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Pós Micro Jornal do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do IBILCE Ano 2 Volume 2 Número 8 Novembro - Dezembro de 2014 ISSN online 2358-8071 - ISSN versão impressa 2358-5773 Ética na Ciência Por: Prof. Dr. Renato Braz de Araujo e-mail: [email protected] A reflexão sobre como a ciência tem sido utilizada para cons- trução da sociedade do conhecimento é fundamental. Mas o que devemos ponderar? O bem-estar gerado pela tecnologia decor- rente do conhecimento científico? Os efeitos maléficos desse conhecimento para a humanidade? Independente da área do co- nhecimento são dois pesos e duas medidas. Qual tem sido nossa postura diante dessa gangorra? O conhecimento científico proporcionou diversas conquistas, mas, ao mesmo tempo, produziu tecnologias destrutivas em es- cala mundial. Se por um lado o desenvolvimento tecnológico nos campos da comunicação, transporte, alimentação, moradia, saú- de e lazer foi impressionante, por outro, a produção de desequilí- brio ecológico, miséria, fome, sem-emprego, sem-terra, sem-te- to, enfim, todo tipo de violência que destroi a dignidade humana. Em nosso país, alguns avanços ocorreram nos últimos 20 anos, como a regulamentação da ética em pesquisas com seres huma- nos por meio da Resolução 196/96, elaborada pelo Conselho Nacional de Saúde. Toda pesquisa que envolva direta ou indire- tamente seres humanos tem, obrigatoriamente, que ser apreciada por um comitê de ética em pesquisa, sendo a análise crítica de riscos e benefícios essencial. Outro aspecto positivo foi a redu- ção do uso de animais em experimentos científicos. Mesmo o conhecimento obtido a partir de pesquisas científicas responsáveis não garante sua utilização para fins benéficos, pois não existe um profissional ético sem antes um homem ético. De- bates sobre novas drogas sintéticas, armas químicas e biológicas, clonagem humana, manipulação genética ou eutanásia são exem- plos que demonstram a necessidade de utilização de critérios, como a melhoria da qualidade de vida das pessoas e não sua destruição. Em síntese, a discussão sobre ética na ciência deve ser incentiva- da e estar presente nos cursos de graduação e pós-graduação. É preciso desenvolver a competência moral e a capacidade crítica dos pesquisadores desde o início de sua formação acadêmica. Nesse contexto, podemos formar o cientista e pensar a ética da ciência, que é a ética da responsabilidade. Será que a utilização do conhecimento científico não deveria ser, de alguma forma, acompanhada por instituições como a universidade? Pois todo progresso científico que fere a dignidade humana está fadado ao fracasso. Será que os fins justificam os meios? A ética responde: nem sempre. Por: Prof. Dra. Paula Rahal e-mail: [email protected] Esta edição do jornal PósMicro está repleta de desafios ao leitor! O Prof. Dr. Renato Braz de Araujo inicia o número nos desafiando a fazer ciência com ética... Mas nós aprendemos a ter Ética na Ciência ou isso seria algo nato? O Tiago Casella nos desafia a expandir a Árvore da Vida com os elementos genéticos. A Tatiana Elias Colombo nos mostra o desafio que é diferenciar as febres Dengue e Chikungunya. A Isabela R. R. Pinto evidencia o desafio que é Educar novos cientistas, apresentando dados da deficiência que o país apresenta quanto ao tema, tanto profissional quanto estrutural. Por fim, a Maria Cecilia Maia Chierotti nos apresenta o desafio de transformar a grade quantidade de lixo produzido em algo menos destrutivo para a natureza, além de gerar benefícios financeiros ao seres humanos. Outros temas também importantes como a Virologia Ambiental, que tem ganhado destaque nos últimos anos, principalmente pelo desenvolvimento de novas técnicas, assim como o tema dos antivirais advindos de fontes naturais, fazem parte desta edição. A aluna da Graduação, Mônica Mayumi Akinaga, mostra-nos, no seu depoimento, a importância sobre a participação em um congresso científico. Por fim, trazemos aos leitores uma compilação do Edital do concurso de textos que iremos lançar no início do próximo ano, com a finalidade de incentivar a escrita. Aproveitem a oportunidade, e boa leitura!!! UNIVERSIDAD ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO C mpus S â ão José do Rio Preto IBILCE IBILCE www.ibilce.unesp.br NewsLetter “Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima”. Louis Pasteur Editorial Educando futuros cientistas Por: Doutoranda Isabela R. R. Pinto Plasmídeos como entes vivos Por: Doutorando Tiago Casella Chikungunya: nova doença transmitida pelo mosquito da dengue Por: Doutoranda Tatiana Elias Colombo Microrganismos na Compostagem Por: Mestranda Maria Cecilia Maia Chierotti A Importância da Virologia Ambiental Por: Prof. Dra. Isabel Guedes Explorando fontes naturais em busca de novas terapias antivirais Por: Profa. Dra. Ana Carolina Gomes Jardim Resumo Edital nº 01, de 01 de dezembro de 2014 Concurso PósMicro de textos científicos. Acompanhe a fanpage do Jornal PósMicro no Facebook®!!! Congresso Brasileiro de Virologia: Primeira participação Por: Graduanda Mônica Mayumi Akinaga 2 3 4 3 Tema em destaque - Ética e Educação Wikipedia, 2014

PósMicro - ibilce.unesp.br · A reflexão sobre como a ciência tem sido utilizada para cons- ... além de gerar benefícios financeiros ao seres humanos. Outros temas também importantes

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PósMicroJornal do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do IBILCE Ano 2 Volume 2 Número 8 Novembro - Dezembro de 2014

ISSN online 2358-8071 - ISSN versão impressa 2358-5773

Ética na Ciência

Por: Prof. Dr. Renato Braz de Araujoe-mail: [email protected]

A reflexão sobre como a ciência tem sido utilizada para cons-trução da sociedade do conhecimento é fundamental. Mas o que devemos ponderar? O bem-estar gerado pela tecnologia decor-rente do conhecimento científico? Os efeitos maléficos desse conhecimento para a humanidade? Independente da área do co-nhecimento são dois pesos e duas medidas. Qual tem sido nossa postura diante dessa gangorra?O conhecimento científico proporcionou diversas conquistas, mas, ao mesmo tempo, produziu tecnologias destrutivas em es-cala mundial. Se por um lado o desenvolvimento tecnológico nos campos da comunicação, transporte, alimentação, moradia, saú-de e lazer foi impressionante, por outro, a produção de desequilí-brio ecológico, miséria, fome, sem-emprego, sem-terra, sem-te-to, enfim, todo tipo de violência que destroi a dignidade humana. Em nosso país, alguns avanços ocorreram nos últimos 20 anos, como a regulamentação da ética em pesquisas com seres huma-nos por meio da Resolução 196/96, elaborada pelo Conselho Nacional de Saúde. Toda pesquisa que envolva direta ou indire-tamente seres humanos tem, obrigatoriamente, que ser apreciada por um comitê de ética em pesquisa, sendo a análise crítica de riscos e benefícios essencial. Outro aspecto positivo foi a redu-ção do uso de animais em experimentos científicos. Mesmo o conhecimento obtido a partir de pesquisas científicas responsáveis não garante sua utilização para fins benéficos, pois não existe um profissional ético sem antes um homem ético. De-bates sobre novas drogas sintéticas, armas químicas e biológicas, clonagem humana, manipulação genética ou eutanásia são exem-plos que demonstram a necessidade de utilização de critérios, como a melhoria da qualidade de vida das pessoas e não sua destruição. Em síntese, a discussão sobre ética na ciência deve ser incentiva-da e estar presente nos cursos de graduação e pós-graduação. É preciso desenvolver a competência moral e a capacidade crítica dos pesquisadores desde o início de sua formação acadêmica. Nesse contexto, podemos formar o cientista e pensar a ética da ciência, que é a ética da responsabilidade. Será que a utilização do conhecimento científico não deveria ser, de alguma forma, acompanhada por instituições como a universidade? Pois todo progresso científico que fere a dignidade humana está fadado ao fracasso. Será que os fins justificam os meios? A ética responde: nem sempre.

Por: Prof. Dra. Paula Rahale-mail: [email protected]

Esta edição do jornal PósMicro está repleta de desafios ao leitor! O Prof. Dr. Renato Braz de Araujo inicia o número nos desafiando a fazer ciência com ética... Mas nós aprendemos a ter Ética na Ciência ou isso seria algo nato? O Tiago Casella nos desafia a expandir a Árvore da Vida com os elementos genéticos. A Tatiana Elias Colombo nos mostra o desafio que é diferenciar as febres Dengue e Chikungunya. A Isabela R. R. Pinto evidencia o desafio que é Educar novos cientistas, apresentando dados da deficiência que o país apresenta quanto ao tema, tanto profissional quanto estrutural. Por fim, a Maria Cecilia Maia Chierotti nos apresenta o desafio de transformar a grade quantidade de lixo produzido em algo menos destrutivo para a natureza, além de gerar benefícios financeiros ao seres humanos.Outros temas também importantes como a Virologia Ambiental, que tem ganhado destaque nos últimos anos, principalmente pelo desenvolvimento de novas técnicas, assim como o tema dos antivirais advindos de fontes naturais, fazem parte desta edição. A aluna da Graduação, Mônica Mayumi Akinaga, mostra-nos, no seu depoimento, a importância sobre a participação em um congresso científico.Por fim, trazemos aos leitores uma compilação do Edital do concurso de textos que iremos lançar no início do próximo ano, com a finalidade de incentivar a escrita. Aproveitem a oportunidade, e boa leitura!!!

UNIVERSIDAD ESTADUAL PAULISTAJÚLIO DE MESQUITA FILHO“ ”

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“Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima”.Louis Pasteur

Editorial

Educando futuros cientistasPor: Doutoranda Isabela R. R. PintoPlasmídeos como entes vivosPor: Doutorando Tiago CasellaChikungunya: nova doença transmitida pelo mosquito da denguePor: Doutoranda Tatiana Elias Colombo

Microrganismos na CompostagemPor: Mestranda Maria Cecilia Maia ChierottiA Importância da Virologia AmbientalPor: Prof. Dra. Isabel Guedes

Explorando fontes naturais em busca de novas terapias antiviraisPor: Profa. Dra. Ana Carolina Gomes JardimResumo Edital nº 01, de 01 de dezembro de 2014Concurso PósMicro de textos científicos. Acompanhe a fanpage do Jornal PósMicro no Facebook®!!!

Congresso Brasileiro de Virologia: Primeira participaçãoPor: Graduanda Mônica Mayumi Akinaga2

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Tema em destaque - Ética e Educação

Wikipedia, 2014

106.7 FM

“No mundo dos Microbios”Rádio Educativa 106.7 FM

Já está no ar este programa de rádio toda segunda-feira às 9:00h e às 15:00h com informações do dia-a-dia relacionadas com a microbiologia. São tratados temas de saúde, conservação e preparo de alimentos, meio ambiente, biotecnologia, entre outros.

Sintonize-nos!!!Realização

Plasmídeos como entes vivos

Doutorando Tiago Casella e-mail: [email protected]

Plasmídeos são estruturas genéticas circulares ou, como se aprende no Ensino Médio, “pedaços de cromossomos”, presentes no interior de uma bactéria. Possuem alguns genes essenciais para a sua manutenção dentro da célula e sua própria duplicação, ou, o termo cientificamente correto, “replicação”. Podemos entender a replicação de um plasmídeo como a forma dele “produzir descendentes semelhantes ao original”. Além dos genes acima mencionados, também podem ser encontrados outros genes que conferem características importantes para a célula hospedeira do plasmídeo, como a resistência a antibióticos – com a qual a bactéria não morre na presença da penicilina, por exemplo –, fatores de virulência – com as quais uma bactéria pode tornar-se mais infecciosa –, vias metabólicas alternativas, entre outras.

Ao se comparar os plasmídeos aos vírus, percebem-se algumas semelhanças. Uma delas é que ambos apresentam uma forma de vida dependente de um hospedeiro, ou seja, nesse caso, dependem de proteínas da célula que os alberga para se replicarem. Ainda, de acordo com a perspectiva evolutiva da vida, os vírus podem ser considerados “seres vivos” por serem entidades passíveis de evolução, ou seja, o seu material genético sofre mutações que, quando bem sucedidas ecologicamente, permanecerão nas “próximas gerações”. (Entenda que, nesse caso, os descentes produzidos apresentarão a mesma mutação do vírus original.) Da mesma forma, os plasmídeos também são passíveis de Evolução, pois uma mutação bem sucedida pode ser transmitida aos “descendentes” durante o processo de replicação. Então, seria possível considerarmos, também, os plasmídeos como “seres vivos”? Acredito ser algo plausível a se pensar!Escreva um texto em resposta a esse questionamento e envie para publicação neste periódico!

A SEÇÃO TÉCNICA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO IBILCE

INFORMA

Edital de seleção para ingresso no curso de Doutorado em Microbiologia para o 1º Semestre do ano letivo de 2015 - (Fluxo contínuo durante ano de 2015)Conceito 5 da CAPES.

Maior informação no link: http://www.ibilce.unesp.br/#!/pos-graduacao/programas-de-pos-graduacao/microbiologia/processo-seletivo-2015/

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IBILCEIBILCE

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Chikungunya: nova doença transmitida pelo mosquito da dengue

Doutoranda Tatiana Elias Colombo e-mail: [email protected]

Chikungunya é transmitida em países da África, da Ásia e do Caribe, região que atualmente passa por um surto da doença. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, de dezembro de 2013 a maio de 2014, foram registrados mais de 60 mil casos, entre suspeitos e confirmados. Casos importados (quando o paciente é infectado em viagem) foram identificados nos Estados Unidos, Canadá, Guiana Francesa e no Brasil. Em outubro de 2014, foi notificado o primeiro caso de Chikungunya com suspeita de aquisição da doença em território nacional, mais especificamente, no Estado de Minas Gerais. A doença é

causada por um vírus do gênero Alphavirus e transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o Aedes aegypti (transmissor da dengue) e o Aedes albopictus (também existente no Brasil) seus principais vetores. Entre três e sete dias após a picada do mosquito infectado, o paciente apresenta febre repentina acompanhada de dores nas articulações. Outros sintomas, como dor de cabeça, dor muscular, náusea e manchas avermelhadas na pele, fazem com que o quadro seja parecido com o da dengue. A principal diferença são as intensas dores articulares. O vírus só é detectado a partir de exames de laboratório (isolamento do vírus, reação em cadeia da polimerase e sorologia) e não há vacina para prevenção. Segundo o Ministério da Saúde, a automedicação pode mascarar sintomas, dificultar o diagnóstico e agravar o quadro do paciente.

Educando futuros cientistas Doutoranda Isabela R. R. Pinto e-mail: [email protected]

O avanço e o destaque das pesquisas desenvolvidas no Brasil, nas últimas décadas na área das Ciências Naturais (Biologia, Fí-sica e Química), são inegáveis e refletem o esforço e a competên-cia de instituições e de pesquisadores que têm inovado e galgado os degraus para a construção de um campo de pesquisa sólido nessa área no país. Apesar desses avanços, as carreiras profissionais relacionadas a essas disciplinas ainda são consideradas pouco atrativas para grande número dos jovens que pretendem ingressar na gradu-ação, especialmente na modalidade licenciatura, resultando em uma baixa procura dos estudantes no momento do vestibular e em uma alta taxa de desistência durante o curso.Diante dessa realidade pouco animadora, é preciso lembrar que é

especialmente na escola que as crianças e os adolescentes adqui-rem não apenas informação e conhecimento sobre diversas áreas do saber, mas, também, valores, interesses e competências sobre como produzir esse conhecimento. É preocupante que se observe que, além da expressiva carência de professores na educação bá-sica com formação específica em disciplinas da área das Ciências Naturais, apenas 11% das escolas públicas e privadas possuem laboratórios de Ciências (INEP, 2012). Nesse contexto, tornar a docência mais atrativa para os ingres-santes e formandos em cursos de graduação na área das Ciências Naturais e desenvolver nos alunos, por meio de uma infraestru-tura adequada e práticas pedagógicas atraentes, o interesse e a capacidade para a pesquisa, para a experiência e para as ciên-cias é, provavelmente, o caminho mais eficiente de se garantir a continuidade e o fortalecimento de um campo científico que tem muito a contribuir para o desenvolvimento do país. É preciso, mais do que nunca, educar os futuros cientistas.

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O jornal PósMicro agradece a todos seus colaboradores. O jornal é uma publicação que obedece ao propósito de estimular o debate sobre os temas de interesse para o programa de pós-graduação em microbiologia e de refletir as diversas tendências na microbiologia. As opiniões e ideias expressadas pelos autores não necessariamente correspondem à filosofia do jornal.

Micro-organismos na Compostagem

Mestranda Maria Cecilia Maia Chierotti e-mail: [email protected]

No ano de 2013, foram gerados 1,041 kg de lixo por habitante/dia no Brasil, totalizando 209.280 toneladas por dia. Estratégias para melhorar o manejo dos resíduos incluem a compostagem. Esse processo é caracterizado pelo crescimento inicial de micro-organismos mesofílicos (que crescem em temperatura ambiente), que utilizam as fontes de carbono prontamente assimiláveis, gerando calor através das reações metabólicas. Com o aumento da temperatura, há inibição do crescimento dos micro-organismos mesofílicos e germinação dos esporos termofílicos (que crescem a temperaturas mais elevadas), que necessitam secretar enzimas para despolimerizar polímeros, que não foram assimilados pelos fungos mesofílicos. Pesquisas têm buscado a prospecção de fungos que habitam ambientes contendo resíduos urbanos em processo de compostagem e posterior avaliação do potencial enzimático para empregá-los em várias áreas da biotecnologia, como na produção de etanol celulósico. Em trabalho realizado durante 2012 e 2013, com a parceria do Laboratório de

Bioquímica e Microbiologia Aplicada do Ibilce e a Empresa Constroeste e Participações Ltda, alguns exemplares de fungos de compostagem foram estudados e são mostrados na Figura 1.

Fig 1. Exemplares de Aspergillus sp. (a), Rhizopus sp. (b) e Aspergillus sp.

Os fungos isolados no trabalho citado apresentaram grande perspectiva para a produção de enzimas celulolíticas e hemicelulolíticas, e novos estudos estão sendo feitos a fim de utilizar as enzimas produzidas na hidrólise da celulose. A produção de etanol celulósico no Brasil é promissora, pois se trata de uma fonte abundante e com alto potencial energético. Além disso, o Brasil possui centros de pesquisa e infraestrutura para produção de etanol, que aliada a novas tecnologias, viabilizarão a produção do etanol celulósico.

a b c

A Importância da Virologia Ambiental

Prof. Dra. Isabel Guedese-mail: [email protected]

Há um conjunto imenso de contaminações ambientais decorrentes de várias fontes, como, por exemplo, os hidrocarbonetos, metais pesados, materiais radioativos, patógenos, entre outros. Se tomarmos o grupo dos pátogenos, encontraremos os vírus, causadores de uma infinidade de doenças, oriundas da falta de saneamento básico e de alimentos contaminados, dentre as quais se pode destacar as gastroenterites, as hepatites e as pneumonias.Para melhor conhecermos esses agentes, surgiu a Virologia Ambiental. A subárea, apesar de lidar com um extenso campo de pesquisa, possui um importante papel no controle dos recursos hidricos, saneamento básico, vigilância sanitária e epidemiológica, tendo ganhado destaque após o desenvolvimento de técnicas de biologia molecular, que permitiram a caracterização e a identificação de vírus ambientais, bem como o seu monitoramento em surtos de gastroenterites não bacterianas e outras doenças.

A virologia ambiental vem se destacando em estudos das vias de transmissão dos vírus entéricos, como o norovírus, rotavírus, adenovírus entéricos, vírus da hepatite A e E, entre outros. O grupo de vírus entéricos ou de disseminação entérica (fecal-oral) é frequentemente alvo de investigação no ambiente e é composto de diferentes familias e gêneros que estão associados aos mais diferentes quadros de doenças infecciosas tais como: meningite, miocardites, anomalias do coração, diabetes, hepatites, gastroenterites, etc.Esses vírus, em geral, têm um simetria icosaédrica, não são envelopados e são muito resistentes às condições desfavoráveis do meio ambiente. Os norovírus são os principais causadores de surtos de gastroenterites virais, por veiculação hídrica, seguido dos adenovírus, echovirus e vírus da hepatite A e E. Recentemente, foi descrito como agente de pneumonia, o Acanthamoeba polyphaga mimivirus (APMV), da familia Mimiviridae, um parasita obrigatório de protozoários. Diferentes vírus gigantes têm sido associados com protozoários do ambiente aquático, e o papel destes ainda é controverso na patologia humana.

Congresso Brasileiro de Virologia: Primeira participação

Por: Graduanda Mônica Mayumi Akinaga e-mail: [email protected]

O Congresso Brasileiro de Virologia, realizado em 2014, em Ribeirão Preto, foi o primeiro congresso do qual pude participar na minha graduação. Confesso que estava ansiosa para saber como seria, não sabia bem o que esperar. Iria apresentar meu primeiro pôster, resultado de minha IC, sob orientação da Profa. Dra. Paula Rahal. No congresso, destaco o interesse dos participantes em meu projeto, característica que pude observar em todo o evento. Uma preocupação com o andamento e com os resultados da pesquisa. Com a participação no congresso,

pude ter contato com as diversas subáreas da Virologia, das quais destaco a relação da Virologia com as plantas e com os invertebrados. Obtive muitas experiências boas no congresso, que me trouxe áreas que não conhecia e que achei interessante, além de discussão com pesquisadores que também trabalham com o vírus HCV - Hepatite C que eu trabalho.

DEPOIMENTO

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MICRO Dicionário

Autótrofo: organismo que usa CO2 como fonte de carbono.Ciclo de Calvin: rota bioquímica para fixar o CO2 por muitos organismos autótrofos.Fototrófico: organismo que usa a luz como fonte de energia.

PROEXPRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

EQUIPE RESPONSÁVELEditora Chefe: Prof. Dra. Paula Rahal; Vice-editor-chefe: Guillermo Ladino Orjuela;

Apoio: Tiago Casella; Mariana Nogueira Batista; Rafael Rahal Guaragna Machado; Maria Cecilia Maia Chierotti; Mônica Mayumi Akinaga - Revisão de redação: Gustavo da Silva Andrade.Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas IBILCE - UNESP - Câmpus de São José do Rio Preto

Rua Cristovão Colombo, 2265 - Jardim Nazareth - CEP 15054-000 - São José do Rio Preto Contato Fone - 17-3221.2379 - Fax - 17-3221.2390e-mail: [email protected] - Facebook: https://www.facebook.com/posmicro - http://www.ibilce.unesp.br/#!/pos-graduacao/programas-de-pos-graduacao/microbiologia/jornal-posmicro

Explorando fontes naturais em busca de novas terapias antivirais

Por: Profa. Dra. Ana Carolina Gomes Jardimemail: [email protected]

A utilização de produtos extraídos de plantas ou de animais no tratamento de doenças tem sido praticada por séculos pela população. Muitos fármacos comerciais foram originalmente isolados ou baseados a partir de estruturas químicas encontradas na natureza, como o analgésico aspirina, a antimalárica Quinina, e um dos agentes anticâncer mais utilizados no mundo, o Taxol. Aproximadamente 40 novos fármacos lançados no mercado entre 2000 e 2010 foram derivados de plantas, micro-organismos ou animais.Pelo inquestionável potencial terapêutico, muitos estudos investigaram as propriedades antivirais destes compostos nas ultimas décadas. Por que não utilizar os produtos naturais, uma vez que drogas antivirais produzidas por tecnológicas modernas estão disponíveis? Apesar dos avanços contínuos no desenvolvimento de novas terapias, as doenças causadas por vírus se tornaram a principal causa de morte no mundo. Além

disso, o custo de produção de tais medicamentos é alto e os efeitos colaterais são graves.Com isso, nos últimos anos foi relatada a atividade de antivirais naturais contra vírus responsáveis por várias doenças humanas, como o vírus do herpes, da influenza, da imunodeficiência humana e das hepatites B e C, bem como de viroses animais com importância econômica. Os mecanismos destes agentes são baseados em suas atividades antioxidantes, de interferência na síntese de ácidos nucléicos, e inibição de diferentes estágios do ciclo de infecção.Os desafios para transformar o conhecimento científico em medicamentos autorizados são muitos e incluem etapas como a síntese química de compostos e a experimentação quanto à eficácia, segurança e toxicidade em animais e em humanos. Atualmente, o produto natural de amplo espectro Secomet V está em fase de experimentação em pacientes infectados pelo HIV, mas muito será testado até que alcance as prateleiras. A descoberta de novos antivirais merece grandes esforços, que são certamente justificáveis pelos fins alcançados.

Resumo do Edital nº 01, de 01 de dezembro de 2014Concurso PósMicro de Textos Científicos

O corpo editorial do Jornal PósMicro, do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia IBILCE-UNESP, torna pública a abertura do Concurso PosMicro de Textos Científicos.

1. OBJETIVO: o objetivo deste concurso é incentivar a desenvoltura de escrita de alunos

de todos os níveis de Educação, de instituições de ensino e/ou pesquisa, através da escrita de temas propostos de forma clara e objetiva. Para tanto, serão selecionados os melhores textos e premiados os primeiros classificados em conformidade com os critérios apresentados no Edital (disponível em breve na fanpage do Jornal PósMicro).

2. PÚBLICO-ALVO: este concurso destina-se a alunos regularmente matriculados em qualquer Instituição de Ensino, da rede Pública ou Privada, da Educação Básica à Superior, e pesquisadores vinculados a Institutos de Pesquisa, Públicos ou Privados.

Fica vetada a inscrição de docentes de Instituição de Ensino pública, de membros do Jornal PósMicro e da Comissão Julgadora deste concurso.

3. CRONOGRAMA:• 12/01/2015- abertura do Edital e do período de inscrições• 13/03/2015- encerramento das inscrições• 01/05/2015- divulgação dos resultados do concurso

4. PREMIAÇÃO: serão classificados os melhores textos científicos (a quantidade é indefinida, desde que apresentem qualidade a seleção) para publicação no Jornal PósMicro, porém apenas os primeiros melhores de cada categoria (“Ensino Básico”, “Graduação” e “Pós-Graduação/Pesquisador”) serão premiados com a quantia de R$ 200,00 (duzentos reais) para cada ganhador. Os segundos e terceiros colocados de cada categoria serão premiados com uma Menção Honrosa, com certificado emitido e assinado pela coordenação do Jornal PósMicro.

5. DIVULGAÇÃO DO RESULTADO: o resultado final do concurso será divulgado no dia 01/05/2015, na página do Facebook® do Jornal PósMicro (https://www.facebook.com/posmicro) e pelo e-mail dos autores de textos selecionados.

Em breve, maiores informações.Acompanhe a fanpage do Jornal PósMicro no Facebook®!!!

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