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POVOAMENTO PROTO-HISTÓRICO NA MARGEM DIREITA DO REGOLFO DE ALQUEVA (ALENTEJO, PORTUGAL) Manuel Calado* Rui Mataloto** Artur Rocha*** Quando, em 1998, demos início aos trabalhos de prospecção e escavação na mar- gem direita do Guadiana, no âmbito do Plano de Minimização de Impactes (PMI) do Alqueva, os dados disponíveis sobre a proto-história na área do Regolfo da futura barragem, reunidos no chamado Quadro Geral de Referência (QGR), eram “algo inesperadamente” (Silva, 1996: 18), muito escassos e insuficientemente caracterizados. Na verdade, para além de um pequeno conjunto de cistas, referenciadas pelo casal Leisner (Leisner e Leisner, 1951), mas entretanto desaparecidas, o balanço resumia-se, aparentemente, a um único sítio, atribuído ao Bronze/Ferro: o povoado do Espinhaço de Cão 1 (Silva, 1996: 34), ou, apenas, genericamente, à Idade do Ferro (Calado, 1993: 137). É certo que alguns dos sítios que entretanto identificámos, tinham, no QGR, sido registados com outras cronologias, nomeadamente a época Romana (Gato) ou o Neolítico/Calcolítico (Moinho da Cinza, Musgos 10, Tapada 39); porém, na maioria dos casos, os sítios que aqui se apresentam, estavam, efectivamente, por localizar. Por outro lado, mesmo fora da área do Regolfo do Alqueva, não tinha, até então, sido identificada nenhuma evidência clara de povoamento da I Idade do Ferro. Os raros exemplares conhecidos nunca tinham sido objecto de trabalhos de escavação e limitavam-se, quase todos, a um punhado de fragmentos cerâmicos (Calado, 1993: 22, 111, 112 e 123). O conhecimento da proto-história regional resumia-se, de facto, aos grandes povoados de cumeada, atribuíveis ao Bronze Final e aos chamados “castros de ribeiro” (Berrocal Rangel, 1992), atribuíveis à Segunda Idade do Ferro (Calado e Rocha, 1996-97; Calado e Rocha, 1997; Calado et al., 1999). 1.    METODOLOGIA  DOS  TRABALHOS  EFECTUADOS 1.1.    Prospecção As prospecções tiveram por objectivo rever, na generalidade, a base dados dispo- nível e, eventualmente, colmatar algumas presumíveis lacunas. Note-se que o Quadro Geral de Referência (QGR) tinha sido o resultado cumulativo de várias campanhas de prospecção, desenvolvidas intermitentemente, na área do Alqueva, ao longo de cerca de 10 anos e dadas como concluídas em 1996. * Universidade de Lisboa. ** Municipio de Redondo. *** Arqueólogo. Arqueología de la tierra. Paisajes rurales de la protohistoria peninsular. Cáceres, 2007, pp. 129-179

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Povoamento Proto-histórico na margem direita do regolfo de alqueva

(alentejo, Portugal)

Manuel Calado*Rui Mataloto**Artur Rocha***

Quando, em 1998, demos início aos trabalhos de prospecção e escavação na mar-gem direita do Guadiana, no âmbito do Plano de Minimização de Impactes (PMI) do Alqueva, os dados disponíveis sobre a proto-história na área do Regolfo da futura barragem, reunidos no chamado Quadro Geral de Referência (QGR), eram “algo inesperadamente” (Silva, 1996: 18), muito escassos e insuficientemente caracterizados. Na verdade, para além de um pequeno conjunto de cistas, referenciadas pelo casal Leisner (Leisner e Leisner, 1951), mas entretanto desaparecidas, o balanço resumia-se, aparentemente, a um único sítio, atribuído ao Bronze/Ferro: o povoado do Espinhaço de Cão 1 (Silva, 1996: 34), ou, apenas, genericamente, à Idade do Ferro (Calado, 1993: 137). É certo que alguns dos sítios que entretanto identificámos, tinham, no QGR, sido registados com outras cronologias, nomeadamente a época Romana (Gato) ou o Neolítico/Calcolítico (Moinho da Cinza, Musgos 10, Tapada 39); porém, na maioria dos casos, os sítios que aqui se apresentam, estavam, efectivamente, por localizar. Por outro lado, mesmo fora da área do Regolfo do Alqueva, não tinha, até então, sido identificada nenhuma evidência clara de povoamento da I Idade do Ferro. Os raros exemplares conhecidos nunca tinham sido objecto de trabalhos de escavação e limitavam-se, quase todos, a um punhado de fragmentos cerâmicos (Calado, 1993: 22, 111, 112 e 123). O conhecimento da proto-história regional resumia-se, de facto, aos grandes povoados de cumeada, atribuíveis ao Bronze Final e aos chamados “castros de ribeiro” (Berrocal Rangel, 1992), atribuíveis à Segunda Idade do Ferro (Calado e Rocha, 1996-97; Calado e Rocha, 1997; Calado et al., 1999).

1.    METODOLOGIA DOS TRABALHOS EFECTUADOS

1.1.    Prospecção

As prospecções tiveram por objectivo rever, na generalidade, a base dados dispo-nível e, eventualmente, colmatar algumas presumíveis lacunas. Note-se que o Quadro Geral de Referência (QGR) tinha sido o resultado cumulativo de várias campanhas de prospecção, desenvolvidas intermitentemente, na área do Alqueva, ao longo de cerca de 10 anos e dadas como concluídas em 1996.

* Universidade de Lisboa.** Municipio de Redondo.

*** Arqueólogo.

Arqueología de la tierra. Paisajes rurales de la protohistoria peninsular. Cáceres, 2007, pp. 129-179

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A revisão que efectuámos teve uma duração de cerca de três meses –de Setembro a Novembro de 1998– e foi levada a cabo por uma pequena equipa de três elementos: Manuel Calado, Rui Mataloto e Manuel Pisco, com uma ou outra colaboração pontual. As prospecções centraram-se quase exclusivamente nas áreas abaixo da cota 152 e tiveram um carácter mais sistemático a norte da Ribeira do Álamo.

1.2.    Escavação

Face ao elevado número de sítios proto-históricos descobertos nas prospecções de revisão, e atendendo ao facto de os orçamentos para a fase da escavação terem sido previamente decididos em função dos sítios registados no QGR, deparámo-nos com uma significativa escassez de recursos financeiros para estudar convenientemente o manancial de dados novos.

Para evitar dispersar ainda mais os orçamentos restritivos postos à nossa disposição, decidimos não intervir nos sítios em que, à superfície, se detectaram ocupações mais recentes (romanas ou medievais) sobrepostas a sítios proto-históricos. Tratava-se, em todo o caso, de respeitar a estrutura dos Blocos cronológicos, remetendo a escavação dos níveis romanos ou medievais para as equipas responsáveis pelos respectivos Blocos, no contexto do PMI, o que, efectivamente, não veio a acontecer em nenhum caso.

Em 2000, foram efectuadas sondagens mecânicas na maior parte dos sítios proto-históricos listados e apenas foram feitas escavações manuais nos sítios em que as son-dagens mecânicas tinham permitido observar estruturas ou estratigrafias conservadas. Este critério permitiu-nos excluir um pequeno conjunto de sítios mais afectados por fenómenos tafonómicos, nos quais os materiais de superfície atestavam, em todo o caso, a presença de ocupações genericamente proto-históricas, mas presumivelmente sidéricas, na sua maioria.

Nos sítios melhor preservados, atendendo aos resultados das referidas sondagens mecânicas, foram abertas áreas de escavação de dimensões variáveis, embora sempre inferiores ao potencial arqueológico dos sítios.

Nesta fase, privilegiámos a decapagem superficial, na maior extensão possível, tendo em vista o registo das estruturas murárias conservadas logo abaixo da camada superficial, seguida de escavação pontual, em áreas mais restritas, em função de pro-blemas concretos de interpretação de relações estratigráficas das estruturas detectadas ou outros.

O elenco de sítios a seguir apresentado integra, naturalmente, apenas aqueles que foram objecto de escavações manuais, mesmo que, como num caso ou outro acon-teceu, muito contidas.

A escavação seguiu, sempre que possível, as camadas estratigráficas, retiradas por ordem inversa à sua presumida deposição, numa estratégia que, apesar de muito contida espacialmente, seguiu os princípios da chamada “open area”.

Todas as unidades estratigráficas que foram possíveis identificar, foram desenhadas em planta e cotadas antes de escavadas; quanto às estruturas positivas, optámos por evitar desmontá-las, mesmo quando sobrepunham outras estruturas ou camadas de sedimentos arqueológicos.

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 131

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Site ? LocalityDepth,

cmSamples. NN

Archaeointensity date, years (- = BC, + = AD)

1 Rocha do Vigio 2 50 6 -1170 1 40 4, 5 -1090, -980 1 25 1 -1150 1 20 2,3 -1110, -1000 2 Cocos 12 25 8 -1030 2 20 7 -1010 3 Monte do Outeiro2 20 9, 10 -1060 4 Monte da Estrada 2 10 11, 12 -820 5 Miguens 10 25 13, 14 -1030 6 Moinho Novo de Baixo 1 25 15, 16, 17 -900 7 Moinho da Cinza 1 40 19 -770 7 30 20 -920 7 25 18 -970 8 Espinhaço de Cão 1 100 26 -830 8 85 23 – 8 65 25 -840 8 55 24 -790 8 22 40 -740 8 30 27 -640 8 25 21 -620 9 Forno da Cal 20 28 -60010 Fonte da Calça 20 29, 30 -60011 Malhada das Taliscas 4 30 43, 45 -480, -45011 25 46, 47 -550,-59011 20 42, 44 -530, -35012 Gato 20 48, 49, 50, 51 -150, -340, -160, -37013 Chaminé 18 10 53 -39013 5 52 -19014 Casa da Moinhola 3 35 58 -27014 25 56, 57, 59 -12014 5 54, 55 -7015 Malhada dos Gagos 13 50 63, 64 -29015 40 61, 62 -16015 25 60 -21016 Musgos 10 25 65, 66, 67 -31017 Monte da Tapada 39 50 68, 69, 70, 71 -3018 Malhada das Mimosas 1 65 74 +130?18 45 72. 76 -150, -6018 40 73 –18 30 75 -50

Fig. 1. Resultados preliminares das datações paleomagnéticas obtidas por Konstantin Burakov.

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A recolha dos artefactos e ecofactos das camadas arqueológicas foi, na medida do possível, integral, embora, na maioria dos casos, as terras não tenham sido crivadas, por razões que se prendem, mais uma vez, com as fortes limitações orçamentais. Pro-cedemos igualmente à recolha de amostras de sedimentos para posteriores análises polínicas e outras, trabalhos que estão actualmente em fase de conclusão.

Em relação ao estudo dos materiais, enquadrado administrativamente numa outra fase, foi possível desenhar uma amostra que, em geral, pode ser considerada significa-tiva, tendo como critérios de selecção o grau de conservação, em termos do potencial de reconstituição gráfica das peças, na maioria dos casos, ou a raridade, nos restantes.

Antes do desenho foi efectuado um trabalho aturado de colagem dos fragmentos cerâmicos, tarefa que, em bastantes casos, nos permitiu reconstituir formas quase inte-gralmente e controlar relações estratigráficas. Uma amostra de cerâmicas seleccionada de cada um dos sítios intervencionados foi objecto de estudo paleomagnético, tendo fornecido uma primeira sequenciação cronológica, entretanto afinada com base nos conjuntos artefactuais, enquanto se aguardam os resultados das datações radiocarbó-nicas. Note-se que os resultados preliminares dessa análise parecem sofrer um duplo desvio, sendo as datas mais antigas, demasiado antigas, e as datas mais recentes, demasiado recentes, com um certo equilíbrio no séc. V (Fig. 1).

2.    CONTEXTO GEOGRÁFICO 

A área de estudo deste trabalho corresponde a um troço da margem direita do vale do Guadiana, com cerca de oitenta quilómetros de comprimento; os limites coincidem, mais ou menos, a Norte, com a área em que a falha da Messejana (conhecida com falha de Plasencia, em Espanha) cruza o Guadiana, enquanto, a Sul, o paredão da barragem se localiza sobre o sistema de falhas da Vidigueira.

Para além do vale do Guadiana, a área de estudo prolonga-se pelos vales dos principais afluentes, com destaque para o Lucefece, o Álamo e o Degebe.

Na verdade, os limites do Regolfo do Alqueva, definidos pela cota 152, balizam uma área definida artificialmente, separando, na maior parte dos troços e, sobretudo, a montante de Monsaraz, o rio dos territórios que, historicamente, lhe estariam neces-sariamente associados. Trata-se, portanto, de uma paisagem incompleta, onde alguns dos elementos que compunham, em diversos planos, a estrutura do povoamento proto-histórico, ficaram fora do território estudado.

Em termos geológicos, a maior parte da área coincide com o substrato metamórfico do complexo xisto-grauváquico da zona Ossa-Morena, interrompido, entre a ribeira das Velhas e a do Álamo, junto a Monsaraz, por uma mancha de rochas granitoides (sobretudo tonalitos) que correspondem à extremidade oriental do Maciço Cristalino de Évora; perto do limite setentrional do Regolfo do Alqueva, junto a Juromenha, de-senvolve-se, por outro lado, uma pequena mancha de depósitos terciários, relacionada com a falha da Messejana.

Estas três realidades geológicas determinam, naturalmente, diferenças significativas, em termos topográficos e pedológicos, com incidências importantes, em termos de recursos disponíveis.

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As áreas de substrato metamórfico (declives entre os 8% e os 35%) são aquelas que, em geral, oferecem menor potencial de uso agrícola (classes D e E), com recursos aquíferos subterrâneos muito limitados (produtividades inferiores a 50 m3-dia/km2); no entanto, é nessas áreas, sobretudo no troço entre Monsaraz e Juromenha que existem recursos mineiros significativos (cobre e ferro) e, simultaneamente, indícios de mineração antiga.

Nas áreas graníticas, com declives geralmente inferiores a 4%, embora o aquífero subterrâneo seja igualmente pouco significativo (produtividades inferiores a 50 m3-dia/ km2), os solos são, por regra, mais aptos para a actividade agrícola (dominam as classes B e C).

À partida, os melhores solos agrícolas coincidem com os terrenos de depósitos detrí-ticos terciários (paleogénicos) (classes A, B e C), topograficamente muito aplanados ou com pendentes suaves. Existem ainda, nas margens do Guadiana, terraços quaternários com alguma expressão, mas cuja importância económica é pouco relevante.

Climaticamente, o vale do Guadiana apresenta, em termos regionais, uma baixa pluviosidade, a par de uma importante incidência da insolação (com valores médios anuais que atingem as 3.000-3.100 horas), da radiação solar (que atinge as 165 kcal/m2) e das amplitudes térmicas. As elevadas amplitudes térmicas resultam sobretudo da ocorrência de estios “muitíssimo quentes” (mais de 33 °C, 137 dias, ou mais, com máximo superior a 25 °C) (Daveau, 1985: 47 e 52).

Orlando Ribeiro observou que “no vale do Guadiana, que é durante o Estio uma fornalha que nenhum vento refresca, as plantas crestam-se com o ar ardente e seco” (Ribeiro, 1987-a: 107). De entre as causas que permitem explicar esta conjuntura destaca-se o maciço da Serra d’Ossa, que intercepta os ventos húmidos do Noroeste e desencadeia localmente chuvas “orográficas”, sendo, por isso, responsável por uma diminuição da pluviosidade na parte Leste da região; a bacia do Guadiana, por outro lado, é “caminho fácil das influências climáticas continentais”, oriundas dos planaltos da Meseta Sul (Daveau, 1985: 29).

Note-se que, confirmando estas observações, o povoamento actual e sub-actual (as aldeias e os próprios montes das herdades) apresenta um curioso padrão de afasta-mento, em relação ao rio, na ordem da meia dúzia de quilómetros ou mais, à excepção das duas áreas com melhores condições, em termos agrícolas: Juromenha e Monsaraz.

Porém, convém sublinhar o elevado potencial económico de alguns troços do rio, sobretudo na área, agricolamente pouco dotada, onde existe uma maior densidade de sítios da I Idade do Ferro, entre o Moinho da Cinza e a Malhada das Taliscas 4. De facto, a existência de um leito muito amplo e aplanado que, no período estival se encontra maioritariamente emerso, formando ilhotas ou margens onde a pastagem se conserva, implica condições muito privilegiadas em termos de criação de gado, activi-dade em que grande parte dos sítios se poderá, eventualmente, ter especializado.

Em diversas épocas, no contexto mais amplo do Alentejo Central, que corresponde mais ou menos, em termos administrativos, ao distrito de Évora, o Guadiana parece constituir um limite físico estruturante e persistente: nessa perspectiva, a margem direita do Alqueva seria um território marginal, cujos nexos determinantes deveriam ser procurados algures no eixo Serra de Monfurado/Serra d’Ossa, por onde passam

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as grandes vias naturais de trânsito da região, constituídas pelos festos principais (as linhas que separam as bacias hidrográficas do Tejo, do Sado e do Guadiana).

3.    CATÁLOGO

No âmbito do PMI de Alqueva e no que diz respeito à Proto-História da margem direita do Guadiana foram, entre 1998 e 2001, intervencionados 18 sítios com ocupação proto-histórica, que cobrem, aparentemente toda a diacronia do I milénio a.C., com especial concentração na sua primeira metade (Fig. 2).

Fig. 2. Distribuição dos sítios descritos no catálogo. 1: Rocha do Vigio 2; 2: Monte do Outeiro; 3: Cocos 12; 4: Miguens 10; 5: Moinho da Cinza; 6: Moinho Novo de Baixo; 7: Monte da Estrada 2; 8: Espinhaço de Cão; 9: Fonte da Calça; 10: Forno da Cal; 11: Malhada das Taliscas 4; 12 Monte da Chamibé 18; 13: Gato; 14: Musgos 10; 15: Malhada dos Gagos; 16: Casa da Moinhola 3; 17: Malhada

das Mimosas; 18: Monte da Tapada 39.

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A par de uma distribuição relativamente abrangente de todos os tipos de sítios, nas diversas categorias de paisagem presentes na área de estudo, convém anotar que, nesse quadro, a densidade relativa de sítios, nas áreas agricolamente menos viáveis, não deixa de ser surpreendente; quanto aos tipos de implantação, tratando-se, como é o caso, de sítios não fortificados, predominam os sítios abertos, com escasso declive ou os pequenos esporões junto ao rio.

Em termos construtivos deparamo-nos com uma evolução relativamente rápida das últimas estruturas de planta ovalada para os primeiros complexos construtivos de planta ortogonal, seguindo, em termos genéricos, os modelos e técnicas de construção de cariz mediterrâneo, utilizando-se sempre, e preferencialmente, a matéria-prima disponível no local, aparentemente sem grandes cuidados de selecção. Em termos artefactuais, pode-se afirmar que se seguem as grandes tendências conhecidas para o interior do Sudoeste peninsular, estando os conjuntos marcados pela sua produção essencialmente regional, cabendo às importações uma presença bastante reduzida.

3.1.    Rocha do Vigio 2

Paisagem: Implanta-se sobre um esporão rochoso, pouco destacado, sobranceiro à ribeira do Álamo, na sua margem direita, perto da foz. As vertentes bastante declivosas e os destacados afloramentos rochosos determinaram que a ocupação, de cerca de 0, 5 Ha., se estruturasse em pequenas plataformas a partir de uma central, de maiores dimensões (Fig. 3).

Estruturas: A intervenção permitiu identificar a presença de estruturas de planta ovalada, estando ainda claramente visível uma grande estrutura de planta quadrangular. As estruturas de planta ovalada correspondem a duas ou três cabanas sobrepostas,

Fig. 3. Implantação do sítio da Rocha do Vigio 2.

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registadas em apenas metade da sua extensão. A primeira destas encontrava-se bem demarcada pela presença de pequenas lajes de xisto, dispostas em cutelo, reforçando o embasamento de uma possível componente aérea em materiais perecíveis. Sobre esta ergueram-se uma ou duas cabanas, de construção mais complexa; registou-se a presença de um muro de planta semi-circular realizado em pedras de xisto dispostas na horizontal, ao qual se adossavam, pelo exterior, grandes lajes dispostas em cutelo. Estas poderiam, assim, corresponder a uma mesma estrutura, de técnica mista, ou a um faseamento interno, onde a estrutura mais antiga é parcialmente aproveitada na seguinte. Certo é que na fase mais recente um pequeno muro, construído em lajes de xisto dispostas na horizontal segmenta o espaço interior, demonstrando o início da compartimentação do espaço que se tornará patente ao longo da Idade do Ferro. O desenvolvimento em altura destas cabanas deveria fazer uso de materiais perecíveis e terra, tendo sido registada a presença do característico barro de cabanas; aparente-mente no centro do espaço interior surgiram estruturas de combustão, com um solo de barro cozido sobre um leito de fragmentos cerâmicos (Fig. 4).

As estruturas de planta quadrangular presentes no local encontravam-se conserva-das em mais de um metro acima do solo, apresentando uma construção robusta, com recurso a grandes lajes de xisto, travamento dos cantos e uma adaptação ao afloramento rochoso, sobre o qual parcialmente se encontra. Trata-se de dois edifícios geminados, em que um deles, a poente, aparecia menos conservado. Ambos apresentavam portas com cerca de 1 m de largura, sobrelevadas em relação ao solo actual, estando o interior de cada um deles segmentado em pelo menos dois compartimentos. A sua atribuição a momentos proto-históricos não é clara, ainda que a escassez de materiais medievais,

Fig. 4. Planta das estruturas construtivas detectadas na Rocha do Vigio 2.

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Fig. 5. Materiais da escavação da Rocha do Vigio 2.

RV2-[37]-301RV2-[39]-221

RV2-[0]-63 RV2-[43]-1292

RV2-[38]-307

RV2-[26]-20

RV2-[várias]-Peça 9

RV2-[37]-293/313

RV2-[48 et al.]-Peça 5

RV2-[37]-454

RV2-[53]-745

RV2-[48 et al.]-Peça 6

RV2-[73]-1220

RV2-[0]-142

0 10cm

RV2-[59]-1108

RV2-[48]-Peça 7

RV2-1293

0 10cm

RV2-[41]-1142

RV2-[44 et al.]-Peça 18

RV2-[57]-727

RV2-[59]-1107

RV2-[54-58]-793/854

RV2-[44 et al.]-Peça 1

0 10cm

RV2-[59]-Peça 3

RV2-[19]-52

RV2-[41-47-64]-1122/1149

RV2-[39]-369

RV2-[várias]-Peça 80 10cm

RV2-[48 et al.]-Peça 13

RV2-[64]-986/1011

RV2-[44]-1030

RV2-[44]-1153

RV2-[48]-750

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Fig. 6. Implantação do sítio do Monte do Outeiro 2.

também atestados, e a sua ausência nos estratos mais profundos do enchimento da estrutura deixe em aberto esta possibilidade.

Artefactos: Amplo conjunto cerâmico, quase exclusivamente manual (as únicas cerâmicas a torno são atribuíveis à ocupação medieval), bem preservado, permitindo reconstituição de um número elevado de recipientes; está presente uma gama de formas bastante diversificada, desde as pequenas taças carenadas, de superfícies polidas, até aos grandes recipientes de armazenagem de perfil em “S”; os elementos de preensão são frequentes, desde os pequenos mamilos aos grandes mamilos alongados; em ter-mos decorativos, os motivos resumiam-se a digitações simples e digitações sequenciais repuxadas, criando o efeito de um cordão digitado, raras incisões sobre o bojo, além de superfícies “cepilladas” e brunidas. Registou-se a presença de artefactos relacionados com o processo metalúrgico, nomeadamente dois moldes, um deles para escopros, bivalve, em grauvaque, um soprador e escórias de fundição. Os artefactos metálicos resumem-se a um escopro em ferro e um provável fuzilhão de fíbula (Fig. 5).

Cronologia: Séc. IX-VIII a.C.

3.2.    Monte do Outeiro 2

Paisagem: Implanta-se na margem de uma ampla rechã, nas imediações da ribeira do Álamo, adjacente a bons solos agrícolas (Fig. 6).

Estruturas: Na reduzida área intervencionada não foi detectado qualquer tipo de estrutura.

Artefactos: Conjunto artefactual maioritariamente composto por cerâmica, exclusi-vamente de produção manual, distribuída por formas de perfil em “S” e formas abertas

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2.as P

Fig. 7. Materiais da escavação do Monte do Outeiro 2.

0 10cm

MOUT2-[0]-4MOUT2-[0]-12

MOUT2-[0]-82

MOUT2-[0]-23

MOUT2-[1]-21

MOUT2-[0]-69

MOUT2-[0]-24

MOUT2-[0]-55

MOUT2-[0]-79

MOUT2-[0]-73

MOUT2-[0]-67

MOUT2-[0]-16

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2.as P

de bordo simples; registou-se a presença de grandes pegas mamilares, por vezes perfu-radas, e de fundos planos. É de realçar a presença de um pequeno pingente piriforme de base plana destacada, em cornalina, e um denticulado em quartzito (Fig. 7).

Cronologia: Bronze Final.

3.3.    Cocos 12

Paisagem: Instala-se sobre um pequeno esporão, adjacente a uma pequena linha de água, muito encaixada, subsidiária do Guadiana, que se situa a escassas centenas de metros. Apresenta um controle visual muito reduzido e um potencial agrícola médio (Fig. 8).

Estruturas:  Foi detectada mais de uma dezena de buracos de poste, escavados no substrato rochoso, por vezes estruturados com pequenas lajes de xisto, dispostas em cutelo. Indiciam a presença de estruturas em materiais perecíveis, das quais não é, todavia, possível isolar a planta. A área escavada encontrava-se afectada até ao substrato geológico (xisto), sendo visíveis, em toda a extensão, marcas de lavouras recentes (sulcos de arado) (Fig. 9).

Artefactos:  O conjunto artefactual é reduzido e maioritariamente desprovido de contexto seguro; é composto por cerâmica exclusivamente manual, de que se destaca a presença de uma carena de ombro e um mamilo alongado.

Cronologia: Bronze Final.

Fig. 8. Implantação do sítio de Cocos 12. Fig. 9. Planta geral do sítio de Cocos 12.

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 141

2.as P

3.4.    Miguens 10

Paisagem: Localiza-se sobre uma pequena elevação sobranceira ao Guadiana, de solos esqueléticos, com reduzida capacidade agrícola. Apesar de pouco destacado, controlava visualmente vários quilómetros do curso do rio (Fig. 10).

Estruturas:  A intervenção permitiu verificar a presença de dois compartimentos, de planta quadrangular, contíguos, um com mais de dez metros quadrados e outro de

Fig. 11. Planta de estruturas do sítio de Miguens 10.

Fig. 10. Implantação do sítio de Miguens 10.

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142 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

Fig. 12. Materiais da escavação de Miguens 10.

0 10cm

MIG 10-[0]-1

MIG 10-[12]-29

MIG 10-[12]-Peça 2

MIG 10-[0]-13

MIG 10-[0]-3

MIG 10-[8]-78 MIG 10-[0]-10 MIG 10-[0]-18 MIG 10-[0]-40

MIG 10-[0]-11 MIG 10-[0]-33 MIG 10-[0]-9 MIG 10-[0]-75 MIG 10-[0]-49

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 143

2.as P

dimensões bastante menores, tendo sido apenas parcialmente delimitados. Em termos técnicos, os muros encontravam-se construídos quase exclusivamente em blocos de quartzo de médio e grande calibre, bastante irregulares (Fig. 11).

Artefactos:  O conjunto artefactual é escasso e exclusivamente de produção ma-nual; as formas de perfil em “S” dominam, estando atestadas as decorações incisas aplicadas sobre a parede dos recipientes. Será de realçar a presença de um número relativamente elevado de cossoiros ou contas de colar em cerâmica; na realidade, a separação entre ambos não resulta fácil nem linear, não sendo o perfil ou a largura da perfuração elementos determinantes, pelo que no conjunto recolhido poderemos ter ambos os artefactos representados (Fig. 12).

Cronologia: Finais do séc. VIII e parte do séc. VII a.C.

3.5.    Moinho da Cinza

Paisagem: Implanta-se sobre uma pequena elevação adjacente ao Guadiana, encaixada entre relevos mais destacados que limitam bastante o controlo visual, do-minando, todavia, um vau que lhe fica fronteiro. Toda a envolvente apresenta um escasso potencial agrícola (Fig. 13).

Estruturas: Foram unicamente detectadas estruturas negativas, nomeadamente um buraco de poste, uma lareira e um silo, todos escavados no substrato rochoso. Este, de planta ovalada e cerca de 1 m de profundidade, constitui a única estrutura de arma-zenagem subterrânea registada. Foram, no entanto, observadas concentrações de lajes de xisto que devem corresponder a embasamentos de muros desmantelados (Fig. 14).

Artefactos: O conjunto é dominado pela presença de formas de produção ma-nual, de perfil em “S”, de que se destaca uma forma afim dos vasos “à chardon”. Foi

Fig. 13. Implantação do sítio do Moinho da Cinza.

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144 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

Fig. 14. Planta e corte da Unidade [8] do sítio do Moinho da Cinza.

Fig. 15. Materiais da escavação do Moinho da Cinza.

0 10cm

MCZ 1-[1]-Peça 1

MCZ 1-[2/4/7]-Peça 8

MCZ 1-[1/2]-Peça 6

MCZ 1-[3/4]-Peça 3 0 10cm

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 145

2.as P

registada a presença de decoração “cepillada”, aplicada sobre recipientes de grande dimensão. As formas a torno estão representadas, igualmente, e entre outras, por formas de perfil em “S”; de realçar é a presença de um pithos claramente de impor-tação, com asa bífida, associável, nos contextos do Sul peninsular, a cronologias do séc. VII a.C. (Fig. 15).

Cronologia: Séc. VII a.C.

3.6.    Moinho Novo de Baixo

Paisagem: Instalado sobre um pequeno esporão, adjacente ao Guadiana, dispõe de um domínio visual muito limitado; localiza-se numa área de escasso potencial agrícola (Fig. 16).

Estruturas: Registou-se parte de uma estrutura de planta or-togonal, construída em lajes de xisto, de médio e grande ca-libre, dispostas na horizontal. Detectaram-se vestígios que pa-recem corresponder a um muro construído, desde a base, em terra.

Artefactos: O conjunto arte-factual é bastante reduzido, com cerâmicas de formas fechadas e bordo extrovertido, elaboradas a torno; reconheceram-se, igual-mente, produções manuais.

Cronologia: Séc. VI-V a.C.

3.7.    Monte da Estrada 2

Paisagem: Localiza-se numa pequena rechã, em terrenos de declive muito suave, na margem esquerda da ribeira do Álamo; trata-se de uma área com elevado potencial agrícola (Fig. 17).

Estruturas: A curta intervenção efectuada, permitiu registar restos de uma estrutura de planta ortogonal, construída em pedras granitóides, angulosas e de calibre diverso, disponíveis nas imediações (Fig. 18).

Artefactos:  O conjunto artefactual é composto maioritariamente por cerâmica, manual, que atinge cerca de 60% do total; esta encontra-se bem representada em formas de perfil em “S”. Entre a cerâmica a torno, é de destacar a presença de formas abertas de cerâmica cinzenta, de pasta bastante depurada, além de ânforas de produ-

Fig. 16. Implantação do sítio do Moinho Novo de Baixo, Sector 3.

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146 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

Fig. 18. Planta geral de estruturas do sítio de Monte da Estrada 2.

Fig. 17. Implantação do sítio do Monte da Estrada 2.

ção regional. A decoração surge essencialmente sobre a cerâmica manual, consistindo em linhas quebradas ou pequenas incisões no bojo; está igualmente documentada a presença de decoração “cepillada”. Foram identificados vários cossoiros (Fig. 19).

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 147

2.as P

Fig. 19. Materiais da escavação do Monte da Estrada 2.

ME2-[0]-28

0 10cm

ME2-[0]-27

ME2-[0]-3

ME2-[0]-70

ME2-[0]-52

ME2-[0]-2

ME2-[0]-103

ME2-[0]-61

ME2-[0]-86

ME2-[0]-37

ME2-[0]-63

ME2-[0]-SN

ME2-[0]-49 ME2-[0]-50

ME2-[0]-96

ME2-[0]-Peça 4

ME2-[0]-53

ME2-[0]-29/81

Cronologia: Séc. VII-VI a.C.

3.8.    Espinhaço de Cão

Paisagem:  Implanta-se sobre o topo e encosta Sul de um destacado esporão, sobranceiro ao Guadiana, apresentando grande controlo visual sobre o curso do rio, a jusante. Integra-se numa área particularmente pobre, em termos agrícolas (Fig. 20).

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148 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

Estruturas: O conjunto arquitectónico apresenta-se bastante amplo e complexo, contando com várias centenas de metros quadrados de área edificada e mais de uma dezena de compartimentos de planta ortogonal, distribuídos aparentemente em torno de dois pátios interiores. O edificado apresenta um complexo faseamento interno, com destruição e aproveitamento parcial das estruturas mais antigas. Todavia, o processo aditivo das construções parece denunciar a sua consolidação e expansão ao longo da diacronia de ocupação. Identificaram-se grandes compartimentos rectangulares, com mais de uma dezena de metros quadrados, abertos a nascente, a par de outros de planta quadrada, nos quais surgem claros indícios de diferenciação arquitectónica. Um destes compartimentos possui uma caleira central e pavimento em grandes lajes de xisto; no outro caso, o edifício quadrado apresenta uma primeira fase um amplo vão virado a nascente, com um piso de argila vermelha e uma pequena estrutura de fogo de planta quadrangular, em adobe, sobrelevada em relação ao piso, adjacente a um banco igualmente em adobe, adossado ao muro do edifício; num segundo momento, estas estruturas foram amortizadas, tendo sido alteado o piso e construída, no exte-rior, uma escadaria de acesso, com pelo menos três degraus. Foi registado apenas um compartimento de planta subcircular (Fig. 21).

Identificaram-se diversos equipamentos construídos no interior e exterior dos compartimentos, como bancos/poiais, escadarias, caleiras de escoamento de água, lareiras, entre outras funcionalmente indefinidas. A par destas, surgiu, no interior de um compartimento, aparentemente aberto do lado nascente, uma estrutura de planta subcircular, com cerca de 2,5 m de diâmetro, maciça, constituída por blocos de média e grande dimensão, sobreposta por um piso em seixos de quartzito e uma cobertura em barro cozido.

Artefactos: O conjunto artefactual é bastante amplo e diversificado, sendo composto maioritariamente por cerâmica, 63% da qual produzida a torno. A gama de formas

Fig. 20. Implantação do sítio do Espinhaço de Cão 1.

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 149

2.as P

apresenta-se variada, destacando-se, entre as formas abertas, as taças de bordo simples ou engrossado, por vezes carenadas, e os potes de colo e bordo extrovertido. A deco-ração sobre recipientes a torno é rara, estando presente no interior de formas abertas, com motivos aparentemente vegetais. Registou-se a presença de engobe vermelho, por vezes aplicado sobre cerâmica de importação (Fig. 22).

A cerâmica manual encontra-se representada principalmente por formas destinadas à armazenagem e confecção de alimentos. A decoração sobre recipientes manuais é diversificada, constando de linhas incisas, pré-cozedura, com motivos reticulados ou linhas quebradas; as incisões apõem-se sobre o bordo, sobre o bojo e sobre cordões plásticos; estão igualmente presentes digitações em linha e em banda.

Os materiais não cerâmicos são relativamente escassos, mas diversos; destacam-se várias peças metálicas, nomeadamente elementos de xorca (sanguessugas) e pequenos rolos de chumbo; recolheu-se igualmente um pendente de cornalina.

Fig. 21. Planta geral das estruturas do Espinhaço de Cão.

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150 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

EC-[121]-Peça 1

Fig. 22. Materiais da escavação do Espinhaço de Cão 1.

EC-[77]-1151

0 10cm

EC-[238]-2058EC-[112]-1748

EC-[112]-1713

EC-[0]-615

EC-[123]-1347/1353/1354EC-[20]-983

EC-[183]-Peça 11

EC-[216]-Peça 39

EC-[112]-1279/1280

EC-[106]-1337

EC-[119]-1512

EC-[175]-1881

RC-[68 et al.]-Peça 2

redução a 25%

0 10cm

EC-[175]-Peça 33

EC-[183]-Peça 10

EC-[183]-Peça 19

EC-[91-125]-Peça 23

EC-[183]-Peça 22EC-[20]-982

EC-[6]-Peça 20

EC-[0]-Peça 43

EC-[175]-Peça 47

EC-[175]-Peça 57

EC-[1]-233

0 10cm

EC-[86]-Peça 4

EC-[20]-987

EC-[119]-1315/1316

EC-[1]-240/425

EC-[252]-2101

EC-[175]-1806

EC-[120]-1275

EC-[96]-Peça 30

EC-[20]-1072/1710/1965

EC-[112]-1774

0 10cm

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 151

2.as P

Cronologia: Finais do séc. VII a.C.-inícios do séc. V a.C.

3.9.    Fonte da Calça

Paisagem:  Implanta-se sobre um pequeno esporão, de vertentes declivosas, ad-jacente ao Guadiana; apresenta escasso domínio visual e integra-se numa área de reduzido potencial agrícola (Fig. 23).

Estruturas: Registou-se a presença de parte de um edifício de planta rectangular, com uma porta virada a nascente, frente à qual deverá ter existido uma estrutura de

Fig. 24. Planta geral de estruturas de Fonte da Calça.

Fig. 23. Implantação do sítio da Fonte da Calça.

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152 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

tipo alpendre, indiciada pela presença de buracos de poste. A construção fez uso da matéria-prima disponível no local, lajes de xisto de pequeno e médio calibre, sobre-postas na horizontal (Fig. 24).

Artefactos:  O conjunto artefactual é reduzido e exclusivamente composto por cerâmica, principalmente produzida a torno (80%). Registou-se a presença de potes de bordo extrovertido e um cossoiro (Fig. 25).

Cronologia: Séc. VI-V a.C.

Fig. 25. Materiais da escavação da Fonte da Calça.

0 10cm

FCL-[3]-31

FCL-[0]-13

FCL-[0]-12

FCL-[0]-21

FCL-[0]-Peça 1

FCL-[0]-Peça 2

FCL-[0]-29

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 153

2.as P

3.10.    Forno da Cal

Paisagem: Instala-se sobre uma pequena rechã, adjacente ao Guadiana, com escasso do-mínio de paisagem e reduzido potencial agrícola (Fig. 26).

Estruturas:  Detectaram-se dois muros rectilíneos justapos-tos, construídos em blocos de quartzo e lajes de xistos, de mé-dio e grande calibre. Adjacente a estes, registou-se a presença de um roço aberto no substrato rochoso, definindo uma área de planta rectangular, com cerca de dois metros quadrados, as-sociado a um conjunto de cerca de uma dezena de buracos de poste; trata-se provavelmente de uma construção em mate-riais perecíveis, eventualmente relacionada com actividades pecuárias.

Artefactos: O conjunto artefactual é bastante escasso, constituído exclusivamente por fragmentos cerâmicos e um cossoiro.

Cronologia: Séc. VI-V a.C.

3.11.    Malhada das Taliscas 4

Paisagem: Localiza-se numa ampla rechã adjacente ao Gua-diana, com escasso controlo visual sobre a área envolvente. Nas imediações, surgem algu-mas pequenas manchas de solos agricultáveis (Fig. 27).

Estruturas: A intervenção permitiu detectar dois conjun-tos arquitectónicos de planta ortogonal, resultantes, aparen-temente, de um único momento construtivo, num total de mais de um centena de metros qua-drados de área coberta. Em ter-mos técnicos, os edifícios são

Fig. 26. Implantação do sítio do Forno da Cal.

Fig. 27. Implantação do sítio da Malhada das Taliscas.

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154 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

construídos em lajes de xisto, disponível no local, de médio e grande calibre, dispostas na horizontal, apresentando, por vezes, uma construção bastante cuidada (Fig. 28).

O conjunto edificado de maiores dimensões é composto por dois agrupamentos de edifícios dispostos perpendicularmente entre si; o maior, é composto por um grande

Fig. 28. Planta geral das estruturas da Malhada da Talisca 4.

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 155

2.as P

compartimento alongado, com uma porta virada a Sul, e, dispostos perpendicularmente a este, dois ou provavelmente três outros compartimentos, um dos quais aparentemente relacionado com a armazenagem, atendendo à presença de ânforas. Perpendicularmente a este edifício desenvolve-se, encostado ao seu canto SW, um corpo arquitectónico composto por três, ou quatro, pequenos compartimentos consecutivos.

Ligeiramente afastado daquele conjunto arquitectónico, existe um grande edifício de planta quadrangular, aparentemente isolado, de construção cuidada e porta axial virada a Nascente. O interior apresentava-se bipartido longitudinalmente, com um pavimento em grandes lajes de xisto, na metade Poente. A sequência de três muros separados por uma curta distância, detectada no canto NW, poderá indiciar a presença de um espaço relacionado com a armazenagem elevada, provavelmente de cereais.

Artefactos:  O conjunto artefactual é composto maioritariamente por cerâmica, mas contemplando igualmente recipientes de vidro e artefactos metálicos. A cerâmica é composta por cerca de 65% de recipientes a torno, correspondendo a uma gama variada de formas abertas e fechadas, nomeadamente taças de bordo simples e potes de colo estrangulado, por vezes asados (asas de cesto, cabaz, jarro, entre outras), a par de ânforas tipo CR-I, de produção aparentemente regional. A cerâmica de pro-dução manual é, igualmente, composta por uma gama variada de formas abertas e fechadas; estas constituem o principal suporte das diversas gramáticas decorativas, como pequenas incisões sobre o bojo ou linhas quebradas. Registou-se a presença de um grafito; trata-se de um pentagrama, aplicado antes da cozedura, no fundo de um recipiente a torno (Fig. 29).

0 10cm

0 10cm

MTL4-[42]-252

MTL4-[6]-13

MTL4-[42-51]-Peça 8

MTL4-[40-51]-Peça 9

MTL4-[42-51]-Peça 11

MTL4-[74-76]-Peça 6

MTL4-[42-51]-Peça 17

MTL4-[74]-Peça 14

MTL4-[0]-58

MTL4-[0]-140

MTL4-[0]-38/43

MTL4-[38]-229

MTL4-[ ]-0 2cm

MTL4-[74-76]-Peça 13

MTL4-[36]-Peça 18

MTL4-[3]-190

MTL4-[0]-271 MTL4-[0]-Peça 28

MTL4-[3]-Peça 7

MTL4-[0]-359

MTL4-[52]-288

MTL4-[6]-Peça 4

MTL4-[3]-171

Fig. 29. Materiais da escavação da Malhada das Taliscas 4.

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156 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

Os recipientes de vidro estão representados por dois fragmentos, de cor azul e amarela, ou amarela, verde e azul, eventualmente do mesmo recipiente. Os artefactos metálicos são escassos correspondendo, aparentemente, a um peso e a uma agulha. 

Cronologia: Séc. V a.C.

3.12.    Chaminé 18

Paisagem: Localiza-se na extremidade de uma extensa rechã, numa área de declive muito suave, próxima do curso da ribeira do Álamo, sobre solos de elevado potencial agrícola relativo (Fig. 30).

Estruturas:  Estratigrafias e estruturas foram profundamente afectadas pelas práticas agríco-las, tendo sido observadas ape-nas algumas pedras desarticu-ladas.

Artefactos: O conjunto arte-factual é muito reduzido, sendo de registar a presença de pro-duções a torno, nomeadamente potes, taças e ânforas, uma das quais de importação, além de algumas formas de produção manual.

Cronologia: Séc. V a.C.

3.13.    Gato

Paisagem: Implanta-se na extremidade oriental de um cerro amplo e muito desta-cado, sobranceiro ao Guadiana. Integra-se num contexto pai-sagístico de transição, onde o rio abandona o curso encai-xado, para montante, e entra numa paisagem mais aberta, de solos relativamente férteis (Fig. 31).

Estruturas: Registou-se a presença de uma extensa área

Fig. 30. Implantação do sítio da Chaminé 18.

Fig. 31. Implantação do sítio do Gato.

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 157

2.as P

edificada, apenas parcialmente delimitada e caracterizada. As estruturas dão uso à matéria-prima disponível no local, utilizando lajes de xisto e blocos de quartzo, de calibre diverso. O conjunto edificado compõe-se de diversos compartimentos de planta rectangular, de distinto tamanho, dispostos perpendicularmente ao declive; apresen-tam um faseamento que os torna apenas parcialmente contemporâneos, sendo os do topo aparentemente mais recentes que os restantes. Detectou-se, na parte superior, a presença de uma possível escadaria, composta, no mínimo, por quatro degraus (Fig. 32).

Artefactos: O conjunto artefactual é composto exclusivamente por cerâmica, 70% da qual produzida a torno, estando representada uma gama diversa de formas abertas, nomeadamente taças de bordo simples, e fechadas, como potes de bordo extrovertido, com e sem asas. No conjunto produzido a torno é de destacar a presença de cerâmica cinzenta de pasta muito fina e depurada. Foi também detectado um conjunto de ân-foras genericamente enquadrável no tipo CR-I (Fig. 33).

A cerâmica manual encontra-se representada igualmente por formas abertas e fechadas, tendo sido registada a presença de asas cegas ou de ferradura. A decoração cerâmica é escassa, tendo sido identificadas digitações sobre o bojo.

Cronologia: Séc. V a.C.

Fig. 32. Planta geral das estruturas do Gato.

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158 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

3.14.    Musgos 10

Paisagem: Localiza-se numa ligeira rechã, numa área de relevo suave, junto de uma linha de água, entre o Guadiana e o rio Degebe, a escassos quilómetros de ambos. A paisagem aberta confere-lhe alguma visibilidade sobre a área envolvente, com férteis solos agrícolas (Fig. 34).

Estruturas: A reduzida área da intervenção permitiu apenas constatar a presença de estruturas de planta ortogonal, realizadas em pedras de xisto de pequeno, médio e algumas de grande calibre, sobrepostas na horizontal. Os restos de muros formam um ângulo recto, delimitando eventualmente um compartimento, a cujas paredes ex-teriores se adossava um banco ou poial e uma pequena estrutura de lajes em cutelo. Paralelamente, a nascente de um destes muros, detectou-se um outro semelhante, definindo, entre ambos, o um espaço estreito e alongado (Fig. 35).

Artefactos:  Foram registados unicamente materiais cerâmicos, principalmente a torno (70%), nomeadamente potes de bordo extrovertido e taças de bordo simples, além de artefactos relacionados com a tecelagem, nomeadamente cossoiros e pesos de tear de secção rectangular. Algumas das cerâmicas apresentam pastas de origem aparentemente extra-regional.

Cronologia: Finais do séc. V e séc. IV a.C.

0 10cm

GT-[1]-Peça 10

GT-[31]-260

GT-[1]-95/148

GT-[1]-185

GT-[0]-14/16

GT-[0]-233/234

GT-[31]-Peça 15

GT-[31]-Peça 13

0 10cm

GT-[18-31]-Peça 4

GT-[1]-Peça 16

GT-[1]-Peça 5GT-[1]-167

GT-[1]-Peça 6

GT-[30]-Peça 14

GT-[0]-10GT-[1]-129

Fig. 33. Materiais da escavação do Gato.

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 159

2.as P

Fig. 34. Implantação do sítio de Musgos 10.

Fig. 35. Planta geral de estruturas do sítio de Musgos 10.

Musgos10Plantageraldeestruturas

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160 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

Fig. 36. Implantação do sítio da Malhada dos Gagos.

3.15.    Malhada dos Gagos

Paisagem: Implanta-se num extenso terraço sobranceiro ao Guadiana, numa área com al-gum potencial agrícola; apre-senta algum domínio visual so-bre a paisagem, particularmente sobre o rio, tanto a montante como a jusante (Fig. 36).

Estruturas:  A intervenção permitiu identificar um forno, aparentemente de cerâmica, de que se conservava apenas a câmara de combustão, com pilar central, e a boca virada a Nascente; era parcialmente rebaixado no terreno, sendo a sua estrutura construída em blocos de barro cozido (adobes) (Fig. 37).

Fig. 37. Planta e corte da estrutura [5] (forno) da Malhada dos Gagos.

– BarroCozido

– BarroCozido (estruturacentral)

– Nódulosdebarrocozidoe terra

– Solãodegranitoalterado

– Blocodegranito

N

A

B

BA

0 1m

MalhadadosGagos (ReguengosdeMonsaraz)1998/99Sondagem1Plantaecortede [5] forno

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 161

2.as P

Fig. 38. Materiais da escavação da Malhada dos Gagos.

0 10cm

GAG-[(s.1)-0]-45GAG-[(s.2b)-1]-248

GAG-[(s.1)-07]-64/70

GAG-[(s.1)/(s.2)1]-98

GAG-[(s.1)-0]-277

GAG-[(s.1)-0]-66/68/71

GAG-[(s.1)/(s.4c)1/]Peça 2

GAG-[(s.)]-391

GAG-[(s.1)1]-513

GAG-[(s.1)2]-581

GAG-[(s.4c)0]-560

GAG-[(s.)]-326 GAG-[(s.1)2]-106 GAG-[(s.1)1]-Peça 4 GAG-[(s.1)-0]-94

GAG-[(s.2b)1]-226 GAG-[(s.)]-322/399 GAG-[(s.1)-0]-623 GAG-[(s.2b)1]-624

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162 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

Artefactos: O conjunto artefactual é constituído maioritariamente por cerâmica, 85% da qual produzida a torno, correspondente a uma gama variada de formas abertas, principalmente taças de bordo simples, e fechadas, como potes de bordo extrovertido. Identificou-se a presença de ânforas, de tipo assimilável às B/C de Pellicer, de produção aparentemente regional (Fig. 38).

A cerâmica manual está principalmente representada por formas fechadas, de cozi-nha e armazenagem. A decoração cerâmica resume-se a grandes matrizes estampilhadas (reticulados e motivos raiados), digitações sobre o bojo e incisões sobre o bordo.

Registou-se a presença de contas de colar oculadas, azuis e brancas, e apenas azuis, assim como raros fragmentos de artefactos de bronze, eventualmente elementos de fíbulas.

Cronologia: Séc. V-IV a.C.

3.16.    Casa da Moinhola 3

Paisagem: Localiza-se na extremidade nascente de um pequeno cabeço alongado, de vertentes declivosas, sobranceiro ao Guadiana. O ligeiro destaque na paisagem confere-lhe algum controlo visual sobre vários quilómetros do curso do rio, tanto para montante como para jusante. Insere-se numa área de fraco potencial agrícola (Fig. 39).

Estruturas: Registou-se um conjunto edificado, disperso pelo topo e encosta Sul do cerro. As estruturas, de planta ortogonal, fizeram uso da matéria-prima disponível no local, maioritariamente grandes blocos de quartzo, utilizando-se, para regularizar o muro, lajes de xisto de médio e grande calibre. Foi possível detectar a presença de um grande compartimento rectangular, com cerca de dezasseis metros quadrados, adjacente ao qual se desenvolviam vários compartimentos quadrangulares, que não foi

Fig. 39. Implantação do sítio da Casa da Moinhola 3.

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PovoaMento PRoto-históRiCo na MaRgeM diReita do Regolfo de alqueva (alentejo, PoRtugal) 163

2.as P

Fig. 40. Planta geral de estruturas do sítio de Casa da Moinhola 3.

0 10cm

CM3[8]-349/352

CM3-[57]-Peça 8

CM3-[5]-Peça 7

CM3-[57]-316CM3-[0]-86

CM3-[57]-Peça 2

CM3-[0]-229

CM3-[0]-Peça 1CM3-[2]-294

CM3-[0]-1CM3-[31]-141

CM3-[0]-88/383

CM3-[0]-96/200

CM3[0]-120

0 10cm

CM3[2]-Peça 10

CM3-[57]-Peça 3

CM3-[0]-361

CM3-[0]-93

CM3-[57]-302

CM3-[0]-70

CM3-[0]-20

CM3-[0]-Peça 13

Fig. 41. Materiais da escavação da Casa da Moinhola 3.

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2.as P

possível delimitar por completo. O facto de algumas das estruturas serem instaladas numa encosta declivosa implicou o reforço das construções e a edificação de possíveis muros de contenção de terras (Fig. 40).

Artefactos: O conjunto artefactual é composto exclusivamente por cerâmica, 55% da qual produzida a torno, estando representadas as taças de bordo simples ou espes-sado, por vezes com carena, e os potes de bordo extrovertido; as produções manuais são essencialmente formas fechadas para preparação/confecção de alimentos: É sobre estas que surgem os escassos motivos decorativos, como pequenas incisões sobre o lábio ou sobre a parede, estando também presentes duas estampilhas, circulares com motivos raiados; estão igualmente atestados diversos elementos de preensão como as asas cegas ou de ferradura. Foram ainda recolhidos artefactos relacionados com a tecelagem: cossoiros e pesos de tear (Fig. 41).

Cronologia: Séc. VI-IV a.C.

3.17.    Malhada das Mimosas

Paisagem: Implanta-se so-bre extensa rechã, entre a ribeira da Asseca e um antigo braço do Guadiana. Dispõe de escasso controlo visual sobre a paisagem envolvente, onde sobressaem os solos de grande potencial agrícola (Fig. 42).

Estruturas:  Foram detecta-dos diversos tipos de estrutu-ras, nomeadamente uma grande vala ou fosso, de planta aparen-temente semi-circular e perfil em V, com cerca de 1,2 m de profundidade, restos de edifi-cações de planta ortogonal, em lajes de xisto, de aparente cariz habitacional, construídas sobre o fosso já colmatado e, por último, um forno cerâmico, de duas câ-maras, de que apenas se conserva a câmara de combustão, que encontra escavada na encosta. Apresenta uma planta ovalada, com cerca de 1,5 m de diâmetro máximo, com boca virada a Sul, sendo construído em blocos de barro cozido (adobes); apresenta um grande pilar central, de planta lobulada, e pelo menos quatro pequenas chaminés exteriores, que facilitavam a circulação do ar na câmara de combustão (Fig. 43).

Artefactos: O conjunto artefactual é composto maioritariamente por cerâmica produzida a torno, de formas fechadas, de bordo extrovertido e lábio aplanado, e fre-quentes taças de bordos simples; os fundos são planos e anelares, estando atestadas as asas de rolo (Fig. 44).

Fig. 42. Implantação do sítio da Malhada das Mimosas.

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Fig. 43. Planta geral de estruturas da Malhada das Mimosas.

Fig. 44. Materiais da escavação da Malhada das Mimosas.

0 10cm

MIM-[32]-Peça 23 MIM-[33]-323

MIM-[0]-176

MIM-[33]-285

MIM-[20]-282

MIM-[0]-Peça 5

MIM-[32]-Peça 35

MIM-[47]-630

MIM-[0]-812

MIM-[32]-Peça 36

MIM-[0]-216

MIM-[0]-11

MIM-[0]-100

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166 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

2.as P

Cronologia: Sécs. III-II a.C.

3.18.    Monte da Tapada 39

Paisagem: A área da interven-ção localiza-se perto da base de um encosta, em cujo topo foram detectadas escassos vestígios ar-queológicos. Presume-se que se trata de materiais em posição secundária, arrastados a partir do topo (Fig. 45).

Estruturas: Não foi detectado qualquer tipo de estrutura.

Artefactos: O conjunto ar-tefactual é composto exclusi-vamente por cerâmica a torno, maioritariamente de produção Fig. 45. Implantação do sítio do Monte da Tapada 39.

Fig. 46. Materiais da escavação do Monte da Tapada 39.

0 10cm

TP39-[0]-14

T39-[2]-209

T39-[0]-87

T39-[0]-108

T39-[1]-39

T39-[0]-103

TP39-[1]-30

T39-[2]-204

T39-[0]-121

TP39-[0]-6

T39-[4]-261

TP39-[0]-1T39-[1]-60

T39-[1]-429

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aparentemente regional, estando igualmente presentes produções de pastas claras, de origem extra-regional. Os recipientes distribuem-se entre formas fechadas de bordo extrovertido e taças de bordo simples; os fundos são planos e anelares, surgindo raros fragmentos decorados com pequenas matrizes impressas e pintura de bandas vermelho violáceo (Fig. 46).

Cronologia: Séc. II-I a.C.

4.    CONCLUSÕES

A análise global dos dados acima apresentados, no contexto da proto-história re-gional, permite, desde logo, destacar um conjunto de novidades e especificidades, para além dos padrões genericamente enquadráveis nos contextos conhecidos no interior do Sudoeste peninsular.

Como precaução prévia, recordemos, mais uma vez, o carácter parcelar da área estudada, reduzida, em grande parte, às margens do rio e pouco mais, deixando cer-tamente de fora áreas que, em termos territoriais, as completavam.

Seja como for, no que diz respeito à Idade do Bronze, os resultados obtidos na margem direita do Alqueva parecem reflectir o panorama mais geral que tem vindo a ser observado no Alentejo Central, e não só, em que os vestígios de povoamento anteriores ao Bronze Final permanecem invisíveis. De facto, as escassas cistas referidas na bibliografia não puderam, elas próprias, ser confirmadas e nenhum povoado dessas épocas foi identificado, apesar da minúcia relativa das prospecções e das escavações que aí tiveram lugar.

A ausência quase absoluta, apesar de uma ou outra excepção (Gonçalves e Calado, 1990-91), de vestígios do Bronze Pleno, na região, parece conjugar-se, aliás, com uma aparente desarticulação do povoamento calcolítico, cuja pujança aparenta já, a avaliar pelos sítios campaniformes recentemente estudados na área do Alqueva e nas imediações (Silva e Soares, 2002; Calado, 2002-a e b), uma forte retracção nos finais do III milénio a.C.

As explicações para este fenómeno, que os trabalhos no Alqueva não fizeram mais que confirmar, ainda nos escapam: crise da estrutura político-social calcolítica (Silva e Soares, 1984), crise económica, relacionada com o esgotamento dos solos (Calado, 2001), ou outras, a verdade é que entre a intensidade do povoamento (em termos de dimensão e número dos povoados conhecidos), na região, ao longo do terceiro milénio parece ter sido seguida de uma esvaziamento que só viria a ser colmatado, em novos moldes, nos finais do II milénio a.C.

Quanto aos grandes povoados de cumeada, característicos do Bronze Final do Sudoeste, a sua ausência relaciona-se, certamente, apenas com o facto de a área de estudo ter sido balizada pela cota 152; com efeito, conhecem-se dois desses povoados localizados em elevações destacadas, relativamente próximas do Guadiana, embora em cotas acima dos limites do Regolfo: Pero Lobo (Calado, 1993: 29) e S. Gens (Silva, 1996: 56). Note-se que ambos coincidem com as manchas de solos com maior potencial agrícola junto das povoações de Juromenha e Monsaraz, respectivamente.

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Ainda assim, considerando o Alentejo Central no seu conjunto, torna-se evidente uma maior concentração do povoamento, no Bronze Final, em áreas relativamente afastadas do Guadiana, aparentemente articuladas com as principais vias naturais de trânsito, acima referidas.

Uma das novidades mais interessantes, neste capítulo, foi, no entanto, a identifica-ção de sítios abertos, de pequenas dimensões –Cocos 12 e Outeiro– de que já tinham sido anteriormente publicados, na região, alguns raros exemplares, com base apenas em prospecções de superfície (Calado e Mataloto, 2001; Calado e Rocha, 1996-97). Infelizmente, devido à limitação das intervenções e à própria conservação desses sítios, não foi ainda possível estabelecer relações de verdadeira contemporaneidade com os grandes povoados fortificados de altura, cuja diacronia também permanece, aliás, aberta à discussão.

Trabalhos recentes, na serra d’Ossa, permitiram identificar num desses povoados, o S. Gens, uma ocupação da I Idade do Ferro, imediatamente anterior ao abandono do sítio, que parece ser um pouco mais antigo que o povoamento aberto registado no Guadiana (Mataloto, 2004-b).

De facto, foi precisamente no capítulo do povoamento genericamente balizável na I Idade do Ferro, que os trabalhos no Alqueva alteraram significativamente a imagem disponível: foram identificadas cerca de três dezenas de sítios, todos presumivelmente de habitat e quase todos inseridos na estreita faixa do Regolfo da barragem; des-ses, foram escavados, ainda que, na sua maioria, de forma muito expedita, cerca de metade.

Trata-se de um conjunto relativamente diversificado, em termos cronológicos e tipológicos, sobre os quais permanecem ainda em aberto algumas questões cruciais.

A sequência parece ter arrancado algures no séc. VII a.C., imediatamente a seguir ou pouco depois do abandono dos sítios da Idade do Bronze.

De uma forma geral, podem todos ser considerados pequenos povoados rurais – para os quais se propôs já, aliás, a designação de “montes” (Mataloto, 2004-a); ocupam, na sua maioria, exíguos esporões ou plataformas, sobranceiros ao Guadiana ou aos seus afluentes, e parecem ter-se desenvolvido num processo relativamente complexo, em continuidade, até momentos cronologicamente enquadráveis já na II Idade do Ferro (séc. IV-III).

De entre os melhor caracterizados, podemos, em função das cronologias disponíveis e das dimensões/complexidade arquitectónica, considerar quatro categorias:

1. Sítios pequenos, de fundação antiga (séc. VII), com longevidade muito limitada: Miguens 10 ou Moinho da Cinza).

2. Sítios grandes, de fundação antiga (séc. VII), com várias fases construtivas e maior ou menor longevidade (Espinhaço de Cão e Casa da Moinhola).

3. Sítios grandes, de fundação avançada (séc. V), só com uma fase construtiva e escassa longevidade (Malhada das Taliscas).

4. Sítios de fundação avançada (séc. V) que sobrevivem até momentos muito tardios (séc. IV-III) (Malhada dos Gagos).

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Esta tipologia sugere um processo, aparentemente bem sucedido, de instalação de pequenas unidades rurais, de carácter familiar, na sequência do esvaziamento, algures no séc. VII a.C., dos grandes povoados de altura, fundados no Bronze Final.

Essas unidades parecem ter constituído, desde o início, uma rede quase contínua, ao longo do Guadiana, que, subsequentemente sofreu processos de reestruturação: no século VI, algumas parecem ter sido abandonadas, enquanto outras prosperaram e se tornaram mais complexas. Neste período, é possível que alguns dos pequenos sítios pior datados, tenham sido fundados. Este processo de crescimento e consoli-dação teria, no séc. V, conduzido à instalação de novos sítios, planeados de raiz, e com dimensões relativamente amplas. A partir desta fase, apesar de raros, mantêm-se em actividade alguns sítios, até cronologias que, tradicionalmente, se enquadram na chamada II Idade do Ferro.

Dos restantes, a escassez da informação resgatada, não recomenda, sem reservas, a inclusão em qualquer uma destas categorias.

Forno da Cal, Fonte da Calça, ou Moinho Novo de Baixo, Sector 3, por exemplo, atendendo à exiguidade das dimensões e, sobretudo às datas paleomagnéticas, po-dem corresponder a ocupações ainda relativamente antigas, eventualmente dentro do séc. VI-V, e de curta duração.

Também os sítios escavados na margem esquerda da ribeira do Álamo –Monte da Estrada e Chaminé 18– forneceram escassa informação, em particular o segundo, muito afectado pelas lavouras e pela lixiviação; o Monte da Estrada 2, onde foi efectuada uma intervenção minimalista, por se encontrar acima das cotas limite, revela, no entanto, fundação relativamente antiga, embora se desconheçam, de todo, as dimensões que ocupava ou a eventual complexidade construtiva.

Em contrapartida, o Monte de Musgos 10, na bacia do Degebe, também ele acima da cota 152, parece arrancar já em cronologias avançadas (possivelmente o séc. V) e ter uma duração limitada; sobre as reais dimensões do sítio, não existem dados dis-poníveis. Considerando o tipo de implantação, Musgos 10 poderia, eventualmente, ter alguma analogia com o da Malhada das Taliscas 4.

Particularmente intrigante, neste capítulo, é a ausência total de necrópoles; efec-tivamente, uma vez que as prospecções foram muito meticulosas, somos levados a propor que os enterramentos se terão efectuado em cotas mais elevadas, nos terrenos contíguos, mais afastados do rio, onde, por definição, não foram feitas prospecções, senão de forma muito episódica.

Igualmente curioso, é o facto de, enquanto, na margem portuguesa, os sítios se sucederem, nalguns troços, a intervalos que oscilam entre 200 m e 1 km, ao longo do rio, na margem oposta parecem estar completamente ausentes.

Mesmo descontando algumas eventuais lacunas de prospecção, esta assimetria pa-rece reforçar o carácter de descontinuidade entre as duas margens do Guadiana. Dito de outro modo, as ligações económicas, culturais e políticas destes “montes” podem ter-se tecido mais com hinterland do Alentejo Central, do que com eventuais centros estremenhos que o estado diferencial da investigação poderia sugerir.

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170 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

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De facto, merece reparo, desde logo, o facto de estarem absolutamente ausentes, na área do Alqueva, os pólos centralizadores que certamente terão constituído, embora de diversas formas, os sítios monumentais de tipo Cancho Roano (Celestino Pérez, 1996; Jiménez Ávila, 1997) ou La Mata (Rodríguez Díaz, 2004), assim como os extensos povoados como Palomar (Jiménez Ávila e Ortega Blanco, 2001).

No entanto, é provável que se trate, efectivamente, de lacunas da investigação, como sugerem alguns indícios, ainda pouco consistentes –Castelão das Nogueiras, Nossa Senhora de Machede (Mataloto, 2004-a: 177), Vale de Moura (Teichner, 2000) ou Monte da Anta (Calado, 2003)– como certamente também resulta de lacunas de investigação, que começam agora a ser colmatadas (Duque Espino, neste volume), a raridade de sítios de pequenas dimensões, comparáveis aos que agora publicamos, na Extremadura espanhola (Rodríguez Díaz e Enriquez Navascués, 2001; Rodríguez Díaz, 2004).

Se pensarmos no Alentejo Central como um território geograficamente coerente, o conjunto dos sítios da I Idade do Ferro do Alqueva, parece constituir uma extensão, em áreas economicamente menos viáveis e politicamente fronteiriças, de uma rede de povoamento cujos lugares centrais se localizariam, mais a Oeste, no eixo Serra d’Ossa-Évora; esta suposta relação parece igualmente atestada pela descoberta recente de novos elementos do que parece constituir uma rede contínua de sítios contemporâneos, entre o vale do Guadiana e o interior (Mataloto, 2004) (Fig. 47).

Fig. 47. Evolução do povoamento proto-histórico da margem direita do Regolfo do Alqueva.

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2.as P

Fica em aberto a caracterização dos laços que certamente existiram entre o povoa-mento da I Idade do Ferro do Alentejo Central e da Extremadura; ficam, igualmente, por definir, as rotas comerciais e culturais com que a região se integrou e que aqui fizeram chegar as inovações oriundas, em última análise, das dinâmicas do mediter-râneo oriental.

Neste aspecto, merecem, por enquanto, ser consideradas duas alternativas que, mais do que contraditórias, podem ser complementares: o foco orientalizante do Guadiana Médio, com acessos próprios ao litoral meridional, ou o foco dos estuários do Tejo e do Sado, para os quais o Alentejo Central, por razões de transitabilidade natural, constituiria naturalmente um território de interacção privilegiado.

Dificilmente integráveis na lógica bipartida da Idade do Ferro regional são os ca-sos da Malhada dos Gagos ou da Moinhola, uma vez que se trata de sítios em que, tanto a implantação, como a cultura material, se enquadram sobretudo nos cânones da I Idade do Ferro, mas que, em todo o caso, sobreviveram até momentos em que, aparentemente, na região, a maior parte do povoamento aberto tinha já sucumbido ao acastelamento.

Note-se, todavia, que os “castros de ribeiro”, relativamente abundantes mais para o interior (em relação ao rio, entenda-se), faltam absolutamente, na área estudada, assim como nas áreas mais imediatas. Trata-se de fenómenos eventualmente relacionados e que podem, por sua vez, ter igualmente a ver com o aludido carácter marginal do vale do Guadiana e com um hipotético alheamento desta área, em relação aos fenómenos que desencadearam o modelo de povoamento característico da II Idade do Ferro, no resto da região.

O sítio da Malhada das Mimosas, aparece, por enquanto como um caso isolado: a cronologia tardia e o facto de, em vez de muralhas, ter tido fossos, remete para um modelo que não encaixa nos dados disponíveis, nesta ou noutras áreas conexas.

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172 Manuel Calado, Rui Mataloto y aRtuR RoCha

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