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ANO XXIII Nº 262 Abril 2016 Publicação mensal 2.00 Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 44145 Dortmund Tel.: 0231-83 90 289 Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] www. portugalpost.de K 25853 PUB PUB Tel.068 41 - 99 35 719 [email protected] Mobil: 0176 - 36929064 Termine u. Vereinbarung www.fimoba-hyp.de PORTUGAL POST NESTA EDIÇÃO PENSÕES DE REFORMA TURISMO COMUNIDADE COMUNIDADE LIVROS 1916 Disponível a partir de Maio. Encomendas ao PORTUGAL POST Cristina Dangerfield-Vogt e Svenja Länder escreveram “A Vida Numa Mala” Págs. 12 e 13 AS MALAS DE SONHOS DOS EMIGRANTES Pensões na Alemanha registam a maior subida em 23 anos P.5 Portugal com a maior presença de sempre na Feira Internacional de Turismo de Berlim P.4 Comunistas portugueses na Alemanha festejaram em Solingen 95º aniversário do partido P.6 Violência doméstica na literatura P.15 Quando a Alemanha declarou guerra a Portugal P.4 Visita do Secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, à Alemanha Foto: Oliver Cloppenburg Governo português vai reforçar serviços consulares na Alemanha P.6

PORTUGAL POST Feb 09...dos serviços sociais dos consulados e das ne-cessidades sociais dos portugueses idosos, doentes e desempregados de longa duração que alcançam a pré-reforma

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Page 1: PORTUGAL POST Feb 09...dos serviços sociais dos consulados e das ne-cessidades sociais dos portugueses idosos, doentes e desempregados de longa duração que alcançam a pré-reforma

ANO XXIII • Nº 262 • Abril 2016 • Publicação mensal • 2.00 € � Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] • www. portugalpost.de • K 25853

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Mobil: 0176 - 36929064

Termine u. Vereinbarung

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PORTUGAL POST NESTA EDIÇÃO

PENSÕES DE REFORMA

TURISMO

COMUNIDADE

COMUNIDADE

LIVROS

1916

Disponível a partir de Maio. Encomendas ao PORTUGAL POST

Cristina Dangerfield-Vogt e Svenja Länder escreveram “A Vida Numa Mala” Págs. 12 e 13

AS MALAS DE SONHOSDOS EMIGRANTESPensões na Alemanha registam a

maior subida em 23 anos P.5

Portugal com a maior presençade sempre na Feira Internacionalde Turismo de Berlim P.4

Comunistas portugueses na Alemanha festejaram em Solingen 95º aniversário do partido P.6

Violência doméstica na

literaturaP.15

Quando a Alemanha declarouguerra a Portugal P.4 Visita do Secretário de Estado

das Comunidades, José Luís Carneiro, à Alemanha

Foto: Oliver Cloppenburg

Governo português vaireforçar serviços consulares na AlemanhaP.6

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016Comunidade2PORTUGAL POSTAgraciado com a Medalha da Liberdade

e Democracia da Assembleia da República

Mário dos Santos

Ana Cristina Silva: LisboaAntónio Justo: KasselAntónio Horta: GelsenkirchenCarlos Gonçalves: LisboaCristina Dangerfield-Vogt: BerlimCristina Krippahl: BonaDe minimis: ColóniaFernando A. Ribeiro: EstugardaGlória de Sousa: HamburgoHelena Ferro de Gouveia: BonaJoão Ferreira: SingenJoaquim Nunes: OffenbachJoaquim Peito: HanôverJosé Luís Peixoto: LisboaLuísa Costa Hölzl: MuniqueManuel Campos: FrankfurtMarco Bertolaso: ColóniaMaria do Rosário Loures: NurembergaMiguel Szymanski: FrankfurtPaulo Pisco: LisboaSandra Gonçalves: Groß U(mstadtTeresa Soares: Nuremberga

Eliesa SchulteAbilio Ferreira

Catarina Tavares, AdvogadaSusana Tão, AdvogadaMichaela Azevedo dos Santos, Advogada

Barbara Böer Alves e Silvia Lima

Portugal Post Verlag

Burgholzstr. 43 • 44145 DortmundTel.: (0231) 83 90 289 • Fax: (0231) 83 90 351www.portugalpost.deEMail: [email protected]/portugalpostverlag

ISSN 0340-3718 Propriedade: Portugal Post VerlagRegisto Comercial: HRA 13654

Os textos publicados na rubrica Opinião são daexclusiva responsabilidade de quem os assina enão veiculam qualquer posição do jornal PORTUGAL POST

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PORTUGAL POST, Burgholzstr. 43 • 44145 DortmundGläubiger-Identifikationsnummer DE10ZZZ00000721760 Mandatsreferenz WIRD SEPARAT MITGETEILT

SEPA-Lastschriftmandat: Ich ermächtige die Portugal Post, Zahlun-gen von meinem Konto mittels Lastschrift einzuziehen. Zugleichweise ich mein Kreditinstitut an, die von der Portugal Post auf meinKonto gezogenen Lastschriften einzulösen.Hinweis: Ich kann innerhalb von acht Wochen, beginnend mit demBelastungsdatum, die Erstattung des belasteten Betrages verlangen.Es gelten dabei die mit meinem Kreditinstitut vereinbarten Bedin-gungen.

__________________ _ _ _ __ _| _______ _________ _Kreditinstitut (Name und BIC)

D E _ _ | _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ____ ______ _____ _IBAN

____________________________________Datum, Ort und

Unterschrift

Die Mandatsreferenz wird separat mitgeteilt.

Adira já!

EditorialPor Mário dos Santos

Director

visita oficial do Secretário de Estadodas Comunidades Portuguesas,José Luís Carneiro, à Alemanha foioportuna e um gesto político que

se deve registar pela positiva.Para além dos encontros a nível oficial

com entidades alemães, o governante socia-lista teve o cuidado de percorrer todas asáreas consulares e aí contactar com as chama-das forças vivas da comunidade ouvindotudo e todos.

A partir dos contactos que fez com osconselheiros do Conselho das ComunidadesPortuguesas, com professores, personalida-des da Comunidade, etc, José Luís Carneirodeve ter ficado a conhecer de modo mais pro-fundo a realidade da comunidade neste país.

O Secretario de Estado tomou tambémconhecimento das dificuldades com que al-guns consulados, senão todos, se confron-tam, mormente no que respeita à falta de

recursos humanos. Todos os utentes sabemque o atendimento consular por causa dafalta de pessoal é um sério problema.

Outra questão que aqui nos merece umregisto positivo foi o facto do Secretário deEstado ter-se feito acompanhar pela directorado Instituto Camões o que traduz uma preo-cupação com o ensino da língua Portuguesa.Foi a primeira vez que um Secretário de Es-tado “trouxe” o director, neste caso a direc-tora, do Instituto Camões para um contactocom a comunidade. A iniciativa de José LuísCarneiro merece, pois, ser sublinhada. Vere-mos se isso se traduz em resultados práticospara o ensino do Português neste país.

A visita à Alemanha do governante que tu-tela a pasta das comunidades no actual Go-verno foi, no final, saudada por todos. Apreocupação do Secretário de Estado das Co-munidades em não tornar a sua deslocaçãonuma visita de gabinete resultou em expec-

tativas positivas junto da comunidade.Para além de uma impressão simpática e

dialogante, o político parece ter percebidoque uma das preocupações de um gover-nante que tenha a seu cargo a pasta das co-munidades deve ser a conquista dosportugueses que vivem fora pelo afecto.

Certamente que não basta. Há preocupa-ções da comunidade (e de todas as comuni-dades) que devem merecer do Governo umaresposta séria. Para além das habituais ques-tões como os serviços consulares; a língua;o eterno assunto do associativismo, etc, sãoas matérias de acompanhamento por partedos serviços sociais dos consulados e das ne-cessidades sociais dos portugueses idosos,doentes e desempregados de longa duraçãoque alcançam a pré-reforma vivendo situa-ções de emergência social que merecem es-pecial atenção. E espera-se que alguémtenha levado esta questão até ao governante.

AUma visita oportuna

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 3

Joaquim Nunes

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DIRECTÓRIO EMPRESARIAL LUSO-ALEMÃO 2016

Para mais informações: 0231-8390466

Uma publicação com endereços de muitas centenas deempresas luso-alemãs.Negócios portugueses na AlemanhaUma edição da editora Portugal Post Verlag

Anuncie a sua empresaFale connosco!

Sai em Maio

az-me bem a primavera.Saber que o dia é outra vez maislongo do que a noite. Sentir o solque volta a ter força, para me aque-cer o rosto, para esquentar o ar, ochão e a terra aberta para as se-menteiras. Alegrar-me com as flo-res e as folhas que brotam nasárvores até agora despidas... Faz-me bem a primavera!

E creio que não sou o único aquem a primavera faz bem. Muitasvezes se saúdam e cumprimentamos aniversariantes pelas “primave-ras” contadas. Como se, no ciclodo nosso ano, nada contasse tantocomo a primavera, este tempo derenascer, de recomeçar, que temtanto de sensação física como deexpressão poética. Contamos osnossos anos pelas “primaveras”para nos sentirmos mais jovens,todos “nascemos” na primavera,ninguém quer viver sem ela.

Na passagem do inverno à pri-mavera há, na natureza, um pro-cesso de revigoração, derevitalização, de renascimento, quenos fascina. As grandes religiõespropõem mesmo uma “espirituali-dade de primavera”, convidandoos humanos a imitar a naturezaneste nascer de novo, tomandoconsciência das passagens que sedeclaram inadiáveis, das mudançasa que somos desafiados, sempreque nos damos conta que chegouao fim um ciclo da nossa vida e quesó poderemos continuar a viver ea saborear a vida se houver “prima-vera”, se houver “passagem”, sehouver “páscoa”.

Passagem: a palavra “páscoa”não quer dizer outra coisa. A expe-

riência espiritual que nos é teste-munhada na Bíblia, e que serve defonte à páscoa de judeus e cristãos,é mais que uma afirmação de fé ouque um memorial de coisas passa-das. Passando do mito para a histó-ria, a Bíblia convida-nos, faz-nosmesmo um desafio a fazer “páscoa”a nível pessoal e colectivo, deixarque a Páscoa aconteça e mude ahistória, que haja “primavera” navida de cada um de nós e na nossasociedade. “Que nesta noite cadaum se sinta entre aqueles que saemda terra da escravidão e passampara a liberdade”, recitam as famí-lias judaicas na abertura da suafesta pascal. Unidos a Jesus, o Res-suscitado, cada um de nós e todos“passamos da morte à vida”(S .Paulo).

Deixar que a Páscoa aconteça éconvencer-se que não estamos con-

dicionados por um destino, porum “fado”, que seria mais forte quetudo, porque, andemos por ondeandarmos, ninguém fugiria ao seudestino. Diz-se que os portugueses,mais que outros povos, são fatalis-tas, acreditam no poder do “fado”,cantando até o fado de uma vidaque há que aceitar mais do quemudar. Por mim, não estou muitoconvencido. Vivo na emigração eemigração é prova do contrário.Quem deixa a sua terra e se metepelos caminhos do mundo à pro-cura de vida melhor, procurandorecomeços, novas chances, novasoportunidades, tem necessaria-mente de acreditar que é possívelcomeçar de novo, que é possívelrenascer, que é possível a Páscoa!

Somos um povo de emigrantes.“Cada dia é mais evidente que par-timos, sem nenhum possível re-

gresso no que fomos” (Sophia deMello Breyner).

Entristecem-me sempre as con-versas com pessoas que me procu-ram a participar que vão “desistir”da emigração e “retornar” a Portu-gal, porque não conseguiram aqui“orientar a vida”. Voltar/retornarpoderia ser também um novo reco-meço, mas não: trata-se aqui deum voltar por falta de perspectivase sem perspectivas. É o voltar debraços caídos. Apetece-me dizer acada caso: não vá, tente de novo,depois do inverno virá a primavera,depois do “deserto” vem a Terraprometida... mas nem sempre ofaço, as decisões estão tomadas eresta-me desejar que não seja o fimdo sonho, mas apenas um adiar.

Numa localidade aqui da re-gião, por onde frequentementepasso em serviço, há um sítio onde

não consigo passar sem reflectir.Ao atravessar a localidade há ummomento em que a rua principalse bifurca em T. Não há estrada emfrente. Só é possível virar à direitaou à esquerda. E nesse momentode “decisão”, há duas placas aorientar a condutor. Duas só. Uma,com seta para a direita diz “cemité-rio velho”; apontando para a es-querda, a outra diz: “cemitérionovo”!! Muitas vezes vivemos comose a única decisão que temos detomar fosse entre cemitério velhoe cemitério novo. Ser escravos dotrabalho aqui, ou ser escravos dotrabalho lá. Inverno aqui ou in-verno lá. Crise aqui ou crise lá. Masa Páscoa é anúncio de alternativas!É desafio a acreditar e a apostarnelas! É primavera!

[email protected]

Faz-me bem aPrimaveraF

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016NOTÍCIAS4

Portugal teve a maior presença desempre na Feira Internacional deTurismo de Berlim (ITB), o maiorevento a nível mundial dedicado àindústria que teve lugar na capitalalemã, contando com 66 exposito-res de empresas portuguesas.

“É a maior participação de sem-pre porque no ano passado tínha-mos tido 55 [expositores].Aumentámos significativamentecom a sensação de que mais empre-sas queriam vir”, declarou a Secre-tária de Estado do Turismo, AnaMendes Godinho, em Berlim du-rante uma visita à ITB.

Ana Mendes Godinho referiuque Portugal é um destino “privile-giadíssimo” para o mercado ale-mão que “cada vez mais procuracultura, experiências diferentes,contacto com a natureza, segu-rança e já não só o tradicional sole mar”.

De acordo com a secretária deEstado do Turismo, o mercado ale-mão representou 1,9 milhões dehóspedes para Portugal em 2015,correspondendo a um crescimentode 15%.

Portugal detém uma quota naordem dos 1,6% do número de ale-mães que saem para o estrangeiro,

de acordo com Ana Mendes Godi-nho, que referiu que 2016 podetrazer mais turistas germânicos aopaís, caso haja mais ênfase na co-municação do destino Portugal.

“Cerca de 41% dos alemães quevisitaram Portugal em 2015 já sãorepetentes.

Nos inquéritos que fazemos emtermos de satisfação, 100% dos ale-

mães reconheceram que tinham fi-cado satisfeitos ou muito satisfeitoscom a visita. O desafio é conseguircomunicar melhor a quem não co-nhece”, referiu a secretária de Es-tado.

O responsável pelo mercadoalemão do Turismo de Portugal,João Sampaio e Castro, disse queas próximas semanas serão decisi-

Portugal com a maior presença de sempre na Feira Internacional de Turismo de Berlim

Maria de Lurdes Sousa, Responsável pelo Escritório de Representação da CGD na Alema-nha, Ana Mendes Godinho ( Secretária de Estado do Turismo) Luis Araújo (Presidente Tu-rismo de Portugal) , Monica Lisboa (Ministra Conselheira da Embaixada de Portugal) e JoãoMira Gomes (Embaixador Portugal)

vas para o turismo português noano de 2016, uma vez que “cercade um milhão de passageiros [ale-mães] ainda não reservaram assuas férias”, correspondendo a 500milhões de euros no mercado dasagências de viagens e dos operado-res turísticos.

João Sampaio e Castro acreditaque esta oportunidade para Portu-gal está relacionada com a estagna-ção do mercado turco devido aquestões de segurança.

“Apesar das crises dos anos an-teriores na Tunísia e no Egipto,estas não nos beneficiaram tantocomo agora com a Turquia”, adicio-nou.

O pavilhão de Portugal ocupouuma área de cerca de 800 metrosquadrados na feira dedicada à in-dústria do turismo e contou comexpositores de 66 empresas prove-nientes das regiões da Madeira,Açores, Centro, Lisboa, Porto,Alentejo e Algarve, assimcomo sete `stands` de AgênciasRegionais de Promoção Turística.

O pavilhão de Portugal na ITBBerlim contou com a presença decerca de 200 profissionais do sec-tor da hotelaria, restauração, agên-cias de viagens e companhias áreas.

.

O Museu da Diáspora e da LínguaPortuguesa, de nome Cais e a serconstruído em Matosinhos, vai serprojectado pelo arquitectoEduardo Souto de Moura, adian-tou o presidente da câmara.

“Escolhemos o arquitectoEduardo Souto de Moura porqueé um Prémio Pritzker [consideradoo mais importante da arquitetura]e porque vai engrandecer e valori-zar, ainda mais, o projecto”, consi-derou Guilherme Pinto.

A Câmara Municipal de Matosi-nhos, no distrito do Porto, vai criaro Museu da Diáspora e da LínguaPortuguesa, que ficará instaladonuma antiga fábrica, e terá um in-vestimento superior a 2,5 milhõesde euros, o que incluiu a reabilita-ção, mas não a aquisição do edifí-cio.

O projecto está a ser encabe-çado pela antiga ministra da Cul-

tura Isabel Pires de Lima, sendopretensão da autarquia inaugurareste novo espaço museológico em2017.

O independente GuilhermePinto lembrou que o arquitectoportuguês tem projecção interna-

cional, sendo isso também “ummotivo de atracção”.

“Eduardo Souto de Moura temcolaborado intensamente com oconcelho de Matosinhos, masainda não tínhamos uma obra delecá, tirando a marginal, e queríamos

Souto de Moura projeta Museu da Diáspora e da Língua Portuguesa em Matosinhos

muito ter uma. Daí o convite”, jus-tificou o autarca independente.

O autarca revelou ainda que oarquitecto português ficou “muitoagradado” pelo convite, tendo-oaceitado “logo” de imediato.

Guilherme Pinto explicou quequer uma “obra marcante” e de di-mensão nacional porque o museu“vai celebrar a língua portuguesa ea aventura da portugalidade pelomundo fora”.

“As conquistas dos portugueses,a influência dos portugueses na lín-gua ou as histórias de sucesso dosque saíram estarão expostas nomuseu”, adiantou.

E acrescentou: “Parece que es-tamos em sintonia com o discursodo Presidente da República quandoele diz que devemos celebrar a por-tugalidade e, no fundo, é isso quenos queremos fazer em Matosi-nhos”.

Em Março de 1916 a Alemanhadeclarou guerra a Portugal.Pouco depois o nosso país cor-tou relações diplomáticas com aÁustria-Hungria. A declaração deguerra por parte da Alemanhaconstituiu uma resposta à requi-sição que Portugal havia feitodos vapores alemães ancoradosnos portos nacionais.

Antes desta situação, já se ha-viam verificado numerosos com-bates no teatro de guerraafricano entre Portugal e a Ale-manha, que, no entanto, não ha-viam motivado o corte derelações diplomáticas nem umadeclaração de guerra formal.

O representante da Alema-nha em Portugal entregou umadeclaração de guerra ao Ministrodos Negócios Estrangeiros, Au-gusto Soares, na qual o governogermânico explicitou as suas ra-zões, salientando que desde oinício do conflito armado, em1914, Portugal apoiara os inimi-gos do Império Alemão, “poractos contrários à neutralidade”.Um dos exemplos referidos nodocumento era a passagem detropas inglesas através de Mo-çambique, do mesmo modo queas expedições portuguesas envia-das para África eram considera-das como hostis à Alemanha.Acrescentava ainda que “A im-prensa e o parlamento desdeque começara a guerra entrega-ram-se a grosseiros insultos con-tra o povo alemão sob umaprotecção mais ou menos notó-ria do Governo Português.”

O Governo alemão “(...)numa indulgente deferênciapara com a difícil situação de Por-tugal, evitou até tirar sérias con-sequências da atitude doGoverno Português.” De facto,em diversas ocasiões, Portugaltratara a Alemanha com uma inu-sitada dureza. Mas com a apreen-são dos navios alemães, “oGoverno Imperial vê-se forçadoa tirar as necessárias consequên-cias do procedimento do Go-verno Português. Considera-sede hoje em diante como estandoem estado de guerra com o Go-verno Português.”

1916Quando a Alemanha declarou guerraa Portugal

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 NOTÍCIAS 5

O Governo português está “muitosatisfeito” com a decisão do Presi-dente , Marcelo Rebelo de Sousa,em escolher Paris para as comemo-rações oficiais do Dia de Portugal,disse o secretário de Estado dasComunidades Portuguesas.

“Ficamos muito satisfeitos comessa decisão do Presidente da Re-pública, porque se trata do reco-nhecimento de uma novaabordagem da relação das institui-ções portuguesas com os portugue-ses que vivem no estrangeiro”,referiu José Luís Carneiro.

O presidente da Assembleia daRepública, Eduardo Ferro Rodri-gues, e o primeiro-ministro, Antó-

nio Costa, também participam nascelebrações do 10 de Junho emParis, e serão acompanhados nafesta reservada à comunidade lusapelo chefe de Estado francês, Fran-çois Hollande.

“O próprio primeiro-ministro,na mensagem que transmitiu aocorpo diplomático em Dezembrotinha feito questão de assinalar asua vontade de estar com os portu-gueses no dia 10 de Junho”, recor-dou o secretário de Estado, antesde sublinhar que no programa doExecutivo também está expressa apreocupação de modificar “paramelhor” o conceito da relação esta-belecida entre as instituições por-

Governo português “muito satisfeito” com decisãodo presidente de celebrar o 10 de Junho em Paris

A Câmara de Cinfães anunciou quevai criar um Gabinete de Apoio aoEmigrante através do qual pretendedar a informação e a ajuda adequa-das e fortalecer as relações afecti-vas.

O Gabinete de Apoio ao Emi-grante será criado no âmbito de umprotocolo de colaboração com a Di-recção Geral dos Assuntos Consu-lares e Comunidades Portuguesas,surgindo do reconhecimento daimportância para o concelho da co-munidade que está espalhada pelomundo.

“Prestar apoio aos cinfanensesresidentes no estrangeiro e seus fa-miliares regressados, temporáriaou definitivamente, a Portugal e fa-cilitar o seu contacto com outrosserviços, assim como incentivá-losa investir no concelho são objecti-vos do município”, explicou o pre-sidente da Câmara, Armando

Mourisco.O autarca disse que também es-

pera com este novo serviço “forta-lecer ainda mais as relaçõesafectivas entre os cinfanenses resi-dentes e os emigrantes”.

“O estabelecimento de relaçõescomerciais com as cidades de aco-lhimento dos nossos emigrantesatravés da colocação nesses merca-dos dos produtos do concelho éoutra das metas a atingir”, acres-centou.

O Gabinete de Apoio ao Emi-grante terá ainda a função de “coo-perar na prevenção de actividadesilícitas referentes à emigração eapoiar os emigrantes cinfanensesno regresso e reinserção”.

Por exemplo, a nova estruturapoderá ajudar na resolução dasquestões com a Segurança Social eno acompanhamento dos pedidosde pensões, no aconselhamento ju-

rídico, nas oportunidades de em-prego e formação profissional, naidentificação de isenções fiscais,nas equivalências e reconheci-mento de cursos obtidos no estran-geiro ou mesmo no acolhimentode emigrantes em situação dedoença ou outra forma de vulnera-bilidade.

De acordo com o Portal das Co-munidades Portuguesas, existemactualmente cem Câmaras com Ga-binete de Apoio ao Emigrante.

Só no distrito de Viseu há vintegabinetes, situados em Carregal doSal, Castro Daire, Lamego, Man-gualde, Moimenta da Beira, Mortá-gua, Nelas, Penalva do Castelo,Penedono, Resende, Santa CombaDão, S. Pedro do Sul, Sátão, S. Joãoda Pesqueira, Sernancelhe, Ta-rouca, Tondela, Vila Nova de Paiva,Viseu e Vouzela.PP com Lusa

Câmara de Cinfães cria Gabinete de Apoio ao Emigrante

O ministério do Trabalho e dosAssuntos Sociais alemão anunciouem Março último que as pensõesserão aumentadas este ano em4,25% para os reformados da Ale-manha ocidental e em 5,95% naparte oriental, o que representa amaior subida em 23 anos.

“Os pensionistas beneficiam dobom estado do mercado de traba-lho, do crescimento da economiae do crescente aumento dos salá-rios”, salientou Nahles.

Os aumentos diferenciadosentre o Este e o Oeste da Alema-

nha tem como objectivo contribuirpara a aproximação das reformaspagas nas duas partes do país, jáque um quarto de século depois dareunificação do país as reformas daparte oriental continuam a ser infe-riores à da ocidental.

Este é o maior aumento das re-formas desde 1993.

No ano passado, a inflaçãoalemã ficou nos 0,3%, a taxa maisbaixa desde 2009, enquanto que oaumento das pensões no Oeste eEste da Alemanha foi de 2,1% e2,5%, respectivamente.

tuguesas e os portugueses quevivem no estrangeiro.

“Esta decisão efectivamente al-tera a percepção que há em Portu-gal dos portugueses que seencontram fora como também aprópria percepção dos emigrantesque olham para o seu país com avontade de participarem na cons-trução do nosso devir colectivo”,sublinhou José Luís Carneiro.

O secretário de Estado das Co-munidades Portuguesas conside-rou ainda que chegou o tempo “dese começar a falar dos 15 milhõesde portugueses” que vivem em Por-tugal, e pelo mundo.PP com Lusa

Pensões na Alemanha registam a maior subida em 23 anos

Dois homens foram premiadoscom 5 mil euros cada um por con-jugarem a sua vida profissionalcom a lida da casa e o cuidado dosfilhos. “Eles são exemplares e têmuma visão moderna da cultura fa-miliar”, afirmou a ministra, na ceri-mónia da entrega dos prémios.

Na Alemanha, todos os anos éatribuído um prémio de 5 mileuros a dois homens pela sua ati-tude no trabalho doméstico e nocuidado dos filhos, “servindo deexemplo para o novo papel mascu-lino numa sociedade moderna”.

Os prémios de 2016 foram en-tregues nesta sexta-feira em Berlima Patrick Neumann, de Hannover, ea Christoph Paas, de Colônia.

Neumann trabalha em média7,5 horas por dia numa associaçãodesportiva e Paas é construtor deinstrumentos musicais. Ambos con-ciliam família e trabalho.

A sugestão ao prémio “superpaido ano” tem de ser feita por umapessoa que não seja da família, eduas pessoas conhecidas têm quegarantir a veracidade das respostasdadas pelos candidatos num longoquestionário online.

Este prémio é patrocinado pelaministra alemã da Família, ManuelaSchwesig, sendo concedido poruma empresa de Gütersloh, na Ale-manha, a qual valoriza projetossociais que visam a conciliação davida familiar com a profissional.

Alemanha atribui prémio em dinheiro a “superpais do ano”

As remessas dos trabalhadores portu-gueses no estrangeiro caíram 21,4%em Janeiro deste ano comparativa-mente com o primeiro mês do anopassado, diminuindo de 261,9 mi-lhões de euros para pouco mais de205 milhões de euros.

De acordo com o boletim estatís-tico do Banco de Portugal, divulgadoem Lisboa, as remessas dos estrangei-ros a trabalhar em Portugal mantive-ram-se praticamente inalteradas,registando apenas uma variação posi-tiva de 1,7%, de 44 milhões para 44,7milhões de euros.

Como é tradicional, os emigrantesa trabalhar na Suíça foram os que maiscontribuíram, com 73 milhões deeuros, mas há a registar a enorme va-

riação negativa dos portugueses naSuíça, cujas remessas para Portugal caí-ram de 63,1 milhões, em Janeiro doano passado, para pouco mais de 32milhões de euros, o que revela umaqueda de quase 50%.

Olhando apenas para os PaísesAfricanos de Língua Oficial Portuguesa(PALOP), regista-se uma subida das re-messas enviadas pelos portuguesesemigrantes, que passaram de 16,2 para19,1 milhões de euros, o que equivalea um aumento de 18,1%. Em Angola,o país que representa a quase totali-dade das remessas enviadas pelos por-tugueses a trabalhar nos PALOP, asverbas passaram de 15,2 para 18,3 mi-lhões de euros, o que significa um au-mento de praticamente 20%.

Remessas de emigrantes caíram mais de 21%em janeiro para 205 milhões de euro

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016COMUNIDADE6

O Governo português vai “reforçaros meios humanos nos serviçosconsulares da Alemanha” aindaeste ano, anunciou o secretário deEstado das Comunidades Portu-guesas durante uma visita oficial aBerlim, Hamburgo, Estugarda eDusseldorf.

Durante a visita José Luís Car-neiro assumiu o compromisso de“garantir, de uma forma paulatina”,mais meios humanos, face ao “au-mento muito significativo da pro-cura” dos serviços consulares.

“Mais de 130 mil portugueses”estão inscritos nos consulados por-tugueses na Alemanha e os “ape-nas” 29 funcionários ao serviço doEstado português realizaram“cerca de 70 mil actos consulares”em 2015, justificou o secretário deEstado.

José Luís Carneiro adiantouainda que vão ser reforçadas aspermanências consulares, queprestam atendimento deslocali-zado às comunidades mais afasta-das dos postos consulares, e que

está em curso o processo de esco-lha do novo titular do Consuladohonorário de Munique, que co-brirá toda a região da Baviera,“muito importante para a atracçãode investimento” português e ale-mão.Segundo o governante, a mo-

dernização dos serviços consularesem curso permitirá que, em 2017,se possa “concretizar o objectivodo acto único consular”.

A segunda dimensão da visitateve a ver com a promoção do por-tuguês, com José Luís Carneiro a

Governo português vai reforçar serviçosconsulares na Alemanha

Visita do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, à Alemanha

O Secretário de Estado das Comu-nidades Portuguesas, José Luís Car-neiro, visitou o consulado deEstugarda no decorrer de uma es-tadia de três dias na Alemanha.José Luís Carneiro confirmou o re-crutamento de um chanceler paraos serviços; aludiu a possíveis re-forços do pessoal consular e subli-nhou a importância daspermanências consulares naquelaárea.

José Luís Carneiro, que se fezacompanhar pelo embaixador MiraGomes, pelo director-geral dos As-suntos Consulares e da presidentedo Instituto Camões, disse ter pre-visto em orçamento a abertura deum concurso não apenas parasubstituir funcionários que estão aalcançar a idade da reforma comotambém para suprir algumas neces-sidades em pontos identificados

como críticos na rede consular,sendo Estugarda um dos casos sa-lientados como “ponto crítico”.

Para além do reforço da coope-ração com o Instituto Camões, JL.Carneiro revelou ao PP: “queria jáagora também deixar a ideia queiremos criar no âmbito da Secreta-ria de Estado das ComunidadesPortuguesas, um Gabinete deApoio ao Investidor da Diáspora. Oobjectivo desse gabinete é identifi-car micro e pequenos empresáriossediadas em Portugal e que quei-ram investir fora; ou então, identi-ficar micro e pequenosempresários da diáspora que dese-jem investir no nosso país. Fare-mos a articulação do processo coma Secretaria de Estado para a Inter-nacionalização e com as CâmarasMunicipais de forma a poder acom-panhar esses investidores”, adian-

tou-nos.O cônsul Reis Arsénio ofere-

ceu um jantar à comitiva governa-mental e a vários convidados dacomunidade lusa. No discurso deboas-vindas o diplomata referiu al-gumas dificuldades burocráticasque ainda bloqueiam o funciona-mento dos serviços que dirige eelogiou a comunidade lusa da suaárea. “A comunidade portuguesade Estugarda tem sido, ao longodos tempos exemplar, honrandosempre o bom nome de Portugal.Nós procuramos, através das nos-sas políticas e através do nosso ser-viço consular, prestar o melhorapoio a esta comunidade, que omerece inteiramente.” Para termi-nar elogiou o desempenho e a en-trega do pessoal consular “que nãodesiste e que com determinação -apesar da falta de recursos que

todos conhecem -continuam nodia-a-dia a realizar o melhor serviçoa todos”. sublinhou Reis Arsénio.

Na visita a Estugarda, JL. Car-neiro encontrou-se com os mem-bros do Conselho dasComunidades Portuguesas JoséLoureiro e Nelson Campos eleitospor aquela área.

Numa nota divulgada atravésdas redes sociais, os conselheirosinformaram que entregaram ao se-cretário de estado “um dossier in-formativo sobre a comunidadeportuguesa na área”. Na informa-ção entregue ao Secretário de Es-tado, os conselheiros referem quena área consular de Estugarda exis-tem cerca 65.000 portugueses, me-tade do total dos portuguesesresidentes na Alemanha.

Os conselheiros abordaramainda com o Secretário de Estado

“assuntos sociais, económicos; o as-sociativismo, ensino da língua e dacultura portuguesa, bem comoquestões consulares, cívicas e polí-ticas”. Os conselheiros apresenta-ram ao Secretário de Estado as suastrês grandes prioridades: “funcio-namento do Conselho das Comu-nidades Portuguesas: reforço doquadro de professores, para assimdefender a qualidade e horário deensino da língua e da cultura por-tuguesas; reforço do quadro defuncionários no Consulado Geralde Estugarda, promoção de umposto consular na área consular deFrankfurt, assim como manutençãodas permanências consulares deMunique e reativação das perma-nências de Singen, Kaiserslauterne Nuremberga.FA. Ribeiro,em Estugarda

reconhecer “o esforço que é feitopelos vários estados federados ale-mães para integrar o ensino da lín-gua portuguesa na estruturacurricular de várias escolas”.

O Orçamento do Estado para2016 – recordou o governante –

prevê “um investimento de 2,5 mi-lhões de euros para o ensino doportuguês na Alemanha”, queabarca “cerca de cinco mil alunos”nos ensinos básico, secundário esuperior, 37 professores e 4 leito-res, referiu o secretário de Estado.

José Luís Carneiro diz ter sen-tido “total abertura” dos ministrosdos vários estados federados quevisitou – Baviera, Baden-Wurtem-berg, Renânia-Palatinado, Sarre eHesse, área onde se encontra amaioria dos portugueses residen-tes na Alemanha, e Renânia doNorte-Vestefália, o estado federadocom o maior número de portugue-ses – para colaborarem com o Ca-mões – Instituto da Cooperação eda Língua na política de promoçãoda cultura portuguesa.

Em Düsseldorf, o secretário deEstado recebeu mesmo a garantiade que “um escritor português”,que o Camões escolherá, passará aintegrar, já este ano, o programacultural da região Renânia doNorte-Vestefália.

Secretário de Estado das Comunidades revela ao PP criação Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora

O conselheiro Alfredo Stoffel (à esq.) reuniu-se em Hamburgo com o Secretário de Estado para lhe apresentar as preocupações da comunidade segundo a sua perspectiva.

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 COMUNIDADE 7

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016COMUNIDADE8

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No passado dia 24 de Fevereirodecorreu no Pestana Hotel Ber-lin Tiergarten, o 5º Encontrode Networking Empresarial deBerlim.

Os Encontros de NetworkingEmpresarial de Berlim são uma ini-ciativa criada em Setembro de2015 por Inês Thomas Almeida epor Maria Do Rosário de PinhoBayer, tendo sido já realizados atéà data cinco encontros.

Uma vez por mês reúnem-seem Berlim um grupo de empresá-rios e profissionais liberais portu-gueses na Alemanha e/ou alemãescom interesses em Portugal.

Estes encontros têm sido uma

experiência extremamente enri-quecedora e o saldo, segundo asorganizadoras, é francamente posi-tivo, na medida em que se têm jun-tado pessoas, projectos e ideias,que de outra maneira pouco con-tacto teriam entre si.

Assim, a Portugal Ventures, aaicep Portugal Global a Embaixadade Portugal em Berlim, a Câmarade Comércio e Indústria Luso-Alemã, só para dar alguns exem-plos, têm tido oportunidade departilhar projectos e estabelecervantajosos diálogos.

Por outro lado, nestes encon-tros têm sido esclarecidas questõesfundamentais para a vida empresa-

rial, como quais os passos impor-tantes, do ponto de vista jurídico econtabilístico, para a criação deuma empresa na Alemanha.

Estes encontros têm fortale-cido relações, têm conduzido àdescoberta de novos interesses efeito nascer projectos comuns.Desde negócios que foram fecha-dos entre alguns dos participantes,até provas de vinhos e noites comcocktails saborosos, tem aconte-cido um pouco de tudo.

Apesar das organizadoras nãopuderem prever como estes encon-tros irão evoluir no futuro, o resul-tados até ao momento foramclaramente vantajosos.

Encontros de Networking Empresarial de Berlim:as vantagens dos contactos

«Caros portugueses, Desde a minha eleição como

Conselheiro das Comunidades Por-tuguesas a 11 de Outubro,

muitos foram os encontros quejá tive.

Entre outros encontrei-me vá-rias vezes com o Cônsul-Geral dePortugal em Düssseldof, com o Em-baixador de Portugal em Berlim,com os cônsules em Esugarda eHamburgo.

Também no dia 24 de Março, edurante a visita do Sr. Secretário deEstado das Comunidades Portugue-sas a Alemanha, tive a oportuni-dade de me encontrar com o novoSecretário de Estado e dar-lheconta das principais dificuldades,problemas e preocupações dosportugueses a viver na Alemanha.

Apresentei ao Sr. Secretário deEstado algumas das preocupaçõescomo, a escola em português, ofuncionamento dos consulados eas permanências consulares, o pro-blema com que se debatem as as-sociações e as Missões Católicas, orecenseamento eleitoral, etc.

Fiquei com a promessa do Sr.Secretário de Estado das Comuni-dades que, atendendo à difícil si-tuação financeira em que Portugalse encontra, fará tudo o que estiverao seu alcance mas financeira-mente não será possível fazermuito mais.

Isto levou-me a pensar em algoque um Sacerdote e amigo meume disse um dia a respeito das Mis-sões Católicas: «Os Sacerdotes,vêm e vão mas, a comunidade fica.»

Também esta frase se aplica àcomunidade em geral.

Nós todos somos a comuni-dade, é aqui que vivemos, é quique temos as nossas casas, o nossotrabalho, é aqui que os nossos fi-

lhos nascem, crescem, estudam etrabalham.

Os cônsules, embaixadores esecretários de Estado vêm e ao fimdo mandato que lhes foi conce-dido vão e, nós a comunidade, fica-mos.

Quero com isto dizer que nósa comunidade, temos de ser maisativos e interventivos, organizados,em tudo.

Não podemos estar sempre acriticar, exigir dos outros e nós pró-prios ficarmos à margem de tudo.

Quero realçar o bom trabalhofeito pelos diversos cônsules e em-baixadores dos últimos anos aquina Alemanha. Mas também os fun-cionários dos consulados fazemum esforço tremendo. Com tãopouco pessoal, conseguem assegu-rar o funcionamento dos consula-dos, mais as permanênciasconsulares, para cerca de 130.000portugueses que vivem na Alema-nha.

Também aqui mostrei a minhapreocupação ao Sr. Secretário deEstado.

Por mais e melhores que sejamos meios eletrónicos, sem massahumana não se pode fazer um tra-balho eficiente.

Não se pode estar a exigir cadavez, mais e melhor e, ao mesmotempo não substituir os funcioná-rios que vão indo para a merecidareforma.

Quero também dar uma pala-vra de apreço e agradecimento atodos os conselheiros eleitos pelaAlemanha, pelo trabalho que temestado a realizar principalmentepelas informações que vamos tro-cando entre nós.

Atendendo às distâncias que vi-vemos e falta de financiamento daSecretaria de Estado, não é fácilfazer encontros regulares comoseria desejável, mas, estou convictoque como prometemos aos eleito-res, tudo faremos dentro das nos-sas possibilidades paracumprirmos com aquilo que noscomprometemos.

Mais uma vez apelo a todas aspessoas para importância do recen-seamento eleitoral e da participa-ção nos atos eleitorais e para setornarem cada vez mais ativas noseio da comunidade.»Conselheiro das ComunidadesPortuguesas, Burscheid (NRW)

A PALAVRA AOS CONSELHEIROS Conselho das Comunidades Portuguesas

As minhas preocupações

Manuel Machado

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 COMUNIDADE 9

Filho de um Gastarbeiter da re-gião de Bragança que veio traba-lhar na região do Ruhr, uma zonaindustrial da Alemanha, no iníciodos anos setenta, Telmo Pires cres-ceu num «cinzento bairro operárioda cidade de Bottrop». Foi nessebairro que fez as primeiras amiza-des com alemães. Enquanto a mãee o pai trabalhavam ele ficava àguarda de um casal de reformadosalemães com os quais aprendeu alíngua, as lengalengas, as históriasde crianças do país de acolhimentodos pais. Contrariamente a muitosoutros estrangeiros na época,quando se iniciou nas primeiras le-tras na escola primária já dominavao alemão tal como os colegas delíngua materna alemã.

Mais tarde frequentou o Gym-nasium, o nível mais elevado e eli-tista do ensino secundário. Apenasum terço da população estudantilconsegue alcançar este grau do en-sino secundário. A maioria dos fi-lhos de estrangeiros não acedem aeste nível por não dominarem alíngua alemã e, também, por nãousufruírem de um nível de escola-ridade dos pais que o facilitaria, omesmo se passando com a classeoperária alemã.

Telmo Pires aproveita as opor-tunidades que se lhe apresentam,e que os pais lhe dão, nunca de-siste e, no seu percurso, não perdea genuinidade que o caracteriza.Quando frequentava o ensino ofi-cial, ia às aulas de língua portu-guesa. «Apanhava um autocarro eera um esforço, enquanto os ou-tros miúdos iam brincar eu estu-dava. Os meus pais queriam queeu aprendesse português e estou-lhes grato por terem insistido.Cresci num ambiente multicultu-ral. Os meus colegas vinham depaíses diferentes e naquela alturanão havia diferenças entre nós:íamos todos à escola, frequentáva-mos as mesmas actividades e seuma miúda não fosse à natação,por os pais não quererem, nin-guém reparava e não era um pro-blema. Nas férias em Portugalouvia os outros miúdos a falaremportuguês com sotaque alemão oumesmo apenas em alemão com ospais, sem se entenderem com oresto da família por não haver umalíngua comum. Eu falava portu-

guês em casa com os meus paiscom forte sotaque transmontano.As minhas primas mais velhas emLisboa estavam sempre a corrigir-me. Sempre gostei de Portugal»disse Telmo Pires em entrevista aoPortugal Post.

Com quatro ou cinco anos co-meçou a cantar ao som das casse-tes do pai. «A minha mãe gostava

muito da Amália e do Carlos doCarmo e esta era a minha ligação aPortugal que acabava sempre como Hino português no fim da emis-são do programa de rádio para o es-trangeiro. Com cerca de catorzeanos aprendi a tocar guitarra sozi-nho, antes tinha aprendido piano,e, com o dinheiro que ganhava adar explicações, ia comprando dis-

cos.» Ainda durante o liceu, for-mou um grupo de rock com osamigos e com eles tocava guitarraeléctrica, «eu cantava Jimi Hendrix,Prince, Chilli Peppers, Doors e ou-tros». Ensaiávamos num Bunker,num quinto andar, sem portasnem janelas, completamente isola-dos do exterior». Mais tarde fre-quentou a Universidade de Essen,

aprendeu canto com uma antigacantora de ópera «que me disseque além de aprender a cantar e acontrolar a respiração tens desaber estar em palco». Começou afazer teatro e a cantar Lieder echanson e a ter aulas de dicçãopara neutralizar o sotaque da re-gião do Ruhr e, paralelamente, es-tudava e trabalhava numadiscoteca como barman. Poucotempo depois passou a vocalistanum grupo de rock. No iníciodeste século Telmo Pires veio paraBerlim, e actuou e a cantou no Ber-liner Kabarett Anstalt. «O CarlosBica ajudou-me muito em Berlim.O meu primeiro concerto foi em2003, no Tränenpalast, onde apre-sentei Fado Azul. Depois junteium contra-baixo, um pianista dejazz, a guitarra portuguesa do IvoGuedes e fados tradicionais com aminha letra e demos muitos con-certos na Alemanha e países limí-trofes mas nunca gravámos comeste grupo. Também fiz vários con-certos no b-flat e no Quasimodo».

No início o repertório era emalemão e inglês mas, gradual-mente, começou a inserir o portu-guês e a sentir que nesta língua«poderia dar mais, expressar-se me-lhor. E a parte portuguesa foi cres-cendo e nesse período comecei acompor fados para piano, o que naaltura ninguém fazia e surgiu pornão ter outra coisa, não era fácilencontrar um guitarrista tradicio-nal. O meu primeiro disco foi compiano, que era a base, e guitarra deflamenco, e foi editado antes de virpara Berlim». Há quatro anos, noauge da sua popularidade nesta ci-dade, decidiu aventurar-se numaLisboa que o desconhecia e queele conhecia apenas das férias.Telmo Pires lançou o seu quintoálbum «Ser Fado» na Alemanha,em Berlim, na Igreja Apostel-Pau-lus, a 12 de Março, com casa cheia.A performance foi um sucesso ca-racterizado pela originalidade e vi-talidade de Telmo Piresindissociável do talento dos seusmúsicos. A imprensa alemã apare-ceu e aplaudiu unânime. O Portu-gal Post esteve lá.

Cristina Dangerfield-Vogtem BerlimFoto: Cortesia Telmo Pires

Telmo Pires é a grande revelação da música portuguesa que vive entre Berlim e Lisboa

Um público, quase todo alemão,esgota a lotação da igreja. Ao meulado, estão sentados alemães quevieram dos arredores de Berlimpara o lançamento do novo discode Telmo Pires, Ser Fado. O pro-grama começa, pontualmente, comguitarradas.

A guitarra portuguesa doBruno Chaveiro, a viola do CajéGarcia e o baixo do Jorge Carreirodominam o público desde o pri-meiro acorde. Telmo sobe ao palcoelegante e vestido de preto com «Àprocura do tempo».

A voz é profunda e bem contro-lada, o seu corpo move-se em per-feita sintonia e interacção com osseus músicos. Telmo sabe o que faze irradia uma luz muito especial na-quele palco, frente ao altar.

A empatia entre o público e ocantor é fantástica. Ele apresenta assuas canções, homenageia AntónioVariações, comparando-o a NinaHagen, pela sua iconoclastia e de-safio das convenções, e canta uminédito daquele artista que lhe foioferecido por um familiar deste.«Ao passar por Braga Abaixo» re-flecte a originalidade do cantor, tão

cedo levado pela morte. Segue-se «O meu amor» em

que Telmo expressa a sua ligação eamor por Lisboa e o azul do Tejo,numa ode à sua cidade de adopção.E canta a seguir o «Mal-aventurado»sem instrumentos, utilizando ape-nas o potentado que é a sua voz in-finita. Vem a seguir o FadoPrimavera com novo texto deTelmo «Se esta alma tivesse voz».Fantástico diálogo da guitarra defado com a viola portuguesa e obaixo dando o ritmo de base. «Lis-boa Reis e Rainhas» com uma per-formance muito original, elegânciainstrumental indiscutível, deixandoa voz vibrar como um instrumento.Uma paixão profunda muito bemcontrolada, uma execução sem má-cula, profissionalíssima, em queTelmo dá generosamente o palcoaos seus músicos. O público delirae ressoam aplausos sinceros.

«It´s a girl» canta Telmo e sur-preende o público com esta home-nagem a David Bowie. Conta comopassara naquela mesma tarde àporta do prédio onde o artista bri-tânico vivera um ano em Berlim ecomo isso o emocionara. O fado, o

pop e o rock com guitarra portu-guesa surgem com enorme à von-tade do seu passado comovocalista. O não perder os sonhos,agarrá-los e lutar por eles, é a men-sagem que nos passa em «Sonhomeu».

A sua voz não se esgota, nãoencontra o limite. «Marujo portu-guês vemo-nos amanhã no mar» eum muito obrigada final a que sesegue um momento de dança. Oconcerto termina com ovações empé do entusiasmado público quenão se quer despedir deste fantás-tico artista e dos noventa minutosde espectáculo que todos sentirampassar num sopro. Bis, bis, bis, trêsvezes chamam-no ao palco. Telmonão resiste ao entusiasmo quecriara no seu público, dedica-se-lhe novamente já um pouco can-sado mas com os olhos brilhantesde felicidade.

Termina este inesquecível con-certo com uma modinha do Norteque dança percorrendo a ala cen-tral, levando o público ao rubro.Ninguém queria partir daquelaigreja, nem Telmo Pires, nem osseus músicos, nem o público.

O fado é o seu destino

Concerto de Telmo Pires em Berlim

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016COMUNIDADE10

A história do PCP está ligada àluta dos trabalhadores, à defesados seus direitos e à oposição atra-vés da luta clandestina ao regimesalazarista que vigorou em Portu-gal até 1974.

Durante a longa luta clandes-tina, os seus militantes foram cons-tantemente perseguidos pelapolícia política do regime, muitosdeles foram presos e vítimas de tor-turas muito violentas que era a ma-neira da polícia política tentaranular a sua militância e eliminaro partido

O PCP tem uma significativa re-presentação parlamentar, sendoapoiante do actual Governo, e é,hoje em dia, um partido integradono regime democrático e nas suasinstituições.

Na Alemanha, a presença doPCP coincide com a chegada dosprimeiros trabalhadores portugue-ses a este país. Mas, de acordo coma informação de Alfredo Stoffel,membro da direcção do partido naAlemanha, “já na República Demo-crática da Alemanha (RDA), o PCPestava presente de forma institucio-nal, no quadro das relações inter-nacionais entre partidos irmãos.Tratava-se da formação de quadrospolíticos, de estudantes com bol-sas e menos uma imigração de na-tureza económica.”

Nas décadas de 70 e 80, o PCPtinha também uma organização naRFA com vários organismos regio-nais, sediados nas áreas consularesde Estugarda, Frankfurt, Dussel-dorf, Osnabrück e Hamburgo.

Na história da organização do

partido há que assinalar a ediçãode um jornal – o Horizonte – pu-blicado por membros afectos aopartido em Frankfurt nos anos 70.

Hoje, o PCP tem uma estruturaorganizada junto da Comunidade,a ODN – Organismo de DirecçãoNacional que coordena a interven-ção e actividade política do PCPem toda a Alemanha.

De acordo com as informaçõesfornecidas pela organização do par-tido na Alemanha são cerca deduas centenas os militantes e sim-patizantes. Mas, o partido afirmaque “a influência do PCP é, no en-tanto, é muito mais vasta, nomea-damente no campo do movimentoassociativo.” No entanto, a ascen-dência que o partido diz ter nocampo social não se traduz nasurnas quando há eleições.

Nas legislativas de 4 de Outu-bro passado, o PCP, que concorreem coligação com Os Verdes sob asigla CDU (Coligação DemocráticaEleitoral) obteve 151 votos na Ale-manha, uma subida de 6 votos emrelações aos resultados consegui-dos nas eleições de 2011.

Alfredo Stoffel confrontadocom o reduzido número de mili-tantes e com a fraca votação obtidapelo partido nas últimas legislati-vas, explica-nos que isso “tem aver com a própria despolitizaçãoque afecta infelizmente muitos dosnossos compatriotas. Mas tambémhá as dificuldades que têm a vercom problemas nossos, nomeada-mente, num país grande e muitopopuloso em que os nossos emi-grantes não primam necessaria-

mente por uma grande visibili-dade”.

Estas dificuldades não impe-dem a intensa militância dos mem-bros do PCP e a manutenção daluta pelos seus ideais, baseados nadefesa dos direitos de quem traba-lha.

O PCP é reconhecidamenteum partido de bandeiras, sempreatento às preocupações da comu-nidade e, neste ano de aniversário,o PCP, pela voz do seu dirigente, A.Stoffel, elenca uma lista de preocu-pações e desejos para a comuni-dade “que todos os trabalhadoresportugueses consigam ter na Ale-

manha um trabalho de qualidadee com direitos; que as crianças pos-sam usufruir de uma educação bi-lingue, de modo a salvaguardarvalores identitários, sem prejuízode uma integração harmoniosa nasociedade alemã; que os jovensluso-descendentes possam teroportunidades, tanto nos estudos,incluindo a universidade, e os ins-titutos técnicos, como no acesso àformação profissional; que os re-formados possam gozar-se das suasreformas sem serem penalizadoscom dupla tributação.

Acrescenta ainda o mesmo diri-gente: “Gostaríamos que a rede

consular estivesse à altura das ne-cessidades da nossa comunidade eque o atendimento consular deproximidade se desenvolvesse parabeneficiar um maior número deportugueses.

Também em relação ao Ensinodo Português no Estrangeiro,somos pela defesa desta forma deensino, colocando em primeirolugar, de forma muito especial, adefesa dos professores e favor daabolição da propina porque consi-deramos este “imposto camuflado”ilegal, anticonstitucional e discrimi-natório.”MS

Comunistas portugueses na Alemanha festejaram em Solingen 95º aniversário do partido

“Assim se vê a força do PC”Os militantes do Partido Comunista Português estão em festa. E têm boas razões. Não existe em Portugal nenhum partido que se possa igualar em anos de vidaao PCP. Por isso, o partido está em festa rija para lembrar que já andam por cá há 95 anos e, não fosse por mais, a festa já seria bem merecida.

Aspecto do encontro dos militantes comunistas em Solingen. Foto:PCP

O embaixador de Portugal, JoãoMira Gomes, efectuou no passadodia 3 de Março uma visita oficial aoEstado da Baixa Saxónia ondemanteve contactos com as autori-dades locais.

Foi a primeira visita oficial doembaixador a este Estado Fede-rado. Numa informação veiculadaatravés das redes sociais, a embai-xada diz que estão também previs-

tas proximamente visitas a outrasregiões e cidades deste grande Es-tado da Baixa Saxónia, “assimcomo encontros com a vasta comu-nidade portuguesa nele residente”.Esta visita foi essencialmente insti-tucional e empresarial. Em Hanô-ver, o embaixador reuniu-se com oMinistro-Presidente da Baixa Saxó-nia, Stephan Weil, e com o Presi-dente da Câmara da cidade, Stefan

Schostok. Na cidade de Wolfsburg,para além de uma visita à autar-quia, teve lugar uma visita à sededo Grupo Volkswagen, incluindoreuniões com membros da Admi-nistração e uma visita à fábrica.

Durante a visita à fábrica daVolkswagen, o embaixador cumpri-mentou um a um os portuguesesque trabalham naquela unidade deconstrução automóvel.

Embaixador de Portugal fez visita oficial à Baixa SaxóniaFoto:VW

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 COMUNIDADE 11

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No dia 7 de março realizou-se emLisboa um encontro organizado ecoordenado pelo think tank ale-mão “Das Progressive Zentrum”,organismo independente e semfins lucrativos, com sede em Ber-lim e fundado em 2007. O seuprincipal objetivo é reunir jovensinteletuais ativos da sociedade civilcom vista à elaboração de reco-mendações políticas que possammelhorar as relações entre os esta-dos europeus, reconstruir a con-fiança e redefinir a Europa nestetempos difíceis.

Este encontro, que se seguiuao primeiro que teve lugar em Ate-nas, na Grécia, a 7 de dezembro de2015, pretende ter um efeito mul-tiplicador na sociedade de forma afomentar o conhecimento e a com-preensão mútua, muito para alémdos clichés e estereótipos respeti-vos, criar redes de contactos entreos países participantes e desenvol-ver novas ideias de reformas paraenfrentar os desafios europeus.

A reunião iniciou-se com aapresentação de boas vindas daparte do Diretor de “Das Progres-

sive Zentrum”, Dominic Schwic-kert, seguido das palavras do Pre-sidente do Instituto de PolíticasPúblicas, organismo que apoiouesta reunião, Carlos Farinha Rodri-gues e da apresentação dos princi-pais objetivos do projeto de ediçãode duas obras, intimamente rela-cionadas com o conteúdo do en-contro, “Pontes por construir –Portugal e Alemanha & Encontrospor Contar – Alemanha e Portugal”pela sua coordenadora e editora,Luísa Coelho.

Em seguida, os cerca de 100participantes, divididos em quatrogrupos, de acordo com os seus in-teresses e conhecimentos, reuni-ram-se em workshops orientadospor mediadores. Foram analisadose discutidos os quatro temas doprojeto: “O crescimento sustentá-vel” com um foco específico na po-lítica europeia de investimento epolítica de energia, “Migração e re-fugiados” com uma referência es-pecial à crise dos refugiados,“Coesão social” com uma orienta-ção focada no desemprego entreos jovens e “Populismo” relacio-

nado especialmente com o euroce-ticismo. Das discussões destestemas saíram novas ideias, suges-tões e propostas que foram, maistarde, apresentadas e discutidas napresença do Ministro de Estado ale-mão Michael Roth, da Secretária deEstado para os Assuntos Europeusdo Governo português MargaridaMarques e do público presente.

Este evento teve lugar nas salasda Fábrica do Braço de Prata emLisboa e será seguido por outrosem Espanha, Itália, França e Alema-nha. O projeto, apoiado pelo Mi-nistério Federal dos NegóciosEstrangeiros, tem a duração dedois anos e procura abrir e assegu-rar um diálogo transnacional sus-tentável entre os principais atoresda sociedade civil, dos media, dapolítica, dos meios académicos ede investigação e da área da indús-tria dos países da União Europeia.No fim deste ciclo de debates serãoapresentadas propostas de solu-ções para os problemas europeus,elaboradas em oficinas de ideiastransnacionais. Luísa Coelho

Diálogo sobre a Europa Encontro Portugal-Alemanha

Há um ano, saiu o livro“Português, meu amor“, daautoria do Dr. Peter Koj,esse apaixonado pela lín-gua portuguesa (foi notíciano Portugal Post Nº 248,de fevereiro de 2015).Trata-se de uma recolha deartigos publicados noórgão oficial da AssociaçãoLuso-Hanseática e na ESA(“Entdecken Sie Algarve”),a maior revista de expres-são alemã publicada emPortugal (Lagoa). Agora é avez de reunir os temas e as-suntos de outra coluna in-serida regularmente nessasduas publicações. Noórgão oficial da Associação Luso-Hanseática chama-se “Passatempoproverbial”, e na ESA, “Spaß mit Sprichwörtern”. Esses dois títulosjuntos permitiram à editora Schmetterling, de Estugarda, publicar umvolume de grande formato que sai agora do prelo, com o título “Pas-satempo Proverbial. Spaß mit portugiesischen Sprichwörtern”.

O passatempo ou seja, o “Spaß” consiste em juntar as duas partesdesirmanadas de provérbios portugueses. Ao todo, são seiscentos, reu-nidos em séries de dez cada. Os provérbios são apresentados emforma bilingue, matando assim dois coelhos de uma só cajadada. Porum lado, para os alemães a aprender a língua portuguesa, constituemum excelente meio de aperfeiçoar os seus conhecimentos. E, para osleitores portugueses, a versão alemã pode servir de chave para desco-brir (ou relembrar) o tesouro proverbial dos alemães. Pois nem sem-pre o autor se contenta com a tradução literal mas cita o provérbioalemão que exprime a mesma ideia.

A própria capa já é exemplo disso. O provérbio que a ilumina dizrespeito à versão alemã do bem conhecido provérbio “Mais vale umpássaro na mão do que dois a voar” e que reza assim “Mais vale umpardal na mão do que uma pomba no telhado” (“Besser ein Spatz inder Hand als eine Taube auf dem Dach”). A ilustração é da autoria daconceituada desenhadora Marlies Schaper, que já tinha ilustrado o pri-meiro volume de Peter Koj. Mas, desta vez, cada desenho ocupa umapágina inteira. São vinte desenhos, de alto valor artístico e cheios deuma imaginação capaz de recriar sabiamente os provérbios, fazendodesse volume uma delícia para o espírito e para o olhar dos leitores.

As 60 séries são acompanhadas por alguns textos informativossobre temas pertinentes, como a sabedoria dos provérbios, os provér-bios na internet, variações jocosas de alguns provérbios conhecidos,e um outro sobre o congresso da Associação Internacional de Pare-miologia, com sede em Tavira. Foi, ainda, incluída uma unidade paraos estudantes de Português, essa, claro, redigida em Português. Equem procurar um determinado provérbio e o seu significado, encon-trá-lo-á facilmente através do índice alfabético, no fim do volume.Além disso, há um registo temático onde se encontram listados pro-vérbios sobre os mais variados temas como “comida”, “família e crian-ças”, “finanças e negócios”, “agricultura”, “crime”, “amor e casamento”,“religião”, “vida social”, “comunicação”, “a morte”, “o mundo dos ani-mais”, “o tempo”.

Tal como no ano passado, o lançamento terá de novo lugar na ga-leria do restaurante NAU, no chamado “bairro português”, sensivel-mente na mesma época do ano, seguido por várias apresentações, noKulturhaus Eppendorf (31 de maio), no Convento de São José emLagoa (14 de junho) e em Cuxhaven, a cidade onde o autor passou asua infância e juventude e cuja população portuguesa representa omaior contingente entre os estrangeiros.

“Besser ein Spatz in der Hand alseine Taube auf dem Dach”

Peter Koj está a bisar

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016ENTREVISTA12

A ideia do livro nasce quandoacontece o 50º aniversário dachegada do milionésimo Gastar-beiter Armando Rodrigues de Sáà estação de Köln-Deutz em1964. Que se pretende com apublicação do livro e que pú-blico desejam alcançar?A ideia do projecto de livro A

Vida Numa Mala nasceu da viagemque Svenja Länder e António de Sá,neto de Armando Rodrigues de Sá,voltam a fazer cinquenta anos de-pois da viagem do seu avô em1964, no âmbito das comemora-ções do 50º aniversário da chegadado milionésimo Gastarbeiter a Co-lónia e da assinatura do acordo derecrutamento de trabalhadoresportugueses para a Alemanha. AVida Numa Mala é o primeiro livrodedicado a Armando Rodrigues deSá, quer em português quer emalemão, e o primeiro que se de-bruça sobre a sua história, a suavida privada e os seus pensamen-tos. Não só pretendemos homena-gear Armando Rodrigues de Sá,como quisemos apresentar ao pú-blico em geral este português quese tornou um símbolo da imigra-ção na Alemanha, e não só da co-munidade portuguesa, mastambém de todos aqueles que umdia partem à procura de uma vidamelhor ou de uma vida rumo à Ale-manha. Daí fazermos a ponte paraoutras comunidades, escolhendo amais significativa em números eem visibilidade, a turca, e para aquestão dos refugiados. Estestemas estão interligados e actual-mente alcançam e motivam um pú-blico muito vasto.

Porquê o título “A Vida numaMala”?Numa das entrevistas para o

projecto, uma jovem portuguesaafirma: «foi positivo separar e con-densar a vida toda numa mala e

continuo a viver daquela mala. Nãocomprei mais nada. Como é quenuma coisa tão pequenina cabe anossa vida?» e assim surgiu o títulodo livro.

Armando Rodrigues de Sá re-presenta hoje um símbolo paraquem escolheu a Alemanha

para viver e trabalhar. Achamque os emigrantes, os mais ve-lhos e os chamados novos emi-grantes reconhecerão no livroum testemunho da história daemigração portuguesa para aAlemanha e França, por exem-plo?Tanto os novos como os anti-

gos viajantes, quer do Ocidente oudo Oriente (especialmente da ÁsiaMenor e do Oriente Médio) quepartem à procura de uma vida me-lhor, seja porque fogem da po-breza, da perseguição, da guerraou da morte quase certa, se inse-rem na grande questão das Migra-ções que é uma característica

constante da História da Humani-dade. Como tal, todos os leitoresse irão reconhecer neste ou na-quele testemunho daqueles querumaram na direcção do porto se-guro - Alemanha. E A Vida NumaMala é sem dúvida um testemunhohistórico e é mais do que isso, éum projecto de reflexão sobre associedades de partida e de acolhi-mento.

Há no livro uma reportagemque leva os leitores a viajaremàs raízes de Armando Rodriguesde Sá. É possível nessa viagemcompreender ainda hoje as ra-zões que levaram muitos portu-gueses a percorrerem oscaminhos da emigração?Em A Vida Numa Mala Ar-

mando Rodrigues de Sá é o catali-sador de todos as preocupações eesperanças que os migrantesvivem. Ele é um símbolo mas tam-bém é a figura em que condensa-mos outras vivências. Omilionésimo Gastarbeiter é, simul-taneamente, ele próprio mas tam-bém todos os outros que partiramà procura de uma vida melhor. Em-bora Armando seja conhecidocomo um ícone da imigração naAlemanha, nada se sabia sobre asua vida privada, excepto nos cír-culos muitos especializados na imi-gração portuguesa neste país. EmPortugal, ele é um famoso desco-nhecido. Fizemos a reportagemem Vale de Madeiros porque que-ríamos visitar o passado de Ar-mando, fomos-lhe no encalço, eencontrámo-nos com as recorda-ções da sua família que as parti-lhou connosco em várias etapas, oque nos permitiu não só descobrirArmando como homem de família,como nos abriu caminho para ho-menagear a memória destehomem-símbolo e de todos os ou-

Entrevistas a portugueses e turcos que emigraram nos anos 60 para a Alema-nha; uma viagem às raízes do milionésimo trabalhador estrangeiro a chegar àAlemanha, Armando Rodrigueses de Sá e depoimentos e entrevistas a novosemigrantes e a “viajantes” que tinham razões diferentes, mas destinos comuns,tudo isto, e muito mais, cabe no livro “A Vida Numa Mala” da Autoria de Dan-

gerfield-Vogt e Svenja Länder recentemente editado pela Oxalá Editora. Este livro irá figurar na história da emigração como “um testemunho históricoe uma reflexão sobre vidas de andarilhos que, no fundo, são os imigrantestodos”. Em entrevista ao PP, as autoras desvendam um pouco o livro e dizemporque vale a pena comprar o livro.

As malas de sonhos dos emigrantes

Oxalá Editora

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 ENTREVISTA 13

tros que partem à procura de umavida melhor.

No vosso livro existem váriosplanos temporais e os leitoresconhecem várias figuras vindasde diferentes partes do mundoe que contam as suas históriasde migração. Como é que olivro faz a ponte entre as váriascomunidades de emigrantes e odrama dos refugiados que hojeprocuram a Alemanha?O leitmotiv de A Vida Numa

Mala são duas viagens: A viagem decomboio entre Lisboa e Colóniaem 1964, com flashback para asmemórias de Armando, e a efec-tuada em 2014. A viagem em doistempos diferentes é o palco a quesobem várias figuras que contamas suas histórias de migração, doOcidente e do Oriente, para a Ale-manha, nos anos 60 e na actuali-dade. Este estilo on the road rumoà Alemanha, local de encontro des-tas pessoas com antecedentessócio -culturais tão diversos, é oelo de ligação entre as várias figu-

ras que contam as suas histórias nonosso projecto. A Alemanha é oponto de encontro e o elo que uneas várias comunidades de imigran-tes neste país. Gostaríamos de men-cionar que durante a viagem em2014, António e Svenja passarampor Paris à procura de Armando,que mudara de estação naquela ci-dade em 1964. Esta paragem na via-gem, foi a oportunidade parahomenagear os emigrantes portu-gueses que desembarcaram emParis à procura de uma vida melhorou da liberdade nos anos 60, dedi-cando-lhes um capítulo precedidopor duas histórias da emigraçãoportuguesa em França.

No livro há depoimentos de imi-grantes turcos. Qual é a inten-ção, já que muitos leitoresestarão à espera de um livro in-teiramente dedicado à emigra-ção lusa?A emigração portuguesa insere-

se no quadro geral das migraçõese no nosso projecto o elo de liga-ção é a Alemanha, um país que evo-

luiu de uma acentuada monocul-tura para um país de imigração.Para compreender o impacto destefenómeno no país de acolhimentode uma forma abrangente, era ne-cessário considerar o maior grupode imigrantes que mais tem impac-tado a sociedade alemã com a suapresença.

Fizemo-lo através dos depoi-mentos das várias figuras querumam para a Alemanha, prece-didos por uma introdução às con-dições histórico-socio-políticas etambém culturais e religiosas, fa-zendo a ponte entre comunida-des e tempos diferentes. Estasentrevistas com os vários migran-tes têm todo o tipo de referên-cias culturais, religiosas, políticas,históricas, e outras que comple-tam “os retratos” que tirámos aosvários migrantes que se encon-tram na Alemanha e que influen-ciam a sociedade alemã e que sãoinfluenciados pela cultura predo-minante da sociedade de acolhi-mento. Cada leitor irá fazer umaleitura muito própria e pessoal ea sua identificação será muito va-riada. Uns identificar-se-ão comas viagens, outros com os senti-mentos, outros com o que encon-traram, outros com as ilusões eoutros com as desilusões, e a sau-dade será comum a todos. O imi-grante chega e enriquece o país deacolhimento, tornando-o mais di-versificado. O que é interessante éque a percentagem da sócio-cul-tura do país de partida relativa-mente à do país de acolhimentovaria da primeira à quarta geraçãode imigrantes. A que era predomi-nante no início deixa de o ser,igualando-se na segunda e terceiragerações, enquanto na quarta ge-ração constata-se, na maioria doscasos, uma inversão, que resultanum «homem novo» surgido da in-teracção sócio-cultural do país deorigem dos pais, cada vez mais dis-tante e difusa, e a do país em queagora vive. Nesta perspectiva, a lei-tura de A Vida Numa Mala seráuma experiência individual e nãocolectiva, seja o leitor de origemportuguesa, turca ou síria.

Quantos às diferenças entre acomunidade portuguesa e a turca

nos anos 60, poder-se-ia falar deum movimento migratório maislaico por parte dos turcos, regidosmais por normas culturais muitopróprias que caracterizam os váriosgrupos étnicos do que propria-mente pela religião, enquanto osmigrantes portugueses registavammaior homogeneidade e religiosi-dade. Isto independentemente dedesenvolvimentos posteriores no

seio das várias comunidades. Oresto vem no livro…

O livro é escrito por uma jorna-lista portuguesa e uma historia-dora alemã. O que foi que asmotivou a publicarem um livro?Quando nos encontrámos em

Berlim-Mitte há um ano e meio,não nos conhecíamos. A Svenja,que é historiadora, especializadaem imigração portuguesa na Alema-nha, cuja tese de mestrado sobre ABatalha (um projecto dos exiladospolíticos portugueses na RFA du-rante o salazarismo), entusiasmou-me para este projecto de livro.Começámos a trabalhar as duascom o mesmo objectivo, o de ho-menagear Armando e todos os ou-tros que deixaram as suas terras embusca de uma vida melhor. O pro-jecto foi crescendo. A minha expe-riência do Médio Oriente e otrabalho com migrantes e refugia-dos da Svenja apoiaram o alarga-

mento do projecto a outros gru-pos. Tivemos muitas ideias inova-doras, umas semelhantes, outrasque se completavam e cultivámosum profundo e descomplexadodiálogo. O segredo do sucesso donosso trabalho conjunto foi:nunca perder de vista que as pes-soas homenageadas no projectoeram as «vedetas» e nós apenas osinstrumentos da sua realização. De

A Vida Numa Mala, um projectorealizado a duas mãos, por umaportuguesa e uma alemã, surgiuuma grande amizade intergera-cional e intercultural.

De que forma é que estão apensar em promover o livro naAlemanha e em Portugal?

Vamos fazer vários lançamen-tos com apresentações do pro-jecto apoiadas por meios visuais,leituras de textos e intervenções,que já estão agendados. Nesteseventos, que terão lugar em vá-rios países europeus, participa-rão representantes institucionaise personalidades das áreas dacultura e das migrações, portu-gueses e alemães, entre outros.

Porque é que os leitores devemter este livro em sua casa?A Vida Numa Mala conta a

grande aventura das viagens dasMigrações, porque é o primeirolivro sobre Armando Rodrigues deSá, porque de uma forma huma-nista e envolvente conta a Históriada Emigração portuguesa no úl-timo meio-século e actual, e as his-tórias de tantos homens, mulherese crianças que do Ocidente e doOriente se encontram na Alema-nha. E porque A Vida Numa Malaé um livro sem preconceitos e dia-logante, que estabelece pontesentre culturas diversas, e que pre-tende tirar a emigração portu-guesa da gaveta dos preconceitosem que a colocaram.Mário dos Santos

C. Dangerfield-Vogt, S. Länder: Número de Páginas: 156Editor: Oxalá EditoraPreço: 11,90 � mais portesEncomendas ao Portugal Post

As malas de sonhos dos emigrantes

Embora Armando seja conhe-cido como um ícone da imigra-ção na Alemanha, nada sesabia sobre a sua vida privada,excepto nos círculos muitos es-pecializados na imigração por-tuguesa neste país. Em Portugal,ele é um famoso desconhecido.Fizemos a reportagem em Valede Madeiros porque queríamosvisitar o passado de Armando,fomos-lhe no encalço, e encon-trámo-nos com as recordaçõesda sua família

“A Vida Numa Mala”

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016CRÓNICA14

CRÓNICAS D’ AGRIPINAPor: de minimis É a cultura, pá!

Malas FeitasMiguel Syzmanski

ois então é assim, doispontos. Eu decidi, nummomento de optimismoincontrolável, recorrer a

crédito para adquirir uma viatura.Muitos argumentos pesaram. Oconforto. A possibilidade de andara traulitar por essa Europa fora aofim de semana. A necessidade decarro para compras maiores de su-permercado, para não ter de ir aoRewe dia sim, dia sim, carregandoresmas de garrafas de água, qualgalego. A vaga ideia de me trans-portar até Portugal, durante as fé-rias de Verão. O preço era bom. Ocarro muito bem conservado,motor da Volkswagen. Consulteimuita gente, li muitos sites de pre-ços e concluí que valia a pena. Fuiao Banco. Pedi crédito. Correutudo bem, burocracia a mais, buro-cracia a menos. Até que chegou aaltura de me darem o dinheiropara as unhas. Deram, é uma forçade expressão, naturalmente. O es-panto e choque surgiram quandome levaram os documentos origi-nais do carro para o cofre doBanco. Houve alguma paralisia es-tupefacta da minha parte, o alemãoB1.2 que julgo ter começou a co-xear perigosamente até ao nível deabsolut Anfänger(in), então, mas

os papéis não são para mim? Per-guntei estremunhada e o senhordo Banco explicou-me com a sim-patia possível por estas bandas,não, não, isto fica para nós,quando acabar de pagar o crédito,devolvemos, mas eu repeti, tipoautómato, o meu cérebro ataran-tado como o do alentejano durantea Reforma Agrária – lembram-se doentão mas a enxada não éminha???, ou algo desse teor,quando confrontado com as impli-cações práticas das ideias comunis-tas da época - e eu senti-meexactamente assim, então mas ospapéis não são meus? Não. Os pa-péis são do Banco. Do cofre. Eufico com o contrato de crédito, ocontrato de aquisição do carro eum documento que me autoriza acircular com a viatura. E fico tam-bém com a matrícula e um autoco-lante circular verde que terei decolar no vidro, autorizando-me acircular na cidade. E um meca-nismo azul, com um ponteiro, paraindicar aos senhores fiscais de es-tacionamento quanto tempo vouficar com o carro estacionado numqualquer parque que seja livre. Ah,fico também com o carro. Mas láficar com os papéis, não. Tenha pa-ciência, minha senhora, regras são

regras. Fui para casa, cabisbaixa, reflec-

tindo sobre as diferenças subtis dodia-a-dia, mais um choque culturalcomo tantos outros, vão fazer seisanos e ainda me espanto quandome dizem que o Verão chegou ouque a comida alemã é muito sabo-rosa ou que o alemão também se

aprende com o tempo ou quetemos de arejar a casa e aquecer adita várias vezes ao dia de modo aevitar bolor nas paredes. Espantoe surpresa de ler nos contratos dearrendamento – já cá cantam três– que não devo tomar banho entreas 22H00 e as 07H00 e que aos do-mingos, devo fazer silêncio entreas 13H00 e as 15H00, porque éMittagsruhe. Acontece que eutenho olhos na cara e ouvidos tísi-cos. A cidade é caótica e baru-lhenta 24 sobre 24 horas, as obraspúblicas não têem descanso, maseu tenho de refrear os ímpetos lu-sitanos de aspirar a casa aos do-mingos.

Espanto e surpresa do dia emque me pediram a declaraçãoShufa e eu perguntei a nativo co-nhecido então mas porque é queo Banco não pode emitir essa de-claração? E como é que estes fula-nos da Shufa sabem da minhasituação financeira, então os meusdados são assim transmitidos semmais e ainda pago 25 Euros? E onativo conhecido riu-se embara-çado e disse qualquer coisa dogénero istoémuitocomplicadoe-nãoteseiexplicartenhod´iralmoça-ragora, ‘tábem?.

Deixando-me com a cabeça

cheia de perguntas sem resposta,paga e não bufa, respeitinho émuito bonito e ou queres um apar-tamento para viver e sujeitas-te ouvoltas para o teu país, que não hátempo a perder e os alemães estãomuito cansados, é uma canseiraterem de estar sempre explicar ascoisas a gente que nem alemãosabe, caramba, mas eu, mesmonão falando fluentemente, tenhodireito a perguntar porquê, comoe onde. Digo eu, que neste mo-mento da minha vida a voracidadeda máquina capitalista e a rapidezbrutal dos acontecimentos ator-doa-me e não tenho tempo paracompreender e agir com calma,todos correm de um lado para ooutro, uns tomam ansiolíticos paradormir, outros para conseguiremir trabalhar e é tanto o bruah, tan-tas as instruções que ao final dodia já nem ler consigo, nem emportuguês, nem em inglês, nemalemão, nem em esperanto. Kaput,sinto-me kaput.

À noite, quando fecho os olhos,imagino que estou numa espla-nada em Tavira. Como ferreirascom batata cozida e salada de to-mate com pimentos. A seguir,durmo uma sesta. De janela aberta.

É a cultura, pá.

P

Fui para casa, cabisbaixa,reflectindo sobre as dife-renças subtis do dia-a-dia,mais um choque culturalcomo tantos outros, vãofazer seis anos e ainda meespanto quando me dizemque o Verão chegou ou quea comida alemã é muito sa-borosa ou que o alemãotambém se aprende com otempo ou que temos de are-jar a casa e aquecer a ditavárias vezes ao dia demodo a evitar bolor nas pa-redes.

Esta semana telefonei para a fá-brica Triumph, em Sacavém, nosarredores de Lisboa. A empresaproduz têxteis para a marca e mul-tinacional alemã de mesmo nomee tinha sido há algum tempo faladana imprensa por estar “em situaçãodifícil”. Como não gosto de histó-rias que ficam a meio (que é o nor-mal na comunicação social) ligueipara a empresa. A última notíciaque vi online já tinha quatro mesese queria saber da sorte das 500 fa-mílias que dependem da fábrica.

Contaram-me a mesma históriaque se repete por todo o lado nopaís: toda a gente vai perder o em-prego se não se encontrar rapida-mente um comprador. O problemada fábrica têxtil Triumph, da fábrica

de bolachas Triunfo há quatromeses ou do jornal Económicoesta semana é que esse compradornunca aparece. O comprador estáa comprar imóveis na Alemanha,francos na Suíça ou a investir emprodutos financeiros em Frankfurte Londres.

No caso da Triumph a empresaestá à beira de fechar, não por nãohaver encomendas ou por a fábricanão dar lucros, mas porque produ-zir na Ásia dá mais lucros e temmenos despesas sociais, ambientaise de segurança no trabalho. Estatem sido a opção da maioria dasempresas europeias que produ-ziam em Portugal desde que o mer-cado internacional “se abriu” em2005.

A decisão de abrir o mercadoeuropeu ao exterior, praticamentesem restrições, foi excelente parauma economia como a alemã, queestava à espera de poder acelerara produção em milhares de fábri-cas, todos elas prontas a começara trabalhar a todo o vapor. A Alema-nha começou a aumentar de talforma as exportações de carros,máquinas e de centenas de outrosbens industriais que a moedaúnica, o Euro, não está a resistir àsassimetrias entre um centro produ-tor e exportador ao rubro e a peri-feria em recessão.

A decisão de abertura do mer-cado foi péssima para um paíscomo Portugal, que nada mais tempara oferecer do que mão de obra

barata e que não estava preparadopara a concorrência feroz, sem re-gras e sem custos sociais. Foi pés-sima e foi comprada aos decisorespolíticos portugueses, demasiadoincompetentes ou corruptos paraevitarem o colapso da economianacional.

Vai provavelmente acontecercom a fábrica têxtil Triumph o queaconteceu há quatro meses com afábrica de bolachas Triunfo. Com odesaparecimento da pouca indús-tria que ainda resta a Portugal, querproduza roupa ou bens alimenta-res, desaparece também a capaci-dade para manter as empresas quefazem jornais, desaparecem as edi-toras e as livrarias. O que resta sãoquiosques e lojas de souvenirs que

vendem memórias, latas de sardi-nha e sabonetes artesanais com de-sign retro.

O mais grave é que desapare-cem a pessoas. Na semana passadaestive a fazer uma reportagem noHospital São José em Lisboa e vi,por todo o lado naquele edifíciopúblico, dentro do próprio hospi-tal, cartazes afixados de uma “feirade empregos”, uma feira para en-fermeiros e médicos, a convidá-losa emigrarem para o Reino Unido,a Dinamarca e Alemanha.

O perigo já não é há muito ocomunismo. O perigo é “este capi-talismo, que mata”, de tal forma,que hoje se pode acabar um artigosobre o colapso da economia emPortugal com uma citação do Papa.

O verdadeiro triunfo dos porcos

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 15

Ana Cristina Silva

que a literatura faz é omesmo que acenderum fósforo no campono meio da noite. Um

fósforo não ilumina quase nada,mas permite-nos ver quanta escu-ridão existe em nosso redor. W.Faulkner.”

A citação deste grande autoramericano serve-me para falar daminha convicção de que, para mui-tos dos grandes escritores, por de-trás do exercício de escrita, existeo impulso de mudar o mundo, sa-bendo, no entanto, que nenhumlivro será capaz de o fazer. Não há

romance que mate a fome, que su-prima as desigualdade ou injusti-ças, que termine com as guerras, e,no entanto, os escritores não secansam de mostrar “a escuridão”em redor das mais terríveis situa-ções humanas. Talvez por isso, Zolasublinha como os governos suspei-tam da literatura, porque, afirmavaele, é uma força que lhes escapa. Ese Emílio Zola não tivesse razão, oslivros não teriam sido tantas vezesqueimados ao longo da história.

A qualidade de um romance –dimensão sempre subjectiva - estána capacidade de conduzir o leitorpara essas zonas remotas do sofri-mento e da realidade humana atra-vés da linguagem e em que a suarenovação constitui a autoestradapara a imaginação e reflexão do lei-tor. Nesse sentido, as emoções quea boa literatura suscita são eternas

– basta pensar na actualidade deShakespeare - e a forma como o es-critor consegue chegar ao núcleoda alma humana é por vezes ummistério para o próprio autor,como se uma mão invisível o con-duzisse. Freud considerava os ro-mancistas os grandes mestres doespírito humano porque, dizia ele,os romancistas bebem de umafonte que não é acessível à ciência.

Publiquei no mês passado omeu décimo primeiro romance - “ANOITE NÃO É ETERNA” - e conti-nuo sem fazer a mínima ideia decomo se escreve um romance. Aúnica coisa que tenho para apre-sentar depois destes livros é aminha fé de que algo inconscienteme irá guiar na estrutura que ima-ginei para um novo romance e que,depois de dar corpo a um texto,terei de ter muito trabalho – esse

bem consciente – a depurar a lin-guagem. E sim, considero que façoparte daquela categoria de autoresque gostaria de mudar o mundo.

No mês de Maio, a Oxalá Edi-tora, uma editora ligada ao Portu-gal Post, vai reeditar um romancemeu sobre violência doméstica –que foi para o efeito reescrito eque há muitos anos que não se en-contra no mercado. “A MULHERTRANSPARENTE” - assim sechama o romance – foi editadopela primeira vez em 2004 pelaGótica.

Quando o escrevi, tal comoagora, tinha o propósito de descre-ver o círculo vicioso de perdão,medo e destruição que as mulhe-res submetidas a uma relação vio-lenta enfrentam, tornando vivo acompreensão desse círculo atravésdas minhas personagens. Claro

que sabia que não deixaria dehaver violência doméstica porcausa de um mero romance, masambicionava que através do livro,as mulheres nestas condições sepercebessem melhor - aliás sobreesse aspecto tive, digamos assim, aminha “recompensa”, na medidaem que, na altura da sua primeiraedição, uma senhora que era es-pancada há 14 anos me disse queparecia que eu a conhecia - paramais facilmente procurarem auxí-lio.

Ao mesmo tempo, gostaria quea sociedade passasse a compreen-der melhor a natureza da prisão in-terna e externa que estas mulheressuportam dentro de suas casas enão as condenassem tão facilmentequando, porventura, não fazemqueixa (O “Elas gostam!!” que tan-tas vezes se ouve na boca das pes-soas).

Passaram-se doze anos desde aprimeira edição deste romance einfelizmente não mudei o mundo,o meu romance continua tão actualcomo na época em que foi pela pri-meira vez publicado. Basta pensarnas 29 mortes de mulheres vítimasde violência doméstica que ocorre-ram em 2015, muitas delas já sina-lizadas pelo sistema. Ou basta vercomo uma juíza, em plena sessãode tribunal, criticou Bárbara Gui-marães por ela não ter apresentadoqueixa imediatamente depois dasalegadas agressões que terá sido ví-tima. Se isto se passa num caso me-diático, o que acontecerá nostribunais de Portugal em que as ví-timas são mulheres anónimas. Umdado relevante é o número deagressores que apenas é conde-nado a pena suspensa, enquantoelas perdem tudo – casa e muitasvezes emprego – para fugirem doseu carrasco. Por tudo isto, “A MU-LHER TRANSPARENTE” não per-deu em nada actualidade, depoisde todos estes anos.

“O

Violência domésticana literatura

Autores da DiásporaoxaláEditoraSe deseja ver o seu manuscrito publicado poderá enviá-lo para a Oxalá Editora, Autores da Diáspora especializadana publicação de autores lusófonos espalhados pelo mundo.Em 15 dias daremos uma resposta sobre a publicação do seu livro, quer seja romance, poesia, autobiografia, contos,etc..

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 201616

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Áreas de ActuaçãoDireito de TrabalhoDireito das SociedadesDireito de famíliaDireito de sucessões

Cooperacão:Fá ma Dias Pinto, PortoSandra Gomes Pinto, Lisboa

Perguntasfrequentes

No seu acórdão de 25 de fevereirode 2016, o Tribunal de Justiça daUnião Europeia (TJUE), a seguir“Tribunal de Justiça”, confirma assuas decisões recentes, segundo asquais um Estado-Membro pode ex-cluir de certas prestações sociais osnacionais de outros Estados-Mem-bros durante os três primeirosmeses de residência. Trata-se deprestações de subsistência alemãs- subsídio de desemprego II (HartzIV ) - ao abrigo do Livro II do Có-digo da Segurança Social alemão, aseguir “SGB II”. Outras prestações,tais como os abonos de família,não são objeto do presente acór-dão.

DIRETIVA «CIDADÃO DA UNIÃO»O Tribunal de Justiça recorda que,segundo a diretiva 2004/38/CE doParlamento Europeu e do Conse-lho, de 29 de abril de 2004, relativaao direito de livre circulação e re-sidência dos cidadãos da União edos membros das suas famílias noterritório dos Estados-Membros,conhecida por diretiva «cidadão da

União», os cidadãos comunitáriostêm o direito de residir noutro Es-tado-Membro por um período atétrês meses, sem outras condiçõesou formalidades para além da exi-gência de ser titular de um cartãode identidade ou de um passaporteválidos.

FACTOS DO LITÍGIO NO PRO-CESSO PRINCIPAL:No caso tratado, uma família espa-nhola mudou-se para a Alemanhaem períodos diferentes: o Sr. JoelPeña Cuevas e o seu filho aindamenor, Joel Luis Peña Cruz, tinhamchegado à Alemanha no fim dejunho de 2012, alguns meses de-pois da Sra. Jovanna García-Nieto eda filha comum de ambos, JovanlisPeña García. Nessa data, a Sra. Gar-cía-Nieto já exercia uma atividaderegular remunerada na Alemanha,ao abrigo da qual esteve inscrita, acontar do mês de julho, a título ob-rigatório na segurança social. A par-tir desse mês, a família recebeuabonos de família.

Anteriormente os membrosdesta família viviam como casal, em

comunhão de habitação, desde hávários anos em Espanha, e forma-vam uma unidade económica semserem casados e sem terem cele-brado uma parceria registada.

Em 30 de julho de 2012, a famí-lia Peña-García apresentou ao cen-tro de emprego um pedido deprestações de subsistência aoabrigo do SGB II. O centro de em-prego recusou a concessão das re-feridas prestações ao Sr. PeñaCuevas e ao seu filho em relaçãoaos meses de agosto e de setembrode 2012, mas concedeu-as a partirde outubro de 2012.

REENVIO PREJUDICIALNão conformada com a recusa dasprestações de base alemãs para osmeses de agosto e setembro de2012, com o fundamento de queresidiam há menos de três mesesna Alemanha, a família Peña-Garcíainterpôs uma ação junto do tribu-nal social de Gelsenkirchen, quejulgou procedente a ação, rejei-tando os motivos de exclusão ale-gados pelo centro de emprego( Jobcenter).

Por sua vez, o Jobcenter inter-pôs recurso para o tribunal socialde segunda instância, o Landesso-zialgericht Nordrhein-Westfalen(Tribunal Superior Social da Renâ-nia do Norte–Vestefália).

Neste contexto, o Landessozial-gericht pergunta ao Tribunal deJustiça, em resumo, se a exclusãototal dos recorrentes no processoprincipal do benefício das presta-ções de subsistência é compatívelcom o direito da União Europeia.

Trata-se do chamado reenvioprejudicial (aqui no sentido de an-tecedente do julgamento), um ins-trumento de cooperação judiciária,que consiste no envio ao Tribunalde Justiça de uma ou mais pergun-

tas relativas à aplicação do direitoeuropeu e que permite a uma ju-risdição nacional questioná-losobre a interpretação ou a validadedo direito europeu num processopendente.

CONCLUSÕES DO TRIBUNALDE JUSTIÇADe acordo com o Tribunal de Jus-tiça, os cidadãos comunitários têmo direito de permanecer até 3meses noutro país da UE, sem ou-tras formalidades. Porém, a diretivaeuropeia permite aos Estados-Membros recusar aos interessadostoda a espécie de prestações so-ciais “para manutenção do equilí-brio financeiro” dos seus sistemassociais.Aos cidadãos comunitários podemser recusadas as prestações sociaisaté 3 meses após a entrada noutropaís da UE sem ser examinado ocaso individual. Os juízes declara-ram as normas em causa da legis-lação social alemã compatíveiscom o direito europeu.

ACÓRDÃOS ANTERIORES DOTRIBUNAL DE JUSTIÇACom este acórdão García-Nieto, osjuízes não se afastaram da sua an-terior orientação. - No acórdão Dano, de 11 de no-vembro de 2014, o Tribunal de Jus-tiça constatou que essa exclusão élegítima para os nacionais de um

Estado-Membro que chegam aoterritório de outro Estado-Membrosem vontade de aí encontrar umemprego.Neste caso tratava-se de 2 cidadãosromenos, a Sra. E. Dano e seufilho, já residentes há mais de trêsmeses, com um período de resi-dência inferior a cinco anos, nãoconferindo, portanto, um direitode residência permanente. O tribunal salienta que a diretivacondiciona o direito de residênciadesignadamente ao facto de as pes-soas economicamente inativas dis-porem de recursos própriossuficientes.- No acórdão Alimanovic, de 15 desetembro de 2015, o Tribunal Fe-deral Social (Bundessozialgericht)pretendia saber se a exclusão dasprestações do seguro de base ale-mão («Grundsicherung») é igual-mente legítima no que respeita aoscidadãos da UE que se deslocarampara o território de um Estado-Membro de acolhimento para aíprocurar um emprego e que aí játrabalharam durante algum tempo,quando essas prestações são garan-tidas aos nacionais do Estado-Membro de acolhimento que seencontrem na mesma situação. Nas alegações do advogado-geralno processo Alimanovic, não ficouexcluída a hipótese de existênciade possibilidades para conferir um

Alemanha pode recusar prestações desubsistência durante os três primeirosmeses de residência

Acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 17

PUB

Informação Jurídica

Susana TãoPorto

direito de residência aos recorren-tes, devido à situação familiar e aolongo período de estadia na Alema-nha.Em resposta às questões do órgãojurisdicional alemão, o Tribunal deJustiça declara que o facto de recu-sar aos cidadãos da UE, cujo direitode residência no território de umEstado-Membro de acolhimentoapenas é justificado pela procurade emprego, o benefício de certas«prestações especiais pecuniáriasde caráter não contributivo», igual-mente constitutivas de uma «pres-tação de assistência social», não écontrário ao princípio da igualdadede tratamento. Entretanto, por decisão de 3 de de-zembro de 2015, o Bundessozial-gericht devolveu o processoAlimovic ao LandessozialgerichtBerlin-Brandenburg, para melhoranálise da situação particular dosinteressados, sobretudo no respei-tante à existência eventual do di-reito de residência.

CONVENÇÃO EUROPEIA DE AS-SISTÊNCIA

Por sentença de 19-10-2010, oBundessozialgericht decidiu que,no âmbito da Convenção Europeiade Assistência Social e Médica de1953, não se podia excluir da pres-tação social básica de subsistênciacidadãos estrangeiros à procura deemprego. Como alguns recordarão, naquelaaltura, esta decisão foi recebidacom muita apreensão por parte dogoverno alemão, temendo a che-gada de um enorme número demigrantes.Na sequência desta sentença, o go-verno emitiu uma reserva em 19de dezembro de 2011, segundo aqual não se compromete a fazerbeneficiar os nacionais das outrasPartes Contratantes, em plano deigualdade com os seus própriosnacionais e nas mesmas condições,das prestações previstas no livro IIdo Código da Segurança Social –Proteção social de base das pessoasà procura de emprego.

Esta reserva tem-se mostradomuito controversa. De acordo como § 1.º dessa Convenção, os nacio-nais das outras Partes Contratantes,

que se encontrem privados de re-cursos suficientes, têm direito aprestações de assistência social emédica enquanto vivem na Alema-nha.

Devido a esta reserva, calcula-se que, em muitos casos, a situaçãodos interessados nem sequer estáa ser avaliada ao abrigo dessa Con-venção, alegando-se já não ser sus-cetível de criar direitos. Ignoramos serviços que a reserva emitidadiz respeito apenas às prestaçõesprevistas para pessoas à procura

de emprego.

PAPEL IMPORTANTE DO BUN-DESSOZIALGERICHTDe acordo com duas sentenças doBundessozialgericht, de dezembrode 2015, os cidadãos estrangeirosprovenientes de países da UE pas-sam a ter direito a ajuda social, omais tardar após 6 meses de estadiana Alemanha.

Na sua fundamentação, os juí-zes desse tribunal superior vãomais longe do que o Tribunal de

Justiça e remetem para a jurispru-dência do Tribunal ConstitucionalAlemão relativamente ao direitofundamental de garantia de um mí-nimo de subsistência.Quando os cidadãos comunitáriosficam excluídos das prestaçõesHarz IV, os serviços de proteçãosocial têm obrigação de examina-rem se têm direito à concessão deajuda social.

Devido à importância destasdecisões, aprofundarei o temanuma próxima ocasião.

Alemanha pode recusar prestações de subsistência durante os três primeiros meses de residência

O estabelecimento comercial é sus-ceptível de transmissão, nomeada-mente através de cessão deexploração e trespasse. O contratode trespasse é o acordo medianteo qual uma parte (o trespassante)transmite a outra (o trespassário),a propriedade do estabelecimento.Trata-se de uma transmissão comcarácter definitivo, e que, por isso,incide sobre a propriedade do es-tabelecimento e não apenas sobrea sua exploração. No trespasse dá-se a transmissão da posição de ar-rendatário, isto é, o arrendamento

deixa de estar em seu nome e passapara nome do trespassário. Paraque o trespasse se efetive é neces-sário a transmissão do elenco devalores e dos bens que compõemo estabelecimento comercial. Nãohaverá trespasse quando a trans-missão não seja acompanhada datransferência, em conjunto, das ins-talações, utensílios, mercadorias ououtros elementos que integram oestabelecimento. Quando o tres-passe compreenda a transmissãodo arrendamento do prédio emque funciona o estabelecimento,não há necessidade de autorizaçãodo senhorio, devendo, no entanto,ser-lhe comunicada a cedência paraque este possa exercer o direito depreferência. Para o exercício destedireito, o arrendatário ou trespas-sante, deve informar o senhorio dasua intenção de proceder ao tres-passe, indicando, pelo menos, os

elementos essenciais do negócio,ou seja, a identificação da pessoaa quem o estabelecimento serátrespassado, o preço convencio-nado e respectivas condições depagamento e bem assim como adata prevista para a celebração dotrespasse. Esta comunicação ao se-nhorio deve ser feita com, pelomenos, 8 dias de antecedência emrelação à data prevista para a cele-bração do trespasse. O direito depreferência caduca se o senhorionada disser naquele prazo. A faltade comunicação tem como conse-quência a ineficácia em relação aosenhorio, conferindo ao senhorioa faculdade de pedir a resoluçãodo arrendamento.

O contrato de cessão de explo-ração, é o contrato pelo qual al-guém se obriga a proporcionar aoutrem o gozo e fruição temporá-ria de um estabelecimento, me-

diante retribuição. Na cessão de ex-ploração transfere-se para um ter-ceiro o gozo do local arrendado eda utilização do estabelecimento.O cedente demite-se temporaria-mente do exercício da actividadecomercial e quem o assume é o ces-sionário. Não se verifica a mudançade posição de arrendatário, peloque, o cedente mantém a sua posi-ção no contrato de arrendamento.A cessão de exploração tem carátertemporário e as partes podem esti-pular livremente o prazo. Findo oprazo convencionado, o cessioná-rio terá que entregar o estabeleci-mento ao cedente. Tal como notrespasse não se exige a autoriza-ção do senhorio, porém, também,a cessão, lhe tem que ser comuni-cada.

Enquanto que a cessão de ex-ploração é um negócio de trans-missão a título temporário e

oneroso de um estabelecimento, otrespasse é um negócio de trans-missão da propriedade do estabe-lecimento. O trespasse implicauma transmissão do domínio do es-tabelecimento, a cessão de explo-ração envolve apenas a transmissãoda fruição da sua exploração, ouseja, diferentemente do trespassá-rio, que é investido num direitoreal de propriedade sobre o estabe-lecimento, o locatário é titular deum mero direito obrigacional degozo, que lhe permite explorar emseu nome e por sua conta o estabe-lecimento, permanecendo o ce-dente como arrendatário.Susana Tão AdvogadaRua Arquiteto Cassiano Bar-bosa nº. 44 E 34100-009 [email protected].: 00351-22 6184115/6

Trespasse e Cessão de Exploração

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016PORTUGAL POST NA ESCOLA18

No passado dia 14 de março os alunos do curso de língua ecultura portuguesas celebraram antecipadamente o dia dopai com a gravação de um programa de rádio. Gravámos umprograma para a primeira rádio portuguesa online destinadaao público infantil, a rádio miúdos. A entrevista foi moderadapelo senhor João Pedro, locutor da rádio, que perguntouaos alunos e seus respetivos pais sobre as vivências na Ale-manha e a terra natal dos seus familiares. Houve quem ti-vesse preparado anedotas para apresentar e selecionado umapequena cancão. Os pais e os seus filhotes foram entretantojogando vários jogos de mesa, como por exemplo, monopó-lio, party e mikado. Foi um fim de tarde divertido e de con-vívio familiar em português!Texto escrito pela professora Cláudia Loureiro Fonseca

No passado dia 6 o curso de Karlsruhe festejou o Carnavalcom toda a comunidade. O desafio: Sê diferente, sê original.Mascara-te usando as cores da bandeira. E porque é carnaval,ninguém leva mal houve de tudo um pouco: palhaços, pira-

Ainda em BerlimNo passado dia dez de março realizou-se na Escola OficialEuropeia de Berlim, a Kurt-Schwitters Schule o concursoanula de talentos, no qual participaram vários alunos doprojeto bilingue português/alemão, inclusive o apresenta-dor e os dois vencedores do referido concurso.Texto escrito pela professora Andreia Augustin

tas e muito mais. A nossa festa teve música ao vivo e ainda apresença do Rancho Folclórico de Karlsruhe, a quem gosta-ríamos de deixar aqui o nosso obrigado.Texto escrito pela professora Carla Cardoso

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 PORTUGAL POST NA ESCOLA 19

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 201620

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Hamburgo, 6 de Abril – A magia do fado. Concerto comCláudia Madur. Local: Kulturkirche Altona Bei der Jo-hanniskirche 22, 22767 Hamburg- Início: 20h00

Berlim, 7 de Abril – Concerto com Lura. Local: Lido, Cu-vrystraße 7,10997 Berlin . Início: 20h00

Hagen, 9, de Abril – Grande festival de folclore organi-zado pelo grupo Coração do Minho. O festival vai contarcom a participação de 10 Ranchos folclóricos da Alema-nha, Luxemburgo e Franca. O baile vai ser abrilhantadopela Banda Segura-te. O momento alto será a atuação daBanda Ymperio Show de Portugal. Local: Fritz SteinhofGesamtschule 20 em Hegen

Leipzig, 12 de Abril: Concerto “Música de Abril“. Local:Stadtbibliothek Leipzig, Wilhelm-Leuschner-Platz 10 in04107 Leipzig. Início: 18h00

Hamburgo, 14 de Abril – Concerto com o grupo „Fadoao Centro“. Local: Laeiszhalle, Kleiner Saal, Johannes-Brahms-Platz, 20355 Hamburg. Início: 20h00

Berlim, 14 de Abril – Concerto com o grupo „Fado aoCentro“. Passionskirche, Marheinekeplatz 1 | 10961 Ber-lin. Início: 20h00

Dresden, 16 de Abril – Concerto com o grupo „Fado aoCentro“. Lukaskirche Dresden Lukasplatz 1, 01069 Dres-den – 20h00

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Digressão do grupo de fado de Coimbra “PraxisNova”Heinsberg , 21 de Abril – Heinsberg – restaurante O Por-tuguês. 20h00Neuss, 22 de Abril –– igreja Christ König. 18h30Mönchengladbach, 23 de Abril – Münchengladbach - As-sociação Portuguesa de Cultura e Recreio. 21h00Gelsenkirchen, 24 de Abril - Gelsenkirchen – SchlossHorst. 18h00

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 VIDAS 21

Palavras cruzadas ||| Por: Paulo Freixinho

Quase todas as noites acordo so-bressaltada. Umas vezes alagada emsuores e assustada, outras a gritarcomo se me tivesse a afundar ou amorrer afogada. Nessas noites nuncamais volto a dormir e, desperta,choro até as lágrimas me sufocareme o desânimo se abater sobre mimaté ficar prostrada de cansaço e demedo.

Às vezes tenho amigos por pertoque me animam e me fazem compa-nhia em casa durante algumas horasda noite, mas quando se vão fico sócomo se estivesse num quarto es-curo.

Durante o dia, quando não estouno hospital, não sei o que fazer. Otempo aqui também não ajuda. Ospasseios de poucos minutos que doupelo bairro distraem-me um pouco.Quando acontece, um rapaz quegosta muito de mim vem visitar-me efica algumas horas, cozinha e faztudo para me sentir um pouco ale-gre; pega-me nas mãos e pede-mepara eu ter força e que faria tudopara estar comigo, para me fazerfeliz. Acho que ele tem uma quedapor mim, mas falarei dele mais paraa frente.

Mas estou a contar isto assimsem dizer as razões por que escrevoesta carta e a envio ao vosso jornal.

Sou uma rapariga de 35 anos deidade. A minha mãe era portuguesae o meu pai alemão. Infelizmente jánão estão cá. Falecerem quase um aseguir ao outro. Quando a minhamãe faleceu foi uma situação muitodura para o meu pai. Um ano maistarde o meu pai morreu, provavel-mente de desgosto.

Até há oito meses eu era umamulher sã, alegre e cheia de vida.Tinha o mundo a meus pés. Os ho-mens diziam que eu era muito belae, por isso, tinha muitos pretenden-tes. As minhas amigas confirmavam-no e invejavam-me a beleza.Admiravam-me também por não serarrogante e ser simples; generosa edada a quem precisasse da minhaajuda. Tinha um bom emprego e, de-pois de tantos estudos, estava con-fiante numa carreira promissora.

Mas tudo mudou.Há oito meses, numa rara ida ao

médico por um motivo quase ridí-culo, descobriram-me um cancro.Depois de análises, disseram que eramuito agressivo e que se tinha espa-

lhado por uma parte do corpo. Oque não me disserem logo foi quetinha uma esperança de vida demeses ou no máximo de um ano.

Quando o médico me disse quetinha cancro não fiquei assustada,um pouco preocupada, talvez, masnão muito assustada. Pensei queseria capaz de ultrapassar e lutarcontra a doença.

Eu era conhecida por ser tam-bém uma mulher optimista, desen-rascada, que ia à luta para vencertodos os obstáculos sempre crenteque as dificuldades seriam ultrapas-sadas. Quem me conhecia admirava-se por eu enfrentar as pioressituações da vida com um sorrisonos lábios.

Mas a situação alterou-sequando, dias mais tarde, o médicome chamou para me avisar que nãovalia a pena nenhuma terapia devidoao estado avançado do cancro e quetinha de me preparar para o pior.

Não baixei os braços e tratei deobter uma segunda opinião. Fiz maisexames numa clínica universitária efui vista por vários especialistas. Aopinião dos médicos foi conclu-dente à dos que me acompanhavam:

não tinha hipóteses.Foi um momento estranho. Pare-

cia que me tinham batido na cabeça.Durante algum tempo não queriaacreditar que aquilo tivesse a ver co-migo e, pouco a pouco, a cruel rea-lidade tirou-me o chão debaixo dosmeus pés e caí num abismo. Estouperdida, disse a mim mesmo. As lá-grimas toldavam-me a vista e choreidurante todo o tempo em que, de-pois de sair da clínica, esperava ocomboio para me trazer a casa.

Nunca mais fui a mesma.Foi um terrível choque quando

disse aos meus amigos que tinhacancro e, mais dia menos dia, iriamorrer. Tentei diante deles fazer umesforço para sorrir. Simulei umas pa-lavras ridículas para lhes dizer queestava preparada para enfrentar essaterrível sentença. Mas não estava.Nunca estive.

O meu rosto já não era omesmo. O meu sorriso também. Omeu olhar tornou triste e perdido.Em pouco tempo envelheci anos.Desde aí que nunca mais dormi umanoite seguida.

Na altura tinha um namorado,um emprego e uma casa de que gos-tava muito. Deixei tudo, menos o na-morado que me deixou. Arranjou adesculpa que tinha de ir trabalharpara outra cidade e foi. Deixei-o irsem uma ponta de tristeza porque jánada tinha a ver com ele quandosenti que não aceitou a minhadoença.

Deixei o trabalho e reformei-me.Deixei a casa que tinha num localnobre da cidade para ir morar paraum bairro de casas baratas. Perdimuitos amigos e ganhei outros. Osamigos que ficaram eram os verda-deiros, os que me amavam. São elesque me visitam e fazem a minha vidaum pouco menos dolorosa. Tam-bém estou um pouco transformada,mais velha de aparência. Quandome olho ao espelho não consigo re-conhecer-me e desespero numchoro infindável.

Perdi o gosto por tudo e portodos. Tenho fases em que a depres-são me deixa inerte na cama durantedias. Tenho muitas dores, ou melhor,dores diferentes. Aquelas provoca-das pelo cancro e uma dor enormeque me incendeia o peito e não medeixa respirar. Quase que sufoconessa dor. Não sei se é de tristeza oude medo.

Já não falo das horas que passoa sofrer por causa dos efeitos secun-dários dos medicamentos que tomoe que me fazem vomitar quase per-

manentemente.Em suma, estou feita num trapo.Mas nem tudo está a correr mal.

Há dias que tenho pequenos mo-mentos de felicidade que me traz al-guma serenidade. É que meapaixonei. Aconteceu assim de ummomento para o outro. O apaixo-nado é aquele rapaz que me vemsempre visitar e sobre quem tivesempre a impressão de que tinhauma pancadinha por mim. Inicial-mente, não lhe dei muita importân-cia. Era um amigo, mas...

Aqui há dias, já noite dentro, eleficou cá em casa porque tinha per-dido o autocarro. Nessa noite falá-mos quase até de manhã. Fiqueisurpreendida por falar horas a fiosem me cansar, esquecendo quase adoença e a situação que eu estou aviver.

Eu via-lhe os olhos brilhantes, vi-víssimos, apaixonados e ele, numaparte durante a conversa, disse-meque eu estava muito bela e que vianos meus olhos uma luz intensa ebrilhante. Foi nesse momento quecomecei a sentir o meu coração abater, ou melhor, a cavalgar e a sentiruma estranha felicidade por ele estarali diante de mim. Ele sentiu isso, e,aproximando-se, pegou nas minhasmãos e beijou-as muito ternamenteo que me fez chorar de felicidade.

Já era quase manhã quando nosdeitámos juntos na mesma cama.Aquela descoberta foi bálsamo e umestranho alento e fez-me acreditar navida e esperança, uma esperança des-conhecida.

Não pensava na doença nem nosdias sombrios que vivia antes de mor-rer, como me tinham sentenciado.Não pensava. Estava feliz. Queriaviver feliz todos os momentos queainda tinha à minha frente.

Já de manhã, deitamo-nos e des-pimo-nos e ali ficámos nus entrelaça-dos um no outro sem sequer pensarem fazer amor. E não fizemos, e,mesmo assim, nunca vivi momentosde tanta felicidade como aqueles.

Neste momento em que escrevopara o PORTUGAL POST ele estáaqui, nunca mais me deixou. Tratade mim, faz o comer; dá-me os me-dicamentos, leva-me a passear e faz-me rir. Temos uma vida simples;vemos TV, lemos e dormimosquando temos sono. Ele inventasempre qualquer coisa para me dis-trair, mas sabemos que de um mo-mento para o outro posso morrerporque a doença é uma assassinaque se aproxima do meu corpo.M.G.

Estou feita num trapo

HORIZONTAIS: 1 - Vestuário talar de ma-gistrado. Triturar. 2 - Desmoronar-se. Deixarsó. 3 - Resistência que todos os corposopõem ao moverem-se uns sobre os outros.Trabalho original. 4 - Cheio de ira. Parte dovestuário que cobre o braço. 5 - Rádio (s.q.).Filhote. Um certo. 6 - Parte anterior e proe-minente, mais ou menos pontiaguda, da ca-beça de certos animais. 7 - Elemento deformação que exprime a ideia de vida. Quin-tal. Cobalto (s.q.). 8 - Enganar-se. Piso deum prédio. 9 - Pedúnculo comestível dofruto do cajueiro. Escarpa litoral originadapela erosão marinha. 10 - Vento brando.Cingir. 11 - Há muita, no areal. Ave parecidacom a pomba.

VERTICAIS: 1 - Ser infiel a. Veste talar,preta, de certos funcionários judiciais e dealunos de alguns seminários. 2 - Que não éa mesma. Irritara. 3 - Volta. Planear, imagi-nar (fig.). 4 - Esquivo (fig.). Apogeu. 5 - Ob-rigar algo a girar sobre si mesmo.Interjeição utilizada para chamar a atençãoou para cumprimentar. 6 - Curso de águanatural. O número 3 em numeração ro-mana. Mulher que cria uma criança alheia.7 - Elas. Encarregar de. 8 - Lugar onde se ar-remata o pescado à chegada dos barcos depesca. Enobrecer, respeitar. 9 - Ânimo. Ex-pressão. 10 - Rompe com violência. Com-pleto. 11 - Que não é imaginário. Rezara.

SOLUÇÃO:HORIZONTAIS: 1 - Toga. Ralar. 2 - Ruir. Isolar. 3 - Atrito. Tese. 4 - Iroso.Manga. 5 - Ra. Cria. Tal. 6 - Focinho. 7 - Bio. Eido. Co. 8 - Errar. Andar.9 - Caju. Arriba. 10 - Aragem. Atar. 11 - Areia. Rola.VERTICAIS: 1 - Trair. Beca. 2 - Outra. Irara. 3 - Giro. Forjar. 4 - Arisco.Auge. 5 - Torcer. Ei. 6 - Rio. III. Ama. 7 - As. Mandar. 8 - Lota. Honrar.9 - Alento. Dito. 10 - Rasga. Cabal. 11 - Real. Orara.

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PORTUGAL POST Nº 262 • Abril 2016 ECONOMIA 23

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A editora PORTUGAL POSTVERLAG, com sede em Dort-mund, vai publicar a terceiraedição revista e actualizadado Directório EmpresarialLuso-Alemão

A primeira edição, publicadaem 2003, do Directório reve-lou-se um importante instru-mento de contactos não apenaspara o consumidor comumcomo também para as empre-sas, as quais ficaram na posse dedados importantes para alargare diversificar os seus negócios.

Ao longo de mais vinte anosde actividade, a PORTUGALPOST VERLAG foi reunindonum banco de dados todas asempresas portuguesas ou luso-alemãs. Deste banco de dadosconstam também empresas indi-viduais e/ou de indivíduos que

exercem uma actividade inde-pendente.

São cerca de um milhar emeio os endereços de empresasque se conseguiu reunir na pu-blicação. As primeiras ediçõesserviram para iniciar uma com-pleta e apurada triagem sobre oreal número e potencial das em-presas geridas por portuguesesna Alemanha.

A reunião dos endereços, detodos os endereços, é produtode um longo e exaustivo traba-lho de pesquisa.

O Directório a publicar embreve em formato DIN A4 reúneas empresas por áreas de activi-dade de A a Z e divulga as prin-cipais coordenadas dasempresas: actividade, nome, en-dereço, telefone, fax e endereçoelectrónico.

De interesse geral, o Directó-

rio conta ainda com os endere-ços de Instituições, Administra-ção, Serviços Públicos e CorpoDiplomático, Associações socio-culturais e religiosas, Institui-ções Monetárias, etc..

Para concluir, estamos a con-vidar A SUA EMPRESA fazer pu-blicidade numa iniciativaeditorial que será uma ferra-menta indispensável para todosquantos pretendem aceder à in-formação sobre as reaispotencialidades da força em-preendedora dos Portuguesesresidente neste país.

Através da edição deste Di-rectório a PORTUGAL POSTVERLAG disponibiliza um instru-mento imprescindível não ape-nas para a comunidadeluso-alemã, como também parao mercado da Alemanha e dePortugal.

Directório Empresial Luso-Alemão sai em Maio

Negócios de portugueses na Alemanhareunidos numa brochura

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Última Nº 262 • Abril 2016

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Crónica

José Luís Peixoto

meu pai contava mui-tas vezes a história deum homem da nossaaldeia que se gabavade conhecer bem Lis-

boa, mas tinham de o deixar na Es-trela. A partir da Basílica da Estrela,conseguia encontrar todos os cami-nhos na cidade; saindo de qualqueroutro lugar, já não era capaz deorientar-se. Nas conversas que oshomens da minha aldeia tinham napraça, conhecer bem Lisboa equi-valia a ser um cidadão do mundo.Entre as metrópoles que ali pode-riam ser nomeadas, e que não per-tenciam à mera abstração, Lisboaera a maior, a que mais impressio-nava.

Uma das chaves para entenderPortugal é a sua escala, as suas pro-porções. Um quilómetro em Portu-gal não é o mesmo que um

quilómetro no Brasil ou nos Esta-dos Unidos. A razão para essa dis-crepância não é matemática, não éabsolutamente concreta, mas temtanta validade como se fosse. EmPortugal, duzentos quilómetros éuma distância muito mais longa doque duzentos quilómetros no Bra-sil ou nos Estados Unidos. Essa im-pressão é real e válida porque épercepcionada assim. Onde está averdade? Naquilo que é ou naquiloque se percepciona como sendo?De que me serve ler no jornal queestá uma temperatura amena seestou a tremer de frio?

É por isso que o interior de Por-tugal fica tão longe de Lisboa. Étambém por isso que Lisboa é umacidade tão imensa para aqueles quechegam desse mesmo interior. Osque viajam de avião e que conhe-cem outras capitais do mundo,

sabem que Lisboa é uma pequenacidade, com dimensão humana,onde se conhece os vizinhos e setoma café sempre no mesmo lugar.No entanto, para aqueles que estãolá na praça da minha aldeia e em

tantas outras praças de tantas ou-tras aldeias, Lisboa é uma cidadeimensa, complicada, só confusão:carros, prédios altos, multidões. Setêm de ir a Lisboa por um dia, tra-tar de algum assunto burocráticoou ir à consulta de alguma especia-lidade no hospital, passam essetempo a questionar-se como é pos-sível que alguém aguente viver ali.Ao regressarem, recuperam oritmo da respiração aos poucos.

Sei que é assim. Com dezoitoanos, Lisboa assustou-me. No pri-meiro ano de universidade, fui des-cobrindo os meus caminhos aospoucos. Mais tarde, percebi que, àsvezes, dava voltas enormes parachegar a lugares que, afinal, fica-vam bastante perto. Nessa altura,como ainda hoje, preferia cami-nhos seguros. Lembro-me com bas-tante detalhe da forma como o

conhecimento de certas zonas, emmomentos iluminados, se juntavaao que sabia de outra zona que, afi-nal, era logo ali ao lado e, nessemomento, tudo ganhava umenorme sentido e, na minha ca-beça, assim se ia alargando o mapada cidade.

É claro que ainda hoje há mui-tas ruas e lugares que não co-nheço, zonas que podia conhecermelhor. Lisboa não é uma cidadeassim tão pequena. Essa avaliaçãodepende bastante do miradourode onde a observamos. Podemospassar uma tarde a passear nabaixa e acharmos que já conhece-mos tudo, como podemos passara vida inteira a estudar-lhe a topo-nímia e, por fim, percebermos queainda ficou tanto por saber. Tam-bém nesse caso, no fundo, é umaquestão de escala.

Escala 1:1000

O

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para os dinamarqueses; Baccalàpara os italianos; Bacalao para os es‐panhóis; Morue, Cabillaud para osfranceses e Cod ish para os ingleses.CFolheie página a página e aventure‐se em entradas e acepipes, clássicospara todos os dias, receitas originais,todas elas confeccionadas com o

mais requintado dos peixes.

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«Mãe, atravessas a vida e a mortecomo a verdade atravessa otempo, como os nomes atraves-sam aquilo que nomeiam.» Numaperspetiva inteiramente nova, EmTeu Ventre apresenta o retrato deum dos episódios mais marcantesdo século XX português: as apari-ções de Nossa Senhora a trêscrianças, entre maio e outubro de1917. Através de uma narrativaque cruza a rigorosa dimensãohistórica com a riqueza de perso-nagens surpreendentes, esta étambém uma reflexão acerca dePortugal e de alguns dos seus tra-ços mais subtis e profundos. A

partir das mães presentes nesta história, a questão da maternidade é apre-sentada em múltiplas dimensões, nomeadamente na constatação da im-portância única que estas ocupam na vida dos filhos. O sereno prodígiodestas páginas, atravessado por inúmeros instantes de assombro e de mi-lagre, confere a Em Teu Ventre um lugar que permanecerá na memóriados leitores por muito tempo.

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Aprenda a Viver Sem StressFormato: 15,5 X 23 cm.Páginas: 100 Preço: € 15.00

Quanto mais tempo da sua vida é que está disposto a desperdiçar? Quantomais tempo da sua vida está disposto a continuar a sofrer? Quanto da suavida está disposto a finalmente reivindicar hoje? Quanto mais tempo vai dei-xar que os outros mandem nas suas escolhas? E, se reivindicar a sua vida,acha que fica a dever alguma coisa aos outros?Quando você cede ao stress, você não está ser você mesmo. Quando vocêcede ao stress, você passa ao lado da vida, da sua vida. Você vive em perma-nente sobrevivência. E quem sobrevive, sofre. E quem sofre, vive em stress.

“Não sei muita coisa acerca demim mesma. Mas se há algoque sei é que a curiosidade memove, torna a vida possível, mepermite dar sentido ao queaparentemente não o tem e ar‐riscar ver o mundo, não apenasolhá‐lo. A curiosidade é comouma fera que temos no peito.Basta às vezes uma pequenacentelha para corrermos atrás.O meu interesse pelo outro im‐pele‐me para a descoberta.Gosto de pessoas como gosto

das viagens. De olhar para elas como mapas, surpreender‐me com os caminham que traçam. Desvendar‐lhes os mis‐térios. Gosto de comover‐me com os afectos, assistir ao risoem estado puro das crianças. Gosto de ler‐lhes a vida nacara, quando o rosto tem uma geografia feita rugas. Faço‐lhes perguntas porque quero saber as respostas. Procuronelas a explicação do mundo. Dispo‐me de preconceitos. Àsvezes indigno‐me ou revolto‐me, mas sobretudo agradeço‐lhes por me ensinarem o que nenhum livro ou professorpode ensinar. Casei com a profissão certa, o jornalismo,aquela quem tem ao leme a curiosidade.”

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