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POSSIBILIDADES E PERSPECTIVAS PARA O … E PERSPECTIVAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA: A CARTOGRAFIA E AS NOVAS FORMAS DE ABORDAGEM ESPACIAL Uelington Silva Peixoto Graduando

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POSSIBILIDADES E PERSPECTIVAS PARA O ENSINO-

APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA: A CARTOGRAFIA E AS NOVAS

FORMAS DE ABORDAGEM ESPACIAL

Uelington Silva Peixoto

Graduando em Geografia – UNEB DCH Campus V

Professor no Colégio Estadual Ruy José de Almeida

E-mail: [email protected]

Hanilton Ribeiro de Souza

Professor Assistente do Colegiado de Geografia – UNEB DCH Campus V

E-mail: [email protected]

A prática pedagógica é extremamente importante no processo de ensino-

aprendizagem, sendo responsável pelo sucesso ou fracasso de uma aula. Assim, é preciso

refletir sempre sobre tal processo para obter êxito na sala de aula, ao passo que a forma de

ensinar, quando bem feita, direciona para a construção do conhecimento pelos alunos. No

caso da Geografia, por ser uma ciência que envolve muitos conteúdos que preenchem a nossa

realidade, a necessidade de práticas dinâmicas aparece de forma bastante notória, pelo fato do

aluno necessitar contextualizar e relacionar os conteúdos da escola com a vida cotidiana, e

vice-versa.

No entanto, isso nem sempre acontece, pois muitos profissionais da educação eximem-

se de metodologias mais dinâmicas e contextualizadas, à medida que não percebem a

interdisciplinaridade e a presença da Geografia em nosso cotidiano. Nesse sentido, o presente

trabalho tem por objetivo propor formas de ensino e aprendizagem da linguagem cartográfica

no ensino básico, utilizando instrumentos presentes no cotidiano do professor e aluno.

A Geografia tem em seu objeto - o espaço geográfico -, uma arma para a desalienação

do indivíduo, à medida que a plena apreensão da realidade é um fator de libertação e

emancipação. O pressuposto maior para tanto, está contido na ideia de que o ser humano

realiza as suas funções cotidianas no espaço geográfico e, por isso, necessita conhecê-lo para

melhor se apropriar e promover as transformações necessárias. Para que isso ocorra, é

imprescindível a ação inicial de localização e orientação dentro do espaço, o que torna a

cartografia relevante dentro da Geografia.

Saber se localizar e se orientar constituem ferramentas preponderantes para o

funcionamento da vida cotidiana, bem como condição de segurança e autonomia. Durante

todo o dia as pessoas se deparam com situações que exigem conhecimentos cartográficos, seja

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em placas de trânsito, ao serem orientadas sobre qual direção devem seguir quando pedem

informações de como chegar a um determinado lugar, entre outros casos. Esses fatos só

reforçam a importância do saber geográfico e das técnicas de localização. Segundo as

considerações de Simielli (apud ALESSANDRI, 1999) acredita-se que o domínio da leitura

de mapas possibilita ao sujeito notórios avanços na leitura e interpretação do espaço cotidiano

e no geral.

Os mapas nos permitem ter domino espacial e fazer a síntese dos

fenômenos que ocorrem num determinado espaço. No nosso dia-a-dia

ou no dia-a-dia do cidadão, pode-se ter a leitura do espaço por meio de

diferentes informações e, na cartografia, por diferentes formas de

representar estas informações. Pode-se ainda ter diferentes produtos

representando diferentes informações para diferentes finalidades:

mapas de turismo, mapas de planejamento, mapas rodoviários, mapas

de minerais, mapas geológicos, entre outros. (SIMIELLI apud

ALESSANDRI, 1999, p. 95)

Para Almeida (2001), saber interpretar conteúdos de mapas é essencial para a vida

cotidiana. Na atualidade, os cientistas, devido aos avanços tecnológicos, já tem conhecimento

de todas as partes do planeta, mesmo que ainda hajam lugares ainda nunca mapeados pela

cartografia geográfica. A música “Parabolicamará”, do cantor e compositor Gilberto Gil

demonstra muito bem essa ideia, quando reflete sobre a concepção de Mundo e Terra: “Antes

mundo era pequeno, porque Terra era grande. Hoje é mundo é muito grande, porque Terra é

pequena.” Pela interpretação da obra, na qual o autor buscou demonstrar que o avanço do

conhecimento cartográfico permitiu a expansão do “mundo”, ou seja, do conhecimento que

temos da realidade. Assim, fica evidente que o saber cartográfico permite maior

conhecimento do mundo. Nesse sentido, Almeida (2001), destaca que,

[…] indivíduo que não consegue usar um mapa está impedido de

pensar sobre aspectos do território que não estejam registrados em sua

memória. Está limitado apenas aos registros de imagens do espaço

vivido, o que o impossibilita de realizar a operação elementar de situar

localidades desconhecidas. (ALMEIDA, 2001, p. 17)

Entretanto, nem todos reconhecem essa importância, e por isso, reproduzem os

problemas no ensino de cartográfica escolar, o que ocorre há muito tempo. É muito comum

encontrar estudantes relatando que não gostam de Geografia, por considerarem uma ciência

enfadonha, decoreba e sem aproximação com a realidade. Essa opinião pode ter sido

construída e fundamentada nas aulas tradicionais e pouco dinâmicas de seus antigos

professores. Dessa forma, não se pode condenar os estudantes que pensam assim, ainda mais

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porque a identidade dos seres humanos é fruto das vivências, e se tais foram influenciadas

por abordagens errôneas dos conteúdos geográficos, é muito difícil que os alunos tenham

opinião positiva.

Mais corriqueiro ainda é avistar discentes, mesmo nas graduações em Geografia,

dizendo que não tem afinidade com a Geografia física, que nunca aprenderam a ler mapas,

muito menos a produzi-los. Essa problemática também emana dos retrógrados tratamentos

dados à cartografia. Muitos professores de educação básica, por não terem tido uma formação

adequada e tampouco cursos de aperfeiçoamento na área, simplesmente retiram a cartografia

dos seus planos de curso, ou quando muito, explanam esse conteúdo de forma muito

superficial, pedindo para que o aluno meramente faça cópias de mapas; reproduza com

desenhos algum determinado espaço ou apenas pinte um mapa qualquer. Isso quando não

pede para que o aluno identifique num mapa alguma determinada cidade ou estado, sem que

este tenha tido antes uma explanação científica coerente, o que resulta em uma atividade feita

por dedução, isso quando as respostas não são copiadas de um mapa já pronto.

Essas mazelas são consequências da falta de atividades mais lúdicas nas práticas

docentes. Muitos professores simplesmente eximem-se de levar materiais didáticos mais

dinâmicos para sala de aula, com isso, os resultados são aulas maçantes e pouco criativas. O

desinteresse por estudar Geografia pode também estar associado ao fato de alguns docentes

não proporem atividades mais contextualizadas à realidade local e social dos alunos. Falar de

algo que está longe e desconhecido, de forma abstrata, sem ter nenhuma relação com o que

conhecemos e vivemos, ou sem mostrar a utilidade em se estudar algo, pode ser

desestimulante. Os educandos, atualmente, vivem sob a atmosfera de um mundo muito

dinâmico e imagético, no qual as transformações são instantâneas. Assim, é muito difícil um

aluno se prender a uma aula tradicional, fundamentada nas técnicas do século XX. Souza e

Leal (2007, pp. 4-5) creem que,

[…] devido à resistência de alguns educadores, não há uma

modificação na metodologia e nas técnicas para o ensino da

Cartografia, sendo assim, evita-se o aprofundamento dos conteúdos

que envolvem essa área, privando dessa forma nossos educandos de

tais conhecimentos. Como resultado disso, os alunos do Ensino

Básico, como também muitos jovens que ingressam nas faculdades de

Geografia possuem enormes dificuldades relativas à orientação,

localização, posicionamento espacial, análise de mapas e demais

conhecimentos cartográficos. Tal deficiência geográfica/cartográfica

dificulta a apropriação plena do espaço geográfico e,

consequentemente, a inserção positiva do indivíduo nesse espaço.

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Todavia, muitos autores abordam que a problemática do ensino e aprendizagem de

cartografia remeta a questões que vão além dos fracos suportes metodológicos. Almeida

(2001) acredita que estudar mapas prontos, já itemizados, com todos os atributos

cartográficos, não é o bastante para atingir o êxito na aprendizagem. Para a autora, o aluno

tem que se dar conta do processo de construção de um mapa, a fim de que possa entender o

motivo de cada componente ser posto para identificar cada atributo. Segundo ela,

[…] a representação do espaço não pode ser tratada de modo abstrato,

partindo de produtos prontos, acabados e veiculados em diferentes

materiais didáticos. O aluno deve construir o conceito de mapa, ele

precisa se dar conta do que é um mapa, de como é produzido; por

meio do sistema de coordenadas, em escala, a partir de uma projeção

do espaço tridimensional sobre o plano do papel. Para tanto, é

imprescindível que o aluno tenha domino das relações espaciais

euclidianas e projetivas. Além disso, o modo de ensinar (metodologia)

não pode ser o discurso e o uso de materiais prontos. A construção de

conceitos exige diferentes situações, nas quais um problema instigue o

aluno, desafiando suas estruturas de pensamento. (ALMEIDA, 2001,

p. 72)

Atualmente, os professores, sobretudo no período da alfabetização cartográfica, optam

por levar para sala de aula, mapas já acabados, cobrando dos alunos pinturas do material,

localização de pontos específicos, entre outros. Essa metodologia apresenta diversas

incoerências, pois não contempla todo o processo de aprendizagem, na verdade pula muitas

etapas. Antes, alguns professores utilizavam técnicas mais interessantes, por exemplo, os

mapas mentais da sala, que possibilitavam a percepção do espaço cotidiano e sua posterior

representação. Vale ressaltar que nesse trabalho de mapa mental, o produto não eram mapas, e

sim desenhos das salas de aula, haja vista que um mapa é algo mais bem elaborado,

respeitando reduções projetivas.

Mesmo os trabalhos com confecção de croquis e mapas mentais foram desaparecendo

das metodologias pelo país. No lugar surgiram produtos de empresas privadas adotadas pelo

Estado. Muitos desses aparatos foram integrados aos planos nacionais e acabaram indo parar

nas salas de aula. Um caso clássico são os mapas disponibilizados pelo governo, no qual o

professor é orientado a cobrar pinturas. Pela discussão que está sendo travada até agora, fica

evidente que essa é uma forma equivocada de ensinar cartografia, pois com ela, os alunos não

vão entender a estrutura dos mapas, no máximo conseguirão pintar. Este exemplo mostra

claramente a fragilidade metodológica no ensino de cartografia no País.

Outro grande agravante se remete a atuação de professores que reduzem o papel da

cartografia, à medida que trabalham com mapas como suporte para outros conteúdos,

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utilizando as bases cartográficas apenas para identificar cidades, países, regiões e memorizar

o conteúdo. É dessa forma que a Geografia vem sendo trabalhada em muitos lugares, fazendo

com que o estereótipo de ciência decoreba se reforce ainda mais.

Almeida e Passini (2010) vão ainda mais além nessa discussão. As autoras acreditam

que o domínio nas leituras de mapas é tão importante quanto saber ler e escrever, pois vai dar

suporte para desenvolver qualquer tipo de conteúdo no universo escolar. Assim sendo, na

concepção delas, “preparar o aluno para a leitura cartográfica deve passar por preocupações

metodológicas tão sérias quanto a de se ensinar a ler e escrever, contar e fazer cálculos

matemáticos” (ALMEIDA E PASSINI, 2010, p. 15). Desse modo, é importante ter o ensino

cartográfico como elemento essencial no ensino básico, desde a educação infantil, pois há a

necessidade da aprendizagem de questões básicas, como pontos cardeais, localização,

orientação, dentre outros.

Todo esse arsenal de problemas pode produzir uma atmosfera de desânimo nos

educadores que buscam uma Geografia mais crítica e reflexiva. Induz a acreditar que o ensino

de cartografia está em grande decadência, sem nenhuma perspectiva de melhora, produzindo

uma sociedade totalmente desorientada espacialmente. No entanto, com muita maestria,

Souza e Leal (2007) demonstram que tudo isso é uma questão de forma, mais

especificamente, de práxis, sendo que os professores, ao passo que melhoram seus

procedimentos metodológicos em sala de aula, tornando-os mais dinâmicos, estão

contribuindo sobremaneira para a atenuação desses problemas. Os autores colocam que ao

Concebemos que podemos transformar o ensino- aprendizagem de

Geografia, a partir da revisão metodológica e a (re) construção de

técnicas de ensino, além da utilização de recursos didáticos presentes

no cotidiano da escola e dos educandos, estimulando a apreensão,

tanto do professor quanto do educando, de que os conhecimentos

cartográficos não são complicados, mas sim imprescindíveis para

estabelecer, além de sentimentos de segurança, movimentação,

identidade e apropriação espacial, a inserção do cidadão na sociedade.

(SOUZA e LEAL, 2007, p. 6)

A todo o momento presenciamos situações geográficas no dia-a-dia. Como Souza

(2009) coloca muito bem, Geografia é cotidiano, acreditando que a realidade é munida por

fatores geográficos, produzidos pela própria dinâmica da vida humana. Sendo assim, as

pessoas produzem espaço diariamente, transformando o mundo em um verdadeiro universo

para a análise geográfica.

Para Kaercher (1999, p. 66) “O homem faz seu espaço diariamente e nem por isso

acha que está fazendo Geografia. Muito menos se põe a pensar sobre ele”. Nessa perspectiva,

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a sociedade nem se dá conta do quanto a Geografia está na vida das pessoas, negligenciado

assim a importância dessa ciência. No entanto, o problema vai mais além, haja vista que

muito professores de Geografia esquecem ou nem sabem desse detalhe e contribuem para o

enfraquecimento metodológico da ciência geográfica.

Pensando nessa realidade, buscaremos, doravante, apresentar formas e práticas

pedagógicas, baseadas em instrumentos do cotidiano, visando oferecer contribuições para

outros professores de Geografia. Para tanto, selecionamos quatros grandes aparelhamentos:

Placas de trânsito; Google Mapas; Mapas mentais; e o jogo Batalha Naval.

Esse papel das placas demonstra sua função cotidiana nas cidades, sobretudo. Mas, no

entanto, o professor de Geografia, com um pouco de atenção e criatividade, pode transpor o

conteúdo social das placas para a sua prática em sala de aula. Com isso, o docente poderá

instigar no aluno a aprendizagem de temas sobre localização e orientação no espaço. Pelas

placas, o aluno, sobretudo nas series iniciais, pode começar a ter as primeiras noções de

esquerda e direita, frente e atrás, em cima e embaixo.

Geralmente essas placas vêm com uma informação e uma seta indicando o sentido da

mesma. Assim, pode se perceber as formas de como chegar a determinado local pelo simples

gesto de seguir uma direção. É claro e evidente que nesses casos está se adotando formas

topológicas de análise espacial (ALMEIDA, 2010), haja vista que o referencial sempre é o

sujeito que busca orientação, ou seja, as direções são tomadas a partir de quem observa.

Em sala de aula, o professor pode usar placas para realizar trabalhos sobre

direcionamento. Recomenda-se que seja realizado nas séries que estão em período de

alfabetização cartográfica, na medida em que nesse momento o aluno ainda está construindo

as noções de direção. O professor pode apresentar diversas placas que visem orientar direções

a serem tomadas e, com isso, solicitar que o discente fale sobre o que entendeu. Assim sendo,

o aluno começa as noções de direções. O professor ainda pode realizar um trabalho de campo

pelas ruas do bairro e/ou cidade, a fim de observar as placas existentes, bem como solicitar

aos alunos que observem e anotem as placas do percurso casa-escola-casa para se trabalhar

em sala de aula.

A sociedade se encontra num período onde é necessária a introdução das novas

tecnologias em sala de aula, à medida que estas já se encontram presentes no cotidiano. Vale

ressaltar que as novas técnicas não se difundiram para todos, no entanto, nas classes sociais

em que chegam com mais facilidade, se tornaram parte do dia a dia. Nesta perspectiva, a

escola deve ser o local da inserção tecnológica, diminuindo assim a exclusão digital de grande

parte da população.

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Como exemplo, temos o Google, empresa multinacional de serviços online e software

dos Estados Unidos, que criou uma forma bastante ilustrativa de viajar pelo planeta, o Google

Mapas. Em essência, é um serviço de pesquisa e visualização de mapas e imagens de satélite

da Terra, de acesso gratuito na web.

O software ainda disponibiliza escala e mapa de localização. Interessante nessa

conjuntura, entre outros, é que o professor pode instigar o aluno, ao usar esse programa na

sala de aula, para a aprendizagem de projeção cartografia e, principalmente, escala. Esses dois

temas aparecem como grandes vilões no processo de ensino e aprendizagem de cartografia,

visto que é muito difícil para o aluno entender que uma imagem observada por ele pode ser

grafada numa folha de papel. Em muitos casos, o professor não percebe que para o aluno tal

redução apresenta inúmeras dificuldades de assimilação do conteúdo. Além disso, é evidente

que não haverá muita rejeição por esses instrumentos, já que muitos alunos estão diariamente

conectados a internet, muitas vezes mais familiarizados com o programa do que os próprios

professores. Aqui entra a discussão quanto aos cursos de capacitação e aperfeiçoamento

docente na área de Geografia, a fim de que os professores possam acompanhar as inovações

tecnológicas na área geográfica.

Esse instrumento pode ser considerado um dos mais importantes para ensino de

cartografia. Com ele, pode-se aprender a projetar a realidade na forma de croquis e mapas,

executando, desse modo, o que discutimos anteriormente sobre o aluno necessitar entender o

processo de cartografação para poder ler e entender os mapas.

Uma grande mazela da cartografia está contida na dificuldade de interpretar o espaço

percebido. Quando o professor pede, por exemplo, para o aluno desenhar seu caminho de casa

até a escola, o mesmo está tentando instigar a representação do espaço vivido. Essa

metodologia baseia-se na ideia de que a aprendizagem tem que partir do próximo para global,

ou seja, o aluno precisa inicialmente entender como analisar as representações do espaço em

que vive, para posteriormente analisar representações de espaço distantes, nunca por ele

explorados, mas que estão diariamente na mídia.

Além disso, o mapa mental pode servir como suporte para o entendimento das

questões voltadas para a escala, assim como o Google Mapas, entre outros. Nesse sentido, ao

passo que o educando representa um espaço de convivência cotidiana numa folha de papel,

abrem-se portas para o entendimento da realidade. O aluno vai poder perceber que o que ele

vê foi reduzido, sob condições matemáticas, para se adequar ao tamanho da superfície de

exposição, no caso o papel. Vale ressaltar que, dificilmente, o aluno vai conseguir transpor

com todos os detalhes da computação gráfica, isto é, o desenho dele não respeitará a redução

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equitativa de todos os objetos do espaço, mas mesmo assim, pode significar um grande

suporte para o entendimento do conteúdo em questão.

Atividades lúdicas, como os jogos, geralmente são muito bem recebidas pelos alunos.

Os educandos brincam aprendendo e aprendem brincando os conteúdos, pois os jogos

significam uma forma dinâmica e divertida de interiorizar os assuntos em sala de aula. Um

instrumento muito usado é o jogo Batalha Naval, no qual jogam dois jogadores (a sala pode

ser dividida em dois grupos) e o objetivo é adivinhar em quais quadrados estão os navios do

oponente.

Pela logica da brincadeira, os participantes vão se locomovendo pelo tabuleiro,

tomando como orientação a combinação entre números e letras. Isso é muito interessante para

o presente trabalho, pois as habilidades desenvolvidas são muito semelhantes às necessárias

para o entendimento das coordenadas geográficas. O aluno vai se envolvendo com o jogo,

locomovendo-se pelos pontos de intersecção entre colunas e linhas, e cada vez mais aprende a

se localizar no espaço. Para trabalhar com esses instrumento é muito fácil, pois o professor

pode simplesmente levar tabuleiros para a aula ou construir um num cartaz, a fim de executar

o jogo em sala de aula.

Esse conteúdo é de extrema importância para a análise geográfica, haja vista que a

convenção maior de localização de pontos na superfície do planeta é através das coordenadas

geográficas. Sendo assim, a importância desse jogo que, num primeiro momento pode parecer

inútil para a geografia, ou senão impossível de se trabalhar em sala de aula, demonstra sua

relevância para as aulas de Geografia/cartografia.

Com base no mencionado, pode-se conclui que a Geografia ganha muita relevância

nos grandes centros de discussões mundiais, pois essa ciência é responsável pelo estudo da

relação entre homem e natureza. Desse modo, os grandes debates da atualidade são incluídos

dentro do campo de análise geográfico, tornando-a importante instrumento de resolução de

tais problemáticas.

No entanto, na sala de aula, a Geografia não é tratada com tanta relevância, sendo que

muitos profissionais utilizam-na como disciplina para decorar nomes de rios, cidade, países,

dentre outros aspectos. Tudo isso reproduz práticas mnemônicas, que ao invés de serem

abolidas, vem sendo perpetuadas no ensino de Geografia. Isso ocorre concomitante a um

universo de discussão e reformulação do ensino de Geografia que ocorre desde a década de

1970, o que demonstra claramente o despreparo ou a resistência com as mudanças de alguns

professores, que simplesmente não percebem a importância da Geografia mais

contextualizada e ressignificada para a construção de indivíduos mais reflexivos e autônomos.

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Entretanto, o simples fato de observar a paisagem ao seu redor já pode dar ao docente,

inúmeros meio de dinamizar as suas aulas. O professor, facilmente, pode transpor elementos

do cotidiano dos alunos para a escola, e torná-los instrumentos pedagógicos nas aulas,

sobretudo de Geografia. O que falta, realmente, é o docente perder o medo de inovar e

arriscar, de levar coisas novas para o espaço escolar, produzindo aulas extremamente

participativas e dinâmicas, tudo com compromisso e sem perder o caráter científico. Sabe-se,

claramente, que aulas recheadas de recursos didáticos, quando aplicados de forma correta, têm

maiores chances obter êxito na aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Prática Pedagógica; Geografia; Cotidiano; Cartografia.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Rosângela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica. São Paulo:

Contexto, 2001.

ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Yasuko. O Espaço Geográfico: Ensino e

Representação. São Paulo: Editora Contexto, 2010.

FONSECA, Fernanda Padovesi: OLIVIA, Jaime Tadeu. A Geografia e suas linguagens: o

caso da cartografia. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (org.). A Geografia na Sala de Aula.

São Paulo: Contexto, 1999.

KAERCHER, Nestor André. Desafios e utopias no ensino de Geografia. Santa Cruz do Sul:

EDUNISC, 1999.

SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS,

Ana Fani Alessandri (org.). A Geografia na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 1999.

SOUZA, Haniton Ribeiro de. Jatobá, Ione. Reencantando a cartografia nas aulas de

geografia. Trabalho apresentado no IX ENCONTRO NACIONAL DE PRÁTICAS DE

ENSINO DE GEOGRAFIA – ENPEG, Goiânia, 2007.

SOUZA, Haniton Ribeiro de. O cotidiano na Geografia, a Geografia no cotidiano. IN:

Trabalho apresentado no X ENCONTRO NACIONAL DE PRÁTICAS DE ENSINO EM

GEOGRAFIA. Porto Alegre, 2009.