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Institucionalismo Liberal Embora o modelo da interdependência complexa tenha conseguido atrair um grande número de pesquisadores no debate teórico das RIs e, o próprio jargão da interdepêndencia” tenha alcançado o discurso político e midiático, as transformações da década de 1980, causaram um duro golpe na nova teoria.

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  • Institucionalismo LiberalEmbora o modelo da interdependncia complexa tenha conseguido atrair um grande nmero de pesquisadores no debate terico das RIs e, o prprio jargo da interdepndencia tenha alcanado o discurso poltico e miditico, as transformaes da dcada de 1980, causaram um duro golpe na nova teoria.

  • O otimismo da ddada de 1970 quanto a possibilidade de uma reduo gradual das tenses entre os blocos ocidental e comunista se disolvera com a disposio norte americana no incio dos anos 1980 de empreender um incremento tecnolgico em ritmo acelerado no confronto com o seu adversrio histrico.Na dcada de 1970, a internacionalizao da economia, cada vez mais evidente, por intermdio da ao das multunacionais e da criao de um mercado financeiro global, sugeria que os conflitos, desde ento, seriam de natureza econmica e poderiam ser resolvidos por meio de negociaes e de cooperao.A dtente terminacom a invaso soviticado Afeganisto em 1979.

  • Em 1980, quando foi eleito presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan trouxe um enfoque neoconservador e anticomunista para a poltica externa norte americana que levou a um endurecimento das relaes entre os dois blocos. Este perodo acabou recebendo a denominao de Segunda Guerra Fria, referindo-se a renovao da competio entre as superpotncias nos pades anteriores Crise dos Msseis de Cuba.

  • A renovao histrica da ameaa de uma guerra nuclear total, trouxe de volta para o centro dos debates tericos das RIs a perspectiva de que o estudo da segurana e das relaes de poder entre os Estados eram os aspectos primordiais da disciplina. O neorealismo de K. Waltz (1979) voltou a ocupar a condio de nova ortodoxia da disciplina at a dcada de 1990. Neste contexto, as teses da interdependncia complexa perderam espao e os temas econmicos continuaram subordinados aos imperativos da segurana; o uso da fora continuou a ser uma opo real, at mesmo entre as superpotncias; e o Estado continuou a ser o ator principal na poltica mundial, controlando, quando necessrio, os movimentos dos demais atores privados.

  • O Sistema internacional continuou funcionando de acordo com a lgica da competio de poder ditada pela condio de anarquia. No haviam sinais concretos, como sugeriram Keohane e Nye, de mudana no sentido de um sistema mais interligado e interdependente, governado por meio de organizaes e regimes de cooperao.Keohane e Nye, neste contexto, se afastaram das principais consideraes que fundamentaram a teoria da interdependncia.

  • Keohane estava convencido, na dcada de 1980, da possibilidade de elaborar uma teoria cientfica de relaes internacionais com capacidade de compatibilizar a existencia de um mundo povoado por Estados soberanos e a prevalncia das estratgias de cooperao sobre as estratgias de conflitos. Recuo dos tericos da interdependncia quanto a perspectiva de que a interdependncia complexa poderia representar uma mudana estrutural da politica mundial, impondo uma nova lgica ao seu funcionamento, distinta daquela caracterstica do sistema anrquico.

  • O Neorealismo de Waltz (theory, 1979) descreveu, de modo bastante persuasivo, o sistema internacional como uma estrutura qualitativamente distinta da poltica domstica, por ser organizada pelo principio da anarquia, ou seja, da ausncia de uma autoridade central. O padro estabelecido por K. Waltz impunha aos tericos rivais enfrentar o desafio de formular uma teoria que respeitasse a fronteira entre o interno e o externo e, portanto, explicasse a poltica internacional a partir de uma viso sistmica e no reducionista.

  • A resposta de neoliberais como, Keohane e Axelrod, por exemplo, (Achieving Cooperation Under Anarchy: Strategies and Institutions, World Politics, n. 38, out.1985) foi a de reconhecer que o contexto da anarquia era determinante para explicar o carter das relaes internacionais. Estes autores concordaram que a anarquia gerava incertezas e insegurana, mas divergiam dos neorealistas quanto a concluir que a consequncia era a adoo de estratgias de sobrevivncia cujo resultado consistia somente na competio pelo poder.

  • Keohane e Axelrod argumentaram que a anarquia pode ser concebida como um ambiente em que a cooperao possvel, e no necessariamente como um estado de natureza um estado de guerra de todos contra todos. H situaes em que os Estados podem ter interesses comuns e nas quais, dependendo de como o contexto da interao est estruturado, o resultado pode ser a cooperao, e no o conflito. (no confundir interesses comunscom a noo to criticada por E. H. Carr de harmonia de interesses).O problema o de que, na anarquia, frequentemente, os Estados no conseguem realizar ao mximo os seus interesses justamente porque no tm informao suficiente sobre como os demais Estados reagiro a suas aes. (proteger informaes sobre suas polticas do olhar de estrangeiros, potenciais competidores O ambiente de suspeitas mtuas leva ao dilema da segurana e o resultado o oposto do esperado por cada ator: a deteriorao da segurana e o incio de uma escalada para a guerra.

  • O problema da cooperao da anarquia bem ilustrado pelo conhecido dilema do prisioneiro que, por meio da aplicao da teoria dos jogos, mostra como dois atores com interesses comuns podem atingir resultados piores porque no cooperaram. O dilema do prisioneiro coloca dois acusados de um crime em salas separadas, sendo interrogados pelo promotor. O promotor no dispes de provas suficientes para incrimin-los de modo a obter a pena mxima, por isto tenta convencer cada um a confessar e incriminar o seu cmplice. Quem confessar primeiro receber uma pena muito branda, enquanto o comparsa ser condenado ao mximo de tempo pelo delito. Se ambos ficarem calados, o promotor no consiguir as provas para aplicar a pena mxima, mas ainda consiguir mand-los para a priso por um tempo inferior. Se ambos confessarem, no h acordo e os dois pegaro a pena maior do que a obtida se permanecessem calados.

    Dilema do Prisioneiro.B1 (cooperar)B2 (delatar)A1 (cooperar)2,24,1A2 (delatar)1,43,3

  • As decises dos prisioneiros se baseiam no suposto de que tanto um como o outro agiro egoisticamente, buscando maximizar seu interesse, mesmo que isto represente um prejuzo maior para o comparsa. Alm disto, os prisioneiros so movidos pelo medo de serem condenados a maior pena o pior resultado e escolhem confessar para evit-la. O melhor resultado conjunto para os participantes do jogo seria a pena intermediria, alcanada se os dois decidissem cooperar, ou seja, no denunciar o parceiro ao promotor. O dilema est no fato de que a situao em que se encontram impede que coordenem suas estratgias e os fora a priorizar a maximizao de seu interesse individual de forma egosta.

  • Esta situao descrita foi caracterizada como a anarquia dos neoliberais. O problema apresentado est, na maioria das vezes, em como mudar o contexto de interao entre os Estados de modo que possam identificar interesses comuns. A competio no a nica estratgia disponvel, como ilustra a situao dos dois prisioneiros. Se ambos tivessem, por exemplo, a possibilidade de se comunicar durante o interrogatrio, escolheriam cooperar entre si (e no com o promotor), mesmo que tal escolha no produzisse o resultado individual mximo, mas antes o melhor resultado conjunto. O argumento neoliberal que o contexto da interao estratgica pode mudar por meio da formao de instituies, que desempenham tres funes bsicas para a formao das preferencias dos atores:

  • 1. Aumentam o fluxo de informaes, permitindo maior transparncia acerca das intenes, interesses e preferncias dos Estados, contribuindo para a reduo da incerteza que caracteriza o ambiente anarquico. A comunicao entre os atores cria condies para a coordenao de estratgias que aumentem o ganho conjunto das partes por meio da cooperao.2. Permitem o controle do cumprimento dos compromissos. As instituies estabelecem mecanismos de monitoramento e controle que visam verificar se as partes de um regime esto, de fato, cumprindo os acordos firmados. Um dos maiores obtculos cooperao o medo da trapaa. Em outras palavras, o medo de que o parceiro, apesar de comprometido por um acordo formal ou informal, adote a estratgia do engano (no cooperar) para maximizar o seu ganho. O pior cenrio do dilema do prisioneiro quando o ator decide cooperar e o outro no cooperar (denunci-lo ao promotor), pois este resultado, produto da trapaa, gera um ganho mximo para um e mnimo para outro (o otrio). As instituies, ao reduzir o risco da trapaa, criam condies para que os Estados adotem estratgias cooperativas com uma expectativa razovel de reciprocidade por parte dos demais membros do regime.

  • 3. Instituies mudam as expectativas dos atores a respeito da solidez dos acordos de longo prazo. A incerteza quanto ao futuro outro grande obstculo cooperao, como ilustra o conhecido dizer realista: o amigo de hoje pode ser o inimigo de amanh. A existncia de regras e procedimentos que moldam o comportamento dos atores diminui a sombra do futuro, ou seja, a falta de clareza sobre como se comportaro esses mesmos atores ao longo do processo de integrao no contexto de um regime.Neste sentido, as instituies geram custos para condutas que visam ganhos de curto prazo por meio da trapaa (lgica egosta mope) e criam incentivos a condutas cooperativas ao acenar com ganhos mtuos crescentes. O prmio ao comportamento responsvel (ou previsvel) fortalece os regimes e favorece seu aprofundamento por meio de sucessivas rodadas de negociaes.