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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA Área Departamental de Engenharia de Sistemas de Potência e Automação UMA ABORDAGEM À MANUTENÇÃO DE POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO AÉREOS JOSÉ PEDRO MENDES CARDOSO (Licenciado em Engenharia Electrotécnica) Dissertação de Mestrado para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica – Ramo de Energia Orientador: Professor Victor Manuel Fernandes Mendes Júri: Presidente: Professor Constantino Vital Sopa Soares Vogais: Professor Victor Manuel Fernandes Mendes Professor Fernando Manuel Duarte Oliveira Nunes Abril de 2014

Posto de Transformação

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Posto de Transformação

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  • INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA rea Departamental de Engenharia de Sistemas de Potncia e Automao

    UMA ABORDAGEM MANUTENO DE POSTOS DE TRANSFORMAO AREOS

    JOS PEDRO MENDES CARDOSO (Licenciado em Engenharia Electrotcnica)

    Dissertao de Mestrado para a obteno do grau de Mestre em Engenharia Electrotcnica Ramo de Energia

    Orientador: Professor Victor Manuel Fernandes Mendes

    Jri: Presidente: Professor Constantino Vital Sopa Soares

    Vogais: Professor Victor Manuel Fernandes Mendes Professor Fernando Manuel Duarte Oliveira Nunes

    Abril de 2014

  • 2

    Dissertao realizada sob orientao de

    Doutor Victor Manuel Fernandes Mendes

    Professor Coordenador com Agregao da rea Departamental de Engenharia de

    Sistemas de Potncia e Automao

    Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

  • Resumo

    Esta dissertao aborda a manuteno de equipamentos em postos de transformao

    areos. Rene informao retirada de fontes tcnicas que tm escrito sobre esta

    manuteno.

    apresentada uma reviso da literatura sobre manuteno, abordando alguns dos

    tipos de manuteno existentes e assuntos relacionados com a gesto da manuteno.

    So identificados os tipos e componentes dos postos de transformao areos existentes

    em Portugal. Aces a serem desenvolvidas no mbito da manuteno preventiva,

    aces de manuteno condicionada e uma avaliao dos riscos utilizando o mtodo da

    matriz simples de Somerville so apresentadas.

    PALAVRAS-CHAVE: Manuteno; Postos de Transformao Areos.

  • Abstract

    This dissertation addresses the maintenance on air transformer substation equipments.

    Gathers information taken from technical sources who have written about this

    maintenance.

    A review of the literature on maintenance is presented, addressing some of the existing

    types of maintenance and issues related to maintenance management. The types and

    components of air transformer substations in Portugal are identified. Actions to be

    taken under preventive maintenance, conditional maintenance and a risk assessment

    using the method of simple matrix Somerville are presented.

    KEYWORDS: Maintenance, Air Transformer Substations.

  • 5

    Agradecimentos

    Pela relevncia do apoio recebido ao longo da elaborao desta dissertao, no devo

    deixar de prestar o meu agradecimento pblico s seguintes individualidades:

    Ao meu orientador cientfico Professor Victor Mendes, a quem agradeo todo o apoio e

    disponibilidade, tornando possvel a realizao desta dissertao.

    Ao Doutor Abdul Satar Abdul Hamid, pela nossa longa e forte amizade e pelo incentivo

    ao longo da minha vida profissional e acadmica.

    Ao Engenheiro Bruno Falcato, pela disponibilidade, amizade e incentivo na realizao

    deste trabalho.

    Finalmente, pelo forte apoio constante da minha famlia a quem dedico esta

    dissertao.

  • 6

    Lista de Termos e Abreviaturas

    APA - American Psycological Association

    NP EN - Verso Portuguesa da Norma Europeia

    TPM - Total Productive Maintenance

    SGV - State Government of Victoria, Austrlia

    SAMI - Strategic Asset Management Inc.

    AESST - Agncia Europeia para a Segurna e Sade no Trabalho

    RCM - Reliability Centered Maintenance

    EPA - United States Environmental Protection Agency

    IP - Internet Protocol

    EDP Electricidade de Portugal, S.A.

    AS Abertura por Seccionador

    AI Abertura por Interruptor Seccionador

    DST Descarregadores de Sobretenso

    QGBT Quadro Geral de Baixa Tenso

    TRE Tcnico Responsvel pela Explorao das Instalaes Elctricas

    DGEG - Direco-Geral de Energia e Geologia

    RSSPTS - Regulamento de Segurana de Subestaes e Postos de Transformao e de

    Seccionamento

    PT Posto(s) de Transformao

    PTA Posto(s) de Transformao Areo(s)

    TET Trabalhos em Tenso

    MT Mdia Tenso

    D.G.E. Direco Geral de Energia

    GMPT Guia de Manuteno de Postos de Transformao Areos

  • 7

    Lista de Figuras

    Figura 1 (p. 32) Factores internos e externos que influenciam a estratgia da

    manuteno. Fonte Pinto (1999);

    Figura 2 (p. 33) As cinco principais questes do quadro da gesto de activos. Fonte:

    Office of Water da EPA. (2008);

    Figura 3 (p. 34) Importantes objectivos da engenharia de manuteno. Fonte:

    Dhillon (2006);

    Figura 4 (p. 35) Iceberg de custos. Fonte: Tajiri, Masaji e Fumio Gotoh (1991).

    Figura 5 (p. 40) A manuteno na estrutura de uma empresa de pequena dimenso.

    Fonte: Pinto (1999);

    Figura 6 (p. 40) A manuteno na estrutura de uma mdia empresa. Fonte: Pinto

    (1999);

    Figura 7 (p. 40) A manuteno na estrutura de uma grande empresa. Fonte: Pinto

    (1999);

    Figura 8 (p. 50) Vista geral de um PTA do tipo AI-1;

    Figura 9 (p. 51) Vista geral de um PTA do tipo AS;

    Figura 10 (p. 51) Vista geral de um PTA do tipo A;

    Figura 11 (p.55) Confirmao de ausncia de tenso nas linhas, antes do incio dos

    trabalhos;

    Figura 12 (p. 59) Processo de Gesto do Risco. Fonte: Nunes (2006)

  • 8

    Lista de Quadros

    Quadro 1 (p. 57) Periodicidade das aces de manuteno preventiva. Fonte:

    GMPT, EDP Distribuio (2003);

    Quadro 2 (p. 58) Prazos para a resoluo de avarias detectadas no mbito das

    inspeces e manuteno preventiva. Fonte: GMPT, EDP

    Distribuio (2003);

    Quadro 3 (p. 62) Quadro 4 Escalas de probabilidade (P) na matriz de Somerville.

    Fonte: Miguel (2005).

    Quadro 4 (p. 62) Quadro 4 Escalas de gravidade (G) na matriz de Somerville.

    Fonte: Miguel (2005).

    Quadro 5 (p.62) Escalas para o nvel do risco na matriz de Somerville. Fonte:

    Miguel (2005).

    Quadro 6 (p.63) Escalas para o ndice do risco na matriz de Somerville. Fonte:

    Miguel (2005).

    Quadro 7 (p.65) Matriz de riscos na manuteno de postos de transformao

    areos.

  • 9

    ndice

    RESUMO ........................................................................................................................ 3

    ABSTRACT ..................................................................................................................... 4

    AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ 5 LISTA DE TERMOS E ABREVIATURAS .............................................................................. 6 LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... 7

    LISTA DE QUADROS ....................................................................................................... 8 NDICE ........................................................................................................................... 9 1 INTRODUO ....................................................................................................... 11

    1.1 Enquadramento ............................................................................................. 11

    1.2 Motivao ..................................................................................................... 11

    1.3 Organizao do Texto ................................................................................... 12

    2 ESTADO DA ARTE ................................................................................................. 14

    2.1 Evoluo da Manuteno .............................................................................. 14

    2.2 Definies de Manuteno ............................................................................ 16 2.3 Objectivos da Manuteno ............................................................................ 19 2.4 Estratgia da Manuteno ............................................................................. 21

    3 TIPOS DE MANUTENO ....................................................................................... 23 3.1 Manuteno Correctiva ou Curativa .............................................................. 23

    3.2 Manuteno Preventiva ................................................................................. 24

    3.3 Manuteno Condicionada ou Preditiva ........................................................ 26 3.4 Manuteno Produtiva Total ......................................................................... 27

    3.5 Manuteno Centrada na Fiabilidade ............................................................ 28 4 GESTO DA MANUTENO ................................................................................... 30

    4.1 Gesto de Activos Fsicos ............................................................................. 32

    4.2 Engenharia da Manuteno ........................................................................... 33

    4.3 Os Custos da Manuteno ............................................................................. 34

    4.4 Qualidade na Manuteno ............................................................................. 36 4.5 O Outsourcing na Manuteno ...................................................................... 38 4.6 Organizao Interna da Manuteno ............................................................. 38 4.7 Algumas Terminologias Associadas a Indicadores Tericos de Manuteno . 41

    4.7.1 Manutibilidade ....................................................................................... 42

  • 10

    4.7.2 Fiabilidade ou Confiabilidade ................................................................ 43

    4.7.3 Falha ...................................................................................................... 44

    4.7.4 Avaria .................................................................................................... 44

    4.8 Ciclo de Vida de um Equipamento ................................................................ 45 4.9 Conservao Versus Manuteno .................................................................. 45 4.10 Perspectivas Sobre o Futuro da Manuteno .............................................. 46

    5 MANUTENO DE POSTOS DE TRANSFORMAO AREOS ..................................... 48 5.1 Tipos de Postos de Transformao Areos .................................................... 48 5.2 Componentes dos Postos de Transformao Areos ...................................... 52 5.3 Tcnico Responsvel pela Explorao das Instalaes Elctricas .................. 53 5.4 Aces de Manuteno em Postos de Transformao Areos ........................ 54

    5.4.1 Aces no mbito da Manuteno Preventiva ....................................... 54 5.4.2 Aces de Manuteno Condicionada .................................................... 57 5.4.3 Verificao das Resistncias de Terra .................................................... 58

    5.5 Avaliao do Risco na Manuteno de Postos de Transformao Areos ...... 58 5.5.1 Riscos e Perigos ..................................................................................... 60 5.5.2 Matriz Simples de Somerville ................................................................ 61 5.5.3 Matriz de Riscos em Postos de Transformao Areos ........................... 63

    6 CONCLUSES ....................................................................................................... 67 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 71

    ANEXO ........................................................................................................................ 75

  • 11

    1 Introduo

    1.1 Enquadramento

    Assuntos relacionados com manuteno de equipamentos so demasiadamente

    importantes para que sejam objecto de menos ateno por parte das organizaes. A

    implementao e monitorizao da manuteno de equipamentos e higiene, sade e

    segurana no trabalho nas actividades da manuteno, so sem dvida importantes para

    a competitividade das organizaes e bem-estar dos trabalhadores. O mbito do

    enquadramento desta dissertao envolve assuntos relacionados com a manuteno de

    postos de transformao areos em Portugal. Por um lado, e em particular, esto no

    mbito da identificao dos tipos de postos de transformao areos existentes, da

    periodicidade das inspeces, de aces de manuteno preventiva a serem

    desenvolvidas e do acompanhamento da condio dos equipamentos atravs da

    manuteno condicionada. Por outro lado, esto dentro do mbito da avaliao de riscos

    no mbito da manuteno de postos de transformao areos, sendo usual a utilizao

    da matriz simples de Somerville para a avaliao destes riscos.

    1.2 Motivao

    A manuteno de postos de transformao areos deve obedecer a procedimentos bem

    definidos, devendo ser realizada e supervisionada por tcnicos devidamente habilitados,

    que permitam garantir uma manuteno de elevada qualidade. Os procedimentos devem

    incluir a satisfao de condies de higiene, sade e segurana no trabalho necessrias

    durante a sua execuo. No contexto actual, as organizaes nacionais encontram

    dificuldades na contratao de mo-de-obra especializada, devido elevada sada de

  • 12

    tcnicos extremamente qualificados para o exterior, da a relevncia do incremento da

    formao profissional de novos tcnicos, que permitam garantir a continuidade da

    qualidade do servio prestado. neste contexto que surge a motivao para a

    elaborao desta dissertao dedicada manuteno de postos de transformao areos,

    aliada ao percurso profissional do autor nesta rea, para suprir uma falha de elementos

    de apoio que possam ser teis para consulta no mbito da formao de novos tcnicos

    ou no aproveitamento do potencial humano das organizaes no especifico para

    actividades de manuteno de equipamentos.

    1.3 Organizao do Texto

    A presente dissertao composta por seis captulos. No primeiro captulo, efectuada

    uma breve introduo ao tema escolhido para esta dissertao. No segundo captulo

    feita uma reviso da literatura sobre manuteno, abordando aspectos relacionados com

    a evoluo ao longo do tempo, definio, objectivo e estratgia da manuteno. O

    terceiro captulo estuda alguns dos tipos de manuteno existentes tais como:

    manuteno correctiva ou curativa, manuteno preventiva e manuteno condicionada

    ou preditiva. O quarto captulo trata de assuntos relacionados com a gesto da

    manuteno tais como: gesto de activos fsicos, engenharia da manuteno, custos da

    manuteno, qualidade na manuteno, outsourcing na manuteno, organizao interna

    da manuteno, algumas terminologias associadas a indicadores tericos de

    manuteno, ciclo de vida de um equipamento, conservao versus manuteno e

    perspectivas sobre o futuro da manuteno. O quinto captulo aborda a manuteno de

    postos de transformao areos, identificando os tipos de postos de transformao

    areos existentes em Portugal e respectivos componentes, aces de manuteno

  • 13

    preventiva e condicionada a realizar em postos de transformao areos,

    responsabilidades do tcnico responsvel pela explorao, classificao da gravidade

    das anomalias existentes e estabelecimento de prioridades na resoluo das mesmas e

    apresentada uma avaliao dos riscos utilizando o mtodo da matriz simples de

    Somerville. No sexto captulo so apresentadas as concluses consideradas mais

    relevantes. As referncias so indicadas por uma listagem que est de acordo com a

    norma estabelecida pela APA (American Psycological Association).

  • 14

    2 Estado da Arte

    2.1 Evoluo da Manuteno

    A manuteno de equipamentos uma aco que deve ser realizada em consequncia

    do uso dos equipamentos. Assim, desde que o homem comeou a utilizar utenslios no

    dia-a-dia, para a caa, pesca ou construo de abrigos, durante a poca do paleoltico

    inferior ou seja, h cerca de dois milhes e meio de anos A.C. expectvel que tenha

    existido aces que permitiam recuperar os equipamentos utilizados no dia-a-dia. Por

    exemplo, no uso dos utenslios fabricados a partir de seixos, durante a existncia da

    espcie Homo habilis, provvel que tenha recorrido recuperao destes utenslios

    com o objectivo de os manter afiados com o fim de garantir a sua eficcia.

    A manuteno como actividade tcnica em organizaes parece ter origem na era da

    industrializao da produo segundo Souris (1992) e, com o desenvolvimento das

    mquinas, integrando uma automatizao cada vez mais crescente, substituindo o termo

    j aceite de conservao por manuteno.

    Segundo Pinto (1999), at aos finais da dcada de quarenta do sculo vinte, a

    manuteno estava num estado embrionrio, pois nas empresas industriais apenas se

    reparavam ou substituam equipamentos ou componentes, quando surgiam avarias. Com

    o aparecimento das grandes cadeias de produo no comeo dos anos cinquenta do

    sculo vinte, tem inicio o desenvolvimento progressivo da manuteno, visto que, as

    paragens por avarias acarretavam custos elevados.

  • 15

    Com a construo e entrada em servio de grandes unidades nas indstrias do processo,

    os custos de funcionamento so agravados substancialmente quando no conseguida

    uma elevada disponibilidade dos equipamentos para produo. Esta realidade vai fazer

    crescer e desenvolver a manuteno de uma fase primria, de reparao de avarias, para

    uma fase mais evoluda, a manuteno preventiva, o que determinar o aparecimento

    posterior da engenharia de manuteno e formas mais complexas de organizao da

    manuteno nas empresas, Pinto (1999).

    Outros autores como por exemplo Pinto & Xavier (1999), dividem a evoluo da

    manuteno desde os anos trinta do sculo vinte em trs geraes:

    Primeira gerao: abrange o perodo antes do incio da segunda guerra mundial

    quando a indstria era pouco mecanizada, os equipamentos eram simples,

    sobredimensionados e devido conjuntura econmica poca, a questo da

    produtividade no era prioritria para as organizaes. Consequentemente, no era

    necessria uma manuteno sistematizada, apenas servios de limpeza, lubrificao

    e reparao aps avaria ou seja, a manuteno era, fundamentalmente do tipo

    correctiva.

    Segunda gerao: decorre desde a segunda guerra mundial at aos anos sessenta do

    sculo vinte. As presses do perodo da segunda guerra mundial aumentaram a

    procura de produtos, ao mesmo tempo que o contingente de mo-de-obra industrial

    diminui consideravelmente. Como consequncia, houve forte aumento da

    mecanizao e da complexidade das instalaes industriais.

  • 16

    Terceira gerao: a partir da dcada de setenta do sculo vinte, houve uma

    acelerao do processo de mudana nas indstrias. Na produo, os efeitos dos

    perodos de paralisao tiveram um agravamento pela tendncia mundial de utilizar

    sistemas just-in-time, onde stocks reduzidos para a produo, significavam que

    pequenas pausas na produo e entrega, poderiam paralisar a fbrica.

    Em Pinto (1999), a crescente automao industrial das ltimas dcadas do sculo vinte

    originou alguns imperativos como o custo crescente das matrias-primas, da energia e

    dos investimentos, que vieram colocar indstria novos desafios e novas necessidades

    no que diz respeito ao aumento do tempo de vida til dos equipamentos e

    simultaneamente conteno de custos de produo. Tais imperativos foram reflectidos

    no desenvolvimento da organizao e das tcnicas de manuteno nas dcadas de

    setenta e oitenta, com o aparecimento das tcnicas de manuteno preventiva

    condicionada que, merc do desenvolvimento tecnolgico, rapidamente sofreram um

    desenvolvimento com apoio dos meios informticos. Estas tcnicas, permitiram uma

    nova reduo dos custos de manuteno e, um aumento da disponibilidade dos

    equipamentos.

    2.2 Definies de Manuteno

    A definio de manuteno apresenta uma convergncia verificada na investigao do

    estado da arte que permite afirmar um entendimento comum sobre a manuteno.

    Assim, possvel afirmar como manuteno um conjunto de aces tcnicas,

    administrativas e de gesto com o objectivo de garantir o bom funcionamento dos

    equipamentos e disponibilidade para a produo.

  • 17

    Em Sacristn (1978), a manuteno definida como um estado de espirito, uma

    conscincia, uma sistematizao de operaes de conservao das instalaes e

    maquinaria produtiva.

    Em Souris (1992), todas as definies de manuteno, oficiais ou no, tendem a

    apresentar a manuteno como sendo a garantia da disponibilidade dos equipamentos,

    pela avaliao das imperfeies no patrimnio tecnolgico investido. Deve ter em conta

    os objectivos da empresa e pode ser efectuada no mbito de uma despesa materializada

    por um oramento ou em relao com uma actividade industrial determinada.

    Em Assis (1997), a manuteno pode ser definida como um conjunto de aces

    empreendidas com o objectivo de repor o sistema falhado nas condies operacionais de

    novo.

    Em Quintas (1998), a manuteno visa garantir a integridade dos bens fixos, reparando,

    modificando ou substituindo bens fixos quando necessrio, numa ptica de garantir a

    funo dos mesmos, mais do que garantir o seu estado apenas.

    Em Pinto & Xavier (1999), o conceito de manuteno associado com a sua misso,

    referindo que a de garantir a disponibilidade da funo dos equipamentos e

    instalaes, de modo a responder s solicitaes da produo e preservao do meio

    ambiente, com confiabilidade, segurana e custos adequados.

    Em Eurisko (2003), todo o equipamento est sujeito a um processo de deteriorao,

    especialmente quando em actividade ou funcionamento para o qual foi concebido. Para

  • 18

    que a produtividade de uma instalao, constituda por uma diversidade enorme de

    equipamentos tenha resultados positivos, necessrio que todos os equipamentos sejam

    mantidos nas melhores condies de funcionamento. Assim, todo esse equipamento

    dever sofrer ao longo da sua vida til de funcionamento, reparaes, inspeces

    programadas, rotinas preventivas programadas e adequadas, substituio de peas e

    rgos, mudanas de leo, lubrificaes, limpezas, pinturas, correces de defeitos

    resultantes quer do seu fabrico quer do trabalho que estiver a realizar. O conjunto de

    todas estas aces designado por manuteno.

    Em Cabral (2006), a manuteno definida como o conjunto das aces destinadas a

    assegurar o bom funcionamento das mquinas e das instalaes, garantindo que elas so

    intervencionadas nas oportunidades e com o alcance certos, por forma a evitar que

    avariem ou baixem de rendimento e, no caso de tal acontecer, que sejam repostas em

    boas condies de operacionalidade com a maior brevidade, tudo a um custo global

    optimizado.

    Em Dhillon (2006), a manuteno definida como um conjunto de aces necessrias

    para manter um equipamento em funcionamento ou restaurando o equipamento sua

    condio especfica de operacionalidade.

    A NP EN 13306 (2007) define a manuteno como uma combinao de todas as aces

    tcnicas, administrativas e de gesto, durante o ciclo de vida de um equipamento,

    destinadas a manter ou repor o equipamento num estado em que pode desempenhar a

    funo requerida.

  • 19

    Em Dantas (2010), a manuteno definida como uma combinao de todas as aces

    tcnicas, administrativas e superviso, destinadas a manter ou recolocar um

    equipamento em estado no qual possa desempenhar uma funo requerida pela

    organizao.

    Em Business Dictionary (2013), a manuteno definida como o conjunto de aces

    necessrias efectuar para manter ou restaurar uma pea de equipamento, uma mquina,

    ou um sistema para uma condio operacional especfica, de modo a atingir o seu

    mximo de vida til.

    2.3 Objectivos da Manuteno

    Os aspectos comuns nas definies dos objectivos de manuteno pelos autores

    investigados no estado da arte associam os objectivos da manuteno com os objectivos

    globais definidos pela organizao e a existncia de um bom planeamento, coordenao

    e execuo dos trabalhos a um custo ptimo por parte dos servios de manuteno da

    organizao.

    Em Sacristn (1978), o objectivo da manuteno conseguir com o mnimo custo o

    maior tempo de servio das instalaes e maquinaria em produo.

    Em Westerkamp (1997), o objectivo principal da manuteno manter os activos nas

    melhores condies. O objectivo da manuteno providenciar um nvel ptimo da

    quantidade e qualidade do servio de manuteno, de modo seguro, a tempo e horas e a

    um custo razovel.

  • 20

    Em Pinto (1999), afirmado que o responsvel da manuteno ter de gerir os meios

    postos sua disposio para atingir os seus objectivos. Ter pois que:

    Organizar os recursos da manuteno de forma a assegurar a sua eficcia e

    eficincia;

    Planear as aces de manuteno a aplicar durante um determinado perodo de

    tempo;

    Programar as respectivas intervenes afectando os recursos necessrios e definindo

    os metodos de trabalho a aplicar em cada interveno;

    Coordenar a realizao dos trabalhos planeados e programados, de forma a

    assegurar a aplicao de tcnicas de execuo que garantam a qualidade do trabalho

    e o cumprimento dos prazos previstos para a sua execuo;

    Motivar os recursos humanos afectos manuteno, com o objetivo de alcanar

    elevados nveis de produtividade.

    Em Cabral (1999), os objectivos da manuteno tm que estar interligados aos

    objectivos globais da empresa, j que a manuteno afecta a rentabilidade do processo

    produtivo por via tanto da sua influncia no volume e na qualidade da produo, como

    do seu custo. Por um lado melhora o desempenho e a disponibilidade do equipamento,

    por outro lado, acresce aos custos de funcionamento. O compromisso corresponde em

    encontrar o ponto de equilbrio entre benefcio e custo que maximize o contributo

    positivo da manuteno para a rentabilidade geral da organizao.

    Na NP EN 13306 (2007) considerado como objetivos da manuteno, metas fixadas e

    aceites para as actividades de manuteno. As metas podem incluir, por exemplo, a

  • 21

    disponibilidade, os custos, a qualidade do produto, a preservao do ambiente e a

    segurana.

    2.4 Estratgias da Manuteno

    Os autores estudados convergem no sentido de que a estratgia da manuteno pode ser

    definida como um conjunto de metodologias a utilizar para atingir os objectivos da

    manuteno e por consequncia os objectivos globais definidos pela organizao.

    Em Quintas (1998), a manuteno ao desenvolver a sua estratgia em sintonia com os

    objectivos da organizao, tem de deixar de ser reactiva e passar a ser proactiva. A

    metodologia de desenvolvimento da estratgia de manuteno deve considerar:

    A compreenso da manuteno;

    A identificao do objectivo;

    A elaborao do plano de aco;

    A implantao de organizao adequada.

    Em Pinto (1999), a estratgia da manuteno deve estabelecer a forma de atingir um

    conjunto de objectivos, resultando da transposio para esta actividade dos objectivos

    definidos de forma mais geral para toda a empresa e em particular para a produo. Essa

    estratgia influenciada por factores internos e externos empresa, que depois de

    estabelecida ser desenvolvida atravs de polticas adequadas como resumido na

    ilustrao apresentada na Figura 1.

  • 22

    Figura 1 - Factores internos e externos que influenciam a estratgia da manuteno. Fonte Pinto (1999).

    Em Pinto & Xavier (1999), a gesto estratgica da manuteno, consiste em actuar para

    evitar que ocorram falhas e no actuar apenas na correco rpida destas falhas.

    Na NP EN 13306 (2007) a estratgia de manuteno definida como um mtodo de

    gesto para atingir os objetivos da manuteno.

  • 23

    3 Tipos de Manuteno

    De acordo com os autores investigados possvel afirmar que existe uma concordncia

    relativamente existncia de trs tipos de manutenes que podem ser consideradas

    como clssicas: manuteno curativa ou correctiva, manuteno preventiva e

    manuteno condicionada ou preditiva. So tambm apresentadas outros tipos de

    manuteno menos generalizadas nas organizaes tais como: manuteno produtiva

    total e manuteno baseada na fiabilidade.

    3.1 Manuteno Correctiva ou Curativa

    Os autores investigados na histria da arte convergem no sentido de definir a

    manuteno correctiva ou curativa como a manuteno que efectuada num

    equipamento aps a deteco de uma avaria que provoque a paragem do equipamento

    ou que no permite o funcionamento normal do equipamento. uma manuteno no

    planeada e que surge da necessidade de restaurar ou corrigir a aptido do equipamento

    para desempenhar a funo requerida.

    Em Pinto & Xavier (1999), a manuteno correctiva definida como a actuao para a

    correo de falha ou correco de uma deficincia no desempenho do equipamento,

    sendo a aco principal da manuteno correctiva, corrigir ou restaurar as condies de

    funcionamento do equipamento. Ao intervir num equipamento que apresenta um

    defeito ou um desempenho diferente do esperado, estamos a efectuar manuteno

    correctiva. Assim, a manuteno correctiva no , necessriamente, a manuteno de

    emergncia.

  • 24

    Em Dhillon (2006), uma aco de manuteno no planeada, que requer uma

    interveno urgente ou que ir substituir trabalhos anteriormente agendados, para o

    mesmo perodo.

    Em Cabral (2006), a manuteno correctiva realizada depois da ocorrncia de uma

    avaria com cessao da aptido do equipamento para desempenhar a funo requerida,

    destinada a restaurar a aptido desse equipamento para realizar essa funo.

    Na NP EN 13306 (2007) a manuteno correctiva definida como sendo aquela que

    efectuada depois da deteco de uma avaria e destinada a repor um equipamento num

    estado em que pode realizar uma funo requerida.

    3.2 Manuteno Preventiva

    Em Westerkamp (1997), a manuteno preventiva definida como sendo o

    planeamento sistemtico, planos anuais a intervalos regulares, e cumprimento dos

    planos de limpeza, lubrificao, reparaes e substituio de componentes para:

    Minimizar perdas de operao causadas por avarias;

    Prolongar a vida til dos activos essenciais;

    Reduzir os custos em geral.

    Em Pinto & Xavier (1999), a manuteno realizada com o objectivo de reduzir ou

    evitar a falha ou deficincia no desempenho de um equipamento, obedecendo a um

    plano previamente elaborado, baseado em intervalos definidos de tempo. Inversamente

  • 25

    poltica da manuteno correctiva ou curativa, a manuteno preventiva procura evitar

    a ocorrncia de falhas.

    Em Cabral (2006), definida manuteno preventiva como sendo a que realizada em

    intervalos de tempo pr-determinados ou de acordo com critrios prescritos, com a

    finalidade de reduzir a probabilidade de avaria ou de degradao do funcionamento de

    um equipamento.

    Em Dhillon (2006), a manuteno preventiva consiste no agendamento a intervalos pr-

    definidos de aces de inspeco e de manuteno a equipamentos, com o objectivo de

    diminuir as falhas nos equipamentos. As aces a realizar no mbito da manuteno

    preventiva podem ser entre outras: inspeco, limpeza, ajustamento, calibrao,

    substituio de componente, lubrificao, reparao de componente, equipamento e

    sistemas.

    Na NP EN 13306 (2007) definida manuteno preventiva como sendo a que

    efectuada a intervalos de tempo pr-determinados, ou de acordo com critrios

    prescritos, com a finalidade de reduzir a probabilidade de avaria ou de degradao do

    funcionamento de um equipamento.

    Os autores anteriormente citados convergem na definio de manuteno preventiva

    como sendo o planeamento atempado de intervenes nos equipamentos a intervalos

    pr-definidos com o objectivo de diminuir a probabilidade de ocorrncia de falhas e

    degradao dos equipamentos. designada por manuteno preventiva sistemtica ou

    simplesmente por manuteno preventiva.

  • 26

    3.3 Manuteno Condicionada ou Preditiva

    Como consequncia das vrias abordagens pelos autores investigados na histria da arte

    pode ser afirmado que a manuteno condicionada ou preditiva indispensvel na

    manuteno de equipamentos. Permite acompanhar a condio fsica dos equipamentos

    atravs da anlise da evoluo de diversos parmetros do equipamento e a deciso de

    intervir no equipamento efectuada atravs de um planeamento antecipado

    minimizando perturbaes na produo.

    Em Westerkamp (1997), a manuteno condicionada definida como sendo a medio

    das condies de funcionamento do equipamento, para detectar sintomas que estejam

    fora dos parmetros fsicos aceitveis e identificar as causas. A manuteno

    condicionada inclui o agendamento atempado das reparaes, resultados na melhoria da

    fiabilidade do sistema e aumento do ciclo de vida dos equipamentos a um custo

    razovel.

    Em Pinto & Xavier (1999), a manuteno condicionada definida como a actuao

    realizada com base na modificao dos parmetros de condio ou desempenho do

    equipamento, cujo acompanhamento peridico. O objectivo da manuteno

    condicionada prevenir falhas nos equipamentos, atravs do acompanhamento de

    diversos parmetros com o equipamento em funcionamento ou disponvel para a

    produo pelo maior tempo possvel. A manuteno condicionada priveligia a

    disponibilidade do equipamento, no promove a interveno no equipamento, pois as

    medies e verificaes so efectuadas com o equipamento em funcionamento ou

    disponvel para a produo.

  • 27

    Em Cabral (2006), a manuteno em que a deciso de interveno preventiva

    tomada no momento em que existem evidncias de defeito eminente ou quando

    atingido um patamar de degradao predeterminado no equipamento.

    Em Farinha (2011), a manuteno condicionada definida como uma abordagem ao

    planeamento da manuteno, generalizada em diversos sectores de actividade, tais como

    aeronutica, siderurgias, refinarias de petrleo, navios, centrais trmicas, sendo

    suportada por um conjunto de tecnologias, designadamente as desenvolvidas nas

    ltimas dcadas, tais como a utilizao de sensores e monitorizao do desempenho dos

    objectos de manuteno, que tm permitido mais-valias muito significativas na

    fiabilidade e no desempenho das instalaes e equipamentos.

    3.4 Manuteno Produtiva Total

    A manuteno produtiva total denominada na literatura anglo-saxnica por total

    productive maintenance (TPM), esta sigla utilizada nesta seco para referir o nome

    de manuteno produtiva total. Segundo os autores estudados na histria da arte pode

    ser afirmado que a manuteno produtiva total tem como objectivo atingir a meta de

    zero avarias em equipamentos envolvendo todos os colaboradores da organizao desde

    o topo da hierarquia at base.

    Em Pinto (1999), a TPM tem como envolvente o conceito do ciclo de vida dos

    equipamentos, que considera os custos de aquisio, utilizao, manuteno e abate. O

    objetivo a maximizao da disponibilidade dos equipamentos para produo atravs

    da meta zero avarias, com a consequente eliminao das perdas de produo.

    caracterizada basicamente pelos seguintes aspectos:

  • 28

    Envolvmento e participao nos objectivos da empresa, desde o topo da hierarquia

    at base;

    Envolvimento de toda a estrutura da empresa no processo, particularmente os

    departamentos que tm maior participao no ciclo de vida dos equipamentos como

    sejam os de novas instalaes, de produo, de estudos, e de manuteno;

    Estabelecimento de programas de manuteno preventiva cobrindo o ciclo de vida

    dos equipamentos;

    Promoo do estudo e anlise das avarias e procura de solues para as evitar

    atravs de grupos de actividade autnomos;

    Promoo da execuo de operaes de manuteo pelos operadores de

    equipamentos.

    Em Cabral (2006), tem como objectivo principal a eliminao de falhas, defeitos e

    outras formas de perdas e desperdicios, visando a maximizao global da eficincia dos

    equipamentos, com o envolvimento de todos, a todos os nveis. a manuteno

    conduzida com a participao de todos, desde os operadores das mquinas e do pessoal

    da manuteno, at ao nvel superior de gesto, passando pelos quadros intermdios.

    3.5 Manuteno Centrada na Fiabilidade

    A manuteno centrada na fiabilidade denominada na literatura anglo-saxnica por

    Reliability Centered Maintenance (RCM), esta sigla utilizada nesta seco para referir

    o nome de manuteno centrada na fiabilidade. Os autores investigados no estado da

    arte convergem na definio de RCM pelo que pode ser afirmado que a RCM uma

    combinao de vrias metodologias no sentido de melhorar a fiabilidade do

    equipamento.

  • 29

    Em Moubray (1997), a RCM definida como um processo utilizado para determinar os

    requisitos de manuteno de qualquer equipamento no seu contexto operacional.

    Em Pinto & Xavier (1999), a RCM definida como um processo para determinar as

    aces necessrias efectuar para assegurar que qualquer equipamento continue a

    cumprir as funes desejadas no seu contexto operacional actual.

    Em Pinto (1999), a RCM definida como uma metodologia prpria para determinar as

    polticas de manuteno que devem ser aplicadas aos equipamentos considerados no seu

    contexto operacional e estabelecidas com base em critrios de fiabilidade que decorrem

    da anlise sistemtica das avarias atravs da aplicao de mtodos especifcos tais como

    o FMEA -Failure Mode Effects and Analysis.

    Em Cabral (2006), a RCM definida como uma metodologia de trabalho

    fundamentalmente destinada a eleger, para cada equipamento, em funo do seu grau de

    criticidade, a combinao ideal das manutenes de melhoria, preventiva e correctiva.

    Em Dhillon (2006), a RCM pode ser definida como um mtodo sistemtico para

    identificar as tarefas associadas manuteno preventiva, necessrias para a realizao

    da fiabilidade do equipamento.

    Em Farinha (2011), a RCM corresponde a uma abordagem da gesto industrial focada

    na identificao e estabelecimento de politicas de melhoria da manuteno e de

    investimentos de capital, conducentes a gerir os riscos das falhas dos equipamentos

    mais eficazmente.

  • 30

    4 Gesto da Manuteno

    Como consequncia das vrias abordagens da gesto da manuteno nos autores

    estudados na histria de arte pode ser afirmado que a gesto da manuteno

    indispensvel na manuteno de equipamentos numa organizao. Deve participar no

    esforo de atingir os objectivos e estratgias da manuteno de equipamentos atravs do

    planeamento, execuo dos trabalhos e controlo de custos.

    Em Pinto (1999), a manuteno aparece desde logo constituda por uma componente de

    gesto e uma componente tcnica, em que a dimenso da empresa onde est inserida a

    manuteno, determina as propores relativas destas componentes. O responsvel da

    manuteno numa pequena empresa com escassos meios de manuteno ter uma

    componente de actividade iminentemente tcnica, contra uma pequena actividade de

    gesto. medida que cresce a dimenso da empresa e os seus meios produtivos, a

    actividade manuteno envolver tambm maior volume de recursos e na actividade do

    responsvel da manuteno, a componente de gesto ser superior, em contraponto com

    uma diminuio relativa da componente tcnica.

    Em Pinto (1999), a gesto a realizar pelo responsvel da manuteno, envolve as

    seguintes actividades:

    Planeamento: constitudo pela elaborao do plano de manuteno de acordo com a

    poltica de manuteno adoptada, preparao, programao e execuo dos

    trabalhos, envolvendo a durao das intervenes e os mtodos operatrios a

    aplicar;

  • 31

    Realizao: execuo das intervenes de acordo com o planeamento, preparao e

    programao dos trabalhos estabelecidos, garantindo o prazo e qualidade nas

    intervenes;

    Controlo de custos: apuramento de custos de mo-de-obra, materiais e servios

    envolvidos nas intervenes. Acessoriamente, a responsabilidade do gestor da

    manuteno, envolver as seguintes reas adicionais manuteno e de importncia

    relevante:

    Gesto de materiais: utilizados na manuteno quer estejam

    relacionados com materiais de uso corrente ou peas de reserva.

    Gesto de pessoal: orientada no sentido de estimular e promover a

    motivao e uma formao adequada.

    Em Cabral (2006), uma boa gesto da manuteno cria um conjunto de expectativas que

    podem, e devem, ser utilizadas em dois sentidos:

    Primeiro: para convencer o nvel superior de gesto da empresa a investir na

    manuteno;

    Segundo: para ajudar a estabelecer metas e objectivos prticos em resultado do

    esforo da manuteno.

    Na NP EN 13306 (2007) a gesto da manuteno definida como sendo uma

    combinao de todas as atividades de gesto que determinam os objetivos, a estratgia e

    as responsabilidades respeitantes manuteno e que so implementados atravs de

    diversos meios tais como o planeamento, o controlo e superviso da manuteno e a

    melhoria de mtodos na organizao, incluindo os aspectos econmicos.

  • 32

    4.1 Gesto de Activos Fsicos

    De acordo com os autores investigados no estado da arte pode ser afirmado que a gesto

    de activos fiscos uma metodologia que permite gerir o ciclo de vida de um

    equipamento com eficincia e eficcia ao menor custo possvel.

    Em SGV (1994), a gesto de activos definida como o processo de liderar a aquisio,

    uso e descarte de activos, aproveitando ao mximo o potencial de prestao de servios,

    gerindo os riscos e os custos ao longo do seu ciclo de vida. O principal objectivo da

    gesto de activos, permitir que uma organizao atinga os seus objectivos, com

    eficincia e eficcia.

    Woodhouse (2001) define gesto de activos fsicos como sendo o conjunto de

    disciplinas, mtodos, procedimentos e ferramentas, que permitem optimizar o impacto

    dos custos nos negcios, ao longo do ciclo de vida dos activos fsicos da organizao,

    associado com a disponibilidade, eficincia, qualidade, longevidade, segurana e

    conformidade ambiental.

    Em SAMI (2002), a gesto de activos definida como um processo de gesto global,

    atravs do qual so tomadas consistentemente decises, relativamente utilizao e

    cuidados a ter com os activos de uma organizao.

    Em EPA (2008), a manuteno que garante um nvel de servio desejado pela

    organizao ao menor custo do ciclo de vida dos seus equipamentos. A sua

  • 33

    implementao efectuada atravs de um programa de gesto de activos conforme

    resumido na ilustrao apresentada na Figura 2.

    Figura 2 As cinco principais questes gesto de activos. Fonte: Office of Water da EPA. (2008).

    4.2 Engenharia da Manuteno

    Em Pinto & Xavier (1999), a engenharia de manuteno corresponde a uma inteno de

    perseguir objectivos, aplicar tcnicas modernas e estar ao nvel da manuteno realizada

    nos pases mais desenvolvidos do mundo. Tem como objectivo evitar reparaes

    sistemticas originadas pelas mesmas causas, corrigir situaes permanentes de menor

    desempenho dos equipamentos, melhorar padres e sistemticas, desenvolver a

    manutibilidade, e interferir tecnicamente nas aquisies de equipamentos.

  • 34

    Em Dhillon (2006), existem muitos objectivos para a engenharia da manuteno.

    Alguns dos objectivos mais importantes so resumidos na ilustrao apresentada na

    Figura 3.

    Figura 3 Importantes Objectivos da Engenharia de Manu teno. Fonte: Dhillon (2006).

    4.3 Os Custos da Manuteno

    Em Pinto (1999), os custos da actividade de manuteno numa empresa so

    fundamentalmente de trs tipos:

  • 35

    Custos directos: so os custos de funcionamento dos servios de manuteno tais

    como: mo-de-obra, materiais e servios, incluindo os custos de subcontratao se

    houver;

    Custos indirectos: so os custos originados pelas perdas de produo imputveis

    manuteno tais como paragens por avaria ou para intervenes de manuteno;

    Custos de posse de stocks: correspondem aos custos dos materiais com existncia

    em armazm, sejam de consumo corrente, sejam peas ou equipamentos de reserva

    especficos.

    Em Cabral (2006), os verdadeiros custos da manuteno exprimem o desempenho da

    manuteno. Estes custos so determinados pelos custos directos, tais como, meios

    humanos e materiais necessrios, e pelos contabilizados devido s consequncias da

    manuteno. Os custos contabilizados devido s consequncias da manuteno podem

    apresentar impossibilidades de serem estimados, porque pressupem uma resposta

    quantificada a uma pergunta do tipo ... o que aconteceria se....

    Em Cabral (2006), os custos da manuteno so por analogia identificados com a

    imagem do iceberg, como resumido na ilustrao apresentada na Figura 4.

    Figura 4 - Iceberg de custos. Fonte: Tajiri, Masaji e Fumio Gotoh (1991).

  • 36

    Como pode ser verificado na ilustrao apresentada a ponta visvel representa os custos

    contabilsticos e a parte imersa, maior, representa todos os outros custos no facilmente

    quantificveis

    4.4 Qualidade na Manuteno

    Como consequncia das vrias abordagens pelos autores investigados na histria de

    arte, pode ser afirmado que a qualidade um factor importante na manuteno de

    equipamentos. A boa ou m qualidade na gesto da manuteno aliada qualidade das

    intervenes nos equipamentos influencia fortemente o desempenho de uma

    organizao.

    Em Souris (1992), possvel identificar com bastante preciso as aces da qualidade

    atravs da manuteno. A qualidade composta de vrios elementos que traduzem a

    aptido em resolver os seguintes problemas:

    Fiabilidade;

    Experincia e competncias;

    Disponibilidade dos estudos, dos mtodos, da manuteno, do fabrico e da

    qualidade.

    O objectivo da qualidade na manuteno consiste em identificar as causas iniciais dos

    problemas reconhecidos e encontrar aqueles que ainda no foram revelados, avaliando a

    respectiva criticidade, isto , tendo em conta a frequncia do aparecimento das falhas e a

    sua gravidade.

  • 37

    Em Pinto (1999), uma boa ou m qualidade do servio prestado pelos servios de

    manuteno num determinado intervalo de tempo, est relacionada com o nmero e

    tempo de durao das avarias ocorridas e portanto, com a disponibilidade dos

    equipamentos para a produo

    Em Pinto & Xavier (1999), o sistema de qualidade de uma organizao constitudo

    por vrios subsistemas que esto interligados atravs de relaes extremamente fortes e

    interdependentes. Neste contexto, cabe manuteno efectuar a coordenao dos

    diversos subsistemas fornecedores, onde esto includos a engenharia, a logstica de

    materiais entre outros, de modo que o cliente interno principal que o servio de

    operaes, tenha a instalao de acordo com as necessidades da organizao para atingir

    os seus objectivos. A integrao destes subsistemas actuando como verdadeiras equipas

    , com certeza, o factor crtico de sucesso mais importante de uma empresa.

    Em Cabral (2006), a manuteno um factor indissocivel da qualidade, cujo controlo

    efectuado cada vez mais, a montante do produto final, isto , ao nvel do equipamento

    que produz esse produto. No existe garantia de qualidade sem um bom apoio da

    manuteno e a certificao da qualidade na empresa, passa pela auditoria ao seu

    sistema da manuteno.

    Em Farinha (2011), a manuteno est intrinsecamente entrosada com o sistema de

    qualidade da organizao, enquanto parte integrante desta e pela relevncia das

    evidncias que as organizaes precisam demonstrar, designadamente em meio

    industrial, da qualidade da sua manuteno, para continuar a merecer a acreditao e,

    por consequncia, as encomendas dos seus clientes.

  • 38

    4.5 O Outsourcing na Manuteno

    De acordo com os autores investigados pode ser afirmado que a poltica do outsourcing

    na manuteno permite que actividades sejam executadas por empresas contratadas o

    que permite optimizar os recursos humanos internos e tambm uma diminuio de

    custos.

    Em Pmelink (sem data), o outsourcing definido como um processo atravs do qual

    uma organizao designada por contratante, contrata outra designada por subcontratada,

    na perspectiva de manter um relacionamento mutuamente benfico, de mdio ou longo

    prazo, com vista ao desempenho de uma ou vrias actividades, que a primeira no pode

    ou no convm desempenhar e que a segunda tida como especialista,

    Em Pinto (1999), uma estratgia de outsourcing tem como finalidade optimizar os

    custos de funcionamento e centrar o esforo financeiro e de gesto das estruturas

    prprias da empresa, nas reas de valor acrescentado. No caso da manuteno de

    equipamentos, tal poltica permitir melhorar globalmente os custos de manuteno,

    atravs da racionalizao do diagrama de cargas do trabalho manuteno e, evitando a

    necessidade de manter internamente pessoal com elevada qualificao tcnica, com uma

    utilizao de natureza peridica ou irregular.

    4.6 Organizao Interna da Manuteno

    Em Souris (1992), podem ser destacadas nas organizaes, trs tipos de estruturas

    hierrquicas:

  • 39

    Uma manuteno integrada dirigida por um responsvel dependendo directamente

    da direco tcnica ou direco geral, correspondendo a uma organizao por

    funo;

    Uma manuteno ligada a um responsvel de produo com encarregados mistos,

    correspondendo a uma organizao por unidade;

    Uma combinao das duas onde a manuteno dos equipamentos de produo est

    colocada sob a responsabilidade da fabricao e a manuteno dos servios e os

    trabalhos novos, sob a de um responsvel de manuteno.

    Em Pinto (1999), o servio de manuteno para cumprir os seus objectivos numa

    empresa, ter de possuir uma organizao interna que permita cumprir e realizar as suas

    finalidades. A estrutura e organizao interna iro depender dos seguintes factores:

    Dimenso da empresa;

    Tipo de actividade da empresa;

    Tecnologia das instalaes e fbricas;

    Tipo e quantidade dos equipamentos que esto afectos ao seu servio;

    Grau de disperso geogrfica da rea das instalaes sua responsabilidade;

    Outras actividades que eventualmente sejam da responsabilidade da estrutura de

    manuteno, como por exemplo, sistema de distribuio de energia elctrica e

    fluidos.

    Em Pinto (1999), a estrutura da manuteno ser posicionada na estrutura geral da

    empresa, de acordo com o resumido nas ilustraes apresentadas nas Figuras 5, 6 e 7.

  • 40

    Figura 5 A manuteno na estrutura de uma empresa de pequena dimenso. Fonte: Pinto (1999).

    Figura 6 A manuteno na estrutura de uma mdia empresa. Fonte: Pinto (1999).

    Figura 7 A manuteno na estrutura de uma grande empresa. Fonte: Pinto (1999).

    Em Westerkamp (1997), o bloco fundamental da estrutura de uma empresa de sucesso

    uma organizao cuidadosamente concebida. Nenhuma criatividade ou automatizao

  • 41

    ir compensar uma organizao inadequada, mas uma organizao composta por

    qualidade e pessoas motivadas pode superar as falhas da organizao.

    4.7 Algumas Terminologias Associadas a Indicadores Tericos de Manuteno

    Em os autores investigados pode ser afirmado que existem vrios indicadores tericos

    de manuteno que podem ser utilizados pelas organizaes como uma ferramenta de

    apoio na tomada de decises relacionadas com a actividade da manuteno, sendo a

    importncia dos indicadores tericos de manuteno numa organizao determinada

    pela fiabilidade das informaes recolhidas e a importncia que os servios de

    manuteno atribuem a essas informaes. Nesta seco da dissertao so apresentadas

    definies de algumas das terminologias associadas ao clculo de alguns dos

    indicadores tericos de manuteno tais como: taxa de falhas de um equipamento, taxa

    de avarias, tempo mdio entre avarias, manutibilidade e fiabilidade do equipamento.

    Em Cabral (2006), um indicador terico de manuteno serve na verdadeira acepo do

    termo, para fornecer uma informao sobre determinada caracterstica ou

    acontecimento. Para aplicao nas situaes prticas de gesto, dever ser entendido

    que sem exprimirem toda a verdade sobre a realidade, do informaes muito teis para

    saber, por exemplo: o ritmo a que ocorrem as avarias, os tempos de reparao, a

    disponibilidade dos equipamentos, o esforo da empresa na manuteno e o sucesso da

    poltica de manuteno preventiva.

    Em Farinha (2011), os indicadores de manuteno so expresses quantitativas que

    apresentam informao gerada a partir de dados medidos e avaliados. Permitem

  • 42

    monitorizar e corrigir sempre que necessrio o comportamento dos principais aspectos

    da manuteno. So uma ferramenta considerada indispensvel tomada de deciso em

    manuteno.

    4.7.1 Manutibilidade

    Em Assis (1997), a manutibilidade representa tudo o que poder influenciar a aptido de

    um equipamento para receber manuteno, ou seja, a facilidade de acesso, as condies

    de segurana, a preciso e a economia, sendo um parmetro do chamado design do

    equipamento.

    Em Pinto & Xavier (1999), a manutibilidade definida como a caracterstica de um

    equipamento ou conjunto de equipamentos que permite, em maior ou menor grau de

    facilidade, a execuo dos servios de manuteno.

    Em Pinto (1999), a manutibilidade uma caracterstica de construo dos

    equipamentos e componentes, que tem relao com o tempo necessrio para a sua

    manuteno, e que caracterizada pelo grau de facilidade de acesso a inspees,

    substituio ou reparao de componentes, podendo portanto ser avaliada pelo tempo

    necessrio para a sua manuteno, medido em durao, ou pelas horas x homem

    dispendidas, ou ainda pelo custo das intervenes.

    Na NP EN 13306 (2007) a manutibilidade definida como a aptido de um

    equipamento, sob condies de utilizao definidas, para ser mantido ou restaurado, de

    tal modo que possa cumprir uma funo requerida, quando a manuteno realizada em

    condies definidas, utilizando procedimentos e recursos prescritos.

  • 43

    4.7.2 Fiabilidade ou Confiabilidade

    Como consequncia das vrias abordagens pelos autores investigados na histria da

    arte, pode ser afirmado que a fiabilidade a probabilidade de um equipamento

    desempenhar em condio satisfatria a funo requerida numa organizao.

    Em Assis (1997), a fiabilidade a probabilidade de um equipamento funcionar

    satisfatoriamente, cumprir a funo requerida durante um certo intervalo de tempo sob

    condies especificadas.

    Em Pinto (1999), a fiabilidade pode ser definida como a probabilidade de um sistema

    equipamento ou componente assegurar o funcionamento durante um tempo

    determinado, sob as condies de servio para as quais foi especificado.

    Em Pinto & Xavier (1999), a fiabilidade definida como sendo a probabilidade de um

    equipamento desempenhar a funo por um intervalo de tempo estabelecido, sob

    condies definidas de uso.

    Na NP EN 13306 (2007) a fiabilidade definida como sendo uma aptido de um

    equipamento para cumprir uma funo requerida sob determinadas condies, durante

    um dado intervalo de tempo.

    Em Farinha (2011), a fiabilidade definida como a probabilidade de um dispositivo ou

    componente de um sistema funcionar dentro dos parmetros de qualidade definidos

    durante um determinado perodo de tempo, sob as condies de funcionamento pr-

    estabelecidas.

  • 44

    4.7.3 Falha

    Em Assis (1997), falha definida como sendo a cessao de funcionamento ou mais

    frequentemente, degradao de um parmetro de funcionamento at um nvel

    considerado insatisfatrio.

    Em Pinto & Xavier (1999), falha definida como sendo a cessao da funo requerida

    de um equipamento ou incapacidade de satisfazer um padro de desempenho definido

    previamente.

    Em Moubray (1999), falha definida como sendo a inabilidade de um equipamento

    desempenhar as funes que os utilizadores querem que faa.

    Na NP EN 13306 (2007) falha definida como o estado de um equipamento inapto para

    cumprir uma funo requerida, excluindo a inaptido devida manuteno preventiva

    ou outras aces programadas, ou devida falha de recursos externos.

    4.7.4 Avaria

    Em Cabral (2006), avaria definida como a cessao da aptido de um equipamento

    para cumprir uma funo requerida, sendo de assinalar que o termo avaria exprime

    um acontecimento que conduz a um estado o estado avariado definido como o

    estado de um equipamento inapto para cumprir uma funo requerida, excluindo a

    inaptido devida realizao de manuteno preventiva ou outras aces programadas,

    ou devido falta de recursos externos.

  • 45

    Na NP EN (2007), avaria definida como uma cessao da aptido de um equipamento

    para cumprir uma funo requerida, salientando que depois da avaria o equipamento

    poder estar em falha, total ou parcial. Considera ainda que avaria um acontecimento,

    em falha ou avariado um estado.

    4.8 Ciclo de Vida de um Equipamento

    Em Assis (1997), o ciclo de vida de um equipamento constitudo pelas fases de

    concepo, construo ou fabricao, de explorao e, finalmente, de desactivao ou

    eliminao. Esta ltima fase poder incluir a chamada reciclagem, que procura a

    reutilizao dos materiais incorporados. A cada uma das fases ir corresponder um

    custo. Ao conjunto destes custos que existem ao longo da vida do equipamento,

    designado por custo do ciclo de vida do equipamento.

    Na NP EN 13306 (2007), o ciclo de vida definido como um intervalo de tempo que

    tem inico com a concepo do equipamento e termina com a eliminao do

    equipamento, sendo o custo do ciclo de vida do equipamento, um somatrio de todos os

    custos gerados durante o ciclo de vida do equipamento, podendo incluir os custos

    relativos aquisio, operao, manuteno e eliminao do equipamento.

    4.9 Conservao Versus Manuteno

    Em Souris (1992), a conservao definida como um conjunto de aces fsicas

    aplicadas aos meios de produo para assegurar a disponibilidade dos equipamentos de

    acordo com os critrios definidos na poltica da manuteno da organizao. Por outras

    palavras, a manuteno est resumida optimizao dos parmetros da conservao. Se

  • 46

    a conservao de ontem no era considerada produtiva, a manuteno actual no seio das

    organizaes tem um carcter produtivo.

    Em Souris (1992), a manuteno introduz pela sua relao com os objectivos de

    produo uma noo de condio, o bom estado relativo e no absoluto. Podemos

    praticar uma subconservao ou uma sobreconservao. Num caso, a aco ir conduzir

    a uma degradao prematura dos equipamentos e no outro, o excesso de intervenes

    inteis ir conduzir a um desperdcio financeiro para a empresa. A manuteno possui

    um carcter antecipador e necessita de aces de reflexo. A sua finalidade integrar os

    objectivos da empresa a fim de optimizar as aces de conservao. Manuteno

    subentende conservao mas o inverso nem sempre verificado.

    Em Cabral (2006), o termo conservao utilizado para exprimir o conjunto de aces

    destinadas a manter os bens armazenados em condies de operacionalidade. Deve ser

    utilizado em relao manuteno dirigida ao material em armazm, seja ele um

    equipamento ou sobressalente, sendo de utilizar mais genericamente o termo

    manuteno para o parque de equipamentos a cumprir uma funo requerida.

    4.10 Perspectivas Sobre o Futuro da Manuteno

    Em Pinto (1999), o desenvolvimento das tcnicas e modelos de gesto que a

    globalizao dos mercados e da concorrncia tendem a estimular, apoiados por

    poderosos sistemas de informao e orientados para a flexibilizao de estruturas e

    criao de uma forte cultura empresarial centrada na satisfao dos clientes por via da

    qualidade, conduziro a alteraes significativas na pirmide de deciso e no

    funcionamento das empresas, com incidncias na reduo dos nveis de deciso e no

  • 47

    desenvolvimento do trabalho de grupo constitudo por grupos autnomos de equipas

    multifuncionais e polivalentes, em detrimento do trabalho individual.

    Em Farinha (2011), as perspectivas sobre os desenvolvimentos futuros dentro do mbito

    da abordagem da manuteno so a seguir apresentados:

    Gesto integrada de activos, tendo em considerao a vertente da sustentabilidade

    ambiental, incluindo as normas de gesto da qualidade, ambiente, segurana,

    manuteno e energia;

    Modelao colaborativa para implementao e manuteno de modelos 3D virtuais

    de instalaes e equipamentos, por exemplo: em sistemas de planeamento da

    manuteno, no diagnstico de avarias, no e-learning;

    Manuteno condicionada de instalaes e equipamentos baseada na leitura online

    remota de dados com transmisso atravs de dispositivos IP e redes GSM e satlite;

    Manuteno remota de equipamentos atravs da utilizao de robots com controlo

    distncia e realidade virtual;

    Manuteno condicionada suportada por sistemas inteligentes de auto aprendizagem

    e com capacidade de autodiagnstico e resoluo de avarias.

  • 48

    5 Manuteno de Postos de Transformao Areos

    Neste captulo foi seguido o documento recomendaes e orientaes para a

    manuteno de postos de transformao de clientes DRE-C13-100R (2003),

    disponibilizado pela EDP-Distribuio S.A. e que uma referncia para o assunto, visto

    que esta empresa detm o maior nmero de postos de transformao incluindo os

    areos, existentes em Portugal.

    5.1 Tipos de Postos de Transformao Areos

    Na DRE-C13-811/N da EDP Distribuio S.A. (2005), os postos de transformao

    areos existentes em Portugal so classificados em trs tipos: A, AS e AI.

    Em D.G.E. (2003), os postos de transformao areos dos tipos A e AS so constitudos

    por um transformador de 25, 50 ou 100 kVA instalado num poste de beto armado,

    ligado directamente linha de mdia tenso no caso dos postos de transformao do

    tipo A ou atravs de seccionador no caso dos postos de transformao do tipo AS. O

    quadro de baixa tenso instalado a uma altura conveniente para ser manobrado do

    solo. A tenso primria de 6, 10, 15 ou 30 kVA.

    Em D.G.E. (1984), o posto de transformao areo do tipo AI constitudo por um

    transformador de 160 ou 250 kVA e um interruptor-seccionador entre a linha de mdia

    tenso e o transformador. A tenso primria de 6, 10, 15 ou 30 kVA e o quadro de

    baixa tenso instalado a uma altura conveniente para ser manobrado do solo. Existem

  • 49

    postos de transformao areos do tipo AI-1, com um s poste de beto e AI-2 com dois

    postes de beto armado geminados na base e colocados verticalmente.

    Com base na experincia profissional acumulada ao longo dos anos e em contactos

    informais com tcnicos da EDP Distribuio S.A. interessados em assuntos

    relacionados com equipamentos de mdia tenso pode ser afirmado que os postos de

    transformao areos do tipo A no so instalados actualmente e os existentes quando

    alvo de remodelao total ou parcial so na sua maioria transformados ou substitudos

    por postos de transformao areos do tipo AS ou AI.

    As razes do desaparecimento gradual dos postos de transformao areos do tipo A

    podem estar relacionadas com questes relacionadas com a explorao destes

    esquipamentos. Por exemplo, no caso de ocorrer uma avaria nos descarregadores de

    sobretenses de mdia tenso, ou nos cabos entre o transformador e o QGBT ou mesmo

    neste ltimo equipamento, ser sempre necessria a interveno de uma equipa da

    entidade distribuidora de energia para o isolamento da instalao atravs da colocao

    das linhas de mdia tenso sem tenso. Este trabalho normalmente executado por

    equipas vocacionadas para trabalhos em tenso o que implica custos para o proprietrio

    do posto de transformao areo sendo o planeamento e execuo das manutenes

    resultantes das ocorrncias acima descritas realizadas em funo da disponibilidade dos

    servios da entidade distribuidora de energia o que pode causar prejuzos bvios para o

    proprietrio do posto de transformao areo. No caso dos postos de transformao

    areos dos tipos AS e AI na presena de uma ocorrncia semelhante descrita

    anteriormente ser necessrio somente a abertura do seccionador ou interruptor

    seccionador pelo proprietrio para poder dar execuo aos trabalhos em segurana.

  • 50

    Para alm do referido no pargrafo anterior pode ser afirmado que o custo de um

    seccionador ou interruptor-seccionador no representa um valor muito significativo no

    custo total de aquisio e montagem de um posto de transformao areo pelo que pode

    ser vantajoso a instalao de um posto de transformao areo do tipo AS ou AI em

    novas instalaes. No caso de instalaes existentes as vantagens da instalao de um

    seccionador ou interruptor-seccionador, podem representar melhorias para o

    proprietrio do posto de transformao areo a nvel de manuteno e explorao

    conforme descrito no pargrafo anterior. Pelas razes expostas esta seco da

    dissertao aborda unicamente assuntos relacionados com os postos de transformao

    areos dos tipos AS e AI.

    Figura 8 -Vista geral de um PTA do tipo AI-1

  • 51

    Figura 9 -Vista geral de um PTA do tipo AS.

    Figura 10 - Vista geral de um PTA do tipo A.

  • 52

    5.2 Componentes dos Postos de Transformao Areos

    Os principais componentes dos postos de transformao areos, salvaguardando as

    diferenas existentes entre os tipos AS e AI, so a seguir apresentados:

    Poste de beto armado: onde so fixados os restantes componentes do posto

    de transformao areo;

    Travessa, tirante de amarrao e alongadores de cadeia: dispositivos que

    permitem a fixao das linhas de mdia tenso ao poste de beto;

    Seccionador (tipo AS): dispositivo que tem como funo interromper ou

    estabelecer a continuidade de um condutor ou isolar um condutor de outros

    condutores e que, por no ter poder de corte garantido, no deve ser

    manobrado em carga. Pode estar em duas posies, uma de abertura e outra

    de fecho, nas quais se mantm sem a interferncia de aces exteriores;

    Interruptor-seccionador (tipo AI): dispositivo que tem como funo ligar ou

    desligar um circuito em carga, dotado de poder de corte e tendo duas

    posies, uma de abertura e outra de fecho, nas quais se mantm sem a

    interferncia de aces exteriores;

    Barramentos de mdia tenso: dispositivos que tem como funo o

    transporte da tenso do seccionador ou interruptor-seccionador at ao

    primrio do transformador;

    Transformador: dispositivo que tem como funo transformar a mdia tenso

    em baixa tenso utilizvel pelo consumidor final domstico, comercial ou

    industrial;

  • 53

    Descarregadores de sobretenses de mdia tenso (DST): dispositivo que

    tm como funo proteger o transformador contra sobretenses com origem

    na mdia tenso;

    Quadro geral de baixa tenso (QGBT): dispositivo que tem como funo

    receber a alimentao energtica do secundrio do transformador e distribuir

    para as instalaes de utilizao a jusante. O quadro geral de baixa tenso

    instalado a uma altura conveniente para ser manobrado;

    Rede de terras: sistema de proteco para pessoas e equipamentos;

    Canalizaes de energia de baixa tenso: efectuam a interligao entre o

    secundrio do transformador e o quadro geral de baixa tenso.

    5.3 Tcnico Responsvel pela Explorao das Instalaes Elctricas

    Segundo o art. 19 do decreto-lei n. 517/80 de 31 de Outubro, todas as instalaes de

    utilizao de servio particular, alimentadas em mdia tenso, carecem de um tcnico

    responsvel pela explorao das instalaes elctricas (TREIE).

    Segundo o art. 20 do decreto-lei n. 517/80 de 31 de Outubro, da responsabilidade do

    TREIE inspeccionar as instalaes elctricas com a frequncia exigida pelas

    caractersticas de explorao, no mnimo duas vezes por ano, a fim de proceder s

    verificaes, ensaios, medies regulamentares e elaborar o respectivo relatrio,

    devendo estas inspeces obrigatrias ser feitas, uma, durante os meses de vero e outra

    durante os meses de inverno. O relatrio deve ser enviado anualmente aos respectivos

    servios externos da DGEG Direco Geral de Energia e Geologia do Ministrio da

    Economia.

  • 54

    5.4 Aces de Manuteno em Postos de Transformao Areos

    Segundo o regulamento de subestaes e postos de transformao (1960), a limpeza das

    instalaes deve ser efectuada com a frequncia necessria para impedir a acumulao

    de poeiras e sujidades, especialmente sobre os equipamentos. Quaisquer trabalhos de

    manuteno s podem ser executados por tcnicos habilitados e com experincia em

    trabalhos de natureza idntica ou por tcnicos sob a sua direco. Devem ser evitados

    executar trabalhos de manuteno sob tenso, procurando sempre que possvel, desligar

    previamente os condutores de todas as polaridades ou fases.

    5.4.1 Aces no mbito da Manuteno Preventiva

    A manuteno preventiva de postos de transformao areos contempla a realizao de

    dois tipos de aces a seguir apresentadas:

    Aces de inspeco

    Observao visual do estado da instalao;

    Termografia sobre todas as ligaes elctricas existentes;

    Medio das resistncias dos elctrodos de terra pertencentes s terras de servio

    e proteco;

    Verificao dos sistemas de proteco;

    Aces de manuteno

    Observao visual do estado da instalao;

    Termografia de todas as ligaes elctricas existentes;

    Medio das resistncias dos elctrodos de terra pertencentes s terras de servio

    e proteco;

  • 55

    Reviso, afinao, lubrificao e ensaio de funcionamento dos dispositivos de

    manobra;

    Verificao e ensaios dos sistemas de proteco.

    Figura 11 - Confirmao de ausncia de tenso nas linhas antes do incio dos trabalhos.

    5.4.1.1 Aces de Inspeco

    A descrio mais pormenorizada das aces de inspeco a postos de transformao

    areos a seguir apresentada:

    Observao visual do estado das instalaes e equipamentos elctricos, identificao

    e registo em ficha prpria das anomalias detectadas e do grau de prioridade que

    dever ser considerado para correco;

    Termografia de todas as ligaes com recurso a equipamento especial de medida de

    temperatura sem contacto, para deteco de eventuais pontos quentes;

    Medio da resistncia de terra do PTA;

    Verificao dos sistemas de proteco.

  • 56

    5.4.1.2 Aces de Manuteno

    A descrio mais pormenorizada das aces de manuteno de postos de transformao

    areos no mbito da manuteno preventiva resumidamente apresentada neste

    captulo, sendo que, com excepo da termografia, as restantes devem ser executadas

    com recurso ao isolamento da instalao com a colocao das linhas sem tenso e

    ligadas terra mediante solicitao prvia aos servios da entidade distribuidora de

    energia. As aces a serem desenvolvidas so as seguintes:

    Termoviso de todas as ligaes elctricas;

    Limpeza geral do posto de transformao areo;

    Limpeza geral do barramento de mdia tenso e respectivos elementos de suporte e

    isolamento;

    Limpeza de todos os rgos de corte e ou proteco;

    Limpeza do transformador de distribuio;

    Limpeza do QGBT;

    Manuteno geral, afinaes, lubrificaes dos rgos de corte e respectivos

    comandos;

    Verificao de ligaes e apertos;

    Verificao e lubrificao de dobradias, fechaduras e fechos das portas de acesso

    instalao;

    Verificao do bom estado de funcionamento da iluminao do PTA, com

    substituio do material avariado ou danificado;

    Medio das resistncias de terra do PTA;

    Verificao e ensaios dos sistemas de proteco.

  • 57

    5.4.1.3 Periodicidade das Aces de Manuteno Preventiva

    da responsabilidade do TREIE, o estabelecimento da frequncia com que devem ser

    executadas as aces de manuteno nos postos de transformao areos, podendo ser

    consideradas como referencial as periodicidades abaixo indicadas:

    Aces Periodicidade

    Inspeco Pelo menos 2 vezes por ano segundo disposio regulamentar

    Manuteno Pelo menos 1 vez por ano, podendo coincidir com uma aco de Inspeco

    Quadro 1 Periodicidade das Aces de Manuteno Preventiva. Fonte: GMPT (2003).

    5.4.2 Aces de Manuteno Condicionada

    Consiste na resoluo das anomalias detectadas no mbito das aces de manuteno

    preventiva.

    Essas anomalias devero ser resolvidas em funo da sua gravidade e de acordo com

    uma periodicidade (1 = 2 = 3), que deve ser estabelecida com base nos seguintes

    critrios:

    1. Anomalias graves com forte probabilidade de originar no curto prazo

    uma avaria com interrupo de corrente;

    2. Anomalias de mdia gravidade que no evoluam no curto prazo para

    uma situao de risco de avaria;

  • 58

    3. Anomalias menos graves que no ponham em risco a segurana das

    instalaes e pessoas.

    Por exemplo, os prazos mximos de resoluo dessas anomalias em funo das

    prioridades indicadas podem ser os seguintes:

    Prioridades 1 2 3

    Prazos de resoluo (dias) Imediata 30 60

    Quadro 2 Prazos para a resoluo de avarias. Fonte: GMPT (2003).

    5.4.3 Verificao das Resistncias de Terra

    Segundo o art. 32 do RSSPT, os exploradores de postos de transformao areos

    devem verificar uma vez por ano, durante os meses de Junho, Julho, Agosto ou

    Setembro, as resistncias de terra de todos os elctrodos de terra. Os resultados obtidos

    devem ser anotados num registo especial que possa ser consultado em qualquer ocasio

    pela fiscalizao do Governo.

    5.5 Avaliao do Risco na Manuteno de Postos de Transformao Areos

    Em Nunes (2006), a gesto do risco surge como instrumento de reduo e administrao

    dos riscos presentes no meio industrial, oferecendo filosofias e suporte tcnico que

    visam optimizar o uso da tecnologia, a qual sofre um avano acelerado e, no

    raramente, inconsistente com os padres mnimos de segurana que devem estar

    presentes dentro das actividades industriais. O processo de gesto do risco constitudo

  • 59

    essencialmente por trs fases: anlise de riscos, avaliao dos riscos e controlo dos

    riscos como resumido na ilustrao apresentada na Figura 13.

    Figura 12 - Processo de Gesto do Risco. Fonte: Nunes (2006).

    Em Miguel (2005), so apresentados modelos de anlise do risco que de forma

    simplificada permitem obter trs ou mais nveis do risco atravs da caracterizao da

    frequncia relativa, probabilidade e da gravidade associada geralmente a forma do

    acidente. Para a elaborao da matriz de riscos associada manuteno de postos de

    transformao areos foi escolhida a matriz simples de anlise do risco de Somerville,

    em virtude de ser um mtodo de fcil aplicao.

  • 60

    5.5.1 Riscos e Perigos

    Na NP 4397 (2008), perigo definido como fonte, situao ou acto com potencial para

    o dano, em termos de leso ou afeco da sade ou uma combinao destes. Afeco da

    sade definida como condio fsica ou mental adversa, identificvel como decorrente

    de e/ou agravada por actividades do trabalho e/ou por situaes relacionadas com o

    trabalho.

    Na NP 4397 (2008), risco definido como uma combinao da probabilidade de

    ocorrncia de um acontecimento ou de exposio perigosa e da gravidade de leses ou

    afeces da sade que sejam causadas pelo acontecimento ou pela exposio.

    Em Lei n. 102 (2009), perigo definido como a propriedade intrnseca de uma

    instalao, actividade, equipamento, um agente ou outro componente material do

    trabalho com potencial para provocar dano.

    Em Lei n. 102 (2009), risco definido como a probabilidade de concretizao do dano

    em funo das condies de utilizao, exposio ou interaco do componente material

    do trabalho que apresente perigo.

    Em OIT (2011), um perigo definido como a propriedade intrnseca ou potencial de um

    produto, de um processo ou de uma situao nociva, que provoca efeitos adversos na

    sade ou causa danos materiais. Pode ter origem em produtos qumicos, propriedades

    intrnsecas, numa situao de trabalho com utilizao de escada, em electricidade, num

    cilindro de gs comprimido, energia potencial, numa fonte de incndio ou, mais

  • 61

    simplesmente, num cho escorregadio. Risco definido como a possibilidade ou a

    probabilidade de que uma pessoa fique ferida ou sofra efeitos adversos na sua sade

    quando exposta a um perigo, ou que os bens sejam danificados ou desapaream. A

    relao entre perigo e risco a exposio, seja imediata ou a longo prazo e ilustrada

    por uma equao simples:

    Perigo x Exposio = Risco

    Em Business Dictionary (2013), o risco definido como a probabilidade ou ameaa de

    dano, o prejuzo, responsabilidade, perda, ou qualquer outra ocorrncia negativa que

    causada por vulnerabilidades externas ou internas e isso pode ser evitado atravs de uma

    aco preventiva.

    Em AESST (2013), um risco definido como sendo a possibilidade, elevada ou

    reduzida, de algum sofrer danos provocados pelo perigo. Um perigo pode ser algo

    potencialmente causador de danos em materiais, equipamentos, mtodos ou prticas de

    trabalho.

    5.5.2 Matriz Simples de Somerville

    Em Miguel (2005), a matriz simples de Somerville apresenta trs nveis de

    probabilidade e de gravidade e, igualmente, trs nveis de risco ou de prioridade de

    interveno, baixo, mdio e alto. Os nveis de gravidade do risco so de acordo como

    resumido na ilustrao apresentada no Quadro 3.

  • 62

    Nveis de Gravidade (G) A Baixo

    B Mdio

    C Alto

    Quadro 3 Escalas de probabilidade (P) na matriz de Somerville. Fonte: Miguel (2005).

    Os nveis de probabilidade do risco segundo a matriz de Somerville so de acordo como

    resumido na ilustrao apresentada no Quadro 5.

    Nveis de Probabilidade (P) A Baixo

    B Mdio

    C Alto

    Quadro 4 Escalas de gravidade (G) na matriz de Somerville. Fonte: Miguel (2005).

    O nvel do risco obtido atravs do produto gravidade x probabilidade de acordo

    como resumido na ilustrao apresentada no Quadro 6.

    R= f (G x P) Probabilidade (P)

    A B C

    Gra

    vid

    ade

    (G) A 1 11 2

    B 1 2 3

    C 2 3 3

    Quadro 5 Escalas para o nvel do risco na matriz de Somerville. Fonte: Miguel (2005).

  • 63

    A prioridade de interveno definida de acordo com o nvel de risco obtido, atravs do

    produto da gravidade e da probabilidade, de acordo como resumido na ilustrao

    apresentada no Quadro 7.

    ndice de Risco

    1 Baixo

    2 Mdio

    3 Alto

    Quadro 6 Escalas para o ndice do risco na matriz de Somerville. Fonte: Miguel (2005).

    5.5.3 Matriz de Riscos em Postos de Transformao Areos

    De acordo com a experiencia profissional acumulada ao longo dos anos na manuteno

    de postos de transformao areos pode ser afirmado que para as aces de manuteno

    descritas nesta dissertao pode ser considerado como suficiente a execuo dos

    trabalhos por uma equipa de dois tcnicos dos quais um executa as intervenes nos

    componentes em altura e o segundo fornece o apoio necessrio no solo.

    A matriz de riscos apresentada nesta seco da dissertao considera que as aces de

    manuteno so desenvolvidas pelos tcnicos sem a utilizao de meios de elevao

    motorizados, por ser a mais econmica em termos de meios materiais e humanos a

    afectar realizao dos trabalhos de manuteno, visto que, no implica o aluguer de

    viaturas especficas para estes trabalhos e disponibilidade de condutor habilitado na

    manobra destas viaturas, diminuindo assim custos acrescidos com pessoal e

    combustveis. A matriz simples de riscos de Somerville apresentada nesta seco da

    dissertao considera que as aces de manuteno preventiva e condicionada so

  • 64

    realizadas com o posto de transformao areo e as respectivas linhas de alimentao

    em mdia tenso esto sem tenso, mediante solicitao prvia a ser efectuada pelo

    proprietrio do posto de transformao areo aos servios da entidade distribuidora de

    energia elctrica. Tambm considerado na matriz simples de riscos de Somerville

    apresentada nesta seco da dissertao que os tcnicos afectos s actividades de

    manuteno preventiva e condicionada possuem experincia nestas funes.

    Associados aos trabalhos de manuteno de postos de transformao areos existem

    perigos e riscos, alguns comuns aos restantes equipamentos de mdia tenso e outros

    especficos relacionados com os identificados em trabalhos em altura e em trabalhos

    realizados no exterior. A escolha do mtodo da matriz simples de Somerville tem a ver

    com o facto de ser de fcil aplicao e de fcil interpretao. Na investigao efectuada

    s comunicaes de autores pode ser afirmado que existem diversas matrizes simples

    que podem ser adoptadas semelhana da apresentada nesta seco.

    A identificao dos perigos foi efectuada com base no s na experincia profissional

    acumulada ao longo de vrios anos no acompanhamento de trabalhos de manuteno em

    postos de transformao areos e em contactos informais com tcnicos habituados

    nesses trabalhos., mas tambm na investigao realizada em literatura tcnica e

    cientifica que aborde uma anlise til a estes trabalhos.

    O mtodo da matriz simples de Somerville aplicado na anlise de riscos associados

    manuteno de postos de transformao areos permite obter a matriz que resumida na

    ilustrao apresentada no Quadro 7.

  • 65

    Manuteno Preventiva e Condicionada em Postos de Transformao Areos Matriz de Riscos

    Equipamento

    Tarefa Perigo Risco Consequncia

    Avaliao do Risco

    Medidas de Controlo (Preveno e Proteco)

    Clculo do Risco Indicie do risco

    P

    r

    o

    b

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    Posto de transformao

    Consignao/ desconsignao do posto

    de transformao

    Contacto directo Electrizao ou electrocusso

    Choque elctrico, tetanizao, fibrilao ou electrocusso A C 2 X Criar e cumprir procedimentos de consignao e

    desconsignao. Respeitar todas as instrues de segurana Contacto indirecto Electrizao ou

    electrocusso Choque elctrico, tetanizao,

    fibrilao ou electrocusso A C 2 X

    Disrupo elctrica no transformador e ignio do leo

    isolante Incndio ou exploso Queimaduras, morte A C 2 X

    Extintor e mala dos primeiros socorros disponveis no local ou viaturas dos tcnicos equipadas com estes equipamentos Curto-circuito no transformador ou

    cabos Incndio ou exploso Queimaduras, morte A C 2 X

    Trabalhos em altura Queda de pessoas em altura Fractura, leses mltiplas A C 2 X Utilizar adequadamente EPI anti-queda e cumprir regras de segurana para trabalhos em altura

    Esforo excessivo Realizao de sobresforos Leses msculo-esquelticas B C 3 X Promover a alternncia dos tcnicos na realizao dos trabalhos, adoptar posturas correctas e realizar exames mdicos peridicos

    aos tcnicos envolvidos nos trabalhos

    Postura inadequada Trabalho em posio incmoda Perturbaes msculo-esquelticas B C 3 X Promover a alternncia dos tcnicos na realizao dos trabalhos, adoptar posturas correctas e realizar exames mdicos peridicos

    aos tcnicos envolvidos nos trabalhos. Obstculos imveis componentes

    do posto de transformao Choque contra objectos

    imveis Leses superficiais, contuso B A 1 X Verificar o estado e caracterstica dos equipamentos antes do

    incio dos trabalhos e utilizao de EPI adequados

    Objectos, materiais ou ferramentas contundentes/cortantes/perfurantes

    Golpe/corte/perfurao/cisalhamento/abraso

    (seleccionar) Leses por corte, lacerao (ferida

    aberta), amputao B B 2 X Utilizar EPI adequados tais como: luvas de proteco e

    ferramentas apropriadas operao e de modo adequado

    Objectos soltos e no arrumados Queda de pessoas ao mesmo nvel Contuso, entorse, leses superficiais A A 1 X Promover a organizao e arrumao da rea de trabalho

    Piso escorregadio, ou com depresses/salincias/pavimento

    degradado

    Queda de pessoas ao mesmo nvel Contuso, entorse A A 1 X

    Realizar trabalhos preferencialmente em tempo seco e nivelar o terreno adjacente ao posto de transformao areo

    Superfcie ou substncias muito quentes ou frias Contacto trmico Queimaduras A B 1 X

    Utilizar EPI adequados tais como: luvas de proteco e ferramentas apropriadas operao e de modo adequado

    Condies atmosfricas adversas Exposio a temperaturas ambientais extremas Sndroma gripal ou insolao A A 1 X Realizar trabalhos em tempo seco e sob temperaturas moderadas

    Agente qumico nocivo, txico, corrosivo ou alergnio

    Inalao de poeiras, gases, vapores de substncias

    nocivas

    Pneumoconioses, intoxicaes, asfixia B B 2 X

    Utilizar EPI adequados tais como: luvas de borracha de nitrilo ou neoprene, culos ou mscaras de segurana com filtro

    adequado ao produto a aplicar, evitar derrames e manter as embalagens afastadas do corpo

    Posto de transformao

    Consignao/ desconsignao do posto

    de transformao Agente qumico nocivo, txico,

    corrosivo ou alergnio Contacto cutneo com

    agentes qumicos Queimadura qumica, dermatites,

    irritao cutnea B B 2 X

    Utilizar EPI adequados tais como: luvas de borracha de nitrilo ou neoprene, culos ou mscaras de segurana com filtro

    adequado ao produto a aplicar, evitar derrames e manter as embalagens afastadas do corpo

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    Manuteno Preventiva e Condicionada em Postos de Transformao Areos Matriz de Riscos

    Equipamento

    Tarefa Perigo Risco Co