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POSITIVISMO DE AUGUSTO COMTE Publicado em Educação, Filosofia, PDF, Sociologia por Pedagogia ao Pé da Letra no dia 20 de agosto de 2013 “O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim” Augusto Comte 1. INTRODUÇÃO A visão científica positivista dos fatos, não permite o uso de entidades não observáveis nas deduções científicas. Essa visão de mundo refletiu no plano filosófico e, embora criticada no plano teórico, teve muita influência no plano prático. O positivismo Comtiano não pretende ser somente uma filosofia, mas mostrar a necessidade de uma reforma social fundamentando-se na descrição e análise objetiva dos fatos ou fenômenos. 2. AUGUSTO COMTE Filósofo e sociólogo francês(19/01/1798-05/09/1857), é considerado o fundador do positivismo. Nasceu em Montpellier, filho de um fiscal de impostos. Aos dezesseis anos, ingressou na Escola Politécnica, recebendo influência do pensamento científico de Carnot, Lagrange e Laplace. Em 1816, a Escola Politécnica foi temporariamente fechada, devido a questões políticas. No ano seguinte, Comte tornou-se secretário do filósofo Sain- Simon, de cujo pensamento social e político recebeu profunda influência. Em 1824, discordâncias teóricas provocaram a separação desses dois pensadores. Neste mesmo ano casou-se com Caroline Massin e passou a ministrar aulas particulares de matemática.

Positivismo de Augusto Comte

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POSITIVISMO DE AUGUSTO COMTEPublicado emEducao,Filosofia,PDF,SociologiaporPedagogia ao P da Letrano dia 20 de agosto de 2013

O amor por princpio, a ordem por base e o progresso por fimAugusto Comte

1. INTRODUOA viso cientfica positivista dos fatos, no permite o uso de entidades no observveis nas dedues cientficas. Essa viso de mundo refletiu no plano filosfico e, embora criticada no plano terico, teve muita influncia no plano prtico.OpositivismoComtiano no pretende ser somente uma filosofia, mas mostrar a necessidade de uma reforma social fundamentando-se na descrio e anlise objetiva dos fatos ou fenmenos.2. AUGUSTO COMTEFilsofo e socilogo francs(19/01/1798-05/09/1857), considerado o fundador do positivismo. Nasceu em Montpellier, filho de um fiscal de impostos. Aos dezesseis anos, ingressou na Escola Politcnica, recebendo influncia do pensamento cientfico de Carnot, Lagrange e Laplace. Em 1816, a Escola Politcnica foi temporariamente fechada, devido a questes polticas. No ano seguinte, Comte tornou-se secretrio do filsofo Sain-Simon, de cujo pensamento social e poltico recebeu profunda influncia. Em 1824, discordncias tericas provocaram a separao desses dois pensadores. Neste mesmo ano casou-se com Caroline Massin e passou a ministrar aulas particulares de matemtica.Dois anos depois, Comte iniciou em sua prpria casa um curso, onde pretendia abordar as idias centrais de sua filosofia. Contudo, uma crise mental seguida de profunda depresso, sofrida pelo filsofo, impediu-o de levar adiante seu projeto. Em 1832, Comte retornou Escola Politcnica, na funo de repetidor de anlise matemtica e de mecnica. Apesar de vrias tentativas, jamais conseguiu ucupar uma ctedra nesta escola. Em 1842, Comte separou-se de sua esposa. Dois anos depois, perdeu seu cargo, passando a depender de amigos e admiradores. Em 1844, conheceu Clotilde de Vaux, por quem se apaixonou. Esta relao influenciou seu pensamento a ponto de criar uma nova religio, a religio da humanidade.Algumas de suas principais obras so: plano de trabalhos cientficos necessrios reorganizao da sociedade; curso de filosofia positiva; sistema de poltica positiva; catecismo positivista.

3. POSITIVISMO CONCEITOCorrente de pensamento formulada na Frana por Augusto Comte. O termo identifica a filosofia que busca seus fundamentos na cincia e na organizao tcnica e industrial da sociedade moderna. O mtodo cientfico o nico vlido para se chegar ao conhecimento. Reflexes ou juzos que no podem ser comprovados pelo mtodo cientfico, como os postulados da metafsica, no levam ao conhecimento e no tem valor.3.1. CARACTERSTICAS GERAIS:O objetivo do mtodo positivo de investigao a pesquisa das leis gerais que regem os fenmenos naturais. Assim, o positivismo diferencia-se do empirismo puro porque no reduz o conhecimento cientfico somente aos fatos observados. na elaborao de leis gerais que reside o grande ideal das cincias. Com base nessas leis, o homem torna-se capaz de prever os fenmenos naturais, podendo agir sobre a realidade.Ver para prever o lema da cincia positiva. O conhecimento cientfico torna-se, desse modo, um instrumento de transformao da realidade, de domnio do homem sobre a natureza. As transformaes impulsionadas pelas cincias visam o progresso ; este, porm, deve estar subordinado ordem. Temos, ento, um novo lema positivista aplicado sociedade:ordem e progresso.Na obra Discurso sobre o esprito positivo, Comte aponta as caractersticas fundamentais que distinguem o positivismo das demais filosofias:3.1.1.Realidade pesquisa de fatos concretos, acessveis nossa inteligncia, deixando de lado a preocupao com mistrios impenetrveis, referentes s causas primeiras e ltimas dos seres.;3.1.2. Utilidade busca de conhecimentos destinados ao aperfeioamento individual e coletivo do homem, desprezando as especulaes ociosas, vazias e estreis;3.1.3. Certeza obteno de conhecimentos capazes de estabelecer a harmonia lgica na mente do prprio indivduo e a comunho em toda a espcie humana, abandonando as dvidas indefinidas e os interminveis debates metafsicos;3.1.4. Preciso estabelecimento de conhecimentos que se opem ao vago, baseados em enunciados rigorosos, sem ambigidades;3.1.5. Organizao tendncia a organizar, construir metodicamente, sistematizar o conhecimento humano;3.1.6. Relatividade aceitao de conhecimentos cientficos relativos. Se no fosse relativos, no poderia ser admitida a continuidade de novas pesquisas, capazes de trazer teorias com teses opostas ao conhecimento estabelecido. Assim, a cincia positiva relativa porque admite o aperfeioamento e a ampliao dos conhecimentos humanos.3.2. LEI DOS TRS ESTADOSA lei dos trs estados resume o pensamento de Comte sobre a evoluo histrica e cultural da humanidade. Conforme escreveu em seuCurso de filosofia positiva,essa lei consisteem que cada uma de nossas concepes principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por trs estados histricos diferentes: estado teolgico ou fictcio, estado metafsico ou abstrato, estado cientfico ou positivo.Vejamos como o prprio Comte caracteriza cada um desses trs estados:3.2.1. No estado teolgico o esprito humano, dirigindo essencialmente sua investigaes para a natureza ntima dos seres, as causas primeiras e finais de todos os efeitos que o tocam, numa palavra, para os conhecimentos absolutos, apresenta os fenmenos como produzidos pela ao contnua e direta de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja interveno arbitrria explica todas as anomalias aparentes do universo.3.2.2. No estado metafsico que no fundo nada mais do que simples modificao geral do primeiro: os agentes sobrenaturais so substitudos por foras abstratas, verdadeiras entidades(abstraes personificadas) inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidas como capazes de engendrar por elas prprias todos os fenmenos observados, cuja explicao consiste, ento, em determinar para cada uma entidade correspondente.3.2.3. No estgio positivo o ser humano desiste de procurar as causas ntimas dos fenmenos para, atravs da observao e do mtodo cientfico, estabelecer as leis gerais que os regem. O estado positivo, portanto, corresponde maturidade do esprito humano que no mais enganado por explicaes vagas, uma vez que pode alcanar o real, o certo e o preciso.

4. CLASSIFICAO DAS CINCIASAs cincias no decurso da histria, no se tornaram positivas na mesma data, mas numa certa ordem de sucesso que corresponde clebre classificao: matemtica, astronomia, fsica, qumica, biologia, sociologia.Das matemticas sociologia a ordem a do mais simples ao mais complexo, buscando uma proximidade crescente em relao ao homem.Esta ordem corresponde ordem histrica da apario das cincias positivas. As matemticas que com os pitagricos eram ainda, em parte, uma metafsica e uma mstica do nmero constituem-se, entretanto, desde a antiguidade, numa disciplina positiva elas so, alis, para Comte, antes um instrumento de todas as cincias do que uma cincia particular. A astronomia descobre bem cedo suas primeiras leis positivas, a fsica espera o sculo XVII para, com Galileu e Newton, tornar-se positiva. A oportunidade da qumica vem no sculo XVIII (Lavoisier). A biologia se torna uma disciplina positiva no sculo XIX. O prprio Comte acredita coroar o edifcio cientfico criando a sociologia.Para Comte, as cincias mais complexas e mais concretas dependem das mais abstratas preciso ser matemtico para saber fsica. Um bilogo deve conhecer matemtica, fsica e qumica . entretanto, se as cincias mais complexas dependem das mais simples, no podemos deduzi-las de, nem reduzi-las a estas ltimas.

5. A REFORMA DA SOCIEDADEA reforma da sociedade proposta por Comte deveria obedecer aos seguintes passos: reorganizao intelectual, depois moral e, por fim, poltica. Segundo ele, a Revoluo Francesa destruiu uma srie de valores importantes da sociedade tradicional europia, no sendo capaz, entretanto, de impor novos e permanentes valores para a emergente sociedade burguesa. E nisso residia a grande tarefa a ser desempenhada pela filosofia positiva:restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial.Em relao aos conflitos entre proletrios e capitalistas, Comte assumiu uma posio considerada reacionria e conservadora. Defendendo a legitimidade da explorao industrial, concordava com a diviso das classes sociais e considerava indispensvel a existncia dos empreendedores capitalistas e dos operadores diretos, o proletariado. Para os trabalhadores, defendia um tipo de doutrinao positivista destinada a confirmar a necessidade dos trabalhos prticos e mecnicos, inspirando o gosto por eles, quer enobrecendo seu carter habitual, quer adoando suas conseqncias penosas. Conduzindo, de resto, a uma sadia apreciao das diversas posies sociais e das necessidades correspondentes, predispem a perceber que a felicidade real compatvel com todas e quaisquer condies, desde que sejam desempenhadas com honra e aceitas convenientemente.

6. A RELIGIO DE COMTENos ltimos quinze anos de sua vida, Comte decidiu criar uma nova seita religiosa, denominadaReligio da Humanidade.A deusa dessa religio tinha os traos de sua amada Clotilde de Vaux e os santos eram pensadores como Dante, Shakespeare, Galileu, Adam Smith etc.Elaborou tambm o Catecismo Positivista, destinado a difundir os princpios religiosos da nova seita. Nessa obra, deixou explcitas suas verdadeiras intenes, formulando o que estava oculto em outros trabalhos anteriores, isto ,suas concepes dogmticas, autoritrias e conservadoras.A Religio da Humanidade, fundada por Comte, sobre a Anglica inspirao de Clotilde, pode ser caracterizada como a Religio do Amor, a Religio da Ordem ou a Religio do Progresso. O amor procura a Ordem e leva ao Progresso; a Ordem consolida o Amor e dirige o Progresso; o Progresso desenvolve a Ordem e conduz ao Amor, da, a caracterstica do positivismo Amor por princpio, a Ordem por base e o Progresso por fim.

7. A INFLUNCIA POSITIVISTA NO BRASILO Brasil foi o pas do mundo onde a influncia de Augusto Comte se fez mais sentir. Os apstolos brasileiros que mais trabalharam no sentido de propagar o positivismo foram: Miguel Lemos , Raymundo Teixeira Mendes e Benjamin Constant.Uma grande influncia do positivismo de Comte em nosso pas, est em um dos nossos smbolos nacionais de Comte a idia de Ordem e Progresso, que viria a fazer parte da bandeira do Brasil republicano.

8. OBRAS DE AUGUSTO COMTESistema de Filosofia, Positiva,em 6 volumes 1830-1842, 5 edio,1892-1894 Verso Inglesa, por Miss Matineau, 2 volumes, 1853; 3 edio 1893, verso francesa deste volume, por M. Avezac Lavigne, 1871. Nova edio 1895.Sistema de Poltica Positiva, ou Tratado de Sociologiainstituindo a Religio da Humanidade. 4 vol, Paris, 1851-1854; 2 edio, 1881-1884; 3 edio Traduo para o Ingls por Richarde Congreve e outros.Catecismo Positivista , ou Sumaria Exposio da Religio Universal .1 volume , Paris 1852; 2 edio , 1874 ; 3 edio 1890 . Nova edio 1891, com prefacio de J. Lagarrigue e notas de Miguel Lemos.Apelo aos Conservadores; 1 volume, Paris 1855, 2 edio Traduo em Ingls e Portugus.Sntese Subjetiva,ou Sistema Universal das Concepes prprios do Estado Normal da Humanidade. 1 volume , Paris , 1856, tomo 1 nico publicado, contendo o Sistema de Lgica Positiva ou Tratado de Filosofia Matemtica, 2 EdioTestamento, Oraes Quotidianas , Confisses anuais e Correspondncias com Madame Clotilde de Vaux,1 volume , Paris 1884 , 2 edio Traduo inglesa do Testamento.Circulares Anuais(1850 1857) 1 volume 1866 traduo inglesa.Tratado Filosfico D Astronomia Popular,1 vol , Paris ,1845 ; 2 edio , 1893.Tratado elementar de Geometria Analtica. 1 volume , Paris , 1841 ; 2 edio , precedida da Geometria de Descartes , em 1895. Traduo para o portugus , por vrios alunos da Escola Militar do Rio de Janeiro. Esgotada.Cartas `a M. Vallat(1815-1844), Paris 1870Cartas`a John Stuart Mill( 1841-1844), 1 volume Paris 1877Correspondncias Inditas de Augusto Comte.Paris elaborado pela Sociedade Positivista , 1903 (4 volumes).Cartas de Augusto Comte `a Diversos Publicado pelos seus Executores Testamenteiros, Paris 1902.- Trs Volumes.

9. ALGUMAS MXIMAS DE COMTEAmor por princpio, a ordem por base e o progresso por fim;A famlia, a ptria, a humanidade : Se o Indivduo no se subordina Famlia, desconhece seus deveres, invoca os seus direitos e se dedica a explorar outros Indivduos na Famlia, na Ptria e na Humanidade. Assim gera-se o Individualismo e a Maldade;-Se a Famlia no se subordina Ptria, desconhece seus deveres, e se dedica explorar as outras Famlias na mesma Ptria e na Humanidade. Assim se gera o Capitalismo Egosta-Se a Ptria no se subordina Humanidade, desconhece seus deveres e se dedica explorar as outras Ptrias na Humanidade. - da que se gera o Nacionalismo e as GuerrasA sociocracia:- Organiza disciplinarmente o Indivduo subordinando-o Famlia.- Organiza disciplinarmente a Famlia subordinando-a Ptria.- Organiza disciplinarmente a Ptria subordinando-a Humanidade. Amar, pensar, agir; Saber para prever, a fim de prover; Conhea-te a ti mesmo para melhorares; O joelho do homem jamais se dobrar se no diante da mulher honrada e amada e no feminista; Saber no maximizar os detalhes para melhor utilizar o conjunto; Ningum possui outro direito se no de fazer sempre o seu dever; Satisfazer os pobres mas mantendo os ricos; Dirigir toda a natureza viva, contra a natureza morta, para explorar o domnio terrestre; Ajustar o presente, projetando o futuro, com base no passado; No existe como princpio, famlia sem sociedade, como sociedade sem famlia; O proletariado participa do meio da sociedade ocidental sem estar ainda absorvido; Transformar os debates polticos em pactos sociais;

10. CONCLUSO:Ao longo dos anos, surgiram vrias correntes de pensamento, que tinham por objetivo maior, compreender as diferentes formas de enfrentamento da realidade e entender tambm as possibilidades da razo humana captar o real e interpret-lo. O positivismo no fugiu regra e surgiu durante a segunda metade do sculo XX e teve como principal terico e divulgador Augusto Comte, o qual se baseia na cincia e na organizao tcnica e industrial da sociedade moderna.

11. BIBLIOGRAFIAAranha, Maria Lcia de ArrudaTemas de filosofia 2 ed. Revisada. So Paulo: Ed. Moderna, 1998.Chau, MarilenaConvite Filosofia. So Paulo: Ed. tica, 1995Autor:Ercilio Ferreira Duarte