns princpios educacionais importantes prov aos professores estratgias teis para lidar com a tenso entre opinies conflitantes.

    O propsito das faculdades adventistas. Nosso colgio foi designado por Deus para realizar a grande obra de salvar almas. ... Os preceitos e princpios da religio so os primeiros passos na aquisio do conhecimento, e jazem no prprio fundamento da verdadeira educao. O conhecimento e a cincia precisam ser vitalizados pelo Esprito de Deus para servir aos mais nobres propsi-tos.12

    Quando surgem tenses. Ellen White no abordou diretamente a possibilidade de conflito entre f e aprendizado. A maioria de suas

    Questo: pena de morteA pena de morte pode ser definida como um ato de punio, imposto pela sociedade, pelo

    qual uma pessoa morta por algum ato ou srie de atos presumidamente intencionais e abomi-nveis que a pessoa cometeu em violao lei.

    Sua tarefa responder s perguntas a seguir referentes pena de morte. D sua prpria perspectiva, mas fornea tambm apoio bblico ou outro apoio para sua posio onde for exigido ou for apropriado.

    1. Uma sociedade tem o direito de impor a pena de morte? Por que sim ou por que no?2. Que concluses os cientistas chegaram em relao aos efeitos da pena de morte como

    represso ao crime?3. Se lhe pedissem para participar de um jurado em um caso de pena de morte, voc estaria

    disposto a participar? Por que sim ou por que no?4. Que punio voc considera mais apropriada para um crime no qual uma pessoa intencio-

    nalmente tira a vida de outra?5. Deus tem o direito de impor a pena de morte sobre pessoas? Por que sim ou por que no?6. Existem casos na Bblia nos quais a pena de morte foi/ou no foi usada? Se no foi usada,

    por que voc acha que isso ocorreu? Se usada, descreva sob que condies e d pelo menos trs exemplos com as circunstncias que envolveram tal uso.

    7. Considere como o seu ponto de vista sobre a consequncia razovel por tirar a vida de outra pessoa se encaixa dentro de sua compreenso da perspectiva bblica referente punio?

    8. De acordo com sua opinio, quais seriam os melhores repressores individuais do crime? Por qu?

    Assunto: Crime e delinquncia

    Deve o professor intencionalmente escolher contedo do

    currculo que desafie

    as convices de f do

    aluno?

    12 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . adven t i s t . o r g

  • admoestaes sobre educao se relaciona com o carter do professor, o contexto do ensino, a definio de educao adequada e o relacio-namento apropriado entre professor e aluno. Pode-se inferir de seus es-critos, no entanto, que onde ocorrer conflitos entre f e currculo, o pro-fessor deve manifestar o esprito de Cristo ao lidar com as questes. Por exemplo, Ellen White escreve que Os mestres e os alunos se devem unir intimamente em camaradagem crist. ... Os maiores dos mestres so os mais pacientes e bondosos. Por sua simplicidade e boa vontade de aprender, estimulam os alunos a subir mais e mais alto.13

    A maior preocupao dos professores. O interesse eterno, diz Ellen White, deve ser o grande assunto dos professores e alunos. necessrio prevenir-se estritamen-te contra a conformidade com o mundo. Os professores precisam ser santificados pela verdade e a coisa de maior importncia deve ser a conver-so de seus alunos, para que tenham novo corao e vida.14

    Sobre planejamento e estabele-cimento de alvos. Todo professor deve cuidar de que seu trabalho ten-da a resultados definidos. Antes de tentar ensinar uma matria, deve ter em seu esprito um plano distinto, e saber o que precisamente deseja con-seguir. No deve ficar satisfeito com a apresentao de qualquer assunto

    antes que o estudante compreenda os princpios nele envolvidos, perceba a sua verdade, e esteja apto a referir claramente o que aprendeu.15

    Educar para serem pensantes. Cada ser humano criado imagem de Deus dotado de certa faculdade prpria do Criador a individuali-dade , faculdade esta de pensar e agir. ... a obra da verdadeira edu-cao desenvolver essa faculdade, preparar os jovens para que sejam pensantes e no meros refletores do pensamento de outrem. ...Em vez de fracos educados, as instituies de ensino podero produzir homens fortes para pensar e agir, homens que sejam senhores e no escravos das circunstncias, homens que pos-suam amplido de esprito, clareza

    de pensamento, e coragem nas suas convices.16

    Sobre livros em sala de aula. um erro pr nas mos da juventude livros que os deixam perplexos e confundidos. ... [Professores] cal-culariam a relativa importncia das matrias a ser aprendidas na escola. Os ramos comuns e essenciais da educao seriam mais cabalmente ensinados, e a Palavra de Deus seria estimada como o po que desceu do Cu, e que mantm toda vida espiri-tual.17

    Educao e desenvolvimento do carter. A verdadeira educao, de acordo com Ellen White, prov mais do que disciplina mental; prov mais do que treinamento fsico. For-talece o carter de modo que a verda-de e a retido no so sacrificadas ao desejo egosta ou ambio mundana. Fortifica a mente contra o mal. ... Ao meditar-se sobre a perfeio do carter de Deus a mente se renova, e a alma restaurada a Sua imagem.18

    Desse modo, as perspectivas de Ellen White sobre educao sugerem que os professores devem tentar de-senvolver nos alunos as habilidades de ordem superior e de processamen-to necessrios para diferenciar entre conhecimento que til apenas neste mundo, e conhecimento e educao de carter designados a preparar a pessoa tanto para este mundo quanto para o mundo por vir. Tal viso exige que os alunos focalizem no apenas com clareza de pensamento, mas tambm manifestando coragem nas suas convices.

    Essas caractersticas, no entanto, no se desenvolvem isoladamente. So nutridas e promovidas dentro do contexto de professores plenos do Esprito Santo, comprometidos a educar alunos na admoestao do Senhor.

    Lidando com a tensoJ consideramos vrios modelos

    de ensino, princpios essenciais de educao, um exemplo pessoal e a opinio de Ellen White sobre din-micas da sala de aula. Mas como isso ajuda professores a resolver possveis

    A preocupao quanto a facilitar o aprendizado tem

    instigado educadores a

    revisar os mtodos de

    questionamento que

    ocorrem nas salas de

    aula.

    3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 13j a e . adven t i s t . o r g

  • tenses entre currculo e f? Vamos agora voltar s nossas quatro pergun-tas originais:

    1. Devido s vrias religies e culturas representadas nos campi adventistas, os professores precisam ser sensveis s diferentes vises dos alunos. Existem assuntos que deveriam ser evitados? Com certeza. imprudente iniciar discusses em sala de aula usando qualquer tipo de assunto, porque existem tpicos sobre os quais o professor no tem informao suficiente para garantir uma discusso apropriada. Tpicos sobre os quais o professor tenden-cioso ou desinformado, se abertos para discusso, podem apenas criar tenso sem soluo, e at provocar hostilidade entre professor e aluno. A instruo na sala de aula no deve deliberadamente abrir feridas nos alunos para outros curarem.

    2. Como o professor deve li-dar com situaes em que tenses ocorrem quando involuntariamente apresenta contedo do currculo que desafia as crenas religiosas de um aluno? Podemos inferir dos escritos de Ellen White que onde houver conflitos, o esprito de Cristo deve permear a discusso para garan-tir que o assunto seja tratado com ternura e sensibilidade. Em minha experincia, a abordagem usada , frequentemente, at mais importante do que a soluo do conflito.

    O Modelo do Bom Professor discutido anteriormente importante aqui. Quando um professor lida de maneira respeitosa com pontos de vista divergentes, os alunos prova-velmente permanecero abertos e respeitaro o professor, embora no aceitem a posio dele. Isso, fre-quentemente, oferece uma abertura para discusses adicionais em data posterior.

    3. Deve o professor intencional-mente escolher contedo do cur-rculo (por exemplo, em cincias, teologia ou questes de filosofia) que desafie as convices de f do aluno? O Modelo de Pergunta e Inquirio pode ser til para estimular alunos a resolver problemas e a ajud-los a

    desenvolver disciplina intelectual e habilidades necessrias para suscitar perguntas e buscar respostas.

    Creio que, por vezes, vivel apresentar um contedo que desafie as crenas religiosas dos alunos. A questo se o real intento desafiar ou debilitar as convices de f do aluno. Em um sistema educacional designado a levar os alunos a um co-nhecimento mais profundo de Jesus Cristo e do significado de Seu sacri-fcio por nossos pecados, os comen-trios de Ellen White so teis. Ela escreveu que se os preceitos e prin-cpios da religio so os primeiros passos na aquisio do conhecimen-to, e jazem no prprio fundamento da verdadeira educao19, ento, o professor que est tentando expor a os alunos a verdadeira educao no deve recuar de suscitar questes que podem desafiar as crenas deles simplesmente porque existe uma variedade de perspectivas dentro da sala de aula. O Modelo do Descon-forto pode ser til aqui, no entanto, a abordagem deve ser cuidadosa-mente considerada juntamente com o(s) resultado(s) esperado(s). Desse modo, se a abordagem provar- se no produtiva ou causar diviso deve ser substituda por modelos mais eficazes.

    4. Qual seria uma abordagem razovel a ser usada no estudo e discusso de assuntos em que pers-pectivas ou dados cientficos diferem grandemente da perspectiva bblica? Como o professor pode manter um nvel confortvel para alunos que possuem opinies conflitantes?

    Aqui, o professor deve considerar o quadro como um todo ao abor-dar assuntos discordantes. Dentro do contexto do grande conflito entre Cristo e Satans, temos apenas conhecimento limitado de qualquer aspecto da realidade. Conforme o conhecimento aumenta, ideias anti-gas so descartadas e novas ideias tomam seus lugares. Esta uma das razes por que existem inmeras edi-es do mesmo livro. Com respeito Bblia, sculos se passaram antes de alguns de seus conceitos serem apoiados por evidncia obtida por meio de investigao cientfica. Por isso, eu argumentaria decididamente pela aceitao da perspectiva bblica como realidade e apresentao de vises alternativas, onde for apro-priado, como tendo sido desenvolvi-das usando a melhor informao que o ser humano foi capaz de descobrir. Nunca podemos nos dar o luxo de tratar a verdade relativa de investi-gao cientfica como se fosse igual verdade absoluta que cremos ser expressa na Bblia. No entanto, no devemos temer apresentar aos alunos exemplos em que a investigao cientfica difere da compreenso b-blica. Essas podem ser reas impor-tantes para os alunos investigarem.

    ConclusoExiste grande necessidade de

    professores que eduquem alunos para avaliar ideias, solucionar problemas, ter sensibilidade cultural e habilida-des interpessoais a fim de poderem atuar de modo eficaz em uma cultura global. Esse processo educativo introduzir questes e perspectivas desafiadoras, algumas das quais podem colidir com certas crenas pessoais dos alunos. Se os professo-res usarem metodologias apropriadas de ensino, esses desafios no sero to problemticos, pois tero ajudado seus alunos a compreender por que existem diferentes perspectivas e os tero equipado com ferramentas para usar na avaliao das mesmas.

    Existe importante diferena entre levantar questes para discusses que esto em desacordo com a

    Professores devem considerar cuidadosamente seus

    alvos e objetivos antes

    de empregar uma

    metodologia especfica.

    14 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . adven t i s t . o r g

  • perspectiva de f do aluno e tentar debilitar suas crenas religiosas. Uma pergunta fundamental deve ser: O que o professor est tentando alcanar? O resultado desejado deve ser a base para escolher um mtodo de ensino. O nvel de maturidade dos alunos tambm deve ser considera-do. Em um ambiente educacional, a apresentao de opinies alterna-tivas no deve ser vista como uma tentativa de enfraquecer as crenas de outros, mas a de prover uma perspectiva diferente. A abordagem escolhida tambm deve levar em considerao o contexto no qual a instruo acontece. Talvez a nica maneira de evitar essa tenso na sala de aula seria se o professor suprimis-se as crenas singulares e especfi-cas da Igreja Adventista em favor do ensino de uma srie de crenas universais e genricas (se realmen-te tal coisa existisse), designadas a prover uma zona de conforto para alunos vindos de diferentes crenas e culturas. Do ponto de vista bblico e denominacional, creio que isso seria insustentvel e iria, na verdade, sub-verter todo o propsito da operao do nosso sistema educacional.

    Cristo, o Mestre Professor, nosso exemplo. Ele proveu muitas oportunidades para os lderes judeus de Seus dias reexaminarem sua percepo da vida.20 Em algumas instncias, gentilmente os adver-tiu a abraar uma perspectiva mais correta sobre a vida, mas em outras, Ele desafiou diretamente sua osten-siva negligncia para com pobres,

    doentes e oprimidos. A Bblia nos d muitos exemplos dEle usando tanto a abordagem direta quanto indireta de confrontao. Podemos aprender muito com Seu exemplo.

    C. Garland Dulan, Ph.D., atu-almente jubilado, quando escreveu este artigo atuava como Diretor de Educao para a Associao Geral

    da Igreja Adventista do Stimo Dia em Silver Spring, Maryland, EUA.

    NOTAS E REFERNCIAS1.FE 05 Filosofia da Educao Adventista

    do Stimo Dia. A filosofia da educao adventista do stimo dia centralizada em Cristo. Adventistas creem que, sob a direo do Esprito Santo, o carter e os propsitos de Deus podem ser compreendidos conforme revelados na Bblia, em Jesus Cristo e na natureza. As caractersticas distintas da educao adventista derivadas da Bblia e dos escritos de Ellen G. White apontam o alvo redentor da verdadeira educao: restaurar o ser humano imagem de seu Criador (Regulamento de Trabalho da Associao Geral, 2002-2003), p. 221.

    2. BORICH, Gary D. Effective teaching methods. Englewood Cliffs, N.J.: Merrill/Prentice Hall, 1996. p. 2-9.

    3. Ibid., p. 340, 341.4. JOYCE, Bruce; WEIL, Marsha. Models

    of teaching. Englewood Cliffs, Prentice Hall, Inc.; 1986. p. 57. Ver tambm: SUCHMAN, J. Studies in Inquiry Training. In: R. Ripple e V. Bookcastle (eds.). Piaget Reconsidered. Ithaca, N.Y.: Cornell University, 1964.

    5. Ibid., p. 127.6. Ibid., p. 435.7. ROGERS, Carl. Freedom to learn.

    Columbus: Merrill, 1969; MASLOW, Abraham. Toward a psychology of being. New York:

    Van Nostrand, 1962; PIAGET, Jean. The origins of intelligence in children. New York: International University Press, 1952.

    8. JOYCE, Bruce; WEIL, Marsha. Models of teaching, op cit., p. 439.

    9. Existem outros modelos de aprendizado numerosos demais para ser considerados aqui pensamento indutivo e dedutivo, apresentao, memorizao, ensino no-diretivo, sintica (voltado a gerar ideias novas), aprendizado cooperativo, interpretao de um papel, inquirio de jurisprudncia, treinamento laboratorial, cincia social, aprendizado sobre mestria e instruo direta, autocontrole, simulaes, treinamento assertivo e assim por diante.

    10. YELON, Stephen L. Powerful principles of instruction. White Plains, N.Y.: Longman Publishers, 1996. p. 3.

    11. WHITE, Ellen G. Orientao da criana. Tatu, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 293 [CD-ROM]

    12. __________. Conselhos sobre Educao. Tatu, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 41 [CD-ROM]

    13. __________. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes. Tatu, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 269 [CD-ROM]

    14. __________. Fundamentos da Educao Crist. Tatu, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 436 [CD-ROM]

    15. __________. Educao. Tatu, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 233, 234 [CD-ROM]

    16. Ibid., p. 18.17. __________. Conselhos aos

    Professores, Pais e Estudantes. Tatu, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 390 [CD-ROM]

    18. __________. Educao. Tatu, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 18 [CD-ROM]

    19. __________. Conselhos Sobre Educao. Tatu, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 41 [CD-ROM]

    20. Por exemplo, o dilogo de Jesus com aqueles que queriam que Ele julgasse a mulher apanhada em adultrio (Joo 8:3-9); o conselho de Jesus sobre como tratar aqueles que nos oprimem (Mateus 5:38-41); a lista de ais de Jesus para os escribas e fariseus (Mateus 23); e a perspectiva de Jesus sobre o sbado (Marcos 2:23-27).

    3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 15j a e . adven t i s t . o r g

  • 16 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . a d v e n t i s t . o r g

    Sendo Jesus, claramente, um pre-gador efi caz e muito procurado por Seus milagres, Ele tambm era um mestre por excelncia.1 Ao longo dos evangelhos, os leitores encontram uma variedade de experi-ncias de episdios que visam ao en-sino, a experincias de aprendizagem

    criadas especifi camente para Seus 12 discpulos, bem como para grupos de milhares ou apenas para um nico indivduo.2 Seu Sermo da Montanha, por exemplo, foi, na verdade, uma sesso de ensino ao ar livre em que tanto os discpulos quanto um grupo grande participou.3

    J U A N W E S L E Y T A Y L O R V

    Seu foco, estratgias e resultados

    O Mestre dos mestres

  • 3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 17j a e . a d v e n t i s t . o r g

    O foco de Seu ensinoJesus direcionou Seus ensinos para

    engajar ativamente Seus alunos na ex-perincia da aprendizagem. Para fazer isso, Ele se concentrou em pensar, conhecer, compreender, ser e fazer.

    Pensar. Ao ensinar, Jesus costu-mava perguntar a Seus alunos: O que vocs acham? Ao apresentar a histria do bom pastor, por exemplo, Ele estendeu um convite para que considerassem, cuidadosamente, o significado da histria.4

    Conhecer. Para Cristo, o conhe-cimento era importante. Quando os saduceus Lhe apresentaram um enigma impossvel da mulher que se casara consecutivamente com sete irmos, Jesus respondeu: Vocs es-to enganados porque no conhecem as Escrituras nem o poder de Deus. Ao longo de Seu ensino, Jesus en-fatizou a importncia de conhecer a verdade e de desenvolver um conhe-cimento experimental de Deus.5

    Compreender. O conhecimento no pode se sustentar sozinho. Cristo tambm viu a compreenso como crucial. Ao contar a parbola sobre um fazendeiro que plantou em seu campo, Ele declarou: E, finalmen-te, o que foi semeado em boa terra: este aquele que ouve a palavra e a entende. No final de Seu ministrio, aps lavar os ps dos discpulos, Jesus lhes perguntou: Vocs enten-dem o que Lhes fiz?6

    Ser. Em uma ocasio, um perito na lei perguntou a Jesus: E quem o meu prximo? Jesus contou a histria do bom samaritano, e ento redirecionou a pergunta do religioso a uma questo de ser: Qual destes trs voc acha que foi o prximo do homem que caiu nas mos dos assaltantes? Jesus tambm falou da importncia de exemplificar as vir-tudes especficas na vida de algum. Sejam misericordiosos, Ele pediu, assim como o Pai de vocs mise-ricordioso. Portanto, sejam pru-dentes como as serpentes e simples como as pombas. Ou simplesmente: Estejam preparados.7

    Fazer. Cristo destacou o concei-to de que o conhecimento precisa

    demonstrar a prtica, aquilo que algum deve ficar evidente no que ele faz. Agora que vocs sabem estas coisas, felizes sero se as prati-carem. Alm disso, Ele ensinou que as aes de uma pessoa influenciam seu destino: Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrar no Reino dos cus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que est nos cus.8

    As formas pelas quais Jesus ensinouJesus Cristo foi o melhor profes-

    sor que o mundo j conheceu.9 Em Seu ensino, Ele usou uma variedade de estratgias e mtodos que promo-viam um pensamento de alto nvel e ajudavam Seus alunos a melhor com-preender e aplicar Suas instrues.10

    Ilustraes. Mateus, um dos dis-cpulos de Cristo, ressaltou que Jesus muitas vezes usava ilustraes. Mui-tas delas incluam imagens vivas: a colheita de uvas de um espinheiro, colocar vinho novo em odres velhos, um ladro entrando inesperadamen-te em uma casa e um cego guiando outro cego.11 Jesus tambm usou o que era concreto e familiar para ensinar sobre o abstrato e, talvez, desconhecido. Cuidado com os falsos profetas, Ele disse, eles vm

    a vocs vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro so lobos devorado-res. Em certa ocasio, Jesus adver-tiu Seus discpulos sobre o fermento dos fariseus e saduceus. No incio, eles pensavam que Ele estava falan-do em termos literais, mas depois perceberam que Ele no estava lhes dizendo que tomassem cuidado com o fermento de po, mas com o ensino dos fariseus e dos saduceus.12

    Histrias. Jesus tambm contou histrias, das quais cerca de 40 esto registradas. Seu objetivo era fazer com que Suas lies fossem lembra-das mais facilmente e que servissem de base para um aprendizado futu-ro.13 Essas histrias eram geralmente curtas. Em mdia, continham apenas sete versos. A histria mais longa, a do filho prdigo, tem apenas 22 ver-sos, enquanto outras quatro histrias so contadas em um nico verso. As histrias de Jesus no eram com-plexas, com mltiplos significados. Geralmente, Ele se concentrava em um ponto-chave. Na histria das dez virgens, por exemplo, Ele concluiu: Portanto, vigiem, porque vocs no sabem o dia nem a hora!14

    Jesus no ensinou sobre terras distantes ou circunstncias excntri-cas. Em vez disso, Ele falou sobre as coisas simples da vida, como perder dinheiro, conseguir um emprego, fazer o po e se casar. Finalmente, os conceitos que Ele embutiu em Suas histrias no eram triviais, mas sim, grandes verdades, como o de humildade, de orao, do plano de salvao e da recompensa eterna pela fidelidade.

    Notcias. Jesus usou eventos contemporneos como material instrucional. Quando alguns de seus ouvintes Lhe contaram sobre os gali-leus a quem Pilatos tinha matado no templo, Jesus respondeu: Ou vocs pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Silo, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalm? Da mesma forma, Jesus usou o que era, aparentemen-te, uma notcia quentinha quando contou sobre um homem que viajava

    Ilustraes Resoluo de problemas Histrias Comparao e contraste Notcias Anomalias Eventos histricos nfase atravs de hiprbole Analogias Ensino prtico Objetos tangveis Aprendizagem ativa Perguntas Aprendizagem colaborativa Anlise e raciocnio Repetio com variedade

    Estratgias de ensino de Jesus

  • 18 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . a d v e n t i s t . o r g

    de Jerusalm para Jeric quando foi atacado por ladres.15

    Eventos histricos. Os alunos de Jesus estavam familiarizados com os eventos da histria de seu pas. Jesus usou esses incidentes como base para Sua instruo. Um sbado, quan-do Jesus e seus discpulos estavam passando por um campo de milho, alguns dos discpulos comearam a colher algumas espigas. Os fariseus os acusaram de fazer o que era ilegal no sbado. Jesus respondeu: Vocs no leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam com fome? Da mesma forma, Jesus volta a ateno de Seus ouvintes ao encontro de Moiss com Deus na sara ardente, bem como ao martrio do profeta Zacarias.16

    Analogias. Frequentemente em Seus ensinos, Jesus fez uso de parbolas e metforas muitas vezes estendendo-as em analogias bem de-senvolvidas. Ele comparou sua gera-o a crianas brincando nas praas e pedindo aos seus companheiros: Ns lhes tocamos flauta, mas vocs no danaram; cantamos um la-mento, mas vocs no se entristece-ram. Ele, ento, passou a descrever quantos tinham, igualmente, esco-lhido rejeitar tanto o ministrio de Joo Batista, por ser muito austero, quanto o do Filho do Homem, por ser excessivamente aceitvel. Em outra ocasio, Cristo apontou a hipocrisia e a religiosidade superfi-cial dos escribas e fariseus, fazendo a seguinte comparao: Vocs so como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro esto cheios de ossos e de todo tipo de imundcie. De forma semelhante, Cristo usou analogias de uma figueira na prima-vera e de uma galinha reunindo seus pintinhos.17

    Objetos tangveis. Um dia, um grupo de fariseus e herodianos veio a Jesus e perguntou-Lhe: certo pagar imposto a Csar ou no?

    Tragam-me um denrio para que eu o veja, Jesus respondeu. Quando trouxeram a moeda, Ele perguntou: De quem esta imagem? De Csar, responderam eles.

    Deem a Csar o que de Csar, Jesus declarou, e a Deus o que de Deus.

    Em outras ocasies, Jesus usou uma figueira seca para ilustrar o poder da f, os corvos e os lrios para exemplificar a tranquila confiana em Deus, e o po e o vinho para representar Seu prprio sacrifcio.18

    Perguntas. Mesmo como aluno, Jesus fez perguntas efetivas.19 Como professor, Ele usou perguntas para uma variedade de razes:

    Para lembrar o conhecido. Ainda no compreendem? No se lembram dos cinco pes para os cinco mil e de quantos cestos vocs recolheram? Nem dos sete pes para os quatro mil e de quantos cestos recolheram?20

    Para esclarecer conceitos. Cada um de vocs no desamarra no sbado o seu boi ou jumento do estbulo e o leva dali para dar-lhe gua? Ento, esta mulher, uma filha de Abrao a quem Satans mantinha presa por dezoito longos anos, no deveria no dia de sbado ser liberta-da daquilo que a prendia?21

    Para corrigir ideias errneas. Daqui a quatro meses haver a colheita? Eu lhes digo: Abram os olhos e vejam os campos! Eles esto maduros para a colheita.22

    Para orientar o pensamento. Quando os discpulos de Joo foram embora, Jesus comeou a falar multido a respeito de Joo: O que

    vocs foram ver no deserto? Um canio agitado pelo vento? Ou, o que foram ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que usam roupas finas esto nos palcios reais. Afinal, o que foram ver? Um profeta? Sim, Eu lhes digo, e mais que profe-ta.23

    Para motivar o pensamento pessoal. Jesus perguntou aos disc-pulos: Quem os homens dizem que o Filho do homem ? Eles respon-deram: Alguns dizem que Joo Batista; outros, Elias; e, ainda ou-tros, Jeremias ou um dos profetas. E vocs?, perguntou Ele. Quem vocs dizem que Eu sou?24

    Afirmar a verdade na mente. Imediatamente Jesus estendeu a mo e o segurou. E disse: Homem de pequena f, porque voc duvi-dou?25

    Para incitar uma resposta de f. Imediatamente Jesus percebeu que tinha sado dEle poder. Ele Se virou no meio da multido e pergun-tou: Quem tocou em meu manto?26

    Anlise e raciocnio. Jesus convi-dou Seus ouvintes a se envolver no raciocnio lgico. Quando Seus opo-nentes declararam que Ele expulsava demnios pelo poder de Belzebu, o prncipe dos demnios, Jesus respon-deu: Como pode Satans expulsar Satans? Se um reino estiver dividi-do contra si mesmo, no poder sub-sistir. Se uma casa estiver dividida contra si mesma, tambm no poder subsistir. E se Satans se opuser a si mesmo e estiver dividido, no poder subsistir; chegou o seu fim. De fato, ningum pode entrar na casa do ho-mem forte e levar dali os seus bens, sem que antes o amarre. S ento poder roubar a casa dele.27

    Resoluo de problemas. O que acham?, Jesus perguntou. Havia um homem que tinha dois filhos. Chegando ao primeiro, disse: Filho, v trabalhar hoje na vinha. E este respondeu: No quero! Mas depois mudou de ideia e foi. O pai chegou ao outro filho e disse a mesma coisa. Ele respondeu: Sim, senhor! Mas no foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?

    Cristo falou da grande alegria no cu por um s pecador

    que se arrepende,

    de experimentar a

    plenitude de exultao,

    e de viver a vida ao

    mximo.

  • 3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 19j a e . a d v e n t i s t . o r g

    Alm das histrias com proble-mas, Jesus usou as experincias de aprendizagem como fatores de soluo de problemas. Depois de ter ensinado a um grupo de milhares de pessoas, os discpulos aproximaram--se dEle, no final da tarde, e disse-ram: Manda embora a multido para que eles possam ir aos campos vizinhos e aos povoados, e encon-trem comida e pousada, porque aqui estamos em lugar deserto. Jesus respondeu: Deem-lhes vocs algo para comer.28

    Comparao e contraste. Em vrias ocasies, Cristo dirigiu o pen-samento de Seus alunos por meio de comparao e contraste. A parbola do homem sbio e do homem insen-sato um excelente exemplo. Havia aspectos comuns: a construo de uma casa, recebimento de instruo, enfrentamento de uma tempestade. Mas, da mesma forma, havia ele-mentos distintivos, o fundamento, a implementao do conhecimento e o resultado final. Cristo tambm contou a histria de dez virgens que estavam esperando o noivo e dor-miram. Cinco, no entanto, tinham leo extra. Ali vemos a alegria da celebrao do casamento enquanto as outras cinco virgens se viram im-pedidas de participar do evento.29

    Anomalias. Cristo queria que seus alunos lidassem com enigmas e, assim, se envolvessem com profunda reflexo. Aqui esto alguns exemplos de paradoxos que Ele usou para este fim:

    Quem quiser tornar-se impor-tante entre vocs dever ser servo.

    Quem tentar conservar a sua vida a perder, e quem perder a sua vida a preservar.

    Assim, muitos primeiros sero ltimos, e os ltimos sero primei-ros.

    Entre os nascidos de mulher, ningum apareceu maior do que Joo Batista; mas o menor no reino dos cus maior do que ele.30

    Ao discutir a tendncia humana de encontrar defeitos nos outros, Jesus falou sobre remover a trave do seu prprio olho antes de se concentrar

    no cisco no olho do outro. Em cada caso, Jesus usou uma hiprbole para enfatizar um conceito e torn-lo memorvel.

    nfase atravs da hiprbole. No tempo de Jesus, muitos alimentavam a ideia de que a pobreza era maldio de Deus, enquanto as riquezas eram evidncia de Seu favor. Para refutar esse equvoco, Jesus afirmou: De fato, mais fcil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus. Apon-tando para a miopia dos fariseus concentrados nas trivialidades, Ele declarou: Guias cegos! Vocs coam um mosquito e engolem um camelo. Discutindo a tendncia humana de encontrar defeitos nos outros, Jesus falou sobre remover a trave do seu prprio olho antes de se concentrar no cisco no olho do outro. Em cada caso, Jesus usou uma hiprbole para enfatizar um conceito e torn-lo memorvel.31

    Ensino prtico. Na priso, Joo Batista perguntou se Jesus era ver-dadeiramente o Messias. Ele enviou seus discpulos para questionar a Jesus. Ele no respondeu imediata-mente. Em vez disso, manteve-Se nas atividades do Seu ministrio. No final do dia, Jesus disse a esses dis-cpulos: Voltem e anunciem a Joo o que vocs esto ouvindo e vendo: os cegos veem, os mancos andam, os leprosos so purificados, os surdos ouvem, os mortos so ressuscitados, e as boas novas so pregadas aos pobres. Talvez o maior exemplo, no entanto, do ensino prtico de Cristo tenha ocorrido no cenculo. Aps a refeio, Jesus Se levantou da mesa, enrolou uma toalha em torno de Sua cintura e comeou a lavar os ps dos Seus discpulos.32

    Aprendizagem ativa. Jesus acre-ditava que era importante para Seus alunos estarem ativamente envol-vidos na aprendizagem. Quando os cobradores de impostos perguntaram a Pedro se Seu professor pagava o imposto do templo, ele disse: Sim. Mas quando Pedro entrou em casa, Jesus perguntou: O que voc acha, Simo? De quem os reis da terra

    cobram tributos e impostos: de seus prprios filhos ou dos outros? Dos outros, respondeu Pedro. Disse-lhe Jesus: Ento os filhos esto isen-tos. Mas, para no escandaliz-los, v ao mar e jogue o anzol. Tire o primeiro peixe que voc pegar, abra--lhe a boca, e voc encontrar uma moeda de quatro dracmas. Pegue-a e entregue-a a eles, para pagar o Meu imposto e o seu.33

    Aprendizagem colaborativa. Poderamos concluir que, com tantas aldeias e cidades para alcanar, e com um breve perodo de trabalho disponvel, Cristo iria enviar Seus alunos para aplicar individualmente o que aprenderam. Ao comissionar os 12 discpulos, no entanto, Jesus enviou-os dois a dois. De modo semelhante, Ele enviou outros 70. Quando Seus alunos voltaram de suas experincias de campo colabo-rativas, Jesus realizou uma sesso de esclarecimentos, na qual eles Lhe relataram tudo o que tinham feito e ensinado.34

    Repetio com variedade. Jesus entendeu que conceitos fundamen-tais no so aprendidos atravs de uma nica exposio. necessria a repetio. Para melhorar o reforo, no entanto, e para evitar a monoto-nia, Jesus incorporou variedade. A construo crtica no ensino de Cris-to, por exemplo, era o Reino dos cus. Em uma ocasio, Ele disse aos seus ouvintes: A vocs foi dado o conhecimento dos mistrios do Rei-no dos cus.35 Ento Ele comeou a abordar o conceito sob mltiplas perspectivas. O reino dos cus, Ele disse: como...

    um homem que semeou boa semente no seu campo;

    uma semente de mostarda, o fermento que uma mulher

    tomou e misturou em uma grande quantidade de farinha,

    um tesouro escondido num campo,

    um comerciante que procura prolas preciosas,

    uma rede que pegou todos os tipos de peixe.36

  • 2 0 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . a d v e n t i s t . o r g

    Quem ensinouAs estratgias que Cristo empre-

    gou foram elementos-chave no Seu ensino. Igualmente significativo, no entanto, foi a personalidade dAquele que ensinou.37

    Contexto de alegria. Jesus in-tencionalmente criava um clima de aprendizagem repleto de alegria. Os escribas observavam, por exemplo, que os discpulos de Joo Batista, muitas vezes, jejuavam e oravam, enquanto discpulos de Cristo, no. Jesus respondeu que era apropriado aos convidados em um casamento celebrar quando o noivo estava com eles. Em Seus ensinos, Cristo falou da grande alegria no cu por um s pecador que se arrepende, de experi-mentar a plenitude de exultao, e de viver a vida ao mximo.38

    Convite para o sucesso. Quan-do Jesus chamou Pedro e Andr, seu irmo, para se juntarem ao Seu ministrio, Ele inicialmente, no os convidou para se tornarem oradores ou lderes da igreja. Em vez disso, pelo fato de serem pescadores, Ele disse: Sigam-me, e Eu os farei pescadores de homens. Em vez de se concentrar no que seus alunos no podiam fazer, Jesus optou por se concentrar em Seu sucesso.39

    Ternura e simpatia. Como profes-sor, Cristo era carinhoso e compas-sivo. A seguir, temos apenas alguns exemplos de Sua ternura e simpatia:

    Ao ver as multides, teve com-paixo delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor.

    Voltaram os apstolos presena de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado. E Ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, parte, num lugar deserto.

    Eles, porm, vendo-O andar sobre o mar, pensaram tratar-se de um fantasma e gritaram. Pois todos ficaram aterrados vista dele. Mas logo lhes falou e disse: Coragem! Sou Eu! No tenham medo.

    Ento Jesus ps-se de p e perguntou-lhe: Mulher, onde esto eles? Ningum a condenou? Nin-gum, Senhor, disse ela. Declarou

    Jesus: Eu tambm no a condeno. Agora v e abandone sua vida de pecado.

    Chegando ao lugar onde Jesus estava e vendo-o, Maria prostrou--se aos Seus ps e disse: Senhor, se estivesses aqui meu irmo no teria morrido. Ao ver chorando Maria e os judeus que a acompanhavam, Je-sus agitou-se no esprito e perturbou--se. Onde o colocaram?, perguntou Ele. Vem e v, Senhor, responde-ram eles. Jesus chorou. Ento os judeus disseram: Vejam como Ele o amava!40

    Cristo falou da grande alegria no cu por um s pecador que se arre-pende, de experimentar a plenitude de exultao, e de viver a vida ao mximo.

    Humildade. As aes de Cristo como um servo, lavando os ps dos discpulos, por exemplo, so um poderoso testemunho de Seu esprito humilde. Esse no foi, no entan-to, um incidente isolado. Quando Jesus tomou conhecimento de que os fariseus acreditavam que Seus discpulos tinham batizado mais seguidores que Joo Batista, Ele no citou o cumprimento das palavras de Joo: necessrio que Ele cresa e que eu diminua. Em vez disso, Jesus calmamente deixou o cenrio de Sua extrema popularidade e partiu nova-mente para a Galileia.41

    Consciente do contexto. Jesus era perspicaz acerca de Seu contexto e essa conscincia guiava Seus ensi-nos. Certa vez, Ele e os discpulos estavam viajando para Cafarnaum. Quando eles chegaram, Jesus per-guntou-lhes: O que vocs estavam discutindo no caminho? Os discpu-los fizeram silncio porque haviam discutido sobre quem era o maior. Sentando-se, Jesus lembrou-lhes: Se algum quiser ser o primeiro, ser o ltimo, e servo de todos.

    Jesus tambm foi sensvel ao n-vel de absoro de Seus aprendizes. Marcos indica que Cristo ensinou somente a quantidade que seus alu-nos poderiam compreender, enquan-to Joo registra que perto do fim do Seu ministrio, Cristo disse a Seus

    discpulos: Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocs no o podem suportar agora. Cada um desses incidentes um indicador de que Cristo era observador de Seu contex-to e que estava em sintonia com as necessidades de Seus alunos.42

    Associao pessoal. Jesus era acessvel e bem apessoado. Logo aps o batismo de Cristo, Joo Batis-ta apontou para Cristo e identificou--o como o Cordeiro de Deus. Dois dos discpulos de Joo ouviram o pronunciamento e decidiram se tor-nar seguidores de Cristo. Virando--se, Jesus viu que eles O seguiam e perguntou: O que vocs querem? Eles responderam: Mestre, onde ests hospedado? Venham, Jesus disse: e vero. Ento eles foram e passaram com Ele aquele dia. Certa manh, depois de Sua ressurreio, Jesus apareceu na praia da Galileia, mas os discpulos, em um barco de pesca, no O reconheceram. Vem, Ele gritou: venham comer.43

    Diferenciao. Jesus se importa-va profundamente com cada um de Seus alunos e viu o potencial ilimi-tado de cada vida. Isso no implica, porm, que Ele tenha tratado todos da mesma forma. Ao contrrio, Ele diferenciou Sua instruo, a fim de atender s origens de seus alunos, suas necessidades, habilidades e sonhos. Tomemos o caso de Simo, o fariseu. Em uma refeio, na casa de Simo, uma mulher de m reputa-o44 chegou sem ser convidada e abriu um frasco de alabastro com unguento para ungir os ps de Jesus. Quando Simo perguntou a si mes-mo como Jesus poderia ser um pro-feta e permitir tal farsa, Jesus contou a Simo a histria de dois devedores, um que devia muito e o outro, devia bem pouco. Embora pudesse pare-cer uma oportunidade perfeita para expor a prpria hipocrisia de Simo, Jesus usou uma abordagem de luva de pelica, em que apenas Simo entendeu o verdadeiro significado da histria.

    Em contraste, considere o caso de Simo Pedro. Quando Jesus infor-mou a seus discpulos de Sua morte

  • 3 5: 2 0 13 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 2 1j a e . a d v e n t i s t . o r g

    iminente, Pedro comeou a repreen-d-lo. Na presena de todos os disc-pulos, Jesus voltou-se para Pedro e disse: Para trs de mim, Satans! Aqui Jesus usou uma terapia de choque. Dois homens, ainda com o mesmo nome, mas uma aborda-gem muito diferente.45

    Tinha grande considerao pelas crianas. Um dia, as criancinhas foram trazidas at Jesus para que Ele as aben-oasse. Quando os discpulos tentaram afastar aqueles que as trouxeram, Jesus interveio: Deixem vir a mim as crianas e no as impeam; pois o Reino dos cus pertence aos que so semelhan-tes a elas. Em outra ocasio, Jesus instruiu Seus discpulos: Cuidado para no desprezarem um s des-tes pequeninos! Pois Eu lhes digo que os anjos deles nos cus esto sempre vendo a face de meu Pai celeste. Para aqueles que abusam de crianas ou tentam seduzi-las com o mal, Cristo tem palavras duras: Se algum fizer tropear um destes pequeninos que creem em mim, seria melhor que fosse lanado no mar com uma grande pedra amarrada no pescoo.46

    Valorizou os marginalizados. Jesus tambm estendeu a mo para aqueles que foram rejeitados pela so-ciedade. Esses marginalizados inclu-am os pobres, as minorias tnicas, culturais e prias. Jesus se associou com eles conversando, visitando sua casa e tocando os intocveis.

    Quando Jesus chegou quele lugar, olhou para cima e lhe disse: Zaqueu, desa depressa. Quero ficar em sua casa hoje.... Todo o povo viu isso e comeou a se queixar: Ele se hospedou na casa de um pecador.

    Os samaritanos insistiram em que ficasse com eles, e Ele ficou dois dias.

    Ento, uma viva pobre chegou--se e colocou duas pequeninas moe-das de cobre, de muito pouco valor. Chamando a Si os seus discpulos, Jesus declarou: Afirmo-lhes que esta viva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros.

    E Jesus, estendendo a mo,

    tocou-lhe, dizendo: Quero, fica lim-po! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra.47

    Centralidade na orao. Talvez a maior caracterstica do maior Mestre que j viveu tenha sido a importncia dada orao em Sua vida. Frequen-temente, Jesus procurava um lugar sossegado para orar. s vezes, orava de manh cedo, noite ou a noite toda. Ele no orou apenas por Si e pela obra que Lhe havia sido dada, mas tambm por Seus alunos. A vida de orao de Jesus impressionou tanto Seus discpulos que um dia, quando Ele terminou de orar, um dos seus alunos pediu: Senhor, ensina-nos a orar.48

    O impacto de Seu ensinoJesus teve uma profunda influn-

    cia sobre seus alunos. Quando Ele ensinava, Seus ouvintes ficavam surpresos com Seu ensino porque Ele falava com confiana, em contraste com os mestres da lei. Virando-se uns para os outros, com espanto, eles perguntavam: Que sabedoria esta que Lhe foi dada? Nunca se viu nada parecido em Israel!49

    Um dia, alarmado com a crescente popularidade de Jesus, os principais dos sacerdotes enviaram guardas do

    templo para prend-Lo. No final do dia, os guardas voltaram de mos vazias. Por que vocs no o trouxe-ram? Os sacerdotes se enfureceram. Ningum jamais falou da maneira como esse homem fala, declara-ram os guardas.

    Depois de Sua ressurreio, Cristo apareceu, sem ser reconhe-cido, a dois discpulos na estrada de Emas e conversou com eles. Mais tarde naquela noite, quando eles finalmente reconheceram seu convidado, eles exclamaram:

    No estavam ardendo os nossos coraes dentro de ns, enquanto

    Ele nos falava no caminho e nos expunha as Escrituras?50

    A influncia de Jesus, o Mestre enviado de Deus, tambm pode ser experimentada em nossa vida. Pa-rafraseando as palavras do apstolo Joo: Jesus fez muitas outras coisas, tambm. Se cada uma delas fosse escrita, penso que nem mesmo no mundo inteiro haveria espao para os livros que seriam escritos. Mas esses foram escritos para que vocs pudessem ter f em Cristo, o Filho de Deus, e ter f de que voc pode ensinar como Ele ensinou.51

    Exemplos dos ensinos de CristoNicodemos (Joo 3:1-21) Disponibilidade. O estudante

    veio noite, fora do horrio de expediente.

    Desafio. Voc mestre em Isra-el e no entende essas coisas?

    Anomalia. Voc deve nascer de novo.

    Analogia. Comparou o Esprito Santo ao vento.

    Evento histrico. Moiss levan-tando a serpente no deserto.

    Contraste. Luz contra as trevas, a condenao em contraste com a salvao.

    Transio. Do concreto para o abstrato, do fsico para o espiritual.

    Dimenso afetiva. Porque Deus amou o mundo.

    Objetivo. Experimentar a salva-o e entrar na vida eterna.

    O resto da histria. Joo 7:45-52; 19:38-40.

    SuA PESSOA

    Centralidade na Orao

    Contexto de Alegria

    Convite para o Sucesso

    Valorizou os Marginalizado

    Ternura e Simpatia

    Considerao Pelas

    CrianasHumildade

    DiferenciaoConsciente

    do ContextoAssociao

    Pessoa

  • 2 2 R e v i s t a E d u c a o A d v e n t i s t a 3 5: 2 0 13 j a e . a d v e n t i s t . o r g

    A mulher samaritana (Joo 4:5-26) Estudante marginalizada. Uma

    mulher, elemento de uma minoria, condenada ao ostracismo por sua prpria comunidade.

    Disponibilidade. Jesus sentou-Se ao lado do poo.

    Iniciativa. Jesus lhe pediu: D--me um pouco de gua.

    Motivao. Comea com a gua, desperta imediatamente o interesse da aluna.

    Anomalia. Nunca mais ter sede.

    Transio. Do conhecido para o desconhecido, do fsico para o espiri-tual, do imediato para o eterno.

    Aprendizagem ativa. Chame seu marido.

    Esclarecimento de conceito. A adorao no um lugar, mas uma experincia espiritual.

    Objetivo. Conhecer a Deus e ex-perimentar Seu poder transformador.

    O resto da histria. Joo 4:39-42.

    John Wesley Taylor V, Ph.D., foi recentemente eleito Dire-tor Adjunto de Educao da Associao Geral dos Adventistas do Stimo Dia,

    em Silver Spring, Maryland. Ante-riormente, atuou como Professor de Filosofia da Educao e como diretor da Faculdade de Educao e Psicologia da Universidade Sou-thern Adventist, em Collegedale, Tennessee.

    REFERNCIAS

    1. Mateus 4:23-25: Todo verdadeiro trabalho educativo encontra seu centro no Mestre enviado de Deus (Ellen G. White, Educao [egwwritings.com], p 83.)

    2. Mateus 10:1, Lucas 12:1; 13:10, 11; Joo 3:1.

    3. Mateus 5:1, 2.4. Mateus 17:25, 18:12, 22:42, 21:28.5. Mateus 22:29, Joo 8:32; 14:7. Salvo

    indicao em contrrio, todos os textos bblicos neste artigo so cotados da Nova Verso Internacional. Os textos creditados NVI so da Bblia Sagrada, Nova Verso Internacional, [traduzida pela comisso de traduo da Sociedade Bblica Internacional]. So Paulo.

    6. Mateus 13:23, Marcos 7:14, Joo 13:12, Lucas 24:45.

    7. Lucas 10:29, 36, 6:36, Mateus 10:16, Lucas 12:4