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DANILO CORTEZ GOMES PRÁTICAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS: UM ELO ENTRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A GESTÃO DE PESSOAS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração, sob orientação da Prof.ª Dra. Lydia Maria Pinto Brito. Área de concentração: Gestão Estratégica de Negócios. NATAL 2009

práticas socialmente responsáveis

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DANILO CORTEZ GOMES

PRÁTICAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS: UM ELO ENTRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A GESTÃO DE PESSOAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração, sob orientação da Prof.ª Dra. Lydia Maria Pinto Brito. Área de concentração: Gestão Estratégica de Negócios.

NATAL 2009

2

DANILO CORTEZ GOMES

PRÁTICAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS: UM ELO ENTRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A GESTÃO DE PESSOAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração, sob orientação da Prof.ª Dra. Lydia Maria Pinto Brito. Área de concentração: Gestão Estratégica de Negócios.

Data da aprovação: ____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof.ª Dr.ª Lydia Maria Pinto Brito Orientadora

Universidade Potiguar

______________________________________

Prof.ª Dr.ª Fernanda Fernandes Gurgel Universidade Potiguar

________________________________________

Prof. Dr. Washington José de Souza Universidade Federal do Rio Grande do Norte

3

FICHA CATALOGRÁFICA

G633p Gomes, Danilo Cortez. Práticas socialmente responsáveis: um elo entre a responsabilidade social e a gestão de pessoas / Danilo Cortez Gomes. – Natal, 2009.

143f.

Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.

Bibliografia f.126-135.

1. Administração – Dissertação. 2. Responsabilidade social. 3.

Gestão de pessoas. I. Título.

4

Dedico este trabalho a todos aqueles que sonham, mas que, após um

sonho, lutam para transformá-lo em realidade. E, conseguindo tal

feito, não busca para si vanglória, mas traz bem unido ao peito um

sentimento de gratidão a todos que o ajudaram a transformar este

sonho em fato concreto. Essas pessoas que são destinatárias desta

dedicatória são faces reveladas de Deus que, ao longo desse caminho,

me confirmaram o quanto sou amado por Ele.

Em especial, dedico a vocês... minhas Marias.

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo Seu olhar bondoso, paciente e cheio de misericórdia que, a cada dia, de maneira

simples e sutil, me envolve de tanta ternura que me faz ser uma eterna criança em Seus

braços. À Virgem Maria, que permanece junto de mim, me consagrando ao Coração Sagrado

de Jesus.

Aos meus pais que disseram “Sim” ao plano de Deus e me trouxeram ao mundo. Mainha, sem

a senhora nada disso seria possível! Painho (in memorian), tenho me esforçado bastante para

ser o homem que o senhor sempre desejou. Saudades... Eu os amo demais!

À minha amada e esposa Maria Adélisan. Como lhe agradecer sem derramar lágrimas de

profunda gratidão? Você é o verdadeiro suporte que Deus me confiou. Minha filha, enfim,

terminou! Conseguimos!!! Eu a amo muito, muito mesmo...

À Maria Gabriela e Maria Clara, motivos maiores da minha dedicação e esforço. Saibam que

vocês me ensinam a amar e me conduzem diariamente ao Coração Sagrado de Jesus Cristo.

Perdoem-me pela ausência que fez vocês chorarem e sentirem saudades... Eu apenas desejo

do fundo do meu coração ser o melhor pai do mundo para vocês. Minhas pérolas, eu as amo

demais!

Ao meu irmão Leonardo, minha cunhada Vitória e sobrinhas Tatiana e Maria Beatriz,

obrigado por confiar e acreditar no meu esforço e entender as minhas renúncias. Leonardo,

mais uma vez você foi meu anjo da guarda.

Aos meus amigos, por me ensinarem o verdadeiro valor da amizade e me suportarem do jeito

que sou. A Miguel Luis e família, meus sinceros agradecimentos. Amigo, obrigado por sua

ajuda e presença.

À Fraternidade Germinar, da qual estive tão ausente, mas nunca tão presente: Mistério de

Deus! Eu os amo com amor de irmão, de filho e de servo. Ajudem-me a entoar cânticos de

louvor ao Semeador de nossas vidas.

6

À minha orientadora, amiga e “mãe” (permita-me a ousadia) Dr.ª Lydia Maria Pinto Brito,

pelo auxílio e principalmente por acreditar na minha capacidade. A senhora é gente da gente –

simples e verdadeira – obrigado pelo entusiasmo e confiança.

Aos colegas/alunos e professores do Mestrado Profissional em Administração da

Universidade Potiguar. Obrigado por respirarem e partilharem comigo a beleza do saber, do

conhecimento, da pesquisa.

À Josenilde Mendes dos Santos, coordenadora estadual do Prêmio SESI Qualidade no

Trabalho no Rio Grande do Norte, pela simpatia e disponibilidade em fornecer as informações

necessárias à realização deste trabalho.

Aos gestores ou responsáveis pelo Prêmio SESI Qualidade no Trabalho das empresas

entrevistadas, pela gentileza de me conceder as entrevistas que tornaram possível o

desenvolvimento deste trabalho.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, por ter me

dado essa oportunidade. Em especial a todos os que fazem o Campus Currais Novos, que

souberam entender esse momento especial da minha vida.

Enfim, a todos que me ajudaram e que com palavras de incentivos, olhares, abraços e, até no

silêncio, me mostraram que era possível chegar lá! A todos, muito obrigado!

7

Sem verdade, sem confiança e amor pelo que é verdadeiro, não há

consciência e responsabilidade social, e a atividade social acaba à

mercê de interesses privados e lógicas de poder, com efeitos

desagregadores na sociedade, sobretudo numa sociedade em vias de

globalização que atravessa momentos difíceis como os atuais (Papa

Bento XVI – Caritas in Veritate)

8

RESUMO

As práticas socialmente responsáveis tornam-se cada vez mais presentes no cotidiano das organizações, conduzindo estas a tomarem iniciativas que permitam desenvolver e implementar tais práticas. Nesse contexto, os novos modelos de gestão de pessoas tem sido diretamente influenciados por essas características relacionadas à responsabilidade social, dinamizando e levando as organizações a reverem seus processos, principalmente quando relacionados ao público interno. Dessa forma, esta pesquisa buscou diagnosticar o modo como as práticas de gestão de pessoas estão presentes nas ações de responsabilidade social premiadas pelo Prêmio SESI Qualidade no Trabalho, no período de 2005 a 2008. Sendo esse prêmio um método de avaliação que contribui para um diagnóstico organizacional quanto às atividades e práticas organizacionais que influenciam a qualidade no trabalho, e a gestão de pessoas a área responsável para implantar, disseminar e avaliar tais práticas, compreende-se ser necessário um melhor entendimento das relações entre a responsabilidade social e a gestão de pessoas. A metodologia foi caracterizada por uma abordagem qualitativa de caráter descritivo, sendo realizada uma pesquisa documental nos livros publicados pelo SESI referentes ao Prêmio SESI Qualidade no Trabalho com as boas práticas das empresas vencedoras no período de 2005 a 2008, totalizando 76 empresas que compuseram o universo da pesquisa, e uma pesquisa de campo, na qual foram realizadas entrevistas com os responsáveis pelo PSQT nas empresas que compuseram a amostra típica da pesquisa. Foi utilizada a análise de conteúdo categorial, tendo como centro de análise as práticas socialmente responsáveis, relacionando-as a seis categorias que foram classificadas pelas funções clássicas da gestão de pessoas: planejamento, suprimento, aplicação, desenvolvimento, manutenção e controle. Os resultados encontrados revelaram que praticamente todas as funções da gestão de pessoas – planejamento, suprimento, aplicação, manutenção e desenvolvimento – estão presentes nas ações de responsabilidade social premiadas pelo SESI, no entanto, o modo como essas práticas ocorrem nas empresas varia de uma organização para outra, principalmente quando se refere ao porte empresarial (micro, pequena, média e grande). Nesse sentido, as práticas tidas como socialmente responsáveis estão intimamente alinhadas à gestão de pessoas quando relacionadas ao público interno, o que estimula as empresas a dinamizarem seus processos de gerenciamento, levando em consideração às exigências e necessidades da responsabilidade social empresarial e da gestão de pessoas.

Palavras-chave: Responsabilidade Social. Gestão de Pessoas. Prêmio SESI Qualidade no Trabalho.

9

ABSTRACT

Socially responsible practices have become increasingly present in the life of organizations, leading them to take initiatives to develop and implement such practices. In this context, new models of personnel management has been directly influenced by these characteristics related to social responsibility, stimulating and leading organizations to review their cases, especially when related to the workforce. Thus, this research sought to diagnose the practices of people management are present in socially responsible actions awarded by SESI Quality at Work, in the period from 2005 to 2008. Being this award an evaluation method that contributes to organizational diagnosis regarding the activities and organizational practices that influence the quality of work and people management area responsible for deploying, evaluating and disseminating such practices, it has been considered as necessary a better understanding of the relationship between social responsibility and people management. The methodology was characterized by a qualitative approach with descriptive feature throughout a documentary research in the books published by SESI related to SESI Quality at Work Award with the best practices of successful companies in the period from 2005 to 2008, totaling 76 companies that formed the universe researched, and a field survey in which interviews were conducted with those responsible for PSQT in companies that made up the typical sample of search results. It has been used the categorical content analysis with focus on the socially responsible practices relating to the six categories that were classified by the traditional role of people management (planning, supplying, application, development, maintenance and control). The results showed that virtually every aspect of people management - planning, supplying, implementation, maintenance and development - are contained in the social responsibility awarded by SESI, however, the way how these practices occur in the companies varies from one organization to another, especially when it refers to business size (micro, small, medium and large). In this sense, the practices considered as socially responsible are closely aligned to the management of people, especially when they are related to the workforce, leading companies to streamline their management processes, taking into account the demands and needs related to corporate social responsibility and management people. Keywords: Social Responsibility. People Management. SESI Quality at Work Award.

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Tipologia da Responsabilidade Social.............................................................. 32

Figura 2 – Áreas de avaliação do exercício da responsabilidade social interna................. 41

Figura 3 – Avaliação das relações da empresa com a comunidade.................................... 42

Figura 4 – Categorias da análise de conteúdo.................................................................... 83

11

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Desenvolvimento moral das organizações e orientação para os stakeholders 32

Quadro 2 – Responsabilidade Social Interna e Externa..................................................... 38

Quadro 3 – Gestão de recursos humanos no Brasil............................................................ 49

Quadro 4 – Classificação dos subsistemas ou funções clássicas da gestão de pessoas...... 52

Quadro 5 – Ressignificação dos subsistemas ou funções clássicas da gestão de

pessoas................................................................................................................................ 53

Quadro 6 – Fundamentos básicos....................................................................................... 68

Quadro 7 – Critérios de avaliação...................................................................................... 68

Quadro 8 – Práticas de gestão de pessoas e responsabilidade social voltadas ao público

interno................................................................................................................................. 71

Quadro 9 – Principais normas e padrões de qualidade....................................................... 72

Quadro 10 – Universo da pesquisa..................................................................................... 77

Quadro 11 – Práticas desenvolvidas pelas empresas relacionadas à função

planejamento da gestão de pessoas.................................................................................... 87

Quadro 12 – Resumo dos programas de sugestões e comunicação interna....................... 88

Quadro 13 – Resumo das práticas diagnosticadas relacionadas à função planejamento

da gestão de pessoas........................................................................................................... 92

Quadro 14 – Práticas desenvolvidas relacionadas à função suprimento da gestão de

pessoas................................................................................................................................ 93

Quadro 15 – Práticas desenvolvidas relacionadas à função aplicação da gestão de

pessoas................................................................................................................................ 96

Quadro 16 – Resumo das práticas relacionadas à função aplicação da gestão de pessoas 98

Quadro 17 – Práticas desenvolvidas relacionadas à função desenvolvimento da gestão

de pessoas........................................................................................................................... 101

Quadro 18 – Resumo das práticas relacionadas aos programas de educação corporativa. 104

Quadro 19 – Práticas desenvolvidas relacionadas à função manutenção da gestão de

pessoas................................................................................................................................ 110

Quadro 20 – Práticas relacionadas às premiações concedidas aos funcionários................ 112

Quadro 21 – Resumo dos benefícios oferecidos pelas empresas....................................... 114

Quadro 22 – Programas desenvolvidos relacionados à saúde............................................ 114

12

LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADCE – Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas

AMCHAM – Câmaras Americanas de Comércio de São Paulo

ARH – Administração de Recursos Humanos

BS – British Standards

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

DJSI – Dow Jones Sustainability Index

DVA – Demonstração do Valor adicionado

EP2ASE – Eficácia Pública e Eficácia Privada da Ação Social das Empresas

FNQ – Fundação Nacional da Qualidade

GIFE – Grupos de Institutos, Fundações e Empresas

GRI – Global Reporting Initiative

IBASE – Instituto de Análises Sociais e Econômicas

IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

ISO – International Organization for Standardization

MEG – Modelo de Excelência da Gestão

NBR – Norma Brasileira

OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

PRH – Planejamento de Recursos Humanos

PSQT – Prêmio SESI Qualidade no Trabalho

RH – Recursos Humanos

SA – Social Accountability

SAI – Social Accountability International

SESI – Serviço Social da Indústria

SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho

SIRH – Sistema de Informações de Recursos Humanos

UC – Universidade Corporativa

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................. 15

1.2 PROBLEMA................................................................................................................. 17

1.3 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................... 18

1.4 OBJETIVOS.................................................................................................................. 20

1.4.1 Geral.......................................................................................................................... 20

1.4.2 Específicos................................................................................................................. 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 21

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL................................................................................ 21

2.1.1 Aspectos históricos.................................................................................................... 21

2.1.2 Definindo Responsabilidade Social – Conceitos.................................................... 28

2.1.3 Práticas socialmente responsáveis........................................................................... 35

2.1.4 Processos de avaliação da Responsabilidade Social.............................................. 40

2.1.5 Estudos relacionados ao tema.................................................................................. 45

2.2 GESTÃO DE PESSOAS............................................................................................... 47

2.2.1 Aspectos históricos e conceituais da Gestão de Pessoas........................................ 47

2.2.2 Funções Clássicas da Gestão de Pessoas................................................................. 51

2.2.2.1 Planejamento........................................................................................................... 55

2.2.2.2 Suprimento.............................................................................................................. 56

2.2.2.3 Aplicação................................................................................................................. 58

2.2.2.4 Desenvolvimento..................................................................................................... 59

2.2.2.5 Manutenção............................................................................................................. 63

2.2.2.6 Controle................................................................................................................... 65

2.3 A RELAÇÃO ENTRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A GESTÃO DE

PESSOAS............................................................................................................................ 66

3 METODOLOGIA........................................................................................................... 74

3.1 TIPO DE PESQUISA.................................................................................................... 74

3.2 UNIVERSO/AMOSTRA DA PESQUISA................................................................... 77

3.3 COLETA DE DADOS.................................................................................................. 80

3.4 VARIÁVEIS ANALÍTICAS......................................................................................... 81

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS.................................................................................... 81

4 RESULTADOS DA PESQUISA................................................................................... 85

14

4.1 A FUNÇÃO PLANEJAMENTO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS................................................................................... 85

4.2 A FUNÇÃO SUPRIMENTO DA GESTÃO DE PESSOAS AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS................................................................................... 92

4.3 A FUNÇÃO APLICAÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS................................................................................... 95

4.4 A FUNÇÃO DESENVOLVIMENTO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS

PRÁTICAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS.............................................................. 99

4.5 A FUNÇÃO MANUTENÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS................................................................................... 108

4.6 A FUNÇÃO CONTROLE DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS................................................................................... 115

4.7 ANALISANDO A RELAÇÃO ENTRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A

GESTÃO DE PESSOAS..................................................................................................... 116

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO........................................................................ 123

REFERÊNCIAS................................................................................................................ 128

APÊNDICES...................................................................................................................... 139

15

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

No atual contexto organizacional percebe-se, por parte das empresas, uma busca por

diferenciais que possibilitem a permanência e o crescimento empresarial no competitivo

cenário organizacional. Dessa forma, tem-se observado uma preocupação das organizações e

também da sociedade quando se refere à temática responsabilidade social (ALBUQUERQUE,

2006; TAPSCOTT; TICOLL, 2005). De maneira objetiva e simples, Melo Neto; Froes (2001,

p. 28) enfatizam que “a responsabilidade social é uma ação estratégica da empresa que busca

retorno econômico-social, institucional, tributário-fiscal”.

Entretanto não é raro encontrar questionamentos, discussões e, por que não dizer,

paradoxos que envolvem a responsabilidade social. Para Friedman (1985, p. 122), “há uma e

só uma responsabilidade social do capital – usar seus recursos e dedicar-se a atividades

destinadas a aumentar seus lucros até onde permaneça dentro das regras do jogo”, todavia,

Arantes et al. (2004, p. 126) entendem a responsabilidade social por outro ponto de vista: “a

questão da responsabilidade social vai, portanto, além da postura legal da empresa, da prática

filantrópica ou do apoio à comunidade. Significa mudança de atitude, por uma perspectiva de

gestão empresarial com foco na agregação de valor para todos”. Novas práticas de gestão de

pessoas tem sido implementadas nas organizações, no intuito de desenvolver suas estratégias

e atividades que, geralmente, estão atreladas ao comportamento do trabalhador, visando

potencializar suas habilidades e conhecimentos. Dessa maneira, frequentemente a

responsabilidade social tem sido um dos veículos propulsores de condições favoráveis ao

ambiente organizacional, gerando aumento de produtividade, maior motivação, sentimentos

de autoestima e orgulho entre os empregados, outrossim, qualidade de vida no trabalho

(MELO NETO; FROES, 2001).

Sendo a responsabilidade social empresarial um tema relevante e com perspectivas de

crescimento relacionado às práticas organizacionais, a gestão de pessoas necessita de

subsídios que possibilitem o real entendimento da temática e a compreensão da correta

utilização dos instrumentos inerentes às práticas socialmente responsáveis, tendo em vista que

“contemporaneamente, a gestão de pessoas assume um papel cada vez mais decisivo e

participativo na gestão das organizações e na deliberação das políticas internas, visando

cumprir os preceitos erradicados por intermédio da Responsabilidade Social” (ZARPELON,

2006, p. 46). De acordo com Srour (2003, p. 406), “a estratégia empresarial que adota a

16

responsabilidade social como norte só funciona quando permeia todo o arcabouço das

políticas e das práticas da empresa. Trabalho hercúleo e incessante”. Dessa forma, as práticas

de gestão de pessoas na atualidade buscam dinamizar o trabalho exercido pelos indivíduos na

organização, bem como facilitar e proporcionar aos trabalhadores um ambiente que possibilite

o aumento da produtividade. Segundo Marras (2000, p. 323):

Nunca foi tão importante e necessário investir na gestão dos recursos humanos de forma estratégica, não somente para que a empresa cumpra com a sua responsabilidade social, mas também e principalmente para a sua própria sobrevivência em época de mercados altamente turbulentos, globalizados e competitivos como a que estamos vivendo no final deste milênio.

Nesse contexto, as discussões que envolvem a responsabilidade social ainda não estão

perto de se esgotar, nem tampouco há entendimento unilateral sobre esta temática. É fato que

as organizações tem buscado adaptar-se a algumas exigências que as caracterizem como

empresas socialmente responsáveis, principalmente em se tratando da gestão de pessoas, pois

“para uma gestão de Responsabilidade Social voltada para a gestão de pessoas, é necessário o

entendimento dos anseios comuns ao meio no qual os indivíduos estão inseridos, sem

descuidar dos anseios individuais, porém estes em segundo plano” (ZARPELON, 2006, p.

48). Nesse sentido, para que a responsabilidade social seja disseminada e instituída na

organização, modificações significativas devem ser realizadas para que as práticas, estratégias

e rotinas organizacionais se adéquem às características tidas como socialmente responsáveis.

Para Le Gall (2008, p. 91):

Hoje, as re-estruturações são freqüentes e ocorrem muitas vezes em escala mundial, devido à modernização contínua do aparelho produtivo e à concorrência internacional. O caráter reativo e cíclico da economia moderna bem como as fortes exigências dos fundos de investimento tem obrigado as empresas, mesmo as rentáveis, a executar planos sociais.

Nessa perspectiva, os programas de certificação e os prêmios que desenvolvem

análises junto às empresas para avaliar práticas empresariais que possam ser consideradas

socialmente responsáveis tem tido maior respaldo junto à sociedade e principalmente no meio

empresarial. Sendo assim, as análises realizadas pelos órgãos competentes não

necessariamente se resumem às práticas relacionadas aos aspectos socioambientais, mas

principalmente estão voltadas para as práticas de gestão empresarial, ou melhor, para a forma

como as organizações gerenciam e promovem o desenvolvimento dos seus empregados. Por

isso, a gestão de pessoas com suas práticas, filosofias gerenciais e técnicas de aprimoramento

17

tem papel fundamental nas mudanças requeridas por essa tendência na gestão empresarial

como também na avaliação de um dos critérios inerentes à responsabilidade social, que se

refere à gestão direcionada ao público interno das organizações.

Além desta parte introdutória que contextualiza a temática da pesquisa, este trabalho

contém a problemática estudada; a justificativa; os objetivos (geral e específicos); o

referencial teórico (dividido em três partes – responsabilidade social, gestão de pessoas, com

suas respectivas funções ou subsistemas; e a relação entre responsabilidade social e gestão de

pessoas) que permite o entendimento e compreensão do tema estudado, com as discussões e

percepções dos autores relacionados à responsabilidade social e gestão de pessoas; a

metodologia utilizada na pesquisa (tipo de pesquisa, universo/amostra da pesquisa, plano de

coleta de dados, variáveis analíticas, tratamento e análise dos dados); os resultados

encontrados divididos pelas categorias analisadas (planejamento, suprimento, aplicação,

desenvolvimento, manutenção e controle), relacionando-as às práticas socialmente

responsáveis; a conclusão e recomendação; as referências bibliográficas que fundamentam o

estudo teórico e, por fim, os apêndices e anexos.

1.2 PROBLEMA

As práticas socialmente responsáveis empreendidas pelas organizações repercutem em

vários aspectos no ambiente interno e externo da organização. As mudanças oriundas dessas

práticas podem gerar diversos comportamentos distintos de acordo com cada empresa,

principalmente quando se refere à gestão de pessoas, a qual envolve os funcionários com seus

valores e culturas. Dessa forma, as organizações tem buscado desenvolver programas que

tenham a responsabilidade social como meta a ser observada e, para tal realização, a área de

gestão de pessoas é, na maioria das vezes, acionada para gerenciar e desenvolver tais

programas.

Segundo Ulrich (2000), os profissionais da área de recursos humanos devem procurar

informações adequadas para poder implementar programas e iniciativas de recursos humanos,

bem como para fazer investimentos corretos, pois as “empresas carregam uma enorme

responsabilidade de gerar riqueza por meio da melhoria contínua de sua produtividade e

competitividade” (ULRICH, 2000, P. 159). Nesta mesma perspectiva, Ulrich (2000) entende

que as organizações tem responsabilidade quanto à definição, criação e distribuição de valor,

fazendo com que as empresas se tornem os principais agentes para uma mudança na

sociedade, seja como locais específicos de interações sociais ou de realização pessoal.

18

Concomitante a esse pensamento, Milkovich; Boudreau (2000) aponta que a

administração de recursos humanos estará cada vez mais relacionada às estratégias

organizacionais, sendo orientada para o negócio da empresa e para o cliente, sempre em busca

de valores agregados e com perspectivas abrangentes. Nesse caso, estariam as práticas de

gestão de pessoas alinhadas aos programas de excelência e prêmios de qualidade difundidos

no meio empresarial, atuando como instrumentos que ampliam as perspectivas de gestão nas

organizações?

Vale salientar que as práticas de gestão de pessoas contemplam direta ou

indiretamente algumas ações de responsabilidade social, principalmente quando relacionadas

ao público interno das organizações.

Desta maneira, sendo a responsabilidade social um paradigma empresarial

contemporâneo (MELO NETO; FROES, 2001) e a gestão de pessoas uma área da

organização cada vez mais explorada e imprescindível para a competitividade das empresas

(GIL, 2009; DUTRA, 2009; LE GALL, 2008), tem-se como questionamento central da

pesquisa, a seguinte indagação: De que modo as práticas de gestão de pessoas estão presentes

nas ações de responsabilidade social premiadas pelo SESI através do Prêmio SESI Qualidade

no Trabalho?

Surgem então as seguintes questões de pesquisa relacionadas abaixo:

• Quais são as práticas de responsabilidade social premiadas pelo SESI relacionadas ao

público interno?

• Quais as características, objetivos e particularidades das ações socialmente

responsáveis premiadas pelo SESI?

• Existem paradoxos na adoção das práticas de gestão de pessoas e as práticas de

responsabilidade social premiadas pelo SESI?

1.3 JUSTIFICATIVA

A temática responsabilidade social tem ocupado cada vez mais espaço no meio

acadêmico e nos ambientes organizacionais. Por um lado, discussões e reflexões são

desenvolvidas e, por outro, aprimoramentos e programas vem sendo instituídos no intuito de

tornar presente a filosofia ou modelo de gestão baseado na responsabilidade social, que

envolve todos os parceiros ou stakeholders empresariais.

As constantes indagações surgidas a respeito do tema, que variam de acordo com as

correntes de pensamento, englobam desde o entendimento diverso sobre responsabilidade

19

social até quais as possíveis práticas e focos de atuação a serem explorados. Assim, o

surgimento de tais discussões torna o assunto interessante e, por que não dizer, desafiador,

incentivando pesquisas que possibilitem diagnosticar e analisar as práticas tidas como

socialmente responsáveis e os reais objetivos de tais ações. Dessa forma, as práticas de gestão

de pessoas parecem colaborar com a disseminação de estratégias e conhecimentos que podem

ajudar a entender essas práticas socialmente responsáveis com seus objetivos e características.

Nesta perspectiva, a escolha do tema decorre de uma inquietação em analisar e tentar

compreender possíveis relações entre responsabilidade social e práticas de gestão de pessoas.

Para tal fim, a escolha do objeto de estudo busca obter um diagnóstico das práticas

socialmente responsáveis, tendo em vista que o Prêmio SESI Qualidade no Trabalho

corresponde a uma avaliação/metodologia de tais práticas desenvolvidas por indústrias

brasileiras no âmbito estadual, regional e nacional, sendo “um reconhecimento público às

empresas industriais por suas práticas de gestão e valorização dos seus colaboradores, uma

das partes interessadas no seu sucesso” (SESI, 2008a, p. 12). Vale ressaltar o crescimento

gradativo em termos de participação e notoriedade do Prêmio SESI Qualidade no Trabalho e a

percepção dos gestores/empresas participantes, atribuindo ao prêmio características voltadas

para um papel formativo e de consultoria (MACÊDO, 2008). Desta maneira, as indústrias

brasileiras podem dispor de subsídios relacionados à responsabilidade social através do

PSQT, conforme afirma SESI (2008a, p. 9):

[...] em sua trajetória, o PSQT, em sua 13ª edição, conseguiu acumular experiências para disseminar conceitos, organizar debates, capacitar profissionais e trocar informações entre as empresas industriais, enfatizando interesses comuns que assegurem adequadas condições de trabalho para o aumento da qualidade de vida dos empregados, da produtividade e da competitividade da empresa. [...]. Esta iniciativa do SESI é, portanto, um diferencial valioso para as empresas, uma vez que prioriza a relação com seu público interno e as condições de trabalho, aspectos preponderantes para a prática da responsabilidade social. Avaliando os processos internos, a organização identifica pontos vitais para a promoção de melhorias, adotando uma cultura proativa em relação a um desempenho organizacional compatível com valores do desenvolvimento sustentável.

Além do mais, percebe-se que as indústrias brasileiras estão se confrontando “cada vez

mais com a necessidade de enfrentar um mercado globalizado, no qual os avanços

tecnológicos e o desenvolvimento econômico se entrelaçam com as questões sociais e

ambientais para a condução dos negócios com sucesso” (SESI, 2008a, p. 9). Por isso, esta

pesquisa buscou diagnosticar o modo como as práticas de gestão de pessoas estão presentes

nas ações socialmente responsáveis premiadas pelo SESI, tendo em vista que as práticas de

gestão de pessoas são importantes para os novos desafios organizacionais, principalmente

20

quando alinhadas às estratégias da empresa. Nesse entendimento, o possível alinhamento das

práticas de gestão de pessoas às práticas socialmente responsáveis permitirá às empresas o

diagnóstico das necessidades relacionadas à gestão de pessoas e à responsabilidade social,

bem como o estímulo à implantação de práticas que possibilitem a potencialização do capital

humano das organizações, pois “a promoção da participação das pessoas em todos os aspectos

do trabalho e de sua qualidade de vida é fundamental para que os colaboradores desenvolvam

seu potencial e contribuam para os resultados da organização” (SESI, 2008a, p. 12).

A presente pesquisa propõe-se, ainda, a contribuir nas discussões e reflexões a respeito

da responsabilidade social, todavia, relacionando-a as práticas de gestão de pessoas, com o

intuito de apresentar resultados que colaborem na compreensão de tal fenômeno, fomentando

o estado da arte.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Geral

• Diagnosticar o modo como as práticas de gestão de pessoas estão presentes nas ações

de responsabilidade social premiadas pelo SESI através do Prêmio SESI Qualidade no

Trabalho.

1.4.2 Específicos

• Identificar as práticas de responsabilidade social premiadas pelo SESI relacionadas ao

público interno;

• Descrever as características, objetivos e particularidades das ações socialmente

responsáveis premiadas pelo SESI;

• Verificar a existência de paradoxos entre a adoção das práticas de gestão de pessoas e

as práticas de responsabilidade social premiadas pelo SESI.

21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico é composto de duas temáticas relevantes para as organizações,

que são a responsabilidade social e a gestão de pessoas. No decorrer deste capítulo serão

expostos conceitos, aspectos históricos, ações e práticas, bem como procedimentos de

avaliação a respeito da responsabilidade social nas empresas. Consequentemente serão

apresentados aspectos conceituais e históricos da gestão de pessoas e suas respectivas funções

clássicas, além das práticas de gestão de pessoas como parte integrante das estratégias

empresariais. Finalmente, a última parte deste referencial teórico aborda a relação entre a

responsabilidade social e a gestão de pessoas.

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL

A temática da responsabilidade social tem sido cada vez mais utilizada no meio

empresarial, como também tem despertado interesse e curiosidade. Além disso, por se tratar

de um tema contraditório, tem provocado discussões entre os diversos componentes da

sociedade em relação à sua origem, significado e atuação. Segundo Oliveira (2008, p. 10):

O estudo da responsabilidade social não é uma ciência. É uma área de interesse inter e multidisciplinar, transitando pelos campos de várias ciências sociais e humanas, até mesmo filosofia. Em administração, foi onde o debate conceitual e prática sobre responsabilidade social tomou corpo, talvez por ser a empresa um dos principais objetos de estudo das ciências da administração.

A responsabilidade social é um fato presente nas relações empresariais que tem se

dispersado de forma crescente e atuante nas mais distintas esferas organizacionais e um tema

cada vez mais utilizado pelas empresas.

2.1.1 Aspectos históricos

As novas exigências que permeiam o cenário organizacional em relação à adequação

das empresas aos padrões e certificações que possibilitam uma convivência mais salutar e

agradável entre empresa versus sociedade trazem à tona as características da responsabilidade

social empresarial como fator imprescindível para atingir determinados padrões e

comportamentos empresariais. Todavia essas exigências ou preocupações não são tão recentes

e já fazem parte de um contexto histórico mais longínquo que, só a partir das últimas décadas,

22

tomou proporções mais elevadas. De acordo com Zarpelon (2006), as primeiras manifestações

científicas, voltadas especificamente à área de responsabilidade social, surgiram no início do

século XX com Charles Eliot e Arthur Hakley. Pouco mais tarde, em 1916, John Clark

também contribui expressivamente, e, em 1953, o norte-americano Howard Bowen, nos EUA,

aprimora os estudos e publica sua obra intitulada Responsabilities of the Businessman, que é

considerada um marco na área de Responsabilidade Social. No Brasil, alguns especialistas

apontam que, o processo de evolução e disseminação dos conceitos sociais foi fortemente

influenciado por Gilberto Freyre, em especial, com sua obra intitulada Casa Grande e Senzala,

em 1936.

Percebe-se que a responsabilidade social não é um assunto tão recente no ambiente

acadêmico, tendo em vista que “os primeiros estudos teóricos sobre a responsabilidade social

empresarial, desenvolvidos a partir dos pressupostos conceituais da sociedade pós-industrial,

surgem em 1950” (TENÓRIO, 2006, p. 23). De acordo com Ashley (2004), Bowen, em 1953,

nos primeiros estudos sobre responsabilidade social dos executivos, apresentou a

responsabilidade social como prática essencial e obrigatória que tende a apreciar os fins e

valores da sociedade. No entanto, a partir da década de 1970, os trabalhos relacionados à

temática passaram a ter mais evidência e notoriedade.

Para Tenório (2006), foi com o filantropismo, no início do século XX, que surgiu a

abordagem da atuação social empresarial. Posteriormente, o conceito foi evoluindo e

incorporando anseios dos agentes sociais no plano de negócios das corporações, ao passo que

ocorria o esgotamento do modelo industrial e o desenvolvimento da sociedade pós-industrial.

Assim, além do filantropismo, conceitos como voluntariado empresarial, cidadania

corporativa, responsabilidade social corporativa e desenvolvimento sustentável foram

surgindo. Nesse caso, o contexto em que se concebeu a responsabilidade social empresarial,

divide-se em dois períodos distintos: o primeiro compreende o início do século XX até a

década de 1950, e o segundo, estende-se da década de 1950 até os dias atuais, que representa

a abordagem contemporânea com a discussão do conceito de desenvolvimento sustentável.

No entanto, “organizações privadas na Idade Média, bem antes da criação do

capitalismo como sistema econômico, já atuavam na área social, com ações de filantropia”

(OLIVEIRA, 2008, p. 26). Segundo Ashley (2004, p. 18): “os monarcas expediam alvarás

para as corporações de capital aberto que prometessem benefícios públicos, como a

exploração e a colonização do Novo Mundo”. Nos séculos XIX e XX, viu-se a massificação

de ações filantrópicas nas organizações e, só a partir da metade do século XX, iniciaram-se os

23

vários movimentos vinculados ao que atualmente se denomina responsabilidade social

(OLIVEIRA, 2008). De acordo com Ashley (2004, p. 19):

A partir de então, defensores da ética e da responsabilidade social corporativa passaram a argumentar que, se a filantropia era uma ação legítima da corporação, então outras ações que priorizam objetivos sociais em relação aos retornos financeiros dos acionistas seriam de igual legitimidade, como o abandono de linhas de produto lucrativas, porém nocivas ao ambiente natural e social.

Dessa forma, as características da responsabilidade social, até então percebidas, foram

sendo modificadas ao longo do tempo de acordo com as influências da sociedade e, em

especial, pela necessidade de adequação das organizações ao contexto em que estavam

inseridas, principalmente com o surgimento do termo stakeholder, “que incorpora ao

arcabouço teórico da responsabilidade social empresarial a visão sistêmica, segundo a qual as

companhias interagem com vários agentes, influindo no meio ambiente e recebendo

influência deste” (TENÓRIO, 2006, p. 24). Esses agentes ou stakeholders são todos aqueles

indivíduos e grupos que podem se afetar ou serem afetados direta ou indiretamente durante o

desenvolvimento das atividades organizacionais em busca dos seus objetivos (FREEMAN,

1984), tais como: acionistas, empregados, fornecedores, clientes, comunidade/sociedade,

governo e concorrentes. A principal característica dessa teoria é atingir vários objetivos, tanto

os da organização quanto os dos agentes envolvidos no processo. Assim, na década de 1980,

com o ressurgimento da ideologia liberal e da globalização, a responsabilidade social se

reveste de forma distinta quanto ao seu conceito e praticidade, quando os argumentos

utilizados são a favor do mercado (TENÓRIO, 2006). Segundo Tenório (2006, p. 24):

[...] nessa acepção do conceito, o mercado é o principal responsável pela regulação e fiscalização das atividades empresariais, impedindo abusos por parte das companhias. Cabe ao consumidor retaliar por meio do boicote ou de protestos os produtos das empresas que não respeitam os direitos dos agentes e que poluam o meio ambiente.

Outro marco histórico importante ocorreu na França, em 1968, onde é realizado o

primeiro trabalho de balanço socioeconômico, intitulado Societés Coopératives Ouvrières.

Poucos anos depois, mais precisamente em 1977, tal trabalho possibilitou a promulgação de

uma lei que obrigou as empresas a realizarem balanços periódicos avaliando o desempenho

social. Dessa forma, a França foi o primeiro país no mundo a promulgar essa lei com

propósitos sociais (ZARPELON, 2006). Oliveira (2007) também apresenta causas que

proporcionaram modificações significativas no entendimento sobre responsabilidade social,

24

principalmente relacionada ao sistema capitalista de produção, pois a globalização como

resultado das mudanças do capitalismo moderno com sua configuração paradoxal, que, por

um lado, apresenta avanços tecnológicos, aliados aos avanços das informações e produção

abundante de conhecimento, e, por outro, níveis sociais e humanos cada vez mais baixos e

alarmantes, não consegue dar respostas eficientes e eficazes aos problemas sociais.

Dessa maneira, pode-se destacar um breve histórico do desenvolvimento e do

tratamento da pobreza em quatro “eras”, visto que um dos principais motivos da

responsabilidade social é minimizar as desigualdades sociais através de programas sociais:

Era da Ajuda pela Ajuda (período pré-história); Era da Caridade (período medieval); Era da

Filantropia (transição do feudalismo e mercantilismo para o capitalismo); e a Era das Políticas

Sociais (OLIVEIRA, 2007). Conjuntamente às leis que impõem as empresas a determinadas

práticas, Tenório (2006, p. 45) observa o surgimento da responsabilidade como fator histórico

vivenciado e influenciado pela sociedade:

A responsabilidade social corporativa surge com a mudança de valores proposta pela sociedade pós-industrial: a valorização do ser humano, o respeito ao meio ambiente, a busca de uma sociedade mais justa e uma organização empresarial de múltiplos objetivos. Os novos valores pós-econômicos são também evidentes na crescente insistência pública de que as corporações se preocupem com o desempenho social e não apenas com o econômico.

Entretanto as transformações relacionadas à responsabilidade social envolvem

particularidades importantes que devem ser vistas como agentes influenciadores para tais

mudanças, dentre estes, as ideologias políticas como “a noção de Estado de Direito, as

políticas de atendimento e amparo social, a seguridade social e, principalmente, o chamado

Welfare State, ou Estado de Bem-estar Social” (OLIVEIRA, 2007, p. 23) e as práticas

empresariais, que nortearam o novo caráter da responsabilidade social empresarial. De acordo

com Tenório (2006), a ideologia neoliberal continuou a conduzir as discussões a respeito da

responsabilidade social empresarial na década de 1990, originando o conceito elaborado pelo

World Business Council for Suistainable Development, segundo o qual a responsabilidade

social empresarial faz parte do desenvolvimento sustentável. Nesse caso, as dimensões

econômica, ambiental e empresarial compõem essa abordagem relacionada ao

desenvolvimento sustentável, que busca alcançar vantagem competitiva através da

preservação do meio ambiente e pelo respeito aos anseios dos agentes sociais, colaborando

assim para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Nesse sentido, o respeito e

25

admiração dos consumidores, da sociedade, dos empregados e dos fornecedores seriam

conquistados, favorecendo a continuidade e sustentabilidade da organização em longo prazo.

De certa forma, as reflexões sobre a temática da responsabilidade social levaram a

sociedade a iniciar um processo de readequação e ressignificação das atitudes, valores e ações

praticadas com o meio ambiente e com os outros indivíduos, tal qual apregoa a Gestão Social,

conforme entendem Souza; Oliveira (2005, p. 1):

A Gestão Social é tomada como o conjunto de estratégias e políticas organizacionais de promoção do bem-estar de indivíduos e coletividades, destinado à recomposição de elos de integração do Homem com o semelhante e com o ambiente, articulando, sob o ideal da emancipação humana, elementos de racionalidade substantiva à ação racional instrumental.

De acordo com Megginson; Mosley; Pietri (1998), os conceitos de responsabilidade

social evoluíram por quatro períodos distintos. O primeiro caracterizou-se pela maximização

do lucro (compreende desde a Antiguidade até a Revolução Industrial); o segundo período foi

pautado pela administração por curadoria (a partir da década de 30, logo após a Grande

Depressão), em que os administradores e o governo passaram a dar mais atenção aos

empregados, clientes e sociedade, bem como aos interesses dos acionistas; o período de

ativismo foi o terceiro estágio dessa evolução (início da década de 1960), com as

reivindicações relacionadas às oportunidades igualitárias de empresa, a proteção ambiental e a

preocupação com o consumidor; e, por fim, o último período caracteriza-se por uma

compreensão social, que tem como principal causa as “falhas cometidas pelo governo nesta

área, que tem demonstrado não possuir condições de resolver todos os problemas sociais”

(KARKOTLI, 2006, p. 12). O autor expõe consequências oriundas da ineficiência do Estado

junto aos problemas sociais, criando tanto na sociedade como nas organizações, discussões e

reflexões sobre responsabilidade social, possibilitando uma maior busca de conhecimento por

parte das empresas privadas, organizações do Terceiro Setor e consumidores a respeito da

conduta social das empresas (KARKOTLI, 2006).

Nessa perspectiva, as organizações tiveram que se adequar a essa nova realidade,

tendo que traçar novas estratégias e planos que englobassem práticas socialmente

responsáveis, pois “a ideologia do bem-estar social e a filosofia do pleno-emprego cederam

lugar ao novo modelo de globalização e a suas respectivas lógicas e racionalidade” (MELO

NETO; FROES, 2001, p. 3). Consequentemente, filosofias e modelos gerenciais foram

surgindo para dar subsídios às organizações no intuito de desenvolver e tornar o discurso

vigente em práticas bem disseminadas no ambiente organizacional. Por isso, “já nas últimas

26

décadas do século XX as empresas começaram a deslocar seu foco de atenção, antes

unicamente direcionado aos stockholders, para todos os públicos de interesse da organização

– os stakeholders” (DAINEZE, 2004, p. 87). Para tal adequação, vale salientar que, de acordo

com Srour (2003, p. 308), “a lógica da responsabilidade social funciona como intrusa na

paisagem capitalista. Resulta dos embates históricos levados a efeito por inúmeros

movimentos políticos e associativos em defesa da cidadania, dos trabalhadores, dos

contribuintes, dos usuários e dos consumidores”. Observa-se, portanto, uma mudança

gradativa, circunstancial e planejada, conforme apresenta Daineze (2004, p. 86):

Dessa forma, começou uma lenta, mas importante mudança na filosofia das empresas: de ‘o público que se dane’ para ‘o público seja informado’. Por essa nova perspectiva, presume-se que o público, ao ter informações completas e verdadeiras, é capaz de fazer um julgamento correto e tomar suas decisões com relação à organização. Presume-se também que, sendo a aprovação do público crucial para as empresas, é obrigação delas mantê-lo informado de suas políticas e formas de fazer negócio.

Verifica-se que “o primeiro movimento em prol do relatório social emergiu da

orientação proposta pelo Concílio Vaticano II, mais precisamente com a promulgação da

encíclica Mater et Magister, em 1961” (PINTO, 2002, p. 77). Essa ideia faz parte do

pensamento da Igreja Católica explicitado em sua Doutrina Social a respeito da necessidade

de equilíbrio entre os objetivos das empresas e os da sociedade: “na empresa, portanto, a

dimensão econômica é condição para que se possam alcançar objetivos não apenas

econômicos, mas também sociais e morais, a perseguir conjuntamente” (PONTIFÍCIO

CONSELHO, 2005, p. 196). Neste aspecto, “o sentido de responsabilidade que brota da livre

iniciativa econômica se configura não só como virtude individual indispensável para o

crescimento humano do indivíduo, mas também como virtude social necessária ao

desenvolvimento de uma comunidade solidária” (PONTIFÍCIO CONSELHO, 2005, p. 199).

Dessa forma, a Igreja Católica entende ser “indispensável que, no interior da empresa, a

legítima busca do lucro se harmonize com a irrenunciável tutela da dignidade das pessoas que,

a vário título, atuam na mesma empresa” (PONTIFÍCIO CONSELHO, 2005, p. 197).

No Brasil, a preocupação com os problemas sociais “tem tradição histórica,

destacando-se as obras assistenciais privadas e as de caráter comunitário. As santas casas

apareceram no século XVI, poucos anos após o descobrimento” (PINTO, 2002, p. 33). Os

programas sociais surgiram através de ações caritativas e filantrópicas por parte de

associações ou organizações religiosas, o que corrobora o pensamento de Ashley (2004, p.

55):

27

Os princípios norteadores da responsabilidade social – em uma interpretação comum no Brasil de assistencialismo empresarial, tais como doação de bens e serviços, doações financeiras, cessão de funcionários especializados, voluntariado e filantropia – têm uma base fixado nos princípios religiosos de caridade.

Alguns expoentes tornaram-se precursores dessas ações, como a Associação dos

Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), o Instituto de Análises Sociais e Econômicas

(Ibase) e o cidadão Herbert de Souza – o Betinho. Em se tratando da atuação da Associação

dos Dirigentes Cristãos de Empresas, percebe-se que a mesma é tida como protagonista das

primeiras discussões sobre responsabilidade social ainda em meados da década de 1970, tendo

como objetivo preliminar os debates sobre o balanço social das empresas. Isso revela que a

disseminação da ideia de responsabilidade social ainda é recente no Brasil (ASHLEY, 2004).

De acordo com Pinto (2002, p. 419):

A sociedade brasileira colabora com o processo de alavancagem social do país há muitas décadas, mas, desde os anos 1990, vem ocorrendo uma mobilização cada vez maior do empresariado no tocante a ações de participação social para a solução dos problemas que afetam os segmentos populacionais socialmente mais fragilizados no Brasil.

Segundo Pinto (2002), Herbert de Souza – Betinho – foi um reconhecido propagador

da utilização do balanço social junto à sociedade como um todo, incentivando a participação

das empresas quanto à divulgação de seus balanços sociais e na disseminação de programas

sociais que envolvessem o empresariado brasileiro, partindo do pressuposto de que a

responsabilidade social empresarial não é apenas uma peça de marketing, mas um dever de

cada um.

Schommer; Rocha (2007) apontam algumas organizações surgidas recentemente que

tem oferecido contribuições e reflexões significativas sobre a responsabilidade social das

empresas, tais como: o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) –

fundado em 1981; o Prêmio ECO – Empresa e Comunidade, lançado em 1982, pelas Câmaras

Americanas de Comércio de São Paulo (AMCHAM); o Prêmio Nacional da Qualidade

(PNQ), criado desde 1991; a Fundação Abrinq – criada em 1990; o Grupo de Institutos,

Fundações e Empresas (GIFE) – criado em 1995; o Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa (IBGC) – também fundado em 1995; o Instituto Ethos de Empresas e

Responsabilidade Social Empresarial – constituído em 1998; e o Instituto Akatu pelo

Consumo Consciente – fundado em 2001.

28

Desta forma, “já se torna realidade no Brasil uma visão empresarial que considera o

social como qualificador dos resultados econômicos. As empresas estão cada vez mais

conscientes da importância do binômio estratégia mercadológica/responsabilidade social”

(PINTO, 2002, p. 106). No entanto, a realidade brasileira não difere sobremaneira dos outros

países, tendo em vista que “o grande desafio do capitalismo no século XXI é estimular a

empresa-cidadã, aquela que consegue conciliar lucro (eficácia econômica) e preocupações

sociais, ambientais e éticas” (SROUR apud ASHLEY, 2004, p. 89). Assim também entende

Zarpelon (2006, p. 27) quando afirma: “um paradigma a ser quebrado pelas organizações do

futuro tange no que diz respeito em se considerar o lucro menos importante do que a função

social que esta possa desempenhar”.

2.1.2 Definindo Responsabilidade Social – Conceitos

Os termos utilizados para identificar ou caracterizar a responsabilidade social se

apresentam de diversas formas, o que proporciona não raramente distorções e confusões

quanto ao real sentido da mesma. Nem todas as organizações conhecem o verdadeiro

significado da responsabilidade social, suas aplicações e consequências. Nesta mesma lógica,

o meio acadêmico também se divide caracterizado por conceitos e concepções distintas que

variam de acordo com o pensamento e contexto histórico de cada um. Dessa forma, “ainda

não existe um conceito plenamente aceito sobre responsabilidade social. Confunde-se, muitas

vezes, responsabilidade social com ‘ações sociais’, reduzindo o seu escopo com atividades de

cunho filantrópico” (FILHO; PINHEIRO, 2006, p. 24).

De acordo com Amoêdo (2007), atualmente, o que se denomina responsabilidade

social perpassa o âmbito de temas relacionados apenas ao indivíduo até adentrar as

organizações. Nesse caso, “as empresas extrapolam os limites de sua área de influência em

seus programas de participação social para alavancar projetos ambientais, educacionais e

culturais” (PINTO, 2002, p. 27). No entanto, as maiores discussões permeiam sobre o

entendimento da responsabilidade social empresarial e quais as suas obrigações, tendo em

vista as opiniões divergentes sobre a obrigatoriedade ou não de tais ações por parte das

empresas, quando na realidade os programas sociais são dever do Estado. Discute-se também

a forma como as empresas utilizam tais ações para fins diversos que nem sempre coadunam

com o significado de responsabilidade, dentre outros questionamentos. Santos (2008) critica o

discurso que enfatiza a responsabilidade social como uma maneira de tentar substituir o papel

do Estado pelo capital privado em relação aos programas que promovem bem-estar à

29

sociedade, tendo em vista que os principais motivos empresariais não fogem muito de uma

lógica utilitarista.

Ashley (2004, p. 10), por sua vez, apresenta a visão do economista Milton Friedman

(1912-2006) que “reforça a idéia de que a empresa é socialmente responsável ao gerar novos

empregos, pagar salários justos e melhorar as condições de trabalho, além de contribuir para o

bem-estar público ao pagar seus impostos”. Assim se expressa o próprio Friedman (1985, p.

122):

Ultimamente, um ponto de vista específico tem obtido cada vez maior aceitação - o de que os altos funcionários das grandes empresas e os líderes trabalhistas têm 'uma responsabilidade social' para além dos serviços que devem prestar aos interesses de seus acionistas ou de seus membros. Esse ponto de vista mostra uma concepção fundamentalmente errada do caráter e da natureza de uma economia livre. Em tal economia, há uma e só uma responsabilidade social do capital - usar seus recursos e dedicar-se a atividades destinadas a aumentar seus lucros até onde permaneça dentro das regras do jogo, o que significa participar de uma competição livre e aberta, sem enganos ou fraude.

Nesse entendimento, “há poucas coisas capazes de minar tão profundamente as bases

de nossa sociedade livre do que a aceitação por parte dos dirigentes das empresas de uma

responsabilidade social que não a de fazer tanto dinheiro quando possível para seus

acionistas” (FRIEDMAN, 1985, p. 123). Em contrapartida, idéias opostas são apresentadas e

tendem a reforçar a utilização da responsabilidade social nas empresas, pois de acordo com

Keith Davis, a empresa acarreta custos de suas atividades para a sociedade, o que exige

reparações aos danos causados, isto é, as organizações tem responsabilidade direta e

obrigações para minimizar muitos dos problemas que atingem a sociedade (ASHLEY, 2004).

Verifica-se, assim, que são “diversas as definições de responsabilidade social. Para

alguns representa a idéia de obrigação legal, para outros significa um comportamento

responsável no sentido ético, e para outros ainda significa uma contribuição caridosa ou até

mesmo uma consciência social” (KARKOTLI, 2006, p. 45). Porém as diferentes definições

podem causar danos no entendimento e compreensão do que seja realmente responsabilidade

social, pois esse movimento recente de ações sociais empresariais que está sendo incorporado

aos modelos de gestão das empresas faz surgir expressões como cidadania empresarial,

filantropia corporativa, ação social, responsabilidade ética, relações públicas, atividades

comunitárias, desafios sociais, preocupação social e responsabilidade social empresarial, que

comumente são vistas como sinônimos e, em alguns casos, podem gerar certa confusão

(MEGGINSON; MOSLEY, PIETRI, 1998; MELO NETO; BRENNAND, 2004;

SCHOMMER; ROCHA, 2007; TENÓRIO, 2006; WELZEL; LUNA; BONIN, 2008).

30

Segundo Melo Neto; Froes (2001, p. 31), “a maior dificuldade para definir

responsabilidade social está na amplitude do tema e, consequentemente, na extensão do seu

espectro”. Nesse caso, faz-se necessário diferenciar de maneira clara o que seja

responsabilidade social e ações assistenciais ou filantrópicas, partindo do pressuposto de que a

responsabilidade social não é uma mera ação de marketing, mas deve estar “incluída no

patamar de estratégia empresarial, o que significa a manutenção de uma política de longo

prazo” (ARANTES et al., 2004, p. 133), pois “a questão da responsabilidade social vai,

portanto, além da postura legal da empresa, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade.

Significa mudança de atitude, por uma perspectiva de gestão empresarial com foco na

agregação de valor para todos” (ARANTES et al., 2004, p. 126). Para Azevedo (2004), a

responsabilidade social difere consubstancialmente da filantropia, tendo seu alicerce na

consciência social e no dever cívico, e não na caridade. Sua ação é coletiva, visando

melhorias para a sociedade, e não, uma ação individualista ou egoísta, pois busca estimular o

desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania individual e coletiva.

Vale ressaltar que as divergências não se limitam aos conceitos e denominações, mas

também, de forma complexa, quando se trata dos fins a que se propõe a responsabilidade

social, pois “algumas autoridades argumentam que as empresas devem desempenhar

atividades ligadas à responsabilidade social porque lucratividade e crescimento decorrem do

tratamento responsável de grupos como empregados, clientes e a comunidade” (DAFT, 1999,

p. 95). A responsabilidade social tem se mostrado um valioso instrumento ou nova estratégia

para que se adquira maior credibilidade organizacional, potencializando o desenvolvimento

ou até aumentando a lucratividade. Isso tem sido evidenciado de forma acentuada pelas

empresas, estudiosos e mídia, ou seja, dando ênfase exclusivamente à abordagem instrumental

da responsabilidade social, que busca adquirir vantagens competitivas no cenário empresarial

globalizado (ASHLEY, 2004). Nesse mesmo pensamento, Melo Neto; Brennand (2004)

revelam que as organizações encontraram no valor ético institucional, uma nova fonte de

vantagem competitiva, justamente num momento em que os clientes estão cada vez mais

exigentes e buscam menor preço, melhores serviços e qualidade. Dessa forma, organizações

que utilizam sua imagem institucional baseada em valores socialmente responsáveis,

adquirem vantagens competitivas sobre os demais concorrentes e principalmente junto aos

clientes.

Segundo Ashley (2004, p. 3), “essa tendência decorre da maior conscientização do

consumidor e consequente procura por produtos e práticas que gerem melhoria para o meio

ambiente ou comunidade, valorizando aspectos éticos ligados à cidadania”. Complementado

31

essa afirmação, “hoje, quase não há dúvida de que o público em geral quer que as empresas e

organizações atuem com genuína responsabilidade social” (SCHERMERHORN, 2007, p. 63).

De acordo com Lourenço; Schröder (2003), além de valorizar a imagem institucional da

organização, a responsabilidade social proporciona diversas vantagens para a empresa, bem

como para a sociedade, que vai desde a criação de uma sociedade mais justa à construção de

uma continuidade e sobrevivência da empresa. Em recente pesquisa, resultados apontaram que

a razão para as ações socialmente responsáveis desenvolvidas pelas empresas se dão por inúmeros

motivos que vão desde a conscientização de sua atuação profissional, a imagem institucional até a

redução de custos (GRACIANO, 2008). Ainda sobre esse aspecto, Melo Neto; Froes (2001, p.

73) assim se expressam:

O social também incorpora valores e fortalece a imagem corporativa de marcas e produtos. Faz a empresa ganhar respeito, reconhecimento e simpatia de clientes, fornecedores, distribuidores e de toda a população. Praticando ações de responsabilidade social, as empresas mantêm vínculos com o seu ambiente interno e externo.

Todavia essa atuação não necessariamente garante retorno ou lucratividade, é o que

apontam algumas pesquisas que revelam não haver qualquer relação estatisticamente

significativa entre responsabilidade social e lucratividade ou rentabilidade (MEGGINSON;

MOSLEY; PIETRI, 1998; CAMPOS; GRZEBIELUCKAS; SELIG, 2009). Em contrapartida,

pesquisas demonstram que a preferência dos consumidores está cada vez mais atrelada a

marcas e produtos envolvidos com projetos sociais (MELO NETO; BRENNAND, 2004;

ARANTES et al., 2004), sem contar outras vantagens diagnosticadas, como na recente

pesquisa de Faria; Ferreira; Carvalho (2008), revelando que empresas consideradas

socialmente responsáveis tem maiores chances de atrair novos talentos, o que quer dizer que

ações contrárias à responsabilidade social podem prejudicar a captação de tais talentos para a

organização.

Além das definições quanto aos fins almejados, Logsdon & Yuthas apud Ashley

(2004) apresentam uma tipologia das abordagens relacionadas à responsabilidade social

corporativa: pré-convencional, convencional e pós-convencional, conforme o Quadro 1:

32

Nível de desenvolvimento

moral Ênfase

Orientação para os stakeholders

Critério de processo decisório

Pré-convencional

Engrandecimento de si próprio sem considerar os outros.

Orientação apenas para si próprio.

Cálculo quanto a prazer/dor.

Convencional Obrigações negativas para com os outros.

Conceito estrito de mercado, como a lei exige.

Expectativas dos parceiros de trabalho e controle social.

Pós-convencional Obrigações positivas. Relações com uma

larga faixa de stakeholders.

Princípios éticos universais.

Quadro 1 – Desenvolvimento moral das organizações e orientação para os stakeholders Fonte: Ashley (2004, p. 27) – Adaptado e traduzido do original de Logsdon & Yuthas (1997)

Há a tipologia desenvolvida por Carrol (1979 e 1991) que contém uma subdivisão com

quatro tipos de responsabilidade: responsabilidade econômica – ser lucrativa;

responsabilidade legal – obedecer a lei; responsabilidade ética – ser ético, fazer o que é certo,

evitar dano; e responsabilidade discricionária – contribuir para a comunidade e qualidade de

vida, conforme a Figura 1:

Figura 1 – Tipologia da Responsabilidade Social

Fonte: Carrol (1979; 1991)

De forma semelhante, Ferrel; Fraedrich; Ferrel (2000) elencam quatro tipos de

responsabilidade social – econômica, legal, filantrópica e ética – que são diferenciados de

acordo com os objetivos a serem atingidos. Vão desde a satisfação dos investidores, passando

33

pelo respeito e cumprimento das leis, até as práticas socialmente responsáveis por parte das

organizações visando o bem comum da sociedade. Dessa maneira, para Srour (2003, p. 382):

A responsabilidade social empresarial diz respeito à tomada de decisão orientada eticamente, vale dizer, condicionada pela preocupação com o bem-estar da coletividade. No essencial, significa gerar ganhos sociais ou benefícios para os stakeholders. Parte das seguintes premissas: respeitar os interesses da população, preservar o meio ambiente e satisfazer as exigências legais.

Independentemente das consequências proporcionadas pela responsabilidade social

nas empresas, o fato é que duas vertentes permanecem contrárias quando expostas aos

motivos, objetivos e fins almejados pelas organizações: por um lado a racionalidade

funcional, pragmática ou instrumental, e a racionalidade substantiva ou noética por outro

(RAMOS, 1983). Para Ashley (2004, p. 28), “entende-se que o conceito de responsabilidade

social corporativa requer como premissa para sua aplicabilidade não reduzida à racionalidade

instrumental, um novo conceito de empresa e, assim, um novo modelo mental das relações

sociais, econômicas e políticas”. Para tanto, faz-se necessário, antes de qualquer coisa, que os

modelos de gestão e técnicas de gerenciamento ou filosofias gerenciais sejam repensados,

visando não permitir que o desejo do lucro obscureça os fins sociais (QUEIROZ et al., 2002).

De qualquer forma, “o conceito de responsabilidade social corporativa não pode ser reduzido

a uma dimensão social da empresa, mas interpretado por meio de uma visão integrada de

dimensões econômicas, ambientais e sociais que, reciprocamente, se relacionam e se

definem” (ASHLEY, 2004, p. 29). Todavia coadunar racionalidades antagônicas não é tarefa

fácil, o que implica a mudança da racionalidade do sistema e das empresas, não podendo

forçá-las a ser ineficientes. Portanto “a solução encontrada foi a criação de uma nova lógica e

racionalidade social. Ela surge não para substituir a lógica econômica globalizante, mas para

atenuar seus efeitos e diminuir seus riscos sistêmicos” (MELO NETO; FROES, 2001, p. 6).

Para Srour (2003, p. 308):

As duas lógicas, a do lucro e a da responsabilidade social, convivem às turras. A primeira, endógena e imanente ao capitalismo; a segunda, exógena e fruta da ação política militante. A primeira, imantada pela satisfação dos interesses dos proprietários ou detentores do capital (quotistas, acionistas); a segunda, imbuída pela satisfação dos interesses dos demais stakeholders das empresas.

De acordo com Nash (1993, p. 121), “quando o lucro torna-se o próprio dominante, ele

não apenas é priorizado, mas é exclusificado. O lucro é uma alegação tão concreta e forte, e a

ética é tão abstrata e fluida, que o primeiro pode facilmente dominar a forma da tomada de

34

decisão das pessoas”. Dessa forma, “como conciliar os excessos da racionalidade econômica

vigente com as vantagens e os benefícios da nova racionalidade social emergente?” (MELO

NETO; FROES, 2001, p. 9). A dúvida surge, porque na maioria das vezes, quando o objetivo

principal se refere aos resultados financeiros, as necessidades alheias normalmente não são

evidenciadas, ou melhor, são esquecidas (NASH, 1993). Nesse mesmo entendimento, Nash

(1993, p. 124-125) ainda comenta as características de uma organização pautada numa

racionalidade instrumental ou pragmática:

Uma abordagem de negócios que use o lucro – mesmo que seja o lucro esclarecido – como estrela guia incentiva um enfraquecimento de outros valores, por mais fortes que eles sejam na vida particular. A cegueira do resultado financeiro, embora pretenda provocar apenas um espírito competitivo limpo, está inerentemente carregada de problemas morais.

Nesta ótica, Melo Neto; Froes (2001) esclarece o perigo existente no fato de

prevalecer a lógica do mercado, que visualiza determinada comunidade como nicho de

mercado e possíveis ações socialmente responsáveis como ações de marketing, além de

buscar demasiadamente resultados imediatos a qualquer custo.

Paralelamente à responsabilidade social, o desenvolvimento sustentável vem sendo

discutido e disseminado nos ambientes organizacionais e, às vezes, são utilizados de forma

conjunta com o intuito de reforçar e revestir a responsabilidade social de caráter contínuo e

permanente, envolvendo aspectos relacionados à qualidade de vida no trabalho e na

sociedade, à igualdade de oportunidades, ao fomento da cidadania, bem como o respeito aos

princípios e valores éticos e morais (MELO NETO; BRENNAND, 2004).

Para que a atuação das empresas seja efetivamente moldada pela responsabilidade

social, faz-se necessária a construção de relações confiáveis e duradouras com todos os

stakeholders ou segmentos envolvidos com a organização (MELO NETO; FROES, 2001).

Segundo Ashley (2004, p. 6-7), o conceito de responsabilidade social é abrangente e pautado

na racionalidade substantiva:

Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela (...). Assim, numa visão expandida, responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

35

Outro conceito que tem sido utilizado frequentemente é o disseminado pelo Instituto

Ethos, que apresenta a responsabilidade social empresarial com a seguinte afirmação:

[...] é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (INSTITUTO ETHOS, 2009).

2.1.3 Ações e práticas socialmente responsáveis

Dentre as mudanças ocorridas no ambiente organizacional, seja de caráter tecnológico,

gerencial ou comportamental, uma das mais significativas relaciona-se à responsabilidade

social, ou seja, à tendência da utilização e adequação por parte das empresas quanto às

práticas socialmente responsáveis. Desta forma, as ações e práticas socialmente responsáveis

se caracterizam por apresentar várias formas e focos a serem atingidos por tais iniciativas

empresariais.

De acordo com Megginson; Mosley; Pietri (1998, p. 101), “a melhor maneira de

ilustrar a responsabilidade social talvez seja por meio de programas específicos de ação

realizados pela administração”. Nesse caso, esses programas frequentemente permeiam

atividades implementadas nas seguintes áreas: relações com os empregados; serviço ao

público e à comunidade; proteção ambiental; defesa do consumidor; assistência médica e

educacional; desenvolvimento e renovação urbana; e cultura, arte e recreação (MEGGINSON;

MOSLEY; PIETRI, 1998). No entanto, os autores observam que há duas perspectivas da

responsabilidade social, sendo a opinião a favor de uma limitação (teoria defendida pelo

economista Milton Friedman) e a opinião a favor de uma responsabilidade (teoria altruísta

voltada para o bem-estar da sociedade):

Há várias perspectivas em relação ao grau em que a administração de uma empresa deveria praticar a responsabilidade social. Apesar das empresas não se voltarem contra o princípio da responsabilidade social, nem todas concordam quanto ao limite e a extensão de sua aplicação. As opiniões variam de um extremo ao outro (MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI, 1998, p. 94).

Não diferentemente às discussões relacionadas aos conceitos de responsabilidade

social, as controvérsias também incluem práticas desenvolvidas pelas organizações. “Segundo

os autores clássicos da área, como Howard Bowen, há cinco tipos de público beneficiados

36

com a responsabilidade social: funcionários, clientes, fornecedores, competidores e outros

com os quais a empresa mantenha transações comerciais” (ASHLEY, 2004, p. 8). Além do

mais, “as quatro vertentes de participação social – a da assistência social, a do balanço social,

a dos procedimentos éticos e a da responsabilidade social – avançam simultaneamente em

seus próprios desafios” (PINTO, 2002, p. 403). No entanto, nem sempre as ações socialmente

responsáveis praticadas pelas empresas englobam todas as fases e vertentes da

responsabilidade social. Nesse caso, as “ações sociais praticadas em decorrência do

cumprimento das leis não se caracterizam atos responsáveis, conscientes e voluntários, mas

sim um cumprimento às exigências legais, baseado no princípio de ato mandatário, executado

para evitar penalidades ou repreensão” (ZARPELON, 2006, p. 36). Dessa forma, “o que,

geralmente, ocorre na prática é a existência de ações socialmente responsáveis numa ou mais

dimensões e ações socialmente irresponsáveis em outras” (MELO NETO; BRENNAND,

2004, p. 7). Essas organizações que não atuam de forma sistemática e consistente no campo

da responsabilidade social igualam-se a empresas que desenvolvem ações sociais esporádicas,

sem nenhum foco e cujas ações são simplesmente filantrópicas e assistencialistas, que não

podem ser denominadas empresas socialmente responsáveis, quando muito, empresas com

vocação ou pretensão para o social (MELO NETO; BRENNAND, 2004).

O fato é que a demanda por programas e ações sociais cresce a cada dia devido ao

elevado crescimento dos problemas sociais, bem como às novas exigências impostas pelo

mercado às empresas que, por sua vez, são induzidas a desenvolverem ações socialmente

responsáveis, pois “a prática da responsabilidade social empresarial vem como resposta ao

marcante desequilíbrio econômico e à injustiça social, marcados pelo capitalismo”

(AZEVEDO, 2004, p. 344).

Neste contexto, as ações e práticas das empresas, bem como os focos de atuação vêm

sofrendo mudanças quanto à sua natureza e continuidade, pois as ações puramente

assistenciais e filantrópicas se revestem de outra característica voltada mais para a

responsabilidade social. De acordo com Melo Neto; Froes (1999, p. 79), “as ações de

filantropia correspondem à dimensão inicial do exercício da responsabilidade social. Sua

característica principal é a benemerência do empresário, que se reflete nas doações que faz

para entidades assistenciais e filantrópicas”. Para Souza (2008, p. 12-13):

37

A filantropia, por sua vez, significa amor à humanidade, humanitarismo. Tradicionalmente está relacionada a atividades de pessoas ricas e de importantes organizações econômicas que praticam ações sociais doando recursos para instituições beneficentes. Nos dias atuais, a filantropia tem sido enfatizada sob a forma de doações de particulares para causas sociais, incluindo investimentos sociais de empresas privadas em Responsabilidade Social Corporativa, mediante a criação de fundações que exercem papel na intermediação de recursos para bancar projetos assistenciais. A filantropia estabelece, portanto, doação de ricos – os que têm – para pobres, os que não têm.

Alguns estudiosos e especialistas não consideram a filantropia uma ação de

responsabilidade social, mas um estágio preliminar ou pré-responsabilidade social,

entendendo que a mesma é apenas um tipo de ação que se insere no contexto mais abrangente

da responsabilidade social (MELO NETO; FROES, 2001). Assim, a idéia de responsabilidade

social vai além da filantropia, a ponto de balizar suas ações sociais com a comunidade de

forma contínua e consistente, baseada em princípios e valores éticos, ao mesmo tempo em que

são reforçadas as relações entre a empresa e seus stakeholders (MELO NETO; FROES,

1999).

Schommer; Rocha (2007) utilizam uma classificação interessante para as ações sociais

das empresas, dividindo-as em três ondas, sendo a primeira onda voltada para a filantropia; a

segunda onda seria o investimento social privado; e a terceira onda é a gestão socialmente

responsável vinculada à estratégia empresarial e relacionada às demais dimensões

organizacionais.

Entretanto as ações e práticas socialmente responsáveis partem do pressuposto que os

programas sociais podem ser desenvolvidos a partir das necessidades dos stakeholders, ou

seja, podem ocorrer tanto no ambiente interno quanto no ambiente externo das organizações,

sendo que para uma atuação eficaz da empresa, quando o assunto é responsabilidade social, as

ações devem ocorrer nas duas dimensões: interna e externa (MELO NETO; FROES, 1999).

A responsabilidade social interna “focaliza o público interno da empresa

(funcionários), além de seus dependentes. O objetivo é motivá-los para aumentar o seu

desempenho, além de criar um ambiente agradável de trabalho e contribuir para o seu bem-

estar” (MELO NETO; BRENNAND, 2004, p. 6). Nesse estágio da responsabilidade social, o

foco baseia-se nas atividades regulares da empresa, como a saúde e segurança dos

empregados, bem como em questões relacionadas aos benefícios e qualidade de vida no

trabalho (MELO NETO; FROES, 2001). Por outro lado, “a responsabilidade social externa

corresponde ao desenvolvimento de ações sociais empresariais que beneficiem a comunidade

(MELO NETO; FROES, 1999, p. 88). Desta maneira, os dois focos de atuação devem ser

vistos como importantes e necessários, mas implementados de maneira transparente e

38

gradativa, obedecendo a atividades próprias de cada etapa, sendo primeiramente a

responsabilidade social interna, em seguida a responsabilidade social externa, até alcançar o

patamar de uma gestão social cidadã (MELO NETO; FROES, 2001). O Quadro 2 apresenta

de forma sucinta a responsabilidade social interna e externa:

Responsabilidade Social Interna Responsabilidade Social Externa Foco � Público interno (empregados e

seus dependentes) � Comunidade

Áreas de atuação

� Educação � Salários e benefícios � Assistência médica, social e

odontológica

� Educação � Saúde � Assistência social � Ecologia

Instrumentos � Programas de RH � Planos de Previdência

Complementar

� Doações � Programas de voluntariado � Parcerias � Programas e projetos sociais

Tipo de retorno � Retorno de produtividade � Retorno para os acionistas

� Retorno social propriamente dito � Retorno de imagem � Retorno publicitário � Retorno para os acionistas

Quadro 2 – Responsabilidade Social Interna e Externa Fonte: Melo Neto; Froes (1999, p. 89)

Um aspecto interessante e que geralmente pode ocorrer é quando uma organização não

atua nos dois focos, ou até valoriza determinado foco e desprestigia outro. Nesse sentido,

Melo Neto; Brennand (2004, p. 19) faz uma séria advertência:

É inadmissível imaginar uma empresa socialmente responsável internamente com práticas abusivas de gestão, falta de confiança nos funcionários, falta de transparência em seus negócios, pagamento de baixos salários, condições inadequadas de trabalho. Em situações deste tipo, há uma incongruência básica entre a cultura organizacional, seus valores e práticas e uma estratégia social, fundamentada em outros valores e ações sociais.

Essas contradições estão presentes quando o assunto é responsabilidade social, pois as

partes interessadas – stakeholders – esperam cada vez mais, por parte das organizações,

atitudes pautadas na criatividade que proporcionem uma cultura organizacional sustentável,

que dê mais ênfase aos problemas sociais (MELO NETO; FROES, 2001). Assim, as

organizações se deparam com um novo paradigma no campo das ações sociais, que alguns

denominam de empreendedorismo social, filantropia de alto rendimento ou simplesmente

responsabilidade social, que tem “a ênfase nos resultados, a definição de focos precisos e a

preferência pelas ações transformadoras que conduzem a mudanças sociais” (MELO NETO;

FROES, 2001, p. 46). Observa-se que no Brasil as ações e práticas das empresas ainda

39

prevalecem pautadas no padrão assistencialista, principalmente quando observadas empresas

de pequeno e médio porte (MELO NETO; FROES, 2001).

Vale ressaltar que nem sempre o discurso das empresas está vinculado à prática, tendo

em vista que a percepção e vivência dos indivíduos na organização variam de acordo com a

função, status, comportamento, atividades desenvolvidas, dentre outros aspectos, pois “uma

análise crítica do discurso não-dito revela o que se esconde por trás das ações preconizadas

pela responsabilidade social corporativa bem como as contradições inerentes a essas práticas”

(SOARES, 2004, p. 2). Coelho (2005) apresenta em recente pesquisa que “a visão dos

trabalhadores, dos gestores de pessoas e dos sindicalistas apresenta convergências em vários

aspectos importantes neste sentido” (COELHO, 2005, p. 13), mesmo obtendo resultados que

apontam para uma correlação positiva entre o discurso da responsabilidade social e as práticas

de gestão de pessoas.

Furtado (2006) analisou as possíveis relações das variáveis: gestão participativa; as

relações com sindicatos; a política de remuneração; benefícios e carreira; cuidado com saúde,

segurança e condições de trabalho; compromisso com o desenvolvimento profissional e a

empregabilidade; e comportamento frente a demissões. Nesta pesquisa, constatou-se que a

percepção dos empregados sobre as ações da empresa em que atuam relacionadas às variáveis

analisadas, apontam para uma visão voltada para a responsabilidade social, todavia, a variável

de maior destaque foi a gestão participativa e a de menos expressão se refere às relações com

os sindicatos.

De forma semelhante, Cajazeira; Barbieri (2006) investigaram as relações existentes

entre os conceitos de responsabilidade social e sustentabilidade com os conceitos de qualidade

e excelência, utilizando como objeto de estudo quatro empresas ganhadoras do Prêmio

Nacional de Qualidade e também o banco de dados do Instituto Ethos com suas melhores

práticas de responsabilidade social. A pesquisa resultou na percepção do alinhamento entre

tais conceitos, “uma vez que seus critérios são orientadores de práticas de excelência

empresariais consolidadas. O foco no cliente, a inovação de produtos, a gestão de pessoas,

devem estar necessariamente alinhadas a uma estratégia clara da busca da sustentabilidade”

(CAJAZEIRA; BARBIERI, 2006, p. 14).

Assim, percebe-se que as mudanças estão ocorrendo e as exigências surgidas vão

influenciando os modelos de gestão das empresas para adequarem-se às características

pautadas na responsabilidade social.

40

2.1.4 Processos de avaliação da responsabilidade social

Na medida em que as empresas passam a atuar e desenvolver programas voltados para

a responsabilidade social, faz-se necessário ampliar a compreensão das possíveis

consequências oriundas dessas ações, bem como criar mecanismos ou instrumentos que

permitam avaliar todo o processo desencadeado a partir dos pressupostos e premissas da

responsabilidade social. De acordo com Arantes et al. (2004), a percepção dos empresários

brasileiros é evidente quando se trata da responsabilidade social como um diferencial

competitivo. No entanto, há pouca profissionalização na área e as ações que são

desenvolvidas, na maioria das vezes, revestem-se de caráter assistencial e raramente são

avaliadas, o que pode acarretar baixo retorno dos investimentos e pouca efetividade nos

programas empreendidos.

Compreende-se que as empresas investem em ações socialmente responsáveis

buscando retornos que variam de acordo com o contexto em que estão atuando, porém a falta

de avaliação tende a minimizar os efeitos peculiares advindos de tais práticas. Dessa forma,

diversos processos de avaliação foram criados com o intuito de subsidiar as empresas que

tentam desenvolver práticas socialmente responsáveis. Esse processo de avaliação ou controle

parte também da sociedade, ou seja, não são suficientes as leis que incentivam a consciência

do interesse comum, se os valores altruístas que visam à coletividade não estiverem inseridos

na cultura organizacional. Em alguns países, mesmo diante da inexistência de tais leis, a

sociedade e os próprios gestores são atuantes no controle das condutas organizacionais

(ZARPELON, 2006).

Vale salientar que esses processos de avaliação se apresentam de variadas formas,

sendo instituídos principalmente por associações, ONG´s, programas de certificação e

legislação, conforme explica Tenório (2006, p. 37), afirmando que “atualmente, os

indicadores de responsabilidade social corporativa mais utilizados pelas empresas são: o

balanço social, a demonstração do valor adicionado e as certificações de responsabilidade

social”.

Para Melo Neto; Froes (2001), as avaliações do exercício da responsabilidade social

podem ocorrer de duas formas: avaliação do exercício da responsabilidade social interna e a

avaliação das relações da empresa com a comunidade. Nesse caso, a gestão do trabalho, a

gestão do ambiente de trabalho, a gestão do trabalho e espaço total de vida, a gestão da

relevância social da vida no trabalho, a gestão do crescimento e desenvolvimento pessoal dos

empregados, a gestão dos direitos dos empregados e a gestão de benefícios e remuneração são

41

áreas que compõem a avaliação do exercício da responsabilidade social interna, conforme a

Figura 2:

Figura 2 – Áreas de avaliação do exercício da responsabilidade social interna Fonte: Melo Neto; Froes,(2001, p. 112)

Na outra extremidade, tem-se a avaliação das relações da empresa com a comunidade,

que abrange a avaliação do foco de relação, a avaliação do alvo da relação, a avaliação da

natureza das relações, a avaliação do escopo da relação, a avaliação do impacto das ações e a

avaliação do tipo e da natureza da relação como áreas a serem analisadas quando envolve

relacionamento da organização com a comunidade, conforme Figura 3. Além do mais, os

autores apresentam a possibilidade de avaliar o comportamento ético e socialmente

responsável das empresas, desde que análises sejam feitas junto à sociedade global, à

comunidade, aos concorrentes, aos consumidores, ao meio ambiente, ao governo e aos

parceiros (MELO NETO; FROES, 2001).

Avaliação do exercício da

responsabilidade social

Gestão do ambiente de trabalho

Gestão de benefícios e remuneração

Gestão do trabalho

Gestão do trabalho e espaço total de vida

Gestão dos direitos dos empregados

Gestão do crescimento e desenvolvimento dos

empregados

Gestão da relevância social da vida no

trabalho

42

Figura 3 – Avaliação das relações da empresa com a comunidade Fonte: (MELO NETO; FROES, 2001, p. 124)

Quanto aos instrumentos de gestão social, Rodrigues (2005) apresenta os mais

valorizados no Brasil, que são: o GRI (Global Reporting Initiative), que atualmente é uma

referência mundial para as organizações que desejam comparar seus dados quantitativos no

campo social; o DJSI (Dow Jones Sustainability Index), considerado o primeiro índice

mundial de práticas e ações desenvolvido por organizações tidas como socialmente

responsáveis; a Família ISO (International Organization for Standardization), organização

não-governamental que possui uma rede de institutos de padronização espalhada em várias

localidades do mundo; a SA 8000, norma ou padrão desenvolvido para o monitoramento e

certificação das condições de trabalho no ambiente interno da organização criada pela Social

Accountability International – SAI; o Balanço Social do IBASE e a Demonstração do Valor

adicionado – DVA, que estimulam as empresas a publicar seu balanço social de forma regular

através de um modelo proposto pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas; os

Indicadores Ethos de Responsabilidade Social e Empresarial, que foram desenvolvidos pelo

Instituto Ethos como um instrumento de aprendizado e principalmente para avaliações da

gestão empresarial relacionada às práticas socialmente responsáveis.

Em meio a tais indicadores, Rodrigues (2005) aponta duas conclusões: 1) o

levantamento de indicadores sociais é alto, o que gera uma necessidade de direcionamento e

clareza por parte das empresas na aplicação de tais indicadores; e 2) a observação de que a

adoção de tais instrumentos ainda é modesta na atualidade, seja em nível internacional como

nacional. A autora observa que esses instrumentos podem ser utilizados numa abordagem

individual de avaliação, bem como comparando com outras empresas, tendo uma abordagem

Processo de certificação social

Avaliação do alvo da relação

Avaliação do foco de relação

Avaliação da natureza das relações

Avaliação do tipo e da natureza da relação

Avaliação do impacto das ações

Avaliação do escopo da relação

43

setorial de avaliação. Constata-se que, “se por um lado, a profusão dos instrumentos de RSE

aponta para a relevância que o tema vem conquistando, por outro lado, nem de longe ela é

garantia de que a gestão social corporativa esteja sendo conduzida de forma eficaz”

(RODRIGUES, 2005, p. 13).

Há, também, um processo ou metodologia para avaliar os resultados das ações sociais

das empresas, desenvolvida por Rodrigues (2005), denominada EP2ASE – Eficácia Pública e

Eficácia Privada da Ação Social das Empresas – que tem por objetivo avaliar a ação social

corporativa tomando por base dois critérios: critério da eficácia pública (avaliação dos efeitos

diretos dos projetos sociais para a comunidade) e critério da eficácia privada (avaliação dos

efeitos indiretos dos projetos sociais).

Mendonça (2003) propôs a seleção das dimensões do instrumento de avaliação que

envolve: estratégia e transparência, público interno, meio ambiente, fornecedores e

consumidores, comunidade, governo e sociedade. Segundo o autor, o objetivo deste trabalho

visa sugerir e apresentar um instrumento de avaliação a ser aplicado em um seleto grupo de

organizações que possuem certificação internacional relacionado aos seus sistemas integrados

de gestão. Assim, tal instrumento constitui de forma resumida, o gerenciamento integrado das

seguintes funções: qualidade, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional.

Um dos processos de avaliação mais conhecidos no Brasil é o desenvolvido pelo

Instituto Ethos, que se chama Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial,

caracterizado como “uma ferramenta de aprendizado e avaliação da gestão no que se refere à

incorporação de práticas de responsabilidade social empresarial ao planejamento estratégico e

ao monitoramento e desempenho geral da empresa” (INSTITUTO ETHOS, 2009). Além do

mais, “trata-se de um instrumento de autoavaliação e aprendizagem de uso essencialmente

interno” (INSTITUTO ETHOS, 2009). Essa proposta do Instituto Ethos possibilita que as

empresas convidadas realizem uma autoavaliação pautada em indicadores que, em seguida,

serão avaliados pelo próprio Instituto Ethos, permitindo levantar um diagnóstico da empresa

quanto à gestão desenvolvida de acordo com cada prática. Os indicadores Ethos de

Responsabilidade Social Empresarial são divididos em sete temas distintos: (1) valores,

transparência e governança; (2) público interno; (3) meio ambiente; (4) fornecedores; (5)

consumidores e clientes; (6) comunidade; (7) governo e sociedade.

Há, ainda, o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), que é uma premiação entregue

pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), entidade privada e sem fins lucrativos, às

organizações sediadas no Brasil pela excelência de sua gestão. O PNQ está alicerçado no

Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), que possui 11 fundamentos básicos ou base

44

teórica para uma gestão de excelência: pensamento sistêmico; aprendizado organizacional;

cultura de inovação; liderança e constância de propósitos; orientação por processos e

informações; visão de futuro; geração de valor; valorização de pessoas; conhecimento sobre o

cliente e o mercado; desenvolvimento de parcerias e responsabilidade social; e oito critérios

pelos quais os fundamentos são colocados em prática: liderança; estratégias e planos; clientes;

sociedade; informações e conhecimento; pessoas; processos e resultados (FNQ, 2009).

Além desses processos de avaliação citados, existe o Prêmio SESI Qualidade no

Trabalho, que tem como destino as indústrias brasileiras. O PSQT busca incentivar as

indústrias concorrentes ao prêmio a estarem inseridas num processo de desenvolvimento que

promova a qualidade de vida no trabalho, gerando resultados favoráveis aos empregados, bem

como à organização. Dessa forma, o PSQT possui cinco fundamentos principais: valorização

das pessoas; responsabilidade social; visão sistêmica; aprendizado organizacional; e liderança

e constância de propósitos. E, como critérios de avaliação, os seguintes itens: sistema de

gestão de pessoas (comunicação interna, estrutura de cargos e salários, práticas de

remuneração, avaliação de desempenho, reconhecimento e incentivos que estimulam a

contribuição dos colaboradores para atingir as metas de desempenho estipuladas e consolidar

a cultura da excelência na empresa, relações interpessoais praticadas, clima existente no

ambiente de trabalho e satisfação do público interno), educação e desenvolvimento

(identificação das necessidades de capacitação e de desenvolvimento dos colaboradores,

definição dos programas de capacitação, realização dos treinamentos e avaliação da

capacitação e de desenvolvimento em relação à sua eficácia no apoio às estratégias da

empresa), qualidade de vida (saúde e segurança no trabalho, alimentação saudável,

identificação e promoção de oportunidades voltadas para cultura, esporte e lazer, manutenção

de um ambiente de trabalho saudável e de clima organizacional propício ao bem-estar, à

satisfação e motivação dos colaboradores) e desenvolvimento socioambiental

(desenvolvimento social e preservação ambiental, implementação de políticas não

discriminatórias, fomento ao desenvolvimento social local dirigido à comunidade,

direcionamento de esforços para o fortalecimento da sociedade, monitoramento do processo

produtivo para não interferir negativamente no meio ambiente, promoção de ações visando ao

desenvolvimento sustentável e ao envolvimento das partes interessadas nas questões relativas

à responsabilidade ambiental e ao processo produtivo).

Vale salientar que, além de considerar esses quatro critérios de avaliação, o PSQT tem

como escopo o exercício da responsabilidade social das empresas, particularmente a

responsabilidade relacionada ao público interno (SESI, 2008a, p. 14). Esse instrumento de

45

avaliação, que se configura em forma de premiação, tem seus critérios analisados e alinhados

ao Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

2.1.5 Estudos relacionados ao tema

Diversas pesquisas tem sido realizadas enfatizando a responsabilidade social

empresarial desde aspectos conceituais, práticas socialmente responsáveis, até as perspectivas

que envolvem a disseminação e implantação dessas práticas nas diferentes áreas das

organizações. Sobre esse assunto, Macêdo; Souza (2007) publicaram um artigo que descreve

uma síntese dos artigos sobre responsabilidade social apresentados no Encontro da

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração nos anos de 2005 e

2006, evidenciando características e discussões recentes a respeito desse tema. Esse tem sido

um assunto debatido de forma considerável nos últimos anos, principalmente incentivado

pelas diversas instituições de ensino e organizações públicas e privadas, tendo como objetivo

resumir “conteúdos, visões e preocupações emergentes, discutidas na produção acadêmica no

campo da Administração, no tema Responsabilidade Social [...], tendo a ABNT NBR 16001

como eixo para a síntese” (MACÊDO; SOUZA, 2007, p. 1).

O estudo desenvolvido por Macêdo (2008) tenta demonstrar, na prática, através da

socialização de experiências, os conceitos de responsabilidade social empresarial e tem como

objetivo principal “compreender o conceito de Responsabilidade Social, no cotidiano

organizacional, tomando como referência concepções subjetivas de gestores e empresários”

(MACÊDO, 2008, 7). Para tal feito, a pesquisa foi realizada com empresas premiadas no

Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho no Rio Grande do Norte no intervalo 2002-2007 e

constatou-se que o compromisso com o público interno e o incentivo ao compromisso social

são premissas básicas para a participação das empresas. Foi diagnosticado que o PSQT se

reveste de características voltadas para uma consultoria que age como importante instrumento

de gestão que pode proporcionar melhorias de desempenho para as empresas.

Já a pesquisa desenvolvida por Graciano (2008) aponta que a preocupação com o

cliente interno e com o meio ambiente ocorre na maioria das empresas pesquisadas, no

entanto as ações em parceria com os fornecedores não são muito evidenciadas. Conforme se

observa, as ações socialmente responsáveis são vistas como uma das causas que melhoram a

imagem empresarial junto aos clientes. Em contrapartida, algumas empresas enfatizaram que

agem dessa forma apenas por causa das obrigações legais ou para gerar lucros, o que

demonstra as limitações em relação a práticas socialmente responsáveis, ou seja, a incoerência

46

entre o discurso e a prática, “o que leva a refletir teoricamente sobre o hiato entre a teoria da

RSE e a realidade constatada em Ponta Negra. O ideal, formalizado pelo Instituto Ethos e

pelos autores citados no referencial teórico está longe de ser a realidade” (GRACIANO, 2008,

p. 104).

Assim, impulsionado pelo paradoxo entre o discurso e a prática da responsabilidade

social corporativa, Pitombo (2007) buscou investigar as possíveis contribuições das maiores

corporações que atuam no Brasil, concluindo que “a maioria das empresas brasileiras já

realiza algum tipo de ação social, mas, de um modo geral, parece faltar o entendimento de que

responsabilidade social não significa apenas doação ou assistencialismo” (PITOMBO, 2007,

p. 140-141). Por isso, Soares (2004, p. 3) “se propõe a discutir não as ações sociais em seu

caráter individual, mas sim a totalidade das ações que se encontram sob o leque da

responsabilidade social corporativa”, bem como identificar as possíveis contradições e causas

que conduzem as organizações a estreitarem suas atividades com as práticas socialmente

responsáveis, sem esquecer de questionar os reais motivos e interesses das organizações para

se efetivarem como empresas preocupadas com questões sociais e ambientais. Para atingir tal

objetivo, a autora desenvolveu um ensaio teórico revelando outra face da responsabilidade

social corporativa, identificando três tipos de discurso: o explicitado, o pronunciado

reservadamente e o não-dito, porém, Fedato (2005, p. 120) aponta “uma forte interação da

atuação social com o negócio, tornando a estratégia de atuação social parte indissociável do

negócio”.

De forma semelhante, Coelho (2005) desenvolve um estudo que observa a percepção

dos vários indivíduos organizacionais (trabalhadores, gestores de pessoas e sindicalistas),

analisando possíveis relações entre o discurso da responsabilidade social e as práticas de

gestão de pessoas. Dessa maneira, Aramburú (2005, p. 149) “investigou, a partir de uma

pesquisa teórico-empírica, como as práticas de gestão, em especial as de Gestão de Pessoas,

podem contribuir para o exercício da cidadania organizacional”, bem como se tem observado

que empresas socialmente responsáveis tem maiores possibilidades de atrair novos talentos

(FARIA; FERREIRA; CARVALHO, 2008). Nesse caso, as práticas socialmente responsáveis

parecem estar relacionadas a tendências contemporâneas voltadas para a gestão de pessoas

que envolvem aspectos como excelência, qualidade, sustentabilidade, gestão participativa,

dentre outros (CAJAZEIRA; BARBIERI, 2006; FURTADO, 2006).

47

2.2 GESTÃO DE PESSOAS

Neste momento, serão apresentados aspectos históricos e conceituais a respeito da

gestão de pessoas, com ênfase em suas funções clássicas ou subsistemas. Todavia as novas

práticas de gestão de pessoas também surgem como instrumentos ou ferramentas que vêm

sendo desenvolvidas pelas organizações em busca de melhores desempenhos para o alcance

dos objetivos e metas organizacionais. Nesse entendimento, a administração de recursos

humanos ou gestão de pessoas será apontada como parte integrante e relevante do escopo

organizacional.

2.2.1 Aspectos históricos e conceituais da Gestão de Pessoas

Diante das mudanças ocorridas nas organizações, certamente as maiores implicações

envolvem a gestão de pessoas em sua complexa atividade, que é gerenciar indivíduos em

busca de resultados para a organização, pois “um dos papéis da gestão de recursos humanos

(GRH) é apoiar a organização na condução das dualidades subjacentes ao processo

competitivo. O ambiente contemporâneo exige da GRH maior sofisticação para confrontar

essas tensões” (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007, p. 113). Dessa maneira, “todos aqueles

que participam ou se dedicam ao estudo do cotidiano da vida organizacional no Brasil e no

exterior são unânimes: a gestão de Recursos Humanos sofreu alterações profundas no passado

recente” (DUTRA, 2001, p. 9). Segundo Fleury (2002), essas mudanças iniciaram-se nas

décadas de 1970 e 1980, época em que um novo critério – o caráter estratégico – foi

introduzido nos moldes dos sistemas de gestão de pessoas. Para Sammartino (2002), a

discussão sobre a integração entre estratégias organizacionais e estratégias de recursos

humanos vem ocorrendo desde o início dos anos 1980, todavia, os trabalhos iniciais

relacionados a essa temática destacavam que os assuntos relacionados à gestão de pessoas não

eram prioridades como nos dias atuais. Nesse sentido, Bahry; Tolfo (2004) afirmam que as

mudanças ocorridas a partir da década de 1980 no contexto sócio-econômico e político

impactaram diretamente as organizações, principalmente no que se refere às formas de

gerenciamento tradicionais, que não são mais eficientes na abordagem organizacional

contemporânea.

Dessa forma, “a necessidade de vincular a gestão de pessoas às estratégias da

organização foi apontada inicialmente pelos pesquisadores da Universidade de Michigan,

dentre os quais se destacam Tichy, Fombrum e Devanna” (FISCHER, 2002, p. 24), sendo

48

considerada a mais surpreendente mudança no papel de recursos humanos, ou seja, seu

crescente envolvimento no desenvolvimento e na implementação de estratégias (DESSLER,

2003), fazendo com que as práticas de recursos humanos possam, devam e precisem ser

modificadas para se ajustarem à estratégia empresarial e a anteciparem (ULRICH, 1998). Para

Marras (2000, p. 323):

Nunca foi tão importante e necessário investir na gestão dos recursos humanos de forma estratégica, não somente para que a empresa cumpra com a sua responsabilidade social, mas também e principalmente para a sua própria sobrevivência em época de mercados altamente turbulentos, globalizados e competitivos como a que estamos vivendo no final deste milênio.

Fischer (2002) avalia que essas mudanças ocorridas nas organizações foram

determinantes para criar um novo modelo de gestão de pessoas baseado em competências e

pautado pela necessidade de a empresa manter competitividade no mercado, pois o advento da

era da competitividade exige a utilização de novas ferramentas na gestão de recursos

humanos, no intuito de estabelecer vínculos estreitos entre os resultados empresariais e o

desempenho humano. Nessa fase, a ênfase na competição está na base da nova definição

conceitual do modelo atual de gestão de pessoas baseado em competências, presente

preliminarmente nas obras de autores como Porter, Hammer e Prahalad.

Essas modificações notoriamente influenciaram o atual modelo de gestão de pessoas

em busca de resultados concretos para as organizações, conforme apontam Dutra; Fleury;

Ruas (2008, p. 31):

Desde os anos 80, fala-se da necessidade de rever a forma de gestão de pessoas e de repensar conceitos e ferramentas de gestão. Apesar disso, somente a partir dos anos 90 é que surgem propostas mais concretas de mudança e se observam resultados positivos em novas formas de gerir pessoas.

Para tanto, “era necessário ir além das práticas tradicionais de gestão de pessoas para

permitir que o comportamento organizacional fosse compatível com as demandas e estratégias

da organização em seus ambientes de competição” (MASCARENHAS, 2008, p. 1). Por isso,

“a metamorfose do departamento de recursos humanos reflete o fato de que nas organizações

atuais são os funcionários altamente treinados e comprometidos, e não as máquinas, que

geralmente constituem a grande chave para a competitividade da empresa” (DESSLER,

2003), tendo como “administração estratégica de recursos humanos a gestão que privilegia

como objetivo fundamental, através de suas intervenções, a otimização dos resultados finais

da empresa e da qualidade dos talentos que a compõem” (MARRAS, 2000, p. 253). Para

49

Dutra (2009, p. 65), “a gestão estratégica de pessoas está intimamente ligada à estratégia da

empresa ou do negócio. Muitos autores trabalham como se a estratégia de gestão de pessoas

fosse derivada da estratégia da empresa; na prática, entretanto, elas influenciam-se

mutuamente”. Nesses casos, ocorre um alinhamento da gestão de pessoas com as estratégias

organizacionais, principalmente desenvolvendo estratégias voltadas para a gestão de

competências e de talentos, como também para a gestão do conhecimento (BIANCHI, 2008).

Corroborando essas afirmações, Fleury; Fleury (2008, p. 76) revelam que o sucesso alcançado

pelas empresas japonesas despertou nos países ocidentais uma revisão de suas concepções

relacionadas à organização do trabalho e principalmente sobre os modelos de gestão de

pessoas, surgindo então o conceito de Human Resource Management ou gestão estratégica

dos recursos humanos, afirmando que as políticas de gestão de pessoas devem ser parte

integrante da estratégia organizacional.

No entanto, para chegar a essa fase conceitual e prática da moderna gestão de pessoas,

mudanças consideráveis ocorreram no século passado, conforme o Quadro 3, especificamente

relacionado ao caso brasileiro:

Período Fase Característica

Antes da década de 30

Pré-jurídico partidária ou

contábil

� Falta de legislação trabalhista � Funções descentralizadas

Décadas de 30 a 50

Burocrática ou legal

� Surgimento da legislação trabalhista � Surgimento do departamento de pessoal para atendimento

das exigências legais

Décadas de 50 a 60

Tecnicista � Implantação da indústria automobilística � Implementação dos subsistemas de recursos humanos � Preocupação crescente com desempenho e eficiência

Meados da década de 60 a década de

70

Sistêmica ou administrativa

� Surgimento das gerencias de recursos humanos e dos responsáveis por relações industriais

� Integração dos enfoques comportamental, administrativo e da estrutura

Décadas de 80 e 90

Estratégica

� Mudanças profundas � Descentralização de funções � Surgimento do movimento da qualidade � Diversidade dos enfoques

Quadro 3 – Gestão de recursos humanos no Brasil Fonte: Adaptado de Marras (2000) e Wood Junior. (1997)

As exigências impostas pelo cenário globalizado e competitivo impulsionaram as

organizações a reverem seus diversos processos, dentre esses a gestão de pessoas, a ponto de

entender que o modelo centralizador utilizado nas últimas décadas “caracterizado por ilhas de

poder, nas quais cada grupo lutava para manter seus espaços, em completa desintegração de

50

funções, e pela pouca influência nas decisões estratégicas, está com seus dias contados”

(GRAMIGNA, 2007, p. 10). Segundo Pacheco (2009, p. 33):

O início da Gestão de Recursos Humanos na fase de Taylor estabelecia o cuidado com as pessoas, porém tinha relação com o formato mecanicista e racional do trabalho, o que deu base para fases posteriores, que naturalmente foram surgindo em resposta às necessidades de melhoria.

Para Dutra (2001, p. 20), “o modelo de gestão de pessoas deve ser compreendido

como o conjunto de políticas, práticas, padrões atitudinais, ações e instrumentos empregados

por uma empresa para interferir no comportamento humano e direcioná-lo no ambiente de

trabalho”. De forma semelhante, Fleury (2002, p. 12) entende “por modelo de gestão, a

maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento

humano no trabalho. Para isso, a empresa se estrutura definindo princípios, estratégias,

políticas e práticas ou processos de gestão”. Dessa forma, é papel da gestão de pessoas a

tarefa de alinhar o gerenciamento das pessoas à estratégia empresarial em prol dos objetivos

traçados pela organização, conforme afirma Le Gall (2008, p. 17):

[...] gestão de recursos humanos é uma função da empresa que visa adequar empregados e atividades de maneira eficaz e sustentável ao longo do tempo, no que se refere a força de trabalho, qualificação e motivação. Objetiva o aperfeiçoamento contínuo das competências a serviço da estratégia empresarial, que ela também ajuda a estabelecer.

O gerenciamento do comportamento humano, a cooperação e a busca pelo

envolvimento dos empregados aos resultados organizacionais de forma comprometida através

de programas de qualidade de vida profissional, comitês de empregados, dentre outras

iniciativas (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000) são assuntos sempre presentes na gestão de

pessoas, principalmente quando observadas sua historicidade e evolução, tendo em vista que a

própria nomenclatura sofreu diversas mudanças em busca de tornar cada vez mais clara e

autêntica a finalidade da gestão de pessoas, que visa à cooperação das pessoas atuantes nas

organizações em busca dos objetivos organizacionais e individuais. A expressão gestão de

pessoas surgiu no final do século XX e assemelha-se com outras que atualmente são comuns

nas organizações, como Gestão de Talentos e Gestão do Capital Humano, e carateriza-se por

uma evolução dos departamentos denominados no passado como Administração de Pessoal,

Relações Industriais e Administração de Recursos Humanos (GIL, 2009).

Contudo o gestor de pessoas não deixa de ser um Administrador de Recursos

Humanos, sendo ainda de sua competência os processos de suprimento, aplicação,

51

desenvolvimento, manutenção e monitoração das pessoas. Todavia as atitudes e posturas

passam a ser diferenciadas à medida que os empregados são considerados pessoas e não

meros instrumentos de trabalho, utilizados de qualquer maneira pelas organizações, além de

serem tratados como parceiros e pessoas que investem seu capital humano na organização em

que atuam, aguardando o devido retorno pelo esforço desprendido (GIL, 2009).

Para melhor entender o processo da gestão de pessoas, faz-se necessária a

compreensão de suas funções clássicas na dinâmica organizacional e suas particularidades.

2.2.2 Funções Clássicas da Gestão de Pessoas

As funções clássicas da Gestão de Pessoas englobam todas as atividades

desenvolvidas pela administração de recursos humanos nas organizações, que se referem às

práticas e políticas necessárias para conduzir os aspectos relacionados às pessoas no trabalho,

especificamente à contratação, ao treinamento, à avaliação, à remuneração e ao oferecimento

de um ambiente bom e seguro aos funcionários da empresa (DESSLER, 2003). Para Ribeiro

(2006), a função gestão de pessoas engloba diversas áreas, tais como: departamento de

pessoal, recrutamento e seleção, desenvolvimento dos recursos humanos, avaliação de

desempenho, cargos e salários, folha de pagamento, benefícios, orçamentos, relações

sindicais, medicina do trabalho, planejamento de carreira, segurança do trabalho, treinamento

operacional, todavia, dentre essas atividades, Lacombe (2005, p. 14) aponta as mais relevantes

para a gestão de pessoas:

Selecionar, formar, integrar e aperfeiçoar um grupo de pessoas para trabalhar numa empresa como uma verdadeira equipe, com objetivos definidos, fazendo com que cada membro conheça seu papel, coopere com os demais e ‘vista a camisa’ para produzir resultados é a responsabilidade mais importante dos administradores.

Diversos autores dividem a gestão de pessoas em subsistemas, de acordo com as

atividades desenvolvidas por cada setor ou finalidade, variando apenas a quantidade de

subsistemas, mas não alterando as atividades inerentes ao sistema de Gestão de Pessoas como

um todo, conforme Quadro 4:

Quad

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53

A maioria dos autores pesquisados elenca cinco principais funções de recursos

humanos. Por exemplo, Gil (2009) aponta os sistemas de gestão de pessoas divididos em

cinco principais subsistemas: o suprimento ou agregação (identificação das necessidades de

pessoal, pesquisa de mercado de recursos humanos, recrutamento e seleção); a aplicação

(análise e descrição dos cargos e o planejamento e alocação interna de recursos humanos); a

compensação ou manutenção (salários, benefícios, carreiras, higiene e segurança no trabalho,

relações com sindicatos); o desenvolvimento ou capacitação (treinamento e desenvolvimento

de pessoal, desenvolvimento e mudança organizacional); e o controle ou monitoração

(avaliação de desempenho, banco de dados, sistemas de informações gerenciais e auditoria de

recursos humanos).

De forma diferenciada ao que foi exposto acima, em relação aos subsistemas ou

funções clássicas, mas semelhante quanto às atividades desenvolvidas, o Quadro 5 elenca as

funções clássicas da gestão de pessoas de maneira ressignificada:

Funções Clássicas de RH

Ulrich (1998) Brito (2005) Dutra (2009)

Planejar Adm. de estratégias de RH

Mapeamento do conhecimento/competência interno e externo Movimentação

Suprir Adm. da Infra-estrutura

Captação do conhecimento e competências

Aplicar Aplicação do conhecimento/competências

Desenvolvimento Desenvolver

Adm. da Transformação e da Mudança

Disseminação/Desenvolvimento/Criação do conhecimento/competências

Manter Adm. da Contribuição dos funcionários

Recompensa pelo conhecimento/competências Valorização

Monitorar Monitoração Quadro 5 – Ressignificação dos subsistemas ou funções clássicas da gestão de pessoas Fonte: Elaboração própria

Estes autores abordam outros aspectos relacionados às funções da gestão de pessoas,

dando-lhes uma ressignificação que envolve características dos novos modelos de gestão,

principalmente quando incorporados a gestão de competência. De acordo com Dutra (2009),

os processos de gestão de pessoas são divididos em três etapas: movimentação de pessoas

(movimentação e gestão estratégica de pessoas e captação de pessoas – captação,

internalização, transferências, promoções, expatriação e recolocação); desenvolvimento de

pessoas (sistema de administração de carreira e sistemas de avaliação de desempenho –

54

capacitação, carreira e desempenho); e valorização das pessoas (remuneração e benefícios –

remuneração, premiação e serviços e facilidades).

Para Ulrich (1998), a administração de estratégias de recursos humanos busca ajustar

suas estratégias à estratégia empresarial, realizando primeiramente um diagnóstico

empresarial. Em se tratando da administração da infraestrutura da empresa, Ulrich (1998, p.

44) afirma que “criar uma infra-estrutura organizacional tem sido um papel tradicional de RH.

Isso exige que os profissionais concebam e desenvolvam processos eficientes para contratar,

treinar, avaliar, premiar, promover e, além do mais, gerir o fluxo de funcionários na

organização”. Além do mais, a administração de recursos humanos precisa prover os recursos

necessários aos funcionários, bem como assegurar oportunidades que proporcionem

mudanças e transformações, criando uma organização constantemente renovada (ULRICH,

1998). Vale destacar a ressignificação dada por Brito (2005) às funções clássicas da gestão de

pessoas, que tem a gestão de competências, a gestão do conhecimento e as organizações de

aprendizagem como fundamentos básicos.

No entanto, as funções clássicas da gestão de pessoas não devem ser vistas apenas

como subsistemas ou funções isoladas, “mas como um todo monolítico que garante de forma

transparente, simples, flexível e consistente a conciliação dos interesses entre pessoas e

empresa no tempo” (DUTRA, 2009, p. 46). No novo modelo de gestão de pessoas, esses

subsistemas estão intimamente relacionados e alinhados às estratégias organizacionais,

permitindo que “o planejamento de recursos humanos esteja relacionado ao planejamento

estratégico tanto na linha de ação quanto no suporte a esse processo” (BOHLANDER;

SNELL; SHERMAN, 2005).

A necessidade por uma visão sistêmica entre os subsistemas de gestão de pessoas

torna-se urgente no atual cenário organizacional, o qual requer modelos de gerenciamento que

permitam uniformidade entre as atividades desenvolvidas pela gestão de pessoas e,

concomitantemente, o alcance dos objetivos da empresa. Segundo Le Gall (2008, p. 99):

As classificações tradicionais são hoje questionadas. O objetivo dos novos dispositivos negociados é duplo: oferecer perspectivas de qualificação de competências aos funcionários e reforçar o elo entre contribuição e retribuição. As novas classificações não se enquadram mais numa nomenclatura de postos de trabalho, mas no conteúdo real das atividades e nas competências necessárias para exercê-las.

Nessa mesma perspectiva, Mascarenhas (2008, p. 42) entende que “de fato, os

subsistemas de gestão de pessoas promovem significados intrínsecos, devendo ser pensados

55

como ferramentas para a mudança cultural, capazes de mobilizar as pessoas para a busca dos

objetivos estratégicos”.

De acordo com Brito (2005), as funções clássicas de recursos humanos, no modelo

tradicional (planejamento, suprimento, aplicação, treinamento e desenvolvimento,

manutenção, controle), foram sendo construídas ao longo do século XX, sendo exercidas no

Departamento de Pessoal ou de Recursos Humanos de forma independente, articuladas ou não

entre si, e com os objetivos organizacionais dependendo da empresa, todavia os novos

modelos de gestão de pessoas deram um novo sentido a essas funções, utilizando diversas

ferramentas de gestão em busca de melhores resultados organizacionais.

Vale ressaltar que, além do novo sentido dado às funções clássicas de recursos

humanos, a gestão de pessoas passou a ser papel fundamental na administração moderna,

agindo de forma sistêmica e alinhada às estratégias empresariais, pois a administração tem

como finalidade, produzir e vender, utilizando os métodos e as técnicas mais eficientes. Dessa

forma, num sistema integrado, a gestão de recursos humanos privilegia o equilíbrio interno

dinâmico entre os indivíduos e os grupos que a integram (LE GALL, 2008).

Após destacar as funções clássicas da gestão de pessoas em seu conjunto e

dinamicidade, é importante observar suas características específicas e atividades inerentes aos

seus principais objetivos e fundamentos, inclusive apontando as tendências e perspectivas

dessa área.

2.2.2.1 Planejamento

Da mesma forma que o planejamento empresarial ocorre em estreita ligação com os

diversos setores organizacionais, o planejamento da gestão de pessoas busca mapear as

competências necessárias para a empresa com o objetivo de alcançar os resultados almejados.

Por isso, “o verdadeiro desafio do planejamento de RH é ocupar a porção média dessa linha

de desenvolvimento: integrar as práticas de RH à estratégia empresarial” (ULRICH, 1998, p.

83). Consequentemente, “o resultado da integração dos planos de RH aos planos empresariais

é uma arquitetura ou estrutura para incorporar as práticas da área às decisões empresariais no

sentido de garantir resultados” (ULRICH, 1998, p. 83). Para Bohlander; Snell; Sherman

(2005, p. 61), “o planejamento de recursos humanos relaciona-se ao planejamento estratégico

tanto na linha de ação quanto no suporte a esse processo”. Ainda nesse entendimento,

Lacombe (2005) entende que o planejamento dos recursos humanos deve ser parte integrante

do planejamento estratégico empresarial, sendo necessário para que se atinjam os objetivos

56

estratégicos da empresa. Assim, a atividade preliminar do planejamento dos recursos humanos

é o diagnóstico das políticas, práticas e decisões da empresas nesta área, bem como de sua

consistência e coerência e da verificação da forma como elas se encaixam no planejamento

estratégico da empresa.

Vale salientar que o planejamento da gestão de pessoas envolve decisões a curto,

médio e longo prazo, fazendo com que a organização trace metas e objetivos, ao mesmo

tempo em que meios são desenvolvidos para o alcance dos resultados almejados. Dessa

forma, Lucena (2007) expõe a importância do planejamento da gestão de pessoas ao afirmar

que este compreende o processo gerencial que identifica e analisa as necessidades

organizacionais da gestão de pessoas, desenvolvendo consequentemente as políticas,

programas, atividades e sistemas que permitam atingir os objetivos organizacionais a curto,

médio e longo prazo, tendo em vista o contexto de mudança em que a organização está

inserida.

Para obter tais resultados, são utilizadas pesquisas de mercado de trabalho e, em

centros de excelência, banco de competência, de potencial ou de talentos e, em especial, a

utilização do benchmarking ou o aprendizado sobre as melhores práticas que, segundo Ulrich

(1998, p. 84):

[...] tornou-se quase uma religião em certas empresas. Com grande interesse, equipes de funcionários identificam e visitam outras empresas reconhecidas como de classe internacional. Essas visitas de campo fornecem informações para as empresas sobre como calibrar seu trabalho em relação aos melhores da classe.

O planejamento da gestão de pessoas é necessário para uma gestão organizacional que

busca competitividade através do desenvolvimento dos seus funcionários, principalmente

nesse cenário atual, no qual as mudanças são contínuas e exigem por parte das empresas

novas ações que dinamizem seu processo de trabalho. Nesse contexto, “é muito difícil

administrar a mudança se conteúdo e processo não estiverem ligados, se não houver uma

parceria saudável entre linha de produção e gestão de RH, se o planejamento de negócios e o

de pessoas não estiverem bem unidos” (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007, p. 34).

2.2.2.2 Suprimento

Na função suprimento da gestão de pessoas encontra-se o recrutamento, que pode ser

interno ou externo, e a seleção de pessoal. De acordo com Limongi-França; Arellano (2002, p.

57

63), “reconhece-se o recrutamento e seleção como ferramenta importante e integrada na

estratégia de negócios da empresa”, pois os futuros empregados serão recrutados e

selecionados de acordo com as necessidades e exigências organizacionais, podendo também

“ser compreendida como toda e qualquer atividade da empresa para encontrar e estabelecer

uma relação de trabalho com pessoas capazes de atender a suas necessidades presentes e

futuras” (DUTRA, 2009, p. 81-82). Para Ribeiro (2006, p. 52), o “recrutamento é um sistema

de informações, que visa atrair candidatos potencialmente qualificados, dos quais serão

selecionados futuros funcionários da organização”. Resumindo, a função básica do

recrutamento é suprir a seleção de pessoal com candidatos à vaga oferecida (RIBEIRO, 2006).

Segundo Bohlander; Snell; Sherman (2005, p. 76):

O recrutamento é o processo de localizar e incentivar candidatos potenciais a disputar vagas existentes ou previstas. Durante esse processo, tenta-se informar plenamente os candidatos sobre as qualificações exigidas para o desempenho do cargo e as oportunidades de carreira que a empresa pode oferecer aos funcionários. O preenchimento de determinada vaga por alguém de dentro ou de fora da empresa dependerá da disponibilidade do pessoal, das políticas de RH e dos requisitos do cargo a ser preenchido.

De forma semelhante, Milkovich; Boudreau (2000, p. 162) entende que o

“recrutamento é o processo de identificação e atração de um grupo de candidatos, entre os

quais serão escolhidos alguns para posteriormente serem contratados para o emprego”, ou

seja, antecedendo o processo de seleção, pois o recrutamento é uma atividade inerente a

gestão de pessoas com a finalidade de captar pessoas capacitadas, seja interna ou

externamente, para posteriormente selecionar as que mais se adéquam às necessidades da

organização (MARRAS, 2000).

Após o recrutamento, a “seleção é a escolha do candidato mais adequado para a

organização, dentre todos os recrutados, por meio de vários instrumentos de análise, avaliação

e comparação de dados” (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002, p. 66). Para Marras

(2000, p. 79), “seleção de pessoal é uma atividade de responsabilidade do sistema de ARH,

que tem por finalidade escolher, sob metodologia específica, candidatos a emprego recebidos

pelo setor de recrutamento, para o atendimento das necessidades internas da empresa”. Vale

salientar que, no processo de seleção, há um maior refinamento na escolha dos candidatos,

observando mais detalhadamente suas características no intuito de serem compatíveis com as

necessidades da organização, o que na maioria das vezes é baseado no perfil de competência

profissional. De maneira simples, Ribeiro (2006, p. 52) diz que a “seleção de recursos

humanos é a escolha da pessoa certa para o cargo certo, ou seja, a escolha, entre os candidatos

58

recrutados, dos mais adequados aos cargos existentes, com o objetivo de manter ou aumentar,

tanto a produtividade quanto os resultados”.

Para Ulrich (2000), recrutar os melhores, forçar um desenvolvimento intensivo desde

o início, aumentar constantemente os desafios profissionais e avaliar e selecionar são

características inerentes ao processo de desenvolvimento do intelecto profissional. Desse

modo, “recrutamento, seleção e demissão formam o processo de movimentação dos

empregados para dentro, para fora e no interior da organização, de forma a produzir um

quadro de pessoal do tamanho e especificidade desejados” (MILKOVICH; BOUDREAU,

2000, p. 158).

2.2.2.3 Aplicação

Na função aplicação da gestão de pessoas estão contidas a análise dos cargos e

carreiras e a avaliação de desempenho. De acordo com Marras (2000, p. 97), a “descrição de

cargo é o processo de sintetização das informações recebidas e prospectadas no passo anterior

de análise das funções, padronizando o registro dos dados de maneira a permitir um rápido e

fácil acesso aos contornos de cada um dos cargos da empresa”, o que deve ser constantemente

reavaliado para adequar-se continuamente às atividades inerentes aos cargos desempenhados

na organização. Entretanto a mudança da concepção dos cargos especializados para espaços

organizacionais, juntamente com os planos de carreira baseados na competência profissional,

traduzem uma nova visão para essa função. Sendo assim, a flexibilidade, a

multifuncionalidade, o aprendizado e as mudanças contínuas passam a ser mais presentes na

aplicação da gestão de pessoas. De acordo com Ulrich (2000, p. 294):

[...] por força de trabalho para uma carreira flexível chamamos um grupo de funcionários não apenas dedicado à idéia de aprendizado contínuo, mas também pronto a se remodelar para acompanhar o ritmo da mudança; que tomam para si a responsabilidade pela condução de suas carreiras, e que se comprometem com o sucesso da empresa.

Em relação à avaliação de desempenho, Milkovich; Boudreau (2000, p. 98) diz que

esta “procura fornecer aos empregados informações sobre sua própria atuação, de forma que

possam aperfeiçoá-la sem diminuir sua independência e motivação para fazer um bom

trabalho”. Além de orientar o próprio empregado, a “avaliação de desempenho (AD) é um

instrumento gerencial que permite ao administrador mensurar os resultados obtidos por um

empregado ou por um grupo, em período e área específicos (conhecimentos, metas,

59

habilidades etc.)” (MARRAS, 2000, p. 173), sendo criada basicamente para acompanhar o

desenvolvimento cognitivo dos empregados durante sua permanência na organização e

especificamente para medir seu nível de conhecimentos, habilidades e atitudes, utilizando este

instrumento como indicador para os programas de treinamento e desenvolvimento

(MARRAS, 2000), além de “verificar quanto o profissional se adapta aos objetivos da

empresa e às demandas e exigências do trabalho” (HIPÓLITO; REIS, 2002, p. 73). Dutra;

Fleury; Ruas (2008, p. 153) entendem que:

Instrumentos de avaliação de pessoas funcionam como um parâmetro de checagem para orientação dos profissionais e também têm um papel importante na comunicação, para as pessoas, sobre o que a empresa espera delas. Ao traduzirem os critérios (comportamentos, atitudes, conhecimentos etc.) valorizados pela organização, estão orientando os profissionais para a execução de seu trabalho hoje e para o que deles é esperado no futuro.

Além do mais, a avaliação de desempenho não pode ser vista apenas como um meio

de controle, mas como uma oportunidade de melhoria, pois a avaliação deve ser entendida

mais como um instrumento que permita desenvolver a competência organizacional do que um

mecanismo de controle, dando condições aos gerentes para orientar, corrigir e incentivar seus

empregados nas diversas atividades desempenhadas na organização (GIL, 2009).

Desta forma, as avaliações de desempenho das empresas estão cada vez mais

alinhadas à missão, aos valores e às estratégias organizacionais. Dentre as avaliações de

desempenho utilizadas, encontra-se a avaliação de competências 360º, que é “uma ferramenta

capaz de identificar questões que necessitam de melhoria e as que já agregam valor para a

organização como um todo” (CRAIDE; ANTUNES, 2004, p. 22). Segundo pesquisa desses

autores, a implantação desse tipo de avaliação permitiu que as empresas pesquisadas

utilizassem a avaliação de forma integrada às estratégias organizacionais, possibilitando que

ações relacionadas ao desenvolvimento, à retenção e à atração de talentos pudessem ser

efetivadas na organização, bem como na obtenção de sugestões de melhoria para as práticas

de gestão de pessoas, o que significa a utilização da avaliação de desempenho para a tomada

de decisões relacionadas à gestão de pessoas (CRAIDE; ANTUNES, 2004).

2.2.2.4 Desenvolvimento

O treinamento e desenvolvimento fazem parte da função desenvolvimento da gestão

de pessoas que se preocupa principalmente com a capacitação e qualificação do empregado

60

para exercer, de forma adequada, suas atividades na organização. De acordo com Milkovich;

Bourdreau (2000, p. 338), “treinamento é um processo sistemático para promover a aquisição

de habilidades, regras, conceitos ou atitudes que resultem em uma melhoria da adequação

entre as características dos empregados e as exigências dos papéis funcionais”. Para Marras

(2000, p. 145), “treinamento é um processo de assimilação cultural a curto prazo, que objetiva

repassar ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes relacionados diretamente à

execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho”. Entretanto, Gil (2009, p. 121) aponta

como não suficiente o conceito de treinamento tradicional:

[...] O treinamento, de acordo com a concepção tradicional, é o meio para adequar cada pessoa a seu cargo, com vista no alcance dos objetivos da organização. Hoje, o que se necessita é de processos capazes de desenvolver competências nas pessoas, para que se tornem mais produtivas e inovadoras para contribuir com a organização. Por isso é que, modernamente, ao abordar os processos relacionados à capacitação, a tendência é a de falar preferencialmente em desenvolvimento de pessoas e também em educação no trabalho.

Além do treinamento, há o desenvolvimento, que “é o processo de longo prazo para

aperfeiçoar capacidades e motivações dos empregados a fim de torná-los futuros membros

valiosos da organização. O desenvolvimento inclui não apenas o treinamento, mas também a

carreira e outras experiências” (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p. 338). Segundo

Bohlander; Snell; Sherman (2005, p. 134), “muitos especialistas, entretanto, distinguem entre

treinamento, mais focalizado e orientado para questões concernentes e desempenho no curto-

prazo, e desenvolvimento, mais orientado para ampliar as habilidades dos indivíduos para

futuras responsabilidades”.

Nos novos modelos de gestão de pessoas, investimentos tem sido feitos e programas

desenvolvidos para agregar valor à capacitação dos indivíduos nas empresas, tendo em vista a

necessidade de atualização por parte da organização nos mais diversos setores

organizacionais. Por isso, programas de educação corporativa são desenvolvidos abrangendo

todas as áreas da organização, possibilitando aprendizado contínuo e melhorias nos processos.

Segundo Dutra (2001), a educação corporativa é indispensável nesse processo de mudança

das organizações, que necessita de pessoas capazes de refletir sobre a complexidade

organizacional, além de serem responsáveis pela construção de políticas e estratégias que

estejam de acordo com as necessidades atuais, mantendo a competitividade do negócio. Para

tal, a educação corporativa proporciona melhores resultados e alto desempenho

organizacional em busca de melhores resultados.

61

De acordo com Eboli (2002), é inquestionável a relevância que as áreas de treinamento

e desenvolvimento, diga-se, educação corporativa, estão adquirindo sobre as demais funções

da gestão de pessoas, tendo em vista que a migração do modelo tradicional de treinamento e

desenvolvimento para a educação corporativa ganhou foco e força estratégica, tornando-se um

dos pilares de uma gestão empresarial bem-sucedida. Para Le Gall (2008, p. 120):

A natureza da formação mudou radicalmente a partir do momento em que seu principal objeto deixou de ser a aquisição de um saber ou a adaptação do funcionário a uma tarefa especializada. As ações formativas passaram a incluir objetivos e conteúdos mais amplos e, sobretudo, intangíveis – comportamentos, raciocínio lógico, cultura geral profissional etc.

Além do mais, “um projeto de sistema de educação corporativa se diferencia de um

centro de treinamento e desenvolvimento tradicional a partir da inclusão do conceito de

competência crítica empresarial em seu planejamento” (DUTRA; FLEURY; RUAS, 2008, p.

172). Assim, surgem as comunidades virtuais de aprendizagem, os times de aprendizagem, as

bibliotecas virtuais, os programas de certificações, os programas de coaching, mentoring e

trainee, a educação à distância, bem como as universidades corporativas.

Em relação ao coaching e trainee, aquele assume certas responsabilidades, como

proporcionar ao trainee a chance de aprender o trabalho, aumentar suas competências e

incrementar seus conhecimentos, ou seja, o coach tem por objetivo proporcionar uma direção

objetiva e profissional no sentido de ampliar o desempenho de uma pessoa, ajudando-a a

melhorar aquilo que ela já possui e a adquirir aquilo de que ela necessita (CHIAVENATO,

2002). Já os programas de trainee, segundo Lacombe (2005, p. 319):

[...] destina-se, em geral, ao pessoal jovem, quase sempre de nível superior, com pouco tempo de empresa. A finalidade dos programas de trainees é preparar essas pessoas para assumir posições de responsabilidade na organização. Além de um programa de integração completo e detalhado, abrange, frequentemente, uma formação técnica nos aspectos de maior interesse da empresa. O programa pode levar desde poucas semanas até muitos meses.

Com diferenças sutis, comparando ao coach, um mentor é um membro veterano da

profissão ou da organização, que oferece apoio, instruções, feedbacks, aceitação e amizade,

criando oportunidades para seu treinando ou protegido mostrar suas habilidades, oferecendo

ao mesmo tempo tarefas educacionais e desafiadoras e, por último, sendo uma referência, um

conselheiro e um modelo para o treinando (OLIAN ET AL. apud MILKOVICH;

BOUDREAU, 2000). Para Ferreira (2008), o mentoring se preocupa em transferir

62

conhecimentos e experiência com perspectivas de longo prazo, e o coaching busca capacitar

um executivo nas funções organizacionais requeridas pela organização.

Desta forma, o “coaching se apresentaria como facilitação para o sujeito social

repensar sua carreira, autorizando-se a encontrar sentido ao projeto profissional por demanda

própria e não da organização ou empresa: uma prática para gestão de carreira mais eticamente

orientada” (MORAES, 2007, p. 13).

Outro aspecto importante da função desenvolvimento se refere às universidades

corporativas. Atualmente, percebe-se um considerável crescimento da quantidade de

universidades que estão inseridas nos programas de educação corporativa. “Na década de

1990, o número subiu de 400 para 1.000, e continua a passo acelerado [...] Para alguns trata-se

de seu departamento de treinamento redesenhado, com um peso significativo na

aprendizagem eletrônica ou e-learning” (MAYO, 2003, p. 163-164), todavia, o surgimento

das universidades corporativas é uma guinada importante para o aprendizado organizacional,

conforme explica Dutra; Fleury; Ruas (2008, p. 173):

O surgimento das UCs foi o grande marco da passagem do tradicional ‘centro de treinamento e desenvolvimento’ (T&D) para uma preocupação mais ampla e abrangente com a educação de todos os colaboradores de uma empresa, e, na prática, é com o seu advento que vem à tona a nova modalidade de educação corporativa.

Eboli (2002, p. 194) entende que “a missão de uma UC consiste em formar e

desenvolver talentos na gestão dos negócios, promovendo a gestão do conhecimento

organizacional [...] através de um processo de aprendizagem ativa e contínua”. Por isso, as

ações educativas são sempre alinhadas às metas empresariais ao passo que o principal

objetivo desse sistema é “o desenvolvimento e a instalação de competências empresariais e

humanas consideradas críticas para a viabilização das estratégias de negócio” (EBOLI, 2002,

p. 194). De acordo com Branco (2006), através das universidades corporativas é possível o

acesso, a coordenação e a transferência do conhecimento, que se dá por meio dos

treinamentos virtuais (internet, intranet, videoconferência), dos encontros, debates e

discussões em sala de aula, além dos bancos de dados de informações (tecnológicas,

mercadológicas, de pessoas e competências).

Para Meister (1999, p. 129), “as universidades corporativas estão dando uma

importante contribuição para esse ‘novo ambiente de aprendizagem’, fazendo experiências

com uma variedade de ferramentas educacionais no ambiente de negócios”. Esse mesmo autor

63

afirma que a implantação das universidades corporativas já se tornou prática indispensável em

várias empresas:

Empresas estão transformando suas salas de aula corporativas em infra-estruturas de aprendizagem corporativa, em que o objetivo é desenvolver meio de alavancar novas oportunidades, entrar em novos mercados globais, criar relacionamentos mais profundos com os clientes e impulsionar a organização para um novo futuro (MEISTER, 1999, p. 19).

Nessa perspectiva, a universidade corporativa significa um importante instrumento

para o desenvolvimento organizacional em busca da competitividade, contribuindo de forma

significativa nos sistemas de gestão por competências e gestão do conhecimento

(VERGARA; RAMOS, 2002; BRANDÃO, 2006).

Entretanto, para que a implantação dessas ações possa lograr êxito, faz-se necessário

investimento principalmente em tecnologia, com o objetivo de implantar sistemas integrados

de comunicação, redes e portais corporativos que permitam facilitar a disseminação e

transferência do conhecimento adquirido, experimentado e compartilhado, semelhante ao que

grandes empresas tem feito, que são as redes de conhecimento que utilizam tecnologia

(internet, intranet, portais) com o intuito de capacitar seus empregados, assegurando de certa

forma seu capital intelectual através da divulgação de informações e idéias para toda a

empresa (ULRICH, 1998).

2.2.2.5 Manutenção

Na função manter pessoas, os salários, os benefícios e incentivos e a saúde

ocupacional são os pilares principais. De acordo com Milkovich; Boudreau (2000, p. 381), “a

remuneração inclui o retorno financeiro e os serviços e benefícios tangíveis que os

empregados recebem como parte de pagamento em uma relação de trabalho”, enquanto a

assistência médica, os benefícios de aposentadorias, o seguro de vida e planos de invalidez, as

políticas de férias e feriados, dentre outros, são peças do atual programa de benefícios

(FLANNERY; HOFRICHTER; PLATTEN, 1997). Milkovich; Boudreau (2000, p. 440)

consideram esses benefícios “aspectos indiretos da remuneração total dos empregados” ou

podem ser ainda, “uma forma indireta de remuneração destinada a aprimorar a qualidade de

vida profissional e pessoal dos funcionários” (BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005, p.

310), além de envolver questões relacionadas à saúde ocupacional ou higiene e segurança do

trabalho, “atuando tanto na área de prevenção quanto na de correção, em estudos e ações

64

constantes que envolvam acidentes no trabalho e a saúde do trabalhador” (MARRAS, 2000, p.

199). A flexibilidade também ocorre nos sistemas de benefícios, variando de acordo com a

cultura organizacional, conforme afirma Marras (2000, p. 138):

Os planos flexíveis de benefícios, adotados mais recentemente por organizações de países desenvolvidos, são aqueles em que os empregados têm a opção de escolher entre os benefícios disponíveis aqueles que acham mais interessantes. Esse modelo pressupõe uma empresa transparente, empregados responsáveis e uma relação aberta entre as partes, de forma a possibilitar análises e discussões sobre a relação custo-benefício de ambos.

Atualmente, os incentivos também estão presentes nos novos modelos de gestão de

pessoas, principalmente quando se refere à participação nos lucros e resultados, à venda de

parte das ações empresariais aos funcionários (stock options), às bonificações, dentre outros.

Segundo Bohlander; Snell; Sherman (2005, p. 279), “os incentivos destinam-se a estimular os

funcionários a empregar mais esforço para completar suas tarefas no cargo – esforço que eles

podem não ser motivados a empreender nos sistemas de remuneração baseados no tempo de

serviço e/ou no número de horas trabalhadas”.

Em se tratando da remuneração, Le Gall (2008, p. 93) entende que “a remuneração do

funcionário é ao mesmo tempo a consequência e o elemento principal do contrato individual

que o liga à empresa, contrapartida ao trabalho prestado, além de representar parte importante

dos custos de produção”. No entanto, assim como em todas as outras funções de recursos

humanos, a função de manutenção também sofreu mudanças consideráveis que impactaram

diretamente na forma de trabalho dos indivíduos, bem como na produtividade das empresas.

De acordo com Wood Jr; Picarelli (1999, p. 40), “a modernização da gestão

empresarial e a adoção de novos modelos de organização do trabalho tendem a tornar as

formas tradicionais de remuneração anacrônicas”, exigindo novas formas de remuneração que

sejam alinhadas aos novos modelos de gestão, apoiados nos valores e cultura organizacional,

bem como nas metas e estratégias das empresas (FLANNERY; HOFRICHTER; PLATTEN,

1997). Estes autores apontam nove princípios para a implantação de uma remuneração

dinâmica: 1) alinhamento da remuneração com os valores, cultura e metas estratégicas do

negócio; 2) vínculo da remuneração às outras mudanças; 3) instituição de um programa de

remuneração no momento em que possa melhor apoiar as demais iniciativas de mudança; 4)

integração do pagamento com outros processos voltados para as pessoas; 5) democratização

do processo de pagamento; 6) desmistificação da remuneração; 7) medição dos resultados; 8)

melhoria contínua e gradual e; 9) seleção e critério em relação a tudo que ouvir ou ler a

65

respeito da remuneração (FLANNERY; HOFRICHTER; PLATTEN, 1997). Desse modo,

uma das formas encontradas para essa dinamicidade se dá através da remuneração variável,

tendo em vista que:

[...] enquanto o salário é definido nas organizações em função do conjunto de responsabilidades e da complexidade do trabalho esperado de um profissional (avaliado ou não com base no conceito de competências) e é atribuído regularmente, a remuneração variável (em suas diversas formas) está atrelada ao acompanhamento da performance/desempenho, podendo ou não existir, com maior ou menor intensidade, em face dos resultados alcançados (HIPÓLITO, 2002, p. 95).

Um tema importante, quando relacionado à remuneração, refere-se à remuneração

estratégica, que é uma ponte entre os indivíduos e a nova realidade das organizações que

atuam num mercado globalizado e competitivo, levando em consideração duas vertentes: o

contexto organizacional e todo o conjunto de fatores dos indivíduos que afetam os resultados

organizacionais (WOOD JR; PICARELLI, 1999). Conforme esses autores, a remuneração

estratégica também atua como um instrumento a mais na motivação aos indivíduos,

contribuindo para o desenvolvimento organizacional, na medida em que o sistema de

remuneração é alinhado ao contexto e à estratégia da empresa, constituindo-se num

componente de motivação e harmonização de interesses (WOOD JR; PICARELLI, 1999).

Deste modo, os novos modelos de gestão de pessoas possuem características relacionadas à

remuneração no sentido de alinhar as estratégias organizacionais aos objetivos e resultados

esperados, isto é, a remuneração deve ser estruturada de tal forma que reforce valores, crenças

e comportamentos alinhados às estratégias empresariais, estimulando a busca de aquisição e

estruturação de conhecimento, bem como seu compartilhamento no contexto empresarial.

Sendo assim, deve servir de instrumento que tenha capacidade para reter e atrair talentos, ao

mesmo tempo proporcionando comprometimento dos empregados com os objetivos

organizacionais (DUTRA, 2001).

2.2.2.6 Controle

A função denominada controle ou monitoração “refere-se às atividades relacionadas

ao acompanhamento e controle das pessoas e à verificação dos resultados de seu trabalho”

(GIL, 2009, p. 25). Para Ulrich (1998, p. 259), “um diagnóstico organizacional transforma

uma arquitetura de RH em uma ferramenta de avaliação. Dessa forma, os fatores indicados na

arquitetura sugerem perguntas de avaliação ou auditoria para verificar as forças e fraquezas da

66

organização de RH” (ULRICH, 1998, p. 259), o que permite uma análise abrangente dos

processos e atividades realizados para as devidas correções e sugestões de melhorias,

tornando os novos modelos de gestão marcados especialmente pela função de controle

(HOMEM; OLTRAMARI; BESSI, 2009; GUIMARÃES, 2006).

Vale destacar que alguns instrumentos como o Balanced Scorecard, que foi

desenvolvido pelos estudiosos Kaplan e Norton, pode ser utilizado como ferramenta de

controle, além de dar subsídios para a avaliação de desempenho (GASSENFERTH;

SOARES, 2007).

As organizações bem-sucedidas possuem programas contínuos de melhorias,

mapeando suas limitações em busca de aperfeiçoamento, conforme explica Ulrich (1998, p.

92): “em uma auditoria organizacional, os sistemas e os processos são examinados no intuito

de aperfeiçoá-los para a melhor aplicação das metas estratégicas”. Nesses casos, são

utilizados sistemas de informações de recursos humanos, que são instrumentos básicos para

uma adequada administração de recursos humanos (LUCENA, 2007). De acordo com Lucena

(2007, p. 254):

Pode-se definir um Sistema de Informações de Recursos Humanos – SIRH – como a criação, processamento, produção, distribuição e atualização de Relatórios Gerenciais cujas informações são apresentadas de forma estruturada e correlacionada com os objetivos e as aplicações práticas exigidos pela administração dos Recursos Humanos da empresa.

Assim como nas demais funções de gestão de pessoas, uma adequada monitoração

também requer investimentos em tecnologia e capacitação de pessoal para que sejam

desenvolvidos sistemas integrados que proporcionem informações precisas quando

necessárias.

2.3 A RELAÇÃO ENTRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A GESTÃO DE PESSOAS

Diante do que já foi exposto sobre responsabilidade social empresarial e gestão de

pessoas, urge fazer uma conexão entre os conteúdos abordados até então. Na realidade, tanto

as ações socialmente responsáveis como as práticas de gestão de pessoas tem sido motivo de

mudanças consideráveis na forma de gerenciamento de pessoas. Por um lado, as exigências

relacionadas à responsabilidade social ganham espaço nas organizações e, por outro, as

práticas de gestão de pessoas passam a ser imprescindíveis para uma busca incessante por

competitividade e melhores resultados. Sendo assim, as organizações, não raramente, utilizam

67

e desenvolvem tanto ações socialmente responsáveis, como também implementam novas

práticas de gestão de pessoas.

Dessa maneira, programas de excelência, certificações e auditorias externas passam a

ser comuns nas organizações. Na maioria das vezes, estão relacionados à gestão da qualidade

e também às atividades de responsabilidade social empresarial. Para Ulrich (1998, p. 222), “o

bom desses programas é que passam para toda a empresa mensagens consistentes sobre a

importância da nova cultura, institucionalizando-a através de práticas de RH que generalizam

as informações e procuram moldar o comportamento do funcionário”.

Para melhor ilustrar o que foi exposto, há, atualmente, no Brasil, prêmios que revelam

práticas desenvolvidas por muitas organizações, além de atuar como uma espécie de auditoria

externa, permitindo que as organizações alinhem suas práticas aos novos modelos de gestão

utilizados por grandes corporações.

Dentre os prêmios e programas de qualidade com atuação no Brasil, destacam-se o

Prêmio SESI Qualidade no Trabalho, que é voltado para as indústrias brasileiras; o Prêmio

Nacional de Qualidade, realizado pela Fundação Nacional da Qualidade; e o do Instituto

Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, uma organização sem fins lucrativos, fundada

em 1998, que tem diversas empresas espalhadas pelo Brasil como associadas, sendo estas de

diferentes portes e setores de atividade. Além disso, essa organização tem como missão ajudar

as empresas a gerirem seus negócios utilizando práticas socialmente responsáveis, em busca

de uma sociedade mais justa e próspera (INSTITUTO ETHOS, 2000).

Vale salientar que esses prêmios ou programas possuem diagnósticos próprios e

sistemas de avaliação independentes e específicos, assim como fundamentos básicos que

norteiam toda a aplicação e realização dos mesmos, conforme o Quadro 6:

68

Prêmio SESI Qualidade no Trabalho

Prêmio Nacional de Qualidade Instituto Ethos

� Valorização das Pessoas � Responsabilidade Social � Visão Sistêmica � Aprendizado Organizacional � Liderança e Constância de

Propósitos

� Pensamento Sistêmico � Aprendizado organizacional � Cultura de inovação � Orientação por processos e

informações � Liderança e Constância de

Propósitos � Visão de futuro � Gestão de valor � Valorização das pessoas � Conhecimento sobre o cliente e o

mercado � Desenvolvimento de parcerias � Responsabilidade Social

� Valores e transparência � Público interno � Meio ambiente � Fornecedores � Consumidores � Comunidade � Governo e Sociedade

Quadro 6 – Fundamentos básicos Fonte: SESI (2009), FNQ (2009); INSTITUTO ETHOS (2009)

Dentre os fundamentos apresentados no Quadro 6, a responsabilidade social é um

quesito importante a ser observado pelas organizações, principalmente quando relacionada ao

público interno, ou seja, à valorização das pessoas, permitindo que estas possam se

desenvolver de forma adequada, usufruindo de um ambiente agradável para o desempenho de

suas atividades. Todavia, para que esse fundamento seja observado, a gestão de pessoas deve

desenvolver programas e atividades que tenham como base a responsabilidade social para

com o público interno. Por isso, é importante identificar quais os critérios de avaliação desses

prêmios (Quadro 7), pois é através deles que os diagnósticos são realizados e, por

conseguinte, as análises são feitas. É mister lembrar que na maioria das ocasiões, esses

diagnósticos servem como uma consultoria externa, identificando os pontos fortes e fracos das

organizações através dos critérios de avaliação.

Prêmio SESI Qualidade no Trabalho

Prêmio Nacional de Qualidade Instituto Ethos

� Sistema de gestão de pessoas � Educação e desenvolvimento � Qualidade de vida � Desenvolvimento

socioambiental

� Liderança � Estratégia e planos � Clientes � Sociedade � Informações e conhecimento � Pessoas � Processos � Resultados

� Valores e transparência

� Público interno � Meio ambiente � Fornecedores � Consumidores � Comunidade � Governo e sociedade

Quadro 7 – Critérios de avaliação Fonte: SESI (2009), FNQ (2009); INSTITUTO ETHOS (2009)

69

Assim como nos fundamentos, alguns critérios de avaliação se relacionam com a

gestão de pessoas. Na realidade, outros setores organizacionais também são observados.

Todavia, a maioria dos critérios se relaciona com a gestão de pessoas, principalmente no

Prêmio SESI Qualidade no Trabalho e no Prêmio Nacional da Qualidade. Já no Instituto

Ethos, essa relação ocorre com o critério voltado para o público interno, que envolve questões

como diálogo e participação, respeito ao indivíduo e trabalho decente.

No caso do Prêmio Nacional de Qualidade (FNQ, 2009), o critério de avaliação que se

refere às pessoas possui três grupos: sistemas de trabalho (organização do trabalho, processos

relativos à seleção e contratação de pessoas e o estímulo ao desempenho de pessoas e

equipes), capacitação e desenvolvimento (capacitação e desenvolvimento dos membros da

força de trabalho) e qualidade de vida (criação de um ambiente seguro e saudável e a

obtenção do bem-estar, da satisfação e do comprometimento das pessoas).

De acordo com o Ethos (2009), a empresa socialmente responsável não se limita a

respeitar os direitos dos trabalhadores apenas no que se diz respeito à legislação trabalhista,

mas, também, investe no desenvolvimento pessoal e profissional de seus funcionários, além

de proporcionar melhores condições de trabalho, estreitando as relações entre empregado

versus empregador.

No critério de avaliação público interno, há práticas que são analisadas sob três

grupos: diálogo e participação, respeito ao indivíduo e trabalho decente. No item diálogo e

participação, a relação com os sindicatos e com os trabalhadores terceirizados deve ser

transparente e, ao mesmo tempo, a organização deve alinhar seus interesses aos dos

funcionários. Não obstante, a gestão participativa incentiva o envolvimento dos funcionários

na solução dos problemas e, por que não dizer, no processo decisório, permitindo que estes

possam desenvolver suas habilidades.

No item sobre respeito ao indivíduo, o compromisso com o futuro das crianças, que

influencia a empresa a não utilizar trabalho infantil, mas a adotar programas com menores

aprendizes (14 a 16 anos); o compromisso com o desenvolvimento infantil; a valorização da

diversidade, não permitindo qualquer tipo de discriminação em termos de recrutamento,

acesso a treinamento, remuneração, avaliação ou promoção de seus empregados; o

compromisso com a equidade racial e de gênero são ações avaliadas por este tipo de

programa.

A política de remuneração, benefícios e carreira, que considera o funcionário como um

parceiro organizacional e o remunera de forma adequada, além de investir no seu

desenvolvimento profissional; o cuidado com saúde, segurança e condições de trabalho, base

70

fundamental para as demais atividades organizacionais; o compromisso com o

desenvolvimento profissional e a empregabilidade, que se refere ao comprometimento da

organização no que diz respeito à capacitação e qualificação; o comportamento frente a

demissões, que deve primar pela não demissão como prioridade em tempos de crise, mas, se

preciso, exercer de forma responsável; e a preparação para a aposentadoria faz parte das ações

avaliadas quanto ao trabalho decente desempenho nas organizações.

De forma semelhante ao Prêmio Nacional de Qualidade, o Prêmio SESI Qualidade no

Trabalho avalia questões relacionadas à gestão de pessoas através dos seguintes critérios:

sistema de gestão de pessoas (comunicação interna, estrutura de cargos e salários, práticas de

remuneração, avaliação de desempenho, reconhecimento e incentivos, relações interpessoais,

clima organizacional e satisfação do público interno); educação e desenvolvimento

(capacitação e desenvolvimento dos colaboradores, programas de capacitação e treinamento e

avaliação da capacitação desenvolvimento); qualidade de vida (saúde e segurança no trabalho,

promoção de oportunidades voltadas para cultura, esporte e lazer, manutenção de um

ambiente de trabalho saudável e de clima organizacional propício ao bem-estar, à satisfação e

motivação dos colaboradores). Na realidade, o Prêmio SESI Qualidade no Trabalho tem seus

critérios fundamentados no Modelo de Excelência de Gestão da Fundação Nacional da

Qualidade.

Para uma análise mais detalhada desses prêmios, estão expostas, no Quadro 8, as

práticas e ações tidas como socialmente responsáveis e que se relacionam com a gestão de

pessoas de acordo com os critérios estabelecidos por cada prêmio específico. Dessa forma,

verifica-se a semelhança entre as práticas avaliadas:

71

Quadro 8 – Práticas de gestão de pessoas e responsabilidade social voltadas ao público interno Fonte: SESI (2009), FNQ (2009); INSTITUTO ETHOS (2009)

Muitas dessas ações são avaliadas de acordo com certificações nacionais ou

internacionais. Normas e padrões como a SA 8000, que consideram as relações de trabalho

em várias vertentes existentes nas organizações e a AA 1000, que avalia o diálogo da

Prêmio SESI Qualidade no Trabalho

Prêmio Nacional de Qualidade

Instituto Ethos

Comunicação interna

Organização do trabalho Relações com os sindicatos Estrutura de cargos e salários; Remuneração; Avaliação de desempenho Reconhecimento e incentivos; Relações interpessoais

Processos relativos à seleção e contratação de pessoas

Relações com trabalhadores terceirizados Clima organizacional e satisfação

do público interno Promoção de oportunidades voltadas para cultura, esporte e lazer

Estímulo ao desempenho de pessoas e equipes

Gestão participativa

Manutenção de um ambiente de trabalho saudável e de clima organizacional propício ao bem-estar, à satisfação e motivação dos colaboradores

Política de Remuneração, Benefícios e Carreira

Comportamento frente a demissões

Capacitação e de desenvolvimento

Capacitação e desenvolvimento dos membros da força de trabalho

Compromisso com o Desenvolvimento Profissional e a Empregabilidade

Programas de capacitação e treinamentos Avaliação da capacitação

Preparação para Aposentadoria

Aspectos relacionados à saúde e segurança no trabalho

Criação de um ambiente seguro e saudável e a obtenção do bem-estar, da satisfação e do comprometimento das pessoas

Cuidado com a Saúde, Segurança e Condições de Trabalho Compromisso com o futuro das crianças Compromisso com o desenvolvimento infantil Valorização da diversidade Compromisso com a equidade racial Compromisso com a equidade de gênero Comportamento Frente a Demissões

72

organização com seus stakeholders, bem como as normas ISSO, que priorizam os padrões de

qualidade, aspecto tão relevante na moderna conjuntura organizacional que prioriza os

processos e atividades organizacionais pautados na gestão da qualidade. De acordo com

Cerqueira (2006, p. 23), há entidades como a Social Accountability International (SAI), que

desenvolveu e detém a norma SA 8000:2001:

[...] que estabelece requisitos objetivos para uma auditoria de terceira parte no tocante à relação da organização com o trabalho infantil, com trabalho forçado, com a segurança e saúde dos trabalhadores, com a liberdade dos trabalhadores constituírem associações, com o direito de estabelecerem acordos coletivos, com as práticas disciplinares adotadas, com a carga semanal de trabalho e com a remuneração do trabalho.

Diversas outras normas e padrões são utilizados pelas organizações como instrumento

de avaliação, fundamentando as diferentes atividades e ações desenvolvidas no ambiente

interno e externo das empresas. Dessa forma, encontram-se elencadas, no Quadro 9, as

principais entidades regulamentadoras dessas normas e padrões, bem como suas

especificações e diretrizes:

Entidades Especificações Diretrizes

ISO – International Organization for Standardization e ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR ISO 9001:2000 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos

NBR ISO 9001:2000 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Diretrizes para melhoria de desempenho

NBR ISO 14001:2004 – Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com Orientações para uso

NBR ISO 14001:2004 – Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com Diretrizes para uso

BSI – British Standards

Institution OHSAS 18001:1999 – Occupational Health and

Safety Assessment Series –

Specifications

OHSAS 18002:1999 – Occupational Health and

Safety Assessment Series –

Guidelines – Diretrizes para aplicação a OHSAS 18001

SAI – Social Accountability International

SA 8000:2001 – Social Accountability

SA 8000:1999 – Guidance Document

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR 16001:2004 Responsabilidade Social – Sistema da Gestão – Requisitos

Não tem

Quadro 9 – Principais normas e padrões de qualidade Fonte: Cerqueira (2006, p. 49)

Uma das normas mais utilizadas pelas organizações é a norma NBR ISO 9001:2000,

que “é constituída por um conjunto de requisitos considerados essenciais para que uma

organização possa constituir um Sistema da Gestão da Qualidade” (CERQUEIRA, 2006, p.

73

86) e a NBR ISO 14001:2004, que se relaciona com a gestão ambiental. Além do mais, há a

NBR 16001:2004, que se refere à responsabilidade social e tem por objetivo prover às

organizações os elementos de um sistema da gestão da responsabilidade social eficaz, passível

de integração com outros requisitos de gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos

relacionados com os aspectos da responsabilidade social (ABNT, 2004, p. 7).

Através desse panorama de fundamentos, critérios e práticas elencadas, observa-se que

as atividades contidas nas funções da gestão de pessoas anteriormente expostas se coadunam

com as práticas e ações que são avaliadas pelos respectivos prêmios. Entretanto, o diagnóstico

encontrado é que determina se as organizações desenvolvem ou não novas práticas de gestão

de pessoas, tendo em vista que a valorização dos funcionários e a busca contínua pela

excelência são pressupostos básicos de tais ações contemporâneas.

74

3 METODOLOGIA

Neste capítulo são apresentados a natureza teórico-metodológica da pesquisa e os

procedimentos metodológicos que permitiram ao pesquisador coletar dados e, posteriormente,

realizar as análises necessárias para responder aos questionamentos propostos para este

estudo, que nortearam todo o processo de construção desta pesquisa. Dessa maneira, foram

escolhidos métodos e técnicas mais adequados à tipologia da pesquisa proposta, no intuito de

tornar eficiente tanto os aspectos inerentes à formulação e coleta de dados, quanto às análises

e avaliações dos resultados que foram obtidos, pois “tanto os métodos quanto as técnicas

devem adequar-se ao problema a ser estudado, às hipóteses levantadas e que se queira

confirmar, ao tipo de informantes com que se vai entrar em contato” (MARCONI;

LAKATOS, 2002, p. 31). Neste capítulo, encontram-se também o universo e a amostra da

pesquisa. De acordo com Marconi; Lakatos (2008, p. 157), “a pesquisa, portanto, é um

procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento

científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades

parciais”. Dessa forma, as técnicas e procedimentos que foram utilizados compõem o roteiro

que direcionou a pesquisa, conforme exposto a seguir.

3.1 TIPO DE PESQUISA

A escolha da tipologia da pesquisa exige do pesquisador uma análise e planejamento

preliminar do estudo proposto, pois, de acordo com Ruiz (1996, p. 48), “pesquisa científica é

a realização concreta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida de acordo com

as normas da metodologia consagradas pela ciência. É o método de abordagem de um

problema em estudo que caracteriza o aspecto científico de uma pesquisa”. Nesse sentido, foi

realizada uma pesquisa de natureza qualitativa que, de acordo com Viera; Zouain (2006, p.

17): “pode ser definida como a que se fundamenta principalmente em análises qualitativas,

caracterizando-se, em princípio, pela não-utilização de instrumental estatístico na análise dos

dados”. Todavia, Marconi; Lakatos (2004, p. 267) enfatizam que:

O método qualitativo difere do quantitativo não só por não empregar instrumentos estatísticos, mas também pela forma de coleta e análise dos dados. A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc.

75

Para Flick (2004, p. 22), o método qualitativo difere consideravelmente do método

quantitativo, pois “os métodos qualitativos consideram a comunicação do pesquisador com o

campo e seus membros como parte explícita da produção do conhecimento, ao invés de

excluí-la ao máximo como uma variável intermédia”. Nessa percepção, Denzin; Lincoln

(2006) entendem que a pesquisa qualitativa permite ao observador uma visibilidade ampla

através de um conjunto de práticas que vai desde entrevistas até gravações e lembretes

utilizados, que são inerentes a esse tipo de pesquisa.

Em relação aos objetivos do estudo, a pesquisa foi de caráter descritivo e, quanto aos

procedimentos, foi realizada uma pesquisa documental e de campo, tendo em vista que parte

dos dados foi coletada em empresas que fazem parte da amostra da pesquisa, além da análise

documental que fundamentou a análise dos resultados. Para Marconi apud Andrade (1999, p.

109):

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

E sobre a pesquisa documental, Gil (2007, p. 66) entende que:

[...] assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A única diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.

A pesquisa documental se revela como fonte relevante de informações que

proporcionam ao pesquisador coletar dados significativos para a construção e análise da

temática pesquisada. Nesse sentido, “são investigados documentos a fim de se poder

descrever e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e outras características”

(CERVO; BERVIAN, 2002, p. 67). Segundo Roesch (2007, p. 165-166):

Uma das fontes de dados mais utilizadas em trabalhos de pesquisa em Administração, tanto de natureza quantitativa como qualitativa, é constituída por documentos como relatórios anuais da organização, materiais utilizados em relações públicas, declarações sobre a sua missão, políticas de marketing e de recursos humanos, documentos legais etc. Normalmente, tais fontes são utilizadas para complementar entrevistas ou outros métodos de coleta de dados.

76

Para Marconi; Lakatos (2004, p. 57), “a característica da pesquisa documental é que a

fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se

denomina de fonte primária. Estas podem ser feitas no momento em que o fenômeno ocorre,

ou depois”. No entanto, além da pesquisa documental, foram realizadas entrevistas na

pesquisa de campo, com o intuito de obter informações mais detalhadas sobre a percepção dos

responsáveis pelo PSQT a respeito das práticas socialmente responsáveis desenvolvidas pelas

empresas, pois, de acordo com Laville; Dionne (1999, p. 168):

A importância dos documentos nas pesquisas em ciências humanas não descarta todo recurso direto às pessoas: estas se mostram frequentemente a fonte melhor adaptada às necessidades de informação do pesquisador. O que leva a algumas considerações sobre a escolha dessas pessoas que serão observadas ou interrogadas, selecionando, às vezes, alguns indivíduos, ou então populações inteiras, ou ainda parte dessas.

Em se tratando da pesquisa de caráter descritivo, Gil (2007, p. 44) comenta que “as

pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”. Nessa

perspectiva, Cervo; Bervian (2002, p. 66) enfatiza que “a pesquisa descritiva observa, registra,

analise e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir,

com a precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão

com outros, sua natureza e características”.

Em relação aos instrumentos de coleta de dados, foi utilizada a entrevista semi-

estruturada. Segundo Laville; Dionne (1999, p. 188), a “entrevista semi-estruturada é uma

série de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma ordem prevista, mas na qual o

entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimento”. Para Pope; Mays (2009, p. 24):

As entrevistas semi-estruturadas são conduzidas com base em uma estrutura flexível, consistindo em questões abertas que definem a área a ser explorada, pelo menos inicialmente, e a partir da qual o entrevistador ou a pessoa entrevistada podem divergir a fim de prosseguir com uma idéia ou resposta em maiores detalhes.

De acordo com Gil (2007, p. 117), “muitos autores consideram a entrevista como a

técnica por excelência na investigação social [...] Por sua flexibilidade é adotada como técnica

fundamental de investigação nos mais diversos campos”. A escolha do instrumento de coleta

de dados é importante para que os objetivos possam ser alcançados de forma satisfatória,

respondendo ao questionamento da pesquisa, como afirma Marconi; Lakatos (2002, p. 30-31):

77

A seleção do instrumental metodológico está, portanto, diretamente relacionada com o problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vários fatores relacionados com a pesquisa, ou seja, a natureza dos fenômenos, o objeto da pesquisa, os recursos financeiros, a equipe humana e outros elementos que possam surgir no campo da investigação.

3.2 UNIVERSO/AMOSTRA DA PESQUISA

O universo da pesquisa foi composto de todas as empresas premiadas pelo Prêmio

SESI Qualidade no Trabalho, no período de 2005 a 2008, nas fases regional e nacional,

totalizando 76 (setenta e seis) empresas, conforme o Quadro 10:

Região Estado Porte da Empresa Grande Média Pequena Micro Total

Norte

Acre 01 01 01 00 03 Amazonas 01 00 00 00 01 Rondônia 00 01 01 00 02 Roraima 01 00 01 03 05

Nordeste

Alagoas 01 00 01 01 03 Ceará 01 01 00 01 03 Paraíba 00 01 00 00 01 Pernambuco 01 00 01 00 02 Piauí 01 00 00 00 01 Maranhão 00 01 02 02 05 Rio Grande do Norte 01 01 01 01 04

Centro-Oeste

Distrito Federal 01 00 01 00 02 Goiás 01 01 02 00 04 Mato Grosso 01 01 01 00 03 Mato Grosso do Sul 00 01 00 03 04 Tocantins 00 00 00 01 01

Sudeste Minas Gerais 01 00 02 02 05 Rio de Janeiro 01 00 02 00 03 São Paulo 02 03 02 02 09

Sul Espírito Santo 00 01 00 00 01 Paraná 03 03 03 02 11 Rio Grande do Sul 01 00 00 02 03

Total de empresas 19 16 21 20 76 Quadro 10 – Universo da pesquisa Fonte: Elaboração própria

A pesquisa se propôs a realizar um estudo em todas essas empresas, caracterizando-se

uma pesquisa censitária. Todavia, para a realização das entrevistas que contém um conjunto

de indicadores que possibilitaram a investigação e averiguação das variáveis pesquisadas no

estudo, foram escolhidas as empresas que mais se destacaram pela quantidade de Prêmios

recebidos pelo SESI, no período de 2005 a 2008, totalizando oito empresas, sendo duas de

78

cada porte empresarial. Uma empresa de médio porte não concedeu entrevista, tendo como

justificativa a necessidade de autorização prévia da diretoria para tal finalidade, o que não

ocorreu até a conclusão deste estudo. As empresas entrevistadas foram classificadas por

nomenclaturas abreviadas, visando à preservação do sigilo, sendo: MI1 e M2 (duas micro-

empresas), PE1 e PE2 (duas empresas de pequeno porte), ME1 (uma empresa de médio porte)

e, por fim, GE1 e GE2 (duas empresas de grande porte), e tiveram como entrevistados os

seguintes profissionais:

� MI1 – Diretor Proprietário

� MI2 – Responsável pelo PSQT na empresa

� PE1 – Diretor Proprietário

� PE2 – Coordenador de Recursos Humanos

� ME1 – Assistente de Recursos Humanos

� GE1 – Responsável pelo PSQT na empresa

� GE2 – Coordenador de Responsabilidade Social

A escolha dessa amostra típica e não-probabilista permitiu ao pesquisador aprofundar-

se mais no que tange a percepção dos responsáveis sobre as ações desenvolvidas que

mereceram destaque através do PSQT, pois, este tipo de amostra exemplifica o pensamento de

Laville; Dione (1999, p. 170) ao afirmarem que essa escolha “é o caso da amostra típica, em

que, a partir das necessidades de seu estudo, o pesquisador seleciona casos julgados

exemplares ou típicos da população-alvo ou de uma parte desta”. O período pesquisado

(2005-2008) foi escolhido pela disponibilidade dos livros junto ao SESI-RN que foram

publicados nesse período, dispondo de um razoável banco de dados que foi utilizado

principalmente na pesquisa documental, bem como das informações contidas nos sites e

folhetos publicados pelas empresas pesquisadas.

De acordo com SESI (2009), há vários anos o SESI vem prestando um serviço de

consultoria sobre programas de soluções sociais que possam estar sendo desenvolvidos pelas

indústrias brasileiras:

79

Hoje, a sociedade espera da indústria contribuições para o desenvolvimento sustentável. Para ajudar as empresas a se tornarem socialmente responsáveis, o SESI desenvolveu um programa de soluções sociais adequado às necessidades específicas de cada empresa. Indústrias com unidades em diversos estados recebem atendimento com o mesmo nível de qualidade, graças à presença do SESI em todo o Brasil. A atuação consultiva do SESI em responsabilidade social empresarial é fruto da experiência acumulada em 60 anos de trabalho junto à comunidade industrial, em todo o Brasil.

As mudanças ocorridas no ambiente organizacional no que diz respeito à

responsabilidade social, também impactaram as ações e práticas das indústrias brasileiras.

Dessa forma, o SESI criou, em 1996, o Prêmio SESI Qualidade no Trabalho (PSQT), sendo

pioneiro no setor, tendo por objetivo “destacar o esforço das indústrias que investem em

práticas diferenciadas de gestão e na valorização dos seus colaboradores” (SESI, 2009).

Destarte, entende-se que o PSQT:

[...] estimula o exercício da responsabilidade social empresarial da indústria brasileira, fomentando a adoção de novos valores de gestão e valorização das pessoas, o que contribui para que as indústrias se tornem mais produtivas e ampliem suas possibilidades de perenização no mercado (SESI, 2008a, p. 9).

Além do mais, o PSQT “considera como base para a formulação dos seus Critérios de

Avaliação os Fundamentos da Excelência em que se baseia o Modelo de Excelência da

Gestão® (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)” (SESI, 2008a, p. 14), tendo em

vista que os conceitos disseminados pelo Prêmio estão alinhados às práticas de elevado

padrão de desempenho de empresas líderes e bem-sucedidas.

Segundo o Prêmio SESI Qualidade no Trabalho (PSQT), as indústrias podem se

candidatar em duas modalidades de participação: 1) Geral – indústrias contribuintes do SESI

quanto as optantes pelo Simples e 2) Especial – empresas industriais contribuintes do SESI e

as empresas optantes pelo Simples que tenham sido vencedoras estaduais nas duas últimas

edições do PSQT, além das empresas que concorreram nessa modalidade no ano anterior,

desde que permaneçam na mesma categoria. Vale salientar que as empresas candidatas na

modalidade Especial não poderão concorrer na modalidade Geral (SESI, 2009). Dentre as

duas modalidades – Geral e Especial, há quatro categorias: 1) Grande empresa – 500 ou mais

colaboradores; 2) Média empresa – de 100 a 499 colaboradores; 3) Pequena empresa – de 20

a 99 colaboradores; e 4) Microempresa – de 05 a 19 colaboradores. Conforme o regulamento

do Prêmio SESI Qualidade no Trabalho, o processo é composto de três fases classificatórias:

Estadual, Regional e Nacional. E as avaliações ocorrem através de uma comissão julgadora

composta por profissionais especializados de instituições públicas e privadas (SESI, 2009).

80

3.3 COLETA DE DADOS

Na coleta de dados, foi priorizada primeiramente a revisão da literatura, permitindo a

construção de um referencial teórico que tem por objetivo subsidiar o entendimento a respeito

das temáticas estudadas. Dessa forma, a partir desse referencial teórico, outras etapas foram

realizadas em momentos distintos, em diferentes etapas da pesquisa. No primeiro momento, a

análise documental, por meio dos livros publicados anualmente com as melhores práticas de

responsabilidade social premiadas pelo SESI. No segundo momento, foram feitas entrevistas

com os responsáveis pelo Prêmio SESI Qualidade no Trabalho das empresas que mais se

destacaram pela quantidade de premiações recebidas pelo SESI no período de 2005 a 2008.

Em primeiro lugar, foi realizada uma visita à Coordenação Estadual do Prêmio SESI

Qualidade no Trabalho no Rio Grande do Norte, na qual foram obtidos os livros publicados

pelo SESI, no período de 2005 a 2008, que foram as fontes de dados principais da pesquisa.

Essa visita, bem como as primeiras leituras e observações sobre os conteúdos dos livros,

foram realizadas no período de maio a junho de 2009.

Por conseguinte, os trabalhos de coleta de dados continuaram focados nos livros

publicados pelo SESI e em informações contidas nos sites das empresas pesquisadas. Nesse

momento, as ações e práticas socialmente responsáveis começaram a ser observadas de forma

minuciosa e sistemática, atendendo aos objetivos propostos pela pesquisa. Esse período de

maior aprofundamento sob os livros do PSQT ocorreu entre julho a agosto de 2009.

Consequentemente, depois de realizada toda a análise documental, foram selecionadas

oito empresas, sendo duas por porte empresarial, que mais se destacaram pela quantidade de

Prêmios recebidos pelo SESI, para a realização das entrevistas (recebidas via e-mail e

realizadas por telefone e gravadas em MP4), porém, foram realizadas entrevistas apenas em

sete empresas, pois uma delas não nos concedeu a entrevista por falta de autorização prévia da

direção da empresa, o que não ocorreu em tempo hábil até o término desta pesquisa. As

entrevistas realizadas permitiram a coleta de maiores informações a respeito da percepção dos

responsáveis pelo Prêmio sobre as ações de responsabilidade social desenvolvidas na

empresa, as práticas de gestão de pessoas e seus principais objetivos e prioridades, além da

relação entre a responsabilidade social e a gestão de pessoas. As entrevistas foram realizadas

em setembro de 2009.

Em seguida, coletados os dados da pesquisa documental e de campo (entrevistas), foi

iniciado o tratamento dos dados através da análise de conteúdo, destacando as fases de pré-

análise, exploração do material e interpretação e análise dos dados, que ocorreu no período de

81

setembro a outubro de 2009, salientando que a fase da pré-análise foi realizada nas etapas

anteriores à pesquisa documental. Por fim, o trabalho realizado se deteve na elaboração da

dissertação que ocorreu no período de outubro a novembro de 2009.

3.4 VARIÁVEIS ANALÍTICAS

No intuito de identificar como as práticas de gestão de pessoas estão presentes nas

ações de responsabilidade social premiadas pelo Prêmio SESI Qualidade no Trabalho, a

pesquisa elencou variáveis que subsidiaram o entendimento da temática estudada. Para tal

fim, as variáveis são expostas da seguinte forma:

• Responsabilidade Social – exposição teórica sobre os conceitos e especificidades da

responsabilidade social empresarial e seus aspectos históricos, juntamente com o

estudo das ações e práticas socialmente responsáveis desenvolvidas nas organizações,

principalmente relacionadas ao público interno das empresas.

• Gestão de Pessoas – compreensão das funções ou subsistemas da gestão de pessoas e

sua evolução histórica, identificando as práticas de gestão de pessoas desenvolvidas

atualmente nas organizações, pautadas em critérios de excelência e qualidade, bem

como vinculadas à gestão estratégica de pessoas.

• Prêmio SESI Qualidade no Trabalho – práticas socialmente responsáveis das

indústrias brasileiras fundamentadas, principalmente, sob quatro critérios de avaliação:

sistema de gestão de pessoas, educação e desenvolvimento, qualidade de vida,

desenvolvimento socioambiental.

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS

Nesta fase da pesquisa, os dados coletados foram tratados através da análise de

conteúdo, que se desenvolve em três fases: 1) pré-análise; 2) exploração do material; e 3)

tratamento dos dados, inferência e interpretação (BARDIN, 1997). De acordo com Vergara

(2008, p. 15), “a análise de conteúdo é considerada uma técnica para o tratamento de dados

que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema”. A análise de

conteúdo possibilitou uma melhor interpretação dos dados coletados, pois “na pesquisa de

caráter qualitativo, o pesquisador, ao encerrar sua coleta de dados, se depara com uma

quantidade imensa de notas de pesquisa ou de depoimentos, que se materializam na forma de

82

textos, os quais terá de organizar para depois interpretar” (ROESCH, 2007, p. 169). Nesta

perspectiva, Bardin (1977, p. 40) conceitua de forma clara a análise de conteúdo da seguinte

maneira:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens [...] a intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não).

Para Laville; Dione (1999, p. 216):

A análise de conteúdo não é, contudo, um método rígido, no sentido de uma receita com etapas bem circunscritas que basta transpor em uma ordem determinada para ver surgirem belas conclusões. Ela constitui, antes, um conjunto de vias possíveis nem sempre claramente balizadas, para a revelação – alguns diriam reconstrução – do sentido de um conteúdo.

Nessa mesma percepção, Franco (2008) entende que é perfeitamente possível a

utilização da análise de conteúdo como procedimento de pesquisa numa abordagem crítica,

que tem o sujeito como ator principal na produção do conhecimento. Essa autora aponta outro

detalhe importante, que se refere ao conhecimento teórico prévio para a realização da

pesquisa, bem como à análise contextual de tais fatos pesquisados.

Além do tratamento dos dados coletados através da análise de conteúdo, foram

analisados os depoimentos das entrevistas realizadas junto aos responsáveis pelo Prêmio SESI

Qualidade no Trabalho que compuseram a amostra da pesquisa. Dessa maneira, as ações

socialmente responsáveis premiadas pelo SESI estão no centro da análise de conteúdo, e as

funções da gestão de pessoas foram classificadas como categorias para a análise e

interpretação dos dados, conforme a Figura 4:

83

Figura 4 – Categorias da análise de conteúdo Fonte: Elaboração própria Resumindo, os procedimentos utilizados para a coleta e interpretação dos dados

seguiram três etapas: pré-análise, exploração do material e análise e interpretação dos dados:

1) pré-análise: com os dados coletados dos livros publicados pelo SESI, nos anos de 2005

a 2008, e das entrevistas realizadas com as sete empresas que mais se destacaram no

PSQT nesse período; esses foram submetidos a uma análise mais ampla de acordo

com os objetivos da pesquisa;

2) exploração do material: diagnóstico das práticas socialmente responsáveis premiadas

pelo SESI, classificando-as de acordo com as categorias que se referem às funções da

gestão de pessoas, a saber: planejamento, suprimento, aplicação, desenvolvimento,

manutenção e controle, além da compreensão a respeito das ações de responsabilidade

social desenvolvidas pelas empresas entrevistadas, bem como a relação entre a

responsabilidade social e a gestão de pessoas;

Práticas socialmente responsáveis

Suprimento Planejamento

Aplicação Desenvolvimen-to

Manutenção Controle

84

3) análise e interpretação dos dados: análise e interpretação mais detalhada das ações

socialmente responsáveis, de acordo com cada categoria de análise (planejamento,

suprimento, aplicação, desenvolvimento, manutenção e controle), a partir dos dados

coletados na pesquisa documental (livros publicados pelo SESI) e na pesquisa de

campo (entrevistas). O critério de categorização utilizado foi a análise semântica ou

categorial (categorias temáticas), procedimento este encontrado em Bardin (1977).

Desse modo, foi possível relacionar o conteúdo teórico com os dados empíricos e os

objetivos da pesquisa com os resultados obtidos.

85

4 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo serão apresentados os resultados da pesquisa, tendo em vista a

delimitação das categorias de análise (planejamento, suprimento, aplicação, desenvolvimento,

manutenção e controle) relacionadas às práticas socialmente responsáveis diagnosticadas nas

empresas pesquisadas. A análise e interpretação dos resultados ocorreram a partir da pesquisa

documental e de campo, sendo as empresas classificadas em quatro portes, conforme o

Prêmio SESI Qualidade no Trabalho (microempresa, pequena empresa, média empresa e

grande empresa).

4.1 A FUNÇÃO PLANEJAMENTO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

Na função planejamento da gestão de pessoas, as práticas diagnosticadas parecem

estar integradas com as estratégias da empresa, tendo como fundamento, não apenas um

planejamento isolado, mas permitindo a utilização de consultorias específicas de recursos

humanos, políticas e processos de gestão de pessoas que envolvem toda a organização e que

se preocupam com os diversos setores da organização, não se limitando às tarefas

burocráticas. Para Marras (2000, p. 257), “entenda-se a administração estratégica de recursos

humanos como a gestão que além de ter ligação estreita com o planejamento estratégico

organizacional introduz, em suas políticas, mudanças de paradigmas que modificam

substancialmente”.

Por isso, as organizações competitivas buscam adequar de maneira correta seu

planejamento organizacional ou estratégico ao planejamento da gestão de pessoas, sendo

“muito difícil administrar a mudança se conteúdo e processo não estiverem ligados, se não

houver uma parceria saudável entre linha de produção e gestão de RH, se o planejamento de

negócios e o de pessoas não estiverem bem unidos” (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007, p.

34). Dessa maneira, o planejamento da gestão de pessoas “é o processo de antecipar e fazer

provisão para a movimentação das pessoas – admissão e demissão, promoções e

transferências. A finalidade do PRH é assegurar o emprego de maneira mais efetiva possível”

(BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005, p. 60).

Percebe-se na maioria das empresas pesquisadas, uma necessidade em adotarem novas

práticas de gestão de pessoas pautadas nas estratégias empresariais, conforme afirma Marras

(2000, p. 323):

86

[...] a práxis nos prova, contudo, que as empresas consideradas inovativas, de ponta, aquelas que normalmente servem de paradigma às demais, pelos seus resultados altamente significativos, apostam na adoção de um modelo estratégico de administração de RH e, por isso, obtêm os resultados esperados.

Todavia, de acordo com o Quadro 11, observa-se que, independente do porte

empresarial, o planejamento da gestão de pessoas em diversas empresas tem ocorrido em

sintonia com as estratégias organizacionais. Esse resultado corrobora a necessidade que as

organizações tem de possuírem um planejamento de gestão de pessoas adequado às

estratégias organizacionais, tendo em vista que essa relação permite o desdobramento de

ações e práticas que busquem o desenvolvimento das pessoas nas organizações.

87

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88

Algumas ações desenvolvidas foram amplamente divulgadas pelas empresas

pesquisadas, tais como: a gestão participativa, incluindo reuniões e discussões entre gestores e

demais funcionários para tomada de decisões e resolução de conflitos; pesquisas de clima

organizacional que permitem ajustes e melhorias no desenvolvimento dos trabalhos

realizados; e um forte programa de comunicação interna, principalmente em se tratando de

ouvir sugestões e coletar informações dos funcionários a respeito de diversos assuntos do

ambiente de trabalho. O Quadro 12 apresenta, de forma sucinta, alguns desses programas que

objetivam estreitar os relacionamentos entre gerência e funcionários.

Resumo dos programas de sugestões e comunicação interna � Programa IBI (idéias e sugestões); � Programa Conversando com o Diretor; � Programa Canal Aberto; � Programa de Sugestões; � Programa Fale com o Gerente Geral; � Programa Fale com o RH; � Programa Café com o Gerente Geral; � Programa Almoço com o Gerente Geral; � Programa de Melhorias e Sugestões; � Programa de Satisfação do Parceiro Rei; � Programa Fale com o Presidente; � Programa Conversando com o Time;

� Programa de Comunicação Gerencial; � Programa Fale com a Diretoria; � Programa Políticas de Portas e Caras

Abertas; � Programa Listening to you; � Programa Fale com o Gerente; � Programa Você Sugira; � Programa Alimentando Idéias; � Programa Boa Idéia; � Programa Inovando para o Futuro;

Programa de Idéias

Quadro 12 – Resumo dos programas de sugestões e comunicação interna Fonte: Dados da pesquisa (2009)

Entretanto, em algumas das empresas pesquisadas, em especial as microempresas, a

participação dos funcionários parece ser mais efetiva no que concerne ao planejamento

operacional e não estratégico. Em contrapartida, há empresas de pequeno porte em que essa

participação ocorre no planejamento estratégico, sendo este alinhado aos indicadores de

desempenho e tendo como ferramenta o Balanced Scorecard, que vai além das tentativas de

avaliação das práticas de gestão de pessoas fundamentadas apenas em resultados de processos

de gestão de pessoas ou indicadores financeiros. O Balanced Scorecard é um método de

avaliação e monitoramento que busca alinhar as todas as atividades da empresa, permitindo

que sejam inseridas as dimensões da gestão de pessoas aos objetivos de longo prazo da

empresa. Baseia-se na premissa de que o foco limitado e exclusivo no desempenho financeiro

não é suficiente para avaliar os resultados da organização como um todo.

De acordo com SESI (2005, p 27), “o planejamento estratégico da empresa é montado

anualmente em conjunto com todos os coordenadores de células. Os objetivos e metas são

acompanhados por meio de indicadores, e todos têm acesso”.

89

Sobre gestão participativa, Ulrich (1998, p. 184) entende que “aqueles que participam

plenamente nesse processo – preparando a decisão, coletando informações, gerando

alternativas, fazendo recomendações e implementando e agindo de acordo com a decisão –

tornam-se mais envolvidos e comprometidos com o resultado”. De forma semelhante,

Milkovich; Boudreau (2000, p. 32) explica que “o gerenciamento do ambiente de trabalho

inclui hoje administração participativa”. Dessa maneira, “envolvê-los no âmbito total do

processo de decisão pode reduzir sua sensação de estar sendo controlado e aumentar seu

sentimento de comprometimento” (ULRICH, 1998, p. 184). De acordo com o autor, esse

envolvimento pode ocorrer desde a partilha de informações até a participação efetiva no

processo decisório (ULRICH, 1998).

Sendo assim, nas empresas de pequeno, médio e grande porte, juntamente ao

planejamento da gestão de pessoas, há a utilização de uma matriz de competências que auxilia

o planejamento e demais atividades da gestão de pessoas. Quanto a esse aspecto, observou-se

que a maior ocorrência deste fato se encontra nas grandes empresas, que, na maioria das

vezes, detém de maiores conhecimentos e estrutura para desenvolver tais atividades. Na

realidade, na maioria dessas organizações, o modelo de gestão por competência fundamenta à

política de gestão de pessoas, tendo em vista que a partir da década de 1990, as políticas de

gestão de pessoas passaram a estar alinhadas às estratégias organizacionais, incorporando o

conceito de competência como fundamento do modelo de gerenciamento de pessoas

(FLEURY; FLEURY, 2009).

Dessa forma, foi diagnosticada a utilização de consultoria de gestão pessoas em uma

empresa de médio e outra de grande porte, que tem por objetivo o descobrimento de

competências necessárias ao desenvolvimento organizacional. Ainda em relação às empresas

de médio e grande porte, foram encontrados programas de qualidade que disseminam valores,

diretrizes e políticas organizacionais pautadas na qualidade total em busca da excelência

organizacional. Todavia, as microempresas e as empresas de pequeno porte não explicitaram

tais programas, o que revela certa carência para empresas que buscam ser competitivas e que

tem como prioridade a qualidade nos procedimentos realizados cotidianamente. É mister

ressaltar que esses programas de qualidade, quando executados, fundamentam todas as

políticas organizacionais, dentre elas a política de gestão de pessoas.

O planejamento da gestão de pessoas tem como instrumentos de ação e também de

avaliação os programas de certificação e normatização tão difundidos nas indústrias. De

acordo com o Quadro 11, observa-se de forma clara que empresas de todos os portes possuem

certificações, no entanto, quanto maior o porte empresarial, maiores são as evidências da

90

diversidade de certificações que vão desde a preocupação com a qualidade dos procedimentos

operacionais até com certificações relacionadas especificamente à responsabilidade social.

Essas certificações também são utilizadas para disseminar as práticas desenvolvidas nas

empresas ao público externo, atuando não raramente como uma “virtude” adquirida que,

consequentemente, gera um reconhecimento dos stakeholders para com a empresa certificada.

Essa percepção fica clara nos depoimentos dos responsáveis pelo PSQT das empresas

pesquisadas, quando se refere aos impactos de tal premiação, que não deixa de ser uma

espécie de certificação:

“Reconhecimento por parte de nossos clientes. Satisfação do proprietário da empresa e de seus colaboradores. E a certeza de esta (sic) fazendo a nossa parte perante a sociedade” (MI1). “O reconhecimento pelas boas práticas de gestão de pessoas, demonstrando que o êxito alcançado se deve aos esforços de toda a empresa, sem exceção” (MI2). “De uma maneira geral, a gente tem uma divulgação na mídia muito grande. Eu gostaria de deixar bem claro que a gente não ganha nada, não é? Porque às vezes as pessoas acham que a gente ganha esse prêmio porque a gente paga, não é? Então não existe isso, a pesquisa é totalmente idônea e a gente então tem essa divulgação na mídia muito grande, sem custo, não é? Então isso promove a empresa, obviamente, não é? Sem falar no nosso produto também que fica mais conhecido, na própria satisfação dos próprios funcionários” (ME1). “Além da premiação, o reconhecimento público das nossas práticas diferenciadas de gestão, valorização dos nossos colaboradores e bons resultados de nossos programas em prol do desenvolvimento em áreas diversas, como educação, gestão de pessoas, qualidade de vida, segurança e equilíbrio socioambiental, isto é motivo de honra. A premiação do PSQT [...] é muito especial, pois trata-se de uma conquista coletiva, fruto do esforço de todos aqueles que dia-a-dia constroem a nossa bela história que são os nossos colaboradores, além de proporcionar a todos o orgulho de fazer parte desta Empresa” (GE1).

As afirmações abaixo apresentam novas práticas de gestão de pessoas que, aos poucos,

vão se tornando comuns nas organizações:

A Nokia elabora e revisa seu planejamento estratégico anualmente, com o foco nos negócios de maneira mais ampla e com desdobramentos em cada unidade corporativa. As estratégias são comunicadas ao nível gerencial e a todo o quadro de funcionários em um evento anual chamado Nokia Strategy Sharing e também, mensalmente, no evento Manufacturing Communication (SESI, 2007, p. 67). Desde 2000, a empresa vem desenvolvendo o Programa de Excelência Tecumseh, a fim de valorizar os funcionários e mestres de produção, aproximando-os do poder decisório, para que todos tenham conhecimento dos objetivos e metas da empresa (SESI, 2005, p. 20).

91

A participação dos colaboradores nas decisões que afetam seu trabalho ocorre por meio da estruturação de equipes interfuncionais, cujo objetivo é desenvolver programas e projetos locais e corporativos, sempre alinhados às estratégias da empresa, onde atuam como facilitadores para o alcance das metas (SESI, 2007, p. 11). O planejamento estratégico da Ambev obedece às diretrizes da Inbev – corporação mundial. As metas são definidas em cada unidade local, com foco nos objetivos a médio e longo prazo. Estes são desdobrados por todos os níveis hierárquicos (SESI, 2007, p. 105). Compartilha, por isso, as principais decisões de investimentos com os colaboradores, cujas opiniões têm grande peso (SESI, 2006, p. 4). A empresa adota a gestão participativa como ferramenta de apoio ao planejamento estratégico. A formulação de estratégias é considerada uma das atividades mais importantes dentro da empresa, quando são estabelecidos os objetivos e metas, com a utilização do Balanced Scorecard (SESI, 2006, p. 16). São realizados encontros setoriais, para o nivelamento de informações; reuniões semestrais, com o objetivo de motivar as equipes e repassar novas metas; reunião anual de trabalho, para a definição do Planejamento Estratégico, com o estabelecimento de metas e indicadores de desempenho (SESI, 2008b, p. 135). Possui um Programa de Gestão de Clima Organizacional que vem atuando por meio de processos de pesquisas e ações contínuas na melhoria dos relacionamentos entre os diversos níveis (SESI, 2005, p. 35). Realiza Pesquisa Anual de Clima Organizacional que utiliza um indicador de satisfação com a liderança e um índice de satisfação do colaborador (SESI, 2005, p. 15). O monitoramento ocorre por meio de pesquisas de clima ou pela participação nos programas do SESI (SESI, 2008b, p. 157).

Outro aspecto importante se refere às pesquisas de mercado de trabalho e em centro de

excelência e ao benchmarking. Para Ulrich (2000, p. 105), “as empresas devem ser flexíveis

para responder aos concorrentes e às mudanças de mercado com maior rapidez. Precisam

sempre de benchmarking (processo contínuo de estudos comparativos) para melhorar sua

prática”. Nesse sentido, essa prática foi diagnosticada apenas em uma empresa de médio

porte, onde os coordenadores participam de feiras de tecnologias e visitam empresas com

políticas de gestão inovadoras e eficazes, com o objetivo de trazer novas experiências e casos

de benchmarking (SESI, 2007; SESI, 2008b).

No Quadro 13, encontra-se um resumo das diversas práticas diagnosticadas nas

empresas pesquisadas que influenciam direta ou indiretamente a função planejamento da

gestão de pessoas:

92

Função Práticas diagnosticadas

Planejamento

� Planejamento operacional anual ocorre de forma participativa � O planejamento estratégico é montado anualmente com todos os coordenadores

de células; � Divulgação de forma clara e transparente dos objetivos e metas da empresa,

trabalhando de forma conjunta com os funcionários; � Utilização da gestão participativa como ferramenta de apoio ao planejamento

estratégico, utilizando o Balanced Scorecard; � Utilização da Matriz de Competências, que está alinhada ao planejamento

estratégico; � Planejamento alinhado ao planejamento estratégico e aos indicadores de

desempenho; � Programa de Qualidade Total que inclui os valores, diretrizes e políticas

organizacionais; � Comunicação interna voltada para a disseminação das estratégias

organizacionais; � Consultoria de RH; � Programa de intercâmbio de funcionários objetivando o benchmarking; � Programa de Excelência; � Programa Nokia Strategy Sharing; � Programa de Sugestões � Programas de certificação e normatização: ISO 9001:2000; ISO 14001; OHSAS

18001; SA 8000; BS 8800; NBR 16001. Quadro 13 – Resumo das práticas diagnosticadas relacionadas à função planejamento da gestão de pessoas Fonte: Dados da pesquisa (2009)

Analisando os dados coletados, percebe-se uma acentuada diferença, quando

comparadas as empresas de grande porte às micro-empresas quanto ao planejamento como

função da gestão de pessoas. Isso nos leva a entender que, quanto maior o porte da empresa,

maiores são as possibilidades de se encontrar novas práticas de gestão de pessoas, todavia, em

situações específicas ou casos particulares, essa percepção pode ser contrariada.

4.2 A FUNÇÃO SUPRIMENTO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

O recrutamento e a seleção de pessoas são os pilares principais da função de gestão de

pessoas denominada suprimento. Diante da necessidade de qualificação dos empregados e as

constantes exigências quanto à qualidade, capacitação profissional e individual, as

organizações tem buscado aprimorar seus processos de recrutamento e seleção, no intuito de

conseguir os melhores profissionais no mercado, bem como selecionar seus empregados

internamente, desde que estes estejam alinhados às necessidades organizacionais. Por isso, o

93

recrutamento já deve ser bem delineado, para que os possíveis selecionados sejam os mais

adequados às vagas existentes, ou seja, esses dois processos são realizados de forma conjunta,

integrada e interdependente, conforme expõem Bohlander; Snell; Sherman (2005, p. 102):

Em conjunto com o processo de recrutamento, que se destina a aumentar o número de candidatos cujas qualificações atendam a requisitos de cargo e às necessidades da organização, a seleção é o processo de redução desse número e a escolha entre indivíduos com qualificações relevantes.

Para tanto, atualmente, as organizações tem utilizado, nos processos de recrutamento e

seleção, o perfil de competência e, em muitos casos, o recrutamento interno, sendo este último

uma ferramenta importante para a função de suprimento de recursos humanos. Para Limongi-

França; Arellano (2002, p. 71):

Um bom processo de recrutamento e seleção tem como vantagens a adequação potencial e a maior facilidade de negociação de metas de desempenho. Devem ser observados, entretanto, cuidados com a supervalorização da cultura interna, e a preferência pelo recrutamento interno deve ser consolidada na política de RH das empresas.

De acordo com o autor, o recrutamento interno deve ter preferência nas organizações

em relação ao recrutamento externo. Nesse entendimento, essa prática é observada em muitas

empresas pesquisadas, conforme o Quadro 14:

Função Práticas desenvolvidas

Micro Pequena Média Grande

Suprimento

Recrutamen-to Interno

8 Recrutamento Interno

9 Recrutamento Interno

8 Recrutamento Interno

9

Banco de Potencial

1 Programa de Estágio

2 Banco de Talentos

1 Banco de Talentos

5

Quadro 14 – Práticas desenvolvidas relacionadas à função suprimento da gestão de pessoas Fonte: Dados da pesquisa (2009) Obs.: As quantidades expostas foram calculadas a partir das práticas explicitadas nos livros pesquisados

Segundo SESI (2005, p. 35), “o programa de recrutamento interno é atuante, e dá a

oportunidade aos colaboradores de agirem em novas áreas de trabalho e, consequentemente,

de melhorarem seu grau de conhecimento e experiência”. De forma semelhante, “o

recrutamento interno estimula o desenvolvimento profissional e oferece perspectivas de

crescimento na carreira aos funcionários da empresa” (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO,

2002, p. 64). Em contrapartida, “há empresas que alegam que isso gera competição interna,

descontentamento e frustração para aqueles que foram preteridos no processo” (LIMONGI-

94

FRANÇA; ARELLANO, 2002, p. 64). Nesse sentido, para que haja um efetivo programa de

recrutamento interno, a organização precisa de uma comunicação adequada e de certo

mapeamento das capacidades dos empregados. Assim como ocorre no recrutamento externo,

os candidatos internos que estão dispostos à mobilidade interna necessitam ser identificados e

atraídos. Para o alcance desse objetivo, o processo de atração e identificação deve ser

contínuo e realizado através de uma comunicação adequada que ocorra durante todo o período

do emprego (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000). Nessa perspectiva, afirma Bohlander;

Snell; Sherman (2005, p. 77):

O uso efetivo de fontes internas requer um sistema para localizar candidatos qualificados a um cargo e incentivar aqueles que se consideram qualificados a se candidatar à vaga. Candidatos qualificados a um cargo dentro da empresa podem ser localizados por sistemas de registros informatizados, fazendo-se a divulgação da vaga e solicitando propostas, assim como procurando-se entre aqueles que foram demitidos.

Além do mais, “o recrutamento e a seleção de profissionais são baseados nas

habilidades, atitudes e talento do candidato” (SESI, 2007, p. 25). Para as empresas

pesquisadas, “a promoção decorre da abertura de oportunidades, quando os candidatos são

analisados quanto a seu perfil e sua competência para exercer a nova função” (SESI, 2007, p.

128). Dessa forma, nas empresas pesquisadas, independentemente do porte empresarial,

observa-se que são desenvolvidos programas de recrutamento interno e seleção, baseados no

perfil de competência, conforme as afirmações abaixo:

Anualmente, é realizada uma avaliação dos colaboradores para identificar potenciais candidatos às promoções internas na ocorrência de novas oportunidades, desde que atendam à matriz de competências definidas para cada cargo (SESI, 2008b, p. 46). De acordo com os critérios para promoção praticados pela empresa, ao surgir uma nova oportunidade, é feita uma avaliação do perfil dos potenciais candidatos internos, levando em consideração seu relacionamento interpessoal, disciplina e identificação com a área em que a vaga foi aberta (SESI, 2008b, p. 59). O colaborador é promovido verticalmente uma vez que atinja o nível pré-estabelecido de competências desde que haja uma oportunidade aberta (SESI, 2008b, p. 64). Prioriza a seleção interna para o preenchimento das vagas existentes. Na Manipullare, os colaboradores dispõem dos recursos e treinamentos necessários para a sua qualificação e desenvolvimento, no sentido de atenderem aos critérios estabelecidos para promoção, que envolvem não só o preparo técnico, mas também a capacidade de liderança, atitudes, resultados e competências/habilidades (SESI, 2008b, p. 136).

95

Ainda com base no Quadro 14, em uma empresa de médio e em algumas de grande

porte, há uma preocupação com os bancos de talentos ou de oportunidades, que consiste na

disposição de uma relação de profissionais qualificados que podem ser aproveitados

posteriormente. De acordo com Milkovich; Boudreau (2000, p. 316), “os inventários de

habilidades são bancos de dados que contem os nomes dos empregados e suas características

relevantes para as possíveis oportunidades de mobilidade interna”.

Nas microempresas e empresas de pequeno porte, o que se encontrou foi apenas um

Banco de Potencial e um programa de estágio e, mesmo assim, em convênio com alguma

instituição externa. Segundo Mayo (2003), há alguns meios fundamentais para reter os

melhores ativos humanos das empresas, tais como: compreensão do que impulsiona e motiva

cada indivíduo; apresentação de uma abordagem flexível às condições de emprego; provisão

de um ambiente que minimize os fatores de insatisfação e maximize os satisfatores; criação de

um futuro atraente, pois “nesse ambiente empresarial sempre mutável, global e

tecnologicamente exigente, a obtenção e retenção de talentos são as ‘armas’ no campo de

batalha competitivo” (ULRICH, 1998, p. 29).

Em suma, as práticas tidas como socialmente responsáveis e que se adéquam à função

suprimento da gestão de pessoas parecem ser semelhantes na maioria das empresas,

independente do porte empresarial, quando relacionadas ao recrutamento interno, mas

diferentes quanto aos bancos de talentos. A utilização do recrutamento interno evidencia que,

na maioria das vezes, os profissionais mais adequados para ocupar determinada vaga

encontram-se dentro da organização, os quais estão inseridos na cultura organizacional,

dispondo de melhores condições para atuarem de forma estratégica e produtiva. Além do

mais, os processos de recrutamento interno parecem ter custos menores do que os processos

de recrutamento externo.

4.3 A FUNÇÃO APLICAÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

Na função aplicação da gestão de pessoas, os planos de desenvolvimento de carreiras e

a avaliação de desempenho são os instrumentos básicos utilizados pelas organizações. De

acordo com Brito (2005, p. 118):

O objetivo da função de aplicação de recursos humanos é construir as referências que permitem ao trabalhador o gerenciamento de sua carreira profissional mediante a integração na cultura organizacional, o posicionamento dentro de um espaço

96

organizacional, a oferta de possibilidades de ascensão profissional e a avaliação de desempenho.

Desse modo, após recrutar e selecionar o empregado, a organização busca adequá-lo a

uma função e ao mesmo tempo fornece instrumentos necessários ao seu trabalho. No entanto,

as atividades desempenhadas são avaliadas de acordo com as metas e objetivos empresariais.

Isso quer dizer que o desempenho do empregado é avaliado continuamente para que o mesmo

esteja pautado às exigências organizacionais, isto é, em outras palavras, a avaliação de

desempenho tem caráter estratégico, que busca se adequar aos objetivos organizacionais, além

de proporcionar diagnósticos da realidade da organização, conforme expõem Hipólito; Reis

(2002, p. 85): “a importância das avaliações está, portanto, no subsídio à decisão gerencial

com base em critérios definidos como legítimos pela organização e pelos profissionais”. De

modo similar, Ulrich (1998, p. 92) entende que “para traduzir a estratégia em ação é

necessário disciplina. O conceito para a passagem da estratégia à ação é o diagnóstico

organizacional, ou seja, a sistemática avaliação e calibragem das práticas organizacionais em

função das metas empresariais”.

Sendo a avaliação de desempenho uma ferramenta indispensável para uma adequada

gestão de pessoas, observou-se que há evidências concretas de programas de avaliação de

desempenho nas empresas pesquisadas, conforme Quadro 15, não importando o porte

empresarial, confirmando ampla disseminação de tal prática:

Função Práticas desenvolvidas

Micro Pequena Média Grande

Aplicação

Plano de Cargos, Carreira e Salários

4

Plano de Cargos, Carreira e Salários

5

Plano de Cargos, Carreira e Salários

5

Plano de Cargos, Carreira e Salários

6

Avaliação de desempenho

6 Avaliação de desempenho

9 Avaliação de desempenho

7 Avaliação de desempenho

11

Promove rodízio interno de funções

1 Promove rodízio interno de funções

3 Promove

rodízio interno de funções

3

Quadro 15 – Práticas desenvolvidas relacionadas à função aplicação da gestão de pessoas Fonte: Dados da pesquisa (2009) Obs.: As quantidades expostas foram calculadas a partir das práticas explicitadas nos livros pesquisados

97

No entanto, segundo Hipólito; Reis (2002, p. 73-74), a avaliação de desempenho:

[...] deve interconectar-se com outras funções de gestão de recursos humanos intercambiando inputs com práticas de seleção, desenvolvimento profissional, gestão de carreira, remuneração e assim por diante a fim de alavancar os profissionais de uma empresa a níveis superiores de desempenho.

Um fato observado que merece destaque é que, em algumas empresas pesquisadas, os

programas de avaliação de desempenho estão atrelados a matrizes de competências e perfis

profissionais, bem como aos indicadores estratégicos, sendo realizado previamente um

mapeamento de tais conhecimentos, habilidades e atitudes exigidas para cada atividade ou

função, conforme expõe SESI (2008b, p. 30), ao afirmar que “possui uma planilha de cargos e

funções, em que constam as competências segmentadas por conhecimento, habilidade e

atitude. Essas competências orientam a avaliação de desempenho dos colaboradores, realizada

anualmente” e informa ainda que “o desempenho dos funcionários é acompanhado a partir de

uma Matriz de Competências” SESI (2005, p. 21).

Esse tipo de avaliação constitui-se “referencial-chave para diagnosticar necessidades

de desenvolvimento e para subsidiar reflexões sobre a alocação do profissional, de modo a

permitir que a organização se aproprie da maneira mais ampla possível de suas qualidades”

(DUTRA; FLEURY; RUAS, 2008, p. 157). De forma concreta, as afirmações abaixo

evidenciam as ações relacionadas à avaliação de desempenho, que está intimamente vinculada

ao perfil de competência profissional:

A análise de desempenho leva em conta a competência, habilidade e experiência do colaborador (SESI, 2007, p. 56). A Avaliação de Desempenho é realizada semestralmente – Outra forma de avaliação leva em conta os dados de desempenho de produção, ou seja, com base em indicadores das máquinas gerenciados por um software específico (SESI, 2008b, p. 38). Com a Avaliação de Desempenho do colaborador, o diretor, as chefias e os colegas que se relacionam diretamente com ele analisam seu grau de comprometimento individual e em equipe, seu nível de conhecimento teórico e prático, habilidades técnicas e atitudes comportamentais (SESI, 2008b, p. 85).

Em algumas empresas de médio e grande porte encontram-se as avaliações de

desempenho 360º e, em outras, a avaliação de desempenho é realizada através de softwares

que auxiliam o acompanhamento das metas e permitem um diagnóstico preciso do

desempenho real dos funcionários e da organização. Como exemplo, tem-se uma empresa de

grande porte que revela a forma como é avaliado o desempenho do empregado:

98

O colaborador da área administrativa dispõe do Personal Business Plan (PBP) e o colaborador da área operacional dispõe do Individual Career Plan (ICP). O PBP é um diálogo estabelecido entre o superior imediato com cada um dos membros de sua equipe, com o objetivo de melhorar o desempenho mediante o alinhamento dos objetivos individuais com os objetivos do negócio. O ICP possui o mesmo mecanismo, porém avalia o colaborador segundo os objetivos da equipe, não os individuais. A partir dos resultados, a liderança conversa com cada um e elabora um plano de desenvolvimento (SESI, 2007, p. 139).

Essas práticas diagnosticadas corroboram a afirmação de Hipólito; Reis (2002),

quando expõem as principais tendências do processo de avaliação de pessoas que podem ser

resumidas nos seguintes pontos: utilização de diversas ferramentas de avaliação, cada qual

muito bem definida quanto ao foco e aos resultados pretendidos; utilização de avaliações com

múltiplas fontes (avaliação 360º) com feedbacks de chefias, pares, subordinados e clientes

internos e externos; fortalecimento do papel dos gerentes como coaches no apoio ao

desenvolvimento e à melhoria de desempenho; o estabelecimento de um compromisso

alinhado à estratégia empresarial.

Em relação aos planos de desenvolvimento de carreiras, o resultado aponta para a

existência dos Planos de Cargos, Carreira e Salários baseados em competências, tempo de

serviço, desempenho e outros aspectos comportamentais, conforme o Quadro 16:

Função Práticas diagnosticadas

Aplicação

� Plano de Cargos, Carreira e Salários baseado em competências, tempo de serviço, desempenho e outros aspectos comportamentais;

� Programas de gerenciamento de carreiras; � Programa de avaliação de desempenho baseado em competências; � Avaliação de desempenho, dentre elas a avaliação 360º; � Sistema de rodízio nos postos de trabalho ou Job Rotation.

Quadro 16 – Resumo das práticas diagnosticadas relacionadas à função aplicação da gestão de pessoas Fonte: Dados da pesquisa (2009)

Para Milkovich; Boudreau (2000, p. 301): “as carreiras desenvolvem-se por meio da

interação entre as escolhas do empregado ao buscar suas aspirações e as escolhas da empresa

ao proporcionar as oportunidades que promovam as metas organizacionais”. Todavia, foram

nas empresas de grande porte que se verificaram programas específicos de gerenciamento de

carreiras, tais como: Programa Investimento em Pessoas, Plano de Desenvolvimento e

Carreira Profissional e Trilha de Encarreiramento, que promovem melhorias no desempenho e

comprometimento dos empregados, gerando maior credibilidade em relação à organização,

99

pois “estabelecer um centro de gerenciamento de carreiras ajuda um programa a ganhar

credibilidade” (ULRICH, 2000, p. 304).

Ainda na função aplicação da gestão de pessoas e integrada ao plano de carreira, há a

mobilidade interna ou sistemas de rodízio nos postos de trabalho. “A mobilidade interna dos

empregados diz respeito à maneira como eles são promovidos, rebaixados e transferidos

dentro da organização” (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p. 297). Esses autores entendem

que essa mobilidade deve estar também integrada com os processos de recrutamento, seleção

e demissão ou retenção (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000).

Na pesquisa realizada, verificou-se a existência dos sistemas de rodízio nos postos de

trabalho ou Job Rotation, em algumas empresas, com exceção das empresas de médio porte.

De acordo com o SESI (2007, p. 70), o “Programa de Job Rotation busca o aprimoramento

das competências, possibilitando o exercício de diferentes funções e proporcionando novos

desafios e aprendizado contínuo”. Para SESI (2006, p. 4), é interessante promover rodízio

interno de funções, “dando assim condições para uma efetiva troca de experiências” ou

“procurando desenvolver um colaborador multifuncional [...] que agrega competências e

habilidades por meio do intercâmbio entre técnicos da manutenção e operadores” (SESI,

2006, p. 19).

Dessa maneira, observando as práticas socialmente responsáveis, relacionadas à

função aplicação da gestão de pessoas, verifica-se que a avaliação de desempenho é uma

ferramenta bem disseminada nas empresas pesquisadas, independente do porte empresarial e,

geralmente, é baseada em competências, assim como os planos de cargos, carreira e salários

diagnosticados nos dados coletados. Todavia apenas nas grandes empresas há evidências de

programas específicos de gerenciamento de carreira. Em contrapartida, poucas empresas

utilizam o rodízio de funções ou Job Rotation como práticas que buscam desenvolver seus

funcionários em relação a outras atividades da empresa.

4.4 A FUNÇÃO DESENVOLVIMENTO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

O treinamento ou a capacitação e o desenvolvimento organizacional são os principais

objetivos da função desenvolvimento da gestão de pessoas. Essa função talvez seja a mais

importante nos novos modelos de gestão de pessoas (BRITO, 2005). De acordo com Marras

(2000, p. 299):

100

O desenvolvimento organizacional desempenha importante missão na área da AERH: diz respeito às responsabilidades de planejar e acompanhar o crescimento organizacional, no seu todo, ao longo do tempo, garantindo que os objetivos estrategicamente traçados mantenham-se no rumo.

Dessa forma, há uma tendência no ambiente empresarial para uma renovação

substancial dos tradicionais centros de treinamento e desenvolvimento, para que estes possam

contribuir efetivamente com os objetivos e metas empresariais, sempre agregando valor à

organização (EBOLI, 2002). Nesse sentido, essa mudança torna-se perceptível em muitas

empresas pesquisadas, em especial as de grande porte, que detem de estruturas mais

adequadas para o desenvolvimento organizacional.

Nas microempresas pesquisadas, não há evidência de centros de treinamento que

permitam um desenvolvimento contínuo e integrado, no entanto, assim como nas demais

empresas de outros portes, são promovidos cursos técnicos internamente. Por outro lado, é

mais comum a utilização de cursos externos, bem como o fornecimento de bolsas de estudos.

Em se tratando das bolsas de estudo, estas dão subsídio principalmente para cursos

técnicos que estejam relacionados à atividade realizada pelo funcionário na empresa. Todavia,

há também possibilidades de fornecimento desse beneficio para cursos de idiomas, graduação

e até pós-graduação, geralmente acompanhados da flexibilização dos horários de trabalho,

para que os funcionários que estudam possam participar das aulas normalmente. Nesses casos,

a variação quanto ao fornecimento dessas bolsas e participação em cursos externos ocorre de

acordo com o programa de educação desenvolvido por cada organização. O fato é que a

promoção de cursos e o fornecimento de bolsas de estudo são práticas presentes na maioria

das empresas pesquisadas, como está exposto no Quadro 17:

101

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102

Na maioria das empresas pesquisadas, foram diagnosticados diversos meios de

disseminação, desenvolvimento e criação de conhecimento, através de programas de educação

corporativa que, na maioria das vezes, ocorre de forma continuada, baseando-se no perfil de

competência. Dentre eles, destacam-se a utilização da intranet como veículo de comunicação;

espaços específicos para treinamentos, como os centros de treinamento e, em especial, as

universidades corporativas; os programas de coach e de trainee, que foram encontrados nas

empresas de pequeno e grande porte; os programas de desenvolvimento de lideranças; e os

grupos de melhoria que agem como equipes que buscam verificar continuamente as possíveis

falhas e soluções para os procedimentos operacionais nas empresas.

Indiscutivelmente, as empresas de grande porte demonstram ter uma melhor estrutura

para que equipes de formação e capacitação proporcionem aos funcionários um contínuo

desenvolvimento individual, o que, por sua vez, acarreta no desenvolvimento organizacional.

Entretanto percebe-se que, independente do porte empresarial, as empresas pesquisadas se

preocupam de forma acentuada com questões relacionadas à educação corporativa e o

desenvolvimento dos seus funcionários, pois a partir destes é que o desenvolvimento

organizacional ocorre.

Em relação aos planos de desenvolvimento de pessoas, os planos bem fundamentados

se encontram nas empresas de pequeno, médio e grande porte e tem o intuito de formar novas

competências, desde que estas sejam úteis e adequadas às competências essenciais da

organização, ou seja, estejam alinhadas às estratégias organizacionais.

Segundo Dutra; Fleury; Ruas (2008), um plano de desenvolvimento pessoal e

corporativo só pode sem bem-sucedido se houver um alinhamento entre o desenvolvimento

dos talentos humanos ou competências humanas e as competências empresariais. Dessa

maneira, o treinamento e desenvolvimento tornam-se imprescindíveis para as organizações

que buscam vantagens competitivas, pois “é por intermédio do processo de aprendizagem que

a organização pode desenvolver as competências essenciais ao seu posicionamento

estratégico” (FLEURY; JUNIOR, 2002, p. 138).

Esses planos de desenvolvimento organizacional objetivam capacitar indivíduos que

sejam aptos a realizar tarefas cada vez mais complexas e fundamentais para a organização. De

fato, até mesmo os treinamentos tradicionais são envolvidos e relacionados às diversas

atividades e funções da gestão de pessoas. Para isso, há uma integração de conhecimentos e

compartilhamento de informações entre os indivíduos envolvidos, pois “as melhores empresas

integram o treinamento dentro de um conjunto sistemático de atividades de RH, incluindo o

provimento interno e externo, sistema de recompensas e planejamento das funções”

103

(MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p. 339). Ainda referindo-se à integração no processo de

treinamento e capacitação, Le Gall (2008, p. 118) entende que:

Independentemente da modalidade e dos objetivos da formação, é importante considerar que ela não pode ser isolada de outros aspectos da situação de trabalho – que vão, por sua vez, facilitar ou dificultar a aplicação das novas competências. A formação é apenas um dos elementos do processo de mudança.

Eboli (2002) expõe uma das realidades empresariais que se refere à função de

desenvolvimento de recursos humanos, que é a necessidade do autodesenvolvimento e da

aprendizagem contínua. Por isso, essa nova exigência estimula as empresas a implantarem

sistemas educacionais que tenham o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes

como privilégio, e não um conhecimento limitado aos aspectos instrumentais e técnicos.

Além do autodesenvolvimento e dos programas de desenvolvimento de pessoal, há

empresas que fundamentam seus programas de educação de forma contínua e estratégica. De

acordo com Le Gall (2008, p. 117), “algumas empresas mantêm uma formação ‘quase

permanente’, o que faz com que sua estratégia e seus projetos se caracterizem por uma

vocação fortemente mobilizadora”. Dessa maneira, o Quadro 18 apresenta, de forma

resumida, os programas voltados para a educação corporativa encontrados nesta pesquisa:

104

Função Práticas relacionadas aos Programas de Educação Corporativa

Desenvolvimento

� Pagamento de cursos relacionados à prática profissional

� Programa bolsas de estudos � Programa Anual de capacitação

profissional � Plano Anual e Semestral de

treinamentos � Programa de formação � Plano de Desenvolvimento de

Educação � Programa de Educação

Corporativa � Programa de Desenvolvimento

Contínuo � Plano de Desenvolvimento

Individual � Plano de Desenvolvimento de

Recursos Humanos � Plano de desenvolvimento de

pessoas � Programa de Inclusão Digital � Projeto Criando Fortes Talentos � Projeto Saber

� Programa Colaborador � Programa de Coach e Trainee � Projeto Anjo da Guarda � Programa Indústria em Ação � Apadrinhamento para recepção e

integração dos novatos � Programa de gestão por competência � Plano de Melhoria de Competências � Programa de desenvolvimento de

lideranças � Programa de Educação Continuada � Programa de Desenvolvimento Nossa

Gente � Formação de facilitadores e de

liderança / Programa de Sucessores � Programa Líder Sombra � Programa Volta a Escola � Centro de Treinamento / Learning Center / Salas de estudo

� Universidade Corporativa � E-learning (Campus Virtual) � Utilização da intranet / Portal

eletrônico, revistas, jornal e programas televisivos próprios

Quadro 18 – Resumo das práticas relacionadas aos programas de educação corporativa Fonte: Dados da pesquisa (2009)

Ainda na função desenvolvimento da gestão de pessoas, foram identificados, nas

empresas de pequeno e grande porte, programas de coach e trainee, sendo o primeiro muitas

vezes denominado Projeto “Anjo da Guarda”, “que equivale à das chefias imediatas, para

fortalecer o relacionamento entre todos e estruturar um ambiente de trabalho baseado em

equipes de produção, que constitui uma característica inovadora de gestão” (SESI, 2006, p. 4).

De acordo com uma empresa que possui o Projeto “Anjos da Guarda”, este “funciona

com a nomeação de colaboradores encarregados de mediar eventuais conflitos internos.

Segundo Gil (2009, p. 283), “coach é, portanto, um profissional que se compromete, no

âmbito de uma organização, a apoiar as pessoas que visam alcançar determinado resultado”.

Para Mascarenhas (2008, p. 210), “essas práticas (bem como a avaliação de competências), se

bem consolidadas, podem contribuir para a construção de uma cultura organizacional centrada

na promoção da aprendizagem, em detrimento da cultura controladora”.

Outro programa identificado nas empresas de pequeno, médio e grande porte se refere

aos programas de desenvolvimento de lideranças. De acordo com o SESI (2008b, p. 149):

105

O Programa de Eficiência Pessoal (PEP), desenvolvido principalmente entre as lideranças, oferece um treinamento individualizado para que o colaborador possa ser acompanhado por um consultor encarregado de observar sua rotina e orientá-lo para aproveitar melhor seu tempo, organizando o dia-a-dia e aprimorando sua performance.

Vale destacar, na função de desenvolvimento da gestão de pessoas, os instrumentos e

ferramentas cada vez mais inovadores, além das tendências, quando relacionadas aos

processos de aprendizagem, como é o caso das universidades corporativas. De acordo com

Dutra (2001, p. 111):

Essas tendências apontam para um novo aspecto na criação de uma vantagem competitiva sustentável: o comprometimento da empresa com a educação e com o desenvolvimento dos indivíduos. Surge assim a idéia da Universidade Corporativa (UC), como um veículo eficaz para o alinhamento e o desenvolvimento dos talentos humanos em relação às estratégias empresariais.

Observando o Quadro 17, percebe-se a existência de universidades corporativas em

empresas de médio e grande porte. Atualmente, o contexto organizacional tem suscitado

investimentos dessa natureza, além de tornar possíveis decisões inovadoras, quando

relacionados à aprendizagem organizacional, pois o ambiente dinâmico em que as

organizações estão inseridas exige a implantação de ações voltadas a capacitações contínuas

dos seus empregados, no intuito de torná-las mais competentes em suas atividades. É comum

e cada vez mais frequente, as empresas desenvolverem programas de formação, treinamento e

desenvolvimento de pessoas, não se restringindo a centros de treinamento, mas na construção

de centros educacionais e universidades corporativas (GIL, 2009). Segundo Milkovich;

Boudreau (2000, p. 363), “estas seriam grandes centros de treinamento, localizadas em sítios

paradisíacos, frequentemente com instalações residenciais e equipamentos de última geração”.

Dessa maneira, no âmbito da organização, o processo de aprendizagem vem se

tornando cada vez mais importante, a ponto de serem investidos quantitativos consideráveis,

para que ocorra a disseminação, o desenvolvimento e a criação do conhecimento de forma

adequada através das universidades corporativas. Afinal, é “por meio da Universidade

Corporativa, que se realiza MBA em Gestão Empresarial e a intranet oferece, no endereço da

Educação Continuada, palestras e artigos, principalmente sobre assuntos relacionados à

liderança e vendas” (SESI, 2006). Entretanto, no bojo dessa afirmação, entende-se que as

universidades corporativas agem como “um guarda-chuva estratégico para desenvolver e

educar funcionários, clientes, fornecedores e comunidade, a fim de cumprir as estratégias

empresariais da organização” (MEISTER, 1999, p. 29).

106

Além do mais, “essas escolas podem ser um veículo de certificação profissional e de

publicidade mercadológica” (MAYO, 2003, p. 164), como também uma proposta inovadora

de aprendizagem tanto para os indivíduos como para os grupos organizacionais, apontando

sempre para a criação de um maior comprometimento da empresa com a educação e o

desenvolvimento organizacional. Deve-se levar em consideração que as universidades

corporativas agem como um eficiente instrumento de alinhamento entre as competências

individuais e as estratégias organizacionais (MASCARENHAS, 2008; EBOLI, 2002), pois “a

aprendizagem e a inovação são os grandes fundamentos de crescimento do capital intelectual

no futuro” (MAYO, 2003, p. 164). Empresas pesquisadas apontam a importância do processo

de desenvolvimento organizacional quando afirmam:

O Programa de educação e desenvolvimento da Conex encontra-se bem-estruturado e abrange não só a qualificação técnica, mas também a capacitação pessoal [...] A atenção sobre o colaborador é individualizada e contínua, ocorrendo desde o processo de admissão (SESI, 2007, p. 56). A empresa possui o Learning Center – um departamento destinado exclusivamente para o aperfeiçoamento e aumento de habilidades e competências (SESI, 2007, p. 69-70). Educação, capacitação e desenvolvimento pessoal fazem parte dos objetivos estratégicos, onde a principal preocupação é compatibilizar necessidades pessoais com as da empresa, tendo como foco a cultura da excelência. Existe a preocupação com a educação continuada, incorporada ao Plano de Treinamento Anual, que busca o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes importantes para os negócios, como também para a melhoria constante do desempenho organizacional. Dispõe de diversos incentivos financeiros para a aquisição de novos conhecimentos (SESI, 2006, p. 18). O tema Educação e Desenvolvimento consta no objetivo estratégico do Balanced Scorecard da empresa, que elabora o Plano Anual de Treinamento, em que estão previstas as ações para qualificação, atualização e desenvolvimento das competências técnicas e comportamentais dos colaboradores (SESI, 2007, p. 87-88). A identificação de necessidades de formação, atualização de conhecimentos, aquisição de habilidades e desenvolvimento profissional dos colaboradores é feita com base na Matriz de Habilidades (SESI, 2005, p. 15). O programa de educação tem o objetivo de proporcionar o desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores pela aquisição de novas competências, habilidades, atitudes e conceitos (SESI, 2006, p. 3). O Plano Anual de Treinamento prevê também capacitações internas e externas de acordo com as necessidades dos colaboradores e da empresa. Estas necessidades são determinadas em função dos cargos exercidos e das competências que precisam ser adquiridas (SESI, 2006, p. 12).

Daí afirma-se que “cada vez mais, os gastos com programas de treinamento têm sido

encarados como investimentos estratégicos, similares àqueles realizados com novas

107

instalações e equipamentos. O treinamento continuado é vital para a obtenção de

competitividade” (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p. 32). Todavia o caso específico de

uma microempresa chamou a atenção quando relatou que “ainda não realiza ações em

educação e desenvolvimento por estar priorizando os investimentos na empresa” (SESI, 2006,

p. 7).

Em relação aos meios que possibilitam aprendizagem nas organizações, apenas em

duas empresas de grande porte constatou-se a utilização de um Campus Virtual que permite a

disseminação do conhecimento de forma mais rápida, tendo em vista que “a transferência de

conhecimento confere os mesmos benefícios propiciados pela organização de aprendizado:

responder mais rápido às condições do mercado, de aprender mais depressa com os fracassos

e sucessos e de formar capital intelectual e humano” (ULRICH, 1998, p. 293). Para tanto,

algumas ferramentas são utilizadas, tais como a intranet, os jornais e os portais eletrônicos,

conforme algumas afirmações abaixo:

Viking Online; intranet (94 pontos de acesso distribuídos pela planta da empresa). Para viabilizar a participação dos colaboradores nos processos decisórios, há duas ferramentas que se destacam: as Equipes Autogerenciáveis (EAG) e a Pesquisa Volvo Group Attitude Survey (SESI, 2008b). Dispõe do Jornal Eletrônico Semanal – informativo disponibilizado na Clicnet (SESI, 2008b, p. 72). Na intranet da empresa, existe um link para cada área, onde todos têm acesso (SESI, 2005, p. 11).

Para implementar um processo de aprendizagem em equipe é necessário o

desenvolvimento de times de aprendizagem ou equipes específicas que se reúnam para

atuarem como parceiros da organização. No entanto, apenas em duas empresas de grande

porte essa realidade foi encontrada, ou seja, uma equipe denominada interfuncional e outra

autogerenciável, atuando como facilitadoras e parceiras do processo de disseminação do

conhecimento, as quais trazem indivíduos que conduzem para a discussão das estratégias suas

próprias habilidades e talentos e de forma conjunta, agrupam-se em equipes para definir metas

empresariais (ULRICH, 1998).

As práticas socialmente responsáveis alinhadas à função desenvolvimento da gestão de

pessoas é sem dúvida nenhuma, as mais evidenciadas pelas empresas pesquisadas. No

entanto, é perceptível uma considerável diferença das ações e práticas desenvolvidas pelas

empresas de acordo com o porte empresarial. De fato, nas micro-empresas, os programas de

educação corporativa e ações relacionadas não diferem muito do modelo tradicional de

108

treinamento e desenvolvimento organizacional. Em contrapartida, nas empresas de grande

porte, as novas práticas de gestão de pessoas (programas de educação corporativa mais

concisos e integrados, universidades corporativas, programas de coaching e trainee,

programas de desenvolvimento de lideranças e times de aprendizagem, dentre outros),

relacionadas ao desenvolvimento, estão mais presentes e atuantes nas diversas áreas

organizacionais, agindo de forma integrada e alinhadas às estratégias empresariais. Esse

diagnóstico revela que a implantação e manutenção de uma estrutura adequada voltada para a

educação corporativa demandam custos consideráveis e resultados em longo prazo, isto é, são

as empresas de grande porte, na maioria das vezes, que investem valores relevantes em

programas específicos voltados para o desenvolvimento organizacional que fazem parte do

escopo estratégico empresarial. Nesse caso, algumas empresas pesquisadas de médio e grande

porte tem buscado implementar práticas que permitam o alcance de melhores resultados

quanto ao desenvolvimento dos funcionários.

4.5 A FUNÇÃO MANUTENÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

No tocante à função manutenção da gestão de pessoas, mudanças consideráveis tem

ocorrido a ponto de, atualmente, existirem diversas formas de remuneração que variam de

acordo com a cultura e estratégia empresarial. Bohlander; Snell; Sherman (2005, p. 253)

destacam essas mudanças como necessárias para o atual contexto organizacional:

[...] Um resultado do dinâmico ambiente de negócios atual é que se antes os gerentes pagavam por uma função ou cargo específico, hoje eles tiveram de mudar sua filosofia de remuneração para recompensar os funcionários com base em suas contribuições individuais para o sucesso das empresas. Um programa de remuneração, portanto, deve ser adaptado às necessidades das empresas e de seus funcionários.

Vale destacar que, “para aumentar a produtividade e reduzir os custos de mão-de-obra

no ambiente econômico competitivo de hoje, as empresas estão estabelecendo cada vez mais

objetivos de remuneração com base em um padrão de remuneração por desempenho”

(BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005, p. 254). Além do mais, “associar as

recompensas ao desempenho organizacional também assegura uma postura justa e tende a

focalizar os funcionários na organização” (BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005, p.

473).

109

Seguindo essa orientação, as empresas pesquisadas demonstram estar inovando cada

vez mais seus processos de recompensas e benefícios, variando os tipos de benefícios e

recompensas oferecidos de acordo com o porte e estrutura da empresa, conforme o Quadro

19:

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Segundo Gil (2009, p. 189):

Na última década, as empresas começaram a perceber que os programas tradicionais de remuneração foram suplantados por novas estruturas, estratégias e processos de trabalho. Muitas empresas passaram, então, a procurar soluções de remuneração mais compatíveis com a nova ênfase em valores como qualidade, serviço ao cliente, trabalho em equipe e produtividade.

As “soluções” encontradas são variadas e cada vez mais utilizadas pelas organizações,

tais como: a participação nos lucros e resultados organizacionais, incentivos individuais e em

equipe ou a curto e longo prazo, pagamentos em quantias únicas, programas de

reconhecimento e premiações simbólicas que expressem a conquista de determinados

objetivos (FLANNERY, HOFRICHTER; PLATTEN, 1997). Dessa maneira, “as diversas

formas de remuneração variável podem ser classificadas em dois grandes grupos: a

participação nos lucros e a remuneração por resultados. A primeira tem como base os

resultados globais da empresa; a segunda parte de metas e objetivos negociados entre empresa

e funcionários” (WOOD JR.; PICARELLI, 1996, p. 82). Para Milkovich; Boudreau (2000, p.

422), “a participação nos lucros é o pagamento aos empregados de uma parcela dos lucros da

empresa que tenha excedido ao nível preestabelecido” (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p.

422). De qualquer forma, mesmo diante de diversas alternativas de remuneração, o objetivo

permanece intacto: “alinhar e convergir esforços para melhorar o desempenho da empresa.”

(WOOD JR.; PICARELLI, 1996, p. 84).

Sendo assim, para que os objetivos sejam alcançados quanto ao processo de

remuneração, alguns quesitos devem ser observados, tais como: o alinhamento do esforço

individual com as diretrizes organizacionais; a orientação para o processo e para resultados; o

incentivo para o desenvolvimento de práticas participativas e integradoras; e o

desenvolvimento contínuo do indivíduo (WOOD JR., 1997). O autor afirma que “a

multiplicidade de formas de remuneração tem crescido devido à necessidade de encontrar

maneiras criativas para aumentar o vínculo entre as empresas e seus funcionários” (WOOD

JR., 1997, p. 90), porém, a essência permanece a mesma, podendo ser classificada em seis

grandes grupos: a remuneração funcional, o salário indireto, a remuneração por habilidades ou

por competências, a remuneração variável, a participação acionária e as alternativas criadas

(WOOD JR., 1997). Além da recompensa no sentido estrito de salário, há incentivos e

premiações que também são utilizados nas empresas, pois, “o reconhecimento não-monetário

pode proporcionar, do mesmo modo, uma grande oportunidade para reforçar mensagens-

chave e recompensar comportamentos desejáveis” (MAYO, 2003, p. 145).

112

De acordo com o Quadro 20, todas as empresas pesquisadas possuem programas de

premiações, desde que os resultados e metas empresariais sejam alcançados de forma

satisfatória. Dentre as formas de premiação e bonificação, encontram-se a participação nos

lucros e resultados (que é mais evidenciada em empresas de grande porte), as gratificações, as

comemorações específicas para destacar um funcionário ou equipe por um desempenho

exemplar. Tudo isso, no entendimento de Ulrich (1998, p. 175), “ajuda os funcionários a dar

conta de demandas aumentadas”, tornando-se um instrumento que faz parte de uma cultura

que busca estipular metas em conjunto com os empregados e, concomitantemente, traçar

planos para superá-las.

Função Práticas diagnosticadas

Manutenção

� Programa de participação nos lucros e resultados; � Gratificação sob a forma de 14º e até de 15º salário; � Bonificações por produtividade; � Premiação por assiduidade; � Colaborador-padrão; � Bônus por mérito ao desempenho e dedicação; � Premiação para o destaque do mês; � Sistema de premiação por produção e vendas; � Prêmio de Produção Especial.

Quadro 20 – Práticas relacionadas às premiações concedidas aos funcionários Fonte: Dados da pesquisa (2009)

Por isso, “as empresas estão aprendendo que a partilha dos ganhos econômicos da

consecução de metas funciona e ajuda os funcionários a permanecer motivados para alcançar

metas cada vez mais difíceis” (ULRICH, 1998, p. 175), conforme expressa uma empresa

pesquisada: “Prêmio de Participação nos Resultados (PPR) estabelece metas de produtividade

como instrumento de motivação dos funcionários (SESI, 2005, p. 25). Isso confirma que “a

filosofia por trás desse tipo de plano é que ele aproxima os empregados da empresa, fazendo

com que eles se identifiquem com o objetivo de lucro e assim reduzam os desperdícios e

melhorem a produtividade” (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p. 422). Algumas práticas

diagnosticadas exemplificam o que já foi comentado:

Campanha Todos Ganham, que consiste na distribuição de resultados da empresa no final do ano (SESI, 2008b, p. 30).

Os colaboradores também recebem anualmente a PLR e, como forma de reconhecimento e incentivo àqueles que atingirem ou superarem suas metas, há uma bonificação que pode chegar a três vezes o valor de seu salário (SESI, 2008b, p. 122).

113

Oferece diversos tipos de benefícios como forma de reconhecimento pelo trabalho e dedicação dos colaboradores, destacando-se a participação nos lucros e resultados e bônus por mérito ao desempenho e dedicação (SESI, 2006, p. 15). Utiliza diferentes formas para recompensar o trabalho dos colaboradores: prêmios por assiduidade e de participação em resultados, colaborador-padrão, política de cargos e salários, gestão por competência e festas de confraternização (SESI, 2006, p. 12). Os salários são considerados bons pelos colaboradores, que recebem participação nos lucros duas vezes ao ano. Colaboradores que se destacam pela produção e disciplina também são premiados (SESI, 2006, p. 4). Promove o destaque do mês, escolhido pelos próprios colegas de trabalho, que recebe um prêmio e tem sua fotografia afixada na entrada da empresa (SESI, 2006, p. 13). Há uma premiação aos colaboradores considerados Destaques do Ano, eleitos pelos próprios colegas, segundo critérios de produtividade, assiduidade, comprometimento, relacionamento com a equipe e qualidade no trabalho (SESI, 2007, p. 157).

Merecem destaque os programas de recompensa que não se restringem ao desempenho

individual, mas, também, ao desempenho por equipe, tendo em vista que “recompensar o

desempenho da unidade é importante, porque evita que os funcionários coloquem suas

necessidades individuais ou funcionais acima das necessidades dos clientes” (ULRICH, 2000,

p. 215). Algumas afirmações dão ênfase às premiações oferecidas pelo trabalho em equipe:

O Programa de Excelência de Fábrica (PEF) permite definir a participação dos colaboradores nos lucros e confere a pontuação da unidade no Programa Campeonato Mundial por Célula, que premia as fábricas que alcançam os melhores resultados da corporação (SESI, 2007, p. 105). A Amazônia Celular procura recompensar o bom desempenho e resultados alcançados pelas equipes, premiando-as com equipamentos eletrônicos, computadores portáteis e até um automóvel – no caso do Programa Velocidade Máxima (SESI, 2008b, p. 72). O informativo Participação dos Lucros e Resultados da Empresa (PLRE) mantém as equipes atualizadas com relação aos indicadores de desempenho e às metas atingidas no final de cada período. A bonificação pode chegar a um salário nominal (SESI, 2008b, p. 110).

Em relação aos programas de benefícios, todas as empresas pesquisadas

disponibilizam alguns. Segundo Wood Jr. (1997), os benefícios são entendidos como salários

indiretos, que podem ocorrer de forma mais tradicional ou mais flexível. No último caso, as

empresas fornecem programas de benefícios de acordo com suas possibilidades e

preferências, constituindo um elevado investimento para a organização, destacando-se a

diversidade de benefícios oferecidos aos empregados, conforme o Quadro 21:

114

Resumo dos benefícios oferecidos pelas empresas � Plano de saúde � Assistência médico-odontológico, ginecológico,

psicológico e fonoaudiólogo � Auxílio-natalidade � Auxílio-casamento � Auxílio-material escolar � Auxílio-farmácia � Auxílio-creche � Kit-bebê, kit escolar � Auxílio-educacional � Auxílio-doença � Auxílio-social � Auxílio-alimentação � Auxílio-transporte � Auxílio-moradia

� Auxílio jurídico � Auxílio combustível � Vale-gás � Vale-cultura � Vale-educação � Convênio com ótica, supermercado,

restaurante, papelaria, oficinas de bicicleta, academia de ginástica, perfumaria

� Plano de previdência privada � Programa de Preparação para Aposentadoria � Fornecimento de cesta básica e cesta natalina � Refeitório instalado na empresa � Seguro de vida � Estacionamento

Quadro 21 – Resumo dos benefícios oferecidos pelas empresas Fonte: Dados da pesquisa (2009)

De forma semelhante, a maioria das empresas pesquisadas também se preocupa com a

integração dos funcionários e realiza, costumeiramente, eventos comemorativos e sócio-

culturais, além de desenvolver variados mecanismos e ações que proporcionam melhorias no

ambiente de trabalho, principalmente os programas de incentivo às práticas esportivas e os

espaços físicos destinados para descanso e lazer, conforme o Quadro 22.

Programas desenvolvidos relacionados à saúde � Programa Link Vida Legal � Programa Vida Legal � Programa Indústria Saudável � Projeto Saúde e Mente do Colaborador � Programa Qualidade de Vida – Bunge Vida � Programa Qualidade de Vida � Programa Viva a Vida � Programas Lazer e Esportes � Programa Bem-Estar � Programa de Qualidade de Vida � Programa Micropausa � Programa Vidinha Legal � Programa Saúde na Praça � Programa de Ginástica Laboral � Programa Saúde da Mulher � Programa Saúde e Mente do Trabalhador � Programa Saúde é Vida � Programa de Saúde Ocupacional

� Programa Segurança, Organização e Limpeza

� Programa Padrão Rio Tinto de Saúde � Projeto Ama-se 100% � Programa Meu Coração � Programa Indústria Saudável � Programa Live Life � Programa Viva Bem Comendo Bem � Terapia para Mulheres (TPM) � Sessões de massagens e acupuntura � Espaço físico para descanso e lazer:

academia de ginástica completa, campos de futebol, associação de funcionários, capela ecumênica, sala de leitura com acesso a internet, biblioteca e videoteca

� Práticas de shiatsu, tai chi chuan, aulas de yoga, capoeira, jiu-jitsu, natação, dança de salão, teatro e coral

Quadro 22 – Programas desenvolvidos relacionados à saúde Fonte: Dados da pesquisa (2009)

Independente do porte empresarial, praticamente todas as empresas pesquisadas, as

quais dispõem de programas de controle médico e saúde ocupacional, bem como dos

115

programas de prevenção de riscos ambientais, principalmente por se tratar de indústrias,

preocupam-se com a higiene e a segurança no trabalho. Além do mais, verificou-se a presença

das CIPA´s, na maioria das empresas de pequeno, médio e grande porte, as CIPA´s, que são

as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes. Ou seja, há uma preocupação com o

ambiente de trabalho nos quesitos de segurança, sendo realizada anualmente em muitas

empresas a SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho). Vale salientar

que essas medidas e ações diagnosticadas são obrigatórias nos ambientes organizacionais, em

especial nas indústrias. Nesse sentido, essas ações não são necessariamente espontâneas ou

socialmente responsáveis, mas exigências legais e imprescindíveis para o desenvolvimento

das atividades e funções específicas de cada empresa pesquisada.

Assim como na função desenvolvimento da gestão de pessoas, torna-se notória uma

maior atenção dada às práticas relacionadas à manutenção da gestão de pessoas pela maioria

das empresas pesquisadas, pois normalmente essas ações proporcionam resultados mais

diretos e significativos junto aos funcionários das empresas, que, não raramente, são mais

influenciados por aspectos que se referem à remuneração, benefícios e incentivos. Entretanto

percebe-se que, quanto maior o porte empresarial, maior o leque de práticas desenvolvidas

pelas empresas quando se refere a esta função da gestão de pessoas, proporcionando aos

funcionários maiores oportunidades em termos de benefícios, incentivos e remuneração.

4.6 A FUNÇÃO CONTROLE DA GESTÃO DE PESSOAS E AS PRÁTICAS

SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

Após analisar as funções planejamento, suprimento, aplicação, desenvolvimento e

manutenção da gestão de pessoas, cabe, neste momento, deter-se na função controle ou

monitoração da gestão de pessoas, que, por sua vez, fecha o ciclo da gestão de pessoas nas

suas seis funções clássicas.

O controle atua como um processo de monitoração que envolve sistemas integrados de

informações sobre os empregado, em outras palavras, há um banco de dados atualizado que

possui diversas informações a respeito dos funcionários, principalmente quando relacionados

ao ambiente de trabalho.

Diferentemente das demais funções, a função controle da gestão de pessoas

praticamente não foi diagnosticada nas ações e práticas socialmente responsáveis premiadas

pelo SESI. A função controle ou monitoração da gestão de pessoas busca acompanhar e

verificar os resultados de trabalho dos empregados por meio de sistemas ou softwares

116

específicos que forneçam informações precisas para eventuais decisões e adequações na

organização. Nesse sentido, a dificuldade de relação entre o controle e as práticas socialmente

responsáveis caracteriza-se pela finalidade específica desta função, que se refere diretamente

à monitoração das pessoas na organização, enquanto as práticas socialmente responsáveis

busca estimular o trabalho e o comportamento do indivíduo na organização através de

melhorias, principalmente relacionadas ao ambiente organizacional. Em apenas uma empresa

de grande porte foi encontrado um sistema específico que monitora os funcionários, conforme

afirmação a seguir:

Cartão de Todos – ou Cartão Operacional de Observação Segura. Este cartão mantém os registros dos colaboradores, no que se refere aos desvios verificados em relação aos comportamentos de risco, uso de EPI, organização, máquinas e equipamentos, necessidades individuais, entre outros aspectos (SESI, 2008b, p. 91).

Por esse motivo, a função controle da gestão de pessoas parece não estar enquadrada

nas práticas socialmente responsáveis premiadas pelo SESI. No entanto, vale destacar a

importância de tal atividade inerente à gestão de pessoas, que contribui com informações

relevantes sobre os funcionários aos responsáveis pelos diversos programas de treinamentos,

capacitações, remuneração, segurança e saúde no trabalho. Enfim, as demais funções da

gestão de pessoas necessitam de informações precisas e coerentes com a realidade

organizacional para que as decisões tomadas sejam adequadas e eficientes.

4.7 ANALISANDO A RELAÇÃO ENTRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A

GESTÃO DE PESSOAS

Mesmo diante dos resultados até então obtidos, que proporcionam um diagnóstico das

práticas de gestão de pessoas presentes nas ações de responsabilidade social premiadas pelo

SESI, alguns pontos ainda serão abordados nesta análise, em especial para identificar se há

relação entre a responsabilidade social e a gestão de pessoas nas práticas socialmente

responsáveis premiadas pelo SESI. As informações apresentadas na pesquisa documental e

pelas empresas entrevistadas apontam que sim. Entretanto, faz-se necessário compreender um

pouco mais a forma como essas ações e práticas surgiram e como são percebidas pelas

empresas.

Percebe-se que o surgimento de tais práticas geralmente ocorreu por motivos

relacionados ao público interno, ou seja, melhoria do ambiente de trabalho, resolução de

117

conflitos, busca por melhorias na qualidade dos procedimentos, qualidade de vida no trabalho,

dentre outros, conforme expõe os entrevistados:

“A partir da nossa primeira participação no PSQT. Recebemos um relatório de feedback então começamos a implantar algumas ações recomendada por eles” (MI1). “A empresa já nasceu com visões voltadas à qualidade de seus produtos e processos, comprometida com responsabilidades sociais e ambientes, bem como, proporcionando aos seus colaboradores e familiares uma excelente qualidade de vida” (MI2). “No ano de 2000, durante o planejamento surgiu a idéia de buscarmos reduzir alguns situações relacionado com pessoal, através do investimento em ações que produzisse beneficio direto na qualidade de vida dos colaboradores” (PE1).

“As ações de Responsabilidade Social fazem parte da filosofia da empresa desde o seu início. A empresa está atenta às necessidades de seus colaboradores, do meio ambiente e da comunidade em que está inserida, procurando responder com as melhores soluções a tudo que viu e ouviu deles” (PE2).

“Foi da necessidade de criar projetos de desenvolvimento e crescimento da empresa” (ME1). “A responsabilidade social deve ser percebida como resultado de políticas capazes de influenciar a vida de todos os colaboradores e integrantes da empresa. Os frutos do pensamento sustentável devem converter-se em melhorias para todos, das pessoas envolvidas direta ou indiretamente, com as instituições, aos diversos setores da sociedade. A filosofia responsável da instituição reflete-se nas decisões capazes de evitar impactos negativos no meio ambiente e, consequentemente, no futuro da própria organização” (GE1). “A Brasal sempre se preocupou com seus colaboradores e aí começa todas as ações em questão de... Tanto que a gente participou de vários prêmios de qualidade, de certificação né? A gente recebeu já, por exemplo, vários prêmios SESI. Hoje a gente foi agraciado, fiquei sabendo hoje, a questão do Prêmio Nacional da Qualidade, o trato com o público interno. Então, várias vezes ganhando o Prêmio da Qualidade do Trabalho, Prêmio SESI. Então pra mim que vem sendo constantemente validado e certificado por prêmios, participação por vários... A certificação OHSAS 18001, enfim, essas coisas que dão para dar um destaque bom nessa nossa preocupação” (GE2).

Nesses casos apresentados, os diversos motivos que influenciaram a criação de

políticas e práticas socialmente responsáveis permitiram às organizações implementar

programas específicos para atingir tais finalidades. Todavia, a escolha dos programas e

políticas relacionadas à responsabilidade social difere de uma organização para outra. Em

algumas, o planejamento e a escolha foram realizadas conjuntamente, como afirmam dois

entrevistados:

118

“Foi planejada e escolhida partindo em primeiro lugar de nossas condições financeiras, escolhemos ações que não nos custava (sic) muito dinheiro, então começamos a por (sic) em prática. Os projetos tiveram sim participação de nossos colaboradores” (MI1). “Os projetos foram surgindo de acordo com a necessidade, idealizados por todos os setores da empresa (Direção, RH, Produção), avaliados e planejados de acordo com prioridades” (PE1).

Já em outras, as decisões partem do escopo gerencial da empresa, que formula e põe

em prática programas e políticas de responsabilidade social, mas, há fortes evidências da

participação dos funcionários que influenciam direta e indiretamente nas decisões quanto aos

programas e práticas socialmente responsáveis, pois torna-se necessário analisar sugestões e

colaborações de pessoas que atuam diretamente nos diversos processos organizacionais.

Entretanto, essas colaborações devem ser efetivamente analisadas e discutidas, não

permitindo que decisões unilaterais sejam postas em evidência, o que não coaduna com a

própria dinâmica da responsabilidade social que visa o bem comum:

“Seu planejamento e seleção se deram mediante as principais necessidades visualizadas, partindo de um pressuposto colaborador – família do colaborador – comunidade local – população e mediante idéias que surgiram, inicialmente, de cima para baixo e, posteriormente e até hoje, conjuntamente com todos os colaboradores” (MI2). “Alguns projetos como: Pingo D´Água, Bom Aluno, Entrega de Material Escolar para Filhos de Colaboradores e o Arte e Vida foram iniciativas por parte da Diretoria da empresa. Outros projetos como Escola de Fábrica, Oficina de Sonho, O Caminho da Profissão. Foram iniciativa que partiram dos colaboradores da empresa e a Diretoria apoiou e incentiva a participação. Existem outras ações que podem ser vista mais como auxílio à comunidade do que Programa de Responsabilidade Social. Ex: apoio às ações da APAE local, Rotary Club de Tamarana, incentivo através de doações para a Feira de Ciências das escolas da cidade, etc. (PE2). “A direção sempre nos apoiou, entendeu? A direção apóia muita a empresa. O Sr. Cláudio que é o diretor presidente, ele dá todas as oportunidades do RH fazer os projetos, então assim, ele é uma pessoa que acata nossas idéias, incentiva, gosta de inovações. Então ele é uma pessoa que te dá abertura pra fazer isso. E a nossa diretora de RH que efetivamente faz com que os projetos realmente aconteçam” (ME1). “Os projetos são criteriosamente estudados dentro dos critérios da Empresa, pelo Gerente de RH, apresentado a diretoria e ao corpo gerencial para aprovação e apresentação aos colaboradores e parceiros para buscarem uma melhor forma de atingir os objetivos comuns de cada projeto” (GE1). “Tem várias formas, tem as suas formas. Parte da questão da direção, tá? Parte de ações de benchmanking, elas entram... Elas podem acontecer de pesquisas internas como de caixas de sugestões que a gente tem instaladas. A gente tem um programa de idéias, tem vários mecanismos pra criar ou melhorar os nosso trato voltado para o público interno” (GE2).

119

Em se tratando das prioridades das ações e práticas socialmente responsáveis

desenvolvidas pelas empresas, foram identificados, como prioridades, programas e políticas

relacionados ao público interno da organização, mesmo que, em alguns casos, os projetos

desenvolvidos se relacionem ao público externo. Todavia, a maior parte das empresas se

preocupa prioritariamente com o público interno, como expõem alguns entrevistados:

“Há sim. Procuramos priorizar a parte social voltada aos nossos colaboradores, Cesta básica, confraternizações, Natal dos colaboradores, Páscoa dos Colaboradores, Ano novo, Cinema etc. (MI1). “Não, pois todos objetivam o mesmo bem em comum, o que ocorre é que algumas atividades se desenvolvem com maior facilidade” (MI2). “Pra nós a prioridade é, a gente sempre faz com os próprios colaboradores, entende? Eles mesmos, às vezes, pedem, ah! eu queria fazer isso. Então assim, a gente tem uma boa abertura até mesmo com eles, eles falam. E esses projetos de comunidade, com a profissionalização das famílias e dos filhos dos profissionais, a gente acha extremamente importante. Então assim, a nossa prioridade é o colaborador, o funcionário, mas também a gente vê que se a esposa dele está crescendo, os filhos estão... têm escola, tem a informática” (ME1). “Buscamos atingir o nosso público interno e nossa comunidade, através de programas sociais que venha (sic) a valorizar e proteger o ser humano, a sociedade e o meio ambiente” (GE1). “Sim, existe. Existe sim. Tudo deve definir qual a prioridade de cada ação. Então, a gente tem [...] as necessidades do público interno, e aí surgem as prioridades” (GE2).

“Projeto educando (distribuição de material escolar para colaboradores e dependentes – 17 anos), projeto alfabetizando (sala de aula, onde já foram alfabetizados sete colaboradores – 6 anos), projeto cultural (coral formado pelos colaboradores), projeto inclusão digital (área com seis computadores em rede, onde os colaboradores tem aulas de informática e acesso a internet) projeto saúde (avaliações periódicas e atendimento através das unidades móveis do SESI)” (PE1).

Diante dos programas e políticas de responsabilidade social desenvolvidas pelas

empresas pesquisadas, algumas consequências podem ser apresentadas como positivas para

todo o ambiente organizacional, dentre elas: o aumento no faturamento, melhor clima

organizacional e de relacionamento entre os funcionários, reconhecimento que se refere

diretamente à imagem organizacional para com o público interno e externo, e o

comprometimento dos funcionários com a organização:

“Aumento no faturamento, melhor qualidade de nossos serviços, melhora na auto-estima de nossos colaboradores etc.” (MI1). “Até o momento não identificamos conseqüências na prática deste tipo de responsabilidade social, pois todas as atividades praticadas retornam à empresa em diversas formas, gerando inúmeros benefícios à mesma” (MI2).

120

“Melhoria nos indicadores citados” (PE1). “Bom, consequências eu acho que são as melhores possíveis. Para a empresa, a gente ter ganho vários prêmios. O PSQT, exatamente por trabalhar nesse projeto há tanto tempo e se manter, não é? Então assim, a gente sabe que o nível de satisfação dos colaboradores é bem alto. É, então para a empresa a gente tem muitos prêmios. Também o absenteísmo é muito baixo, pouca ou dificilmente alguém aqui pede demissão. São apenas aqueles que estão indo embora ou conseguiram alguma coisa muito melhor fora daqui, entendeu? O grau de satisfação dos funcionários é muito grande. E de uma maneira geral assim para os funcionários é esse crescimento” (ME1). “Para a empresa é o comprometimento permanente em adotar um comprometimento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, simultaneamente, a qualidade de vida dos colaboradores e de seus familiares, da comunidade local e da sociedade como um todo. Essa concepção assume a responsabilidade social como expressão de uma postura ética comprometida com o resgate da cidadania, assumindo uma posição de corresponsabilidade, na busca do bem-estar público, em articulação com as políticas sociais. Para os colaboradores é a oportunidade em despertar a vontade de ajudar a construir uma sociedade mais justa, através de ações individuais e coletivas” (GE1).

As consequências oriundas das práticas socialmente responsáveis se coadunam com os

objetivos organizacionais desta temática, que visa à melhoria contínua no ambiente de

trabalho, qualidade de vida, maiores rendimentos na produção e, por sua vez, maior

comprometimento dos funcionários com as estratégias empresarias, além do desenvolvimento

e realização pessoal de cada participante dos respectivos programas existentes nas empresas,

conforme afirmações abaixo:

“Crescimento pessoal, ter mais responsabilidades por parte dos nossos colaboradores com nossos serviços, clientes e companheiros de trabalho, além do aumento do nosso faturamento e qualidade dos serviços” (MI1).

“Proporcionar a qualidade de vida aos colaboradores e familiares, tanto dentro como fora da empresa, objetivando (sic) um colaborador saudável, motivado e feliz, cujo qual (sic) só tende a trazer benefícios à empresa” (MI2). “Melhorar os indicadores; acidente de trabalho, absenteísmo, produtividade, desperdício e rotatividade” (PE1). “Os objetivos são voltados a proporcionar condições para que os colaboradores tenham condições de se desenvolver, crescer profissionalmente e com isso oferecer melhor condição de vida para sua família. Integrar a empresa com a comunidade onde esta inserida, bem como oferecer aos colaboradores oportunidades para desenvolvimento de trabalhos voluntários” (PE2). “Preparar o profissional para oportunidades de crescimento dentro da organização, para sua empregabilidade [...] Então a gente sabe que quando a gente oportuniza educação, conhecimento, desenvolvimento, todo mundo cresce dentro da empresa. A nossa prioridade é realmente educação, que eles se desenvolvam” (ME1). “Participação, conscientização, integração, motivação e solidariedade” (GE1).

121

“A gente ter um ambiente organizacional saudável, né? Claro, todo o nosso trato com o público interno” (GE2).

O modo como as práticas da gestão de pessoas estão presentes nas ações de

responsabilidade social premiadas pelo SESI, descritas nesta pesquisa, leva ao entendimento

que há uma estreita relação entre a gestão de pessoas e as práticas socialmente responsáveis,

sendo necessária para a implantação, desenvolvimento e controle de tais atividades e

programas, uma adequada e bem estruturada gestão de pessoas. Algumas afirmações dos

entrevistados corroboram tal pensamento:

“Uma coisa esta relacionada com a outra, nossos colaboradores estão muito bem envolvidos com nossas responsabilidades sociais. E a gestão de pessoas aqui da empresa procura priorizar muito a questão da responsabilidade social. Pois entendemos que é ela que motiva nossos colaboradores a desempenhar melhor suas atividades” (MI1). “Acreditamos que a responsabilidade social está diretamente ligada à gestão de pessoas, ou seja, uma complementa à outra, ambas devem ser praticadas juntas para que os resultados venham a surgir de forma benéfica, é quase impossível você obter um resultado positivo ou até mesmo praticar uma atividade social, se não esse ligação não estiver alinhada” (MI2). “A Gestão de Pessoas é o foco principal da empresa, que acredita que o seu sucesso depende, exclusivamente, do comprometimento dos trabalhadores. Ao definir, de forma clara, o que espera dos colaboradores, fica mais fácil trabalhar em busca do objetivo proposto, proporcionando um ambiente de trabalho mais eficaz. Não tem como trabalhar Gestão de Pessoas desvinculada da Responsabilidade Social. Estas duas práticas caminham juntas e o resultado esperado só é alcançado se for trabalhado desta forma” (PE2). “Olha, existe um entrosamento muito grande” (ME1).

Por fim, entende-se que essa estreita relação entre a gestão de pessoas e a

responsabilidade social permite o desenvolvimento e a realização das práticas socialmente

responsáveis voltadas para o público interno, de forma adequada, em se tratando dos objetivos

organizacionais. Sem essa parceria, as ações seriam difíceis de ocorrer e, se implementadas,

certamente não seriam bem alinhadas às estratégias organizacionais.

Todavia, alguns paradoxos podem surgir relacionando a gestão de pessoas e a

responsabilidade social, que se refere aos principais objetivos e consequências dessas ações e

práticas socialmente responsáveis. Algumas empresas enfatizam não ganharem nada com as

premiações recebidas, como por exemplo, ME1: “Eu gostaria de deixar bem claro que a gente

não ganha nada”, o que não coaduna com a posição dos gestores em relação aos ganhos

relacionados à imagem institucional, a promoção e divulgação dos produtos, ao

122

comprometimento e satisfação do público interno, dentre outros aspectos que são

consequências diretas e indiretas das ações socialmente responsáveis.

Muitas ações expostas pelas empresas pesquisadas se referem a programas de controle

médico e saúde ocupacional, benefícios, certificações e segurança no trabalho, levando ao

entendimento de que essas ações são espontâneas, todavia, de acordo com Zarpelon (2006),

várias dessas ações são praticadas para cumprir exigências legais que são baseadas em atos

administrativos visando evitar penalidades e repreensões. Ainda nessa questão, algumas ações

desenvolvidas pelas empresas podem ser oriundas de acordos sindicais, ou seja, possuem

causas que foram decididas previamente em acordos coletivos, não caracterizando

espontaneidade, isto é, não são ações socialmente responsáveis.

Além do mais, se as organizações buscam essencialmente apenas melhores resultados

financeiros, maior vantagem competitiva, melhoria da imagem organizacional e maior

comprometimento dos funcionários com as estratégias da empresa, e não verdadeiramente a

valorização dos funcionários como indivíduos que possuem características peculiares e

distintas, as práticas socialmente responsáveis podem se tornar ferramentas estratégicas no

intuito de perseguir, com grande ênfase, os resultados meramente financeiros. Nessa

perspectiva, as funções da gestão de pessoas buscam principalmente colaborar com a gestão

empresarial no que diz respeito ao planejamento, suprimento, aplicação, desenvolvimento,

manutenção e controle das pessoas em busca dos objetivos e metas organizacionais.

Dessa forma, se as práticas da gestão de pessoas estão estreitamente ligadas às ações

socialmente responsáveis premiadas pelo SESI nas empresas pesquisadas, os resultados

empresariais esperados parecem mais relacionados aos objetivos da gestão de pessoas, que

são os objetivos estratégicos da organização, do que propriamente às finalidades essenciais da

responsabilidade social. Por outro lado, os objetivos de ambas as partes podem tornar-se

semelhantes e transformando-se em resultados que favorecem principalmente a organização.

Entretanto, cabe às empresas não permitir que os programas e políticas socialmente

responsáveis sejam fundamentados exclusivamente no lucro que sobrepõe os fins sociais a

que se propõem (QUEIROZ et. al., 2002; MELO NETO; FROES, 2001; SROUR, 2003;

NASH, 1993).

123

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO

Os resultados encontrados nesta pesquisa permitiram diagnosticar as práticas de

gestão de pessoas presentes nas ações de responsabilidade social premiadas pelo SESI e

perceber a estreita relação entre a gestão de pessoas e a responsabilidade social. Isso se

verifica principalmente quando se analisam as funções clássicas da gestão de pessoas –

planejamento, suprimento, aplicação, desenvolvimento, manutenção e controle – e a maneira

como as práticas tidas como socialmente responsáveis, que são difundidas no ambiente

organizacional e tem como destino prioritário o público interno, se enquadram nessas funções.

Dessa forma, os resultados alcançados possibilitam formular algumas conclusões que, a

seguir, são expostas, fundamentadas nas questões norteadoras desta pesquisa.

Em relação ao planejamento da gestão de pessoas e às práticas socialmente

responsáveis, percebe-se uma acentuada diferença, quando comparadas às empresas de grande

porte às microempresas, levando ao entendimento que, quanto maior o porte da empresa,

maiores são as possibilidades de se encontrar novas práticas da gestão de pessoas relacionadas

ao planejamento, principalmente quando se refere aos programas de certificação, de qualidade

e à utilização de matrizes de competências que norteiam as demais atividades da gestão de

pessoas. Todavia, em situações específicas ou casos particulares, essa percepção pode ser

contrariada. Contudo, os programas de sugestões, uma adequada comunicação interna e a

gestão participativa foram algumas práticas diagnosticadas nas empresas pesquisadas.

Quanto à função suprimento da gestão de pessoas e práticas tidas como socialmente

responsáveis, estas se apresentam de forma semelhante na maioria das empresas,

independentemente do porte empresarial, quando relacionadas ao recrutamento interno. No

entanto diferentes, quando se refere aos bancos de talentos que, por sua vez, são utilizados

principalmente por empresas de grande porte. Vale destacar que nesta função da gestão de

pessoas, o recrutamento interno é prioridade em relação ao recrutamento externo, sendo na

maioria dos casos alinhado às competências.

No tocante à função aplicação da gestão de pessoas, foi observado que as práticas

socialmente responsáveis relacionadas a esta função são principalmente a avaliação de

desempenho, que é uma ferramenta bem disseminada nas empresas pesquisadas,

independentemente do porte empresarial e geralmente é baseada em competências, bem como

os planos de cargos, carreira e salários diagnosticados nos dados coletados. Entretanto os

programas específicos de gerenciamento de carreira só foram encontrados em empresas de

grande porte. No caso dos sistemas de rodízio de funções ou Job Rotation, poucas empresas

124

utilizam essas ferramentas da gestão de pessoas, que tem por objetivo desenvolver seus

funcionários em relação a outras atividades da empresa.

Em se tratando da função desenvolvimento da gestão de pessoas, verificou-se que esta

é uma das funções mais evidenciadas pelas empresas pesquisadas. Dessa forma, há uma

considerável diferença na maneira como as empresas adotam práticas de desenvolvimento da

gestão de pessoas, de acordo com o porte empresarial, principalmente pela disponibilidade de

estrutura e investimento para tais finalidades. Nesse contexto, nas microempresas, os

programas de educação corporativa não diferem muito do modelo tradicional de treinamento e

desenvolvimento organizacional. Por outro lado, nas empresas de grande porte, as novas

práticas da gestão de pessoas que se referem ao desenvolvimento organizacional

fundamentam tais programas de educação corporativa. Estes, por sua vez, são mais concisos,

integrados e alinhados às estratégias empresariais, caracterizados pela existência de

universidades corporativas, centros de treinamentos, programas de coaching e trainee,

programas de desenvolvimento de lideranças, times de aprendizagem, dentre outros

programas que visam ao desenvolvimento individual e organizacional, permitindo, assim, o

alcance de melhores resultados para a organização.

Assim como na função desenvolvimento da gestão de pessoas, as práticas socialmente

responsáveis relacionadas à função manutenção apresentam maiores evidências na maioria

das empresas pesquisadas. Todavia, percebe-se que, quanto maior o porte empresarial, maior

o leque de práticas desenvolvidas pelas empresas, quando se refere a esta função da gestão de

pessoas, proporcionando aos funcionários maiores oportunidades em termos de benefícios,

incentivos e remuneração. Nessa perspectiva, são vários os benefícios e incentivos

disponibilizados pelas empresas aos funcionários, que vão desde a participação nos lucros e

resultados a programas de higiene e segurança no trabalho, bem como de ações que

promovem a integração dos funcionários.

De forma diferenciada das demais funções acima relacionadas, a função controle da

gestão de pessoas parece não estar enquadrada nas práticas socialmente responsáveis

premiadas pelo SESI, tendo em vista a não ocorrência de praticamente nenhuma ação ou

prática neste sentido, com exceção de uma empresa que adota um sistema de informações

sobre os funcionários.

Diante dessas informações, pode-se concluir que praticamente todas as funções da

gestão de pessoas – planejamento, suprimento, aplicação, manutenção e desenvolvimento –

estão presentes nas ações de responsabilidade social premiadas pelo SESI. No entanto, o

modo como essas práticas ocorrem nas empresas varia de uma organização para outra.

125

Contudo, verificou-se que o porte empresarial (micro, pequena, média e grande) influencia

substancialmente nas práticas desenvolvidas, quando relacionadas ao público interno, tendo

em vista que, principalmente nas empresas de grande porte, as práticas da gestão de pessoas

são mais evidenciadas, articuladas e alinhadas às estratégias organizacionais. Esse fato se dá

porque as empresas de grande porte detem melhores estruturas, tais como: capital de

investimento, profissionais especializados e capacitados para atuar especificamente na área de

responsabilidade social, programas diversificados de gestão de pessoas bem alinhados às

estratégias organizacionais, principalmente voltadas para o desenvolvimento organizacional,

conhecimentos e informações adequadas, dentre outras características que são decisivas para a

implantação e manutenção de tais ações.

Além do mais, as exigências de mercado que se submetem as empresas de grande

porte, estimulam sobremaneira a adequação dessas organizações para o desenvolvimento de

atividades e programas que satisfaçam os consumidores, empregados, fornecedores, sociedade

e acionistas, permitindo atingir condições competitivas para atuarem no cenário

organizacional e favorecendo a sobrevivência em um mercado competitivo e mutável. Desse

modo, relacionar de forma adequada as ações de responsabilidade social às práticas de gestão

de pessoas configura-se uma necessidade para as organizações que buscam vantagens

competitivas.

Entretanto, esses resultados não podem ser generalizados, pois há empresas de

pequeno e médio porte, assim como microempresas, que possuem programas e políticas de

responsabilidade social bem fundamentadas e alinhadas aos objetivos da empresa.

As práticas de gestão de pessoas relacionadas ao planejamento (ULRICH, 1998;

BOHLANDER; SNELL; SHERMANN, 2005; LACOMBE, 2005; LUCENA, 2007;

TANURE; EVANS; PUCIK, 2007), ao suprimento (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO,

2002; RIBEIRO, 2006; BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005; MILKOVICH;

BOUDREAU, 2000; MARRAS, 2000), à aplicação, em especial à avaliação de desempenho

(DUTRA; FLEURY; RUAS, 2008; GIL, 2009; MARRAS, 2000), ao desenvolvimento (GIL,

2009; MILKOVICH; BOUDREAU, 2000; BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005;

DUTRA, 2001; EBOLI, 2002; LACOMBE, 2005; MEISTER, 1999) e à manutenção

(FLANNERY; HOFRICHTER; PLATTEN, 1997; MILKOVICH; BOUDREAU, 2000;

BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005; MARRAS, 2000; WOOD JR; FILHO, 1999)

foram diagnosticadas nas ações socialmente responsáveis premiadas pelo SESI. Todavia as

práticas da função controle da gestão de pessoas (GIL, 2009; HOMEM; OLTRAMARI;

BESSI, 2009; GUIMARÃES, 2006; LUCENA, 2007) não foram diagnosticadas como as

126

demais funções nesta pesquisa, pois a finalidade desta função diverge diretamente dos

objetivos propostos pelas ações socialmente responsáveis.

Dessa maneira, entende-se que as práticas socialmente responsáveis proporcionam às

empresas uma estreita ligação entre a responsabilidade social e a gestão de pessoas, tendo em

vista que a busca por melhores resultados, diga-se, produtividade e lucratividade, pressupõe

uma gestão pautada em novos modelos de gerenciamento que utilizem as mais diversas

ferramentas e instrumentos, dentre elas a responsabilidade social, para alcançar os objetivos

organizacionais. Assim, as organizações necessitam estar atentas às exigências e necessidades

relacionadas tanto à responsabilidade social empresarial como às demandas contemporâneas

no que diz respeito aos novos modelos de gestão de pessoas, tal qual afirma Marras (2000, p.

323):

Nunca foi tão importante e necessário investir na gestão dos recursos humanos de forma estratégica, não somente para que a empresa cumpra com a sua responsabilidade social, mas também e principalmente para a sua própria sobrevivência em época de mercados altamente turbulentos, globalizados e competitivos como a que estamos vivendo no final deste milênio.

Em se tratando dos objetivos desses programas de responsabilidade social nas

empresas, percebe-se que a busca por melhorias no ambiente de trabalho, a valorização dos

funcionários e o comprometimento são objetivos explícitos que, por sua vez, auxiliam no

alcance dos resultados organizacionais: aumento de produtividade e lucratividade para a

organização. Dessa forma, os paradoxos surgem no momento em que as organizações

utilizam as práticas socialmente responsáveis para obter exclusivamente vantagem

competitiva e maiores lucros, sem se preocupar efetivamente com o público interno. Um

discurso incoerente com a prática organizacional (SOARES, 2004; SROUR, 2003).

Desse modo, os objetivos desta pesquisa foram alcançados por meio do diagnóstico

das práticas de gestão de pessoas presentes nas ações de responsabilidade social premiadas

pelo SESI através do Prêmio SESI Qualidade no Trabalho, revelando essas práticas com suas

características, objetivos e particularidades multiformes, que variam de uma organização para

outra, principalmente quando analisado o porte empresarial, além da verificação da existência

de alguns paradoxos entre a adoção das práticas de gestão de pessoas e as práticas de

responsabilidade social, que envolvem as consequências oriundas de tais programas e seus

reais objetivos.

De forma particular, o presente estudo permitiu observar, em especial, que as práticas

socialmente responsáveis premiadas pelo Prêmio SESI Qualidade no Trabalho estão bem

127

alinhadas às práticas de gestão de pessoas, que perpassa desde a gestão estratégica da

organização aos processos cotidianos em que os empregados estão envolvidos diretamente, ao

passo que os objetivos das práticas da gestão de pessoas e os das ações socialmente

responsáveis, tornem-se semelhantes e inseparáveis. Essa evidência permite concluir que há

um elo relevante entre as duas temáticas estudadas, pois os novos modelos de gestão pessoas

devem estar alicerçados, também, em programas e ações socialmente responsáveis.

Nesse entendimento, seria interessante que outras pesquisas fossem realizadas com o

intuito de detectar percepções dos envolvidos nos processos organizacionais e apresentar

resultados concretos dessas ações e práticas socialmente responsáveis, principalmente quando

desenvolvidas para o público interno das empresas. Isso deveria ser feito tendo em vista que

as avaliações realizadas pelos órgãos e instituições competentes não necessariamente se

resumem às práticas relacionadas aos aspectos socioambientais, mas estão principalmente

voltadas para as práticas de gestão empresarial, ou melhor, para a forma como as

organizações gerenciam e promovem o desenvolvimento dos seus empregados.

Além do mais, recomenda-se que outros estudos possam verificar quais as

consequências dessas práticas socialmente responsáveis para o público interno, no intuito de

observar se há realmente ganhos para os funcionários ou se as novas práticas da gestão de

pessoas, estreitamente ligadas às práticas socialmente responsáveis que foram diagnosticadas,

beneficiam apenas os empregadores.

Sobre o Prêmio SESI Qualidade no Trabalho, pesquisas poderiam ser desenvolvidas

para diagnosticar as práticas socialmente responsáveis adotadas em cada região e porte

empresarial, analisando se o contexto sócio-cultural e geográfico influencia tal processo.

Finalmente, a pesquisa realizada teve como universo apenas as empresas premiadas

pelo Prêmio SESI Qualidade no Trabalho, no período de 2005 a 2008, o que não permite

generalizações em relação às conclusões obtidas neste estudo. Além disso, as análises se

restringiram a um método de avaliação específico, desenvolvido em organizações tipicamente

industriais, em um determinado período. Contudo espera-se que os resultados encontrados

possibilitem uma melhor compreensão a respeito da temática responsabilidade social e sua

relação com as práticas de gestão de pessoas.

128

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139

APÊNDICES

140

APÊNDICE A – Relação das empresas pesquisadas

Ordem Nome da Empresa Porte 1 Amazônia Celular S/A – RR Micro 2 Amazônia Celular S/A – RR Grande 3 Adubos Trevo S.A. – MA Micro 4 Água Mineral Lindágua Ltda. – RO Pequena 5 Água Mineral Santa Maria – RN Pequena 6 Alarmes Santa Rita Ind. e Com. Ltda. – MG Micro 7 Apis Flora Comercial e Industrial Ltda. – SP Pequena 8 Aramart Indústria de Aramados Ltda. – PR Micro 9 Bike do Nordeste S.A. – PI Grande

10 Brasal Refrigerantes – DF Grande 11 Braspine Madeiras Ltda. – PR Grande 12 Bunge Alimentos – DF Pequena 13 Café Faraó Ltda. – RJ Pequena 14 Camapi Motores Ltda. – MS Micro 15 Célio Batista Alves – Apoekã Móveis – TO Micro 16 Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. – AC Grande 17 Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. – Eletronorte – MA Média 18 Companhia de Bebidas das Américas (AMBEV) – MT Grande 19 Companhia de Bebidas das Américas (AMBEV) – SP Grande 20 Conex Montagem Elétrica Ltda. – MG Pequena 21 Construtora Placic Ltda. – AL Pequena 22 CSA Consultoria e Sistemas Abertos Ltda. – MA Micro 23 D´Itália Indústria e Comércio de Plásticos Ltda. – MS Micro 24 Embafort Ind. e Com. de Artefatos de Madeira Ltda. – PR Pequena 25 Empresa Jornalística, Edit. Gráf. Sertãozinho Ltda. – SP Micro 26 EPE – Empresa Produtora de Energia Ltda. – MT Pequena 27 Eternit S/A – GO Grande 28 Finorte S.A. Indústria Têxtil – MA Pequena 29 Gazin Ind. e Com. de Móveis e Elet. Ltda – PR Grande 30 Guascor do Brasil Ltda. – AC Média 31 Guascor do Brasil Ltda. – RO Média 32 Herbarium Laboratório Botânico Ltda.– PR Média 33 Indel Bauru Indústria Eletrometalúrgica Ltda. – SP Pequena 34 Indústria e Comércio de Autopeças Rei Ltda. (Suporte Rei) – SP Média 35 Indústria e Comércio de Confecções Xavier Ltda. (Rota do Mar) – PE Pequena 36 J. F. Madeireira – RR Micro 37 Krafoam Embalagens Ind. e Com. Ltda. – RS Micro 38 L. B. Construções Ltda. – RR Micro 39 Lavatec – Lavanderia Técnica Ltda. – MA Pequena 40 Lightsweet Indústria e Comércio de Alimentos – PR Média 41 Luca Indústria e Comércio de Calçados Ltda. – RS Grande 42 Madeireira Mendes Ross – RR Pequena 43 Manipullare Manipulação Magistral – MG Pequena 44 Marisol Indústria Têxtil Ltda. – CE Grande 45 Meneghetti Indústria Química Ltda. – SP Micro

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46 Mineração Corumbaense Reunida S.A. – MS Média 47 Mineradora de Água Límpida Ltda. – CE Micro 48 Multdia Indústria e Comércio S.A. – RN Média 49 Nilos do Brasil Ltda. – MG Micro 50 Nokia do Brasil Tecnologia Ltda. – AM Grande 51 Oliveira e Andrade Ind. Com. Importação (Rio Branco Pneus) – AC Pequena 52 P.B. Zanzini & Cia. Ltda. – SP Média 53 Pajoara Indústria e Comércio Ltda. – MS Micro 54 Pallet Brasil Ind. e Com. de Art. de Madeira Ltda. – PR Pequena 55 Petrobrás – RJ Grande 56 Pontal Engenharia Construções e Incorporações – GO Pequena 57 Pormade Portas de Madeiras Decorativas – PR Média 58 Primo Schincariol Ind. Cerv. e Refrig. do NE S/A – PE Grande 59 Rava Embalagens Ind. e Com. Ltda. – PB Média 60 RDK Ind. e Com. Ltda. – PR Micro 61 Refrigerantes Marajá S.A. – MT Média 62 Rhede Transformadores e Equipamentos Elétricos Ltda. – GO Média 63 Rimo S.A. Ind. e Comércio – ES Média 64 Scitech Produtos Médicos Ltda. – GO Pequena 65 Serviços e Peças Diesel Arapiraca Ltda. (Serdil) – AL Micro 66 Skanska Brasil Ltda. – RN Grande 67 Sococo S.A. Indústria Alimentícia – AL Grande 68 Tecumseh do Brasil Ltda. – SP Grande 69 Tamarana Metais – PR Pequena 70 Tecnodrill Indústria de Máquinas Ltda. – RS Micro 71 Têxtil Assef Maluf Ltda. – SP Média 72 Thyssenkrupp Metalúrgica Santa Luzia Ltda. – MG Grande 73 Tongs – Indústria e Comércio Ltda. – RJ Pequena 74 Tuboarte Indústria e Comércio Ltda. – CE Média 75 Volvo do Brasil Veículos Ltda. – PR Grande 76 WP Gráfica e Editora – RN Micro

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APÊNDICE B – Questões da Entrevista

1) Como surgiram as ações de Responsabilidade Social na empresa?

2) Como foi planejada e escolhida? Os projetos partiram de cima para baixo, pelo responsável

da Gestão de Pessoas ou foi realizado conjuntamente com os funcionários?

3) Há prioridades nas práticas de Responsabilidade Social?

4) Quais os objetivos das ações de Responsabilidade Social desenvolvidas para o público

interno da empresa? Teria um objetivo principal?

5) Qual o significado das ações de Responsabilidade Social para a empresa e para os

funcionários?

6) Quais as conseqüências das ações de Responsabilidade Social para a empresa e para os

funcionários?

7) Quais os impactos da premiação recebida pela empresa através do Prêmio SESI

Qualidade no Trabalho?

8) Como você percebe a relação entre a responsabilidade social e a gestão de pessoas em sua

empresa?

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APÊNDICE C – E-mail enviado as empresas

Caro Diretor/Responsável do programa de Responsabilidade Social Empresarial,

Venho através deste solicitar maiores informações a respeito do programa de

responsabilidade social desenvolvido por esta empresa, tendo em vista que essa empresa foi

premiada pelo PSQT – Prêmio SESI Qualidade no Trabalho, destacando-se no cenário

industrial nacional.

Sou Danilo Cortez Gomes, mestrando em Administração da Universidade Potiguar em

Natal/RN e tenho como área temática de estudo/pesquisa a responsabilidade social

empresarial, bem como a gestão de pessoas, e tenho sob orientação a Dra. Lydia Maria Pinto

Brito, que faz parte do corpo docente do Programa de Pós-Graduação da Universidade

Potiguar. Neste contexto, estou pesquisando as ações e práticas socialmente responsáveis de

todas as empresas premiadas pelo SESI nas fases regional e nacional nos anos de 2004 a

2008, todavia, o banco de dados que disponho se limita aos livros publicados pelo SESI com

as boas práticas das empresas vencedoras. Desta forma, solicito maiores informações dos

possíveis projetos, atividades, programas, etc., relacionados à responsabilidade social,

principalmente quando voltadas para o público interno das empresas.

Essas informações serão muito úteis para a pesquisa documental que está sendo

iniciada, o que nos permitirá obter um panorama dessas ações em nível nacional, inclusive

diferenciando as ações empresariais realizadas por região, por porte empresarial, dentre outras

perspectivas.

Desde já me disponho a esclarecer quaisquer dúvidas a respeito dessa pesquisa e

agradeço antecipadamente as informações disponibilizadas para a realização do estudo.

Danilo Cortez Gomes – Mat. 200848648 Dra. Lydia Maria Pinto Brito