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01 Contribuição das ao I Encontro de Mulheres Estudantes de São Paulo São Paulo, 26 e 27 de março, 2011 Quem somos nós? Aqui nos apresentamos enquanto mulheres que constroem um campo do movimento estudantil. Nós, do Barricadas Abrem Caminhos, somos um grupo de estudantes unidos pela ansiedade de mudar os rumos do nosso tempo, certos de que apenas transformando a sociedade é possível pensar em outro modelo de educação. Estamos principalmente nas salas de aula e nas ruas, fazendo barricadas... abrindo caminhos socialistas e feministas! Contribuições neste Caderno: llll Lugar de mulher é na política! ............................................................... 02 Mulher e trabalho........................................................................................ 03 A opressão tem endereço, sexo e raça!.................................................. 04 Saúde da Mulher, Aborto e Maternidade ........................................... 05 Mulheres na universidade! ....................................................................... 07 Mulher e Mídia ............................................................................................ 08 Movimento feminista e movimento estudantil................................... 10 "Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância" Simone de Beauvoir

Pre eme SP a4 - Barricadas Abrem Caminhos€¦ ·  · 2011-04-13mudar os rumos do nosso tempo, ... Estamos principalmente nas salas de aula e nas ruas, fazendo barricadas... abrindo

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Contribuição das

ao I Encontro de Mulheres Estudantes de São Paulo

São Paulo, 26 e 27 de março, 2011

Quem somos nós?

Aqui nos apresentamos enquanto mulheres que constroem um campo do movimento estudantil.

Nós, do Barricadas Abrem Caminhos, somos um grupo de estudantes unidos pela ansiedade de

mudar os rumos do nosso tempo, certos de que apenas transformando a sociedade é possível pensar

em outro modelo de educação. Estamos principalmente nas salas de aula e nas ruas, fazendo

barricadas... abrindo caminhos socialistas e feministas!

Contribuições neste Caderno:llll

Lugar de mulher é na política! ............................................................... 02Mulher e trabalho........................................................................................ 03A opressão tem endereço, sexo e raça!.................................................. 04Saúde da Mulher, Aborto e Maternidade ........................................... 05Mulheres na universidade! ....................................................................... 07Mulher e Mídia ............................................................................................ 08Movimento feminista e movimento estudantil................................... 10

"Que nada nos defina.

Que nada nos sujeite.

Que a liberdade seja a nossa própria substância"

Simone de Beauvoir

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Sem dúvida avançamos. Mas em que

direção? Entendendo que as conquistas virão

através de uma luta coletiva e organizada,

avançar significa cada vez mais unificar as mulheres

em torno de suas bandeiras e contribuir para a

organização do movimento feminista, na derrubada dessa

sociedade capitalista, cujas bases são patriarcais. Pautas

como a legalização do aborto, autonomia da mulher,

isonomia salarial e o combate à violência machista se

mostram urgentes e cada vez mais necessárias ao avanço

concreto da luta feminista.

Contraditoriamente, tais reivindicações se apresentam

cada vez mais distantes dos grandes espetáculos da política

brasileira! Não se pode falar em aborto, não se pode falar em luta, não se

pode falar em feminismo!

A constatação desse fato coloca um drástico peso para o

movimento feminista, o que é mais importante, uma mulher ocupando

um cargo institucional ou as mulheres nas ruas lutando pela sua emancipação e por um projeto

político anticapitalista e feminista? De fato, é uma conquista termos mulheres em cargos públicos,

mas essa se torna simbólica quando não acumula para o avanço da organização do movimento

feminista e para a concretização de suas bandeiras.

Reafirmamos a necessidade de um projeto verdadeiramente feminista, que não está

disposto a rifar as suas pautas!

Não basta ser mulher, tem que ser feminista!

LLLLLL

Lugar de mulher é na política!

À mulher sempre esteve reservado o espaço privado, as tarefas domésticas, a criação dos filhos e

filhas... Historicamente o papel da mulher se resume a servir ao desejo masculino, de preferência

muda. Nunca foi espaço feminino a política. Nunca coube ao seu destino lutar por aquilo que

acreditava. Nunca foi lhe dado o direito à opinião, nem a construir a sua própria identidade.

Foi por meio de muita luta e organização das mulheres que nos colocamos enquanto seres

políticos, e questionamos o papel que nos diziam estarmos destinadas. Conquistamos o direito à

educação, ao trabalho, ao voto, iniciamos discussões sobre os modelos de relacionamento e sobre a

própria maternidade. Hoje, a mulher gradativamente ocupa os espaços que lhe eram negados

Temos presidentas, advogadas, médicas, estudantes....

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doméstico e se dedicar mais ao trabalho externo, pois repassam este labor à outra mulher: a

empregada doméstica.

Diante deste quadro, torna-se óbvio que as mulheres

ainda dependem financeiramente de seus maridos, porque

o mercado de trabalho não lhes permite galgar cargos de

maior relevância. Isso gera diversas formas de opressão

nas relações particulares, como a violência doméstica, à

qual a mulher fica presa por não ter como subsistir sem

seus parceiros.

Reafirmamos a necessidade iminente de

organização das mulheres e superação da sociedade de

classes, em torno de um projeto socialista!

Mulher e Trabalho

O capitalismo tem um papel fundamental na propagação do machismo. O modo de produção

excludente em que vivemos oprime as mulheres de forma mais acentuada, pois além de forçá-las a

cumprir uma dupla jornada (fora e dentro de casa), divide sexualmente o trabalho, delegando às

mulheres as funções consideradas “inferiores”.

A divisão sexual do trabalho parte do princípio de que os homens são responsáveis pelo

trabalho produtivo (tudo que é ligado ao mercado) e as mulheres pelo trabalho reprodutivo (tudo

que é feito para uso e consumo próprio e a reprodução da própria família).

Até na classe burguesa isso é visível. Nas Universidades, os cursos relacionados aos cuidados

humanos têm muito mais mulheres matriculadas do que homens, pois este estereótipo está presente

em toda a sociedade. É evidente, contudo, que são as mulheres trabalhadoras que mais sofrem com

essa divisão, que lhes atribui as funções consideradas inferiores pelo mercado de trabalho.

Como se já não fosse suficiente esta restrição laboral feita às mulheres, elas ainda têm que

sofrer com o preconceito com o qual o mercado de trabalho capitalista as trata. As mulheres ainda

recebem salário em média 30% menor que os homens que exercem função igual, além de

comumente ter tolhido seu direito à licença gestante. Além disso, a maternidade é considerada um

problema para os empregadores, que tentam evitá-la a qualquer custo. Algumas empresas evitam

contratar mulheres e outras começam a procurar substitutas para as que casam, por entenderem

que logo elas virão a ter filhos e filhas e serão obrigadas a se dedicar mais ao lar. Assim, elas têm que

trabalhar ainda mais demarcar o seu espaço e não serem consideradas facilmente substituíveis, ao

mesmo tempo em que se atarefam do lar. Apesar deste esforço, dados da OIT demonstram que

apenas 10% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres.

As mulheres da classe privilegiada pelo capital conseguem amenizar o trabalho

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Opressão tem endereço, sexo e raçaA política desordenada da urbanização, conseqüente do modo capitalista de produção, resulta no

inchaço das periferias, sem infra-estrutura, equipamentos públicos e qualidade urbanístico-

ambiental. A opressão se agrava na periferia, com as mulheres e negras que sofrem com um padrão

de vida precário e violento.

À medida que as mulheres são as principais responsáveis pelo trabalho doméstico referente à

esfera de reprodução, como o trabalho de casa e o cuidado de filhos e filhas, são elas as principais

prejudicadas com a precariedade de serviços públicos de infra-estrutura como luz, abastecimento de

água, redes de esgoto, drenagem, coleta de lixo e pela precariedade ou inexistência de equipamentos

públicos comunitários como creches, escolas, lavanderias e cozinhas comunitárias.

Em períodos de enchentes, às mulheres resta a água e o abrigo em escolas públicas, na incerteza

de qualquer tempo futuro.

A ausência de qualidade urbanística e de qualidade no transporte público prejudicam de forma

mais intensa a mobilidade das mulheres, ainda mais quando estão na condição de acompanhantes

de seus filhos e filhas, idosos e idosas ou doentes. O direito de ir e vir das mulheres é restrito!

Os casos de violência são inúmeros e de diversos tipos: violência física, psicológica, sexual,

patrimonial... O papo de “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, faz duas vítimas de

agressão a cada 5 minutos! Quando são prostitutas, são tolhidas dos recursos e aparatos estatais e

tidas merecedoras da violência que com elas são praticadas.

O modo de produção do capital intensifica a opressão, uma vez que desresponsabiliza o Estado

de suas tarefas sociais e coletivas e as deposita sobre o modelo de núcleo familiar,

aumentando a carga social

sobre as mulheres, as mais

afetadas com desigualdades

sócio-territoriais.

Reivindicações do movimento

feminista, em torno de pautas

que possibilitem a redistribuição

de direitos no âmbito da cidade,

são fundamentais para o

r e c o n h e c i m e n t o d a

desigualdade estruturante de

gênero entre homens e mulheres.

Ademais, sabemos que homens e

mulheres experenciam o

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território de maneira diferente, e por isso é necessário que na luta pelo direito à cidade, as mulheres

estejam auto-organizadas, por que somente elas poderão expressar amiúde as demandas e

denúncias de uma realidade desigual.

Sendo fundamental, que a luta por direitos, e as conquistas objetivas sirvam para acumular na

construção de um projeto socialista e feminista, o movimento feminista jamais poderá servir como

amortecedor entre o Estado opressor e as mulheres trabalhadoras.

São pautas importantes que avançam na luta das mulheres:

Asfaltamento regular de ruas e calçadas;

Iluminação Pública;

Delegacias de atendimento específico às mulheres;

Transporte público gratuito e de qualidade;

Equipamentos urbanos coletivos (como creches, hospitais, lavanderias e cozinhas);

Espaços de lazer comunitário;

Programas de cortiços que atendam especificamente as mulheres, dentre outras medidas.

Saúde da Mulher, Aborto e Maternidade

Para justificar a desigualdade entre os países e as classes sociais, muitas vezes utiliza-se o argumento

de que a culpa está nos cidadãos pobres, ou melhor, nas mulheres pobres, que têm muitos filhos e

filhas. Dessa forma, as questões centrais são distanciadas do debate, ignora-se o fato de que

adesigualdade social não é advinda da quantidade de gestações, mas sim da divisão social - e

desigual - do trabalho.

Justificava-se a desigualdade por muitos fatores, todos eles, inclusive o já mencionado,

individualizando a culpa o que não leva a uma reflexão sobre a complexidade dessa questão, muito

menos em relação ao recorte classista existente. Questionou-se por muito tempo o porquê das classes

mais baixas, apesar de sua condição, multiplicarem-se exponencialmente, mas pouco foi

questionado sobre o acesso a métodos contraceptivos, o discurso religioso que influencia essa

população contrário a esses métodos e, ainda, a falta de autonomia da mulher sobre o seu próprio

corpo, ou seja, a real escolha sobre ter ou não filhos.

Assim, ao falarmos sobre a saúde da mulher hoje, apesar da amplitude do debate, vemos que

as estratégias em saúde pública ainda são prioritariamente focadas no papel que se atribui à mulher

na sociedade: como reprodutora. A mulher não é vista como um sujeito completo, mas sim como

possível, ou simplesmente, como mãe. Não há uma naturalidade nesse papel de maternidade

atribuído à mulher, ele é construído socialmente e aquelas que rompem com essa idéia muitas vezes

são condenadas.

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A saúde para essa pop

citado que muitas vezes é considerada um dos grandes problemas sociais, e ao acompanhamento da

saúde da gestante, ou seja, exames de papanicolau, pré-natal e acompanhamento da mulher e

criança pós-gestação. Não se nega a importância dessa atenção e algum avanço em relação ao

acesso à saúde. No entanto, há uma série de questões que deveriam ser cuidadas para além da

saúde reprodutiva, é desconsiderado um olhar sobre o seu contexto social, cultural, familiar e

diferenças raciais

Os cadernos de atenção básica do SUS têm algumas premissas sobre a saúde da

mulher. O foco e a prioridade são dirigidos às mulheres jovens em idade, ignorando o

acompanhamento que deveria ser precoce desde a infância, passando pela a menarca, primeira

menstruação até à idade idosa.

Uma das temáticas mais polêmicas, ligadas à saúde da mulher, por envolver questões morais

e religiosas é o aborto. É necessário compreender que o aborto existe no Brasil - e não somente

aqueles permitidos por lei, gerados por violência sexual ou que levem risco de morte à mãe, mas sua

existência segura é só para uma parcela das mulheres, para aquelas que podem pagar. As mulheres

pobres não têm escolha sobre o seu próprio corpo, não têm a opção do aborto seguro e, ainda, se o

fazem são criminalizadas. Cabe lembrar que o aborto clandestino é a terceira maior causa de

mortalidade materna atualmente!

Apesar da ilegalidade estima-se que são realizados por ano um milhão de abortos no país, e

no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 31% das gestações terminam

em aborto clandestino. A curetagem pós-aborto, correspondentes aos casos de complicações

decorrentes de interrupção de gravidez espontânea ou insegura, resultaram 230.523 internações

pelo Sistema Único de Saúde (SUS). E o aborto clandestino é a terceira maior causa de mortalidade

materna atualmente. A questão

não é ser a favor do ato em si,

mas sim do direito de todas as

mulheres poderem ter a escolha

garantida pelo Estado. Essa

d i s c u s s ã o e s t á l i g a d a à

autonomia feminina, não à

escolha das leis , da igreja, ou à

moralidade da sociedade. O

aborto, assim, deve ser visto

como uma questão da saúde

pública.

É importante olharmos

também, para questões da

nossa realidade atual. Do

ulação está ligada quase somente à prevenção da gravidez, como já

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Governo Lula no III Plano Nacional dos Direitos Humanos (PNDH), foi suprimido o ponto que se

tratava do aborto, e a instauração de uma CPI do aborto, que tende a criminalizar ainda mais as

mulheres que decidiram por realizar o aborto. Reforçamos ainda, é importante notar como as

principais candidaturas presidenciais em 2010 levaram essa temática, mesmo a atual presidenta

Dilma Roussef na Carta Aberta ao Povo Brasileiro, apóia instituições como Igreja Católica e se eximiu

do posicionamento sobre a questão!

E cabe ainda ressaltar que o aborto não pode ser fruto da leviandade e da falta de

informação, ou de um impulso momentâneo. A não banalização dessa decisão pode se efetivar com

todo o apoio, inclusive psicológico, à mulher gestante. Sendo assim, reforça-se a necessidade de se

garantir o amparo estatal e a autonomia da mulher para que ela possa tomar decisões sobre o

próprio corpo sem estar sujeita a sofrer com a criminalização.

Assim, ao debater sobre a escolha da mulher sobre o seu corpo, não falamos somente sobre o

aborto, mas em relação à compreensão de que as mulheres, também, devem ter a escolha sobre ter

filhos, e quando optam por tê-los deveriam ter condições garantidas pelo Estado. O que não ocorre,

para algumas mulheres pois há uma clara escolha entre o trabalho ou a maternidade,

principalmente pela falta de creches. A escolha para as mulheres têm diversas limitações, pela

legislatura, pela moral, pela igreja, pela classe. A escolha sobre seu corpo, ter ou não filhos, não existe

para todas as mulheres da mesma forma e tão pouco é garantido pelo Estado.

Nossas bandeiras:

Aborto legal e seguro para não morrer!

Assistência pública integral à mulher, mãe e gestante!

Pelo direito de Decidir!

Mulheres na Universidade

Nossas barricadas na universidade estão em defesa de uma universidade pública, gratuita

e de qualidade!

Reivindicamos, acima de tudo, uma educação laica, longe dos paradigmas do

conservadorismo e da religião, que possibilite a liberdade de conhecimento e produção de

pesquisa!

Entendemos que o simples fato de ser mulher já dificulta e muito o acesso e permanência à

universidade, ainda mais quando se fala na condição de estudante e mãe! Nesse sentido,

defendemos como política de acesso e permanência às mulheres universitárias:

Le

A existência e a possibilidade do uso irrestrito de creches e centros de educação infantil, que

permitam à mãe estudante se dedicar ao tempo acadêmico;

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Refeição para as nossas filhas e filhos no bandejão (refeitório universitário), que permita o

viver universitário da mãe estudante;

Fraldários nos banheiros da universidade;

Adoção dos critérios de maternidade e renda no processo seletivo de aquisição de bolsas

institucionais, nas universidades pagas;

Uso livre da moradia estudantil

para as mães e suas filhas e filhos;

Acesso à assistência hospitalar, com

atendimento irrestrito às mães e

suas filhas e filhos, nos Hospitais

Universitários;

Segurança feminina, 24 horas, nos

campus.

Atendimento prioritário e

acompanhamento psicológico

pelas clínicas universitárias, às

vítimas de violência machista.

“Eu-mulher violento os tímpanos do

mundo.

Antevejo.

Antecipo.

Antes-vivo...

Antes-agora-o que há de vir.

Eu força-motriz.

Eu-mulher

abrigo da semente

moto contínuo do mundo”

Conceição Evaristo

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Para que possamos entender como a sociedade enxerga a mulher, como ela é pautada,

devemos compreender as principais esferas em que essa imagem é construída, como a família,

a escola e a mídia. Cada uma dessas esferas exerce um papel de influência, e a mídia, perpassa

todas elas e está presente em todas as fases da vida, inclusive, em sua forma mais prejudicial,

na formação de uma criança. Ao assistirmos um programa de TV, lermos um jornal, podemos

constatar algumas características em relação a mulher. A maneira como somos representadas

e como nossas pautas são tratadas.

Em primeiro lugar vem a maneira como a mulher é representada... Somos colocadas

como objeto, produto, temos nossos corpos mercantilizados, e nos fazemos presentes apenas

por nossas características físicas, o famoso jargão “mulher é só peito e bunda”. O maior

exemplo disso são as propagandas de cerveja, nas quais a mulher vem sempre em trajes

mínimos aliada à cerveja, sendo apenas mais um objeto de consumo. Isso se reflete na

sociedade não só na maneira como o homem percebe a mulher, mas estipula um padrão de

beleza que as meninas desejam atingir. Contribui para a naturalização de um

comportamento, e que muitas vezes leva, desde muito cedo, as garotas, a desenvolverem

distúrbios alimentares como anorexia e bulimia, já que ser aceita e desejada está condicionado

a ter determinado corpo.

É muito comum encontrarmos reportagens sobre “As mulheres do ano”, “Mulher

comanda sozinha grande empresa”, “A chefe da casa”, entre outras. Nesses veículos o vendido

sobre as mulheres é que elas podem e até devem ser bem sucedidas no mercado de trabalho,

terem sua autonomia, porém precisam cumprir o papel a que lhes foi designado na sociedade,

“ser mãe e feminina” e dessa mesma maneira as mulheres são retratadas nas novelas.

Agravando a situação das mulheres temos a discussão na mídia de nossas principais

pautas, colocadas sempre de maneira superficial. Os casos de violência contra a mulher são

tratados como qualquer outra violência, como se não fossem causados pelo machismo. A

diferença salarial como apenas um dado econômico, e não como uma jornada dupla em que

apenas as mulheres são prejudicadas...

A imagem da mulher na universidade não está muito longe disso. Práticas machistas

são reproduzidas nos jogos universitários, seja nos gritos das atléticas ou em como as meninas

são tratadas nos trotes, obrigadas a participarem de concursos de “miss” e se submeterem a

outras situações de humilhação.

Repudiamos os trotes e atléticas machistas e combatemos a dominação sexista da

mídia!

Mulher e Mídia

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Movimento feminista e movimento estudantil

Se coloca como desafio do movimento feminista a massificação, a mobilização, o convencimento e o

encorajamento das mulheres na perspectiva de sua emancipação. As mulheres devem ser

protagonistas das mobilizações e como agentes sociais necessárias para transformações, pois somente

elas serão capazes de levar as últimas conseqüências rupturas com a sociedade capitalista e

patriarcal.

Sabemos das dificuldades atuais do movimento estudantil de fragmentação nas suas lutas.

Em um período de retiradas de direitos às trabalhadoras e trabalhadores, de sucateamento da

educação e de aumento do custo de vida, as principais prejudicadas são as mulheres!

Somos as mais pobres dentre os mais pobres, sofremos com a divisão sexual e salarial do

trabalho, e em tempos de crise nossos direitos são os primeiros a serem rifados!

Neste contexto, nós, do campo Barricadas Abrem Caminhos, vemos como fundamental a

unidade entre o movimento estudantil de esquerda, feminista, militante e combativo para um

processo de resistência e de exigência de ampliação ao direito das mulheres, principalmente em um

momento em que se prevê apenas 7% do PIB na área da educação.

Por esses motivos é que fazemos um apelo aos campos de esquerda do M.E. na construção da

unidade em torno de um programa político e de um calendário de lutas comum para respondermos

à altura dos ataques à classe trabalhadora, em especial às mulheres!

Contatos:Blog: www.barricadasabremcaminhos.wordpress.com

E-mail: [email protected]

“Nada causa mais horror à ordem

do que mulheres que lutam e

sonham.”

José Martí

“Por um mundo onde sejamos

socialmente iguais, humanamente

diferentes e totalmente livres.”

Rosa Luxemburgo