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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PROCESSO SELETIVO ÀS MATRÍCULAS ESPECIAIS 2005 EDITAL 004/2005-UFPA PROVA PARA A ÁREA DE CIÊNCIAS DAS HUMANIDADES III (22 de maio de 2005) INSTRUÇÕES AO CANDIDATO 1. Este BOLETIM contém 36 questões objetivas e o comando da Redação. Caso exista algum problema, comunique imediatamente ao fiscal de sala. 2. A resposta definitiva de cada questão deve ser, obrigatoriamente, assinalada no CARTÃO-RESPOSTA, específico para este fim. 3. As questões objetivas devem ser respondidas no CARTÃO–RESPOSTA, considerando a numeração de 1 a 36. 4. A Redação deverá ser feita no FORMULÁRIO específico para este fim. 5. Confira se seu nome e número de inscrição constam na parte superior do CARTÃO- RESPOSTA e do FORMULÁRIO de Redação que você recebeu, os quais não podem ser amassados ou dobrados. 6. Assine seu nome na lista de presença do mesmo modo como está assinado no seu documento de identidade. 7. Esta prova terá duração de 4 (quatro) horas, tendo o seu início às 9 h e término às 13 h (horário de Belém). 8. Ao final da prova, devolva ao fiscal de sala todo o material recebido. ____________________________________________________ __ NOME DO CANDIDATO ________________________ INSCRIÇÃO CURSOS: Letras, Comunicação Social (com habilitações: Jornalismo e Publicidade) e Educação Artística (com habilitações: Música e Artes Plásticas).

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERALUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROCESSO SELETIVO ÀS MATRÍCULAS ESPECIAIS 2005

EDITAL 004/2005-UFPA

PROVA PARA A ÁREA DE CIÊNCIAS DAS HUMANIDADES III(22 de maio de 2005)

INSTRUÇÕES AO CANDIDATO1. Este BOLETIM contém 36 questões objetivas e o comando da Redação. Caso exista algum

problema, comunique imediatamente ao fiscal de sala.2. A resposta definitiva de cada questão deve ser, obrigatoriamente, assinalada no CARTÃO-

RESPOSTA, específico para este fim.3. As questões objetivas devem ser respondidas no CARTÃO–RESPOSTA, considerando a numeração

de 1 a 36.4. A Redação deverá ser feita no FORMULÁRIO específico para este fim.5. Confira se seu nome e número de inscrição constam na parte superior do CARTÃO-RESPOSTA e

do FORMULÁRIO de Redação que você recebeu, os quais não podem ser amassados ou dobrados.

6. Assine seu nome na lista de presença do mesmo modo como está assinado no seu documento de identidade.

7. Esta prova terá duração de 4 (quatro) horas, tendo o seu início às 9 h e término às 13 h (horário de Belém).

8. Ao final da prova, devolva ao fiscal de sala todo o material recebido.

BOA PROVA!ÓRGÃO EXECUTOR

______________________________________________________NOME DO CANDIDATO

________________________INSCRIÇÃO

CURSOS: Letras, Comunicação Social (com habilitações: Jornalismo e Publicidade) e Educação Artística (com habilitações: Música e Artes Plásticas).

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PROCESSO SELETIVO ÀS MATRÍCULAS ESPECIAIS 2005 – EDITAL 004/2005-UFPACIÊNCIAS DAS HUMANIDADES III

CASA DE VIDRO

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O pudor manda assoar, urinar, defecar, coçar e amar fora das vistas dos outros. Mas nem sempre foi assim. Esses atos pertencem hoje ao território da intimidade, que é uma construção cultural ancorada na separação das esferas pública e privada. Um marco histórico relevante encontra-se na Revolução Francesa, quando se acelerou a definição recíproca das noções de vida pública e vida particular. O Código Penal francês de 1791, no seu artigo 184, consagrou a inviolabilidade do domicílio, traçando uma fronteira jurídica e espacial em torno do novo território da intimidade. Um mundo privado completo, tecido por regras, costumes e etiquetas, emergiu lentamente do interior da sociedade burguesa. O ideal doméstico, expresso no conceito de lar e refratado pelo romance oitocentista, espraiou-se a partir das classes médias, moldando e refinando as sensibilidades. O cortiço, habitação coletiva, perdeu espaço para a residência familiar, e a geografia urbana foi redefinida pelo surgimento dos bairros populares de periferia. Casamento e amor tenderam a convergir, em detrimento das estratégias matrimoniais articuladas em torno de tradições, interesses e patrimônios. A arquitetura inventou um modelo novo de casa, separando o quarto do casal do das crianças, demarcando os espaços de comer e de cozinhar, interiorizando os banheiros. O sucesso dos "reality shows", medido tanto pela audiência como pela crescente complacência dos intelectuais, parece indicar uma crise profunda do mundo privado e um esgarçar da noção de intimidade. O fenômeno não pode ser isolado do recuo geral da privacidade, nessa época de fabricação midiática de celebridades efêmeras e despudoradas, de vigilância eletrônica de hábitos, gostos e preferências, de comercialização empresarial de dados pessoais. Mas ele ocupa um lugar de vanguarda nessa ofensiva da barbárie.

O "Big Brother" é a celebração televisiva do princípio do meretrício: a venda de intimidades, mesmo se o íntimo não passa, no caso, de um produto falsificado. Na casa conectada ao mundo por câmeras e microfones, trituram-se o pudor e as sensibilidades cultivados em dois séculos. Talvez seja esse, no fim das contas, o motivo do seu sucesso.

As esferas pública e privada construíram-se paralela e complementarmente, coagulando-se em leis, instituições, costumes e opiniões. Hoje, a crise de uma é o reflexo especular da crise da outra: Severino desafia as falsas vestais dos outros Poderes a demitirem suas próprias esposas enquanto algum ninguém expõe seu (mau) gosto íntimo no leilão do horário nobre para tornar-se alguém. "Transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro", na síntese premonitória de Cazuza. Sim, há o dinheiro. No velho Baú da Felicidade, o otário solicitava um carnê de papel e todo santo mês pagava na loja a prestação da sua exploração. O golpe contra a economia popular demandava uma série de atos sucessivos, mas separados no tempo. O novo golpe, elaborado sob parâmetros diferentes de eficiência empresarial, suprimiu o defeito. Na interatividade pós-moderna do "Big Brother", todos os antigos atos do otário foram reunidos no impulso emotivo único de digitar as teclas do telefone. A rapinagem é direta, implacável, brutal. Existem leis contra isso, e temos até um ministério da Justiça. Mas quem se importa?

Demétrio Magnoliwww1.folha.uol.com.br/fsp/opinião/fz3103200507.htm

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PROCESSO SELETIVO ÀS MATRÍCULAS ESPECIAIS 2005 – EDITAL 004/2005-UFPACIÊNCIAS DAS HUMANIDADES III

Com base no texto “CASA DE VIDRO”, assinale a alternativa correta das questões de 1 a 9.01. Do texto depreende-se que(A) O sucesso dos “reality shows” é de inteira

responsabilidade da complacência dos intelectuais.

(B) ainda são respeitadas, até hoje, as regras sobre a vida privada, ditadas pela burguesia.

(C) a venda de produtos falsificados é, atualmente, o principal golpe da mídia contra a economia popular.

(D) a exploração da privacidade pela mídia contemporânea é movida por interesses financeiros.

(E) os limites da intimidade estão muito bem definidos na cultura contemporânea.

02. Segundo o texto, a fronteira cultural entre vida privada e vida pública, construída no decorrer da história do ser humano, não se mantém atualmente porque(A) as leis que regem os comportamentos das

esferas públicas foram mudadas.(B) a geografia urbana passou a conceber um

novo estilo de habitação coletiva.(C) os limites públicos e privados não são mais

determinados pela classe média.(D) os políticos não se preocupam mais com a

vida privada de seus eleitores.(E) o homem tornou-se insensível à

preservação de sua vida íntima.

03. Do item em destaque no trecho

“Casamento e amor tenderam a convergir, em detrimento das estratégias matrimoniais articuladas em torno de tradições, interesses e patrimônios.” (linhas 12 a 14)

é correto afirmar que(A) não é preposição, portanto não estabelece

relação de regência entre um termo regente e outro regido.

(B) está grafado sem o acento indicador da crase porque está diante de verbo no infinitivo.

(C) está inadequado nessa construção porque está separando uma locução verbal.

(D) é uma preposição que estabelece uma relação de causalidade entre os termos “tenderam” e “convergir”.

(E) sintaticamente, é um adjunto adnominal porque antecede um termo substantivado.

04. O pronome em destaque no enunciado

“Mas ele ocupa um lugar de vanguarda nessa ofensiva da barbárie.” (linhas 20 e 21)

refere-se a(A) “o mundo privado”.(B) “o sucesso dos ‘reality shows’”.(C) “o recuo geral da privacidade”. (D) “um modelo novo de casa”.(E) “um produto falsificado”.

05. Considerando o trecho“Hoje, a crise de uma é o reflexo especular da crise da outra: Severino desafia as falsas vestais dos outros Poderes a demitirem suas próprias esposas enquanto algum ninguém expõe seu (mau) gosto íntimo no leilão do horário nobre para tornar-se alguém.”,julgue os itens abaixo.I – Os termos “uma” e “outra” referem-se, respectivamente, a “leis” e a “opiniões”.II – O termo “vestais” pode ser substituído por “vestimentas”, sem alteração de sentido.III – Não é possível depreender a que se refere a expressão “leilão do horário nobre”.IV – A expressão “algum ninguém” está empregada com o sentido de “pessoa muito inexpressiva”.V – Os parênteses servem para indicar que a palavra “gosto” pode ou não ter seu sentido alterado.Estão corretos os itens(A) IV e V(B) II e III(C) I e IV(D) II e V(E) I e III

06. A citação de Cazuza (linhas 30 e 31) ilustra a tese de que(A) interesses financeiros determinam a falta de

pudor nas esferas públicas e privadas.(B) há uma tendência generalizada à

exploração do mau gosto.(C) no Brasil, explora-se qualquer tipo de

mercadoria.(D) o meretrício é amplamente defendido pela

classe política brasileira.(E) a exploração do meretrício na televisão

brasileira não é recente.

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07. O trecho em que, no lugar do ponto, poderia ser empregada a vírgula é(A) “Um mundo privado completo, tecido por

regras, costumes e etiquetas, emergiu lentamente do interior da sociedade burguesa. O ideal doméstico, expresso no conceito de lar e refratado pelo romance oitocentista, espraiou-se a partir das classes médias, moldando e refinando as sensibilidades.”

(B) “Na casa conectada ao mundo por câmeras e microfones, trituram-se o pudor e as sensibilidades cultivados em dois séculos. Talvez seja esse, no fim das contas, o motivo do seu sucesso.”

(C) “Existem leis contra isso, e temos até um ministério da Justiça. Mas quem se importa?”

(D) “‘Transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro’, na síntese premonitória de Cazuza. Sim, há o dinheiro.”

(E) “O golpe contra a economia popular demandava uma série de atos sucessivos, mas separados no tempo. O novo golpe, elaborado sob parâmetros diferentes de eficiência empresarial, suprimiu o defeito.”

08. O trecho em que a preposição em destaque estabelece uma relação de regência nominal é(A) “Esses atos pertencem hoje ao território da

intimidade,...” (linha 2)(B) “...traçando uma fronteira jurídica e espacial

em torno do novo território da intimidade.” (linhas 6 a 7)

(C) “... emergiu lentamente do interior da sociedade burguesa.” (linha 8)

(D) “O cortiço, habitação coletiva, perdeu espaço para a residência familiar,...” (linhas 10 e 11)

(E) “...a venda de intimidades, mesmo se o íntimo não passa, no caso, de um produto falsificado.” (linhas 22 a 23)

09. Nos trechosI – “No velho Baú da Felicidade, o otário solicitava um carnê de papel e todo santo mês pagava na loja a prestação da sua exploração.”II – “Na interatividade pós-moderna do ‘Big Brother’, todos os antigos atos do otário foram reunidos no impulso emotivo único de digitar as teclas do telefone.”depreende-se que(A) a palavra “otário” no trecho I refere-se a

Severino e no trecho II, a Cazuza.

(B) em ambos os trechos, não é possível identificar a quem se refere a palavra “otário”.

(C) a palavra “otário”, em ambos os trechos, refere-se ao apresentador Sílvio Santos.

(D) a palavra “otário”, em ambos os trechos, refere-se à pessoa enganada pela mídia televisiva.

(E) em ambos os trechos, a palavra “otário” refere-se a todo e qualquer telespectador.

LITERATURA10. Na lírica–amorosa do Trovadorismo português (1198 a 1418), encontramos as cantigas de amor e as cantigas de amigo:

“ Non chegou, madr’, o meu amigo,E oj’ est o prazo saido! Ai, madre, moiro d’amor1

Non chegou, madr’, o meu amado,E oj’ est o prazo passado! Ai, madre, moiro d’amor!

E oj’ est o prazo saido!Por que mentiu o desmentido? Ai, madre, moiro d’amor!

E oj’ est o prazo passado!Por que mentiu o perjurado? Ai, madre, moiro d’amor!”.......................................................(D. Dinis. In: REBELO, Marques. Antologia Escolar Portuguesa. FENAME/MEC: Rio de Janeiro, 1970)

Acerca da cantiga acima, é correto afirmar:(A) A palavra ‘amigo’ e o culto à natureza lhe

garantem a caracterização como cantiga de amor.

(B) O refrão sugere a morte em razão do amor não correspondido, próprio da vassalagem das cantigas de amor.

(C) A confissão para a mãe, a sugestão de um eu lírico feminino e a frustração diante da demora do amado a caracterizam como cantiga de amigo.

(D) A palavra ‘perjurado’ sugere um eu lírico feminino que se encontra revoltado contra a vilania de seu amado, o que é próprio das cantigas de amor.

(E) A sugestão de um eu lírico feminino, o objeto de amor inacessível e a religiosidade a caracterizam como cantiga de amigo.

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11. O que é correto afirmar sobre a farsa Quem tem farelos?, de Gil Vicente?(A) Apresenta como tema a impossibilidade do

amor entre classes sociais diferentes. (B) As personagens centrais são alegorias e

representam os valores do mundo cristão. (C) Apariço e Ordonho representam os

usurpadores do povo, freqüentes nas farsas do autor.

(D) Isabel e a Velha representam as alcoviteiras, figuras comuns no teatro vicentino.

(E) Critica a figura do escudeiro, enquanto classe social decadente.

12. SONETO

“Nasce o sol, e não dura mais que um dia,Depois da Luz se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?Se é tão formosa a luz, por que não dura?Como a beleza assim se transfigura?Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,Na formosura não se dê constância,E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,E tem qualquer dos bens por naturezaA firmeza somente na inconstância.”............................................................(In: WISNIK, José Miguel (org.) Gregório de Matos. Poemas Escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1997)

A respeito do poema, é correto afirmar que(A) reflete a temática barroca do desengano do

mundo, mas, na linguagem torneada, prenuncia o Romantismo.

(B) reflete temática barroca, a frustração humana diante da realidade, e a linguagem, cheia de antíteses, interrogações, gradações, reforça essa temática.

(C) reflete temática barroca, o homem em tensão, porque dividido entre o mundo espiritual e o mundo carnal, e a linguagem, cheia de comparações, reflete essa temática.

(D) satiriza os valores sagrados deste mundo por meio da linguagem que se caracteriza como uma ‘pérola irregular’, tal o acúmulo de imagens poéticas e de inversões.

(E) o tom filosófico insere-o na temática barroca da reflexão humana sobre o mundo, mas a linguagem clássica o coloca ao lado dos textos árcades.

13.

Texto I“Olha , Marília, as flautas dos pastoresQue bem que soam, como estão cadentes”Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentesOs Zéfiros brincar por entre as flores?

Vê como ali beijando-se os AmoresIncitam nossos ósculos ardentes!Ei-las de planta em planta as inocentes,As vagas borboletas de mil cores!”............................................................(BOCAGE. In: REBELO, Marques (Org.).Antologia escolar portuguesa. Rio de Janeiro: FENAME/MEC, 1970)

Texto II“Importuna Razão, não me persigas;Cesse a ríspida voz que em vão murmura,Se a lei do Amor, se a força da ternuraNem domas, nem contrastas, nem mitigas.

Se acusas os mortais, e os não obrigas,Se, conhecendo o mal, não dás a cura,Deixa-me apreciar minha loucura;Importuna Razão, não me persigas.”............................................................(BOCAGE. In: ABDALA JÚNIOR, Benjamin. PASCHOALIN, Maria Aparecida. História social da Literatura Portuguesa. São Paulo: Ática, 1982.)

Assinale o que for correto com relação aos textos I e II e ao seu autor, Bocage.(A) O bucolismo, a presença da mitologia, a

idealização do amor e da mulher marcam ambos os textos e são traços do Arcadismo, período literário a que pertence o autor.

(B) A objetividade e o vocabulário ligado ao campo inserem o texto I no Arcadismo; já a subjetividade e o predomínio da emoção não permitem classificação ao texto II.

(C) O contraste temático e a diferença de estilo entre os textos apontam para a confusão da lírica de Bocage e a razão de ele ser considerado melhor em sua poesia satírica.

(D) O bucolismo do texto I insere-o na estética do Arcadismo. A ênfase na dicotomia sentimento x razão, do texto II, indica traço pré-romântico na lírica de Bocage.

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(E) O contraste temático e a diferença de estilo entre os textos indiciam a mistura de tendência na lírica de Bocage que passa do Barroco ao Arcadismo.

14.

“Incompreensível mulher! A noite a vira bacante infrene, calcando aos pés lascivos o pudor e a dignidade, ostentar o vício na maior torpeza do cinismo, com toda a hediondez de sua beleza. A manhã a encontrava tímida menina, amante casta e ingênua, bebendo num olhar a felicidade que dera, e suplicando o perdão da felicidade que recebera.”............................................................(ALENCAR, José de. Lucíola. São Paulo: Ática, 1980, p. 47)

O que é correto afirmar a respeito do texto e do romance a que pertence?(A) O texto representa a contradição vivida por

Lucíola entre a cortesã e a boa moça. Revela, também, a tendência das obras românticas de retratarem a mulher num misto entre anjo e demônio.

(B) O texto revela o que Lucíola representa enquanto personagem: uma lasciva prostituta que quer se passar por boa moça, a fim de conquistar Paulo, moço tímido e ingênuo, que mudara para a Corte.

(C) As imagens do texto revelam o drama de Lúcia, que sofre de dupla personalidade, razão pela qual trocou o nome Maria da Glória, representação de seu lado puro, para Lúcia, que lembra Lúcifer, representação de seu lado mau.

(D) As imagens do texto revelam a dicotomia dia x noite, própria da estética romântica, que associava à noite o que é mau, e ao dia, o que é bom. Daí Lúcia se revelar ambígua e Paulo, representante do dia, tentar salvá-la.

(E) A dialética presente no texto representa a dialética vivida por todos os personagens da obra que ora se apresentam angélicos, ora demoníacos, traço próprio da estética romântica que apontava para os problemas da classe burguesa.

15. O que é correto afirmar sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas e sobre o autor Machado de Assis?(A) Inicia a fase madura do autor que aplica, na

obra, várias teorias científicas da época, notabilizando-se no Naturalismo.

(B) Inicia a fase madura do autor que se notabilizou pela recriação do universo dissimulador, mas violento, de nossa sociedade escravocrata.

(C) Segue a linha dos romances de Alencar que traçavam perfis femininos. No caso, o perfil de Virgília, a moça interesseira, é recriado.

(D) Inicia nova fase na obra do autor e, na linguagem, trocou o recato pela pintura mais crua da realidade.

(E) Representa a continuidade da temática machadiana, sempre apontando para o lado torpe do homem, produto da influência do meio e da raça.

16.

“Ó formas alvas, brancas, Formas clarasDe luares, de neves, de neblinas!...Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...Incensos dos turíbulos das aras......................................................

Visões, salmos e cânticos serenos,Surdinas de órgãos, flébeis, soluçantes...Dormências de volúpicos venenosSutis e suaves, mórbidos, radiantes...”............................................................(SOUZA, Cruz e.In: SILVEIRA, Tasso da. Cruz e Sousa: poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1994.)

Os excertos do famoso poema Antífona, de Cruz e Sousa, ilustram(A) a evocação sugestiva e musical que as

palavras assumem no Simbolismo.(B) a objetividade formal, a contenção lírica e o

tom escultural do Parnasianismo.(C) a inclinação à poesia meditativa e filosófica

do Simbolismo.(D) a postura contemplativa que o poeta

simbolista assumia diante de amplos espaços.

(E) a ênfase na imaginação e na fantasia a que o poeta parnasiano se incumbia.

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17.

“NÃO SOU nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,”.............................................................................(CAMPOS, Álvaro de. “Tabacaria”. In: Obra Poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986)

O que é correto afirmar acerca do texto e de seu autor?(A) Representa a visão de mundo de Álvaro de

Campos, centrada no espírito clássico.(B) Evidencia o pessimismo de Álvaro de

Campos, aproximando-o da lírica barroca.(C) Aborda a solidão e o anonimato do homem

moderno, típico de Álvaro de Campos.(D) Evidencia o entusiasmo lírico de Álvaro de

Campos com a cidade moderna.(E) Aborda o mistério das coisas e dos seres,

atitude romântica de Álvaro de Campos.

18. Os excertos abaixo pertencem ao poema “A flor e a náusea”, publicado por Carlos Drummond de Andrade, em 1945, no livro A rosa do povo.

‘Preso à minha classe e a algumas roupas,vou de branco pela rua cinzenta. Melancolias, mercadorias espreitam-me.Devo seguir até o enjôo?Posso, sem armas, revoltar-me?................................................................Vomitar esse tédio sobre a cidade.Quarenta anos e nenhum problemaResolvido, sequer colocado.Nenhuma carta escrita nem recebida.Todos os homens voltam para casa.Estão menos livres mas levam jornaisE soletram o mundo, sabendo que o perdem.”............................................................

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988).

A respeito do texto e de seu autor, é correto afirmar:(A) Retrata a frustração drummondiana de viver

na cidade, uma vez que ele sempre se revelou um poeta bucólico.

(B) Retrata a modernidade de Drummond no sentido temático, mas demonstra que sua linguagem ainda precisa ser atualizada.

(C) Reflete que o homem moderno não tem saída senão enojar-se do mundo, uma vez que está preso à classe social, que o corrompe.

(D) Demonstra o pensamento rebelde de Drummond, na época, daí o “eu lírico” pensar em fazer revolução.

(E) Demonstra a modernidade de Drummond, a refletir sobre a incerteza e a desesperança do homem urbano, no contexto do final da II Guerra.

FILOSOFIA

19. “[O homem] deve começar a aplicar-se à verdadeira Filosofia, cuja primeira parte é a Metafísica, que contém os princípios do conhecimento (...). A segunda é a Física, e depois de termos encontrado os verdadeiros princípios das coisas materiais devemos examinar, na generalidade, como todo o universo é composto; seguidamente, e em particular, a natureza da terra e de todos os corpos que se acham mais comumente à sua volta, tal como o ar, a água, o fogo, o imã e os minerais. No seu seguimento, é necessário, investigar, também em particular, a natureza das plantas, dos animais e, sobretudo, do homem, a fim de encontrarmos as outras ciências que nos são úteis. Assim, a filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a Metafísica, o tronco a Física, e os ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três principais: a Medicina, a Mecânica e a Moral.” (DESCARTES, René, Princípios da Filosofia, Lisboa, Edições 70, 1977, p. 21/22)

De acordo com o texto, acerca da relação entre Filosofia e Ciência, para Descartes, é correto afirmar:(A) A ciência, por ter raízes na Metafísica, tem

preocupações similares a da Filosofia, ou seja, ela procura especular sobre a natureza das coisas, mas, diferentemente

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da Filosofia, a ciência fundamenta suas verdades na experiência.

(B) A filosofia confunde-se com a ciência, não há como estabelecer distinções entre elas, pois a filosofia tomou emprestado da ciência o seu método e princípios.

(C) A filosofia abarca a totalidade das ciências e fornece-lhes os fundamentos que deveram nortear suas investigações.

(D) Ciência e Filosofia são conhecimentos de naturezas distintas, a filosofia se preocupa com o todo e busca os primeiros princípios e as ciências com o particular e quer conhecer as causas mais imediatas.

(E) Há independência das ciências com relação à Filosofia, pois as ciências não se preocupam mais com a busca dos princípios últimos de todas as coisas, mas sim com a observação dos fenômenos.

20. “No conhecimento encontram-se frente a frente a consciência e o objeto, o sujeito e o objeto. O conhecimento apresenta-se como uma relação entre esses dois elementos, que nela permanecem eternamente separados um do outro. (...). A função do sujeito consiste em apreender o objeto, a do objeto em ser apreendido pelo sujeito. Não no objeto mas sim no sujeito alguma coisa se altera em resultado da função do conhecimento. No sujeito surge algo que contém as propriedades do objeto, surge uma ‘imagem’ do objeto” (HESSEN, J. Teoria do conhecimento, Armênio Amado editor, 1973)

De acordo com o texto, o conhecimento, para o autor, apresenta-se como(A) uma relação entre um sujeito e um objeto,

na qual o sujeito apreende o objeto e representa-o mentalmente por meio de uma imagem.

(B) um processo dialético que envolve uma ação simultânea do sujeito sobre o objeto e do objeto sobre o sujeito, cujo resultado é o pensamento.

(C) uma relação inseparável entre a consciência e o objeto, na qual o objeto sofre alterações ao ser conhecido, pois é apreendido pelo sujeito.

(D) uma relação entre a consciência e o objeto, na qual o sujeito agindo sobre o objeto altera-o, pois subtrai-lhe seus aspectos essenciais para formar a imagem.

(E) um processo que envolve dois elementos distintos, um sujeito e um objeto, que se determinam mutuamente, ou seja, ambos sofrem alterações face ao conhecimento.

21. “Há um quarto de século, procurei chamar a atenção de um grupo de estudantes de física em Viena, para a idéia de que na ciência não partimos da observação conforme defendem os indutivistas, começando uma conferência com as seguintes instruções: ‘Tomem lápis e papel; observem cuidadosamente e anotem o que puderem observar’. Os estudantes quiseram saber, naturalmente, o que deveriam observar : ‘Observem – isto é um absurdo!’ De fato, não é mesmo habitual usar dessa forma o verbo ‘observar’. A observação é sempre seletiva : exige um objeto, uma tarefa definida, um interesse especial, um problema. Não existe observação pura.” (POPPER, K. Conjecturas e Refutações, Brasília, Ed. da UNB, 1982, p. 76, texto adaptado)

De acordo com o texto, sobre a observação na ciência, segundo Popper, é correto afirmar:(A) A observação é o ponto de partida da

ciência, por isso ela deve ser feita de forma cuidadosa e atenta, para que se possa obter conhecimentos compatíveis com os fatos.

(B) A observação pura, sem qualquer interferência subjetiva, é que deve nortear as pesquisas científicas, por isso o cientista deve manter um certo distanciamento do que será observado, para garantir a objetividade cientifica.

(C) A observação é sempre orientada por pontos de vistas teóricos, hipóteses e problemas, não existe observação pura.

(D) A observação deve ser feita sob uma grande variedade de condições de modo a possibilitar ao cientista fazer generalizações com segurança.

(E) A observação dos fatos é o ponto de partida da ciência, por isso deve ser feita de forma rigorosa para que se possa inferir as leis cientificas com precisão.

22. “Segundo Habermas (...) há dois aspectos errados no modo de olhar o estudo do homem e da vida social a partir do modelo das Ciências Naturais. Um é o que produz uma visão errônea do ser humano enquanto ator competente e racional, que conhece em grande parte a razão de sua atuação. O segundo é o de contribuir para uma tendência (...) generalizada na moderna cultura intelectual, uma supervalorização do papel da ciência como único tipo de conhecimento válido” GIDDENS, A. “Jürgen Habermas”, in SKINNER, Quentin (org.) As Ciências Humanas e os seus grandes

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pensadores, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1992, p.159)

De acordo com o texto, acerca das Ciências do homem estudarem seu objeto utilizando o modelo das Ciências Naturais, é correto afirmar que Habermas(A) considera que os estudos sobre o homem e

a sociedade só poderão atingir o status de ciências se copiarem o modelo das Ciências Naturais, que passou a ser supervalorizado na cultura moderna, como a única forma de conhecimento válido.

(B) defende a idéia de que é possível aplicar o modelo das Ciências Naturais ao estudo do homem e da sociedade, desde que se conceba o homem como sujeito e procure-se compreender as intenções subjacentes a sua ação.

(C) critica a utilização por parte das ciências do homem do modelo explicativo das Ciências Naturais, que tenta equiparar o homem aos fenômenos naturais, pois considera que o método destas ciências não é o único válido e que há um método próprio para estudar o homem e a vida social, este método é o dialético, que vê o homem como ser racional.

(D) mostra-se favorável à pretensão de se estudar o homem e a vida social a partir do modelo explicativo das Ciências Naturais, uma vez que a tendência da modernidade é de valorizar estas ciências, mas considera que se deve tratar o homem como sujeito que reflete sobre o que faz.

(E) mostra-se contrário à aplicação do modelo das Ciências Naturais ao estudo do homem e da vida social, pois tal pretensão pressupõe que a conduta humana pode ser regida por leis imutáveis similares a da natureza e ignora que o homem tem consciência das razões de seu agir e por isso pode mudar o curso de sua ação, bem como vê a ciência como a única forma de conhecimento válido .

23. “O que constitui propriamente o cidadão, sua qualidade verdadeiramente característica, é o direito de voto nas assembléias e de participação no exercício do poder público em sua pátria. (...) Excluímos os escravos e os libertos do número dos cidadãos. Pois, não se deve julgar que sejam cidadãos todos aqueles de que a cidade não pode prescindir (...) e jamais um Estado bem constituído fará de um artesão um cidadão. Caso isso ocorra, não devemos esperar deles o civismo (...) esta

virtude não se encontra em toda parte, ela supõe um homem não apenas livre, mas cuja existência não o faça precisar dedicar-se aos trabalhos servis.” (ARISTÓTELES, A política, São Paulo, Martins Fontes, 1991, p. 36 e 39, texto adaptado)

De acordo com o texto, considerando as afirmações de Aristóteles, devemos entender por cidadãos(A) os homens que habitam a cidade e

possuem o direito de empreender uma ação judiciária.

(B) os homens que executam todas as atividades servis da pólis, sem os quais a cidade não subsistiria.

(C) os homens que são dotados de virtude e participam do governo da pólis executando as tarefas mais servis.

(D) os homens que participam diretamente do governo da coisa pública em todos os seus momentos.

(E) os homens que são descendentes de cidadãos e exercem as funções mais nobres na sociedade, como os juizes e deputados.

24. “O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: ‘Defendei-vos de ouvir esse impostor, estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém!”. (ROUSSEAU, J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, São Paulo, Abril Cultural, 1978, p. 259)

De acordo com o texto, acerca do ingresso do homem na sociedade civil é correto afirmar que para Rousseau (A) a vida em sociedade trouxe grandes

melhorias para o homem, pois garantiu-lhe o usufruto de suas riquezas e a posse privada da terra.

(B) a vida em sociedade corrompeu o homem, na medida em que aí se introduziu a propriedade privada e tornou o homem egoísta e mesquinho para com os outros homens.

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(C) a sociabilidade tirou o homem do estado de natureza, no qual ele vivia em guerra constante com os outros homens, o que ameaçava a sua sobrevivência.

(D) a sociabilidade, e o conseqüente direito à propriedade, é um fato natural ao homem, pois este por sua própria natureza egoísta sempre quis acumular riqueza para seu usufruto.

(E) a associação política é natural ao homem, pois eles se unem para defender seus interesses comuns, como a preservação da vida e a propriedade privada.

25. “Uma das mais importantes transformações a que estamos assistindo hoje, em decorrência dos meios técnicos de reprodução de imagens – fotografia, cinema, televisão –, é, segundo Walter Benjamin, a perda da aura das obras de arte, que, reproduzidas, divulgadas e vulgarizadas, para satisfazer às necessidades da cultura de massa, multiplicam-se em grande número, tornando-se familiares e banais”. (NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. São Paulo: Editora Ática, 1989, p. 116).

De acordo com o texto, é correto afirmar que, para o autor, no contexto da arte contemporânea há:(A) Um conflito, devido a valores puramente

estéticos, entre aparato técnico e produção artística.

(B) A prevalência da regulação técnica na concepção da arte voltada para o interesse estético popular.

(C) Uma influência benéfica da técnica sobre todas as formas de arte.

(D) A incorporação da arte, em algumas de suas formas específicas, a um mercado cultural que altera sua significação tradicional.

(E) Uma relação, necessária, entre arte e sociedade.

26. “Muito legítima a poética marxista, que queria uma arte inspirada nas novas aspirações e realizações sociais: este programa (...) não compromete em nada a autonomia da arte. Mas uma arte deste gênero deve brotar espontaneamente da alma do artista que sabe traduzir em gestos formativos e em modos operativos aqueles ideais e aquelas aspirações; pretender porém não apenas auspiciar mas promover seu advento com as regras do ‘realismo socialista’, com as discussões sobre o ‘típico’ e sobre o ‘esquematismo’ e sobre a ‘participação da arte’, ou, pior, dar a estas

normas de poética o valor de princípios da estética, tudo isto é pouco menos que absurdo”. (PAREYSON, Luigi. Os problemas da estética. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 112).

Tendo por base o texto, no que respeita à questão relativa à função social da arte, podemos dizer que para o autor(A) a interpretação marxista acerca da

regulação social da arte é plenamente aceitável.

(B) o engajamento é incompatível com a necessária autonomia da arte.

(C) a produção artística está acima de qualquer condicionamento social.

(D) a arte é um reflexo das relações sociais do artista.

(E) há uma tensão positiva entre produção artística e aspirações sociais, respeitada a liberdade de criação.

27. “Em contraste com as leis da natureza, leis da liberdade são denominadas leis morais. Enquanto dirigidas meramente a ações externas e à sua conformidade à lei, são chamadas de leis jurídicas; porém, se adicionalmente requerem que elas próprias (as leis) sejam os fundamentos determinantes das ações, são leis éticas, e então diz-se que a conformidade com as leis jurídicas é a legalidade de uma ação e a conformidade com as leis éticas é a sua moralidade”. (KANT, I. A metafísica dos costumes. São Paulo: EDIPRO, 2003, p. 63).

De acordo com o texto, sobre as idéias de Kant, é correto afirmar que(A) as leis morais contrariam tudo que nos

ensinam as leis naturais.(B) seguir fielmente as leis jurídicas, cujo

fundamento é a liberdade, não torna nossas ações morais.

(C) o autor reúne moralidade e eticidade das leis jurídicas.

(D) a realidade das leis jurídicas as torna superior às leis éticas.

(E) há apenas uma diferença de grau, mas, moralmente falando, não de qualidade, entre leis jurídicas e leis éticas.

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HISTÓRIA

Sem a escravidão, não haveria o Estado grego; não haveria arte nem ciências gregas. Sem a escravidão não haveria Império Romano e sem a base do helenismo e do Império Romano não haveria o mundo moderno.

(Marx & Engels)

28. O fragmento acima nos permite afirmar corretamente que a(A) discriminação social era reservada aos

servos considerando que no mundo antigo os escravos faziam parte de uma casta privilegiada.

(B) falta de trabalhadores talentosos para o ofício das artes levou os gregos e os romanos a adotarem a escravidão por guerra.

(C) organização social adotada pelos gregos e romanos aproximava-se de outras sociedades escravistas como as da Península Ibérica.

(D) falta de unificação política entre as cidades gregas e romanas contribuiu para o uso exclusivo da mão-de-obra escrava.

(E) escravidão foi um traço comum nas organizações das sociedades que constituíram a chamada Antiguidade clássica, sem excluir outras formas de trabalho.

29. O ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser vivido, obedecido e respeitado de muitos.(Antonil. Cultura e Opulência do Brasil)

A posse de um engenho confere aos lavradores dos arredores do Rio uma espécie de nobreza. Só se fala com consideração de um “senhor de engenho”, e vir a sê-lo é a ambição de todos. Um senhor de engenho tem geralmente um aspecto fino que prova que se nutre bem e trabalha pouco.(Saint-Hilaire. Viagens pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais.)

Acima reproduzimos fragmentos de textos de dois estrangeiros que passaram pelo Brasil, sendo que o padre Antonil escreveu no início do século XVIII e Saint-Hilaire no início do século XIX. Os registros feitos pelos dois viajantes indicam que o(A) senhor de engenho era prestigiado por ser

dono de escravos e de propriedades latifundiárias, além de manter o controle

das grandes áreas mineradoras localizadas nas Minas Gerais.

(B) senhor de engenho representava o domínio e o prestígio da sociedade colonial, mesmo que fosse visto como um “atravessador” que nada produz, mas que se apropria do trabalho dos outros.

(C) grupo mais prestigiado e poderoso da Colônia era o dos senhores rurais, embora os comerciantes, principalmente os de grosso trato, tenham sido os grandes apropriadores dos lucros da empresa escravista colonial.

(D) prestígio do senhor escravista era decorrente de sua atividade na lavoura, mas, sobretudo, devido ao acúmulo de capital decorrente do tráfico de escravos, atividade que não era bem vista pelos comerciantes portugueses.

(E) Domínio e o poder do senhor rural, bastante evidentes, se apoiavam também no rentável negócio do comércio a retalho, o que não era bem visto pela nobreza portuguesa.

30. “A partir desta data, devemos considerar a França um país livre, o rei um monarca com poderes limitados e a nobreza reduzida ao nível do resto da nação. A maior revolução do nosso tempo custou a vida de alguns homens apenas.”

Este é o relato enviado pelo embaixador da Inglaterra em Paris ao seu governo, no dia seguinte ao 14 de julho de 1789, reproduzindo a(A) tomada da Bastilha e o imediato

reconhecimento do fim dos privilégios decretado pelos Estados Gerais em sessão presidida por Luís XVI.

(B) extinção do absolutismo real e a instalação de um processo de transformação das instituições do Antigo Regime em monarquia constitucional.

(C) instituição da guilhotina para todos os revolucionários salvando apenas os pertencentes à nobreza de sangue e à plebe parisiense.

(D) imediata promulgação da Declaração dos Direitos e Deveres Sociais, que extinguia a sociedade estamental francesa e o privilégio dos nobres.

(E) extinção da monarquia absoluta e a reafirmação de que o rei continuará sendo o “Rei de França e Navarra pela graça de Deus”, sem precisar prestar obediência às leis.

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31. “Começava o ano de 1789. Os dias eram agitados, com muitas discussões, geralmente em casa de Freire de Andrade, às vezes na de Macedo, a respeito da organização da nova República – seria uma república, certamente, a nova nação. As dívidas para com a Família Real seriam perdoadas e a exploração de diamantes deixaria de ser monopólio da coroa (...)” (Sônia Sant Anna. Inconfidências Mineiras. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000. p.79)

Estas eram algumas propostas dos inconfidentes mineiros, mas o que fazer com os cativos? (A) A revolução seria feita em favor dos

brasileiros, dizia Cláudio Manoel da Costa, por isso a abolição deveria ser gradual começando pelos escravos domésticos de origem africana.

(B) O destino dos cativos deveria ser a libertação, pois libertá-los seria a única maneira de a revolução ser apoiada e reconhecida legalmente pelos países do continente americano.

(C) A libertação dos escravos não era cogitada pelos inconfidentes porque a economia agrícola sofreria um impacto, o que decerto poderia dificultar a consolidação da república a ser instalada.

(D) Os inconfidentes, com exceção de Alvarenga, não desejavam abolir a escravidão, pois todos tinham capital aplicado em escravos, inclusive Tiradentes, considerado o mais pobre entre os revolucionários.

(E) A extinção da escravatura era um dos principais pontos do programa revolucionário mineiro, considerando-se que os inconfidentes contavam com o apoio de empresários ingleses.

32. No final do século XIX e início do XX, as cidades brasileiras passaram por um processo de modernização, tornando-se o espaço privilegiado para usufruir o conforto material e contemplar as inovações tecnológicas, como os bondes elétricos.Em Belém este processo está ligado ao (à):(A) dinamização da economia da borracha que,

associada ao ideal republicano de progresso, implantou o serviço de bondes elétricos com reflexos no cotidiano das elites e das camadas populares.

(B) economia da cana-de-açúcar, conseguindo atrair milhares de estrangeiros que pretendiam revigorar o mais importante produto de exportação - a aguardente, e,

portanto, era necessário investir nos transportes urbanos.

(C) surto do látex, que favoreceu a aquisição de transportes modernos necessários à implementação do projeto urbanístico pensado pela administração de Augusto Montenegro.

(D) economia gomífera, que gerou a necessidade de implementação de meios de transportes mais modernos para facilitar o escoamento da produção que chegava da ilha do Marajó.

(E) euforia da economia gomífera, que favoreceu a reordenação do espaço urbano e a melhoria dos serviços de transportes urbanos que deveriam, sobretudo, atender as áreas periféricas da cidade, habitadas pelas classes trabalhadoras.

33.

Acima está um fragmento das impressões de viagem de uma escritora italiana que visitou São Paulo em 1908. Este relato nos dá a dimensão do processo imigratório no Brasil iniciado no final do século XIX. Sobre esse processo, a historiografia brasileira justificou por algum tempo como principal ação motivadora a:(A) origem urbana dos imigrantes italianos que

os credenciavam ao trabalho nas indústrias paulistas por serem mais organizados politicamente.

(B) rejeição dos ex-cativos aos trabalhos têxteis por não possuírem habilidades manuais necessárias a esse tipo de atividade.

(C) falta de assiduidade dos nacionais ao trabalho e a rejeição aos mestres italianos que agiam como se fossem capatazes dos senhores de engenhos.

(D) suposta elevada qualificação técnica dos estrangeiros acostumados à lógica do trabalho na indústria.

(E) maior facilidade dos estrangeiros em absorver a cultura dos brancos do que os nacionais, que eram desqualificados, rudes e avessos à modernidade.

O traço mais marcante da cidade é a sua italianidade. Ouve-se falar o italiano mais em São Paulo que em Turim, em Milão, em Nápoles, porque ao passo que entre nós se fala o dialeto, em São Paulo todos os dialetos se fundem sob a influência dos vênetos e dos toscanos, que são a maioria, e os

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34. Para a imprensa e as autoridades militares, a Guerra do Contestado (1912-1916) era uma “reedição do fanatismo de Canudos”, algo que precisava ser energicamente extirpado. Embora esse movimento tivesse fortes características messiânicas, sob a liderança de um pregador leigo chamado João Maria, o conflito tinha outras implicações, como o (a):(A) descontentamento de muitos posseiros

catarinenses que foram expulsos das terras para a construção da Estrada de Ferro São Paulo Railway, o que só beneficiava o estado paulista.

(B) disputa do Contestado pelos estados do Paraná e Santa Catarina por ser considerada uma região rica em cobre e pedras preciosas, além de ficar na fronteira com a Argentina.

(C) presença de uma forte cultura sertaneja dos revoltosos, que, embora impregnada de conteúdos religiosos, comportava questionamentos à estrutura coronelista ao formular um projeto próprio de vida em sociedade.

(D) sentimento de revolta, o que representava uma ameaça ao regime republicano, visto que os messiânicos propugnavam a volta da monarquia de Bragança e o fim do governo dos militares positivistas.

(E) crença dos revoltosos na salvação do mundo e no restabelecimento da monarquia Bragantina após a extinção da empresa ferroviária do grupo Farquard, que controlava a Light Company.

35. A Revolução de 30 refletiu no Pará por meio da nomeação de um interventor para o Estado, recaindo a escolha sobre o tenente Magalhães Barata, que deu início a um governo populista e de implementação de medidas que estimulavam o desenvolvimento do Estado e outras que coibiam o protecionismo e a ilegalidade. Nesse sentido, podemos apontar, nesse governo, como uma das medidas considerada questionável a:

(A) anulação do poder dos prefeitos, por considerá-los ligados às oligarquias extrativistas, permitindo-lhes apenas o exercício do poder de polícia.

(B) ampliação dos poderes policiais às autoridades judiciárias, como forma de neutralizar as oligarquias regionais.

(C) proibição de venda de cerveja aos trabalhadores, embora os mesmos pudessem consumir sem quaisquer

restrições a cachaça oriunda dos engenhos do Marajó.

(D) concessão aos ribeirinhos do Alto Xingu do direito à extração do látex nos seringais localizados em terras do Estado.

(E) revogação das leis estaduais que concediam isenção tributária por 10 anos à Fábrica Palmeira e à Fábrica de Cerveja Paraense.

36. A charge abaixo faz referência a um período recente da história do Brasil (década de 1980), que envolveu vários setores da sociedade brasileira e promoveu a mais importante campanha política deste país. A charge traduz a:

(Nossa História. nº 13. p. 89)

(A) reivindicação de grande parcela da sociedade brasileira, com relação ao restabelecimento da democracia e à imediata volta das eleições diretas.

(B) agonia do regime militar, que tentava manter os generais-presidentes no poder, mesmo com apoio dos partidos políticos, como o PMDB.

(C) concepção de povo para os governantes militares, que não conseguiam manter o controle dos guerrilheiros infiltrados na estrutura de poder.

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(D) pressão de alguns setores da sociedade brasileira que se sentiam prejudicados com o “Milagre Econômico”.

(E) ação de militantes de esquerda que desejavam implantar no Brasil um regime aberto, nos moldes da União Soviética.

REDAÇÃO

TemaA preocupação com a pobreza cultural a

que somos expostos diariamente pela mídia tem despertado a atenção de críticos preocupados com a caravana de mediocridade da televisão brasileira, como é o caso do Big Brother Brasil.

Considerando a reflexão acima, produza um texto, posicionando-se a respeito do tema a seguir:

O BRASILEIRO SE RECONHECE E SE INCORPORA AOS “REALITY SHOWS”.