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POTENCIAL DAS PASTAGENS DE CYNODON NA PECUÁRIA DE LEITE Duarte Vilela 1 1. Introdução A lista de vantagens das gramíneas do gênero Cynodon (estrela, bermuda e seus híbridos) é extensa. As principais estão ligadas à sua elevada produtividade por área e à boa qualidade, associadas a: elevada capacidade de resposta à fertilização; grande resistência ao pisoteio; boa capacidade de adaptação a diferentes tipos de solos e de clima. Esse gênero confere boa resistência a solos úmidos e baixas temperaturas, o que o distingue de outros que predominam em condições tropicais. Estes pontos justificam como alternativa promissora para produtores que buscam eficiência na atividade leiteira por meio da intensificação sustentada da atividade. Considerando esta potencialidade, a Embrapa Gado de Leite iniciou em 1992 uma série de pesquisas com o objetivo de estabelecer as melhores práticas de manejo que pudessem maximizar os benefícios de seu uso para os produtores. Basicamente foram buscadas práticas que pudessem otimizar a produção de leite de vacas da raça Holandesa de elevado potencial genético mantidas em pastagens desta gramínea. Neste capítulo serão apresentados, de forma cronológica, os resultados obtidos com entre 1992 e 2003. Inicialmente, de 1992 a 1993, com o propósito de dar resposta aos produtores que procuravam uma alternativa ao sistema de produção em confinamento (que requerem grande inversão de capital), compararam-se dois sistemas de produção, um a pasto e o outro em confinamento total. Na seqüência, entre 1993 e 1994, em função da superioridade econômica apresentada pelo sistema a pasto sobre o sistema confinado, avaliaram-se formas e estratégias de fornecimento de concentrado visando otimizar a produção de leite. Em outra etapa, até 1997, foi pesquisada a alternativa de elevar a energia do concentrado, recorrendo-se à adição de energia extra, por meio de gordura protegida ou ingrediente rico em óleo. De 1997 a 1999, com o objetivo de reduzir o custo de manutenção das pastagens, a pesquisa procurou avaliar diferentes níveis de fertilização nitrogenada. Para finalizar a seqüência de estudos, de 2000 a 2003, avaliaram-se a qualidade do leite produzido e os índices reprodutivos e econômicos, fechando-se assim uma série histórica de 12 anos de pesquisa com produção de leite em pastagem com Cynodon. Nos capítulos seguintes estas pesquisas serão detalhadas e apresentados os resultados obtidos. 1 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite,

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POTENCIAL DAS PASTAGENS DE CYNODON NA

PECUÁRIA DE LEITE

Duarte Vilela 1

1. Introdução

A lista de vantagens das gramíneas do gênero Cynodon (estrela, bermuda e seus híbridos) é extensa. As principais estão ligadas à sua elevada produtividade por área e à boa qualidade, associadas a: elevada capacidade de resposta à fertilização; grande resistência ao pisoteio; boa capacidade de adaptação a diferentes tipos de solos e de clima. Esse gênero confere boa resistência a solos úmidos e baixas temperaturas, o que o distingue de outros que predominam em condições tropicais. Estes pontos justificam como alternativa promissora para produtores que buscam eficiência na atividade leiteira por meio da intensificação sustentada da atividade.

Considerando esta potencialidade, a Embrapa Gado de Leite iniciou em 1992 uma série de pesquisas com o objetivo de estabelecer as melhores práticas de manejo que pudessem maximizar os benefícios de seu uso para os produtores. Basicamente foram buscadas práticas que pudessem otimizar a produção de leite de vacas da raça Holandesa de elevado potencial genético mantidas em pastagens desta gramínea.

Neste capítulo serão apresentados, de forma cronológica, os resultados obtidos com entre 1992 e 2003. Inicialmente, de 1992 a 1993, com o propósito de dar resposta aos produtores que procuravam uma alternativa ao sistema de produção em confinamento (que requerem grande inversão de capital), compararam-se dois sistemas de produção, um a pasto e o outro em confinamento total. Na seqüência, entre 1993 e 1994, em função da superioridade econômica apresentada pelo sistema a pasto sobre o sistema confinado, avaliaram-se formas e estratégias de fornecimento de concentrado visando otimizar a produção de leite. Em outra etapa, até 1997, foi pesquisada a alternativa de elevar a energia do concentrado, recorrendo-se à adição de energia extra, por meio de gordura protegida ou ingrediente rico em óleo.

De 1997 a 1999, com o objetivo de reduzir o custo de manutenção das pastagens, a pesquisa procurou avaliar diferentes níveis de fertilização nitrogenada. Para finalizar a seqüência de estudos, de 2000 a 2003, avaliaram-se a qualidade do leite produzido e os índices reprodutivos e econômicos, fechando-se assim uma série histórica de 12 anos de pesquisa com produção de leite em pastagem com Cynodon.

Nos capítulos seguintes estas pesquisas serão detalhadas e apresentados os resultados obtidos.

1 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite,

2. Comparativo da produção em sistema a pasto com confinamento

2.1 Procedimentos experimentais

Neste primeiro período (abril de 1992 a janeiro de 1993), foram comparados dois sistemas de produção de leite. Um com vacas mantidas em pastagem de coast-

cross com manejo intensivo e o outro com as vacas manejadas em regime de confinamento total. Nesta pesquisa, além de comparar os dois sistemas, procurou-se descobrir a melhor forma de manejar a pastagem de Cynodon, de tal forma a otimizar a produção e fazer frente aos sistemas confinados. Foram utilizadas vacas da raça Holandesa com potencial entre 6.000 e 7.500 kg/lactação. Os experimentos foram conduzidos no Campo Experimental de Coronel Pacheco, uma das bases físicas da Embrapa Gado de Leite, na Zona da Mata de Minas Gerais (21º 33' 22'' de Latitude Sul e 43º 6'15'' de Longitude Oeste), clima do tipo Cwa (mesotérmico), com verão chuvoso, inverno seco e precipitação média anual de 1.500 mm, distribuída de forma irregular. Nos meses menos chuvosos, quando a precipitação ficava abaixo de 50 mm ou quando ocorria veranico, independentemente do mês do ano, a pastagem foi irrigada por aspersão, utilizando-se conjunto de irrigação convencional com vazão de 60 m3/hora. Irrigavam-se os piquetes depois da adubação de cobertura, que era sempre feita após a saída dos animais. O intervalo entre as irrigações era avaliado por tensiômetros de cápsulas porosas, procurando manter o solo em uma faixa de 60 a 65% de água disponível.

No sistema confinado as vacas foram mantidas em instalações do tipo free-stall, recebendo dieta completa, à vontade, à base de silagem de milho e concentrado, variando a relação volumoso/concentrado em função do estádio de lactação.

No sistema a pasto a pastagem foi manejada em rotação e os piquetes divididos com cerca elétrica. O pastejo foi conduzido com um dia de ocupação e descanso de 32 dias no período seco (inverno) e 25 no período chuvoso (verão). Os piquetes sempre manejados de forma a deixar um resíduo em torno de 20 a 25 cm de altura. Os animais tinham livre acesso à água e a sombra artificial proporcionada por sombrite.

Usou-se adubação anual com 360 kg de N, 80 kg de P2O5 e 280 kg de K2O/ha, parcelada em dez aplicações. As vacas somente saíam da pastagem nos horários das ordenhas. Recebiam diariamente 3 kg do concentrado à base de fubá de milho (48%), farelo de soja (35%), farejo de trigo (15%), calcário calcítico (1%), mistura mineral (1%) e, no primeiro terço da lactação, bicarbonato de sódio (1%). Este mesmo concentrado foi fornecido também aos animais do sistema confinado. A qualidade dos alimentos empregados nos diferentes períodos de avaliação pode ser observada na Tabela 1.

Bolsista Nível 1 do CNPq

Tabela 1. Composição química das dietas utilizadas nos dois sistemas de produção e a relação silagem de milho/concentrado (SM/C).

Dieta Fases (semanas) 1 – 12 13 – 26 27 – 40 Confinamento

Matéria seca (%) 61,5 57,0 38,2 Proteína bruta (% na MS) 17,7 15,7 12,0 FDN (% na MS) 42,2 44,2 52,2 DIVMS (% na MS) 74,2 65,1 68,4 Relação SM/C 45/55 55/45 74/26

Pasto de coast-cross Matéria seca (%) 22,7 23,6 24,1 Proteína bruta(% na MS) 17,0 16,4 17,2 FDN (% na MS) 60,3 65,9 59,1 DIVMS (% na MS) 63,4 66,2 61,7

Fonte: Vilela et al. (1996).

2.2 Resultados produtivos e econômicos A produção de leite a pasto suplementado com 3 kg de concentrado foi de 20,8

kg/dia, em média, nas primeiras 12 semanas de avaliação, e de 16,6 kg/dia, na média de todo período avaliado (40 semanas). A produção em confinamento foi em média das 40 semanas, de 20,6 kg/vaca/dia, com teor de gordura de 3,7%, atingindo nas primeiras 12 semanas de lactação, 25 kg/vaca/dia.

Concluiu-se, nas condições em que este trabalho foi realizado, que o pastejo em coast-cross constituiu-se em alternativa viável para a intensificação da produção de leite na Região Sudeste do Brasil, registrando-se produção média diária de 16,6 kg/vaca, com suplementação de 3 kg de concentrado/vaca/dia. A taxa de lotação média da pastagem foi de 5,8 vacas/ha, com produção média diária de 74 kg/ha.

A produção de leite das vacas mantidas em confinamento, consumindo diariamente , em média, 7,8 kg de concentrado e 30 kg de silagem de milho, foi de 20,6 kg/dia e 5.750 kg em 280 dias de lactação. Apesar de a produção de leite ter sido menor no sistema a pasto, a margem bruta foi 32% superior em relação ao sistema em confinamento.

3. Níveis de suplementação concentrada

De 1993 a 1994, deu-se continuidade aos trabalhos, avaliando dois níveis de

concentrado. Um grupo de vacas recebeu 3 e outro 6 kg por vaca, por dia. A avaliação

continuou-se sendo feita com vacas da raça Holandesa, mantidas em pastagem durante o

ano todo. O manejo da pastagem e o concentrado utilizado foram semelhantes ao do

experimento relatado anteriormente. A variação da qualidade do pasto ao longo do ano

(período chuvoso e período seco) pode ser observada na Tabela 2.

Tabela 2. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra detergente neutro (FDN) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) no coast-cross.

Estação Composição química ( % MS) MS PB FDN DIVMS

Outono/inverno (período seco) 27,5 15,6 60,7 64,6 Primavera/verão(período chuvoso) 25,2 19,9 53,1 68,3 Fonte: Alvim et al. (1997).

Os resultados deste experimento são relatados a seguir. A taxa de lotação da

pastagem na época das chuvas (5,9 a 6,4 vacas/ha) foi mais elevada do que a da época

da seca (3,0 a 3,7 vacas/ha) e os registros permitiram concluir que com vacas da raça

Holandesa (peso vivo de 576 kg) é possível conseguir taxa de lotação de 3 a 4 UA/ha no

período seco (outono/inverno) e de aproximadamente 6 no período chuvoso

(primavera/verão). Os dados de produção (Tabela 3), mostram que com 3 kg de

concentrado a produção de leite foi de 16,5 kg/vaca e 50 kg/ha na seca e de 17,3

kg/vaca e 103 kg/ha nas águas. Na média do ano 16,9 kg de leite. Ao passar para 6 kg

de concentrado, a produção aumentou para 19,5 kg/vaca e 70 kg/ha na seca e para 20,5

kg/vaca e 131 kg/ha nas águas. Na média do ano, 20,0 kg de leite. Assim, a

produtividade diária por área variou de 50 a 70 kg/ha na seca e de 103 a 131 kg/ha nas

águas /dia para os níveis de 3 e 6 kg de concentrado, respectivamente.

Esta relativa pequena variação na produção individual de leite, média do ano,

dentro da época das águas e da seca, indica que a qualidade da pastagem de Cynodon,

não varia demasiadamente ao longo do ano.

Tabela 3. Produção de leite e taxa de lotação de vacas da raça Holandesa em pastagem de coast-cross nos períodos chuvoso (primavera/verão) e seco (outono/inverno).

Produção de leite (kg/vaca/dia)

Lotação (vaca/ha) Concentrado (kg/vaca/dia Primavera

verão Outono/ inverno

Média Primavera/

Verão

Outono/ Inverno

Média

3 17,3 16,5 16,9 5,9 3,0 4,5 6 20,5 19,5 20,0 6,4 3,7 5,1

Fonte: Alvim et al. (1997).

Na época das chuvas o aumento da quantidade de concentrado

possibilitou aumentar também a taxa de lotação da pastagem. Com 3 kg de concentrado,

conseguiu-se uma lotação de 6,1 vacas/ha entre 1993 e 1994, e 5,8 vacas/ha entre 1994

e 1995. Com 6 kg/vaca, a lotação subiu para 6,5 vacas/ha entre 1993 e 1994 e para 6,3

vacas/ha entre 1994 e 1995. Estes dados mostraram que houve pouca variação na

capacidade de suporte da pastagem no período das chuvas ao passar de 3 para 6 kg de

concentrado/vaca/dia. No período da seca, a lotação média foi de 3,0 vacas/ha com 3

kg de concentrado/vaca e de 3,7 vacas/ha com 6 kg de concentrado. A boa

disponibilidade de forragem permitiu que esta variação acontecesse em pequena escala.

Com 3 kg de concentrado, a produção diária de leite foi 77,9 kg/ha, equivalente

a 28.430 kg/ha/ano. Ao passar o concentrado para 6 kg/dia a produção diária subiu para

104 kg/ha, equivalente a 37.959 kg/ha/ano.

Houve maior persistência da lactação quando as vacas receberam 6 kg de

concentrado do que com 3 kg, assim como, para o dois níveis de concentrado, as curvas

de produção de leite corresponderam a 168 dias de lactação na época da seca e a 197

dias na época das chuvas.

O peso vivo das vacas aumentou no período da seca, em média, 15 e 22 Kg em

1993, 11 e 17 Kg em 1994, e no período das chuvas de 1993/94 32 e 51 Kg e 42 e 59

Kg em 1994/95, respectivamente, ao se fornecerem para os animais 3 e 6 Kg de

concentrado, sendo mais elevado no período das chuvas. Com 6kg de concentrado/vaca

os animais recuperaram mais rapidamente o peso após o parto.

Estimou-se, nas duas épocas do ano, que o consumo total de alimento na base da

matéria seca (MS) foi ao redor de 18,4 e 18,8 kg/vaca/dia, respectivamente para 3 e 6 kg

de concentrado, indicando que não houve restrição de pasto para os animais. Os

resultados demonstraram oscilação na quantidade de forragem mantida na pastagem e

permitiram deduzir que não houve superpastejo, pois a disponibilidade média de

matéria seca na pastagem foi de 6,7 t/ha, na época das chuvas, e 4,5 t/ha, na época da

seca, com a forragem residual sendo de 3,7 t/ha, na época das chuvas, e 2,7 t/ha na

época da seca. O consumo diário de alimentos vindos exclusivamente do pasto foi de

15,8 e 13,6 kg/vaca, respectivamente para 3 e 6 kg de concentrado. A dieta completa

dos animais que receberam 6 kg de concentrado, ou seja, 5,2 kg de MS, foi de melhor

qualidade do que a dos demais animais. Assim, o fornecimento de 6 kg de concentrado,

além de ter promovido maior taxa de lotação na pastagem, promoveu maior produção

de leite por animal e por área.

A literatura mostra produções variáveis de leite de vacas da raça Holandesa em

pastagem de coast-cross. O manejo da pastagem e o potencial de produção dos animais

são alguns fatores que podem modificar a produção de leite. Em Cuba (MARTINEZ et

al.,1980) trabalhos com vacas da raça Holandesa e em regime exclusivo de pastagem

também de coast-cross, conseguiram produções de mais de 13 kg de leite por dia,

correspondente a 4.444 kg/lactação. Neste estudo a pastagem foi adubada anualmente

com 420 kg/ha de N e irrigada na época da seca. Os menores níveis de produção foram

devidos ao menor potencial produtivo dos animais utilizados.

Na Embrapa, a implementação de adubações uniformes e de irrigações

estratégicas manteve a qualidade da forragem e permitiu a menor variação da taxa de

lotação ao longo do ano e a melhor uniformidade da produção individual dos

animais(Tabela 2). Em virtude do manejo adotada, a taxa de lotação obtida na época das

chuvas foi elevada, sendo, apesar de inferior, também expressiva na época da seca,

principalmente pelo fato de os animais não terem recebido volumoso complementar. A

irregularidade na taxa de lotação, observada ao longo do ano, se deve ao fato de

prevalecer, na região, durante a época da seca, condições ambientais adversas (Figura

1), como baixa temperatura e pouca luminosidade, o que reduz a velocidade de

crescimento do pasto. É de se esperar que a oscilação na taxa de lotação e,

conseqüentemente, na produção de leite por área, possa ser solucionada pela

suplementação volumosa na época da seca. Estudos dessa natureza foram conduzidos

demonstrando que, em situações em que a disponibilidade de pasto foi inferior a 4 t/ha,

a suplementação volumosa se torna necessária, independentemente da irrigação. Pode-

se inferir destes estudos que, em condições climáticas adversas, com temperatura e

luminosidade locais inadequadas à produção de determinadas espécies forrageiras,

deve-se orientar os produtores a buscar em forrageiras mais adaptadas, sendo as

espécies do gênero Cynodon uma opção vantajosa, pois têm desenvolvido bem em

regiões com temperaturas mais baixas no inverno e apresentando também boa resposta à

irrigação. ‘ Em condições de temperaturas mínimas inferiores a 16-18° C, a irrigação

não soluciona o problema da estacionalidade de produção de forragens. Em avaliações

sobre as características de crescimento e produção da cultivar Tifton 85, sob condições

irrigadas e de sequeiro (Aguiar et al., 2002), constataram que a irrigação da pastagem

possibilitou aumentos nos fatores de crescimento e de produção da forrageira. A Figura

1 mostra os meses em que a irrigação do Cynodon pode ser mais favorável.

3. Estratégias de suplementação concentrada

No experimento anterior ficou a indagação se a quantidade de concentrado

fornecida no primeiro terço da lactação poderia interferir nos índices produtivos de

vacas da raça Holandesa, o que foi avaliado no experimento conduzido nos anos de

1995 e 1996.

Assim, visando comparar estratégias de fornecimento de concentrado, foi

fornecida uma quantidade fixa de concentrado na base de 6 kg/vaca/dia durante 270 dias

de lactação a um grupo de vacas, e no outro quantidade distribuída de forma decrescente

ao longo da lactação das vacas. Nos primeiros 90 dias de avaliação, recebiam 9 kg e

depois 6 kg (91 a 180 dias) e 3 kg (181 a 270 dias). Nas duas estratégias, as vacas

recebiam ao final do período de avaliação, a mesma quantidade de concentrado, ou seja,

1.620 kg/vaca/270 dias.

Os resultados deste experimento foram os seguintes:

Nos primeiros 90 dias a produção diária das vacas que receberam os 6 kg de

concentrado na quantidade fixa foi de 21,5 kg, e as que receberam quantidade variada (9

kg/dia) produziram 25,3 kg. Nos dois períodos subseqüentes, as produções diárias por

vaca foram de 19,8 e 20,6; e de 13,5 e 11,1 kg, respectivamente. Ao longo dos 270 dias

as produções médias foram de 18,3 e 19,0 kg para a quantidade fixa e variável,

respectivamente. A pouca diferença entre as produções por animal pode ter sido em

função da boa qualidade da forragem disponível nas pastagens. O fornecimento variável

do concentrado prolongou o pico de lactação das vacas durante o primeiro terço da

lactação, porém, promoveu queda mais acentuada nos períodos subseqüentes, o que

coincide com informações da literatura. Esta estratégia de fornecimento possibilitou

também aumentar a taxa de lotação da pastagem, o que era de se esperar, devido ao

efeito de substituição no consumo do pasto pelo concentrado. A alternativa do

fornecimento variável foi mais indicado do que o fixo, pois viabilizou aumento de

produção sem interferir negativamente no peso vivo das vacas e, além disso, não elevou

custo operacional do sistema, pelo contrário, reduziu os custos médios, na medida em

que elevou a produtividade sem incrementar custos.

5. Nível de energia e proteína do concentrado

A ingestão de energia normalmente é um limitante da produção de leite quando

se utilizam pastagens tropicais. Isto é mais problemático, principalmente no terço inicial

da lactação, quando as vacas não são capazes de consumir energia suficiente para

sustentar a produção e são levadas a mobilizar reservas corporais. A inclusão de uma

fonte extra de energia insolúvel no concentrado pode ser uma forma de incrementar a

densidade. Com o propósito de avaliar o efeito da inclusão de fontes extras de energia no

concentrado de vacas da raça Holandesa em pastagem de coast-cross, entre 1996 e 1998

foram conduzidas pesquisas para avaliar os efeitos da adição diária de 700 g/vaca de

fonte comercial de gordura insolúvel no concentrado. Esta estratégia possibilitou

aumentar a produção de leite (corrigida para 3,5% de gordura) em 3,2 kg/vaca/dia, em

relação ao sistema convencional, sem fonte extra de energia. O aumento da produção, no

entanto, não foi suficiente para cobrir o custo adicional do suplemento (Vilela et al.,

2002).

Em outro experimento (Vilela et al., 2003) foi avaliado o efeito da soja integral

tostada (SIT) na formulação do concentrado fornecido a vacas da raça Holandesa nos

primeiros 100 dias de lactação, de modo que reduzisse o teor de proteína degradada a

nível de rúmen (PDR) e, principalmente, elevasse a energia do concentrado. Assim,

compararam-se concentrados com 80% e 85% de NDT na MS, em que a PDR foi de

15,3 % para 9,3% na MS. As vacas que receberam 9 kg/dia de concentrado, com SIT

durante 100 dias após o parto produziram, em média, 23,6 kg de leite/dia, enquanto as

que receberam a mesma quantidade de concentrado, porém sem SIT, produziram, em

média, 19,7 kg /dia.

Esta informação pode subsidiar importantes decisões para se reduzir o custo da

alimentação de vacas em pastagens, assim como diminuir o risco com transtornos

metabólicos nas vacas em lactação. Dessa forma, em função da boa qualidade e

digestibilidade do pasto (Tabelas 1 e 2), que normalmente apresenta concentração de

proteína bruta entre 15 e 19% na matéria seca (em geral constituída de nitrogênio não-

protéico e de fácil fermentação no rúmen) não se justifica utilizar suplementação com

concentrados que tenham teor de proteína superior a 20%, tão pouco possuam uréia em

sua composição, por ser essa extremamente solúvel a nível de rúmen. Assim, evita-se

excesso de proteína, ou seja, nitrogênio não-protéico na alimentação diária, sabendo-se

que o excesso leva à concentração desproporcional de amônia no rúmen, o que

normalmente causa distúrbios metabólicos que podem refletir no desempenho

reprodutivo, além de elevar o custo da dieta.

Esta pesquisa permitiu concluir que a formulação de concentrado com soja

integral tostada (SIT), como um de seus ingredientes, comparativo a outro sem SIT,

eleva o teor de gordura do leite de 3,4% para 4,1% e a produção de 19,8 para 22,2 kg de

leite/vaca/dia. A produção por área também foi elevada de 122 para 145 kg/ha, tendo

ainda melhorado a persistência da lactação de -0,062 para -0,038kg/dia,

respectivamente.

6. Fertilização nitrogenada sobre a produção de leite

Avaliando, durante dois anos, os efeitos da aplicação de três diferentes níveis de

nitrogênio (100, 250 e 400 kg/ha/ano) numa pastagem de coast-cross, Alvim & Botrel

(2001) concluíram que a produção de leite por vaca não foi afetada pela quantidade de

nitrogênio aplicada na pastagem, no entanto a taxa de lotação melhorou com os níveis

mais elevados de nitrogênio. Esta pesquisa permitiu concluir que aplicações de 100, 250

e 400 kg/ha/ano de N não interferem na produção individual de leite de vacas da raça

Holandesa, no entanto o nível de 250 kg de N/ha/ano otimizou a taxa de lotação da

pastagem e a produção de leite por área, resultando em maior retorno econômico por

unidade de área.

7. Índices reprodutivos

De 2000 a 2003 foi avaliado o efeito de dois níveis de concentrado sobre o desempenho

reprodutivo de vacas da raça Holandesa mantidas em pastagens de coast-cross. Nesta

pesquisa foi observado como se comportavam as vacas em termos de manifestação de cios

pós-parto (identificados por observação visual e por dosagem de progesterona) quando

alterava o fornecimento de concentrado de 3 para 6 kg/dia. Basicamente esta pesquisa foi

conduzida nas seguintes condições: os mesmos animais experimentais foram mantidos

durante três lactações sucessivas; a carga animal foi fixada em 5 vacas/ha; a fertilização da

pastagem foi fixada em 200 kg/ha/ano de nitrogênio; e foi incluída a SIT no concentrado

que apresentou 19,5% de proteína bruta e 85% de NDT na matéria seca. Foram utilizadas

36 vacas da raça Holandesa, com peso vivo médio de 560 kg. O período de ocupação dos

piquetes foi de um dia e o de descanso de 25 a 35 dias, esta variação em função da época

do ano, o maior descanso na seca (outono/inverno) e o menor nas águas (primavera/verão).

Os dados foram coletados durante três anos consecutivos (outubro/2000 a outubro/2003), e

cobriram um total de 108 lactações (três anos com 36 animais por ano).

A pastagem foi fertilizada com 1.000 kg/ha/ano da fórmula 20-05-20, distribuída a

lanço em seis aplicações anuais, sempre após a saída dos animais dos piquetes.

No período da seca (maio a setembro) de 2003, ano em que a disponibilidade de

forragem atingiu nível inferior a 4.000 kg de MS/ha, suplementou-se o pasto com 17

kg/vaca/dia de silagem de milho com 33% de MS. O escore da condição corporal

(ECC) foi estimado com base em avaliações visuais e táteis, atribuindo-se notas que

variaram entre 1 e 5 sendo: 1, muito magra; 2, magra; 3, boa; 4, gorda; e 5 muito gorda.

A produção de leite foi registrada diariamente.

Pelo método visual, os estros (cios) foram identificados pela manhã e pela tarde,

por meio de quatro observadores, sendo dois retireiros e dois técnicos. Não foi utilizado

rufião para auxiliar nesta identificação. A partir de 15 dias depois do parto, amostras de

sangue foram coletadas, uma vez por semana, até a confirmação da prenhez, com a

finalidade de dosar a progesterona, com a qual foi possível identificar estros não

observados pelo método visual e avaliar também os casos de morte embrionária.

As variáveis avaliadas foram dias para manifestação do primeiro estro após o

parto, período de serviço, intervalo de partos, ordem de parição e produção de leite.

A análise de viabilidade econômica entre os dois níveis de concentrados foi feita

mediante a quantificação e análise do resultado monetário e serão apresentadas e

discutidas no capítulo subseqüente.

7.1 Produção e qualidade do leite

Os resultados sobre a produção de leite acompanhados durante três anos, nos diferentes estádios da lactação, estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Produção de leite nos três períodos de avaliação e média anual de vacas da

raça Holandesa mantidas em pastagem e recebendo duas diferentes quantidades de

concentrados (média de três anos consecutivos).

Produção de Leite (kg/vaca/dia) Concentrado (kg/vaca/dia)

0-100 (Dias)

101-200 (Dias)

201-330 (Dias)

0 a 330 (Dias)

3 19,0 15,5 12,0 15,5 6 22,2 19,2 16,2 19,1

Média 20,6 17,3 14,1 17,0

Fonte: Vilela et al. (2004c).

As produções foram maiores quando se forneceram 6 kg de concentrado,

independentemente do período avaliado. Registrou-se uma média diária de 3,6 kg de

leite a mais do que aquelas que receberam 3 kg/vaca/dia. Entre os dois níveis avaliados,

cada kg adicional de concentrado estimulou a produção de, aproximadamente, 1,2 kg de

leite. Provavelmente o maior consumo de concentrado permitiu a substituição parcial do

consumo de matéria seca (MS) proveniente do pasto. Neste caso, a maior produção das

vacas ao receberam 6 kg de concentrado foi reflexo da qualidade da dieta,

independentemente do período avaliado, em que nos primeiros 100 dias registraram-se

produções de leite de 22,2 e 19,0 kg/vaca/dia (Tabela 4), respectivamente para 3 ou 6 kg

de concentrado/vaca/dia. Cada unidade de MS ingerida via concentrado estimula

redução no consumo de MS proveniente do volumoso de 0,5 a 0,8 unidades (Holmes &

Wilson,1990), refletindo o efeito substitutivo entre os elementos da dieta.

A importância da participação do concentrado na dieta de vacas em lactação é proporcional ao potencial de produção individual dos animais. O preços do concentrado vai definir a magnitude da margem líquida da atividade, que será logicamente tanto maior quanto menor o preço e maior a produtividade. Em sistemas com produtividade superior a 4.500 kg/vaca, é fundamental que se recorra à suplementação com concentrados, no entanto o nível e o tipo de proteína do concentrado também afetam diretamente os custos de produção.

As produções de leite por área foram de 77,8 e 94,0 kg/ha/dia para os níveis de 3 e 6 kg de concentrado/vaca/dia, respectivamente, projetando-se produção potencial anual acima de 31.000 mil kg de leite/ha. Em relatos anteriores, registrou-se produção média anual de leite próxima a 37 mil kg/ha, com taxa de lotação de 5,1 vacas/ha. A diferença foi que se utilizou 380 kg/ha de nitrogênio e 304 kg/ha de potássio, aplicados em cobertura e fracionados em dez aplicações.

A Tabela 4 mostra que, com 6 kg de concentrado, foi possível uma produção média diária, por vaca, em 330 dias, de 19,1 kg de leite e com 3 kg, 15,5 kg/vaca/dia, mantendo-se lotação de 5,0 vacas por ha. As pequenas variações na produção por área e na taxa de lotação podem ser explicadas pelo fato de a quantidade de nitrogênio utilizada (200 kg/ha) tendo menor do que a relatada nos estudos citados anteriormente (360 kg/ha/ano) e a produção por animal, pelo fato de se ter utilizado os mesmos animais experimentais durante três lactações sucessivas, ao passo que nos estudos anteriores houve reposição de animais ao término de cada experimento.

Em sistemas de produção a pasto, com animais de maior potencial produtivo, é importante a suplementação concentrada para que o seu potencial seja manifestado. As pesquisas da Embrapa Gado de Leite mostram que ao dobrar a quantidade de concentrado, ou seja passando de 3 para 6 kg/vaca/dia, é possível aumentar a lotação da pastagem de Cynodon em 50% e com isto reduzir em 11% o custo operacional relativo à pastagem.

Não houve diferença na produção de leite entre anos (2000 a 2003), como também entre estações do ano. A própria estabilidade na qualidade da pastagem entre anos e ao longo dos anos avaliados interferiu positivamente nestes resultados, possivelmente influenciada pelo manejo utilizado, ou seja, com fertilizações regulares ao longo do ano, distribuídas em seis aplicações e facilitadas pelo uso da irrigação.

Na Tabela 5 são apresentadas: estimativas do consumo de matéria seca proveniente do pasto; e a estimativa do consumo total de matéria seca das vacas que receberam as duas diferentes quantidades de concentrado.

Tabela 5. Estimativas do consumo diário de matéria seca (kg/vaca) proveniente do pasto e do consumo total (kg/vaca).

Variáveis Período1

Chuvas

Seca

Consumo de MS do pasto (kg/vaca/dia)

15,9 14,5

kg de concentrado/vaca/dia2

3 6 3 6 Consumo total de MS (kg/vaca/dia) (pasto + concentrado)

18,7 21,4 17,2 20,0

Consumo total de MS (% PV)

3,4 3,9 3,1 3,6 1 Valores médios de amostragens realizadas mensalmente, em cada época. 2 Concentrado com 92% de matéria seca.

A pequena diferença observada no consumo de MS proveniente do pasto entre

as duas épocas avaliadas (1,4 kg de MS/vaca) foi, certamente, devido à fertilização e à irrigação que estimularam a rebrota constante das plantas, mantendo a qualidade da forragem ao passar da época seca para a época chuvosa. Também a temperatura, que não chegou a atingir valores excessivamente baixos na época seca (Figura 1), fez com que o consumo de pasto não alterasse significativamente entre as duas épocas do ano. Na seca, a disponibilidade e a qualidade da MS não se reduziram muito. Isto fez com que o consumo de MS também continuasse sem muita alteração. O manejo correto da pastagem, com fertilizações freqüentes, irrigações estratégicas e períodos racionais de pastejo e de descanso, é fundamental para uma adequada produtividade. No caso do resíduo pós-pastejo, o menor valor médio foi observado na época seca (3.994 kg de MS/ha) e, dentro desta época, o menor valor ocorreu em agosto (2.524 kg de MS/ha). Considerando que é recomendável um resíduo de pelo menos 2.000 kg de MS/ha para se evitar a degradação da pastagem e garantir um bom vigor da rebrota, recomenda-se que pastagens de Cynodon sejam utilizadas até a altura mínima de 20 a 25 cm, o que representa um resíduo pós-pastejo de 2.000 a 2.500 kg de MS/ha.

O consumo total de MS (pasto mais concentrado) manteve-se em percentual

médio de 3,3 e 3,8% do peso vivo dos animais, respectivamente, para 3 e 6 kg de

concentrado. Este fato permitiu concluir que não houve restrição de alimento para os

animais e que o consumo total de MS foi adequado. Conforme o NRC (2001), espera-se

consumo diário de MS de 15,5 a 19,7 kg/cabeça, no caso de vacas da raça Holandesa

com peso vivo médio de 550 kg e produção diária de leite entre 15 e 20 kg. Fica

evidente, portanto, que a produção de leite obtida neste estudo não foi limitada pelo

consumo de MS, tampouco pela qualidade da forragem.

Não foi observada diferença para o escore corporal dos animais entre os dois

níveis testados de concentrado. O escore corporal varia em função do método adotado, e

os valores mais altos sempre indicam animais com mais reserva corporal. No entanto,

tanto o excesso como o baixo peso vivo a época do parto provocam transtornos nas

vacas, sendo mais freqüentes os problemas metabólicos, redução de produção, menores

taxas de concepção e dificuldades no momento da parição. Vacas muito gordas são mais

propensas à cetose, pois consomem menos alimentos logo após o parto e mobilizam

reservas corporais. A sugestão dos especialistas nesta questão é que o escore corporal

varie de acordo com o estágio de produção, conforme a seguinte escala: início da

lactação, 2,50 a 3,25; meio da lactação, 2,75 a 3,25; e final da lactação, 3,00 a 3,50. No

presente estudo os escores observados enquadram-se no intervalo sugerido para início

da lactação, porém, estão abaixo dos valores sugeridos para o meio e para o final da

lactação. Considerando que as vacas mobilizam reservas corporais e perdem peso para

suprir o balanço energético negativo, possivelmente isto não ocorreu neste estudo,

permitindo inferir que o consumo de nutrientes foi suficiente para atender às exigências

necessárias para mantença, produção e reprodução.

Não houve diferença no teor de gordura do leite entre os dois níveis de

concentrado (3,6 e 3,5 %). A produção corrigida para 3,5% de gordura do leite foi maior

para o fornecimento de 6 kg de concentrado/vaca/dia do que para 3 kg, registrando

produções de 16,0 e 19,5 kg/vaca/dia, respectivamente.

Foi observada diferença entre os tratamentos somente para o teor de proteína; no

entanto, esta diferença foi de apenas 0,2 unidade percentual a mais no teor proteico do

leite produzido pelos animais que receberam 6 kg/dia de concentrado. Aumentos no

consumo de concentrado acima de 50% da matéria seca total da dieta, normalmente

resultam em aumentos nos teores de proteína do leite, o que não ocorreu no presente

estudo ( Tabela 6). A produção de proteína do leite está diretamente relacionada ao

nível de produção da vaca. Isto se confirmou neste estudo, no qual foram observadas

produções de 16,0 e 19,5 kg de leite/vaca/dia, para um consumo diário de 3 ou 6 kg de

concentrado, respectivamente. O maior consumo das vacas que receberam 6 kg de

concentrado pode ter permitido o maior crescimento da flora microbiana do rúmen.

Tabela 6. Valores médios de proteína, gordura e lactose do leite produzido por vacas

Holandesas mantidas em pastagem, recebendo por dia 3 ou 6 kg de concentrado.

Concentrado

(kg/vaca /dia)

Proteína (%)

Gordura (%)

Lactose (%)

3 2,9 3,6 4,4

6 3,1 3,5 4,3

Média

3,0 3,5 4,3

Fonte: Vilela et al. (2004b).

O Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem

Animal – RIISPOA (Brasil, 2002) exige valores de proteínas acima de 2,9%. Portanto,

o nível médio de proteína do leite oriundo de ambos os tratamentos atende à exigência

mencionada.

Embora não tenha sido observada diferença para o teor de gordura do leite, com

o aumento da ingestão de concentrado, houve tendência de decréscimo para esta

variável. O decréscimo na concentração da gordura muitas vezes está associado ao

aumento na suplementação de concentrados energéticos e ao fornecimento de fontes de

amido de rápida fermentação ruminal. De acordo com o artigo 476 do RIISPOA,

considera-se leite normal o produto que apresenta, entre outros atributos, teor mínimo

de gordura de 3,0%. O leite produzido neste estudo atende a tal exigência, pois manteve

valor médio de 3,5%.

Cada componente do leite pode, em algum grau, ser influenciado pelo estado

nutricional da vaca. Sendo assim, a nutrição pode ser considerada como responsável por

50% da variação no conteúdo de gordura e de proteína do leite. No entanto, no teor de

lactose ocorre pouca alteração (Fredeen, 1996), fato também observado no presente

estudo. Dos três principais componentes do leite (proteína, gordura e lactose), a lactose

foi a que menor alteração sofreu em função dos tratamentos, com diferença de 0,02

unidade percentual, mantendo valor médio de 4,3% e atendendo às exigências do

RIISPOA, que exige uma lactose mínima de 4,3%.

As médias relativas à uréia, sólidos totais e contagem de células somáticas

(CCS) encontram-se na Tabela 7.

Tabela 7. Valores médios de uréia, sólidos totais (ST) e contagem de células somáticas

(CCS) do leite produzido por vacas Holandesas mantidas em pastagem por três anos

consecutivos, recebendo 3 ou 6 kg de concentrado/dia.

Concentrado

(kg /vaca/dia)

Uréia

(mg/dL)

ST

(%)

CCS

(x 103 /mL)

3 10,2 11,9 579

6 9,8 11,9 795

Média

10,0 11,9 687

Fonte: Vilela et al. (2004b)

Os níveis de uréia e de sólidos totais não variaram com a mudança na quantidade

de concentrado. Os valores médios de uréia no leite enquadram-se na faixa de 12 a 18

mg/dL (Jobim & Santos, 2000). Neste caso, os valores obtidos neste estudo estão pouco

abaixo destes limites. As concentrações de uréia, tanto no plasma sangüíneo como no

leite, são consideradas bons indicadores do metabolismo energia/proteína em vacas

leiteiras e, atualmente, são utilizadas como ferramentas para avaliação do status

nutricional de um animal ou mesmo de um rebanho ou grupo de animais. Concentração

mais elevada de uréia sugere desequilíbrio na relação proteína/energia da dieta,

normalmente com excesso de proteína e, neste caso, a ingestão de energia não estaria

em níveis adequados. Os fatores nutricionais que favorecem altos níveis de uréia no

leite são o excesso de nitrogênio degradável no rúmen, que ocorrem com a ingestão

excessiva de uréia, através do concentrado ou forrageiras tenras e fertilizadas com

nitrogênio, que por sua vez favorecem o aumento dos níveis de proteína que chegam

aos compartimentos pós-ruminais, ou mesmo a falta de sincronização nas taxas de

degradação ruminal entre as fontes de nitrogênio e energia da dieta (Baker et al., 1995).

Deduz-se, portanto, que não houve ingestão excessiva de proteína pelos animais e que a

ingestão de matéria seca foi proporcional às necessidades, indicando que os níveis de

concentrado não interferiram no metabolismo do nitrogênio de vacas com produção de

até 19 kg de leite/dia mantidas em pastagem de coast-cross.

Os teores de sólidos totais, com valor médio de 11,9%, está de acordo com as

exigências do RIISPOA, que determina um mínimo para esta variável de 11,5%, assim

como o teor médio de sólidos não-gordurosos (8,4%), obtido subtraindo-se o teor de

gordura do leite do teor de sólidos totais, o que também atende à Instrução Normativa

n° 51 do MAPA, que entrará em vigor a partir de julho de 2005 para as Regiões Sul,

Sudeste e Centro-Oeste do País.

A mastite (clínica e subclínica) é um dos principais fatores que interferem na

qualidade do leite. A principal mudança em decorrência dessas enfermidades é o

aumento das células somáticas, que indicam o estado sanitário do úbere. A contagem de

células somáticas em leite normal, produzido por animais sadios, é normalmente menor

que 3 x 105 ccs/mL de leite. Qualquer aumento nesse valor indica condição anormal do

úbere (Laranja da Fonseca & Santos, 2000). Para Brito & Brito (1998), esse valor varia

de 5 x 104 a 1 x 105 ccs/mL de leite. Segundo esses mesmos autores, contagens acima

de 2,5 x 105 ccs/mL de leite permitem assegurar, com 80% de certeza, a presença de

infecção na glândula mamária.

Considerando estes valores, pode-se afirmar que o leite produzido no presente

estudo, para ambos os níveis de concentrado (3 ou 6 kg de concentrado), ficou acima do

nível máximo de 3 x 105 ccs/mLe estabelecido na literatura. Contudo, atendem aos

níveis máximos estabelecidos pela IN/51, de 1 x 106 ccs/mL de leite.

Conclui-se que os níveis de concentrado avaliados podem seguramente ser

utilizados sem qualquer prejuízo às características qualitativas do leite de vacas da raça

Holandesa mantidas em pastagem de coast-cross, atendendo aos padrões

regulamentares vigentes. Embora tenha ocorrido diferença para o teor de proteína do

leite em função do nível mais elevado de concentrado, as variáveis gordura, lactose,

uréia, sólidos totais e contagem de células somáticas não sofreram influência dos níveis

de concentrado utilizados.

7.2 Desempenho reprodutivo

Em relação ao desempenho reprodutivo da produção de leite a pasto, a

persistência na lactação foi maior quando as vacas receberam 6 kg de concentrado em

relação às de 3 kg (redução de 0,27 e de 0,35 kg de leite/vaca/dia, respectivamente), fato

já anteriormente observado em outros estudos.

Como já comentado, a ingestão de energia é um fator limitante da produção de

leite em pastagens tropicais, principalmente no terço inicial da lactação, quando as

vacas não são capazes de consumir energia em quantidade suficiente para sustentar

níveis mais elevados de produção. Ocorre, nesta situação, uma mobilização de reservas

corporais (NRC, 2001), com conseqüente perda de peso. No presente estudo as vacas

que receberam 6 kg de concentrado pesaram em média 578 kg, e com 3 kg perderam

peso após o parto, chegando a um peso de 543 kg. No final da lactação, no entanto,

tenderam a recuperar o peso para os níveis registrados do início do experimento.

Observou-se diferença para o Escore de Condição Corporal (ECC) entre os dois

níveis de concentrado (Tabela 8), semelhante ao que aconteceu com o peso vivo das

vacas experimentais. O ECC varia em função do método adotado na avaliação, com os

valores mais altos sempre indicando vacas com melhor condição corporal. Tanto o

excesso como o baixo peso vivo das vacas ao parto provocam transtornos, ou seja,

problemas metabólicos, redução de produção, menores taxas de concepção e dificuldade

no momento da parição.

Tabela 8. Efeito do nível de concentrado sobre o escore da condição corporal (ECC) de

vacas Holandesas em pastagem de coast-cross nos três períodos da lactação e a média

de todo o período avaliado.

Concentrado (kg/vaca/dia)

ECC

Início Meio Final Média 3 2,68 2,50 2,64 2,61 6 2,89 2,98 2,97 2,95

Média 2,79 2,74 2,81 2,78

Fonte: Vilela et al. (2004a).

Ferguson et al. (1994) sugerem patamares diferentes para o ECC e apresentam

tabela com valores variando de acordo com o estádio de produção, sendo para o início

da lactação de 2,50 a 3,25; meio da lactação de 2,75 a 3,25 e final da lactação de 3,00 a

3,50. No presente estudo os ECC observados enquadram-se no intervalo sugerido para o

início da lactação, porém estão abaixo dos valores sugeridos para o meio e para o final

com o fornecimento de 3 kg de concentrado. As vacas mobilizam reservas corporais e

perdem peso para suprir o balanço energético negativo, o que possivelmente não

ocorreu neste estudo com o fornecimento de 6 kg de concentrado, indicando que o

consumo de nutrientes foi suficiente para atender às suas exigências referentes à

mantença, produção e reprodução. Com o fornecimento de 3 kg de concentrado as vacas

tenderam a recuperar o peso vivo e o escore corporal no final da lactação, mas a níveis

inferiores as que receberam 6 kg de concentrado, evidenciando maior mobilização de

reservas corporais neste caso.

O longo período de anestro pós-parto é o principal problema reprodutivo na

pecuária bovina. O ideal seria um intervalo de partos máximo de 365 dias, o que exige

período de serviço não superior a 85 dias. Para as vacas desta pesquisa, que

apresentaram boas condições corporais por ocasião do parto, a qualidade do pasto e as

suplementações foram suficientes para estimular o primeiro estro antes dos 85 dias

verificado pela dosagem de progesterona (Tabela 9).

Observou-se que as vacas, ao permanecerem no experimento por mais de uma

lactação, tiveram tendência em reduzir o intervalo parto-primeiro estro. Na primeira

parição este intervalo foi de 91 dias pela observação visual e de 68 dias pela

progesterona, caindo, na segunda parição, para 85 e 60 dias, respectivamente.

Conforme trabalhos conduzidos com vacas mestiças Holandês x Zebu em

pastagem de capim-elefante suplementada com 6 kg/dia de concentrado durante os

primeiros 21 dias após o parto, e depois, ajustando a quantidade a cada 14 dias de

acordo com a produção (Derez et al., 2002), não encontraram diferenças entre os

tratamentos para o intervalo parto-primeiro estro e parto-concepção.

No presente trabalho, pela dosagem de progesterona, verificou-se que 3 kg de

concentrado/dia foram suficientes para se obter intervalo parto-primeiro estro dentro do

limite desejável (inferior a 85 dias), contudo ligeiramente superior ao registrado para 6

kg de concentrado. A identificação visual superestimou o intervalo parto-primeiro estro.

Comparando os 364 estros observados pelos dois métodos, verificou-se que 44% não

foram identificados visualmente, mostrando deficiência deste método, que pode

comprometer a eficiência reprodutiva do rebanho e a rentabilidade da atividade. A

quantidade de 3 kg de concentrado não teve influência sobre o reinício da atividade

ovariana luteal cíclica pós-parto. Por meio da dosagem de progesterona foi possível

identificar 30% de casos de morte embrionária, que ocorreram em embriões com idade

média de 38 dias nas vacas que receberam 6 kg de concentrado e 40 dias nas que

receberam 3 kg.

Tabela 9. Efeito do nível de concentrado sobre o intervalo parto-estro de vacas

Holandesas em pastagem, com estro identificado por observação visual e dosagem de

progesterona.

Concentrado (kg/vaca/dia) Intervalo parto/estro (dias) Observação visual Progesterona 3 99,9 67,8 6 72,9 54,5

Média 86,4 61,0

Fonte: Vilela et al. (2004a).

O intervalo de partos não foi diferente entre as vacas com 3 ou 6 kg de

concentrado/dia, respectivamente 444 ou 436 dias, provavelmente em razão da boa

condição corporal ao parto, com os animais apresentando reserva corporal suficiente

para atender à reprodução, em caso de possível balanço energético negativo no pós-

parto. O intervalo de partos médio de 14,3 meses encontra-se nos limites preconizados

zootecnicamente para vacas com as características das utilizadas na pesquisa. Embora o

intervalo parto-primeiro estro médio, verificado por meio do método da dosagem de

progesterona, tenha sido de 61 dias, o intervalo de partos médio de 435 dias representa

um período de serviço de 150 dias, ou seja, 85 dias a mais do que o primeiro estro

verdadeiro pós-parto. Esta diferença de tempo entre o primeiro estro pós-parto e a

concepção pode ser explicada por vários fatores, entre eles: alta taxa de cios não

identificados pelo método visual (44%), o que elevou o intervalo parto-primeiro estro

médio para 86,4 dias; elevado índice de morte embrionária (30%); e outros como

qualidade do sêmen, horário de inseminação e estresse calórico.

Para se proceder à análise econômica, o experimento foi interpretado como um

processo de produção de leite em que houve aumento na quantidade de concentrado

fornecido para as vacas de 3 para 6 kg/vaca/dia. Aumentando o concentrado, alguns

indicadores físicos de produção melhoraram, como: a produção média por vaca (15,5

para 19,1 litros/dia); a produtividade da terra (77,8 para 94,0 litros/ha/dia); a

manifestação de cios (99,9 dias para 72,9 dias); o intervalo de partos (444 para 436) e a

persistência da lactação ( -0,35 para -0,27 kg de leite/vaca/dia). À luz destes resultados,

quantificou-se monetariamente para examinar a viabilidade do aumento de concentrado.

Os valores resultantes dos cálculos encontram-se no próximo capítulo.

A alimentação à base de pasto apresenta menor custo do que outros tipos de

alimento de qualidade similar (Holmes, 2001). Dietas com forte participação de grãos e

concentrados raramente serão econômicas para a atividade leiteira. Em países onde o

concentrado tem maior peso na dieta, a atividade leiteira será atrativa somente quando

o preço do leite for pelo menos 1,5 a duas vezez maior do que o preço do concentrado

(Holmes, 2001). Para as condições da Nova Zelândia − tradicional produtor e

exportador de leite, com produção focada em pastagens, concentrado normalmente

importado e a preço elevado − essa afirmativa é válida, uma vez que o País necessita

ser competitivo no mercado internacional para manter sua supremacia no comércio

mundial de lácteos. Por outro lado, em países onde o preço do concentrado é

competitivo, sendo possível a troca de 1 kg de leite por mais de 2 kg de concentrado, o

seu uso para vacas leiteiras passa a ser economicamente viável (Cowan, 1996).

Os programas de melhoramento genético e seleção de raças conseguiram ganhos

em produtividade que não foram acompanhados por aumentos significativos na

capacidade de ingestão de nutrientes dos animais mais produtivos, principalmente

quando mantidos em pastagens tropicais. Com isso, as vacas de alto potencial genético,

superior a 4.500 kg/lactação, necessitam receber dietas mais ricas em nutrientes, o que

normalmente é feito por meio de concentrados, mais eficientes em razão do baixo

incremento calórico e fácil manuseio, transporte e armazenamento. Desta forma, a

utilização de níveis mais elevados de concentrado torna-se viável por possibilitar aos

animais expressarem o potencial de produção.

Para o caso de vacas de menor potencial produtivo, provavelmente a adição de

quantidades maiores de concentrado não teria produzido o mesmo resultado. Na revisão

de Cowan (1996), para lactações completas, foram observadas respostas de 1,0 a 1,4 kg

de leite por kg de concentrado, e de apenas 0,3 a 0,5 kg de leite por kg de concentrado

para avaliações de curta duração (menos de dois meses). No Brasil, vários estudos

avaliaram, no período das águas, a viabilidade da suplementação concentrada de

pastagens para vacas mestiças HZ com potencial de até 4.500 kg/lactação (Aronovich et

al., 1965; Lucci et al. 1969; Vilela, 1978; Deresz et al., 1994). Em todos eles a

suplementação mostrou-se não ser econômica.

Concluiu-se, após três anos de pesquisa, que os dois indicadores de reprodução

(tempo para manifestação do estro depois do parto e intervalo de partos) de vacas

Holandesas mantidas em pastagem de boa qualidade, apesar de não terem sido

influenciados pela suplementação concentrada, sendo mantidos nos limites

tecnicamente recomendados, o retorno econômico foi diferente. Concluiu-se ainda que a

observação visual de estros não é um método preciso para identificar cios, causando

prejuízos para a exploração pecuária.

8. Morfogênese da pastagem Paralelamente a esta pesquisa foi também conduzido estudo sobre a

morfogênese da pastagem de coast-cross, durante os meses de outubro e novembro

(primavera) de 2000, fevereiro e março (verão) e maio-junho (outono) de 2001. O

objetivo foi estimar as taxas de aparecimento, alongamento e senescência de folhas e

identificar o perfilhamento das plantas. Foram feitas observações das folhas emergentes

e seus comprimentos, assim como da senescência das folhas adultas. Tais observações e

registros, realizados durante o período de descanso, iniciavam três dias após a saída dos

animais dos piquetes e foram repetidas por um período de 30 dias na primavera, 27 dias

no verão e 28 dias no outono.

Amostras de lâminas foliares, emergentes e expandidas, após medição de seus

comprimentos, foram secadas em estufa a 65 oC e pesadas a fim de estabelecer o fator

de conversão entre comprimento e o peso seco (mm de lâmina foliar/perfilho

transformado em mg de MS de lâmina foliar/perfilho). Esse procedimento permitiu

estimativas das taxas de crescimento e senescência de folhas por perfilho. Foram

contados os perfilhos para estimativa da densidade populacional por unidade de área. A

taxa de acúmulo líquido de MS de lâminas foliares por área foi obtida multiplicando-se

o acúmulo de MS/perfilho pelo número de perfilhos/área.

Nos experimentos em que se avaliaram os aspectos produtivos (produção e

qualidade do leite) e reprodutivos, complementa-se a metodologia com as seguintes

informações:

O consumo diário de matéria seca do pasto foi estimado pela diferença entre as

quantidades disponível (acumulada no mês) e residual (após um dia de pastejo) e a taxa

de lotação (5 vacas/ha).

Na véspera e imediatamente após o pastejo, foram estimadas as quantidades de

forragem disponível e residual da pastagem. As quantidades tiveram como referência a

forragem cortada antes (disponível) e após o pastejo (residual). Os cortes foram

realizados a 8 cm acima do nível do solo. O local deste corte foi determinado por meio

da utilização de quadrado de meio metro de lado. Toda a vegetação existente abaixo do

estrato de 8 cm foi desconsiderada.

Quanto ao estudo da morfogênese da pastagem, as taxas de alongamento e

aparecimento de folhas variaram conforme a estação de crescimento (Tabela 10). Maior

taxa de alongamento foi observada no verão, sendo 30% superior às obtidas nas duas

outras estações. Por sua vez, a taxa de aparecimento de folhas, expressa em folhas por

dia, foi mais alta na primavera e mais baixa no verão e outono. Enquanto na primavera,

uma folha apareceu a cada 3,1 dias, no verão e no outono o intervalo para aparecimento

de folhas foi de 3,7 e 4,2 dias, respectivamente.

Em geral, segundo a literatura, as taxas de aparecimento e alongamento de folhas

aumentam com a temperatura. Por essa razão, o tamanho final da folha, determinado

pela relação taxa de alongamento/taxa de aparecimento, incrementa com a temperatura.

Como reflexo do menor intervalo de tempo para aparecimento de folhas, os perfilhos

crescidos na primavera apresentaram maior número de folhas de menor tamanho.

Entretanto, folhas crescidas no verão, sob temperaturas mais elevadas, apresentaram

maior tamanho, devido, principalmente, a mais alta taxa de alongamento foliar (Tabela

10).

A duração média de vida das folhas é o determinante do equilíbrio entre o fluxo

de crescimento e o fluxo de senescência. Não foi observada senescência de folhas

durante os períodos avaliados nas estações de verão e outono. Deduz-se que a vida útil

das folhas do capim Cynodon durante estas estações de crescimento é superior a 28

dias. Na primavera, foi observado início de senescência de folhas aos 24 dias, com taxa

média de 2,49 mm/dia. Uma vez iniciada a senescência das folhas, não ocorre mais

acúmulo de MS na pastagem. Este é, portanto, o momento mais adequado para a

entrada dos animais nos piquetes.

Tabela 10. Variáveis morfogênicas e estruturais do capim Cynodon dactylon cv. coast-

cross, conforme a estação de crescimento

Estações Variáveis

Morfogênicas

Estruturais

Alongamento

(mm/dia/perfilh

o)

Apareciment

o

(Folhas/dia)

Númer

o

(Dias/f

olha)

Númer

o

folhas

Tama

nho

folha

(cm)

Número

perfilhos/

Primavera

24,54 0,33 3,1 9,3 74,0 2.428

Verão

31,27 0,27 3,7 7,3 115,0 2.974

Outono

23,43 0,24 4,2 6,8 96,0 3.021

Média

26,20 0,28 3,6 7,9 93,0 2.770

Fonte : Vilela et al. (2004d).

Os efeitos da idade sobre a relação caule/folha e teores de proteína e fibra dessas

partes da planta revelaram que a partir de 28 dias, à medida que a idade do capim

aumenta, em termos de MS diminui a porcentagem de folhas e aumenta a de caules,

com a porcentagem de proteína diminuindo e o teor de fibra em detergente neutro

aumentando, tanto nas folhas quanto nos caules. Aos 28 dias de idade o coast-cross

apresentou, em termos de MS, 70% de folhas e apenas 30% de caules. Aos 100 dias

essa relação se altera. Sob pastejo, recomenda-se entrar com os animais na área, no

máximo, aos 28 dias de descanso no período das chuvas, caso contrário a forragem não

apresenta qualidade para estimular adequadamente a produção de leite.

O número de perfilhos não variou com as estações de crescimento, apresentando

valor médio de 2.770 perfilhos/m2, considerado aquém do desejável, que seria em torno

de 5 mil perfilhos/m2. Esta deficiência pode ser atribuída a mais intensa utilização do

pasto e, conseqüentemente, a menor altura residual do relvado, ou seja, abaixo de oito

centímetros. Além disso, neste trabalho, após a retirada dos animais dos piquetes, a

altura residual foi de 20 cm, o que contribuiu para diminuir a incidência de radiação

solar na base dos perfilhos.

O perfilhamento é favorecido, entre outros fatores, pela intensidade de radiação

solar que alcança o nível do solo. Pastagens submetidas a pressão de pastejo alta

caracterizam-se por apresentar numerosos e pequenos perfilhos, enquanto presença de

perfilhos grandes e pouco numerosos são características de pastagens submetidas a

pastejo menos intenso.

O acúmulo total de MS de lâminas foliares foi mais alto no verão e mais baixo

no outono e primavera (Tabela 10). Conseqüentemente, a taxa de acúmulo de MS (kg

de MS de lâminas foliares/ha/dia) estimada no período de verão foi 35% superior a da

primavera e 41% a do outono. Comportamento explicado pelas melhores condições de

crescimento observadas durante o verão, como alta disponibilidade de água, maiores

temperaturas e mais radiação (Figura 1), e reflete a mais elevada taxa de alongamento

foliar, característica morfogênica de alta correlação com o rendimento forrageiro.

Os resultados obtidos sugerem que as taxas de acúmulo de MS de lâminas

foliares calculadas por meio das características morfogênicas e estruturais da pastagem

foram superestimadas. Deve-se considerar que as taxas de 83,9, 89,5 e 125,6 kg de

MS/ha/dia (Tabela 11) refletem a produção de lâminas foliares. Na literatura são

encontradas taxas de acúmulo total de MS (colmo + folha) de coast-cross, estimadas

pelo método de corte, variando de 15,7 a 96,2 kg de MS/ha/dia. Logo, a produção de

leite nesta pesquisa, para os dois níveis de concentrado estudados, não foi prejudicada

pela disponibilidade de forragem, tanto na avaliação morfofisiológica (Tabela 11)

quanto pelo método de corte (Figura 2).

O fator limitante da produção individual de leite tem sido o teor de fibra das

forrageiras tropicais, que varia entre 65 e 70% de FDN. Nesta condição a vaca consegue

um consumo máximo de 7 kg de FDN /dia (aproximadamente 10 kg de MS).

Para sistemas que exploram pastagens, produtividades individuais elevadas são

mais difíceis de se alcançar e nem sempre são interessantes do ponto de vista

econômico. Leva a crer que otimizar a produção por vaca não é prioridade. Mais

interessante se torna otimizar a estrutura do rebanho, alcançando a quantidade máxima

possível de vacas em lactação, a lotação animal adequada na pastagem e adequar o

desempenho reprodutivo, buscando com isto a produtividade mais adequada da terra.

Tabela 11. Acúmulo total e taxa de acúmulo de MS de lâminas foliares de capim

Cynodon dactylon cv. coast-cross, conforme a estação de crescimento.

Acúmulo de lâminas

Estação

Total

(kg/ha)

Diário

(kg/ha/dia)

Primavera

2.401 83,9

Verão

3.396 125,6

Outono

2.505 89,5

Média

2.731 98,1

Fonte: Vilela et al. (2004d)

Em trabalho conduzido com vacas mestiças Deresz et al. (2002), concluíram que

para se obter taxa de lotação de 6 vacas/ha, produzindo 12 a 14 kg de leite por

cabeça/dia, é necessário que cada vaca tenha disponibilidade diária de capim de 80-100

kg de matéria verde ou de 15 a 18 kg de matéria seca. A disponibilidade excessiva de

pasto, ou seja, o subpastejo, pode resultar em menores produções, devido ao acúmulo de

fibra e ligeira queda no teor de proteína. A pressão excessiva de pastejo (superpastejo),

estimula o desenvolvimento de plantas invasoras, retratando a situação de uma

pastagem degradada e, conseqüentemente, com baixa produtividade. O ideal é manter

uma oferta de pasto acima de 4.000 kg de MS/ha, ou 40 kg de MS disponível por

animal e, no mínimo, um resíduo pós-pastejo de 2.000 kg de MS/ha, para garantir o

vigor da rebrota.

A variação na disponibilidade de forragem ao longo do ano, ilustrada na Figura 2,

desperta atenção para a possibilidade de produtores se especializarem na produção

estacional de leite, devido a melhor qualidade e maior oferta de pastagem no período de

outubro até maio. Ou então, conservar o excesso de forragem produzida nesse período,

método ainda pouco difundido pela dificuldade de se utilizar a técnica de ensilagem ou

fenação durante as chuvas.

Concluiu-se que o resíduo após o pastejo foi suficiente para garantir vigor à rebrota,

mantendo a perenidade e a sustentabilidade do sistema. A densidade de perfilhos não variou

com a estação de crescimento. A taxa de alongamento foliar e o tamanho das folhas foram

mais elevados no verão, enquanto a taxa de aparecimento foliar e o número de

folhas/perfilho foram mais altos na primavera. A taxa de acúmulo de MS de lâminas

foliares foi mais elevada no verão e mostrou estreita relação com a taxa de alongamento e o

tamanho da lâmina foliar.

9. Outras forrageiras do gênero Cynodon utilizadas em pastagem

Em revisão sobre o manejo de pastagem do gênero Cynodon, Vilela & Alvim,

1998 concluíram que, entre as gramas bermuda, o Tifton 85 tem boas características

para corte e pastejo e o coast-cross tem surpreendido pelo potencial que apresenta em

termos de capacidade de suporte e qualidade da pastagem para vacas de leite, afirmativa

essa confirmada pelos resultados apresentados neste capítulo.

De janeiro de 1998 a março de 1999 foram também avaliadas diferentes

cultivares de Cynodon do grupo das bermudas e das estrelas, sob condição de pastejo

rotacionado sem irrigação, utilizando vacas secas como instrumento de corte.

Concluíram, após dois anos, que, entre as bermudas, a cultivar que apresentou melhor

cobertura do solo, vigor de rebrota, produção de matéria seca e capacidade de suporte,

foi a Florakirk. Contudo, prosseguindo a pesquisa por mais dois anos, percebeu-se que a

Florakirk não mantinha a persistência anterior, indicando possibilidade de esta cultivar

não tolerar períodos longos de pastejo, sendo mais indicada para corte.

Entre as gramas estrela destacou-se o Florico, que tem elevada digestibilidade, e

a Florona, que se diferenciou pela persistência e dominância sobre outras espécies

forrageiras, que produzem mais sob déficit hídrico e não mais tolerantes a geadas.

O manejo pode também ser decisivo e ter grande impacto sobre a qualidade.

Quando bem manejados, a diferença na produção e qualidade entre cultivares é mínima,

e a qualidade decresce sobremaneira após cinco a seis semanas de rebrota. Com resíduo

após pastejo de 20-25 cm de altura ou 2.000 a 2.500 kg de matéria seca por hectare,

manejou-se corretamente as forrageiras de gênero Cynodon.

Em relação à estacionalidade da produção de forragem, observou-se que as

principais forrageiras desse gênero têm condições de permitir lotação no inverno

próxima a 50% da realizada no período do verão, evidenciando sua boa adaptação em

condições tropicais.

10. Considerações finais O sumário dos resultados experimentais entre 1992 e 2003 pode ser visualizado

na Tabela 12. Pela variação dos resultados pode-se concluir sobre o potencial da

pastagem de coast-cross em condições tropicais para vacas leiteiras, tanto em relação à

capacidade de suporte, quanto em produção por animal e por área, suplantam muitas

forrageiras tropicais, com registros na literatura nacional e internacional, como as do

gênero Brachiaria, Panicum, Setaria, dentre outras.

Considerando os dados agregados durante os 12 anos de pesquisa e comparando-

os na estação seca (outono/inverno) em relação à estação das chuvas (primavera/verão),

a variação na taxa de lotação foi praticamente o dobro, ou seja, 3,0 a 3,8 para 5,9 a 7,2

vacas/ha, respectivamente, com reflexo na produção diária de leite por área, que

registrou variação de 50,5 a 96,9 para 93,8 a 145,4 kg/ha, respectivamente. Outra

informação interessante, ao considerar esses dados, foi a produção de leite no primeiro

terço da lactação, que variou de 20,8 a 25,5 kg/vaca/dia, sendo maior nas situações em

que se forneceu o concentrado de mais alta energia (85% de NDT na MS), distribuído

de forma variável, ou seja, 9 kg/vaca/dia nos primeiros 90 a 100 dias de lactação. O fato

mais animador foi que as reservas corporais das vacas nesse período não foram

comprometidas ao ponto de interferir nos índices reprodutivos.

As elevadas produções médias de leite alcançadas, associadas às altas taxas de

lotação, resultaram em produções anuais que variaram de 28.430 a 37.959 kg de leite/ha,

refletindo o grande potencial dessa forrageira para suporte aos sistemas futuros de

produção de leite em condições tropicais.

Quanto às perspectivas para os futuros sistemas de produção, pode-se antecipar que

terão seus destinos associados à preservação ambiental. A preocupação com os efeitos

negativos dos impactos ambientais incorpora-se no dia-a-dia dos negócios, exigindo

tecnologias que preservem a fauna e a flora e, particularmente, promovam melhor

gerenciamento do uso dos insumos agrícolas e em especial da água. O desafio a enfrentar é

o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, tanto do ponto de vista econômico quanto

ambiental. As pastagens de Cynodon estão alinhadas com essa tendência. Além disso, fica

evidente que esta gramínea tem capacidade de oferecer forragem em quantidade e

qualidade suficientes para sustentar, durante todos os meses do ano, os elevados índices de

produtividade necessários para a sobrevivência dos futuros sistemas de produção.

Tabela 12. Resultados dos experimentos com vacas da raça Holandesa em pastagem de

coast-cross na Embrapa Gado de Leite.

Produção diária de leite

Ano Concentrado

(kg/vaca/dia)

Taxa de lotação

(vaca/ha)1

kg/vaca kg/ha

92/93 3,0 5,8 16,6 74,0

93/95 3,0 4,5 16,9 77,9

6,0 5,1 20,0 104,0

95/96 6,0F2 5,0 18,5 87,3

9-6-3V3 5,1 19,8 95,2

96/97 9-6-3N4 4,6 17,7 72,4

9-6-3E5 4,6 20,0 80,4

97/98 9GV16 6,0 (19,8) 9 (112,0)

9GV27 6,0 (22,2) (150,6)

00/03 3,08 5,0 15,4 76,4

6,0 5,0 19,1 94,2

Variação 3,0 – 6,0 4,5 – 6,0 16,6 – 20,0 72,4 – 104,0

1Total : Considerando-se as médias anuais das vacas experimentais e vacas extras; 2 F =

Fixo; 3 V= Variável; 4 N = Variável e Energia normal; 5 E= Variável e Energia extra, com

gordura protegida;6 GV1= Concentrado sem SIT (23,5%PB e 80% NDT); 7GV2=

Concentrado com SIT (19,5% PB e 85% NDT) , fornecido 100 dias após o parto, 8

médias de três lactações. 9 Resultados entre parênteses não computados na variação por

representarem apenas 100 dias de lactação.

Nesse contexto, a ampliação do conhecimento sobre modelos de simulação

como instrumento para auxiliar na avaliação da eficiência de utilização do nitrogênio da

dieta, principalmente de animais de alto potencial de produção, e das perdas desse na

forma de amônia, nitrato e outros para o meio ambiente e os impactos sobre a poluição

ambiental, será uma demanda futura da sociedade, exigindo cada vez mais dos centros

de pesquisa o monitoramento desse efeito. Os altos índices de produtividades obtidos,

alinhados aos indicadores nutricionais, como a uréia no leite, evidenciam que a

formulação de concentrados com níveis elevados de energia foi uma decisão correta

para suplementar pastagens com Cynodon fertilizadas e irrigadas.

Pasto, na visão da moderna tecnologia, pressupõe sistemas sustentáveis e com

elevada capacidade de suporte, semelhantemente aos apresentados nesse capítulo com

forrageiras do gênero Cynodon. A modernização dos sistemas de produção de leite pelo

uso intensivo de pastagens é um processo que está sendo estabelecido de maneira

irreversível em vários países de clima tropical, onde as variáveis climáticas favorecem a

produção durante o ano todo e a custos competitivos. Nesses países, temperatura e

luminosidade estimulam a produção de biomassa e viabilizam alta produtividade por

área, como demonstrado na Tabela 12.

Sendo a água um recurso natural limitado e dotado de valor econômico, deve-se

recomendar a irrigação para regiões onde não há impedimentos de temperatura e

luminosidade. A irrigação, além de significar acréscimo de garantia de produção,

proporciona aumento de produtividade e de qualidade para várias culturas, inclusive

para pastagens com forrageiras do gênero Cynodon, como evidenciado anteriormente.

Aliado a tudo isso e para enfrentar a concorrência externa, os sistemas de

produção que se projetam para o futuro deverão se pautar na elevada produtividade,

quaisquer que sejam as suas características tecnológicas. Será cada vez mais premente o

uso intensivo e racional dos fatores de produção, buscando-se o equilíbrio entre

rendimentos biológicos e rentabilidade. Dentro do ambiente econômico de busca da

eficiência para competir no mercado, os produtores de leite deverão substituir a velha

equação "lucro máximo = produção máxima" por outra expressão da forma "lucro

máximo = nível ótimo de produção ".

Na escolha do sistema “vaca/alimento”, o enfoque sistêmico é muito importante.

O sistema de alimentação de uma fazenda produtora de leite se torna a estrutura básica

de produção com impactos relevantes na estrutura de custos fixos e na capacidade de o

sistema maximizar os lucros. Como os métodos de maximização de lucros são válidos,

independentemente do cenário político, espera-se que os sistemas que sobreviverem no

futuro sejam aqueles que conseguirem dominar e aplicar estes métodos no seu processo

decisório.

Outro componente que deve ser considerado para conseguir melhor eficiência

técnica, em função de uma melhor eficiência alimentar refere-se às características da

vaca, que deve se adequar ao pastejo e à produção fora do regime confinado. A mesma

raça não apresenta desempenho semelhante em ambientes diferentes. Ambiente, nesse

contexto, significa o sistema de produção, ou seja, uma combinação de clima,

topografia, alimentação, sanidade, manejo e gerência. Animais mais pesados têm

maiores custos de manutenção. No entanto, vacas menores, independentemente da raça,

possuem melhor eficiência alimentar e possibilitam maior produção por área pastejada.

A estrutura do pasto apresenta alta correlação com o consumo realizado pelo

animal em pastejo, sendo determinante na avaliação do valor nutritivo da planta, que

por sua vez está diretamente relacionado com a produção animal. Informações a

respeito das características morfogênicas e estruturais de gramíneas em condições

tropicais, são importantes para expressar o potencial das forrageiras, a semelhança dos

estudos desenvolvidos com as do gênero Cynodon, a fim de se obter eficiência máxima

de utilização das pastagens.

Sistemas a pasto são tecnicamente menos produtivos. Porém, são

economicamente mais competitivos, como demonstrado no primeiro experimento

conduzido em 1992, em que a produção de leite a pasto foi 20% menor do que em

confinamento, mas produziu uma rentabilidade 32% maior. Os sistemas a pasto são

praticados em mais de 80% das propriedades leiteiras existentes nos países de clima

tropical. No Brasil não é diferente, e assim deverá continuar, devido ao menor custo de

produção, conseqüência do menor gasto com alimentos concentrados, mão-de-obra e

instalações; menos problemas na questão do manejo dos dejetos e dos odores; e menos

agressivo ao meio ambiente. As forrageiras do gênero Cynodon, notadamente entre as

bermudas, o coast-cross e o Tifton, e entre as estrelas, principalmente o Florona, podem

ocupar espaço importante nos futuros sistemas de produção de leite. As pesquisas

comprovam isto.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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