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PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSU LUCIANO APARECIDO DE MATTOS GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO: UM ESTUDO DE CASO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CURITIBA 2010

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PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSU

LUCIANO APARECIDO DE MATTOS

GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO:

UM ESTUDO DE CASO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CURITIBA

2010

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LUCIANO APARECIDO DE MATTOS

GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO:

UM ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada ao Curso dePós-Graduação Stricto Sensu da UNIFAECentro Universitário, como requisitoparcial à obtenção do Título de Mestreem Organizações e Desenvolvimento.

Orientador: Prof. Dr. Osmar Ponchirolli

CURITIBA

MARÇO 2010

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Dedicamos essa dissertação a DEUS, por nos ter

concedido forças para chegar onde chegamos, e

aos nossos pais por nos terem concedido a vida e

a oportunidade de ser o que somos: vencedores.

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Agradecimentos

Agradeço a DEUS pela LUZ, PAZ e BEM para realização deste trabalho.

À minha esposa Rosângela e nossa filha Felina Minthia pela compreensão da ausência

para meus estudos.

Aos meus pais que desde os primeiros momentos de vida estiveram ao meu lado,

apoiando e me amando para a conquista dos sonhos.

Aos meus amigos do coração.

Às pessoas que concederam as entrevistas na organização pesquisada.

Ao meu orientador, pelos seus conhecimentos e auxílio que fizeram crescer a minha

vida acadêmica.

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa é analisar se a Gestão do Conhecimento é umaferramenta estratégica de gestão capaz de desenvolver a organização e promovercapacidade competitiva através de novos conhecimentos. Para apoiar o estudo, foirealizada uma revisão bibliográfica nos campos teóricos da gestão estratégica doconhecimento, das competências organizacionais, individuais, a vantagemcompetitiva nas organizações e da aplicabilidade da gestão do conhecimento comoestratégia nas organizações. Os principais autores pesquisados foram: Amidon,Takeuchi e Nonaka, Davenport e Prusak, Karl Wiig, Sveiby, Porter, Mintzberg eTerra. O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso, com utilização demúltiplas fontes de evidência. Os dados foram obtidos mediante uma investigaçãobibliográfica e entrevistas semi-estruturadas em uma empresa química industrialque desenvolve gestão estratégica do conhecimento. A análise dos dados foiefetuada de forma descritivo-interpretativa, abordagem predominantementequalitativa. Utilizou-se, para tanto, a análise de conteúdo bibliográfico, análise doconteúdo das entrevistas e a análise documental. Os dados analisados revelam aimportância da gestão estratégica do conhecimento na organização, a utilização doconhecimento como ferramenta estratégica de inovação e consolidação, que oconhecimento pode desenvolver mecanismos estratégicos para criação de novosprodutos e desenvolvimento estratégico para o mercado competitivo. Revela-setambém que a estratégia de utilização do conhecimento constrói uma estrutura denegócios que possibilita o aumento de competitividade.

Palavras-chaves: conhecimento; gestão estratégica do conhecimento; teoria doconhecimento; vantagem competitiva.

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ABSTRACT

The objective of this research is to examine whether knowledge management is astrategic management tool able to develop the organization and promotecompetitiveness through new knowledge. To support the study, a literature reviewon the theoretical fields of strategic management of knowledge, organizationalskills, individual competitive advantage in organizations and the applicability ofknowledge management as a strategy in organizations. The principal authorssurveyed were: Amidon, Nonaka and Takeuchi, Davenport and Prusak, Karl Wiig,Sveiby, Porter, Mintzberg and Terra. The research method used was the casestudy, using multiple sources of evidence. Data were collected through a literaturesearch and semi-structured in an industrial chemical company that developsstrategic management of knowledge. Data analysis was performed in a descriptiveand interpretative approach predominantly qualitative. It was used for both thecontent analysis literature, content analysis of the interviews and documentanalysis. The analyzed data show the importance of strategic knowledgemanagement in the organization, the use of knowledge as a strategic tool forinnovation and consolidation, that knowledge can develop strategic mechanisms forcreating new products and strategic development for the competitive market. Itappears also that the strategy of using the knowledge build a business structurethat allows the increase of competitiveness.

Key words: knowledge; management of knowledge; theory of knowledge;competitive advantage.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10

1.1 PROBLEMÁTICA DA DISSERTAÇÃO ..................................................................... 12

1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO ............................................................................. 12

1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 13

1.4 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO.................................................................... 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 15

2.1 GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO .................................................... 15

2.1.1 Dado, Informação e Conhecimento........................................................................ 16

2.1.1.1 Dados.................................................................................................................. 16

2.1.1.2 Informação .......................................................................................................... 19

2.1.1.3 Conhecimento ..................................................................................................... 21

2.2 VANTAGEM COMPETITIVA..................................................................................... 25

2.3 TIPOS DE CONHECIMENTO................................................................................... 29

2.3.1 Interação entre os Conhecimentos Tácito e Explícito ............................................ 32

2.3.2 Quatro Modos de Conversão do Conhecimento .................................................... 33

2.3.2.1 Socialização: de tácito para tácito....................................................................... 34

2.3.2.2 Externalização: de tácito para explícito............................................................... 36

2.3.2.3 Combinação: de explícito para explicito.............................................................. 39

2.3.2.4 Internalização: de explícito para tácito................................................................ 40

2.3.2.4.1 Espiral do conhecimento.................................................................................. 41

2.4 O QUE É GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO .................................... 43

2.5 PRÁTICAS DE GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO ........................... 50

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ...................................................... 58

3.1 TIPO E MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................ 58

3.2 COLETA DE DADOS ................................................................................................ 60

4 ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................................. 62

4.1 CASO ........................................................................................................................ 62

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4.2 ANÁLISE DOS DADOS EM RELAÇÃO AO REFERENCIAL TÉÓRICO .................. 63

4.2.1 Análise do Estudo de Caso .................................................................................... 63

4.2.2 Conclusões da Pesquisa de Campo ...................................................................... 69

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 72

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 76

APÊNDICE - ENTREVISTA ............................................................................................. 81

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1 INTRODUÇÃO

No contexto econômico atual, a competitividade entre as organizações

reflete em tecnologia, novos produtos/bens e serviços no mercado, gestão de

processos e estratégias de produção. Essa competitividade também afeta as rotinas

organizacionais, tomadas de decisões e na gestão de projetos e processos.

Diante deste cenário as organizações começam a desenvolver ferramentas

estratégicas de competição, globalização de mercados e das cadeias de

suprimentos, pesquisa e mudanças nos perfis do capital humano.

Neste contexto entra em cena a gestão estratégica do conhecimento, como

fator importante para enfrentar o ambiente atual de mudanças das organizações.

Novos conhecimentos têm que ser criados continuamente para que uma

empresa sobreviva no ambiente competitivo atual (NONAKA e TAKEUCHI,1997).

A gestão do conhecimento- definida como o processo de criar continuamente

novos conhecimentos, disseminando-os amplamente através da organização e

incorporando-os velozmente em novos produtos/serviços, tecnologias e sistemas,

perpetua a mudança no interior da organização (NONAKA e TAKEUCHI, 1997).

Drucker (1993) defende a idéia de que o recurso econômico básico não é

mais o capital, nem os recursos naturais ou a mão-de-obra, mas sim "o

conhecimento". Segundo ele, uma economia baseada no conhecimento e na

informação possui uma fonte segura de vantagem competitiva.

Vantagem Competitiva introduz o conceito de cadeia de valor, um

conceito que serve de base para o raciocínio estratégico sobre as atividades

envolvidas em qualquer negócio e avaliação de seu custo relativo e papel na

diferenciação. (PORTER, 1985).

As organizações através da gestão estratégica do conhecimento

conseguem mudar os processos de produção, estilos de produtos ou serviços e

criar uma atmosfera de crescimento e desenvolvimento do capital intelectual.

(NONAKA e TAKEUCHI, 1997).

Stewart (1998), de uma forma mais contundente, afirma que o conhecimento,

além de ser considerado elemento estratégico essencial às organizações, é mais

importante que matéria prima, mais importante, muitas vezes que o dinheiro.

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Garvin (2001) reconhece que as organizações bem sucedidas se tornaram

excelentes em converter os novos conhecimentos em novas formas de

comportamento e estratégia. Diferentes práticas na gestão do conhecimento são

responsáveis pelo sucesso dessas empresas.

As organizações que aprendem são habilidosas em cinco atividades

principais: solução de problemas de maneira sistemática, experimentação de

novas abordagens, aprendizado com as experiências e antecedentes, aprendizado

com as experiências e melhores práticas alheias, e transferência rápida e eficiente

em toda a organização. (ARGYRIS, 2001).

Argyris (2001) relata que, antes que a empresa seja capaz de tornar-se

uma organização que aprende, é preciso que resolva um dilema do aprendizado: o

sucesso competitivo cada vez mais depende do aprendizado, mas a maioria das

pessoas não sabe aprender.

Para a organização voltada a gestão estratégica do conhecimento o

desafio de criar o conhecimento na organização é reconhecer o quanto necessita

aprender com as experiências e também reconhecer que muitas vezes não sabe

aprender. O aprendizado não é somente mera solução de problemas, mas para

que seja eficiente é necessário ser duradouro (ARGYRIS, 2001).

A base do sucesso das organizações que aprendem é o processo de desen-

volvimento do conhecimento de seus funcionários, fazendo com que desenvolvam

cada vez mais a sua capacidade intelecto-profissional (ARGYRIS, 2001).

Quinn (2002) defende que o êxito das empresas se situa mais em suas

capacidades intelectuais e sistêmicas do que nos ativos físicos. O gerenciamento

do intelecto humano e sua conversão em produtos e serviços úteis transforma-se

rapidamente na habilidade executiva crítica de nossa era.

Moresi (2001) destaca que tudo começa com as definições estratégicas.

Enfatiza que é preciso ter uma macrovisão da missão da organização, conhecer a

sua visão, seus objetivos e metas, e que é fundamental que a gestão do

conhecimento faça parte do modelo estratégico de gestão da organização.

Wiig (2002) afirma que a necessidade de implementação de um conjunto

de conceitos, técnicas e abordagens para conscientizar as organizações a

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valorizarem o conhecimento como recurso estratégico, destacando ainda a

necessidade de desenvolver capacidades, opções e práticas para auxiliar os

gestores a obterem vantagem competitiva.

Hackett (2002) afirma que as organizações que tiverem melhor preparação

para utilizar o conhecimento conseguirão agir de forma mais rápida, de modo a

ultrapassar barreiras internas e externas, criando mais oportunidades para inovar,

reduzir tempo de desenvolvimento de produtos e melhorar o relacionamento com

os clientes.

A gestão do conhecimento visa a proporcionar um ambiente no qual se

possa identificar, compartilhar e criar conhecimento que agregará valor à empresa

e contribuirá para o alcance de seus objetivos. É pelo conhecimento que muitas

empresas são valorizadas.

As organizações que tornaram-se bem sucedidas no mundo contemplam e

aprimoram cada vez mais o conhecimento em seu ambiente organizacional.

Buscam incessantemente o conhecimento como forma de poder estratégico. A

gestão estratégica do conhecimento é uma nova forma de gestão que contribui

para a evolução estratégica das organizações (NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

1.1 PROBLEMÁTICA DA DISSERTAÇÃO

A problemática explorada nesta pesquisa possui a seguinte interrogação:

Como se dá o processo da gestão do conhecimento na empresa

pesquisada e como a gestão do conhecimento pode influenciar a vantagem

competitiva da organização?

1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

O objetivo geral desta dissertação é analisar se a Gestão Estratégica do

Conhecimento é uma ferramenta de gestão capaz de desenvolver a organização e

promover capacidade competitiva através de novos conhecimentos.

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Esta pesquisa, considerando o problema da pesquisa, descrito anteriormente,

tem os seguintes objetivos:

estudar o processo de gestão do conhecimento na empresa

pesquisada;

verificar como e por que foi implantado o processo de gestão do conhe-

cimento na empresa estudada; quais são as técnicas, requisitos, meca-

nismos que foram introduzidos na empresa, para gerir o conhecimento e,

se houveram contribuições para a vantagem competitiva e crescimento e

desenvolvimento da organização;

analisar a participação dos funcionários no processo da gestão do

conhecimento;

analisar a relação existente entre o processo de Gestão Estratégica do

Conhecimento e a capacidade de desenvolver a organização e promoção

de competitividade.

Propor recomendações que possam contribuir com as empresas que

estejam interessadas em incorporar a gestão do conhecimento em seus

contextos empresariais.

1.3 JUSTIFICATIVA

A Gestão Estratégica do Conhecimento contribui para que as empresas

identifiquem quais conhecimentos são estratégicos para o crescimento da

organização, como administrar dados e informações, geração do conhecimento na

empresa, administração dos ativos de conhecimento, novos métodos de produção/

processo e utilização do conhecimento como vantagem competitiva.

O conhecimento estratégico é importante para o desenvolvimento das

atividades da organização e a aplicação da gestão do conhecimento desenvolvem

as competências organizacionais.

Na gestão estratégica, o conhecimento é considerado um recurso que

pode ser administrado ou gerenciado por meio de processos, desenvolvimento de

tecnologias e projetos específicos que utilizam métodos e métricas. O modelo de

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gestão aplicado nas organizações considera o conhecimento como recurso

estratégico e o mais importante. O benefício da gestão do conhecimento para a

organização é que o recurso conhecimento pode ser ampliado, enquanto os

demais recursos possuem limitações dentro da organização.

A presente pesquisa se justifica no sentido de destacar a importância da

compreensão da teoria envolvendo Gestão Estratégica do Conhecimento e a

aplicação do conhecimento nas organizações como ferramenta estratégica de

vantagem competitiva.

1.4 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

A dissertação está estruturada em quatro capítulos. No primeiro capítulo

apresenta-se a introdução da pesquisa, apresentando o problema, os objetivos e a

justificativa. O segundo capítulo é dedicado ao referencial teórico, que está sub-

dividido em: dado, informação e conhecimento, vantagem competitiva, tipos de

conhecimento, o que é gestão estratégica do conhecimento e práticas de gestão

estratégica do conhecimento. No capítulo 3 discutem-se os aspectos metodo-

lógicos da pesquisa. O capitulo 4 é dedicado à análise dos dados coletados e por

fim as considerações finais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo está dividido em três, dedicadas à gestão estratégica do

conhecimento, vantagem competitiva e as práticas de gestão do conhecimento nas

organizações. A conexão dos temas com o tema geral da dissertação é direta, sendo

expressa até no título: A gestão estratégica do conhecimento. Mas especificadamente,

para levantar a gestão do conhecimento – passo necessário para analisar a gestão,

formal ou informal – o possível caminho, escolhido para a pesquisa, é a identificação

das práticas de gestão do conhecimento nas organizações.

2.1 GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO

Dada a importância da gestão do conhecimento no novo cenário competitivo

global, as empresas que permanecerem presas às velhas formas de trabalho

perderão mercado para as companhias que saírem na frente nessa nova tendência.

Muitas desaparecerão (WIIG, 2002).

A gestão do conhecimento, adotada neste trabalho, tem um enfoque

amplo e inclui todos os aspectos relevantes relacionados com o conhecimento

que afetem a viabilidade e o êxito da empresa. Ela abrange as estratégicas da

empresa e inclui também a maioria das outras práticas relativas ao conhecimento

e atividades da empresa.

Wiig (2004) afirma que a gestão do conhecimento possui uma definição

funcional e que possui dois objetivos:

Fazer com que as empresas ajam tão inteligentemente quanto possível

para assegurar sua própria viabilidade e sucesso global; e compreender

melhor o valor de seus ativos de conhecimento. E que para atingir tais

metas, as companhias avançadas constroem, transformam, organizam,

desdobram e usam os ativos de conhecimento de modo eficiente. O

propósito global é maximizar a eficiência da empresa relacionada com o

conhecimento, bem como os retornos sobre seus ativos nessa área,

renovando-os constantemente.

As organizações perceberam que o êxito empresarial não depende somente

de suas habilidades de produção, capital, novas matérias primas ou relações com

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clientes. Tornou-se fundamental desenvolver habilidades no campo da criação do

conhecimento, como capacidade de gerar novos conhecimentos e transmiti-los aos

indivíduos, e de cristalizá-los em ações que levem a desenvolver novos produtos e

serviços mais competitivos.

Essa gestão ganha nova importância com a atual realidade econômica em

que o conhecimento é um fator competitivo diferenciador para os indivíduos, as

empresas e as nações. Esta realidade é a força que impulsiona a adoção ampla de

métodos e instrumentos poderosos para se administrar o conhecimento e seu

contínuo desenvolvimento.

2.1.1 Dado, Informação e Conhecimento

2.1.1.1 Dados

Conhecimento não é dado nem informação, embora esteja relacionado

com ambos e as diferenças entre esses termos sejam normalmente uma questão

de grau (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Dados são conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos. Num

contexto organizacional, dados são utilitariamente descritos como registros estrutu-

rados de transações. Quando um cliente vai a um posto de gasolina e enche o tanque

do seu carro, essa transação pode ser parcialmente descrita como dado: quando ele

faz a compra; quantos litros consumiu; quanto ele pagou. Os dados não revelam por

que ele procurou aquele posto e não outro, e não podem prever a probabilidade

daquele cliente voltar ao mesmo posto. (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Em si mesmos, tais fatos nada dizem sobre se o posto é bem ou mal

administrado nem se ele está fracassando ou prosperando. Peter Drucker afirma

que informações são "dados dotados de relevância e propósito", o que de certo

sugere que dados, por si só, têm pouca relevância ou propósito. (DRUCKER, 1997).

Organizações modernas geralmente armazenam dados em algum tipo de

sistema tecnológico. Os dados são lançados no sistema por departamentos como

o de finanças, de contabilidade ou de marketing. (TERRA, 2001).

Até recentemente, eles eram administrados por centros de processamento

de dados, os CPDs, que atendiam solicitações de dados feitas pela diretoria e por

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outros departamentos da empresa. A tendência atual é a relativa descentralização

dos dados e sua disponibilidade a partir de pedidos oriundos de computadores

pessoais; porém, a estrutura básica do que eles são e de como os armazenamos e

utilizamos permanece a mesma. (TERRA, 2001).

Quantitativamente, as empresas avaliam a gestão de dados em termos de

custo, velocidade e capacidade: quanto custa obter ou recuperar um dado? Com que

velocidade pode lançá-lo e recuperá-lo no sistema? Qual é a capacidade de

armazenamento do sistema? Indicadores qualitativos é a prontidão, a relevância e a

clareza: temos acesso a eles quando necessitamos deles? Eles são aquilo de que

precisamos? Podemos extrair significado deles? (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Todas as organizações precisam de dados e alguns setores industriais

dependem fortemente deles. Bancos, seguradoras, serviços públicos e órgãos

governamentais, tais como o Departamento de Receita Federal e a Administração

de Previdência Social dos Estados Unidos, são exemplos óbvios. (TERRA, 2001).

O registro e manutenção de dados estão no cerne dessas culturas de dados,

e a efetiva gestão de dados é fundamental para o seu sucesso. O negócio desses

setores é a manutenção e o acompanhamento eficiente de milhões de transações.

(DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Mas, para muitas empresas – mesmo para algumas culturas de dados - ter

mais dados nem sempre é melhor do que ter menos. Às vezes, as empresas

acumulam dados por serem factuais e, portanto, criarem a ilusão de exatidão

científica. Junte dados suficientes, prossegue o argumento e decisões objetivamente

corretas se auto-sugerirão automaticamente. (TERRA, 2001).

Isso é falso em dois aspectos. Primeiro, dados demais podem dificultar a

identificação e a extração de significado de dados que realmente importam.

Segundo, e mais fundamental, dados não têm significado inerente. Dados

descrevem apenas parte daquilo que aconteceu; não fornecem julgamento nem

interpretação e nem qualquer base sustentável para a tomada de ação. (DAVENPORT

e PRUSAK, 1998).

Embora a matéria-prima do processo decisório possa incluir dados, eles não

podem dizer o que fazer. Dados nada dizem sobre a própria importância ou irrelevância.

Porém, os dados são importantes para as organizações – em grande medida,

certamente, porque são matéria-prima essencial para a criação da informação.

(DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

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A preocupação em distinguir conhecimentos de dados e informações é

comum a muitos autores. Para Spender (2001, p.39), "dados são sinais sem

significado, enquanto informação é um sinal cujo significado pode ser procurado no

sistema em que está incorporado".

Davenport e Prusak (1998, p.2-3),

também entendem que dados não têm significação própria, descrevendo-

os como "registros estruturados de transações [... os quais ] não fornecem

julgamento nem interpretação". Já informações são entendidas por esses

autores como mensagens, estas sim com significado; a informação "

forma" o receptor, acrescenta algo ao seu discernimento ou julgamento

("dar forma a" é o significado original da palavra informar).

Por meio de certas operações, dados podem tornar-se informações que, por

sua vez, podem transformar-se em conhecimento. Davenport e Prusak (1998, p.6)

definem conhecimento como "[...] uma mistura fluida de experiência condensada,

valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma

estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações".

Setzer (1999, p.2) define dado como "uma seqüência de símbolos

quantificados ou quantificáveis". Puramente sintáticos, portanto, passíveis de

serem formalmente descritos. Por essa definição, um texto, uma imagem, sons

gravados e animação seriam exemplos de dados.

Para Setzer (1999, p.2), uma informação pode ser armazenada num

computador se for reduzida a dados; estes podem ser processados, mas não a

informação, porque o processamento é uma operação puramente sintática

(estrutural), que não dá conta da semântica (significação):

[Na frase "Paris é uma cidade fascinante",] "fascinante" teria que ser

quantificado, usando-se por exemplo uma escala zero a quatro. Mas

então, a nosso ver, isto não seria mais informação.

[...] Por outro lado, dados, desde que inteligíveis, são sempre incorporados

por alguém como informação, porque os seres humanos (adultos) buscam

constantemente por significação e entendimento. Quando se lê a frase "a

temperatura média de Paris em dezembro é de 5°C", é feita uma associação

imediata com o frio, com o período do ano, com a cidade particular, etc.

Em certo sentido, a distinção entre dados e informações tem a ver com

objetividade-subjetividade.

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Como pondera Setzer (1999, p.6), "um dado é puramente objetivo – não

depende do seu usuário. A informação é objetivo-subjetiva no sentido que é descrita

de uma forma objetiva [...], mas seu significado é subjetivo, dependente do usuário";

este precisa interpretar a mensagem, o que por sua vez é função do contexto dele,

usuário (ou receptor).

Um mesmo dado pode gerar informações diferentes, dependendo da inter-

pretação. Seria um erro considerar a informação como algo completamente objetivo.

Devlin (1999) menciona casos trágicos, como desastres aéreos, ocorridos

em função da interpretação errada de dados ou da representação ambígua de

informações (descritas na forma de dados).

2.1.1.2 Informação

A distinção entre dado, informação e conhecimento pode parecer bizantina,

mas tem reflexos práticos.

Como observam Krogh et al. (2001, p.40), "em muitas abordagens à

gestão do conhecimento, informação e conhecimento são equivalentes. Assim,

denotando alto grau de miopia, a gestão do conhecimento tem sido interpretada

como simples gestão da informação".

Sveiby (1998, p.129-130), chama a atenção para uma das consequências

dessa "miopia":

o gasto excessivo com tecnologia da informação visando alavancar a

geração e a difusão do conhecimento, com resultados bem aquém do

esperado. Além disso, abordar dados, informações e conhecimentos torna

o estudo e as intervenções práticas no campo da gestão do conhecimento

mais "palpáveis".

A informação se transforma em conhecimento quando é interpretada por

indivíduos, ganha um contexto e é ancorada nas crenças e compromissos dos

indivíduos. (NONAKA,2002, p.42-43).

Nonaka e Takeuchi (1997, p.63) asseveram que

"a informação proporciona um ponto de vista para a interpretação de

eventos ou objetos", donde concluem ser a informação um meio

necessário para extrair e construir conhecimento, acrescentando-lhe algo

ou reestruturando-o. [...] a informação é um fluxo de mensagens,

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enquanto o conhecimento é criado por esse próprio fluxo de informação,

ancorado nas crenças e compromissos de seu detentor. [Sendo distintos,

informações e conhecimentos teriam em comum serem] específicos ao

contexto e relacionais na medida em que dependem da situação e são

criados de forma dinâmica na interação social entre as pessoas.

Numa espécie de síntese, Krogh et al. (2001, p.40) propõem que

[...] informação é dado contextualizado; relaciona-se com outros dados.

[...] Informação tem a ver com significado, e constitui a base do

conhecimento. No entanto, o conhecimento vai um passo adiante:

abrange as crenças de grupos ou indivíduos, e se relaciona intimamente

com a ação. Crenças, comprometimentos e ações não são captados e

representados da mesma maneira como as informações.

Kougt e Zander (1992) vêem a informação como um dos componentes do

conhecimento de uma empresa, juntamente com o know-how. A informação seria o

"conhecimento que pode ser transmitido sem a perda de integridade, dado que as

regras sintáticas requeridas para decifrá-lo são conhecidas".

Fleury e Oliveira Jr. (2001, p.18), por sua vez, definiram conhecimento "como

informação associada à experiência, intuição e valores".

A informação tem por finalidade mudar o modo como o destinatário vê algo,

exercer algum impacto sobre seu julgamento e comportamento. Ela deve informar; são

os dados que fazem a diferença. O significado original da palavra "informar" é "dar

forma a", sendo que a informação visa a modelar a pessoa que a recebe no sentido de

fazer alguma diferença em sua perspectiva ou insight. (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Estritamente falando, portanto, sucede que o receptor, não o emitente, decide

se a mensagem recebida realmente constitui informação – isto é, se ela verdadei-

ramente o informa. Um memorando repleto de divagações pode ser considerado

"informação" por seu redator, porém tido como puro ruído pelo receptor.(DAVENPORT

e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001).

A única mensagem que ele pode comunicar com sucesso é uma mensagem

involuntária sobre a qualidade da inteligência ou do discernimento do emitente. A

informação movimenta-se pelas organizações por redes hard e soft. A rede hard

tem uma infra-estrutura definida: fios, utilitários de entrega, antenas parabólicas,

centrais de correio, endereços, caixas postais eletrônicas. Estão entre as

mensagens que essas redes entregam o correio eletrônico, o correio tradicional ou

entregas expressas e as transmissões via Internet. (TERRA, 2001).

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A rede soft é menos formal e visível. Ela é circunstancial. Alguém que lhe

entregue uma anotação ou a cópia de um artigo marcado "Para sua informação" é

um exemplo de informação transmitida por rede soft. (DAVENPORT e PRUSAK,

1998), (TERRA, 2001).

Aferições quantitativas de gestão de informação tendem a incluir

conectividade e transações: quantas contas de e-mail ou usuários de Lotus Notes nós

temos? Quantas mensagens enviamos num dado período? Aferições qualitativas

medem a "informatividade" e a utilidade: a mensagem me trouxe um novo insight? Ela

me ajuda a extrair significado de uma situação e contribui para a decisão ou solução

de um problema? (DAVENPORT e PRUSAK, 1998), (KLEIN, 2002).

Diferentemente do dado, a informação tem significado – a "relevância e o

propósito" da definição de Drucker (1997) citada anteriormente. Ela não só "dá forma"

ao receptor como ela própria tem uma forma: ela está organizada para alguma

finalidade. Dados tornam-se informação quando o seu criador lhes acrescenta

significado. Transformamos dados em informação agregando valor de diversas

maneiras (TERRA, 2001; NONAKA e TAKEUCHI, 2004; DAVENPORT e PRUSAK, 1998)

consideram vários métodos importantes, todos eles começando com a letra C:

Contextualização: sabemos qual a finalidade dos dados coletados.

Categorização: conhecemos as unidades de análise ou os componentes

essenciais dos dados.

Cálculo: os dados podem ser analisados matemática ou estatisticamente.

Correção: os erros são eliminados dos dados.

Condensação: os dados podem ser resumidos para uma forma mais

concisa.

Donde os gerentes de hoje concluíram que dispor de tecnologia da

informação mais sofisticada não implica necessariamente obter melhor

informação.

2.1.1.3 Conhecimento

Primeiramente, o conhecimento, ao contrário da informação, é sobre crenças

e compromisso. O conhecimento é uma função de uma determinada instância, pers-

pectiva ou intenção. Em segundo lugar, o conhecimento, ao contrário da informação, é

sobre ação. É sempre conhecimento "para algum fim".

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E, em terceiro lugar, o conhecimento, como a informação, é sobre

significado. É específico ao contexto e relacional.

Em nossa teoria de criação do conhecimento organizacional, adotamos a

definição tradicional de conhecimento como "crença verdadeira justificada".

(NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p.63; NONAKA et al., 2002, p.42).

Deve ser observado, no entanto, que embora a epistemologia ocidental

tradicional tenha enfocado a "veracidade" como atributo essencial do conhecimento,

nós salientamos a natureza do conhecimento como "crença justificada". Esta

diferença de foco introduz outra distinção crítica entre a visão de conhecimento da

epistemologia ocidental tradicional e da nossa teoria de criação do conhecimento.

(NONAKA e TAKEUCHI, 1997), (TERRA, 2001).

Enquanto a epistemologia tradicional enfatiza a natureza absoluta, estática

e não-humana do conhecimento, tipicamente expressa nas proposições e na lógica

formal, consideramos o conhecimento como um processo humano dinâmico de

justificação da crença pessoal dirigida à "verdade". Como Bateson (1979), Machlup

(1983), similarmente Dretske (1981) e de Shannon e Weaver (1949).

Similarmente, a visão corporativa, apresentada como uma estratégia obscura

pelo líder, é construída organizacionalmente em conhecimento pela interação dos

membros da corporação com o ambiente, o que por sua vez afeta seu comportamento

de negócios.

Por mais primário que possa soar, é importante frisar que dado, informação

e conhecimento não são sinônimos. O sucesso ou fracasso organizacional muitas

vezes pode depender de se saber de qual deles precisamos, com qual deles

contamos e o que podemos ou não fazer com cada um deles. (KLEIN, 2002).

Entender o que são esses três elementos e como passar de um para outro

é essencial para a realização bem-sucedida do trabalho ligado ao conhecimento.

Portanto, acreditamos que seja melhor começar dos três termos e pelos

fatores envolvidos na transformação de dados em informação e de informação

em conhecimento.

Como observamos que as empresas já têm dificuldade de distinguir entre

três conceitos relacionados, não estamos inclinados a abordar mais que isso. Para

finalidades práticas,juntaremos conceitos de uma ordem mais elevada, tais como

sabedoria e insight, no conceito do conhecimento. (DRETSKE, 1981).

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E palavras como determinação e ação, embora presumivelmente apontem

para a necessidade de utilizar o conhecimento, serão categorizadas como "algo

que podemos fazer com o conhecimento", em vez de aparecer como variações do

próprio conhecimento.

A maioria das pessoas tem a intuição de que o conhecimento é mais amplo,

mais profundo e mais rico do que os dados ou a informação. As pessoas falam de um

indivíduo esclarecido, informado e com conhecimento sobre determinado assunto,

enfim, alguém inteligente e que tem boa formação cultural. Raramente referem-se a

um memorando, manual ou banco de dados "repleto de conhecimento", muito embora

estes últimos possam ter sido elaborados por indivíduos ou grupos "esclarecidos".

(TERRA, 2001).

Lembrando que os epistemólogos passam a vida tentando entender o que

significa conhecer, não pretendemos dar uma definição final. O que oferecemos é

uma definição funcional de conhecimento, uma descrição pragmática que nos

ajude a comunicar o que queremos dizer quando falamos sobre o conhecimento

nas organizações.

Nossa definição expressa as características que tornam o conhecimento

valioso e as que dificultam sua boa gestão – geralmente as mesmas:

Conhecimento é uma mistura fluída de experiência condensada, valores,

informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura

para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem

origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma

estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas,

processos, práticas e normas organizacionais. (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

O que essa definição torna imediatamente claro é que o conhecimento não

é puro nem simples: é uma mistura de vários elementos; é fluído como também

formalmente estruturado; é intuitivo e, portanto difícil de colocar em palavras ou de

ser plenamente entendido em termos lógicos. (DAVENPORT e PRUSAK, 1998),

(KROGH, 2001).

O conhecimento existe dentro das pessoas, faz parte da complexidade e

imprevisibilidade humanas. Embora tradicionalmente pensemos em ativos como

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algo definível e "concreto", os ativos do conhecimento são muito mais difíceis de

identificarem. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

Da mesma forma que uma partícula atômica pode parecer ser uma onda

ou uma partícula, dependendo de como os cientistas a observam, o conhecimento

pode ser visto tanto como um processo quanto como um ativo. O conhecimento

deriva da informação da mesma forma que a informação deriva de dados. Para

que a informação se transforme em conhecimento, os seres humanos precisam

fazer virtualmente todo o trabalho (TERRA, 2001; NONAKA e TAKEUCHI, 2004;

DAVENPORT e PRUSAK, 1998) tal transformação ocorre através de palavras

iniciadas com C como as seguintes:

Comparação: de que forma as informações relativas a esta situação se

comparam as outras situações conhecidas?

Conseqüências: que implicações estas informações trazem para as

decisões e tomadas de ação?

Conexões: quais as relações deste novo conhecimento com o conhe-

cimento já acumulado?

Conversação: o que as outras pessoas pensam desta informação?

Claramente, estas atividades criadoras de conhecimento têm lugar dentro

dos seres humanos e entre eles. Embora obtenhamos dados a partir de registros

ou transações e informações, a partir de mensagens, obtêm conhecimento de

indivíduos ou de grupos de conhecedores ou, por vezes, a partir de rotinas

organizacionais. O conhecimento é entregue através de meios estruturados, tais

como livros e documentos, e de contatos pessoa a pessoa que vão desde

conversas até relações de aprendizado.

Para a compreensão da gestão estratégica conhecimento como agente de

promoção da capacidade competitiva é importante levar-se em conta uma reflexão

sobre a vantagem competitiva. A seguir trabalha-se o conceito e características da

vantagem competitiva.

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2.2 VANTAGEM COMPETITIVA

O sucesso ou fracasso organizacional muitas vezes dependerá de sua

estratégica e de elementos que perdurem a vantagem no mercado. Elementos

como conhecimento, diferenciação na fabricação e inovação tecnológica.

Para Porter(1985) a Vantagem Competitiva ajudou a tornar a estratégia

mais concreta e viável. Por serem o que as empresas fazem, as atividades são

observáveis, tangíveis e podem ser gerenciadas.

Pode-se ressaltar que o conhecimento na empresa é um recurso que pode

ser gerenciado para tornar a empresa mais competitiva.

Segundo Porter (1985, p.1) "a concorrência está no âmago do sucesso ou

do fracasso das empresas, determinando a adequação das atividades que podem

contribuir para seu desempenho".

Para Porter (1985) a base fundamental do desempenho acima da média a

longo prazo é a vantagem competitiva sustentável. Embora uma empresa possa ter

inúmeros pontos fortes e pontos fracos em comparação com seus concorrentes,

existem dois tipos básicos de vantagem competitiva que uma pessoa possa

possuir: baixo custo ou diferenciação.

No estudo em questão a vantagem competitiva a ser discutida é a diferen-

ciação, que envolve o conhecimento como recurso que é capaz de atingir as metas

das empresas e destaca-la no mercado, através da criação de novos produtos ou

serviços que possuam uma diferenciação que os concorrentes tenham dificuldades

em imitá-las.

Muitas empresas perduram-se no mercado devido ao seu desenvolvimento

e diferenciação nos produtos, o caso mais estudado no mundo é o papel da 3M.

Que o funcionário dedica 25% da sua semana em pesquisa e desenvolvimento de

novos produtos, que não foram pesquisados nos últimos cinco anos (NONAKA e

TAKEUCHI, 2004).

Para Porter (1985) a lógica da estratégia da diferenciação exige que

uma empresa escolha atributos em que diferenciar-se, que sejam diferentes dos

seus rivais.

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As organizações buscam cada vez mais a inovação de processos e produtos,

novos mercados e formas de manter-se no mercado de forma competitiva.

Para as empresas que trabalham "o conhecimento como vantagem compe-

titiva" (NONAKA e TAKEUCHI, 2004;) a diferenciação como elemento da vantagem

competitiva atrela conhecimento com estratégia que gera vantagem competitiva.

Para Porter (1990) a vantagem competitiva vem da maneira pela qual as

organizações se organizam e realizam as atividades. A figura 2.1 representa a

cadeia de valores.

FIGURA 2.1 - CADEIA DE VALORES

FONTE: Porter (1990, p.51)

Porter (1990, p.50-51) defende a idéia de que a vantagem competitiva sobre

os rivais, uma empresa tem de proporcionar valor comparável com o comprador, mas

desempenhar as atividades com eficiência do que seus concorrentes (menor custo)

ou, então, desempenhar as atividades de maneira excepcional, que cria mais valor

para o comprador e obtém preço maior (diferenciação).

Dentro do âmbito de vantagem competitiva as organizações buscam a

excelência na produção, atendimento, entrega e gerenciamento das pessoas.

Para manter a vantagem competitiva as organizações desenvolvem

mecanismos de controle nos processos e nas formas de gerenciar os seus

departamentos, mas também desenvolvem meios de manter a sustentabilidade na

competição. A inovação é meio de manter a sustentabilidade no mercado.

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Porter (1990, p.56) define inovação como "melhoria em tecnologia,

métodos ou maneira de fazer as coisas. Ela se pode evidenciar em modificações

de produtos, mudanças de processo, novas abordagens da comercialização, novas

formas de distribuição e novas concepções de âmbito".

Neste sentido, a inovação para Porter (1990, p.57-58) possuem causas

típicas que influem na vantagem competitiva:

1. Novas tecnologias. A mudança tecnológica pode criar novas possibilidades

para o projeto de um produto, a maneira pela qual é comercializado,

produzido ou entregue e os serviços suplementares proporcionados. É a

mais comum precursora da inovação estratégica.

2. Necessidades novas ou renovadas do comprador. A vantagem competitiva

é criada com frequência (ou se modifica), quando os compradores

desenvolvem novas necessidades.

3. Aparecimento de novo segmento da indústria. A oportunidade de criar

vantagem surge quando nasce um novo segmento distinto de uma

indústria.

4. Custos ou disponibilidade oscilante de insumos. A vantagem competitiva

se modifica freqüentemente quando ocorre mudança significativa nos

custos.

5. Mudanças nos regulamentos governamentais. Os ajustes na natureza

da regulamentação governamental.

Porter (1985) defende a idéia que a Vantagem Competitiva, ocorre durante a

construção do Planejamento Estratégico, que permite à empresa definir em que

direção caminhar, orientando suas competências perante as ameaças e

oportunidades para que, assim, possa criar valor a seus atuais e potenciais clientes,

propõe que uma Estratégia, realmente Competitiva, precisa levar em conta uma série

de conceitos para formação de uma Vantagem Competitiva sustentável.

Mediante o exposto poderemos também ratificar através de Prahalad e

Hamel (1990, p.79-80) que:

competências essenciais são recursos intangíveis que (a) em relação aos

concorrentes são difíceis de ser imitados, (b) em relação a mercados e

clientes são os recursos essenciais para que a empresa possa prover

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produtos/serviços diferenciados e (c) em relação ao processo de mudança e

evolução da própria empresa são o fator fundamental da maior flexibilidade

que permite a exploração de diferentes mercados. As competências

essenciais não estão estritamente relacionadas à tecnologia: elas podem

estar localizadas em qualquer função administrativa.

A vantagem competitiva possui ligação com o planejamento estratégico, e

as empresas que não possuem o planejamento estratégico como regra não

conseguem superar a concorrência e suas táticas. (PORTER, 1989, p.24).

É através do planejamento estratégico que os administradores conseguem

gerir a organização. A vantagem competitiva da organização depende muito do

planejamento estratégico e para melhor exemplificar, Porter (1989) apresenta

sobre as 5 forças competitivas e Mintzberg os 5 P´s do planejamento estratégico e

sua importância para a organização.

Porter (1989, p.24). apresenta as 5 forças competitivas que os adminis-

tradores deverão estar atentos para manter a vantagem competitiva:

1. a rivalidade entre vendedores concorrentes na indústria, que é determi-

nada pelo número de concorrentes, seu tamanho e as condições de

competição existentes (demanda, integração das empresas, armas compe-

titivas utilizadas);

2. as tentativas que as empresas de outras indústrias fazem no mercado

para conquistar os clientes com seus produtos substitutos. Os produtos

substitutos podem ser considerados todos aqueles de outras indústrias

que atendem à mesma necessidade;

3. o potencial de entrada de novos concorrentes, que é determinado pela

quantidade e intensidade das barreiras à entrada existentes do mercado,

assim como pela reação dos concorrentes existentes;

4. o poder de barganha dos fornecedores, que é definido, dentre outros

fatores, pelo tamanho do fornecedor, a importância do seu insumo e as

vantagens que ele oferece para a empresa cliente;

5. o poder de barganha dos compradores do produto,que é maior quando

os consumidores têm mais opções de compra e possibilidade de trocar

de marcas, sem maiores custos.

É vital para as organizações que os gestores conheçam as forças

competitivas na indústria ou outro ramo de atuação, pois é determinante para a

lucratividade e vantagem competitiva da empresa. Se houver uma intensidade das

forças, maior será a competividade da indústria e menor o lucro da empresa e sua

vantagem no mercado (PORTER, 1989).

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Mintzberg (2001, p.26-30) apresenta os 5 P´s do planejamento definidos

como responsáveis para que uma empresa se mantenha no mercado, de forma a

concorrer com maior estratégia e maiores possibilidades de vantagens:

1. Plano: a estratégia consiste numa linha de conduta ou um guia de ação

intencional, que conduz os diferentes níveis e áreas da empresa.

Entendidas como planos, as estratégias são formuladas antes das ações,

às quais elas se aplicam, sendo desenvolvidas conscientemente e

intencionalmente.

2. Padrão: a estratégia pode surgir de uma constância no comportamento

e indicar um padrão de continuidade (rotina). Segundo essa definição,

a estratégia pode surgir das próprias ações cotidianas, de forma

intencional ou não.

3. Piège (armadilha): a estratégia age como uma manobra particular para

eliminar ou enfraquecer o concorrente, sendo utilizada como um

instrumento para lidar com a competição que a empresa enfrenta na

sua Indústria.

4. Posição: a estratégia é uma forma de localizar a empresa no seu meio

ambiente, melhorando sua posição competitiva. Nessa concepção a

estratégia permite definir o local (dentro do ambiente mais amplo) onde

a empresa vai concentrar os seus recursos, visando manter ou

melhorar sua posição.

5. Perspectiva: a estratégia reflete os conceitos, os valores e a perspectivas

partilhadas pelos membros da organização. Nessa definição, a estratégia

é também influenciada pela forma como a empresa e seus membros

percebem o ambiente. A personalidade e a cultura da empresa serão

então determinantes para a definição da estratégia.

É importante que a organização saiba empregar suas estratégias às

condições do mercado e identificar e formular um planejamento estratégico capaz

de manter a sua vantagem competitiva e atingir os objetivos previstos. O

entendimento dos tipos de conhecimento é fundamental para a gestão estratégica

do conhecimento. (PORTER, 1989), MINTZBERT, 2001).

A seguir trabalham-se os tipos de conhecimento com a intenção de apresentar

a dimensão epistemológica e ontológica da gestão estratégica do conhecimento.

2.3 TIPOS DE CONHECIMENTO

Muito tem sido escrito sobre a importância do conhecimento nas organizações,

e como o conhecimento é criado e como o processo é gerido pelos administradores.

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Na gestão estratégica do conhecimento há duas dimensões – a epistemo-

lógica e a ontológica e com visões tradicional e não-tradicional do conhecimento.

A dimensão ontológica possui um sentido de que o conhecimento é criado

apenas pelos indivíduos. As organizações não podem criar conhecimento sem

indivíduos. Para a criação do conhecimento é necessário nas organizações indivíduos

criativos e que consigam desenvolver um melhor aprendizado. (NONAKA e TAKEUCHI,

2004), (TERRA, 2001), (ARGYRIS, 2001).

Brown e Duguid (2002) argumentam que a criação do conhecimento orga-

nizacional deve ser compreendida como um processo organizacionalmente

amplificador, do conhecimento dos indivíduos e o cristaliza como parte da rede de

conhecimentos da organização. Esse processo é chamado de comunidade de

interação em expansão.

A dimensão epistemológica pode ser entendida pela descrição de Michael

Polanyi (1966) entre o conhecimento tácito e conhecimento explícito. Sendo o

conhecimento tácito pessoal, especifico e por isso com difícil maneira de formalizar

e comunicar.

No conhecimento explícito ou registrado, refere-se ao conhecimento que é

transmissível na linguagem formal e sistemática. A argumentação de Polanyi sobre

a importância do conhecimento tácito na cognição humana corresponde ao

argumento central da psicologia de Gestalt, que afirma que a percepção é

desenvolvida e determinada nos termos da forma em que está contextualizada no

padrão geral ou Gestalt. A psicologia de Gestalt destaca que todas as imagens

estão intrinsecamente correlacionadas.

Para Polanyi (1966) os seres humanos adquirem conhecimento criando e

organizando ativamente suas próprias experiências. O conhecimento pode ser

expressado em palavras e números e representa a ponta do iceberg do corpo total

do conhecimento. Polanyi (1966) constata, "Podemos saber mais do que podemos

dizer" (p.4). Um exemplo que Polanyi representa é "reconhecemos o rosto do

vizinho sem sermos capazes de explicar como fazemos isso em palavras. Além

disso, percebemos os sentimentos dos outros a partir de suas expressões faciais,

mas explica-los em palavras é mais difícil".

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Na epistemologia tradicional para a criação do conhecimento é necessário

a separação do sujeito e do objeto de percepção. Os seres humanos, como

sujeitos da percepção, adquirem conhecimento pela análise dos objetos externos.

Para contraditar, Polanyi (1966) afirma que os seres humanos criam

conhecimento envolvendo-se com os objetos- isto é, através do auto-envolvimento

e do compromisso,ou o que ele chamou de "espírito interior". Saber algo é criar a

sua imagem ou padrão pela integração tácita das particularidades. Muito do nosso

conhecimento nosso conhecimento é fruto de nosso próprio esforço intencional de

lidar com o mundo.

Embora Polanyi (1966) defender que o conteúdo do conhecimento tácito,

principalmente no contexto filosófico, também é possível expandir sua idéia em uma

direção prática. O conhecimento tácito contempla elementos cognitivos e técnicos.

Johnson-Laird (1983) chama os elementos cognitivos de modelos mentais,

como os esquemas, os paradigmas, as perspectivas, as crenças e os pontos de

vista, ajudam os indivíduos a perceberem e definirem seu mundo. No lado técnico

ou elemento técnico do conhecimento tácito inclui o know-how, o artesanato e as

habilidades concretas.

Para distinguir entre conhecimento tácito e explícito são mostrados no

quadro 2.1.

QUADRO 2.1 - DOIS TIPOS DE CONHECIMENTO

Conhecimento tácito (subjetivo) Conhecimento explicito (objetivo)

Conhecimento da experiência (corpo) Conhecimento da racionalidade (mente)

Conhecimento simultâneo (aqui e agora) Conhecimento seqüencial (lá e então)

Conhecimento análogo (prática) Conhecimento digital (teoria)

FONTE: Takeuchi e Nonaka (2004)

O conhecimento da experiência tende a ser tácito, físico e subjetivo, enquanto

o conhecimento da racionalidade tende a ser explícito, metafísico e objetivo.

Bateson (1979) se refere que o conhecimento tácito é criado "aqui e agora"

em um contexto específico, prático e implica como uma qualidade "análoga".

Compartilhar o conhecimento tácito entre os indivíduos, através da comunicação, é

um processo análogo que existe um tipo de "processamento simultâneo" das comple-

xidades dos temas compartilhados pelos indivíduos. O conhecimento explícito é sobre

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os eventos passados ou objetos "lá então" e é orientado para uma teoria indepen-

dente de conceito.

Brown (1992) argumenta que "As organizações do futuro serão 'refinarias

do conhecimento' nas quais os empregados sintetizarão a compreensão e as

interpretações de um mar de informações que ameaça inundá-los por todos os

lados" (p.3). Em uma refinaria de conhecimento, ele continua, os trabalhadores

necessitam colaborar tanto com o passado quanto com o presente. Enquanto a

colaboração com o presente é sobre o compartilhar do conhecimento tácito, a

colaboração com o passado baseia-se nas experiências obtidas da maneira

anterior de fazer as coisas.

2.3.1 Interação entre os Conhecimentos Tácito e Explícito

A história da epistemologia ocidental pode ser vista como uma controvérsia

sobre o tipo de conhecimento é mais verdadeiro. Enquanto os ocidentais tendem a

enfatizar o conhecimento explícito, os japoneses tendem a salientar o

conhecimento tácito.

Na visão Takeuchi e Nonaka (2004) o conhecimento tácito e explicito não

são totalmente separados, mas entidades mutuamente complementares. Eles

interagem e se intercambiam nas atividades criativas dos seres humanos. O

modelo dinâmico de criação do conhecimento está ancorado no pressuposto crítico

de que o conhecimento humano é criado e expandido através de interação social

entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito, chamando essa interação

de "conversão do conhecimento". Observando que essa conversão é um processo

"social" entre indivíduos e não confinado em um único indivíduo. O processo de

"conversão social", o conhecimento tácito e o explicito expandem-se em termos de

qualidade e quantidade.

De acordo com Maturana e Varela (1980),

o domínio lingüístico como domínio orientador de comportamento exige ao

menos dois organismos interagindo de interações consensuais possa ser

desenvolvido, no qual a conduta emergente dos dois organismos seja

relevante para ambos. A principal característica da existência humana é

sua ocorrência em um domínio lingüístico cognitivo. Este domínio é

constitutivamente social (p.xxiv,41).

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Parcialmente de acordo a idéia de "conversão do conhecimento" com o

modelo ACT (ANDERSON, 1983; SINGLEY e ANDERSON,1989) desenvolvido na

psicologia cognitiva. Neste modelo a hipótese de que, para que as habilidades

cognitivas se desenvolvam, todo o conhecimento declarativo, que corresponde ao

conhecimento explícito, tem que ser transformado em conhecimento de proce-

dimentos, que corresponde ao conhecimento tácito,usado em atividades como andar

de bicicleta ou tocar piano. Para Takeuchi e Nonaka a transformação do

conhecimento é interativa e espiralada, e não unidirecional, do declarativo (explicito)

para o de procedimento (tácito).

2.3.2 Quatro Modos de Conversão do Conhecimento

Para Nonaka e Takeuchi (1997) e (2004), o conhecimento tácito e o explícito

permite postular quatro modos diferentes de conversão do conhecimento. Eles são

como a seguir:

1. de conhecimento tácito para conhecimento tácito, chamado de socialização;

2. de conhecimento tácito para conhecimento explícito, ou externalização;

3. de conhecimento explícito para conhecimento explícito, ou combinação; e

4. de conhecimento explícito para conhecimento tácito, ou internalização.

Esta concepção de quatro modos de conversão foi criada após o levan-

tamento de 105 administradores intermediários japoneses para testar a hipótese de

que a construção do conhecimento compreende quatro processos de conversão do

conhecimento – socialização, externalização, combinação e internalização. A exis-

tência desses quatro processos de conversão do conhecimento foi validada empiri-

camente pela carga de fatores da análise de fator de primeira e de segunda ordem,

este processo esta detalhado na obra de Nonaka, Byosiere, Borucki e Konno (1994).

Três dos quatro tipos de conversão do conhecimento – socialização,

combinação e internalização, foram discutidos a partir de várias perspectivas na

teoria organizacional. A socialização está conectada com as teorias dos processos

de grupo e com a cultura organizacional; a combinação tem suas raízes no proces-

samento de informação; e a internalização está intimamente ligada com o

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aprendizado organizacional. No entendimento de Takeuchi e Nonaka a externa-

lização tem sido negligenciada.

A figura 2.2 representa os quatro modos de conversão do conhecimento.

FIGURA 2.2 - MODOS DE CONVERSÃO DO CONHECIMENTO

CONHECIMENTO TÁCITO EM CONHECIMENTO EXPLÍCITO

Socialização ExternalizaçãoCONHECIMENTO TÁCITO DO

CONHECIMENTO EXPLÍCITO

Internalização Combinação

FONTE: Takeuchi e Nonaka (1997)

Discutiremos os quatro modos de conversão do conhecimento e exempli-

ficando as aplicações nas organizações.

2.3.2.1 Socialização: de tácito para tácito

A socialização é um processo de compartilhamento de experiências e, de

criação de conhecimento tácito – tais como os modelos mentais e as habilidades

técnicas compartilhadas. O indivíduo pode adquirir conhecimento tácito diretamente dos

outros sem usar a linguagem. Os aprendizes aprendem com seus mestres e aprendem

sua arte não através da linguagem, mas da observação, da imitação e da prática.

Cannon-Browers, Salas e Converse (1993) definem "modelos mentais

compartilhados" como " estruturas de conhecimento mantidas pelos membros de

uma equipe que os capacitam a formar explicações e expectativas precisas para a

tarefa, e regularmente coordenar suas ações e adaptar seus comportamento às

demandas da tarefa e aos outros membros da equipe.

A aquisição do conhecimento tácito é a experiência. Sem experiência compar-

tilhada, é extremamente difícil para uma pessoa projetar-se no processo de raciocínio

do outro indivíduo. A mera transferência de informações muitas vezes fará pouco

sentido se estiver desligada das emoções associadas e dos contextos específicos nos

quais as experiências compartilhadas são embutidas. (ARGYRIS, 2001).

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Os relatos de Takeuchi e Nonaka (1997, 2004) apresentam como a sociali-

zação foi empregada pelas empresas japonesas dentro do contexto empresarial, mas

precisamente em desenvolvimento de produtos.

O primeiro exemplo relatado vem da Honda, que estabeleceu "brainstorming

camps" (tama dashi kai) - reuniões informais para discussão detalhada visando a

solução de problemas difíceis no desenvolvimento de projetos. As reuniões são

realizadas fora do ambiente da empresa, frequentemente em hotel, os participantes

discutem os problemas mais difíceis enquanto bebem saquê, compartilham refeições e

tomam banho juntos em uma banheira quente. Estas reuniões não estão limitadas aos

membros da equipe do projeto, mas abertas a qualquer cargo que esteja interessado no

projeto em desenvolvimento. Mas as críticas deverão ser com sugestões construtivas.

Essas discussões possuem foco de que "criticar" é muito mais fácil do que

apresentar sugestões construtivas. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004).

O estilo de brainstorming camp não é exclusivo da Honda, sendo utilizado por

inúmeras empresas japonesas. As empresas que usam o brainstorming possibilitam

elencar inúmeras idéias para a empresa, focando desenvolvimento de projetos e

desenvolvimento de equipes/estratégias. Este camp fortelece a confiança entre os

participantes do projeto. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004).

Scheflen (1982) enfatiza a importância interações na formação de um

campo de entendimento comum e afirma que a comunicação é o compartilhar

simultâneo da informação existente na situação.

Condon (1976) alega que a comunicação é um fenômeno simultâneo e

contextual no qual as pessoas sentem a mudança ocorrendo, compartilham a

mesma sensação de mudança e movimentam-se para agir.

A eficácia se dá principalmente no compartilhamento de conhecimento

tácito e na criação de uma perspectiva.

O segundo exemplo trazido é da Matsushita Eletric Industrial Company,

mostra que como a habilidade técnica tácita foi socializada. Durante a fabricação de

uma máquina doméstica de fazer pão, os engenheiros e demais desenvolvedores

sentiram dificuldades em ajustar a máquina de fazer pão, pois ela deixava o pão com

casca dura e no interior do pão a massa não ficava assada. Com essa combinação de

dificuldades se buscou na empresa uma alternativa de aprender o processo de

fabricação dos mestres-padeiros. Ikuko Tanaka, chefe do desenvolvimento de software

da empresa sabia que o melhor pão da região vinha do Osaka Internacional Hotel.

(TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004).

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Para descobrirem o "segredo" do pão, vários administradores e engenheiros

se voluntariaram como aprendizes de padeiro, e fazer o mesmo pão delicioso do

mestre-padeiro. Esta tarefa não foi fácil e ninguém conseguia explicar o porque era

tão dificil. Depois de algum tempo como aprendizes do padeiro, Ikuko percebe que o

padeiro fez alguns movimentos com a massa que a máquina não realizava, dois

deles: o esticamento da massa e torcer a massa, que acabou sendo o segredo para

fazer o pão saboroso. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004).

Depois de descoberto o segredo ela socializou o conhecimento tácito do

mestre-padeiro, através da observação e prática. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004).

Esta socialização trouxe para a Matsushita o start da fabricação de

máquinas de fazer pão. Em 1984 a empresa colocava no mercado a primeira

máquina de fazer pão. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004).

O terceiro exemplo vem da NEC, onde constrói a socialização através da

interação entre produtos e clientes. Conseguiu desenvolver o seu primeiro compu-

tador pessoal com interação com seus clientes. A NEC não estava diretamente ligada

a área de computadores, mas com os insigths dos clientes, o que poderemos também

chamar de compartilhamento de conhecimento tácito e novas idéias, aplicou o que foi

coletado e desenvolveu com o seu aparato tecnológico o computador pessoal TK-80.

Novamente a socialização do conhecimento tácito e a troca simultânea de idéias

converge na criação do conhecimento. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004),

(DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

2.3.2.2 Externalização: de tácito para explícito

A externalização é um processo de articulação do conhecimento tácito em

conceitos explícitos. Pode ser definido também como um processo de criação do

conhecimento perfeito, nas medida em que o conhecimento tácito se torna explícito,

expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos.

(TERRA, 2001).

Quando conceituamos uma imagem, expressamos sua essência, princi-

palmente na linguagem. Emig (1983) discorre que a redação é um ato de

conversão do conhecimento tácito em conhecimento articulável.

A metáfora é uma forma de perceber ou entender intuitivamente uma coisa

imaginando outra coisa simbolicamente. É usada com mais freqüência no raciocínio

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abdutivo ou em métodos não-analíticos para a criação de conceitos radicais. Não

constitui a análise nem a síntese dos atributos comuns de coisas associadas. As

contradições inerentes a uma metáfora são harmonizadas pela analogia, o que reduz

o desconhecido destacando o caráter comum de duas coisas diferentes. (TAKEUCHI e

NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Diante da metáfora e da analogia foram criados produtos que fizeram

empresas como Mazda,Honda e Canon entrar em mercados ainda inexplorados, o

principal deles o mercado americano.

Na Mazda foi desenvolvido o modelo RX-7, considerado um autêntico carro

esportivo e que permite dirigir com conforto- este afirmação partiu da própria

Mazda. Mas para criar o modelo RX-7 a Mazda a empresa deduziu um slogan

corporativo para o novo carro: "Criar novos valores e apresentar o alegre prazer de

dirigir". Este slogan corporativo fez nascer o carro conceito que trouxe para a

Mazda o reconhecimento no mercado americano, reconhecimento este sonhado e

planejado pela direção, que realizou viagem conceituais e obteve experiências no

mercado americano antes da criação do carro. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004),

(DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Para reforçar o uso da metáfora atraente/e ou analogia é altamente eficaz

no favorecimento do compromisso dos indivíduos para com a empresa e no

processo criativo, outro exemplo vem da Honda onde o engenheiro Hiroo

Watanabe e sua equipe utiliza a metáfora " Evolução do Automóvel. A equipe de

Watanabe considerou o automóvel com um organismo e buscou sua forma

definitiva. A essência para Watanabe era descobrir no que o automóvel evoluiria.

(TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Acompanhado do slogan veio uma analogia entre o conceito de "máximo

para o homem, mínima máquina" e a imagem de uma esfera que contém o máximo

volume dentro da mínima área de superfície e que resultou na criação do Honda

City em 1994. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

No caso da mini copiadora Canon é um bom exemplo de como uma

analogia foi eficazmente usada na criação de um produto. A maior dificuldade da

empresa era produzir um cartucho descartável com baixo custo, que eliminasse a

necessidade manutenção exigida pelas demais copiadoras. O interesse da

empresa era dirigir os seus produtos para uso familiar e pessoal. Depois de muitas

pesquisas a empresa constatou que o maior número de manutenção estava nos

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cartuchos. Algumas empresas usavam tambores circundantes. (TAKEUCHI e

NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Diante da situação, uma equipe foi destinada para solucionar o problema e

criar um mecanismo com baixo custo. Depois de dias de árduas discussões,

Hiroshi Tanaka, líder da equipe, solicitou no meio da reunião latas de cerveja.

Depois de consumi-las, ele perguntou "Quanto custa fabricar esta lata? Diante do

exposto a equipe pesquisou, então a possibilidade de aplicar o processo de

fabricação da lata de cerveja à fabricação do cilindro/cartucho, usando o mesmo

material. Esclarecido as similaridades e as diferenças, eles descobriram uma

tecnologia de processo para fabricar o tambor/cartucho de alumínio com baixo

custo, dando origem ao tambor/cartucho descartável. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997,

2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Os exemplos acima demonstram a eficácia do uso da metáfora e da

analogia na criação e na elaboração de um conceito.

O quadro 2.2 representa metáfora e/ou analogia para a criação de

conceitos no desenvolvimento de produtos.

QUADRO 2.2 - METÁFORA E/OU ANALOGIA PARA A CRIAÇÃO DE CONCEITOS NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

PRODUTO (EMPRESA) METÁFORA/ANALOGIA INFLUÊNCIA NA CRIAÇÃO CONCEITUAL

City (Honda) "Evolução do Automóvel (metáfora)Esfera (analogia)

Sugestão de maximizar o espaço do passageirocomo desenvolvimento definitivo do automóvel

Conceito criador de "máximo homem, mínimamáquina"

Sugestão de aquisição do máximo espaço para opassageiro através da minimização da área desuperfície

Conceito criado de "carro alto e curto ('Menino Alto')"

Minicopiadora (Canon) Lata de Alumínio de cerveja (analogia) Sugestão similaridade entre a lata de cerveja dealumínio barata e a fabricação do tamborfotossensível

Conceito criado de "processo de fabricação de baixocusto"

Máquina doméstica de fazer pão(Matsushita)

Pão do hotel (metáfora) Sugestão de um pão mais delicioso

Mestre-padeiro do OsakaInternacional Hotel (analogia)

Conceito criado de "massa torcida"

FONTE: Nonaka e Takeuchi (2004)

A metáfora é uma forma de perceber ou entender intuitivamente uma

coisa, imaginando outra. É mais frequentemente usada no raciocínio abdutivo ou

nos métodos não-analíticos para criação de conceitos radicais (BATESON, 1979).

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Em termos de negócios, os modelos são frequentemente apenas descrições

ou ilustrações grosseiras, longe de serem totalmente específicos. Os modelos

costumam ser criados a partir de metáforas quando novos conceitos são criados no

contexto dos negócios. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK,

1998), (TERRA, 2001).

2.3.2.3 Combinação: de explícito para explicito

O conhecimento é fundamentado na análise do conhecimento codificado em

documentos, memorandos, redes de comunicação computadorizadas, conversas ao

telefone, banco de dados e etc. É um processo de estruturação de conceitos em um

sistema de conhecimento, envolve a combinação de conjuntos diferentes de

conhecimento explícito e ocorrem troca e combinação de conhecimentos através de

meios como documentos, reuniões ou redes de comunicação computadorizadas.

(NONAKA e TAKEUCHI, 2004), (KOGUT, 1992).

A criação do conhecimento realizada na educação formal e no treinamento nas

escolas geralmente assume essa forma. Uma educação MBA é um ótimo exemplo.

(ARGYRIS, 2001)

No contexto dos negócios, o modo de combinação da conversão do conhe-

cimento é visto mais frequentemente quando os administradores criam novos

conceitos através da rede de comunicação de computadorizadas e das bases de

dados em grande escala facilita esse modo de conversão de conhecimento. (TERRA,

2001), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Na Kraft General Foods, os dados dos pontos de vendas dos varejistas são

utilizados para criar novas maneiras de vender e não somente para descobrir o que

vende e o que não vende bem. Consideram uma novo sistema de vendas. Criou um

sistema chamado de "micromerchandizing" que proporciona a rede informações de

qual mercadoria para os supermercados e a promoção de vendas para o mercado. A

Kraft administra com sucesso suas vendas, e confirma que não somente realiza a

gestão da informação e sim utiliza esta informações para obter vantagem competitiva

através da conversão do conhecimento. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004),

(DAVENPORT e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001).

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2.3.2.4 Internalização: de explícito para tácito

É o processo de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento

tácito. É intimamente relacionado ao "aprender fazendo". Quando são internalizadas

nas bases do conhecimento tácito dos indivíduos sob a forma de modelos mentais ou

know-how técnico compartilhado, as experiências através da socialização,

externalização e combinação tornam-se ativos valiosos. Esse conhecimento tácito

acumulado precisa ser compartilhado com outros membros da organização, iniciando

assim uma nova espiral de criação do conhecimento. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997,

2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001).

Todos os membros do projeto do Honda City, por exemplo,internalizaram

suas experiências, e utilizaram o know-how e liderando os projetos de PeD na Honda.

Para que a criação do conhecimento organizacional ocorra, o conhecimento tácito

acumulado no nível individual necessita ser socializado com os outros membros

organizacionais, iniciando deste modo uma nova espiral de criação do conhecimento.

Para que o conhecimento explícito seja tácito, a melhor estratégia é ser

verbalizado ou diagramado em documentos, manuais ou relatos orais. (TAKEUCHI e

NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001).

Os documentos ajudam os individuos a internalizarem o que vivenciaram,

enriquecendo assim o seu conhecimento tácito. A General Eletric documenta todas

as queixas e dúvidas dos clientes em uma base de dados de seu Centro de

Respostas, em Louisville, Kentucky. Elas são usadas por exemplo, pelos membros

da equipe de desenvolvimento de um novo produto para "revivenciarem" o que os

operadores telefônicos vivenciaram. A GE mantém os serviços 24 horas por dia,

365 dias por ano, atendendo até 14 mil ligações por dia. A GE programou 1,5

milhão de problemas potenciais e suas soluções em seu sistema de base de dados

computadorizados. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK,

1998), (TERRA, 2001).

A tecnologia é de última geração – inteligência artificial para fornecer respostas

rápidas às indagações, sendo conseguida em aproximadamente em dois segundos.

Quando ouve-se os relatos de sucesso faz com que os membros da organização

sintam o realismo e essência, a experiência passada pode ser transformado em

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modelo mental tácito. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK,

1998), (TERRA, 2001).

Compartilhado esse modelo mental pela maioria dos membros da organi-

zação, o conhecimento tácito torna-se parte da cultura organizacional. Essa prática é

comum no Japão, onde os livros e os artigos sobre as empresas e seus líderes são

abundantes. Esse modelo inova a tendência mental e nova visão da administração.

(TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001).

2.3.2.4.1 Espiral do conhecimento

A socialização visa a compartilhar o conhecimento tácito. Isolada, no

entanto, é uma forma limitada de criação do conhecimento. O conhecimento

compartilhado torna-se explícito, e a organização deverá alavancar como um todo.

(TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (GARVIN, 2001).

Quando o conhecimento tácito e explicito interagem, como no exemplo da

Matsushita, emerge a inovação. A criação do conhecimento organizacional é uma

interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e explícito. (TAKEUCHI e

NONAKA, 1997, 2004).

No espiral do conhecimento (figura 2.2) apresentado por Takeuchi e Nonaka,

apresentam que o modo de socialização geralmente inicia com construção de um

"campo" de interação. Esse campo de facilita o compartilhar das experiências e dos

modelos mentais dos membros. O modo de externalização é desencadeado pelo

"diálogo ou reflexão coletiva" significativos, nos quais o uso da metáfora apropriada ou

da analogia ajuda os membros da equipe a articularem o conhecimento tácito oculto

que, de outra forma, é difícil de comunicar. O modo de combinação é desencadeado

pela "rede" do conhecimento recentemente criado e do conhecimento existente de

outras seções da organização, cristalizando-os em um novo produto, serviços ou

sistema administrativo. O "aprender fazendo" desencadeia a internalização.

(TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001).

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FIGURA 2.3 - ESPIRAL DO CONHECIMENTO

FONTE: Nonaka e Takeuchi (1997, p.80)

Até o momento a discussão está envolvendo a dimensão epistemológica da

criação do conhecimento organizacional. A organização não pode criar conhecimento

por si mesma. O conhecimento tácito dos indivíduos é a base de criação do conhe-

cimento organizacional. A organização tem de mobilizar o conhecimento tácito criado

e acumulado no nível individual.

O conhecimento tácito mobilizado é amplificado organizacionalmente

através dos quatro modos de conversão de conhecimento e cristalizado em níveis

ontológicos mais elevados. Chamamos de "espiral do conhecimento, na qual a

interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito tornar-se-á maior

escala à medida que sobe os níveis ontológicos. A criação do conhecimento

organizacional é um processo espiral, iniciando no nível individual e subindo

através das comunidades expandidas de interação, que atravessa os limites

seccionais, departamentais, divisionais e organizacionais. (TAKEUCHI e NONAKA,

1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001), (FLEURY, 2002).

A socialização quanto a externalização são necessárias para vincular o

conhecimento tácito e o explícito dos indivíduos. Como apresentado anteriormente

muitas empresas japonesas praticam o brainstorming camping para tal finalidade

(figura 2.4). (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998),

(TERRA, 2001), (FLEURY, 2002).

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FIGURA 2.4 - ESPIRAL DA CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL

FONTE: Takeuchi e Nonaka (2004)

2.4 O QUE É GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO

A Gestão Estratégica do Conhecimento é uma ferramenta capaz de desen-

volver a organização e promover capacidade competitiva através de novos

conhecimentos.

Empresas no mundo desenvolvem esta ferramenta para o crescimento da

organização e como estratégia para o mercado competitivo. Muitos produtos/serviços

são criados e desenvolvidos com a combinação dos conhecimentos. A Gestão

Estratégica do Conhecimento potencializa os conhecimentos das organizações e

canaliza-os com foco no desenvolvimento. (AMIDON, 2003).

Na nova economia globalizada as organizações foram afetadas em seu

ambiente produtivo, e neste ambiente estão tecnologia, informação e novas formas de

produzir. E para manter-se no mercado diversas organizações deram ênfase na

gestão do conhecimento, focando esta economia de forma estratégica. (WIIG, 2004).

As organizações que aderiram a gestão estratégica do conhecimento

conseguiram mudar os seus modelos tradicionais, e transformaram o capital

intelectual de suas organizações em poder estratégico.

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Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que novos conhecimentos deverão ser

criados para que uma empresa sobreviva no mercado. Esta afirmação reforça a

importância da Gestão Estratégica do Conhecimento.

Na organização sempre discute-se o quanto ela tem que mudar, mas o que

compõem a organização são os indivíduos que fazem parte dela.

Estruturando e desenvolvendo o capital intelectual dos indivíduos aumenta-

se a capacidade de disseminar o conhecimento na organização e criar novos

produtos, serviços e competir no mercado que atua.

Para Spender (2001, p.37): "o termo conhecimento deve estender-se alem

das patentes ou do conhecimento incorporado nos artefatos humanos e envolver o ato

de conhecer revelado na solução de problemas e nas praticas produtivas de

individuais ou grupos na organização".

Nonaka e Takeuchi (2004) apresentam que com a disseminação do conhe-

cimento na organização, os indivíduos comprometidos e a gestão adequada do

conhecimento, a organização consegue fortalecer a sua marca.

Se a marca está fortalecida no mercado, ela consegue suportar as

demandas do consumidor, os concorrentes diretos e demais situações que o

mercado possa propor.

A Gestão Estratégica do Conhecimento deve ser entendida não como gestão

da informação da organização, mas usar todos os dados, informações e transformar

em conhecimento. E esse conhecimento se transformar em estratégico. (DAVENPORT

e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001).

Muitas organizações desenvolvem gestão do conhecimento, mas na

realidade é somente gestão da informação. Haviam dados que estavam perdidos,

foram registrados em banco de dados, e considerados que podem ser acessados a

qualquer momento, considerando isto gestão do conhecimento. Esta ação é

comum para a gestão de informação. (TERRA, 2001).

Para que ocorra a Gestão Estratégica do Conhecimento é necessário que

a organização desenvolva mecanismos de disseminação do conhecimento, e este

conhecimento seja aplicado como forma estratégica. (FLEURY, 2001).

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Empresas no mundo tiveram êxito no mercado em que atuavam pois

disseminaram o conhecimento em sua estrutura e conseguiram criar produtos ou

serviços que perduram até hoje. Essa criação é fruto de combinar os conhecimentos

tácitos e explícitos dentro dos processos. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

Buscar alternativas de criação observando como os demais concorrentes

agem. (MINTZBERG, 2001).

Prahalad e Hamel (1990) defendem que a empresa deve desenvolver

estratégias de mercado, ou planejamento estratégico antes do mercado atuar. Mas

precisamente que a situação não seja emergente.

Conforme Nonaka eTakeuchi (2004),

a criação do conhecimento organizacional é observada quando os

mercados mudam, os competidores se multiplicam, as tecnologias

proliferam e os produtos tornam-se obsoletos praticamente do dia para

noite. Ademais, as companhias bem sucedidas são aquelas que criam

novos conhecimentos, disseminam-nos amplamente por toda organização

e, rapidamente os incorporam em novos produtos, serviços e tecnologias.

Quanto mais específico à empresa for o ativo intangível, mais durável ele

será e mais difícil será para os competidores imitá-los. Esta característica confere

ao conhecimento o caráter de ativo estratégico (FLEURY e OLIVEIRA JR., 2001).

Com essa afirmação, poderemos concretizar que a Gestão Estratégica do

Conhecimento é evolutiva, e não poderá parar somente no banco de dados, e sim

desenvolver para o presente e futuro da organização.

Terra, 2001; Davenport e Prusak (1998) asseveram que

o conhecimento, e a gestão deste, não podem ser considerados como algo

novo, pois as empresas sempre valorizam o "know-how", a experiência e a

capacidade de resolução de problemas de seus empregados. O que se

observa como novo e a ênfase que se tem colocado sobre esse recurso, a

"descoberta" de que as ações aleatórias antes adotadas não são mais

suficientes para enfrentar o nível de concorrência atual.

Entretanto, anterior ao fato de que a gestão do conhecimento pode

viabilizar vantagem competitiva a organização, deve-se ter em mente a existência

de fatores que são pré-requisitos para uma gestão do conhecimento, os quais

segundo Teece (2000) afirma são:

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- os níveis de desenvolvimento econômico;

- as contratações;

- as políticas de regulamentações;

- o sistema nacional de inovação;

- o custo e a demanda;

- as oportunidades tecnológicas e a apropriabilidade dos regimentos.

Os pré-requisitos podem ser reguladores desta vantagem, mas não são

regras, pois o histórico do Japão contradiz alguns pré-requisitos que Teece (2000)

afirma, pois mesmo com crise durante anos e ainda permanece nesta situação,

conseguiu-se gerir o conhecimento e desenvolver produtos e serviços competitivos

para o mundo. E são copiados mundialmente, tanto métodos como produtos.

As empresas japonesas criam comunidades com seus clientes, parceiros

ou fornecedores a fim de produzir conhecimentos operacionais úteis para todos os

envolvidos. O principal moderador desta gestão é o conceito que a organização

estabelece para conhecimento. As demais situações podem ser enfrentadas e

conseguir-se êxito no mercado em que atua. (TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004),

(DAVENPORT e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001), (FLEURY, 2002).

A Matsushita já citada anteriormente representa uma mudança de cultura

organizacional para atingir os seus objetivos empresariais. Isto representa que

mesmo havendo pré-requisitos pode haver Gestão Estratégica do Conhecimento.

(TAKEUCHI e NONAKA, 1997, 2004), (DAVENPORT e PRUSAK, 1998), (TERRA, 2001).

A organização que definiu o conhecimento como base de valor (intangível),

somente precisará canalizar as competências individuais dos colaboradores-

conhecimento tácito e explicito no foco de seu negócio. (SVEIBY,1998).

A gestão do conhecimento deve ser apresentada como um programa

organizacional, e requer uma abordagem multidisciplinar, abrangendo aspectos de

estratégia organizacional, processos e tecnologias (SVEIBY,1998).

O conhecimento é criado através de interações entre os seres humanos e

o ambiente Giddens (1984).

O conhecimento necessita de um contexto físico para que seja criado. O

conhecimento não existe somente na cognição de uma pessoa. Ao contrário, é

criado em ações.

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Para Nonaka e Takeuchi (2004)

o processo de criação de conhecimento, é necessariamente específico ao

contexto em termos de tempo, espaço e relacionamento com os outros. O

conhecimento não pode ser criado no vácuo e necessita de um lugar onde

a informação receba significado através da interpretação para tornar-se

conhecimento.

Partindo deste conceito, Nonaka e Takeuchi (2004) apresentam que para

desenvolver e compartilhar o conhecimento é necessário um "ba", partiram do

conceito filosófico do japonês Kitaro Nishida (1921, 1970), que define "ba" como um

contexto compartilhado em movimento, no qual o conhecimento é criado, partilhado e

utilizado. Ba proporciona a energia, a qualidade e os locais para desempenhar as

conversões individuais de conhecimento e percorrer a espiral do conhecimento.

O novo conhecimento é criado a partir do conhecimento existente através

da mudança dos significados e contextos. O ba pode emergir em indivíduos,

grupos de trabalho, equipes de projeto, círculos informais, encontros temporários,

espaços virtuais e no contato de linha de frente com o cliente. (NONAKA e

TAKEUCHI, 1998), (KITARO NISHIDA, 1921, 1970).

Nonaka e Takeuchi (1998) define o ba como um espaço partilhado para a

emergência de relações. Esse espaço poderá ser físico (como um escritório ou outros

locais de trabalho), mental (experiências compartilhadas, idéias ou ideais) ou toda a

combinação dos dois. Para o autor, o que diferencia o ba das interações humanas

ordinárias é o conceito de criação de conhecimento. O ba fornece uma plataforma

que, dentro de uma perspectiva transcendental, integra toda a informação requisitada.

Ba é um contexto carregado de significado. Então ba como sendo um

espaço compartilhado que serve como uma base para a criação de conhecimento.

As trocas de dados, de informação, de opinião, de colaboração e de uma

mobilização sobre um projeto, confrontado às necessidades e ao desconhecido

convergem ao ba dentro das organizações. (NONAKA e TAKEUCHI, 1998).

Para se produzir, a organização do vazio, dos espaços de tensão criativa e

de relações lhe são favoráveis. O ba comporta, também, um tipo de indeter-

minação orientada, mas aberta, tacitamente vivida como um círculo de conivência.

O ba não vem à realidade por decreto. Não é produzido pelo modelo do comando e

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controle próprio da gerencia piramidal tradicional. Ao contrário é ajustado por

atores voluntários dentro de um ambiente energia e estímulo com atenção ao

respeito mútuo. O ba é fundamentalmente subjetivo e relacional, envolvendo os

atores pelo fato de ser orientado pelo interesse e por não existirem fortes conflitos

nos relacionamentos humanos (NONAKA, 1994), (NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

Referindo-se aos quatro estágios do modelo Seci de Nonaka, é possível

considerar o ba através de diferentes particularidades: sua emergência, a socialização

que ele fornece, a interação sistemática que ele permite e, finalmente, o efeito como um

agente para internalização do conhecimento. O ba inclui um componente tácito onde as

emoções, as experiências, os sentimentos e as imagens mentais são compartilhados.

Ele fornece um contexto para a socialização e um espaço existencial para os

indivíduos transcenderem seus limites através de implicações físicas, dentro de um

amplo espectro de suas capacidades. (NONAKA, 1994), (NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

Segundo os próprios termos de Nonaka (1994), o cuidado, o amor, a

confiança e a responsabilidade são elementos necessários. Além dessa relação

interindividual existe uma relação coletiva que se abre para as práticas, os valores,

os processos, a cultura e o clima que serão compartilhados de maneira mais ou

menos formalizada. Por meio da utilização de tecnologias de informação e de

comunicação um ba poderá funcionar sobre a dimensão virtual.

As interações combinam conhecimento tácito e explícito dentro das espirais

de criação do conhecimento. Por último, o ba fornece um contexto adequado para a

internalização do conhecimento e catalisa a reflexão que se transforma em ação. O

exercício e a prática de um ba pode ser revelado em diferentes maneiras. (NONAKA,

1994), (NONAKA e TAKEUCHI, 2004), (NONAKA e TOYAMA, 2004).

Por exemplo, ao passar dentro de uma loja, os sinais fracos poderiam ser

percebidos e então combinados e enriquecidos com outros dados, hipóteses sobre

mercados, atitudes de compra ou cenários sobre o futuro. Um ba é o que permite

aos observadores perspicazes de tomarem decisões eficientes, que se impõem em

termos, por exemplo, de fornecer respostas para questões ou maneiras de

desenvolver serviços e produtos. (NONAKA,1994), (NONAKA e TAKEUCHI, 2004),

(NONAKA e TOYAMA, 2004).

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A interação com consumidores e usuários poderá criar um ba abrangente, os

relacionamentos dentro de um ba não existem a priori, eles não são pré-determinados

ou originados a partir de qualquer modelo desenvolvido fora das implicações

humanas. A coerência interna de um ba revela-se através de interações orgânicas e

comunitárias fundadas sobre uma visão e um esforço de conhecimento, mais que de

uma concentração mecânica conduzida por um centro dominante. Estas interações

conduzem ao surgimento de um ser superior integrado e as trocas contínuas

favorecem a fortificação dos relacionamentos internos. Os indivíduos formam o ba das

equipes e essas formam o ba das organizações. (NONAKA, 1994), (NONAKA e

TAKEUCHI, 2004), (NONAKA e TOYAMA, 2004).

A Gestão Estratégica do Conhecimento poder ser criado em qualquer

ambiente organizacional, requerendo somente uma abertura de mentalidade de

comando e controle. (TERRA,2001).

Nas organizações o que mais se vê é uma linha de comando "top down"

(de cima para baixo) onde são considerados somente os administradores e altas

gerências criadores de conhecimento. (TERRA, 2001), (KLEIN, 2002), (NONAKA e

TAKEUCHI, 2004).

Na visão oriental e também aceitável ao modelo ocidental é o "middle up

down", o conhecimento é criado pelos administradores medianos, que são frequen-

temente líderes de uma equipe ou força- tarefa, em um processo que envolve uma

interação espiralada entre os empregados do topo de linha e de frente. O

conhecimento é criado e compartilhado de forma que todos participam da

organização, onde as idéias e conhecimentos dos indivíduos são importantes para

o processo. Destituindo assim a idéia que somente os altos administradores são

capazes de desenvolver ou criar conhecimento. (TERRA, 2001), (KLEIN, 2002),

(NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

No próximo capítulo serão apresentadas as práticas da Gestão Estratégica

do Conhecimento, podendo visualizar o conceito da gestão do conhecimento na

prática estratégica das organizações.

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2.5 PRÁTICAS DE GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO

De acordo com Orsi (2003), a interrelação entre competitividade e

conhecimento tem sido objeto de crescente atenção e tema de discussão no meio

empresarial e acadêmico. A visão da estrutura do setor, como determinante da

rentabilidade da empresa, tem sido contraposta, mais recentemente pela visão da

empresa baseada em recursos. A capacidade de mobilizar e integrar os recursos

tangíveis ou intangíveis que a empresa detém seria o fator relevante para incrementar

sua competitividade (PRAHALAD e HAMEL, 1990) e explicaria o sucesso de certas

empresas em relação a outras, embora atuando em um mesmo mercado, sob as

mesmas condições.

As empresas no mundo que praticam a Gestão Estratégica do Conhecimento

representam no mercado que atuam e demais mercados como diferencial de

organização. Pois conseguem disseminar e consolidar o conhecimento como estra-

tégia competitiva, gerando serviços e novos produtos com novas tecnologias ou com

as que possuem.

Mas, a Gestão Estratégica do Conhecimento não está situada somente na

criação de produtos e serviços e sim em toda a estrutura organizacional.

As práticas que serão apresentadas são objetos de estudo no mundo e

demonstram a importância da Gestão Estratégica do Conhecimento nas organi-

zações. Os exemplos a serem apresentados são extraídos de obras de Nonaka e

Takeuchi (2002, 2004), Terra (2001), Fleury (2002) e Davenport e Prusak (1998).

A IBM foi submetida a uma reviravolta histórica com Louis V. Gerstner, Jr,

conselheiro e CEO da empresa. Ele observou que a IBM durante os últimos dez

anos começou a desenvolver a capacidade de manipular um nível muito alto de

complexidade interna. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2001, DAVENPORT e

PRUSAK, 1998).

Louis Gerstner fez amplo uso do conhecimento tácito acumulado a partir

de experiências passadas ao tomar duas ou mais importantes decisões, durante o

seu mandato de dez anos como principal executivo. Primeiramente, sua

experiência anterior na American Express orientou a decisão de manter a IBM junta

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e não dividida em segmentos individuais. Como cliente da IBM, ele estava

convencido de que havia um importante papel para uma empresa como aquela na

integração de todas as partes da tecnologia da informação e no fornecimento de

uma solução de funcionamento ao cliente. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004, TERRA,

2001, DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Em segundo lugar, sua decisão de construir a mais influente empresa de

serviços na indústria nasceu de sua experiência como executivo da Mckinsey e da

American Express, duas das empresas líderes no campo de serviços. Ele admitiu

que teve um palpite, que acumulou-se durante seus anos de experiência, que as

empresas de serviços, não as de tecnologia, seriam o "rabo sacudindo o cachorro"

(NONAKA e TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2001; DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Louis Gerstner também usou o conhecimento tácito como alavanca para

realizar a transformação da IBM. Por exemplo, tão logo tornou-se executivo, lançou

a Operação Abraço de Urso, que determinava que os seus 50 administradores-

sênior visitassem no mínimo cinco dos maiores clientes da IBM. (NONAKA e

TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2001; DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Foi uma das primeiras tentativas de mudar a cultura corporativa da

empresa. Percebendo uma preocupação extraordinária com os processos internos,

ele desejava que seus principais administradores saíssem a campo e ouvissem o

que os clientes tinham a dizer." Foi uma maneira importante de enfatizar que

íamos construir uma empresa de fora para dentro e que o cliente iria dirigir tudo

que fizéssemos na organização", assevera Gestner. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004;

TERRA, 2001; DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

As instituições bem sucedidas, como a IBM, desenvolvem culturas fortes

que reforçam as crenças e os valores que tornam grande a instituição.

Outro exemplo é a Canon que transformou-se de um conglomerado

incômodo, sobrecarregado com subsidiárias provocando perdas, em uma empresa

de primeira linha e lucrativa na gestão Fujio Mitarai, presidente e CEO. Ele adotou

uma administração Oriento-Ocidental. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2001;

DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

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Mitarai adota como estratégia os encontros diários, informais do conselho

(chamados asakai ou "sessões matinais" pois iniciam antes das 8h), assim como

encontros para almoço com os administradores-sênior. (NONAKA e TAKEUCHI,

2004; TERRA, 2001; DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Ele utiliza esses encontros para identificar problemas e debater os temas a

partir de multiplas perspectivas. Não existe uma agenda estabelecida para as

reuniões matutinas, assim os executivos são incentivados a trazer o que estiver em

suas mentes e expressar pontos de vista opostos. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004,

TERRA, 2001, DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Essas reuniões proporcionam um contexto compartilhado para a criação

significativa (chamada ba), onde o idealismo e a realidade, as restrições e as possibi-

lidades e as capacidades internas e as oportunidades de mercado são debatidos, a

partir de perspectivas múltiplas e combinadas dinamicamente.

Este método de Mitarai trouxe a Canon o seu sucesso e lucro pretendido.

Em ambos os casos as empresas mostram-se dispostas a mudar o seu

comportamento, tornando-se empresas com ênfase na mudança ou poderíamos

chamar de dialética. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2001; DAVENPORT e

PRUSAK, 1998).

No caso Olimpus ela estabeleceu que o objetivo claro de tornar-se a

"marca global mais importante" e "maior fornecedor/participante global".

Para isto identificaram a importância do tipo de conhecimento que forma a

chave da vantagem competitiva nos diferentes estágios da globalização (tácito

para explicito). A importância da conversão do conhecimento, particularmente, da

externalização e da combinação, na coordenação das atividades diferentes da

cadeia de valor quando as atividades estão geograficamente dispersas. (NONAKA

e TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2001; DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

A importância da velocidade na conversão do conhecimento para competir

efetivamente, em escala global, quando o ciclo de vida do produto é muito curto. A

velocidade é mais importante em relação à conversão do conhecimento tácito, pois

geralmente se leva um tempo considerável para converter o conhecimento tácito.

(NONAKA e TAKEUCHI, 2004, TERRA, 2001, DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

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Com todo esse circuito ela identificou e aplicou durante dois anos, e

conseguiu retomar o mercado de produtos profissionais e institucionais, como o de

equipamentos médicos. O período de gestão do conhecimento foi do ano de 2001 a

2003. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2001; DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

No processo Toyota, a criação do conhecimento interorganizacional é parti-

cularmente intensa no caso das partes da " caixa preta". Para essas partes, a Toyota

fornece especificações gerais, mas o desenvolvimento real permanece nas mãos do

fornecedor. A criação do conhecimento ocorre não apenas no processo de desenvol-

vimento de partes dos novos modelos, mas também através das melhorias no

processo e no produto durante a vida do modelo, visando a responder às demandas

constantes da Toyota para a redução de custos. A Toyota exige que seus

fornecedores compartilhem o conhecimento que adquiriram com outros fornecedores

e, embora possam fazer uso dos benefícios de suas próprias inovações. (NONAKA e

TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2001; DAVENPORT e PRUSAK, 1998; FLEURY, 2002).

O processo da Toyota de criação do conhecimento interorganizacional reflete

muitas características do modelo SECI. O conhecimento tácito, criado pela Toyota ou

por seus fornecedores, é tornado explícito, combinado com o conhecimento através

da rede de fornecedores da Toyota e reinternalizado no grupo através de um conjunto

de rotinas bem-desenvolvidas para colaboração e o aprendizado. Isso ocorre através

de um ba cuidadosamente construído, um campo multidimensional de interação entre

a Toyota e seus fornecedores. Um dos aspectos notáveis deste ba é o sentimento de

identidade entre seus fornecedores e garantir um compromisso constante entre eles e

a maneira Toyota. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004, 2002; TERRA, 2001; DAVENPORT e

PRUSAK, 1998).

Ela organiza diversos tipos de atividades de criação de conhecimento –

grupos para solução de problemas e visitas pelas plantas promovem o desenvol-

vimento do conhecimento tácito, assim como seminários, palestras e manuais –

que tornam explícito esse conhecimento. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004; TERRA,

2001; DAVENPORT e PRUSAK, 1998; FLEURY, 2002).

A Toyota é conhecida no mundo como empresa modelo de gestão,

desenvolvimento e conhecimento. Onde diversas empresas aplicam o modelo STP

- Sistema Toyota de Produção em suas estruturas. (TERRA, 2001).

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Na empresa Alcoa para facilitar a interação e o compartilhamento do

conhecimento foram criados espaços abertos. A medida que você anda pelo

escritório, vê as estações de trabalho, não há portas. Nem mesmo uma única

porta, a exceção são as salas de conferências e os sanitários. Finalmente quando

você chega ao último andar, você encontra o escritório de Paul H. O'Neill,

presidente do conselho. A sua estação de trabalho é semelhante aos demais.

(NONAKA e TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2001; DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Neste novo prédio ele queria luz, então decidiu que nenhuma mesa estaria a

mais de 15 metros das janelas, cada uma delas com pelo menos 4 metros de altura.

Ele queria abertura, então decidiu não ter salas pessoais. Ele queria cozinhas porque

a comida coloca as pessoas em contato. Ele queria flexibilidade, então pediu uma

configuração que pudesse ser alterada em um dia. Ele queria estacionamentos para

todos. Ele fazia questão da inclusão, insistindo em salas de reunião de vidros assim

as pessoas podiam ver o que estava acontecendo e não se sentiam ameaçadas por

uma porta fechada. Ele queria escadas rolantes porque acredita que elas forçam as

pessoas interagirem, estimulando conversas que levam a novas idéias. Embora o

novo prédio, tenha elevadores de cargas e para pessoas que não podem usar

escadas rolantes, eles são difíceis de ser encontrados. (TERRA, 2001).

Este relato demonstra como o conhecimento pode ser desenvolvido na

organização, através de interação das pessoas e cumplicidade organizacional.

Na empresa Natura, suas estruturas são translúcidas e minimalistas permitem

que os funcionários trabalhem em meio a uma paisagem formada por uma área

preservada de árvores nativas da mata Atlântica, jabuticabeiras e uma ferrovia do

início do século XIX, desativada em 1983. Localizada na cidade de Cajamar, SP.

(TERRA, 2001).

O Novo Espaço Natura, como a fábrica foi batizada, é uma revolução diante

do que, em boa parte parte do século XX, foi chamado de linha de produção. As

diferenças de aspecto, embora impressionantes, formam o lado menos importante da

mudança. A arquitetura é apenas um reflexo de conceitos e crenças corporativas que

devem marcar o terceiro século da industrialização. (TERRA, 2001).

Os funcionários da Natura trabalham hoje numa espécie de minicidade,

ondem podem deixar a roupa para lavar e as crianças na creche. Sem contar

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bancos e biblioteca. A razão do investimento, foi criar um ambiente que revelasse

ao público interno e externo- seus valores básicos: qualidade, transparência e

equilíbrio. (TERRA, 2001).

No caso Natura transparece a necessidade do bem estar do funcio-

nários e demais visitantes, caracterizando que os funcionários que sentem bem

em seu ambiente de trabalho, conseguem desenvolver suas idéias, capacidades

e demais competências/habilidades sem medo. A empresa consegue através

deste processo aproveitar o conhecimento tácito de cada um e tornar-se

explicito para a organização. (TERRA, 2001).

Um relato importante é da empresa Skandia, pioneira em gestão do

conhecimento estratégico. O seu pioneirismo iniciou por 90 indicadores, divididos

em cinco focos de valor para empresa:

1. financeiro;

2. clientes;

3. processos;

4. renovação e desenvolvimento; e

5. recursos humanos.

A Skandia foi uma das primeiras empresas que se tem notícia que um

nomeou um diretor de capital intelectual. Com as seguintes funções:

identificar e aumentar a visibilidade e a mensurabilidade dos ativos softs

e intangíveis;

identificar e apoiar a implementação de tecnologias que alavanquem o

compartilhamento de conhecimento;

cultivar e canalizar o capital intelectual pela coordenação de ações de

desenvolvimento profissional, treinamento e networking;

capitalizar e alavancar o conhecimento existente pela comercialização de

habilidades e expertise existentes. (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

A Skandia foi a precursora de conceitos de gestão do conhecimento como

foco estratégico de aumento lucros, foco nos clientes com recuperação de

mercado, processos investimento em tecnologia, renovação e desenvolvimento de

PeD e recursos humanos através de treinamento e satisfação de funcionários.

(DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

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Na Hewlett-Packard e em muitas outras empresas de alta tecnologia, a

quantidade de conhecimento do produto necessária para uso e suporte de produtos

complexos de informática aumentou bruscamente nos últimos anos. Clientes com

problemas precisam ser orientados para uma solução que pode envolver interações

entre produtos de hardware, software e de comunicações, produtos esses que mudam

continuamente. A HP tinha dificuldade de encontrar pessoal preparado para dar

suporte técnico aos clientes. (DAVENPORT e PRUSAK, 1998)

Assim, em 1995, a empresa implementou uma ferramenta da gestão do

conhecimento chamada "case-based reasoning - CBR" (raciocínio baseado em casos)

para coligir conhecimento de suporte técnico e torná-lo disponível para pessoal de

todo o mundo. Os resultados foram inequívocos e impressionantes: a média de

chamadas de atendimento caiu em dois terços, o custo por chamada caiu em 50 por

cento e a empresa pôde contratar menos representantes de suporte técnico em

virtude do auxílio recebido através do auxílio recebido através do sistema.

(DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Um caso relevante é o programa de trabalho em equipe virtual da British

Petroleum, que descobre e produz petróleo e gás. O diretor presidente da BP, John

Browne, queria que as unidades tivessem a liberdade de desenvolver processos e

soluções apropriados e específicos. As melhores e mais adaptáveis inovações

locais poderiam ser usadas em qualquer outra parte do mundo. (DAVENPORT e

PRUSAK, 1998).

Eles infatizam a importância de se transcender a dicotomia entre localização e

globalização. Completamente consciente do fato que a competitividade do mercado

global havia tornado a eficiência e a inovação necessárias para um sucesso

continuado. Em 1994, a BP lançou um projeto pilot de dezoito meses de duração

chamado Programa de Trabalho em Equipe Virtual. Seu propósito era desenvolver

maneiras eficazes de membros das equipes colaborarem mutuamente a partir de

diferentes localidades. (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

Desde o início os objetivos e princípios operacionais do programa refletiam o

entendimento da importância do conhecimento e a necessidade de desenvolver

formas apropriadas de compartilha-lo. O principal objetivo da iniciativa era permitir que

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pessoas possuidoras do conhecimento conversassem umas com as outras, sem

tentar captar nem tabular seu conhecimento. O objetivo era construir uma rede de

pessoas com conhecimento, não um armazém de dados, informações ou conhe-

cimento. Os itens de hardware e software escolhidos para as estações do programa

incluíam equipamento de videoconferência, correio eletrônico multimídia, comparti-

lhamento de aplicativos, videoclipes e internet. (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

A ênfase estava na riqueza da comunicação, em reproduzir as nuanças, a

variedade e a dimensão humana contato face a face. (TERRA, 2001).

Os projetos de perfuração foram os primeiros a serem utilizadas as videocon-

ferências, evitando deslocamento de pessoal especializado para consultoria,

reduzindo viagens, tempos e obtendo ganhos com os projetos.

A redução de custos deste projeto chegou a casa de US$ 200.000,00 por

visita técnica. As práticas apresentadas somente reforçam a importância da Gestão

Estratégica do Conhecimento nas organizações. Fortalece que quando as

empresas conseguem gerir o seu capital intelectual (intangível) a proporção de

ganho competitivo aumenta. (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).

A marca da empresa está em conjunto aos resultados, pois a empresa que

consegue manter-se no mercado e estabelecer um alto nível de produtos/serviços

e especialização destes, fortalece perante os clientes o seu propósito. (NONAKA e

TAKEUCHI, 2004).

Começa a se formar um consenso entre várias empresas que a estratégia

de gestão do conhecimento não é simplesmente uma coleção de projetos, mas sim

uma nova maneira de compreender os desafios gerenciais fundamentais que a

organização moderna enfrenta (TERRA, 2001).

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

A gestão do conhecimento não pode mais ser considerada uma área de

pesquisa "nova" em administração. Desde meados da década de 1990, o tema

tornou-se presença constante e significativa na literatura especializada.

Drucker (1993 p.45 ) afirma que:

o fator de produção decisivo não é mais nem o capital nem o trabalho, mas o

conhecimento. Isso não significa que os fatores clássicos de produção

desapareceram, apenas tornaram-se secundários. O Conhecimento é, assim,

o novo fator de produção.

Em uma economia onde a única certeza é a incerteza, a fonte certa de

vantagem competitiva duradora é o conhecimento (NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

Nonaka e Takeuchi (2004, p.39-40) defendem a idéia que quando os produtos

tornam-se obsoletos quase do dia para a noite, as empresas bem- sucedidas são as

que criam consistentemente novos conhecimentos, disseminam-no amplamente pela

organização e o incorporam rapidamente em novas tecnologias e produtos. Essas

atividades definem a empresa "criadora do conhecimento", cujo negócio principal é a

inovação constante.

Outra situação que ocorre é que muitos trabalhos sobre a gestão do

conhecimento estão focados na gestão da informação, e são considerados como

gestão do conhecimento. Na verdade tratam de armazenamento de dados e não

conseguem ser utilizados para gestão competitiva das organizações (NONAKA e

TAKEUCHI, 2004; TERRA, 2000).

Para fins desse estudo gestão do conhecimento é o desenvolvimento de

estratégia competitiva utilizando dados, informações e transformando todo esse

conteúdo em conhecimento. Conhecimento se converte no desenvolvimento de

novos produtos, estratégias de produção e vantagem competitiva.

3.1 TIPO E MÉTODO DE PESQUISA

Sendo o tema específico – gestão estratégica do conhecimento – até onde

se pôde levantar, há uma literatura vasta em gestão do conhecimento, mas sempre

com foco em gestão da informação.

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A pesquisa selecionada para este estudo foi a qualitativa através de um

estudo de caso. Yin (2003) assevera que um estudo de caso é uma investigação

empírica que investiga um fenômeno dentro do seu contexto de vida real.

A escolha da estratégia de investigação deve levar em conta algumas

condições, a primeira das quais diz respeito ao tipo de questões da pesquisa (YIN,

2003). As questões subjacentes ao presente estudo – cujo objetivo central é

identificar, descrever e analisar como atualmente a empresa estudada realiza a

gestão estratégica do conhecimento (YIN, 2003). A esse respeito afirma que:

O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida quando os

pesquisadores procuram responder às questões "como" e por quê" certos

fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os

eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais,

que só poderão ser analisados dentro de algum contexto da vida real.

Goode e Hatt (1960) sublinham que uma das principais características

desse método é considerar a unidade social em sua totalidade, o que possibilita

não separar artificialmente aspectos relevantes do problema que está sendo

investigado. Yin (2003), por sua vez, afirma que o estudo de caso permite reter "as

características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real – tais

como [...] processos organizacionais e administrativos".

Quanto ao número, optou-se pelo estudo de um caso, em uma empresa

multinacional de fabricação de produtos químicos, instalada no Brasil desde a

década 40, escolhida intencionalmente de acordo com os seguintes critérios:

1. Formatos de negócio distintos. A unidade pertencente a um grupo de

americanos e judeus, com altíssima representação no mercado de

químicos e seus segmentos, principalmente participações em diversos

mercados mundiais; a estrutura da unidade é enxuta, canalizada aos

padrões da administração, a hierarquia de cargos é desenhada para a

empresa, para que as decisões sejam tomadas rapidamente e o foco seja

atingido. O objetivo da escolha da unidade química do Brasil é devido a

gama de produtos pesquisados para os clientes e o aumento de vantagem

competitiva nos últimos 6 anos.

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2. Desempenho organizacional considerado "satisfatório" pelos acionistas. No

caso da organização estudada – no Brasil os seus representantes admiram

e aprovam os resultados das pesquisas e desenvolvimento de novos

produtos no mercado brasileiro.

3. Boa reputação da organização e dos departamentos pesquisados.

4. Amplo acesso às fontes de dados da unidade organizacional.

5. Localização das fontes de dados primários e secundários na cidade de

Curitiba. A razão deste critério foi viabilizar a pesquisa em termos de

tempo e custo.

Vale reforçar que a unidades de análise desta dissertação são quatro

departamentos da organização.

3.2 COLETA DE DADOS

O instrumento básico de coleta de dados primários foi a entrevista pessoal

semi-estruturada.

Yin (2003 p.22-23) afirma que:

alguns principios predominantes são importantes para o trabalho de coleta

de dados na realização de estudos de caso. Várias fontes de evidências

convergindo ao mesmo conjunto de fatos, um banco de dados para o

estudo de caso (reunião formal de evidências distintas) e um

encadeamento de evidências (ligações explicitas entre as questões feitas,

os dados coletados e as conclusões).

O roteiro da entrevista utilizado (Apêndice) foi elaborado com base no modelo

conceitual de Takeuchi e Nonaka sobre a gestão do conhecimento e nos tópicos do

referencial teórico mais relacionados com os objetivos de pesquisa. Cada entrevista

durou cerca de uma hora e meia.

Nas entrevistas, solicitaram-se com freqüência exemplos que ilustrassem as

respostas dadas, para evitar, ou ao menos identificar, respostas teóricas ou

"idealizadas", isto é, que relatam situações ideais como se fossem reais. (YIN, 2003).

Com esse intuito, utilizou-se com freqüência a pergunta indireta. Outro

cuidado nas entrevistas foi, sempre que possível e para os assuntos mais passíveis

de respostas teóricas, repetir uma pergunta mudando a sua forma, fazendo-a em

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momentos diferentes ou para mais de uma pessoa. Para evitar erros de interpretação,

procurou-se confirmar as respostas mais complexas e eventuais deduções do

pesquisador. (YIN, 2003).

Para completar ou esclarecer assuntos no âmbito da pesquisa, além da

entrevista pessoal foram feitas visitas técnicas no departamento de Pesquisa e

Desenvolvimento, Assistência Técnica, Produção e Marketing/Vendas. Todas as

entrevistas e visitas técnicas deram-se no ano de 2009 e 2010.

Na empresa pesquisada, foram entrevistadas 14 pessoas dos departamentos

de pesquisa e desenvolvimento, assistência técnica, produção e vendas. No período

de 8 de julho de 2009 a 10 de janeiro de 2010. Além dessas entrevistas pessoais,

entre os meses de Julho de 2009 a Janeiro de 2010, houveram seis visitas técnicas

com duração de uma hora para compreender o processo de gestão.

A pesquisa também contou com dados secundários, obtidos de publicações

(em meio impresso ou eletrônico), de documentos internos, informativos externos e do

portal na internet da organização pesquisada.

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4 ANÁLISE DOS DADOS

4.1 CASO

A empresa pesquisada é um grupo internacional voltado para fabricação

de produtos químicos, com produção em mais de 26 países e conta com 72

unidades. Fundado nos Estados Unidos em 1853, o grupo tem cerca de 5.000 mil

funcionários e uma linha de produtos: em resinas e demais agregados para

produção de móveis, fundição e rações. Os produtos produzidos são utilizados em

aviões à móveis. As áreas de negócio do grupo visam oferecer a cada cliente a

maior tecnologia em produtos para o segmento.

Mesmo sendo uma empresa global, os negócios da empresa são conduzidos

localmente, pois cada mercado determina suas necessidades específicas.

O grupo desenvolveu um crescimento local e com isto ganhou reconhe-

cimento no Brasil. Este reconhecimento é expandido para todo o grupo mundial e hoje

é uma marca respeitada em todo o mundo.

A organização desenvolve novas tecnologias no âmbito de resinas e

agregados e hoje está entre as três maiores empresas químicas do mundo.

No Brasil a empresa chegou em 1932, na região de Santa Catarina e 15

anos depois instalou a sua unidade no Paraná, na cidade de Curitiba.

Depois de sua instalação em Curitiba iniciou uma trajetória de crescimento,

expandindo o seu mercado para São Paulo e Norte do Brasil.

Hoje a organização produz 300 mil toneladas de produtos por ano e fatura

4 bilhões de dólares.

A organização é reconhecida no mundo como uma empresa que desenvolve

conhecimento, pois consegue criar aproximadamente 3 novos produtos por ano e

envia este conhecimento para as unidades no mundo para aplicar no mercado onde

as unidades estão instaladas.

No tocante ao capital humano, hoje o turnover não chega a 1% anual,e possui

85% de aceitação pelos seus funcionários- como empresa melhor de se trabalhar. Foi

criado em 2001 o projeto de ensino corporativo, formando profissionais no ensino

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médio e ensino técnico em química, proporcionando aos funcionários maior quali-

ficação e empregabilidade. Outro dado importante é que a empresa possui vários

funcionários com mais de 30 anos de empresa.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS EM RELAÇÃO AO REFERENCIAL TÉÓRICO

A empresa pesquisada declara que realiza a Gestão Estratégica do

Conhecimento, com embasamento teórico em aspectos de disseminação do

conhecimento como forma estratégica. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004), (PORTER, 1985).

Na criação do conhecimento na empresa, o entrevistado 1 do departamento

de pesquisa e desenvolvimento relata que "a preocupação na pesquisa do

conhecimento e na disseminação do conhecimento entre as unidades do mundo,

fortalece a empresa no mercado competitivo e atende os clientes com maior desenvol-

vimento de produtos" .

Garvin (2001) reconhece que as organizações bem sucedidas se tornaram

excelentes em converter os novos conhecimentos em novas formas de

comportamento e estratégia. Diferentes práticas na gestão do conhecimento são

responsáveis pelo sucesso dessas empresas.

A gestão do conhecimento na organização poderá desenvolver maior

capacidade competitiva e as demais unidades do mundo que participam do

mercado global conseguem aproveitar este acontecimento para desenvolver novos

produtos e mercados. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

4.2.1 Análise do Estudo de Caso

A análise de estudo de caso, que é a gestão estratégica do conhecimento em

uma empresa do ramo químico. Os principais dados coletados foram comparados aos

fundamentos teóricos.

A empresa do ramo químico declara realizar a gestão do conhecimento

como fator estratégico há quase 06 anos por meio de uma metodologia flexível. A

gestão ocorre nos processos de produção. Principalmente na elaboração de novos

produtos para competir no mercado.

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O entrevistado 1 do departamento de pesquisa e desenvolvimento e o

entrevistado 11 do departamento de marketing/vendas declaram que a de gestão do

conhecimento estratégico caracteriza-se através da aplicação dos conhecimentos no

ambiente e as capacidades, recursos e pontos fortes da organização, considerando

ainda os anseios dos stakeholders.

A estratégica competitiva da organização é classificada como intencional

(NONAKA e TAKEUCHI, 2004). A intenção é se diferenciar dos concorrentes,

desenvolver novos produtos e manter uma vantagem competitiva sustentável,

afirma o entrevistado 1.

A organização estudada se manifesta como instituição que não fica parada

perante ao mercado e que a necessidade da inovação e pesquisa de seus

produtos é a chave do sucesso e pela qual mantém a posição de primeiro lugar no

mercado nacional na sua linha de produtos, afirma o entrevistado 11.

O conceito de estratégia competitiva surge na empresa principalmente sob

a forma da estratégia de diferenciação de Porter (1985). Também se observa o

crescimento e desenvolvimento de produtos e desenvolvimento de novos

mercados através da pesquisa.

A estratégia de diferenciação aparece na organização de forma explícita e

a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos acompanha o mesmo trajeto,

pois os entrevistados 2 e 13 relatam que a empresa busca de forma intensa o

mercado, de forma a ser competidor diferenciado, sempre buscando uma imagem

de empresa que está vinculada à pesquisa e ao interesse do seu cliente, criando

valor para o seu produto e ofertando soluções para o mercado.

O principal condutor do sucesso da organização é representado por

políticas que envolvem a qualidade superior como característica do produto, ênfase

na pesquisa de novos produtos e a disseminação do conhecimento na

organização. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

Outro condutor no sucesso e na vantagem competitiva é representado na

gestão do conhecimento aplicado entre os departamentos pesquisados. O

conhecimento tácito é aproveitado de forma estratégica para o desenvolvimento

dos produtos e o conhecimento explícito é fonte de discussão dos processos que

poderiam melhorar na organização.

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Com o conhecimento sendo aplicado há uma maior integração das atividades

desempenhadas e também dos departamentos que são envolvidos nos processos

decisórios de produto ou estratégia.

Evidencia-se que a análise da organização e sua gestão estratégica do

conhecimento provém das evidências de relatórios, depoimentos dos entrevistados e

de documentos que comprovam a performance de venda e conquista no mercado nos

últimos anos.

O crescimento por meio do desenvolvimento de novos produtos está

diretamente ligado a decisão estratégica da direção da organização. O portfólio de

produtos no mercado e desenvolver nos produtos principalmente com a marca da

organização, indicam uma estratégia competitiva sustentável.

O aumento de participação no mercado é resultado da entrada de produtos

inovadores que atendem à expectativa do cliente. Além de atender o cliente em

inovação, também em resultados na performance do cliente no mercado que atua.

A organização estuda sempre o mercado como estratégia dentro de seu

planejamento (MINTZBERG, 2001). Outro ponto importante analisado na organização

é a busca de ferramentas de disseminação do conhecimento, como é o caso do

sistema Prism, implantado em 2008 como forma de manter informações sobre

produtos, características de formulação e a capacidade de compartilhar com as

unidades no mundo os acertos e erros dos produtos produzidos. Cada unidade no

mundo pode "pinçar" informações que serão importantes para manter a vantagem

competitiva no mercado, afirma o entrevistado 1. A estratégia de compartilhar

dados e informações gera o conhecimento para a organização (DAVENPORT e

PRUSAK, 1998).

Também destaca-se na organização a relação empresa e cliente, o

departamento de marketing busca fortalecer a marca, focando o interesse do

cliente em produtos de performance e assistência técnica na aplicação de novos

produtos no mercado do cliente.

O foco central na organização é a pesquisa e desenvolvimento de novos

produtos. A cada ano desenvolve 3 novos produtos com visão do mercado químico de

resinas. Resultado de compartilhamento de conhecimentos entre os pesquisadores da

desenvolvimento e pesquisa e organização detalhada destas informações dentro de

sistema próprio chamado Prism.

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A gestão do conhecimento na área de pesquisa e desenvolvimento é muito

clara, pois há uma disseminação do conhecimento, com isto gerando novos

conhecimentos traduzidos em novos produtos e tecnologias. Mas o que fica

explícito é que a área realiza todo esse trabalho desconhecendo qualquer conceito

formal e seus detalhes. Para melhor entendimento a área desenvolve a gestão do

conhecimento como estratégia, mas desconhece a literatura acadêmica ou expe-

riências de outras organizações.

A gestão do conhecimento nesta área acontece de forma natural e sem

inferências externas.

Os entrevistados da área de pesquisa e desenvolvimento apresentam total

concordância que a disseminação do conhecimento no departamento criou uma

atmosfera de crescimento e desenvolvimento que é capaz de superar as barreiras

da pesquisa e atender as expectativas da organização. Mas relatam que poderiam

crescer ainda mais se soubessem que ferramentas poderiam ser agregadas ao

processo para o aumento ainda maior de desempenho organizacional.

A estratégia competitiva adotada pela empresa procura, assim, a obtenção

da vantagem competitiva da diferenciação para que a empresa alcance um

desempenho superior na indústria, de acordo com Porter (1985).

Quanto às competências, habilidades, recursos ou capacidades principais,

a organização possui uma grande eficiência produtiva. Possui uma capacidade de

expandir a qualquer momento, mas a sua preocupação de expansão somente

acontece mediante concorrentes que adentrem o mercado.

A influência do mercado determina a estratégia da empresa e pode ser

evidenciada nas análises dos mercados e construção do planejamento estratégico.

Também influencia a estratégia a busca dos clientes por produtos de performance.

No contexto de capacidade produtiva, a gestão do conhecimento no setor

de produção não acontece de maneira natural ou até mesmo estimulada. A

empresa demonstra uma desatenção com os funcionários produtivos. Para

explicitar melhor, grande parte dos funcionários do setor de produção não discutem

o conhecimento tácito e explícito, realizam o atendimento do pedido e atendem a

produção, afirmam os entrevistados 7 e 10 do departamento de produção. A

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organização poderia aumentar o seu nível de gestão do conhecimento na área se

houvesse a socialização do conhecimento (TAKEUCHI e NONAKA, 2004). As

empresas conseguem produzir com eficiência e com maior performance com a

socialização do conhecimento. (TAKEUCHI e NONAKA, 2004).

Outro ponto importante da socialização é a transferência de conhecimento

do nível gerencial para com os funcionários de produção, não havendo qualquer

distinção de posição (TAKEUCHI e NONAKA, 2004).

O departamento de assistência técnica segue os padrões da pesquisa e

desenvolvimento, acredita-se por ser administrado pelo mesmo gestor. Pois a disse-

minação do conhecimento é mais explicita. Percebe-se que o conhecimento disse-

minado neste departamento contribui para que o cliente se aproxime da organização e

acredite no produto apresentado. Pois o desenvolvimento do trabalho deste depar-

tamento está em atender o cliente nas suas necessidades, dúvidas e como ouvinte de

reclamações referente ao produto.

O conhecimento socializado neste departamento consegue atingir o

objetivo principal que é manter o cliente satisfeito, interessado no produto e novos

produtos sugeridos. A assistência técnica possui uma interdependência com o

setor de marketing/vendas que discutem a melhor estratégia de apresentação do

produto e como convencer o cliente como produto de performance.

A análise neste departamento é o mais próximo da teoria de Takeuchi e

Nonaka, que os departamentos que interrelacionam podem contribuir para a

estratégia da organização.

A empresa se declara em transformação constante, de fato há muitas

mudanças no longo de sua existência.

As estratégias de vantagem competitiva baseadas na gestão do conhecimento

observadas na empresa mostram que está no caminho das organizações que possuem

a gestão do conhecimento como prática e vivência.

Para uma visualização e análise dos principais resultados do estudo de

caso, abaixo descreve-se o comparativo teórico com a posição do entrevistados

sobre a gestão do conhecimento na organização.

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QUADRO 4.1 - ANÁLISE DO COMPARATIVO TEÓRICO COM A POSIÇÃO DOS ENTREVISTADOS

CONCEITO TEÓRICO DEPARTAMENTO ENTREVISTADO(S) POSIÇÃO DO ENTREVISTADO(S)

Dados, Informações e Conhecimento.

Capital Humano

Gestão Estratégica do Conhecimento

Vantagem Competitiva

Pesquisa e Desenvolvimento Entrevistado 1Entrevistado 2Entrevistado 3

Conhece sobre a importância dos dados daempresa, como proceder com as informações,mas desconheciam a importância damaximização deste processo para a gestão doconhecimento.

A empresa se preocupa com o capitalhumano, mas falta mais incentivo emtreinamento, pois muitos trabalhos sãoexecutados de forma auto gerenciada,levando mais tempo para o aprendizado.

Conhece da gestão estratégica do conhecimentona prática, realizando um trabalho no Prism, masdesconhece de material acadêmico ou materialformal sobre o assunto.

Acredita que a vantagem competitiva daempresa é obtida através de novos produtos.

Dados, Informações e Conhecimento.

Capital Humano

Gestão Estratégica do Conhecimento

Vantagem Competitiva

Assistência Técnica Entrevistado 4Entrevistado 5Entrevistado 6

Desconhecem da diferenciação de dados,informações e conhecimento. Acredita-se quepossuem o mesmo sentido.

A empresa se preocupa com o capitalhumano, mas no quesito carreira fica umpouco a desejar, e com isto não despertampara novos rumos de crescimento,prejudicando o crescimento edesenvolvimento da empresa.

Conhece da gestão estratégica do conhecimentona prática, realizando um trabalho no Prism, masdesconhece de material acadêmico ou materialformal sobre o assunto.

Acredita que a vantagem competitiva daempresa é obtida através de novos produtos.E acreditam na relação direta de empresa ecliente. Posicionam que uma relação B2Bfortalece a empresa no mercado.

Dados, Informações e Conhecimento.

Capital Humano

Gestão Estratégica do Conhecimento

Vantagem Competitiva

Produção Entrevistado 7Entrevistado 8Entrevistado 9Entrevistado 10

Desconhecem da diferenciação de dados,informações e conhecimento. Acredita-se quepossuem o mesmo sentido.

A empresa se preocupa com o capitalhumano, mas no quesito relação gestor xempregado fica um pouco a desejar, e comisto não despertam para novos rumos decrescimento, prejudicando o crescimento edesenvolvimento da empresa.

Desconhecem totalmente da gestãoestratégica do conhecimento na prática,realizando um trabalho operacional. Otrabalho é feito sem a oportunidade dedesenvolver novos meios de desenvolver.

Acredita que a vantagem competitiva daempresa é obtida através de eficiênciaprodutiva, quando mais se trabalhar e atendero cliente, mais a empresa ganha.

Dados, Informações e Conhecimento.

Capital Humano

Gestão Estratégica do Conhecimento

Vantagem Competitiva

Marketing/Vendas Entrevistado 11Entrevistado 12Entrevistado 13Entrevistado 14

Os dados e informações são importantes paraárea e para a empresa. Mas desconheciamque o mix deles poderia gerar uma ferramentade gestão. Desperta um interesse peloassunto.

A empresa se preocupa com o capitalhumano, mas no quesito relação gestor xempregado fica um pouco a desejar. Buscamsoluções até hoje.

Desconhecem da gestão estratégica doconhecimento na prática, acreditam que fazemgestão realizando reuniões com o grupo.

Acredita que a vantagem competitiva daempresa está na relação cliente e empresa,com novos produtos a oferecer.

FONTE: O Autor

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4.2.2 Conclusões da Pesquisa de Campo

No momento desta pesquisa, a organização vivencia o melhor momento no

mercado, expandindo-se em novos mercados e desenvolvendo uma estratégia de

entrada de 2 novos produtos.

A fundamentação teórica apresentada mostra-se adequada e como direção

para a investigação da gestão do conhecimento como ferramenta estratégica para

a vantagem competitiva. Permitindo uma análise produtiva dos diversos aspectos

do conceito.

A empresa reconhece que sua estratégia está fundamentada na diferen-

ciação, mas compreende na opção pelo desenvolvimento de novos produtos e pelo

desenvolvimento de novos mercados com vantagem competitiva.

Pode-se identificar também que a empresa com o seu conhecimento

interno, mantém uma relação com o cliente, permanência dos seus produtos no

mercado e soluções de produtos e performance para seus clientes.

As descobertas na organização sugerem que o conceito de gestão

estratégica do conhecimento possui aplicabilidade no processo estratégico e pode

ser utilizado como ferramenta de vantagem competitiva.

A utilização da estratégia da pesquisa como fator estratégico contribuiu

para a conquista do mercado químico.

A partir das conclusões do estudo de caso, recomenda-se para a empresa

estudada incorporar formalmente o conceito de gestão estratégica do conhecimento.

Recomenda-se que organização desenvolva uma metodologia de maior

disseminação do conhecimento em todos os departamentos.

Com todos os departamentos envolvidos a socialização do conhecimento

será eficaz. Aumentará as chances de novas oportunidades de inovação, negócios,

produtos, formas de trabalhar, proteção contra a concorrência e maior

compreensão de que os conhecimentos tácitos que os funcionários possuem

podem gerar novas oportunidades na organização.

Recomenda-se também um aprofundamento teórico a respeito de gestão

do conhecimento nas organizações e um benchmarking de como as empresas no

mundo trabalham a gestão do conhecimento e os seus resultados.

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Outro ponto a ser recomendado é que a empresa declara que realiza a

gestão do conhecimento como fator estratégico, mas muitos dos envolvidos

desconhecessem o que é gestão do conhecimento e sua aplicabilidade.

A empresa pratica com maior ênfase a gestão de informações. A gestão

estratégica do conhecimento está muito clara na área de pesquisa e desenvolvimento

e assistência técnica. Acredita-se que o gestor da área é responsável pelo da

disseminação do conhecimento e desempenho da equipe.

Os demais departamentos estratégicos da organização conseguem trabalhar

muito bem os dados e informações, mas possuem dificuldades de desenvolver a

criação do conhecimento.

Requer que os envolvidos dos demais departamentos trabalhem a sociali-

zação do conhecimento. O departamento de Marketing/Vendas iniciou uma relação de

interdependência com o departamento de assistência técnica, mas ainda está no inicio

da gestão do conhecimento.

A organização pesquisada possui todo o interesse de crescimento e

desenvolvimento de novas ferramentas, a gestão do conhecimento considerado

como tal poderá aumentar a capacidade e vantagem competitiva.

Pois o risco para a organização está no momento que não houverem criação

de novos produtos e a estratégia estiver vinculada a mudanças de paradigmas

internos. Haverá dificuldade de reação estratégica afetando a vantagem competitiva.

A estratégia da organização deverá estar vinculada a participação dos

funcionários na criação e socialização do conhecimento, tornando-se fator

estratégico inimitável. (NONAKA e TAKEUCHI, 2004).

Para melhor observação dos dados coletados e a posição crítica, o quadro

4.2 demonstra os pontos onde a organização não está diretamente correlacionada

com a gestão do conhecimento.

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QUADRO 4.2 - ANÁLISE DO COMPARATIVO TEÓRICO COM A POSIÇÃO DA EMPRESA

CONCEITO TEÓRICO ANÁLISE CRÍTICA DA POSIÇÃO DA EMPRESA

Dados, Informações e

Conhecimento.

Conhece sobre a importância dos dados da empresa, como proceder com as informações, mas não

socialização para criação do conhecimento. Há uma base de dados, onde gera-se informações,

capazes de desenvolver produtos e atendimento ao cliente, mas está mantida em arquivo e poucos

departamentos conseguem. Mostra-se ineficaz toda a base de dados sem um propósito estratégica

para a empresa.

A forma de armazenar dados a mantém-se tradicional, usando ainda muitos papéis como forma de

arquivo. Possui um aparato tecnológico de armazenamento, mas no momento não está sendo

utilizado.

A área de produção permanece armazenando dados em relatórios manuais e logo é digitado no

sistema. O fluxo de dados para geração de informações é lento.

Capital Humano A empresa se preocupa com o capital humano, gera uma clima organizacional agradável, propicio

para novos desenvolvimentos. Mas encontra barreiras em alguns departamentos geridos com

ideologias de somente fabricação e onde o empregado ainda não se tornou o capital mais

importante da organização.

Nos departamentos geridos por líderes, há uma criação de atmosfera de gestão e o capital humano

envolvido gera nível de satisfação.

O nível de permanência no emprego é alto e o turnover é baixo. Mantendo os quesitos de clima

organizacional.

A busca por carreira é interrompida devido o nível lean organização, a alternativa é reconhecimento

monetário ou capacitação como recompensa.

Gestão Estratégica do

Conhecimento

A empresa declara que realiza a gestão estratégica do conhecimento e conforme pesquisa, ocorre

a gestão de informações em diversos departamentos. Os departamentos que realizam a

proximidade da gestão do conhecimento são pesquisa e desenvolvimento e assistência técnica.

A gestão do conhecimento na pesquisa e desenvolvimento está vinculada a pesquisa de novos

produtos, atendimento ao cliente realizando o B2B.

A socialização do conhecimento é fortalecida nos departamentos de pesquisa e desenvolvimento e

assistência técnica, devido a gestão situacional que busca disseminar o conhecimento como forma

de poder competitivo.

Vantagem Competitiva A vantagem competitiva da empresa está na relação cliente e empresa e pesquisa e

desenvolvimento de novos produtos.

O mercado químico foi aquecido devido novas formas de utilização da resina (fundição, madeireira,

construção de aviões)

A vantagem competitiva da empresa será mantida se houver novos produtos desenvolvidos e a

estratégica intencional mantida.

O risco de queda na vantagem competitiva é eminente, ocasionada por novos concorrentes que

poderão ofertar por valores menores o produto. E o fator produto não será mais estratégico e sim a

forma de entender o mercado e a gestão do conhecimento na organização como forma de

vantagem competitiva em todos os departamentos disseminada.

FONTE: O Autor

A organização possui grande possibilidade de reversão do quadro atual

para a gestão estratégica do conhecimento num todo. Esta decisão deverá partir

da alta administração e tornar-se uma cultura organizacional.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente tópico apresenta as principais conclusões e contribuições do

estudo e oferece sugestões para estudos futuros a partir deste trabalho.

O estudo se propõe a analisar a gestão estratégica do conhecimento como

promotor de vantagem competitiva na organização. Para isso, desenvolve uma

revisão bibliográfica sobre a gestão do conhecimento.

São estudados aspectos como o fenômeno do conhecimento, conceito de

gestão do conhecimento, organizações que utilizam a gestão do conhecimento,

requisitos para implementação e conceito de vantagem competitiva.

Para aprofundar o estudo, é realizada uma pesquisa de campo por meio

de um estudo de caso a fim de investigar a aplicação do conceito em uma

empresa química.

As principais conclusões desta dissertação são: a gestão estratégica do

conhecimento somente é possível se houver a disseminação ou socialização do

conhecimento na organização.

O conhecimento nas empresas é criado através de um processo interativo

e dinâmico, onde existem 04 modos de conversão do conhecimento (socialização,

externalização, combinação e internalização).

A utilização de metáforas como forma de criação de novos produtos/

serviços, praticando o conhecimento.

A construção de um clima organizacional que prevaleça a confiança e

transparência. Um ambiente que propicie a troca das experiências, bem como a

valorização das pessoas inovadoras.

A empresa tende a se manifestar no desenvolvimento da capacidade

organizacional de adquirir, criar, acumular e explorar o conhecimento.

Que empresa dê aos membros autonomia para agirem conforme as

circunstâncias, o que amplia a possibilidade de os indivíduos criarem conhecimento.

Estimular a interação entre a organização e ambiente externo; a redundância

de informações visando propiciar o compartilhamento do conhecimento tácito que

promove a criação do conhecimento.

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A adoção da gestão do conhecimento na organização deverá partir de práticas

de gestão consolidadas e mapeamento dos conhecimentos existentes na organização.

A interdependência dos departamentos da organização é de suma impor-

tância para gestão do conhecimento e a relação hierárquica deverá ser estudada para

manter desenvolver socialização de conhecimentos. Onde a relação top down é

prejudicial em algumas organizações.

A pesquisa mostrou para o caso estudado que a vantagem competitiva é

mantida devido a pesquisa e desenvolvimento manter o nível de inovação e

desenvolvimento de novos produtos.

Que a gestão de capital humano é capaz de mudar os rumos do ambiente

organizacional, contribuindo para o nível de comprometimento e responsabilidade

para com a empresa. Mesmo que a organização seja Lean não havendo possibilidade

de crescimento imediato.

O banco de dados é de suma importância para a organização, possibi-

litando o desenvolvimento de informações para gerar o conhecimento.

A relação com o cliente de forma B2B é responsável pela vantagem

competitiva no mercado, possibilitando atender a demandas do cliente sempre com

inovação e credibilidade.

A socialização do conhecimento através de um sistema operacional, onde

os envolvidos podem acessar o que há de novo, os erros e acertos, potencializam

a capacidade competitiva. As empresas que praticam gestão do conhecimento

geram capacidade competitiva através de ferramentas que possibilitam acessar

informações que geram conhecimento.

Há algumas contribuições e implicações importantes a serem consideradas

a partir dos resultados desta pesquisa. Por meio da fundamentação teórica

desenvolvida e do estudo de caso realizado, este estudo contribui para tornar mais

claros os papéis desempenhados, as aplicações e a importância da gestão

estratégica do conhecimento. Também auxilia o esclarecimento de diversos

aspectos relativos à aplicação do conceito de gestão do conhecimento.

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Espera-se que o enfoque abrangente possa contribuir para facilitar e

enriquecer a compreensão do fenômeno do conhecimento como fator estratégico e

representar um passo em direção a uma maior estruturação, consolidação e

sistematização da teoria da gestão do conhecimento.

Entender o fenômeno do conhecimento partindo dos filósofos aos maiores

autores de gestão do conhecimento.

A diferenciação de dados, informações e conhecimento e sua importância

para as organizações.

Este estudo também relata e analisa às aplicações da gestão do conhecimento

que podem ser úteis para novos estudos. Principalmente na criação do conhecimento

nas organizações, formas de socializar. As maiores experiências de organizações que

desenvolveram capacidade competitiva com a implantação da gestão do conhecimento.

A pesquisa de campo em uma empresa química e o conceito teórico

estudado, confronta teoria e prática da gestão do conhecimento e contribui para

uma maior aproximação entre as dimensões da prática das organizações.

A pesquisa de campo demonstra que muitas empresas acreditam estar na

gestão do conhecimento e na prática desenvolvem a gestão de informações ou até

mesmo setores isolados praticam a gestão do conhecimento e a cultura organizacional

não consegue assimilar esta prática para os envolvidos na organização.

O conteúdo desta dissertação portanto, pode vir a servir de fonte de

referência para empresas e seus gestores, apoiando para tomada de decisão na

aplicação da gestão do conhecimento como fator estratégico.

A pesquisa também aponta para caminhos práticos para gerir a gestão do

conhecimento, principalmente quando esse conhecimento é disperso e privado.

Quando a estrutura organizacional força a situações de tomadas de decisões top

down, onde os participantes da organizações exercem suas funções e não são

capazes de discutir conhecimento com conhecimento e gerar conhecimento.

Acredita-se ter alcançado o objetivo geral estabelecido no capítulo 1 desta

dissertação de responder se a gestão estratégica do conhecimento é capaz de

promover capacidade competitiva.

Espera-se assim, finalmente, que este trabalho possa assumir

importância para estudos futuros sobre o tema, sendo um passo para compre-

ender a gestão do conhecimento.

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Estudos futuros podem explorar de maneira específica e em profundidade

muitos aspectos tratados, revelando maiores detalhes por exemplo a influência da

gestão estratégica do conhecimento no branding ou marca da empresa.

Estudo de como captar conhecimento externos e de potencializa-los para a

organização, através de benchmarking de organizações que praticam gestão do

conhecimento e mantiveram em sua cultura organizacional.

Como desenvolver uma estrutura organizacional tradicional para uma

organização que aprende.

Estudos que ampliem a forma de armazenar dados e gerar informações

com eficiência para a criação do conhecimento.

O mesmo estudo de caso desta pesquisa pode vir a ser realizado em

outros ramos de negócio. Sempre focado que o conhecimento está no indivíduo

e a organização não sobrevive sem o capital humano como recurso importante

e estratégico.

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APÊNDICE - ENTREVISTA

Caracterização do entrevistado

Nome completo:___________________________________________________________

Departamento: ____________________________________________________________

Cargo: __________________________________________________________________

Tempo na função: _________________________________________________________

Formação do entrevistado: __________________________________________________

Trajetória profissional: ______________________________________________________

Tel. contato: _____________________________________________________________

E-mail: __________________________________________________________________

Local de trabalho: _________________________________________________________

Data da entrevista:_________________________________________________________

Horário: _________________________________________________________________

Local: ___________________________________________________________________

Tempo de entrevista: _______________________________________________________

Comentários gerais do entrevistador: __________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

Questões do Roteiro de Entrevista

1 Planejamento Estratégico e Gestão do Conhecimento como Vantagem

Competitiva.

1.1 O que você entende por Gestão do Conhecimento?

1.2 A empresa realiza o planejamento estratégico? Como ele é realizado?

1.3 Como se dá o processo de formulação da estratégia competitiva?

1.4 Como você descreveria as estratégias competitivas atuais empregadas pela empresa?

1.5 Como aspectos internos da empresa, por exemplo recursos, habilidades, cultura

organizacional, estrutura e processos gerenciais influenciam a escolha da estratégia?

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2 Dados, Informações e Conhecimento

2.1 Como a empresa analisa e avalia os seus dados?

2.2 Como os dados e informações são tratados? São utilizados para desenvolver novos

produtos ou serviços?

2.3 Qual a distinção entre dados, informações e conhecimento?

2.4 A empresa pesquisa o mercado? Realiza Benchmarking?

2.5 Quais as principais competências, capacidade e habilidades exigidos pela empresa?

Como elas são utilizadas na criação do conhecimento?

3 Capital Humano

3.1 Qual o nível de satisfação na empresa ?

3.2 A empresa realiza um programa de desenvolvimento/capacitação?

3.3 Pelo período de permanência na empresa, a empresa mudou os seus conceitos para

o desenvolvimento do capital humano?

3.4 Quais vantagens ou benefícios que a empresa oferece?

3.5 Quais desvantagens de se trabalhar na empresa?

4 Estratégias Competitivas

4.1 Todos os níveis da empresa estão cientes da estratégia competitiva da empresa?

Ela é explícita e comunicada de forma ampla a todos ou é tratada com sigilo?

4.2 Como a estratégia competitiva adotada auxilia na criação da vantagem competitiva da

empresa?

4.3 Como a estratégia competitiva da empresa é implementada e operacionalizada?

4.4 Como a estratégia competitiva orienta ou influencia as estratégias de cada

departamento da empresa?

4.5 Como a estratégia competitiva da empresa tem evoluído ao longo do tempo? O que

determinou essas mudanças?

4.6 Quais as principais medidas de desempenho que a empresa utiliza? Como a gestão

do conhecimento influenciaria a vantagem competitiva?

5 Fatores limitadores e dificultadores da utilização de Gestão do Conhecimento

como fator estratégico

5.1 Quais fatores você considera como limitadores ou dificultadores da utilização da

gestão do conhecimento na empresa? Por que?

5.2 Mediante a resposta anterior, quais sugestões podem ser aplicadas para que a

Gestão do Conhecimento torne-se fator estratégico?