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PORTAL DE APOIO A GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: O CASO DA BOLSA DE COMPRAS DO SETOR MOVELEIRO DO PLANALTO NORTE CATARINENSE Nilson Ribeiro Modro (UDESC) [email protected] Eugênio de Oliveira Simonetto (UDESC) [email protected] Nelcimar Ribeiro Modro (UDESC) [email protected] Hemanuelle Lisboa da Silva (UDESC) [email protected] Rafael Medeiros Sperb (Univali) [email protected] Este artigo apresenta um módulo do sistema de apoio à gestão da inovação no setor moveleiro de Santa Catarina o qual denomina-se Bolsa de Compras. O modelo proposto apresenta uma concepção de um Portal de Informação baseado no conceito de OObservatório Tecnológico para o setor moveleiro. Entre os diferenciais do modelo em desenvolvimento está o grupo de compras, que permite aos associados do portal identificar oportunidades para compras conjuntas no setor moveleiro com o objetivo de aumentar o poder de barganha dos associados em relação à custos, prazos de pagamento, prazos de entrega e qualidade de insumos. O projeto está sendo desenvolvido por meio de uma parceira entre a Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC e o Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Rio Negrinho - SINDICOM. Palavras-chaves: Sistema de apoio à inovação, Clube de Compras, Setor Moveleiro 5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354

PORTAL DE APOIO A GESTÃO DA INOVAÇÃO … · disseminação de informações de gestão tecnológica, cooperação entre agentes de inovação e avaliação do uso de tecnologia

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PORTAL DE APOIO A GESTÃO DA

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: O CASO

DA BOLSA DE COMPRAS DO SETOR

MOVELEIRO DO PLANALTO NORTE

CATARINENSE

Nilson Ribeiro Modro (UDESC)

[email protected]

Eugênio de Oliveira Simonetto (UDESC)

[email protected]

Nelcimar Ribeiro Modro (UDESC)

[email protected]

Hemanuelle Lisboa da Silva (UDESC)

[email protected]

Rafael Medeiros Sperb (Univali)

[email protected]

Este artigo apresenta um módulo do sistema de apoio à gestão da

inovação no setor moveleiro de Santa Catarina o qual denomina-se

Bolsa de Compras. O modelo proposto apresenta uma concepção de

um Portal de Informação baseado no conceito de OObservatório

Tecnológico para o setor moveleiro. Entre os diferenciais do modelo

em desenvolvimento está o grupo de compras, que permite aos

associados do portal identificar oportunidades para compras conjuntas

no setor moveleiro com o objetivo de aumentar o poder de barganha

dos associados em relação à custos, prazos de pagamento, prazos de

entrega e qualidade de insumos. O projeto está sendo desenvolvido por

meio de uma parceira entre a Universidade do Estado de Santa

Catarina - UDESC e o Sindicato das Indústrias da Construção e do

Mobiliário de Rio Negrinho - SINDICOM.

Palavras-chaves: Sistema de apoio à inovação, Clube de Compras,

Setor Moveleiro

5, 6 e 7 de Agosto de 2010

ISSN 1984-9354

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

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1. Introdução

Responsável pela geração de 200.000 empregos formais e investimentos anuais de 330

milhões de reais e com um faturamento de 12,5 bilhões de reais em 2004, o ramo moveleiro

no Brasil representa 1,3% do PIB nacional. O setor exportou em 2005 US$ 991 milhões de

dólares (2,12 bilhões de reais) O Estado de Santa Catarina foi responsável por 304 milhões de

dólares deste total de exportações, seguido pelo Rio Grande do Sul com 179 milhões de

dólares (PEGN, 2009). De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário -

Abimóvel, a maior parte das exportações nacionais vai para três países: Estados Unidos

(34%), França (14%) e Argentina (14%). Em termos de produções mundiais, 42% da

produção de móveis ocorrem na União Européia; 27%, na América do Norte; e 25% nos

países asiáticos e do Pacífico.

Apesar das vendas anuais, o setor moveleiro ainda tem muito a desenvolver. A produção

brasileira é fragmentada e concentrada em pequenas empresas. Atualmente, o país conta com

60.000 pequenas empresas produtoras de móveis distribuídos em vinte clusters produtivos

(SEBRAE, 2009). Como exemplo, cita-se a região do Planalto Norte Catarinense, que é

considerada o principal pólo moveleiro de Santa Catarina, sendo um dos grandes centro

exportador do país, com quase 40% do total das exportações nacionais, e confecciona móveis

para uso residencial (cerca de 80% da produção), direcionados em sua maior parte para o

mercado de exportação: a grande maioria das empresas da região, independente do porte,

opera com exportações.

No Brasil, em geral, existem empresas exclusivamente exportadoras, que trabalham, em sua

maior parte, sob encomenda, especialmente as pequenas e micro (GORINI, 2001).

A indústria moveleira é uma indústria tradicional, cuja dinâmica de desenvolvimento

tecnológico é determinada por:

Máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo;

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Pela introdução de novos materiais, a exemplo o MDF (Medium Density

Fiberboard);

Pelas inovações ocorridas nas indústrias química e petroquímica (materiais

compostos, plásticos mais resistentes, novas tintas, etc.); e

Pelo aprimoramento do design.

Ressalta-se que o setor exportador moveleiro Brasileiro, é mais um setor que sofre crescentes

ameaças da indústria internacional, devido ao aumento do uso da tecnologia da informação,

processos de controle, qualidade, competências pessoais (capital humano) e corporativas -

todos fatores relacionados ao conhecimento (CORREIA e SARMENTO, 2003).

Para acompanhar o avanço tecnológico existe a necessidade contínua de: capacitação de

pessoal; da prestação de serviços; da difusão do uso do design e conseqüentemente, o

aumento da criatividade; da criação de produtos com maior confiabilidade e durabilidade; a

memória / repositório dos desenhos de cada linha de produto e o aumento das vendas no setor

de exportação. Para tanto, deve-se ter um conhecimento dos possíveis compradores, bem

como das leis ambientais e de importação de cada país; compartilhamento de custos

transporte, produção comercialização, compradores e fornecedores (GHERARDI, 2006;

ROBB, 2003; HANDFIELD et al, 1997). Esses são o os principais desafios das empresas

moveleiras, em especial, para as micro e pequenas empresas que, no Brasil, são a maioria.

Assim, este artigo aborda os seguintes problemas:

Quais são as atividades, informações e estrutura organizacional apropriadas

para o suporte à inovação tecnológica e mecanismos de colaboração aplicados ao

setor moveleiro? e,

Um Portal de Informações tecnológicas regional pode contribuir de forma

efetiva para alavancar a produtividade das micro e pequenas empresas moveleiras?

A inovação tecnológica pressupõe a combinação entre empreendimento e novos

conhecimentos. Cabendo ao portal de inovação proposto a função de coletar dados e

informações estratégicas, atualizá-las nas diversas áreas do setor moveleiro e realizar o

processamento e disponibilização de informações. Esta será uma forma eficiente de detectar

gargalos, gerar informações de qualidade e em quantidades necessárias para servir de fomento

ao processo de integração entre Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e os empreendimentos.

Assim, parte-se da premissa que o aumento do conhecimento dos participantes, deverá

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fomentar a cooperação internamente no setor produtivo e destes com as Instituições de P&D e

ainda fomentar novos negócios. O Portal proposto se constituirá em um espaço de discussões

e intercâmbio de informações entre os participantes.

Nesse sentido, está sendo concebido o Portal de Inovação Tecnológica para o Setor

Moveleiro. Em resumo, caberá ao Portal de Inovação Tecnológica em implantação a coleta de

dados e informações, processamento e disseminação das informações estratégicas referentes a

tecnologias, estudos e inovações relacionados à produção, viabilidade econômica,

armazenamento, transporte e impacto ambiental sobre o setor moveleiro. Além disso, foi

idealizado também um ambiente cooperativo denominado Grupo de Compras, com a premissa

que a partir da troca de informações entre os associados do portal, se pode realizar compras

conjuntas e aumentar o poder de barganha dos associados.

Este artigo apresenta o Portal de Inovação Tecnológica para o Setor Moveleiro em especial, a

modelagem e desenvolvimento do grupo de compras virtual e os processos necessários para a

sua efetivação. Nesse sentido, o texto apresenta a seguinte estruturação: A seção 2 apresenta

os conceitos dos Portais de Informações e de Apoio à Gestão da Inovação Tecnológica. Em

seguida são discutidos os conceitos referentes à Comércio Eletrônico e ao Grupo ou Bolsa de

Compras. A seção 4 apresenta a modelagem proposta para o grupo de compras do

SINDICOM, bem como as tecnologias utilizadas para o seu desenvolvimento. Por fim, são

discutidos os resultados preliminares já obtidos.

2. Portais de Informações

No atual contexto mundial a velocidade de acesso à informação pode ser um fator

decisivo na vida das pessoas e das organizações dos mais diversos gêneros. Por outro lado, o

crescimento da Internet e das intranets faz com que estas mesmas pessoas e organizações

enfrentem uma grande sobrecarga de informações. Estas (informações) ficam espalhadas na

própria web, em bancos de dados, documentos impressos, mensagens de e-mail, o que, na

maioria das vezes, dificulta o acesso às mesmas. Logo, encontrar dados relevantes e precisos

muitas vezes leva tempo e requer o acesso a vários sistemas.

No caso das organizações, tal fato ocasiona em desperdício de tempo produtivo dos

colaboradores e, no caso das pessoas em desperdício de tempo cronológico. Segundo

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TURBAN e KING (2004), uma solução para este tipo de problema é o uso de portais.

Literalmente, uma “porta de entrada”, o portal canaliza a sobrecarga de informações por meio

de um ambiente via Internet, de modo a permitir a busca e o acesso a dados relevantes

oriundos de sistemas de tecnologia de informação diversos e da Internet, utilizando sistemas

de buscas e indexação avançados.

Um portal de informações é um ponto de acesso, único e personalizado, por meio de

um navegador web (browser), a informações relevantes localizadas em uma organização e, até

mesmo na própria web. (TURBAN e KING, 2004). A classificação de portais, segundo os

autores citados anteriormente, é feita da seguinte maneira:

Portais de publicação,

Portais comerciais,

Portais pessoais,

Portais corporativos,

Portais móveis.

No caso do projeto em desenvolvimento o mesmo enquadra-se como um portal

corporativo, pois é direcionado as empresas moveleiras locais.

2.1. Portal de Apoio à Gestão da Inovação

A utilização de serviços eletrônicos digitais na Web tem permitido às organizações

novas modalidades de relacionamento com toda a cadeia produtiva. Uma vez que a Internet

oferece recursos que influenciam as tomadas de decisão nos mercados globais e, juntamente

com a gestão da tecnologia, permitem uma revitalização e aperfeiçoamento dos processos

empresariais (O’BRIEN, 2001; MAYA & OTERO, 2002, TURBAN & KING, 2004).

Nesse contexto, um portal de apoio à gestão da inovação, ou portal de inovação, se

caracteriza como um catálogo de serviços eletrônicos baseados na Web, voltados à

disseminação de informações de gestão tecnológica, cooperação entre agentes de inovação e

avaliação do uso de tecnologia. Uma das características de tal tipo de portal está relacionada à

dinâmica de gestão de conteúdo – possuem ferramentas que permitem a gestão de processos

de coleta e disseminação de informações, de modo dinâmico. Tal mecanismo é comumente

encontrado em ferramentas de Gestão de Conteúdo ou Content Management Systems (CMS).

Além disso, Hayashi et al (2006) afirmam que um portal de inovação deve contribuir para o

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mapeamento de competências instaladas e, sobretudo, promover a cooperação a comunidade

científica e a comunidade empresarial, permitindo o acesso ao conhecimento científico e

tecnológico e aos processos inovadores locais. Como exemplos de Portais de apoio à Gestão

da Inovação citam-se:

Portal Inovação (http://portalinovacao.mct.gov.br)

Agencia Nacional de Promoción Científica y Tecnológica de Argentina

(http://www.agencia.secyt.gov.ar)

Innovation in Canada (http://www.innovation.gc.ca)

Centro para el Desarrollo Tecnológico Industrial de España (http://www.cdti.es)

Advanced Technology Program (http://www.atp.nist.gov)

National Science Foundation (http://www.nsf.gov)

Agency of Industrial Science and Technology (http://www.aist.go.jp/index_en.html)

Agência de Inovação (http://www.adi.pt)

Managing Innovation (http://www.managinginnovation.com)

3.Comércio Eletrônico

O comércio eletrônico (CE) abrange qualquer negocio que seja feito por transações

eletrônicas, de tal forma que as mesmas ocorram entre dois parceiros de negócio ou entre

negócio e seus clientes. Entende-se por comércio eletrônico todo processo de compra, venda

ou troca de produtos, serviços e informações por redes de computadores ou pela Internet. O

Quadro 1 apresenta os quatro aspectos do comércio eletrônico propostos por Kalakota e

Whinston (1997):

Quadro 1 - Aspectos do Comércio Eletrônico.

Fonte: Kalalota e Whinston (1997)

Aspectos Definição

A perspectiva da

comunicação

O CE é a distribuição de produtos, serviços, informação ou pagamentos por

meio de redes de computadores ou outros meios eletrônicos.

A perspectiva de

processo comercial

O CE é a aplicação de tecnologia para a automação de transações e do fluxo de

trabalho.

A perspectiva de

serviços

O CE é uma ferramenta que satisfaz a necessidade das empresas, consumidores

e administradores quanto á diminuição de custos e á elevação nos níveis de

qualidade e agilidade de atendimento.

A perspectiva on- O CE é a possibilidade de compra e venda de produtos ou informações pela

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line Internet e por outros serviços on-line.

A seguir podemos mencionar algumas das vantagens para as organizações da utilização do

CE:

O CE permite a redução de custos: as empresas não apresentam um custo alto com a

criação, processamento, distribuição e recuperação de informações armazenadas no

papel.

O CE proporciona interatividade: permite que as empresas se relacionem com seus

clientes e parceiros.

O CE melhora a organização e os processos de negócios: admite-se a criação de

modelos diferentes e inovadores, proporcionando por sua vez vantagens estratégicas e

aumento nos lucros.

O CE expande o mercado: uma empresa pode com mais facilidade obter melhores

fornecedores e parceiros a nível nacional e internacional.

3.1. Tipos de Comércio Eletrônico

O Quadro 2 apresenta alguns tipos de comércio eletrônico encontrados no mercado:

Quadro 2 - Classificação de Comércio Eletrônico

Tipos de CE Características

Business-to-

business (B2B)

Esta associado a operações de compra e venda de informações, produtos e serviços pela

Internet. De acordo com Turban e King estas negociações podem ser atingidas entre uma

empresa e os membros de sua cadeia de suprimento, bem como entre uma empresa e

outra qualquer.

Business-to-

consumer (B2C)

Trata-se de uma negociação eletrônica entre empresa e o consumidor, onde representa

uma compra e venda utilizando pagamento eletrônico. A diferença é que as pessoas

escolhem e pagam os produtos pela Internet.

A compra B2C se caracteriza como um evento discreto, uma vez que o consumidor pode

mudar de um site para outro efetuando compras de produtos semelhantes em lojas

diferentes. (MAYA E OTERO, 2002).

Business-to-

business-to-

consumer

(B2B2C)

Refere-se às operações em que uma empresa vende um serviço ou produto para o

consumidor utilizar outra empresa como um intermediário.

No entanto pode ser entendido como um comércio eletrônico utilizado para vendas

corporativas, onde podemos tratar de sistemas de e-commerce que permitam que

colaboradores de empresas ou empresas parceiras comprem produtos com descontos

diferenciados.

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Consumer-to-

business (C2B)

Segundo Turban e King o comércio eletrônico consumidor-empresa refere-se a

indivíduos que utilizam a internet para vender produtos ou serviços á organizações, bem

como aqueles que procuram vendedores a fim de que ofereçam lances, para obter os

produtos e serviços que necessitam.

Consumer-to-

consumer (C2C)

Este é tipo de comércio que ocorre entre consumidores. Esta ligação entre consumidores

está associada à transação direta, com a ajuda de alguma empresa. Os principais

representantes do comércio C2C online são os leilões virtuais.

4. Bolsa de Compras

Pode ser definida como o processo de compras corporativas via web, onde são levantados os

gastos, além de garantir que as compras sejam objetivadas de acordo com os contratos. Nos

últimos anos, vem se consolidando o conceito de que tão importante quanto a área de Vendas

de uma empresa, é sua área de Compras. Uma negociação favorável para aquisição de bens,

serviços e equipamentos tem reflexo direto no resultado financeiro das corporações, uma vez

que as compras corporativas reduzem custos administrativos, além de aumentar a precisão do

controle dos pedidos, possibilitando um melhor serviço aos seus clientes e fornecedores, e

permitindo também, um aumento no poder de negociação dos contratos para as empresas

participantes da bolsa de compras. Um reflexo dessa mudança pode é que em torno de 62%

das empresas com faturamento acima de R$ 600 milhões por ano possuem uma diretoria

específica de Compras (INBRASC, 2008).

A Internet faz com que as aquisições corporativas deixem de ser um processo que envolve

muita mão-de-obra e passem a ser um aplicativo self-service (auto serviço), onde os mesmos

proporcionam um nível de serviço mais elevado, originando um menor tempo de espera do

cliente e transacções mais rápidas. Consequentemente, a satisfação do cliente será maior,

permitindo um melhor aproveitamento do tempo dos empregados, ficando estes com maior

disponibilidade para clientes ou serviços mais específicos. Assim funcionários, gerentes,

fornecedores, etc, podem enviar informações com maior facilidade e descontos para um

grande volume de compras.

4.1 Vantagens da Bolsa de Compras

Além da diminuição dos custos diretos da empresa, uma das vantagens das bolsas de compras

é o progresso da eficiência de como as empresas trabalham com suas compras. Amortizando o

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número de fornecedores, os gastos administrativos consequentemente declinam e a empresa

auxilia a área de compras a obter um encaminhamento estratégico mais claro.

Fisher (2000) relata quatro vantagens fundamentais das bolsas de compras:

Possibilita acrescentar as compras de vários departamentos, aquisição de

descontos por volume e contenção dos custos de barganha;

Permite amortizar as compras de fornecedores não credenciados ou que não

considere os padrões e requisitos de qualidade;

Amplia uma melhor concepção das distinções que advém dos preços,

confiabilidade de entrega e velocidade;

Maior quantidade de informação sobre o produto: nos anúncios tradicionais,

feitos pelos outros meios de propaganda não se obtêm tantas informações sobre o item

a ser comprado, quando na internet;

4.2 Compras Conjuntas

Pode-se entender como compras conjuntas o processo de colaboração entre duas ou

mais organizações em uma ou mais etapas do processo de compras por meio do

compartilhamento ou da união das compras de cada organização.

4.3 Vantagens de se utilizar compras conjuntas:

Maior poder de transação com os fornecedores, devido ao aumento dos

volumes de compras, como a obtenção de preços menores de compra e melhor

qualidade dos produtos/serviços e atendimento dos fornecedores;

Melhor qualidade do processo de compras;

Redução dos custos de transação das empresas compradoras e fornecedoras,

reduzindo a duplicação dos esforços e atividades;

Aprendizado com outras organizações, compartilhamento de informações de

preços de produtos fornecidos, outras práticas de mercado, processos e recursos;

O Clube de Compras tem por objetivo permitir a associados de sindicatos ou entidades de

classe, realizarem a compra conjunta de produtos, buscando com isso a obtenção de

melhores preços, qualidade, prazos e formas de pagamento.

A Figura 7 apresenta o acesso a área restrita, o usuário deve informar Login e Senha.

Uma vez validados os dados, o usuário terá acesso ao sistema de acordo com seu perfil:

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Gestor, Associado ou Fornecedor. Caso o usuário esqueça a senha, pode clicar em

"Esqueci a senha", assim o sistema irá enviar para seu e-mail uma nova senha de acesso.

Figura 1-Interface referente ao login

A Figura 2 apresenta a consulta ao grupo de compras, onde é permitido ao Gestor

gerenciar os Grupos de Compras por ele criados. O sistema apresenta a tela de

consulta de grupos, trazendo por padrão os grupos gerenciados pelo Gestor no

momento. O Gestor pode consultar os Grupos de outros Gestores, no entanto somente

para visualização dos dados.

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Figura 2 – Interface referente à consulta grupo de compras

A Figura 3 apresenta a interface que permite ao Gestor criar, alterar ou excluir um Grupo de

Compras. Deverão ser informados o nome do grupo, seu Status e data de criação.Nesta tela o

Gestor vai selecionar os Associados que farão parte do Grupo de Compras, podendo incluir ou

retirar Associados no Grupo.

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Figura 3 – Interface referente a administração do grupo de compras

A Figura 4 apresenta a interface do sistema que permite ao Gestor cadastrar e/ou consultar as

demandas de compras de seus associados, onde se pode realizar a pesquisa por produto ou

associado. Esta tela fica disponível sempre que o Status do Grupo de Compras é "Demanda

aberta" ou "Demanda fechada". Enquanto o status do Grupo de Compras é "Demanda aberta",

o Gestor poderá incluir, alterar ou excluir as demandas, ou incluir Associados em determinada

demanda de produto (TEL2.005). Enquanto o grupo estiver com este status, também os

Associados poderão informar demandas. As figuras 5 e 6 ainda apresentam detalhes

específicos relativos aos grupos de compra, quais sejam, informações relativas ao status do

grupo e detalhes específicos referentes às cotações de produto, respectivamente.

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Figura 4 – Interface para Cadastro ou Consulta de Demandas no Grupo de Compras

Figura 5 – Interface para apresentação do status do Grupo de Compras

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Figura 6 – Interface para gerência de cotações

5. Modelagem proposta para SINDICOM

A modelagem proposta consiste em um sistema web suportado por um sistema de

gerenciamento de conteúdos (CMS) open source. Para tanto foi utilzada a ferramenta

JOOMLA e servidor dinâmico de mapas MapServer, este também open source. O sistema

desenvolvido possui os seguintes módulos básicos do CMS (Home, Notícias, Documentos,

Links de Interesse, Fórum, Chat, Eventos, etc.), bem como o desenvolvimento das seguintes

funcionalidades: Cadastro de associados; Cadastro de matérias-primas e produtos - sob

demanda dos associados; Cadastro de fornecedores de matérias-primas e produtos; Oferta de

preço para aquisição de matérias-primas e produtos em lote – Grupo de compras; Entrada de

dados, cálculo de indicadores de Inovação Tecnológica; e Visualização dos indicadores de

Inovação Tecnológica em mapas temáticos dinâmicos.

Em relação específica ao grupo de compras, vale a pena destacar que o grupo de compras do

SINDICOM opera regularmente desde 2003, se reunindo semanalmente para verificar as

necessidades e dificuldades de cada associado. Como todo grupo de compras, esse tem o

objetivo de compartilhar informações. A partir dessa troca de informações, o grupo se

fortalece e, dado o maior volume de compras – obtido a partir da agregação das necessidades

individuais de cada empresário, permitindo a obtenção dos seguintes benefícios, por exemplo:

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melhores custos de aquisição, prazos de entrega, forma de pagamento. Assim, desde o início

da parceria estabelecida entre a UDESC e o SINDICOM, em setembro de 2009, foi definido

que uma das metas era a informatização do grupo de compras e todos seus processos

relacionados.

Como todo grupo de compras, esse passou por dificuldades até se consolidar. Uma das

dificuldades relatadas era a falta de confiança inicial no grupo e, somente após, os três

primeiros anos essa barreira foi rompida e o grupo de compras começou, de modo efetivo, a

dar os resultados esperados. Para a informatização dos processos do grupo de compras do

SINDICOM, verificou-se que a “figura” do gestor era e é fundamental para o funcionamento

do grupo. Assim, foram estabelecidos os seguintes “atores” ao sistema:

Associados: composto por integrantes do sindicato e que já faziam parte do

grupo de compras. Um novo associado só poderá ser vinculado ao grupo de

compras se tiver a aprovação dos demais associados.

Gestor: é a pessoa que coordenará as atividades do grupo de compras. O

presidente do sindicato é que faz o “papel” de gestor no sistema.

Fornecedores: fornecedores de insumos em geral. A cada novo pedido de

compra do grupo, podem ser cadastrados diversos fornecedores. Cada fornecedor,

mediante acesso restrito ao portal, poderá fazer lances de acordo com o que o

grupo está comprando naquele momento.

A figura 7 apresenta a modelagem proposta e implementada para o clube de compras do

SINDICOM.

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Figura 7- Modelagem proposta e implementada para o grupo de compras

5. Considerações finais

Este artigo teve por finalidade principal apresentar um módulo (Bolsa de Compras) do sistema

de apoio à gestão da inovação no setor moveleiro de Santa Catarina. A modelagem proposta

permite aos associados do portal identificar oportunidades para compras conjuntas no setor

moveleiro com o objetivo de aumentar o poder de barganha dos associados em relação à

custos, prazos de pagamento, prazos de entrega e qualidade de insumos. Além disso, o grupo

de compras apresenta as seguintes vantagens:

Comodidade de compra: é possível se efetivar a compra a partir das necessidades

declaradas de cada associado;

respostas eficazes às condições de mercado: um exemplo acontece quando a empresa

deseja abaixar o preço de um produto para combater o concorrente, ela pode fazê-lo

em segundos;

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processamento de transações sucinto e rápido: possibilitando uma resposta ágil a

situações de desabastecimento e permite menores níveis de estoque;

progresso de informações gerenciais fornecidas pela área de compras: admitindo a

identificação de tendências para o processo das bolsas de compras;

melhorias na procura de informações de pedidos;

Desta forma, pode-se concluir que a pesquisa contribuiu para a implementação passo a passo

de um portal e-procurement, visando atender os requisitos funcionais e não funcionais

básicos, assim como toda a análise que envolve o portal.

Referências

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móveis. Disponível em <www.abimovel.com>. Acesso em: 09/12/2009.

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ALBERTIN, Alberto Luis. O Comércio Eletrônico Evolui e consolida- se no mercado Brasileiro. RAE -

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http://www.bndes.gov.br/conhecimento/publicacoes.asp>

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