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PREFCIO
O que ao revisional em contratos bancrios? Qual o
seu embasamento legal? Quais as orientaes do STJ
sobre o assunto? Como saber se vivel propor esta ou
aquela ao revisional? A capitalizao dos juros no
permitida pela MP 2.170/2001? E se o consumidor pagou
70% das parcelas do contrato? Cabe se valer da teoria do
adimplemento substancial? Ainda assim o veculo ser
apreendido? Se for ajuizada a ao o consumidor no
conseguir mais financiar um veculo? Como redigir a
pea apontando as clusulas abusivas? Como apresentar
a planilha de clculos e qual o juros devem ser aplicados?
Como agir durante a ao frente Busca e apreenso,
nome no SPC/SERASA, a permanncia do veculo, etc..
Enfim, essas so algumas perguntas que deixam os
consumidores, advogados na dvida de buscar a melhor
formatao para a propositura e o xito dessas aes.
Pensando nisso que disponibilizamos 10 anos de
experincia no assunto para que o leitor possa reduzir
seu tempo, sem ter que ficar na incerteza da chamada
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insegurana jurdica, das promessas mirabolantes,
dentre elas do velho chavo causa ganha!
Certamente, sem falsa modstia, podemos dizer: A
enorme maioria das instituies de crdito que fazem
financiamentos e cobram taxas ilegais e abusivas,
onerando as prestaes pactuadas. Valendo-se do
desconhecimento dos consumidores.
O poder judicirio est decidindo pela ilegalidade dessas
cobranas e determinando o reajustamento dos contratos,
reduzindo as taxas ilegais praticadas e,
conseqentemente, o valor das parcelas a serem pagas.
Assim, no resta dvida que as aes Revisionais no
so um bom negcio, e sim, um direito do
consumidor que bem elaborada a demanda certa!
Esse a sntese do nosso trabalho. O consumidor,
advogado, ter um roteiro prtico com breves
explicaes, bem como, alguns modelos, fruto de nossa
experincia em dezenas de aes favorveis.
O Autor.
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NDICE
Ao revisional definio. O que pode ser
revisado.................................................................... 4 a 26
Embasamento legal................................................ 26 a 32
Quais as orientaes do STJ sobre o assunto........33 a 43
Teoria do adimplemento substancial.......................44 a 47
Prtica................................................................... 47 a 163
Recursos..............................................................163 a 172
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AO REVISIONAL DEFINIO
Ao Revisional contratual um processo judicial em que
se busca a reviso de clusulas de um contrato de
financiamento objetivando a reduo ou eliminao de
seu saldo devedor, bem como a modificao de valores
de parcelas, prazos e at mesmo o recebimento de
valores j pagos indevidamente.
As aes revisionais de contrato mais comuns so as de
financiamentos de veculos; consrcios; alienao
fiduciria, de imveis, crdito pessoal, cheque especial,
cartes de crdito, etc.. Cabe dizer que muitas vezes em
uma ao revisional analisamos mais de um tipo de
contrato. A ttulo de exemplo: Ao revisional contratual
onde se revisa o cheque especial, o carto de crdito e o
financiamento.
O que pode ser revisado em um contrato?
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Vejamos as ocorrncias mais comuns:
Abusividade da taxa de juros remuneratrios
Taxa de juros remuneratrios de um contrato a taxa de
juros paga pelo cliente durante o perodo da contratao,
sem inadimplncia.
Considera-se abusiva sempre que a taxa de juros de um
contrato quando ela estiver acima da taxa mdia
praticada no mercado.
Para verificar na prtica se a taxa de juros de um contrato
abusiva ou no deve se comparar a taxa de juros do
contrato com a taxa mdia de juros do mercado ou
apenas fazendo um simples clculo matemtico.
Sobre esse assunto j decidiu o STJ:
DECISO Quarta Turma considera abusiva taxa de juros da Losango e do HSBC A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justia (STJ), em deciso unnime, considerou abusiva a taxa de
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380,78% ao ano cobrada pela Losango Promotora de Vendas Ltda e pelo HSBC Bank Brasil S/A num financiamento de R$ 1.000,00 feito por Maria de Ftima Dutra, dona-de-casa de Porto Alegre. Com base em voto do ministro Antnio de Pdua Ribeiro, decano do Tribunal, a Turma decidiu que a taxa de juros remuneratrios cobrada da muturia pelas duas instituies financeiras encontra-se acima do triplo da taxa mdia do mercado para a modalidade do negcio bancrio, sendo, portanto, flagrantemente abusiva. Para o ministro Antnio de Pdua Ribeiro, relator do processo, a taxa de juros cobrada da dona-de-casa representa, no final, uma taxa mensal de cerca de 14%, manifestamente excessiva, j que, pelos R$ 1.000,00 que tomou emprestados, Maria de Ftima teria de pagar 10 prestaes mensais sucessivas de quase R$ 250,00. O ministro argumentou que, de acordo com a jurisprudncia vigente no STJ, a taxa deve ser reduzida ao patamar mdio do mercado para essa modalidade contratual, no caso, 67,81% ao ano, conforme os dados divulgados pelo Banco Central do Brasil. Para ele, beira o absurdo a afirmao constante do recurso especial de que no se visualiza, no presente caso, qualquer abusividade que possa ensejar a reviso do contrato. As recorrentes alegavam que a legislao especfica no impe limitao para as taxas de juros firmadas pelas instituies financeiras, devendo prevalecer, nesses casos, aquilo que foi pactuado no contrato de emprstimo, no havendo, portanto, qualquer abuso ou
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excesso capaz de ensejar a reviso das clusulas ajustadas de comum acordo. Mas, para o ministro Pdua Ribeiro, embora o STJ entenda que no se podem presumir como abusivas as taxas de juros remuneratrios que ultrapassem o limite de 12% ao ano, pode ser declarada, mesmo nas instncias ordinrias, com base no Cdigo de Defesa do Consumidor, a abusividade da clusula contratual que fixe cobrana de taxa de juros excessiva, acima da mdia do mercado para a mesma operao financeira. Por isso, reformou parcialmente o acrdo do Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul apenas para afastar a limitao de 12% ao ano imposta taxa de juros remuneratrios, mas baixando a taxa abusiva de 380,78% para 67,81%, a mdia cobrada pelo mercado na data da contratao do emprstimo, conforme os ndices levantados pelo Banco Central. Votaram acompanhando o entendimento do ministro Pdua os ministros Aldir Passarinho Junior, Hlio Quaglia Barbosa, presidente da Turma, e Massami Uyeda. No participou do julgamento o ministro Fernando Gonalves.
A deciso tem aplicao somente para as partes interessadas.
Fonte: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=84952
http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=84952http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=849528
Capitalizao (cobrana de juros sobre juros /
anatocismo)
A legalidade ou no da capitalizao dos juros no Brasil
hoje um assunto tumultuoso, pois at o ano de 2000 a
no ser em alguns casos de contrato a capitalizao dos
juros era absolutamente vedada, no entanto no ano de
2000 foi editada a Medida Provisria n 1.963-17/2000,
atualmente reeditada sob o n 2.170-36/2001 a
qual tratava do tema sem muita importncia, entretanto
trouxe no seu artigo 5 a permisso para a ocorrncia da
capitalizao.
Tal medida provisria, com todo o nosso respeito,
inconstitucional por lhe faltar o requisito da urgncia e por
se tratar de matria reservada lei complementar, no
podendo ser disciplinada por medida provisria, conforme
reza o art.62, 1, inciso III, da Constituio Federal. A
Emenda Constitucional n 32/2001 expressa em vedar a
edio de medidas provisrias para regulamentar matria
reservada lei complementar, conforme a nova redao
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dada ao Artigo 62, 1, inciso III, da Constituio Federal.
Vale dizer que, neste ponto, a norma veio apenas
expressar o que j era evidente, no sentido de que lei
ordinria ou norma que lhe faz s vezes, como o caso
da medida provisria, no pode regular matria de lei
complementar.
O debate a respeito do tema j foi objeto de apreciao,
por ocasio do julgamento da Argio de
Inconstitucionalidade do art.5 da Medida Provisria n.
2170-36, agitada pelo eminente Desembargador Srgio
Rocha, na Apelao Cvel n. 2003.01.1.000707-5.
Confira-se:
Desta forma, [...] com respeitosa venia ao entendimento
do e. STJ sobre a possibilidade de capitalizao de juros,
em face da MP 2.170-36/01, nota-se que essa no pode
ser aplicada sem distino a qualquer contrato bancrio,
pois o referido texto legal foi editado visando
administrao dos recursos de caixa do Tesouro
Nacional, alm do que o sistema financeiro nacional
somente pode ser regulado por lei complementar.
Ademais, o art. 5 e o pargrafo nico, ambos da MP
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2.170-36/01, que tratam da capitalizao de juros por
perodo inferior ao anual, so objetos da ADI
2.316/DF, cujo pedido de suspenso cautelar foi
deferido pelos votos do Relator Min. Sydney Sanches
e do Min. Carlos Veloso, sob o fundamento de que
inexiste o requisito da urgncia para a edio de
Medida Provisria e de ocorrncia de perigo de
demora inverso. (20060110906904APC, Relator VERA