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1. INTRODUÇÃO No mundo atual, a sociedade procura ter acesso a informações sobre os acontecimentos por meio do telejornalismo, que relata para o indivíduo fatos do cotidiano ao redor do mundo. No Brasil, a qualidade do telejornalismo apresenta níveis elevados. Além disso, há uma série de formatos de telejornais veiculados em horários diferentes e voltados para públicos diferenciados. Entre os diversos tipos de telejornais da televisão brasileira, existem aqueles que buscam atingir camadas mais populares da sociedade, por meio da utilização de um tipo de linguagem que se convencionou chamar de sensacionalista. Neste trabalho, buscamos compreender como ocorre a produção de um telejornal desse gênero, de modo a identificar um tipo de procedimento jornalístico que, em diferentes circunstâncias, tem sido apontado como não-ético. Especificamente, busca-se também descrever de maneira breve a história do telejornalismo brasileiro. Além disso, identificar programas de caráter sensacionalista e, sobretudo, reconhecer como se dá essa prática televisiva por meio do trabalho dos produtores, redatores e apresentadores do telejornal Brasil Urgente. Dessa forma, estudar a linguagem de telejornais sensacionalistas é importante para que possamos entender até que ponto um determinado fato é abordado com objetividade ou 4

PPM - Sensacionalismo no Telejornal

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Page 1: PPM  - Sensacionalismo no Telejornal

1. INTRODUÇÃO

No mundo atual, a sociedade procura ter acesso a informações sobre os

acontecimentos por meio do telejornalismo, que relata para o indivíduo fatos do cotidiano

ao redor do mundo.

No Brasil, a qualidade do telejornalismo apresenta níveis elevados. Além disso, há

uma série de formatos de telejornais veiculados em horários diferentes e voltados para

públicos diferenciados.

Entre os diversos tipos de telejornais da televisão brasileira, existem aqueles que

buscam atingir camadas mais populares da sociedade, por meio da utilização de um tipo de

linguagem que se convencionou chamar de sensacionalista.

Neste trabalho, buscamos compreender como ocorre a produção de um telejornal

desse gênero, de modo a identificar um tipo de procedimento jornalístico que, em

diferentes circunstâncias, tem sido apontado como não-ético. Especificamente, busca-se

também descrever de maneira breve a história do telejornalismo brasileiro. Além disso,

identificar programas de caráter sensacionalista e, sobretudo, reconhecer como se dá essa

prática televisiva por meio do trabalho dos produtores, redatores e apresentadores do

telejornal Brasil Urgente.

Dessa forma, estudar a linguagem de telejornais sensacionalistas é importante para

que possamos entender até que ponto um determinado fato é abordado com objetividade ou

utilizado para que se promova um espetáculo, cujo objetivo vai além de simplesmente

informar.

Com isso, acreditamos contribuir para a conscientização a respeito da verdadeira

função social do jornalismo, buscando evidenciar e, se for o caso, denunciar eventuais

abusos cometidos por profissionais da imprensa.

Acreditamos que os resultados obtidos ao final deste trabalho estarão voltados para

o benefício do telespectador, para que ele se torne apto a julgar um telejornal como

sensacionalista ou não. Além disso, serão úteis para os jornalistas futuros, que terão a

necessidade de julgar a veracidade e a qualidade de uma matéria. Trata-se, portanto, de

uma contribuição para os estudantes da área da Comunicação Social.

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* Este trabalho apóia-se na teorias de ANGRIMANI (1964), AMARAL (2005) e DEBORD (1967).

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Esta pesquisa utiliza-se da metodologia do Estudo de Caso. Para tanto, faremos

uma pesquisa de campo, e levantamento de materiais como entrevistas, fotos, bibliografia e

programas televisivos.

Além disso, nossa equipe acompanhará o processo de produção de uma edição do

programa Brasil Urgente, da Rede Bandeirante de Televisão, com vista a obter dados

referentes às rotinas de captação, tratamento e divulgação das informações.

Utilizaremos também o método dedutivo que, partindo de teorias, prediz a

ocorrência do sensacionalismo em nosso objeto de estudo. Os aspectos de pesquisas serão

qualitativos, com ênfase em valores, comportamentos e qualidades do material estudado.

Por meio de observação preliminar, pôde-se perceber que o sensacionalismo é

constituído pelo emprego das seguintes técnicas: textos que provocam comoção;

apresentação do fato em vários segmentos, de modo a criar expectativa; repetição da

notícia de maneira exaustiva; gestual movimentação e impostação de voz do apresentador.

Finalmente, o desenvolvimento deste projeto contribuirá para que a equipe

realizadora adquira conhecimentos sobre os diferentes tipos de imprensa, e o que qualifica

cada uma delas, especialmente no que se refere ao tema “O Sensacionalismo nos

Telejornais”.

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2. HISTÓRICO

2.1. TELEJORNAL

“Telejornal é um noticiário jornalístico transmitido pela televisão, geralmente

acompanhado de cenas cinematográficas dos principais acontecimentos” (Michaelis UOL,

2008).¹

O telejornalismo nasceu após a popularização do cinema, quando se tornou

atraente a iniciativa de filmar notas de tipo informativo. O primeiro evento televisivo de

notícias aconteceu em agosto de 1928, nos EUA aceitando a indicação oficial. A emissora

WGY transmitiu simultaneamente em rádio e TV o momento em que Al Smith, pré-

candidato à presidência pelo Partido Democrata, aceitando a indicação oficial. Foi o

primeiro sinal ao vivo e o primeiro evento de notícias.

Os primeiros telejornais ainda seguiam a estética do rádio, no qual o âncora lê

a notícia com o papel nas mãos, sem fazer contato com a câmera. Mais para frente foi

percebendo-se a importância da aparência do apresentador, da forma de noticiar e do

contato visual com a câmera.

O primeiro telejornal brasileiro foi o Imagens do Dia, da TV Tupi, idealizado

por Assis Chateaubriand. Foi ao ar pela primeira vez em 19 de setembro de 1950 e durou

um ano. Algumas notícias eram acompanhadas de imagens em preto e branco e sem

nenhum efeito sonoro.

Com a evolução da tecnologia, vários aspectos foram sendo aprimorados no

telejornal até os dias de hoje, como o link ao vivo com repórteres espalhados pelas cidades

do país ou até do mundo, imagens mais precisas e claras, interatividade com o público e até

acesso ao telejornal pelo celular. Assim como o futebol e as telenovelas, o telejornal

tornou-se ícone marcado na grade de programação de todas as emissoras abertas atuais.

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UOL – MICHAELIS. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acessado em: 28 de mai. 2008, 14:03:00.

Page 4: PPM  - Sensacionalismo no Telejornal

2.2. JORNALISMO SENSACIONALISTA

Manipular a informação de modo incompleto ou parcial e apresentar essa

informação num formato exagerado ou enganador são características principais que

caracterizam o jornalismo sensacionalista. A exploração de notícias sensacionalistas em

geral resulta em audiência.

No Brasil, o sensacionalismo foi transformado em um instrumento de

competição entre emissoras de TV e jornais, causando polêmica junto à opinião pública.

Os pesquisadores e estudiosos da Comunicação Social definem o jornalismo

sensacionalista como prática jornalística que se dá em jornais e telejornais ditos populares,

ou seja, feito para classes C, D e E. São caracterizados por provocar comoção nos

telespectadores e pela euforia por parte dos apresentadores. O uso de imagens fortes e

repetitivas com a junção de notícias bizarras para entreter e levantar a audiência fazem

parte do universo sensacionalista.

O livro Espreme que sai sangue: um estudo sensacionalismo na imprensa¹,

foi escrito por Danilo Angrimani (1995), repórter e professor, nascido em São Paulo. O

autor investiga o fenômeno do sensacionalismo na imprensa sob várias dimensões: sua

história através dos tempos, sua produção, e as razões mais profundas que fazem com que

um amplo público seja atraído por este produto. O livro analisa como a linguagem utilizada

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¹ Rio de Janeiro: Summus, 1995.

(A imprensa sensacionalista) “não se presta a informar, muito menos a formar. Presta-se básica e fundamentalmente a satisfazer as necessidades instintivas do público, por meio de formas sádica, caluniadora e ridicularizadora das pessoas. Por isso, a imprensa sensacionalista, como a televisão, o papo no ar, o jogo de futebol, servem mais para desviar o público de sua realidade imediata para voltar-se a ela, mesmo que fosse para fazê-lo adaptar-se a ela. (MARCONDES FILHO, 1986, p. 12)

O processo de produção sensacionalista é ainda feito de forma instintiva e inconsciente. O termo instintivo aqui tem o sentido de ação não totalmente racionalizada pelo sujeito. O jornalista sabe como fazer para que a linguagem se torne sensacionalista, mas nem sempre tem plena consciência de todo o conjunto de mecanismos que correm por trás da cena. O sensacionalismo é mais importante pelo conteúdo significante (latente) do que sua revelação como significado [...] (ANGRIMANI, 1995, p. 95)

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penetra no inconsciente dos consumidores atendendo a necessidades psicológicas coletivas,

e investiga os mecanismos que interagem no processo de atração e compra sensacional.

O conteúdo de uma matéria sensacionalista se dá pelo apelo e uso abusivo

de uma linguagem coloquial utilizada para atrair o público. Dá aquela sensação ao

telespectador de dúvidas sobre a reportagem, resultando em perguntas do tipo “Será isso

realidade?”. Uma mesma página e um mesmo programa de telejornal podem apresentar

conteúdo totalmente sensacionalista.

Um dos periódicos nacionais que ficou bastante conhecido por utilizar

linguagem assumidamente sensacionalista foi o jornal Notícias Populares (NP), publicado

pela empresa Folha da Manhã. Se para os leitores mais conservadores sempre foi motivo

de boas gargalhadas momentâneas e nenhuma credibilidade, uma boa fatia da população

— composta pelas camadas mais populares — acreditava piamente no que estava escrito

no jornal Notícias Populares, cujo foco centrava-se em notícias com uma linguagem

simples, um pouco distante dos ditames formais e pré-estabelecidos por outros meios

impressos. O jornal encerrou em 2003.

  Embora popular, o Notícias Populares nasceu por uma questão política. Sua

idéia era contrapor-se ao governo de João Goulart. Por incrível que pareça, o jornal nunca

sofreu censura durante o período de ditadura militar. Vez por outra circulares eram

remetidas à empresa Folha com a recomendação de que o jornal não utilizasse certos

nomes, como Esquadrão da Morte.

A parte mais criativa deste tipo de jornalismo, porém, ocorria na produção de

notícias. Uma informação insignificante, mas com potencial sensacionalista, poderia ser

trabalhada por um coletivo de redatores, até ganhar o impacto desejado. Uma criação de

equipe, com muita liberdade e improvisação. O mesmo se dava com manchetes, títulos,

textos-legenda e chamadas de capa. Invariavelmente, tudo era feito a muitas mãos, num

trabalho em que a colaboração e palpites eram livres, bem-vindos e estimulados.

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[...] o sensacionalismo é basicamente uma forma diferente de passar informação; uma opção; uma estratégia dos meios de comunicação. Mesmo um telejornal (ou radiojornal) não-sensacionalista pode ter em alguns momentos de sua produção momentos sensacionalistas. Como se disse, trata-se de um gênero (sinônimo aqui de estilo). O telespectador, ou o ouvinte, precisa de espírito crítico para entender quando ocorre a mudança de linguagem objetiva, para a sensacionalista. Nessa transposição é que pode ocorrer o sensacionalismo. (ANGRIMANI, 1995, p. 41, grifo do autor).

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FIGURA I – MANCHETE DO JORNAL NP

Fonte: http://www.noticiaspopulares.com/

FIGURA II – MANCHETE DO JORNAL NP

Fonte: http://www.noticiaspopulares.com/

O estímulo à criatividade em todos os níveis, naqueles moldes, não existia em

qualquer outra redação paulista. Assim, foi capacitada uma legião de jornalistas que,

posteriormente, puderam aplicar em condições profissionais responsáveis muito do que foi

aprendido na "escolinha", como era conhecida a redação do finado NP.

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Durante a década de 70 o jornal se consolidou junto à população. Depois da

tiragem ter despencado para 25 mil no começo da década, veio à luz o parto mais esperado

da imprensa brasileira. Em um domingo de maio de 1975, nascia em São Bernardo do

Campo, o bebê-diabo. O tipo, que inaugurou a série de reportagens fictícias do jornal,

rendeu um mês de reportagens, com direito a 27 manchetes.

FIGURA III – BEBÊ DIABO

Fonte: http://www.noticiaspopulares.com/

O menino-diabo catapultou para 150 mil exemplares a tiragem do jornal,

tirou as criancinhas do ABC paulista das ruas e gerou até preocupação do secretário de

Saúde local. Aceitável ou não, o fato é que em nenhum momento o jornal recuou no

tratamento dos assuntos, nem na cobertura dos carnavais, extremamente ousada para a

época: nudez repleta de closes.

A maior conclusão do repórter, portanto, fica implícita: a de que, uma vez no

meio no mundo da imprensa sensacionalista, ninguém é inocente.

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Se do ponto de vista de produto, o bebê-diabo se mostrou uma “cascata” lucrativa, um “hit” de mercado, com a circulação ligando para a redação, tentando entender por que o jornal não tinha encalhe naquela edição de 11 de maio de 1975, do ponto de vista jornalístico não estava se fazendo nada de original, mas somente adaptando uma história que tem uma reputação secular bem-sucedida. (ANGRIMANI, 1995, p. 140)

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2.2.1. A Sociedade do Espetáculo

O livro A Sociedade do Espetáculo¹ do pensador francês Guy Debord (1967),

escrito na década de 1960, faz críticas em sua obra aos maiores sistemas sociais de sua

época, o capitalismo e o socialismo.

A sociedade do espetáculo é um livro precursor de toda a análise crítica da

moderna sociedade do consumo. Para muitos, é um dos mais importantes livros do século.

Para Debord nunca a tirania das imagens e a submissão alienante ao império da mídia,

denunciados por Debord, foram tão fortes quanto agora.

Nunca os profissionais do espetáculo tiveram tanto poder: invadiram todas as

fronteiras e conquistaram todos os domínios da arte à economia, da vida cotidiana à

política, passando a organizar de forma consciente e sistemática o império da passividade.

O livro é, sem dúvida, a mais forte e aguda crítica a sociedade que se organiza em torno

dessa falsificação da vida comum. Nesse sentido, o telejornalismo sensacionalista insere-se

de maneira inequívoca na sociedade do espetáculo ao optar por assuntos do cotidiano de

forma que cause comoção no telespectador.

2.2.2. Sensacionalismo nos telejornais

O sensacionalismo atualmente, especificamente em telejornais, mostra a

violência como um espetáculo, um cotidiano que pode gerar entretenimento. O programa

Brasil Urgente é um exemplo desse tipo de espetáculo. O programa é exibido pela Rede

Bandeirantes e apresentado por José Luis Datena. Com uma linguagem coloquial e

opinativa, dispensa os formatos tradicionais, assumindo a flexibilidade e o dinamismo. A

interação com o público é outra característica forte do programa, que usa todos os recursos

para ouvir a população: enquetes na rua, telefone, e-mail ou o tradicional correio. A

produção do programa dá prioridade aos temas locais e está muito perto do cidadão e seus

problemas, com assuntos como segurança, saúde, trabalho e comportamento.

O programa, que entrou no  ar no dia  1º de dezembro de 2001, é considerado

hoje o maior exemplo de jornalismo “justiceiro”, criado pela Rede  Bandeirantes  para

substituir o telejornal local da Band São Paulo, denominado Band Cidade. Seu primeiro 11

¹ Rio de Janeiro: Contraponto, 1967.

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apresentador foi Roberto Cabrini, ex-repórter da Rede Globo. Cabrini ficou como titular do

programa até 2003, quando passou a comandar o Jornal da Noite.

José Luis Datena, paulista de Ribeirão Preto, é considerado um jornalista

consagrado. Começou carreira como jornalista e locutor esportivo na rádio de sua cidade

natal. Logo trocou o rádio pela televisão. Ganhou bastante notoriedade com o programa

Cidade Alerta, na Rede Record, onde trabalhou por quatro anos.

Foi em 2003 que entrou para o Brasil Urgente, com seu estilo próprio de

apresentar e comentar as noticias, Datena e o Brasil Urgente são considerados hoje uma

referencia nacional em jornalismo ágil e popular.

2.3. REDE BANDEIRANTES DE TELEVISÃO

O grupo, em meio a tentar conseguir um aprofundamento maior sobre os

bastidores de um telejornal cuja suas características sejam sensacionalistas, solicitou uma

visita à Rede Bandeirantes de Televisão para acompanhar a produção do programa Brasil

Urgente, comandado por José Luiz Datena. Confirmado a aprovação da visita, o grupo

registrou eventuais e importantes eventos que sejam úteis ao trabalho. Durante o processo

de visualização da produção do programa, pôde-se chegar a uma linha de trabalho feita de

tal modo:

a. Reunião de caixa: reunião via tele-conferência com outros

estados/cidades/países onde são agrupadas as notícias que são mais cabíveis ao

estilo do programa e discutido o que vai ser levado ao ar e o que não vai. Nota-se

que as notícias selecionadas são as mais ligadas à violência e escândalos.

b. Equipe de ‘ouvidoria’: tais equipes ficam postas ao computador e ao

telefone, de modo a receber notícias das fontes que entrarem em contato com o

programa, essa equipe peneira a informação, selecionando as que mais se

enquadram ao programa e passam para a equipe de desenvolvimento.

c. Equipe de ‘desenvolvimento’: após a seleção de fatos, essa equipe

trabalha em organizar as informações que irão ao ar e trabalham em selecionar e

encaminhar as fotos, os vídeos, os depoimentos e os links ao vivo que

acompanharão a matéria.

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d. Equipe de ‘Edição’: São os responsáveis pelo tratamento das imagens

que serão veiculadas no programa, tanto fotos quanto vídeos, editando-os, e até

mesmo reciclando um vete já usado, de modo a re-arranjar sua seqüência para

poder levá-lo ao ar novamente.

e. Equipe ‘Externa’: a equipe de ‘externas’ vão até os locais onde

acontecem as matérias (no dia o grupo seguiu o carro da Band até 13º D.P para

onde Alexandre Nardoni seria transferido), onde enviam muitas vezes a notícia em

tempo real (ou com o delay de poucos segundos), esse tipo de transmissão é

chamada de ‘link’.

f. Espelhos: o programa é baseado num roteiro chamado espelho, onde

estão em tópicos os detalhes de cada take, vete e vídeo passado, porém, como o

programa é ao vivo o espelho nunca é seguido à risca e funciona apenas como um

guia.

g. Estúdio: o estúdio do programa Brasil Urgente é também o de todos os

outros jornais da Band, com a tela-fundo verde onde você precisa por sapatos

cirúrgicos para entrar.

h. Transmissão: como dito acima, os espelhos funcionam como um ‘guia’

para o apresentador. Após a introdução da matéria Datena tem a liberdade de

comentar o fato e durante a discussão do fato, utiliza de emoções em seus

comentários, sendo parcial em suas colocações.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da pesquisa executada pelo grupo, tanto teórica quanto de campo, foi

constatado que o sensacionalismo de fato atende às seguintes características: textos que

provocam comoção; apresentação do fato em vários segmentos, de modo a criar

expectativa; repetição da notícia de maneira exaustiva; gestual movimentação e impostação

de voz do apresentador.

Chegou também ao conhecimento do grupo através da visita feita à produção do

programa Brasil Urgente da emissora Band, que durante o planejamento a pauta é

direcionada desde o começo para fatos mais violentos e críticos, que se adaptam melhor a

atmosfera que as características acima criam.

Foi também confirmado após a pesquisa que o programa de telejornal Brasil

Urgente incorpora as características do estereotipo sensacionalista, tanto em sua forma que

vai ao ar, quanto no aspecto de produção.

Os depoimentos vindos dos profissionais da área como William Tanida e Luis

Bacchi, posicionaram-se na idéia de que o público vem cada vez mais resistindo a esse tipo

de jornalismo ‘apelativo’, sendo assim, acreditam que o sensacionalismo perderá espaço

cada vez mais e mais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, Márcia Franz. Jornalismo Popular. São Paulo: Contexto, 2005.

ANGRIMANI, Danilo. Espreme que Sai Sangue: um Estudo do Sensacionalismo na

Imprensa. Rio de Janeiro: Summus, 1995.

DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1967.

FORTES, Leandro. Jornalismo Investigativo. São Paulo: Contexto, 2005.

MARCONDES FILHO, Ciro. O Capital da Notícia. São Paulo: Ática, 1986

PATERNOSTRO,Vera Íris. O texto na TV: manual de telejornalismo. Rio de Janeiro:

Campus, 1999.

SALVADOR, Arlete; SQUARISI, Dad. A Arte de Escrever Bem. São Paulo: Contexto,

2004.

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