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Portugal Mineral Nº5

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Revista da Indústria Extrativa

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SumárioDeclarações Ambientais de Produto para o Habitat (DAPHabitat) Criação do Sistema de Registo Nacional

Contribuição para o Conhecimento sobre o Efeito da Utilização de Material Pozolânico no Fabrico de Betão

Global Stone Congress 2012

Entrevista: Simões Cortez

Produtos de Construção – Regulamento (UE) nº 305/2011

CEVALOR - Tomada de posse

ANIET - Tomada de posse

ANIET Contesta Fundo de Fiscalização de Explosivos e Armamento

Sector Extrativo Exporta Mil Milhões de Euros

UEPG Alerta:É Preciso Prevenir Mais os Acidentes

Explosivos Têm Mais 3 Anos Para CumprirNormas Europeias

Recursos Geológicos de PortugalUma Mais-Valia Para as Exportações

Estudos de Aplicabilidade de Lamas Carbonatadas e Terra Rossa pela Universidade de Évora

Prémios UEPG Desenvolvimento Sustentável 2013

Marcação CE A sua importância para o mercado interno

Protocolo ANIET/PT

Empresários dos Granitos Criam Marca

III Congresso Nacional de Áridos

Audiência da ANIET na Secretaria de Estado da Energia

Bienal da Pedra

Ficha Técnica

Ficha Técnica:

ProPriedade: ANIET - Associação Nacional da Indústria Extractiva e TransformadoraSede: R. Júlio Dinis 931, 1º - E . 4050-327 Porto / Portugal | Tel.: +351 226096699 | Fax: +351 226065206 | e-mail: [email protected] | SiTe: www.aniet.pt | NIPC: 501 419 411

ediTor: Nuno Esteves HenriquesdirecTor: Victor Albuquerque - -Presidente da Direcção da ANIETdirecTor adjunTo: Francelina Pinto - -Directora Executiva da ANIET

ediToreS: COMEDIL - Comunicação e Edição, Lda. | Empresa Jornalística Registada N.º 223679Sede: Rua Enfermeiras da Grande Guerra, 14-A . 1170-119 Lisboa / Portugal | Tel.: +351 218123753 | Fax: +351 218141900

e-mail: [email protected]| SiTe: www.rochas.info | NIPC: 502102152

edição e coordenação de Produção: Nuno Esteves Henriques | c.i.P. nº 2414 | e-mail: [email protected]

concePção GráFica e PaGinação: Miguel Martins | redação: Manuela Martins ([email protected]) Publicidade e markeTinG: Francelina Pinto ([email protected]) | imPreSSão: Etigrafe diSTribuição: COMEDIL

dePóSiTo leGal: 331384/11 | reGiSTo na erc: Isento | TiraGem: 1.000 exemplares | Periodicidade: Trimestral

Os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que as opiniões expressas podem não coincidir com as da ANIET.

Nº 5

Notícias

Pedimos desculpa aos nossos leitores pelo lapso na data da anterior edição.A Portugal Mineral 4, referente ao último trimestre do ano, indicava na capa, por erro, o mês de Julho e não o de Outubro.Aqui ficam as nossas desculpas e a reti-ficação.

O Editor

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Victor AlbuquerquePresidente dA direcção dA Aniet

Com o inicio de um novo ano editorial, compete dar uma visão do setor que a ANIET representa.

A indústria extrativa exporta globalmente mil milhões de euros. Falamos das rochas ornamentais, dos minérios metálicos e das rochas industriais. O setor é responsável por 2,3% do valor global da exportações. Estes números, que reproduzimos nesta edição para que possa acompanhar de perto a evolução do setor, foram publicados pelo INE no “Inquérito à Produção Industrial de 2010”. São os valores consolidados mais atuais, mas provisórios, referentes ao ano de 2011 e também com a chancela do INE, revelam uma tendência de subida, principalmente no que diz respeito às exportações de rochas ornamentais e de minérios metálicos.

Os tempos estão difíceis, a recessão bate à porta, o ritmo de construção diminui, há muitas empresas a fechar e/ou a reduzir os postos de trabalho mas neste enquadramento de abrandamento geral da economia é fundamental lembrar que o nosso setor, aquele em que exercemos a nossa atividade, continua a ser dos poucos, no panorama nacional, a produzir riqueza. Uma riqueza ainda mais valorizada pelo fato de resultar do aproveitamento e transformação da matéria-prima nacional.

Por tudo isto não é demais pedir ao poder político que crie condições para que a indústria extrativa possa exercer de forma mais competitiva a sua atividade e desse modo continuar a contribuir para o desenvolvimento da economia nacional. Não é um olhar indulgente que o setor está a pedir, nem é um favorecimento da atividade. É antes um recordar que é necessário, que se impõe de uma forma ainda mais acutilante nos momentos de crise, gerir com estratégia este bem coletivo que consiste na exploração dos recursos nacionais.

Por isso, a Direção da ANIET pediu e foi recebida pelo titular da pasta da energia e continua em diálogo com o Ministério da Eco-nomia para negociar condições mais favoráveis ao exercício da atividade, designadamente a redução dos custos energéticos (energia elétrica e combustíveis) que são responsáveis por 40% dos custos de produção, a revisão de legislação de forma a tornar mais ágil e realista, em termos financeiros, o licenciamento das pedreiras e o uso dos produtos explosivos. No que a este assunto diz respeito, o pedido que fizemos de declaração de ilegalidade dos artigos da portaria que preconiza o aumento do preço dos explosivos (artigos nºs 1 e 2 da portaria nº 1307/2010 de 23 de Dezembro) encontra-se já, por indicação do Senhor Procurador Geral da República, no Tribunal Central Administrativo de Lisboa, para apreciação.

É neste sentido que vamos continuar a trabalhar nesta renovação de mandato – no fortalecimento e na dinamização do setor, através da consolidação de uma associação interventiva, forte e eficaz, que seja um interlocutor credível junto da tutela. Os mo-mentos de crise também podem ser positivos para fortalecer laços e reforçar o fenómeno associativo. E um maior dinamismo da sociedade civil e dos seus agentes económicos contribui, de forma decisiva, para o desenvolvimento económico e o bem comum.

Assinalamos, aliás, de forma positiva, uma vitória recente do fenómeno associativo, neste caso de âmbito internacional. A UEPG, da qual a ANIET faz parte, conseguiu o adiamento da aplicação da Diretiva "Identificação e rastreabilidade dos explosivos para utilização civil" (Diretiva 2012/4/EU). A Comissão Europeia foi sensível aos argumentos da União Europeia dos Produtores de Agregados e das várias associações que este organismo representa o que quer dizer que o setor dispõe de mais três anos (até Abril de 2015) para começar a pagar custos mais elevados e para adaptar-se aos procedimentos exigidos pelas novas normas que regulamentam o uso dos explosivos utilizados pela industria extrativa no desenvolvimento da sua atividade. A ANIET participou, recentemente, nas reuniões dos vários comités que integram a UEPG e que este ano se realizaram na Polónia e nesta edição damos-lhe conta dos trabalhos aí desenvolvidos.

Estes sinais positivos são mais uma razão para lhe desejarmos uma boa leitura!

Editorial

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Declarações Ambientais de Produto para o Habitat (DAPHabitat)Criação do Sistema de Registo NacionalAntónio Baio Dias e Victor M. Ferreira(Plataforma para a Construção Sustentável)[email protected] | www.centrohabitat.net

Introdução

O tema da sustentabilidade na construção é reconheci-do como um conceito que visa aumentar a responsabili-dade ambiental no sector. Com as atuais preocupações relativas às questões climáticas, é necessário mudar al-guns hábitos e práticas no sector da construção, uma vez que este é um dos responsáveis pela degradação do meio ambiente, desde o uso de recursos naturais (ener-gia, água, matérias-primas) à deposição e eliminação de resíduos. Assim, é urgente estabelecer um controlo na fileira do habitat, nomeadamente, produzindo materiais sustentáveis.A sustentabilidade dos materiais é considerada como a base das estratégias que compreendem uma constru-ção sustentável, devendo ser perspectivada ao longo do seu ciclo de vida. As Declarações Ambientais de Produto (DAP), também conhecidas por EPD (Environmental Pro-duct Declaration), são documentos técnicos emitidos pelas empresas produtoras para divulgação dos impac-tes ambientais gerados pelos seus produtos, ao longo do seu ciclo de vida.Podem tornar-se numa ferramenta importante para identificação, por parte dos fabricantes, dos aspectos com impactes mais negativos no ciclo de vida dos pro-dutos e melhoria desses aspectos. A utilização da técni-ca de avaliação do ciclo de vida é fundamental para este efeito. Estão normalmente associadas a estes aspectos as questões como a utilização de recursos naturais, as matérias-primas e matérias secundárias, o consumo de água no processo, o consumo de energias renováveis e não renováveis, as emissões associadas ao processo e ao transporte, a durabilidade dos produtos e a sua recicla-bilidade.Devem, depois, poder ser usadas pelos arquitectos e projectistas de edifícios ou obras de construção como fonte de informação para a avaliação da sustentabilida-de dos edifícios e outras obras de construção. São, assim, usadas como forma de encontrar as soluções, entre vá-rias alternativas tecnicamente possíveis, mais sustentá-veis para a construção.

A ISO (Organização Internacional de Normalização) de-senvolveu as normas ISO 14025 relativas às declarações ambientais do tipo III (independentes, isto é, com veri-ficação por terceira parte independente) e a ISO 21930 que descreve as regras para a emissão de DAP para pro-dutos de construção. Por outro lado o CEN (Organização Europeia de Normalização) desenvolveu um relatório técnico CEN/TR 15941 relativo à metodologia para a se-lecção e uso de informação no desenvolvimento de DAP, a norma EN 15804 que define as regras por categoria de produtos para o desenvolvimento de DAP e ainda o pro-cedimento prEN 15942, relativo ao formato de comuni-cação das DAP.

A União Europeia tem procurado com a elaboração de medidas e planos estratégicos, acompanhados por Diretivas Europeias e Normas, orientar no sen-tido da sustentabilidade o setor da construção, vis-to este ter sido reconhecido como um dos respon-sáveis por impactes causados no ambiente.

Assim, na Tabela 1 resumem-se alguns documentos mais importantes que contribuem para o desenvolvimento harmonizado e universal das declarações ambientais do Tipo III.As Declarações Ambientais de Produtos são declarações do fabricante baseadas na avaliação de ciclo de vida. No entanto, para serem declarações do tipo III, de acordo com a classificação da ISO 14025, necessitam de uma va-lidação feita por um verificador independente.As DAP são desenvolvidas com base em regras previa-mente estabelecidas RCP (Regras para Categoria de Produtos), também designadas por PCR (Product Cate-gory Rules), sendo estas comuns para os produtos que desempenhem as mesmas funções.

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NORMA DENOMINAÇÃO VERBAL APLICAÇÃO

ISO 14040:2006 Environmental management – Life cycle assess-ment – principles and framework

Descreve os princípios e as regras para a análise do ciclo de vida, incluindo análise do inventário do ciclo de vida.

ISO 14044:2006 Environmental management – Life cycle assess-ment – Requirements and guidelines

Especifica os requisitos e fornece diretrizes para a análise do ciclo de vida.

ISO 14025:2006 Environmental labels and declarations – Type III environmental declarations – Principles and pro-cedures

Estabelece os princípios e especifica os proce-dimentos para o desenvolvimento de programas de declarações ambientais do Tipo III e para as declarações ambientas do Tipo III. Nesta norma especifica-se as regras para a verificação/certifi-cação das DAP (3ª parte independente).

ISO 21930:2007 Sustainability in building construction - Environ-mental declaration of building products

Linha de orientação, através de princípios e exi-gências para o desenvolvimento e implementa-ção de declarações ambientais do Tipo III especí-ficas de materiais e produtos da construção.

EN 15804:2011 Sustainability of construction works - Environ-mental product declarations - Core rules for the product category of construction products

Define as regras para categoria de produtos e materiais de construção para o desenvolvimento das DAP.

O principal objectivo de uma Declaração Ambiental de Produto é fornecer informações facilmente acessíveis, com qualidade garantida e que podem ser comparadas com o desempenho ambiental de produtos e serviços. Esta ferramenta de informação sobre os parâmetros ba-seados na análise do ciclo de vida dos materiais pode fornecer informação sobre o desempenho ambiental, encorajar a oferta e a procura de produtos com menores impactes ambientais ao longo do ciclo de vida, contri-buir para a diferenciação positiva nas compras públicas e privadas, induzir a melhoria do perfil ambiental dos produtos, conduzindo à redução da pressão ambiental associada àquela categoria de produto. Considera-se que as DAP podem tornar-se uma mais-valia para as empresas uma vez que a sua realização pode identificar oportunidades de inovação do seu produto ao ultrapas-sar os aspectos negativos que possam apresentar.

Tabela 1 – Enquadramento normativo: Análise do Ciclo de Vida, Regras para Categoria de Produto e Declarações Ambientais de Produto

Relacionamento com outros regulamentos

De salientar que foi aprovado no Parlamento Europeu o Regulamento de Produtos da Construção que substitui a Diretiva 89/106/CEE. Este Regulamento, publicado em 2011, contempla uma nova abordagem aos requisitos básicos para as obras da construção, em maior sintonia com os princípios da sustentabilidade, nomeadamente:

• Requisito 3 - Higiene saúde e ambiente – As obras da construção não devem conduzir a impactos ele-vados, ao longo do seu ciclo de vida, no ambiente ou no clima.

• Requisito 7 - Uso sustentável dos recursos naturais

– As obras da construção devem ser projectadas, construídas e demolidas tendo em consideração:

• o uso sustentável dos recursos naturais, assegu-rando em particular a reutilização e reciclabilida-de das obras de construção;

• os seus materiais e componentes após demoli-ção;

• a durabilidade das obras de construção e o uso de matérias-primas e materiais secundários ambientalmente compatíveis.

Para a avaliação do uso sustentável dos recursos natu-rais e no impacto das obras de construção no ambiente, o Regulamento de Produtos da Construção preconiza o uso de Declarações Ambientais de Produtos, sempre que disponíveis.

O registo das DAP e o Cluster Habitat Sus-tentável

Na Europa algumas entidades validam e registam as DAP em regime voluntário, das quais se destacam o INIES em França, o BRE no Reino Unido, o IBU na Ale-manha, o Environdec na Suécia e o DAPc em Espanha, enquanto em Portugal não existe nenhum sistema de registo organizado para tal. De salientar que as entida-des que se dedicam a estas atividades como, por exem-plo, o IBU (Institut Bauen umWelt) e o SEMC (Swedish Environment Management Council) fazem parte de uma rede que regula e coordena a verificação de DAP

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denominada Global Type III Environmental Product De-clarations Network (GEDnet).A estratégia de eficiência colectiva estabelecida para o Cluster Habitat Sustentável, reconhecido enquanto tal pelo QREN, elegeu a sustentabilidade como mote para a inovação e reforço da competitividade das entidades que o compõem. Neste âmbito, entendeu a Platafor-ma para a Construção Sustentável, enquanto entidade gestora do cluster, que deve ser dado um estímulo aos diversos agentes relacionados com este cluster, dinami-zando, validando e divulgando a utilização deste tipo de ferramentas relevantes para a sustentabilidade. Foi neste sentido que a Plataforma promoveu um proje-to de criação do sistema de registo nacional das declara-ções ambientais de produtos para o Habitat, designado por DAPhabitat (www.daphabitat.pt).

Este projeto desenvolve-se numa parceria com uma série de associações empresariais relevantes para o sector como a APICER, a ANIET, a APCOR, a ANIPB, a CMM e a APCMC e promove a ligação inter-nacional com outros operadores europeus através da recém-fundada ECO Platform, de modo a conse-guir o reconhecimento mútuo das DAP no espaço europeu.

A Plataforma é membro fundador desta associação eu-ropeia, ainda em processo de constituição, garantindo assim a ligação dos produtores nacionais e demais enti-dades à evolução no quadro europeu desta ferramenta base.

Sistema de registo das DAP – O Projecto

O objectivo da criação do Sistema Nacional de Registo de Declarações Ambientais de Produto (DAPhabitat) é o de desenvolver um sistema voluntário, com abrangên-cia nacional e ligações internacionais, de verificação e registo de DAP para produtos do habitat com base em critérios objectivos e independentes que permitam a disponibilização de DAP devidamente validadas numa base de dados de acesso público.Para que tal seja possível a Plataforma e as associações empresariais referidas estão a criar uma estrutura que coordene o desenvolvimento das RCP para a fileira do habitat, em parceria com um conjunto alargado de as-sociações de produtores e comerciantes de produtos de construção, com o apoio de instituições do sistema científico e tecnológico nacional e de uma entidade in-dependente de certificação.As DAP para o habitat aplicam-se a todas as empresas que produzam produtos de construção ou outros pro-dutos com aplicação na construção do nosso habitat e que pretendam apresentar ao mercado uma declaração credível relativa ao desempenho dos seus produtos ao longo do ciclo de vida.

Conclusões

Este é, assim, o momento oportuno para o desenvolvi-mento deste sistema. Esperamos deste modo contribuir para o aumento da consciência ambiental de fabricantes prescritores e utilizadores de produtos da construção; o desenvolvimento de produtos com um perfil ambiental mais sustentável para o Habitat, estimulando a melho-ria contínua do seu desempenho ambiental; a motiva-ção das empresas produtoras de materiais, projectistas, construtores civis e entidades públicas e privadas para a utilização de uma ferramenta para a selecção e fabrico de materiais de construção mais sustentáveis, ou seja, de uma ferramenta de decisão nas compras “Ecológicas”. O CEN está a desenvolver mais ferramentas para que possa ter-se uma base comum em toda a Europa para a avaliação da sustentabilidade dos edifícios;As DAP serão a base para qualquer sistema credível de avaliação da sustentabilidade da construção. O sistema de registo de DAP em Portugal permitirá criar uma dinâ-mica de desenvolvimento da informação ambiental dos produtos;O conteúdo das DAP poderá ser usado para avaliação da sustentabilidade da construção;A integração internacional na ECO Platform permitirá o reconhecimento mútuo das DAP além-fronteiras;As DAP podem melhorar a competitividade dos produ-tos nacionais e eliminar eventuais barreiras à sua expor-tação para mercados sensíveis ao desempenho ambien-tal dos produtos.

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Recursos Geológicos de PortugalUma Mais-Valia Para as ExportaçõesMaria José Sobreiro (Direcção Geral de Energia e Geologia)Paula Castanheira Dinis (Direcção Geral de Energia e Geologia)Palavras-chave: recursos geológicos, exportações, importações, estatística

Síntese

Os recursos geológicos (recursos minerais e hidrogeoló-gicos) têm um enorme potencial para criar, contribuir e apoiar o desenvolvimento sustentável da sociedade mo-derna. Trata-se de matérias-primas essenciais ao funcio-namento da economia de um país, com efeitos multipli-cadores para a economia mundial, sendo as indústrias extractivas e transformadoras, no século XXI, consideradas

fundamentais para o desenvolvimento sustentável e para a erradicação da pobreza. Com a análise realizada neste trabalho é possível apresentar uma perspectiva sobre o contributo dos recursos geológicos para a economia na-cional, através da evolução do sector nos últimos 6 anos (2004 a 2009), recorrendo aos dados estatísticos de produ-ção e de comércio internacional.

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Enquadramento

Os recursos geológicos (recursos minerais e hidrogeo-lógicos) têm um enorme potencial para criar, contribuir e apoiar o desenvolvimento sustentável da sociedade moderna. Trata-se de matérias-primas essenciais ao funcionamento da economia de um país, com efeitos multiplicadores a nível da economia mundial, sendo as indústrias extractivas e transformadoras, no século XXI, consideradas fundamentais para o desenvolvimento sustentável e para a erradicação da pobreza.Com efeito, no ciclo do biénio 2010/2011, o sector das indústrias extractivas, foi um dos temas escolhidos pela Comissão do Desenvolvimento Sustentável (CDS) , por ser considerado determinante para o desenvolvimento económico e social de muitos países, para o qual se pro-põem acções específicas para reforçar a contribuição destes materiais para o desenvolvimento sustentável. Face à diversidade geológica de Portugal, dispomos de uma enorme riqueza em recursos geológicos, nomea-damente nos sub-sectores das rochas ornamentais, ro-chas industriais, minérios metálicos, minerais não metá-licos, águas minerais naturais e de nascente, existindo boas garantias de produção, pois há largas reservas em condições favoráveis de exploração.

Recursos geológicos por sectores

Com a análise realizada é possível apresentar uma pers-pectiva sobre o contributo dos recursos geológicos para a economia nacional, através da evolução do sector nos últimos 6 anos (2004 a 2009), recorrendo aos dados

1-A CDS funciona em ciclos de 2 anos dedicados a temas específicos, com reuniões periódicas na sede das Nações Unidas em Nova Iorque.

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Saídas (FOB) Entradas (CIF) Saldo

estatísticos de produção e de comércio internacional. As fontes dos dados estatísticos foram a Direcção Geral de Geologia e Energia (DGEG) e o Eurostat.O termo “saídas” corresponde ao somatório das expe-dições para a União Europeia com as exportações para os países terceiros e o termo “entradas” corresponde ao conjunto das chegadas provenientes da União Europeia com as importações originárias de países terceiros.

Em termos globais e de acordo com os dados do co-mércio internacional no período de 2004 a 2009, as “saídas” de produtos da indústria extractiva apresentaram um crescimento positivo, tendo sido o ano de 2007 o momento a partir do qual se pas-sou a verificar uma diminuição desta tendência.

De facto, a crise que se instalou de uma forma global a partir de 2007, à qual Portugal não foi alheio, originou uma diminuição das “saídas” e a queda dos preços dos produtos básicos, nomeadamente das matérias – pri-mas minerais.A taxa de cobertura (FOB/CIF), quociente das “entra-das” pelas “saídas”, no ano de 2009, situou-se em 475%, correspondendo a um saldo positivo de cerca de 455 milhões de Euros. Neste mesmo ano, nas trocas com a União Europeia, a taxa de cobertura situou-se em 409% correspondendo também a um saldo positivo de cerca de 320 milhões de Euros. Por outro lado, com os países terceiros, o saldo foi também positivo em cerca de 135 milhões de Euros.

Gráfico 1 - Indústria Extractiva: Evolução das “saídas” e “entradas” de produtos. Fonte: DGEG e Eurostat.

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Gráfico 1 e 2 - Indústria Extractiva: Evolução das “saídas” e “entradas” de produtos (Fonte: DGEG e Eurostat).

No sector dos minérios metálicos, Portugal tem um relevante potencial geológico, destacando-se na produ-ção de cobre na mina de Neves Corvo (Alentejo), uma das mais ricas da Europa, e na produção de volfrâmio na mina da Panasqueira (Beira Alta), onde ocupa a posição de líder como produtor europeu. Neste sector, as “saídas” têm um peso significativo no valor global da indústria extractiva (cerca de 46%), lar-gamente superior às “entradas”, pese embora Portugal não tenha a jusante do sector mineiro uma indústria transformadora dos concentrados dos minérios metáli-cos, que traria maior valor acrescentado aos produtos. Os principais países de destino das “saídas” destes miné-rios são a Suécia, a Alemanha, a Finlândia, a Espanha e o Brasil.Com a recuperação das cotações dos principais metais, desde a queda verificada em 2008, as “saídas” destes ma-teriais apresentaram, em 2009, um valor de cerca de 265 milhões de euros.No que respeita às rochas ornamentais (mármores, cal-cários, granitos e outros), Portugal possui reservas im-portantes, de uma grande beleza com enorme varieda-de de cores e texturas. Existem núcleos de exploração bem consolidados como é o caso do triângulo “Borba--Estremoz-Vila Viçosa” e do “Maciço Calcário Estreme-nho”, onde actualmente existem centenas de pedreiras em actividade.Neste sector das rochas ornamentais, o saldo das “saídas” é francamente positivo, encontrando-se Portugal entre os grandes produtores de rochas ornamentais do mun-do, sendo actualmente a 9º potência mundial, com valor de produção (2009) na ordem dos 3 milhões de tonela-das e que correspondeu a cerca de 268 milhões de euros de “saídas”.O mármore português tem a reputação de ser uma das mais belas rochas ornamentais do mundo. Trata-se de um material nobre, exclusivo, durável, fácil de manusear, com propriedades únicas no revestimento de fachadas e pavimentos. Os calcários portugueses, por seu lado, têm muito bom desempenho tanto na utilização em interior como no exterior (revestimento de edifícios e pavimen-tos). Os principais destinos de exportação de mármores e calcários ornamentais são a China, a Arábia Saudita, a França a Alemanha e os Estados Unidos da América, que

no conjunto “importam” cerca de 56% do total das “saí-das” destes produtos.Portugal também se destaca pela tradicional calçada portuguesa, a qual é “exportada” para outros países, como por exemplo Alemanha, França, Dinamarca, Paí-ses Baixos, Reino Unido e outros.Nos granitos e similares verifica-se que os principais paí-ses de destino continuam ser os da União Europeia, com especial incidência na Espanha, Países Baixos e França. A exportação deste material para Angola apresenta va-lores da ordem dos 3 milhões de euros, sendo o terceiro pais importador deste produto. No sector das rochas industriais (agregados), cujo prin-cipal mercado de destino é a construção civil e obras públicas, os preços unitários das matérias-primas não suportam custos de transporte elevados (mais de 30-40 km). Por esta razão, o seu mercado é preferencialmente o nacional. Apesar da importância deste sector na eco-nomia nacional, que apresenta um consumo aproxima-do de 10 toneladas de agregados/habitante/ano, o seu peso no mercado internacional é pouco expressivo.Os minerais não metálicos (caulino, areias especiais, feldspatos, quartzo e outras), são responsáveis prin-cipalmente pelo abastecimento das indústrias ce-râmicas, do barro vermelho, do vidro e da química, que geram grande valor acrescentado e incorporam essencialmente matérias-primas nacionais. De registar que a valoração destes produtos é obtida fundamental-mente na transformação dos mesmos, pelo que o peso real das “saídas” destes produtos é consideravelmente superior ao que se apresenta na Tabela 1.Neste sector, verifica-se que a aposta das empresas na garantia de qualidade das matérias-primas a fornecer, contribuiu para a estabilidade de abastecimento destas indústrias com matérias-primas nacionais com a conse-quente redução de importações. A melhoria global do desempenho do sector dos mine-rais não metálicos, permitiu que as empresas começas-sem a apostar na globalização, procurando novos mer-cados, o que conduziu a um aumento significativo das “saídas” destes produtos. Um exemplo claro desta ten-dência é verificado no caso do caulino que apresentou em 2009 um aumento de cerca de 67% do valor das “sa-ídas” relativamente ao ano anterior e simultaneamente,

2004 2005 2006 2007 2008 2009

Saídas (FOB) 394 459 674 746 740 577

Entradas (CIF) 162 162 168 155 186 121

Saldo 232 297 506 591 554 455

Taxa de cobertura (%)

243 283 401 480 398 475

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uma diminuição das “entradas” em 38%.Relativamente às águas minerais naturais e águas de nascente, Portugal tem uma diversidade significativa de oferta, entre as águas lisas, gasocarbónicas e gasei-ficadas, estando a fidelizar alguns mercados externos, apreciadores das águas hipossalinas. Tem-se vindo a verificar um aumento do consumo de água engarrafada ao longo dos anos, em todo o mundo. Em Portugal, os dados estatísticos apontam para valores de consumo de 107,9 Litros/habitante/ano, em 2009.Da análise da tabela 1 verifica-se que o sector do en-garrafamento de águas minerais naturais e de nascen-te, ao longo do período em análise (2004/2009) apre-sentou uma taxa de crescimento significativa até 2007, tendo sofrido uma ligeira diminuição em 2008 que se

acentuou em 2009, contudo com valores superiores aos de 2006. Neste ano de 2009, as “saídas” de águas minerais naturais e de nascente, alcançaram o volume global de 56,7 milhões de litros, correspondendo a cer-ca de 14,6 milhões de Euros que tiveram como destino cerca de 36 países, destacando-se essencialmente os seguintes: Angola (32,3 milhões de litros); Cabo Verde (4,9 milhões de litros); EUA (2,9 milhões de litros); Espa-nha (2,8 milhões de litros); Guiné-bissau (1,8 milhões de litros); Canadá (1,7 milhões de litros) e Macau (1 milhão de litros).Em 2009 a distribuição das “saídas” de águas (minerais naturais e de nascente) foi de 94,6 % águas lisas e 5,4 % de águas gasosas (3,4% gasocarbónicas e 2% gaseifica-das). (ver tabelas das páginas ao lado)

Considerações finais

Os recursos geológicos proporcionam a maioria dos bens que se utilizam na sociedade actual, melhorando a qualidade de vida de todos os cidadãos, sendo maté-rias-primas que alimentam os mais diversos sectores de actividade (construção, indústria química, automóvel, cerâmica, farmacêutica, alimentar, entre outras). Desta forma, é reconhecido o carácter indispensável destes recursos.Dados recentes da Comissão Europeia referem que a actividade industrial ligada aos recursos geológicos não energéticos da União Europeia, emprega directamente mais de um milhão de pessoas. Por outro lado, os sec-tores de actividade a jusante geram um valor adicional anual de 1,3 biliões de Euros e 30 milhões de postos de trabalho, todos eles dependentes do acesso às maté-rias-primas. A nível nacional perspectiva-se, para os próximos anos, a continuidade do aumento da procura dos recursos geológicos nacionais, para consumo interno nas indús-trias a jusante, o que irá manter a tendência de quebra das importações destes produtos. Com a continuação, por parte das empresas, do investimento em tecnologia moderna e em investigação prevê-se um aumento do campo de aplicação dos produtos que permitirá captar novos mercados. Os minerais não metálicos são um sector com um gran-de potencial de crescimento e de evolução tecnológica, bem como de usos inovadores e de grande valor acres-centado.No sector das rochas ornamentais é imperativo criar condições para aumentar a competitividade das em-presas, permitindo reforçar as “exportações”. Cada vez mais se verifica a tendência para que a “pedra” deixe de ser um elemento estrutural das construções para passar

a ser um elemento que traz valor acrescentado aos edi-fícios e pavimentos, situação reconhecida pela generali-dade dos arquitectos de todo o mundo.Nas águas minerais e de nascente, perspectiva-se a continuidade do aumento da procura internacional das águas nacionais, com especial incidência nos países dos PALOP’s e EUA. Verifica-se que, da produção total na-cional de águas minerais naturais e de nascente (1.155 milhões de litros em 2009), apenas 5% correspondem às saídas (56,7 milhões de litros), havendo um poten-cial de crescimento para a captura de novos mercados, nomeadamente dos países árabes, e consolidação dos existentes.

Apesar da recessão actual, está previsto um au-mento da procura de matérias-primas nos próxi-mos 5 a 10 anos, mesmo contemplando o aumento da reciclagem.

A “Declaração de Madrid”, refere mesmo que “No caso dos agregados e de outras rochas e minerais industriais, uma vez terminada a recessão económica actual, prevê--se que a procura na Europa revele um aumento cons-tante até, pelo menos, 4.000 milhões de toneladas anu-ais, quer a médio quer a longo prazo.”Perspectivando esta tendência e havendo em Portu-gal reservas de recursos geológicos que permitem as-segurar as necessidades futuras, há que salvaguardar e proteger os locais onde estas ocorrem, de acções ou actividades que comprometam o seu aproveitamento futuro. Esta deverá ser uma preocupação do governo no estabelecimento de políticas de ordenamento e secto-riais, que promovam a salvaguarda do aproveitamento sustentável dos recursos geológicos nacionais.

Page 12: Portugal  Mineral  Nº5

10 | Portugal Mineral

Tabela 1 – Recursos geológicos: “saídas” por sectores (Fonte: DG

EG e Eurostat).

SECTO

RES

20042005

20062007

20082009

Variação 09/08 (%)

Estrutura(%)

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Vol.Valor

Valor-2009

MIN

ÉR

IOS

ME

TÁLIC

OS

347,786167,608

377,886225,712

320,594377,313

362,618399,405

426,018365,995

327,542264,632

-23.1-27.7

45.9

Minérios m

etálicos não ferrosos347,786

167,608377,886

225,712320,594

377,313362,618

399,405426,018

365,995327,542

264,632-23.1

-27.745.9

R. O

RN

AM

EN

TAIS

E R

. IND

US

-TR

IAIS

1,306,709212,076

1,478,017217,536

2,003,815279,045

2,396,653322,702

2,350,630348,082

1,800,663289,401

-23.4-16.9

50.2

RO

CH

AS

OR

NA

ME

NTA

IS1,139,014

206,5651,216,405

210,7601,499,938

266,6181,772,567

304,2601,768,766

325,8461,327,463

268,361-24.9

-17.646.5

Granito e r. sim

ilares343,420

43,804386,981

42,877524,355

63,316616,448

75,859551,563

75,955349,192

65,707-36.7

-13.511.4

Márm

ores e calcários384,345

126,100411,411

130,812499,681

159,263574,711

175,714611,482

194,070554,867

164,798-9.3

-15.128.6

Pedra nat.talhada p/calcetam

ento393,746

30,812400,199

31,116453,540

36,193558,296

44,504588,395

49,347406,627

32,286-30.9

-34.65.6

Ardósia

17,5035,849

17,8155,955

22,3637,847

23,1128,182

17,3266,475

16,7785,570

-3.2-14.0

1.0

RO

CH

AS

IND

US

TRIA

IS167,696

5,510261,612

6,775503,877

12,426624,087

18,443581,864

22,236473,200

21,041-18.7

-5.43.6

Calcário, gesso e cré

10,9841,103

8,182779

22,1362,142

31,7373,333

28,3124,593

33,1163,440

17.0-25.1

0.6

Saibro, areia e pedra britada

98,8681,969

157,9661,539

332,9244,317

368,9405,291

325,9226,786

260,2787,586

-20.111.8

1.3

Caulino e outras argilas

57,8432,438

95,4654,457

148,8175,967

223,4109,819

227,63010,857

179,80510,015

-21.0-7.8

1.7

MIN

ER

AIS

O M

ETÁ

LICO

S25,910

4,46739,566

5,73524,862

4,78141,190

6,99533,823

9,50143,451

7,84428.5

-17.41.4

Enxofre

10,8371,260

28,1221,997

5,396804

6,5951,246

7,7481,875

5,8561,816

-24.4-3.2

0.3

Sal

4,4481,303

6,1312,357

14,2562,978

23,0644,117

18,8366,050

20,9124,562

11.0-24.6

0.8

Talco e esteatite1,118

2221,615

3102,816

5144,416

6673,836

5882,808

511-26.8

-13.00.1

Outros m

inerais não metálicos

9,5071,682

3,6981,071

2,394484

7,115965

3,404988

13,876955

307.6-3.4

0.2

SUB

-TOTA

L1,680,405

384,1511,895,469

448,9832,349,271

661,1382,800,461

729,1022,810,471

723,5782,171,656

561,878-22.7

-22.397.5

ÁG

UA

S M

INE

RA

IS E

DE

NA

SC

EN

-TE

43,0699,590

39,52610,494

52,56413,296

62,89516,965

60,11416,764

56,67514,630

-5.7-12.7

2.5

Água m

ineral natural (1000 litros)22,362

5,97718,952

6,76125,781

8,19630,169

10,50027,789

10,51126,223

7,755-5.6

-26.21.3

Água de nascente (1000 litros)

20,7073,613

20,5743,733

26,7835,100

32,7266,465

32,3256,253

30,4526,875

-5.810.0

1.2

TOTA

L GER

AL

393,741459,477

674,434746,068

740,341576,508

-22.1100.0

Page 13: Portugal  Mineral  Nº5

11

SECTO

RES

20042005

20062007

20082009

Variação 09/08 (%)

Estrutura(%)

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Toneladas103 euros

Vol.Valor

Valor-2009

MIN

ÉR

IOS

ME

TÁLIC

OS

7,7543,317

13,8596,898

10,6858,235

11,6917,753

16,78410,590

8,9816,418

-46.5-39.4

5.3

Minérios de ferro

448115

2,41432

18192

54141

61108

3530

-43.3-71.7

0.0

Minérios m

etálicos não ferrosos7,305

3,20211,445

6,86610,504

8,14311,638

7,61216,723

10,4828,946

6,388-46.5

-39.15.3

R. O

RN

AM

EN

TAIS

E R

. IND

US

-TR

IAIS

1,635,627115,172

1,617,105114,461

1,304,921117,116

1,317,971106,790

1,018,852117,440

808,25479,025

-20.7-32.7

65.1

RO

CH

AS

OR

NA

ME

NTA

IS161,598

53,064159,159

52,466146,372

57,252146,125

53,970138,954

57,826128,933

38,154-7.2

-34.031.4

Granito e r. sim

ilares115,479

34,248113,947

35,066102,016

37,33593,758

31,43887,009

30,96689,664

20,7593.1

-33.017.1

Márm

ores e calcários42,711

17,22038,545

15,36940,973

18,04649,457

21,01246,340

23,50534,943

15,230-24.6

-35.212.6

Pedra nat.talhada p/calcetam

ento465

843,823

362363

135469

181105

428417

385296.3

-10.20.3

Ardósia

2,9441,511

2,8441,669

3,0191,736

2,4411,340

5,4992,926

3,9091,781

-28.9-39.1

1.5

RO

CH

AS

IND

US

TRIA

IS1,474,029

62,1081,457,946

61,9951,158,550

59,8631,171,846

52,820879,898

59,614679,321

40,871-22.8

-31.433.7

Calcário, gesso e cré

434,15329,181

460,85332,278

416,34729,283

333,15725,125

396,10327,977

335,11322,088

-15.4-21.0

18.2

Saibro, areia e pedra britada

858,25312,431

802,0648,375

579,3288,618

693,9457,923

340,30610,811

246,6694,594

-27.5-57.5

3.8

Caulino e outras argilas

181,62320,495

195,03021,342

162,87521,963

144,74419,772

143,48920,827

97,54014,188

-32.0-31.9

11.7

MIN

ER

AIS

O M

ETÁ

LICO

S726,686

43,514488,883

41,051429,082

42,953451,981

40,771389,873

58,012322,851

35,904-17.2

-38.129.6

Feldspato, leucite e nefelina104,814

5,921125,801

7,505109,498

7,852110,255

7,24494,858

7,05080,683

5,101-14.9

-27.64.2

Fosforites149,365

6,652137,423

6,90591,912

4,898106,320

5,81690,667

18,29744,189

3,476-51.3

-81.02.9

Sal

121,6226,392

70,2666,569

110,5818,078

138,7968,716

94,5019,180

108,1618,901

14.5-3.0

7.3

Talco e esteatite20,205

3,76723,621

3,70130,955

4,59421,772

3,99326,774

4,20318,537

3,569-30.8

-15.12.9

Outros m

inerais não metálicos

330,68020,782

131,77216,371

86,13617,531

74,83915,002

83,07319,282

71,28114,857

-14.2-23.0

12.2

TOTA

L GER

AL

2,370,066162,002

2,119,846162,409

1,744,688168,304

1,781,643155,314

1,425,509186,042

1,140,086121,347

-20.0-34.8

100.0

Tabela 2 - Recursos geológicos: “entradas” por sectores (2)

2 - Relativamente às entradas de águas, as m

esmas não são apresentadas, um

a vez que os dados disponíveis no Eurostat não foram

cruzados com a inform

ação existente na DG

EG.

Page 14: Portugal  Mineral  Nº5

12 | Portugal Mineral

Contribuição para o Conhecimento sobre o Efeito da Utilização de Material Pozolânico no Fabrico de BetãoInês Bastos* (1), António Vieira (2), José A. Fernandes (3), Lídia Catarino (4)

(1) MSc em Engenharia Geotécnica e Geoambiente – Porto, Portugal(2) Lic. em Engenharia Geotécnica e Geoambiente, Grupo Mota-Engil – Porto, Portugal(3) PhD, Instituto Superior de Engenharia do Porto, Depart. Eng.ª Geotécnica (LGMC|ISEP, GeoBioTec|UA) – Porto, Portugal(4) PhD, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Depart. Ciências da Terra – Coimbra, Portugal*[email protected]

Resumo

Este trabalho avaliou as características pozolânicas de três fracções argilosas do distrito de Coimbra, para substituição parcial do cimento Portland, com o objectivo de intensifi-car certas qualidades devido à diminuição da porosidade do betão. Para tal, foram realizados diversos ensaios para a caracterização física, química e mineralógica dos pro-dutos. As características mineralógicas foram analisadas, antes da calcinação, pelo método de Difracção de Raios X e a análise química (qualitativa e quantitativamente) dos elementos químicos presentes foi determinada através do ensaio Espectrometria de Fluorescência de Raios X (FRX). Os metacaulinos utilizados foram obtidos através da cal-cinação (750oC, durante uma hora), processo que permitiu a desidroxilação quase total da matéria-prima, transfor-mando esta numa fase amorfa e irreversível, com proprie-dades pozolânicas. Para análise dos produtos após a calci-nação foram realizados vários ensaios. Na determinação da granulometria dos produtos foi realizado o ensaio de Difracção de Raio Lazer (DRL), na determinação dos teores em sílica e alumínio foi implementado o ensaio de Espec-trometria de Fluorescência de Raios X e para os teores em cloreto e sulfato foi realizado o ensaio de análise química quantitativa segundo a norma NP EN 196-2. O efeito da in-corporação da metacaulino foi estudado pela resistência à compressão e à flexão (aos 28 dias) em argamassas (15% de substituição em massa) e pela resistência à compressão (3, 7 e 28 dias) no betão (10%, 15% e 20% de substituição de cimento, em massa).

Introdução

No sentido de melhorar as características do betão, mui-tos investigadores têm procurado estimar o benefício do emprego de adições pozolânicas, como substituição parcial do cimento Portland, com o objectivo de conferir ao betão propriedades similares, mas superiores aos dos betões convencionais, tais como:

• redução de CO2 até 6 vezes, contribuindo para a re-dução do impacte ambiental;

• aumento da resistência à compressão e à flexão re-lativamente elevadas e em menor tempo;

• redução da permeabilidade (incluindo a permeabi-lidade do cloreto);

• aumento da resistência ao ataque químico;• formação de betões com resistência a altas tempe-

raturas;• redução de efeitos da reactividade álcali-sílica;• menor volume, devido ao "acondicionamento de

partículas", tornando-o mais denso.

O metacaulino é obtido através do tratamento térmico da caulinite, quando esta é aquecida a uma temperatura entre 700˚C e 800˚C - calcinação. O produto calcinado é arrefecido rapidamente e reduzido a pó fino. O me-tacaulino assim formado tem uma estrutura altamente desorganizada porque o tratamento térmico a que foi submetido rompe a estrutura da caulinite.A preferência pela utilização do metacaulino advém do facto de que, segundo Netto (2006), Pinto (2004), Sam-paio et al (2001) e Nascimento (2009), devido à sua finu-ra e reactividade, pode proporcionar uma melhoria de qualidade de betões e argamassas.

Page 15: Portugal  Mineral  Nº5

13

O principal objectivo deste estudo centra-se na avalia-ção da aptidão potencial de uma argila caulinítica, de uma área nova e praticamente desconhecida, tal como se encontra disponível, a fim de obter um produto com

propriedades pozolânicas para o emprego em argamas-sas e betão como substituição parcial do cimento Por-tland.

Figura 1 – Enquadramento geológico regional da área em estudo no contexto da cartografia geológica de Portugal (adaptado de LNEG, 2011).

Geomateriais Ensaiados

As três fracções argilosas estudadas provêm de diferentes zonas da região de Arganil e Catraia dos Poços, no concelho de Arganil, distrito de Coimbra.

50 km

Page 16: Portugal  Mineral  Nº5

14 | Portugal Mineral

Os agregados utilizados para o fabrico do betão foram: Areia 0/2, Areia 0/4 e Brita 6/14. O adjuvante introdu-zido na mistura, fornecido pela SIKA, foi um adjuvante superplastificante/forte redutor de água e retardador de presa para o betão - Sikamente 400 Plus. O cimento em-pregue foi do tipo CEM II 32,5R.

Metodologias

Inicialmente e com o objectivo de se obter materiais ar-gilosos com interesse para o estudo, foi realizado o en-saio de peneiração húmida com o auxílio do peneiro nº 200 (0,074 mm) para estudar os finos. Com o objectivo de conhecer a composição mineraló-gica das amostras foi realizado o ensaio de Difracção de Raios X. Foi também realizado o ensaio de Perda ao Fogo (NP EN 196-2).Para conhecer os produtos após a calcinação realizaram--se os ensaios: Azul-de-metileno (NP EN 933-9) para clas-sificar e caracterizar a qualidade dos finos presentes; o ensaio de Chapelle Modificado (NF P18-513), para deter-minar a pozolanicidade dos produtos; Superfície Especí-fica (NP EN 196-6) e a Pozolanicidade (NP EN 196-5) para

determinar a capacidade que os produtos têm de reagir com hidróxido de cálcio libertado do cimento durante a fase de hidratação do betão.Numa fase final do trabalho foram realizados ensaios de resistência do betão de forma a conhecer o comporta-mento mecânico do mesmo quando nele se incorporam diferentes percentagens de substituição de cimento Portland por metacaulino. Esses ensaios foram: Índice de Actividade (NP EN 196-1); Tempo de Presa (NP EN 196-3) e Resistência à Compressão do Betão (NP EN 12390-3).

Resultados

Os ensaios de análise química quantitativa através da Espectrometria de Fluorescência de Raios X destacaram as principais ligações químicas, dando uma indicação da cristalinidade e composição química das amostras (silí-cio, alumina, óxido de ferro, óxido de magnésio, etc.) - Figura 2.A Figura 3 apresenta os resultados obtidos no ensaio de Difracção de Raios X (DRX) para as amostras Arg_P200, CPM_P200, CPB_TQ, CPB_60-40, CPB_140-60 e CPB_200-140, respectivamente.

Figura 2 - Resultados da análise com XRF das amostras

A nomenclatura utilizada foi a seguinte: Arg – para as amostras retiradas de Arganil, CP – para as amostras reti-radas de Catraia dos Poços. Esta última é subdividida em CPB e CPM, a CPB (Base) foi recolhida a uma cota inferior, sendo constituída principalmente por argila, a CPM foi

retirada de um talude, e pelo facto de possuir várias co-lorações foi dado o nome de Mista (M). A composição química das amostras está discriminada na figura 2.

Page 17: Portugal  Mineral  Nº5

15

Figura 4 – Minerais identificados pelo método das Lâminas Sedimentadas para Arg_P200. (es) – esmectite (montemorilonite); (cl) – clorite; (il) – ilite; (m) – moscovite; (K) – caulinite

Figura 3 – Minerais identificados no método da Amostra Total em Pó para as amostras: (es) – esmectite (montemorilonite); (cl) – clorite; (m) – moscovite; (mc(F)) – microclina; (Q) – quartzo; (F) – feldspato; (O(F)) – ortoclase; (k) – caulinite; (il) - ilite.

No método das Lâminas Sedimentadas, é utilizada a fracção fina da amostra com o objectivo de evidenciar alguns tipos de materiais argilosos. Nas seguintes figu-ras estão representados os minerais presentes tanto nas amostras com glicol, como aquecidas a 550 ˚C.

Quando aquecida a 550˚С, deixam de ser identificados os minerais moscovite e caulinite. O pico da clorite e da caulinite desaparece – Figura 4.

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A perda de água na ilite ocorre num intervalo mais alargado de temperatura do que na caulinite e caracteriza-se pela existência de dois ou mais picos endotérmicos. As desidroxilação total pode ocorrer a temperaturas superiores a 800˚C (Figura 7). Contudo, alguns estudos verificam que a desidroxilação pode estar praticamente concluída aos 740˚C. Por este facto, seleccionamos como temperatura de calcinação só 750˚C, adoptando um tempo de exposição de uma hora.

Figura 7 – Desidroxilação da ilite (adaptado de Gllagher & Elsevier, 2003)

Figura 6 – Minerais identificados pelo método das Lâminas Sedimentadas para CPB_TQ. (es) – esmectite (montemorilonite); (cl) – clorite; (il) – ilite; (m) – moscovite; (K) – caulinite.

Ao submeter a amostra a uma temperatura de 550˚С deixa de ser possível identificar os minerais caulinite, esmectite e clorite, marcando apenas presença a ilite e a moscovite – Figura 6.

Figura 5 – Minerais identificados pelo método das Lâminas Sedimentadas para CPM_P200. (es) – esmectite (montemorilonite); (cl) – clorite; (il) – ilite; (m) – moscovite; (K) – caulinite.

Ao aquecer a amostra a 550˚С apenas se identifica o mineral moscovite – Figura 5.

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Figura 8 – Análise Granulométrica por DRL

Tabela 1 – Valores de Perda de massa por calcinação das amostras estudadas

Tabela 2 – Valores da perda ao fogo das três amostras

Os valores da Perda de Massa por calcinação das amostras estudadas podem ser vistos na Tabela 1.

O ensaio da Perda ao Fogo apresentou um valor bastante superior na amostra de Arg_P200_Calcinada (Tabela 2).As amostras de Catraia dos Poços Mista e Catraia dos Poços Base, amostras que possuem valores inferiores, embora incompleta a desidroxilação estava praticamente realizada.

Para obtenção de melhores resultados foi realizada a moagem dos produtos, a grelha utilizada foi de 0,25 mm.A Figura 8 apresenta a distribuição granulométrica das partículas constituintes das amostras antes e depois de serem moídas.

Amostra Perda ao fogo (%)

CPB_P200_Calcinada 0,81

Arg_P200_Calcinada 1,54

CPB_P200_Calcinada 0,78

Amostra Perda ao masa (%)

CPB_P200 6,73

Arg_P200 11,95

CPM_P200 5,96

CPB_P230 7,41

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Com o objectivo de determinar a pozolanicidade dos materiais em estudo, procedeu-se à realização dos ensaios: Chapelle Modificado (Tabela 6) e de Pozolanicidade (Figura 9).

Tabela 6 – Resultados do ensaio Chapelle Modificado. (*mg de Ca(OH)2 fixados por grama de pozolana).

Tabela 5 – Valor para o resultado do Azul-de-Metileno (MB) e respectiva mancha.

De acordo com a norma NP EN 197-1 os valores obti-dos são aceitáveis para um produto do tipo metacaulino destinado ao fabrico de betão em substituição parcial do cimento Portland.

Realizaram-se ainda ensaios para determinação da qua-lidade dos finos das amostras calcinadas pelo método do Azul-de-Metileno. Os resultados indicam um baixo valor de Azul-de-Metileno (Tabela 5).

Tabela 3 – Teores em Sílica e Alumínio das amostras calcinadas

Tabela 4 – Teores em Cloretos e Sulfatos nas amostras. (l.q.- limite de quantificação)

Quando se fala em durabilidade do betão, podem-se referir o teor em cloretos e em sulfatos (Tabela 4).

Existem partículas com dimensões acima dos 74 µm, de-vido à posterior aglomeração destas.Tal como os metacaulinos de boa reactividade também as amostras em estudo têm valores de sílica na ordem

dos 50-60% e apesar de o teor em alumina não ser o desejado, 30%, são valores satisfatórios (Tabela 3). Este facto pode dever-se à presença de ilite em substituição da caulinite.

AmostrasCPB_P200

Teores (%)

Sílica (SiO2) Alumina (Al2O3)

Arg_P200_Calcinada 34,49 9,85

CPM_P200_Calcinada 60,57 19,83

CPB_P200_Calcinada 45,95 13,99

CPB_P230_Calcinada 74,42 27,19

Amostras Teores (%)

Cloretos (%) Sulfatos (%)

Arg_P200_Calcinada <0.005l.q. <0.05

CPM_P200_Calcinada 0.005 0.05

CPB_P200_Calcinada <0.005l.q. <0.05

Amostra Fracção (mm) MB (gcorante/Kg)

Arg_P200_Calcinada 0/0,125

5,7

CPB_P200_Calcinada 8,3

CPM_P200_Calcinada 8

Amostras mg Ca(OH)2 (*)

Arg_P200_Calcinada 343,6

CPB_P200_Calcinada 420,0

CPM_P200_Calcinada 411,5

CPB_P230_Calcinada 445,4

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Segundo Rocha (2005), o valor mínimo considerado para um metacaulino de baixa reactividade, é de 330mg de CaO/g. Observando os resultados podemos concluir que ambas as amostras reagem acima do valor limite de 330 mg CaO/g, logo possuem reactividade pozolânica.

Com o ensaio de Pozolanicidade (Figura 9), podemos concluir que as amostras estudadas se encontram abai-xo do limite, o que significa que têm a capacidade de reagir com o hidróxido de cálcio.

Figura 9 – Diagrama para a determinação da pozolanicidade das amostras

No ensaio de Superfície Específica pelo Método de Blaine verifica-se que a amostra que possui maior superfície espe-cífica é a Arg_P200_Calcinada (Tabela 7).

Tabela 7 – Superfície específica

Superfície Específica (cm2/g)

Arg_P200_Calcinada 5842

CPB_P200_Calcinada 1674

CPM_P200_Calcinada 2984

CPB_P230_Calcinada 4464

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Tabela 9 – Determinação da consistência Normal

Neste ensaio foram realizadas misturas com 0% (Pa-drão) e 15% de substituição de diferentes amostras por cimento Portland. A análise da Figura 10 permite cons-tatar que a amostra que obtém um melhor índice de ac-tividade é a que possui um maior índice de pozolanici-dade e vice-versa.

Foi ainda realizado o ensaio de Tempo de Presa no qual foi possível aferir que para se obter a mesma consistên-cia é necessário adicionar mais água do que na mistura Padrão (Tabela 9). No entanto, ambas as misturas apre-sentam o mesmo valor de Fim de Presa (Tabela 10).

Comparando amostras com a mesma composição quí-mica (amostra CPB_P200_calcinada e a amostra CPB_P230_Calcinada) e fazendo uma comparação entre os resultados do DRL (Figura 8), podemos concluir que quanto menor a dimensão das partículas maior a super-fície específica avaliada.

Procedeu-se, ainda, ao estudo do comportamento me-cânico do metacaulino como substituição parcial do ci-mento Portland em argamassas e betões. No ensaio do Índice de Actividade foram obtidos os se-guintes resultados apresentados na Figura 10.

Figura 10 – Resistências à Flexão (RF) e à Compressão (RC) (valores obtidos aos 28 dias).

Determinação da Consistência Normal

Mistura Padrão 10 % Metacaulino 20 % Metacaulino

Massa de cimento - m (g) 500 500 500

Volume de água utilizada para se obter a mesma consistência – V (cm3) 130 141 150

Valor obtido no aparelho de Vicat (6 ± 2 mm) 6 4 8

Quantidade de água de amassadura = V/m x 100 (%) 26 28,2 30

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Tabela 10 – Determinação do início e fim de Presa.

Figura 11 – Resistências à Compressão ao fim de 3, 7 e 28 dias.

Por último, foi realizado o ensaio de Resistência à Com-pressão para quatro amassaduras distintas. Os resulta-dos obtidos estão indicados na Figura 11.Com o objectivo de saber qual a percentagem óptima

de substituição de metacaulino por cimento Portland, nos ensaios ao betão foram realizadas várias misturas com 0%, 10%, 15% e 20% de substituição

A percentagem de substituição que obtém melhores resultados é a substituição de 10%, uma vez que apre-senta valores superiores aos 7 e 28 dias. Para estes dois últimos ensaios apenas se utili-zou a amostra CPB_P230_Calcinada, uma vez que é

proveniente de um depósito mineral conhecido, possui um grande volume e não se encontra explorado. Relati-vamente às amostras CPB foi escolhida a CPB_P230_Cal-cinada por apresentar valores mais satisfatórios nos en-saios Chapelle Modificado e Índice de Actividade.

Conclusões

Pelo ensaio DRX, foram determinados os minerais pre-sentes nas amostras. Maioritariamente, todas as amos-tras possuem, uma vez que provêm da alteração do granito, materiais constituintes do granito (micas - mos-covite e ilite, feldspatos - microclina e ortoclase, clorite, caulinite e, principalmente, o quartzo) e esmectite.A Análise Química Quantitativa por Espectrometria de Fluorescência de Raios X permitiu concluir que todas as amostras possuem sílica e alumínio em maiores quanti-dades, evidenciando desde logo que podemos estar na presença de um produto com propriedades pozolânicas.Os materiais ensaiados apresentam valores inferiores aos mínimos admissíveis a um produto do tipo me-tacaulino destinado ao uso do fabrico do betão em

substituição parcial do cimento Portland.No ensaio de Perda de Massa por Calcinação obtiveram--se valores muito inferiores aos que vários autores consi-deram valores admissíveis (13 a 14 %).Podemos ainda concluir, pelo ensaio de Perda ao Fogo, que a temperatura de calcinação escolhida, assim como o tempo de exposição, foram praticamente suficientes para retirar toda a água da estrutura e obter então uma estrutura amorfa, uma vez que os valores são muito bai-xos. Pelo ensaio DRL constata-se que estes produtos são de difícil modificação granulométrica.Na realização do ensaio do Azul-de-Metileno, observou--se que todas as amostras estudadas têm valor de Azul--de-Metileno inferior a 10gcorante/Kg, sendo por isso

Determinação do tempo de presa

Mistura Padrão 10 % Metacaulino 20 % Metacaulino

Distância entre a extremidade da agulha e a placa de base do princípio de presa (6 ± 3 mm)

8 9 4

Princípio de Presa (min) 145 150 140

Fim de Presa (min) 240 240 240

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Referências

Davidovits, J. (1991). Geopolymers: Inorganic Polymeric New Materials. Journal of Thermal Analysis , 1633-1656.Gllagher, P., & Elsevier, R. B. (2003). Handbook of Thermal Analysis and Calometry. Applications to inorganic and mis-cellaneous materials.Nascimento, R. M. (2009). Estudo da aditivação do metacaulim de alta reatividade, produzido por meio do método de calci-nação Flash em cimento Portland. Universidade Federal do Panamá. Curitiba: Dissertação de Mestrado.Netto, R. M. (2006). Materiais Pozolânicos. Universidade Fede-ral de Minas Gerais: Monografia para especialização em Cons-trução Civil.Nitta, C., & John, V. M. (2007). Materiais pozolânicos: o meta-caulim e a sílica ativa. In Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado.Pinto, A. T. (2004). Sistemos ligantes obtidos por activação al-calina do metacaulino. (p. 450). Escola de Engenharia da Uni-versidade do Minho: Dissertação de Doutoramento.Rocha, G. G. (2005). Caracterização Microestrutural do Meta-caulim de Alta Reatividade. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte: Dissertação de Mestrado.Sampaio, J., Coutinho, J., & Sampaio, N. (2001). Melhoria do desempenho de betões pelo metacaulino. 43º Congresso Bra-sileiro do Concreto .Torgal, F., Castro-Gomes, J., & Jalali, S. (2005). Ligantes geopo-liméricos: Uma alternativa ambiental ao cimento portland no contexto da economia do carbono. Associação Portuguesa das Empresas de Betão pronto (APEB).

Normas e Especificações

IPQ – Instituto Português da Qualidade, 2000. NP EN 196-1: Métodos de ensaios de cimentos. Determinação da resistência mecânica.IPQ – Instituto Português da Qualidade, 2006. NP EN 196-2: Métodos de ensaios de cimentos – Análise química de cimen-tos.IPQ – Instituto Português da Qualidade, 2000. NP EN 196-3 Mé-todos de ensaio do cimento. Determinação do tempo de presa e expansibilidade.IPQ – Instituto Português da Qualidade, 2006. NP EN 196-5: Método de ensaio de cimentos. Parte 5: Ensaio de pozolanici-dade dos cimentos pozolânicos.IPQ – Instituto Português da Qualidade, 1990. NP EN 196-6: Método de ensaio de cimentos. Parte 6: Determinação da fi-nura.IPQ – Instituto Português da Qualidade, 2001. NP EN 197-1 Ci-mento. Parte 1: Composição, especificações e critérios de con-formidade para cimentos correntes.IPQ – Instituto Português da Qualidade, 2002. NP EN 933-9: Ensaio das propriedades geométricas dos agregados. Parte 9: Determinação do teor de finos. Ensaio do Azul-de-Metileno.IPQ – Instituto Português da Qualidade, 2002. NP EN 1097: Ensaio das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 7: Determinação da massa volúmica do Filler (Método do Picnómetro).IPQ – Instituto Português da Qualidade, 2006. NP EN 12390-3: Ensaios do betão endurecido. Resistência à compressão dos provetes.LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia, 2011. Car-ta Geológica de Portugal.NF P18-513 – Ensaio Modificado de Chapelle.

produtos de boa qualidade.No ensaio de Chapelle Modificado foi possível concluir que as amostras possuem reactividade pozolânica, sen-do a amostra CPB_P230_Calcinada a que possui valores mais altos de reactividade. Comparando os valores des-te ensaio com os valores do DRL é possível confirmar que a actividade pozolânica aumenta com a diminuição da dimensão média das partículas. Para enfatizar estes resultados foi realizado o ensaio de Pozolanicidade, o qual comprovou, mais uma vez, a pozolanicidade dos produtos.Já nos ensaios de resistência do betão, foi possível con-cluir, pelo ensaio do Índice de Actividade que a amos-tra CPB_P230_Calcinada revelou valores satisfatórios tanto na resistência à compressão como na resistência à flexão, 22,9 MPa e 5,1 Mpa respectivamente, contra 19,7 MPa e 4,6 MPa dos provetes padrão. Comparando

estes valores com os valores do ensaio de pozolanicida-de é ainda possível apurar que a amostra que possui um menor índice de actividade é a amostra que possui um menor índice de pozolanicidade: Arg_P200_Calcinada.No ensaio à compressão, foi possível determinar que, quando comparados com os provetes padrão, os prove-tes de mistura com 10% de metacaulino (CPB_P230_Cal-cinada) obtiveram melhores resultados aos 7 e 28 dias. O facto de ao 3º dia a mesma mistura apresentar valores inferiores de resistência, deve-se ao facto de as reacções químicas de hidratação e as reacções pozolânicas esta-rem a ocorrer ao longo do tempo.No ensaio Tempo de Presa, embora não haja variabilida-de de valores nas diferentes misturas, há indícios de que a adição de metacaulino à mistura provoca uma dimi-nuição da trabalhabilidade.

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Carbonatadas e Terra Rossa

Ruben Martins (1), Ana Marta Cunha (2), André Ventura (2), Luís Lopes (3)

(1) Departamento de Geociências, Universidade de Évora, Portugal e GeoBioTec Centro de Invest igação, FCT (e-mail: [email protected], [email protected])(2) Departamento de Geociências, Universidade de Évora (e-mail: [email protected])(3) Departamento de Geociências, Universidade de Évora, Portugal; Associação Valor Pedra – Clus ter da Pedra Natural & Centro de Geofísica de Évora, FCT (e-mail: [email protected])

Resumo

Há mais de dez anos que investigadores e alunos do De-partamento de Geociências da Universidade de Évora (DGUE) têm estudado diversas aplicações industriais para os subprodutos resultantes da extracção e transformação de rochas ornamentais carbonatadas. A proximidade e o bom relacionamento com as empresas que no triângu-lo geográfico Estremoz – Borba – Vila Viçosa, extraem e transformam os mármores no anticlinal de Estremoz, tem potenciado a investigação, no sentido de contribuir para a

diminuição dos impactes ambientais causados por aquela indústria.O presente artigo destina-se a divulgar os estudos efectu-ados sobre o pó resultante do corte, serragem e polimento de mármores que, apesar das suas potencialidades, ainda não é utilizado industrialmente, bem como a terra-rossa proveniente das destapações efectuadas para a abertura ou alargamento de pedreiras.

Introdução

A indústria extractiva e transformadora de rochas orna-mentais tem uma larga tradição em Portugal, com par-ticular destaque no anticlinal de Estremoz que, durante décadas foi o principal pólo extractivo através dos seus mármores. Estes apresentam aspectos cromáticos des-de os brancos, cremes e rosa até aos azuis mais ou me-nos escuros e texturas que variam do liso e homogéneo até padrões vergados e ondulados. Actualmente, os cal-cários explorados no Maciço Calcário Estremenho, pri-vilegiados pelo mercado chinês, constituem a principal cota do mercado de rochas ornamentais em Portugal.O passivo ambiental é comum ao anticlinal de Estremoz

e ao Maciço Calcário Estremenho. Em ambos, os proble-mas ambientais exigem de todos os agentes envolvidos no sector (empresas, governo, universidades e centros tecnológicos e de investigação) um maior empenho, no sentido de tornar esta indústria auto-sustentável e ami-ga do ambiente. Nesta linha de acção o DGUE (Depar-tamento de Geociências da Universidade de Évora) tem desenvolvido estudos no sentido de aplicar as lamas provenientes do corte, serragem e polimento de rochas ornamentais carbonatadas, na indústria cerâmica, parti-cularmente na faiança e em pastas monoporosas para o fabrico de pavimentos cerâmicos.

pela Universidade de Évora

Estudos de Aplicabilidade de Lamas

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Fig. 1 – Depósito de terra rossa.

Enquadramento do Estudo

Apesar da exploração dos mármores alentejanos re-montar à Época Romana, pode considerar-se que a mo-derna exploração teve início por volta da década de 30 do século passado. Desde então, e embora com algum atraso, foi acompanhando o desenvolvimento tecnoló-gico mundial do sector o que se reflectiu num aumento acentuado da produção e consequentemente nos im-pactes ambientais associados à acumulação de resíduos provenientes da actividade industrial.Apesar da crise mundial, as estatísticas têm revelado uma ligeira subida na produção de rochas ornamen-tais portuguesas, com os mármores e outros calcários em 2006 a apresentarem uma produção de 836 674 T (83 496 €) e os granitos e rochas similares, no mesmo ano a apresentarem uma produção de 768 260 T, (37 784 000 €) (Boletim de Minas, 2007). Os números são

elucidativos da importância que a extracção de már-mores e calcários tem em Portugal. A nível mundial esta produção coloca Portugal em 9º lugar no ranking dos países produtores de rochas ornamentais atrás da Chi-na, Índia, Irão, Itália, Turquia, Espanha, Brasil e Egipto, dispostos por ordem decrescente de importância.Qualquer desenvolvimento económico tem o “reverso da medalha”, principalmente quando o domínio de ac-ção tem a ver com a exploração de recursos naturais, acarretando um conjunto de impactes negativos. Entre os principais impactes sentidos, contam-se: a) Geoló-gico, visto ser o objecto de exploração, levando ao seu esgotamento; b) Solo e consequentemente o coberto vegetal, pois trata-se de um extracto de grande impor-tância de suporte para todo o ecossistema e que é des-truído para possibilitar a abertura de uma pedreira; c)

Desenvolveram-se igualmente estudos de aplica-ção deste subproduto na produção de compósitos e ainda no fabrico de papel.Também a terra rossa resultante da destapação efectuada aquando da abertura de pedreiras em maciços carbonatados é efectivamente conside-rada não resíduo mas subproduto, porque possui características físicas, químicas e mineralógicas, que podem permitir a sua utilização como maté-ria-prima, particularmente na indústria cerâmica (Cunha, 2010).

A “terra rossa ” é um solo residual resultante da disso-lução de calcários ou mármores, constituindo, por isso, um horizonte de solo típico de terrenos com relevo cár-sico, como acontece no anticlinal de Estremoz que abar-ca os Concelhos de Sousel, Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal, numa zona com extensão estimada em 40 km e largura máxima estimada em 9 km.Na zona das pedreiras a remoção do solo de terra ros-sa permite a exposição do mármore e a sua eventual exploração. Então, o solo de terra rossa é acumulado

na vizinhança das cavidades formadas (fig. 1), muitas das vezes em situações instáveis e de potencial perigo-sidade. Na maioria das situações, o solo referido não é objecto de qualquer aproveitamento, nem mesmo para enchimento e recuperação ambiental das pedreiras, porque como a actividade extractiva se prolonga por várias décadas, o solo é contaminado por resíduos de outra natureza, também eles provenientes da extracção de mármores, como é o caso de fragmentos de mármo-re.

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Água, com alteração radical das linhas de água e de toda a rede hidrográfica, turvação e contaminação das águas superficiais pela suspensão de partículas sólidas finas, contaminação pontual de aquíferos e águas superficiais por óleos e hidrocarbonetos; d) Ecológico, com pertur-bações significativas ao nível da fauna e da flora, visto haver uma alteração profunda dos habitats; e) Paisagís-tico, com realce para os impactes visuais, pelas dimen-

sões das escombreiras que sobressaem da topografia original; f ) Ruído, poeiras e vibrações, sendo aspectos inerentes a toda actividade extractiva, fazendo-se sentir quando as unidades industriais se localizam próximo de centros urbanos; g) Socioeconómico que, neste parti-cular, na maioria dos casos é positivo, visto tratar-se de uma actividade que origina postos de trabalho e aporta riqueza às regiões.

Materiais e Métodos

Lamas

Tratando-se de dois materiais completamente distintos, a abordagem aos estudos desenvolvidos para as lamas e para a terra-rossa será efectuada separadamente.Nas pedreiras os resíduos provenientes deste sector podem ser de grandes dimensões (blocos não comer-cializáveis, por possuírem defeitos). Nas fábricas, os re-síduos de grandes dimensões são constituídos por cha-pas partidas ou também com defeitos. Normalmente, os resíduos de média dimensão são provenientes das

Fig. 2 – Depósito controlado de lamas “natas”, da empresa Criamármores.

Estima-se que em Portugal a produção de resíduos provenientes destas duas actividades industriais ronde valores superiores a 126 t / ano de resíduos de massa mineral e um valor superior a 106 t / ano de lamas ou lodos (Ventura, A., 2008).

As metodologias de trabalho adoptadas tiveram os seguintes objectivos:

• Ensaios de caracterização das lamas provenientes da transformação de mármore e de calcário; as lamas estuda-das foram recolhidas nas unidades de transformação: Marbrito, Indústrias Reunidas de Mármores, Lda, Plácido José Simões, S. A., Dimpomar, Rochas Portuguesas, Lda., Criamármores, Mármores Portugueses Lda e Alandro-mar, Transformação de Mármores Lda.;

• Caracterização do comportamento das lamas aplicadas na indústria cerâmica, indústria do papel e compósitos; • Caracterização tecnológica dos materiais elaborados com as lamas.

fábricas, tal como a maioria dos resíduos de granulo-metria mais fina. Estes últimos são lamas (Fig. 2), vulgar-mente denominadas “natas” e resultam do corte, serra-gem e polimento dos mármores e calcários, devido ao facto de todos estes processos serem efectuados com água, para refrigeração dos equipamentos e limpeza dos golpes. Este resíduo é também produzido em abun-dância nas unidades extractivas.

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Terra rossa

Tendo como principal objectivo a aplicação da terra rossa, resultante do início da actividade extractiva de rochas ornamentais nos Concelhos de Vila Viçosa e de Borba, na olaria produzida na Vila de Redondo e na al-deia de S. Pedro do Corval, foi elaborado o seguinte pla-neamento dos trabalhos: a) Campanha de amostragem de terra rossa; b) Ensaios laboratoriais de caracterização físi co-química; c) Ensaios laboratoriais de caracterização tec nológica; d) Ensaio industrial.

Foram seleccionados locais dos Concelhos de Vila Viçosa e de Borba que revelaram os maiores depósitos de ter-ra rossa e que dariam garantias de pouca ou nenhuma contaminação por outros materiais, permitindo assim a sua futura aplicação cerâmica. Desta forma procedeu-se à recolha de seis amostras, pesando cada uma cerca de

20 a 25 Kg, nas zonas de Vila Viçosa e Borba, tendo-se ainda recolhido uma amostra, para efeitos comparati-vos, na Herdade do Azinhalinho, Concelho de Redondo. Esta última amostra foi a única colhida fora da zona das pedreiras, num terreno onde, ainda actualmente, se re-colhe barro para olaria.Os estudos de caracterização física, química e minera-lógica foram desenvolvidos nos Laboratórios do Depar-tamento de Geociências da Universidade de Évora e na Unidade de I&D GeoBioTec da Universidade de Aveiro. Todos os ensaios tecnológicos realizados nas matérias--primas e nas pastas foram efectuados no Laboratório do CENCAL – Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, nas Caldas da Rainha. A conforma-ção de peças foi executada na olaria XT, do Mestre Xico Tarefa na Vila de Redondo.Posteriormente, depois de conformadas, secas e cozi-das, as peças foram de novo submetidas a ensaios tec-nológicos, no Laboratório do CENCAL.

Ensaios de Caracterização das Lamas

Distribuição Dimensional do Grão

A distribuição dimensional do grão foi obtida a partir de um granulómetro laser (Fritsch), numa amostra de mistura. Como se pode constatar no Quadro I, dos resultados obtidos observa-se que as lamas são constituídas por uma frac-ção muito fina de partículas, com 99,80% inferiores a 40 µm.

Quadro I – Distribuição dimensional do grão

Massa Volúmica Aparente

A lama é uma substância constituída por resíduos provenientes do tratamento de diferentes tipos de rochas carbona-tadas para a qual foi determinada uma massa volúmica aparente média de 2,73 t/m3.

Percentagem Cumulada Passada Dimensão do Grão

99,80% 40,0 µm

94,70% 30,0 µm

81,10% 20,0 µm

62,74% 10,0 µm

54,40% 7,0 µm

45,64% 5,0 µm

39,80% 4,0 µm

23,89% 2,0 µm

6,00% 0,5 µm

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Composição Química

No Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro (DGUA), efectuaram-se análises químicas à frac-ção menor que 63 µm de uma mistura constituída por lamas provenientes das várias unidades de transforma-ção. Os métodos utilizados foram a espectrometria de

fluorescência de Raios X (FRX), perda ao rubro e espec-trofotometria de chama. No Quadro II estão referidos os valores obtidos para todos os elementos químicos e óxidos analisados.

Quadro II – Composição química de uma lama de mistura

Relativamente aos principais óxidos, a análise do qua-dro II mostra 52,82% para o CaO e perda ao rubro de 43,38% (CO2), reflectindo uma forte componente car-bonatada. Os restantes elementos químicos analisados apresentam valores vestigiais, indicando por isso que,

alguns destes elementos provenientes de mecanismos de corte e serragem não têm expressão significativa nas amostras analisadas. As análises revelaram ainda uma lama ligeiramente siliciosa.

Análise Mineralógica

O método analítico utilizado foi o método das poeiras cristalinas, sendo o modelo de difracção (técnica de di-fractometria de pós) registado sob a forma de gráfico ou de espectros de difracção. Para a obtenção dos difrac-togramas, utilizou-se o equipamento existente DGUA, um difractómetro Phillips, constituído por um gerador PW 1130/90, um goniómetro PW 1050/70, um “diffracto-meter control” PW 1710 e um registador PM 8203A. Foi utilizada a radiação Kα Cu (λ = 1,5405 Å), filtrada (filtro de Ni), com monocromatização não completa. As con-dições operacionais foram as seguintes: 30 mA, 50 kV, sensibilidade de 2×103, velocidade de rotação do go-niómetro de 1º (2θ)/min e velocidade de deslocamento

do papel de registo de 1 cm/min. Os difractogramas re-velaram um cortejo mineralógico extremamente monó-tono, sendo as lamas constituídas essencialmente por calcite, apresentando ainda uma pequena quantidade de quartzo e uma percentagem muito reduzida de do-lomite (Ventura, 2008).Cruzando a informação obtida pela DRX e pela FRX, con-clui-se que os difractogramas vêm corroborar os dados que a análise química proporcionou. De facto, as lamas possuem elevados teores de carbonato de cálcio, daí o mineral predominante ser a calcite. Também se consta-tou que a sílica era a segunda componente, apesar de apenas possuir teores na ordem dos 2%.

Expansibilidade

Este ensaio teve como objectivo determinar possíveis variações de volume (expressas em percentagem) que a lama pudesse sofrer em condições bem definidas de compactação. Esta variação de volume tem a ver com a capacidade de absorção da lama quando colocada em contacto com a água. A justificação deste ensaio reside na possibilidade de aplicação deste material na constru-ção rodoviária, construção civil, selagem de aterros sani-tários, indústria cimenteira, entre outros.Realizaram-se ensaios em lotes de lamas em amostras “tal e qual” e em amostras com grão inferior a 38 µm. Nas amostras “tal e qual” obteve-se um valor médio de expansibilidade de 7% e para as amostras inferiores a 38 µm um valor de 6%. Efectivamente, as amostras

tiveram comportamentos semelhantes, tendo-se ve-rificado uma expansibilidade muito rápida durante os primeiros minutos do ensaio, não ultrapassando os 20 min, para depois ir diminuindo até estabilizar ao fim de algumas horas, não ultrapassando as 5h.

Limites de Consistência

Com vista a futuras aplicações em aterros, efectuou-se também a avaliação dos limites de consistência, com o objectivo de analisar a resposta que as lamas dão a pequenas variações de água. Os resultados obtidos re-velaram o valor de 21% para o limite de liquidez (L.L.), 20% para o limite de plasticidade (L.P.) e para o valor do

MgO Al2O3 SiO2 CaO TiO2 Fe2O3T MnO Na2O K2O P.R.

Lamas 0,61% 0,40% 2,25% 52,82% <200ppm <200ppm <200ppm 0,30% 0,16% 43,38%

Ba Nb Sr Zn Cu Ni Cr Pb As W Cd Co

Lamas 56ppm 4ppm 112ppm 21ppm 19ppm 21ppm 22ppm 21ppm 6ppm 8ppm <5ppm <25ppm

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índice de plasticidade (I.P.) (diferença entre os limites anteriores) de 1%. Com o aumento do teor em água, o material passa rapidamente de um estado semi-sólido para um comportamento líquido, passando por um

estado plástico num intervalo de teor de humidade mui-to reduzido. Pelo valor I.P. obtido conclui-se que as lamas possuem um comportamento não plástico.

Ensaios de Caracterização da Terra Rossa

Ensaios Laboratoriais de Caracterização Físico-Química

Os ensaios de caracterização e de avaliação das proprie-dades físicas e químicas que, em regra, são aplicados a argilas com a finalidade de avaliar a potencialidade para manufactura de cerâmicas, como é o caso da ola-ria, compreendem os seguintes: análise granulométrica, expansibilidade, teor de humidade, plasticidade, limites de consistência, determinação da percentagem de ma-téria orgânica, difractometria de raios-X para determi-nação da composição mineralógica e espectrometria de fluorescência de raios-X para determinação da compo-sição química, foram realizados nas seis amostras e nas duas pastas preparadas industrialmente.Posteriormente toda a matéria-prima que restou dos ensaios de caracterização física, química e mineralógica foi moída e sofreu um corte granulométrico a 0,125 mm, para aproveitamento da fracção inferior a 0,125 mm, a qual foi sujeita novamente aos ensaios de caracteriza-ção.A moagem seguida de peneiração a 120 mesh (0,125 mm) teve como objectivo uniformizar granulometrica-mente as amostras e eliminar os grãos mais grosseiros que poderiam posteriormente comprometer os resul-tados finais. De facto, a existência de grãos maiores de material carbonatado, como é o caso de pequenos

fragmentos de mármore, são penalizantes numa pasta cerâmica, visto que, após cozedura podem originar de-feitos nas peças, vulgarmente conhecidos por eclosões calcárias, materializadas por rebentamentos e fractura-ção resultantes da expansão volumétrica devida à reac-ção da cal apagada (CaO) com a água.Os ensaios de caracterização física e química revelaram a importância da moagem e posterior corte granulomé-trico a 0,125 mm, tendo em vista que as amostras estu-dadas após este tratamento apresentem características de granularidade e índice de plasticidade semelhantes às pastas cerâmicas comerciais (Interpastas e Ceramica Collet).A determinação do índice de plasticidade (Quadro III) através dos limites de consistência permite avaliar a plasticidade e trabalhabilidade dos materiais ensaiados, provenientes dos diferentes depósitos de terra rossa, estudados, dos barros do Azinhalinho, junto da Vila de Redondo e finalmente das pastas Interpastas e Cerâmica Collet. Sendo o objectivo desta investigação a aplicação de “terra rossa ” na olaria, este ensaio torna-se ainda mais importante uma vez que permite avaliar a plasticidade das matérias-primas e prever determinados comporta-mentos e resultados nos ensaios tecnológicos.

Quadro III - Índices de plasticidade das amostras após moagem

Após observação do quadro anterior constata-se que, exceptuando a amostra da Lagoa Linha de Água, todas as ou-tras apresentam valores de índice de plasticidade semelhantes e até superiores aos das pastas comerciais.

Matérias-primas Índice de Plasticidade (%)

Borba VV 14

Depósito Monte Lagoa 19

Lagoa Linha de Água 6

Destapação Biblio VV I 14

Destapação Biblio VV II 20

Azinhalinho 14

39,80% 16

Interpastas 13

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Ensaios de Aplicabilidade das Lamas

Aplicação em Compósitos

Os ensaios foram realizados na empresa RMC – Reves-timentos de Mármores Compactos S.A., onde se proce-deu à substituição integral do calcário moído, tradicio-nalmente usado no fabrico de blocos, pelo pó resultante da secagem prévia das lamas. A RMC produz blocos de “mármores compactos” utilizando para o efeito uma mistura de fragmentos rochosos com diferentes dimen-sões, com carbonato de cálcio, proveniente da microni-zação de calcários, uma resina poliéster e corantes que conferem a tonalidade desejada à matriz que comporta os fragmentos maiores. Foram efectuados vários en-saios laboratoriais, tendo o estudo culminado com um ensaio à escala industrial, no qual se produziu um bloco de 7 t e de dimensões 3,00 m x 1,25 m x 0,70 m. Na pro-dução deste bloco, foi utilizado cerca de 450 kg de pó

Fig. 3 – Chapas serradas.

Todas as chapas foram aplicadas em obra e também se efectuaram algumas peças por medida (Fig. 3).

Realizaram-se ainda ensaios de resistência mecânica de provetes, sob a acção de uma carga pontual. Esta avalia-ção foi realizada somente em provetes resultantes dos ensaios à escala laboratorial, tendo-se obtido valores para o ensaio diametral em provetes secos entre 5,17

e 6,95 N/mm2. O valor médio em provetes molhados ficou-se por 5,50 N/mm2. Nos ensaios axiais os valores desceram ligeiramente, tendo-se obtido um valor mé-dio de 5,00 N/mm2 para provetes secos e 4,19 N/mm2 para provetes molhados.

resultante da secagem das lamas, o que constitui aproxi-madamente 6,31% do total do material empregue. Após secagem à temperatura ambiente, o bloco foi serrado em chapas (fig. 3) que posteriormente foram polidas. Após polimento as placas foram analisadas tendo-se verificado que a ligação pedra-massa se apresentava perfeita, não aparecendo rugosidades nem sulcos nas superfícies de contacto com os fragmentos rochosos. Quanto ao polimento, verificou-se uma boa resposta por parte das superfícies trabalhadas, apresentando uma tonalidade homogénea. A distribuição dos frag-mentos rochosos de diferentes dimensões apresentava também boa uniformidade, conferindo às chapas poli-das um padrão estético aceitável.

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Quadro IV – Resultados comparativos do ensaio industrial

Aplicação na Indústria Cerâmica

Pastas para Faiança:As lamas, sendo constituídas fundamentalmente por carbonato de cálcio (calcite), podem funcionar como fundentes numa pasta de faiança e também como de-sengordurante, reduzindo a excessiva plasticidade in-duzida pela componente argilosa e a consequente con-tracção do corpo cerâmico, facilitando assim a secagem, no molde ou fora dele. Juntamente com a areia (sílica) serve ainda para elevar a dilatação térmica do corpo ce-râmico evitando-se defeitos de deformação e fissuração no produto final.

Os ensaios foram realizados no Cencal – Centro de For-mação Profissional para a Indústria Cerâmica, nas Caldas da Rainha, onde foi possível estabelecer uma compa-ração entre o comportamento de uma pasta padrão e duas pastas onde foi incorporado o carbonato de cálcio proveniente das lamas. Após terem sido realizados tes-tes preliminares às duas pastas com lama, realizou-se um ensaio industrial no qual se optou pela formulação da pasta 2, com incorporação de 12% de CaCO3 prove-niente das lamas. Os resultados comparativos do ensaio industrial podem ser observados no Quadro IV.

Pasta Nº 2 Pasta Padrão

Densidade 1,70 1,70

Fluidez 295 º G 310 ºG

Tixotropia 145 ºG 120 ºG

Desfloculante 0,25% 0,30%

Resistência mecânica em crú 45 kgf/cm2 55,8 kgf/cm2

Resistência mecânica em cozido (1005 ºC) 328,2 kgf/cm2 313,1 kgf/cm2

Contracção húmido / seco 3,2 % 3,4 %

Contracção seco / cozido /1005 ºC) 0,37 % 0,62 %

Contracção total 3,56 % 4,0 %

Absorção 16,8 % 16,0 %

Coeficiente de expansão térmica linear aos 400 ºC 71,45x10-7ºC-1 66,85x10-7ºC-1

Espessura de parede em 25 min 4,0 mm 4,0 mm

Tempo de desmoldagem 50 min 60 min

Cor Branco Branco

"Os ensaios foram realizados no Cencal – Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, nas Caldas da Rainha"

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Fig. 4 – Peças de faiança realizadas no ensaio industrial

No ensaio industrial elaborou-se uma grande va-riedade de peças cerâmicas (Fig. 4), com diferentes formatos e dimensões, no sentido de avaliar o com-portamento da pasta e do acordo pasta - vidrado às diferentes formas, um ensaio que se revelou muito positivo.

Pastas para Produção de Cerâmica Monoporosa:O carbonato de cálcio sob a forma de calcite microniza-da é correntemente incorporado em teores não superio-res a 15%, em pastas baseadas em argila utilizadas para o fabrico de mosaico cerâmico de revestimento através de processo de monocozedura (Barba et al., 2002; Biffi; 2002; Gomes, 2002). Os ensaios foram realizados nas instalações da Sorgila, Sociedade de Argilas, S.A., que também forneceu a calcite moída que utiliza tradicio-nalmente no fabrico de cerâmica monoporosa.Foram preparadas seis pastas cerâmicas, sendo que a pasta cerâmica E1 foi a pasta padrão e as restantes pas-tas E2, E3, E4, E5 e E6 tiveram diferentes formulações e percentagens de CaCO3 entre 6,5% e 13%. Os corpos de prova foram submetidos às temperaturas de coze-dura de 1025ºC, 1050ºC, 1075ºC, 1100ºC e 1150ºC. Estes provetes depois de cozidos foram submetidos a dife-rentes testes para avaliar o seu comportamento face às seguintes propriedades: resistência mecânica à flexão, absorção de água e retracção seco/cozido. Dos ensaios realizados, salientamos que à cozedura 1025 ºC a pas-ta E4 foi a que apresentou os melhores valores, quer da resistência mecânica à flexão (208kgf/cm2), quer da

absorção de água (18.9%). A pasta padrão ou de refe-rência E1 apresentou o valor mais baixo de RMF (135kgf/cm2) e valor mais alto de absorção de água (21.3%). À temperatura de cozedura de 1050 ºC a pasta E3 revelou o valor mais elevado de R.M.F., estimado em 200kgf/cm2, seguida pela pasta E6 com 191kgf/cm2. À temperatura de 1075 ºC as pastas E3, E4, E5 e E6 proporcionaram va-lores de RMF superiores a 200kgf/cm2. À temperatura de cozedura de 1100 ºC as pastas E3, E4 e E5 mostra-ram os mais elevados valores de retracção seco/cozido, os quais causaram as maiores contracções nos produtos finais respectivos mas proporcionaram igualmente altos valores de resistência mecânica à flexão 247kgf/cm2, 260kgf/cm2 e 250kgf/cm2, respectivamente, e ainda baixas absorções de água. Finalmente à temperatura de cozedura de 1150 ºC as pastas E3, E4 e E5 revelaram ele-vados valores de retracção seco/cozido, quase o dobro dos valores obtidos nas pastas E1, E2 e E6, mostrando ainda os valores mais altos de resistência à flexão e as mais baixas absorções de água. Por sua vez a pasta E4, com incorporação de 13% de pó proveniente das lamas é distinguida por proporcionar 355kgf/cm2 de RMF e somente 8.2% de absorção de água.

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Quadro V – Resultados dos ensaios

Indústria do Papel

A produção de papel pelo sistema alcalino, permite a utilização de carbonatos de cálcio, como carga (“filler”), em substituição do caulino.Os ensaios foram realizados na RAIZ – Instituto de In-vestigação da Floresta e Papel, em Eixo, Aveiro, tendo consistido no fabrico de papel de impressão e escrita com uma gramagem aproximadamente de 80 g/m2. Fi-zeram-se várias experiências com substituição do cauli-no, por carbonato de cálcio nas seguintes percentagens: 0%, 10%, 20% e 30%. No Quadro V apresentam-se os resultados mais relevantes.Constataram-se algumas incoerências na evolução dos

resultados obtidos em relação às percentagens de carga mineral. Na gramagem, por exemplo, a folha de papel com 20% de carga mineral não obedece ao comporta-mento geral, pois o seu valor deveria ser inferior ao de 10%. Também no ensaio de espessura, seria suposto esta ir diminuindo à medida que se incorpora pigmen-to, o que não se verificou no provete de 30%. Também se observaram anomalias na massa volúmica, índice de mão e no cálculo das cinzas. Tais anomalias podem ter a ver, eventualmente, com uma não uniformidade dos provetes criados.

Características 0% 10% 20% 30%

Gramagem (g/m2) 88,50 82,70 84,70 80,00

Espessura (µm) 149,75 118,85 114,75 119,80

Massa Volúmica (g/cm3) 590,98 720,70 738,13 667,78

Índice de Mão (cm3/g) 1692,09 1437,12 1354,78 1497,50

Cinzas (%) 0 7 13 23

Retenção (%) - 70 65 77

Brilho ou Alvura 76,76 77,32 78,69 78,77

Amarelidez 9,91 9,98 10,15 9,87

Coef. Disp. Da Luz 306,18 335,66 428,83 452,10

Absorção 5,00 5,18 5,10 5,45

Opacidade 87,05 88,45 91,26 92,05

Índ. De Rebentamento (KN/g)

5,13 4,03 3,01 2,35

Índ. De Res. À Tracção Long. (Nm/g)

100,9 91,5 69,9 63,9

Índ. De Res. À Tracção Transv. (Nm/g)

50,2 40,4 35,4 27,7

Orientação 0,50 0,44 0,51 0,43

Índ. De Rasgamento Long. (mNm2/g)

5,14 4,72 3,97 3,83

Índ. De Rasgamento Transv. (mNm2/g)

3,89 3,31 2,38 2,50

Resistência ao Ar Gurly (s/100 ml)

18,56 19,93 18,42 24,21

Lisura (ml/min) 268,13 346,67 650,00 672,22

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Quadro VI - Resistência mecânica à flexão após secagem e cozeduras a 870ºC e 970ºC

Ensaios de Aplicabilidade da Terra Rossa

Os materiais moídos e de granulometria inferior a 0,125 mm foram submetidos a ensaios tecnológicos reali-zados no CENCAL e, posteriormente, foram utilizados como pasta cerâmica, na conformação de peças produ-zidas na Olaria XT.Cada amostra foi então submetida a uma caracteriza-ção tecnológica que envolveu a avaliação da trabalha-bilidade, extrudabilidade e conformação, determinação da percentagem de retracção verde/seco, seco/cozido e total, resistência mecânica à flexão, percentagem de ab-sorção e análise termo-dilatométrica.

Os provetes foram submetidos a duas temperaturas de cozedura, 870 ºC e 970 ºC, sendo que os resultados dos ensaios cerâmicos das amostras de matérias-primas cozidas à temperatura mais elevada apresentaram, em geral, resultados mais satisfatórios, como é o caso da re-sistência mecânica à flexão que mostrou um aumento substancial das resistências entre a primeira e a segun-da temperatura de cozedura em todos os provetes, com particular realce para as resistências obtidas a 970 ºC que, nalgumas amostras, foram superiores às resistên-cias das pastas comerciais (Quadro VI).

Os ensaios tecnológicos industriais tiveram a colaboração do mestre oleiro Francisco Rosado, tendo a conformação das peças sido executada de forma tradicional em roda de oleiro. A secagem e a cozedura ocorreram na olaria Xico Tarefa, em Redondo (Fig. 5).

Fig. 5 – Mestre Xico Tarefa a elaborar uma peça na roda

Amostras RMF (kgf/cm2)

Secagem (110 ºC) Cozedura (870 ºC) Cozedura (970 ºC)

Ceramica Collet 96,88 251,02 390,11

Interpastas 69,27 181,94 259,03

Azinhalinho 146,03 333,91 263,24

Borba VV 29,35 156,95 321,09

Dep. Monte Lagoa 37,78 182,76 334,85

Dest. Biblio VV I 27,04 132,59 324,34

Dest. Biblio VV II 23,78 132,59 299,41

Lagoa Linha de Agua 19,57 47,02 52,92

As peças foram conformadas a partir de porções de cerca de 3 a 4 Kg da fracção inferior 0,125 mm. Foi--lhes acrescentada água e, posteriormente, amas-sadas para homogeneização. Depois de secas fo-ram cozidas num forno eléctrico até à temperatura máxima de 920 ºC.

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Conclusões

Lamas Carbonatadas

Todos os ensaios realizados têm revelado uma forte potencialidade de aplicação para as lamas “natas” pro-venientes do corte, serragem e polimento de rochas or-namentais carbonatadas.No que diz respeito à aplicação das lamas no fabrico de compósitos, os ensaios realizados evidenciaram que as chapas fabricadas reuniam os requisitos necessários para a sua comercialização. Os resultados dos parâme-tros avaliados em escala industrial foram, na globalida-de, idênticos aos obtidos para os mesmos parâmetros em escala laboratorial. A aplicação das lamas, nos dois sub-sectores da indús-tria cerâmica - pastas para faiança decorativa e pastas para cerâmica monoporosa para revestimentos - revela-ram desempenhos semelhantes ao carbonato de cálcio tradicionalmente utilizado que, para ser aplicado, terá que ser obtido a partir da fragmentação e moagem do calcário com custos inerentes a esta operação. De referir que, graças à distribuição dimensional do grão existente nas lamas resultantes da serragem e polimento (99,80%

inferior a 40 µm), este encontra-se perfeitamente mi-cronizado e com dimensões inferiores ao pó de calcá-rio (40% superior a 2 mm) tradicionalmente usado. Este facto reduz substancialmente o tempo de moagem e os custos energéticos, permitindo aumentos significativos na produção e melhores desempenhos das pastas cerâ-micas monoporosas, salientando-se o facto, para tem-peraturas de cozedura equivalentes, de as propriedades técnicas exigidas ao produto final serem mais bem con-seguidas nas formulações que incorporam as lamas ou “natas”, relativamente à formulação que incorpora calci-te moída.De todas as aplicações estudadas, foi na fabricação do papel que se obtiveram os piores resultados, devido a alguma aleatoriedade dos valores encontrados. Porém, os ensaios às propriedades físicas (índice de rasgamen-to, índice de resistência, índice de rebentamento) revela-ram valores de bom nível, reflectindo alguma qualidade das folhas de papel fabricadas, pelo que seria interes-sante desenvolverem-se mais estudos neste campo.

Fig. 6 – Peças vidradas

Nesta fase deu-se particular importância à grande experiência do Mestre Xico Tarefa e às opiniões que foi tecendo à medida que ia trabalhando na roda cada uma das amostras. Segundo a sua opinião todas as amostras revelaram boa apetência para a aplicação na olaria, excepto a amostra Lagoa Linha de Água, podendo esta, eventualmente, ser utilizada como desengordurante em pastas gordas, pois possui um índice de plasticidade inferior, uma granularidade mais grosseira e revela retracções totais baixas.

Uma das matérias-primas com melhor desempe-nho foi a do Depósito Monte da Lagoa, a qual re-velou uma plasticidade superior à amostra Borba VV, apresentando também muito boa trabalhabili-dade.

Depois de cozidas, as peças foram vidradas com vidrado transparente, referência V202 da Vitrifer. A temperatura de cozedura do vidrado rondou os 940 - 950 ºC.Após observação das peças (Fig. 6) concluiu-se que o vidrado aderiu perfeitamente em todas as peças, não se notando defeitos de enrolamento, excepção feita às peças manufacturadas com matérias-primas Lagoa

Linha de Água e Dest. Biblio VV I, que evidenciaram a formação de pequenas bolhas. No entanto, os defeitos observados, particularmente na peça conformada com a amostra Dest. Biblio VV I, não foram provocados pela qualidade das matérias-primas mas, provavelmente, pela não adequação do vidrado ao tipo de matéria-pri-ma.

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Terra Rossa

Os estudos desenvolvidos provaram que, tecnicamente, é viável a aplicação da terra rossa proveniente das des-tapações das pedreiras de Vila Viçosa e Borba em olaria, tendo as amostras “Depósito Monte da Lagoa”, “Borba VV” e “Destapação Biblio VV” revelado características próprias de matérias-primas cerâmicas de qualidade para olaria.De notar que a terra rossa foi submetida a ensaios tec-nológicos cerâmicos juntamente com duas pastas ce-râmicas comerciais, para efeitos comparativos. Porém, não se pode considerar as amostras de terra rossa como pastas cerâmicas, mas sim como matérias-primas ce-râmicas, visto que uma pasta é uma mistura de várias matérias-primas para poder atingir um comportamento cerâmico óptimo.Posto isto, os resultados obtidos nos ensaios cerâmicos

com terra rossa e nas peças cerâmicas com elas efectu-adas, são promissores atendendo aos valores obtidos, alguns deles rivalizando com os resultados correspon-dentes às pastas industriais.

A solução dos impactes ambientais provocados pela in-dústria extractiva e transformadora de rochas ornamen-tais não passa pela aplicação dos seus resíduos em ape-nas num número limitado de indústrias a jusante. Há que continuar a desenvolver projectos de investigação, no sentido de diversificar a aplicação dos resíduos, no-meadamente em indústrias com maior capacidade de utilização deste material, como a indústria cimenteira.

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Global Stone Congress 2012

A 4ª edição do único congresso internacional sobre pedra natural vai realizar-se este ano no Alentejo, de 16 a 20 de Julho.O triângulo dourado – Borba, Estremoz, Vila Viçosa – vai ser o palco das sessões de um encontro que inte-gra, também, visitas a várias empresas e pedreiras.Na ocasião, serão divulgadas algumas das acções desenvolvidas no âmbito do cluster da pedra natural portuguesa.A Portugal Mineral entrevistou Marta Peres, gestora, responsável técnica da Associação Valorpedra que integra a comissão organizadora do evento.

Portugal Mineral (PM) - Como e de quem / entidade é que surgiu a ideia de promover o 4º Congresso em Por-tugal, no Alentejo e com a organização a cargo da asso-ciação Valorpedra?

Marta Peres (MP) - Esta oportunidade surgiu na se-quência de uma comunicação portuguesa sobre o Clus-ter da Pedra Natural, apresentada durante a última edi-ção deste evento, que teve lugar em Alicante, Espanha. A comunicação suscitou a atenção dos participantes que manifestaram interesse em conhecer melhor esta organização estratégica do sector. A partir daqui e porque a VALORPEDRA é a associação que mobiliza todas as entidades do sector, decidiu-se avançar com este desafio. Este é o momento oportuno, numa fase em que o sector começa a ter resultados da sua actuação em cluster e em que perante a conjuntura mundial é preciso cada vez mais ser pró-activo.A escolha da sua localização prendeu-se com o facto de o centro tecnológico estar situado nesta região e ter infra-estruturas adequadas de apoio a este tipo de even-to e por ter havido da parte da CCDR Alentejo toda a disponibilidade para apoiar o congresso. No entanto irá privilegiar-se a promoção sectorial a nível nacional.

PM - Como é que definem este evento? É um congresso profissional ou científico? Quando se menciona a par-ticipação de “especialistas do sector” a que pessoas se estão concretamente a referir?

MP-É um evento que concilia a dimensão científica e tecnológica, com o contexto económico e social, poten-ciando a imagem do cluster português da pedra natural e apostando fortemente na promoção das regiões.É na fusão entre um congresso profissional e científico, que o GLOBAL STONE CON-GRESS 2012 se distingue. Pretende ser um palco privilegiado para a procura de siner-gias e para a difusão tecnológica e científica, e terá uma dimensão económica, abordando questões relacionadas com o mercado. É uma oportunidade para

difundir a imagem de Portugal e da pedra natural portu-guesa, associada a nichos de qualidade, com forte capa-cidade produtiva e tecnológica.Com esta particularidade, os especialistas do sector se-rão, não só aqueles que investigam e contribuem para os avanços técnicos e tecnológicos do sector, mas tam-bém se pretende ter uma forte participação de empresá-rios nacionais e internacionais.

PM - Este evento vai também estar aberto à participação das empresas/empresários? Se sim, acham que o pro-grama e as características do evento são susceptíveis de interessar os empresários do sector?

MP-Claro que sim, aliás tanto a dimensão científica como a económica interessam aos empresários.

Alem de ser um palco de difusão científica e tecno-lógica para o sector, a dimensão económica será as-segurada com a presença de importadores interna-cionais, arquitectos e irá apostar-se numa mostra do que melhor existe em Portugal relativamente ao sector da pedra natural.

Nos dias de hoje, com a quantidade de informação que circula e com a diversidade de eventos realizados em todo o mundo, é crucial que estes momentos, além de contribuírem para a difusão tecnológica e científica, tragam sinergias entre países e tenham uma dimensão económica relevante.

PM - Que tipo de congressistas e que tipos de partici-pantes são esperados para este Congresso? Globalmen-te estão a contar com quantos participantes? De que nacionalidades?

MP-Pelo histórico que o Global Stone já tem, pois esta é a 4ª edição deste evento, são esperados participantes não só da vertente científica do sector, mas também da vertente empresarial. Contudo, pela forma de organi-

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zação que está a ser levada a cabo, o leque de partici-pantes espera-se mais alargado. Ou seja, garantindo o necessário rigor e coerência científica, basilar para este género de congressos, pretende-se alavancar, com ati-vidades e a inclusão de conteúdos, uma maior partici-pação dos empresários/empresas do sector. Em simul-tâneo e pela primeira vez irão existir sessões específicas para os arquitectos e designers.Prevê-se, ainda, a participação de estudantes das uni-versidades e outras entidades ligadas ao ensino/forma-ção profissional.

PM - A Abirochas, associação brasileira da indústria das rochas ornamentais, integra a comissão organizadora. Porquê?

MP-Por variadíssimas razões, a principal prende-se com o facto de ter sido esta associação brasileira a lançar e a organizar o primeiro GLOBAL STONE CONGRESS. Outra razão é que, juntamente com o CETEM (Centro de Tec-nologia Mineral do Brasil), têm sido parceiros de enti-dades portuguesas em vários projectos, pelo que a sua participação na organização do GSC 2012 acaba por ser uma actuação de continuidade. Por fim, esta associação está a organizar uma comitiva de entidades e empre-sários brasileiros, para participação no congresso, em Portugal.

PM - De que forma é que vão fazer a prévia divulgação do evento, em Portugal e no estrangeiro?Quais os canais de divulgação que vão ser utilizados? E de que forma é que vão tentar captar a cobertura noti-ciosa do evento, durante a sua realização?

MP-A divulgação já foi iniciada há largos meses envol-vendo todos os parceiros internacionais de relevo.Os canais que já estão a ser utilizados são a imprensa, a internet (site: www.globalstonecongress.com), as rá-dios.O facto de as entidades portuguesas envolvidas partici-parem e terem uma rede alargada de contactos interna-cionais tem potenciado os efeitos de divulgação.Como se pretende que haja participação de arquitectos, principais prescritores da pedra natural, está a ser esta-belecido um protocolo com a Ordem dos Arquitectos de forma a facilitar a divulgação e potenciar a sua partici-pação.Recentemente, alguns responsáveis estiveram em Vi-toria- Brasil na STONE FAIR e o evento foi amplamente divulgado e suscitou bastante interesse, não só da parte de entidades relacionadas com o sector, mas também de empresários da pedra natural.

PM - Que diferenças/mais-valias/características parti-culares apresenta esta 4ª edição em relação às edições anteriores?

MP-O facto de ter uma dimensão económica e social, abordando questões relacionadas com o mercado, traça uma particularidade face a todas as edições realizadas anterior-mente. Ao mesmo tempo, o cluster da pedra natural pretende levar todos os congressistas a conhe-cer “in loco” a realidade das pedreiras, das fábricas de transformação e de máquinas e equipamentos. A fusão com o contexto social e de turismo também constituirá diferença, ou seja, os participantes e congressistas além de ficarem a conhecer toda a capacidade produtiva e tecnológica do cluster da pedra natural, ficarão a conhe-cer regiões com forte identidade cultural, sustentadas pelas singularidades dos seus concelhos históricos, al-deias e vilas típicas, tradições, gastronomia, vitivinícola e paisagem. A itinerância e um programa preparado para que se consiga promover o que de melhor Portugal tem para oferecer, irá garantir esta diferença.

PM - Num texto sobre o congresso referem-no também como um evento que tem como objectivo promover o “turismo de negócios” e o “turismo industrial”. Podem explicar estes conceitos e de que forma é que vão ter uma concretização prática?

MP-Com visitas técnicas, com visitas e eventos culturais, através de mostras gastronómicas. Ou seja, quem parti-cipa no congresso, ficará a conhecer o sector da pedra natural, mas terá oportunidade de conhecer também as potencialidades de turismo desta região.

PM - Podem, desde já, adiantar um pouco o programa do Evento? O que significa “um congresso aberto e itine-rante?” A que empresas pretendem deslocar-se e quais os critérios que vão ser usados para seleccionar essas empresas?

MP-O Congresso decorrerá numa semana completa, em que o programa terá as seguintes componentes, devi-damente harmonizadas entre si, para que todas sejam equilibradas:

• Sessões orais para a apresentação dos artigos cien-tíficos e técnicos;

• Sessões de apresentação de Posters;• Visitas técnicas ao sector;• Turismo industrial e cultural;• Sessões culturais.

O GLOBAL STONE CONGRESS 2012, Alentejo – Por-tugal, irá ser um Congresso aberto e itinerante. Quer isto dizer que não se esgotará nas salas de conferência e terá ses-sões em pelo menos três lo-cais diferentes: Estremoz, Borba e Vila Viçosa.

A escolha de um formato aberto assenta numa lógica de potenciação do conceito de turismos de negócios

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e as localidades já definidas (sem prejuízo de outras), além de serem uma mostra representativa do sector da pedra natural, constituem uma região com forte oferta turística e cultural, tendo condições de transmitir uma imagem de qualidade da região e consequentemente do País.

A par das sessões temáticas, a itinerância será abrangen-te a outras regiões do País, através de visitas a importan-tes pólos de extracção e transformação, a nível nacional. Será reservado um dia para esta abrangência nacional e o objectivo é mostrar a capacidade produtiva e tecnoló-gica, a qualidade da pedra natural portuguesa e obras de referência. Obviamente, que não podemos visitar to-das as empresas, mas serão seleccionadas um conjunto que seja representativo do que se pretende mostrar e promover.

PM - A oferta hoteleira do Alentejo é suficiente para alo-jar o nº de participantes e congressistas esperados?

MP-Claro que é, e a preocupação é que as instalações hoteleiras sejam também representativas da qualidade do turismo nesta região. Através do apoio da Região Alentejo, temos encontrado unidades hoteleiras que vão certamente assegurar a imagem de qualidade que se quer transmitir a todos os participantes do congresso. É muito importante que, quem venha participar no con-gresso fique impressionado, não só com o mesmo e as suas temáticas, mas com toda a sua envolvente.

PM - O que quer dizer “promover a identidade da pedra natural portuguesa” quando se refere que este é um dos objectivos do congresso?

MP-O GLOBAL STONE CONGRESS 2012 será, no âmbito do cluster, mais do que o resultado de uma acção con-certada entre entidades e empresas a nível nacional com a colaboração de outras internacionais. Será também uma oportunidade única de difundir a imagem de Por-tugal e da pedra natural portuguesa associada a eixos de qualidade superior e com forte capacidade produtiva e tecnológica. Estes objectivos são coincidentes com os do programa do cluster que é consolidar a posição de Portugal no mercado global através do reconhecimento do sector da pedra natural, pela sua qualidade, compe-titividade e grau de inovação.

PM - O Plano de acção do cluster da pedra natural por-tuguesa decorre desde 2009. À data do evento contam apresentar alguns resultados?

MP-Sim, e por este motivo, também o interesse em or-ganizar o evento ganhou contornos. Estamos a prepa-rar uma série de comunicações, apresentações e acções que possam difundir os resultados já atingidos, desde a estratégia de marketing e comunicação da pedra natu-ral, à difusão da marca STONE PT, da Certificação DOC e novos produtos da pedra natural, até ao lançamento de novos equipamentos inovadores para a extracção e transformação de pedra natural.

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Prémios UEPG 2013 Desenvolvimento SustentávelOs Prémios UEPG Desenvolvimento Sustentável são a orgulhosa montra da Indústria Europeia de Agregados. Estes prémios têm-se realizado a cada 2-3 anos, desde 1997, e têm vindo a ganhar escala e excelência em cada evento. Em 2010, houve um recorde de 30 inscrições provenientes de 10 países, e todas as participações apresentaram grande qualidade. Houve um júri independente, no qual cada um dos quatro membros era um especialista distinguido inter-nacionalmente no campo da biodiversidade, conservação, saúde e segurança e engenharia de minas.

O júri criou 13 prémios nas áreas de Bio-diversidade, Contribuição Económica para a Sociedade, Ambiente, Restaura-ção e Melhores Práticas de Saúde & Se-gurança, bem como em Relações com a Comunidade, tendo estes prémios sido distribuídos a empresas de várias di-mensões. O júri também concedeu Certi-ficados de Excelência aos outros 17 can-didatos, o que fez de todos vencedores. Todos os participantes foram apresenta-dos num folheto da UEPG, disponível em papel e para download em www.uepg.eu.. Esta brochura promoveu uma exce-lente divulgação, tanto da UEPG como das empresas participantes. Os prémios de Desenvolvimento Sustentável são já um ponto alto no calendário da UEPG.

 

Infelizmente, em 2010 não houve inscrições de Portugal. A finalidade deste artigo é incentivar os produtores portu-gueses de agregados a inscreverem-se nos Prémios de Desenvolvimento Sustentável 2013. O procedimento é sim-ples, e é o momento para começar a planear, pois as inscrições de cada país têm de ser enviadas à UEPG no final de Janeiro de 2013. Isso significa que a associação de agregados de cada país vai selecionar as candidaturas nacionais durante 2012.

Fig. 1 - Folheto da UEPG

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A documentação de candidatura exige descrições sumárias dos projetos, de preferência acompanhadas por alguma verificação externa, complementada por fotografias. Inscrições de pequenas empresas são particularmente bem--vindas. As candidaturas podem incluir uma única pedreira ou poço, ou a iniciativa de uma empresa em vários locais. Este ano as categorias foram ampliadas para incluir também reciclagem, agregados de origem marinha ou fabricados.

Quadro 1 - Termos de Referência da UEPG

É provável que se desencadeiem boas ideias para a seleção de candidaturas, tendo por base as brochuras dos prémios dos anos anteriores, disponíveis no site da UEPG. A ANIET fará um apelo à inscrição dos seus asso-ciados, tendo a candidatura de ser entregue pelos as-sociados até final de Setembro de 2012. A adjudicação

nacional terá lugar em Outubro/Novembro e os vence-dores nacionais serão anunciados em Dezembro. Estes vencedores irão avançar com a candidatura para os Pré-mios UEPG em Janeiro de 2013. Esta é a oportunidade de colocar a sua empresa entre as melhores da Europa.

O Prémio Desenvolvimento Sustentável 2013 será mais um evento marcante no calendário da UEPG. Como a UEPG é atualmente representada em 31 países membros e a quantidade de categorias e inscrições por país foi aumentada, espera-se que a cerimónia de 2013 conte com um número recorde de prémios, do qual a indústria de agregados se or-gulhe verdadeiramente.

É provável que se desencadeiem boas ideias para a seleção de candidaturas, tendo por base as brochuras dos prémios dos anos anteriores, disponíveis no site da UEPG. A ANIET fará um apelo à inscrição dos seus asso-ciados, tendo a candidatura de ser entregue pelos as-sociados até final de Setembro de 2012. A adjudicação nacional terá lugar em Outubro/Novembro e os vence-dores nacionais serão anunciados em Dezembro. Estes vencedores irão avançar com a candidatura para os Pré-mios UEPG em Janeiro de 2013. Esta é a oportunidade de colocar a sua empresa entre as melhores da Europa.

É provável que se desencadeiem boas ideias para a seleção de candidaturas, tendo por base as brochuras dos prémios dos anos anteriores, disponíveis no site da UEPG. A ANIET fará um apelo à inscrição dos seus asso-ciados, tendo a candidatura de ser entregue pelos as-sociados até final de Setembro de 2012. A adjudicação nacional terá lugar em Outubro/Novembro e os vence-dores nacionais serão anunciados em Dezembro. Estes vencedores irão avançar com a candidatura para os Pré-mios UEPG em Janeiro de 2013. Esta é a oportunidade de colocar a sua empresa entre as melhores da Europa.

PILAR DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CATEGORIA

AMBIENTE Restauração

Melhores Práticas Ambientais

SOCIAL Parceria com a Comunidade Local

Melhores Práticas de Saúde & Segurança

ECONÓMICO Melhores Práticas Operacionais ou Inovação de Processo ou Produto

Melhores Práticas/Inovação em Reciclagem, Agregados fabricados ou de origem marinha

BIODIVERSIDADE Melhores Práticas de Biodiversidade

Os Termos de Referência da UEPG estão agora disponíveis no anteprojecto e serão concluídos em breve. Basicamente, cada membro nacional da UEPG (neste caso a ANIET), pode apresentar até oito candidaturas em qualquer uma ou em todas as categorias abaixo designadas:

Biodiversity 2010 co-winner, Holcim, El Puente, Spain

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ENTREVISTASimões Cortez“O poder autárquico tem que compreender a importância dos polos da indústria extrativa que tem no seu concelho".

CV JOSÉ ANTÓNIO SIMÕES CORTEZEngenheiro de minas pela FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto).

Exerce intensa atividade profissional como consultor, diretor técnico e perito em todas as áreas do âmbito da Indús-tria Extractiva.

Publicou mais de 40 trabalhos sobre assuntos da sua especialidade.

É membro Conselheiro da Ordem dos Engenheiros, na qual desempenhou vários cargos a nível regional e nacional, tendo sido Presidente Nacional e Bastonário.

É membro da Academia de Engenharia.

É membro da Sociedade Portuguesa de Geotecnia, Sociedade Geológica de Portugal, Associação Portuguesa de Estu-dos e Engenharia de Explosivos, Sociedade da Língua Portuguesa e membro fundador da Sociedade Portuguesa de Materiais, Associação Portuguesa de Recursos Hídricos e Associação Portuguesa de Avaliações de Engenharia.

Foi professor catedrático até 2002, ano em que se aposentou. Lecionou várias disciplinas do Curso de Engenharia de Minas, designadamente das áreas de Geomecânica, Hidrogeologia, Exploração de Georrecursos, Planeamento, Proje-tos, Economia Mineral e Escavações Subterrâneas.

Nota Prévia do Entrevistado: A indústria extrativa tem características específicas que a distinguem e a tornam singular não só nos domínios da organização e gestão da empresa como também no da comercialização dos seus produtos. Impõe-se, assim, que destaque previa-mente essas características porque elas estão subjacen-tes a todas as minhas respostas às questões apresenta-das pela Portugal Mineral.

A indústria extrativa é uma indústria pesada, no sentido de precisar de um volume elevado de investimento para o lançamento dos seus projetos.

Em segundo lugar, a indústria mineira caracteriza-se por uma elevada inércia; os capitais investidos só começa-rão a render após o período, relativamente longo, de prospeção, pesquisa, reconhecimento e arranque da exploração do recurso, o que leva sempre vários anos.

Em terceiro lugar, é uma indústria com grande incidên-cia da mão-de-obra no preço de custo dos seus produ-tos.

Em quarto lugar, a atividade mineira é condicionada ge-ograficamente pela localização imutável dos seus jazi-gos.

Em quinto lugar, aquela atividade exerce-se sobre um objeto que se esgota progressivamente e não se rege-nera.

Em sexto lugar, as empresas exploradoras podem cons-tituir stocks enormes dos seus produtos que são, em ge-ral, relativamente pouco alteráveis.

Finalmente, nunca é de mais acentuar três pontos:

1. A exportação dos produtos da indústria extrativa é praticamente líquida, valendo, no ano de 2010, perto de mil milhões de euros;

2. Os polos da indústria são quase sempre no interior do país e constituem, aí, fontes de desenvolvimento regio-nal e de emprego de mão-de-obra;

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Portugal Mineral (PM) - Como analisa e avalia, na atual conjuntura económica, a situação da indústria extrativa em Portugal? Que constrangimentos é que deteta?

Simões Cortez (SC) - Portugal foi sempre um país de mi-neração e muito procurado pelos seus minérios: tartés-sios, fenícios, romanos e outros aqui se fixaram durante dezenas de anos, alguns durante séculos, para explora-rem os nossos recursos e enviarem os produtos para os centros dos seus impérios.Na conjuntura actual, com a subida das cotações dos minérios em que Portugal continua a ser rico – cobre, chumbo, zinco, volfrâmio e estanho – e com a desco-berta de novas aplicações e consequente interesse de outros – lítio, terras raras – verifica-se um novo surto de desenvolvimento da indústria extrativa, com o país pra-ticamente todo coberto, incluindo a plataforma conti-nental, por novos contratos de prospeção e de pesquisa.Na atual situação, não encontro constrangimentos espe-ciais para além dos que, naturalmente, terão de decorrer da negociação dos contratos e da obediência à legisla-ção vigente.

PM - A Direção da ANIET pediu para ser recebida pelo Secretário de Estado da Energia, Eng.º Henrique Gomes, o que efetivamente aconteceu, no final de Dezembro. Entre as várias preocupações dos associados a ANIET manifestou a necessidade de se rever, com urgência, a legislação sobre combustíveis, que constituem uma ele-vada componente dos custos de produção. Considera que a possibilidade de utilização de gasóleo colorido nos equipamentos não matriculados, à semelhança do que acontece em Espanha, poderia ser uma solução? Aliás o artigo 8º da Directiva do 2003/96 do Conselho Europeu, datada de 27 de Outubro de 2003, já abre a porta a esta possibilidade…

SC-Considero sempre que se um exemplo se revela van-tajoso e as situações são comparáveis, deve seguir-se.Se o Conselho Europeu o permite e a nossa vizinha Espa-nha adopta o sistema, por que não nós? É claro que ha-verá quebra de receita mas a diferença será ultrapassada pela receita superveniente resultante de maior desafo-go financeiro da atividade e de uma maior capacidade competitiva com consequente aumento dos valores de exportação.

PM - Fala-se, há muito, na sociedade portuguesa, na ne-cessidade de uma estratégia política a longo prazo para os recursos minerais. Recentemente, a assinatura de vá-rios contratos entre o Estado português e vários grupos internacionais para a exploração de minérios poderá ser

um empurrão para essa definição. Poderia aproveitar-se a oportunidade para incluir nessa estratégia os recursos minerais não metálicos, como as rochas ornamentais e as britas industriais. Qual é a sua opinião?

SC-Penso que sim mas é necessário distinguir.

As rochas ornamentais foram sempre um produto de exportação valioso, com as naturais vicissitu-des dos mercados.

Seria necessária uma estratégia aguerrida de “marke-ting” apoiada em cinco vectores: qualidade (acabamen-tos, medidas, imperfeições, etc.), inovação nos forma-tos, busca de cores singulares, adaptação aos gostos dos consumidores locais, cumprimento de prazos.Seria necessário sermos inovadores, em particular na singularidade das cores e texturas.

As britas industriais são um caso diferente: o seu valor só suporta transporte a curtas distâncias.

Neste caso, a aposta possível é nas obras públicas na zona raiana, com preços competitivos que terão de ser conseguidos através da racionalização de circuitos e do absoluto controlo nas pedreiras.Não se pode esquecer que não é uma pedreira qualquer que serve para inertes. Estes estão sujeitos a cada vez maiores exigências físico-mecânicas, de acordo com a utilização prevista. E o local de implantação da futura pedreira tem de ser escolhido com muito cuidado.Nesta fase, de prospeção e pesquisa, as massas minerais aproximam-se muito, na metodologia e, até, no volume de investimento, dos depósitos minerais.Convém, ainda, realçar, que esta estratégia deverá ter em consideração orientações específicas para áreas que correspondam a núcleos com potencial de exploração, de forma a evitar o conflito que tem existido em termos do uso do solo. Refiro-me à incompatibilidade que mui-tas vezes existe entre a actividade da indústria extrativa e o ordenamento do território.

PM - As dificuldades no acesso ao crédito para o finan-ciamento das empresas e a obrigatoriedade de prestar cauções elevadas são apontadas pelos nossos associa-dos como alguns dos principais estrangulamentos da atividade extrativa. Que mudanças é que se impõem, na sua opinião?

SC-O financiamento das empresas mineiras não é fácil e exige uma verdadeira especialização da Banca nessa área. Sabemos como, ao longo dos séculos, houve sem-

3. Os produtos da indústria extrativa são as matérias-primas de indústrias essenciais ao desenvolvimento: cerâmica, vidro, construção civil e obras públicas, comunicações, transporte de energia.

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pre bancos especializados no apoio desta indústria. Tal facto resulta, exatamente, das suas características espe-cíficas, salientadas na nossa nota prévia a esta entrevista.É necessário dizer que o empreendedorismo mineiro é muito difícil e o planeamento do financiamento deve ser cuidadosamente elaborado, obedecendo, com rigor, aos “racios” aconselhados.Não se esqueça que a indústria mineira é de elevado ris-co, de tal modo que um dos nossos clássicos, Herbert Clark HOOVER (1874-1964), engenheiro de minas pela Universidade de Standford, mais tarde Presidente dos Estados Unidos, autor do clássico “Principles of Mining” (1909), aconselhava a prever um lucro final de 100% nos cálculos de investimento.

Relativamente à caução, não me parecendo contes-tável o princípio da sua criação, pelas razões então aduzidas em Parecer para a ANIET (2002), está em causa o seu valor inicial, a possibilidade da sua va-riação com o tempo e o valor mínimo final.

Sou partidário de uma relação de total confiança entre a tutela e o concessionário ou explorador, de que o di-rector técnico é intermediário e garante. Considero-a in-dispensável à maior eficiência da valorização do recurso.Neste assunto, defenderia os seguintes princípios:• Caução inicial calculada de acordo com o plano de

exploração previsto, ou seja, com a dimensão do projecto que se pretende lançar. De qualquer for-ma, nunca superior a 50.000 euros.

• Descida ou subida do valor caucionado, de acordo com a evolução da produção, áreas ocupadas e já recuperadas, evolução dos indicadores ambientais.

• Limite mínimo de 10.000 euros para a recuperação final.

PM - Que soluções apontaria à indústria das rochas in-dustriais (extração de agregados/britas) para enfrentar a redução drástica da procura interna, com a queda abrupta de obras públicas e de construção?

SC-Já indiquei atrás uma ideia para a zona raiana. To-davia verifica-se, mesmo neste caso, a colocação em Portugal, pelos nossos vizinhos, dos produtos a preços inferiores. Seria fundamental saber (e a ANIET seria a ins-tituição mais indicada para o efeito) a razão disso: maior rentabilidade dos processos, menor custo de combustí-veis, menos impostos… Alguma razão há-de haver!No interior do país, terá de reconhecer-se que houve, em muitos casos, sobredimensionamento das instalações e, por outro lado, queda brusca do mercado, em particular das grandes obras públicas.Uma via possível será a do aproveitamento das instala-ções e equipamento para outras actividades: biomassa, reciclagem de materiais, …

PM - Quais são os principais entraves que detecta na atual legislação e prática de licenciamento das pedrei-ras?

SC-Sem pôr em causa a competência e dedicação dos colegas que actuam nesta área, referiria:• Exigência de um número de pareceres verdadeira-

mente absurdo;• Inércia intrínseca à tramitação de processos;Cito dois casos concretos: uma pedreira de rocha orna-mental no interior norte do país aguarda licenciamento camarário há 5 anos; um areeiro no litoral sul do país aguarda licenciamento há 8 anos.• Má adaptação da legislação comunitária ao caso

português;• Dependência excessiva do Ministério do Ambiente.Entendamo-nos quanto a este aspecto, que considero fundamental.O responsável pelo desenvolvimento económico por-tuguês é o Ministério da Economia, a respectiva tutela para o setor extrativo é a Direção Geral de Energia e Ge-ologia.Trabalho há mais de 50 anos com esta Direção Geral e considero uma verdadeira ofensa à competência e dig-nidade dos técnicos que aí trabalham a exigência de pareceres vinculativos do Ministério do Ambiente para o licenciamento de pedreiras ou para a outorga de con-cessões a minas a céu aberto.

Outro entrave de grande importância é a obstru-ção permanente de algum poder local que desco-nhece a legislação, obedece a critérios partidários, não conhece sequer os polos da indústria nas suas autarquias e despreza o poder central, mesmo quando este atua no âmbito estrito das suas com-petências.

Deve acrescentar-se que as visitas de autarcas ou de-putados às explorações constituem sempre focos de perturbação e são verdadeiramente lesivas do interesse nacional. PM - Como classifica a atual legislação sobre produtos explosivos?

SC-Considero que, face à realidade atual, existe uma desadequação da legislação vigente. As empresas uti-lizadoras de substâncias explosivas são confrontadas com problemas e dificuldades que condicionam ou, por vezes, paralisam a sua atividade e que originam, em alguns casos, prejuízos económicos avultados. Há, por conseguinte, a necessidade de modernização e simplifi-cação de todos os aspectos relacionados com o regime do licenciamento e funcionamento da atividade. Tenho conhecimento de que foi publicado, em 2007, um Despacho Conjunto dos Ministérios da Administra-

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ção Interna e da Economia (Despacho n.º 23 935/2007) através do qual foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de rever a atual legislação dos produtos explo-sivos. No entanto, e de acordo com informação recebida da ANIET, que também o integrava, este grupo de traba-lho deixou, inexplicavelmente, de reunir. Agravando, ainda, o momento difícil que as empresas do setor extrativo atravessam, acresce uma recente atu-alização das taxas de explosivos (Portaria n.º 1037/2010, de 23/12) cujos aumentos se consideram exorbitantes e desproporcionados.

Sendo o explosivo um componente fundamental dos preços de custo unitários das pedreiras para inertes e da maior parte das minas subterrâneas, o seu preço é fundamental. Na minha opinião have-ria de pugnar-se por que tal valor fosse um factor de competitividade, e não o contrário, como está a acontecer.

PM - Considera que na situação actual há uma compa-tibilidade entre o licenciamento ambiental (PCIP) e a licença de gestão de resíduos da indústria extrativa (De-creto-Lei n.º 10/2010, de 4 de Fevereiro)?

SC-No quadro legislativo vigente em Portugal, após a entrada em vigor do DL 194/2000, de 21 de Agosto, que transpôs para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 96/61/CE, do Conselho de 24 de Setembro, e que tem por objeto a prevenção e o controlo integrados da po-luição proveniente de determinadas atividades, a indús-tria extrativa não consta da listagem do anexo I àquele diploma.Contudo, a entidade coordenadora do licenciamento (ECL), a quem compete, nos termos da legislação, o li-cenciamento da atividade de exploração de depósitos e de massas minerais, a DGEG (Direcção Geral de Energia e Geologia), bem como as demais entidades intervenien-tes nos diversos processos de licenciamento à data da entrada em vigor da legislação PCIP, entenderam que a legislação então vigente (DL 544/99, de 13 de Dezem-bro, relativo aos aterros de resíduos da indústria extrati-va) era manifestamente insuficiente para um adequado controlo da poluição que poderia ter origem nos aterros já existentes. Por essa razão, e na ausência de enqua-dramento legal específico para as atividades relativas à indústria extrativa, as instalações de resíduos originá-rios desta indústria foram enquadradas no DL 194/2000 (posteriormente revogado pelo DL 173/2008, de 26 de Agosto, que hoje disciplina o PCIP), e objecto de licen-ciamento ambiental.Posteriormente, com a entrada em vigor do DL 10/2010, de 4 de Fevereiro, passou a haver uma disciplina própria para a gestão de resíduos das explorações de depósitos e de massas minerais, tendo em conta a especificidade da atividade em causa e dos resíduos que dela resultam,

que não a legislação do PCIP, o que me parece bem. O próprio preâmbulo do referido DL 10/2010 refere, e bem, o princípio da simplificação administrativa e da desma-terialização de atos e procedimentos, garantindo uma estreita articulação com outros regimes jurídicos que regulam a actividade de exploração de depósitos e de massas minerais.Tudo isto sem prejuízo dos licenciamentos específicos, da competência de outras entidades da Administração Pública, que não a ECL.

PM - As rochas ornamentais têm elevadas quotas de ex-portação e uma grande procura nos mercados externos. Há, no entanto, constrangimentos de vária ordem, ma-nifestados pelos empresários do setor: os nossos portos não estão funcionais, não há linhas de crédito à expor-tação, é preciso negociar politicamente taxas mais van-tajosos para os produtos portugueses, designadamente nas exportações para o Brasil. Os nossos portos não são competitivos. Subscreve estas preocupações?

SC-Subscrevo totalmente. Por alguma razão muitos ex-portadores preferem o camião como meio de transporte para a Europa.Leio, de há uns dias para cá, a oferta de financiamento de um dos nossos bancos às PME’s. Será exactamente disso que as nossas empresas de R. O. estarão a precisar. Oxalá as taxas sejam atrativas e a tramitação fácil.

PM - Globalmente o que acha que faz falta para o sector da indústria extrativa e transformadora ser competitivo?

SC-Resumindo e acrescentando, diria:

1. Considerar a indústria extrativa essencial ao desen- volvimento do país e agir em conformidade.2. Providenciar para que o poder autárquico compre- enda a importância dos pólos de indústria extrativa que tem no seu concelho e não seja um factor limita- tivo do seu desenvolvimento e, tantas vezes, impedi- tivo da sua instalação.3. Providenciar para que não sejam os próprios senho- res deputados municipais e nacionais a desconhecer a legislação da indústria e deixem de constituir focos de perturbação da sua normal actividade.4. Licenciamentos e contratos rápidos.5. Fiscalização orientadora, fomentadora de melhorias e não repressiva.

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45

A ANIET com o apoio do IPQ - Instituto Português da Qualidade, realizou no dia 20 de Outubro, na EXPONOR, o Seminário subordinado ao tema "Marcação CE - A sua Importância para o Mercado Interno" onde estiveram presentes além do IPQ, representantes da ASAE e Orga-nismo Notificado - EIC. Este seminário que decorreu em paralelo com a CON-CRETA - Feira Internacional de Construção e Obras Pú-blicas teve como objetivo geral sensibilizar e esclarecer os operadores económicos, designadamente PME e associados da ANIET sobre a Marcação CE, a sua impor-tância e o papel que desempenha no desenvolvimento do Mercado. De grande interesse foi também a expo-sição e testemunho apresentado por duas empresas associadas da ANIET que refletiram a perspetiva de um

produtor de Rochas Industriais e de um produtor de Ro-chas Ornamentais.Estiveram presentes mais de 40 participantes represen-tando 32 empresas e algumas entidades.O sucesso deste evento levou a ANIET a considerar a possibilidade de organizar um outro seminário a divul-gar oportunamente.Uma das questões mais pertinentes neste contexto da marcação CE relaciona-se com as novas regras comuni-tárias sobre a comercialização de produtos de constru-ção. A Portugal Mineral solicitou à DGAE (Direção Geral das Atividades Económicas) o artigo que publicamos a seguir e que é bastante elucidativo sobre o novo Regu-lamento que vem substituir a denominada Diretiva dos Produtos de Construção (DPC).

Marcação CE A sua importância para o mercado internoSeminário

Fotos do seminário

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 SEMINÁRIO   Marcação CE – A sua importância para o mercado interno

EXPONOR - Porto| 20 Outubro 2011  

           

P R O G R A M A

09:30

10:00

10:15

10:30

10:45

11:00

11:15

11:30

11:45

12:00

12:15  

12:30  

Recepção dos Participantes

Sessão de Abertura Maria José Brito, Vogal do Conselho Directivo do IPQ Francelina Pinto, Directora Executiva da ANIET

PAINEL – O que é a MARCAÇÃO CE Moderador: Maria José Brito, IPQ

O que é a Marcação CE - como e quando se aplica Ricardo Fernandes, IPQ

Perspectiva da Entidade de Fiscalização de Mercado Sarogini Monteiro, ASAE Directiva 89/106/CEE e Regulamento (CE) n.º 305/2011 – o que vai mudar DGAE

Debate

Pausa para café

PAINEL – Marcação CE NA PRÁTICA Moderador: Ricardo Fernandes, IPQ

Perspectiva de um Organismo Notificado Aline Cortez, EIC

Perspectiva de um produtor de rocha industrial José Feiteira, Mota Engil, S.A. Perspectiva de um produtor de rocha ornamental Francisco Queiróz, António Moreira Soares Debate Encerramento

         

Co –Organização

 

 

 

   

Rua António Gião, 2 2829-513 Caparica Tel 212 948 136 Fax 212 948 223 www.ipq.pt

 

 

EXPONOR - Porto| 20 Outubro 2011  

Marcação CE – A sua importância para   o mercado interno  

SEMINÁRIO  

   

Co –Organização

 

 

 

   

Rua António Gião, 2 2829-513 Caparica Tel 212 948 136 Fax 212 948 223 www.ipq.pt

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Co –Organização

 

 

 

   

Rua António Gião, 2 2829-513 Caparica Tel 212 948 136 Fax 212 948 223 www.ipq.pt

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Produtos de ConstruçãoRegulamento (UE) nº 305/2011

A nova regulamentação

Após longas e aprofundadas discussões no Conselho e no Parlamento Europeu, foi adotado, em de 9 de Março de 2011 e publicado em 4 de Abril do mesmo ano, no Jornal Oficial da União Europeia, o Regulamento (UE) nº 305/2011, que estabelece condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de construção. O Regulamento entrou em vigor no dia 24 de abril de 2011 mas a sua aplicação será faseada, com a produção de efeitos práticos a partir de 1 de Julho de 2013, pelo que até essa data apenas se altera o quadro organiza-cional, nomeadamente a forma de designação dos Or-ganismos de Avaliação Técnica (OAT) e o mecanismo de notificação dos organismos de avaliação e verificação da regularidade do desempenho, geralmente conhecidos como organismos notificados (ON). O Regulamento vem substituir a antiga Diretiva 89/106/CEE, conhecida como Diretiva dos Produtos de Constru-ção (DPC), que foi adotada em 1988, cujo rigor e unifor-midade de aplicação pelos Estados-membros vinha sen-do posto em causa, revelando incoerências na aplicação e suscitando muitas dúvidas aos operadores económi-cos e às próprias autoridades competentes.Esta situação levou a Comissão Europeia a decidir-se pela ação no sentido de promover a clarificação de con-ceitos e atuações, simplificar os procedimentos aplicá-veis para permitir a redução de custos para as empresas, nomeadamente as pequenas e médias e ainda aumentar a credibilidade e eficácia de todo o sistema conducente à colocação no mercado da União Europeia de produtos, num quadro de maior transparência.

Clarificar, simplificar e credibilizar

Uma das alterações reside, desde logo, na forma de ato legislativo adotado, ou seja, as disposições ficam con-sagradas num regulamento que, no quadro do ordena-mento jurídico da União, é obrigatório e diretamente aplicável em todos os Estados-membros, não lhes im-pondo qualquer obrigatoriedade de transposição para o seu ordenamento jurídico interno, evitando, assim, margem de manobra para adaptações particulares e dis-cricionariedade na interpretação e aplicação das dispo-sições.

Do ponto de vista da transparência da interpretação e da aplicação das regras parece seguro que, com o tipo de ato legislativo escolhido, o enquadramento é noto-riamente mais simples e tendencialmente mas eficaz do que o que decorria da DPC. O Regulamento aplica-se diretamente nos Estados--membros da União mas é ainda relevante nos restantes países do Espaço Económico Europeu (EEE) - Noruega, Islândia e Liechtenstein. Logo, o dispositivo para a co-locação no mercado de produtos de construção fica ali-nhado numa área geográfica bastante alargada, elimi-nando os entraves às trocas comerciais nesse mercado.Com o regime aprovado neste regulamento pretendeu--se clarificar e realçar dois conceitos muito importantes para o mercado único deste tipo de produtos. Em primeiro lugar o da declaração de desempenho (correspondente à atual declaração de conformidade) enquanto elemento chave e indispensável para o fabri-cante colocar o seu produto de construção no mercado, quando este estiver coberto por uma norma harmoni-zada ou quando uma avaliação técnica europeia tiver sido emitida para esse produto. Por outro lado, associado ao primeiro elemento, assume também muito significado o que se refere aos requisi-tos básicos das obras de construção, na medida em que determinam as caraterísticas essenciais dos produtos de construção, definidas nas especificações técnicas harmonizadas, cujo desempenho relativamente ao uso previsto deve constar da mencionada declaração. Tal contribuirá para que os utilizadores possam aceder e usar, nas obras de construção, os produtos mais ade-quados ao uso pretendido.A declaração de desempenho, onde o fabricante, para além de outras informações, declara o desempenho do produto de construção em função das características essenciais, de acordo com as especificações técnicas harmonizadas, especialmente o desempenho das ca-racterísticas relacionadas com a utilização ou utiliza-ções previstas, tendo em conta as disposições previstas no território em que o fabricante tenciona colocar o produto no mercado, deve poder ser interpretada como exata e fiável, constituindo-se como uma espécie de fi-cha técnica de apresentação do produto.

Mário LoboDireção-Geral das Actividades EconómicasMinistério da Economia e do Emprego

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48 | Portugal Mineral

À semelhança do que já acontecia com a DPC, o Regu-lamento define os requisitos básicos que as obras de construção devem observar em condições normais de manutenção e durante um período de vida economi-camente razoável: resistência mecânica e estabilidade, segurança contra incêndio, higiene, saúde e ambiente, segurança e acessibilidade na utilização, proteção con-tra o ruído, economia de energia e isolamento térmico e utilização sustentável dos recursos naturais. Nota-se, portanto, a introdução da exigência da utilização sus-tentável dos recursos naturais de forma a integrar me-lhor as preocupações ambientais no domínio concreto da reutilização, reciclabilidade e durabilidade das obras e seus materiais bem como na utilização de matérias--primas e materiais compatíveis com o ambiente. Tal como na DPC, a regulamentação agora em vigor apresenta uma caraterística singular quando compa-rada com outras legislações equivalentes da União, no sentido de que, no caso dos produtos de construção, os requisitos básicos não são estabelecidos para os pro-dutos isoladamente considerados mas para as obras de construção onde vão ser incorporados, de acordo com o uso previsto, cujo comportamento é influenciado pelo desempenho daqueles. Reconhece-se, assim, a centralidade e a importância atribuída à declaração de desempenho, que serve de base para a marcação CE, pois os produtos de constru-ção abrangidos por especificações técnicas harmoniza-das (normas harmonizadas ou documentos de avaliação europeus), com base nas quais são avaliados, devem ser colocados no mercado identificando e declarando sem ambiguidades o desempenho das caraterísticas essen-ciais. A indeclinável obrigação de elaboração e disponibiliza-ção da declaração de desempenho, quando requerida (as derrogações são enunciadas mais adiante), é a pedra angular do processo de colocação no mercado, na me-dida em que constitui o fabricante como ator principal e lhe confere a responsabilidade pela conformidade do produto de construção com o respetivo desempenho declarado. A marcação CE dos produtos de construção, com um significado diferente para este tipo de produto, é uma exigência para todos os que forem objeto de declaração de desempenho elaborada pelo fabricante, asseguran-do-lhe as condições para a colocação no mercado da União, ou do EEE em sentido lato, e a respetiva livre cir-culação. Por conseguinte, fica bem salientada a responsabilidade atribuída ao fabricante no contexto das suas obrigações e evidenciada de forma clara a importância intrínseca associada à elaboração da declaração de desempenho e consequente aposição da marcação CE, razão pela qual se deteta nesta nova configuração legislativa uma acen-tuada perspectiva de transparência, clarificação e eficá-cia de procedimentos.

Na ocasião em que se iniciou a discussão da proposta do Regulamento nas instâncias da União Europeia foi adotado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho um pacote legislativo relativo à comercialização de produ-tos, concretamente o Regulamento (CE) nº 764/2008, o Regulamento (CE) nº 765/2008 e a Decisão nº 768/2008/CE, todos de 9 de Julho, cujos conceitos e disposições de referência vieram a ser incorporados na versão apro-vada do regulamento, assegurando a uniformização conceptual e redaccional e contribuindo, assim, para a clarificação de atuações, nomeadamente ao nível das obrigações atribuídas aos operadores económicos e no plano muito relevante e sensível da fiscalização do mer-cado. A Comissão Europeia procurou incluir, também, na sua proposta, disposições que dessem expressão às preo-cupações com os custos envolvidos no cumprimento dos normativos legais, especialmente pelas pequenas e médias empresas, incluindo especificamente as micro-empresas, intenção que o Parlamento Europeu e o Con-selho viabilizaram na versão adotada do Regulamento.Aquele objetivo materializou-se no designado procedi-mento simplificado, que está consignado como via al-ternativa facultativa que o fabricante pode escolher na avaliação do desempenho dos produtos, em situações bem determinadas e na condição da verificação e cum-primento dos requisitos exigidos, como por exemplo a comprovação da equivalência dos procedimentos usa-dos com os procedimentos previstos nas normas har-monizadas. Ainda como simplificação de procedimentos, ou me-lhor, como derrogação, ficou estatuída a possibilidade de o fabricante poder abster-se de fazer a declaração de desempenho quando se verifiquem determinadas formas de produção específicas que, pela sua natureza, não comprometam os objetivos a atingir. Com a nova regulamentação dos produtos de cons-trução pretende-se, em suma, dar credibilidade à le-gislação harmonizada e assegurar a uniformização de procedimentos visando conferir mais transparência e coerência ao mercado interno no que à disponibilização de produtos de construção no mercado diz respeito.Outra vertente muito relevante para uma eficaz e unifor-me aplicação da legislação harmonizada prende-se com a fiscalização do mercado. As disposições previstas no Regulamento estão em linha com o quadro para a fisca-lização de produtos aprovado pelo Regulamento (CE) nº 765/2008, cujas regras de aplicação a nível nacional fo-ram definidas pelo Decreto-Lei nº 23/2011, de 11 de Fe-vereiro. A atuação da entidade fiscalizadora, não esque-cendo o controlo na fronteira externa, é extremamente significativa para a consolidação do mercado interno, para evitar distorções da concorrência e para salvaguar-dar os objetivos supremos de salvaguarda do interesse público, nomeadamente a saúde, a segurança, a defesa do consumidor e a proteção do ambiente.

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Que mudança?

Neste quadro de transição da DPC para o Regulamento poder-se-ia dizer que, no essencial, não há mudanças de fundo, no que tange aos objetivos e instrumentos, quando se comparam os dois dispositivos legais. To-davia, importa alertar para algumas das mais relevan-tes alterações, nomeadamente as de natureza prática que na sua implementação interferem com a atividade económica. Desde logo, com a aprovação do Regulamento poder--se-ia ser levado a pensar que a aplicação das regras aí estabelecidas seria imediata. Tal não acontece exata-mente assim, pelo que entendemos ser de sublinhar a aplicação de forma faseada das disposições legislativas adotadas, como antes mencionado.Desde a entrada em vigor do Regulamento, em 24 de Abril de 2011, aplicam-se essencialmente as disposições relativas aos OATs, isto é, os organismos designados para proceder ao estabelecimento dos Documentos de Avaliação Europeus para produtos de construção, que não estejam parcial ou totalmente abrangidos por normas harmonizadas e para a emissão das Avaliações Técnicas Europeias para os produtos relativamente aos quais tenham sido designados. Aplicam-se, também, as disposições referentes às autoridades notificadoras e or-ganismos notificados.Em resumo, é já aplicável o quadro organizacional ne-cessário para a implementação dos procedimentos prá-ticos. As regras e procedimentos dirigidos aos produtos, nos moldes do Regulamento, serão aplicáveis obrigatoria-mente a partir de 1 de Julho de 2013, nomeadamente a avaliação e verificação da regularidade do desempenho, a emissão da declaração do desempenho e a marcação CE. Imediatamente identificável para quem usa a lingua-gem dos produtos de construção é a existência de uma nova terminologia, de que é exemplo maior a referida declaração de desempenho e o correspondente aban-dono da declaração de conformidade.Outros termos usados na DPC são reformulados para passarem a ter designações mais adequadas à nova re-alidade e em sintonia com a orgânica. É, entre outros de menor relevância, o caso das Aprovações Técnicas Europeias que serão designadas de Avaliações Técnicas Europeias e dos Organismos de Aprovação que serão Organismos de Avaliação Técnica (OAT). Não poderemos deixar de focar a atenção na forma de execução do Regulamento, facto antes abordado, mas que não é demais frisar, na medida em que pela natu-reza do ato não haverá lugar a legislação nacional de transposição, como existia no caso da DPC e que se con-substancia no Decreto-Lei nº 113/93, de 10/4, alterado e republicado pelo Decreto-Lei nº 4/2007, de 8/1. Na atual situação, o Regulamento é diretamente aplicá-vel e os operadores económicos não deverão esperar uma legislação nacional que disponha sobre os aspetos

práticos sendo, portanto, diretamente “obrigados” pelo Regulamento, pelo que simultânea e automaticamente a atual legislação nacional será revogada. Não obstante, a necessidade de que legalmente seja determinado quem deve exercer as competên-cias que o Regulamento atribui genericamente aos Estados-membros, coloca a necessidade de serem apro-vadas disposições adequadas, que, aliás, estão em pre-paração, não configurando, porém, uma transposição.

As mudanças concretas

Será importante e útil, para os operadores e agentes económicos, mas especialmente para os fabricantes de produtos de construção, reter algumas noções e apre-ender os aspetos e áreas onde acontecem as alterações mais profundas e com impacte na sua atividade.Em primeiro lugar, no que diz respeito às disposições do Regulamento, já em aplicação, destacamos: • A designação, pela autoridade competente, dos

OATs segundo os novos requisitos, e • A notificação, pela autoridade notificadora, dos

ONs, que passarão a ser avaliados e controlados de forma mais estrita, de acordo com requisitos mais estruturados e claros.

Salienta-se o facto de os Estados-membros poderem decidir que a avaliação e controlo dos organismos noti-ficados seja efetuada pelo organismo nacional de acre-ditação.Quanto às alterações que ocorrerão no dia 1 de Julho de 2013 e que, como já foi apontado, têm uma natu-reza mais prática e dizem mais diretamente respeito aos operadores económicos (fabricantes, mandatários,

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50 | Portugal Mineral

importadores e distribuidores) mas especialmente e com mais acuidade aos fabricantes, enumeram-se sem exaustividade:• A obrigatoriedade da elaboração e fornecimento de

uma cópia da declaração de desempenho para um produto coberto por uma norma harmonizada, ou conforme com uma Avaliação Técnica Europeia emi-tida para esse produto, quando for disponibilizado no mercado, salvo em situações de derrogação de-vidamente identificadas.

• A concessão de derrogações à obrigação da elabo-ração da declaração do desempenho, que podem ser usadas pelos fabricantes, perante determinadas formas de produção específicas, que pela sua natu-reza não comprometem os objetivos a atingir.

• A existência de um modelo de declaração de de-sempenho a seguir na sua elaboração.

• O facto de o fabricante, em determinadas situações, poder optar por procedimentos simplificados de avaliação do desempenho de produtos de constru-ção, demonstrando a equivalência através da utili-zação de documentação técnica adequada.

• A possibilidade de aplicação, no caso de microem-presas, de procedimentos simplificados de avalia-ção do desempenho se se verificarem as condições necessárias e sempre salvaguardando a segurança exigida e a demonstração da equivalência dos pro-cedimentos usados com os previstos.

• A utilização de outros procedimentos simplificados na avaliação do desempenho quando os produtos observarem certas condições bem definidas, no-meadamente os produtos fabricados por medida, sem ser em série, para serem instalados numa obra identificada, sendo sempre exigida ao fabricante a demonstração da conformidade do produto com os requisitos aplicáveis bem como a equivalência dos procedimentos usados com os procedimentos pre-vistos.

• A obrigatoriedade da marcação CE para todos os produtos de construção que tenham sido objeto de declaração de desempenho feita pelo fabricante.

• A explicitação dos deveres dos operadores econó-micos que intervenham na cadeia de comercializa-ção, de forma a assegurar que apenas são colocados no mercado produtos de construção que cumpram os requisitos estabelecidos.

• A passagem de seis para cinco sistemas de avaliação e verificação da regularidade do desempenho.

O papel da administração pública

A Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE) tem vindo a acompanhar o desenvolvimento do dossiê dos produtos de construção, e de forma mais efetiva a dis-cussão do projeto de Regulamento no grupo de harmo-nização técnica do Conselho e as fases subsequentes de compatibilização com as posições do Parlamento Europeu, pelo que nos propomos promover as medidas conducentes à execução da legislação harmonizada dos produtos de construção no território nacional. Como já foi referido, as tarefas deixadas à administra-ção pública resumem-se, em concreto, à delimitação e assunção das competências de aplicação que, por legis-lação específica, vierem a ser determinadas para as di-ferentes instituições que têm intervenção na matéria e em particular às autoridades de fiscalização do mercado. A DGAE está a trabalhar na preparação do dispositivo le-gal que corporizará estes objetivos, sendo de aguardar a sua aprovação e publicação para breve.

A concluir

Aproveitamos para agradecer o convite que nos foi di-rigido pela Associação Nacional da Indústria Extrativa e Transformadora (ANIET) para redigir um artigo para a revista Portugal Mineral.É, assim, com muito gosto que correspondemos ao so-licitado, procurando com esta modesta contribuição da DGAE deixar algumas ideias, alertas e informação, para que os operadores económicos que se encontram no terreno possam ficar mais atentos ao quadro legislati-vo harmonizado dos produtos de construção, e assim poderem beneficiar da livre circulação dos produtos no espaço europeu (quer se trate de fabricantes, importa-dores, distribuidores, utilizadores, projetistas, arquitetos, engenheiros, construtores, em suma, consumidores). Continuaremos disponíveis para atender as solicitações dos operadores económicos na satisfação das suas dú-vidas e necessidade de esclarecimento, na medida das nossas possibilidades, visando contribuir para que os nossos fabricantes possam aceder ao mercado em con-dições de igualdade, mas também para que os restantes operadores económicos estejam conscientes das suas responsabilidades e disponibilizem no mercado produ-tos de construção de acordo com as regras em vigor, aju-dando assim a criar e consolidar um mercado único dos produtos de construção devidamente organizado.

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51

Protocolo ANIET/PTA ANIET assinou, no passado dia 11 de Novembro, um protocolo de colaboração com a PT Negócios que visa condi-ções vantajosas para os seus associados, ao nível da Voz Móvel (TMN), Banda Larga, Voz Fixa, Telepac ADSL, Office Box e MEO.

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52 | Portugal Mineral

O Conselho Geral do CEVALOR (Centro Tecnológico para o Aproveitamento e Valorização das Rochas Ornamentais e Industriais) elegeu no dia 20 de Abril os Órgãos Sociais para o triénio 2012 – 2014.O Presidente do Conselho de Administração eleito é o Eng.º Jorge Manuel de Mira Amaral em representação da ANIET.

CEVALORTomada de posse

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Presidente ANIET Eng.º Jorge Manuel de Mira Amaral

Associação Nacional da Indústria Ex-tractiva e Transformadora

Vogal ASSIMAGRA Dr. Luis Miguel da Rosa Goulão Freire

Associação Industriais Mármores, Gra-nitos e Ramos Afins

Vogal ANIET Dr. António Augusto Casal de Azevedo Moura

ASSIMAGRA

Vogal Indicação Ministerial CCDR-A. - Comissão de Coordenação para o Desenvolvimento Regional do Alentejo

Dr. Filipe José Guerreiro Palma

Vogal Indicação Ministerial LNEG – Laboratório Nacional de Enge-nharia e Geologia

Dr. Daniel Pina Soares de Oliveira

COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO

Presidente Indicação Ministral IAPMEI Drª Helena Paula Canha de Almeida

Vogal CARLOS AUGUSTO PINTO DOS SAN-TOS & FLS, LDA

Engº Fernando Augusto sa Silva Silveira

Vogal L. Graça, R.Carvalho & M. Borges, SROC, Lda

Drª Maria do Rosário da Conceição Mira de Carvalho - ROC

MESA DO CONSELHO GERAL

Presidente CAMARA MUNICIPAL DE BORBA Dr. Ângelo João Guarda Verdades de Sá

Vice Presidente Mármores Galrão, SA Dr. Paulo Hortêncio Jorge Dinis

Secretário REAL GRANITO, SA Eng.º Adriano M. Santos de Morais Antas

Secretário PEDRANOSSA, LDA Dr. Artur Pereira

Mira Amaral Assembleia

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53

ANIET Tomada de posse

NOVOS ORGÃOS SOCIAIS DA ANIET

Tomaram posse, na sede da ANIET, no passado dia 15 de Dezembro, os novos Órgãos Sociais eleitos em Assem-bleia Geral Ordinária nesta mesma data.O Plano de Atividades proposto pela nova Direção e aprovado em Assembleia Geral tem por objetivo dar seguimento às atividades desenvolvidas no mandato anterior e reflete a preocupação da consolidação da ac-tividade da associação concentrando esforços de natu-reza diversa para dinamização do Setor e a expansão da ANIET. A nova Direção visará a defesa dos interesses do setor, que apesar da atual conjuntura económica passa inevi-tavelmente pela necessidade de uma associação forte, dinâmica e com dimensão apreciável.

São objetivos da nova Direção prosseguir com activi-dades que se perspetivam fundamentais para o desen-volvimento do setor, nas quais se incluem o apoio às empresas nomeadamente na prospeção de novos mer-cados para exportação e um levantamento exaustivo de caracterização do setor complementadas por iniciativas que solidifiquem a ANIET como parceiro credível e inter-locutor forte, ouvido pela tutela, reforçando o seu peso social e a sua importância como Associação representa-tiva do sector. É com esta missão, e com o compromisso de um forte envolvimento, que a atual Direção se propõe trabalhar.Na mesma ocasião teve lugar a Assembleia Geral Extra-ordinária para alteração dos atuais estatutos da ANIET.

ORGÃOS SOCIAIS DA ANIET TRIÉNIO 2012/2014

DIREÇÃO

Presidente: Victor Manuel de Barros Albuquerque (Agrepor Agregados – Extracção de Inertes, S.A.)

Vice – Presidente: Jorge Manuel de Mira Amaral (Secil Britas, S.A.)

Vice – Presidente: Fernando Augusto da Silva Silveira (Mota-Engil, Engenharia e Construção, S.A.)

Secretário: Maria Teresa Pinha de Vasconcelos Manso Gigante (Somincor – Soc. Mineira de Neves Corvo, S.A.)

Tesoureiro: José Henrique Eiró Carvalho (Granitos do Castro, S.A.)

Vogal: Adriano Manuel dos Santos de Morais Antas (Real Granito - Granitos, S.A.)

Vogal: António Carlos Reis Galiza Carneiro (MonteAdriano – Agregados, S.A.)

Vogal: Fernando Jorge Antunes da Silva (Cebrial, Lda)

Vogal: Rui Manuel da Silva Peixoto (Granitos Irmãos Peixoto, Lda)

Vogal Suplente: Alberto Manuel Ferreira Barreto (J. Batista Carvalho, Lda) Vogal Suplente: Fernando Manuel Cordeiro Marto (LRP – Britas do Centro, S.A.)

Vogal Suplente: Henrique Eduardo Sousa de Azevedo Caramalho (Britafiel–Agregados e Onamentais,S.A.)

Page 56: Portugal  Mineral  Nº5

54 | Portugal Mineral

Presidente: António d’Almeida Corrêa de Sá (Sojitz Beralt Tin and Wolfram Portugal, S.A.)

Secretário: Graça Maria Valente dos Santos Cavaco de Morais (Irmãos Cavaco, S.A.)

Secretário: José Cardoso Guedes (Solusel – Sociedade Lusitana de Obras e Empreitadas, Lda)

Secretário Suplente: Francisco Pereira Marinho (Francisco Pereira Marinho & Irmão, S.A.)

Secretário Suplente: Agostinho Castro Pereira Couto (GN – Granitos do Norte, Lda)

Presidente: José António Simões Cortez (Empresa das Lousas de Valongo, S.A.)

Vogal: João Marcelino do Espírito Santo Nobrega Rodrigues (GRANVIR–Granitos de Vila Real,Lda)

Vogal: Filinto Moreira Monteiro (R & G Rogranit Gralpe – Granitos, Lda)

Vogal Suplente: João Manuel Martins Fernandes (Granifinas – Exploração de Pedreiras, Lda)

Vogal Suplente: Martinho Teixeira Monteiro (Construções Pardais – Irmãos Monteiros, Lda)

Vogal Suplente: Natália Sofia Oliveira da Costa Ribeiro (Agostinho da Costa Ribeiro, Lda)

ASSEMBLEIA GERAL

CONSELHO FISCAL

Homenagem da ANIET a Adelino Santos Lemos

Ainda no decorrer desta Assembleia Geral foi efetua-da uma menção honrosa a Adelino dos Santos Lemos, engenheiro, prestigiado colaborador desta associação que sendo uma referência da casa, durante anos cola-borou com a ANIET e defendeu de forma exemplar este setor de atividade. No entanto, agora que completou 95 anos de idade, por sua livre e espontânea vontade, de-cidiu descansar suspendendo a sua atividade na ANIET.

Aproveitando, assim, esta oportunidade, e em reconhe-cimento à sua dedicação e serviços prestados ao setor em geral, e à ANIET em particular, foi chamado à sala, onde foi recebido de forma acarinhada por todos os pre-sentes que o felicitaram e agradeceram toda a sua co-laboração. Foi ainda proposto e aprovado por unanimi-dade um voto de louvor que foi acompanhado por uma calorosa salva de palmas.

Assembleia Assembleia

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55

Victor Albuquerque - Discurso Tomada de PosseAssembleia

Monção Honrosa - Adelino dos Santos Lemos Assembleia

Eduardo Cavaco - Presidente Cessante da Mesa da Assembleia Geral Victor Albuquerque

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56 | Portugal Mineral

Jorge Mira Amaral Fernando Silveira

José Eiró Carvalho Adriano Antas

António Carlos Galiza Rui Peixoto

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Henrique CaramalhoAlberto Barreto

José Simões CortezJosé Cardosos Guedes

Natália RibeiroMartinho Monteiro

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Audiência na Secretaria de Estado da Energia

ANIET Contesta Fundo de Fiscalização de

A ANIET foi recebida em audiência no passado mês de Dezembro pelo Secretário de Estado da Energia, Eng.º Henrique Gomes. Na sequência desta audiência foram informados os Associados da ANIET do elevado interesse e disponibi-lidade de colaboração manifestada pelo Secretário de Estado, quando confrontado com as preocupações sec-toriais e económicas apresentadas pela ANIET. Nesta reunião, além de alguns contributos estratégicos, foram também abordadas as principais preocupações empresariais com enfoque nas dificuldades de acesso ao crédito; os elevados custos energéticos de produção

(energia elétrica e combustíveis); o apoio à exportação e promoção dos nossos produtos; a promoção da compe-titividade dos portos portugueses, bem como a necessi-dade urgente de algumas revisões legislativas. Relativamente a este último ponto - revisões legislati-vas - foi abordada a disponibilidade de colaboração da ANIET na possível revisão da legislação vigente tendo a associação, para o efeito, solicitado a participação dos seus associados através do envio de contributos para a elaboração de um documento a apresentar em breve na Secretaria de Estado.

(Portaria nº. 1231/2010, de 09/12 e Portaria nº. 1307/2010, de 23/12 )

Face ao aumento exorbitante das taxas contempladas na Portaria nº. 1307/2010, de 23 de Dezembro, a ANIET proce-deu às seguintes diligências:

• Solicitou junto da Procuradoria-Geral da República a declaração de ilegalidade do diploma. • Requereu ao Provedor de Justiça a fiscalização sucessiva da constitucionalidade dos citados diplomas.• Pediu ao Ministro da Administração Interna a suspensão do diploma, até que sejam estabelecidos novos valores

que obedeçam aos critérios de proporcionalidade e adequação, atualizáveis apenas a partir de 2012, de acordo com a estrita variação do índice médio de preços e sem qualquer arredondamento.

• Foi ainda dado conhecimento à Direção Nacional da PSP – Polícia de Segurança Pública, organismo que superin-tende o Departamento de Armas e Explosivos.

No seguimento das exposições apresentadas pela ANIET junto das referidas instituições e entidades, informamos os nossos associados que as mesmas se encontram, presentemente, em análise, no Tribunal Central Administrativo do Sul e no Ministério da Administração Interna, por indicação do Senhor Procurador-Geral da República e do Senhor Provedor de Justiça, respetivamente.De todos os desenvolvimentos que, entretanto, o assunto venha a merecer, será dada imediata conta aos Associados da ANIET.

Explosivos e Armamento

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Bienal da Pedra3.ª Edição

Sector Extrativo Exporta Mil Milhões de EurosVendas Subiram em 2011

A Câmara Municipal do Marco de Canaveses está a organizar e a promover a 3.ª Edição da BIENAL DA PEDRA, a realizar nos dias 12,13 e 14 de Outubro de 2012, na área envolvente ao Estádio Municipal, em Alpendorada e Matos.O objetivo do evento é incentivar a sustentabilidade do tecido empresarial, criando condições favoráveis à estabili-dade dos mercados e à criação e manutenção de postos de trabalho, gerando assim mais valias na economia local fortemente marcada pelo sector de extração, transformação e comercialização de granitos e seus derivados.Mais informações e ficha de inscrição em:

http://www.aniet.pt/images/bienal%20da%20pedra%20desdobravel%202012.jpg

Números recentes, solicitados pela ANIET (Associação Nacional da Industria Extractiva e Transformadora) ao INE reve-lam um aumento de 17,82%, em 2011, na exportação global dos minérios metálicos não ferrosos. Em 2010 as expor-tações do sector registaram 398 milhões de euros, em 2011 atingiram 469 milhões de euros.

Exportação

DESIGNAÇÃO 2009 2010 2011

Extracção e preparação de minérios metálicos

290,029,030 398,064,286 469,003,479

Extracção e preparação de minérios de ferro

0 0 24

Extracção e preparação de outros minérios metálicos não ferrosos

290,029,030 398,064,286 469,003,455

Quadro 1 - Exportação de mercadorias, por sector. Unidade: Euros

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As exportações dos minérios de tungsténio (volfrâmio) foram as que registaram uma maior subida - + 74%.

As exportações de estanho aumentaram 48,23%.

O cobre continua também a destacar-se com um valor global de vendas de 238 milhões de euros o que significa um acréscimo de 26% nas exportações, em relação a 2010.

As exportações de zinco cresceram 14,28%.

Numa análise que abrange as outras indústrias extrativas o sector exporta quase mil milhões de euros, o que repre-senta 2,3% do valor total das exportações.

Exportação

DESIGNAÇÃO 2009 2010 2011

Óxido e hidróxido de lítio 0 1,126 0

Carbonatos de lítio 65 125 196

Minérios de tungsténio e seus concentrados

12,462,817 12,831,741 22,418,881

Cobre e suas obras 128,773,221 188,957,575 238,767,841

Zinco e suas obras 4,420,615 7,296,999 8,213,310

Zinco em formas brutas 606,776 1,860,507 2,252,150

Estanho e suas obras 5,756,373 5,518,973 8,181,309

Outros metais comuns 2,105,138 3,654,706 6,384,818

Tungsténio (volfrâmio) e suas obras

495,205 156,103 2,571,110

Exportação

DESIGNAÇÃO 2010

Extração de mármore e outras rochas carbonatadas 85 016 211

Extração de granito ornamental e rochas similares 69 859 940

Extração de calcário e cré 7 824 638

Extração de gesso 2 517 898

Extração de ardósia 4 314 184

Extração de saibro, areia e pedra britada 321 268 702

Extração de argilas e caulino 11 880 651

Extração de minerais para a indústria química e para a fabri-cação de adubos

720 916

Extração de sal gema 4 833 827

Extração de feldspato 2 587 871

Extração de outros minerais não metálicos 1 118 907

TOTAL 511 943 745

Quadro 2 - Exportação de mercadorias, segundo a classificação de produtos pela nomenclatura combinada. Unidade: Euros

Quadro 3 - Exportação de outras industrias extractivas. Unidade: Euros

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UEPG AlertaÉ Preciso Prevenir Mais os Acidentes

Realizou-se em Krakow, Polónia, nos dias 8 e 9 de Mar-ço, o Comitte Meeting da UEPG (Union Européenne des Producteurs de Granulats).A ANIET esteve representada pela sua Diretora Execu-tiva, Francelina Pinto, que participou nas reuniões das 4 comissões técnicas – Saúde e Segurança no Trabalho; Ambiente; Técnica; Económica.Na Comissão Saúde e Segurança no Trabalho deu-se particular ênfase à necessidade de investir-se mais na prevenção de acidentes, constatando-se que a maioria é causada na movimentação de equipamentos. Reco-mendou-se a todos os países que, além do cuidado já dispensado aos elementares requisitos de segurança - boa visibilidade, lubrificação, ostentação da marcação CE – se dedique uma especial atenção à aplicação da iniciativa “Safer by design” que significa “pensado tendo por base a segurança” e que continua a ser promovida com sucesso através dos vários canais da EU e do Diálo-go Social Sectorial. Nas negociações e/ou aquando da compra de um equi-pamento as empresas devem consultar esta recomen-dação no website do equipamento.

Aconselha-se a consultar:http://www.safequarry.com/safer_by_design.aspxhttp://www.safequarry.com/BestPractice.aspx (Vídeos disponíveis_Boas práticas)

A UEPG está a acompanhar e a participar em Bruxelas no Grupo de Trabalho da Directiva Máquinas e existe um documento de orientação sobre esta matéria que se en-contra traduzido em 18 idiomas.

Explosivos para uso civil

Na sequência da campanha efetuada pela UEPG e outras associações europeias sobre a aplicação da Directiva 2012/4/EU "Identificação e rastreabilidade dos explosi-vos para utilização civil" conseguiu-se, para o caso dos utilizadores de explosivos, o seu adiamento por 3 anos (Abril de 2015). Também nas questões de segurança, mas numa outra perspetiva, assinalou-se um aumento de atos de vanda-lismo nas pedreiras, em vários países: roubos de com-bustíveis, cabos, baterias, ferramentas, etc.

Na reunião do Comité do Ambiente, a respeito da biodi-versidade, informou-se que para ajudar os membros da UEPG e em especial as PME’s, está a ser compilado um inventário com diretrizes de boas práticas encontrando--se já publicada uma estratégia da UEPG para a biodi-versidade.Foi proposto um memorando de entendimento com o IUCN – Internacional Union for Conservation of Nature, organismo com que a UEPG tem colaborado.Foi abordada a compatibilidade da exploração de pe-dreiras com a Rede Natura existindo inclusivamente um documento de orientação que refere esta compatibili-dade. A UEPG tem participado em várias iniciativas Sobre as águas referiu-se que a Diretiva águas subterrâ-neas vai ser revista em 2012.Na reunião do Comité Técnico destacou-se a Declara-ção Ambiental de Produto. É um instrumento voluntá-rio, mas na perspetiva de novas iniciativas (eficiência energética, por exemplo) e legislação (o regulamento de produtos de construção), considerou-se que seria útil, tanto para os produtores de agregados como para os seus clientes, preparar já um modelo de declaração. Este modelo está, aliás, a ser desenvolvido para outros sectores. A UEPG preparou um draft ou modelo de uma EPD que foi analisado. Sendo até 2017, um processo vo-luntário a ideia é que todos os produtores possam ter um modelo a seguir e não despender de muito dinheiro, nesta altura.Esta EPD abrange todos os naturais agregados (brita, areia e cascalho, incluindo agregados marinhos). Não abrange agregados reciclados ou fabricados, que po-dem ser objeto de diferentes EPD´s.Como os usos e aplicações de agregados como material de construção são numerosos, não é apropriado definir uma unidade funcional, e por conseguinte esta EPD ba-seia-se numa unidade declarada (isto é, numa tonelada base). A ANIET, juntamente com parceiros de outros sectores de atividade (cerâmica, cortiça, vidro,…) está já a desen-volver um modelo de EPD para Portugal (para rochas ornamentais).No Comité Económico o Presidente da UEPG, Jim O´Brien, divulgou as estatísticas mais recentes de pro-dução de agregados que se referem ao ano 2010 e que abrangem dados referentes a 34 países (31 membros mais Estónia, Malta e Turquia) que serão divulgados no website da UEPG e publicados com mais detalhe na pró-xima edição da revista anual.

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III Congresso Nacional de Áridos

O III Congresso Nacional de Áridos vai realizar-se de 4 a 6 de Outubro no Palácio de Congressos de Cáceres, su-bordinado ao tema “Novos Tempos, Novas Estratégias”.Após o sucesso das duas primeiras edições, realizadas em 2006 e 2009, em Zaragoza e Valencia, em que parti-ciparam em cada evento cerca de 800 congressistas e 45 expositores, e na sequência da qualidade manifestada nas mais de 130 comunicações apresentadas, foi toma-da a decisão de prosseguir com esta iniciativa de forma a impulsionar o sector dos agregados.A Comissão Organizadora constituída pela Federação de Áridos (FDA), Associação Nacional dos Empresários Fabricantes de Áridos (ANEFA), Grémio D’Áridos da Ca-talunha, Associação de Empresas de Áridos da Comuni-dade Valenciana (ARIVAL) e pela Associação Galega de Áridos (AGA) planeou um programa de eventos com

diferentes áreas temáticas, visitas técnicas e exposições, entre outras atividades.Este Congresso pretende ser um fórum destinado prin-cipalmente a empresários e profissionais - científicos e técnicos – que se relacionem com o setor de agregados e de onde possam ressaltar diretrizes futuras para esta indústria extrativa.Será também apresentado o “Plano Estratégico Secto-rial 2012/2025” que permitirá aos empresários do sector conhecer procedimentos com vista a projetar as suas empresas para o futuro.A dimensão internacional do Congresso é assegurada pela presença de empresários de outros países da Euro-pa e da América Latina.Para mais informações consultar o site:http://www.con-gresoaridos.com/

Os números globais a registar em 2010 (EU 27+EFTA) são:

• Produção de 3 Biliões de toneladas de agregados (3,25 biliões em 2009) o que representa um decréscimo de 8,6% em relação a 2009. O volume de negócios situa-se nos 20 biliões de euros.

• 14 000 empresas (16 000 em 2009);• 24 000 pedreiras (24 000 em 2009);• 250 000 empregados (300 000 em 2009).

Com o objetivo de uniformização de dados estatísticos entre todos os países e dentro de cada país por sector de atividade, foi efetuada pela UEPG ao EUROSTAT uma proposta de alteração do código de atividade económica (NACE rev 2 - 2008) para a indústria extrativa.

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Explosivos Têm Mais 3 Anos Para CumprirNormas Europeias

Empresários dos Granitos Criam Marca

Os empresários das indústrias extrativas que habitual-mente usam explosivos na sua atividade, como é o caso dos associados efetivos da ANIET, têm mais 3 anos do que estava previsto para começar a cumprir as normas europeias relativas à recolha e registo de dados dos ex-plosivos que utilizam. O início do cumprimento destas normas, obrigatórias para os utilizadores de explosivos, foi adiado para 5 de Abril de 2015.Foi também adiada, por um ano, com início a 5 de Abril de 2013, a obrigação dos fabricantes e importadores de explosivos procederem à respetiva marcação. Bruxelas foi, deste modo, sensível aos argumentos das várias associações europeias, designadamente da UEPG (União Europeia dos Produtores de Agregados), que pressionaram para que os custos subjacentes a estas obrigações fossem adiados de forma a não sobrecarre-gar ainda mais as empresas da indústria extrativa, num contexto de crise económica.A Comissão reconheceu que alguns artigos explosivos são demasiado pequenos para que neles seja aposto o código do local de fabrico e informações eletronica-mente legíveis. Em alguns outros artigos, a aposição da

"Queremos agora começar a apostar no resto do mundo e levar a arte e a marca de Portugal cada vez mais longe", explica esta organização representativa de 50 empresá-rios do setor, a maioria associados da ANIET. Segundo Rui Peixoto, Presidente da Direção, a nova mar-ca” vai lançar uma imagem corporativa que passará a ser usada pelas empresas associadas ao projeto, em tudo o que toca à exportação e não só". A imagem adotada, da autoria do arquiteto Rui Miguel, natural da região, incorpora simbolicamente e de uma forma estilizada, os elementos naturais caraterísticos da região, que são o vale e os rios Douro e Tâmega. Atualmente, cerca de 60 por cento dos granitos extraí-dos e transformados em Alpendorada destina-se à ex-

identificação única é tecnicamente impossível devido à sua forma ou design. Nesses casos, a identificação exi-gida deve ser afixada em cada unidade de menor em-balagem. Assim, através da recente Diretiva 2012/4/UE, a Comis-são estabeleceu que os Estados Membros terão de apro-var e publicar, as disposições legislativas, regulamen-tares e administrativas necessárias ao cumprimento da Diretiva “Identificação e Rastreabilidade dos explosivos para Uso Civil” (Diretiva 2008/43/CE), que apenas entra-rão em vigor a partir de 05/05/2013.Até 2020, a Comissão procederá a uma revisão das Dire-tivas para avaliar se o progresso técnico torna possível apor o código do local de fabrico e as informações ele-tronicamente legíveis sobre os artigos.As Associações europeias das quais a ANIET faz parte como membro associado estão a trabalhar em conjun-to com a FEEM - Federação Europeia dos Fabricantes de Explosivos e outras no sentido de preparar um plano de ação sobre esta matéria.

As empresas de extração e transformação de granitos sediadas em Alpendorada, Marco de Canaveses, criaram uma marca para promover a indústria no mercado da exportação e lutar contra a crise

portação, sobretudo para a Europa, o melhor cliente. Os empresários do setor propõem-se agora crescer para outros mercados. Neste âmbito, vai arrancar "um programa que visa as-sentar os granitos portugueses e principalmente de Al-pendorada no estrangeiro", incluindo a participação em feiras internacionais, começando por um certame no Qatar, a decorrer entre 29 de Abril e 3 de Maio. "Essa viagem, apoiada por diversas associações empre-sariais, tem como objetivo criar laços de negócios com potenciais parceiros daquele país", explica Rui Peixoto. O empresário evidencia que "ter uma imagem corporativa forte nos certames internacionais pode contribuir para um impulso das exportações".

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Fig. 1-6 - Logotipo desenvolvido pelo arquitecto Rui Miguel

As cerca de 50 empresas de extração e transformação de granitos sediadas em Alpendorada (zona sul do concelho do Marco de Canaveses) dão trabalho diretamente a cerca de duas mil pessoas. Os dados mais recentes do INE, referentes às exportações de granito realizadas em Janeiro e Fevereiro deste ano, registam o valor de 4.103.641 euros (contra 2.548.110 euros no período homólogo), um crescimento de 60%. O presi-dente da Confraria do Granito Rui Peixoto, confirma o bom dinamismo no volume de negócios nestes meses.

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