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Práticas de nomeação do real

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"(...) e nem espere o eterno do tempo, onde os homens se transformam."

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“Nem se espere o eterno do tempo,

onde os homens se transformam.” Michelangelo (1475-1564)

A EXPERIÊNCIA IN-COMPLETA

nesse constante incompleto, a busca pela sensação de prazer é o que eu tenho de inteiro, que eu possa de fato sentir. É instantâneo e rápido se consome. E muito logo eu continuo a querer mais.

sensações e luzes intermitentes, que esvaem-se antes que possam ser entendidas.

A alegoria recupera o que a história e o tempo arrancaram de nós

‘é melhor que eu me mova do que em inércia implodir’, eu disse.

A chuva cessou e deixou um frio sereno

Apesar da desobediência, me recuso a manter-me calmo diante de tudo.

Estou assim, continuo lidando comigo da mesma forma que sou há anos

Que fui sempre assim, calmo.

Essa calma que me angustia, que faz com que me remoa em ansiedade.

sensação| experiências afetivas físicas não com-pletas | em falta comigo mesmo | outro | mais consome que alimenta | insatisfação é mais o meu posicionamento | como mexer em raízes arraigadas | Mas me identifico de uma forma tão plena | lugar/não lugar de derrota | eu me sentisse mais ‘eu’ | pleno em inquietações

O que meus olhos diziam naquele espelho? Pensei em muitas coisas, mas nada era suficiente para expressar quem eu realmente sou. Neste momento, fui mais que a linguagem. Encarei a mim mesmo num espelho que não permanecia em lugar nenhum. Não via palavras, não via sequer nada.

*

Não percebemos, mas deixei uma xícara com 3 dedos de água sob a mesa, ao seu lado, durante todo o tempo que conversávamos. Seria para o café, mas acabou que comemos a seco. Foi gostoso, mesmo assim.

Só quando foi embora, quando fui recolher a mesa do lanche, que percebi.

*

Hoje, tento te cobrir com objetos que expressem algo para redimir a culpa - ambos ainda aqui em casa guardados

*

Enquanto ele, eu sentia

apenas eu, um lugar

meu, de resistência

independente de seu porquê

acesso esses ambientes

nos quais penso ter sido

conduzido por alguém

na verdade, é um lugar só meu

as vezes triste, ou acolhedor, lento

envolto

A EXPERIÊNCIA DES-INTERESSADA

Não basta sentirVocê tem que ver

Não basta apenas verVocê tem que ver-se refletido

Não basta apenas ver seu reflexoVocê tem que registrar

compartilhartorná-lo um Fatoinscrevê-lo na História

Em frente a interface estamos à salvo

tificar-se com as imagens e sensações de Se Ver nessas imagens, ver-se em imagens. Sentir-se. Ver e sentir-se por meio de um terceiro, ou de um objeto externo.

a relação com a interface está no cam-po da representação e pré-materializa-ção dos desejos, ambas que lidam com o campo do simbólico. Entretanto, os dois referem-se a materialidade, tridi-mensional por essência.

A superfície-interface Eu sinto que ela me acalma me distrai Me tira do foco E eu acho que isso não é bom para mim Para eu cumprir as minhas atividades É um grande desafio e é tão básico

mesmo quando me olhei no espelho e vi nos sulcos que se formavam no meu rosto a minha história escrita, o que quer que eu procurasse pensar não dava conta, nem de longe, da profundi-dade daquele olhar que presenciava.

eu sou um mistério para mim mesmo. Por isso, não cabe a mim - muito menos a um terceiro - me julgar.

quem sabe seja mais uma questão de si mesmo. De ver-se refletido, de iden-

SOBRE A ARTISTA

Ricardo Caldeira | arte híbrida: sexualidade, expressão corporal, comportamento e improviso. Tenho me envolvido com Algodão Choque e Movimento Supernova. Moro em São Sebastião - Distrito Federal.

Vem [email protected]/algodaochoqueosupernova.blogspot.com

PRÁTICAS DE NOMEAÇÃO DO REALSão Sebastião - Distrito Federal, dezembro de 2014.

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, por quaisquer meios, para fins não-comerciais, desde que com prévia autorização escrita da artista e citação da fonte.

O título desta obra é um trecho da fala da professora e artista plástica Luísa Günther, captado durante uma aula de Arte e Antropologia, na UnB. O layout foi inspirado no livro ANTROPOLOGIA DA FACE GLORIOSA, o qual recomendo fortememente, do maravilhoso fotógrafo Arthur Omar.