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Composição protéica e digestibilidade de fenos de gramíneas do gênero Cynodon Priscila Cristine Carraro¹, Deise Dalazen Castagnara², Marcela Abbado Neres 3 , Tatiane Fernades 4 , Leiliane Cristine de Souza 5 , Rodrigo Holz Krolow 6 Introdução Apesar de pertencerem todas ao mesmo gênero botânico (Cynodon), as gramíneas Grama Estrela (Cynodon nlemfuensis), Capim Vaquero (Cynodon dactylo nCD90160 + Bermuda Grass), Capim Tifton 85 (Cynodon sp.) e Grama Seda (Cynodon dactylon) possuem diferenças anatomorfofisiológicas marcantes, as quais interferem na sua capacidade de interceptação luminosa, fixação de CO 2 , acúmulo de biomassa e consequentemente na produção de forragem. Além de diferenças na capacidade produtiva, essas gramíneas podem apresentar diferenças no valor nutricional da forragem obtida, especialmente depois de submetidas ao processo de fenação. Objetivos O presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade nutricional por meio da determinação dos conteúdos de proteína bruta e da digestibilidade in vitro de fenos de gramíneas do gênero Cynodon produzidos sob condições edafoclimáticas semelhantes. Metodologia As amostras foram obtidas em propriedades produtoras de feno da região Oeste do Paraná. Foram estudadas as gramíneas Grama Estrela, Capim Vaquero, Capim Tifton 85 e Grama Seda. Para cada espécie foram coletadas cinco amostras de feno diretamente nos fardos produzidos. As amostras foram submetidas á secagem em estufa e posterior moagem em moinho tipo Willey com facas e câmara de inox. Para a determinação do teor de proteína bruta (PB) utilizou-se a digestão sulfúrica e a destilação em sistema semimicro-Kjeldal, enquanto a digestibilidade in vitro (DIV) foi determinada pela técnica de dois estágios adaptada ao rúmen artificial. Os dados foram expressos em porcentagem da matéria seca. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e quando constatada significância das espécies, as mesmas foram comparadas pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Resultados Os resultados obtidos para PB apresentaram um coeficiente de variação de 2,39%. O maior conteúdo de PB foi observado no feno da Grama Estrela (23,44%), seguida pela Grama Seda (22,22%), enquanto os menores valores de PB foram observados nos fenos de Capim Tifton 85 (17,33%) e Capim Vaquero (17,05%). Nos valores da DIV a análise estatística revelou um coeficiente de variação de 3,23%. À semelhança do ocorrido para a PB, os fenos de Grama Estrela e Grama Seda foram superiores em relação aos demais, com valores de DIV de 79,98 e 79,89%, respectivamente, que não diferiram estatisticamente. Os fenos de Capim Vaquero e Capim Tifton 85 também apresentaram valores de DIV semelhantes estatisticamente, com 68,11% de DIV para o capim Vaquero e 71,89% para o Capim Tifton 85. Conclusões As diferenças observadas devem-se principalmente à idade de corte e à capacidade produtiva dessas forrageiras. O Capim Tifton 85 possui grande capacidade de produção de matéria seca por unidade de área, porém, devido á sua capacidade de extração é mais exigente em fertilidade do solo. As gramas Estrela e Seda são mais rústicas e se adaptam a condições de fertilidade do solo inferiores, porém sua capacidade produtiva é limitada. Já o Capim Vaquero possui capacidade para produção de forragem com elevado conteúdo de PB, porém é exigente em fertilidade do solo. Se suas necessidades em nutrientes não forem atendidas, sua capacidade produtiva também ficará limitada em quantidade e qualidade. A escolha da espécie deve ser condicionada à realidade de cada propriedade agrícola e à espécie e categoria animal para a qual a forrageira será utilizada. ¹Acadêmica de Medicina Veterninária Unipampa Uruguaiana, RS ²Prof. Dr. da Medicina Veterninária Unipampa Uruguaiana, RS 3 Prof. Dr. da Zootecnia Unioeste - Marechal Cândido Rondon, PR 4 Mestranda da Zootecnia Unioeste - Marechal Cândido Rondon, PR 5 Doutoranda da Zootecnia UEM - Maringá, PR 6 Pof. Dr. da Medicina Veterninária Unipampa Uruguaiana, RS Fenos Proteína Bruta (%) Digestibilidade in vitro (%) Feno Grama Estrela 23,44a 79,98a Feno Vaquero 17,05c 68,11b Feno Tifton 85 17,33c 71,89b Feno Grama Seda 22,22b 79,48a CV (%) 2,39 3,23 Tabela 1. Teores de proteína bruta e digestibilidade in vitro de fenos de gramíneas do gênero Cynodon *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste Tukey (5%).

Poster congrega 2013

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Page 1: Poster congrega 2013

Composição protéica e digestibilidade de fenos de gramíneas do gênero

CynodonPriscila Cristine Carraro¹, Deise Dalazen Castagnara², Marcela Abbado Neres3, Tatiane Fernades4, Leiliane Cristine de

Souza5, Rodrigo Holz Krolow6

IntroduçãoApesar de pertencerem todas ao mesmo gênero botânico (Cynodon), as

gramíneas Grama Estrela (Cynodon nlemfuensis), Capim Vaquero

(Cynodon dactylo nCD90160 + Bermuda Grass), Capim Tifton 85 (Cynodon

sp.) e Grama Seda (Cynodon dactylon) possuem diferenças

anatomorfofisiológicas marcantes, as quais interferem na sua capacidade

de interceptação luminosa, fixação de CO2, acúmulo de biomassa e

consequentemente na produção de forragem. Além de diferenças na

capacidade produtiva, essas gramíneas podem apresentar diferenças no

valor nutricional da forragem obtida, especialmente depois de submetidas

ao processo de fenação.

ObjetivosO presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade nutricional por

meio da determinação dos conteúdos de proteína bruta e da digestibilidade

in vitro de fenos de gramíneas do gênero Cynodon produzidos sob

condições edafoclimáticas semelhantes.

MetodologiaAs amostras foram obtidas em propriedades produtoras de feno da região

Oeste do Paraná. Foram estudadas as gramíneas Grama Estrela, Capim

Vaquero, Capim Tifton 85 e Grama Seda. Para cada espécie foram

coletadas cinco amostras de feno diretamente nos fardos produzidos. As

amostras foram submetidas á secagem em estufa e posterior moagem em

moinho tipo Willey com facas e câmara de inox. Para a determinação do

teor de proteína bruta (PB) utilizou-se a digestão sulfúrica e a destilação em

sistema semimicro-Kjeldal, enquanto a digestibilidade in vitro (DIV) foi

determinada pela técnica de dois estágios adaptada ao rúmen artificial. Os

dados foram expressos em porcentagem da matéria seca. Os dados

obtidos foram submetidos à análise de variância e quando constatada

significância das espécies, as mesmas foram comparadas pelo teste Tukey

ao nível de 5% de probabilidade.

ResultadosOs resultados obtidos para PB apresentaram um coeficiente de variação

de 2,39%. O maior conteúdo de PB foi observado no feno da Grama

Estrela (23,44%), seguida pela Grama Seda (22,22%), enquanto os

menores valores de PB foram observados nos fenos de Capim Tifton 85

(17,33%) e Capim Vaquero (17,05%). Nos valores da DIV a análise

estatística revelou um coeficiente de variação de 3,23%.

À semelhança do ocorrido para a PB, os fenos de Grama Estrela e

Grama Seda foram superiores em relação aos demais, com valores de

DIV de 79,98 e 79,89%, respectivamente, que não diferiram

estatisticamente. Os fenos de Capim Vaquero e Capim Tifton 85

também apresentaram valores de DIV semelhantes estatisticamente,

com 68,11% de DIV para o capim Vaquero e 71,89% para o Capim

Tifton 85.

ConclusõesAs diferenças observadas devem-se principalmente à idade de corte e

à capacidade produtiva dessas forrageiras.

O Capim Tifton 85 possui grande capacidade de produção de matéria

seca por unidade de área, porém, devido á sua capacidade de extração

é mais exigente em fertilidade do solo. As gramas Estrela e Seda são

mais rústicas e se adaptam a condições de fertilidade do solo inferiores,

porém sua capacidade produtiva é limitada. Já o Capim Vaquero possui

capacidade para produção de forragem com elevado conteúdo de PB,

porém é exigente em fertilidade do solo. Se suas necessidades em

nutrientes não forem atendidas, sua capacidade produtiva também

ficará limitada em quantidade e qualidade. A escolha da espécie deve

ser condicionada à realidade de cada propriedade agrícola e à espécie

e categoria animal para a qual a forrageira será utilizada.

¹Acadêmica de Medicina Veterninária – Unipampa – Uruguaiana, RS

²Prof. Dr. da Medicina Veterninária – Unipampa – Uruguaiana, RS3Prof. Dr. da Zootecnia – Unioeste - Marechal Cândido Rondon, PR 4Mestranda da Zootecnia – Unioeste - Marechal Cândido Rondon, PR 5Doutoranda da Zootecnia – UEM - Maringá, PR 6Pof. Dr. da Medicina Veterninária – Unipampa – Uruguaiana, RS

FenosProteína Bruta

(%)

Digestibilidade in

vitro (%)

Feno Grama Estrela 23,44a 79,98a

Feno Vaquero 17,05c 68,11b

Feno Tifton 85 17,33c 71,89b

Feno Grama Seda 22,22b 79,48a

CV (%) 2,39 3,23

Tabela 1. Teores de proteína bruta e digestibilidade in vitro de fenos de

gramíneas do gênero Cynodon

*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem

estatisticamente pelo teste Tukey (5%).