Upload
emtronconi9093
View
3
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Micro-obra experimental de e. m. tronconi, autor do blog 'A Textura desse Abismo chamado Consciência"
Citation preview
eduardo moura tronconi
Portfólio de Estranhezas (paradigma dos livros futuros)
Série Micro-Obras
Uberlândia/MG – Outubro de 2015
A Textura desse Abismo chamado Consciência www.texturadoabismo.blogspot.com.br
Antecâmara inferir perfeição naturalmente comunicar sons harmonias informar cores cromatias filosofar não-saber sentimentos sonhar com nada confins do esquecimento... rabiscar mazelas subentendidas nas entrelinhas sorver fractais dos ramos, das nuvens, das matas amar dançando penetrar sem toques a nós mesmos e aos outros descobrir pela gnose que não mais habitamos o mundo já vivemos no irreal complexos de símbolos perdidos em nossa genialidade humana não sabemos mais voltar à perfeição do desdito a sina, o fado, o desejo para sempre lacrados pelas palavras que esquecemos as origens a anti-verdade reprisada no desconcerto de nossas decepções dos mistérios perdidos aquele das núpcias ainda nos esperam na antecâmara do Pleroma
& finalmente esquecer...
...sonora falha que me dá a imensidão
no silêncio perdido de uma miração a clave de sol surgindo no éter
dourada & límpida revela a harmonia oculta...
pseudo-cúmulos
não mais caçar nuvens as construir com as próprias mãos
digitar tempestades nos sítios virtuais
e represar as águas incontêxteis assim como se armazena informações...
paradoXos
além do que se pode dizer uma poesia de imagens com luz serena
um gozo mental de koans sexuais...
sonhar plagas oniricas de emoções conturbadas consultar o inconsciente naufrando no mar de grandes seixos jardim de flores astrais refeitos em mandalas variáveis & gozar antes de acordar pelos jogos insanos da memór que quer tornar vivo algo que nunca aconteceu assim como o faz a vida
matando sua fome no banquete dos supersensualistas...
Consciência
Consciência
garimpo, refino, procurando sempre sua pedra rara
volta sempre sua presença sobre o aqui & agora:
Espaço/Tempo Universal;
Consciência
redemoinho, rodamoinho, unidade & dispersão
nos sentidos gerais espalha sua visão:
Distância/Duração Local;
Consciência
estranheza, fantasmagoria nas fantasmagorias
emerge da escuridão essa incansável anomalia da matéria:
Flor-da-Pele Abismal;
...sentir
ser/estar
ir...
vergar o mastro
navegar é preciso
viver é vagar
[cor revela]
as velas cheias
de vento & vacância
decaem em cais
Meu amigo cogumelum ~ cognato de caramelo com gosto de cristal ~ & forma de guarda chuva-nuclear ~~ Me fez a cabeça ~ numa queda do último andar ~ & outro amigo meu nunca mais voltou de lá ~~ Cogumelo mágicko ~ amigo da lanterna chinesa
de Yume Sama ~ ilumina a noite de dentro com luz de leite condensado ~~ Na noite eu sonhei ~ com um pasto largo de
cogumelo & bois chorões ~ sinceros em sua antecedência mansa ~~ E no sonhos vi os cogumelos como deuses ~ massa de pão & pão de verbo ~ ação mofa, reação ração, adeus razão, mofo logos ~~ E o pasto o mundo & eu boi ~ pastando a pasta de grama &
cogumelo ~ pensando se um dia existiria um homem pior que o homem ~~ Grama justa, pasta de cogumelo ~ podia me fazer
esquecer da engorda & do abate ~ lembrando só da branda foda com vacas ~~ O chá já se vai no charque do tempo ~ & boi
deixarei manso ~ o pasto, o rastro, a pata, o passo, a parte ~~ Acordo homem carnívoro da alma ~ meu amigo cogumelo
debocha da forma que eu o imito ~ só parte, não inteiro, ereto ~~ Desfalecido no caminho perdido ~ desvio de algum lugar do tempo passado ~ onde homens existiam como cogumelos por inteiro ~~~ cheios de luz e doando luz, e existindo como luz...
Phênix
Nuvens nos céus de um dia vejo flores no sol que vêm pairando no ar, não há um só verso pensado que não se possa fazer rimar, O que o poeta viu no céu & debaixo da terra que o convida a criar; Minha alma se alimenta de mistérios & igual à Phênix que ressurge das cinzas, a alma abandona o corpo velho & pinta outras vidas com novas tintas. Parado na encruzilhada do Tempo a ouvir os Motetos de Bach me vêm tais palavras no vento, Eu poderia reescrever tais versos mil vezes girando na ciranda a brincar, Fugiria então do ninho & como se não querendo mais sonhar, não querendo mais amar, criaria um novo motivo para das cinzas ressurgir & novamente entre os perfumes voar. O Sol faz reverências ao Oeste, Diante dos olhos que renegam as mortes as grandes estrelas surgem ao Leste, & com uma pena mágica ligo com um fio cada uma delas um caminho secreto & sem dor, hei de viver em todas elas & em cada uma ter um grande amor, De mundo em mundo sempre com o mesmo deus Porque a Morte não resiste às delicias da Vida & para dançar com ela dá os seus.
[lanterna chinesa]
Sonho que levo pra passear a lanterna chinesa. Presente de um primo meu, & ela têm desenhos de galhos de cerejeira em flor feitos por Moira Hahn. Lanterna chinesa cara de lua, lanterna chinesa casa do gênio-felino mágico chinês cor de carvão. & com ela dentro do meu carro zelo por sua segurança & avisto nuvens que nunca vi assim, forma de um grande comboio de cometas fumegantes. Longe fogo & água daqui. Pergunto ao homem da loja de usados se ele não quer comprar uma lanterna chinesa, florzinha de ácido & cor derretida, & ele diz que ‘não’, - ainda bem! Lanterna chinesa cara de Yume, garota oriental cara de lua, acende a vela da lanterna & dá fuga ao gênio transformado em tatuagem na perna de Yume Diôrro-Girl, & a noite pertence só a ela, balão de ensaios de seu sorriso sabor de sorvete doce de feijão...
“Aforismos”: portfólio de estranhezas
Aforismos afora, para levar à forra minha textura...
Os sonhos têm a sua luz própria.
Dão licença às frases a inocência dos sentimentos. As coisas da terra em sua fome de crescer comem & bebem estrume. Extrumunção. Dorme só quem não sonha seus sonhos de solidão. Só dorme. Traços à esmo na areia dão a forma do mapa do nada. Nada de mapa na ampulheta. Procissões de caracóis alcançam outras galáxias sem pecar. Autogênese. O tempo também se sente pela saudade do espaço que separa. Todo caminho pactua encruzilhadas. Achar & perder. Ordem: gigolo de todas as servidões. O coração sempre quer o caos. O cérebro sempre quer a ordem. E os genitais adoram misturar tudo. Uma folha tem mais tecnologia que uma arma. Selva: fábrica de cura. Selva: fábrica de absurdos. Selva: despedaçadora de paradigmas. O verde abençoa a consciência. O verde beatifica a carne vermelha. Planta, órgão sem corpo. Corpo, enraizamento orgânico. A madeira mais dura no nó tem mansidão no seu desenlace. Arte de moldar. Mais consciente no sono do que na vigília, na vigília achar-se-á o único acordado.
Quando Heráclito sonhou: Morte/Sorte Sonho/Sorte Sonho/Morte-vida Sanidade à luz do fogo. O chão da floresta contém as pegadas das árvores.
Em rios perdidos, como veias secas, não se garimpa ali o pó da luz. Caminhantes à lua também se encontram sob a sombra de verdes matas. Da luz da lua escorre gotas que transbordam os mares do útero. Atrai malogro quem escarnece da fartura dos sonhos. Compõe um poema de claridade na asfixia do carbono a respiração dos loucos. Asfixia dos peixes: ar. Asfixia dos bichos: água. Asfixia da mata: fogo. Asfixia dos homens: estupidez. Asfixia da terra: homens. Asfixia dos sonhos: medo. Da coisa sem opção, na morte escolhemos entre sonhos ou pesadelos. História: histeria dos filhos do útero. Egouteria & Egohisteria. O berço se faz de mamadeiras. O leito de maledicências. A alcova de malemolência. Camas de dormir & sonhar. Nunca tomei conhecimento dos rancores dos dogmas assim como não temo os rosnados dos demônios. Não tome ou tema também. Na noite onde só os elefantes estavam despertos, o príncipe intuiu preferir estar feliz e em paz a ter certezas. O sonho insemina o lar das coisas. Sonho, semente & estrume das coisas. Dos sonhos se engendra uma ciência de intuição.
manifesto ir-real a velha luta do artífice para criar ainda demanda energias este mesmo busca sempre o impossível fazer algo que nunca tenha sido feito ... assim compor um livro sem palavras edificar novos haicais verbalizar sonhos conceitualizar novas sensações urdir texturas nunca vistas criar um portfólio de estranhezas imantar um pensamento até que ele se torne tão vazio que nele possa caber todo o cosmo ... imaginei diversos livros cada uma nova ousadia cada um um tipo de amor mas logo sabe quem tenta que tudo são repetições eternos retornos ... até finalmente se aproximar do não-saber ... então as loucuras começam a parecer verdades e repetimos os ditos que nos são caros: viver como uma árvore que caminha o simples fala do mesmo o amor é um ódio bom ana é a cor mais rara o caos te libertará a dor é a presença de deus o fraco é vida o forte é morte m/sorte não-ser ... a pura delicia da energia ... essa é nossa eterna recorrência o esforço contra a mediocridade a eterna busca de finalmente conceber em um pensamento que o corpo & a alma são uma coisa só ... pois a realidade há muito tempo foi fechada para nós nós, que vivemos no desamparo do irreal
nós, que não sabemos o que somos ... só uma questão ainda resta só uma busca ainda vale a pena só um esforço ainda é eficaz para todo artista: - abrir as portas da percepção e ver cada coisa como verdadeiramente são: infinitas! ... a beleza ainda é imprescindível assim como a maldição & o escárnio esses é a eterna gramática dos verdadeiros poetas ... arraigado e oprimido pela verve formal limitado pela tecnologia de sua época restringido pela demanda e pelo acesso tudo isso finalmente se pulveriza ... é isso que quer dizer a nova era acesso à todas as formas de expressão comunicação, exposição, exteriorização o espírito finalmente avança sobre o corpo e o arrebatará em um êxtase de arte ... nada é verdadeiro tudo é permitido ... agora ...