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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO POTENCIAL DO BIOETANOL PARA A COMERCIALIZAÇÃO DE CRÉDITOS DE CARBONO NO BRASIL Autor: Rogério Henrique Selicani Orientador: Prof. Dr. Electo Eduardo Silva Lora Co-Orientador: MS.c Mateus Henrique Rocha Itajubá, Outubro de 2010

Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

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Trabalho Final de Graduação. Apresentado à UNIFEI/MG em 10 de novembro de 2010.Selicani, R.H. Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil, Itajubá-MG. 2010. 81 f. Trabalho Final de Graduação - Bacharelado em Engenharia Ambiental, Instituto de Recursos Naturais, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2010.

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Page 1: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

POTENCIAL DO BIOETANOL PARA A

COMERCIALIZAÇÃO DE CRÉDITOS DE

CARBONO NO BRASIL

Autor: Rogério Henrique Selicani

Orientador: Prof. Dr. Electo Eduardo Silva Lora

Co-Orientador: MS.c Mateus Henrique Rocha

Itajubá, Outubro de 2010

Page 2: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

POTENCIAL DO BIOETANOL PARA A

COMERCIALIZAÇÃO DE CRÉDITOS DE

CARBONO NO BRASIL

Autor: Rogério Henrique Selicani

Orientador: Prof. Dr. Electo Eduardo Silva Lora

Co-Orientador: MS.c Mateus Henrique Rocha

Curso: Bacharelado em Engenharia Ambiental

Trabalho Final de Graduação apresentado à

Universidade Federal de Itajubá, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de Engenheiro

Ambiental.

Itajubá, Outubro de 2010

M.G. – Brasil

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Dedicatória

Dedico este trabalho a Deus, por ser uma obra Sua por minhas mãos.

Aos meus pais, José e Maria, que amo incondicionalmente.

Aos parentes que me apoiaram.

Aos amigos que acompanharam esta trajetória.

Àqueles que não puderam ser citados.

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Agradecimentos

Agradecer a Deus pela vida é o mínimo para se começar.

Aos meus pais por terem sido tão compreensivos nesse tempo de trabalho.

Ao orientador Electo E. S. Lora, pela disposição e aceitação pela minha orientação.

Ao meu co-orientador Mateus Henrique Rocha, pois sem ele não conseguiria executar essa

difícil tarefa.

Ao colega, amigo, irmão, Leonardo A. G. dos Santos, pelas horas de companheirismo e ajuda

travada durante todos esses anos.

Com especial satisfação agradecer aos colegas de turma (Alcimar, Bruninha, Chuchu, Carol,

Danilo, Deise, Fernandinha, Fer, Kelly, Laís, Léo, Cabelo, Abruzzini, Luisinho B1, Marcela,

Marina, Mari BH, Marielle, Motoboy, Marcola, Fungo, Pantera, Paraguaio, Mônica, Pipeta,

Primo, Patrícia, Thiaguinho, Rodrigo, Sheila, Átila, Maitê, Natália, Monica N.).

A grande amiga-irmã Evelise Aparecida de Carvalho (Choc‟s). À amiga Taís Nitsch Mazzola,

pela maneira como mudou minha vida. A incrível perseverança de Raisa Rodrigues pelo

treinamento da paciência. A amizade e consideração de Karen Akemi.

Aos membros da Comunidade de Jovens, CAJUC, que formou a pessoa que sou hoje.

A todos os integrantes da República Papatecabis, pela honra de ser minha „família‟ itajubense.

E as duas almas caridosas que cuidaram de mim, Néia e Eliana.

E finalmente, agradeço a todos que contribuíram de alguma forma para a realização desse

sonho.

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Com paciência e perseverança muito se alcança.

(Théophile Gautier)

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Resumo

Selicani, R.H. Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no

Brasil, Itajubá-MG. 2010. 81 f. Trabalho Final de Graduação - Bacharelado em Engenharia

Ambiental, Instituto de Recursos Naturais, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2010.

Os potenciais globais de produção de biocombustíveis são consideráveis, mas são

desigualmente distribuídos no planeta. Os países que assumiram compromissos na redução

das emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE) no protocolo de Quioto poderiam importar

biocombustíveis para substituir os combustíveis fósseis ou então investir em projetos de

biocombustíveis nos países em desenvolvimento. Os projetos de Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo (MDL) e Implementação Conjunta (IC) são boa alternativas para

isso. Um estudo de caso foi realizado para as condições brasileiras de produção de etanol para

dois cenários distintos (situação atual e 2030). Dessa forma, as quantidades de créditos de

carbono que podem ser comercializados no mercado mundial foram contabilizadas através das

emissões de sistemas de cogeração por bagaço de cana e pelo uso do etanol em substituição

aos combustíveis fósseis. A estimativa obteve 23 milhões de toneladas de gás carbônico para

o cenário atual e 114 milhões para o futuro, em 2010, que geram créditos no valor de R$ 860

mi, e R$ 2,3 bi, respectivamente. A fim de evitar emissões de GEE, é crucial que a produção

de culturas bioenergéticas deva ser realizada através do balanceamento entre melhorias do

gerenciamento da agricultura. O comércio físico de créditos poderia ser preferencial, desde

que além da redução dos GEE também possa haver um benefício através da produção de

energia. Portanto, a comercialização dos créditos também permite a geração de consideráveis

fontes de renda para os países exportadores. Este estudo contribui para o desenvolvimento de

uma metodologia para a avaliação do potencial dos bioetanol para a comercialização dos

Certificados de Emissões Reduzidas (CER‟s) proposto pelo MDL.

Palavras-chave

Biocombustíveis, cogeração, emissões, MDL, mercado de carbono.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Linha de base e redução das emissões com a implantação do projeto (MMA-JPN et

al., 2010) ..................................................................................................................................... 3

Figura 2: Gráfico para representação esquemática do processo (UNCTAD, 2009). ............... 20

Figura 3: Distribuição de atividades de projeto registradas por escopo (UNFCCC, 2009) ..... 22

Figura 4: Porcentagem de projetos por país (MCT, 2010b). .................................................... 26

Figura 5: Mapa de produção do setor sucroalcooleiro (UNICA, 2010a). ................................ 29

Figura 6: Fase agrícola da produção de cana-de-açúcar (EPE, 2009b). ................................... 31

Figura 7: Fase industrial da produção de etanol (EPE, 2009b). ............................................... 32

Figura 8: Exemplificação de um sistema de cogeração (SEABA, 2010). ................................ 33

Figura 9: esquema de uma usina com tecnologia de alta-pressão (SEABRA, 2010). .............. 34

Figura 10: Gráfico de comparação das energias fluentes e a moagem de cana (UNICA, 2010c)

.................................................................................................................................................. 35

Figura 11: Gráfico da participação de cada tipo de combustível na matriz nacional no período

1970-2009 (UNICA, 2010c). .................................................................................................... 37

Figura 12: Gráfico de venda de automóveis no Brasil no período 1979-2009 (adaptado de

UNICA, 2010). ......................................................................................................................... 38

Figura 13: Fatores de emissão da Margem de Operação e da Margem de Construção (MCT,

2010a). ...................................................................................................................................... 41

Figura 14: Cadeia produtiva da cana em 2030 (MME, 2007). ................................................. 47

Figura 15: Gráfico de resultados do potencial de redução por porcentagem entre E20 e E25. 58

Figura 16: Gráfico de resultados do potencial de redução por porcentagem entre E25 e E50. 59

Page 9: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Categorias dos projetos (adaptado de UNCTAD, 2009) .......................................... 21

Tabela 2: Metodologias para projetos de MDL (EPE, 2009c) ................................................. 24

Tabela 3: Unidades existentes (adaptado de UNCTAD, 2009). ............................................... 25

Tabela 4: Emissões de CO2 pelo tipo de combustível (EPE, 2009b). ...................................... 37

Tabela 5: Balanço energético da produção de cana na fase agrícola. ....................................... 43

Tabela 6: balanço energético e emissões da fase industrial...................................................... 45

Tabela 7: balanço de consumo de diesel para o transporte....................................................... 46

Tabela 8: balanço emissões do uso de etanol anidro e hidratado ............................................. 46

Tabela 9: Fase agrícola ............................................................................................................. 48

Tabela 10: fase industrial .......................................................................................................... 49

Tabela 11: Transporte e sua emissões em 2030 ....................................................................... 50

Tabela 12: balanço emissões do uso de etanol anidro e hidratado ........................................... 51

Tabela 13: Unidades da federação que apresentam usinas de cogeração ligadas à rede

(ANEEL, 2010). ....................................................................................................................... 52

Tabela 14: Resultados do potencial de cogeração para 2030. .................................................. 54

Tabela 15: Resultados do potencial de cogeração para 2030. .................................................. 56

Tabela 16: emissão do processo de produção ao uso da cana .................................................. 58

Tabela 17: Emissões para o cenário de uso em 2030 ............................................................... 59

Tabela 18: Emissões para o cenário de uso em 2030 ............................................................... 60

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AAU Unidade de Quantidade Atribuída

AIJ Atividades de Implementação Conjunta

CDM Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

CER Reduções Certificadas de Emissão

COP Conferencia das Partes

CTC Centro de Tecnologia Canavieira

DNA Autoridade Nacional Designada

DOE Entidade Operacional Designada

EB-CDM Conselho Executivo – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

ERU Unidade de Redução de Emissão

ET Comércio de Emissões

GEE Gases de Efeito Estufa

GWP Potencial de Aquecimento Global

ICSU Conselho Internacional de Ciências

INC/FCCC Comitê de Negociações Intergovernamentais para o Quadro-Convenção em

Mudanças Climáticas

IPCC Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

ITL Arquivo de Transações Internacionais

JI Implementação Conjunta

KgCO2e Quilograma de gás carbônico equivalente

LoA Carta de Aprovação

MCT Ministério de Ciência e Tecnologia

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MOP Reunião das Partes

OECD Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento

PDD Documento de Concepção do Projeto

RMU Unidade de Remoção

tCO2e Tonelada de gás carbônico equivalente

UNCED Conferencia sobre Meio ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas

UNEP Programa Ambiental das Nações Unidas

UNFCCC Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas

UNGA Assembleia Geral das Nações Unidas

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WMO Organização Meteorológica Internacional

WWC Conferencia Global do Clima

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................................................... 1 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................................................. 6 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................................. 7

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................................... 9

2.1 HISTÓRICO DAS DISCUSSÕES CLIMÁTICAS E AS CONFERÊNCIAS DAS PARTES ................. 9 2.2 O PROTOCOLO DE QUIOTO .................................................................................................................. 15 2.3 O MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) ................................................................ 17 2.4 MERCADO DE CARBONO...................................................................................................................... 24 2.5 O SETOR SUCROALCOOLEIRO NO BRASIL ...................................................................................... 27

2.5.1 Mercado de etanol e tecnologias de produção ................................................................................... 27 2.5.2 Cogeração ........................................................................................................................................... 33

2.6 SUBSTITUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS .................................................................................. 36

3. METODOLOGIA .......................................................................................................................................... 39

3.1 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE POR COGERAÇÃO........................................................................... 39 3.1.1 Cenário atual ...................................................................................................................................... 39 3.1.2 Cenário futuro - 2030 ......................................................................................................................... 41

3.2 SUBSTITUIÇÃO DE COMBUSÍVEIS FÓSSEIS ..................................................................................... 42 3.2.1 Cenário atual ...................................................................................................................................... 42 3.2.2 Cenário futuro - 2030 ......................................................................................................................... 47

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................................... 52

4.1 COGERAÇÃO ........................................................................................................................................... 52 4.2 PRODUÇÃO E USO DE ETANOL ........................................................................................................... 58

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................ 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................... 63

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A mudança global do clima é um dos mais graves problemas ambientais deste século,

sendo que, neste período, registrou-se um aumento de cerca de 1ºC na temperatura média da

Terra. Este problema vem sendo causado pela intensificação da emissão dos gases de efeito

estufa (GEE), que, por sua vez, está relacionada ao aumento da concentração atmosférica de

determinados gases, principalmente o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido

nitroso (N2O) (OLIVEIRA, 2006).

. O poder de aquecimento das moléculas destes gases varia e pode ser mensurado de

acordo com um referencial. O elemento utilizado como referência é o CO2, por ser o GEE

mais abundante na atmosfera e de maior contribuição no aquecimento global. O CH4 é muito

mais efetivo que o CO2 na absorção da radiação solar na superfície da Terra. A concentração

global deste gás tem aumentado a uma taxa de 1% ao ano, sendo que 80% deste têm origem

biogênica, produzido por bactérias metanogênicas em condições de anaerobiose. A

contribuição dos GEE depende basicamente de dois fatores: sua concentração na atmosfera e

seu poder de aquecimento molecular (OLIVEIRA, 2006).

O CO2 possui uma contribuição relativa de 55%, o CH4 de 15% e o N2O de 4%, porém a

emissão destes gases deve ser fortemente reduzida. Por exemplo, as instalações rurais e o

resíduo espalhado são fontes de emissão de uma expressiva quantidade de gases, sobretudo o

CO2, CH4 e N2O. Esses três gases, normalmente são formados pela decomposição dos

componentes dos dejetos, entretanto as proporções se modificam de acordo com o manejo

aplicado (OLIVEIRA, 2006).

Quando é realizado o aproveitamento energético da biomassa, está sendo substituindo

outra fonte de energia. Como não existe nenhum país independente dos combustíveis fósseis

na geração da energia, a parcela substituta diminuirá o consumo de combustíveis fósseis, e

consequentemente, de emissões de GEE.

O Protocolo de Quioto, em seu artigo 12, define como um de seus mecanismos de

flexibilização o MDL. Sua proposta consiste em que cada tonelada de CO2, que é a unidade

padrão do Potencial de Aquecimento Global (GWP), deixada de ser emitida ou retirada da

atmosfera por um país em desenvolvimento (não pertencente ao Anexo-I) poderá ser

negociada no mercado mundial, criando um novo atrativo para redução das emissões globais.

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As empresas, dos países desenvolvidos (Anexo-I), que não conseguirem, ou não desejarem,

reduzir suas emissões poderão comprar os Certificados de Emissões Reduzidas (CER‟s) de

países em desenvolvimento e usá-los para cumprir suas obrigações legais. Os países em

desenvolvimento, por sua vez, deverão utilizar o MDL para promover seu desenvolvimento

sustentável (DUARTE, 2006).

Os países que têm metas de redução em relação ao Protocolo de Quioto são divididos em

dois subgrupos: (1) aqueles países que necessitam diminuir suas emissões e, portanto podem

tornar-se compradores de créditos provenientes do MDL, tais como, Alemanha, Japão e

Holanda, França, Inglaterra, entre outros; e, (2) os países que estão em transição econômica e,

por isso podem ser anfitriões de projetos do tipo IC, que é outro mecanismo de flexibilização

do Protocolo de Quioto, tais como, a Ucrânia, Rússia e Romênia (BONFIM, 2008).

É possível afirmar que, em síntese, o MDL é um mecanismo de investimentos, pelo qual os

países desenvolvidos podem estabelecer metas de redução de emissões e de aplicação de

recursos financeiros em projetos dentro de países em desenvolvimento. Os projetos de MDL

são divididos basicamente nas seguintes categorias:

Fontes renováveis e alternativas de energia.

Eficiência/conservação de energia.

Reflorestamento e estabelecimento de novas florestas.

Para a obtenção de “créditos se carbono” que são designados como os CER‟s no caso do

MDL, é preciso submeter um projeto nos trâmites do mecanismo, o qual deve estabelecer a

adicionalidade e a linha de base do projeto, além da metodologia de monitoramento que será

utilizada para verificar o cumprimento das metas de redução das emissões e/ou de sequestro

de carbono. As atividades de um projeto de MDL são consideradas adicionais se as emissões

antropogênicas de GEE forem menores que as que ocorreriam na ausência do projeto e/ou se

o sequestro de carbono for maior que aquele que ocorreria na ausência do projeto. A linha de

base de um projeto de MDL é o cenário que representa as emissões antropogênicas de GEE

que ocorreriam na ausência do projeto, conforme a Figura 1.

Dentre as inúmeras fontes alternativas renováveis passíveis de ser inseridas na matriz

energética mundial e direcionadas à compatibilização da expansão da oferta de energia com a

mitigação das alterações climáticas, a bioenergia é uma das mais promissoras em função da

sua abundância, maturidade tecnológica e maior competitividade em comparação às demais

fontes alternativas de energia. Os biocombustíveis, dentre eles o etanol, constituem a forma

mais disseminada de utilização da bioenergia, entretanto, existe um imenso potencial de

geração de bioeletricidade que ainda é muito pouco explorado (CASTRO & DANTAS, 2008).

Page 15: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

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Figura 1: Linha de base e redução das emissões com a implantação do projeto (MMA-JPN et al., 2010)

O Brasil é um país tropical com dimensões continentais onde a oferta de biomassa para

geração de energia apresenta um grande potencial de utilização. Contudo, se a produção de

biocombustíveis brasileira, especificamente o etanol, é um sucesso com um consumo de

etanol superior ao consumo de gasolina, a produção de bioeletricidade brasileira apresenta um

baixo grau de utilização frente ao seu potencial. Esta baixa utilização é observada frente à

participação relativa da bioeletricidade na matriz energética de alguns países europeus como

Portugal e Alemanha, e, sobretudo nos países escandinavos. Os países europeus que lograram

êxito na promoção da bioeletricidade utilizaram políticas econômicas e instrumentos

específicos de incentivos à produção desta energia.

De acordo com Castro e Dantas (2008), a demanda mundial por energia vai crescer a uma

taxa anual média de 1,6% até 2030, alavancada pelo crescimento exponencial do consumo

energético dos países em vias de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, não existem mais

dúvidas sobre a influência antrópica no aquecimento global e a necessidade de mitigação das

alterações climáticas de forma imediata. Os instrumentos disponíveis para a expansão da

oferta de energia sujeitos à restrição imposta pelo combate ao aquecimento global são o

aumento da eficiência energética e uma maior participação das fontes renováveis de energia

na matriz energética mundial, entre as quais, a bioenergia é de grande relevância por sua

utilização no setor de transportes e na geração de energia elétrica.

O equacionamento da compatibilização entre segurança do suprimento energético e

sustentabilidade ambiental requer uma participação significativa da bioenergia porque esta é

quase neutra em carbono, abundante e, dentre as fontes renováveis de energia, a mais

Page 16: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

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competitiva atualmente. O setor de transportes é onde a participação da bioenergia se faz mais

necessária devido à dificuldade de se utilizar combustíveis viáveis tecnologicamente e

economicamente para substituir os combustíveis fósseis. Portanto, a utilização do etanol como

combustível ou misturado à gasolina, e do biodiesel misturado ao diesel é essencial para

redução das emissões de GEE por parte do setor de transporte, o qual representa

aproximadamente 30% do consumo total de energia.

Contudo, além da produção de biocombustíveis, a bioenergia é uma fonte energética que

pode ter importante participação na matriz energética mundial. A biomassa é constituída de

resíduos agrícolas, resíduos florestais, resíduos urbanos e até mesmo de dejetos animais. Por

utilizar como insumo um resíduo, a geração de bioeletricidade apresenta um custo inferior ao

custo de outras fontes renováveis. Além disso, em muitos casos a bioeletricidade é produzida

a partir do processo de cogeração em processos que demandam energia térmica e elétrica de

forma simultânea, como é o caso das usinas sucroalcooleiras brasileiras. Desta forma, a

discussão sobre a inserção de bioenergia não deve se restringir aos biocombustíveis e

considerar também a bioeletricidade, porque em muitos casos a produção pode ser

concomitante. Entretanto, o desenvolvimento do etanol lignocelulósico irá criar um custo de

oportunidade entre gerar etanol ou eletricidade a partir da biomassa contida em resíduos,

como os florestais e os agrícolas (CASTRO & DANTAS, 2008).

O Brasil possui uma extensão territorial de 851 milhões de hectares e uma grande

incidência de raios solares e pluviosidade, logo apresenta um imenso potencial para a

produção de bioenergia. A área agricultável brasileira é superior a 300 milhões de hectares,

dos quais apenas 70 milhões de hectares são explorados atualmente. A área de plantação de

cana-de-açúcar, a partir do qual se produz o etanol e que representa praticamente a totalidade

do insumo utilizada na geração de bioeletricidade no Brasil, representa apenas 10% da área

agricultável explorada atualmente. Neste sentido, torna-se claro o quanto a produção de

bioenergia no Brasil pode se expandir sem a necessidade de desmatar áreas adjacentes. Os

avanços tecnológicos têm gerado ganhos de produtividade que permitem incrementos na

produção sem a necessidade de se aumentar a área cultivada. Porém, existe uma grande

assimetria no desenvolvimento dos biocombustíveis e da bioeletricidade. O Programa

Nacional do Álcool (Pró-álcool) visava à utilização de etanol combustível na frota de veículos

leves brasileira. Este programa foi idealizado como sendo uma resposta proativa de um

problema de grandes dimensões explorando as potencialidades nacionais, e que colocou o país

em uma situação privilegiada. O Pró-Álcool foi implementado em duas etapas: a partir de

1975 passou a se adicionar 20% de etanol na gasolina comercializada, enquanto que a partir

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de 1979 passou a se comercializar veículos movidos a etanol. Os resultados do Pró-Álcool no

âmbito energético e de contas externas foi um sucesso. Em meados da década de 80, quase a

totalidade de veículos novos comercializados no Brasil era movida a etanol (CASTRO &

DANTAS, 2008).

Segundo Rodrigues (2005), no período compreendido entre 1976 e 2005, foram

consumidos 275 bilhões de litros de etanol, equivalentes a 1,51 bilhões de barris de petróleo.

Este consumo de etanol permitiu a economia de US$ 69,1 bilhões em importações evitadas.

Embora os resultados do Pró-álcool na década de 80 tenham sido um sucesso, o início da

década de 90 marca o colapso do programa devido ao aumento do preço do açúcar, a queda

do preço do barril do petróleo e a saída do Estado do programa. Após a produção de etanol se

manter estagnada ao longo da década de 90, o início da década 2000 marca um novo ciclo

expansivo do consumo de etanol devido ao aumento do percentual de etanol anidro misturado

à gasolina e a introdução de veículos bicombustíveis no mercado.

Embora a bioeletricidade possa ser produzida a partir de diferentes tipos de resíduos, a

produção brasileira de bioeletricidade utiliza essencialmente como insumo o bagaço de cana-

de-açúcar devido à imensa escala de produção do setor sucroalcooleiro brasileiro e sua

característica tradicional de autosuprimento energético.

Segundo CORRÊA NETO e RAMON (2002), as usinas sucroalcooleiras são auto-

suficientes em 98% de suas necessidades energéticas, utilizando como combustível o bagaço

da cana de açúcar. No entanto, a opção histórica do setor foi por tecnologias de baixa

eficiência porque o objetivo primordial era maximizar a queima do bagaço devido à

dificuldade de armazenamento e a pouca relevância do mercado de bagaço in natura. Neste

sentido, existe um imenso potencial de produção de excedentes de eletricidade a serem

exportados para rede com a adoção de tecnologias de produção mais eficientes.

CASTRO e DANTAS (2008) reportaram que a potência instalada para a geração de

bioeletricidade no setor sucroalcooleiro no início de 2008 era de aproximadamente 3.900

MW, dos quais 3.000 MW para autosuprimento e apenas 900 MW exportados. Isto em uma

conjuntura onde a tecnologia de extracondensação capaz de gerar 80 KWh de energia elétrica

excedente a ser comercializada está disponível e o setor sucroalcooleiro passa por um ciclo

expansivo sustentável. Por sua vez, o progressivo fim das queimadas irá disponibilizar uma

quantidade adicional de biomassa a ser utilizada como combustível oriundo da palha. Neste

sentido, torna-se nítido o quanto a potência instalada atual está subestimada.

Segundo KITAYAMA (2007), a utilização de 75% do bagaço disponível e 50% da palha

disponível na safra 2012/13, na qual se estima uma produção de cana de 696 milhões de

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6

toneladas, permite projetar uma potência instalada para exportação de 19.284 MW em um

horizonte de cinco anos, equivalendo a uma energia assegurada de 9.642 MW médios a ser

inserida na rede, o que equivale à energia firme ofertada pela usina de Itaipu.

Além das vantagens inerentes a uma fonte de energia renovável gerada de forma eficiente,

a inserção da bioeletricidade sucroalcooleira no sistema hidrelétrico brasileiro possui a

importante função de mitigar o risco hidrológico porque o período de safra, entre maio e

novembro, é coincidente com o período seco na região Sudeste, onde se encontra localizados

os maiores reservatórios brasileiros (CASTRO e DANTAS, 2008).

O sistema energético brasileiro tem um potencial grandioso, porém mal aproveitado,

mesmo que as vantagens de se investir nele sejam grandes, a biomassa ainda representa uma

pequena parcela da geração total. Mas este trabalho tem como meta, mostrar que existe um

potencial ainda não explorado, mas que realmente é significativo para a geração de energia

elétrica do país e para a redução das emissões de GEE.

1.2 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é mensurar o potencial de comercialização de créditos de

carbono no Brasil, e as perspectivas de modernização do setor bioenergético, através do

MDL. Em particular, realizar uma avaliação das emissões de carbono equivalente que podem

ser evitadas no setor sucroalcooleiro no Brasil. Nesta avaliação serão considerados dois

cenários para contabilização das emissões: cenário atual de emissões e outro cenário de

emissões para 2030. Neste cenário para o ano de 2030 considera-se que as usinas produtoras

de etanol estarão aderidas, na sua totalidade às atividades de projeto de geração de energia

elétrica renovável, através da cogeração de bagaço de cana-de-açúcar em caldeiras com

maiores parâmetros de pressão e temperatura. Além disso, considera-se que as usinas

produtoras de etanol farão um aproveitamento integral dos coprodutos do processo de

produção, tais como a palha.

1.2.1. Objetivo geral

Calcular o potencial de geração de créditos de carbono para serem comercializados no

mercado mundial através do MDL no setor sucroalcooleiro em dois cenários distintos (atual e

2030).

Page 19: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

7

1.2.2. Objetivos específicos

Definir os cenários de avaliação (situação atual e perspectiva futura).

Definir uma tendência futura.

Calcular a estimativa de emissões para obtenção de créditos a partir das instalações já

existentes de cogeração.

Calcular a estimativa de emissões para obtenção de créditos a partir do uso atual do

etanol.

Calcular a estimativa total atual de emissões.

Calcular a estimativa de emissões futuras para obtenção de créditos a partir das

instalações de cogeração a serem construídas e/ou desenvolvidas no futuro.

Calcular a estimativa de emissões para obtenção de créditos a partir do uso do etanol

no futuro.

Calcular a estimativa total futura de emissões.

Calcular os créditos de carbono comercializáveis para todas as estimativas.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em cinco tópicos fundamentais: introdução, revisão

bibliográfica, metodologia, resultados e discussões e conclusões e recomendações para

trabalhos futuros.

A introdução do trabalho consiste em numa explanação sobre o potencial de expansão para

a produção de bioetanol no Brasil, abrangendo definição, tipos, produção e mercado para sua

utilização.

No segundo capítulo será discutido o mercado dos créditos de carbono, com histórico

mundial e no Brasil e o mercado atual. Da mesma forma, será demonstrado o que vem sendo

realizado no país nesse tema com o exemplo de projetos individuais em acordo com as

especificações normativas da UNFCCC.

No terceiro capítulo será apresentada a delimitação dos cenários e definição metodológica

para a contabilização dos créditos de carbono. Será mostrada a metodologia de cálculo dos

cenários presente e futuro, para o cálculo das emissões equivalentes de CO2. A base de dados

atualizada sobre fontes de geração de energia por biomassa de cana-de-açúcar será obtida

através do BIG (Banco de Informações de Geração) e da UNICA (União da Indústria de

Page 20: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

8

Cana-de-Açúcar). Para os fatores de emissão que serão utilizados nos cálculos de créditos

serão consultados dados das publicações anuais do MCT (Ministério de Ciência e

Tecnologia), a CIMGC (Comissão Interministerial sobre mudança Global do Clima), para

execução de projetos de MDL. No desenvolvimento metodológico será necessário explicar os

métodos usados na pesquisa e coleta de dados para obtenção dos valores de quantidade de

geração, consumo e estimativas futuras, bem como as equações para o cálculo dos créditos de

carbono. Esses procedimentos podem ser enumerados da seguinte forma:

Selecionar processos do bioetanol que possam ser aplicáveis à obtenção dos créditos

de carbono.

Coletar dados históricos de geração e por bioenergia no Brasil e de consumo de

eletricidade.

Estimar a provável demanda futura o mercado nacional e geração pelas bioenergias

selecionadas.

Obter os fatores de emissão relativos à geração de eletricidade no Brasil.

Combinar estimativas futuras aos fatores de emissão para encontrar os valores de

créditos de carbono gerados.

No quarto capítulo os resultados obtidos serão apresentados e discutidos. A análise crítica a

partir dos resultados obtidos de geração e consumo, montante de créditos irão permitir a

contabilização e comparação do real potencial de créditos de carbono no Brasil para os

cenários estabelecidos. Portanto, será possível definir se essas estimativas são verídicas para o

potencial nacional.

Finalmente, no quinto capítulo as conclusões e recomendações para trabalhos futuros serão

evidenciadas. Neste capítulo são apresentadas as conclusões e perspectivas de modernização

do setor bioenergético brasileiro e serão apresentadas as conclusões finais sobre os cenários

obtidos, bem como as barreiras ainda existentes e as propostas futuras.

Page 21: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

9

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 HISTÓRICO DAS DISCUSSÕES CLIMÁTICAS E AS CONFERÊNCIAS DAS

PARTES

A preocupação humana a respeito das intervenções humanas no meio ambiente teve um

fato marcante com a publicação do relatório “Limites do Crescimento” (Meadows et al.,

1972), que nasceu do Clube de Roma, fundado em 1968. Esta publicação expôs como o

crescimento do consumo mundial chegava ao seu limite e a possível ocorrência de um colapso

do ecossistema terrestre. Baseou-se em cinco parâmetros para tal conclusão: industrialização

acelerada, forte crescimento populacional, insuficiência crescente da produção de alimentos,

esgotamento dos recursos naturais não renováveis e degradação irreversível do meio

ambiente, Ou seja, sempre o fator econômico esteve presente.

O pessimismo do relatório encontrava o ponto máximo de crescimento no ano de 2010,

quando a partir daí, a população começaria a diminuir por causa da escassez e esgotabilidade

de recursos naturais que resultariam em fome e poluição. A mensagem a ser passada era de

que o meio ambiente deveria fazer parte do debate econômico desde então, como é relatado:

“Se se mantiverem as atuais tendências de crescimento da população mundial,

industrialização, contaminação ambiental, produção de alimentos e esgotamento dos recursos,

este planeta alcançará os limites de seu crescimento no curso dos próximos cem anos. O

resultado mais provável será um súbito e incontrolável declínio tanto da população como da

capacidade industrial." (MEADOWS, 1972).

Como enfoque mundial que ganhou o assunto também as autoridades internacionais se

movimentaram para mostrar uma atitude. Ocorre então, em 1972, a conferência da ONU

sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo e também conhecida por este nome. A

Declaração sobre o Ambiente Humano deu frutos e gerou o Plano de Ação Mundial, para

prover um direcionamento para garantir a preservação do ambiente através do Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA/UNEP) (MACIEL et al., 2009).

Em 1979, finalmente ocorreu a primeira Conferência Mundial sobre Clima (CMC/WCC),

organizada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM/WMO), em Genebra, Suíça, um

encontro voltado para a discussão dos efeitos das atividades humanas sobre o clima do

planeta, adotando as mudanças climáticas 12 como assunto principal. Houve então o

reconhecimento da extensão e intensidade da crise climática global e o meio ambiente deixou

Page 22: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

10

de ser visto como problema restrito ao meio técnico-científico, ocupando lugar proeminente

na agenda internacional. Na década seguinte o encontro de cientistas responsáveis pela

criação de políticas, fez uma eficiente iniciativa para gerar informações científicas constantes

sobre a situação do clima global (LORA, 2008).

Houve então o começo de uma ação internacional a respeito das mudanças climáticas com

a criação um painel científico intitulado Advisory Group on Greenhouse Gases (AGGG), que

trabalhou de 1986 a 1988, com apoio PNUMA, OMM e do Conselho Internacional para a

Ciência (CIC/ICSU) (AGRAWALA, 1998).

O Protocolo de Montreal, assinado em 1987 (mas que só vigorou em 1989), que trouxe a

proposta internacional de substituir substâncias que prejudicavam a camada de ozônio

fazendo um buraco na mesma - os clorofluorcarbonos (CFC).

Em 1988, assim como verificado no 10º Congresso da OMM da necessidade da existência

de um órgão internacional para prover informações científicas sobre as mudanças climáticas

globais e formulasse ações globais, afirmado pelo IPCC (2004) apud Lora (2008).

Com ajuda do AGGG uma nova Conferência Climatológica Mundial foi feita, em Toronto,

Canadá, o PNUMA e a OMM criaram um grupo de trabalho intergovernamental para preparar

as negociações de um tratado no qual houve consenso de que as emissões de GEE deveriam

ser neutralizadas consideravelmente, e, durante a 40ª Sessão do Conselho Executivo da

OMM, nessa Conferencia decidiu-se pela formação do Painel Intergovernamental sobre

Mudanças Climáticas (IPCC) como publicado no Indicador Mensal da Conjuntura de

dezembro de 2007 (ESPARTA & MOREIRA, 2002).

Segundo Esparta & Moreira (2002), o IPCC foi criado com o objetivo de reunir o maio

número possível de cientistas de diferentes países com o objetivo de coletar e analisar a

literatura disponível sobre o aquecimento global e consolidar relatórios sobre a ciência,

possíveis impactos e políticas de resposta às mudanças climáticas. Para isso existe uma

divisão de tarefas: um grupo na pesquisa científica do comportamento climático global e suas

previsões, outro na parte dos efeitos socioeconômicos e ambientais e um último em soluções

para a mitigação dos impactos.

Os relatórios do IPCC seguem um ritual: a primeira fase é a preparação do relatório por um

time de especialistas, depois há processo de revisão feito tanto por especialistas como pós-

representantes de governos e, em seguida, o relatório final é aprovado em uma sessão

plenária. O IPCC apresentou seu Primeiro Relatório de Avaliação (First Assesment) em 1990

na Suécia (CARNEIRO et al, 2008). Ele manifestou a certeza de cientistas de que as emissões

antropogênicas estão aumentando muito as concentrações de GEE, resultando no aquecimento

Page 23: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

11

global. A partir do que havia disponível na época, foi prevista uma taxa de aumento da

temperatura média global no Século XXI de 0,3º C por década com uma incerteza entre 0,2 a

0,5° C, e um aumento do nível do mar de 6 cm por década, com uma incerteza de 3 a 10 cm

por década (IPCC, 2004).

Assim, de acordo com IPCC (2004), foi dito que para se balancear o clima novamente era

necessário reduzir de 30 a 60% as emissões de 1990 provenientes do uso de combustíveis

fósseis por mais de dois séculos que acelerou o derretimento de geleiras, o aumento do nível

do mar e secas mais longas e intensas, para se balancear o clima novamente.

Em 1990, segundo IPCC (2004), também foi realizada a 45ª Assembléia Geral das Nações

Unidas (UNGA), que nas duas sessões anteriores reconheceu a necessidade de cooperação

internacional sobre as alterações climáticas, com vista à adoção de medidas eficazes num

quadro global, e, requereu um relatório do IPCC com a decisão sobre as formas, os meios e as

modalidades para o prosseguimento das negociações de uma Convenção-Quadro, com isso

decidiu dar início as negociações de uma convenção-quadro efetiva sobre as alterações

climáticas, na área política, a Organização das Nações Unidas fundou o Comitê

Intergovernamental de Negociação para a Convenção - Quadro sobre Mudança do Clima

(CIN-CQNUMC/INC-FCCC).

Houve a continuação no Rio de Janeiro, em 1992, com a Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD/UNCED), conhecida também como

ECO-92, Rio 92 ou Cúpula da Terra. A Convenção-Quadro foi criada com aceitação e adesão

de 185 países e a União Européia, estabeleceu metas, responsabilidades, princípios e

mecanismos de atuação concreta para a solução dos problemas ambientais decorrentes da

atuação do homem sobre o clima (PIRES, 2006).

Também foram produzidos documentos como a Agenda 21, a Convenção sobre

Diversidade Biológica e a Declaração de Princípios sobre Florestas (LORA, 2008).

A Convenção foi aberta para assinaturas em maio de 1992 e ratificada somente em 21 de

março de 1994. A Primeira Conferência das Partes (CP/ COP), evento responsável por

promover e monitorar o processo de implementação da Convenção, aconteceu em 1995. Foi

estabelecido também um Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico

(OSACT/ SBSTA) e um para auxiliar na coleção, resumo e adequação de informações

cientificas que fossem orientar para a realização dos compromissos assumidos. Nesta

conferencia ainda se percebeu que as primeiras metas não eram suficientes para se atingir os

compromissos e que os níveis de emissões aumentaram (IPCC, 2004).

Page 24: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

12

Decidiu-se pela negociação de um protocolo, cujas diretrizes estão contidas na resolução

conhecida como Mandato de Berlim. De acordo com esse Mandato, os países de menor

desenvolvimento relativo estariam isentos, até o ano 2000, de qualquer redução na emissão

dos GEE, enquanto os países desenvolvidos teriam a obrigação de reduzir as emissões, até

aquele ano, de forma a não ultrapassar os níveis verificados em 1990, mantendo, assim, o

disposto na Convenção (JURAS, 2007).

De acordo com São Paulo ([s.d.]), foi decidido ainda que fosse adotado o uso de

Atividades de Implementação Conjunta (AIJ), em fase piloto, como alternativa para o

cumprimento dos objetivos de redução de emissões de GEE. Em resposta ao Mandato de

Berlim e com objetivo do fortalecimento do compromisso dos países desenvolvidos em

reduzir suas emissões, foi então criado o grupo Ad Hoc sobre o Mandato de Berlim AGBM,

que iniciou o esboço de um protocolo internacional que, após oito encontros, foi encaminhado

a COP-3 e culminaria na adoção do Protocolo de Quioto.

Durante a COP-1, também, se aplicou, plenamente, o mencionado “princípio da igualdade

entre os países”, ou “princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada entre os

países”, impondo-se, desta forma, que os países desenvolvidos (Anexo I) tomem a iniciativa

de reduzir suas emissões, na medida em que os países em desenvolvimento possam aumentar

suas emissões para atender às suas necessidades de desenvolvimento e alívio da pobreza

(GOVERNO DE SÃO PAULO, [s.d.]).

O Anexo I é composto por: Alemanha, Austrália, Áustria, Belarus, Bélgica, Bulgária,

Canadá, Comunidade Européia, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, EUA, Espanha,

Estônia, Federação Russa, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão,

Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Mônaco, Noruega, Nova Zelândia, Países

Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte, República

Tcheca, República Eslovaca, Romênia, Suécia, Suíça, Turquia e Ucrânia (UNCTAD, 2009).

O segundo relatório do IPCC trouxe uma importante constatação acerca dos principais

opções de GEE a serem combatidos, especialmente CO2, CH4, halocarbonos (CFCs, HFCs e

PFCs), hexafluoreto de enxofre (SF6) e óxido nitroso (N2O) e aumentar os sumidouros em

vários setores, como também cruzar e discutir questões setoriais e os instrumentos políticos.

Este relatório foi apresentado na COP-2, em Genebra, na Suíça, em 1996 (IPCC, 2004).

Na COP-3, realizada em Quioto no Japão, no ano de 1997, foi sacramentado o Protocolo

de Quioto, documento internacional que será caracterizado posteriormente neste trabalho.

Interessante ressaltar que trouxe à tona a insatisfação dos Estados Unidos contra a adoção do

Page 25: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

13

protocolo por não estabelecer limites e índices de redução para países em desenvolvimento e

com o argumento de que iria prejudicar sua economia.

Na COP-4, foi feito um documento conhecido como Plano de Ação de Buenos Aires, que

tratou separadamente temas como: Mecanismos de financiamento; Desenvolvimento e

transferência de tecnologias; Implementação dos artigos 4.8 e 4.9 da Convenção; Atividades

implementadas conjuntamente em fase piloto; Programa de trabalho dos mecanismos do

Protocolo de Quioto; Preparação para a primeira Conferência das Partes servindo ao

Protocolo de Quioto, incluindo o desenvolvimento dos elementos do Protocolo relacionados à

complacência e políticas e medidas, voltados à mitigação da mudança climática (GOVERNO

DE SÃO PAULO, [s.d.]).

Em Bonn, na Alemanha, em 1999, na COP-5, foram abordados novos temas, como: uso da

terra, mudança no uso da terra e florestas (LULUCF). O COP-6, de Haia, na Holanda, foi tão

atribulado que teve que ser refeito no chamado COP-6,5, novamente em Bonn, em 2000, onde

o Protocolo foi firmado por 181 países. Nas discussões sobressaíram os assuntos de Comércio

de Emissões e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL/CDM). O MDL será

explicado posteriormente com mais detalhes. O Acordo de Marraqueche foi o marco da COP-

7, em Marraqueche, no Marrocos em 2001. Neste acordo havia as regras operacionais para

aplicar o protocolo.

A 8ª COP, realizada em Nova Déli, na Índia, teve o condão de estabelecer as regras para os

projetos de pequena escala, ou seja, de baixo, custo de certificação, com requerimentos

simplificados e menos rígidos, muito embora mantenham as mesmas etapas estabelecidas no

Acordo de Marraqueche (PIRES, 2006).

Em dezembro de 2003 houve a COP-9 em Milão, Itália, direcionada à definição das regras

e procedimentos para desenvolvimento de projetos de florestamento e reflorestamento no

âmbito do MDL (LORA, 2008).

Na décima COP, marcada pela expectativa dos mais de 200 países signatários pela entrada

em vigor do Protocolo de Quioto em 2005, além da recente adesão da Rússia e a nível

brasileiro pela divulgação da Primeira Comunicação à Convenção do Clima pelo Inventário

Nacional de Emissões de GEE, não sendo o primeiro a fazê-lo, pois, o Uruguai à época já

editava sua quinta comunicação. Um fator interessante foi a controvérsia, exposta pela Arábia

Saudita com relação a mudanças climáticas e as adaptações necessárias como redução do

consumo de combustíveis fósseis, tentando envolver os países em desenvolvimento e as

consequências a curto e médio prazo para estes. Entretanto havia a preocupação no futuro

Page 26: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

14

com o começo da segunda fase do período de cumprimento do protocolo que se iniciaria em

2013 (GOVERO DE SÃO PAULO, [s.d.]).

A Conferência de Montreal, no Canadá, em 2005, o COP-11 aconteceu em conjunto com

1º Conferencia das Partes na qualidade de Reunião das Partes do Protocolo de Quioto (CMP/

MOP) onde as decisões primordiais foram sobre o segundo período do Protocolo, nas quais

algumas instituições européias defendiam reduções de emissões de no máximo 30% num

prazo até 2030, além da IC e as emissões de GEE provenientes do desmatamento em países

em desenvolvimento.

A cidade de Nairóbi, Quênia, foi palco da COP-12/MOP-2, realizado em 2006, já que tinha

alguns precedentes de incômodo para as negociações como a recusa para ter redução de

emissões dos países em desenvolvimento através de carta enviada ao G-8 (EUA, França,

Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália, Canadá e Rússia) em 2005, e segundo Pires (2006) na

qual Brasil, China, Índia, México e África do Sul declararam suas prioridades e intenções em

relação ao processo de mudanças climáticas e às futuras negociações do Protocolo de Quioto.

As metas também são discutidas e chega-se a um possível valor de 50% até 2050.

O MOP-3 decidiu que os países em desenvolvimento do Protocolo que são particularmente

vulneráveis aos efeitos adversos da mudança climática são elegíveis para um fundo financeiro

de políticas de adaptação para colaborar nos custos dessas políticas. Esse Fundo deve

financiar projetos concretos de adaptação e programas nacionais baseados nas necessidades e

prioridades das partes elegíveis. Criou-se a entidade Adaptation Fund Board para a gestão,

composto por 16 membros entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, com decisões por

consenso ou pelo menos por dois terços da maioria presente (CARNEIRO et al, 2008).

A aprovação do “Bali Roadmap” (O caminho de Bali), resultando no Plano de Ação de

Bali, documento de diretrizes para novas negociações a partir de 2009 que seria discutido

novamente em Copenhague, na Dinamarca, durante o COP-15. Este documento incluía todos

os países desenvolvidos, mesmo os que não participavam do Protocolo de Quioto, para definir

compromissos de redução de emissões.

Na edição do COP-14/MOP-4, em Poznan, Polônia, momento de transição para o segundo

período, foi introduzido o conceito de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação

Florestal (REDD) que será tratado no período pós-Quioto, e ainda tem processos

metodológicos indefinidos, estando assim em aberto para discussão. Mas essa possibilidade

trouxe uma nova visão para empreendedores brasileiros que vêem na entrada de possíveis

compradores norte-americanos no mercado de carbono como alvo, por exemplo, para projetos

de biocombustíveis (Marcovitch, 2009).

Page 27: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

15

O conturbado COP-15, foi marcado pelo “Acordo de Copenhague”, não aceito

unanimemente, onde foi necessária uma afirmação pela ONU para que fosse considerado

oficial (FARIA, 2010).

Os três pontos principais desta conferência foram: o financiamento de recursos que serão

destinados aos países em desenvolvimento; a redução na emissão de poluentes para os países

desenvolvidos (devido ao fato de que a maior parcela das emissões globais, históricas e atuais,

de GEE é originária desses países); e às obrigações para os países em desenvolvimento (que

se acham prejudicados por ter que limitar o crescimento). E teoricamente não se alcançou os

objetivos nela, pois nada pode ser formalizado definitivamente (FERNANDES, 2010).

É esperado, contudo, que até novembro de 2010, data da COP-16 em Cancun no México,

propostas novas para medidas de adaptação e mitigação contra as emissões antropogênicas

sejam feitas.

2.2 O PROTOCOLO DE QUIOTO

Síntese dos resultados das COP's “3, 6 e 7”, o Protocolo de Quioto é datado de 1997,

quando foi vinculado a Convenção-Quadro e aos seus princípios, onde os países se

comprometeram a reduzir em 5% as emissões de GEE comparados a 1990. Como citado no 2º

relatório do IPCC, e no âmbito da UNFCCC, os GEE são: Dióxido de Carbono (CO2),

Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs –

como, por exemplo: perfluormetano CF4 e perfluoretano C2F6) e Hexafluoreto de Enxofre

(SF6).

Segundo Pires (2006), no texto estabelecem-se as diretrizes, ações e responsabilidade para

as partes, de acordo com os grupos de países relacionados em cada Anexo da Convenção-

Quadro. Foram divididos em três subgrupos: Anexo I, Anexo II e Não-Anexo I.

Assim como tratado anteriormente e, de acordo com Lora (2008), a CQNUMC estabeleceu

que a responsabilidade de reduzir as emissões de GEE é comum aos países todos os países

membros, porém como já evidenciado pela separação dos anexos os países desenvolvidos e

economias em transição devem ser os primeiros a estabelecer metas de redução de suas

emissões, pois estes vêm poluindo há mais de 150 anos enquanto que os países em

desenvolvimento não possuem metas de redução.

Pelo Artigo 2 são definidas as obras e providências a serem tomadas pelos países de Anexo

I. Os países são obrigados pelo Artigo 3 do Protocolo à: “As Partes incluídas no Anexo I

devem, individual ou conjuntamente, assegurar que suas emissões antrópicas agregadas,

Page 28: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

16

expressas em dióxido de carbono equivalente, dos gases de efeito estufa listados no Anexo A

não excedam suas quantidades atribuídas, calculadas em conformidade com seus

compromissos quantificados de limitação e redução de emissões descritos no Anexo B e de

acordo com as disposições deste Artigo, com vistas a reduzir suas emissões totais desses

gases em pelo menos 5 por cento abaixo dos níveis de 1990 no período de compromisso de

2008 a 2012” (MCT, 1997).

Para que estes projetos sejam aceitos, segundo Lora (2008), o projeto deve respeitar alguns

critérios tais como: a aprovação das Partes envolvidas; a promoção da redução de emissões

por fontes ou aumento das remoções por sumidouros que sejam adicionais aos que ocorreriam

na ausência do projeto; conformidade em relação aos inventários nacionais de emissões de

GEE e que a aquisição de unidades de redução seja suplementar às ações domésticas

realizadas como cumprimento dos compromissos estabelecidos.

O protocolo se prolongou em não só fixar metas e especificar diretrizes, mas também

outros mecanismos de flexibilização entre as Partes, ou seja, além das fronteiras e que

poderiam gerar oportunidades de negócios, são elas:

Implementação Conjunta (IC/JI): identificada no Artigo 6 do Protocolo, seria o

desenvolvimento de projetos especificamente nos países do Anexo I da CQNUMC, podendo

assim um país que esteja no Anexo B obtenha URE's por esses projetos para diminuir suas

emissões, geradas pela diferença da linha de base estabelecida e as emissões do projeto, que é

menor, contabilizadas como Unidades de Remoção (URM/RMU), ou seja, remoções ou

sumidouros nas cotas de redução do pais que implementou. O cenário de linha de base é o

cenário hipotético que representa as emissões antrópicas de GEE que ocorreriam dentro dos

limites do projeto, caso ele não existisse. A linha de base também é definida como o cenário

de referência (business as usual), que é o cenário previsto para o setor, se consideradas as

práticas usuais como também as opções economicamente viáveis (MCT, 1997).

Comércio de Emissões (CE/ET): vista no Artigo 17, assim como o nome já diz seria a

negociação e aquisição de quotas de emissão entre os países do Anexo I, para que pudessem

cumprir com seus compromissos. Lembrando que, nesse mecanismo, as metas de redução de

cada país são expressas como níveis de emissões permitidas, as Unidades de Quantidades

Atribuídas (UQA/AAU) para o período de compromisso de 2008 a 2012, e os países podem

negociá-las. Segundo Pires (2006), o sistema é baseado no esquema de cap-and-trade, usado

nos EUA como forma de reduzir as emissões de SO2, causador da chuva ácida que afeta

aquele país.

Page 29: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

17

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL/CDM): forma mais ativa para

participação dos países Não-Anexo I, também chamados de países em desenvolvimento,

sendo auxiliados pelos países do Anexo I da CQNUMC, para que possam desenvolver

projetos, que acarretarão na produção de Reduções Certificados de Emissões (RCE/CER) que

podem ser negociadas com os países do Anexo I a fim de estes cumpram com suas metas

(LORA, 2008).

2.3 O MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL)

O MDL, como é mais conhecido, é fruto de uma idéia pioneira do Brasil feita em 1997,

que visava à criação de um Fundo de Desenvolvimento Limpo que usaria como forma de

arrecadação uma espécie de multa sobre os países desenvolvidos que não cumprissem suas

metas a fim de que esses pudessem investir em projetos de desenvolvimento sustentável que

evitassem ou reduzissem emissões, entretanto, a princípio foi recusado pelos países do Anexo

I. Contudo, ao juntar esse método ao de implementação conjunta foi possível desenvolver

através da substituição do fundo por um investimento, o MDL (UNCTAD, 2009).

Segundo São Paulo ([s.d.]), durante o processo existiram dificuldades, discutidas no COP-

6, na Holanda quanto à:

1. Suplementariedade: cujo objetivo é o de garantir que a maior parte da redução de

emissão ocorra dentro do território de cada um dos países (medidas internas), devendo,

portanto, ser estipulados limites quantitativos para o uso dos mecanismos de compensação.

2. Adaptação: consiste nas medidas que os países devem tomar para se adaptarem aos

efeitos negativos da mudança do clima. Os países desenvolvidos devem também auxiliar os

países em desenvolvimento, particularmente vulneráveis aos efeitos negativos da mudança do

clima, a cobrirem os custos de sua adaptação a esses efeitos negativos.

3. Construção de capacidade: implica no investimento de recursos em formação de pessoal

para tratar questões como desenvolvimento de inventários, pesquisa e observação sistemática,

educação, treinamento e conscientização pública e transmissão de informações relativas à

implementação, inclusive dos projetos certificados no âmbito do MDL.

4. Transferência de tecnologia: consiste na transferência de conhecimento técnico e

necessário à implementação das disposições da Convenção, com o objetivo de redução líquida

de emissão de GEE, o que inclui, entre outros, investimentos em eficiência energética,

desenvolvimento de fontes renováveis de energia e técnicas de sequestro de carbono.

Page 30: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

18

5. Adicionalidade: consiste no fato de que, para que um projeto seja elegível, ou seja, possa

ser certificado como MDL, as taxas de acúmulo de carbono devem ser adicionais à linha de

base (baseline) do projeto, ou seja, devem ocorrer acúmulos adicionais aos acúmulos que

ocorreriam independentemente da implantação do projeto (art. 12, §5º, “c”, do Protocolo de

Quioto). Traduzindo matematicamente: X – Y = Adicionalidade, onde X é a emissão sem a

implantação do projeto, e Y a emissão com o projeto de redução”.

Os projetos de MDL, assim como descrito acima podem ser realizados de forma unilateral

pelos países Não-Anexo I, ou podem contar com a participação de países do Anexo I.

Segundo Nogueira (2007), a partir de então, definiu-se que as empresas que não forem

capazes (ou não desejarem) diminuir suas emissões poderiam comprar os CER‟s de países ou

empresas localizadas em áreas em desenvolvimento, que deverão usá-los como mecanismo de

implementação de políticas para o desenvolvimento sustentável.

Deve se salientar fundamentalmente, como explicado em UNCTAD (2009) que as CER‟s

são definidas como: “Uma unidade de CER é igual a uma tonelada de CO2 equivalente (com

unidade - t CO2e) calculada de acordo com o Potencial de Aquecimento Global (Global

Warming Potencial - GWP). O GWP serve para comparar e somar as quantidades dos

diversos GEE em termos de CO2 equivalente. Para o primeiro período de compromisso (2008-

2012), deve ser adotado o GWP para 100 anos, publicado no Segundo Relatório de Avaliação

do IPCC ... (UNCTAD, 2007, pag. 23)”.

Assim, a CER também é comumente chamada de “crédito de carbono”.

De acordo com Lora (2008), as emissões reduzidas elegíveis para um projeto MDL

correspondem à diferença entre o cenário de linha de base e a redução de emissões propostas

pelo projeto. No caso de projetos que demonstrem aumento da eficiência no uso de

eletricidade e geração de eletricidade a partir de fontes renováveis para injeção na rede, deve-

se estabelecer a proveniência da energia elétrica deslocada pelo projeto. É necessário também

se determinar qual tipo de fonte primária (gás natural, óleo combustível, carvão mineral,

hidroeletricidade ou nuclear) estaria gerando eletricidade para a rede em questão, no cenário

de referência (ausência do projeto) e a energia que virá a ser economizada ou substituída pelo

projeto.

Critérios específicos são aplicados para se tornar um projeto elegível, como a

adicionalidade, que leva em consideração os aspectos ambientais e também econômico-

financeiros, onde é possível se definir 3 tipos de orientação como constava no Acordo de

Marraqueche:

Emissões atuais existentes ou históricas, conforme o caso, ou;

Page 31: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

19

Emissões de uma tecnologia economicamente atrativa, levando-se em conta as

barreiras ao investimento;

Média das emissões de atividades de projeto similares realizados nos cinco anos

anteriores, em circunstâncias sociais, econômicas, ambientais e tecnológicas similares, e

cujo desempenho esteja entre os primeiros 20% de sua categoria.

Para que se garantisse a seguridade e veracidade dos projetos foram estabelecias

instituições responsáveis para que sejam submetidos os projetos, são eles:

Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes do Protocolo de Quioto

(COP/MOP): tem por objetivo regulamentar e fiscalizar a implantação do Protocolo de

Quito, todas as entidades estão sob a supervisão dela.

Conselho Executivo do MDL (CE-MDL / EB-CDM): criado na COP-7, este órgão é

responsável pelas metodologias dos MDL, e é composto por representantes da Partes com

capacidade técnica para analisar os projetos (UNCTAD, 2009).

Autoridade Nacional Designada (AND/DNA): Como principal característica da AND

é comprovar que é voluntária a intenção de cada Parte envolvida e a sustentabilidade do

projeto pra a Parte anfitriã, ou seja, que hospeda o projeto. Assim ela emitirá uma Carta de

Aprovação (CA/ LoA) para a confirmação. No Brasil, a Comissão Interministerial de

Mudança Global do Clima – CIMGC é a autoridade designada para aprovar os projetos de

MDL, ela encontra-se sob a gerência do MCT.

Entidade Operacional Designada (EOD/DOE): segundo UNCTAD (2009), é uma

certificadora credenciada pelo CE-MDL e designada pela COP/MOP, que garante as

atividades do projeto estão aplicando corretamente as normas e os procedimentos

estabelecidos. No Brasil, exige-se, adicionalmente, que a EOD esteja legalmente

estabelecida no país.

As etapas fundamentais do projeto envolvem primeiramente, a Elaboração do Documento

de Concepção do Projeto (DCP/PDD). Nesta fase se produz um documento com todas as

informações pertinentes ao projeto, onde se caracteriza o empreendimento, demonstração da

adicionalidade e os cálculos, as metodologias aplicadas, os limites de projeto, período de

obtenção de créditos, planejamento para monitoramento, entre outros.

O DCP é encaminhado então para avaliação da EOD, com isso é feito um Relatório de

Validação (Validation Report) e em caso de Validação/Aprovação este projeto será submetido

para Registro no CE-MDL, onde este último emite um parecer formal, a LoA. Assim, é

esperado um período para quantificar as emissões de GEE e será condicionada a emissão de

Page 32: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

20

CER‟s, esta etapa se chama Monitoramento. E novamente passará pelo aval da EOD para uma

Verificação/Certificação e, aprovada a Emissão das CER‟s, chega-se ao final do ciclo do

projeto (CGEE, 2008). Como pode ser acompanhado pelo gráfico da figura 2 numa forma

esquemática.

Figura 2: Gráfico para representação esquemática do processo (UNCTAD, 2009).

Após se conseguir as CER‟s de uma atividade de projeto de MDL para à utilização final

pelas Partes no Anexo I para cumprimento de parte de suas metas e, em algum momento, este

benefício externo será internalizado na forma de entrada de recursos prevista desde o início da

concepção do projeto. Finalmente, o proponente do projeto terá a oportunidade de receber o

benefício integral da venda dos “créditos de carbono”, pelo preço de mercado, como já tem

ocorrido por meio de negociações privadas ou no âmbito da BM&F Bovespa S.A (UNCTAD,

2009). Existem outras instituições em todo mundo que fazem este comércio, entre elas a

Chicago Climate Exchanges (CCX), o Australia Green Office e o Emissions Trading Group

(NOGUEIRA, 2007).

Como pode ser visto na tabela 1, os escopos setoriais dos tipos de projetos:

Page 33: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

21

Tabela 1: Categorias dos projetos (adaptado de UNCTAD, 2009)

TABELA DE SETORES E FONTES PRINCIPAIS GERADORAS

Setores/ Atividades Fontes Gases

Energia

Queima de combustíveis

Setor energético

Indústrias de transformação e

construção

Transporte

Outros Setores

Emissões fugitivas de

combustíveis

Combustíveis sólidos

Petróleo e gás natural

Outros

Dióxido de Carbono (CO2)

Óxido Nitroso (N2O)

Metano (CH4)

Hexafluoreto de enxofre (SF6)

Processos Industriais

Produtos Minerais

Indústria química

Produção de metais

Outras Produções

Produção de halocarbonos e

hexafluoreto de enxofre

Consumo de halocarbonos e

hexafluoreto de enxofre

Outros

Dióxido de Carbono (CO2)

Óxido Nitroso (N2O)

Metano (CH4)

Hidrofluorcarbonos (HFCs)

Perfluorcarbonos (PFCs)

Hexafluoreto de enxofre (SF6)

Uso de solventes e

outros produtos -

Dióxido de Carbono (CO2)

Óxido Nitroso (N2O)

Metano (CH4)

Hidrofluorcarbonos (HFCs)

Perfluorcarbonos (PFCs)

Hexafluoreto de enxofre (SF6)

Agricultura

Fermentação Entérica

Tratamento de dejetos

Cultivo de arroz

Solos agrícolas

Queimas prescritas de savana

Queima de resíduos agrícolas

Outros

Metano (CH4)

Dióxido de Carbono (CO2)

Óxido Nitroso (N2O)

Resíduos

Disposição de resíduos

sólidos na terra

Tratamento de esgoto

Incineração de resíduos

Outros

Dióxido de Carbono (CO2)

Óxido Nitroso (N2O)

Metano (CH4)

Page 34: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

22

A distribuição global das atividades de projetos registrados na UNFCCC por tipo de

escopo setorial pode ser vista no figura 3:

Figura 3: Distribuição de atividades de projeto registradas por escopo (UNFCCC, 2009)

Pela avaliação do gráfico acima, é possível estabelecer quais os projetos mais procurados

por escopo, nas quais com grande destaque o setor de geração de energia por fontes

renováveis e não renováveis e depois a disposição e gestão de resíduos, e, na sequência, as

emissões fugitivas.

Segundo o Relatório Anual do CE-MDL de 2009, no ano de sua publicação houve um

crescimento de 50% no número de projetos registrados. Existem atualmente mais de 1.900

projetos de MDL registrados em 58 países, e, cerca de 350 milhões de RCE já distribuídas

entre 600 projetos (UNCTAD, 2009).

No que se refere a este trabalho, a elegibilidade dos projetos já é bem discutida. A primeira

regra é contribuir para a redução de emissão de GEE. O balanço de energia entre as

quantidades de energia produzida e consumida (direta e indiretamente) pelo empreendimento

tem que ser positivo, ou seja, haver excedente. O conteúdo energético do produto final, dos

coproduto e dos resíduos do processo devem estar no balanço de energia. Deve contabilizar

emissões diretas e indiretas para se comparar o cenário da linha de base e o de implantação do

projeto.

Page 35: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

23

O consumo direto é composto de consumo de combustíveis e de eletricidades que são

produzidos externamente ao empreendimento. O indireto por sua vez de energia para

produção de demais insumos (químicos e outros) utilizados nas atividades agrícolas e

industriais. E também o Transporte, para o consumo para o deslocamento de insumos

agrícolas e industriais e de todos os produtos que saem e entram na usina. Os veículos

motorizados utilizados nas diversas etapas de produção – operações agrícolas e transporte –

consomem óleo diesel em quantidades tais que influenciam o balanço energético.

Depois a “Contribuição para o Desenvolvimento Sustentável”: nas vertentes ambiental,

econômica, social e técnica. Do ponto de vista ambiental, além da redução de emissões tem-se

ainda a melhoria da qualidade do ar. O econômico age na geração de renda e a estabilidade

macroeconômica do país. O crescimento do setor e a competição na oferta de produtos

influenciam o desenvolvimento técnico. E a geração de empregos pela procura de mão-de-

obra é o foco social.

A “Participação Voluntária”: um projeto tem que vir de uma iniciativa espontânea, não

requerida pela legislação, ou seja, não haja obrigatoriedade de sua implementação.

Outra que é muito discutida, a “Adicionalidade”: O projeto tem que contribuir de uma

forma que, se ele não existisse, não ocorreria nada. Assim, sem o projeto, a linha de base

permaneceria a mesma, emitindo mais. Outra vertente seria a financeira, pois o projeto pode

não ser atrativo em função de custos de investimento (bens, serviços e capital) e/ou de

operação (insumos, pessoal e tributos), deste modo, a receita advinda dos créditos de carbono

complementaria a receita do empreendimento, viabilizando o projeto. No caso do etanol, a Lei

10.696, de 2 de julho de 2003 (BRASIL, 2003), estipula uma adição de 20% a 25% de etanol

anidro à gasolina, tornando assim, a iniciativa de produção e uso para este nível de ação, não

adicional. Contudo, neste trabalho, a proposta de adicionalidade seria aumentar a proporção

aquém da qual a lei exige, tornando-se assim um método elegível desde que não altere as

propriedades mecânicas e o rendimento dos automóveis. Além disso, é importante frisar que

se não fossem considerados os impostos, e se o etanol fosse mais caro que a gasolina tornaria

esse tipo de projeto a opção mais atrativa financeiramente também.

Na elaboração dos projetos devem se levar em consideração as metodologias da

CQNUMC, específicas para uso de cogeração por bagaço de cana, e podem ser vistas, no site

da CQNUMC. Para projetos de grande e pequena escala, a Tabela 2.

É necessário que um projeto possa gerar de créditos, e, a partir daí, contabiliza-lo também

nos cenários presente e futuro, para se estimar o potencial das emissões equivalentes de CO2.

Page 36: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

24

Por isso, foi selecionado como recurso para geração de créditos todo o projeto que esteja

envolvido na produção e uso do etanol de cana-de-açúcar.

Tabela 2: Metodologias para projetos de MDL (EPE, 2009c)

2.4 MERCADO DE CARBONO

Como existe mais de mecanismo de flexibilização houve a adequação de unidades

específicas para cada uma. O sistema de registros foi uma forma de garantir a transparência e

a credibilidade dos sistemas de transação de créditos e tem suas subdivisões como MDL (para

projetos), Nacionais (para inventários de contabilização própria) e o International Transaction

Log - ITL (pelo qual passam todas as transações sejam elas emissões, transferências,

aquisições, cancelamentos, vencimentos, substituições, recolhimentos ou adiamentos), e este

ultimo foi ligado recentemente ao registro da Comunidade Européia (CITL), permitindo,

assim, maior liquidez ao mercado de carbono (UNCTAD, 2009). A tabela 3 mostra alguns das

unidades:

Page 37: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

25

Tabela 3: Unidades existentes (adaptado de UNCTAD, 2009).

Sigla da Unidade:

em inglês

(em português)

Unidade Significado

AAU

(UQA)

Assigned Amount Unit

(Unidade de Quantidade Atribuída)

Unidades alocadas baseadas

nos níveis de emissão a serem

atingidos

RMU

(URM)

Removal Unit

(Unidade de Remoção)

Unidades adicionais criadas

pelas Partes no Anexo I para

remover CO2

ERU

(URE)

Emission Reduction Unit

(Unidade de Reduções de

Emissões)

Unidades convertidas sob o JI

CER

(RCE)

Certified Emission Reduction

(Reduções Certificadas de

Emissões)

Unidades adicionais do MDL

A diversidade das moedas de troca é uma forma de suprir os outros mercados adaptados as

situações das partes que surgiram para fomentar o comércio específico. Segundo Lora (2008),

essas são atividades fora do âmbito do Protocolo de Quioto com programas regionais com

metas de redução como o European Union's Emissions Trading Scheme (EU ETS) e

voluntários ao redor do mundo, com destaque para a bolsa americana CCX, a Européia

European Climate Exchange (ECX), a indiana Multi-Commodity Exchange (MCX), o

mercado alemão à vista (spot) New Values/Climex, dentre outras iniciativas na Áustria,

Noruega, Inglaterra, e outros países.

Em 2009, segundo o jornal Estadão (2010) o mercado de carbono mundial chegou a

US$136 bilhões, mais que os US$ 133 bilhões de 2008 e mais que o dobro de 2007, quando o

total foi de US$ 58 bilhões. Este mercado pode que pode crescer 33% em 2010.

Em 2005, o conjunto de instituições, regulamentações, sistemas de registro de projetos e

centro de negociação em processo de implementação no Brasil, pela BM&F

BOVESPA/BVRJ, em convênio com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior (MDIC), visando estimular o desenvolvimento de projetos de MDL e viabilizar

negócios no mercado ambiental de forma organizada e transparente, criou o Mercado

Brasileiro de Redução de Emissões (BM&F, 2010).

No Brasil, existe o banco de projetos BM&F BOVESPA, um sistema eletrônico para

registro de informações relacionadas a projetos de MDL que já tenham sido validados por

uma EOD ou que ainda estejam em fase de estruturação. Além disso, investidores

qualificados poderão divulgar suas intenções em adquirir no mercado créditos já gerados ou

que estejam em processo de geração por projetos de MDL.

Page 38: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

26

Existem duas linhas principais de inserção do Brasil no mercado de carbono. A primeira é

por meio de projetos do MDL que têm sido realizados no país com investimento de países

desenvolvidos. Dados do MCT mostram que em agosto de 2010 o Brasil apresentava 460

atividades de projetos de MDL, que significa desde projetos em alguma fase do ciclo até

projetos já aprovados - esses totalizam 175, atualmente -, representando uma redução anual

estimada em 393,5 milhões de toneladas de carbono equivalente. Isso faz do Brasil o terceiro

no ranking de MDL, como na figura 2.3:.

Figura 4: Porcentagem de projetos por país (MCT, 2010b).

O país com maior número de projetos é a China, com 2487 projetos e redução anual de

emissões estimada em 3,48 bilhões de toneladas de carbono equivalente, seguida da Índia,

com 1769 projetos e redução anual de emissões projetada em 1,78 bilhões de toneladas de

carbono equivalente. Atualmente, o total de projetos em MDL é de 6567, que resultam em

uma redução anual de emissões estimada em 7,47 bilhões de toneladas de carbono equivalente

para o primeiro período de obtenção de créditos (MCT, 2010).

Ainda constam as informações, pelo MCT, de que do total de projetos de MDL no Brasil,

66% estão relacionados ao CO2, 32% ao CH4 e 1,1% ao N2O e 0,4% de PFCs. Em relação ao

Page 39: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

27

escopo setorial, 50,7% dos projetos são de energia renovável, 16,5% de suinocultura, 9,8% da

substituição de combustível fóssil, 7,8% de aterros sanitários e os restantes divididos em

outras atividades.

2.5 O SETOR SUCROALCOOLEIRO NO BRASIL

2.5.1 Mercado de etanol e tecnologias de produção

A matriz energética brasileira é considerada uma das mais limpas em termos de emissão de

GEE devido à participação de fontes renováveis, especialmente hídrica e de biomassa. Os

principais recursos energéticos de biomassa presentes na matriz energética brasileira são

lenha, carvão vegetal e os produtos derivados da cana-de-açúcar, tais como etanol e o bagaço

(BATISTA et al., 2010).

O etanol ou álcool etílico (CH3CH2OH) de biomassa é proveniente de plantas ricas em

açúcares, amido ou material celulósico, cujo processo de fabricação envolve a fermentação do

açúcar e posterior destilação do vinho bruto. No caso da utilização de material rico em amido

ou celulose, faz-se necessária uma etapa anterior que envolve a sua quebra para obtenção do

açúcar. O etanol hidratado, teor alcoólico de 95%, é utilizado diretamente como combustível

veicular. O etanol anidro tem teor alcoólico de 99,5% de etanol e é usado como aditivo à

gasolina, substituindo o chumbo tetraetila por razões ambientais e melhorando o desempenho

dos motores. As montadoras de veículos no Brasil desenvolveram e produzem motores

especialmente adaptados para o uso de etanol hidratado (E100), bem como para o

funcionamento com gasolina em mistura com etanol anidro (o gasool, hoje, na proporção de

23%) e motores combustíveis que podem funcionar tanto com E100 como com gasool (EPE,

2009b).

Nos dados da matriz energética mundial 2030, vistos em MME (2007), era evidente a

redução (até antes de se encontrar o pré-sal) da oferta de combustíveis fósseis (petróleo e seus

derivados) e, inversamente, o aumento de biomassa de cana-de-açúcar, sendo o Brasil um dos

líderes mundiais desta matéria-prima e de seus subprodutos, o açúcar e o etanol. A expansão

nacional se deve ao fato do crescimento da demanda interna e externa por etanol, para uso

como etanol combustível nas suas duas formas de aproveitamento: o etanol anidro para

mistura com a gasolina e como etanol hidratado para uso em automóveis do tipo

bicombustível.

A cana-de-açúcar teve crescimento expressivo nos últimos anos e alcançou uma incrível

porção de 18,1%, sendo demandado, em 2009, apenas menos que petróleo e derivados, com

Page 40: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

28

37,8%. Nesse mesmo ano, as fontes renováveis contribuíram com 47,3% da energia total

consumida no País, enquanto a média mundial ficou em 13,9% (MME, 2010).

A área cultivada de cana-de-açúcar no país é estimada em 8,92 milhões de hectares

enquanto que a área colhida foi de 8,14 milhões de hectares (MAPA, 2010a). Só na região

Centro-Sul são 7,9 milhões de hectares. As unidades produtoras no Brasil, segundo o MAPA

(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) são 432, sendo 19 só de açúcar, 162 de

etanol e 251 mistas (MAPA, 2010b).

Segundo Mapa (2010b), a produtividade brasileira de açúcar é de 138 kg/t e a de etanol 82

l/t como produto final. Sendo que a Região Centro-Sul concentra a maioria da produção

nacional de cana-de-açúcar, o estado de São Paulo é o maior estado produtor, seguido de

Minas Gerais e Paraná. Já no eixo norte do país, devido às condições climáticas

desfavoráveis, a produção é reduzida.

Na região centro-sul a área de cana disponível para colheita tem crescido

consideravelmente, na relação entre as safras de 2007/2008 e 2008/2009 foram 15,7% de

aumento (UNICA, 2010a).

É também importante lembrar, como disse Lora (2008), que a cultura da cana-de-açúcar no

Brasil apresenta tradicionalmente dois períodos distintos de colheita: na região Norte-

Nordeste a safra vai de setembro a março e, na região Centro-Sul, vai de maio a novembro.

O mapa mostrado pela Figura 4 exibe em vermelho as áreas de concentração de plantações

e usinas produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade.

Os dados da última safra (2008/2009) disponíveis pela Unica (2010b) mostram que houve

o processamento de aproximadamente 570 milhões de toneladas, onde predomina como maior

produtora a região Centro-Sul com 89% do total. Eventualmente, parte da cana inicialmente

disponível para colheita pode não ser processada na safra, devido a fatores como regime de

chuvas e disponibilidade de equipamentos de colheita e transporte, entre outros (UNICA,

2010b).

Page 41: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

29

Figura 5: Mapa de produção do setor sucroalcooleiro (UNICA, 2010a).

Ainda no contexto nacional, houve a produção de 31 milhões de toneladas de açúcar e 27,5

bilhões de litros de etanol, sendo 66% de Etanol Hidratado. Em outros lugares do mundo a

cana ainda está sendo pouco explorada, mas os países que se destacam logo atrás do Brasil

são Índia e China, com 356 e 106 milhões de toneladas produzidas, respectivamente (MAPA,

2010a), e, fato notável é a produtividade encontrada na China com 86 kg/ha, enquanto Brasil

e Índia conseguem 77 e 72 kg/ha, respectivamente.

No contexto internacional, as exportações brasileiras de etanol chegaram a 4.684 milhões

de litros gerando uma receita de 2,2 milhões de dólares na ultima safra. E o açúcar saiu do

país na base de 19,5 mil toneladas com US$ 5,5 mi (MAPA, 2010a).

Órgãos governamentais brasileiros e grandes investidores estrangeiros, preocupados com a

visibilidade do setor no mundo vêm aumentando a severidade quanto aos cuidados ambientais

que abrangem a produção já que são condições exigidas para que se haja a comercialização. O

corte manual antecedido pela queima de palha para se facilitar a função do trabalhador

(podendo aumentar três vezes seu rendimento comparando-se com a mesma situação na

ausência deste procedimento) é um dos fatores que mais se espera diminuir ao longo dos anos,

pois este procedimento emite GEE, fumaça e material particulado para a atmosfera e oferece

riscos de saúde.

É importante citar os subprodutos com potencial energético, destacando-se o bagaço e a

palha, sendo o primeiro amplamente utilizado como combustível na alimentação de caldeiras

Page 42: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

30

das usinas, e o segundo com perspectivas de utilização como combustível economicamente

viável dentro de um período de até 20 anos como citado em Oliveira (2007).

Na fase agrícola, constata-se a produtividade de 87,1 t/ha, considerando um ciclo completo

de 5 cortes. Com o detalhe que a colheita mecanizada vem crescendo e isso afetará ainda o

montante alcançado. Ainda, CTC (2006) apud Seabra (2008) diz que é esperado que houvesse

adoção do plantio mecânico em substituição das operações distintas de sulcação, adubação e

distribuição das mudas. Por conta de possíveis acordos entre governos e produtores, a colheita

da cana deverá mudar gradativamente da queima prévia para a colheita mecanizada. Apesar

disso, por enquanto só a UNICA assinou um protocolo de intenções no qual as suas

associadas acetam, individual e voluntariamente, eliminar a prática da queima até 2014 nas

áreas mecanizáveis, e até 2017 (SEABRA, 2008).

Com a mecanização, outra questão será abordada, que seria a palha disponível para reuso

como recurso energético. O transporte até a usina teria que ser efetivado juntamente com a

cana, para que fosse separado lá limpo a seco para posterior utilização como combustível

(HASSUANI et al, 2005).

A área da plantação é dividida entre dois terços de planta-cana e um terço de soqueira.

Macedo et al. (2004) apresentam valores representativos que caracterizam a produção de

cana-de-açúcar no Brasil. Quanto à forma de colheita, as seguintes participações são

observadas:

Colheita manual – 65%

Colheita mecanizada – 35%

Colheita com cana crua – 20%

Colheita com cana queimada – 80%

O esquema da fase agrícola pode ser visualizado pela figura 6.

Na fase industrial, por causa das vantagens de se produzir açúcar e etanol

simultaneamente, Macedo et al (2008) afirma que a maioria das configurações das moendas

no Brasil é do tipo integrada, ou seja, que tem a destilaria anexada a moagem, mas para

facilitar a avaliação de energia e fluxo de materiais, neste trabalho se considerou só a

produção do etanol.

Page 43: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

31

Figura 6: Fase agrícola da produção de cana-de-açúcar (EPE, 2009b).

O esquema de produção é basicamente o mesmo de uma usina integrada: o processo

começa com a limpeza e moagem de cana, quando o caldo é separado do bagaço (que é

enviada à seção de energia). O caldo tratado e levemente concentrado segue para a

fermentação, produzindo o vinho, o que resultará em etanol hidratado após a destilação, o

etanol hidratado pode ser estocado como produto final ou desidratado para produzir o etanol

anidro. O rendimento do processo depende da qualidade da cana (teor de sacarose) e da

eficiência na utilização da sacarose. Atualmente a eficiência industrial (recuperação de

açúcar) é de cerca de 90% e é difícil esperar uma grande evolução, considerando as

tecnologias comerciais de hoje apenas. Os produtos da cogeração são vapor e eletricidade

para o projeto (MACEDO et al, 2008). A figura 7 mostra o processo industrial.

Considera-se neste trabalho que a unidade industrial é autosuficiente em eletricidade. Na

realidade, há usinas com processos de cogeração ineficientes, que ainda necessitam adquirir

energia elétrica externa, e usinas com unidades de cogeração modernizadas que geram e

comercializam excedentes de energia elétrica. Contudo, o que for gerado por cogeração foi

discutido no capítulo anterior.

Page 44: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

32

Figura 7: Fase industrial da produção de etanol (EPE, 2009b).

O transporte do produto (etanol anidro e hidratado) também é especificado por ter

novamente envolvidos veículos que consomem diesel e, por conseguinte geram GEE. Essa

logística é feita culturalmente no Brasil pelo meio rodoviário. Mas de forma simplória o

etanol vai até os centros de distribuição, em que é misturado o etanol anidro à gasolina,

formando o gasool, para que daí seja transportado para os postos de abastecimento.

Para essa distribuição final direta aos postos, não existe estudo que dia a distância média, e

por isso, foram adotadas os valores encontrados na região Centro-Sul do Brasil, o que não

deve divergir muito da média nacional. Para uma equivalência do montante em transição,

adotou-se um tamanho médio de caminhão tanque de 30 mil litros.

E por ultimo, o uso de etanol precisa antes ser definido por qual tipo de etanol o está sendo

disponibilizado, normalmente de 3 maneiras começando pelo hidratado, ou chamado E100,

por ser somente etanol, ou nessa mesma forma para se usar em carros bicombustíveis (FFV),

e, na mistura com gasolina o tipo anidro, nas proporções de 20 a 25%, regulamentadas por

decretos ano a ano, dependendo da produtividade, o que ocorre normalmente em épocas de

safra ou entresafra. Como já mostrado pela UNICA (2010), o número de carros que podem

usar o etanol como combustível principal aumentou consideravelmente no Brasil desde 2003.

Se todo o processo de produção de bioetanol for considerado, os resíduos consistem na

vinhaça (entre 800 a 1.000 litros por tonelada de cana processada para bioetanol), na torta de

filtro (aproximadamente 40 kg úmidos por tonelada de cana processada) e nas cinzas das

caldeiras. A partir deles, nas plantas brasileiras, tais resíduos são valorizados e efetivamente

constituem subprodutos, que são reciclados e utilizados como fertilizantes, contribuindo para

reduzir, de modo significativo, a necessidade de incorporar fertilizantes minerais e evitar a

demanda por irrigação nos canaviais (BNDES, 2008).

Uma parte desse potencial já é hoje aproveitada, especialmente o bagaço da cana e a lixívia

para produção de energia elétrica, em geral na forma de autoprodução. Mais recentemente,

avanços tecnológicos aumentaram, em muito, a perspectiva de maior eficiência no uso do

bagaço e o aproveitamento da palha na geração de eletricidade e, mesmo, o uso do bagaço

Page 45: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

33

para a produção de etanol celulósico, e futuramente pela hidrólise. Mas, o aproveitamento

mais intenso desse potencial requer, naturalmente, investimentos no desenvolvimento de rotas

tecnológicas para sua recuperação e em equipamentos capazes de recuperar de forma

adequada a biomassa, que hoje é subutilizada ou abandonada no campo, e de transportá-la até

a unidade na qual será processada a transformação (EPE, 2007).

2.5.2 Cogeração

O processo de cogeração consiste em caldeiras a bagaço e turbinas de contrapressão, que

acionam geradores e os equipamentos mais pesados (facas, desfibradores, moendas,

exaustores, bombas de água de alimentação de caldeiras); o vapor exaurido das turbinas é

direcionado para o processo, em um esquema de cogeração pura, onde é utilizado

principalmente na concentração de caldo e destilação do etanol (SEABRA, 2008).

Pode-se observar um esquema de uma usina de cogeração comum no país na figura 8.

Devido a grande diversidade de tipos de equipamentos utilizados, com variáveis como vida

útil (hoje existem máquinas com mais de 25 anos de uso) e classes de pressão de vapor (21,

42 e 65 bar, ou mais) a sua eficiência em gerar energia excedente é bastante discrepante.

Figura 8: Exemplificação de um sistema de cogeração (SEABA, 2010).

Page 46: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

34

Após a desregulamentação do setor elétrico conjuntamente com a lei que permitiu ao

produtor independente de eletricidade ter acesso à rede de transmissão e distribuição mediante

pagamento de uma tarifa controlada pela ANEEL, o objetivo era que o setor elétrico das

usinas passasse a gerar excedentes para a venda. Estas novas tecnologias seriam nada mais

que substituir as caldeiras por outras mais novas de alta pressão, ou seja, maiores que 40 bar,

como também turbogeradores, com extração a 22 bar. As turbinas desses turbogeradores

passariam de um estágio para multi-estágios, o que faria aumentar a quantidade de vapor,

gerando mais energia excedente (SEABRA, 2008).

Um exemplo dessa evolução está na figura 9.

Figura 9: esquema de uma usina com tecnologia de alta-pressão (SEABRA, 2010).

Com efeito, a maioria das usinas de cana-de-açúcar em todo o mundo produzem grande

parte da energia de que necessitam. No Brasil, particularmente, as usinas usualmente são

autosuficientes e, com frequência, ainda conseguem exportar excedentes cada vez mais

relevantes de energia elétrica para a rede pública, graças à crescente utilização de

equipamentos de melhor desempenho (BNDES, 2008).

Page 47: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

35

A rede por si só, movida pela geração a base de hidroeletricidade, tem limitações para

prover a energia que a demanda necessita e por isso a bioeletricidade da cana poderia

complementar sua geração, principalmente nos meses em que ocorre a estiagem e os

reservatórios perdem volume. E que simultaneamente é a época da safra da cana-de-açúcar no

Centro-Sul, o que garantiria uma segurança maior para o setor, como visto na figura 10.

Figura 10: Gráfico de comparação das energias fluentes e a moagem de cana (UNICA, 2010c)

Porém, não são todas as unidades que geram eletricidade que as fornecem para a rede

interligada, pois só conseguem suprir seus gastos para serem autosuficientes, ou seja, não

possuem excedentes que possam ser deslocados e vendidos. Uma grande dificuldade que é

apontada por Silvestrin (2010), o entrave da conexão das usinas de cogeração à rede que

existe ainda, pois há um grande volume da geração distribuída na rede. Cabe ao governo

facilitar que o capital privado seja a solução estratégica para que possam evoluir e adquirir os

equipamentos mínimos que as tornem capazes de contribuir e, assim, ao influenciar e

principalmente o preço da energia, lucrar com a bioeletricidade.

No entanto, esses benefícios não vêm sendo devida e corretamente precificados nos leilões

de energia nova realizados no Brasil. Os resultados dos leilões indicam uma aparente falta de

competitividade da bioeletricidade em relação a outras fontes de energia. A pretensa falta de

competitividade é o resultado da metodologia de contratação dos leilões que não aufere

corretamente os benefícios da bioeletricidade para o sistema elétrico brasileiro derivados da

sua natural complementaridade com o parque hídrico (UNICA, 2010b).

Page 48: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

36

Dentre elas, destacam-se a hidrólise da biomassa para a produção de etanol e a recuperação

da palha deixada no campo. O processo de hidrólise consiste no rompimento das ligações

químicas existentes entre as unidades de glicose que constituem a celulose presente nos

vegetais. O desenvolvimento de um processo de hidrólise economicamente viável da matéria-

prima celulósica pode resultar em um aumento significativo do rendimento do processo de

produção de etanol, além da possibilidade de produzir etanol a partir de qualquer matéria-

prima de origem vegetal (EPE, 2007).

Já para efetuar a recuperação da palha deixada no campo são necessárias apenas algumas

adaptações ao processo de colheita da cana. A disseminação dessa prática pode permitir um

aumento na quantidade de biomassa disponível para a geração de calor e eletricidade,

direcionando o bagaço da cana que hoje é queimado nas caldeiras das usinas para a produção

de etanol a partir do processo de hidrólise (EPE, 2007).

Num cenário futuro, de acordo com Lora (2008) é possível se alcançar diversos patamares

tecnológicos para o setor sucroalcooleiro.

2.6 SUBSTITUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

Das muitas maneiras de se reduzir as emissões de GEE, algumas têm um fator muito

importante devido ao poder de poluição das áreas que as afetam. O uso de combustíveis

fósseis está hoje diretamente relacionado com o consumo por meios de transportes, sejam eles

terrestres, aéreos ou marítimos. Como o meio de transporte urbano mais difundido desde a

metade do século passado no mundo é o automóvel, que em 2008, já havia passado de 1

bilhão de unidades a nível mundial segundo a OICA (Organização Mundial da Indústria

Automobilística), as emissões proveniente da queima dos seus combustíveis afeta diretamente

a emissão. Há entre os biocombustíveis aqueles que mais se adequam aos padrões atuais, o

etanol é dos mais visados, até porque já é produzido em larga escala (Brasil, pela cana-de-

açúcar, e EUA, pelo milho) e tem a facilidade e ser agregado a outros combustíveis como a

gasolina.

As emissões de CO2 provenientes da queima de combustíveis em veículos leves (carros a

etanol e gasool) e em veículos pesados (caminhões, ônibus e trens a diesel) podem ser vistas

na Tabela 5 (EPE, 2009b). Fato importante é que os combustíveis atualmente em uso têm

emissões elevadas, e observa-se que o etanol tem emissões que seriam teoricamente nulas

pelo fato de a cana capturar o CO2 do ar para respirar como mostra a tabela, não fossem as

emissões que se encontra ao longo do seu ciclo de vida, no processo de produção, que

Page 49: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

37

desmitificam essa crença na neutralidade de emissões defendida de um modo cético por

alguns.

Tabela 4: Emissões de CO2 pelo tipo de combustível (EPE, 2009b).

A predominância dos combustíveis de origem fóssil na matriz de transportes nacional é,

portanto, ainda significativa, a despeito de o Brasil ser, inquestionavelmente, um exemplo

mundial na implementação de programas de biocombustíveis. Desde os anos 70 é possível

perceber o crescimento e diversificação dos combustíveis na participação da matriz nacional,

como visto na figura 11.

Figura 11: Gráfico da participação de cada tipo de combustível na matriz nacional no período 1970-2009

(UNICA, 2010c).

Apesar de um forte afluxo de investimentos, continuam as incertezas quanto à participação

do etanol na futura matriz de combustíveis, compreensíveis ao se analisar a variação das

políticas nos últimos 40 anos. Diversos ainda são os sinais: de um lado, persiste o estímulo ao

consumo de gás natural combustível, apesar da escassez recente. De outro, mantêm-se os

artificialismos nos preços da gasolina, com subsídios cruzados entre os derivados de petróleo,

o que, além de causar problemas para o setor industrial, gera distorções no mercado em que o

etanol hidratado compete diretamente com a gasolina. Ao mesmo tempo, de vez em quando

retorna à pauta o apoio à introdução de carros de passeios movidos a diesel, a despeito das

Page 50: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

38

evidentes consequências econômicas e ambientais negativas de tal medida. Finalmente, não se

podem desconsiderar as perspectivas do Pré-sal, que em alguns anos implicará importantes

investimentos na extração e refino do petróleo, aumentando substancialmente a produção de

petróleo e derivados (UNICA, 2010c).

A frota do Brasil chega a 61 milhões de unidades (dos mais variados tipos: automóvel,

motocicleta, caminhonete, caminhão, ônibus, entre outros) em 2010 pelo que diz Denatran

(2010). E por uma constatação regional, os três estados com maior número de veículos são

justamente os maiores produtores de bioetanol São Paulo, Minas Gerais e Paraná,

respectivamente, como visto anteriormente neste trabalho (item 2.5.1). O que colabora para

que se aumente o potencial de utilização deste biocombustível menos poluente em veículos

maiores em tamanho e consumo, o que, consequentemente, melhorará a qualidade do ar

destas localidades.

O uso do etanol como maior procura entre combustíveis se faz perceber pelos números de

vendas de automóveis no Brasil na ultima década. Como pode ser visto pela figura 12, a

preferência por carros bicombustíveis é dominante.

Figura 12: Gráfico de venda de automóveis no Brasil no período 1979-2009 (adaptado de UNICA, 2010).

Page 51: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

39

3. METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho se divide diretamente entre as duas atividades existentes para

a obtenção do potencial de geração dos créditos de carbono no Brasil a partir do bioetanol

produzido através da cana-de-açúcar: a cogeração e o uso do etanol.

No âmbito dos MDL, a cogeração é um meio elegível para um projeto por se enquadrar

nos projetos, já o uso do etanol ainda não, de acordo com EPE (2009), em suas regras básicas,

já citadas (item 2.3).

Especificamente, a utilização de geração de excedente de eletricidade que pode ser vendida

a rede através de cogeração com uso de bagaço de cana-de-açúcar (e futuramente com a

inclusão de palha, item que não é amplamente utilizado nos dias atuais), pois se não houver o

fornecimento para geração de receita pelo projeto, o mecanismo fica insustentável do ponto

de vista econômico, ou, se encaixaria em outras metodologias industriais para obtenção de

créditos que não a de produção de bioetanol.

Após a obtenção das emissões foram pesquisadas as cotações do valor dos créditos pelas

empresas CCX Carbon Financial Instrument, ICE ECX European Union Allowances (EUA)

Futures, ICE ECX Certified Emission Reduction (CER) Futures, ICE ECX European Union

Allowances (EUA) Daily Futures (ADVFN, 2010). Para calcular o montante financeiro de

créditos foi usado o valor de €10 (dez euros) por tonelada, ou o equivalente no qual a unidade

de euro correspondia a R$ 2,30 (dois reais e trinta centavos).

3.1 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE POR COGERAÇÃO

3.1.1 Cenário atual

Para se contabilizar o montante atual de produção de cana-de-açúcar no país e suas

respectivas quantidades por estado foi utilizado o banco de dados da UNICA, que

disponibiliza anualmente a estatística de produtividade de cana-de-açúcar, etanol anidro e

hidratado e de açúcar para todo o Brasil (UNICA, 2010b). Considerou-se que para o ano

presente que nos Estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Amapá, Roraima, Ceará, Tocantins,

Maranhão, Rio Grande do Sul e Distrito Federal não existem unidades cooperadoras de

energia com suprimento de excedentes elétricos para a rede (CONAB, 2008; ANEEL, 2010).

Page 52: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

40

Já para a geração por usinas de cogeração foi consultado o registro de usinas interligadas à

rede pela ANEEL, que foram obtidos pelo BIG (ANEEL, 2010c). Para que a partir deles se

obtivesse o quanto se gera de energia por produção estadual. Os valores da produção de cana-

de-açúcar moída na safra de 2008/2009 foram extraídos de UNICA (2010c). Como era

necessário se achar a geração por hora, foi considerado que um ano equivale a uma safra, e

esta tem 5.040 horas (HASSUANI et al., 2005).

Considerou-se um fator de capacidade, ou seja, a proporção entre a produção efetiva da

usina em um período de tempo e a capacidade total máxima neste mesmo período, como

sendo igual a 95% para todos os cenários analisados.

As diferenciações das classes de pressão para cada estado foram estimadas e realizadas

com base em hipóteses levando se em consideração o estado, a região, o montante de cana

produzida e as potências geradas nas unidades produtoras.

Os excedentes de energia possíveis de serem exportados para a rede foram extraídos de

Hassuani et al. (2005), Escobar et al. (2010). Se a produção não atingia os valores mínimos,

se adotou uma produção de excedente de 10 MW.

Do total gerado, multiplica-se pela porcentagem de cada classe de vapor para obtenção do

potencial de geração de energia de cogeração.

Os fatores de emissão de CO2 calculados de acordo com a ferramenta metodológica “Tool

to calculate the emission factor for an electricity system, versions 1, 1.1 and 2” aprovada pelo

Conselho Executivo do MDL têm como objetivo estimar a contribuição, em termos de

redução de emissões de CO2, de um projeto de MDL que gere eletricidade para a rede.

Resumidamente, o fator de emissão do sistema interligado para fins de MDL é uma

combinação do fator de emissão da margem de operação, que reflete a intensidade das

emissões de CO2 da energia despachada na margem, com o fator de emissão da margem de

construção, que reflete a intensidade das emissões de CO2 das últimas usinas construídas. É

um algoritmo amplamente utilizado para quantificar a contribuição futura de uma usina que

vai gerar energia elétrica para a rede em termos de redução de emissões de CO2 em relação a

um cenário de base. Esse fator serve para quantificar a emissão que está sendo deslocada na

margem. A sua utilidade está associada a projetos de MDL e se aplica, exclusivamente, para

estimar as reduções certificadas de emissões (RCEs) dos projetos de MDL (MCT, 2010a).

Para, finalmente calcular os créditos de carbono, usa-se os fatores de emissão da margem

de operação e de construção que geram o fator de emissão médio da rede elétrica brasileira, os

cálculos de créditos foram feitos a partir da consulta aos dados anualmente publicados do

MCT, a CIMGC (Comissão Interministerial sobre mudança Global do Clima), para execução

Page 53: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

41

de projetos de MDL. A figura 13 mostra a publicação virtual dos fatores de emissão para o

Brasil nos últimos anos.

2009

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

0,2813 0,2531 0,2639 0,2451 0,4051 0,3664 0,2407 0,1988 0,1622 0,1792 0,181 0,194

2009 MÊS

MARGEM DE OPERAÇÃO 

Fator de Emissão Médio (tCO2/MWh) - MENSAL

MARGEM DE CONSTRUÇÃO 

Fator de Emissão Médio (tCO2/MWh) - ANUAL

0,0794

Figura 13: Fatores de emissão da Margem de Operação e da Margem de Construção (MCT, 2010a).

A margem de operação (MO) advém da média aritmética mensal para o ano de estudo.

Juntamente com a margem de construção (MC), o fator de emissão (FE) então será obtido

pela equação 1:

FE = 0,5xMO + 0,5xMC (1)

Multiplica-se então o FE, (em tCO2/MWh)pela geração de energia (em MWh) e acha-se o

potencial de geração de créditos.

3.1.2 Cenário futuro - 2030

As usinas geradoras foram mantidas, pois se acredita que sejam polos canavieiros em fase

de desenvolvimento ou desenvolvidos e que continuarão a gerar energia. A provável demanda

futura, para vinte anos, do mercado nacional e a geração pelas bioenergias que se iria calcular

através de regressões foi substituída por um estudo do governo com a previsão da Matriz

Energética Nacional de 2030 (MME, 2007). A partir do valor total, que é de 1.040 milhões de

toneladas, adotou-se uma proporção em relação aos valores atuais para cada estado.

No entanto, neste trabalho, para os estados que a produção excedia os valores estipulados

por Escobar et al (2008), foram adotados os excedentes para as menores produções (180t) e se

assumiu que as caldeiras evoluíram em pelo menos um estágio nos parâmetros de vapor, por

exemplo: de 20 para 40 bar, e assim sucessivamente. Esta adoção é explicada pelo fato de que

é escassa a disponibilização por parte das usinas que a consideram uma informação sigilosa.

O fator de emissão foi retirado da estimativa de do Plano Nacional de Energia 2030 (EPE,

2007), para a emissão em 2030 que é de 1,79 tCO2/tep, transformada para a unidade usual do

estudo, equivalendo a 0,1539 tCO2/MWh.

Page 54: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

42

3.2 SUBSTITUIÇÃO DE COMBUSÍVEIS FÓSSEIS

3.2.1 Cenário atual

O método escolhido foi quantificar o valor ambiental das energias renováveis e da

eficiência energética dos processos de produção e uso do etanol, que vai do plantio até a

combustão interna nos veículos automotores (MACEDO et al, 2004; EPE, 2009b).

Além da produção de etanol, o processamento da cana-de-açúcar para a produção de etanol

e de açúcar resulta na geração do bagaço de cana-de-açúcar. Esse resíduo também representa

um diferencial ambiental positivo na medida em que vem sendo aproveitado pelo setor como

fonte de energia para a produção de calor industrial e de energia elétrica, substituindo o uso de

derivados de petróleo e incrementando o potencial de redução da emissão de gases de efeito

estufa (MACEDO et al, 2004). Contudo, a etapa relativa à cogeração não será incluída nesta

etapa, visto que, já foi calculada no capitulo anterior.

Para fazer o balanço energético, foram considerados os combustíveis consumidos ou a

energia elétrica adquirida (insumos energéticos diretos); a energia necessária à produção de

outros insumos para a lavoura ou para o processo industrial (fertilizantes, calcário, mudas,

ácido sulfúrico, lubrificantes e etc.), e, por último, a energia necessária para a produção e

manutenção de equipamentos e instalações.

Foi necessária uma base de dados que algumas usinas se disponibilizaram a fornecer, tem

uma validade totalmente confiável para o cenário nacional como média, mas são verdadeiras e

rastreáveis adotadas por outros estudos (MACEDO et al., 2004 e MACEDO et al, 2008). Os

levantamentos são referencias do CTC, que possuem os dados de suas unidades cooperadas.

Como equivalência para o momento atual, os dados utilizados foram os dos estudos das safras

2005 e 2006 para parâmetros agrícolas e industriais. Ainda deve-se ressaltar que a maior parte

das usinas está localizada no Centro-Sul do Brasil, a qual é responsável por quase 90% da

produção de todo o etanol do país (UNICA, 2010a).

Para a eficiência da metodologia foi usado a mesma quantidade estimada por MACEDO et

al (2004) para o consumo de diesel, obtido através dos consumos específicos de cada máquina

e uso para cada etapa de produção. Adotado então o valor de 164 L/ha, resultado de uma

variação encontrada pelas dificuldades nas pesquisas que ia de 68 a 285 L/ha durante a safra

estudada.

Segundo Seabra (2008), a informação sobre o consumo total de combustível de alguns

casos inclui operações não relacionadas a produção de etanol, como por exemplo, o transporte

Page 55: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

43

de açúcar na usina, operações relativas à cana de terceiros, criação de gado, manejo de outras

culturas, entre outros, o que implica numa enorme variação de valores e , consequentemente,

na preferência pela metodologia de calculo direto de consumo de combustível.

Após as considerações das emissões obtidas por tonelada de cana, transformou-se o valor

em emissões por litro de etanol, conforme a equação 2 a seguir:

(2)

E o quadro de parâmetros energéticos de cada fase esta nas tabelas 5, 6, 7 e 8.

Tabela 5: Balanço energético da produção de cana na fase agrícola.

Parâmetro Unidade Valor Emissões

(KgCO2/tc)

Área total ha/L etanol 0,0115

Área de cana-planta ha/L etanol 0,0077

Área de soqueira ha/L etanol 0,0038

Área agrícola

Produtividade média t/ha 87,1

P2O5 Cana planta kg/ha 125

Soqueira kg/ha 25

K2O

Cana planta kg/ha 117

Soqueira kg/ha 114

Nitrogênio

Cana planta kg/ha 48

Soqueira com vinhaça kg/ha 75

Soqueira sem vinhaça kg/ha 88

Calcário kg/ha 1900

Herbicida kg/ha 2,2

Inseticida kg/ha 0,16

Torta de filtro kg/ha 5000

Aplicação de vinhaça m³/ha 140

Colheita mecânica % 50

Colheita da cana sem queima % 31

Utilização de máquinas agrícolas

Tratores+colhedores kg/ha 41,8

Implementos kg/ha 12,4

Caminhões kg/ha 82,4

Continua..

Page 56: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

44

Operações agrícolas

Plantador de cana L/ha 102,6 0,79

Soqueira L/há 9,1 0,03

Colhedor L/tc 1,05 1,05

Carregador L/tc 0,163 0,16

Trator L/tc 0,376 0,38

Distância de transporte Km 23 -

Eficiência energética do trator tkm/L 52,4 -

Outras atividades L/ha 67 0,77

Subtotal L diesel/tc

3,18

Subtotal

9,45

Fatores de emissão da produção de fertilizantes/defensivos agrícolas

Nitrogênio kg CO2/kg 3,97 2,80

Fósforo kg CO2/kg 1,3ª 1,37

Potássio kg CO2/kg 0,71 0,95

Calcário kg CO2/kg 0,01 b 0,15

Herbicida kg CO2/kg 25 0,63

Pesticida kg CO2/kg 29 0,05

Subtotal

5,94

Emissões não derivadas do uso de combustíveis fósseis

Metano (palha queimada) 5,4

N2O (palha queimada) 1,8

N2O (fertilizantes nitrogenados e resíduos) 8,9

CO2 (Uréia e calcário) 3,4

Subtotal

19,5

TOTAL

34,89

a – Ebamm(2005) apud Seabra(2008)

b – Seabra(2008)

Page 57: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

45

Tabela 6: balanço energético e emissões da fase industrial

Erro! Indicador não definido.Parâmetro Unidade Valor Emissão

(kgCO2e/tc)

Consumo de eletricidade no processo kWh/tc 14,00

Consumo elétrico nas moendas kWh/tc 16,00

Eletricidade excedente kWh/tc 9,20

Recuperação da palha % 0,00

Excedente de bagaço % 9,60

Produção de etanol L/tc 86,30

Equipamentos

Caldeiras T 2.400

Peneiras T 1.300

Transportadores T 450

Destilaria T 3.000

Tanques T 1.540

Construções

Construções industriais m² 12.000

Escritórios m² 800

Laboratórios m² 3.800

Jardim m² 10.000

Emissão para as construções e equipamentos 0,30

Dados de produção

Período de operação da usina Anos 20

Período da safra por ano Dias 4.320

Produção de etanol L/safra 860.000

Produção de etanol total Litros 74.304.000.000

Produção de cana total Tc 860.996.523,75

Emissão para químicos e lubrificantes

Toneladas de cana em 1 litro de etanol tc/Letanol 0,0116

Fator de emissão dos químicos kg CO2e/GJ 95,00

NaOH kJ/Letanol 98,60 0,81

Calcário kJ/Letanol 64,90 0,53

Ácido sulfúrico kJ/Letanol 48,00 0,39

Ciclo-heaxano kJ/Letanol 5,20 0,04

Antiespumante kJ/Letanol 2,60 0,02

Lubrificantes kJ/Letanol 1,60 0,01

Outros kJ/Letanol 2,00 0,02

Subtotal 1,83

TOTAL kg CO2e/tc 2,13

Page 58: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

46

Tabela 7: balanço de consumo de diesel para o transporte

Parâmetro Unidade Valor

Emissão (kgCO2e/tc)

Distância média km 337ª

Consumo específico L/m³.km 0,024ª

Tamanha médio de um caminhão L 30.000b

Consumo de diesel L 242,640

Consumo de diesel em massa kg 206,729

Emissões de CO2 kg CO2e/30.000 L diesel 721,485

TOTAL 2,075

a – Seabra (2008)

b – Capacidade adotada como padrão de um caminhão para transporte do etanol

Tabela 8: balanço emissões do uso de etanol anidro e hidratado

Erro! Indicador não

definido.Parâmetro Unidade Valor

Emissão (kgCO2e/Lcombustível)

Produção de etanol anidro L/tc 86,7 Produção de etanol hidratado L/tc 89,3

a

Densidade do etanol kg/l 0,852 Densidade da gasolina kg/l 0,742 PCI da gasolina MJ/kg 44,8 Emissões da gasolina kg CO2/GJ 18,9

b

Taxa de emissão de CO2 kg CO2e/m³ 628,26

Emissões indiretas

0,77

Emissões totais da gasolina

2,82

Etanol (emissões evitadas) Hidratado

1,974

Anidro - 20%

0,564

Anidro - 21%

0,592

Anidro - 22%

0,620

Anidro - 23%

0,649

Anidro - 24%

0,677

Anidro - 25%

0,705 a – A produção de etanol hidratado é 3% maior para a mesma quantidade de cana(Macedo et al., 2004).

b – Dado do IPCC

O equacionamento do potencial de geração de créditos a partir do uso de etanol é

sintetizado na equação 3:

P = U – (A + I + T) (3)

Page 59: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

47

Onde:

P – Potencial pela substituição de gasolina pelo etanol

U – Uso

A – Fase Agrícola

I – Fase Industrial

T – Transporte de produtos

Importante ressaltar que como existem variações de proporção entre etanol e gasolina, os

potenciais variam de acordo com a porcentagem usada.

3.2.2 Cenário futuro - 2030

O processo de produção a principio não mudará, assim, as variáveis aqui consideradas

continuam a valer para este cenário futuro. Entretanto aspectos e características do processo

tendem a se desenvolver ou serem trocadas, num caminho onde se veja as melhores práticas

possíveis para a produção até 2030. A figura 14 ilustra como estará o processo em 2030.

Já na fase agrícola espera-se que não haja a queima da cana-de-açúcar e com isso, cerca de

50% de palha seja recuperada para uso com a hidrólise na fase industrial. Os valores serão os

da Tabela 9.

Figura 14: Cadeia produtiva da cana em 2030 (MME, 2007).

Page 60: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

48

Tabela 9: Fase agrícola

Parâmetro Unidade Valor Emissões

(KgCO2/tc)

Área total ha/L etanol 0,0115

Área de cana-planta ha/L etanol 0,0077

Área de soqueira ha/L etanol 0,0038

Área agrícola

Produtividade média t/ha 108,8ª

P2O5

Cana planta kg/ha 134

Soqueira kg/ha 34

K2O

Cana planta kg/ha 138

Soqueira kg/ha 138

Nitrogênio

Cana planta kg/ha 48

Soqueira com vinhaça kg/ha 55

Soqueira sem vinhaça kg/ha 120

Calcário kg/ha 2000

Herbicida kg/ha 2,2

Inseticida kg/ha 0,16

Torta de filtro kg/ha 5000

Aplicação de vinhaça m³/ha 140

Colheita mecânica % 100

Colheita da cana sem queima % 100

Utilização de máquinas agrícolas

Tratores+colhedores kg/ha 210

Implementos kg/ha 13

Caminhões kg/ha 100

Operações agrícolas

Plantador de cana L/há 132,3 0,81

Soqueira L/há 9,1 0,03

Colhedor L/tc 0,986 1,05

Carregador L/tc 0,171 0,16

Trator L/tc 0,395 0,38

Distância de transporte Km 30 -

Eficiência energética do trator tkm/L 62 -

Outras atividades L/há 85 0,78

Subtotal L diesel/tc

3,21

Subtotal

9,54

Fatores de emissão da produção de fertilizantes/defensivos agrícolas

Nitrogênio kg CO2/kg 3,97 2,63

Fósforo kg CO2/kg 1,3 1,20

Potássio kg CO2/kg 0,71 0,90

Calcário kg CO2/kg 0,01 0,12

Herbicida kg CO2/kg 25 0,51

Pesticida kg CO2/kg 29 0,04

Subtotal

5,40

Page 61: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

49

Emissões não derivadas do uso de combustíveis fósseis

Metano (palha queimada) 0b

N2O (palha queimada) 0

N2O (fertilizantes nitrogenados e resíduos) 8,9

CO2 (Uréia e calcário) 3,4

Subtotal

12,3

TOTAL

27,24

a – PNE (2008)

b – Queimadas extinguidas em 2030

Na etapa industrial, os avanços tecnológicos modificam o quadro de produção, incluindo a

Hidrolise no aproveitamento de palha e bagaço. Assim a tabela 10 mostra os valores.

Tabela 10: fase industrial

Erro! Indicador não definido.Parâmetro Unidade Valor Emissão

(kgCO2e/tc)

Consumo de eletricidade no processo kWh/tc 30,0a

Consumo elétrico nas moendas kWh/tc 0,00

Eletricidade excedente kWh/tc 9,20

Recuperação da palha % 50,00

Excedente de bagaço % 0

Produção de etanol L/tc 132

b

Equipamentos

Caldeiras T 2.400

Peneiras T 1.300

Transportadores T 450

Destilaria T 5.000

Tanques T 2150

Construções

Construções industriais m² 18.000

Escritórios m² 800

Laboratórios m² 3.800

Jardim m² 14.000

Emissão para as construções e equipamentos 0,30

Dados de produção

Período de operação da usina Anos 20

Período da safra por ano Dias 4.320

Produção de etanol L/safra 860.000

Produção de etanol total Litros 74.304.000.000

Produção de cana total Tc 860.996.523,75

Continua..

Page 62: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

50

Emissão para químicos e lubrificantes

Toneladas de cana em 1 litro de etanol tc/Letanol 0,0076

Fator de emissão dos químicos kg CO2e/GJ 95,00

NaOH kJ/Letanol 98,60 1,24

c

Calcário kJ/Letanol 64,90 0,81c

Ácido sulfúrico kJ/Letanol 48,00 0,60c

Ciclo-heaxano kJ/Letanol 5,20 0,07c

Antiespumante kJ/Letanol 2,60 0,03c

Lubrificantes kJ/Letanol 1,60 0,02c

Outros kJ/Letanol 2,00 0,03c

Subtotal 2,80

TOTAL kg CO2e/tc 3,10

a – Configuração Ácido diluído + SSCF (SEABRA, 2008)

b - Verde Leal (2008)

c – Obtidos pela multiplicação do uso energético pelo fator de emissão.

Devido ao aumento da produtividade em litros de etanol por tonelada de cana processada,

ou seja, com menos cana teremos mais etanol, assim haverá uma maior necessidade de

químicos e lubrificantes durante todo o processo por causa do acréscimo da demanda do solo

e no uso dos equipamentos.

O transporte desse combustível após sair da usina, segundo Seabra (2008), também poderá

ser feito por dutos numa conexão das regiões Centro-Oeste e São Paulo, para chegar aos

portos, porem isso não tem um valor de quantificação ainda. Isto faz com que a configuração

desta etapa seja, conforme a tabela 11.

Tabela 11: Transporte e sua emissões em 2030

Parâmetro Unidade Valor

Emissão (kgCO2e/tc)

Distância média km 337ª

Consumo específico L/m³.km 0,024ª

Tamanha médio de um caminhão L 30.000

Consumo de diesel L 242,640

Consumo de diesel em massa kg 206,729

Emissões de CO2 kg CO2e/30.000 L diesel 721,485

TOTAL 2,075

a – Seabra (2008)

E por último, o uso do etanol, que considerar-se aumentos na porcentagem adicionada a

gasolina de 25% à 50%, para que se tornem projetos elegíveis por ser um valor acima dos

25% já estabelecidos por lei. A tabela 11 mostra o uso de bioetanol em 2030.

Page 63: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

51

Tabela 12: balanço emissões do uso de etanol anidro e hidratado

Erro! Indicador não

definido.Parâmetro Unidade Valor

Emissão (kgCO2e/Lcombustível)

Produção de etanol anidro L/tc 132ª Produção de etanol hidratado L/tc 135,96

b

Densidade do etanol kg/l 0,852 Densidade da gasolina kg/l 0,742 PCI da gasolina MJ/kg 44,8 Emissões da gasolina kg CO2/GJ 18,9

c

Taxa de emissão de CO2 kg CO2e/m³ 628,26

Emissões indiretas

0,77

Emissões totais da gasolina

2,82

Etanol (emissões evitadas) Hidratado

1,974

Anidro - 25%

0,705

Anidro - 30%

0,846

Anidro - 35%

0,987

Anidro - 40%

1,128

Anidro - 45%

1,269

Anidro - 50%

1,410 a – Verde Leal (2008)

b - A produção de etanol hidratado é 3% maior para a mesma quantidade de cana(Macedo et al., 2004).

c – Dado do IPCC

O calculo final de potencial para 2030 é feito da mesma maneira que o potencial atual.

Page 64: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

52

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 COGERAÇÃO

Segundo ANEEL (2010c) os valores pesquisados de potência fiscalizada nos estados que

possuem usinas de cogeração de bagaço de cana-de-açúcar estão sintetizados na Tabela 13.

Tabela 13: Unidades da federação que apresentam usinas de cogeração ligadas à rede (ANEEL, 2010).

Estado Quantidade de usinas de

cogeração por bagaço Potência Instalada (KW)

Pará 2 6,89

Rio Grande do Norte 2 25,24

Paraíba 3 55,00

Pernambuco 18 241,72

Alagoas 20 238,16

Sergipe 3 16,40

Bahia 1 14,00

Minas Gerais 26 587,39

Espirito Santo 4 23,00

Rio de Janeiro 1 43

São Paulo 168 6.436,98

Paraná 20 804,30

Santa Catarina 3 11,07

Mato Grosso 6 66,83

Mato Grosso do Sul 16 425,54

Goiás 20 383,88

Total 312 9.388

Os resultados para os cálculos de potencial de geração de créditos de carbono a partir da

produção de bioeletricidade por meio exclusivo das usinas existentes de cogeração com uso

de biomassa do bagaço de cana-de-açúcar, em 2010 são mostrados na tabela 14, e para o

potencial futuro, em 2030, na tabela 15.

O potencial calculado de certo modo parece ser uma extrapolação subestimada, pois o total

de reduções anuais calculado para o Brasil pelos projetos de MDL de todas as modalidades do

MCT é de 49.786.483 tCO2/ano com um potencial instalado de 4032 MW. Entretanto deve se

Page 65: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

53

lembrar de que os outros projetos tem outros fatores de emissão que podem ser relativamente

maiores que o usado neste trabalho.

De acordo com o MCT, atualmente 30% dos projetos existentes são de bagaço de cana, ou

seja, 1200 MW de energia gerada para a rede, contudo, muitos desses projetos são de pequena

escala, o que os deixa com uma quantidade de reduções relativamente baixa.

Os valores divergem devido ao fato de que o valor oficial obtido pelo MCT advém da

metodologia de geração de créditos que emite os créditos comercializáveis, ou seja, que

normalmente são calculados como inventários (chamados de ex-ante) antes que o projeto

esteja funcionando, podendo ter alterações após os mesmos entrarem em operação e todas as

suas emissões puderam ser monitoradas. Mas por uma visão otimista se pode constatar que

devido ao fato de que nem todas as unidades de cogeração existentes fornecem energia a rede,

esses valores podem se assemelhar num futuro próximo.

Já a previsão obtida para o ano 2030, se mostra razoável a medida que teoricamente a

geração de eletricidade e de créditos dobrará, assim como mostra o total de créditos potenciais

na tabela 15.

Comparando-se os dois cenários, a diferença de créditos gerados se deve ao fato de que a

produção em 2030 é quase o dobro maior, e, suas tecnologias aplicadas serão mais

sofisticadas, com melhores caldeiras que gerarão maiores excedentes.

Também poderia ser comparada a geração de créditos que já é realizada no país com os

projetos de MDL cadastrados no Ministério de Ciência e Tecnologia.

Page 66: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

Tabela 14: Resultados do potencial de cogeração para 2030.

Page 67: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

55

20 4.373.248 867,708 0,70 10 5,770

40 4.373.248 867,708 0,30 94 23,246

60 4.373.248 867,708 0,00 0 0,000

80 4.373.248 867,708 0,00 0 0,000

100 4.373.248 867,708 0,00 0 0,000

20 4.018.840 797,389 0,00 0 0,000

40 4.018.840 797,389 1,00 83 62,874

60 4.018.840 797,389 0,00 0 0,000

80 4.018.840 797,389 0,00 0 0,000

100 4.018.840 797,389 0,00 0 0,000

20 346.292.969 68.708,922 0,10 10 65,273

40 346.292.969 68.708,922 0,30 94 1.840,712

60 346.292.969 68.708,922 0,50 114 3.720,588

80 346.292.969 68.708,922 0,10 125 815,918

100 346.292.969 68.708,922 0,00 0 0,000

20 44.829.652 8.894,772 0,10 10 8,450

40 44.829.652 8.894,772 0,30 94 238,291

60 44.829.652 8.894,772 0,40 114 385,322

80 44.829.652 8.894,772 0,20 125 211,251

100 44.829.652 8.894,772 0,00 0 0,000

20 1.008.000 200,000 0,00 0 0,000

40 1.008.000 200,000 0,00 0 0,000

60 1.008.000 200,000 1,00 114 21,660

80 1.008.000 200,000 0,00 0 0,000

100 1.008.000 200,000 0,00 0 0,000

20 15.283.134 3.032,368 0,80 10 23,046

40 15.283.134 3.032,368 0,10 94 27,079

60 15.283.134 3.032,368 0,10 69 19,877

80 15.283.134 3.032,368 0,00 0 0,000

100 15.283.134 3.032,368 0,00 0 0,000

20 18.090.388 3.589,363 0,10 10 3,410

40 18.090.388 3.589,363 0,10 94 32,053

60 18.090.388 3.589,363 0,60 114 233,237

80 18.090.388 3.589,363 0,20 125 85,247

100 18.090.388 3.589,363 0,00 0 0,000

20 29.486.508 5.850,498 0,30 10 16,674

40 29.486.508 5.850,498 0,40 94 208,980

60 29.486.508 5.850,498 0,20 125 138,949

80 29.486.508 5.850,498 0,10 95 52,801

100 29.486.508 5.850,498 0,00 0 0,000

TOTAL 9,388 570.049.392 9.577,338 48.269.782,576 7.892.109,451

Mato Grosso do

Sul425,540 353,947 1.783.893,161 291.666,532

Goiás 383,880 417,404 2.103.714,913 343.957,388

Mato Grosso 66,832 70,002 352.811,148 57.684,623

Paraná 804,300 843,313 4.250.299,306 694.923,937

Santa Catarina 11,070 21,660 109.166,400 17.848,706

Rio de Janeiro 43,000 62,874 316.885,534 51.810,785

São Paulo 6.436,988 6.442,492 32.470.160,238 5.308.871,199

Espírito Santo 23,000 29,016 146.241,413 23.910,471

Page 68: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

Tabela 15: Resultados do potencial de cogeração para 2030.

Page 69: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

57

Page 70: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

4.2 PRODUÇÃO E USO DE ETANOL

No que se refere ao uso do etanol, para o volume de 27 mi m3

produzidos no Brasil neste

cenário, obtiveram-se os resultados parciais de acordo com a etapa de produção estão visíveis

na tabela 16. O resultado final, que pode variar juntamente com a porcentagem de etanol

anidro que é adicionado na produção de gasool, variando de 20% (E20) até 25 % (E25),

poderá chegar a 30 milhões de toneladas de CO2, conforme a figura 15.

Tabela 16: emissão do processo de produção ao uso da cana

Fase Emissão

por unidade (KgCO2e/Letanol)

Total de emissões (KgCO2e)

Agrícola 0,4043 11.123.143,00

Industrial 0,0247 678.242,54

Transporte 0,024 661.673,15

Sub Total 0,453 12.463.058,69

Uso

Hidratado 1,974 35.880.645,91

E20 0,564 5.265.697,45

E21 0,592 5.528.982,32

E22 0,620 5.792.267,20

E23 0,649 6.055.552,07

E24 0,677 6.318.836,94

E25 0,705 6.582.121,82

Gasolina 2,82 51.258.065,58

Figura 15: Gráfico de resultados do potencial de redução por porcentagem entre E20 e E25.

Page 71: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

59

O potencial para 2030 será:

Tabela 17: Emissões para o cenário de uso em 2030

Fase Emissão

por unidade (KgCO2e/Letanol)

Total de emissões (KgCO2e)

Agrícola 0,3156 21.023.810,00

Industrial 0,0358 1.561.651,94

Transporte 0,0157 1.047.170,16

Sub Total 0,3673 23.632.632,10

Uso

Hidratado 1,974 86.855.461,70

E25 0,564 10.526.368,08

E30 0,705 12.631.641,69

E35 0,987 14.736.915,31

E40 1,128 16.842.188,93

E45 1,269 18.947.462,54

E50 1,41 21.052.736,16

Figura 16: Gráfico de resultados do potencial de redução por porcentagem entre E25 e E50.

Page 72: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

60

Enfim, a tabela 18 demonstra o total de créditos gerados:

Tabela 18: Emissões para o cenário de uso em 2030

Período Tipo de projeto Emissões (tCO2e) Créditos (R$)

Atual

Cogeração 7.892.109,451 181.518.517,379

Uso 29.999.708,990 689.993.306,776

Total 23.094.731,494 871.511.824,15

2030

Cogeração 15.202.622,043 349.660.306,983

Uso 84.275.565,766 1.938.338.012,610

Total 114.275.274,756 2.287.998.319,59

O potencial se mostra promissor pelo fato de que o total de emissões será cinco vezes

maior. Um fator a se considerar no montante financeiro é que não é possível prever o preço da

tonelada na comercialização de 2030, então foi adotado o valor vigente atualmente a título de

comparação.

Page 73: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

61

5. CONCLUSÃO

O aquecimento global é alvo das ações humanas agora e das próximas gerações elos seus

efeitos catastróficos ao redor do mundo, como: enchentes, secas, derretimento das calotas

polares, entre outros. É preciso que a humanidade tome providencias a respeito dessas

mudanças climáticas que poderão a afetar mais ainda a vida moderna do que nunca antes.

Os projetos de MDL são ótimas alternativas para países desenvolvidos e subdesenvolvidos

se unirem e cooperarem para se obter o êxito desejado dessa parceria. Tanto para os países do

Anexo-I alcançarem as metas de redução de emissões estipuladas pelo protocolo de Quioto,

como os países Não-Anexo I terem investimentos e progresso nas suas tecnologias que

passarão a ser menos poluentes.

O mercado de carbono já está aquecido em todos os lugares do mundo, e inclusive no

Brasil não param de crescer os projetos encaminhados à CIMGC. Tendo os mais diversos

escopos, os projetos de geração de energia por biomassa de bagaço de cana-de-açúcar já

correspondem á quase um terço.

O setor sucroalcooleiro brasileiro se mostrou, a partir deste estudo, detentor de alto grau de

potencialidade para a comercialização de créditos de carbono, pois, além de estar em boas

condições tecnológicas para reduzir emissões de GEE, deverá crescer amplamente no ramo

dos sub e coprodutos da cana-de-açúcar para gerar etanol e açúcar.

Devido ao seu grupo de fornecedores de bioeletricidade para a rede a partir da cogeração,

e, já tendo aproveitamento de energia elétrica e de vapor, as suas usinas são autosuficientes

em sua maioria e ainda produzam excedentes, sendo que seria possível conseguir agora cerca

de 7,9 milhões de toneladas de CO2 equivalente par gerar créditos de carbono a partir das

usinas já catalogadas na ANEEL. E, futuramente, não só com a expansão do setor nos estados

que mantem já este tipo de tecnologia, ou o investimento no aumento de produção de cana, o

potencial para 2030 seria maior de 15 milhões de toneladas de créditos.

O ciclo de vida da cana tem sido estudado afim de que se possa inovar e aumentar a

produtividade sem afetar o meio ambiente, e, entre essas medidas, o corte mecanizado sem a

queima é uma das maiores esperanças de redução da poluição por esse combustível.

As novas tecnologias a serem implementadas nas usinas, como o reaproveitamento da

palha para criar o etanol lignocelulósico, farão a produtividade de etanol crescer

consideravelmente, podendo até o potencial calculado ser subestimado.

Page 74: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

62

O uso de etanol no Brasil, e no mundo, já é uma realidade há muitos anos, as reduções de

emissões que se consegue com a substituição de combustíveis fósseis faz com que o país

controle uma boa parte de suas emissões, já que apresenta uma frota tão grande de veículos

automotores já adaptados a este tipo de biocombustível. Mas no que diz respeito ao MDL,

uma metodologia apropriada para o uso de etanol tem que ser desenvolvida e aprovada pela

CQNUMC e a partir daí, o incentivo aos biocombustíveis será difundido criando novos

mercados, gerando emprego e renda.

As emissões resultantes do uso de etanol seriam de 30 milhões de toneladas para o cenário

atual e poderiam triplicar em 2030, conforme crescer o consumo de etanol abastecendo os

veículos populares, o que seria um grande avanço.

Portanto, os créditos gerados pelas duas formas de aplicação a partir do bioetanol seriam

investimentos rentáveis no comércio de emissões.

A partir das metodologias aprovadas para projetos de MDL pelo CQNUMC, que estão

constantemente sendo revistas e analisadas e, por isso, fazem-se necessárias atualizações por

novas versões, teriam que ser especificamente escolhidas para o calculo real de emissões de

cada usina para se chegar a um valor condizente com o existente e depois extrapolar para um

dado futuro de potencial.

Page 75: Potencial do Bioetanol para a Comercialização de Créditos de Carbono no Brasil

63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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