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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM
EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
LUCIANE MARIA DE OLIVEIRA BERNARDI
ENTREGA DO TCFC
2
GINÁSTICA RÍTMICA: ENSINANDO CORDA, ARCO E BOLA.
Trabalho apresentado ao programa de Pós-graduação
da Universidade Norte do Paraná, para o curso de
Mestrado Profissional em Exercício Físico na
promoção da saúde, como requisito para a obtenção
do título de mestre na área de concentração de
prescrição de exercício físico em idades jovens.
Orientador: Cosme Franklim Buzzachera. Coorientadora: Márcia R. Aversani Lourenço.
Londrina 2014
3
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO
E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação
Bernardi, Luciane Maria de Oliveira B444g Ginástica rítmica: ensinado corda, arco e bola / Luciane Maria de Oliveira
Bernardi. Londrina: [s.n], 2014. viii; 138f. Dissertação (Mestrado). Exercício Físico na Promoção da Saúde. Métodos e
protocolos relacionados à prescrição do exercício físico. Universidade Norte do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera Co-orientador: Profª Me. Márcia Regina Aversani Lourenço 1- Educação física - dissertação de mestrado - UNOPAR 2- Exercício
físico 3- Métodos e protocolos – exercício físico 4- Ginástica 5- Aparelhos 6- Ensino/aprendizagem I- Buzzachera, Cosme Franklim, orient. II- Lourenço, Márcia Regina Aversani, co-orient. III- Universidade Norte do Paraná.
CDU796.012.12
4
LUCIANE MARIA DE OLIVEIRA BERNARDI
GINÁSTICA RÍTMICA: ENSINANDO CORDA, ARCO E BOLA.
Trabalho apresentado ao programa de Pós-graduação da Universidade Norte do Paraná,
para o curso de Mestrado Profissional em exercício físico na promoção da saúde, como
requisito para a obtenção do título de mestre na área de concentração de prescrição de
exercício físico em idades jovens, com nota final igual a APROVADA conferida pela
Banca Examinadora formada pelos professores doutores:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera
Universidade Norte do Paraná - Unopar
__________________________________
Profª. Drª. Roberta Cortez Gaio
Universidade Nove de Julho - Uninove
__________________________________
Prof. Dr. Denílson de Castro Teixeira
Universidade Norte do Paraná – Unopar
Londrina, 20 de Março de 2014.
5
BERNARDI, Luciane Maria de Oliveira. Ginástica rítmica: ensinando corda, arco
e bola. 138 folhas. Produto final (Mestrado Profissional em Exercício Físico na
Promoção da Saúde) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2014.
RESUMO
A proposta deste trabalho de conclusão final de curso enquanto produção técnica foi a organização de livro específico para profissionais da ginástica rítmica contendo processos pedagógicos para o manejo dos aparelhos corda, arco e bola como facilitadores no ensino/aprendizagem da modalidade, uma vez que há carência de apoios didáticos adequados disponíveis para os estudiosos da área. Para fundamentar a elaboração dos processos pedagógicos dos elementos técnicos dos aparelhos propostos percorremos um caminho metodológico baseado em nossas experiências profissionais anteriores, pesquisas bibliográficas, entrevistas com profissionais da iniciação na modalidade e um estudo da prática do manejo de aparelhos em aulas de iniciação à GR registrando a forma de ensinar os movimentos por parte do professor tanto como a resposta de aprendizagem das crianças envolvidas. A publicação conta com quatro capítulos e apresenta no seu primeiro capítulo um histórico da modalidade com suas características de acordo com a bibliografia pesquisada e com ênfase no código de pontuação em vigência publicado pela Federação Internacional de Ginástica para o 13º ciclo olímpico da modalidade (2013/2016). Este capítulo aborda também informações relacionadas à importância dos processos na aprendizagem dos elementos específicos dos aparelhos oficiais de ginástica rítmica. Os capítulos seguintes correspondem aos aparelhos corda, arco e bola com introdução, definição e exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais, definição e exemplos dos elementos dos outros grupos técnicos e por fim os processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, todos com ilustrações para melhor compreensão. O livro “Ginástica rítmica: ensinando corda, arco e bola” sendo entregue
para publicação terá um número final de 90 páginas. Também como resultado deste estudo foi elaborado um artigo com o tema “Ensino e aprendizagem dos aparelhos de ginástica rítmica: dificuldades encontradas por profissionais da área” a ser publicado em revista especializada na área.
PALAVRAS CHAVES: Ginástica Rítmica, aparelhos, ensino e aprendizagem.
6
BERNARDI, Luciane Maria de Oliveira. Rhythmic gymnastics: teaching rope, hoop
and ball. 138 sheets. Final product (Mestrado Profissional em Exercício Físico na
Promoção da Saúde) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2014.
ABSTRACT
This final course completion paper proposes as technical production was organizing specific book for professionals of rhythmic gymnastics containing pedagogical processes for the handling of rope, arch and ball apparatus as facilitators in the teaching / learning mode, since there is a lack appropriate teaching aids available to researchers in the area. To support the development of the pedagogical processes of the technical elements of the proposed devices, we traveled a methodological approach based on our previous experience, literature searches, interviews with initiation professionals and a study of the handling apparatus practice in RG initiation classes recording the way of teaching the moves by the teacher as much as the answer children's learning involved. The publication have four chapters and presents in its first chapter a history of the sport with its features according to researched bibliography and an emphasis on scoring code in effect published by the International Gymnastics Federation for the 13th Olympic cycle mode (2013/2016). This chapter also covers information related to the importance of learning processes in the specific elements of the official apparatus of rhythmic gymnastics. The following chapters correspond to the rope, arch and ball apparatus introduction, definition and examples of the elements of core technical groups, definition and examples of the elements of the other technical groups and finally the pedagogical processes of core technical groups, all with illustrations for better understanding. The book "Rhythmic Gymnastics: teaching rope, hoop and ball" being submitted for publication will have a final number of 90 pages. Also as a result of this study an article with the theme " Teaching and learning rhythmic gymnastics apparatus: difficulties encountered by professionals" to be published in a specialized journal in the area was developed.
KEYWORDS: Rhythmic gymnastics, equipment, teaching and learning.
7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
FIG FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE GINÁSTICA
GR GINÁSTICA RÍTMICA
GRD GINÁSTICA RÍTMICA DESPORTIVA
LIGIM LIGA INTERNACIONAL DE GINÁSTICA MODERNA
UNOPAR UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............ ................................................................................................09
2 METODOLOGIA.........................................................................................................12
3 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................14
3.1 Pesquisa bibliográfica .................................................................................................. 15
3.2 Pesquisa com as treinadoras.........................................................................................16
3.3 Pesquisa nos polos.......................................................................................................19
3.4 Elaboração dos capítulos..............................................................................................19
3.4.1 Capítulo 1.............................................................................................................19
3.4.2 Capítulos 2, 3 e 4..................................................................................................22
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 26
5 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 27
APÊNDICES....................................................................................................................32
Apêndice A - livro..............................................................................................................33
Apêndice B - artigo..........................................................................................................125
ANEXOS.........................................................................................................................136
Anexo A – Questionário de avaliação..............................................................................137
Anexo B – Termo de consentimento................................................................................138
9
1 INTRODUÇÃO
A proposta deste trabalho de conclusão final de curso enquanto produção técnica
foi a organização de livro específico para profissionais da ginástica rítmica contendo
processos pedagógicos para o manejo dos aparelhos corda, arco e bola como facilitadores
no ensino/aprendizagem da modalidade, uma vez que há carência de apoios didáticos
adequados disponíveis para os estudiosos da área.
A ginástica rítmica ou GR é uma modalidade praticada individualmente ou em
conjunto que tem como principal característica a utilização de aparelhos manuais
específicos que são a corda, o arco, a bola, as maças e a fita, em um espaço próprio de
13x13 metros. A execução do manejo destes aparelhos exige habilidade que se conquista
a partir da prática de exercícios organizados que possam levar ao aprendizado dos
elementos técnicos de forma correta. 35
Nesta modalidade que tem sua iniciação aproximadamente aos seis anos de idade 33,43, a ginasta submete-se a cargas elevadas de treinamento por meio de um trabalho
disciplinado em que a prática do esporte passa a fazer parte de sua vida diária. Não são
todas as crianças que tem sucesso e seguem carreiras esportivas alcançando resultados em
competições, porém a iniciação pode auxiliar em atividades comuns do seu dia a dia. 31,32
Na GR é essencial a realização de elementos corporais e técnicos de cada aparelho
e em uma competição há a exigência de que no mínimo as ginastas executem a técnica
básica, dando atenção à postura correta, posição dos pés, mãos e dedos além de evitar as
possíveis falhas, pois há a necessidade do sincronismo do movimento como um todo uma
vez que a base deste esporte é a utilização total do corpo. 4,10,47
A prática da ginástica rítmica proporciona à criança, o enriquecimento do
desenvolvimento rítmico que acontece devido à exigência do acompanhamento musical,
contribui para o aprimoramento e melhoria no desempenho motor, promovendo o
desenvolvimento dos domínios da aprendizagem. 20,21
Os aparelhos corda, arco e a bola foram os primeiros a surgirem em
competições, no período de 1963 a 1967, e são muito presentes no imaginário infantil, já
a fita que também é muito apreciada pelas crianças tornou-se oficial em 1971 seguida do
aparelho maças em 1973. 3,42,45
Sendo a tríade desta modalidade a realização de elementos corporais aliados ao
manejo dos aparelhos com acompanhamento da música, há a necessidade de trabalhar de
forma harmoniosa estes três quesitos e entendemos que o ensino do manuseio dos
10
aparelhos é uma das mais difíceis tarefas, pois possibilitar a compreensão das técnicas de
manejo para seu desenvolvimento de forma correta e eficaz é um grande desafio.
De uma forma geral, profissionais da área têm dificuldade em ensinar os
elementos técnicos dos aparelhos devido à complexidade da execução dos mesmos, pois
se verifica um nível de exigência motora elevado. Por isso a organização sistematizada
das técnicas de manejo em processos pedagógicos que possam facilitar o aprendizado
levando em consideração a fase que estas crianças se encontram, e assim, contribuir para
que futuramente a execução técnica seja a mais próxima possível da ideal.
No panorama atual poucas são as referências que colaboram no processo ensino-
aprendizagem de manejos de aparelhos da GR. Em levantamento bibliográfico realizado
para este estudo percebemos uma carência em publicações na área, encontramos livros da
década de 1980, em que a ginástica rítmica pertencia a outro panorama de exigências
corporais e técnicas dos aparelhos e, mais recentemente, publicaram-se livros
organizados e artigos científicos que apontam para o rendimento, aplicabilidade na escola
e evolução da modalidade. Porém, poucos nos remetem aos processos pedagógicos ou
ensinamentos para a iniciação esportiva bem como às técnicas corretas de execução de
manejos dos aparelhos oficiais da GR, relacionados ou não à exigência do código, o que
torna evidente a necessidade de organizar e socializar os processos pedagógicos para que
as ginastas possam ter um aprendizado facilitado e eficaz na prática dos manejos dos
aparelhos.
Portanto, o objetivo deste estudo foi elaborar exercícios específicos para a
execução dos manejos dos aparelhos próprios da ginástica rítmica e organizá-los como
facilitadores do processo de ensino/aprendizagem da modalidade na iniciação e
posteriormente no treinamento.
Para tal, as experiências como professora de iniciação há mais de dez anos frente
ao projeto permanente de extensão universitária “Escola de Iniciação em Ginástica
Rítmica da UNOPAR” (*) foram fundamentais neste momento, uma vez que o objetivo
principal no dia a dia no projeto é ensinar os movimentos básicos da GR em especial os
elementos dos aparelhos. As atividades diárias oportunizaram inúmeras tentativas de
novas possibilidades de ensinar estes mesmos movimentos, assim a escolha da melhor
técnica de ensino foi descoberta a cada nova turma, a cada nova dificuldade encontrada
por uma criança e sem dúvida a cada reflexão sobre a ação.
11
Por fim, depois de realizada a pesquisa bibliográfica e baseados em nossa
experiência profissional e ainda fundamentados nas análises dos resultados de pesquisa
realizada com profissionais da GR em âmbito estadual e nacional sobre as dificuldades
em ensinar os manejos dos aparelhos, apresentamos aqui a elaboração de um material
didático específico, em formato de livro, para dar embasamento técnico aos profissionais
da ginástica rítmica que buscam aprimorar seus conhecimentos para ensinar suas ginastas
desde a iniciação.
Também como resultado das pesquisas foi elaborado um artigo com o tema
“Ensino e aprendizagem dos aparelhos de ginástica rítmica: dificuldades encontradas por
profissionais da área” que teve como objetivo identificar as dificuldades encontradas
pelos profissionais de ginástica rítmica que atuam no Brasil em ensinar os exercícios
específicos dos manejos dos aparelhos próprios da modalidade, sendo estes oficiais ou
alternativos.
Este estudo justifica-se pela ausência de pesquisas específicas na modalidade e
também pela procura de materiais que possam auxiliar no ensinamento correto da técnica
de manejo dos aparelhos e teve como suporte o projeto de pesquisa “Processos
pedagógicos para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da ginástica rítmica” com
parecer positivo do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná (CEP-
UNOPAR-0069/12) de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos, sendo os dados coletados
após os participantes e responsáveis assinarem o termo de consentimento livre e
esclarecido.
_________________________________________________________ (*)
O projeto “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica da UNOPAR – da iniciação ao alto nível” existe desde 1972 e foi criado pela professora Elisabeth Bueno Laffranchi na então FEFI - Faculdade de Educação Física do Norte do Paraná. Em 1992 a FEFI passou a chamar-se UNOPAR – Universidade Norte do Paraná e nesta década tornou-se sede da seleção brasileira de conjuntos por vários anos, conquistando dois títulos dos Jogos Pan-americanos (1999 e 2003) e duas finais olímpicas na modalidade de conjunto (2000 e 2004). O projeto atende meninas de cinco a 16 anos e tem como objetivos promover o desenvolvimento da GR em Londrina, detectar novos talentos, capacitar profissionais e ainda popularizar a modalidade. Conta com polos externos para atendimento à comunidade e estima-se que aproximadamente 15.000 ginastas passaram pelo mesmo no decorrer destes anos.
12
2 METODOLOGIA
Para fundamentar a elaboração dos processos pedagógicos dos elementos técnicos
dos aparelhos corda, arco e bola culminando no produto final percorremos um
caminho metodológico baseado em nossas experiências profissionais anteriores,
pesquisas bibliográficas, entrevistas com professoras de iniciação na modalidade e um
estudo mais aprofundado da prática do manejo de aparelhos em aulas de iniciação à
GR registrando a forma de ensinar os movimentos por parte da professora tanto como
a resposta de aprendizagem das crianças envolvidas.
Em um primeiro momento realizamos pesquisa bibliográfica, este tipo de
investigação procura explicar um problema a partir de referências teóricas de um
tópico em particular. Desenvolvida por meio de levantamento de temas e tipos de
abordagem já trabalhados por outros pesquisadores auxilia na assimilação de conceitos
explorando aspectos já publicados, contribuindo para a avaliação crítica no momento
da escrita do produto final. 49
Encontramos estudos importantes na ginástica rítmica que se utilizaram desta
metodologia, como por exemplo, as que abordaram questões relacionadas à detecção,
seleção e promoção de talentos esportivos em ginástica rítmica com o intuito
esclarecer a importância da utilização de critérios científicos com fundamentação
teórica adequada em respeito aos referenciais cineantropométricos de ginastas de alto
nível de diferentes categorias identificando as possuidoras de talento e possibilitando o
desenvolvimento por meio de treinamento sistematizado, para que atinjam o mais alto
desempenho possível, em razão do potencial existente. Porém para dar andamento ao
objetivo do nosso estudo foi necessário focar nas palavras chaves ginástica rítmica,
aparelhos e ensino-aprendizagem. 32
Em um segundo momento realizamos pesquisa sobre o processo ensino
aprendizagem dos manejos dos aparelhos da GR com profissionais que atuam em nível
estadual e nacional com a modalidade, tendo como método investigativo metodologia
descritiva, que tem como objetivo principal a descrição das características de
determinada população ou de determinado fenômeno, ou o estabelecimento de relação
entre as variáveis. Uma de suas características mais expressivas neste método é a
coleta de dados por meio de questionário e de observação, habitualmente
desenvolvidos por pesquisadores preocupados com a atuação prática. 26
13
O instrumento escolhido foi um questionário para identificar os procedimentos
metodológicos utilizados por profissionais que atuam com GR em suas aulas de
iniciação. O mesmo foi aplicado durante o Campeonato Paranaense de Conjuntos em
outubro de 2012 e o Campeonato Brasileiro de Conjuntos em outubro de 2013, a
amostra, caracterizada por conveniência, contou com 39 treinadores e teve como
critério de inclusão a participação nos eventos já citados. Dentre os sujeitos, 58,9%
atuaram no campeonato paranaense e 41,9% no campeonato brasileiro, todos
envolvidos com as diferentes categorias da GR, a saber: pré-infantil (9 a 10 anos);
infantil (11 a 12 anos); juvenil (13 a 15 anos); adulto (a partir dos 16 anos) e também
responsáveis pela iniciação esportiva da modalidade (escolinhas). Dentre os clubes
inscritos e presentes nas competições, houve a representatividade de cinco diferentes
cidades do Paraná e de oito estados brasileiros.
O questionário foi organizado pela autora do estudo e referendado por três
profissionais da área (todos com nível mínimo de mestrado e longa experiência
profissional na modalidade) *1,*2,*3, uma vez que não encontramos na literatura um
modelo de instrumento que pudesse responder os objetivos desta pesquisa. O
instrumento continha sete perguntas: 1- Quanto tempo trabalha com GR?, 2- Foi
ginasta?, 3- Em qual categoria você trabalha?, 4- Qual sua formação?, 5- Quais os
aparelhos que você ou seu clube utiliza nas aulas de iniciação em Ginástica Rítmica?,
6- Os aparelhos utilizados na iniciação são oficiais ou alternativos? Se forem
alternativos, são de responsabilidade do clube ou construídos pelas ginastas?, 7- Qual
a maior dificuldade encontrada em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda,
arco, bola, maças e fita para as crianças de 6 a 9 anos?
Após a análise dos dados, foram identificadas as frequências relativas de
respostas. Em seguida, as categorias do Campeonato Brasileiro e Paranaense foram
dicotomizadas e o teste do Qui-quadrado foi utilizado para identificar possíveis
associações entre as variáveis. O nível de significância estabelecido foi de p
14
Os resultados encontrados entre os profissionais pesquisados serviram de
subsídios para a elaboração objetiva de vários processos pedagógicos encontrados
neste estudo, pois ficou claro que existe uma dificuldade em ensinar às crianças os
manejos dos aparelhos.
Todos os dados da pesquisa foram organizados e analisados com o intuito de
elaboração e publicação de um artigo sobre o assunto.
Também realizamos um estudo sobre o ensino-aprendizagem dos elementos dos
aparelhos da GR no período de maio a setembro de 2012, em dois polos de iniciação
do projeto da UNOPAR. As aulas foram filmadas e armazenadas em vídeos. As
imagens podem contribuir para a captura de aspectos visuais que transcendem a
capacidade de representação da escrita. 6
Foram observadas 70 crianças de seis a 10 anos de idade participantes das
escolinhas de iniciação em Ginástica Rítmica da Universidade Norte do Paraná –
UNOPAR. Para a observação sistematizada foi utilizado um formulário com anotações
sobre a forma do manuseio dos elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola,
maças e fita. A observação foi realizada durante as aulas de iniciação com os aparelhos
organizados de acordo com o planejamento anual. Para discussão dos dados utilizou-se
o método descritivo tem como proposta descobrir e observar fenômenos procurando
descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. 49
Após apresentação do caminho metodológico para a elaboração do livro,
passaremos a pontuar como se deu seu desenvolvimento na sequencia.
3 DESENVOLVIMENTO
O processo de elaboração do livro foi fundamentado pelas etapas da pesquisa
bibliográfica, das entrevistas com profissionais da modalidade e do estudo da prática
do manejo nos polos do projeto UNOPAR, além da própria experiência da autora.
O produto final conta com quatro capítulos distintos. Apresentamos o seu
primeiro capítulo com dois momentos, primeiramente um histórico da modalidade
com atenção especial a partir da introdução da modalidade nos Jogos Olímpicos em
1984 e as características da GR de acordo com bibliografia pesquisada, com ênfase
no código de pontuação em vigência publicado pela Federação Internacional de
Ginástica - FIG para o 13º ciclo olímpico da modalidade (2013/2016). Na sequencia,
15
o capítulo aborda informações relacionadas à importância dos processos na
aprendizagem dos elementos específicos dos aparelhos oficiais de ginástica rítmica.
Os capítulos seguintes correspondem respectivamente aos aparelhos corda,
arco e bola e estão organizados da seguinte forma:
1. Breve introdução sobre os aparelhos;
2. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos grupos técnicos
fundamentais, que são os elementos característicos dos aparelhos, que
demonstram a especificidade do mesmo e devem prevalecer nas coreografias de
GR em detrimento dos demais movimentos;
3. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos outros grupos técnicos, que
devem figurar nas coreografias pelo menos uma vez e podemos encontrá-los em
outros aparelhos também;
4. Processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, todos com ilustrações
para melhor compreensão.
3.1 Pesquisa bibliográfica
Em nossa investigação bibliográfica buscamos maior amplitude de
conhecimentos sobre o assunto em pauta nos bancos de dados Pubmed, Lilacs, Scielo
e Google acadêmico no período de maio de 2012 a dezembro de 2013, selecionando
artigos em português, inglês e espanhol. Como palavras chaves utilizamos os
descritores “ginástica rítmica”, “aparelhos” e “ensino-aprendizagem”, não
encontramos um número muito grande de publicações referentes ao nosso foco de
estudo, desta forma foram examinados 78 artigos dos quais selecionamos apenas 33
que efetivamente contribuíram para nosso estudo.
Em relação às publicações em formato de livros encontramos 60 literaturas
publicadas com o tema de ginástica rítmica, porém, destes, apenas 39 nos deram
suporte para a pesquisa em questão. E por fim, encontramos quatro dissertações de
mestrados e doutorado com temas específico de ginástica rítmica.
Todas as referências encontradas que se adequaram ao tema de nosso estudo
podem ser visualizadas ao longo deste trabalho e em especial na organização final do
produto.
16
3.2 Pesquisa com as treinadoras
A aplicação de questionário aos profissionais que atuam com GR no Estado do
Paraná e no Brasil traz como resultados e informações o trabalho realizado por clubes que
desenvolvem treinamentos de alto nível na modalidade, uma vez que é no Paraná que se
encontram as melhores equipes de conjunto do país e considerando que o Brasil é o atual
tetra campeão de conjuntos dos Jogos Pan Americanos, títulos conquistados em
Winnipeg (1999), Santo Domingo (2003), Rio de Janeiro (2007) e Guadalajara (2011). 37
Treinadoras paranaenses constantemente estão à frente das equipes nacionais de
conjunto, como nas duas vezes em que o Brasil foi finalista olímpico em 2000 em Sydney
na Austrália e em 2004 em Atenas na Grécia, na ocasião a treinadora da UNOPAR de
Londrina, Bárbara Laffranchi, dirigia a seleção brasileira de conjuntos. 51 No campeonato
nacional de conjuntos temos a inclusão de outros grandes clubes dos demais estados que
também atuam com ginastas de qualidade e alto desempenho que igualmente representam
nosso país em eventos internacionais.
Apresentamos aqui apenas os resultados gerais da pesquisa, pois os dados analisados
mais detalhadamente estão presentes em artigo científico elaborado com intuito de
publicação do mesmo.
Como já citado anteriormente, a pesquisa foi realizada durante o Campeonato
Paranaense de Conjuntos/2012 e o Campeonato Brasileiro de Conjuntos/2013 e contou
com a participação de 39 treinadores, sendo 23 profissionais no campeonato paranaense e
16 no campeonato brasileiro que atuam em diferentes categorias.
Em relação ao tempo de experiência dos profissionais com a GR, constatamos
que na sua maioria estes atuam há mais de quatro anos na modalidade. Dos 39 treinadores
entrevistados 37 são mulheres e dois do gênero masculino e apenas oito não foram
ginastas.
Os profissionais de ginástica rítmica do Paraná e do Brasil trabalham em mais de
uma categoria e não atuam somente com competição, mas também com a iniciação e
ainda em várias categorias ao mesmo tempo. Percebemos que os profissionais que
atuaram no campeonato paranaense se dedicam mais ao trabalho com a iniciação do que
os profissionais que atuaram no campeonato brasileiro, em contraposição estes estão mais
relacionados com a categoria adulta da modalidade do que os treinadores do Paraná.
17
A grande maioria os profissionais entrevistados já são pós-graduados além de ter
formação inicial em educação física. Dentre os entrevistados quatro deles possui
mestrado na área.
Ao analisarmos a associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos
na iniciação à GR em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense (tabela 1)
percebemos que a maioria dos treinadores do campeonato Brasileiro iniciam o ensino da
GR com aparelhos oficiais enquanto que a maioria dos treinadores do campeonato
Paranaense trabalham com aparelhos alternativos.
Tabela 1 Associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos na iniciação à ginástica rítmica, em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense. Aparelho
Oficial
n (%)
Alternativo
n (%)
Total
n (%)
X2 p-value
Campeonato Brasileiro
12 (75) 4 (25) 16 (100) 4.885 0.027
Campeonato Paranaense
9 (39.1) 14 (60.9) 23 (100)
*Associação significativa p≤0,05
Os resultados nos mostram que os aparelhos corda, arco e bola são os mais
presentes nas aulas de iniciação à GR nos diversos clubes do Paraná e do Brasil. O
aparelho maças é o menos trabalhado nas aulas de iniciação à GR, os profissionais ainda
utilizam aparelhos alternativos nas aulas de iniciação, já nas categorias de competição os
aparelhos são oficiais devido às exigências do código de pontuação como peso, tamanho
e espessura.
18
Tabela 2 Associação entre as dificuldades em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita na iniciação a GR, em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense. Dificuldade em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco,
bola, maças e fita
1
n(%)
2
n(%)
3
n(%)
4
n(%)
Total
n (%) X2 p-value
Campeonato Brasileiro
1(6.3) 1 (6.3) 9 (56.3) 5 (31.3) 16(100) 1.191 0.275
Campeonato Paranaense
0 (0) 7 (30.4) 14(60.9) 2 (8.7) 23(100)
Nota: 1: Não saber fazer para ensinar; 2: Não ter um processo pedagógico sistematizado para seguir; 3: Dificuldade das crianças em entender o movimento; 4: Não tem dificuldade para ensinar.
Não encontramos associação entre as dificuldades em ensinar os elementos
técnicos dos aparelhos de GR nos campeonatos Brasileiro e Paranaense podemos
perceber na tabela 2, porém os resultados indicam que a maior dificuldade dos
profissionais da GR está em fazer com que as crianças entendam os movimentos com
facilidade, ou seja, por mais que os mesmos expliquem os movimentos as crianças não
conseguem executar a contento e de acordo com as técnicas exigidas.
A segunda maior dificuldade encontrada pelos participantes da pesquisa é o
desconhecimento ou a inexistência de processos pedagógicos sistematizados para
seguirem em suas aulas e assim obter um maior êxito no manejo correto de cada
aparelho. Ainda encontramos respostas relacionadas a não saber executar, portanto não
conseguem ensinar determinados movimentos, sustentando a necessidade de
conhecimento de processos que levem ao aprendizado das diversas possibilidades de se
manejar um aparelho de GR.
A pesquisa nos mostrou que realmente existe dificuldade de ensinar os
elementos técnicos dos aparelhos da GR, sendo por não existir um processo pedagógico a
seguir ou em perceber as dificuldades que as crianças encontram ao aprender tais
movimentos. As análises e discussões dos resultados da pesquisa se encontram no artigo
“Ensino e aprendizagem dos aparelhos de ginástica rítmica: dificuldades encontradas por
profissionais da área”
19
3.3 Pesquisa nos polos de iniciação
O estudo sobre o ensino-aprendizagem dos elementos dos aparelhos da GR
no período de maio a setembro de 2012, em dois polos de iniciação do projeto da
UNOPAR durante as aulas de iniciação com a participação de 70 crianças e três
professoras/monitoras. Para cada aparelho em específico foram filmadas oito aulas com
duração de uma hora cada. Todas as crianças estavam em fase de iniciação da
modalidade e coincidentemente todas as professoras envolvidas foram ginastas.
Entendendo que as filmagens necessitavam de um cuidado metodológico
mais detalhado, não as utilizamos para fins de publicação, porém as anotações da
pesquisadora oportunizou análises das dificuldades das treinadoras em ensinar o
movimento, ocorrendo inclusive mudanças na maneira de explicar o movimento mais de
uma vez, na tentativa de fazer com que as crianças conseguissem realizar o mesmo.
Também foi possível acompanhar as dificuldades das crianças em entender
corretamente cada um destes movimentos. Percebemos claramente que só a execução da
professora não era o suficiente para que as mesmas realizassem o movimento correto,
sendo necessário muitas repetições e o acompanhamento individual de cada criança para
os movimentos mais complexos.
3.4 Elaboração dos capítulos
3.4.1 Capítulo 1
O primeiro capítulo está subdividido em duas partes, primeiramente apresenta um
histórico voltado para a organização do esporte enquanto modalidade olímpica, a partir da
introdução da modalidade nos Jogos Olímpicos em 1984 e na sequencia as características
da GR respaldado em 37 referências pesquisadas, com destaque para o Código de
Pontuação em vigência publicado pela Federação Internacional de Ginástica - FIG para o
13º ciclo olímpico da modalidade (2013/2016).
Ao longo dos anos a GR que ainda é praticada apenas por mulheres em nível
competitivo vem evoluindo na perspectiva de apresentar técnica e beleza ao público, pois
é uma modalidade em que são determinadas suas formas artísticas por meio dos
elementos corporais e dos aparelhos que foram introduzidos ao longo desta evolução,
sendo ambos intimamente relacionados com o caráter e harmonia musical. Com a boa
20
receptividade na participação em Jogos Olímpicos a FIG procura cada vez mais atender
às expectativas do público, apresentando mudanças na organização da modalidade e na
forma de avaliar com o intuito de facilitar o entendimento dos leigos e obter maior
visualização na mídia. Para tanto, recentemente promoveu alterações no código de
pontuação favorecendo a utilização dos aparelhos, que por algum tempo ficou em
segundo plano. 3, 43
Os quadros abaixo foram elaborados especificamente para o capítulo 1 e os
apresentamos aqui com o intuito de demonstrar uma pequena parte desta fase do produto
final.
Quadro 01 – Participações da ginástica rítmica nos Jogos Olímpicos de 1984 a 2012.
Individual Conjuntos
1984 Los Angeles
1º Lori Fung – CAN -
2º Doina Stainculescu – ROM -
3º Regina Weber – GER -
Participação da ginasta brasileira Rosane Favilla – RJ
1988 Seul
1º Marina Lobatch – URS -
2º Adriana Dounavska – BUL -
3º Alexandra Timochenko – URS -
1992 Barcelona
1º Alexandra Timochenko - URS -
2º Carolina Pascual – ESP -
3º Oksana Skaldina – EUN -
Participação da ginasta brasileira Marta Cristina Schonhorst – SP
1996
Atlanta
1º Ekaterina Serebrianskaya - UKR 1º Espanha
2º Yanina Batirchina – RUS 2º Bulgária
3º Elena Vitrichenko – UKR 3º Rússia
2000
Sidney
1º Yulia Barsoukova – RUS 1º Rússia
2º Yulia Raskina – BLR 2º Bielorussia
21
3º Alina Kabaeva – RUS 3º Grécia
Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação
2004 Atenas
1º Alina Kabaeva – RUS 1º Rússia
2º Irina Tcachina – RUS 2º Itália
3º Anna Bessonova – UKR 3º Bulgaria
Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação
2008 Pequim
1º Eugenia Kanaeva – RUS 1º Rússia
2º Inna Zhukova – BLR 2º China
3º Anna Bessonova – UKR 3º Bielorussia
Participação do conjunto do Brasil – 12ª colocação
2012 Londres
1º Eugenia Kanaeva – RUS 1º Rússia
2º Daria Dmitrieva – RUS 2º Bielorussia
3º Liubou Charkashyna – BIE 3º Itália
Fonte: Federação Internacional de Ginástica, 2014 18
O Brasil participou na primeira edição individual em 1984 e também na primeira
edição do conjunto em 2000, ambas as competições realizadas nos Estados Unidos da
América, destaque para os Jogos Olímpicos de Sydney/2000 e Atenas/2004 quando o
conjunto brasileiro foi finalista e terminou a competição na oitava colocação.
Na sequencia, em sua segunda abordagem, o capítulo apresenta informações
relacionadas ao processo ensino-aprendizagem, dando ênfase à importância dos processos
pedagógicos, em especial dos elementos específicos dos aparelhos oficiais de ginástica
rítmica. Nesta parte do capítulo foram utilizadas 14 referências que nos apoiaram com o
ensino aprendizagem das crianças e seus processos de desenvolvimento.
Os aparelhos da GR exigem das ginastas um bom desenvolvimento no processo
de aprendizagem devido a grande variedade de movimentos que as ginastas podem
executar com os mesmos, desde cedo é interessante adquirir domínio dos movimentos
corporais aliados à técnica dos manejos. A execução correta dos manejos é adquirida com
tempo, experiência e treinamento. No começo o desenvolvimento do vocabulário motor
das crianças deve ser com as mais diferentes formas de movimentos, sem situações
22
motoras específicas que requer muita concentração, assim facilitando no processo de
aprendizagem. 50
3.4.2 Capítulos 2, 3 e 4
Estes capítulos correspondem respectivamente aos aparelhos corda, arco e
bola e estão organizados da seguinte forma:
1. Breve introdução sobre os aparelhos;
2. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos grupos técnicos fundamentais,
que são os elementos característicos dos aparelhos, que demonstram a especificidade do
mesmo e devem prevalecer nas coreografias de GR em detrimento dos demais
movimentos;
3. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos outros grupos técnicos, que
devem figurar nas coreografias pelo menos uma vez e podemos encontrá-los em outros
aparelhos também;
4. Processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, todos com ilustrações
para melhor compreensão.
O capítulo 2 trata especificamente do aparelho corda, seu histórico e
peculiaridades. O aparelho corda é o primeiro na ordem olímpica estabelecida pela FIG
dentre os demais utilizados na GR e esteve presente pela primeira vez no terceiro
campeonato mundial da modalidade, realizado em 1967 em Copenhague na Dinamarca.
Nas competições de conjunto sua aparição foi durante o sexto campeonato do mundo em
Rotterdam na Holanda em 1973 3, na ocasião as equipes de conjunto contavam com seis
ginastas titulares. Atualmente a corda não aparece nas competições individuais da
categoria adulta, os demais quatro aparelhos são fixos para as competições desta
categoria desde 2009, embora nenhum documento tenha sido publicado pela FIG,
acreditamos que isso se deve a pouca visibilidade principalmente ao ser transmitido pela
televisão, seus movimentos ágeis e dinâmicos dificultam uma boa imagem no vídeo o que
possivelmente também colaborou anteriormente com a proibição da utilização de corda
na cor branca.
Descrevemos detalhadamente as formas de manusear a corda com definições e
exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais e dos elementos dos outros
grupos técnicos. Por fim apresentamos de forma organizada os processos pedagógicos
dos grupos técnicos fundamentais, com diferentes formas de realização de cada um
23
destes, feitos com a inserção de desenhos para ilustrar os movimentos e assim colaborar
para um melhor entendimento do mesmo.
O quadro a seguir exemplifica quais são os elementos específicos do aparelho
corda.
Quadro 3 – Elementos técnicos do aparelho corda
Grupos técnicos fundamentais do aparelho corda
Outros grupos técnicos do aparelho corda
Passagem através da corda com um salto, corda girando para frente, para trás ou lateralmente.
Passagem através da corda com uma série de saltitos (três saltitos no mínimo), corda girando para frente, para trás ou lateralmente.
Escapadas e espirais.
Série (mínimo três) de rotações, corda dobrada em dois.
Uma rotação da corda aberta, estendida,
segura pelo centro ou pela ponta. Lançamento e recuperação.
Equilíbrio instável sobre uma parte do
corpo. Movimentos em “oito” com movimento
amplo do corpo.
Grandes circunduções.
Transmissão do aparelho ao redor de qualquer parte do corpo ou por baixo da (s) perna (s).
Enrolamentos, quicadas.
Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) 17
O capítulo 3 traz informações sobre o aparelho arco, seu histórico e peculiaridades. O
aparelho arco assim como a corda também é de fácil introdução junto às crianças, é
tradicionalmente conhecido como “bambolê” na qual as meninas em especial têm o
hábito de brincar desde cedo, também é muito utilizado nas aulas de educação física
escolar. O arco oficial para competições de ginástica rítmica é de plástico PVC ou
madeira, mede de 80 e 90 cm de diâmetro e com um peso mínimo de 300 gramas, seu
contorno pode ser circular, quadrado, retangular ou ovalado, podendo ser encapado de
várias cores ou simplesmente de uma cor só. 3,40 Para as categorias de base podemos
24
utilizar o arco de 60 a 75 centímetros, substituído facilmente por um de mangueira grossa
com uma pequena emenda para unir as extremidades. O arco com este formato que
conhecemos surgiu ainda na Ginástica Moderna quando Henrich Medau (1890-1974)
utilizou-os para formar os “anéis olímpicos” em uma apresentação nos Jogos Olímpicos
de Berlim, 1936.7 Mas somente 30 anos depois a Federação Internacional de Ginástica
incluiu este aparelho durante o terceiro campeonato mundial realizado em Copenhague na
Dinamarca em 1967, sendo apresentado nas coreografias individuais e de conjunto.
Descrevemos detalhadamente as formas de manusear o arco com definições e
exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais e dos elementos dos outros
grupos técnicos. Por fim, assim como no capítulo anterior, apresentamos de forma
organizada os processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, com diferentes
formas de realização de cada um destes, feitos com a inserção de desenhos para ilustrar
cada movimento, colaborando para um melhor entendimento.
O quadro a seguir exemplifica quais são os elementos específicos do aparelho
arco.
Quadro 4 – Elementos técnicos do aparelho arco
Grupos técnicos fundamentais do aparelho arco
Outros grupos técnicos do aparelho arco
Passagem através do arco com todo corpo ou parte do corpo.
Rolamento sobre dois segmentos do corpo no mínimo.
Rolamento do arco sobre o solo.
Série (mínimo três) de rotações ao redor da mão ou uma parte do corpo.
Rotações do arco ao redor do seu eixo: uma rotação livre entre os dedos; uma rotação livre sobre uma parte do corpo; série (mínimo três) de rotações no solo.
Passagem por cima do arco com todo ou uma parte do corpo.
Pequeno lançamento e recuperação.
Lançamentos e recuperações.
Movimentos em “oito” com movimento amplo do corpo.
Grandes circunduções.
Transmissão do aparelho ao redor de qualquer parte do corpo ou por baixo da (s) perna(s).
Enrolamentos, quicadas, reimpulsos, etc.
Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo.
Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) 17
25
No capítulo 4 tratamos especificamente do aparelho bola, seu histórico e
peculiaridades. Enquanto material oficial determinado pela FIG, a bola para a categoria
adulto (a partir dos 16 anos) deve ter de 18 a 20 centímetros de diâmetro com o peso de
400 gramas, sendo de borracha ou plástico de qualquer cor. 8,9,40 Para a iniciação,
qualquer tipo de bola pode ser utilizada para executar os movimentos da GR, até mesmo
as de meia ou isopor, sendo as mais indicadas as bolas de borracha tamanho 10 ou 12
com 14 a 17 cm de diâmetro. As bolas não precisam estar muito cheias, mas também não
podem estar murchas, para que possam quicar e rolar sem deformações. Embora já
popular no início da década de 1920 nas escolas europeias de ginástica, este aparelho se
tornou oficial em competições de GR na segunda edição do Campeonato do Mundo
realizado em Praga na antiga Checoslováquia em 1965, mas não sabemos ao certo quem
foi o responsável por sua introdução na modalidade. 8
Descrevemos detalhadamente as formas de manusear a bola com definições e
exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais e dos elementos dos outros
grupos técnicos. Por fim apresentamos de forma organizada os processos pedagógicos
dos grupos técnicos fundamentais, com diferentes formas de realização de cada um
destes, feitos com a inserção de desenhos para ilustrar cada movimento, colaborando para
um melhor entendimento dos mesmos.
Quadro 5 – Elementos técnicos do aparelho bola
26
Grupos técnicos fundamentais do aparelho Bola
Outros grupos técnicos do aparelho Bola
Rolamento da bola sobre dois segmentos
do corpo no mínimo.
Rolamento da bola no solo. Quicadas: em séries ou isoladas
. Movimento em “oito” com inversão da
bola com movimento dos braços (circundução) e amplo movimento do tronco.
Recuperação da bola com uma mão.
Movimento de inversão da bola. Rotações da(s) mão(s) ao redor da bola.
Pequenos rolamentos acompanhados em
série (mínimo três). Rolamento do corpo por cima da bola no
solo
Pequenos lançamentos e recuperações.
Lançamentos e recuperações.
Grandes circunduções.
Transmissão do aparelho ao redor de qualquer parte do corpo ou por baixo da (s) perna(s).
Equilíbrio instável sobre uma parte do
corpo.
Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) 17
4 CONCLUSÃO
Pesquisar a ginástica rítmica no contexto das técnicas de manejo dos aparelhos
não foi uma tarefa fácil, mas o ato de escrever os métodos, os exercícios e direcioná-los a
treinadores, acadêmicos e profissionais da área foi muito empolgante. A ideia de levar o
conhecimento avante e compartilhar com tantos outros que estão iniciando na modalidade
ou até mesmo aqueles que já atuam na área nos dá satisfação e alimenta nossa paixão por
este esporte.
A evolução da ginástica rítmica segue com novas regras e mudanças, que a FIG
realiza a cada novo ciclo olímpico com o intuito de adequar a modalidade para um maior
entendimento do público em geral. Algumas mudanças como as novas possibilidades de
utilização dos aparelhos, devem ser acompanhadas de perto pelo profissional envolvido
com a GR para que este possa trabalhar adequadamente os elementos técnicos,
oportunizando às futuras ginastas o desenvolvimento correto de técnicas de base
diversificadas em todos os aparelhos.
27
Como resultado de nossa pesquisa podemos verificar que os profissionais
encontram dificuldade em fazer com que a criança entenda o movimento correto do
manejo do aparelho e também sentem falta de ter um processo pedagógico para seguir,
como um instrumento de colaboração na técnica desses manejos.
Os aparelhos são parte integrante do tripé necessário para a execução de
coreografias de ginástica rítmica, é justamente o envolvimento dos mesmos com os
movimentos corporais e a música que produz a beleza e graça desta modalidade que cada
vez mais adquire novos expectadores e praticantes no mundo todo. 8
Para que esta simbiose aconteça é necessário entender e estudar as possibilidades
de execução sem erros e acreditamos que esta preocupação começa exatamente nos
processos de ensino aprendizagem dos elementos técnicos dos aparelhos.
O estudo aqui apresentado busca suprir a lacuna existente na literatura específica
da modalidade de ginástica rítmica e traz informações e propostas com exercícios
específicos para a execução dos manejos dos aparelhos corda, arco e bola como
facilitadores do processo de ensino/aprendizagem. Assim esperamos contribuir para o
desenvolvimento deste esporte, pois acreditamos que quanto mais pesquisas e mais
publicações expostas no mercado mais subsídios estarão à disposição de todos garantindo
um futuro de qualidade para a GR em nosso país.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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humana em organizações de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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4. BARBOSA-RINALDI, Ieda; MARTINELLI, Telma; TEIXEIRA, Roseli. Ginástica Rítmica: história, características, elementos corporais e música. Maringá: Eduem, 2009. (Coleção Fundamentum; 47)
28
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7. BIZZOCHI, Lucy A. de Godoy; GUIMARÃES, Maria Dolores de Souza. Manual de ginástica rítmica desportiva. São Paulo: Leme Empresa Editorial, v.1, 1985.
8. BODO, Andrea Schmid. Gimnasia rítmica deportiva. Barcelona: Editorial Hispano
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11. CAÇOLA, Priscila. Comparação entre as práticas em partes e como um todo e a utilização de dicas na aprendizagem motora de duas habilidades da GR. 2006. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Comportamento Motor) – Programa de Mestrado em Exercício e Esporte, UFPR, Curitiba.
12. CAÇOLA, Priscila.; LADEWIG, I. A utilização de dicas na aprendizagem da Ginástica Rítmica: Um estudo de revisão. Lecturas: Educación Física y Deportes, v. 82, abr. 2005. Disponível em: http://www.efdeportes.com. Acesso em 25 abr. 2013.
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14. CRAUSE, Ingeborg. Ginástica Rítmica Desportiva: um estudo sobre a relevância da preparação técnica de base na formação de ginastas. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UFRJ, 1985.
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22. GALLARDO, Jorge S. Pérez. Educação Física: contribuições à formação
profissional. Ijuí: Editora UNIJUÍ,1997
23. GALLARDO, Jorge S. Pérez. Educação Física: contribuições à formação profissional. 3ª ed. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2000.
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técnica da Ginástica Rítmica: análise do rendimento técnico alcançado nas
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30
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um esporte. 2003. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Metodista de Piracicaba, 2003.
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Roberta. Composição Coreográfica em Ginástica Rítmica: do Compreender ao Fazer. Jundiaí: Fontoura, 2010
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53. THOMAS, Jerry R.; NELSON, Jack K.; SILVERMAN, Stephen J.. Métodos de pesquisa em atividade física. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 396p.
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56. XAVIER, Telmo Pagana. Métodos de ensino em Educação Física. São Paulo: Manole, 1986.
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32
APÊNDICES
33
Apêndice A
34
GINÁSTICA RÍTMICA:
ensinando corda, arco e bola
Luciane Maria de Oliveira Bernardi
Márcia Regina Aversani Lourenço
35
Ginástica rítmica: ensinando corda, arco e bola. Copyright © 2014 by ____________ Editora Ltda
Rua: ___________________ Bairro:_____________ CEP:______________________ Tel/Fax: __________________________ Site: _____________________________ E-mail: ___________________________
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios eletrônicos, mecânico, fotocopiado, gravado ou outro, sem autorização prévia por escrito da Unopar Editora.
Ilustrações
Marcos Albert Oliveira
Capa
Alekcey W. Carvalho Silva
Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional ou Brasil
______________________ - CRB __/_____
Ginástica rítmica: ensinando corda, arco e bola / Luciane Maria de Oliveira Bernardi, Márcia Regina Aversani Lourenço. _______: ______, 2014. 137p. : Il.; 23 cm ISBN
1. Ginástica rítmica. 2. Aparelhos. I. Bernardi, Luciane. II. Lourenço, Márcia. CDD: CDU:
36
Prefácio
Apesar de parecer uma coisa simples, prefaciar um livro significa apresentá-lo,
indicar aos interessados o motivo e o processo de elaboração da obra e sugerir ou
não sua leitura. Que responsabilidade!
Mas se tratando de um livro sobre ginástica rítmica, proposto por Luciane
Bernardi e Márcia Aversani Lourenço é uma honra, uma tarefa prazerosa e sem
dúvida uma oportunidade de incentivar os/as leitores/as a beberem de uma fonte
segura e consistente.
Porém, antes mesmo de falar sobre o conhecimento presente nas diversas
páginas dessa obra, é necessário salientar o quanto Luciane e Márcia, sempre
estiveram e ainda estão envolvidas com a ginástica rítmica, sejam como ginastas,
árbitras, técnicas ou como professoras de projetos de extensão, da graduação e da
especialização em educação física.
Mas o tempo quando conspira a favor sempre produz excelentes frutos. E se
tratando do desenvolvimento técnico e científico da ginástica rítmica com certeza
os ventos sobraram sempre para um excelente sentido.
Conheci Márcia Aversani no mestrado da Universidade Metodista de
Piracicaba em 2000 e nosso encontro se deu por meio da ginástica rítmica, quando
me tornei sua orientadora. Daquele tempo até os dias de hoje temos mais do que a
ginástica rítmica em comum, pois além de parceiras em atividades profissionais nos
tornamos amigas, daquelas que produzem juntas e separadas, mas estão sempre
dividindo riquezas e conhecimentos. Digo riquezas para aqui me referir aos
momentos vivenciados em comunhão.
Já Luciane Bernardi, uma linda e jovem mulher, é uma eterna lembrança como
ginasta da seleção brasileira, no universo da graduação e pós-graduação em educação
física.
Experiências não faltam e com certeza credenciam as autoras e tatuam, de
certa forma, a obra como referencial a ser absorvido por aqueles e aquelas que
desejam trabalhar com ginástica rítmica, da iniciação ao alto rendimento esportivo.
37
A obra é constituída de quatro capítulos, sendo que no primeiro há um relato
histórico da modalidade, desde sua origem enquanto método de ginástica moderna
até os dias atuais, mostrando as diversas terminologias que a modalidade assumiu.
As autoras optaram em apresentar os resultados da ginástica rítmica nos Jogos
Olímpicos, desde sua inserção, em 1984 em Los Angeles até Londres, em 2012, nas
provas de individuais e de conjunto, sinalizando o avanço desta modalidade no
universo mundial esportivo. A obra apresenta também, e não podia faltar, até pela
experiência e conhecimento das autoras, a situação da seleção brasileira no
decorrer desses anos no panorama que citamos acima.
Nos três capítulos que se seguem, podemos afirmar que há uma riqueza de
informação quanto às características dos aparelhos corda, arco e bola e na
sequencia a metodologia de ensino com cada aparelho, com o objetivo de ensinar o
manuseio técnico. As diversas ilustrações que acompanham as explicações auxiliam
no entendimento dos movimentos e com certeza é mais um referencial para os
ansiosos por conhecimento nesta área.
Apesar da obra, ser direcionada para o trabalho específico da ginástica
rítmica fora da escola, entendo que os/as professores/as podem e devem saborear
com muito gosto os saberes que Luciane e Márcia apresentam com qualidade, pois
somente quem conhece um determinado esporte pode adaptá-lo para a escola, numa
metodologia lúdica. E as autoras trabalham com os três aparelhos da ginástica
rítmica que fazem parte do folclore infantil e com certeza devem ser explorados
nas aulas de educação física escolar. É fato que ninguém ensina o que não conhece!
Não há tempo e nem espaço para discurso, é hora de declarar a minha
satisfação em poder indicar este livro para todos e todas que desejam aprender
para ensinar com qualidade.
Podem conferir!
Roberta Gaio
UNINOVE/UNISAL
38
Apresentação
Esta produção técnica em formato de livro é o produto final de
conclusão de curso apresentado no Programa de Mestrado Profissional em
Exercício Físico na Promoção da Saúde da Universidade Norte do Paraná –
UNOPAR. A elaboração de um livro específico para profissionais da ginástica
rítmica contendo processos pedagógicos para o manejo dos aparelhos corda,
arco e bola como facilitadores no ensino/aprendizagem da modalidade, vem ao
encontro de uma das fortes características deste programa inovador que é
atender às necessidades de capacitação profissional de natureza diferenciada.
A realização de elementos corporais aliados ao manejo dos aparelhos e ao
acompanhamento musical exigem um trabalho harmonioso desde a iniciação e
entendemos que possibilitar a compreensão das técnicas de manejo para seu
desenvolvimento de forma correta e eficaz é um grande desafio.
De uma forma geral, profissionais da área têm dificuldade em ensinar os
elementos técnicos dos aparelhos devido à complexidade da execução dos
mesmos, pois se verifica um elevado nível de exigência motora. Por isso na
iniciação esportiva de manejos dos aparelhos oficiais da ginástica rítmica,
relacionados ou não à exigência do código, necessitamos de organização de
processos pedagógicos para que as ginastas possam ter um aprendizado
facilitado e eficaz na prática dos manejos e posteriormente uma correta
execução destes mesmos elementos nas fases de treinamento e competição.
O caminho metodológico percorrido até a finalização do livro foi
fundamentado em pesquisas bibliográficas e nas análises dos resultados de
pesquisa realizada com profissionais da GR em âmbito estadual e nacional sobre
as dificuldades em ensinar os manejos dos aparelhos e passa também por nossas
experiências de longos anos como professoras de iniciação frente ao projeto
permanente de extensão universitária “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica
da UNOPAR” (*) na qual o dia a dia no projeto é ensinar os movimentos básicos
da GR em especial os elementos dos aparelhos. As atividades diárias
oportunizaram inúmeras tentativas de novas possibilidades de ensinar estes
39
mesmos movimentos, assim a escolha da melhor técnica de ensino foi descoberta
a cada nova turma, a cada nova dificuldade encontrada por uma criança e sem
dúvida a cada reflexão sobre a ação.
Esta obra justifica-se pela ausência de pesquisas específicas na
modalidade e também pela procura de materiais que possam auxiliar no
ensinamento correto da técnica de manejo dos aparelhos e teve como suporte o
projeto de pesquisa “Processos pedagógicos para a prática de manejo dos
aparelhos oficiais da ginástica rítmica” com parecer positivo do Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná (CEP-UNOPAR-0069/12) de
acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Agradecemos a contribuição recebida pelos componentes da banca
examinadora professora doutora Roberta Cortez Gaio da Universidade Nove de
Julho, professor doutor Cosme Franklim Buzzachera e professor doutor
Denílson de Castro Teixeira ambos da Universidade Norte do Paraná.
As autoras
_______________________________________________ (*)
O projeto “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica da UNOPAR – da iniciação ao alto nível” existe desde 1972 e foi criado pela professora Elisabeth Bueno Laffranchi na então FEFI - Faculdade de Educação Física do Norte do Paraná. Em 1992 a FEFI passou a chamar-se UNOPAR – Universidade Norte do Paraná e nesta década tornou-se sede da seleção brasileira de conjuntos por vários anos, conquistando dois títulos dos Jogos Pan-americanos (1999 e 2003) e duas finais olímpicas na modalidade de conjunto (2000 e 2004). O projeto atende meninas de cinco a 16 anos e tem como objetivos promover o desenvolvimento da GR em Londrina, detectar novos talentos, capacitar profissionais e ainda popularizar a modalidade. Conta com polos externos para atendimento à comunidade e estima-se que aproximadamente 15.000 ginastas passaram pelo mesmo no decorrer destes anos.
40
Sumário
1 Primeiro capítulo: Ginástica rítmica .............................................41 Histórico e características...............................................................................42 Processos de aprendizagem e a GR...................................................................45 2 Segundo capítulo: Aparelho Corda..................................................... 49 Técnicas de execução do aparelho corda........................................................53 Processos pedagógicos para os grupos técnicos fundamentais da
corda................................................................................................................ 61 3 Terceiro capítulo: Aparelho Arco........................................................74 Técnicas de execução do aparelho arco..........................................................76 Processos pedagógicos para os grupos técnicos fundamentais do
arco...................................................................................................................83 4 Quarto capítulo: Aparelho Bola...........................................................98 Técnicas de execução do aparelho bola........................................................101 Processos pedagógicos para os grupos técnicos fundamentais da
bola................................................................................................................. 107 5 Bibliografia...........................................................................................120
41
Primeiro Capítulo
Ginástica Rítmica
42
Histórico e características
A ginástica rítmica ou GR é uma modalidade praticada individualmente ou em
conjunto que tem como principal característica a utilização de aparelhos manuais
específicos que são a corda, o arco, a bola, as maças e a fita, em um espaço próprio de
13x13 metros. A execução do manejo destes aparelhos exige habilidade que se conquista
a partir da prática de exercícios organizados que possam levar ao aprendizado dos
elementos técnicos de forma correta. 32
A GR tem suas raízes na ginástica moderna que surgiu no século XIX com
influência de diversos estudiosos presentes em diferentes áreas do conhecimento, 24, 25,50
como Françoise Delsarte que trouxe para a ginástica a expressão dos sentimentos por
meio dos elementos corporais, Émile Jacques Dalcroze que desenvolveu uma relação
íntima entre os movimentos corporais e a música, Rudolf Bode que primeiramente
utilizou os aparelhos na ginástica e por último Henrich Medau que adaptou todas as
ideias que surgiram durante a evolução da ginástica com a criatividade e exploração dos
aparelhos de forma livre. 18,19
Seguindo o contexto histórico a ginástica rítmica surge como um esporte feminino
em 1952 quando foi criada a Liga Internacional de Ginástica Moderna (LIGIM) com o
objetivo de divulgar a modalidade em apresentações e competições. 25,48 Pouco mais de
uma década após o surgimento da LIGIM, a ginástica moderna tornou-se independente e
realizou seu primeiro campeonato mundial no ano de 1963 em Budapeste, na Hungria. 4,6,
27,28
Em 1967, a ginástica moderna já contava com provas individuais e conjuntos com
os aparelhos corda, arco e bola e em 1970 foi criado o primeiro código de pontuação já
pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), criada em 1921 e que até os dias de hoje
é o principal órgão que rege a modalidade. 16 Já em 1971 foi introduzido o aparelho fita
como exercício obrigatório em competições, em 1972 a ginástica moderna passa a se
chamar ginástica rítmica moderna e em 1973 o aparelho maças também surge como
exercícios obrigatórios. 42 No ano de 1975 a modalidade passa a ser denominada como
ginástica rítmica desportiva. 12,13, 46
A então ginástica rítmica desportiva (GRD) teve sua inclusão nos Jogos
Olímpicos de 1984 em Los Angeles nos EUA somente com apresentações da modalidade
individual e devido a um boicote liderado pela antiga União das Repúblicas Socialistas
43
Soviéticas, os países do leste europeu com tradição na modalidade não compareceram,
assim a medalha olímpica ficou com a ginasta Lori Fung do Canadá, país sem muita
expressividade na modalidade na década de 1980. Nesta edição tivemos a participação da
ginasta brasileira Rossane Favilla Ferreira do Rio de Janeiro. 18
Nos Jogos Olímpicos seguinte, em 1988 realizados em Seul na Coréia do Sul, a
modalidade ganhou muitos admiradores com a participação de vários países, a campeã foi
Marina Lobatch da URSS e não houve a participação de nenhuma ginasta brasileira. 45
Em 1992, os Jogos Olímpicos de Barcelona na Espanha foi o último a apresentar somente
a prova de individual, a campeã foi a ginasta Alessandra Timochenko representando a
Comunidade dos Estados Independentes (entidade que abrigou atletas da URSS durante a
separação das repúblicas) e pela segunda vez tivemos a participação do Brasil com a
ginasta Marta Cristina Schonhosrt de São Paulo. 11 A última edição dos Jogos Olímpicos
com a nomenclatura de GRD foi em 1996 na cidade de Atlanta, EUA sendo a ginasta
Ekaterina Serebrianskaya da Ucrânia campeã individual. Este evento também registrou a
inclusão das provas de conjunto no qual a equipe da Espanha se sagrou campeã, sem
nenhuma participação brasileira nestes jogos. 50
Em 1998 a modalidade mais uma vez passa por mudanças em sua nomenclatura
assumindo a denominação de ginástica rítmica ou simplesmente GR como é conhecida
até o momento, 16 Nos Jogos Olímpicos de 2000 realizado em Sidney na Austrália a GR
teve a participação do conjunto brasileiro pela primeira vez, que na ocasião se destacou
no cenário mundial conquistando uma vaga na final olímpica e terminado na oitava
posição, a equipe campeã foi da Rússia e a ginasta campeã no individual foi Yulia
Barsukova também da Rússia. Nos Jogos Olímpicos de 2004 em Atenas na Grécia, o
Brasil novamente foi representado com a equipe de conjunto e repetiram o feito de 2000
terminando na oitava posição e mais uma vez o conjunto da Rússia sagrou-se campeão
com a também russa Alina Kabaeva campeã individual.45 Nas duas últimas edições, de
2008 em Pequim na China e 2012 em Londres na Inglaterra, não houve alterações no
podium sendo o primeiro lugar no conjunto a Rússia e a ginasta russa Eugenia Kanaeva
bicampeã olímpica, tivemos a participação do conjunto brasileiro em 2008, terminando
na décima segunda posição e em 2012 o Brasil não conquistou a vaga olímpica. 50
Organizamos um quadro com os resultados das competições individuais e de
conjunto nas edições dos Jogos Olímpicos de 1984 a 2012 para melhor visualização.
44
Individual Conjuntos
1984 Los
Angeles
1º Lori Fung – CAN X
2º Doina Stainculescu – ROM X
3º Regina Weber – GER X
Participação da ginasta brasileira Rosane Favilla – RJ
1988 Seul
1º Marina Lobatch – URS X
2º Adriana Dounavska – BUL X
3º Alexandra Timochenko - URS X
1992 Barcelona
1º Alexandra Timochenko - URS X
2º Carolina Pascual – ESP X
3º Oksana Skaldina – EUN X
Participação da ginasta brasileira Marta Cristina Schonhorst – SP
1996
Atlanta
1º Ekaterina Serebrianskaya – UKR 1º Espanha
2º Yanina Batirchina – RUS 2º Bulgária
3º Elena Vitrichenko – UKR 3º Rússia
2000 Sidney
1º Yulia Barsoukova – RUS 1º Rússia
2º Yulia Raskina – BLR 2º Bielorussia
3º Alina Kabaeva – RUS 3º Grécia
Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação
2004 Atenas
1º Alina Kabaeva – RUS 1º Rússia
2º Irina Tcachina – RUS 2º Itália
3º Anna Bessonova – UKR 3º Bulgária
Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação
2008 Pequim
1º Eugenia Kanaeva – RUS 1º Rússia
2º Inna Zhukova – BLR 2º China
3º Anna Bessonova – UKR 3º Bielorussia
Participação do conjunto do Brasil – 12ª colocação
2012 Londres
1º Eugenia Kanaeva – RUS 1º Rússia
2º Daria Dmitrieva – RUS 2º Bielorussia
3º Liubou Charkashyna – BIE 3º Itália
Fonte: Federação Internacional de Ginástica, 2014.
45
Ao longo dos anos a GR que ainda é praticada apenas por mulheres em nível
competitivo vem evoluindo na perspectiva de apresentar técnica e beleza ao público, pois
é uma modalidade em que são determinadas suas formas artísticas por meio dos
elementos corporais e dos aparelhos que foram introduzidos ao longo desta evolução,
sendo ambos intimamente relacionados com o caráter e harmonia musical.
Com boa receptividade na participação em Jogos Olímpicos, observa-se que a FIG
vem apresentando mudanças na organização da modalidade como, por exemplo,
aumentar o número de vagas para os conjuntos que têm grande aceitação do público,
possibilitar a utilização de músicas com palavras e também alterações na forma de avaliar
com o intuito de diminuir a subjetividade entre os árbitros e facilitar o entendimento dos
leigos valorizando as transmissões da mídia em geral. 15 Para tanto, recentemente
promoveu alterações no código de pontuação favorecendo a utilização dos aparelhos, que
por algum tempo ficou em segundo plano. 3, 32
Processos de aprendizagem e a GR
Os aparelhos da ginástica rítmica exigem das ginastas um bom desenvolvimento
já no processo de aprendizagem devido a grande variedade de movimentos que podem ser
executados com os mesmos, desde cedo é interessante adquirir domínio dos movimentos
corporais aliados à técnica dos manejos. A execução correta dos manejos é adquirida com
tempo, experiência e treinamento. No início, como em qualquer modalidade esportiva o
desenvolvimento se dá pelas vivências motoras diversificadas sem situações motoras
específicas que requer muita concentração, assim facilitando o processo de
aprendizagem. 44
O processo de aprendizagem pode ser dividido em três fases: cognitivo,
associativo e autônomo. Na fase cognitiva há o recebimento de informação específica
para a aquisição da habilidade trabalhada e percebe-se um desempenho altamente
inconsistente, o principal fator é compreender o objetivo e a atividade estabelecida,
decidindo o que fazer e quando fazer.17 Nesta fase a ginasta passa por um período de
conhecimento dos movimentos, não atingindo a técnica correta do mesmo.
Na fase associativa a pequena ginasta começa a detectar seus erros ao
desempenhar a tarefa, obtém uma menor variabilidade nas respostas e assim passa por um
refinamento da habilidade, nesta fase há uma organização mais eficiente nos padrões de
46
movimento. 17 Na última fase conhecida como autônoma a mesma apresenta habilidades
quase automáticas e os ajustes necessários para a correção dos erros são realizados aqui.
Esta fase é o resultado de grande quantidade de treino e prática dos movimentos. 17 A
quantidade de repetições é decisivo para o progresso na aprendizagem e o envolvimento
intelectual é um importante requisito para o estímulo da coordenação, como também o
direcionamento da atenção para as particularidades da execução do movimento. 34 Aqui as
ginastas são capazes de produzir suas ações praticamente sozinhas com pouca ou
nenhuma ajuda. 23
O domínio de novas formas de movimento oferece informação sobre a percepção
de si mesma e do mundo que a cerca, 22 podendo apresentar movimentos precisos,
individualidade definida, trabalho rápido e se concentrar nas atividades agindo sem
dificuldades nas tarefas com domínio das técnicas que usa. 26 O treinador ou professor
tem muita importância no período de desenvolvimento, tendo que estar sempre atento às
necessidades das crianças para o processo de aprendizado, devendo proporcionar
oportunidades e orientação que possibilitem um bom desenvolvimento no seu
comportamento motor. 47
Na primeira fase da aprendizagem, a cognitiva, o treinador deve oferecer
informações verbais e visuais, dando uma ideia global da habilidade a ser executada. 17
Os métodos globais e parciais são amplamente discutidos em aprendizagem, grande parte
dos estudos sugerem a utilização do método global no início da aprendizagem do
movimento para que a criança possa visualizar o movimento por completo, e executar
com suas próprias características, criatividade e imaginação na manipulação dos
aparelhos. 39
A iniciação em ginástica rítmica tem uma boa vantagem a seu favor, pois também
possibilita a execução de movimentos da cultura infantil que são encontrados em
brincadeiras e jogos, favorecendo desde cedo variadas vivências motoras, sem exigir a
precocidade na habilidade proposta. 2
Muitas vezes devido ao escasso tempo dos treinadores, as fases de aprendizagem
são ignoradas em detrimento da necessidade de um rápido desempenho competitivo, se
esquecendo do processo e partindo diretamente ao produto final. 9 O processo do
movimento lida com a técnica de execução ao realizar um movimento específico e o
produto diz respeito ao resultado da ação. 33 O desenvolvimento da ginasta passará por
uma alternância de estágios maduros, para estágios imaturos e novamente para estágios
47
maduros. 33 O fato da ginasta atingir ou não o estágio amadurecido dependerá do ensino e
das oportunidades com a prática, devendo o treinador ou professor direcionar as
atividades para o aperfeiçoamento do desenvolvimento motor e apresentar diversas
possibilidades de execução do movimento para assim adquirir uma boa consistência
motora. 20, 21
Algumas dicas motoras favorecem ao aprendizado das ginastas, facilitando e
motivando as pequenas e oportunizando um aprendizado eficiente e divertido. 10 A prática
em partes, conhecida como método parcial pode ser eficiente quando se trata de aprender
movimentos que são combinados para formar uma