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ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR 1,60 Director Henrique Dias Freire • Ano XXVI • Edição 1104 • Semanário à sexta-feira • 14 de Junho de 2013 • Preço 1 PUB Veja anúncio pág. 7 CA EMPRESAS 6 2 anos EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO > Dois anos depois da tomada de posse do Governo de Passos Coelho, os projectos estrutu- rantes da região estão todos na gaveta. A vitória que Passos conseguiu em 2011 no Algarve de nada valeu aos algarvios no que diz respeito às suas neces- sidades mais prementes p. 3 Dois anos de Passos Coelho ditam esquecimento do Algarve > A capital algarvia reformulou por completo a sua frota de transportes urbanos. Vinte e um novos autocarros vão trans- portar 1,5 milhões de passagei- ros no primeiro ano. Uma revo- lução na mobilidade pela mão de Macário Correia p. 4 “Incubadora de empresas em Tavira arranca em Julho” João Pedro Rodrigues, presidente da EMPET: > 2 PUB D.R. D.R. Mário Nogueira acusa Crato de “costela fascista” EDUCAÇÃO RICARDO CLARO Faro ganha novos autocarros urbanos TRANSPORTES Obras do Parque Ribeirinho Já mexem FARO D.R. > 6 Macário a dias de abandonar a Câmara AUTARQUIA Campanha de recolha de alimentos: O Banco Alimentar do Algarve recolheu menos toneladas de alimentos, mas há novidades, na região a capacidade de armazenamento de frescos da instituição aumentou > 8 144 toneladas para o Banco Alimentar Solidariedade dos algarvios: EM FOCO 2 PASSOS COELHO VOTA REGIÃO AO ESQUECIMENTO 3 FARO RENOVA TRANSPORTES URBANOS 4 MÁRIO NOGUEIRA ACUSA CRATO DE “COSTELA FASCISTA” 5 OBRAS DO PARQUE RIBEIRINHO JÁ ESTÃO NO TERRENO 6 ALGARVIOS AJUDAM COM 144 TONELADAS DE ALIMENTOS 8 CLASSIFICADOS 10 > 9 > 5

Postal 1104 14 JUN 2013

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• VEJA O POSTAL DESTA SEMANA • Sexta-feira (14/6) nas bancas com o PÚBLICO • NESTA EDIÇÃO COM O CULTURA.SUL • • Partilhe o que é indispensável saber sobre o Algarve • EM DESTAQUE: > Dois anos de Passos Coelho ditam esquecimento do Algarve > 144 Toneladas para o Banco Alimentar > Incubadora de empresas em Tavira arranca em Julho > Faro renova rede de transportes > Eleições no CDS-PP / Algarve anuladas > Mário Nogueira acusa Nuno Crato de ter “costela fascista” > Marcha lenta inicia verão quente contra as portagens > Obras do Parque Ribeirinho já estão no terreno > Demolido cais na Praia dos Pescadores > Vela de Tavira sobe à primeira divisão > Contagem decrescente para o adeus a Macário > Tavira desafia a conhecer o Rio de Janeiro > Copa Foot 21 chega a Lagoa e Portimão • POUPE centenas de euros ao assinar o POSTAL por 30€ anuais com o Plano de Saúde gratuito em medicina dentária, estética e ginásio • PRÓXIMA EDIÇÃO DO POSTAL dia 5 de Julho

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Page 1: Postal 1104 14 JUN 2013

ÀS SEXTAS EMCONJUNTO COM OPÚBLICO POR €1,60

Director Henrique Dias Freire • Ano XXVI • Edição 1104 • Semanário à sexta-feira • 14 de Junho de 2013 • Preço € 1

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Veja anúncio pág. 7

CA EMPRESAS

62anos

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO • EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO • EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO

> Dois anos depois da tomada de posse do Governo de Passos Coelho, os projectos estrutu-rantes da região estão todos na gaveta. A vitória que Passos conseguiu em 2011 no Algarve de nada valeu aos algarvios no que diz respeito às suas neces-sidades mais prementes p. 3

Dois anos de Passos Coelho ditam esquecimento do Algarve

> A capital algarvia reformulou por completo a sua frota de transportes urbanos. Vinte e um novos autocarros vão trans-portar 1,5 milhões de passagei-ros no primeiro ano. Uma revo-lução na mobilidade pela mão de Macário Correia p. 4

“Incubadora de empresas em Taviraarranca em Julho”

João Pedro Rodrigues, presidente da EMPET:

> 2

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d.r.

d.r

.

Mário Nogueira acusa Crato de “costela fascista”

EDUCAÇÃOricardo claro

Faro ganha novos autocarros urbanos

TRANSPORTES

Obras do Parque RibeirinhoJá mexem

FAROd.r.

> 6

Tavira:

Macário a dias de abandonar a Câmara

AUTARQUIA

Campanha de recolha de alimentos: O Banco Alimentar do Algarve recolheu menos toneladas de alimentos, mas há novidades,

na região a capacidade de armazenamento de frescos da instituição aumentou > 8

144 toneladas para o

Banco Alimentar

Solidariedade dos algarvios:

EM FOCO 2 PASSOS COELHO VOTA REGIÃO AO ESQUECIMENTO 3 FARO RENOVA TRANSPORTES URBANOS 4 MÁRIO NOGUEIRA ACUSA CRATO DE “COSTELA FASCISTA” 5

OBRAS DO PARQUE RIBEIRINHO JÁ ESTÃO NO TERRENO 6 ALGARVIOS AJUDAM COM 144 TONELADAS DE ALIMENTOS 8 CLASSIFICADOS 10

> 9 > 5

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2 | 14 de Junho de 2013

Pedro Ruas/Ricardo [email protected]

A EMPET, EMPRESA MAIORI-TARIAMENTE MUNICIPAL liga-da à gestão e promoção dos parques empresariais do con-celho prepara-se para dar início a uma nova fase da sua activi-dade, revelou ao POSTAL João Pedro Rodrigues, presidente da empresa.

O desafio passa pela imple-mentação de uma incubadora de empresas e de um centro de negócios que estarão prontos a partir do próximo mês de Julho.

Os dois projectos vão de-senvolver-se em dois espaços, um primeiro junto à sede da autarquia, no centro da cida-de, e um segundo a ser edifi-cado no Parque Empresarial de Santa Margarida, onde a aposta passa, sobretudo, pe-las start-ups (empresas em início de actividade), pelo co-working (aluguer de espaços de trabalho), e, finalmente, pelo centro de negócios, que disponibiliza gabinetes de tra-balho às empresas.

Nesta fase e no primeiro dos dois edifícios, a estrear já este Verão, há espaço para cinco empresas e dez postos de tra-balho em coworking.

A criação desta nova oferta empresarial no concelho pre-tende, segundo o responsável, “fazer a ligação com a univer-sidade, com institutos tecnoló-gicos e demais organismos que pretendam utilizar Tavira como centro dos respectivos negócios ou investigações”. Para tanto, foram “desenvolvidos proto-colos, redes de contactos, par-cerias e captação de empresas, antes mesmo da criação física dos edifícios”, refere o respon-sável.

Esta é “uma estratégia com-plementar que começámos a desenvolver há cerca de um ano num protocolo com o New

Jersey Institute of Technology”, de onde resultou o ciclo de conferências Ativar Tavira, com um importante impacto medi-ático e visibilidade, que serviu como mais uma componente promocional”.

OFERTA DIVERSIFICADA Sem esquecer que a venda dos lo-tes do parque empresarial é o “core business” da EMPET, João Pedro Rodrigues explica que a conjuntura económica aquan-do da finalização do parque empresarial obrigou a uma mu-dança de estratégia, sob pena de se ficar com um equipamento que se tornaria um “elefante branco”.

É nesta óptica que é criada a marca Ativar Tavira, um projec-to mais abrangente que o par-que empresarial, mas que tem, obviamente, o mesmo como pano de fundo.

Ativar Tavira é, portanto, uma marca que eleva a estratégia de rentabilização dos parques empresariais a uma ideia de tor-nar o concelho uma referência no mapa de negócios do país. “Um novo pulsar para a cidade”,

como consta do respectivo dis-curso comunicacional, criando um conceito que promove a aposta no empreendedorismo e que torne o concelho “uma grande incubadora de ideias, de negócios e de empresas”, mais apelativo aos investidores.

No que se refere ao já cita-do “core business” da EMPET, a venda de lotes do parque em-presarial de Santa Margarida e a dinamização do Parque de Feiras e Exposições, João Pedro Rodrigues apresenta alguns dos traços distintivos e característi-cas particulares que fazem des-tes locais um espaço vantajoso para a instalação de empresas.

Antes mesmo da defesa das valências do parque empresa-rial, o responsável da EMPET revela estar-se a diversificar a oferta quanto à disponibiliza-ção de lotes, o que passa pelo ar-rendamento. “Neste momento temos apenas um produto, que

são os lotes que, ou vendemos ou arrendamos e temos vindo a perceber que, dada a conjuntura económica, o arrendamento de instalações pode ser um bom negócio”.

Actualmente, decorre uma candidatura a fundos comuni-tários do QREN para a constru-ção de 12 armazéns destinados ao arrendamento, “num inves-timento global de 1,5 milhões de euros, co-financiados a 75%”.

Não obstante, um terço dos 117 lotes estar já vendido e apesar de apenas duas empresas estarem já a laborar, uma tercei-ra, ligada ao turismo, prepara--se para abrir portas no final do Verão.

Sobre as vantagens do par-que, João Pedro Rodrigues co-meça por enaltecer a qualidade de vida que Tavira oferece, mas considera que a localização é também uma mais-valia funda-mental. “O parque tem excelen-

tes acessos, à cidade, à EN 125 e à Via do Infante. Está a poucos quilómetros do Aeroporto de Faro e a cerca de 45 minutos de Huelva ou hora e meia de Sevilha”.

A APOSTA NO MERCADO ESPA-NHOL E Espanha é mesmo uma das apostas da EMPET no senti-do de chamar empresas que possam complementar a pro-cura nacional. “Têm sido desen-volvidos contactos e temos par-ticipado em iniciativas no outro lado da fronteira, temos trazido aqui alguns empresários espa-nhóis para lhes mostrar o par-que, porque a Andaluzia é uma das nossas prioridades”, garan-te o responsável.

Mas há mais variantes que tornam o parque como um es-paço apetecível à instalação das mais diversas áreas de negócio e que, segundo João Pedro Ro-drigues, distinguem o parque

situado em Santa Margarida dos demais parques empresa-riais da região. “Além da área industrial, o parque tem tam-bém lotes destinados a comér-cio e serviços, um ecocentro para resíduos diversos, a possi-bilidade de instalação de uma ETAR e uma estação de serviço”.

Tudo num espaço que dis-ponibiliza uma rede de águas para fins industriais, possibi-lidade de instalação de fibra óptica e rede de gás propano.

Contudo, é nos benefícios às empresas que o presidente da EMPET se centra, lembrando “a isenção de derrama e de taxas de ligação de água e esgotos e a pré-existência de uma decla-ração de impacto ambiental devidamente autorizada”.

De realçar o investimento a realizar pela própria EMPET nos 12 armazéns que serão destinados a arrendamento. O responsável da empresa muni-cipal lembra que o projecto de construção do segundo edifício da incubadora de empresas e centro de negócios, na zona de comércio e serviços, terá lugar para 25 empresas e cerca de 14 postos de trabalho em co-working. Este projecto foi já alvo de uma candidatura ao QREN, que está em apreciação e que se espera “aprovado breve-mente para que possamos dar início as obras ainda este ano”.

A estratégia delineada por Jorge Botelho para a com-petitividade e emprego na economia tavirense sabia-se demorada e apontou desde o início para colocar o conce-lho na senda do crescimento económico quando a econo-mia começasse a dar sinais de retoma. Ainda não há esses sinais na economia nacional mas Tavira continua a avançar com o programa preparando uma posição privilegeada para quando o tecido econó-mico começar a dar sinais de aquecimento.

em foco

Tavira arranca com incubadora de empresasDinamização económica e geração de emprego são as palavras de ordem

Ô João Pedro Rodrigues sublinha o novo impulso dado ao programa Ativar Tavira

pedro ruas

Os projectos em que a EMPET

aposta passam obrigatoria-

mente pela incuba-dora de empresas,

pela diversificação da oferta, com a constru-ção de armazéns para arrendamento e, não

menos importante, pela promoção que

continuamos a fazer nos contactos directos

com empresas”

João Pedro Rodrigues

Julho marca a data de abertura da primeira fase da incubadora de empresas e do centro de negó-cios que a EMPET – Parques Empresariais de Tavi-ra quer criar no concelho. A aposta do executivo

de Jorge Botelho na criação de condições para a instalação de novas empresas e para a geração de postos de trabalho entra assim numa nova fase.Em entrevista exclusiva ao POSTAL, João Pedro

Rodrigues, presidente da empresa, define as li-n h a s me st ra s do novo i mpu l so n a e st raté -gia de desenvolvimento económico do concelho.

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Page 3: Postal 1104 14 JUN 2013

região

14 de Junho de 2013 | 3

Ricardo [email protected]

DOIS ANOS E NADA. A vitória que os algarvios deram ao PSD e CDS-PP nas legislativas de 2011, muito à conta da von-tade de afastar Sócrates do po-der e punir o PS pelo descala-bro das contas públicas, é hoje uma vitória que garantiu à re-gião nada mais do que aban-dono e esquecimento.

Os números internos patentes na generalidade das estatísticas

apontam para uma recessão económica instalada e agrava-da pela austeridade que impli-ca cortes generalizados no país, mas e como está a situação no Algarve, poderão perguntar-se. O POSTAL olhou para os temas quentes da região desde a cam-panha eleitoral que deu a vitó-ria a Passos Coelho e constata que os resultados de dois anos deste Governo, assinalados a 5 de Junho, não trouxeram nada mais do que vazio de políticas para a região.

O PSD arrecadou no Algar-ve, em 2011, 37,03% dos votos e quatro deputados e o CDS--PP somou 12,71% e elegeu um, contra um PS debilitado que se ficou pelos 22,95% e dois assen-tos parlamentares. De pouco valeu a viragem à direita se-não para ditar a ida de Sócra-tes para Paris e sujeitar o país a uma austeridade imparável em nome do saneamento final das contas públicas, ficando ainda hoje por saber onde estará o fim deste desígnio último do país.

No Algarve a mesma onda laranja das urnas tentava pôr fim a um desemprego já en-tão galopante, a uma realidade autárquica genericamente en-dividada e à beira da paralisa-ção por défice de tesouraria e a uma economia recheada de debilidades, com a construção civil e imobiliário à cabeça dos sectores regionais mais atingi-dos pela erosão do mau desem-penho económico.

A VONTADE DE MUDAR ANTES DAS ELEIÇÕES Nas legislativas de 2011, evitaram-se as pro-messas claras aos eleitores algar-vios e os partidos do Governo apontaram a contenção como mote para garantir um futuro mais aliviado nos sacrifícios e mais virado para o fomento económico.

Mas sempre se foi dizendo que a construção do Hospital Central do Algarve “era a prio-ridade número um” e que “não poderia deixar de merecer luz verde no processo de análise custo-benefício”.

Que o desemprego era a “principal preocupação” e que a requalificação da EN 125 ti-nha de ser “relançada” e “con-cluído o plano de obras” para a existência de uma verdadei-ra alternativa à Via do Infante, face à dita impossibilidade de evitar portajar a A22.

A navegabilidade do Arade e do Guadiana exigia então que se procedesse ao “desassorea-mento dos rios” e na Justiça sublinhava-se a necessidade de “concretizar o Tribunal da Relação”.

Estas eram as palavras à co-municação social do cabeça--de-lista do PSD pelo Algarve, Mendes Bota, em 2011, a dias do acto eleitoral. E o principal partido do Governo de Passos Coelho garantiu nas urnas al-garvias um resultado que o pró-prio considerou, no rescaldo do acto eleitoral, “histórico”.

E DEPOIS O ESQUECIMENTO Mas a vontade do PSD e do CDS-PP do Algarve de mudar o rumo seguido para a região pelo Governo durante o consulado de Sócrates converteu-se num abandono e esquecimento que ninguém pode hoje ignorar.

Não que os deputados algar-vios no Parlamento tenham de-sistido de pugnar pela região, mas simplesmente porque a voz do Algarve se mostra débil e porque ao Terreiro do Paço e a São Bento as necessidades dos

algarvios chegam deficitárias de protagonismo e peso político.

Os líderes políticos regionais também eles se não calam, com Luís Gomes a fazer saber ao Go-verno e ao PSD nacional, em me-morando recente, o que de ur-gente há no Algarve para fazer e com António Eusébio a liderar as vozes socialistas na luta por melhores condições para o Al-garve e por mais respostas para as necessidades da região.

Do Governo de Passos Coe-lho nada. A requalificação da EN 125 está parada em pleno Verão pronta a, mais do que não constituir alternativa à portajada Via do Infante, mar-tirizar os turistas e os algarvios e o Hospital Central caiu perdido na agenda das prioridades dei-xadas para as calendas, com o Governo a ditar a unificação dos hospitais da região.

O desemprego tem como res-posta mais do que tardia o pro-grama Formação Algarve que visa o combate à sazonalidade da geração de emprego na re-gião, o que, não despiciendo, é fraca solução para um problema que, de acordo com os últimos

dados, se cifra em 20,5% de de-semprego no primeiro trimes-tre de 2013, mais 0,5 pontos percentuais (pp) do que a taxa verificada no primeiro trimestre de 2012, e uma subida de 0,8 pp face à taxa registada no último trimestre de 2012.

A navegabilidade dos rios regionais e a política para os portos está parada com per-das de milhares para a região e muito em particular para Portimão e para o respectivo porto de cruzeiros. Já no golfe e na restauração e por via dela na hotelaria o IVA é o carras-co que corrói a competitivida-de e o emprego, enquanto as portagens da Via do Infante ditam à região uma mobi-lidade reduzida e encargos acrescidos para as empresas.

Tudo num quadro de ciclo económico em que os ditames da monocultura económi-ca do turismo deixa a região com poucas ou nenhumas alternativas enquanto do Go-verno Central, e perante as mais duras críticas das vozes regionais, a resposta é apenas esquecimento.

Passos Coelho vota região ao esquecimentoO Governo PSD/CDS-PP tomou posse a 5 de Junho de 2011, dois anos depois os projectos estruturantes do Algarve estão parados enquanto a economia se afunda no marasmo

d.r.

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Ô Necessidades da região foram esquecidas pelo Governo de Passos Coelho

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 FaroTelef.: 289 820 850 ¦ Fax: 289 878 342

[email protected] ¦ www.advogados.com.pt

CARTÓRIO NOTARIAL DE SÃO BRÁS DE ALPORTELDE AMÉLIA DE BRITO MOURA DA SILVA

CERTIFICA, para efeitos de publicação, nos termos do disposto do artigo cem, nú-mero um do Código do Notariado, que no dia trinta e um de Maio de dois mil e treze, a folhas cento e oito e seguinte do livro de notas para escrituras diversas número vinte e cinco deste Cartório, foi lavrada uma escritura de Justificação Notarial, em que MANUEL GONÇALVES COTA e mulher MARIA ODETE REIS COTA, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Cachopo, con-celho de Tavira, onde residem no sítio de Mealha, Caixa Postal 934-Z, contribuintes fiscais números 120.359.766 e 120.359.758, são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do seguinte:

Rústico, sito em Horta da Ribeira Abaixo, Mealha, Cachopo, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, composto por terra de cultura com uma oliveira, que confronta de norte com José Gonçalves, de sul com ribeirinha, de nascente com António dos Reis e de poente com Manuel Francisco Brazida, com a área total de cento e cin-quenta metros quadrados, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 19727, com o valor patrimonial actual de um euro e cinquenta e nove cêntimos, que é o atribuído.

Que o indicado prédio não se encontra descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira e que desconhecem qual o artigo que lhe correspondia na antiga matriz rústica, por não possuírem elementos que lhes permitam fazer essa correspondência.

Que o mesmo bem veio à sua posse em data imprecisa do ano de mil novecentos e setenta e nove, por compra meramente verbal feita a Manuel José e mulher Maria Antónia, casados sob o regime da comunhão geral, residentes que foram no dito sítio de Mealha, compra essa que não lhes foi nem é agora possível titular por escritura pública, dado o falecimento dos vendedores.

Que desde essa data e sem qualquer interrupção, entraram na posse do referido prédio, pessoalmente e em nome próprio, tendo vindo desde então a gozar todas as utilidades por ele proporcionadas, nele praticando os actos materiais de fruição e conservação correspondentes ao exercício do direito de propriedade, nomeada-mente cultivando e colhendo os frutos, pagando os impostos, procedendo assim, como seus donos e senhores, à vista e com o conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, pelo que exerceram uma posse pacífica, contínua e pública e isto, como se disse, por prazo superior a vinte anos.

Que, dadas as enunciadas características de tal posse, adquiriram o dito prédio por USUCAPIÃO, título esse que, por sua natureza não é susceptível de ser comprovado pelos meios extrajudiciais normais.

São Brás de Alportel, trinta e um de Maio de dois mil e treze.

A Notária,

Amélia de Brito Moura da Silva

CONTA REGISTADA SOB O N.º 511/2013

(POSTAL do ALGARVE, nº 1104, de 14 de Junho de 2013)

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Page 4: Postal 1104 14 JUN 2013

4 | 14 de Junho de 2013

região

Faro renova rede de transportes urbanosCidade ganha 21 novas viaturas

d.r.

UMA NOVA LINHA RODOVIÁ-RIA que vai ligar o Aeroporto de Faro e os hotéis da cidade e Montenegro é uma das novida-des da reformulação da rede de transportes públicos da capital algarvia, na passada terça-feira apresentada.

A partir de agora, a rede de transportes urbanos de Faro tem uma nova imagem, em torno da palavra “Próximo”, mais horários e percursos e 21 novas viaturas, com rampas de acesso para pes-soas de mobilidade reduzida e sinais sonoros emitidos nas pa-ragens, para as pessoas com de-ficiência visual.

Os circuitos e horários vão ainda passar a estar disponíveis on-line, disse aos jornalistas o presidente da Câmara, Macário Correia, notando que, até agora, os transportes públicos em Faro eram “praticamente clandesti-nos”, uma vez que a informação sobre os percursos era muito escassa.

“Este é um processo que de-morou anos a ser montado e es-tamos com um serviço comple-tamente moderno, com viaturas que respeitam as normas euro-peias, informação nas paragens

e maior acessibilidade para a hotelaria e aeroporto”, resumiu.

NOVO TERMINAL RODOVIÁRIO Macário Correia falava aos jornalistas a bordo de um dos novos autocarros da frota que vai servir a cidade.

O projecto prevê ainda a aquisição de novos títulos de transporte e a possibilidade de aquisição de um passe combi-nado com outro operador (Eva Transportes).

A reformulação da rede resul-ta da celebração de um contrato

administrativo de concessão do serviço à empresa PXM - Trans-portes Rodoviários de Faro, SA, que, numa primeira fase, inves-tiu 3,6 milhões de euros.

Numa segunda fase do con-trato, está prevista a construção de um novo terminal rodoviá-rio, num espaço contíguo ao actual, no centro da cidade.

A empresa estima transpor-tar 1,5 milhões de passageiros no primeiro ano e percorrer 1,1 milhões de quilómetros anual-mente, metade dos quais no centro da cidade. Lusa

Ô Horários alargados e melhores condições são as novidades

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ACUSAÇÕES DE IRREGULARIDADES EM LAGOA

Eleições no CDS-PP/Algarve anuladasAS ELEIÇÕES PARA A DISTRI-TAL DO CDS-PP foram anula-das porque foi verificado um empate e acusações de irregu-laridades em Lagoa, que teriam influência no resultado, disse à Lusa o secretário-geral do parti-do, António Carlos Monteiro.

Em causa está a eleição para a distrital de Faro que decorreu a 1 de Junho, para a qual con-corriam Francisco Paulino e Arlindo Fernandes, sendo que este último admite apresentar queixa no Ministério Público para que as alegadas irregula-ridades sejam investigadas.

Contactadas pela Lusa, ambas as listas alegam que houve irre-

gularidades em Lagoa, onde a urna terá tido mais boletins de votos do que militantes a votar.

“Face ao impasse, fica sem efeito o acto eleitoral e irá ser nomeado um delegado que, com uma comissão constituída por todos os presidentes de con-celhia, irá dirigir o partido até às eleições autárquicas”, afirmou António Carlos Monteiro.

Arlindo Fernandes que já reclama a realização de elei-ções na distrital “há mais de um ano”, não concorda com esta solução e disse à Lusa ter recorrido da decisão do secretário-geral.

O político reclama a repeti-

ção imediata das eleições em Lagoa e não apenas depois das autárquicas.

Para Arlindo Fernandes, que acusa António Carlos Monteiro de “proteger” a lista oponente, “isto é muito preju-dicial para o partido na região, porque estamos em cima das autárquicas”.

Francisco Paulino, aceita o “entendimento da secretaria--geral” e aguarda pela marca-ção de novas eleições após as eleições autárquicas.

O delegado distrital nomea-do pela secretaria-geral foi José Pedro Caçorino, presidente da concelhia de Portimão. Lusa

Obras do Parque Ribeirinho já estão no terreno pág. 6

Page 5: Postal 1104 14 JUN 2013

regiãoDemolido cais na Praia dos Pescadores pág. 7

14 de Junho de 2013 | 5

ricardo claro

Ô Mário Nogueira teceu fortes críticas ao Governo, especialmente ao ministro da Educação

Tribunal Judicial de TaviraSecção Única

Rua Dr. Silvestre Falcão – 8800-412 Tavira

Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: [email protected]

2ª. Publicação

ANÚNCIOProcesso: 92/12.0TBTVR

Ação de Processo Sumário

N/Referência: 1493961

Data: 20-05-2013

Autor: Instituto de Seguros de Portugal

Réu: Tamara Arvat

Nos autos acima identificados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publi-cação deste anúncio, citando:

Réu: Tamara Arvat, domicílio: Bairro Fundo Fomento Habitação, Bl. 4, R/c Esq., 8900-000 Vila Real de Santo António.

com última residência conhecida na(s) morada(s) indicada(s) para, no prazo de 20 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confissão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste na condenação do réu a pagar ao autor a quantia de 18.698,13 €.

tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.

O prazo acima indicado suspende-se, no entanto, nas férias judiciais.

Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.

A Juíza de Direito,

Dra. Lara Rodrigues

O Oficial de Justiça,

Joan Santos Gonçalves de Sousa

(POSTAL do ALGARVE, nº 1104, de 14 de Junho de 2013)

A EDP Distribuição, informa que vai efetuar trabalhos de remodelação e conservação das redes sendo, para tal, necessário proceder à interrupção do fornecimento de energia elétrica no dia 16 de junho de 2013 (Domingo), nos locais e períodos abaixo mencionados:

Direção de Rede e Clientes Sul

Concelho de OlhãoFreguesia de Quelfes: Sítio Brancanes (das 08:00 às 13:00 horas).Freguesia de Olhão: Cami. Bairro Lopes, Bairro Nª Senhora Fátima, Urb. Venâncio Gonçalves Lt. (das 08:00 às 13:00 horas); Av. Francisco Sá Carneiro, Rua José Fernandes Santos, Estrada Nacional 125, Rua Particular/Padinha, Av. Sporting Clube Olhanense. (das 08:30 às 11:00 horas).

Durante o corte as instalações, para efeitos de segurança, deverão considerar-se permanentemente em tensão.

aviso

EDP Distribuição, Energia, S.A.

Gabinete de Comunicação www.edpdistribuicao.pt

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Mário Nogueira acusa Nuno Crato de ter “costela fascista”Acção da FENPROF com pouca adesão em Faro

Ricardo [email protected]

NÃO FORAM AS POUCAS DEZE-NAS DE PESSOAS que se con-centraram no Largo da Pon-tinha, em Faro, que fizeram esmorecer o discurso do líder da FENPROF na luta contra as políticas do Governo de Pas-sos Coelho para a Educação, lideradas pelo ministro Nuno Crato.

Na terça-feira da passada se-mana só cerca de 50 pessoas ouviram o que o dirigente na-cional do sindicato tinha para dizer aos professores na capital da região. Muito pouca adesão para uma tomada de posição pública da FENPROF num mo-mento que Mário Nogueira considera “decisivo como nun-ca na salvaguarda dos direitos dos professores” e mesmo “na defesa do respectivo emprego”.

O momento que a Educação e muito em particular a profis-são de professor atravessam no país, caracterizado como um “ataque sem precedentes” e definido por Mário Nogueira como “o momento de se faze-rem ouvir se querem evitar o despedimento camuflado de requalificação”, fazia antecipar maior adesão, mas a verdade é que a FENPROF tinha passado já por várias escolas da região em contactos directos para an-gariar apoios para as greves à avaliação e aos exames nacio-nais agendadas.

A COSTELA FASCISTA DE NUNO CRATO Para Mário Nogueira a atitude do Governo e em par-ticular a do ministro da Educa-ção, Nuno Crato, na condução do processo de aplicação da ‘mobilidade especial’ aos pro-fessores “mostra bem a costela fascista do ministro”.

Palavras de grande dureza com o dirigente da pasta do sector no Governo e que reflec-tem a situação de tudo ou nada que os sindicatos dizem existir na actualidade.

Das palavras de Mário No-gueira resulta para a FENPROF que se os professores não for-çarem neste momento o Go-verno a recuar, muitos terão como destino a requalificação, entrando para os contingentes da mobilidade especial e aca-bando num mais do que certo despedimento.

“Porque é de verdadeiro des-

pedimento que se trata”, diz Mário Nogueira que coloca este como o acento tónico da luta da classe, apesar de ha-verem outros problemas em cima da mesa, nomeadamente, a prestação de quarenta horas semanais de serviço nas escolas por parte dos docentes.

OS SENHORES INTERNACIONAIS Quem não sai poupado das pa-lavras do líder da FENPROF são as instituições internacionais, sublinhe-se o Fundo Monetário Internacional (FMI), com Mário Nogueira a dizer que o Governo segue cegamente as indicações e propostas “desses senhores”.

Recorde-se que o sector da Educação e os seus profissionais têm sido visados nas estratégias de contenção da despesa públi-ca corrente desenhadas pela ins-tituição liderada por Christine Lagarde.

Entretanto já esta terça-feira a FENPROF teve como notícia a não definição, por parte do co-légio arbitral, de serviços mí-nimos para a greve agendada para os exames nacionais.

Uma posição que diminui a margem de manobra do Governo à parede, uma vez que, se por um lado o sector da Educação não se encontra previsto como alvo potencial da requisição civil, numa in-terpretação directa da lei, por outro parece estar afastada a utilização indirecta deste ins-tituto como resposta do exe-cutivo à violação de serviços mínimos, uma vez que estes não foram sequer fixados.

Nuno Crato, no entanto, prometeu, já esta quarta-feira, que o Governo vai recorrer da decisão da Comissão Arbitral para garantir a realização dos exames nacionais.

PROTESTO

Marcha lenta inicia Verão quente contra as portagensA COMISSÃO DE UTENTES DA VIA DO INFANTE (CUVI) anun-ciou, em comunicado, a convo-cação de uma marcha lenta na Estrada Nacional (EN) 125 para 21 de Junho, dia que coincide com o início do Verão.

À semelhança de tantos ou-tros protestos da CUVI este será o primeiro da época balnear e

marca um Verão quente contra as portagens numa EN 125 atu-lhada de carros com os turistas sazonais.

Segundo a CUVI, o “buzinão” insere-se na campanha de “de-sobediência civil anti-porta-gens” que a comissão quer de-sencadear ao longo do Verão, depois de no final de Abril ter

realizado uma outra acção, em Olhão, com a colaboração do Moto Clube.

A marcha lenta irá decorrer entre Vale Judeu (Almancil) e Boliqueime, no concelho de Loulé, a partir das 18 horas, acrescentou a comissão, que apela à participação dos cida-dãos, que poderão fazê-lo de

carro, bicicleta, moto ou trac-tor agrícola.

“A continuação e o reforço da luta justificam-se plena-mente, pois as portagens im-postas pelo Governo PSD/CDS há quase ano e meio atiraram o Algarve para uma situação de catástrofe social e económica”, justificou a CUVI. Lusa

Tribunal Judicial de TaviraSecção Única

Rua Dr. Silvestre Falcão – 8800-412 Tavira

Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: [email protected]

ANÚNCIOProcesso: 375/13.1TBTVRInterdição / InabilitaçãoN/Referência: 1504018Data: 03-06-2013Requerente: Ministério PúblicoRequerido: Filipa Alexandra Teixeira Rodrigues

Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Filipa Alexandra Teixeira Rodrigues, com residência em domicílio: Lar Re-sidencial da Fundação Irene Rolo, Rua Feixinho Vides, Nº 19, 8800-365 Tavira, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afixados.

A Juíza de Direito,Dra. Lara Rodrigues

O Oficial de Justiça,Joan Santos Gonçalves de Sousa

(POSTAL do ALGARVE, nº 1104, de 14 de Junho de 2013)

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6 | 14 de Junho de 2013

região

Obras do Parque Ribeirinho já estão no terrenoMoradores dos Moinhos do Grelha, em Faro, esperam melhorias

Ô Projecto prevê 300 dias de execução

ricardo claro

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Ricardo Claro [email protected]

“AGORA TEMOS MUITO PÓ E OBRAS, MAS DEPOIS VAI FI-CAR TUDO MUITO MAIS AR-RANJADO”, é assim que Rui Grelha descreve a expectativa dos moradores dos Moinhos do Grelha face às obras do Par-que Ribeirinho de Faro que já arrancaram no terreno.

Os Moinhos do Grelha são um aglomerado populacio-nal situado na área de inter-venção da obra que está a ser desenvolvida pela Sociedade Polis, entidade responsável pelo programa Polis Litoral Ria Formosa, e que garantirá uma nova cara à zona ribei-rinha compreendida entre as traseiras do Teatro Muni-cipal da capital algarvia e o Montenegro.

“Deitaram aqui uma árvo-re de grande porte abaixo”, refere Rui Grelha, olhando para uma zona onde se pode já ver no terreno a definição dos limites das zonas de es-tacionamento automóvel naquela que será uma das entradas de acesso ao futuro parque ribeirinho. Mas salva-guardadas por fitas de pro-tecção estão outras árvores

no local, constatou o POSTAL, que deverão ser aproveitadas no âmbito dos espaços verdes do projecto.

FARENSES EXPECTANTES A ex-pectativa face à obra é gran-de em Faro e aguarda-se o cumprimento do prazo de execução de 300 dias anun-ciado para esta obra, que no total implica um investimen-to de 3,5 milhões de euros.

São 16 hectares de área in-tervencionada onde já se po-dem ver trabalhos de estru-turação como a construção de sistemas de comportas e infra-estruturação de áreas pedonais e rodoviárias.

Do plano de intervenção constam a criação de inúme-ros espaços verdes, a renova-ção integral do efectivo arbó-reo da zona e a criação de um auditório ao ar-livre capaz de acolher 250 pessoas.

Lugar ainda para os aman-tes da observação de aves, com miradouros específicos e para a instalação de ser-viços de restauração e bar. Às praças pedonais e à via ciclável, que ligará Faro ao Aeroporto via Montenegro, o plano prevê adicionar per-cursos interpretativos e equi-

pamentos desportivos.

UTILIZAÇÃO PROMETE SER MAS-SIVA A avaliar pelo elevado número de pessoas que em Faro se dedicam a actividades como o passeio de bicicleta a marcha e a corrida a utili-zação d novo espaço público promete ser massiva, muito à semelhança do que sucede com o a zona de lazer criada

recentemente na Horta das Figuras frente ao Fórum Al-garve, que regista diariamen-te a presença de dezenas de utilizadores que se multipli-cam aos fins-de-semana.

O défice de espaços verdes da cidade de Faro utilizáveis pela população é ainda uma das lacunas mais importan-tes da capital algarvia e o Parque Ribeirinho promete

dar, parcialmente, uma res-posta adequada às necessi-dades, ao mesmo tempo que garante, em parte, um acesso ciclável seguro à Universida-de do Algarve.

Por resolver estão ainda as restantes áreas ribeirinhas da cidade, nomeadamen-te a zona do centro junto à doca e ao Hotel EVA e a zona nascente, que se estende das

traseiras das muralhas até à Atalaia.

Ambas as áreas de gran-de valor no que respeita à potencialidade de aprovei-tamento não foram enqua-dradas pelo Programa Polis, um pecado que se paga caro face à incapacidade de inves-timento público da autarquia para redesenhar o perfil das zonas e questão.

Algarvios ajudam com 144 toneladas de alimentos pág. 8

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região

14 de Junho de 2013 | 7

Ô Estrutura estava degrada

Demolido cais na Praia dos Pescadores Intervenção visa aumentar segurança

O ÚLTIMO TROÇO DA ESTACA-DA/CAIS da Praia dos Pescado-res, no concelho de Albufeira, foi na semana passada demo-lido, no sentido de aumentar a segurança dos utentes daquela praia, anunciou a Agência Por-tuguesa do Ambiente (APA).

O pequeno cais da Praia dos Pescadores deixou de ser utilizado desde que os pes-cadores foram transferidos para uma outra localização, encontrando-se a estrutura bastante degradada.

A APA anunciou ainda que concluiu a 31 de Maio as in-tervenções nas praias do Ca-milo (Lagos), Careanos (Por-timão) e Santa Eulália e Maria Luísa (Albufeira), “com vista a preparar aquelas praias para o intensivo uso durante a época balnear”.

Nas praias do Camilo, Maria Luísa e dos Careanos, as inter-

venções consistiram no sane-amento das arribas, de forma a antecipar derrocadas e ao reperfilamento da arriba.

Na praia de Santa Eulália (Albufeira), a intervenção incidiu na defesa da base da arriba com recurso a enroca-mento de pedra, saneamento e reperfilamento, proporcio-nando condições para que seja concluído o levantamen-to arqueológico aos vestígios de ocupação romana encon-trados no topo da arriba.

Lusa

d.r.

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Vela de Tavira sobe à primeira divisão

Ô Na passada segunda-fei-ra a equipa sénior femini-na de andebol do Clube de Vela de Tavira garantiu a subida ao primeiro escalão nacional depois de levar de vencida o Alpendorada por 24-30.Quando ainda faltam dis-putar três jornadas, a jo-vem equipa tavirense, co-mandada por Miguel Dias, atinge um feito histórico, vinte anos depois da con-génere masculina ter parti-cipado na 1.ª Divisão. Nota de destaque é tam-bém o facto de se tornar, assim, a única equipa da região a disputar o princi-pal campeonato nacional de andebol feminino. Para este sábado está mar-cado o jogo que pode de-cidir o título entre o Asso-mada e o Vela de Tavira, a disputrar em Oeiras, pelas 16 horas. PR/RC

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ZZZ pág. ##região

8 | 14 de Junho de 2013

Ricardo [email protected]

OS PÓLOS DE FARO e Portimão do Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve conseguiram recolher na última campanha, que decorreu no primeiro fim--de-semana deste mês, 144 to-neladas de alimentos doadas pelos algarvios em resposta à campanha “pague dois leve um”.

Ao POSTAL, Nuno Alves, responsável do Banco Alimen-tar do Algarve, adiantou que esta campanha registou uma recolha de alimentos menor do que a campanha de 2012 na mesma época do ano. “Fo-ram menos dez toneladas de alimentos”, diz, reconhecendo que “se trata de um decrésci-mo espectável, dada a situação de crise que o país atravessa”, mas sublinhando “a grande manifestação de solidarieda-de dos algarvios num momen-to em que as necessidades de alimentos para ajudar os mais carenciados se agudizam”.

Quanto à comparação com a campanha de Novembro de 2012, a queda na recolha de alimentos foi de 29 toneladas.

Em Portugal o Banco Ali-mentar recolheu desta vez 2.445 toneladas de alimentos, um valor que também regista decréscimo quando compara-

do com o ano passado.Na campanha regional o

Banco Alimentar contou com a preciosa ajuda de cerca de dois mil voluntários, que não tiveram mãos a medir para res-ponder ao fluxo de mercadoria chegado dos 140 supermerca-dos aderentes, num esforço que é o primeiro passo para que os alimentos cheguem a mais de 15 mil pessoas na re-gião, ajudadas pelas 73 insti-tuições que se abastecem no Banco Alimentar algarvio.

CAPACIDADE DE MANTER ALI-MENTOS FRESCOS AUMENTA Novidade desta campanha foi o aumento da capacidade de receber alimentos frescos por parte da instituição. É que o pólo de Portimão ganhou há um mês uma câmara frigori-fica que permite armazenar 70 toneladas de frescos a frio positivo. Uma capacidade que se soma às 80 toneladas já existentes em Faro e que “res-ponde cabalmente”, diz Nuno Alves, às actuais necessidades do Banco Alimentar na região.

A instalação da câmara de frio portimonense resultou de dádivas de particulares que custearam a respectiva compra e instalação.

Em Faro a instituição con-ta ainda com uma câmara de congelação (frio negativo) com

capacidade para 1,5 toneladas, um meio que ainda não existe em Portimão “por falta de es-paço”, segundo Nuno Alves.

Está assim dada resposta a uma das necessidades mais prementes do Banco Alimen-tar do Algarve e que permite que os cabazes alimentares que chegam às famílias algar-vias mais carenciadas sejam cada vez mais completos em termos da oferta de produtos alimentares.

A componente dos alimen-tos frescos além de permitir uma maior panóplia de op-ções culinárias no uso dos ali-mentos secos, responde tam-bém às necessidades de uma alimentação mais equilibrada e saudável e, muitas vezes, se não for agregada ao cabaz do Banco Alimentar, as institui-ções sociais que distribuem os alimentos aos destinatários finais também não a conse-guem disponibilizar. Nestes casos, se o destinatário final dos alimentos não tivesse a capacidade de adquirir fres-cos ficava até agora posta em causa a qualidade da resposta de ajuda alimentar dada.

Uma situação que para o bem de todos está resolvida na região com o esforço dos responsáveis do Banco Alimen-tar e a indispensável ajuda dos doadores privados.

ricardo claro

Algarvios ajudam com 144 toneladas de alimentosBanco Alimentar do Algarve com mais capacidadepara receber alimentos frescos

Ô Cerca de dois mil voluntários não tiveram mãos a medir na recolha dos alimentos

NOTARIADO PORTUGUÊSJOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA

NOTÁRIO em TAVIRANos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia cinco de Junho de dois mil e treze, de folhas setenta e nove a folhas oitenta e um verso, do livro de notas para escrituras diversas número cento e sessenta e quatro – A, deste Cartório, foi lavrada uma es-critura de justificação, na qual:

ADELINA TEIXEIRA FERNANDES DE JESUS, NIF 177.619.945, e marido JOSÉ DE BRITO DE JESUS, NIF 160.589.851, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Conceição, concelho de Tavira, freguesia onde residem, no sítio dos Estorninhos, declararam:

Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos pos-suidores dos seguintes prédios rústicos, todos sitos na mencionada freguesia de Conceição e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber:

VERBA UM

Prédio composto por terra de pastagem, sito em Rosais, denominado “Ursais”, com a área de oito mil metros qua-drados, a confrontar do norte e sul com José Domingos Costa e do nascente e poente com José Domingos Costa e outros, inscrito na matriz sob o artigo 4.369, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de QUARENTA E SEIS EUROS E DOIS CÊNTIMOS.

VERBA DOIS

Prédio composto por terra de pastagem e oliveiras, sito em Serra das Fontinhas, com a área de nove mil e cem metros quadrados, a confrontar do norte e nascente com José Do-mingos Costa, do sul com Manuel Machado e do poente com Manuel Teixeira, inscrito na matriz sob o artigo 4.397, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de NOVENTA E TRÊS EUROS E TRINTA E QUATRO CÊNTIMOS.

VERBA TRÊS

Prédio composto por terra de cultura, sito em Estorninhos, denominado “Courela do Monte Baixo”, com a área de cen-to e setenta metros quadrados, a confrontar do norte com José Maria, do sul com Manuel Joaquim, do nascente com António José e do poente com caminho, inscrito na matriz sob o artigo 4.545, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de DOIS EUROS E OITENTA E TRÊS CÊNTIMOS.

VERBA QUATRO

Prédio composto por terra de cultura e alfarrobeiras, sito em Ribeira da Caldeira, denominado “Pastagal”, com a área de duzentos metros quadrados, a confrontar do norte, sul e poente com José Maria e do nascente com Domingos Fer-nandes, inscrito na matriz sob o artigo 4.357, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de SESSENTA E TRÊS EUROS E VINTE E CINCO CÊNTIMOS.

VERBA CINCO

Prédio composto por terra de cultura e oliveiras, sito em Barradinhas, com a área de oitocentos e sessenta metros quadrados, a confrontar do norte com José Maria, do sul com Manuel Agostinho, o nascente com Marcelino Neto e do poente com Manuel António, inscrito na matriz sob o artigo 4.473, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de SESSENTA E QUATRO EUROS E SESSENTA E SEIS CÊNTIMOS.

VERBA SEIS

Prédio composto por terra de cultura, sito em Estorninhos, denominado “Monte de Baixo”, com a área de oitenta me-tros quadrados, a confrontar do norte e nascente com Sera-fim Barradas, do sul com Maria Teresa Correia e do poente com caminho, inscrito na matriz sob o artigo 4.549, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de UM EURO E QUARENTA E DOIS CÊNTIMOS.

VERBA SETE

Prédio composto por terra de cultura, sito em Estorninhos, com a área de cento e setenta metros quadrados, a con-frontar do norte com Manuel Faustino, do sul com José Maria, do nascente com António José e do poente com caminho, inscrito na matriz sob o artigo 4.546, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de DOIS EUROS E OITENTA E TRÊS CÊNTIMOS.

VERBA OITO

Prédio composto por terra de cultura e amendoeiras, sito em Juntar da Ribeira, denominado “Ribeira da Caldeira”, com a área de dois mil e seiscentos metros quadrados, a confrontar do norte com Jacinto Domingos, do sul com José Domingos, do nascente com José Fernandes e do poente com Manuel Machado, inscrito na matriz sob o artigo 4.788, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de CENTO E TRINTA E SETE EUROS E NOVENTA E QUATRO CÊNTIMOS.

Que eles justificantes, adquiriram os prédios por compras verbais e nunca reduzidas a escritura pública, já no estado de casados, da seguinte forma:

a) As verbas um, dois e três, por compra feita a Manuel Faustino Gonçalves, casado que foi com Custódia de Jesus, residentes que foram em Barberia, Conceição, Tavira, no ano de mil novecentos e setenta, em data que não é pos-sível precisar;

b) As verbas quatro, cinco e seis, por compra feita a António Fernandes, casado que foi com Mariana Gomes, residentes que foram no sítio dos Estorninhos, no ano de mil novecen-tos e setenta e cinco, em data que não é possível precisar.

c) As verbas sete e oito, por compra feita a Manuel Joaquim e mulher Teresa Joana, residentes que foram em Barberia, Conceição, Tavira, no ano de mil novecentos e noventa, em data que não é possível precisar.

Que desde esses anos possuem os prédios em nome pró-prio, cuidando e cultivando a terra, fazendo as respectivas sementeiras, colhendo os frutos, pagando os impostos e contribuições devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram os prédios por usucapião.

Que os prédios têm a natureza de bens comuns do casal.

Que atribuem aos prédios o valor total de duzentos e setenta e um euros e cinquenta e dois cêntimos.

Pela outorgante mulher, foi ainda dito:

Que, com exclusão de outrem, é dona e legítima possuido-ra do prédio rústico, composto por terra de pastagem, sito em Poço das Corgas, freguesia de Conceição, concelho de Tavira, inscrito na matriz sob o artigo 4.717, com o valor patrimonial tributário de 12,98 €; descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número mil setecentos e dezassete, de dois de Maio de mil novecentos e noventa, registada a aquisição, em comum e sem determinação de parte ou direito, a seu favor e ainda a favor de Gracinda Fernandes Teixeira Gonçalves e marido Jasevé Martinho Gonçalves, José Domingos Teixeira Fernandes e mulher Maria de Jesus Brito Fernandes Teixeira, Manuel Francisco e mulher Maria Aldina Fernandes Teixeira e de Maria Perei-ra Teixeira, pela apresentação seis, de dois de Maio de mil novecentos e noventa; a que atribui o valor de DOZE EUROS E NOVENTA E OITO CÊNTIMOS.

Que ela justificante adquiriu o mencionado prédio por parti-lha verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita com os demais titulares inscritos, em data imprecisa do ano de mil novecentos e noventa.

Que desde esse ano possui o prédio em nome próprio, cuidando e cultivando a terra, fazendo as respectivas se-menteiras, colhendo os frutos, pagando os impostos e con-tribuições devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pú-blica, pelo que adquiriu o prédio por usucapião.

Que este prédio tem a natureza de bem próprio dela jus-tificante.

Vai conforme o original.

Tavira, aos 05 de Junho de 2013

A funcionária por delegação de poderes;

Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/1

Conta registada sob o nº. PAO 693/2013 Factura nº. 0704

(POSTAL do ALGARVE, nº 1104, de 14 de Junho de 2013)

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Page 9: Postal 1104 14 JUN 2013

14 de Junho de 2013 | 9

região

O PRESIDENTE DA CÂMARA DE FARO, Macário Correia, afir-mou na passada terça-feira que vai manter-se no cargo mesmo depois de o Supre-mo Tribunal Administrativo (STA) ter confirmado a perda de mandato.

O autarca disse ter sido no-tificado da decisão na sexta--feira anterior, mas sublinhou que ainda dispõe de dez dias para se pronunciar sobre a matéria, prazo que correspon-de ao trânsito em julgado da decisão.

Macário Correia escusou-se a fazer mais declarações sobre o caso que envolve a perda do seu mandato.

Em Março, o presidente da autarquia tinha apresentado um pedido de uniformização de jurisprudência, que foi acei-te pelo STA, após o chumbo de três recursos para o Tribunal Constitucional (TC).

Em Abril, o STA decidiu sus-pender o acórdão emitido em Junho do ano passado que condenava Macário Correia à perda de mandato, mas os juízes acabaram por produzir um novo acórdão a confirmar a decisão.

O autarca dispõe agora de um prazo de dez dias para se pronunciar, estando neste

momento a analisar, com o seu advogado, o que irá fazer, acrescentou.

Segundo uma notícia avan-çada na segunda-feira pela TVI, o novo acórdão, que confirma a perda de mandato, é data-do de 4 de Junho, mas o do-cumento não está disponível para consulta no sítio de inter-net daquele tribunal.

Macário Correia fez um pedido de uniformização de jurisprudência por considerar que existiam decisões judiciais diferentes em matérias seme-lhantes àquelas pelas quais foi condenado.

O autarca foi condenado por irregularidades em processos de licenciamento de obras particulares na serra de Tavira, quando ainda presidia àquela autarquia.

O autarca social-democrata já havia dito recentemente que respeitaria a última decisão do tribunal.

Macário Correia já anun-ciou que não vai recandida-tar-se ao cargo nas próximas eleições a ter lugar no final do ano.

Pelo PSD concorre a Faro Rogério Bacalhau que se confrontará nas próximas au-tárquicas, entre outros, com o socialista Paulo Neves Lusa

d.r.

Contagem decrescente para adeus a MacárioAutarca disse recentemente que respeitaria última decisão do tribunal

Ô Autarca perdeu mandato mas tem dez dias para se pronunciar

Desconto em Produtos Alimentares no fim do prazo de validade

“Tenho verificado que al-guns supermercados co-locam produtos alimenta-res com o pr a zo de validade próximo do fim em promoção. Será uma vantagem aproveitar estes descontos?”

A DECO responde...

Em Portugal, cerca de 30% do desperdício alimentar é ori-ginado nos supermercados. Anualmente, cerca de 298 mil toneladas de alimentos têm como destino o contentor do lixo, aponta o estudo “Do campo ao garfo – desperdício alimentar em Portugal”, di-vulgado recentemente pelo Projecto de Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar (PERDA), desenvolvido pelo Centro de Estudos e Estraté-gias para a Sustentabilidade.A redução de preço de 25% a 50% face ao preço normal e a oferta de quantidade suple-mentar do produto, sem va-riação do preço, através da promoção “leve 2, pague 1” são as modalidades mais fre-quentes, é uma forma de os estabelecimentos eliminarem o desperdício, mas transfere a responsabilidade de consu-mo, dentro do prazo, para o consumidor.A identificação deste tipo de descontos varia consoante a loja. Na maioria dos casos, estes produtos apresentam uma etiqueta de cor forte, onde consta o preço promo-cional e as expressões “Apro-ximação fim do prazo valida-de”, “Produto com prazo de validade curto” ou “Por apro-ximação da data de validade”. O número de dias que decorre entre o momento da venda a preço promocional e o prazo limite de consumo varia con-soante a categoria do produto e a loja. Por exemplo, nos pro-dutos de charcutaria e saladas a colocação da etiqueta pro-mocional ocorre dois dias antes do fim do prazo. Já no caso dos iogurtes e bolos, a etiqueta é colocada até seis dias antes do fim do prazo de validade dos produtos.O consumidor pode ser ten-tado a comprar um produto mais barato. Contudo, antes de comprar, deve ponderar se vai conseguir consumi-lo dentro do prazo de validade indicada. Caso não o faça, es-tará a desperdiçar dinheiro e alimentos. O alimento que não foi desperdiçado no esta-belecimento de venda, será desperdiçado pelo consumi-dor, contrariando o objectivo da iniciativa.

Consultóriodo Consumidor

Porto inseguro

Não sei se existem por-tos completamente segu-ros. Sei que há portos nos quais conseguimos sentir--nos protegidos, mas daí a serem capazes de nos pro-teger com total eficácia das mais fortes tempestades, já tenho as minhas dúvidas.

No fundo considero os portos muito seguros, os mais inseguros de todos. É que os barquinhos existem para navegar e não para fi-car amarrados nos portos. Quanto mais seguros nos sentimos, menos vontade temos de nos fazer ao mar e cumprir as missões das nossas existências. Quanto mais nos habituamos a não enfrentar ventos e vagas, menos nos fortalecemos; mais a inércia se nos apo-dera das velas e o caruncho das madeiras.

“Small boat, deep sea” (pequeno barco, profun-do mar) disseram-me um dia. Somos pequeninos e a vida é enorme, bem sei. Mas temos a obrigação de garantir que toda a segu-rança sentida em qualquer dos nossos portos seguros, não se transforma em medo de navegar. Porque a maior insegurança é correr o risco de chegar ao fim e perceber que não vivemos.

OPINIÃO

Ana Amorim Dias - [email protected]

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRAEDITAL Nº 25 /2013

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 11 de junho de 2013 foram tomadas as seguintes deli-berações:

1 Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 90/2013/CM, referente à anulação de juros de mora e custas processuais – PT Comunicações, S. A;

2 Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 91/2013/CM, referente ao empréstimo quadro – Banco Europeu de Investimento (BEI) “Parque Verde do Séqua – 2ª. Fase;

3 Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 92/2013/CM, referente à aquisição de serviços de auditoria externa de Revisor Oficial de Contas;

4 Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 93/2013/CM, referente ao fim de mobilidade interna de Elsa Maria Fernandes Cardeira Afonso;

5 Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 94/2013/CM, referente à ratificação da avaliação do desempenho – SIADAP 1 - 2012;

6 Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 95/2013/CM, referente à transmissão de posição contratual – Loja nº. 3 do Mercado da Ribeira;

7 Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 96/2013/CM, referente à atribuição de medalhas municipais de mérito e bons serviços e dedicação – 2013;

8 Aprovada unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 97/2013/CM, referente à correção material ao Regulamento do Plano de Urbanização de Luz de Tavira.

Para constar e produzir efeitos legais se pu-blica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 11 de junho do ano 2013

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1104, de 14 de Junho de 2013)

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Tavira desafia a conhecer o Rio de Janeiro

Ô “Copacabana – Panora-mas do Rio” é o nome da exposição que Tavira acolhe até 14 de Setembro e que conta a história da trans-formação do Rio de Janeiro, imperial e novecentista, na grande e cosmopolita “cida-de maravilhosa”.A exposição, no Palácio da Galeria, tem “uma aborda-gem geográfica, urbana e hu-mana”, é baseada em “ima-gens de grandes fotógrafos internacionais como Marc Ferraz, Marcel Gautherot, Thomas Farkas e José Me-deiros, testemunhos da Baía da Guanabara e do Pão de Açúcar, quando ainda não eram ponto de encontro da população, o ambiente da belle époque carioca e uma vi-deoinstalação sobre as vivên-cias de Copacabana”.A exposição exibe, também, um documento de elevado valor histórico como é o bor-rão de alçado da planta de Tavira do século XVIII, acer-vo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que cede ain-da um raro conjunto de lito-grafias aguareladas do sécu-lo XIX. PR/RC

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Algarve Mª Paula Mª Paula Mª Paula Mª Paula Mª Paula Mª Paula

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CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRAEDITAL Nº 23 /2013

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 28 de maio de 2013 foram tomadas as seguintes delibera-ções:

1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 81/2013/CM, referente à 5ª. Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 82/2013/CM, referente à atribuição de apoio à Cruz Vermelha Portuguesa;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 83/2013/CM, referente ao Protocolo com a AMAL – Aquisição de Equipamento de Proteção Individual para Combate a Incêndios em Espaços Naturais – Candidatura ao POVT;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 84/2013/CM, referente ao Contrato de Comodato com o Centro Paroquial de Cachopo – Casa da Moagem (Museu do Presépio);

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 85/2013/CM, referente à Receção Provisória das Infraestru-turas – Alvará nº 1/2011 CFVM – Sociedade de Construção, Fabricação e Venda de Materiais para Construção Civil, Lda. (Sitio do Arroio – Luz de Tavira).

6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 86/2013/CM, referente à Atribuição de Apoio à Associação de Animação Infantil e Apoio Comunitário da Freguesia de Cachopo;

7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 87/2013/CM, referente à Atribuição de apoio ao Rotary Clube de Tavira;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 88/2013/CM, referente à Atribuição de Apoio à Associação Cultural Rock da Baixamar;

9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 89/2013/CM, referente ao Protocolo para o Arranjo Paisagístico na Rotunda das Salinas ao KM 137+900 da ER125.

Para constar e produzir efeitos legais se pu-blica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 28 de maio do ano 2013

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1104, de 14 de Junho de 2013)

Page 11: Postal 1104 14 JUN 2013

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14 de Junho de 2013 | 11

Tribunal Judicial de TaviraSecção Única

Rua Dr. Silvestre Falcão – 8800-412 Tavira

Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: [email protected]

2ª. Publicação

ANÚNCIOProcesso: 435/12.6TBTVR

Ação de Processo Sumário

N/Referência: 1478887

Data: 30-04-2013

Autor: Instituto de Seguros de Portugal

Réu: Gyulten Mustafov Kyoybashiev

Nos autos acima identificados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publi-cação deste anúncio, citando:

Réu: Gyulten Mustafov Kyoybashiev, profissão: Servente da Construção Civil, filho(a) de Mustafa Kyoyba-chyev e de Atye Kyoybachyeva, estado civil: Solteiro, nascido(a) em 01-08-1983, natural de Bulgária, nacio-nal de Bulgária, Passaporte – 333825250, domicílio: Rua D. Marcelino Franco, 21, Tavira, 8800-347 Tavira

com última residência conhecida na(s) morada(s) indicada(s) para, no prazo de 20 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confissão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste no pagamento de indemnização no valor de 6550,51€.

tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.

O prazo acima indicado suspende-se, no entanto, nas férias judiciais.

Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.

A Juíza de Direito,

Dra. Lara Rodrigues

O Oficial de Justiça,

Joan Santos Gonçalves de Sousa

Notas:

· Solicita-se que na resposta seja indicada a referência deste documento

· As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro; de domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 1 a 31 de Agosto.

· Nos termos do art.º 32.º do CPC, é obrigatória a constituição de advogado nas causas da competência de tribunais com alçada, em que seja admissível recurso ordinário; nas causas em que seja admissível recurso, independentemente do valor; nos recursos e nas causas propostas nos tribunais superiores.

(POSTAL do ALGARVE, nº 1104, de 14 de Junho de 2013)

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Page 12: Postal 1104 14 JUN 2013

Pedro Ruas/Ricardo [email protected]

AQUELA QUE É CONSIDERADA a festa nacional de futebol de 7, a Copa Foot 21, decorre entre 23 e 29 de Junho nas cidades de Lagoa e Portimão, uma no-vidade, visto as edições ante-riores terem sido realizadas em Vila Real de Santo António.

Na sexta edição de uma competição que reúne 1.500 jovens, vão estar presentes 75 equipas divididas por cinco escalões etários, dos seis aos treze anos de idade, que, em ambiente festivo, mas com a típica vontade de vencer se vão defrontar no Estádio Munici-pal da Bela Vista, em Parchal, no Estádio da Restinga, em Al-vor, e no Complexo Desporti-vo da Mexilhoeira Grande, em Portimão.

Os jogos iniciam-se a 24 de Junho e prolongam-se até o dia 29, excepção feita aos Sub-9, que devido aos exames nacionais, dão o pontapé de saída no dia 28 e terminam a competição a 3 de Julho.

Antes dos futuros craques subirem aos relvados dos três estádios reservados ao “Nacionalito” de futebol de 7 está marcada, no dia 23, a cerimónia de abertura, às 19 horas, em Alvor. Já a festa de encerramento acontece no dia 29, no Estádio da Bela Vista à mesma hora.

À semelhança do que acon-teceu noutros anos, o patrono da prova é Rui Costa, antigo

internacional português e ac-tual dirigente do Sport Lisboa e Benfica, que marcou presen-ça durante o sorteio (ontem, no Hotel da Estrela em Lisboa) e estará presente no Algarve durante a competição.

QUALIDADE HOTELEIRA E LAZER PESAM NA ESCOLHA A juntar às 1.500 crianças há a preocu-pação de receber também as famílias, tornando o certame numa festa conjunta que deve atrair cerca de 2.500 pessoas à região.

A capacidade das cidades anfitriãs da prova para receber

uma competição desta dimen-são pesou, segundo a organi-zação, na escolha final entre as várias cidades candidatas a acolher a edição deste ano da Copa Foot 21.

Assim, os organizadores da prova revelam que a opção por Lagoa e Portimão se prende, além do potencial de sucesso da competição, pela qualida-de hoteleira da região e pelas componentes de lazer e diver-são existentes em ambos os concelhos, características fun-damentais para que o evento se torne inesquecível para par-ticipantes e familiares.

Futuros craques para ver em Lagoa e PortimãoCopa Foot 21 arranca dia 23

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. Várias escolas do Algarve já aderiram à iniciativa: AE Professor Paula Nogueira (Olhão) / AE da Sé (Faro) / AE D. Afonso III (Faro) / AE Dr. Alberto Iria (Olhão) / Colégio Bernardette Romeira (Olhão) / AE Dr. João Lúcio (Fuseta) / AE de Estoi (Faro) / AE Joaquim Magalhães (Faro) / AE do Montenegro (Faro) / AE de Castro Marim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: [email protected] ou [email protected].

>> SOLUÇÃO da edição passada >> ASSINALE A FRASE CORRETA

Árvore que não dá fruto,

Ora, vê lá se sabes este provérbio:

De algodão velho,

� não se faz bom pano.

� faz-se pano velho.

Ora, vê lá se adivinhas:

� há que regar. ;machado nela.

Ô Competição reúne 1.500 jovens, distribuídos por 75 equipas

d.r.

última

Tiragem desta edição:8.907 exemplares

O POSTAL regressa no dia 5 de Julho

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JUNHO 2013 | n.º 58

www.issuu.com/postaldoalgarve8.907 EXEMPLARES

Espaço CRIA:

Criando com Energia

p. 2

Grande ecrã:

Mostras de cinema ao ar livre estão de regresso

p. 3

Panorâmicas

Uma aldeia algarvia feita da força do imaginário

Contos:

Sábado e depois Domingo

p. 4

Mensalmente com o POSTALem conjuntocom o PÚBLICO

É tempo de MED

em Loulép. 4

Sons da Jamaica com Antony B :

d.r.

d.r.

d.r.

d.r.

d.r.

António Rosa Mendes:

O narrador implicado

p. 11

p. 8

d.r.

Editorial:

A herança de

Rosa Mendesp. 2

Page 14: Postal 1104 14 JUN 2013

14.06.2013 2 Cultura.Sul

Demasiado cedo. É sempre demasiado cedo nestas situ-ações e o adeus a António Rosa Mendes tem também esse amargo da chegada an-tes da hora devida.

Humanista, homem da Cultura e da defesa do Al-garve, Rosa Mendes é e será sempre um nome incontor-nável da região.

Deixa-nos a todos sem ex-cepção mais pobres e menos acompanhados, mas deixa--nos também herdeiros do seu legado pessoal e profis-sional e cumpre-nos honrar essa deixa que fez universal e não testamentária.

Devemos-lhe a gratidão de nos deixar colectivamen-te a sua experiência para que dela nos possamos “apode-rar”, cumprindo a natureza histórica de seres humanos e incorporando a experiên-cia que nos lega para todo o sempre.

Recordar é viver e aqui vos deixo as palavras do homem singular que era num trecho da entrevista a Rosa Mendes que o Cultura.Sul publicou em 2010:

“O passado nunca passa precisamente, porque os se-res humanos não têm Natu-reza, têm História. Nós somos feitos de passado, somos o re-sumo daquilo que está para trás de nós e, portanto, aquilo que está para trás de nós não passa na medida em que nós incorporamos todas essas ex-periências do passado.

O que sucede é que fre-quentemente nós somos muito ingratos em relação àqueles que nos antecede-ram e que construíram este mundo que herdámos. A nossa condição de humanos é sermos herdeiros. Portanto somos feitos de tempo. Pelas nossas veias não circula só o sangue, circula também o tempo. A nossa matéria é o tempo e nessa medida se queremos sinais de orien-tação em relação ao futuro temos que nos apoderar do passado”.

A herança de Rosa Mendes

Ficha Técnica:

Direcção:GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor:Ricardo Claro

Paginação:Postal do Algarve

Responsáveis pelas secções:• Contos da Ria Formosa:

Pedro Jubilot• Espaço ALFA:

Raúl Grade Coelho• Espaço AGECAL:

Jorge Queiroz• Espaço CRIA:

Hugo Barros• Espaço Educação:

Direcção Regionalde Educação do Algarve

• Espaço Cultura:Direcção Regionalde Cultura do Algarve

• Grande ecrã:Cineclube de FaroCineclube de Tavira

• Juventude, artes e ideias: Jady Batista• Da minha biblioteca:

Adriana Nogueira• Momento:

Vítor Correia• Panorâmica:

Ricardo Claro• Património:

Isabel Soares• Sala de leitura:

Paulo Pires

Colaboradoresdesta edição:João Mil-HomensMarta SantosMauro RodriguesPaulo Côrte-RealPaulo SerraSara Navarro

Parceiros:Direcção Regional de Cul-tura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve

e-mail redacção:[email protected]

e-mail publicidade:[email protected]

on-line em: www.issuu.com/postaldoalgarve

Tiragem:8.907 exemplares

Criando com Energia

Chegada a Primavera, as pri-meiras andorinhas trouxeram boas notícias à Universidade do Algarve. A aprovação de quatro novos projectos euro-peus, nos quais a Divisão de Empreendedorismo e Trans-ferência de Tecnologia (CRIA) participará, 1integrando par-cerias que englobam mais de 25 entidades provenientes de oito países da bacia do Medi-terrâneo.

Quatro novos projectos, um tema em comum - a energia: o Projecto ECOFUNDING visa fa-cilitar o acesso a financiamen-to para empresas inovadoras ligadas ao sector do ambiente e da energia; o Projecto WIDER pretende fomentar a inovação na eco-contrução apoiando fi-nanceiramente PMEs com tec-nologias energéticas inovado-ras; o Projecto SMARTINMED promove a cooperação entre empresas e investigadores li-gados à área das energias re-nováveis; e por fim, o projec-to ENERGEIA, que visa apoiar o desenvolvimento de novas

empresas que despontem de projectos de investigação científicos relacionados com a energia.

A área da energia represen-ta para o Algarve um vasto manancial de oportunidades

que não têm sido eficazmen-te aproveitadas. É sobejamente conhecido o potencial da re-gião em matéria de energias renováveis, quer falemos das já tradicionais energias solar e eólica, quer se fale de formas

mais inovadoras relacionadas com o mar, seja através de ondas ou marés. Simultane-amente, o Algarve tem ainda um longo caminho a percorrer em matéria de eficiência ener-gética e conservação de ener-

gia, sendo necessário proceder a uma profunda alteração dos nossos comportamentos indi-viduais de forma a reduzir os consumos através de melhora-mentos em termos de eficiên-cia energética.

Esperamos que até 2014, através destes novos projec-tos, consigamos estimular toda a cadeia de valor ligada ao sector da energia na Região do Algarve. Sabemos desde já que serão criadas formas de estimular projectos de inves-tigação nesta área a materia-lizarem-se como ideias de ne-gócio. Iremos criar formas de identificar novas tecnologias e encontraremos formas de estimular novos empreende-dores de forma a integrá-los nesta vasta rede europeia. Ire-mos apoiar financeiramente algumas PMEs existentes com tecnologia passível de ser apli-cada no sector da construção. Procuraremos apoiar todas as empresas no processo de cap-tação de financiamento para alavancar novos negócios. E fundamentalmente, iremos estimular o debate e o inter-câmbio de experiências entre os diversos agentes da Região, públicos e privados, ligados ao sector da energia.

Ainda assim, é importan-te realçar que estes projectos são apenas os ninhos, de onde poderão nascer novas vidas. É fundamental que a comunida-de empresarial e a comunida-de científica se juntem no es-forço de levar estes projectos a bom porto. A recompensa valerá certamente a pena: es-timulo à economia, incentivo à investigação e à inovação, mais eficiência e menor dependên-cia energética. As andorinhas agradecem….

Uma ideia

Haverá algo mais poderoso que uma ideia?

As ideias encerram em si a força e a criatividade da concretização do mundo. O ritmo de vida atual leva--nos, vezes sem conta, a es-quecer a grandiosidade das ideias. De um simples esbo-ço, a uma obra pictórica ou

a um objeto arquitetónico, a ideia é o que lhe dá ori-gem. O abstrato dá lugar ao concreto. Pensando na nos-sa vida quotidiana, estamos de acordo que, objetos nela materializados dependem da qualidade, criatividade e força das ideias. Então que se apoie e cultive o surgimen-to de novas ideias, onde os jovens, graças à sua abertu-ra, disponibilidade a novas experiências e a vontade de apropriação do mundo, são os verdadeiros embaixadores do empreendedorismo.

Consubstanciadas pela Educação - um dos pilares das nações que almejam a prosperidade e o desenvol-

vimento sustentável, as artes, ao mesmo tempo que abrem novos horizontes e apontam

novos caminhos, conferem beleza ao mundo. Como par-te integrante da cultura, são um rico e importante fator de desenvolvimento imate-rial. Embora ultimamente se venha a assistir a tentativas, falsamente legitimidadas, de destruição das artes e da cultura (direi mesmo da pró-pria identidade nacional), importa lembrar que essa será uma tentativa vã, já que as artes e a cultura têm como génese uma IDEIA. As ideias não se destroem. Os homens e as mulheres podem mor-rer mas as suas ideias ficam e disseminam-se como a brisa de um novo dia. Imagina-se um mundo sem beleza?

d.r.

d.r

.

Ricardo [email protected]

Editorial Espaço CRIA

João Mil-HomensGestor de Ciência e Tecnologia no CRIA – Divisão de Empreen-dedorismo e Transferênciade Tecnologia da UAlg

Juventude, artes e ideias

Paulo Côrte-RealDocente

Page 15: Postal 1104 14 JUN 2013

14.06.2013  3Cultura.Sul

Cineclube de TaviraProgramação: www.cineclubetavira.com281 971 546 | 965 209 198 | 934 485 [email protected]

SESSÕES REGULARES | Cine-TeatroAntónio Pinheiro | 21.30h 18 JUN | JOSÉ E PILAR, MIGUEL GONÇALVES MENDES, Portugal 2010 (125’) M/6 20 JUN | LAURENCE ANYWAYS (LAURENCE PARA SEMPRE), Xavier Dolan, Canadá/França 2012 (168’) M/12 27 JUN | ZERO DARK THIRTY (00:30 A HORA NEGRA), Kathryn Bigelow, E.U.A. 2012 (157’) M/16 28 JUN | VILLA-LOBOS: UMA VIDA DE PAIXÃO, Zelito Viana, Brasil 2000 (130’) M/12

“SONHOS”Até 21 JUN | Galeria de Arte da Associação Sociale Cultural de Almancil (ASCA)Exposição de escultura de Aldamir Filho. Desejoso de trabalhar na criação a três dimensões, aproveita ma-teriais reciclados diversos, como o ferro, a madeira, a pedra, o alumínio e outrosAg

endar

Mostras de cinema ao ar livre estão de regresso a Tavira

A grande notícia deste mês é que neste Verão estarão de volta as mostras de cinema ao ar livre! Foi uma luta exaustiva e dura, mas deu frutos. Estamos a trabalhar quase a tempo inteiro para poder oferecer-lhes um programa que ficará gravado nas vossas memórias. Mantenham-se atentos!

Até lá, mais um mês de cinema de qualidade no Cineclube de Tavira. Para quem não o viu ainda (e não só!), não percam um dos melhores filmes da história do cinema nacional: JOSÉ E PILAR, que iremos exibir pela terceira vez na terça-feira, 18 de Junho, data do terceiro aniversário do falecimento de José Saramago. A ideia é que todos os cineclubes do país o exibam no mesmo dia, Tavira foi o primeiro a responder à iniciativa.

Repetimos: a maneira mais simples, mais agradável, mais en-riquecedora e menos dispendiosa de ajudarem o Cineclube de Tavira (no passado dia 8 de Abril a nossa associação fez 14 anos) é apenas uma: desfrutem das nossas sessões de cinema de qua-lidade. O valor do nosso bilhete de entrada é e continua baixo: quatro euros para o público em geral e apenas dois para os sócios e para qualquer portador do cartão de estudante ou de sócio de Inatel. Até muito em breve!

Cineclube de Tavira

As mostras de cinema ao ar livre regressam à agenda cultural da cidade de Tavira

e do respectivo cineclube, uma vitória para a Cultura e para o Cinema

d.r.

Espaço AGECAL

O “novo tempo” nas artes e ofícios artesanais

Falemos de tempos. Tempos de escassez, do “aproveitar o que está à mão”, de mobilidade, de transmissão de conhecimentos pela via do gesto e da oralidade, do desfazer e fazer de novo, do aprendendo fazendo e operando.

Procurava-se tirar o melhor partido das matérias que o território coloca-

va à disposição, ou que dele podiam ser obtidos, por força da constante necessidade de adaptação ao meio, e onde “a necessidade faz o engenho”, as transformava com recurso a técni-cas essencialmente manuais.

Os ritmos de trabalho, descanso e celebração estavam pautados pelas tarefas laborais, numa experiência comunitária interdependente do lugar e cujas manifestações seriam ritualizadas pelas relações e afectos de parentesco, laboral e vizinhança.

Na alteração destes “mundos” laborais, ocorreram profundas transformações.

Reconfiguraram-se os usos. O “tempo das coisas” modificou... Industrializou-se, criam-se outras oportunidades, implementa-se o sis-tema de ensino formal, reflectem-se

identidades e novas questões sobre o património.

Assiste-se ao esbatimento entre ru-ral e urbano, integram-se eventuais substitutos das economias tradicio-nais, integrando processos turísticos, de mercantilização, de mobilidade, e onde a paisagem rural sem ruralida-de ganha o lugar de “paraíso perdi-do”, de retorno aos “costumes” num cenário imaginado alternativo ao quotidiano urbano.

Nestas reconfigurações, eventual-mente algumas práticas, contextos e celebrações artesanais mantêm-se e continuam a fazer sentido nestes “produtores”, partilhando a necessi-dade do colectivo e das práticas quo-tidianas, e outras que se alteram para a construção de um “novo” ou apenas “renovado” significado.

A necessidade de artes e ofícios artesanais no século XXI

Já conseguimos viver em temperatu-ras constantes de 22ºC… A casa, o carro, o escritório, as idas ao supermercado. Não necessitamos, para exercer a maio-ria das nossas tarefas do nosso quotidia-no, de agasalhos de quem necessitava para exercer o seu ofício no exterior. Deles dependia, para o seu conforto e em certa medida sobrevivência, de um agasalho quente, resistente, impermeá-vel, duradouro.

Já não temos necessidade de sermos criteriosos na selecção das matérias ve-getais que constituem a cestaria, adequa-das ao uso a que se destinavam - a cana para a cesta de derregar a cal, o esparto para a esteira de empreita de secar os fi-gos, o vime para as canastras de peixe.

Grande ecrã

Marta SantosArquitecta Membro da direcção AGECAL

“JOHN PIZZARELLI”29 JUN | 21.30 | TEMPO - Teatro Municipalde PortimãoConsiderado um dos revivalistas do Great American Songbook, o músico americano tem mais de 40 ál-buns editados, sendo o mais recente, “Double Expo-sure”, de 2012

Alterámos a necessidade. Criámos novos sentidos. Procuramos outras res-postas para os objectos.

Estas “antigas - novas” artes procuram hoje novos consumidores, encontrando frequentemente nas comunidades ex-ternas a aceitação de um repositório de “práticas populares” e de “lugar”.

Modificaram-se as motivações de con-sumo, mas valorizamos a arte e o ofício artesanal, num resgate de memória, quase que num registo etnográfico de um contexto, procuramos um sentido ecológico, procuramos histórias naquele objecto. O seu currículo vitae, onde nas-ceu, em que condições foi fabricado e sua história de vida. O seu contexto fa-miliar. E queremos transportar este “mi-cro-cosmo” do objecto para o nosso lar. Transportamos com ele os seus valores de contexto, de família, de modo de fa-brico. E damos-lhe valor. Ganha outro sentido. O nosso sentido.

Encorpamos agora novos ou “reno-vados” significados, num processo de reformulação e de reinvenção, trans-portando novas significações da sua identidade.

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14.06.2013 4 Cultura.Sul

É tempo de Med em Loulé

O Festival Med vai atrair, nos próximos dias 28 e 29, milha-res de pessoas em busca da melhor música, artesanato e gastronomia, vindo um pou-co de todo o mundo.

O evento, uma organização da Câmara de Loulé e que as-sinala este ano a sua décima edição, tem na música o prato principal e estão prometidas emoções fortes com um luxu-oso programa de actuações.

Desde logo atenções centra-das num dos fenómenos de popularidade na cena reggae

internacional, o jamaicano An-thony B, que sobe ao palco no segundo dia do evento.

Também para sábado está marcado o regresso a Portugal, após vários anos de ausência, de uma das bandas mais míti-cas das últimas duas décadas na Europa, os sempre vanguar-distas Hedningarna, da Suécia.

Divas encantam Loulé

Outro ponto alto passa por uma das mais aguardadas es-treias no festival louletano, onde dia 28, Oumou Sanga-ré sobe ao palco. A cantora do Mali é uma diva da músi-ca africana, vencedora de um grammy, mas também reco-nhecida por ser uma activista cívica pelos direitos das mu-lheres e embaixadora da Boa--Vontade da ONU.

O programa do MED 2013 faz uma aposta clara numa nova geração de cantautoras no feminino que está a impres-sionar o mercado internacio-

nal da música. Exemplos disso mesmo são as actuações da an-golana Aline Frazão e de Tuli-pa Ruiz, uma das grandes pro-messas da música brasileira.

No dia 29 é a vez da catalã Silvia Perez Cruz, estreia em território nacional de uma das artistas mais acarinha-das pelo público e pela crí-tica espanhola.

Também o contingente na-cional do Med 2013 é de alto nível e, como é habitual, pro-move alguns dos mais inte-ressantes projectos recentes

da música portuguesa. No primeiro dia de festival,

sobem ao palco os Dead Com-bo, Miguel Araújo e Samuel Úria, bem como Elisa Rodri-gues, uma das mais vibrantes vozes do jazz nacional.

Dia 29 há lugar ao fado, com Cuca Roseta, mas não só. A contagiante e contemporâ-nea celebração popular que representam as actuações dos Kumpania Algazarra ou dos Dona Gi também prometem animação. Mais intimista será decerto a actuação de Sofia Vi-tória, num projecto de home-nagem a Chico Buarque.

Por fim, para os mais resis-tentes, as duas noites do MED 2013 terminam com apelos à dança vindos dos pratos de HugoMendez “Sofrito”, bada-lado dj londrino na primeira noite, e de Batida Dj Set no sábado.

Os bilhetes diários custam 12 euros e podem ser adqui-ridos nos dias do evento no próprio local.

Oumou Sangaré, a grande diva do Mali e de África

Teatro Municipal de Faro Programação: www.teatromunicipaldefaro.pt

15 JUN | Luís de Matos, “Chaos” (magia), 21.30 horas, duração 1h30, preço: 10 € e 15 €22 JUN | Escola da Companhia de Dança do Algarve, 21.30 horas, duração 2h, preço: 10 €

Cine-Teatro LouletanoProgramação: http://cineteatro.cm-loule.pt

15 JUN | Al-Buhera canta Amália, Alain Oulman e Ricardo Valério, 21.30 horas, preço: 6 € 6 JUL | LX Comedy Club, (stand-up comedy), 21.30 horas, preço: 10 €

AMO - Auditório Municipal de Olhão Programação: www.cm-olhao.pt/auditorio

15 JUN | A Fantasia do Circo, Circo Cardinali, 16 horas, duração: 1h15, preço: 6 €22 JUN | António Zambujo - a solo (música), 21.30 horas, duração: 1h30, preço: 15 €

TEMPO - Teatro Municipal de PortimãoProgramação: www.teatromunicipaldeportimao.pt

Até 13 JUL | Sérgio Godinho e as 40 Ilustrações (exposição), de terça a sábado, das 10 às 19 horas, entrada livre19 JUN | Um espaço chamado Teatro, 19 horas, duração: 1h30, preço: 3 €21 JUN | Cinemas às 6.ªS – “Elena”, de Andrey Zvyagintsev, 21.30 horas, duração:1h50, preço: 3 €27 JUN | Um espaço chamado Teatro, 19 horas, duração: 1h30, preço: 3 €28 JUN | Cinemas às 6.ªS – “O Polícia”, de Navad Lapid, 21.30 horas, duração:1h50, preço: 3 €29 JUN | John Pizzarelli (música), 21.30 horas, duração: 1h30, preço: 12 e 14 €

Aqui há espectáculo

Luís Franco-Bastos, Ricardo Vilão, Rui Sinel de Cordes e Salvador Martinha per-correm o país em registo de comedy club. Depois de várias sessões esgotadas em vá-rias cidades o tour VOLTA EM 2013.

Nova temporada, novos textos, a mesma irreverência. A regra é que não há regras. Só piadas.

Dest

aque 6 JUL | LX Comedy Club, (stand-up comedy), 21.30 horas, preço: 10 €

Da mesma forma que o bater de asas de uma borboleta em Tóquio pode provo-car um furacão em Nova Iorque, também a presença de cada espectador se reflecte em cada representação de Luís de Matos.

Uma jornada inesquecível, plena de in-teração e mistério, repleta de feitos inexpli-cáveis que perduram na memória de cada espectador que os vive.

Os noventa minutos de espectáculo são uma combinação única da imaginação co-lectiva de todos que nele participam.

“Luís de Matos - CHAOS” é uma experiên-cia mágica sem precedentes, uma colecção de mistérios tornados realidade em cada representação, constituindo uma viagem mágica pessoal, intransmissível e memorá-vel. Ilusão ou realidade? A escolha é sua…

Dest

aque

15 JUN | Luís de Matos, “Chaos” (magia), 21.30 horas, duração 1h30, preço: 10 € e 15 €

António Zambujo vem ao AMO apre-sentar o seu mais recente álbum “Quin-to”. Disco que entrou directamente para o segundo lugar do top nacional de ven-das, depois de ter liderado o top iTunes.

Do Alentejo para o mundo, a obra de António Zambujo foi elogiada nos quatro

cantos do globo, louvada, por exemplo, no Brasil ou nos Estados Unidos.

A viagem de “Quinto” pelos palcos já começou e está prevista mais uma noi-te bem passada com um artista que tem esgotado salas de espectáculos em todo o país.

Dest

aque 22 JUN | António Zambujo - a solo (música), 21.30 horas, duração: 1h30, preço: 15 €

d.r.

John Pizzarelli estreia-se em 2013 em Portugal com três concertos. Depois de ir a Castelo Branco e Lisboa, no dia 29 de Ju-nho passa pelo TEMPO.

O mote para estes espectáculos é a apre-sentação aos portugueses do seu cool jazz tocado à guitarra.

Conhecido por interpretar baladas clássi-cas, Pizzarelli tem nas suas influências no-mes como Nat King Cole ou Frank Sinatra. Considerado um dos revivalistas do Great American Songbook, o músico americano tem mais de 40 álbuns editados, sendo o mais recente, “Double Exposure”, de 2012.

Dest

aque 29 JUN | John Pizzarelli (música), 21.30 horas, duração: 1h30, preço: 12 e 14 €

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14.06.2013  5Cultura.Sul

Logo depois de acordar fiz-me à calçada irregular das ruas estreitas a seguir o cheiro a maresia como quem procura a certeza de que na orla do grande oceano a vista ganha horizon-te aberto e prolongado.

O mar tem destas coisas, garante vistas largas, sem obstáculos e era exactamente isso que procurava para esta manhã na Senhora do Forte.

A brisa salgada podia ser a única indicação do destino que procuro, mas aqui o silêncio ambiente tem o condão de garantir que também pelo ouvido se pode buscar o caminho do mar. O ribombar das ondas que se es-praiam junto às arribas num ritmado lamber das areias brancas confirmava o caminho e rapidamente desembo-quei junto ao farol.

Sentei-me no primeiro café que en-contrei para beber o expresso da ma-nhã e afastar do corpo a sensação do peso do sono ainda há pouco aban-donado. Paguei e fiz-me de novo ao piso de calcário cinza recortado em rectângulos e dum pulo, deste para aquele lado da rua, pude ver o Atlân-tico em todo o esplendor.

O Miradouro do Farol no topo da arriba permite um olhar altaneiro so-bre o azul imenso. A ponta de terra, onde em tempos idos se construiu o guia dos navegantes, rasga o mar e põe-nos, como que por magia, na posição estranha de quem de dentro do oceano pode ver a aldeia algarvia pontilhada a branco pelo casario en-costa acima.

Há décadas que o velho torreão de ferro forjado se não cansa de, com a sua luz rodopiante, avisar os homens do mar que ali a terra se intromete pe-los domínios de Neptuno. Noite, após noite, o feixe de luz rasga o negro do firmamento e mantém afastado e em segurança quem quer passar ao largo da Senhora do Forte e indica o azimu-te para os filhos da terra se fazerem à rebentação para regressarem ao porto da aldeia sãos e salvos depois de mais uma faina.

Daqui vejo o porto e a ponte que fa-zem o caminho da beira-mar até à orla do casario. Os frutos do mar fazem este percurso a cada dia carregados pelas mulheres dos pescadores com a habilidade e a destreza de quem o faz consciente de que carrega o sustento da prole.

Hoje estão estranhamente desertos. Porto e ponte abandonados, redes e parafernália jazem na rampa do porto

semeada de barcos. Recolhidas dentro dos molhes as embarcações não mos-tram sinais de azáfama e balouçam estranhamente vazias dos homens de pele escura do sol e gretada do salitre que habitualmente as povoam.

Agora que reparo neste vazio lem-bro-me que não me cruzei com nin-guém nas ruas... também elas estão estranhamente desertas e para além da senhora que me deu o café, não vi vivalma desde que saí da cama. Estranho abandono este a que a al-deia parece ter sido repentinamente votada e é perdido nestes pensamen-tos que oiço o explodir dos aplausos

e dos vivas.Levanto o olhar a percorrer a mar-

ginal na procura dos responsáveis por tamanho alarido, que é de gen-te que se trata certamente, pois só o gentio pode encher de palmas o silêncio.

O jogo casamenteiro

Em torno do Forte da Sapata a mole humana anuncia ajuntamento invul-gar numa aldeia de brandos costumes e dum pulo me junto à festa enquan-to tento perceber a razão de tamanho burburinho.

Em três actos me faz esclarecido um filho da terra que me põe a par do Jogo da Rampa. Os aplausos são a recepção devida à primeira noiva que saiu das portas da fortaleza.

Trata-se afinal de um género de pe-ddy-paper casamenteiro que se joga apenas uma vez por ano. O momen-to alto tem início com o rebentar de um morteiro que dá a partida para a subida da rampa do forte por oito ra-pazes solteiros que têm como desafio encontrar um minúsculo papel que se encontra escondido no terraço do baluarte.

Descoberto o papel onde está es-crita a senha que lhes vai servir para encontrarem uma rapariga também solteira, rapaz e rapariga entram na fortaleza com uma chave que ela lhe entrega e dentro do forte têm de en-contrar uma veste branca de noiva que está guardada num baú, num lugar desconhecido.

Encontrada a veste, o rapaz entrega--a à companheira de jogo, sai e espera à porta que ela apareça, já vestida de noiva.

Assim que esta se apresenta, é sau-dada por todos e é-lhes apresentado pelo júri um prémio, que de ano para ano varia, sendo este entregue a am-bos. Depois, o rapaz dá-lhe um beijo na face e sela o momento com uma quadra tradicional:

A brincar te encontrei.E de noiva estás vestida!Será que eu agora acheiA mulher da minha vida?!

Há lá melhor maneira de fazer um ‘arranjinho’ que perante toda uma al-deia. A mim contam-me que o jogo já fez cair de amores os rapazolas mais afoitos nestas coisas das paixões com a mesma força com que retirou das masmorras da solidão alguns dos moços mais envergonhados da Se-nhora do Forte.

Uma visita imperdível

Tudo isto em data agendada desde há tempos imemoriais e com a pre-sença massiva da população, numa festa que atraia à aldeia centenas de visitantes para verem como aqui, por terras algarvias do concelho de Lagos, se dá mote ao amor através de uma brincadeira.

Ainda a procissão vai no adro deste dia recheado de acontecimentos em Senhora do Forte, a festa promete ser rija e faz-se de música pela banda lo-cal, Lira do Forte, e pelos cantares do grupo coral Brumas do Mar. O teatro sai à rua durante a tarde no jardim do coreto, lateral à igreja, pela mão do grupo cénico Arrebol, a que se segue o folclore que se faz de corridinho com o ritmo a ser imposto pelo ran-cho Vá de Roda.

Antes do cair da noite, tudo visto, ainda tenho tempo, afiançam-me, de subir ao Miradouro de Cima e con-templar os socalcos da aldeia serpen-teados de velhas ruas que se hão-de encher de gente como artérias por onde corre a força do imaginário da aldeia em direcção ao mar.

Um dia inesquecível este passado na única aldeia algarvia que se pode sempre ver de cima com o olhar fi-xado na maqueta feita pelas 5.300 horas de trabalho de Pedro Pacheco dos Reis e que se apresenta aos visi-tantes no Museu Municipal de Lagos.

Uma visita imperdível para quem ousar sonhar e deixar-se levar por uma aldeia que do imaginário se faz real e que comemora este mês de Ju-nho o vigésimo aniversário.

Basta passar pelo Museu de Lagos e à escala de 1/200 atrever-se a visi-tar as ruas e as gentes da Senhora do Forte.

Ricardo Claro

Senhora do Forte, uma aldeia algarvia feita da força do imaginário

A Aldeia da Senhora do Forte foi construída por Pedro Reis e doada ao Museu de Lagos

fotos: d.r.

“DANÇA COM CIGANSKI-KIUCHER”15 JUN | 21.30 | Centro Cultural de LagosGrupo apresenta um espectáculo de danças ciganas romanis dos Balcãs e Europa Central, dança cigana russa com xaile, turkish romani (Roman Havasi), fan-tasia Zíngara...

“EXPOSIÇÃO DE ARTE SACRA CREIO”Até 15 SET | Museu de PortimãoUma mostra que reúne cerca de 50 peças de arte com significativo valor artístico e religioso de diver-sas paróquias algarvias, abrangendo um período de quinhentos anosAg

endar

A povoação imaginária, em miniatura, comemora 20 anos

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14.06.2013 6 Cultura.Sul

“DIÁLOGOS LIDOS”22 JUN | 21.30 | Café-Bar Atabai - Barão de São João (Lagos)Serão cultural proporcionado por um grupo de amantes da escrita, antecedido, às 19 horas, pela abertura da II Exposição de Escultura e Pintura, no Largo da Igreja

“OS PESCADORES”TEMPORÁRIA | Museu de OlhãoExposição de fotografias de Luísa Soares Teixeira, acompanhada de textos de Raul Brandão, mostra duas narrativas sobre a cidade cubista, uma fotogra-fada na actualidade e outra publicada em 1922

Visões do real histórico em Lillias Fraser

Lillias Fraser, romance de Hélia Correia, ganhou o Prémio D. Dinis 2002 e o Prémio do PEN Clube Por-tuguês 2001. Lillias Fraser é a prota-gonista deste romance homónimo, uma criança escocesa com o dom ex-cepcional e mágico de prever a morte nas pessoas, pois quando as olha vê--as no momento da sua morte. Este poder vai salvá-la logo nas primeiras páginas do romance, pois assusta-se quando olha o pai e antecipa o seu assassinato. Claro que inicialmente a menina não compreende o que vê e aí há uma confusão ainda da persona-gem, por desconhecimento dos seus próprios dons, que se vão revelando e fortalecendo ao longo da narrati-va, e depois multiplicam-se. As visões de Lillias abrem a percepção do leitor para um tempo em que os véus são demasiado finos, permitindo “pre--ver” o futuro da mesma forma que o mundo do invisível se sobrepõe por vezes ao mundo do sensível: «Acaba-ria por acostumar-se e quando, anos depois, em Portugal, viu abater-se uma cidade inteira, levantou-se em silêncio do enxergão, fechou a trouxa e foi dormir para o jardim, sem avi-sar ninguém daquilo que iria passar--se mais à frente, de manhã. Pensou que, se falasse, criaria um estado tal de confusão que os acidentes come-çariam a acontecer antes de o terra-moto os provocar.» (p.8). Lillias Fraser escapa à batalha de Culloden e é por ver e seguir o fantasma da sua mãe, julgando-a viva, até ao castelo de Moy Hall, um sítio seguro, que a jovem permanece viva para nos contar a sua história. É o fantástico que conduz e salva Lillias ao longo da narrativa. É novamente graças ao seu dom, com o qual aprendeu a conviver, que se vol-ta a salvar no fatídico ano de 1755. Lillias tem um brilho que atrai os ho-mens e intimida as pessoas. A sua sin-gularidade é perceptível físicamente: «Tem os olhos doirados (...) Sinal de que houve bruxas na família.» (p. 43). Tem um brilho de sobrenaturalidade e mistério que irradia em seu redor

por onde passa. Chega a ser motivo de mitos e rumores. Essa luz protege--a inclusive de feras como os lobos, mantendo-os à distância (p. 89).

O verbo ver predomina no roman-ce, bem como a palavra visão ou olhos, por onde se apreende o real circundante mesmo quando Lillias duplica a sua visão, vendo este mun-do e o outro que há-de vir. O doura-do é a cor que reveste e irradia Lillias Fraser, o que reforça assim a sua graça enquanto receptáculo de um dom divino e não do Diabo, como a igreja advogava na época, tal como quando decidiu queimar parteiras e curandeiras acusando-as de bruxas, de forma a deter o poder de curar e

ajudar o povo. Silenciada aquando do episódio da batalha de Culloden por uma mulher, a crian-ça parece gravar esse comportamento para o resto da sua vida: «Fica calada, ouviste? Nunca fales. Não digas nada.» (p. 39). Lillias, no seu mutismo silencioso,

em que muito pouco fala durante todo o romance,

parece assim um símbolo da condi-ção da mulher e da sua passagem si-lenciosa pela História.

As máscaras de Lilias Fraser

Lillias Fraser vai vestindo máscaras e nomes ao longo do romance, como estratégia de sobrevivência, numa retórica de caranavalização. Temos inclusive um momento de travestis-mo, quando Lillias se faz passar por um homem, acompanhando Cilícia, a mulher maternal que a acolhe e protege, como se ela fosse um talis-mã: «Para que Lillias a acompanhasse, Cilícia fez-lhe um fato de rapaz e cor-tou-lhe o cabelo pelos ombros. “Pas-

sas por filho meu. Não abras boca.”» (p. 231).

A estrutura deste romance divide--se em três partes, que correspondem a cenários e tempos distintos: Escó-cia em 1746, Portugal em 1751 e em 1762, terminando num lugar incer-to/utópico. Há um arco temporal de dezasseis anos em Lillias Fraser, livro--personagem que surgiu à autora no seguimento de um episódio biográ-fico narrado no livro, quando visita Culloden, cenário com que se inicia a história. O narrador confunde-se as-sim com o autor, e fala-nos sobre um passado histórico a partir do presen-te, recriando ou reconstituindo o pas-sado numa narrativa que se assume como uma efabulação, onde decor-rem ainda incursões do mágico. A voz do/a próprio/a narrador/a ocorre em diversos momentos: «Estive no cam-po de batalha de Culloden em 1999, a meio de Abril, um dia após as co-memorações» (p. 13). Estas intrusões do narrador servem não só para nos despertar da ilusão de estarmos mer-gulhados numa história que ocorre noutro tempo como para nos tornar conscientes de que toda a História, tal como toda a ficção literária, é uma leitura a partir da perspectiva ou da

moldura do real do presente, em que o leitor se insere. O narrador situa o leitor claramente num contexto pós--moderno, assentando-nos bem os pés na terra mesmo no início do ro-mance, ao falar-nos da sua presença na cafetaria e no museu do memorial histórico, bem como quando refere a existência do site na Internet sobre Culloden (p. 17). Mas, da mesma for-ma que o historiador não pode visi-tar o passado para saber, em primeira mão, como este aconteceu, o narra-dor também não detém todas as pe-ças do puzzle que ele próprio narra. O narrador enquanto instância tipi-camente omnisciente chega mesmo a brincar com as suas próprias limi-tações, numa constante atestação de ignorância: «Se alguém ouviu gemer os soterrados e se benzeu ao despejar os caldeirões, isso não sei.» (p. 139).

E se por várias vezes relacionámos o dom sobrenatural de Lillias com o de Blimunda, que em Memorial do Convento era capaz de ver o interior das pessoas em jejum, Lillias ao che-gar a terras portuguesas encontrar--se-á efectivamente com Blimunda, criando-se assim um inovador e apra-zível jogo de ficções. A descrição que é feita de Blimunda reforça a sua aura de sobrenaturalidade, enquanto apa-rição que emana de um outro mun-do/livro: «A mulher riu. Tinha um tão claro riso que Lillias julgou, por um momento, achar-se rodeada de crianças. No entanto, apesar do seu cabelo, ainda muito escuro, e do seu rosto, liso e moreno, onde brilhava a sugestão de emulsões orientais, vinha dela uma esplêndida velhice. Atravessara o tempo e convencera--o a separar-se dela para sempre. (p. 280). Lillias Fraser, por seu lado, fará também uma aparição especial no romance As Luzes de Leonor (2011), de Maria Teresa Horta. Neste último romance, o nome da personagem é Lilias Fraser, com um l, e parece ter surgido devido a um comentário ca-sual de Hélia Correia com Maria Te-resa Horta, quando se aperceberam que o tempo de ambas as narrativas era coincidente. Esta situação é ex-tremamente curiosa e desmistifica um pouco o processo da escrita em que tudo tem de ter um significado oculto. Aparentemente, Hélia Correia terá pedido à poetisa e escritora Ma-ria Teresa Horta para ser madrinha deste livro, As luzes de Leonor, e em resposta Maria Teresa Horta pediu--lhe Lillias Fraser de empréstimo.

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

Letras e Leituras

d.r.

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Page 19: Postal 1104 14 JUN 2013

14.06.2013  7Cultura.Sul

“A FANTASIA DO CIRCO”15 JUN | 16.00 | Auditório Municipal de OlhãoEspectáculo conta com a participação de grandes artista nacionais e internacionais que farão a delícia dos mais pequenos, como só o circo consegue fazer!

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Precisão no tempo e espaço na Natureza

Quando olhamos para a Natu-reza, parece-nos tudo um bocado desorganizado, mas na verdade ela tem por debaixo da sua pele uma arquitectura tão precisa que por vezes até assusta quando co-meçamos a pensar verdadeiramen-te sobre ela. Mesmo que o Homem plante as suas estruturas na paisa-gem, ela modifica-se e adapta-se criando equilíbrio, para sustentar um sistema. Este equilíbrio é for-mado por padrões que se repetem ao longo do tempo, 365 dias por ano, uma vez que o planeta Terra roda em função da proximidade da Lua e do Sol. Com tanta preci-são no espaço e no tempo, basta

aos fotógrafos aproveitar estes padrões que se repetem de ano para ano para capturar os seus melhores momentos que podem ser antecipados com uma precisão quase diária e nos mesmos sítios do costume. Não quer dizer que possa carregar a mochila com as suas lentes favoritas e partir para a aventura do desconhecido en-contrando aleatoriamente beleza em sítios improváveis, o que será certamente recompensador, mas também pode ser uma perda de tempo a longo prazo e nos tempos que correm, tempo é dinheiro. Já na parte da composição da foto-grafia de Natureza, tentem sempre preenchê-la com elementos inte-ressantes, obriguem o olhar a des-cobrir tudo o que vos apaixonou naquele local que visitaram, per-cam tempo com os seus padrões, texturas, cores e linhas. Em termos de equipamento prefiram objec-tivas grandes angulares, macro e teleobjectivas de grande alcance. Consultem a Meteorologia dias antes, utilizem igualmente um referenciador GPS para cataloga-

rem locais, adquiram galochas e protecções para a câmara e não se esqueçam dos filtros, tripé e

flash para compensar as sombras quando necessário. Agora, façam favor de ser curiosos, investiguem

os padrões da Natureza e pla-neiem as vossas fotografias com antecipação.

d.r.

Espaço ALFA

Mauro RodriguesSecretário da ALFA

Momento

Dream onFoto de Vítor Correia

“MÚSICA NAS IGREJAS”15 JUN | 18.00 | Pousada do Convento da Graça - TaviraConcerto de fado por Inês Graça. A artista tem viaja-do com frequência até ao Luxemburgo, Alemanha e Bélgica, onde tem realizado diversos espectáculos junto das comunidades portuguesas

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14.06.2013 8 Cultura.Sul

Sábado e depois Domingo

Sábado na cidade

Cheguei ontem já muito tarde no dia que já tinha descido rumo a outro sul. Estava cansado. E não aguentei mais que dois ou três poemas de ‘Ob-servação do Verão’ de Gastão Cruz. E logo as pálpebras começaram a ceder nos últimos versos de Anoitecer em Buenos Aires «(…) ainda inexistente no tempo de uma vida/vivendo no espaço que não teve o seu tempo,/e tarde volta do tempo onde não este-ve.» Belo lugar para embrulhar o sono neste outro lugar adormecido (a ‘ve-neza de tédios’ de Álvaro de Campos) bem longe dessa morada de Borges, tão distante como se situasse noutro mundo. E na verdade é lá que fica…

Despertei para a manhã clara ao som de agitadas ‘delichon urbicum’ de asa negra atarefadas nas suas construções. E elas sim, voltam sem-pre nesta estação. Já eu, verdadeiro ‘pássaro urbano’, há muito que não migrava até estas paragens de sul, en-volto nas minhas desconstruções…. Ao sair de casa encontrei mesmo uma andorinha morta sobre o pas-seio. Mas por nenhuma destas ou de outra qualquer razão se acabará a pri-mavera deste fim-de-semana.

Durante algumas horas estarei aqui retido num dolente terraço, obser-vando à volta o casario de telhados de tesoura, recortado sobre um rio que quase ninguém por aqui sabe porque tem dois nomes, ou onde um acaba para o outro começar. Fico remen-dando versos que também tu alinha-rias, se estivesses como eu, nem que por um dia, num lugar como este. Espreito a rua através das frestas da reixa das portas típicas da cidade. As pessoas que passam numa terna lentidão vão, entre parcas palavras, respirando desse ar impregnado de salmoura.

Percorrendo o corredor de volta para a cozinha deparo-me com essa coluna de madeira já tão antiga. Paro. Resto-me a observá-la como se nun-ca tivesse reparado nela antes. Saben-do bem, tão bem, que ainda eu era muito pequeno e já ela existia aqui na casa que herdei dos meus avós. Quan-tos anos terá? Ou quantos anos terei? O que é a idade… e a antiguidade? Nem somos o que temos, nem temos o que somos. E cada vez sinto mais

que quero ter menos coisas. Cada vez menos quero ser mais coisas. Neste mundo sem idade podemos perder--nos e contradizer-nos, que ninguém quer saber.

A quadrícula da janela que dá para o quintal da vizinha mostra-me um jacarandá livrando-se das suas violá-ceas flores em campânula, lançadas displicentemente em voo planado rumo ao chão, tornando-o peganhen-to. Assim impregnando estes os úl-timos dias primaveris do seu aroma doce e melado. 

Mas saio de casa, na tentativa de descobrir novos sons e diferentes to-nalidades de luz. Nada como apro-veitar a manhã bem cedo quando os sentidos estão mais despertos e o bur-

burinho do trânsito e das gentes de sábado ainda não se faz sentir. Atra-vessando a ponte, olho para o lado da barra e pressinto as praias longínquas como o engenheiro de Tavira em ‘A Passagem das Horas’. A brisa surpre-ende de leste. O rio até parece que secou, não fosse lembrar-me que a lua de cheia que está, trará na tarde de logo uma aguada que subirá as margens e se insinuará aos passeios ribeirinhos, donde será fotografado por diversas vezes.

Chego à praça central. Cruzo--me com um homem, não muito idoso, de calcões de cáqui, cami-sa em padrão florido, de máquina fotográfica pendurada ao pescoço caída sobre o peito. Dirige-me um simples ‘good morning’. E no en-tanto reconheço que outras duas

palavras assim tão inesperadamen-te ditas, mais sábias que estas, não poderia esperar. Que um dia bom será sempre o que se pode desejar a um qualquer homem.

Passo sob as arcadas observando os títulos dos jornais sobre a banca, onde um roufenho transístor a pi-lhas compete em ruído com o dis-curso sempre igual dos homens que discutem o sexo dos penáltis da úl-tima jornada. Curvando aí à esquer-da, quase à esquina, entro agora na pequena loja que estranhamente subsiste para cá do tempo, bastando abrir as portas para se afirmar contra todos os que a acham inconsequente, nesta era que passa voraz no caminho da evolução. (Sim!?… mas que evo-lução? Para que novo tempo vai?).

Mas existe. Aqui. Assim sem mais ex-plicações. Não se repita um Porquê? Porque é simplesmente. Só porque há coisas que teimam por ser assim sim-ples e indiscretas. Só por existir por si. É uma livraria assim irreconhecível para os de esta época. Dirão que mais parece um cubículo com livros. Mas o que é uma livraria senão um templo abandonado aos que ainda creem/leem. O que é a literatura senão uma contínua história de emoções des-regradas. E agora tenho os dois pés uns dois passos adentro, pisando o já um pouco gasto chão de ladrilho de Stª Catarina. E estático me fico. Pois um homem dorme debruçado sobre um pilha de livros. Quantos sábios anciões terão tido este privilégio de assim levar um tempo de viver e mor-rer sobre os seus objectos de todos os desejos e suplícios. E que muito bom

intelectual do século XX não o teria desejado para si.

Esta tarde de sábado derrama a sua prostração sobre as ruas duma cida-de já de si presa numa imobilidade remota. Mas essa falta de solicitações impele o transeunte para um ser que é remetido à busca do tempo perdi-do. Que é sempre infligido à memó-ria, mesmo de quem se viu feliz numa era de um dia de um ontem qualquer. Ainda que por toponímias diferentes das dos passos por ora transmuda-dos. Deambular quase que perdi-do. São os olhos que enquadram os pormenores da paisagem, como se fotografassem. Esse exercício permi-te descobrir insignificantes objectos como um catavento artesanal, ou um espanta-espíritos, que poucas pessoas

reparam no movimento dos dias so-brepostos. Coisas que não existiam antes. Para então passarem a existir.

Ao fim da tarde subo à açoteia e oiço o mar de levante. Por vezes a sua brisa envolve a reminiscência dos pomares andaluzes plantados por mouros de antanho. Enrolo um cigarro, e de repente é como se ouvisse uma voz ancestral a can-tar ao sol, acompanhada da flauta celestial de Sérgio Mestre e à gui-tarra marroquina dedilhada por Telmo Palma… Absorvo a emoção num prato de figos frescos. E des-ta vista de este aqui, o mais inopi-nado não é a cor, o odor, o som. Mas no que a visão sendo sempre nítida a todos, será simplesmen-te dissemelhante o que vai no seu discernir ao mirá-la. 

Domingo na praia

Aproveitar o dia. Sair na direcção do mar, nessa hora matutina de quase não-nuvens desfilando livres, em que a luz incandescente da orla marítima não tem igual neste lado do paraíso. Destas penínsulas pro-metidas resta o que não foi tocado pela mão do homem, ou aquilo que ainda consegue por enquanto ficar fora do seu alcance. Como o vai e vem das marés remexendo as areias que formam e disformam línguas, traçando as passagens da corrente. São os encantos naturais o que mes-mo assim resta para o olhar.

Descer à praia. Desejar por tudo um levante que me expurgue num mar morno e espumoso. Impingir o

calor vigoroso deste sol na pele de corpos que se imunizam. Na duna frente ao mar, recebe-se da mare-sia um odor a limos no ar. Tiro os óculos mesmo sem conseguir su-portar o tremeluzir do sol a pino, para ir mergulhar. Ando nas ondas bebendo pequenos goles de água. Saio para a toalha, cabelos ao ven-to, molhados. Fumo um cigarro e deitado na areia começo a sonhar as conchas que quero levar.

Tudo está enfim calmo numa luz dolente. Como se não houvesse ama-nhã. Este dia parece não querer sair do lusco-fusco. As águas estão pa-radas como se a maré não quisesse quebrar esse espelho deitado. Como se a felicidade fosse apenas isto de ficar olhando a tamanha beleza da hora crepuscular, infinitamente…

Pedro [email protected]

Contos de Primavera na Ria Formosa

d.r.

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14.06.2013  9Cultura.Sul

Biblioterapia?

A ideia de associar o livro a uma capacidade terapêutica remonta às antigas civilizações (egípcia, grega e romana), que consideravam as suas bibliotecas espaços dotados de sacra-lidade, um repositório de textos cuja leitura possibilitaria um alívio das en-fermidades – o que revela que a Medi-cina e a Literatura/Filosofia sempre an-daram a par no cuidado com o ser. Na Índia recomendava-se a leitura indivi-dual como componente do tratamento médico e, desde o século XIX, nos Esta-dos Unidos a leitura personalizada em hospitais afirmou-se como coadjuvante no processo de recuperação do doente.

Bebendo quer na teoria aristotélica sobre a catarse, quer nos contributos de vários autores contemporâneos (Proust, Freud, Husserl, Sartre, Merle-au-Ponty, Wolfgang Iser e outros), a partir do século XX surgiu então, for-malmente, o conceito de Biblioterapia. Esta abordagem implica o uso de ma-teriais de leitura que nutram a saúde mental, a presença de um profissional que atue como mediador da leitura e um público-alvo que aceite participar num programa de leitura.

Podem discernir-se, grosso modo, dois tipos de biblioterapia: a clínica, implementada por profissionais ha-bilitados que lidam com pacientes com patologias psíquicas/comporta-mentais acentuadas; e a chamada de desenvolvimento ou evolutiva, aplica-da por professores, bibliotecários, ani-madores e outros agentes não clínicos/informais no sentido de estimular e proporcionar um desenvolvimento (inter)pessoal e uma atualização in-terna harmoniosos a um público ge-neralista à partida saudável.

Falar em leitura com função te-rapêutica não se coaduna com uma visão restritiva da palavra “terapia” (quando vista apenas numa óptica curativa), mas sim com uma aceção mais abrangente e plural. Aliás, o sen-tido primário da palavra “terapeuta” é o de aquele que cuida (e previne). E as palavras, como que dotadas de cor-poreidade, são um dos instrumentos essenciais de modelação, reinvenção e tratamento da psique, pois conven-cem, emocionam, questionam, in-fluenciam, provocando efeitos múl-tiplos, irrepetíveis e surpreendentes, como o poeta Eugénio de Andrade tão bem captou: “são como um cristal as palavras, algumas um punhal, um in-cêndio, outras orvalho apenas”.

A Biblioterapia propõe assim práticas de leitura que proporcionem a interpre-tação ativa dos textos pelo leitor, mo-derando as emoções, permitindo livre curso à imaginação e proporcionando a reflexão, seja pela catarse, humor, iden-tificação, projeção, introjeção ou intros-peção – componentes que são ativadas no recetor do texto literário pela natu-reza ímpar da Literatura, feita de fição, função estética, linguagem metafórica, intemporalidade, universalidade, com-prometimento e literariedade.

A importância do diálogo

Daí também a importância central que é conferida na Biblioterapia ao di-álogo: a troca de impressões e reflexão crítica em grupo, a posteriori, acerca do que foi lido/ouvido/dramatizado é essencial, podendo essa dinâmica ser verbal e/ou através de gestos, de-senhos, expressões faciais, melodias, fotografias ou outra manifestação não-verbal de apreço, indiferença ou rejeição face ao conteúdo apresentado.

É justamente a descoberta de sig-nificado pelo leitor que faz o texto literário se configurar como um cui-dado com o ser, como uma maneira de visar a saúde, pois a criação age como estímulo, afloramento, des-vendamento, apelo, diálogo e preen-chimento de algo que falta no rece-tor – no fundo, como uma retoma e reinvenção do leitor.

O método biblioterapêutico tem sido largamente utilizado, com resul-tados muito relevantes, sobretudo no continente americano, em contextos como hospitais, prisões, asilos, lares de acolhimento, centros comunitá-rios, bem como no tratamento de problemas psicológicos em crianças, jovens, adultos, deficientes físicos, doentes crónicos e outros indivídu-os com dependências várias.

A aplicação da Biblioterapia – ainda pouco visível e consistente em Portugal – pressupõe um estudo e conhecimen-to prévio aturados e sistemáticos dos públicos-alvo, bem como a adoção de uma prática regular e continuada com os grupos em causa. Requer ainda, por parte dos seus agentes, um domínio só-lido, abrangente e atualizado da pro-dução literária disponível no mercado, de modo a identificar/tipificar textos, dotados de potencial estético-semân-tico, que permitam trabalhar terapeu-ticamente tópicos/temas diversificados aos níveis lúdico, reflexivo, relaxante, crítico, onírico, metafísico, etc.

Mas, antes de tudo, torna-se funda-mental que a Biblioterapia se assuma como uma atividade eminentemente interdisciplinar, que deve ser conjuga-da dinamicamente com áreas como a Educação, Medicina, Enfermagem, Psi-cologia, Psiquiatria, Biblioteconomia e Literatura, quer ao nível da formação profissional e académica disponível, quer das intervenções operadas em contextos práticos.

Arte e Arqueologiaentre a objetividade e a afetividade

O diálogo, histórico e permanente, entre artistas e arqueólogos e a, cada vez mais frequente, colaboração de artistas nos projetos de investigação arqueológica leva-me – no âmbito do meu trabalho – a questionar a natureza desta relação, o status do artista para a arqueologia e o interesse dos arqueo-lógos na prática artística.

Ao longo da história, é comum de-pararmo-nos com artistas que se ins-piraram na arqueologia ou que encon-traram afinidades entre os processos criativos e os processos de trabalho da arqueologia. Nos últimos dez ou quin-ze anos, tornou-se frequente, especial-mente no Reino Unido, encontrar ar-queólogos que procuram no trabalho de artistas contemporâneos fontes de informação interpretativa.

De carácter interdisciplinar, o meu trabalho procura, através de uma liga-ção entre a investigação arqueológica e a produção artística, a criação de ob-jetos escultóricos que se aproximem das formas de cerâmica pré-histórica, distinguindo-se destas pela alteração da escala, por uma manipulação ori-ginal dos esquemas decorativos e pela ruptura com a funcionalidade.

Centrada no caráter reflexivo e sub-jetivo da cultura material, proponho o desenvolvimento de novos métodos, menos científicos e mais estéticos, em que o olhar dos artistas pode ser inte-grado na metodologia arqueológica, com vista a desenvolver novos modos de ver e registar, de pensar e represen-tar, de comunicar e expor.

Esta conexão, entre arte e arqueolo-gia, pode ser um campo muito fértil para a criação de escultura contempo-rânea. A partir da investigação sobre os possíveis pensamentos, decisões, motivações e ideias existentes por trás de cada objecto e da reprodução dos respectivos processos tecnológicos, poderá a arte contemporânea (re)en-contrar novas linguagens plásticas, algumas das quais há muito perdidas.

Entre outras coisas, a interface en-tre arte contemporânea e arqueologia pode gerar novas perspectivas sobre o estatuto do objeto, a partir de um novo olhar sobre a cultura material. Um olhar estético que, ao contrário do tradicional e mais científico olhar

arqueológico, não está subjugado ao projeto de explicar o passado, mas ape-nas de o interpretar.

A negociação entre a objetividade versus afetividade (emoção estética) é talvez aquela que ao mesmo tempo pode separar e unir arte e arqueologia num novo paradigma. As questões de afeto estético e beleza, que estão na base da arte, são frequentemente se-cundárias à objetividade do processo

de escavação, documentação, pesquisa, registo, reconstrução e representação arqueológica. No entanto, é compre-ensível que os arqueólogos, nas suas autorizadas auto-representações de mundos materiais objectivos, achem atraente a relação entre artista e arque-ológo, na medida em que ela permite estabelecer, em simultâneo, uma auto-ridade crítica e objectiva, característica da arqueologia, e incluir a componente acrítica do afeto, característica da arte, na perpetuação de uma aura no pro-cesso arqueológico contemporâneo.

Ainda que ciente das diferenças en-tre as disciplinas, acredito que as pro-postas culturais da arte contemporânea podem constituir um instrumento va-lioso para a análise arqueológica, assim como o conhecimento de trabalhos ar-queológicos sobre as culturas passadas se tem, ao longo da história, mostrado revelador para a prática artística.

Neste sentido, penso que ambas as disciplinas podem recorrer à inter-pretação e ao pensamento criativo, envolvendo-se em atos de intuição, re-conhecendo padrões e relacionando observações e ideias previamente não associadas, incidindo tanto na objetivi-dade como na subjetividade, no mate-

rialismo como no idealismo.Não espero que os artistas se tornem

arqueólogos, nem que os arqueólogos se tornem artistas, cada disciplina tem a sua própria agenda. Não obstante, defendo que se podem aplicar os co-nhecimentos específicos de cada uma num trabalho comum, em que as duas disciplinas se justaponham na procura de um espaço e de um diálogo coeso, num contínuo campo de interação

simbiótica entre práticas, numa expe-riência conjunta que ultrapasse a sim-ples visita recíproca.

Tal como acontece com a prática artística contemporânea, a meu ver, é crucial que o trabalho da arqueolo-gia não se limite à análise hermética do passado, mas se envolva também na pluralidade e multivocalidade do pensamento contemporâneo.

Há muito que os artistas compreen-deram que a transgressão das frontei-ras disciplinares e a resistência a cate-gorizações leva a um desenvolvimento disciplinar, visando o crescimento e possibilitando uma ontologia trans-versal.

A interdisciplinaridade leva, geral-mente, à criação de pensamento origi-nal. Rumo a um novo território intelec-tual, a prática interdisciplinar implica assumir riscos, criar rupturas, dar saltos, abdicar, quebrar convenções, renunciar à facilidade de continuar dentro do que é expectado e, claro, do que é aceite.

Penso que, tal como a arte, a arqueo-logia e os estudos patrimoniais podem beneficiar ao localizar-se num campo expandido, num contexto mais alarga-do, que é simultaneamente arqueoló-gico, histórico e artístico.

Espaço ao Património Sala de leitura

d.r.

Sara NavarroEscultoraCIEBA / Secção de Investigação e de Estudos em Ciências da Arte e do Pa-trimónio – Francisco de HolandaF a c u l d a d e d e B e l a s A r t e s da Universidade de Lisboa

Paulo PiresProgramador Cultural no Departa-mento Sociocultural do Município de [email protected]

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14.06.2013 10 Cultura.Sul

ALFA promove concurso para amantes da fotografia

A ALFA – Associação Livre Fotó-grafos do Algarve, em parceria com a FNAC, está a lançar um concurso de fotografia aberto a todos quantos queiram participar. Olhar a Vida é o tema e o valor global dos prémios atinge os 1.500 euros.

Com o intuito de “promover a cria-tividade e a divulgação da arte foto-gráfica”, a ALFA decidiu, assim, criar um concurso de fotografia que se pretende anual e em que a primeira edição termina com a exposição dos trabalhos premiados em Novembro, na FNAC do AlgarveShopping.

A entrega dos trabalhos, associada a um simplificado processo de candi-datura, abre a 15 de Junho e decorre até 19 de Agosto, data em que se co-memora o Dia Mundial da Fotografia.

Para participar há um custo de ins-crição de dez euros e cada concorrente deve enviar cinco fotografias, das quais devem ser obrigatoriamente autores.

Não obstante, os direitos de autor estão salvaguardados e, como tal, os trabalhos apresentados não ficam a pertencer aos organizadores da ini-ciativa. Assim, os registos fotográficos a enviar devem ser reproduções, fi-cando as fotos originais em posse do autor, e serão avaliadas por um júri composto por três elementos.

As reproduções devem ser enviadas para o endereço de correio electróni-co, [email protected].

Prémios totais no valor de 1.500 euros

Para além da natural motivação, e tratando-se de um concurso, há pré-

mios para os vencedores, mas não só. O primeiro classificado do concurso vai ter direito a um prémio no valor de 725 euros, composto por um che-que-compra no valor de 150 euros e 500 impressões A4, que podem ser feitas ao longo de um ano.

Nos mesmos moldes há ainda pré-mios para segundo, terceiro, quarto e quinto classificados, cujo valor dos prémios se cifra nos 330 euros, 165 euros, 57,5 euros e 28,75 euros res-pectivamente.

Há ainda um prémio especial

ALFA - Jovem Talento, no valor de 180 euros, para incentivar a partici-pação de jovens entre os 15 e os 25 anos, prémio constituído por um cheque-formação ALFA no valor de 150 euros, um polo personalizado e um calibrador de cor.

Os membros do júri podem ainda atribuir menções honrosas aos tra-balhos cuja qualidade o justifique.

Para mais informações está dis-ponível o endereço electrónico www.alfa.pt.

Pedro Ruas / Ricardo Claro

Na senda da Cultura

d.r.

Pedro Jubilot lança “Postais da Costa Sul”

Recentemente lançado e rapida-mente esgotado, este foi o destino do primeiro livro de Pedro Jubilot, “Postais da Costa Sul”, que reúne um conjunto de textos escritos entre o Verão de 2011 e o de 2012, entre-tanto divulgados através das redes sociais para amigos e seguidores e agora eternizados em livro.

Pequenos textos ficcionados, escri-tos em prosa poética, que descrevem paisagens e, sobretudo, vivências na costa sul em pequenos fragmentos que retratam a passagem do tempo junto ao litoral.

Editado com o aspecto de um pos-tal, com a horizontalidade caracte-rística da paisagem infinita do mar da nossa costa e escrito de forma es-pontânea, o livro está ainda recheado com fotos de “uma paisagem a que não se pode ficar indiferente”, da au-toria do primo do autor, Jorge Jubilot.

Apresentação com casa cheia

A apresentação do livro decorreu no passado dia 8 de Junho, na Biblio-teca Álvaro de Campos, e, perante uma plateia repleta de amigos, cou-be a Vítor Cardeira fazer as honras de uma obra que faz “renascer a melan-colia dos postais”, pela pena de um autor que “tem público, mas a quem faltava um livro”, sublinhou, sem dei-xar de mencionar que, apesar de se estrear agora, Pedro Jubilot é já “um escritor relativamente conhecido”.

Para Vítor Cardeira, o livro “Postais da Costa Sul” chega tarde, mas ante-vê que deve ser apenas o primeiro

de outros que Pedro Jubilot pode vir a trazer a público, uma vez que diz saber que o autor “tem muito e bom material que deve ser aproveitado e se encontra engavetado”.

Pedro Jubilot, professor e amante de diversas artes, membro da Casa Álvaro de Campos e colaborador do Cultura.Sul, lembrou que a obra agora lançada “não foi pensada para ser um livro”, mas que resultou de um trabalho de pesquisador, “como um caderno de campo onde anotava vivências e paisagens, que publicava quando chegava a casa”, referiu.

No final da apresentação houve espaço para a leitura performativa de alguns “fragmentos” por parte de Manuel Santos e Luísa Teixeira, que deliciaram os presentes.

Pedro Ruas / Ricardo Claro

A primeira edição do Festival Sér-gio Mestre superou as expectativas e juntou miúdos e graúdos, amigos e familiares do homenageado, tavi-renses e turistas, num dia em cheio, repleto de música e actividades cul-turais para todos os gostos, num cer-tame com uma dimensão artística como há muito não se via na cidade.

A organização, a cargo da Associa-ção Rock da Baixa Mar, com o apoio da Câmara de Tavira e de dezenas de voluntários, ofereceu a todos quan-tos se deslocaram à parte velha da cidade, no passado domingo, o que de melhor se faz na cultura nacional, aglomerando um conjunto de even-tos multi-culturais que culminaram com muita e boa música no renasci-do Parque Municipal.

A festa começou logo cedo e num evento dedicado aos mais peque-nos, pais e filhos tiveram no interior do Castelo uma oportunidade para

descobrir sons, músicas e sensações ritmadas que fizeram as delícias dos petizes e respectivos ‘papás’, babados como não podia deixar de ser.

À tarde o cruzamento de artes manteve-se e, antes mesmo das mais aguardadas vozes subirem aos dife-rentes palcos do festival, houve lugar para cinema documental, demons-tração culinária e oficina de danças tradicionais.

No final da tarde, o burburinho nas ruas de calçada vila-a-dentro aumen-tava e as vozes dos fadistas da terra atraíam cada vez mais espectadores e curiosos. Em frente ao Palácio da Ga-leria, Márcio Gonçalves, Aurora Gon-çalves, Anysabel e Emanuel Furtado cantaram e encantaram.

Noite de arromba atrai centenas

Ainda antes do cair da noite e quando muitos já se juntavam para

os inevitáveis comes e bebes caracte-rísticos destes certames, tempo ainda para reunir familiares e amigos numa exposição de fotografia dedicada a Serginho Mestre, que teve lugar no

RefCafé, e onde foram lidos textos do próprio e que serviram de aperitivo para a grande reunião de homena-gem prestes a começar.

Os OrBlua deram início a uma noite

onde a boa música fez jus aos perga-minhos dos artistas que, a solo ou em conjunto, foram subindo ao palco.

A noite fresca rapidamente aque-ceu quando Viviane subiu ao palco. Estava dado o início a um encontro raro, com mais nostalgia para alguns, mas muita alegria para todos.

Seguiram-se actuações de artistas como João Afonso, Filipa Pais, Zeca Medeiros e Vitorino. Todos com es-tórias em comum com Sérgio Mes-tre, num legado musical que marcou gerações.

Entre uma música e um copo de tinto quem melhor que os Marenos-trum para voltar a aquecer um recin-to de onde, mesmo madrugada den-tro, ninguém arredava pé.

Sérgio Mestre foi assim recordado e promete regressar para o ano, uma vez mais, sob a sua forma preferida a música.

Pedro Ruas / Ricardo Claro

Festival Sérgio Mestre agita Tavira

Concurso visa promover a criatividade

Pedro Jubilot

Viviane prestou homenagem a Sérgio Mestre

pedro ruas

pedro ruas

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14.06.2013  11Cultura.Sul

António Rosa Mendes, uma figura ímpar da Cultura

Ao António Rosa Mendes: o narrador implicado

«Gozemos intensamen-te a companhia dos nos-sos amigos, até porque não podemos saber por quanto tempo o faremos. Pensemos também quantas vezes os deixámos para partir em lon-gas viagens, quantas vezes estivemos sem os ver embo-ra morando na mesma terra: compreendemos deste modo que, mesmo estando eles vi-vos, não aproveitámos a sua companhia a maior parte do tempo».

Abro esta rubrica com uma citação das Cartas a Lucílio, 63, do romano Séneca (que viveu há 2000 anos – de 4 a.C. a 65 da nossa era – e que, en-tre outras coisas, foi advoga-do, professor, orador, escri-tor e filósofo), como ponto de reflexão sobre o recente falecimento, a 4 de junho, de António Rosa Mendes (tam-bém ele advogado, professor, orador, escritor e também um pouco filósofo).

À parte pequenas referên-cias em algumas edições, nunca dediquei um número à categoria ensaio – que deve ser a maior parte da minha biblio-teca – talvez por assumir que não teria um interesse tão am-plo entre os leitores deste su-plemento Cultura.Sul, como a ficção e a poesia.

Esta é, pois, uma boa oca-sião para desfazer o equívoco, trazendo uma obra de Antó-nio Rosa Mendes, historiador e ensaísta. Muitas mais escreveu, mas esta, publicada em 2009, na Gente Singular (editora se-diada em Olhão e da qual era um dos sócios fundadores), tem características muito par-ticulares, de História contada com literatura.

Olhão fez-se a si próprio

Há cerca de quatro anos, tive a boa ventura de assistir ao lançamento deste livro, em Olhão, na Biblioteca Munici-pal daquela cidade. A apre-sentação de Fernando Paulo Custódio foi muito entusias-mante e as palavras do autor ainda mais, despertando-me a vontade de imediato o ler. Foi uma agradável surpresa. Normalmente, os ensaios es-critos em português (o mesmo não se pode dizer de alguns americanos ou ingleses) pro-curam apresentar os factos de

uma forma anódina, reduzin-do ao mínimo a interferência do autor, que, praticamente, se anula em afirmações secas e austeras, apoiadas em fon-tes seguras, que o protegem de acusações de infidelidade.

Neste ensaio, António Rosa Mendes não receia possíveis detratores, pois a sua obra é irrepreensível no uso das tais fontes seguras, que são referi-das, quer na Bibliografia final quer ao longo do texto, em pe-quenas notas laterais que faci-litam a leitura de quem se in-teressar por saber mais. E se os romances históricos, obras de

ficção com aparência de Histó-ria (muitas vezes, resultado de sérias buscas em bibliotecas e arquivos), continuam na moda (há uns anos falava-se que iam desaparecer, mas a verdade é que tanto autores como pú-blico continuam a mostrar apetência por saber como terá sido o nosso passado), a história em forma de literatu-ra não é muito cultivada, mas é isso que temos neste Olhão fez-se a si próprio. A escrita de António Rosa Mendes é litera-tura: uma escolha vocabular variada, fecunda e minuciosa, dando conta de pormenores

que nos fazem viver a história e a História; uma poeticidade na prosa; uma intencionalida-de de efeitos no recetor; um narrador implicado, que dá a sua opinião, que se questiona sobre os feitos que está a con-tar e que envolve o leitor nas suas emoções.

Todo o livro é um retrato ví-vido de Olhão, desde quando não passava de «Uma praia e um poço» (cap.1) até à criação do concelho, como se pode ler no «Epílogo. O concelho, tercei-ro separatismo» (pp. 100-104)

Emoção, emoção, emoção

É difícil o leitor não se emo-cionar com este livro. O narra-dor parece que presenciou to-dos os factos, de tal modo nos embrenha nas tramas que vai tecendo, através de uma esco-lha vocabular que nos aproxi-ma das épocas narradas.

Foi difícil selecionar alguns trechos, pois a obra nunca per-de o fôlego, num todo com sentido, numa linha que não se quebra, tal como a vontade do povo aí pintado. Tomemos alguns exemplos do capítulo 6, «A fábrica da igreja» (pp. 26-27), que abri ao acaso. Aqui, entremeando expressões po-pulares («Os senhores cóne-gos ficaram de cara à banda»), pois que populares são os he-róis da narrativa («um bando de míseros marítimos que ou-saram resistir e desafiar a au-toridade eclesiástica e civil»), António Rosa Mendes usa di-versas figuras de estilo que re-alçam o sentimento: sem que tenha necessariamente havido intenção, encontramos rima, dando relevo à afirmação da constituição da freguesia («Do-ravante Olhão, já freguesia, de pleno direito existia»); uma anáfora intensifica a ausência do objeto maior que iria pon-tificar a local («Faltava o prin-cipal, faltava o símbolo maior da jubilosa paróquia, faltava a matriz»); uma prosopopeia termina o capítulo, dando a sensação da crescente identi-ficação da gente com a terra que construíam («e a fachada

já lá estava, orgulhosa e altero-sa, dominando o cenário sobre a praia e as mesquinhas palho-tas ao derredor, encarando so-branceira o mar ao fundo»).

Um narrador implicado

Este narrador não é nem quer ser indiferente, pois assu-midamente implica-se com os documentos que consultou, de tal maneira que discute com as suas fontes, como com Sil-va Lopes (ver a sequência da citação), ou com o engenheiro francês Charles Bonnet, autor de uma Memória de 1850 que escreveu «O algarvio é contra-bandista por natureza», ao que o narrador, depois de o citar, interpela: «Por natureza, senhor engenheiro!? Similar exagero comete Silva Lopes quando, na sua Corografia, de 1841, pretende que os olha-nenses» tiraram proveitos do cerco de Gibraltar, de modo a «‘que em 1790 já tinham trans-formado as cabanas em casas’. Ainda por muitos e bons anos persistiram em Olhão bastas cabanas, senhor corógrafo!» (pp. 44-45). Ou ainda quando Sebastião Brito Cabreira afir-ma em Lisboa que, «‘pelo ver e presenciar sabe que’», em Olhão, não havia «‘tropa algu-ma francesa, e mais não disse’. Viram e presenciaram?! (…) Admitindo que ‘na ocasião’ estava em Faro, viram e pre-senciaram o que em Olhão se passou? Ora, ora…» (p. 69).

Esta vontade de repor a verdade histórica não acon-tece para glória pessoal do narrador: o herói deste livro é o povo olhanense, ao qual o autor não regateia qualidades maiores, como valentia, arro-jo, inteligência, determinação, que levaram a que Olhão se fi-zesse a si próprio.

Na leitura deste livro senti-mos a presença quente e viva de António Rosa Mendes ao nosso lado, parecendo que es-tamos a ouvi-lo com o seu en-tusiasmo e a sua voz impres-siva, tão sua característica. E assim ele continuará sempre na nossa memória.

d.r.

Da minha biblioteca

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

“COPACABANA - PANORAMAS DO RIO”Até 14 SET | Museu Municipal / Palácio da Galeria - TaviraInserida no Ano do Brasil, a exposição conta a his-tória da evolução e transformação da cidade impe-rial novecentista, ainda de hábitos provincianos, na grande e cosmopolita “cidade maravilhosa” do séc. XX, o Rio de JaneiroAg

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“EXPOSIÇÃO DE PINTURA - AFRICANA”Até 26 JUL | Centro Cultural de LagosNa temática e na abordagem a África podemos inter-ligar a pintura de Neusa Negrão na multidisciplinari-dade das vivências culturais e no encontro de civiliza-ções que os portugueses fomentaram no século XVI

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14.06.2013 12 Cultura.Sul

Primeiro andamento: A ru-ína como pretexto – À medi-da que percorre as ruínas, o visitante é levado por perso-nagens históricas que lhe vão contando as suas recordações, e o espaço arruinado é conver-tido em espaço de encenação. O arqueólogo do século XIX, que relata a descoberta do sí-tio; a domina que conduz a vi-sita à casa senhorial; a escrava que conta, nas antigas termas, como preparava o banho da sua senhora; o culto às nin-fas recordado por uma jovem crente. São histórias de outros tempos contadas na primeira pessoa, para descobrir e disfru-tar a villa romana. Até final de junho, o projeto Visitas Ence-nadas, para grupos mediante prévia marcação, é realizado às terças, quintas e sábados (às 10h30 e às 14h30) por um grupo de alunos do curso de artes performativas da Escola Secundária Pinheiro e Rosa, de Faro, numa parceria de estágio

profissional com a DRCAlgarve.Segundo andamento: O sí-

tio como pretexto – O projeto Amatores in situ: o Mundo An-tigo visto pelos que o amam, resulta de um desafio lançado à DRCAlgarve pelo Departa-mento de Artes e Humanida-des da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Univer-sidade do Algarve. Um ciclo de sessões que têm lugar até final do ano, às terceiras sextas-fei-ras de cada mês, ao final da tarde (18h30), na Casa Rural de Milreu. Tendo como con-

vidados, em cada sessão, pes-soas que amam (os amatores) o Mundo Antigo e a ele têm dedicado parte da sua vida e interesses, o ciclo inclui leitu-ras de excertos de obras de au-tores clássicos escolhidas pelos oradores, e/ou debates subor-dinados a temas da Antigui-dade, procurando dinamizar esse conhecimento no próprio espaço arqueológico, de modo a haver uma aproximação do «dito/ouvido» ao «visto».

Terceiro andamento: A pai-sagem como pretexto – O pro-

jeto Palato (aqui já tratado na edição de abril do Cultura.Sul), parte do cruzamento de pes-quisas no domínio das Artes Visuais, com os conhecimen-tos da dieta tradicional, a ino-vação gastronómica e a inves-tigação ligada ao património

cultural (material e imaterial), Abordando os comportamen-tos de aprovisionamento, con-servação, confeção e consumo dos recursos alimentares e da dieta ao longo do tempo, com um olhar criativo sobre a pai-sagem, o projeto propõe uma

série de ações performativas, Cozinhando na Paisagem, em monumentos onde a informa-ção sobre o território envolven-te se traduz no conhecimento da dieta de época e no seu cru-zamento com comportamen-tos de consumo e distribuição da sociedade contemporânea, procurando valorizar fatores paisagísticos e patrimoniais. Já no próximo sábado, 15 de junho, numa infraestrutura improvisada, o artista (Jorge Rocha), em conjunto com um investigador do monumento (João Pedro Bernardes), desen-volverá uma acção performa-tiva num formato talk show. Cozinha ao vivo, com trans-missão em directo na internet, colocando os públicos (físicos e virtuais) em sinestesia.

Direção Regional de Cultura do Algarve

O passado em cena, ou da convivência da contemporaneidade com a ruína antiga

Espaço cultura

Três conceitos distintos aproximam o visitante aos processos de transformação e mudança dos espaços, do sítio e da paisagem na villa romana de Milreu, em Estoi. Numa fusão entre o ensino, as artes performativas, a gastrono-mia e o conhecimento dos autores clássicos, converte-se a ruína em plataforma temática ligada à cultura e à criação artística, que pro-cura também promover a coesão social

d.r.

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