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Prof. Felipe de Carvalho Pimentel Contribuição: Rentata Gomes

PPBI - A04 - Pensamento e Linguagem

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  • Prof. Felipe de Carvalho PimentelContribuio: Rentata Gomes

  • O ser humano distingue-se pelo pensamento e a comunicao. As primeiras percepes da linguagem de Helen Keller sugerem que a linguagem e o pensamento esto estreitamente ligados.

  • Helen Keller nasceu em 1880 em uma cidadezinha ao norte do Alabama. Uma doena a deixou completamente cega e surda aos dois anos. Cresceu sem conseguir falar, embora tivesse aprendido a fazer sinais para comunicar desejos simples. Um meneio de cabea para o lado significava no; um meneio para cima e para baixo , sim; um movimento de puxar, venha; um movimento de empurrar, v.

  • Quando Helen estava com 7 anos, Anne Sullivan Macy, uma professora parcialmente cega, veio morar com os Keller. Sullivan comeou o ensino de linguagem quase imediatamente. Mais ou menos um ms depois, ocorreu algo muito importante. Segundo Helen Keller:Um dia enquanto brincava com minha boneca nova, a senhorita Sullivan colocou minha grande boneca de pano no meu colo, soletrou b-o-n-e-c-a e tentou me fazer entender que b-o-n-e-c-a aplicava-se a ambas.

  • Antes, naquele mesmo dia, tivramos um desentendimento sobre as palavras c-a-n-e-c-a e -g-u-a. A senhorita Sullivan tentara me fazer entender que c-a-n-e-c-a era caneca e -g-u-a era gua, mas eu persistia em confundir as duas. Desacoroada, deixou de lado o assunto para retom-lo na primra oportunidade. Fiquei impaciente com suas repetidas tentativas e peguei minha boneca nova e atirei no cho. Fiquei feliz quando senti os pedaos da boneca quebrada no meu p [...] e senti uma espcie de satisfao por ter desaparecido a causa do meu desconforto.

  • Ela me trouxe meu chapu e eu percebi que iramos passear l fora sob o sol quentinho. Este pensamento, se que eu posso denominar essa sensao intraduzvel de pensamento, me fez pular de prazer. Caminhamos at a fonte, atradas pela fragncia das madressilvas. Algum estava pegando gua e minha professora colocou minha mo sob o jato. Enquanto a gua fresca jorrava em uma das mos, ela comeou a soletrar a palavra gua na outra, primeiro lentamente e depois rapidamente. Fiquei ali, parada, toda a minha ateno concentrada nos movimentos dos dedos dela.

  • Subtamente adquiri uma conscincia no muito clara, como de algo esquecido uma excitao de retorno do pensamento; e de alguma forma o mistrio da linguagem revelou-se para mim. Eu sabia ento que -g-u-a significava aquela coisa fresca e deliciosa que flua pela minha mo. Aquela palavra viva despertou-me a alma, deu-lhe luz, esperana, alegria, libertou-a! Havia ainda barreiras, verdade, porm barreiras que podiam ser derrubadas com o tempo.

  • Sai dali vida por aprender. Tudo tinha um nome e cada nome fazia nascer um novo pensamento. No caminho de casa, cada objeto que eu tocava parecia pulsar. Era porque eu via a tudo com uma viso estranha, nova, que s eme revelara [...]. Naquele dia aprendi muitas palavras novas [...] - palavras que fariam o mundo desabrochar para mim como o cajado de Aaro, com flores. Teria sido difcil achar uma criana mais feliz do que eu quando deitei na minha cama no final daquele memorvel dia e revivi as alegrias que tivera; e pela primeira vez esperei ansiosa pelo dia seguinte.

  • A instruo de Helen Keller

  • Clipe:http://www.youtube.com/watch?v=RgGvv7EGVFY&feature=relatedCena final:http://www.youtube.com/watch?v=pIaMgD1VmmY&feature=related

  • USOS DA PALAVRA PENSAR:- esperar- acreditar- raciocinar- lembrar

    USAMOS PENSAR PARA NOS REFERIR A QUASE TODOS OS PROCESSOS MENTAIS.Ex: categorizamos, sintetizamos, analisamos...

  • Todas as operaes cognitivas ateno, percepo, memria, pensamento e uso da linguagem - esto interligadas. Se voc no pode pensar, no pode dominar um idioma. O mero uso das palavras uma conquista intelectual. A linguagem, por sua vez, tambm influencia o pensamentoAs palavras atuam como taquigrafia para a experincia.

  • O pensamento no requer a linguagem da forma pela qual a linguagem requer o pensamento (exemplo: bebs e animais).Da mesma forma que as palavras podem facilitar o pensamento, elas podem limit-lo (Ex: relatividade lingustica-pessoas que falam o mesmo idioma tendem a construir os mesmos conceitos; a discriminao de 12 tipos de neve pelos esquims).

  • A linguagem dirige o pensamento: questes emocionais da experincia so afetados pela descrio verbal daquilo que dizemos. EX: chamo uma pessoa humilde de doida e uma mais abastarda de excntrica.

    Em algumas linguas, o padro verbal enaltece uma parte dos eventos, isso faz com que tal comunidade verbal apresente forma peculiar de entender como tal uma dada realidade.

  • As cognies, alm de estarem mescladas entre si, esto ligadas a emoes e afetos. As percepes, por exemplo, esto frequentemente ligadas a afetos, embora possamos no estar conscientes disso.

    Zajonc (1980): No vemos simplesmente uma casa, vemos uma casa bonita, uma casa feia ou uma casa pretensiosa .

  • Uma parte nfima de conhecimentos sobre um objeto o suficiente para dar acesso emoo atrelada ao mesmo. Tudo o que experimentamos fatidicamente afetado pelo estado afetivo do objeto. Por mais que no me lembre com exatido de como foi morar durante um perodo naquele bairro, sei que no gostei por conta dos sentimentos.

  • - Pensamento imaginar? boa parte da cincia cognitiva defende a idia de que as pessoas sempre formam imagens ao pensar sobre um dado contedo. As imagens cognitivas assemelham-se s percepes. (Kosslyn, 1985 - coelho grande = mais detalhes)Na clnica interessante pedir ao cliente trazer fotos de sua vida e das pessoas relevantes para dar cara aos personagens.

  • - Pensamento agir? A ao frenquentemente acompanha o pensamento. Aprendemos a pensar em alguns contextos apenas aps agir sobre eles. (teste das argolas)(Smith et al., 1947 - Droga curare com paralisia total)

    As pessoas pensam com o corpo todo.

  • -Pensamento representao? uma das atividades mais comuns na tarefa do pensar. Quando nos deparamos em situaes que no h disponvel dados explicitos sobre o evento, tendemos a represent-lo cognitivamente.

    Ao conversar ou escrever, partilhamos de nossos conceitos com outras pessoas.

  • Categoria um conceito dado ao processo cognitivo de organizar em um mesmo esquema todas as informaes que possam ser relacionadas a um dado conceito.Ex: o que um psiclogo?

    Modelo clssico vs. Modelo prototpico

    As categorias nos revelam sobre informaes que ainda no tivemos o acesso completo. Mesmo sem ter ido a um local, quando um amigo fala: abriu uma nova loja de aa, j sei de vrios pontos sobre o que esperar do local.Quando nos decepcionamos que a informao nova no se mostrou de acordo com a conceito que temos de loja de aa.

  • Pr-conceito? uma rede de categorias sobre um dado evento fortemente instalada que faz com que o sujeito no se mostre disponvel para alterar tal conceito. Geralmente ligado a valor de sobrevivncia.

    A forma como fazemos a relao entre as categorias determinante sobre o desempenho em conhecimento complexo de uma pessoa.Fazer boas pontes sobre o que se conhece favorece a reteno e direo dos dados cognitivos.

  • Como plantar 10 cerejeiras em cinco fileiras de 4 rvores cada?Daniel est preso em Guru. A porta tem mltiplas fechaduras. As paredes de concreto avaam trs andares abaixo do solo. O cho est imundo. Dois metros acima h um espao por onde surge um raio de luz do sol, por onde Daniel, ainda que to emagrecido, passaria com muita dificuldade. Mas a cela est completamente vazia, de modo que no h algo em que possa subir e alcanar o vo. Certa noite, Daniel tem uma idia. Ele comea a cavar mesmo sabendo que impossvel fugir pelo tnel. Qual o plano de Daniel?

  • Quando analisamos perguntas como essa, temos um objetivo especfico em mente. Os cientistas cognitivos chamam esse tipo de atividade de pensamento dirigido.Dois processos relacionados:- Raciocnio- Soluo de Problemas

  • Processo no qual usamos vrias estratgias decisrias para responder a perguntas com preciso. Geralmente envolve 3 critrios: recuperao de informaes passadas (perguntas fceis); lgica sobre um dado funcionamento de realidade a partir das experincias passadas (perguntas mais difceis); uso de atalhos (para contedos razoavelmente complexos mas que estamos habituados).

  • Busca e disponibilidade de exemplos: assim como na comparao com prottipos, os sujeitos partem para o conhecimento a partir dos exemplos que tem de uma dada situao ou objeto.Namoros sempre acabaram mal, logo, todo namoro leva ao sofrimento (tende-se tambm a buscar numa realidade os exemplos mais vvidos, logo, mais fcil lembrar tiros na favela do rocinha do que da sua bela vista para a baia carioca).

    Construo de explicaes causais: tentativa de dar uma seguncia plausivel a um acontecimento. (problemas em resoluo de situaes mais complexas).

  • Estratgia de comparao com prottipos: geralmente a estratgia mais utilizadas em decises rpidas (seu sapato tem cadaro?). Partimos de uma informao para as categorias que j armazenamos outrora (papagaio ave?).Quando um mdico pensa nos remdios que utilizar com um paciente, provavelmente o mdico parte das infomaes obtidas com os resultados em outros pacientes, enquanto que os novatos tenderiam a buscas a lgica formal at que tenham construdo experincia para formar seu modelo prototpico.

  • H um objetivo (pode ou no ser especfico) a ser alcanado e o processo de resoluo de problemas envolve 4 elementos:IdentificaoPreparaoResoluoTeste de gerao, anlise de meios e fins, imaginao, insightAvaliao

  • Encontrar um ponto de partida dentro de uma problemtica pode ser a tarefa mais difcil na atividade de soluo de problemas.

    Os problemas tem de algum modo se apresentar como vlidos para o sujeito.

  • So idias gerais pouco definidas de como enfrentar algum problema. Precisamos de representaes adequadas para resolver um problema.Ex: Caderno e Lpis.

    Dificuldades na representao de problemas:Dados confusos e limitaes;Fatores irrelevantes;Informaes incompletas;

  • a estratgia prtica que foi usada para resolver um problema. Tendemos a, depois de idendificar um problema e preparar nossa resposta, manter um amplo investimento em uma dada soluo.

    Estratgias:Teste de gerao;Anlise de meios e fins;Imaginao;Resoluo e INSIGHT.

  • Teste de gerao: no teste de gerao, o sujeito responde ao problema e ele mesmo d o limite de sua eficcia.

    Anlise de meios e fins: subdiviso dos passos da soluo em uma hierarquia.

    Imaginao: A soluo ocorre de maneira imaginativa antes de ser colocada em prtica no mundo fsico.

  • Trs processos cognitivos envolvem o Insight.

    Codificao seletiva leva em conta fatores mais relevantes e descarta os irrelevantes;Combinao seletiva utilizao de dados menos bvios para a resoluo do problema;Comparao seletiva compara-se as informaes em termos de possveis contribuies para a resoluo do problema.

  • Fontes de insight: o insight no um processo imaterial sem explicao.

    Conhecimento anterior;Processos executivos (capacidade no processo de resoluo);Motivao;Incubao;Contratempos na resoluo (transferncia negativa de aprendizaem anterior e fixao funcional ex: regra dos jarros)

  • Problema do Aguap:A cada 24 horas os aguaps duplicam de tamanho e de rea nos lagos. Suponha que voc comea com uma nica planta. Em que dia o lago estar semicoberto (50%) por aguaps se estar inteiramente coberto em 60 dias?

  • Ao solucionar o problema, tendemos a avaliar sua real eficcia.

    Em alguns casos, nossa avaliao exige que faamos melhor numa prxima situao, em outros, ficamos satisfeitos com o resultado que foi obtido.

  • A linguagem possivelmente o processo cognitivo mais importante para todo o pensamento humano complexo.

    Os psicolinguistas se concentram em 3 questes fundamentais:Compreenso. Que processos mentais capacitam as pessoas a compreender como as outras falam?Produo. Que processos capacitam as pessoas a falar o que falam?Aquisio. Como as crianas desenvolvem ambas as habilidades?

  • Comunicao reflexiva: dada como forma de comunicao selecionada filogeneticamente em que o sujeito apresenta um padro fixo de ao que indica importantes informaes a outro sujeito.

    Comunicao proposital: esse tipo de comunicao baseia-se no efeito claro que a comunicao ter sobre o espectador. No caso dos humanos, as lnguas ou idiomas so formas complexas de linguagem proposital.

  • Ordenao: a aplicao de regras da expresso da linguagem complexa. As pessoas so treinadas a responder de acordo com tais regras para aumentar a eficcia das verbalizaes sobre os ouvintes. Crianas demostram o seguimento espontneo das regras.

    Significao: muitas palavras apresentam invariavelmente algum significado (mesmo as mais abstratas). As combinaes de palavras transmitem significados mais complexos, a ordenao de palavras em sentenas essencial para transmio de pensamentos

  • Funo social: o fundamento da fala a possibilidade de compartilhar para o meio social informaes e idias (vide vantagens de acmulo de conhecimento e regras). A funo de ouvinte deve ser desenvolvida tanto quanto a de falante (o ouvinte precisa adiantar as condies que esto controlando o comportamento do falante).

    Criatividade: a variao funcional das verbalizaes fornece a linguagem configurao criativa. preciso que o sujeito renove suas verbalizaes a cada momento de acordo com as necessidades sociais.

  • Os pensamentos so expressos pela fala aps uma organizao de um plano geral. Ficamos sob controle das informaes que j apresentamos e das que vamos apresentar para no repetir.

    Auto-edio: durante o processo verbal, o falante responde ao prprio comportamento verbal e edita-o de acordo com os possveis efeitos do mesmo sobre o ouvinte.

  • Bebs so em geral especialmente atentos a fala no ambiente social.

    Com o balbucio, o beb comea a experimentar os fonemas e desenvolver as primeiras habilidades de fala. Isso porque a criana v no adulto possibilidade de ser um meio para algo que ela necessita.

    Modelagem todo conhecimento vai se especializando de acordo com o tempo. (Parece haver evidncias cientficas que a modelagem s atua adequadamente entre os 2 anos e a puberdade)

  • Chomsky Teoria do dispositivo de aquisio da linguagem. Alega que as pessoas nascem com um dispositivo mental que lhes possibilita descobrir as regras para aglutinar sentenas aceitveis. Deste modo, a criana testa a todo momento a lgica da linguagem que ela est desenvolvendo.Bruner (1978) defende a idia de que a linguagem formulada de acordo com o campo da soluo de problemas e necessidades da criana.Skinner (1957) Teoria do comportamento verbal a partir da histria de contingncias e modelagem.