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14 # Revista da Associação dos Moradores da Portela magin� Distribuição gratuita Junho 2014 Periodicidade Trimestral P rtela Como melhorar a justiça em Portugal? Luí� Garriap- Jornalist� d� SIC, especialad� e� justiçPint� Monteir� - -Procurador-Gera� d� Repúblic�

Portela Magazine nº 14

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Edição número 14 da revista Portela Magazine, da Associação de Moradores da Portela.

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Revista da Associação dos Moradores da Portela

magazin�Distribuição gratuitaJunho 2014 Periodicidade Trimestral

P rtelaComo melhorar a justiça em Portugal?Luí� Garriap� - Jornalist� d� SIC, especializad� e� justiç�Pint� Monteir� - Ex-Procurador-Gera� d� Repúblic�

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MENSAGEM DA PRESIDENTE

Carl� Marque�Presidente da Associação dos Moradores da Portela

Caros leitores:

Como o tempo corre… estamos no-vamente com as férias de Verão «à porta». Findo mais um ano lectivo do Porte-la Jovem e do Portela Sábios, e após um intenso ano de trabalho, cabe- -nos desejar a todos umas excelentes férias e que as aproveitem da melhor maneira possível.E porque sabemos que as pausas lec-tivas constituem por vezes uma fon-te de preocupação acrescida para os pais, por falta de opções na escolha da forma de ocupar os seus filhos du-rante as férias.A AMP, à semelhança dos anos ante-riores, procurou dotar-se de progra-mas de ocupação dos tempos livre para os jovens, por isso, podem con-tinuar a contar com o nosso Centro de Actividades – Portela Jovem du-rante as férias de Verão.Todos os anos, damos o nosso má-ximo para melhorar a nossa oferta, porque queremos atingir padrões de diversão, de boa disposição e de qualidade superiores para os jovens. Por isso, neste ano esforçámo-nos por apresentar um programa de fé-rias que fosse ao encontro das ex-

farmácia, minimercados e parques infantis e de merenda.O Parque de Campismo de S. Pe-dro de Moel é galardoado pelo DCC (Deutsch Camping Club) com o PRÉMIO DCC EUROPA 2004, pela primeira vez atribuído em Portugal, está dotado de piscinas com escorre-gas que têm feito as delícias de todos os nossos jovens, é muito tranquilo nas primeiras semanas de Julho, o que permite uma maior segurança para os nossos jovens e a praia situa-se a 600 metros do parque. Mesmo em tempo de férias, o Por-tela Jovem contínua disponível para todos os que quiserem partilhar connosco o tempo de lazer… Con-tinuamos de portas abertas mesmo durante o mês de Agosto… e com a vossa participação, certamente estas irão ser mais umas excelentes férias de Verão. Mas a AMP tem mais opções, tam-bém o Portela Ténis tem um progra-ma de ocupação dos tempos livres com minicursos de ténis destinados aos jovens – uma excelente forma de conhecer esta modalidade.Finalmente, cumpre-me, em nome da Direcção da AMP, agradecer uma vez mais a todos os pais por nos te-rem confiado os vossos educandos, aos nossos jovens e aos nossos mo-nitores pelo trabalho desenvolvido, mas também aos nossos Sábios e Professores que voluntariamente muito se esforçaram e ajudaram os nossos jovens a atingir bons resulta-dos escolares.Um agradecimento especial para to-dos os nossos sábios e professores do Portela Sábios pelo contributo que deram com a sua disponibilidade, pois sem vós a nossa Universidade Sénior não teria razão de existir,Contamos com todos e até ao próxi-mo ano lectivo.

pectativas dos nossos jovens e dos pais, com mais dias de praia e mais passeios e actividades lúdicas e cul-turais. Temos por objectivo abrir novas perspectivas aos nossos jovens na sua relação com os outros e com o mundo que os rodeia, procuramos desenvolver e incrementar a criati-vidade, o conhecimento e a capa-cidade de expressão, assim como o interesse pela prática desportiva e por um estilo de vida mais saudá-vel, na esperança de podermos con-tribuir para a valorização da expe-riência de cada um dos jovens que nos acompanham.Pretendemos ser mais um contribu-to construtivo na vida dos nossos jovens. Assim, estamos convictos da nossa missão como meio de au-xílio para a promoção do desenvol-vimento pleno dos jovens. Além do nosso programa de férias que está disponível na página de facebook da AMP, o Portela Jovem vai realizar, uma vez mais, a já fa-mosa semana de acampamento para jovens, a qual irá decorrer de 30 de Junho a 5 de Julho. Este é já o 4.º ano que desenvolvemos esta acti-vidade, a qual tem sido um enorme sucesso e muito do agrado dos nos-sos jovens.Uma vez mais, e porque a experiên-cia tem sido excelente, vamos para o Parque de Campismo de S. Pedro de Moel, que se encontra situado numa pequena estância balnear da Costa de Prata, bastante procurada sobretudo pelos residentes da zona interior centro do País. Este Parque é um dos mais atracti-vos da Rede Orbitur, fica situado num pinhal, tranquilo e com óptimas infra-estruturas, possui bons servi-ços comerciais, incluindo snack-bar/ /restaurante. Na localidade, existem

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MENSAGEM DA PRESIDENTE

Carl� Marque�Presidente da Associação dos Moradores da Portela

Caros leitores:

Como o tempo corre… estamos no-vamente com as férias de Verão «à porta». Findo mais um ano lectivo do Porte-la Jovem e do Portela Sábios, e após um intenso ano de trabalho, cabe- -nos desejar a todos umas excelentes férias e que as aproveitem da melhor maneira possível.E porque sabemos que as pausas lec-tivas constituem por vezes uma fon-te de preocupação acrescida para os pais, por falta de opções na escolha da forma de ocupar os seus filhos du-rante as férias.A AMP, à semelhança dos anos ante-riores, procurou dotar-se de progra-mas de ocupação dos tempos livre para os jovens, por isso, podem con-tinuar a contar com o nosso Centro de Actividades – Portela Jovem du-rante as férias de Verão.Todos os anos, damos o nosso má-ximo para melhorar a nossa oferta, porque queremos atingir padrões de diversão, de boa disposição e de qualidade superiores para os jovens. Por isso, neste ano esforçámo-nos por apresentar um programa de fé-rias que fosse ao encontro das ex-

farmácia, minimercados e parques infantis e de merenda.O Parque de Campismo de S. Pe-dro de Moel é galardoado pelo DCC (Deutsch Camping Club) com o PRÉMIO DCC EUROPA 2004, pela primeira vez atribuído em Portugal, está dotado de piscinas com escorre-gas que têm feito as delícias de todos os nossos jovens, é muito tranquilo nas primeiras semanas de Julho, o que permite uma maior segurança para os nossos jovens e a praia situa-se a 600 metros do parque. Mesmo em tempo de férias, o Por-tela Jovem contínua disponível para todos os que quiserem partilhar connosco o tempo de lazer… Con-tinuamos de portas abertas mesmo durante o mês de Agosto… e com a vossa participação, certamente estas irão ser mais umas excelentes férias de Verão. Mas a AMP tem mais opções, tam-bém o Portela Ténis tem um progra-ma de ocupação dos tempos livres com minicursos de ténis destinados aos jovens – uma excelente forma de conhecer esta modalidade.Finalmente, cumpre-me, em nome da Direcção da AMP, agradecer uma vez mais a todos os pais por nos te-rem confiado os vossos educandos, aos nossos jovens e aos nossos mo-nitores pelo trabalho desenvolvido, mas também aos nossos Sábios e Professores que voluntariamente muito se esforçaram e ajudaram os nossos jovens a atingir bons resulta-dos escolares.Um agradecimento especial para to-dos os nossos sábios e professores do Portela Sábios pelo contributo que deram com a sua disponibilidade, pois sem vós a nossa Universidade Sénior não teria razão de existir,Contamos com todos e até ao próxi-mo ano lectivo.

pectativas dos nossos jovens e dos pais, com mais dias de praia e mais passeios e actividades lúdicas e cul-turais. Temos por objectivo abrir novas perspectivas aos nossos jovens na sua relação com os outros e com o mundo que os rodeia, procuramos desenvolver e incrementar a criati-vidade, o conhecimento e a capa-cidade de expressão, assim como o interesse pela prática desportiva e por um estilo de vida mais saudá-vel, na esperança de podermos con-tribuir para a valorização da expe-riência de cada um dos jovens que nos acompanham.Pretendemos ser mais um contribu-to construtivo na vida dos nossos jovens. Assim, estamos convictos da nossa missão como meio de au-xílio para a promoção do desenvol-vimento pleno dos jovens. Além do nosso programa de férias que está disponível na página de facebook da AMP, o Portela Jovem vai realizar, uma vez mais, a já fa-mosa semana de acampamento para jovens, a qual irá decorrer de 30 de Junho a 5 de Julho. Este é já o 4.º ano que desenvolvemos esta acti-vidade, a qual tem sido um enorme sucesso e muito do agrado dos nos-sos jovens.Uma vez mais, e porque a experiên-cia tem sido excelente, vamos para o Parque de Campismo de S. Pedro de Moel, que se encontra situado numa pequena estância balnear da Costa de Prata, bastante procurada sobretudo pelos residentes da zona interior centro do País. Este Parque é um dos mais atracti-vos da Rede Orbitur, fica situado num pinhal, tranquilo e com óptimas infra-estruturas, possui bons servi-ços comerciais, incluindo snack-bar/ /restaurante. Na localidade, existem

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Um dos maiores pensadores do sé-culo XX, Jacques Ellul, distinguia entre reflexão e reflexo, conceitos

antitéticos, demonstrando que a sociedade tecnológica se desenvolvia estimulando o reflexo e aniquilando a reflexão. Exempli-ficava que alguém que fosse a conduzir na auto-estrada a alta velocidade tinha de ter os reflexos apuradíssimos e qualquer reflexão poderia ser letal. Hoje, qualquer adulto fica espantado com a destreza e a velocidade de um adolescente e de uma criança a escrever nas teclas pequeninas de um qualquer objecto tecnológico. No mundo hodierno, crescentemente tecno-lógico, globalizado e acelerado, o cultivo do reflexo e a consequente supressão da reflexão são bem mais tenebrosos do que na época de Ellul. São muitos os estudos que demonstram a correlação entre o uso das novas tecno-logias e o défice de atenção, a perda da memória, das faculdades da linguagem, da capacidade de socialização no mundo real, de empatia, de inteligência emocional e de verdadeiros laços humanos, o aumento da ansiedade, a deterioração do sentido de orientação induzido pelos GPS, a extinção do valor da privacidade (pior: da intimida-de) como conquista civilizacional, etc., etc. Estudos baseados em sondagens, nome-adamente nos EUA, mostram que menos pessoas sentem ter um amigo hoje do que há 15 anos. (Um amigo na acepção nobre, ancestral, que o Facebook procurou revo-lucionar.) Concomitantemente, o número de pessoas que moram sozinhas nos EUA cresce.Assisto com horror (a palavra foi pon-derada) a crianças viciadas em jogos de «cultura geral» em que a única coisa que têm de reconhecer é a marca a que cor-responde o logótipo. Assisto com horror ao facto de nos EUA o símbolo da McDonald´s ter sido identificado por mais pessoas do que a cruz de Cristo. Assisto com horror aos novos nomes do Pavilhão Atlântico, do Mercado da Ribeira, da estação de metro Baixa-Chiado, etc. Assisto com horror aos milhões de gostos que os Portugueses de-positam no site da sua operadora, como se de uma ideologia ou de uma causa huma-nitária se tratasse. Alegremente, caminha-mos para uma sociedade de consumidores e não de cidadãos, para uma empresaria-

lização de todas as esferas de actividade, algumas das quais até há bem pouco tem-po sacratíssimas e interditas.Descendo a lupa para Portugal, a expansão do infoentretenimento (ver estudo de Lúcia Freitas Moreira, Pedro Jerónimo e Margarida Botelho) lembra-me o verso de Machado de Assis: «Mudaria o Natal ou mudei eu?» Jantava num restau-rante e a televisão estava na TVI, a es-tação televisiva que inaugurou (com a SIC) em Portugal os concursos mais es-tupidificantes e vexa-tórios e que atingiu o despudor máximo de ter como notícia de abertura dos telejor-nais as ocorrências do Big Brother. Esta-va eu a jantar e fui surpreendido, prova-velmente por não ver aquela estação, por duas notícias segui-das que demoraram longuíssimos minutos. A selfie de Ronaldo e de Mariza como um acontecimento histó-rico e a telenoveliza-ção da política com uma sondagem sobre

quem prefeririam os Portugueses, se Pe-dro Passos Coelho, se António José Segu-ro, como «médico pessoal», como «padre da sua paróquia», como «treinador da sua equipa de futebol», etc. Juro por todos os santinhos que não podia acreditar, muito menos quando a seguir Marcelo Rebelo de Sousa, sempre frenético, sempre superfi-cial, sempre tacticista, sempre com uma coreografia de gestos, sempre sem con-traditório, procurava explicar cada uma das votações.Na pletora de comentários após os resulta-dos das mais recentes eleições em Portugal, não li, não ouvi, não vi a seguinte reflexão. 62, 58% (já contando com nulos e bran-cos!) votaram à esquerda contra os 27,71% da coligação de direita que nos governa. É simples fazer as contas somando PS, CDU, Marinho e Pinto (um defensor dos direitos, liberdades e garantias), BE, Livre, PAN, PCTP- -MRPP, PTP, MAS e POUS. E, contudo, a pergunta permanece: irá a esquerda ou parte dela entender-se, traduzir-se num projecto político e governar?

Manue� Monteir�

Pouc� Pã� � Muit� Circ�[email protected]

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Portela Magazine – Revista Trimestral – Proprietário Associação dos Moradores da Portela – Director Manuel Monteiro – Redacção Eva Falcão, Filipa Assunção, Leonor Noronha – Colaboradores Armando Jorge Domingues, Bonifácio Silva, Carla Marques, Diogo Coelho, Fernando Caetano, Hugo Rosa, Humberto Tomaz, José Alberto Braga, Miguel Esteves Pinto, Miguel Matias, Patrícia Guerreiro Nunes, Pedro Saraiva, Rui Rego – Sede de Redacção Associação dos Moradores da Portela, Urbanização da Portela, Parque Des-portivo da AMP, Apartado 548, 2686-601 Portela LRS – Telefone 219 435 114 – Site www.amportela.pt – E-mail [email protected] – Email Comercial [email protected] – Di-recção Comercial: António Rodrigues – Grafismo ITW-Ideas That Work, Lda. – Impressão Novagrafica do Cartaxo, Lda – Tiragem 6500 exemplares – Depósito Legal n.o 336956/11 – ISSN N.o 2182-9551

Fich� Técnic�

Tribuna� Constituciona� Caro Manuel Monteiro:Apreciei muito o seu artigo «Adorme-cidos» publicado no Portela Magazine, por ser uma boa síntese das mentiras e dos estragos causados pelo actual pri-meiro-ministro.Envio-lhe este e-mail para lhe fazer uma pergunta sobre algumas das inconstitu-cionalidades supostamente cometidas pelo actual governo. O TC tem sido muito atacado por fazer uma interpre-tação demasiado restritiva da Constitui-ção. No entanto, na minha opinião, as críticas do governo não têm sido devi-damente desmascaradas.Estou convencido de que, desde o início da crise, foram feitos cortes de salários, pensões e reformas que não respeitam o

ESPAÇO DOS LEITORES

princípio da igualdade, mesmo conside-rando apenas os cidadãos que são pagos pelo Estado. De facto, o governo tem feito cortes de uma forma atabalhoada: corta 5aqui, 10 acolá, 20 ou 30 acoli, etc. Desta maneira, pessoas que antes da cri-se recebiam quantias dentro do mesmo escalão sofreram provavelmente cortes muito diferentes. Veja-se por exemplo o caso dos trabalhadores do Metro, a quem deram um suplemento para que eles aceitassem passar à reforma. Sem esse suplemento, a reforma sofreu uma redução entre 30 e 40%, segundo al-guns trabalhadores que têm falado na televisão.Será necessário fazer um estudo para provar que pessoas com níveis de ren-dimento muito próximos antes da cri-se sofreram cortes percentuais muito diferentes. Se isto é verdade, teremos aqui uma inconstitucionalidade óbvia, que nenhuma interpretação correcta da Constituição poderá aceitar. O Tribu-nal Constitucional deveria ter feito esse estudo mas duvido que o tenha feito duma forma suficientemente exaustiva. Enquanto um estudo exaustivo não for feito, o governo poderá facilmente con-vencer um grande número de pessoas

ESPAÇO POÉTICO

Quatr� letra� apena�Não a consigo descrever com a máxima justeza. Seria algo banal dizer apenas o nome porque é conhecida e pôr um ponto final no assunto. Não seria corre-to apenas escrever uma palavra que dis-sesse tudo sobre ela, uma denominação que indicasse quem é, como se todos realmente a conhecessem, ou simples-mente a desprezassem o suficiente para não pensar mais sobre ela.Ela não é somente uma palavra. Não é um número ao acaso, embora seja carregada de um intenso simbolismo. Não pode ser resumida a uma simples combinação convencional de letras que formam um conceito universal quando quero tentar descrevê-la de forma mais completa. Quero referir a importância das linhas inconstantes que a caracteri-zam, da sua forma vaga e nebulosa, das

suas eternas ramificações que parecem não ter fim. Quero destacar o quão desequi-librada é, que aparentemente se consegue disfarçar, assumir uma atitude divina, usando um longo vestido branco que é ca-paz de emanar luz. E aparece descalça sobre a relva molhada da Primavera, rodeada de flo-res amarelas que parecem de-saparecer do cenário, escondi-das por um longo cabelo louro que é puxado para trás sem ha-ver nenhuma brisa que os faça erguer-se no ar e formar uma espiral contínua, até se encai-xarem num belo coque que fica preso apenas por um pequeno fio de relva que se separa da sua origem.

de que não cometeu nenhuma inconsti-tucionalidade grave.Sabe se existe algum estudo sobre este assunto?Agradeço antecipadamente a sua aten-ção e apresento os meus cumprimen-tos.

Nelson Esteves (Sócio n.º 291 da AMP)

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Portela Magazine – Revista Trimestral – Proprietário Associação dos Moradores da Portela – Director Manuel Monteiro – Redacção Eva Falcão, Filipa Assunção, Leonor Noronha – Colaboradores Armando Jorge Domingues, Bonifácio Silva, Carla Marques, Diogo Coelho, Fernando Caetano, Hugo Rosa, Humberto Tomaz, José Alberto Braga, Miguel Esteves Pinto, Miguel Matias, Patrícia Guerreiro Nunes, Pedro Saraiva, Rui Rego – Sede de Redacção Associação dos Moradores da Portela, Urbanização da Portela, Parque Des-portivo da AMP, Apartado 548, 2686-601 Portela LRS – Telefone 219 435 114 – Site www.amportela.pt – E-mail [email protected] – Email Comercial [email protected] – Di-recção Comercial: António Rodrigues – Grafismo ITW-Ideas That Work, Lda. – Impressão Novagrafica do Cartaxo, Lda – Tiragem 6500 exemplares – Depósito Legal n.o 336956/11 – ISSN N.o 2182-9551

Fich� Técnic�

Tribuna� Constituciona� Caro Manuel Monteiro:Apreciei muito o seu artigo «Adorme-cidos» publicado no Portela Magazine, por ser uma boa síntese das mentiras e dos estragos causados pelo actual pri-meiro-ministro.Envio-lhe este e-mail para lhe fazer uma pergunta sobre algumas das inconstitu-cionalidades supostamente cometidas pelo actual governo. O TC tem sido muito atacado por fazer uma interpre-tação demasiado restritiva da Constitui-ção. No entanto, na minha opinião, as críticas do governo não têm sido devi-damente desmascaradas.Estou convencido de que, desde o início da crise, foram feitos cortes de salários, pensões e reformas que não respeitam o

ESPAÇO DOS LEITORES

princípio da igualdade, mesmo conside-rando apenas os cidadãos que são pagos pelo Estado. De facto, o governo tem feito cortes de uma forma atabalhoada: corta 5aqui, 10 acolá, 20 ou 30 acoli, etc. Desta maneira, pessoas que antes da cri-se recebiam quantias dentro do mesmo escalão sofreram provavelmente cortes muito diferentes. Veja-se por exemplo o caso dos trabalhadores do Metro, a quem deram um suplemento para que eles aceitassem passar à reforma. Sem esse suplemento, a reforma sofreu uma redução entre 30 e 40%, segundo al-guns trabalhadores que têm falado na televisão.Será necessário fazer um estudo para provar que pessoas com níveis de ren-dimento muito próximos antes da cri-se sofreram cortes percentuais muito diferentes. Se isto é verdade, teremos aqui uma inconstitucionalidade óbvia, que nenhuma interpretação correcta da Constituição poderá aceitar. O Tribu-nal Constitucional deveria ter feito esse estudo mas duvido que o tenha feito duma forma suficientemente exaustiva. Enquanto um estudo exaustivo não for feito, o governo poderá facilmente con-vencer um grande número de pessoas

ESPAÇO POÉTICO

Quatr� letra� apena�Não a consigo descrever com a máxima justeza. Seria algo banal dizer apenas o nome porque é conhecida e pôr um ponto final no assunto. Não seria corre-to apenas escrever uma palavra que dis-sesse tudo sobre ela, uma denominação que indicasse quem é, como se todos realmente a conhecessem, ou simples-mente a desprezassem o suficiente para não pensar mais sobre ela.Ela não é somente uma palavra. Não é um número ao acaso, embora seja carregada de um intenso simbolismo. Não pode ser resumida a uma simples combinação convencional de letras que formam um conceito universal quando quero tentar descrevê-la de forma mais completa. Quero referir a importância das linhas inconstantes que a caracteri-zam, da sua forma vaga e nebulosa, das

suas eternas ramificações que parecem não ter fim. Quero destacar o quão desequi-librada é, que aparentemente se consegue disfarçar, assumir uma atitude divina, usando um longo vestido branco que é ca-paz de emanar luz. E aparece descalça sobre a relva molhada da Primavera, rodeada de flo-res amarelas que parecem de-saparecer do cenário, escondi-das por um longo cabelo louro que é puxado para trás sem ha-ver nenhuma brisa que os faça erguer-se no ar e formar uma espiral contínua, até se encai-xarem num belo coque que fica preso apenas por um pequeno fio de relva que se separa da sua origem.

de que não cometeu nenhuma inconsti-tucionalidade grave.Sabe se existe algum estudo sobre este assunto?Agradeço antecipadamente a sua aten-ção e apresento os meus cumprimen-tos.

Nelson Esteves (Sócio n.º 291 da AMP)

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Tendo esta imagem, é lógico que não pode ser resumida, como alguns mais ingénu-os o tentam fazer através de uma simples linha preta de-senhada numa folha de ras-cunho amarelada. Isso seria colocarmo-nos a todos num eterno degradê de cores mo-nótonas, sem grande riqueza nem distinção, incapaz de corresponder ao verdadeiro milagre que todos parecem vivenciar quando ela sur-ge, subindo as escadas com tanta elegância, que nem pa-rece tocar no chão. As suas vestes não se sujam com a lama, e a chuva pára de cair em qualquer lugar que se encontre, que até causa inveja.Por detrás de tanta aparência angelical, por detrás de uma imagem de alguém que se aproveita a si mesma e que promete ajuda a todos, ela é, mais do que tudo, meticulo-sa. Ela não dá livremente a qualquer um que, cego pela sua luz, tenta aproximar-se estragando a sua magnífica opulência e beijando a sua mão que parece cheirar a ca-momila. Já tem tudo defini-do de acordo com um plano já delineado há muitos anos, pelo que as pessoas não vão ter com ela de tão livre von-tade quanto pensam. É capaz de prever todos os seus pas-sos e chama-os ao seu trono de mármore cinzento que gela ainda mais os corações em busca de esperança.Porém, nem sempre é tão ponderada quanto tenta ser. Também, não só por ser mulher, mas sobretudo por ser, no fundo, a sombra por detrás de todos os que a acompanham, é incons-tante. Muda de humor com a mesma rapidez que uma simples tijela de sopa fica fria. Se não a comermos imediatamente, tudo perde o sabor, tal como ela se vê transformada em alguém completamente diferente, tomando as formas de um

ser alto, rodeado de sombras esverdeadas que cobrem o seu vestido e as suas faces amareladas. Nessa altura, o melhor é tentar passar des-percebido na multidão que a segue, permanecer anónimo na tamanha violência que ela dirige para alguém des-conhecido, que, de repente, se vê aos seus pés, não com esperança, mas com desejo de que a dor desapareça.Não é possível explicar quando tal ocorre. Ela não tem um livro que guie e oriente a multidão a segui--la incondicionalmente, sem fazer soar a sua voz, excepto quando é esse o seu destino. E só de pensar que a vejo constantemente, caminhando ao meu lado e fingindo-me abraçar até à noite, não consigo perce-ber até que ponto seria feliz sem a sua presença. O que faria ela se eu esquecesse as suas incoerências, não seguisse nenhuma das suas orientações e simplesmente procurasse ser aquela que não ouve apenas, para falar, gritar, saltar, correr e dançar sem que a sua luz me ofus-casse impedindo-me de agir? Ficaria orgulhosa de mim e ensinar-me ia a ser como ela? Transcendente, divina, imortal e bela? Ou punir-me-ia ao castigo da dor sem fim?E, enquanto isso, tenho de a acompanhar. Não sou nada sem ela senão um corpo inerte. Sem mim, ela não se-ria a divindade elegante ca-minhando sobre a água num dia de lua cheia, mas apenas um eterno vazio. E, no en-tanto, tal como uma simples combinação de quatro letras não chega para a revelar, este discurso longo é incapaz de a levar ao mais profundo do seu ser.

Sara Quintela Agostinho, escritorahttp://saraquintelaauthor.portaldaliteratura.com/

Nunca vi tantas pessoas no Centro Comercial da Portela como na noite de 7 de Março de 2014, período em que

o Centro é muito pouco frequentado. Música, danças, desfile de modelos, prova de vinhos, de cigarros electrónicos, pro-moções, cor, som, aglomerados de pessoas e boa disposição. Os Portelenses comentavam: «Devia haver mais iniciativas assim no Centro…» Um senão: os lojistas da cave lamen-tam não ter sido convidados pela Administração do Centro Comercial da Portela para participar nas actividades.

Portel� Fashio� Nigh� Ou�Manue� Monteir�

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REPORTAGEMA forç� d� Amor

Não é preciso ser muito perspi-caz para perceber a cumplici-dade que existe entre Manuela

e Fernando, ambos professores refor-mados, ela de História e Português e ele de Matemática e de Cursos de For-mação Mecânica. Sempre muito aten-ciosos um com o outro, cuidadosos e de mão dada, é assim que todos os dias os vejo entrar na Universidade Sénior. O brilho nos olhos faz transparecer a felicidade que partilham e é um gosto encontrá-los diariamente. Têm sempre uma palavra agradável e um sorriso que ilumina o dia de qualquer um. Fernando, o detectiveQuando, aos 18 anos, chegou de Mo-çambique, Fernando Esteves estava longe de imaginar que a procura pelas primas, que viviam na Metrópole, o iria contemplar com um «… e vive-ram felizes para sempre». «Ao chegar de Moçambique, resolvi armar-me em detective e tentar descobrir o para-deiro de três primas, que viviam com uma tia, cujos nomes eu sabia. Porém, na lista telefónica havia três moradas e eu teria de descobrir qual era a de-las. Acertei logo à primeira e sentado num banco de jardim, em frente, fui ouvindo umas conversas, pois havia não três, mas quatro raparigas. Além das primas, estava também a Manue-la. Armar-me em investigador aos de-zoito anos só podia dar no que deu», conta o próprio.Depois, com a ajuda das primas, que se transformaram em Cupido, os aconte-cimentos foram desenrolando-se e no dia 20 de Julho de 1962 «começámos

Maria Manuela e Fernando Esteves são alunos da Universidade Sénior Portela Sábios. Este simpático casal comemora este ano 50 anos de casados: as Bodas de Ouro. E é este marco histórico de uma vida em comum

que celebramos na Portela Magazine.

Leonor Noronh� [email protected]

a levar mais a sério o relacionamento. Namorámos durante cerca de ano e meio, daquela data até 22 de Feverei-ro de 1964».Fernando Esteves recorda o pedido de namoro: «Tive de ir ao escritório do meu sogro, na Avenida da Liberda-de, em Lisboa, fazer o pedido formal, com um nervoso indescritível.»Do namoro ao casamentoManuela e Fernando são unânimes quando afirmam que namorar era «to-talmente diferente dos dias de hoje. Conversávamos, passeávamos, havia umas idas ao cinema e às boîtes (dis-cotecas eram lojas de venda de discos de vinil), davam-se umas beijocas às escondidas. E havia, principalmente, um jogo do gato e do rato com a futu-ra sogra» a quem Fernando apelida de forma divertida de «a fera!!!!!».Numa época em que os casais de na-morados tinham de ser sempre acom-panhados por uma terceira pessoa, vulgarmente conhecida como «pau-de-cabeleira», os nossos entrevistados não foram excepção e relembram «as idas ao Cinema Tivoli, aos concertos da Juventude Musical Portuguesa, com a nossa sobrinha Maria João, nos quais raramente entrávamos ficando no foyer. Ou, aos domingos, quando à hora da missa, entrávamos na Igreja de S. João de Deus, para ver a cor com que o padre estava vestido, pois era uma pergunta sempre feita em casa e cujas amigas podiam confirmar». Segundo o relato do entrevistado, o pe-dido de casamento oficial foi diferente do de namoro e mais informal; Fer-nando voltou ao escritório do sogro: «Porém, como estava já tudo decidido e combinado, foi muito contrariado que fui novamente ao encontro dele. Achei que era uma estupidez pegada!

Mas lá chegado quando ia começar a falar (ou gaguejar), diz-me ele assim: “Cala-te! És um tipo porreiro, vamos para os copos.” Acabámos no Parque Mayer nas imperiais.»Nem tudo foi um mar de rosas nesta relação; a família de Manuela «deu- -nos grande apoio, mas a minha fa-mília não» conta Fernando. Esta con-trariedade «não representou nenhum impedimento, pois como consequên-cia casámo-nos sem a presença deles, apenas comunicando o acto um mês depois».Os noivos eram jovens: Manuela ti-nha 19 anos e Fernando 20. O casa-mento realizou-se na Igreja de S. João de Deus e o ditado popular «boda molhada, boda abençoada» fez jus ao seu dizer: «Desse dia, lembramo-nos, entre outras coisas, que chovia tor-rencialmente. Atravessar a Praça de Londres deu direito a uma molha des-comunal.» De referir também o atraso do padre que foi muito superior ao da noiva. Seguiu-se um almoço em Cas-cais e uma lua-de-mel no Estoril.Vida a dois«Os primeiros quatro anos foram fan-tásticos, basta dizer que a nossa casa servia apenas para irmos dormir. De-pois a vida tornou-se difícil porque apareceu o Serviço Militar e o primei-ro filho, Pedro Miguel. A parte econó-mica e a incerteza nos tempos futuros devido à guerra colonial marcou mui-to essa época.» O relato de Fernando continua. «Durante o Serviço Militar, fui escolhido, por sorteio, para ser vo-luntário para os Rangers em Lamego. Lembro-me de ter pensado para mim (lírico): “Como é preciso fazer uns testes, vou aldrabar tudo e safar-me.” No primeiro, teste auditivo, deveria carregar num botão quando ouvisse

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REPORTAGEMA forç� d� Amor

Não é preciso ser muito perspi-caz para perceber a cumplici-dade que existe entre Manuela

e Fernando, ambos professores refor-mados, ela de História e Português e ele de Matemática e de Cursos de For-mação Mecânica. Sempre muito aten-ciosos um com o outro, cuidadosos e de mão dada, é assim que todos os dias os vejo entrar na Universidade Sénior. O brilho nos olhos faz transparecer a felicidade que partilham e é um gosto encontrá-los diariamente. Têm sempre uma palavra agradável e um sorriso que ilumina o dia de qualquer um. Fernando, o detectiveQuando, aos 18 anos, chegou de Mo-çambique, Fernando Esteves estava longe de imaginar que a procura pelas primas, que viviam na Metrópole, o iria contemplar com um «… e vive-ram felizes para sempre». «Ao chegar de Moçambique, resolvi armar-me em detective e tentar descobrir o para-deiro de três primas, que viviam com uma tia, cujos nomes eu sabia. Porém, na lista telefónica havia três moradas e eu teria de descobrir qual era a de-las. Acertei logo à primeira e sentado num banco de jardim, em frente, fui ouvindo umas conversas, pois havia não três, mas quatro raparigas. Além das primas, estava também a Manue-la. Armar-me em investigador aos de-zoito anos só podia dar no que deu», conta o próprio.Depois, com a ajuda das primas, que se transformaram em Cupido, os aconte-cimentos foram desenrolando-se e no dia 20 de Julho de 1962 «começámos

Maria Manuela e Fernando Esteves são alunos da Universidade Sénior Portela Sábios. Este simpático casal comemora este ano 50 anos de casados: as Bodas de Ouro. E é este marco histórico de uma vida em comum

que celebramos na Portela Magazine.

Leonor Noronh� [email protected]

a levar mais a sério o relacionamento. Namorámos durante cerca de ano e meio, daquela data até 22 de Feverei-ro de 1964».Fernando Esteves recorda o pedido de namoro: «Tive de ir ao escritório do meu sogro, na Avenida da Liberda-de, em Lisboa, fazer o pedido formal, com um nervoso indescritível.»Do namoro ao casamentoManuela e Fernando são unânimes quando afirmam que namorar era «to-talmente diferente dos dias de hoje. Conversávamos, passeávamos, havia umas idas ao cinema e às boîtes (dis-cotecas eram lojas de venda de discos de vinil), davam-se umas beijocas às escondidas. E havia, principalmente, um jogo do gato e do rato com a futu-ra sogra» a quem Fernando apelida de forma divertida de «a fera!!!!!».Numa época em que os casais de na-morados tinham de ser sempre acom-panhados por uma terceira pessoa, vulgarmente conhecida como «pau-de-cabeleira», os nossos entrevistados não foram excepção e relembram «as idas ao Cinema Tivoli, aos concertos da Juventude Musical Portuguesa, com a nossa sobrinha Maria João, nos quais raramente entrávamos ficando no foyer. Ou, aos domingos, quando à hora da missa, entrávamos na Igreja de S. João de Deus, para ver a cor com que o padre estava vestido, pois era uma pergunta sempre feita em casa e cujas amigas podiam confirmar». Segundo o relato do entrevistado, o pe-dido de casamento oficial foi diferente do de namoro e mais informal; Fer-nando voltou ao escritório do sogro: «Porém, como estava já tudo decidido e combinado, foi muito contrariado que fui novamente ao encontro dele. Achei que era uma estupidez pegada!

Mas lá chegado quando ia começar a falar (ou gaguejar), diz-me ele assim: “Cala-te! És um tipo porreiro, vamos para os copos.” Acabámos no Parque Mayer nas imperiais.»Nem tudo foi um mar de rosas nesta relação; a família de Manuela «deu- -nos grande apoio, mas a minha fa-mília não» conta Fernando. Esta con-trariedade «não representou nenhum impedimento, pois como consequên-cia casámo-nos sem a presença deles, apenas comunicando o acto um mês depois».Os noivos eram jovens: Manuela ti-nha 19 anos e Fernando 20. O casa-mento realizou-se na Igreja de S. João de Deus e o ditado popular «boda molhada, boda abençoada» fez jus ao seu dizer: «Desse dia, lembramo-nos, entre outras coisas, que chovia tor-rencialmente. Atravessar a Praça de Londres deu direito a uma molha des-comunal.» De referir também o atraso do padre que foi muito superior ao da noiva. Seguiu-se um almoço em Cas-cais e uma lua-de-mel no Estoril.Vida a dois«Os primeiros quatro anos foram fan-tásticos, basta dizer que a nossa casa servia apenas para irmos dormir. De-pois a vida tornou-se difícil porque apareceu o Serviço Militar e o primei-ro filho, Pedro Miguel. A parte econó-mica e a incerteza nos tempos futuros devido à guerra colonial marcou mui-to essa época.» O relato de Fernando continua. «Durante o Serviço Militar, fui escolhido, por sorteio, para ser vo-luntário para os Rangers em Lamego. Lembro-me de ter pensado para mim (lírico): “Como é preciso fazer uns testes, vou aldrabar tudo e safar-me.” No primeiro, teste auditivo, deveria carregar num botão quando ouvisse

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um som, que começava muito baixo e ia aumentando. Quando me pareceu estar numa berraria enorme, carreguei no botão, com medo de dar muito nas vistas. Ouvi o tenente que supervisio-nava o teste dizer: “Este é o que ouve melhor.” Logo, lá fui eu para Lamego. Foi o pior tempo que tivemos, mas também acontecem coisas boas no meio das desgraças: Tive uma hepa-tite, disseram na altura que devido a uma injecção com seringa infectada, que fez com que não fosse mobili-zado. Depois de sair da tropa, estive sempre na eminência de ser chamado novamente para fazer o Curso de Ca-pitães. Fui salvo, in extremis, pelo 25 de Abril», relembra.No início, o casal morava nas Olaias, mas em 2005 mudaram-se para a Por-tela, uma vez que duas das filhas já aqui habitavam, e Manuela começou a dar aulas na escola onde actualmente se situa a Junta de Freguesia. «Já co-nhecíamos o ambiente, mas a realida-de ultrapassou todas as expectativas. A nossa vida tomou outro rumo, até porque coincidiu com a nossa aposen-tação. Curiosamente, estive três anos no então RAL 1 e vi começarem a construção da Portela, longe de pensar no futuro que nos estava reservado», recorda Fernando.Uma nova famíliaO amor de Manuela e Fernando ge-rou quatro filhos: o já citado Pedro Miguel, Rita Alexandra, Ana Filipa e João Nuno. «Quatro filhos, todos di-

ferentes uns dos outros, mas que co-locam a família à frente de tudo», re-velam. Mas a família já aumentou e o casal tem cinco netos, a saber: Martim, Afonso, Leonor, Filipe e Laura. «Com os genros e noras, somos 15. As reuni-ões são relativamente frequentes, pois achamos que há uma grande ligação entre todos e temos nisso um enorme orgulho. Lembro-me de ter acontecido uma vez, pô-los na rua à 1 h, pois esta-vam em grande conversa de recorda-ções, e eu tinha de me levantar às 6 h. No Natal, está instituído que todos nos juntamos, um ano é na véspera e no seguinte é no dia. Vamos alternando para poderem assim passar também as festas com as outras famílias.»50 anos de uniãoQuando questionados sobre o segredo da longevidade do seu casamento, a resposta é pronta: «Não sabemos se há algum segredo. Talvez um conjun-to de pequenas vivências que vão ci-mentando a relação: cumplicidade nos tempos que se passam juntos, compa-nheirismo, confiança total, pequenas prendas de surpresa, fins-de-semana em que partimos os dois à aventura, caminhadas de mãos dadas, rirmos de factos insólitos que, por vezes, nos acontecem. Outro pormenor: as acti-vidades são feitas em conjunto, vamos sempre os dois. Antigamente, quando havia almoços nas escolas (diferen-tes), cada um ia aos seus. Mas eramos as exceções. Achamos que é a tudo isto junto que se chama AMOR».

O sentido de humor e a capacidade de saberem rir um do outro é outro dos elementos que unem o casal: «Ainda hoje nos fartamos de rir com um fac-to acontecido já há muito. Tínhamos um Mini, como muita gente daquela altura. Fui buscar a Manuela à Facul-dade de Letras já de noite. Ela com o seu problema de visão, vê um Mini e entra, pensando que era o nosso, e diz “Vamos querido” ao que o condutor responde “Eu ia, mas estou à espera da minha mulher”». A saúde também já os atraiçoou e foi o apoio mútuo que lhes permitiu enca-rar esses momentos difíceis: «Já am-bos fomos operados devido a doença grave e foi um no outro que nos apoiá-mos e ambos ganhámos as batalhas.»Claro que nem tudo corre sempre so-bre rodas, como explicam, «Crises, é lógico que houve, e haverá sempre umas discussões. Mas isso é próprio de dois seres que têm cabeças diferen-tes: amar não é serem os dois iguais e muito menos um ser o dono do outro. Mas também aí é preciso bom senso e saber recuar: umas vezes um, outras vezes o outro. E as pazes são fantás-ticas!»Manuela e Fernando finalizaram refe-rindo que «os amigos são fundamen-tais na vida de um casal. E nós temos o privilégio de ter muitos AMIGOS, que nos têm ajudado ao longo da vida e aos quais temos retribuído com a nossa solidariedade. É bastante rele-vante este facto».

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Patríci� Duart� � Silv�

Ansiedad�, com� torn�-l� noss� aliad�?

PSICOLOGIA

Psicóloga Clínica

Todos precisamos de aliados, mesmo dos mais improváveis!

Diariamente, e em dife-rentes fases da vida, de-paramos com situações

difíceis de gerir ou que aparen-temente constituem uma amea-ça, invadindo a nossa «zona de conforto» quer seja no trabalho, na relação a dois, quer com os filhos ou com a família. Inde-pendentemente do foco de preo-cupação, sentimo-nos inseguros, nervosos, tensos, com medo, quase sem saber como reagir pe-rante a «ameaça», enfim… um mal-estar generalizado. Estamos ansiosos!A ansiedade pode ser definida como uma resposta emocional aversiva perante um estímulo stressor, caracterizada por senti-mentos subjectivos de apreensão e preocupação ante a possibilida-de de prejuízo físico ou psicoló-gico.Contudo, a ansiedade é desejável e até útil, pois activa determina-dos recursos que nos permitem resolver de forma mais apta as si-tuações com que deparamos. O importante é diferenciar ansie-dade-estado de ansiedade-traço. O que a maioria de nós experien-cia, em determinadas ocasiões, enquadra-se na ansiedade-estado, ou seja, ficamos ansiosos, angus-tiados num determinado momento perante uma dificuldade que gera Fo

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Patríci� Duart� � Silv�

Ansiedad�, com� torn�-l� noss� aliad�?

PSICOLOGIA

Psicóloga Clínica

Todos precisamos de aliados, mesmo dos mais improváveis!

Diariamente, e em dife-rentes fases da vida, de-paramos com situações

difíceis de gerir ou que aparen-temente constituem uma amea-ça, invadindo a nossa «zona de conforto» quer seja no trabalho, na relação a dois, quer com os filhos ou com a família. Inde-pendentemente do foco de preo-cupação, sentimo-nos inseguros, nervosos, tensos, com medo, quase sem saber como reagir pe-rante a «ameaça», enfim… um mal-estar generalizado. Estamos ansiosos!A ansiedade pode ser definida como uma resposta emocional aversiva perante um estímulo stressor, caracterizada por senti-mentos subjectivos de apreensão e preocupação ante a possibilida-de de prejuízo físico ou psicoló-gico.Contudo, a ansiedade é desejável e até útil, pois activa determina-dos recursos que nos permitem resolver de forma mais apta as si-tuações com que deparamos. O importante é diferenciar ansie-dade-estado de ansiedade-traço. O que a maioria de nós experien-cia, em determinadas ocasiões, enquadra-se na ansiedade-estado, ou seja, ficamos ansiosos, angus-tiados num determinado momento perante uma dificuldade que gera Fo

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incerteza, dificultando a tomada de decisões.A ansiedade-traço diz respeito à propensão geral de um indiví-duo para experienciar aumento na ansiedade-estado diante de estí-mulos stressores. Nestes casos, a ansiedade pode constituir motivo de preocupação, pois começa a afectar negativamente o funcio-namento normal da pessoa ou da sua vida social, a sua preocupa-ção torna-se incontrolável, po-dendo constituir um obstáculo ao seu desempenho em determinadas acções.Embora a ansiedade-estado seja pontual ou temporária, ela pode ser progressiva, especialmente em situações de contínuo stress, podendo ser acompanhada de ou-tras perturbações do foro psicoló-gico. Neste caso, é importante a intervenção de um psicólogo.Como posso saber se estou ansio-so?A ansiedade manifesta-se em dife-rentes níveis: cognitivo, emocio-nal, fisiológico e comportamental. Nem todas as pessoas apresentam os mesmos sintomas, mas a maio-ria pode experimentar uma com-binação de vários sintomas; por exemplo, sintomas emocionais como a preocupação constante ou a intolerância à incerteza ou um sentimento generalizado de medo podem ser concomitantes com sintomas comportamentais como dificuldade de concentração ou incapacidade de se relaxar ou ainda com sintomas físicos como problemas de sono, dores muscu-lares ou problemas de náuseas ou diarreia.

Importa, por isso, estarmos cons-cientes e atentos às suas mani-festações, sendo assim possível accionar medidas de gestão da ansiedade sentida.Vamos, por exemplo, pensar no discurso que utiliza no dia-a-dia. Quantas vezes dá por si a dizer: «Tenho de entregar o trabalho até ao final da semana» ou «Tenho de ter mais tempo para estar com os meus filhos!” Este «ter de» tor-na as tarefas mais pesarosas por-que impostas, retirando o prazer e acrescentando ansiedade.Com certeza, também já deu por si a imaginar situações, a anteci-par determinados acontecimentos ou cenários… «E se a entrevista não correr bem?» ou «E se for despedido?»… Estes «E se?...» são uma antecipação dos proble-mas antes de acontecerem. Se, por um lado, podem, nalguns casos, ajudar a resolver algumas dificul-dades, por outro, as suas preocu-pações poderão ser improdutivas, fazendo com que cada solução en-contrada seja boicotada, retirando a autoconfiança na decisão.Também o uso de expressões como «Sempre» ou «Nunca» li-mitam a nossa maneira de pensar. «Nunca serei feliz!» ou «Nunca terei um emprego melhor!» são exemplos de como optando por extremos eliminamos um conjun-to de possibilidades passíveis de acontecer.Estas situações são-lhe familia-res? Se se considera uma pessoa ansio-sa, existem algumas estratégias que poderá pôr em prática no seu dia-a-dia, de maneira que dimi-

nua os seus níveis de ansiedade. Por exemplo, coisas tão simples como:Espreguice-se! Relaxar e disten-der os músculos, com regularida-de, ajuda-o a libertar a ansiedade e a aliviar a sua sintomatologia física. O relaxamento é um antí-doto para a ansiedade. A chave é a prática regular.Planeie as actividades do dia-a- -dia! Organize as suas tarefas por prioridades de acordo com o grau de urgência e de importância. Ad-quira competências de autoges-tão.Faça a si próprio 3 perguntas- -chave, «Como gasto o meu tem-po?», «Cumpro os objetivos a que me proponho?», «Atraso ou adio sistematicamente a realização de actividades relevantes?»Se as respostas não vão no sen-tido daquilo que pretende alcan-çar, então está na altura de traçar novas estratégias e novos objecti-vos, sendo estes obrigatoriamen-te realistas, claros e próximos no tempo.Pratique uma actividade física! O exercício físico ajuda a lidar com estados de ansiedade porque eleva a produção de serotonina, substância que aumenta a sensa-ção de prazer.Reforce os laços com os outros! Vivemos em sociedade, construa e mantenha uma rede de amigos, mas evite as relações tóxicas!Ao saber identificar situações que presumivelmente serão ansiogé-nicas, poderemos criar estratégias e reagir adaptativamente a situ-ações outrora ameaçadoras, tor-nando a ansiedade nossa aliada.

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Qua� � � destin� d� carreir� 722?

PORTELA

Filip� Assunçã�

Confrontada com as mais re-centes notícias do término da carreira 722 da Carris, a

Portela Magazine procurou escla-recimentos acerca desta situação problemática. Se por um lado a carreira 745 foi extinta, o autocarro 783 (que liga a Portela às Amoreiras) deixou de funcionar aos fins-de-semana, isto já depois de ter sido reduzido o seu percurso e encurtado o seu horário. Um abaixo-assinado de centenas de Portelenses contra a extinção do 83 ao fim-de-semana, partindo de Manuel Monteiro, foi enviado pelo mesmo para as autoridades oficiais, entre as quais a Carris. A resposta recebida foi a de que estariam aten-tos e preocupados com esta situa-ção. Deu-se ainda um encurtamento do percurso da carreira 722, depois de o horário já ter sido reduzido. Uma cronologia de redução e extin-ção para os Portelenses.Verificando-se o final desta carreira, a Portela deixa de ter autocarros que a liguem ao centro da cidade de Lis-boa no fim-de-semana. A Portela Magazine contactou a Carris, a Câmara Municipal de Lou-res e a Junta de Freguesia de Mosca-vide e Portela. A Carris foi a única que não respondeu.

Junta De Freguesia De Moscavide E Portela«Somos a informar que não dispõe a Junta de Freguesia de Moscavide e Portela qualquer informação da Carris que permita pronunciar sobre o referido assunto. Esclarece-se, ain-da, que logo que prestada pela Carris qualquer informação a mesma será de imediato divulgada junto da po-pulação.»M. Manuela DiasPresidenteJunta de Freguesia de Moscavide e PortelaCâmara Municipal de Loures«Na sequência dos pedidos de pa-recer solicitados pela Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa e Carris no início deste ano, o Município de Loures manifestou,

através de ofício, pa-recer desfavorável à proposta para a su-pressão da carreira 722 – Praça de Lon-dres – Portela (Rua dos Escritores), tal como já em 2011 o havia feito aquando da reformulação de transportes da AML para a então carrei-ra “22 – Marquês de Pombal – Portela”.

A posição reiterada pelo município foi a de manutenção do atual serviço da carreira 722, uma vez que os ar-gumentos indicados pela Carris não salvaguardavam os interesses dos nossos munícipes, nomeadamente, em dois aspetos:1º - Não eram sustentados por dados de procura, fazendo apenas referên-cia a “uma procura inferior à mé-dia”;2º - A sobreposição mencionada com a carreira 783 acontece maio-ritariamente no seu circuito dentro de Lisboa, sendo ínfima no troço da Av. da República (Portela). Assim, sugerimos que a Carris mantivesse a sua circulação na Portela e equacio-nasse a alteração do percurso dentro do município de Lisboa, designada-mente o das carreiras 705 ou 708, de forma a ajustar a rede em áreas que, eventualmente, não sejam servidas naquele município.Como alternativa à supressão da carreira 722, a Carris apresentou proposta para alteração de percurso da carreira 705, à qual demos igual-mente parecer desfavorável pelos se-guintes motivos:* Iria diminuir a área de abrangência da população servida na Portela;* Iria reduzir a frequência de passa-gem nesta localidade (que atualmen-te é de 15’ aproximadamente);* Iria encurtar os horários da 1ª e úl-tima partida, deixando possivelmen-te de circular aos sábados, domingos e feriados;* Iria aumentar o tempo de desloca-ção entre a Estação do Oriente e a ro-tunda da encarnação (Olivais norte), passando de 8’ para 20’ aproximada-mente (dados obtidos por compara-ção com o tempo do percurso da car-reira 728, para um troço idêntico).»Gabinete do Vice-Presidente Paulo Piteira

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Qua� � � destin� d� carreir� 722?

PORTELA

Filip� Assunçã�

Confrontada com as mais re-centes notícias do término da carreira 722 da Carris, a

Portela Magazine procurou escla-recimentos acerca desta situação problemática. Se por um lado a carreira 745 foi extinta, o autocarro 783 (que liga a Portela às Amoreiras) deixou de funcionar aos fins-de-semana, isto já depois de ter sido reduzido o seu percurso e encurtado o seu horário. Um abaixo-assinado de centenas de Portelenses contra a extinção do 83 ao fim-de-semana, partindo de Manuel Monteiro, foi enviado pelo mesmo para as autoridades oficiais, entre as quais a Carris. A resposta recebida foi a de que estariam aten-tos e preocupados com esta situa-ção. Deu-se ainda um encurtamento do percurso da carreira 722, depois de o horário já ter sido reduzido. Uma cronologia de redução e extin-ção para os Portelenses.Verificando-se o final desta carreira, a Portela deixa de ter autocarros que a liguem ao centro da cidade de Lis-boa no fim-de-semana. A Portela Magazine contactou a Carris, a Câmara Municipal de Lou-res e a Junta de Freguesia de Mosca-vide e Portela. A Carris foi a única que não respondeu.

Junta De Freguesia De Moscavide E Portela«Somos a informar que não dispõe a Junta de Freguesia de Moscavide e Portela qualquer informação da Carris que permita pronunciar sobre o referido assunto. Esclarece-se, ain-da, que logo que prestada pela Carris qualquer informação a mesma será de imediato divulgada junto da po-pulação.»M. Manuela DiasPresidenteJunta de Freguesia de Moscavide e PortelaCâmara Municipal de Loures«Na sequência dos pedidos de pa-recer solicitados pela Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa e Carris no início deste ano, o Município de Loures manifestou,

através de ofício, pa-recer desfavorável à proposta para a su-pressão da carreira 722 – Praça de Lon-dres – Portela (Rua dos Escritores), tal como já em 2011 o havia feito aquando da reformulação de transportes da AML para a então carrei-ra “22 – Marquês de Pombal – Portela”.

A posição reiterada pelo município foi a de manutenção do atual serviço da carreira 722, uma vez que os ar-gumentos indicados pela Carris não salvaguardavam os interesses dos nossos munícipes, nomeadamente, em dois aspetos:1º - Não eram sustentados por dados de procura, fazendo apenas referên-cia a “uma procura inferior à mé-dia”;2º - A sobreposição mencionada com a carreira 783 acontece maio-ritariamente no seu circuito dentro de Lisboa, sendo ínfima no troço da Av. da República (Portela). Assim, sugerimos que a Carris mantivesse a sua circulação na Portela e equacio-nasse a alteração do percurso dentro do município de Lisboa, designada-mente o das carreiras 705 ou 708, de forma a ajustar a rede em áreas que, eventualmente, não sejam servidas naquele município.Como alternativa à supressão da carreira 722, a Carris apresentou proposta para alteração de percurso da carreira 705, à qual demos igual-mente parecer desfavorável pelos se-guintes motivos:* Iria diminuir a área de abrangência da população servida na Portela;* Iria reduzir a frequência de passa-gem nesta localidade (que atualmen-te é de 15’ aproximadamente);* Iria encurtar os horários da 1ª e úl-tima partida, deixando possivelmen-te de circular aos sábados, domingos e feriados;* Iria aumentar o tempo de desloca-ção entre a Estação do Oriente e a ro-tunda da encarnação (Olivais norte), passando de 8’ para 20’ aproximada-mente (dados obtidos por compara-ção com o tempo do percurso da car-reira 728, para um troço idêntico).»Gabinete do Vice-Presidente Paulo Piteira

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Lui� Garriap�

Justiç� � Comunicaçã�JUSTIÇA

É alucinante a velocidade e a voracidade com que actual-mente os media consomem

factos, palavras e acontecimentos. Hoje, a elaboração do alinhamento de um jornal televisivo é feito cada vez mais em cima do imediato, da-quilo que está a acontecer, naquele exacto momento. Palavras como «directo», «última hora», «imagens não editadas» traduzem o imperati-vo e a ânsia de conseguir transmitir o real, em tempo real e, de preferên-cia, em exclusivo. A feroz concor-rência entre os canais de informa-ção 24 horas e os sites de notícias intensifica ainda mais este turbilhão. Há uma explicação – tecnológica e social – hoje em dia, as pessoas já não precisam de ir à banca comprar o jornal ou esperar pelas 8 da noite para se sentarem no sofá a assistir ao telejornal. A informação conso-me-se a qualquer hora, em qualquer parte, nos meios tradicionais, mas também no computador do trabalho, no tablet, à mesa do café ou no tele-móvel, deitado na praia. Claro que este novo mundo acarre-ta sérios riscos para os jornalistas, exige deles um esforço muito maior para conseguirem cumprir as mais elementares regras da profissão. A investigação, a confirmação dos factos, o cruzamento das fontes, a

procura dessas fontes podem estar comprometidos com a pressão do tempo e com a urgência de alimen-tar o caudal noticioso. Mais do que nunca, torna-se fun-damental a existência de jornalis-tas especializados em determinadas matérias – da política à defesa, da administração interna à saúde, do meio ambiente à cultura, do des-porto à justiça. Profissionais que, ao longo da carreira, vão sedimentando conhecimentos específicos da área, conseguindo criar uma rede de con-tactos e de fontes, que saibam distin-guir o que, de facto, é notícia, daqui-lo que não é, identificando tentativas de propaganda ou de manipulação.A exigência, no entanto, não deve-ria ser apenas para os media. Quem está na posse das informações que os jornalistas procuram, sobretudo os orgãos institucionais, quem pode e até tem obrigação de fornecer ele-mentos, em tempo útil e de forma clara, também deveria perceber que os tempos mudaram e que precisam de renovar a forma de comunicar e lidar com a imprensa. A Justiça será talvez uma das áreas em que mais se nota a resistência. Alguns sectores, das magistraturas, das polícias, dos funcionários judi-ciais ou dos orgãos do Estado pare-cem cultivar até uma certa distância em relação ao mundo exterior, como se não estivessem obrigados a fazer a Justiça em nome do povo e de for-ma que o povo a compreenda. Na Justiça penal, por exemplo, que tanta atenção desperta, os cidadãos querem as respostas que é suposto os jornalistas encontrarem – o quê, quem, quando, porquê, como e onde. Um homicídio, um abuso sexual, um roubo, um crime de corrupção ou qualquer outro delito é enten-

dido como uma ruptura no normal funcionamento de uma sociedade, porque provoca danos e lesados e também porque causa sentimentos de medo, perturbação, inquietação e curiosidade. Nessa perspectiva, qualquer crime, desde a prática dos factos, passando pela investigação, até ao julgamento e à punição, terá sempre interesse jornalístico. É nessa busca de explicações que constantemente se interrogam as instituições da justiça, para que ex-pliquem como aconteceram os fac-tos, porque não foram prevenidos, como estão a ser investigados ou que consequências irão ter. Os conflitos surgem aqui: os jornalistas querem quase sempre as respostas na hora, as instituições demoram, ou fogem mesmo a fornecê-las. A máxima de que «o tempo da jus-tiça não é igual ao tempo da comu-nicação social» pode até ter razão de ser, mas a frase não pode ser aplica-da cegamente, apenas para justificar a inadaptação ou até a má vontade. O mesmo acontece com o véu do segredo de justiça, que tantas vezes serve de desculpa, quase de forma autista, para rejeitar a prestação de esclarecimentos. Com frequência, os jornalistas esbarram com muros de silêncio ou com o recado «o se-nhor doutor não fala com jornalis-tas». Daqui, podem nascer notícias menos informadas, com lacunas, ou no pior dos cenários, com erros e imprecisões.Acabar com preconceitos e fazer esforços para uma melhor compre-ensão mútua entre os jornalistas e os protagonistas da justiça será um passo importante no sentido de uma informação mais séria, credível e responsável. Afinal de contas, o que todos desejamos.

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Nos últimos anos, alastrou em Portugal a febre das reformas na justiça.

Desse excesso de legislação, apressa-damente elaborada, têm resultado efei-tos negativos para a justiça: diplomas mal redigidos, com vírgulas a separar o sujeito do predicado; importações doutrinárias não adaptáveis à nossa vivência; «sobredosagem» de legisla-ção; deficiente interpretação das leis.Este constante oscilar legislativo não deixa fixar jurisprudência, consolidar conceitos, harmonizar correntes juris-prudenciais.Nem sempre é fácil saber qual a lei

aplicável e nem sempre é fácil ao ci-dadão médio perceber a razão por que sobre o mesmo tema há decisões di-vergentes.Qualquer jurista sabe que as leis têm carácter geral e abstracto e que só re-gem para o futuro (embora esta última e essencial característica venha nos últimos tempos a ser lamentavelmen-te posta em causa).Existindo o direito para resolver os problemas concretos da vivência so-cial quotidiana, não pode esgotar- -se em meras concepções abstractas, impondo-se, por isso, precisar a nor-mal legal, concretizando-a, dando-lhe vida, tarefa que cabe fundamental-mente aos tribunais que também e até

onde for possível procurarão unifor-mizar a jurisprudência. Ora, não é viável realizar esta essen-cial tarefa existindo, como existe, um legislar ininterrupto e tantas vezes fei-to por quem não tem «mundo» nem conhecimentos para tal.Só três exemplos (entre as várias de-zenas que era possível apontar) da febre legislativa. O Processo Penal so-freu 19 alterações nos últimos 25 anos e o Código de Processo Civil, que em 1995 teve cerca de três centenas de ar-tigos alterados, está em nova revisão. Teremos de esperar para conhecer o resultado desta «radical alteração» nos dizeres da Senhora Ministra. Quero só lembrar que a referida modificação de

Fernand� Pint� Monteir�

Proposta� par� um� melhor justiç�

JUSTIÇA

Fotografia: Pedro Saraiva

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Nos últimos anos, alastrou em Portugal a febre das reformas na justiça.

Desse excesso de legislação, apressa-damente elaborada, têm resultado efei-tos negativos para a justiça: diplomas mal redigidos, com vírgulas a separar o sujeito do predicado; importações doutrinárias não adaptáveis à nossa vivência; «sobredosagem» de legisla-ção; deficiente interpretação das leis.Este constante oscilar legislativo não deixa fixar jurisprudência, consolidar conceitos, harmonizar correntes juris-prudenciais.Nem sempre é fácil saber qual a lei

aplicável e nem sempre é fácil ao ci-dadão médio perceber a razão por que sobre o mesmo tema há decisões di-vergentes.Qualquer jurista sabe que as leis têm carácter geral e abstracto e que só re-gem para o futuro (embora esta última e essencial característica venha nos últimos tempos a ser lamentavelmen-te posta em causa).Existindo o direito para resolver os problemas concretos da vivência so-cial quotidiana, não pode esgotar- -se em meras concepções abstractas, impondo-se, por isso, precisar a nor-mal legal, concretizando-a, dando-lhe vida, tarefa que cabe fundamental-mente aos tribunais que também e até

onde for possível procurarão unifor-mizar a jurisprudência. Ora, não é viável realizar esta essen-cial tarefa existindo, como existe, um legislar ininterrupto e tantas vezes fei-to por quem não tem «mundo» nem conhecimentos para tal.Só três exemplos (entre as várias de-zenas que era possível apontar) da febre legislativa. O Processo Penal so-freu 19 alterações nos últimos 25 anos e o Código de Processo Civil, que em 1995 teve cerca de três centenas de ar-tigos alterados, está em nova revisão. Teremos de esperar para conhecer o resultado desta «radical alteração» nos dizeres da Senhora Ministra. Quero só lembrar que a referida modificação de

Fernand� Pint� Monteir�

Proposta� par� um� melhor justiç�

JUSTIÇA

Fotografia: Pedro Saraiva

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1995 se destinava a uma justiça «mais célere», sendo certo, contudo, que um rigoroso estudo feito no Supremo Tri-bunal de Justiça veio demonstrar que as mencionadas alterações tinham, ao contrário do pretendido, tornado a justiça mais lenta. No que respeita ao Código das Custas, é de salientar que têm sido tantas e tão variadas as alter-nâncias, que é difícil, mesmo a ma-gistrados experientes, concluir qual a legislação aplicável.Penso que importa focar aqui algumas «reformas» que só prejudicam e que ainda se está a tempo de modificar. No que toca ao Código de Processo Penal, a «ampliação» de casos que podem ser julgados em processo su-mário e que permitirá que sejam apli-cadas penas de 20 anos de prisão a alguém que presumivelmente foi apa-nhado em flagrante delito, mediante uma sentença «abreviada», ditada por um juiz em início de carreira, produ-zirá uma diversidade de penas e esta-rá ligada à falta de garantias de uma defesa justa. A Procuradoria-Geral da República, os juízes, os advogados pronunciaram-se contra esta alteração, mas a Senhora Mi-nistra da Justiça insistiu na sua concretização, sabendo que a medida era inconstitucional, como o Tribunal Constitucio-nal veio a declarar. Não pode haver leis só para encaixilhar.A segunda «medida» é a en-trada em vigor de um mapa judiciário que ninguém quer (ou quase ninguém quer a não ser, saiba-se lá porquê, o poder político no poder).Pretende-se, como é sabido, encerrar dezenas de tribunais e transformar outros em «sec-ções de proximidade».Os tribunais são órgãos de so-berania e o juiz é ainda hoje a face aparente da justiça. A existência de tribunais é assim um acto de soberania e o cumprimento de um dever do Estado. A justiça, como alguns pa-recem ignorar, é um serviço público que o Estado de Direito está obriga-do a prestar ao cidadão. Este é que é o centro da justiça e não os juízes, procuradores, advogados, solicita-

dores ou funcionários judiciais. O cidadão deve ser, pois, tratado como alguém para quem o serviço da justi-ça existe, o que tem sido muitas vezes esquecido. O encerramento dos tribunais, justifi-cado tão-somente por razões econó-micas, irá, por um lado, dificultar ou tornar impossível o acesso do cidadão à justiça e, por outro, contribuir para uma ainda maior «desertificação» de algumas áreas do País.Parte-se de vários princípios errados, sendo um deles o de que todos têm veículo automóvel que lhes permita fazer a deslocação de 30, 40 ou 50 km até ao tribunal e esquecendo-se, por exemplo, de que na Beira Interior 90% das pessoas das aldeias não têm automóvel. Esquecem-se também de que não há transporte público que possibilite ir e regressar do tribunal no mesmo dia, como se esquecem de que, com as miseráveis pensões que muitos têm, está fora de causa dormir num qualquer modesto hotel de um dia para o outro.Sublinhe-se que o encerramento dos

Parte-se de vários princípios errados, sendo um deles o de que todos têm veículo automóvel que lhes permita

fazer a deslocação de 30, 40 ou 50

km até ao tribunal e esquecendo-

-se, por exemplo, de que na Beira

Interior 90% das pessoas das

aldeias não têm automóvel.

tribunais não é imposição do famige-rado Memorando, que tão falado é e que tão poucos, incluindo os políticos, leram.Não deveria, aliás, ter sido permitido à Troika imiscuir-se no serviço da justi-ça, já que este é um dos temas em que os países mantêm, quase na totalida-de, a sua autonomia.Se acrescentarmos a este panorama o aumento das custas e as dificuldades que a Segurança Social está a criar para a concessão do apoio judiciário, transforma-se a justiça num serviço caro e incomportável para muitos ci-dadãos, o que é inadmissível.Mas várias coisas inadmissíveis se estão a passar no domínio da justiça, a pior das quais é o feroz ataque que está a ser feito ao Tribunal Constitu-cional, que é e deve continuar a ser o defensor último do Estado de Direito.Já que tanto se fala neste Portugal de hoje da Alemanha e da Senhora Merkel, procedam como lá, cumpram as decisões do Tribunal Constitucional e remetam-se a um silêncio de quem sabe viver em Democracia.

Fotografia: Pedro Saraiva

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Os Clark são uma banda que nasce da fusão de três géneros musicais distintos, podendo ser considerados uma banda indie-pop-rock. Os seus primeiros álbuns foram lançados em 1998 e em 2001/2002. O lançamen-to do mais recente álbum, Bipolar, surgiu em 2012 e é constituído por 10 canções (8 em português e 2 em inglês), que reflectem estados de es-pírito antagónicos. O álbum foi dado a conhecer ao público num Cinema São Jorge bem composto para uma aguardada recepção. Num primeiro momento, a venda do álbum foi fei-ta unicamente pela Internet, através de sites como o Itunes, Spotify, etc. No entanto, a banda assinou contra-to de distribuição com a editora Fa-rol Música, passando o disco a estar disponível também para venda física. Apesar de o seu lançamento ter sido anterior, só agora é que o álbum co-meçou a ser realmente promovido: «Passados quase dois anos é que se está a dar a promoção. Ao nível do digital, correu tudo muito bem. Tivemos mais de 10 mil downloads e streamings nessas plataformas de música, um trabalho realizado pela editora que promoveu o disco por aí. Enquanto banda, não sentimos tanto esse impacto por sermos praticamen-te desconhecidos, a não ser para um pequeno círculo de amigos e conhe-cidos.» O ano de 2014 está a ser perspecti-vado como um ano importante e es-pecial, pois sentem que atingiram um patamar nunca antes atingido: «Pas-sámos um pouco aquele núcleo de amigos e conhecidos e ultimamente temos feito muita televisão. Nos últi-mos 5 meses, fomos 4 vezes à RTP e temos dado entrevistas para tudo o que são jornais e blogues. Mais re-centemente, saiu um dos melhores artigos que já escreveram sobre nós, na revista Sábado. Também temos

no Colombo), aceitaram o desafio de dar um concerto acústico em directo para a rádio TSF. Vão surgindo novas ideias para músicas, mas o foco da banda continua a ser a divulgação do novo álbum, que querem que desperte interesse e estados de espírito felizes junto do público. «Temos ensaiado para que tudo corra bem nos espectá-culos que vamos dar. Está a acontecer-nos aquilo que tem acontecido com os outros artistas. Apesar de o álbum já estar pronto há algum tempo, surgem entraves que fazem com que a sua di-vulgação só seja feita numa fase pos-terior. O tipo de música que fazemos também é algo que não é datado, pois é capaz de se ouvir agora e e daqui a dois ou quatro anos», diz. Contentes com as opiniões que têm surgido através das redes sociais e das apreciações feitas por rádios, a banda alcançou um tecto que lhe per-mite ir crescendo mais a cada música, concerto ou projecto: «Acredito que agora as coisas comecem a surgir. É importante que nos sigam no Face-book e que vão acompanhando todo o nosso trabalho», finaliza.Facebook: www.facebook.com/CLARKOFICIAL

A Explosã� d� Band�

CULTURA

Em Março de 2012, a Portela Magazine entrevistou os Clark que anunciaram o lançamento do seu novo álbum Bipolar. Cerca de dois anos depois e quase a completarem os 20 anos de idade, o que terá mudado? Como terá sido o percurso desta banda

oriunda da freguesia da Portela?

Filip� Assunçã�

passado na TSF e na Antena 1, mas infelizmente não temos passado nas rádios musicais generalistas que eram mais importantes para nós. É uma malha muito apertada para entrar», conta o vocalista João Alexandre. A nova telenovela Mulheres da TVI, que se estreou no dia 1 de Junho, conta com a música Brilho Assassino como parte integrante da banda so-nora. Apesar de a edição não ter sido algo contínuo ao longo dos anos, os Clark querem chegar a um público cada vez mais diversificado: «A edi-ção tem tido algumas pausas. As vidas pessoais de cada elemento da banda têm feito com que deixe de existir uma dedicação quase exclusiva como existia antes. Por um lado, quando o disco sai tem algum impacto com a promoção que é feita, mas depois, se não existir continuidade em termos de espectáculos e tudo mais, as coisas não evoluem e acaba por ficar no esque-cimento.» Apesar de os espectáculos estarem a ser cada vez mais reduzidos, o mês de Maio foi um mês importante para a banda. Além de terem percor-rido grande parte das lojas FNAC da Grande Lisboa (10 de Junho no Chia-do, 13 de Junho em Alfragide, dia 15

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Os Clark são uma banda que nasce da fusão de três géneros musicais distintos, podendo ser considerados uma banda indie-pop-rock. Os seus primeiros álbuns foram lançados em 1998 e em 2001/2002. O lançamen-to do mais recente álbum, Bipolar, surgiu em 2012 e é constituído por 10 canções (8 em português e 2 em inglês), que reflectem estados de es-pírito antagónicos. O álbum foi dado a conhecer ao público num Cinema São Jorge bem composto para uma aguardada recepção. Num primeiro momento, a venda do álbum foi fei-ta unicamente pela Internet, através de sites como o Itunes, Spotify, etc. No entanto, a banda assinou contra-to de distribuição com a editora Fa-rol Música, passando o disco a estar disponível também para venda física. Apesar de o seu lançamento ter sido anterior, só agora é que o álbum co-meçou a ser realmente promovido: «Passados quase dois anos é que se está a dar a promoção. Ao nível do digital, correu tudo muito bem. Tivemos mais de 10 mil downloads e streamings nessas plataformas de música, um trabalho realizado pela editora que promoveu o disco por aí. Enquanto banda, não sentimos tanto esse impacto por sermos praticamen-te desconhecidos, a não ser para um pequeno círculo de amigos e conhe-cidos.» O ano de 2014 está a ser perspecti-vado como um ano importante e es-pecial, pois sentem que atingiram um patamar nunca antes atingido: «Pas-sámos um pouco aquele núcleo de amigos e conhecidos e ultimamente temos feito muita televisão. Nos últi-mos 5 meses, fomos 4 vezes à RTP e temos dado entrevistas para tudo o que são jornais e blogues. Mais re-centemente, saiu um dos melhores artigos que já escreveram sobre nós, na revista Sábado. Também temos

no Colombo), aceitaram o desafio de dar um concerto acústico em directo para a rádio TSF. Vão surgindo novas ideias para músicas, mas o foco da banda continua a ser a divulgação do novo álbum, que querem que desperte interesse e estados de espírito felizes junto do público. «Temos ensaiado para que tudo corra bem nos espectá-culos que vamos dar. Está a acontecer-nos aquilo que tem acontecido com os outros artistas. Apesar de o álbum já estar pronto há algum tempo, surgem entraves que fazem com que a sua di-vulgação só seja feita numa fase pos-terior. O tipo de música que fazemos também é algo que não é datado, pois é capaz de se ouvir agora e e daqui a dois ou quatro anos», diz. Contentes com as opiniões que têm surgido através das redes sociais e das apreciações feitas por rádios, a banda alcançou um tecto que lhe per-mite ir crescendo mais a cada música, concerto ou projecto: «Acredito que agora as coisas comecem a surgir. É importante que nos sigam no Face-book e que vão acompanhando todo o nosso trabalho», finaliza.Facebook: www.facebook.com/CLARKOFICIAL

A Explosã� d� Band�

CULTURA

Em Março de 2012, a Portela Magazine entrevistou os Clark que anunciaram o lançamento do seu novo álbum Bipolar. Cerca de dois anos depois e quase a completarem os 20 anos de idade, o que terá mudado? Como terá sido o percurso desta banda

oriunda da freguesia da Portela?

Filip� Assunçã�

passado na TSF e na Antena 1, mas infelizmente não temos passado nas rádios musicais generalistas que eram mais importantes para nós. É uma malha muito apertada para entrar», conta o vocalista João Alexandre. A nova telenovela Mulheres da TVI, que se estreou no dia 1 de Junho, conta com a música Brilho Assassino como parte integrante da banda so-nora. Apesar de a edição não ter sido algo contínuo ao longo dos anos, os Clark querem chegar a um público cada vez mais diversificado: «A edi-ção tem tido algumas pausas. As vidas pessoais de cada elemento da banda têm feito com que deixe de existir uma dedicação quase exclusiva como existia antes. Por um lado, quando o disco sai tem algum impacto com a promoção que é feita, mas depois, se não existir continuidade em termos de espectáculos e tudo mais, as coisas não evoluem e acaba por ficar no esque-cimento.» Apesar de os espectáculos estarem a ser cada vez mais reduzidos, o mês de Maio foi um mês importante para a banda. Além de terem percor-rido grande parte das lojas FNAC da Grande Lisboa (10 de Junho no Chia-do, 13 de Junho em Alfragide, dia 15

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Manue� Monteir�

PROBLEMAS DA PORTELA

Inúmeros portelenses têm-se queixado da persistente falta de manutenção dos equipamentos desportivos do Parque Urbano da Portela, inaugurado pela Câmara Municipal de Loures e cuja manutenção é oficialmente da responsabilidade da junta de freguesia. Dois equipamentos continuam emperrados há meses e meses e meses. No próprio dia das fotografias, não foi difícil recolher testemunhos das queixas entre os presentes.

O Parque Infantil persiste sem sombras, sem qualquer protecção solar para as cabeças das crianças. Na época do calor, volta a sentir-se o metal ardente (é ir lá e tocar-lhe…), o próprio chão que se pisa carregado de sol.

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Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 9 às 21horas sábado das 9 às 19horas

É sobejamente conhecido na Portela o problema do estacio-namento pago. Bem sabemos que vivemos em época de arre-cadação fiscal a qualquer custo, mas é obsceno uma pessoa vir a conduzir, virar à esquerda e não ter qualquer sinal de parque de estacionamento visível (fica o desafio do percurso de carro ou a pé para quem criou tal aberra-ção).

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ACONTECEU NA AMP

NNo dia 10 de Maio, a AMP re-alizou a 4.ª edição do Espectá-

culo de Dança, este ano intitulado Lights. Foi um verdadeiro festival de dança, cor e música que aconte-ceu no auditório do Cinema da En-carnação, onde actuaram as nossas classes de Dança Jazz e Acrobática, e as classes convidadas de Dance-floor, Artist Academia de Dança Teatro & Performance, Cabaret Ambulante, Companhia Sabor & Dança e Dança Oriental com Caro-le Lopes e Rosa Santos.

O Festival Anual da AMP – FAMP2014 realizou-se no dia

31 de Maio, no Pavilhão da Esco-la Secundária, e contámos, como habitualmente, com o apoio desta escola e da Câmara Municipal de Loures, que se fez representar no evento pela Senhora Vereadora do Departamento de Educação, Dra. Maria Eugénia Cavalheiro Coelho, a quem muito agradecemos a pre-sença.Além das várias demostrações das nossas classes de Dança Jazz, Acro-

bática, Ballet, Karaté e Hip-Hop, o espetáculo foi ainda abrilhanta-do pelas classes do Ginásio Club Montijo, Acromix Sub-18 e pela Companhia Dança Contemporânea de Sintra.No evento, foram ainda homena-geados os nossos associados que completaram em 2014 trinta anos de associativismo e os técnicos e atletas das várias modalidades da AMP que se distinguiram nesta época com as medalhas de mérito e dedicação.

Espectácul� d� Danç� – Light�

FAMP 2014

Lançament� d� livr� E Tud� Ser� L�zNo Dia do Autor Português, cele-

brado em 22 de Maio, a AMP foi anfitriã do lançamento de mais um li-vro de poesia de Isabel Fraga – E Tudo Será Luz, editado pela Lua de Marfim. A autora publicou mais uma obra e contou com a presença da escritora Alice Vieira para a sua apresentação. Um auditório cheio ouviu Alice Vieira enaltecer o silêncio, a concisão e, so-bretudo, a luz que atravessa este novo livro. Obra e pessoa foram, de resto, muito elogiadas por Alice Vieira, que definiu Isabel Fraga como uma escri-tora e pessoa rara.Isabel Fraga, filha de Urbano Tavares Rodrigues, disse que era indissociável o livro do momento em que o escreveu, o período após a morte do pai, recen-temente falecido. Indisfarçável a pre-sença de Urbano a começar pelo título, últimas palavras do seu livro póstumo, Nenhuma Vida: «Um cravo vermelho e a bandeira do meu partido hão-de acompanhar-me e tudo será luz.A comoção, a ternura e o amor extra-vasaram a mesa e derramaram sobre a assistência.

Missõe� Solidária�Em 5 de Abril, duas equipas solidá-rias da AMP participaram na acção de recolha de alimentos da Missão Sorri-so e da luta contra a fome, promovida pela Cruz Vermelha Portuguesa.Ainda no campo da solidariedade, a AMP entregou mais de 329 quilos de papel, no âmbito do projecto Papel Por Alimentos, os quais serão conver-tidos, à razão de 100,00 €/tonelada, em produtos alimentares que entrarão na cadeia de distribuição dos bancos alimentares. Muito obrigada pelo seu donativo e por nos ajudar a ajudar. Continuamos a contar com o seu contributo.

Foi assinado um protocolo com a clínica dentária ORAL SENSE, re-centemente inaugurada no Centro Comercial da Portela. Esta clínica dá a todos os associados, familia-res e funcionários da AMP diversos descontos nas áreas em que actua.Informe-se no próprio estabeleci-mento ou na sua Associação.

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ACONTECEU NA AMP

NNo dia 10 de Maio, a AMP re-alizou a 4.ª edição do Espectá-

culo de Dança, este ano intitulado Lights. Foi um verdadeiro festival de dança, cor e música que aconte-ceu no auditório do Cinema da En-carnação, onde actuaram as nossas classes de Dança Jazz e Acrobática, e as classes convidadas de Dance-floor, Artist Academia de Dança Teatro & Performance, Cabaret Ambulante, Companhia Sabor & Dança e Dança Oriental com Caro-le Lopes e Rosa Santos.

O Festival Anual da AMP – FAMP2014 realizou-se no dia

31 de Maio, no Pavilhão da Esco-la Secundária, e contámos, como habitualmente, com o apoio desta escola e da Câmara Municipal de Loures, que se fez representar no evento pela Senhora Vereadora do Departamento de Educação, Dra. Maria Eugénia Cavalheiro Coelho, a quem muito agradecemos a pre-sença.Além das várias demostrações das nossas classes de Dança Jazz, Acro-

bática, Ballet, Karaté e Hip-Hop, o espetáculo foi ainda abrilhanta-do pelas classes do Ginásio Club Montijo, Acromix Sub-18 e pela Companhia Dança Contemporânea de Sintra.No evento, foram ainda homena-geados os nossos associados que completaram em 2014 trinta anos de associativismo e os técnicos e atletas das várias modalidades da AMP que se distinguiram nesta época com as medalhas de mérito e dedicação.

Espectácul� d� Danç� – Light�

FAMP 2014

Lançament� d� livr� E Tud� Ser� L�zNo Dia do Autor Português, cele-

brado em 22 de Maio, a AMP foi anfitriã do lançamento de mais um li-vro de poesia de Isabel Fraga – E Tudo Será Luz, editado pela Lua de Marfim. A autora publicou mais uma obra e contou com a presença da escritora Alice Vieira para a sua apresentação. Um auditório cheio ouviu Alice Vieira enaltecer o silêncio, a concisão e, so-bretudo, a luz que atravessa este novo livro. Obra e pessoa foram, de resto, muito elogiadas por Alice Vieira, que definiu Isabel Fraga como uma escri-tora e pessoa rara.Isabel Fraga, filha de Urbano Tavares Rodrigues, disse que era indissociável o livro do momento em que o escreveu, o período após a morte do pai, recen-temente falecido. Indisfarçável a pre-sença de Urbano a começar pelo título, últimas palavras do seu livro póstumo, Nenhuma Vida: «Um cravo vermelho e a bandeira do meu partido hão-de acompanhar-me e tudo será luz.A comoção, a ternura e o amor extra-vasaram a mesa e derramaram sobre a assistência.

Missõe� Solidária�Em 5 de Abril, duas equipas solidá-rias da AMP participaram na acção de recolha de alimentos da Missão Sorri-so e da luta contra a fome, promovida pela Cruz Vermelha Portuguesa.Ainda no campo da solidariedade, a AMP entregou mais de 329 quilos de papel, no âmbito do projecto Papel Por Alimentos, os quais serão conver-tidos, à razão de 100,00 €/tonelada, em produtos alimentares que entrarão na cadeia de distribuição dos bancos alimentares. Muito obrigada pelo seu donativo e por nos ajudar a ajudar. Continuamos a contar com o seu contributo.

Foi assinado um protocolo com a clínica dentária ORAL SENSE, re-centemente inaugurada no Centro Comercial da Portela. Esta clínica dá a todos os associados, familia-res e funcionários da AMP diversos descontos nas áreas em que actua.Informe-se no próprio estabeleci-mento ou na sua Associação.

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ONo âmbito das comemo-rações da final da Liga

dos Campeões, a UEFA or-ganizou o torneio de Futebol Special Olympics, no qual participaram alguns jovens da nossa equipa de Infantis.O Special Olympics, criado em 1968, é o maior movi-mento desportivo mundial focado na promoção do des-porto para pessoas com defi-ciência intelectual.A visão de um Mundo onde cada pessoa, independen-temente da sua capacidade, seja aceite e valorizada levou a que surgisse a convicção de que as pessoas com deficiên-cia intelectual podem, com enquadramento técnico ade-quado, beneficiar da partici-pação no Desporto. Desde então o Movimento tem cres-cido e engloba cerca de 3.5 milhões de atletas em mais de 180 países e em todas as regiões do mundo (in http://specialolympicsportugal.pt/historia-special-olympics/).Desta feita, surgiu o Special Olympics Portugal e foi com enorme honra que a AMP recebeu o convite para nos associarmos a este evento. Obrigada a todos os pais e jovens atletas que participa-ram.

Acrobátic� – Acr�Portel�

Os nossos atletas de Kickboxing obtiveram excelentes resultados no campeonato re-

gional da modalidade, tendo João Cunha e Rudi Mendes sido consagrado campeões regionais enquanto Bruno Figueira e José Mendes obtive-ram o 3.º e 5.º lugares respectivamente. Muitos Parabéns aos atletas.

Danç� JazzAs classes de Dança Jazz da

AMP participaram, no dia 16 de Maio, no programa Noite de Dança, do XX Festigina do Ginásio Clube do Montijo.No dia 30 de Maio, a classe de Dança Jazz – as Pequenotas par-ticipou no X Festival de Ginásti-

A Classe de Acrobática da AMP par-ticipou, no dia 4 de Maio, no Torneio Particular Acromix Cup, no Catujal, tendo obtido excelentes resultados, dos quais destacamos o facto de ter-mos uma vez mais subido ao pódio em pares masculinos Nível I onde ar-recadámos a medalha de bronze e de termos alcançado o excelente 7.º lugar nas classificações do Open I em gru-pos femininos, no qual competiram 21 grupos.Obtivemos ainda as seguintes classi-ficações:Nível I – Em pares femininos, obtive-mos o 11.º e 16.º lugares nas classifica-

ções, num total de 29 pares a competir, e em grupos femininos alcançámos o 17.º; 24.º, 25.º e 27.º lugares, num to-tal de 43 apresentações.Nível II – Competimos em grupos femininos onde alcançámos o 20.º lu-gar.A AcroPortela participou ainda no Louresgym, no dia 16 de Maio, no 4.º Torneio de Desenvolvimento de Gi-nástica Acrobática, no dia 31 de Maio, e no PortugalGym que se realizou este ano na cidade da Maia de 6 a 8 de Ju-nho.Os nossos atletas e técnicos estão uma vez mais de parabéns.

ca do Agrupamento de Escolas da Portela e Moscavide, no Jardim Al-meida Garret e ainda nesse mesmo dia estivemos representados com 2 classes, no Festival das Novidades, em S. João da Talha, evento promo-vido pela Associação de Ginástica de Lisboa.

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ACONTECEU NA AMP

Façam-se amigos do Portela Sábios

e do Portela Jovem e da Portela Magazine

através do facebook

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Os alunos da Universidade Sénior realizaram diversos passeios no

decorrer do 3.º período escolar:– No dia 13 de Março, visitaram o Lisboa Story Center e subiram ao Arco da Rua Augusta, na capital,

Visita�/Passei� d� noss� Sábi� onde se deliciaram com a magnífica vista sobre a cidade. – A exposição temporária Prado em Lisboa, patente no Museu Nacional de Arte Antiga, recebeu os nossos alunos no dia 19 de Março.

– A Assembleia da República tam-bém esteve no itinerário dos nossos Sábios. No dia 26 de Março, houve oportunidade de assistir ao plenário e no dia 8 de Abril visitou-se o Palácio de São Bento numa visita guiada.

No sentido de informar e escla-recer o nosso público e os Por-

telenses, a Universidade Sénior pro-move, regularmente, conferências e palestras com temas diversificados. Dedicada à ciência, a conferência «Os Cromossomas na Era da Infor-mática» decorreu no dia 26 de Mar-ço, promovida pelas palestrantes Eu-nice Carriço, Ângela Inácio e Filipa Carreira Barbosa.– Em 7 de Maio, numa iniciativa promovida pelo GMCS – Gabine-te para os Meios de Comunicação Social e pela Direcção-Geral do Consumidor (DGC), intitulada «7 dias com os Media», recebemos nas nossas instalações a Conferência «Publicidade 60+», na qual Susana Fonseca e Luís Fachadas (ambos da DGC) falaram da importância da publicidade, da sua influência nas opções de compra dos consumido-res e dos meios e das técnicas publi-

4.º Cicl� d� Palestra� PORTELA SÁBIOS

citárias utilizadas actualmente pelos operadores económicos. – Os Caminheiros da Portela, pela voz de João Calha, estiveram na Univer-sidade, no dia 7 de Maio e no âmbito da disciplina Fórum, Sociedade, Ac-tualidade e Cultura, leccionada pela professora Maria de Lourdes Cama-cho, para falar sobre a sua instituição e actividades que promovem.– Apelámos à cidadania e responsabi-lidade social com a conferência «Dar a Voz à Cidadania» realizada no dia 21 de Maio. Convidámos Isabel Bor-dalo, fundadora e directora da Ordem dos Cidadãos, para nos dar alguns es-clarecimentos sobre esta temática.– Em tempo de crise e de cortes, nada melhor do que saber controlar o dinheiro. Nessa perspectiva, rece-bemos, em 28 de Maio, o gestor de conta André Pimenta, que veio dar algumas orientações sobre «Como Gerir As Suas Poupanças».

A AMP associou-se à Associação de Jovens de Moscavide (AJM) na celebração da Festa da Flor e, no dia 30 de Maio, distribuiu pelos seus utentes cerca de 200 flores. Nesse mesmo dia, a AJM passou pela nossa Associação com as suas Mascotes e ofereceu-nos o diploma de participação no evento.

Fest� d� Flor

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ACONTECEU NA AMP

Façam-se amigos do Portela Sábios

e do Portela Jovem e da Portela Magazine

através do facebook

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Os alunos da Universidade Sénior realizaram diversos passeios no

decorrer do 3.º período escolar:– No dia 13 de Março, visitaram o Lisboa Story Center e subiram ao Arco da Rua Augusta, na capital,

Visita�/Passei� d� noss� Sábi� onde se deliciaram com a magnífica vista sobre a cidade. – A exposição temporária Prado em Lisboa, patente no Museu Nacional de Arte Antiga, recebeu os nossos alunos no dia 19 de Março.

– A Assembleia da República tam-bém esteve no itinerário dos nossos Sábios. No dia 26 de Março, houve oportunidade de assistir ao plenário e no dia 8 de Abril visitou-se o Palácio de São Bento numa visita guiada.

No sentido de informar e escla-recer o nosso público e os Por-

telenses, a Universidade Sénior pro-move, regularmente, conferências e palestras com temas diversificados. Dedicada à ciência, a conferência «Os Cromossomas na Era da Infor-mática» decorreu no dia 26 de Mar-ço, promovida pelas palestrantes Eu-nice Carriço, Ângela Inácio e Filipa Carreira Barbosa.– Em 7 de Maio, numa iniciativa promovida pelo GMCS – Gabine-te para os Meios de Comunicação Social e pela Direcção-Geral do Consumidor (DGC), intitulada «7 dias com os Media», recebemos nas nossas instalações a Conferência «Publicidade 60+», na qual Susana Fonseca e Luís Fachadas (ambos da DGC) falaram da importância da publicidade, da sua influência nas opções de compra dos consumido-res e dos meios e das técnicas publi-

4.º Cicl� d� Palestra� PORTELA SÁBIOS

citárias utilizadas actualmente pelos operadores económicos. – Os Caminheiros da Portela, pela voz de João Calha, estiveram na Univer-sidade, no dia 7 de Maio e no âmbito da disciplina Fórum, Sociedade, Ac-tualidade e Cultura, leccionada pela professora Maria de Lourdes Cama-cho, para falar sobre a sua instituição e actividades que promovem.– Apelámos à cidadania e responsabi-lidade social com a conferência «Dar a Voz à Cidadania» realizada no dia 21 de Maio. Convidámos Isabel Bor-dalo, fundadora e directora da Ordem dos Cidadãos, para nos dar alguns es-clarecimentos sobre esta temática.– Em tempo de crise e de cortes, nada melhor do que saber controlar o dinheiro. Nessa perspectiva, rece-bemos, em 28 de Maio, o gestor de conta André Pimenta, que veio dar algumas orientações sobre «Como Gerir As Suas Poupanças».

A AMP associou-se à Associação de Jovens de Moscavide (AJM) na celebração da Festa da Flor e, no dia 30 de Maio, distribuiu pelos seus utentes cerca de 200 flores. Nesse mesmo dia, a AJM passou pela nossa Associação com as suas Mascotes e ofereceu-nos o diploma de participação no evento.

Fest� d� Flor

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VAI ACONTECER NA AMP As Férias de Verão estão a chegar – e o Portela

Jovem tem já o plano de actividades a desenvolver com os nossos jovens duran-te esta pausa lectiva e muitas são as novidades, praia, passeios e visitas a locais de interesse dos nossos jovens, muitos são os divertimentos que estão programados… E ainda a já famosa sema-na de acampamento Portela Jovem… venha saber mais… As inscrições para as férias já estão abertas e destinam-se a todos os jovens, quer os que estão connosco durante todo o ano no nosso Centro de Actividades para Jovens, quer para jovens que apenas se juntam a nós nos períodos de férias escolares.– Para mais informações contactar a secretaria da AMP – telef. 21 9435114 ou 918552973 (Portela Jovem), ou através de e-mail [email protected] ou [email protected]

Acrobátic� – Danç� JazzA Acrobática participou no Sarau do Gimno-Frielas, e no Sarau do C. C. Almada, no dia 14 de Junho, respectivamente às 15h e às 21H30.No dia 21 de Junho, a nossa classe de Dança Jazz esteve presente no sarau do AMSAC, no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures.A AMP participou no IX Sarau de Ginástica Lions de Solidariedade, dia 22 de Junho, pelas 16h, na Escola Secundária Seomara da Costa Primo, na Amadora, com as nossas classes de Dança Jazz e de Acrobática.A Dança Jazz irá participar na 4,ª Sportiguida do Séc. XXI, no Jardim Vasco da Gama em Belém, nos dias 4, 5 ou 6 de Julho Conforme já noticiado no último número, a classe de Dança Jazz – FunDançe foi apura-da uma vez mais para participar no EUROGYM, que se irá realizar este ano na Suécia, de 12 a 18 de Julho.Vamos apoiar os nossos atletas

- Estão já abertas as INSCRIÇÕES DO PORTELA SÁBIOS e do PORTELA JOVEM para o ANO LECTIVO 2014-2015 – para mais informações contac-tar a secretaria da AMP – telef. 21 9435114 ou 918552954 (Portela Sábios) ou 918552973 (Portela Jovem), ou através de e-mail para [email protected] ou [email protected] ou [email protected]

A AMP passou a dispor do Gabinete de Apoio Psicológico (GAPSI). Trata-se de um serviço de Acompanhamento e Avaliação Psicoló-gica que tem como objectivo responder às necessidades dos associados, procurando promover o seu bem-estar, adaptação e ajustamento psicológico. O GAPSI funciona no Edifício Portela Sábios e pode ser con-tactado pelo 918 552 973.

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CULTURA

Par� J.D. Salinger – co� amor � sordidez

Sexta-feira e sábado são dias de uma felicidade mansa e terna, pelo simples facto de ter um

novo suplemento cultural para ler. A breve visita ao quiosque alegra a roti-na matinal e, de jornal colado ao peito, sigo mais acompanhada para o traba-lho ou casa.Como todas as pequenas euforias, jul-gava-me única no seu gozo. Até que um dia viajei para Madrid, juntamente com um livro de Juan José Millás, e conheci a mãe de uma amiga que ficou encantada por hospedar uma portu-guesa que lia o referido escritor. Falou um pouco da obra e vida dele e disse-me que ele publicava uma crónica re-gular num jornal espanhol (à quarta- -feira se a memória não me engana) e que nesse dia acordava sempre muito feliz. «Porque me lembro que é dia da crónica do Millás», completou com um sorriso largo de criança travessa.Percebi então que a minha alegria se-manal faz parte de um fenómeno mais amplo e partilhado por muitos seres humanos, a saber, a esperança de que a literatura venha de algum modo col-matar a pobreza da realidade. Mas a verdade é que, à excepção das cróni-cas do Pedro Mexia, encontro nestes suplementos cada vez menos artigos deliciosos de ler. Apesar deste facto algo incómodo, na semana seguinte a expectativa encontra-se novamente renovada e contente. Não há nada a fazer, sou uma tipa optimista e persis-tente. E às vezes, acontecem milagres. A úl-tima iluminação veio de uma recensão crítica ao livro recentemente publicado de J.D. Salinger, Nove Histórias. Da autoria de Gonçalo Mira, o parágrafo final, que citarei adiante, atafulhado em punchlines, diagnosticava aquilo que eu busco na próxima leitura, com uma precisão tal que mais parecia uma doença compendiada pelo DSM.

Patríci� Guerreir� Nune�leiturasdemadamebovary.blogspot.com

«Nove Histórias é um daqueles livros dos quais não se sai como se entrou. Pode sair-se mais feliz ou mais triste, dependendo da forma como se vive a leitura, mas nunca indiferente. É um daqueles livros de contos que enver-gonham muitos bons romances. É um daqueles livros que obrigam um leitor que gosta de sublinhar passagens e de guardar citações a ter um lápis sempre à mão. É um daqueles livros a que se regressa depois de termos lido vários livros “apenas” muito bons, em busca do conforto do deslumbramento.»Para que conste, raramente compro livros influenciada por estas críticas. E tinha um medo que me pelava do Salinger. Comecei a ler o À espera no Centeio, mas achei melhor não ir mais adiante (já disse que acredito em serial killer texts) e também interrompi pre-maturamente a leitura de Franny and Zooey, porque na altura andava com os nervos em franja e o mimetismo com Franny parecia um prenúncio terrível. No entanto, a míngua literária dos últi-mos tempos obrigava-me a arriscar. Li as nove histórias. E encontrei nelas o génio e o deslumbramento que a crí-tica antecipara. Sempre em doses co-medidas, jamais exuberante. Salinger não é um atirador furtivo, as palavras que usa para descrever uma situação ou personagem são eleitas com parci-mónia, como quem caminha por um campo minado. Nunca falha o alvo. É capaz de dar a uma personagem carne

e osso com uma única frase. Como por exemplo: «Com poucas ou nenhumas aptidões para ficar só numa sala, Mary Jane levantou-se e foi à janela.» Nestas histórias, ninguém está a salvo. Dos nove contos, só um não envolve uma criança ou adolescente. A reali-dade fustiga os pés de todos, crescidos ou não, com os seus cruéis alçapões. Os diálogos balbuciantes dos adul-tos contrastam com a fluência verbal sofisticada dos génios pubescentes que Salinger retrata com um invulgar desembaraço. Uma delas pede a um soldado norte-americano para escre-ver um conto exclusivamente para si. Diz-lhe que é uma leitora voraz e que prefere contos sobre sordidez. Os adultos conversam menos. Não voltaram da guerra com as faculdades intactas e a sordidez deixou de ser uma curiosidade excêntrica para se tornar mortalha diária. «Lembras-te do nosso ano de caloiras, quando eu pus aquele vestido castanho e amarelo que tinha comprado em Boise e a Miriam Ball me disse que já ninguém usava aquele tipo de vestidos em Nova Iorque, e eu chorei a noite inteira? – Eloise abana-va os braços de Mary Jane. – Eu era boa rapariga – rogou ela –, não era?»E pronto, é isto que se pede a um livro. Que acerte com toda a calma e força nas zonas que os outros deixaram in-tactas. Punchlines, não tenho. A não ser que dá vontade de matar para se escrever assim.

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CULTURA

Par� J.D. Salinger – co� amor � sordidez

Sexta-feira e sábado são dias de uma felicidade mansa e terna, pelo simples facto de ter um

novo suplemento cultural para ler. A breve visita ao quiosque alegra a roti-na matinal e, de jornal colado ao peito, sigo mais acompanhada para o traba-lho ou casa.Como todas as pequenas euforias, jul-gava-me única no seu gozo. Até que um dia viajei para Madrid, juntamente com um livro de Juan José Millás, e conheci a mãe de uma amiga que ficou encantada por hospedar uma portu-guesa que lia o referido escritor. Falou um pouco da obra e vida dele e disse-me que ele publicava uma crónica re-gular num jornal espanhol (à quarta- -feira se a memória não me engana) e que nesse dia acordava sempre muito feliz. «Porque me lembro que é dia da crónica do Millás», completou com um sorriso largo de criança travessa.Percebi então que a minha alegria se-manal faz parte de um fenómeno mais amplo e partilhado por muitos seres humanos, a saber, a esperança de que a literatura venha de algum modo col-matar a pobreza da realidade. Mas a verdade é que, à excepção das cróni-cas do Pedro Mexia, encontro nestes suplementos cada vez menos artigos deliciosos de ler. Apesar deste facto algo incómodo, na semana seguinte a expectativa encontra-se novamente renovada e contente. Não há nada a fazer, sou uma tipa optimista e persis-tente. E às vezes, acontecem milagres. A úl-tima iluminação veio de uma recensão crítica ao livro recentemente publicado de J.D. Salinger, Nove Histórias. Da autoria de Gonçalo Mira, o parágrafo final, que citarei adiante, atafulhado em punchlines, diagnosticava aquilo que eu busco na próxima leitura, com uma precisão tal que mais parecia uma doença compendiada pelo DSM.

Patríci� Guerreir� Nune�leiturasdemadamebovary.blogspot.com

«Nove Histórias é um daqueles livros dos quais não se sai como se entrou. Pode sair-se mais feliz ou mais triste, dependendo da forma como se vive a leitura, mas nunca indiferente. É um daqueles livros de contos que enver-gonham muitos bons romances. É um daqueles livros que obrigam um leitor que gosta de sublinhar passagens e de guardar citações a ter um lápis sempre à mão. É um daqueles livros a que se regressa depois de termos lido vários livros “apenas” muito bons, em busca do conforto do deslumbramento.»Para que conste, raramente compro livros influenciada por estas críticas. E tinha um medo que me pelava do Salinger. Comecei a ler o À espera no Centeio, mas achei melhor não ir mais adiante (já disse que acredito em serial killer texts) e também interrompi pre-maturamente a leitura de Franny and Zooey, porque na altura andava com os nervos em franja e o mimetismo com Franny parecia um prenúncio terrível. No entanto, a míngua literária dos últi-mos tempos obrigava-me a arriscar. Li as nove histórias. E encontrei nelas o génio e o deslumbramento que a crí-tica antecipara. Sempre em doses co-medidas, jamais exuberante. Salinger não é um atirador furtivo, as palavras que usa para descrever uma situação ou personagem são eleitas com parci-mónia, como quem caminha por um campo minado. Nunca falha o alvo. É capaz de dar a uma personagem carne

e osso com uma única frase. Como por exemplo: «Com poucas ou nenhumas aptidões para ficar só numa sala, Mary Jane levantou-se e foi à janela.» Nestas histórias, ninguém está a salvo. Dos nove contos, só um não envolve uma criança ou adolescente. A reali-dade fustiga os pés de todos, crescidos ou não, com os seus cruéis alçapões. Os diálogos balbuciantes dos adul-tos contrastam com a fluência verbal sofisticada dos génios pubescentes que Salinger retrata com um invulgar desembaraço. Uma delas pede a um soldado norte-americano para escre-ver um conto exclusivamente para si. Diz-lhe que é uma leitora voraz e que prefere contos sobre sordidez. Os adultos conversam menos. Não voltaram da guerra com as faculdades intactas e a sordidez deixou de ser uma curiosidade excêntrica para se tornar mortalha diária. «Lembras-te do nosso ano de caloiras, quando eu pus aquele vestido castanho e amarelo que tinha comprado em Boise e a Miriam Ball me disse que já ninguém usava aquele tipo de vestidos em Nova Iorque, e eu chorei a noite inteira? – Eloise abana-va os braços de Mary Jane. – Eu era boa rapariga – rogou ela –, não era?»E pronto, é isto que se pede a um livro. Que acerte com toda a calma e força nas zonas que os outros deixaram in-tactas. Punchlines, não tenho. A não ser que dá vontade de matar para se escrever assim.

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Quando era jovem, gostava de usar muito do meu tempo livre para jogar à bola, andar de bicicleta, jogar às escondidas,

aos quatro cantinhos… mais tarde, vieram outras formas de nos divertir, os passeios à Feira Popular, as noites no Bairro Alto, muitas horas e horas a discutir política, futebol, mú-sica e outros temas numa esplanada, enfim, uma juventude dita normal.Como hoje em dia, os jovens crescem agar-rados aos ecrãs, sejam eles de televisão, ta-blets, portáteis ou até de smartphones, achei estranho chegar a uma esplanada e na mesa do lado estarem cinco adolescentes a conviver. Confesso que não consegui evitar saber qual o tema que os jovens discutem hoje em dia, quando ouvi a seguinte frase: – Peguei no iPhone, tirei um selfie e twittei… lol.Pensei se seriam nórdicos ou se, hoje em dia, a criação de palavras novas ou de significados novos para palavras antigas reforça o desejo dos jovens em se auto-afirmar e não se fazer entender pelos que não pertencem ao seu gru-po (meu caso). Optei por esta última e direccio-nei toda a minha atenção para a minha mesa.Mais tarde, fiquei a pensar se os meus filhos também seriam assim quando convivem fi-sicamente com os amigos, sim, fisicamente, porque hoje em dia, convivem mais internauti-camente do que fisicamente.Um dos grandes factores de risco na educação dos nossos filhos é o de não termos o mínimo controlo do caminho que eles seguem, o que eles aprendem pelas fontes tecnológicas e o facto de praticamente sermos obrigados a dis-ponibilizar essa ligação ao mundo virtual.

Alguém já tentou consultar o historial e ten-tar decifrar os comentários dos adolescentes numa sala de chat?Será que qualquer dia irão leccionar a disciplina de Internetês em vez do Português, ou será que tenho uma mente arcaica?O português é e sempre foi mutante, certamente no nosso tempo, os nossos pais não entende-riam imediatamente certas palavras tais como best-seller, camping, check-up, mass media, motel, escanear, clique ou homepage. Tambem é certo que eles não tinham o controlo absoluto das nossas acções, mas uma coisa é certa: éramos mais controlados e, acima de tudo, o medo e o respeito era palpável, coisa que, hoje em dia, praticamente não existe.Tal como o 25 de Abril, a tecnologia veio dar muita liberdade a todos, passámos do oito ao oitenta, sem qualquer limite, sem qualquer barreira e sem qualquer controlo. Hoje, somos livres de dizer o que nos apetece, chegando a ponto de possuir a total liberdade de ofender e desrespeitar os orgãos de soberania. Somos livres de fazer o que quer que seja e não é este sistema judicial que nos irá punir, pois vejo muitos casos de grandes personalidades em que, por maior que seja a fraude, não te-mos uma justiça eficaz que os puna de forma exemplar e em tempo útil. A situação torna-se mais grave ainda no cibercrime, em que até a Procuradoria-Geral da República assumiu a falta de capacidade e de meios técnicos para identificar os autores deste tipo de crime. Mas estou aqui é para falar de tecnologia, venho apresentar o «Drone», Zangão em português. Já estamos a ver que é algo que voa e faz

Bonifáci� Peter d� Silv�

Neologism� tecnológic�

um zumbido estranho e incómodo. Os Drones são aparelhos telecomandados, movidos por pequenos motores eléctricos que giram várias hélices e podem transportar pequenos e leves aparelhos. Utilizando tecnologia de GPS, ace-lerómetro, giroscópio e um processador que interpreta todas as informações e controla os motores, podemos controlar remotamente o aparelho, seja por via rádio de um vulgar co-mando dos nossos velhinhos carrinhos ou até através dos nossos smartphones.Estes aparelhos foram inicialmente utilizados pelo exército norte-americano para reconhe-cimento aéreo dos terrenos hostis, captando imagens para dessa forma obter informações. Ainda no mês passado, a GNR utilizou este tipo de aparelho para procurar o homicida de Trevões, pena ter sido utilizado para reconhe-cimento nocturno, imagino o zumbido no si-lêncio da noite, naquelas planícies, sendo que, por norma, um caçador tem bom ouvido. Hoje em dia, já existem empresas a utilizar drones para fazer entregas de pizas, pão, cartas, entre outros artigos e não são mais apenas devido às limitações legais.Ainda neste mês, foi anunciado um projecto pela easyJet, utilizando drones para elaborar as inspecções, podendo obter-se resultados precisos de zonas de pouca acessibilidade, de forma autónoma e com grande precisão.Com a vulgarização destes aparelhos e devido ao reduzido preço a que chegam ao nosso mercado, hoje em dia existem até empresas a fazer entregas de pequenos equipamentos por este meio, mas a novidade é que os dro-nes destituíram os selfies, hoje em dia, o que está na moda é os Dronies, um pequeno filme iniciado com um grande plano da nossa face e lentamente distanciando, mostrando onde

estamos, com quem estamos e o am-biente que nos rodeia, e depois, é claro, pego no meu smartphone e é só twittar LOL (parece-me estranho dizerem LOL em vez de rir, mas é assim a juventude

de hoje).

TECNOLOGIA

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Manue� Monteir�

«Tenh� � sonh� d� transformar � Portel�

n� Terr� d� Futsa�»

FUTSAL

Rui Rego, advogado, director desportivo da AMP e director do Special Olympics Portugal, analisa com profundidade a época desportiva,

revelando projectos e soluções a aplicar no futuro próximo.

O balanço da época desportiva começa inevitavelmente pelo excelente desem-penho no futsal sénior e pela inesperada

possibilidade de subida à Primeira Divisão go-rada nas últimas jornadas.É um amargo muito grande. Quando abordámos esta época, não tínhamos como objectivo a subida à primeira divisão nacional. Mas depois de ganhar-mos ao Burinhosa e termos ficado em primeiro lugar dependendo só de nós, sentimos todos uma frustração muito grande. É claro que esta frus-tração é meramente emocional. Se lhe olharmos para a época do ponto de vista racional, temos de concluir que fizemos uma excelente época. Fizemos mais 13 pontos do que na época ante-rior. Em condições análogas, teríamos ficado em primeiro lugar no ano passado. Passado o embate do desgosto, temos de compreender que foi uma época a todos os títulos excepcional. Mesmo na Taça de Portugal, perdemos com a equipa vence-dora da prova, nos quartos-de-final. Somos uma equipa amadora a lutar contra equipas profissio-nais e semiprofissionais, algumas que já pagam vencimentos na ordem dos 1000 euros mensais. Tudo o que foi conquistado é para nós um motivo de enorme orgulho. É um trabalho dos treinado-res e dos jogadores. Eu daqui retiro-me, porque costumo dizer que aos directores basta-lhes não complicarem o que de bem se faz. Competindo com orçamentos desiguais, con-seguimos resultados superiores a equipas com maior capacidade de investimento. Qual é, contudo, o balanço financeiro do futsal?A Portela enfrenta, como de resto o País, a ne-

cessidade de saber fazer mais, com menos, que parece ser o novo paradigma de Portugal. A Por-tela não deve continuar a ter os prejuízos que tem todos os anos com o futsal. Ter um défice, sim, porque há benefícios indirectos que não são con-tabilizados do ponto de vista financeiro, mas tem de reduzir pelo menos o seu prejuízo para metade. Nós andamos com um prejuízo na casa dos 60 mil euros no futsal sénior e não é justo para todas as outras actividades que a AMP desenvolve. Como é que isso pode ser contrariado?Temos de saber angariar patrocínios e fazer mais algumas alterações no plano das receitas, como a venda de bilhetes e receitas de bar nos dias dos jogos. No ano passado, a nível experimental, para perceber se funcionava, cobrámos bilhetes no jogo com o Burinhosa e em alguns jogos já tivemos um pequeno bar a funcionar. As experi-ências foram boas. Há sempre o problema de as pessoas não estarem habituadas a pagar bilhete, mas quererem um futsal forte, ou seja, querem um futsal forte, mas não querem pagar para ver o jogo, o que nos dificulta o processo, porque estas receitas poderiam ter um grande contributo no equilíbrio financeiro que procuramos. Nós recebe-mos o Sporting em Agosto para uma competição oficial e tínhamos cerca de cem pessoas no pavi-lhão, porque todos tinham de pagar bilhete, quan-do teríamos quatrocentas pessoas se não fosse. O que me deixa espantado é que os nossos adeptos achem normal pagar nos outros campos em que vão ver a Portela jogar. Que balanço faz do futsal nos outros esca-lões?Do ponto de vista desportivo, o balanço é positivo, pois à excepção dos juniores, todos os restantes

escalões ficaram na primeira metade da tabe-la. Os nossos juvenis ficaram em terceiro lugar atrás do Benfica e do Sporting e não perderam qualquer jogo com o Benfica. Foi brilhante. Agora, se analisarmos aquilo a que nos propusemos e aquilo que fizemos, nomeadamente do ponto de vista formativo dos atletas e treinadores, temos de concluir que o trabalho foi insuficiente, porque não fomos capazes, eu não fui capaz de implementar o projecto que foi idealizado para a formação. O futsal sénior tem de ser a consequência da apos-ta na formação e aí, eu, como director, assumo com frontalidade que o projecto não correu bem, e claro está as responsabilidades. Não fui capaz de executar alguns pontos do projecto que estavam previstos. Terminamos a época com dois Juniores a treinar com os Seniores e com alguns Juvenis a treinar e jogar nos Juniores, mas por mera ne-cessidade, quanto este era um ponto que deveria ter sido implementado de forma lógica e coerente, por exemplo premiando o mérito desportivo e es-colar dos nossos atletas. O que será alterado para executar esse projec-to idealizado para a formação?Analisadas as falhas e as suas causas, concluímos que devemos voltar a ter um coordenador para a formação que já recrutámos e que trabalhará connosco na próxima época. Temos de aumen-tar o número de atletas da formação. Temos de ter a meta de ter nas nossas escolas 150 a 200 crianças, que é a média nacional para a população escolar que temos. É um trabalho que tem de ser feito junto das escolas e que, ainda que de forma embrionária, já deu os primeiros passos, graças à receptibilidade dos responsáveis das mesmas, a quem desde já agradeço. Por outro lado, temos de

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Manue� Monteir�

«Tenh� � sonh� d� transformar � Portel�

n� Terr� d� Futsa�»

FUTSAL

Rui Rego, advogado, director desportivo da AMP e director do Special Olympics Portugal, analisa com profundidade a época desportiva,

revelando projectos e soluções a aplicar no futuro próximo.

O balanço da época desportiva começa inevitavelmente pelo excelente desem-penho no futsal sénior e pela inesperada

possibilidade de subida à Primeira Divisão go-rada nas últimas jornadas.É um amargo muito grande. Quando abordámos esta época, não tínhamos como objectivo a subida à primeira divisão nacional. Mas depois de ganhar-mos ao Burinhosa e termos ficado em primeiro lugar dependendo só de nós, sentimos todos uma frustração muito grande. É claro que esta frus-tração é meramente emocional. Se lhe olharmos para a época do ponto de vista racional, temos de concluir que fizemos uma excelente época. Fizemos mais 13 pontos do que na época ante-rior. Em condições análogas, teríamos ficado em primeiro lugar no ano passado. Passado o embate do desgosto, temos de compreender que foi uma época a todos os títulos excepcional. Mesmo na Taça de Portugal, perdemos com a equipa vence-dora da prova, nos quartos-de-final. Somos uma equipa amadora a lutar contra equipas profissio-nais e semiprofissionais, algumas que já pagam vencimentos na ordem dos 1000 euros mensais. Tudo o que foi conquistado é para nós um motivo de enorme orgulho. É um trabalho dos treinado-res e dos jogadores. Eu daqui retiro-me, porque costumo dizer que aos directores basta-lhes não complicarem o que de bem se faz. Competindo com orçamentos desiguais, con-seguimos resultados superiores a equipas com maior capacidade de investimento. Qual é, contudo, o balanço financeiro do futsal?A Portela enfrenta, como de resto o País, a ne-

cessidade de saber fazer mais, com menos, que parece ser o novo paradigma de Portugal. A Por-tela não deve continuar a ter os prejuízos que tem todos os anos com o futsal. Ter um défice, sim, porque há benefícios indirectos que não são con-tabilizados do ponto de vista financeiro, mas tem de reduzir pelo menos o seu prejuízo para metade. Nós andamos com um prejuízo na casa dos 60 mil euros no futsal sénior e não é justo para todas as outras actividades que a AMP desenvolve. Como é que isso pode ser contrariado?Temos de saber angariar patrocínios e fazer mais algumas alterações no plano das receitas, como a venda de bilhetes e receitas de bar nos dias dos jogos. No ano passado, a nível experimental, para perceber se funcionava, cobrámos bilhetes no jogo com o Burinhosa e em alguns jogos já tivemos um pequeno bar a funcionar. As experi-ências foram boas. Há sempre o problema de as pessoas não estarem habituadas a pagar bilhete, mas quererem um futsal forte, ou seja, querem um futsal forte, mas não querem pagar para ver o jogo, o que nos dificulta o processo, porque estas receitas poderiam ter um grande contributo no equilíbrio financeiro que procuramos. Nós recebe-mos o Sporting em Agosto para uma competição oficial e tínhamos cerca de cem pessoas no pavi-lhão, porque todos tinham de pagar bilhete, quan-do teríamos quatrocentas pessoas se não fosse. O que me deixa espantado é que os nossos adeptos achem normal pagar nos outros campos em que vão ver a Portela jogar. Que balanço faz do futsal nos outros esca-lões?Do ponto de vista desportivo, o balanço é positivo, pois à excepção dos juniores, todos os restantes

escalões ficaram na primeira metade da tabe-la. Os nossos juvenis ficaram em terceiro lugar atrás do Benfica e do Sporting e não perderam qualquer jogo com o Benfica. Foi brilhante. Agora, se analisarmos aquilo a que nos propusemos e aquilo que fizemos, nomeadamente do ponto de vista formativo dos atletas e treinadores, temos de concluir que o trabalho foi insuficiente, porque não fomos capazes, eu não fui capaz de implementar o projecto que foi idealizado para a formação. O futsal sénior tem de ser a consequência da apos-ta na formação e aí, eu, como director, assumo com frontalidade que o projecto não correu bem, e claro está as responsabilidades. Não fui capaz de executar alguns pontos do projecto que estavam previstos. Terminamos a época com dois Juniores a treinar com os Seniores e com alguns Juvenis a treinar e jogar nos Juniores, mas por mera ne-cessidade, quanto este era um ponto que deveria ter sido implementado de forma lógica e coerente, por exemplo premiando o mérito desportivo e es-colar dos nossos atletas. O que será alterado para executar esse projec-to idealizado para a formação?Analisadas as falhas e as suas causas, concluímos que devemos voltar a ter um coordenador para a formação que já recrutámos e que trabalhará connosco na próxima época. Temos de aumen-tar o número de atletas da formação. Temos de ter a meta de ter nas nossas escolas 150 a 200 crianças, que é a média nacional para a população escolar que temos. É um trabalho que tem de ser feito junto das escolas e que, ainda que de forma embrionária, já deu os primeiros passos, graças à receptibilidade dos responsáveis das mesmas, a quem desde já agradeço. Por outro lado, temos de

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O ténis tem feito resultados excelentes com títulos de campeão nacional. Quanto à acro-bática, já somos convidados para várias provas e saraus e vamos a atividades internacionais. São dois departamentos que estão muito bem coordenados e são duas modalidades que es-tão praticamente esgotadas na sua capacidade de receber mais atletas. Ainda assim, sempre que divulgamos o futsal, divulgamos as outras actividades.

Téni� � acrobátic�

comunicar mais e melhor, toda a população da Portela, sejam residentes, comerciantes ou mesmo a população escolar tem de estar a par do que se passa no futsal. Nós, neste momento, nem nas escolas conseguimos divulgar os nossos jogos, é uma falha nossa, que está a ser corrigida. Por ou-tro lado, temos muita dificuldade de captar jovens que não moram na Portela, ao contrário do que acontece nos outros bairros. A razão é só uma: deficiente comunicação. A Portela, no futsal, tem um problema que é estar muito virada para den-tro. Temos todas as condições para ser uma das cinco melhores equipas de Lisboa nos escalões de formação. Se olharmos à nossa volta, Portela, Moscavide, Prior-Velho, Expo, Bobadela, São João da Talha, não há ninguém que tenha uma escola de formação com a qualidade competitiva como a nossa. Nós temos todas as equipas da forma-ção na primeira divisão. Temos todas as condições para lutar com todas as equipas. Temos de chegar aos jovens do Prior-Velho, de Sacavém, porque temos melhores condições, pelo menos despor-tivas, para oferecer. Estagnámos um bocado no tempo, continuamos a pensar na Portela em que todos os miúdos jogavam nos pátios, na Escola Azul, na Escola Vermelha. Não pode ser, temos de recrutar nas freguesias vizinhas. Vai demorar três ou quatro anos a implementar, não é para ter resultados imediatos. Tudo isto que está ser feito está a ser pensado de forma que não dependa de ninguém. Nem do treinador, nem do coordenador, nem do diretor, para que possa ser continuado amanhã, por quem chegue de novo. Goste-se ou não, o futsal é a principal bandeira da Portela. Porque não se consegue convocar todas as forças vivas da Portela, criar sinergias e trabalhar conjuntamente para benefício de todos?Porque é que alguém não há-de gostar? O futsal é a maior bandeira da Portela. Quem mora fora de Lisboa, e até mesmo em Lisboa, quando ouve o nome Portela só se lembra de duas coisas:

aeroporto e do futsal. A nossa equipa disputa um campeonato nacional, vamos aos Açores, ao Algarve, a Leiria, entre muitos outros locais. Gos-tava que todas as forças vivas da Portela, Junta de Freguesia, Centro Comercial, Igreja, Bombeiros, e outros, todos entendêssemos que a equipa é da Portela e não só da AMP. Um futsal forte na Portela traria benefícios para todos: mais visitan-tes ao Centro Comercial, mais pessoas a conhe-cer o trabalho que a Junta e a Igreja desenvol-vem. Se neste momento não é assim, a culpa é nossa, temos de ser nós a cativar as demais instituições. Eu tenho o sonho de transformar a Portela na Terra do Futsal, mas para que isso possa acontecer, temos todos de trabalhar em conjunto, todos temos a ganhar. Temos de ter a capacidade de trabalhar em conjunto. Esquecer o passado e trabalhar em benefício da popu-lação. O exemplo das escolas é paradigmático. Quando fui às escolas perguntar se podíamos di-vulgar o futsal, a resposta foi: «Obviamente, sim, nem percebemos porque é que nunca cá vieram antes.» Eu acredito que se muda pelo exemplo e temos de mudar pelo exemplo.Além dos resultados desportivos, a Portela tem permitido formar constantemente jogadores que vão para a Primeira Divisão.Neste ponto, gostaria, antes de mais, de deixar uma palavra de carinho e reconhecimento a to-dos os jogadores que, por uma razão ou por outra, deixaram a nossa equipa. Pires, Farinha, Sandro, João Silva (Achete) e Osvaldo. Sim, é verdade, só este ano, por exemplo perdemos o Nilson para o Braga e o Osvaldo para o Fundão, dois jovens de grande valor. Há uma razão objectiva. Na Portela, o trabalho tem muita qualidade, em virtude das competências da nossa equipa técnica. Quem passa por esta casa aprende Futsal que não é a mesma coisa que saber jogar à bola, por isso os nossos jovens são muitas vezes alvo de cobiça de clubes da primeira divisão. Mas não é só futsal que aprendem. Defendemos princípios e valores

éticos que tentamos transmitir aos jogadores e que infelizmente nem todos os restantes clubes defendem e isto também é importante para os clubes que acompanham o nosso trabalho. Já escreveu que se dedica a esta causa por amor. Quer explicar? Fui atleta desta casa vários anos em duas modali-dades, cresci neste bairro. Sim, eu amo a Portela e a Associação de Moradores, que foi muito impor-tante para o meu crescimento como homem. Por isso, tudo o que faço faço em prol da Portela, cujo interesse vem sempre em primeiro lugar, muitas das vezes com enorme sacrifício relacional. Aqui, as relações de amizade não podem prevalecer sobre o bem maior que é o bem da Portela e aqui gostava de dizer que toda a equipa que me acompanha pensa da mesma maneira, o que é muito bom. Desde o Coronel Fernando Lopes que, por razões pessoais, não vai continuar connosco, e será uma perda irreparável, o Jorginho, o Beto, entre muitos outros. É isso que tento transmitir aos mais jovens, incluindo aos meus filhos. O meu filho de oito anos de prenda de aniversário pediu uma bola autografada pelos jogadores de futsal da Portela. É isto que pretendo transmitir.O que pode transmitir aos sócios e adeptos quanto à próxima época?Saíram cinco jogadores e ainda temos um ou dois dossiês por resolver. Já temos algumas aquisi-ções feitas, que permitem rejuvenescer o plantel e reduzimos o orçamento em comparação com o ano passado. Estamos a tentar construir um plan-tel equilibrado, mas que vai necessitar de tempo. Os nossos capitães, Kiko e Estrela, que têm sido excepcionais, terão um papel importante na in-tegração destes novos jogadores que esperamos se adaptem o mais depressa possível para que a Portela possa continuar a ser um clube temido desportivamente.

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