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RAÍZES DE BALNEÁRIO PINHAL XXI ENCONTRO DOS MUNICÍPIOS ORIGINÁRIOS DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA PREFEITURA MUNICIPAL DE BALNEÁRIO PINHAL Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto Organizadoras Maria Cardoso Faistauer Maria Jaqueline de Moraes Neusa Maria Carvalho Véra Lucia Maciel Barroso Organizadoras 2012

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RAÍZES DE BALNEÁRIO PINHAL XXI ENCONTRO DOS MUNICÍPIOS ORIGINÁRIOS

DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA

PREFEITURA MUNICIPAL DE BALNEÁRIO PINHALSecretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto

OrganizadorasMaria Cardoso Faistauer

Maria Jaqueline de MoraesNeusa Maria Carvalho

Véra Lucia Maciel Barroso

Organizadoras

2012

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(Dados Internacionais de Catalogação na Fonte-CIP)

R161 Raízes do Balneário Pinhal / organizadoras Maria Cardoso Faistauer … [et al.]. Porto Alegre : Pragmatha, 2012. 4 v. : il. ; 14 x 21 cm.

ISBN 978-85-62310-32-4

1. Rio Grande do Sul - História. 2. Balneário Pinhal. I. Faistauer, Maria Cardoso. II. Moraes, Maria Jaqueline de. III. Carvalho, Neusa. IV. Barroso, Véra Lucia Maciel.

CDU 981.652 (Balneário Pinhal)

Bibliotecária Responsável: Débora Dornsbach Soares CRB-10/1700 Classificação CDU edição-padrão internacional em língua portuguesa

Copyright: dos autores1ª edição: 2012

Autor do símbolo do Raízes de Balneário PinhalPedro Amaral

Iconografia:Dos autores

Participação especial na organização da obraShyrley Terezinha Poffal

Revisão dos originaisMaria Jaqueline de MoraesMaria Cardoso FaistauerVéra Lucia Maciel Barroso

Editoração e arte finalPragmatha Laboratório de Ideias & Gestão de ProjetosR. Ivo Janson, 260, 302, Porto Alegre/RSwww.pragmatha.com.br

ImpressãoGráfica Noschang

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Sumário

Prefácio

A importância da História, da Memória e da Cultura para a Educação

Apresentação

Desfile de cavalarianos na abertura do XXI Raízes,Conduzindo as bandeiras dos municípios doQuadrante Patrulhense

Objetivos e justificativa do Raízes de Balneário Pinhal

PRIMEIRA PARTE

BALNEÁRIO PINHAL - PASSADO E PRESENTE

TOMO I - Balneário Pinhal e o contexto regional: História, Arqueologia e Pertencimento

Balneário Pinhal: origens e lembranças

O Pinhal do BalneárioJacy Waldyr Fischer /

Origens de Balneário PinhalJorge Roberto Menti e aluna da Turma 71 daE.M.E.F. Calil Miguel Allem /

Os primeiros moradores de Balneário Pinhal Natália Machado Mergen /

Balneário Pinhal: histórias para se guardar no coraçãoMaria Cardoso Faistauer /

Jorge Fonseca / 21

Neusa Carvalho / 23

Maria Cardoso Faistauer / 26

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Imigrantes e descendentes na conformação dacidade de Balneário Pinhal Egiselda Brum Charão /

A cidade e a constituição da identidade do sujeitoCatarina Lima de Carvalho e Neusa Maria Carvalho /

O processo de emancipação de Balneário PinhalJacy Waldyr Fischer /

As mulheres no processo emancipacionista do municípioMárcia Rosane Tedesco de Oliveira /

Resgatando as origens do Túnel VerdeRosane Moura /

A história dos veraneios em Balneário PinhalMaria Jaqueline de Moraes /

História de Balneário Pinhal contada pelos avósCássia Carniel Pereira e alunos do 1º ano daE.M.E.F. Calil Miguel Alem /

Moradores mais antigos de Balneário PinhalLídia Graziela da Rosa e Tayline Agert Daruy e Grupo Agente Jovemde Multiplicação IV /

O osso da baleiaJuliana Costa e Grupo Agente Jovem de Multiplicação IV /

Análise de dados estatísticos de Balneário PinhalJorge Luis Fernandes/

Pinhal e o Litoral Norte: achados arqueológicos

Histórico da arqueologia dos sambaquis no Litoral Norte do RSGustavo Peretti Wagner /

A ocupação indígena pré-colonial na região dosBalneários Pinhal e QuintãoJairo Henrique Rogge /

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Pesquisas arqueológicas no entorno daIgreja Nossa Senhora da Conceição - Osório/RSSérgio Leite /

Afrodescendentes no Litoral Norte: reconhecimento e identidade

As cores do litoral: existências escravas no Litoral Norte do RSPaulo Roberto Staudt Moreira /

O último escravoBento Luiz Luz /

Pinhal e o Litoral Norte

Conhecendo o espaço norte-litorâneo: geologia, hidrografia, relevo e outras marcas de sua identidade geofísicaPaulo Jolar Pazzini Galarça /

Os Pinto Bandeira da estância da Nossa Senhorada Boa Viagem do QuilomboMiguel Frederico do Espírito Santo /

Raízes do Litoral - um olhar atentoLeda Saraiva Soares /

Litoral Norte e a Revolução FarroupilhaEmiliano J. K. Limberger /

O positivismo e a historiografia do Litoral Norte do RS: uma reflexão sobre os municípios de Balneário Pinhal, Imbé e TramandaíCatiane Alves da Silva, Leidiane Ávila Quintanilha eNatália Moraes de Melo /

1958 em Cidreira e Pinhal: vivências praianasMarco Antônio Velho Pereira /

Litoral Norte gaúcho em fotosPedro Gonçalves /

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O Boizinho da PraiaIvan Therra /

De remembranças e versos: em remembrança ao escritorGuido MuriIvan Therra /

O Litoral Norte busca um passado: a importância da emergênciada memória na construção de uma história pluralLuis Alejandro Peres Schwartzbold /

Costureiras do Litoral NorteLuiza Maria da Gloria Brufatto /

Rota açoriana e o Litoral Norte do Rio Grande do SulIvo Ladislau /

Reunião de Família

Santo Antônio da Patrulha: município trisavôVéra Lucia Maciel Barroso /

Osório: município bisavôPascoalino Lopes Ribeiro /

Tramandaí: município avôLeda Saraiva Soares /

Cidreira: município mãeIvan Therra /

Balneário Pinhal na família patrulhenseMaria Cardoso Faistauer /

Cidades do mel

A “abellina” e seu precursor em Rio PardoEmiliano J. K. Limberger /

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O mel em Cambará do SulCelso de Macedo e José Carlos Ferreira de Lima /

O mel em Balneário PinhalVilmar Furini /

Festimel - ou quando a paixão virou amorJo Palombini /

Pinhal em Prosa e Verso

Acrósticos sobre Balneário PinhalNilva Souza Leal /

Trilhas e raízesGilberto Luiz Pissete de Assumpção Filho /

Pinhal, Balneário das TradiçõesPedro José Vicente /

Cavalgada do MarPedro José Vicente /

A cavalgada continuaPedro José Vicente /

Raízes em poesiaAriadne Leal Wetmann e alunos das Turmas 62 e 63 daE.M.E.F. Barão de Santo Ângelo /

Balneário Magistério: nosso orgulhoRichard William Pott Espíndola /

Esteiras nas dunas e pelos versosFabiana Fraga da Rosa /

Pioneiras do Pampa II - a mulher imigranteEgiselda Brum Charão /

Balneário PinhalIva Silva /

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Balneário Pinhal - acrósticoBianca Leal Tassoni /

O marco das águasCelso Oliveira /

TOMO II - Balneário Pinhal: biografias, famílias, economia e associativismo

Personagens, famílias e memórias de Balneário Pinhal

A liderança de uma mulher: Maria Cardoso FaistauerLézia Maria Lino Cardoso /

Maria Faistauer: professora e diretora que marcou épocas e vidasLara Cardoso Faistauer da Rosa /

A família FaistauerEloise Cardoso Faistauer de Borba /

Família Leindecker: lembranças da casa da esquinada Rua 27 (1974-2010)Dália Tavares Leindecker /

A chegada dos baianos em Pinhal e as mudanças desde 1994Joceli de Souza Silva /

Memórias de famílias: o resgate da história através de entrevistasMaria Jaqueline de Moraes e turma 70 da E. M .E. F. Calil Miguel Allem /

José Correia Rost: o vendedor de puxa-puxaJoice Gomes dos Santos /

Como cheguei ao Balneário PinhalJacira Maria Franco /

Omar Quintanilha: um grande homem, um grande avô e sua trajetóriaVanessa Mesquita Quintanilha Kreceski /

Seis homens e uma famíliaAurora Ramos Lopes /

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Antônio Leopoldo Baierle e Balneário Pinhal: uma história de amor que vale a pena ser contadaMaria S. Baierle /

Minha história em Balneário PinhalSirlei Francisca da Silva Andrade /

Minha trajetória de vida e história de amor por Balneário PinhalAna Patrícia Maia Moutinho da Silva /

O Pinhal que eu conheci: década de 1960Alba Maria da Costa Maia /

Eu e Pinhal: um amor à segunda vista!Jo Palombini /

Fausto Borba Prates e a cidade praieira do PinhalMaria Cardoso Faistauer /

Minha história em Balneário PinhalÉlida Terezinha Barreto dos Santos /

Verlei da farmáciaMarlene Lápis Lopes /

Minhas raízes em Balneário PinhalCássia Carniel Pereira /

Dona Sissa e Zecão: o Natal da criança de 1984Angela Duarte e Gustavo Dias Herzog /

Minha trajetória na praia do Magistério, no município de Balneário PinhalMário Pereira Machado /

Minha história em PinhalPedro Silveira da Rosa /

A chegada da família Duarte em Balneário PinhalKamila Duarte /

Trajetórias de vidas: Deoclides Pacheco Daniel, Laerte Bueno Silveira e Gilberto Milton WieserMaria Cardoso Faistauer /

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Seu José Bonami Rodrigues dos Santos: trajetória de vidaMaria Cardoso Faistauer /

Pinhal e as histórias que encontreiDileta Maria Rodrigues de Almeida /

Vinda para Pinhal e o propósito de Deus para a famíliaMaristela Pereira Pavão /

A chegada da família Simor em Balneário PinhalAnaiara Patrícia Meira Simor /

Balneário Pinhal: chegada de famíliasLuciene Simões Pontes e alunos da Turma 41 daE.M.E.F. Luiz de Oliveira/

Fernando e Natalina Cardoso: trajetórias de vidaMaria Cardoso Faistauer /

Registro civil e pertencimento na cidade: Balneário PinhalEliete de Lucena Leão e Liliana dos Santos Scheffer /

Economia de Balneário Pinhal

O início da pecuária na Fazenda do PinhalLindolfo Alves de Almeida /

Habitasul e o início do povoamento do Túnel VerdeEliane Ferreira Scherner /

História da FlosulCláudia Simoni Marques e alunos da 7ª série d E.M.E.F. Barão de Santo Ângelo /

O início do comércio local no SindipoloMara Luz dos Santos e alunos da turma 61 daE.M.E.F. José Antônio da Silva /

Frutos de uma terra fértilJoel Porto Erling /

Meneguetti: comerciante pioneiro no ramo em Balneário PinhalSirlei Teresinha Quintanilha de Borba /

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Pescadores artesanais do Balneário Pinhal: aspectosdo trabalho e vivênciaSonia Teresinha Siqueira Campos e Neusa Maria Bonna Secchi /

Considerações sobre a família do pescador artesanalNeusa Maria Bonna Secchi /

Objetos que fizeram parte da história do Balneário Pinhal. Quem disse que os objetos não possuem história?Eloise Faistauer de Borba e alunos do EJA daE.M.E.F. Calil Miguel Allem /

Transportes FábioJulio Norberto Cezar da Silva /

Entidades, associações e serviços de Balneário Pinhal

Conselho Comunitário de Balneário Pinhal: voluntariado e altruísmoCarlos Edmundo Kuhn /

Nossa Brigada Militar: ontem e hojeFátima Florence /

ACISP: histórico da Associação Comercial, Industrial, de Serviço e PescaEron Ferreira /

Centro Social e Beneficente Pastor Gervásio da RosaJosé Luiz dos Santos Dalke /

TOMO III - Balneário Pinhal: Educação, Cultura, Tradições, Religiosidade

Educação em Balneário Pinhal

Assim começaram os trabalhos da Secretaria de Educação e Cultura de Balneário Pinhal: Departamento de Cidadania, Esporte e TurismoRuth Elizabeth Rocha Barbosa /

Raízes do Ensino Superior em Balneário Pinhal - Universidade Aberta do Brasil: UABBP, começando a contar a sua históriaPaula Fogaça Marques /

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Alimentação escolar, uma viagem no tempoMare Ecila Homem dos Santos /

E.M.E.I. Peixinho Dourado: história e trajetóriaRaquel de Carvalho /

E.M.E.I. Estrelinha do Mar: um depoimento de quem vive esta história há dez anosAna Cristina da Silva Mello Armichi /

O patrono e a Escola Calil Miguel AllemTatiana Costa e Grupo Agente Jovem de Multiplicação III /

A estrutura familiar e a educação no Balneário Pinhal: o caso daE.M.E.F. Calil Miguel AlemAirton Luiz Cardoso Bitencourt, Jaqueline Oliveira, Marineia Mesquita Couto eElida Terezinha Barreto dos Santos /

Quem são os alunos do PROEJA FIC da E.M.E.F. Luiz de OliveiraAirton Luiz Cardoso Bitencourt, Fabiano Campos, Ismael Elenito, Rovani Xavier, Rogério Kersting e Gilney Radde /

Projeto Raízes em sala de aula: a motivação na produção de textos para publicação: Turmas 64, 70, 71 e 81 da E.M.E.F. Calil Miguel AllemMaria Jaqueline de Moraes /

Primeiros passos de uma professoraLiege da Silva Ferreira /

História da E.M.E.F. Luiz de OliveiraKarina da Silva Garnize /

História da E.M.E.F. Luiz de Oliveira através de entrevistas Ana Cristina da Silva Mello Armichi e alunos da turma 41/

Era uma vez a Escola Barão de Santo ÂngeloCheila da Rosa Silva Auth /

Contextualização histórica, cronológica e curricular daE. E. E. M. Diogo PenhaAlberto Nunes Pinto, Eliete de Lucena Leão e Catarina Dalk /

Cinquentenário da E.E.E.M. Diogo PenhaEliete de Lucena Leão /

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De favo em favo uma nova históriaCátia Cilene Barcelos dos Santos /

E.M.E.F. Antonio Francisco Nunes: 27 anos de históriaLuisa Meneses Coelho /

Balneário Pinhal: situação atual da população e educaçãoAna Clara Ogando e Airton Luiz Cardoso /

Lazer, Cultura, Turismo, Esportes e Tradições em Balneário Pinhal

Como nasceu a nossa bibliotecaSérgio Guimarães /

Boa Viagem, Papai NoelTatiana Rita Weissheimer /

Histórias e lendas de nossa terraJanice Garcia e alunos da E.M.E.F. Calil Miguel Allem /

Os blocos carnavalescos em PinhalVanessa Quintanilha Kreceski e alunos da Turma 70 daE.M.E.F. Calil Miguel Allem /

O Bloco das Virgens do PinhalJosué Lourenço dos Santos /

O arrastão das virgens de Balneário PinhalJosué Lourenço dos Santos /

DTG Marco das Águas: raízes do nomeZuleide Maciel Cézar da Silva /

Onze anos de história do Consulado Colorado (1999-2010)Jober Luís da Silva Nunes /

Benzedeiras do marDaniel Maíba /

Minha avó benzedeiraRita de Cássia Gaviragh /

Banda Diogo Penha: uma história de amorCarine Martins Campos e Paulo Ricardo da Silva Costa /

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Brinquedos e brincadeiras da infânciaLuis Henrique Soares Noggi /

Brincando com teatroElza Neusa Pospichil Lima /

Do início dos passeios às grandes cavalgadasDilson Veiga Lima /

O princípio das vivências tradicionalistas em Balneário Pinhal:CTG Vaqueanos da Praia do PinhalAlice Ana Guadagnin Martins /

Piquete Tradicionalista Gaúcho Tapera das PrendasValdirene Auler /

O compromisso de um tradicionalistaJosé Augusto Melo da Fonseca /

PTG Túnel Verde sonha e realiza o Rodeio Estadual de Balneário Pinhal Nadine Torres Ogando /

Terno de Reis em Cidreira e no Litoral NorteZeno Andrade /

Lara - Magistério - Fest Dança - Balneário PinhalLara Rosa Lindenmeyer /

História da tematização de Balneário PinhalTatiana Rita Weissheimer /

Religiosidade em Balneário Pinhal

Paróquia Santo Antônio de PáduaGladis Portella Custódio /

Pré-história da Paróquia Santo Antônio de PáduaRene Christiano Weissheimer /

História, memória e patrimônio

As fontes documentais para escrever sobre a história localAna Inez Klein /

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Um povo, uma pátria: a origem do RS representada em Balneário Pinhal Eduardo Martinez /

A ‘Árvore de Anita’: um símbolo de respeito e cidadania - o contexto histórico e social da Árvore de Anita em Balneário PinhalMaria Jaqueline de Moraes e Turma 51 da E.M.E.F. Calil Miguel Allem /

A memória silenciosa da cidade: Cemitério Municipal de Cidreira/Pinhal - Fazenda das PitangueirasEgiselda Brum Charão /

A história local diante da história internacional: semelhanças e diferenças entre dois mundos: Brasil - Balneário Pinhal e Argélia - Tamanrasset (África)Jane de Moraes Branco /

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SEGUNDA PARTE

TOMO IV

DO LITORAL NORTEAOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA:

O QUADRANTE PATRULHENSE REVISITADO

A imigração italiana cria “outra” Lagoa Vermelha: o distrito mais longínquo do primitivo município de Santo Antônio da PatrulhaPércio de Moraes Branco /

Paróquia São Paulo da Lagoa Vermelha: aspectos históricosDavino Valdir Rodrigues Nepomuceno /

São Sebastião: uma devoção dos pecuaristas de Bom JesusLucila Maria Sgarbi Santos /

Ponto de cultura: saberes locais e vozes da imigraçãode Antônio PradoCiane Fochesato, Diogo Scopel e Edson Luiz Carra /

Oliveira Balen: história de vida em São MarcosLeiva Teresinha Ramos Bossardi /

Centro Ocupacional Sol Nascente/São Marcos: 30 anosPatrícia Camassola Tomé /

APAE São Marcos: 30 anosPatrícia Camassola Tomé /

Associação de Idosos de São Marcos: 30 anosPatrícia Camassola Tomé /

Histórico da Festa do Divino Espírito Santo de CriúvaLuiz Cezar Vacchi /

Itaimbezinho e Fortaleza em Cambará do Sul:expoentes dos parques nacionaisAnita Licks Carvalho, Elga Trindade Prestes e Gesmar Borges /

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Contextualização dos parques nacionais deAparados da Serra e Serra GeralDeonir Geolvani Zimmermann e Adão da Costa Güllich /

Simbiose de Corticeiras, Corucacas e Sequoias emCambará do SulNathana Aparecida Machado da Silva /

As remotas origens saltenhas (Salto, Uruguai) daFamília Pedrozo de Bom JesusPedro Paulo Pedrozo e Justerso Rui Pedrozo /

A maior cavalgada de prendas em Cambará do SulJoseandra Suzin Pereira /

Rolinho-de-gila: doce típico de Cambará do SulGesmar Borges /

Família Manique em São Francisco de PaulaIva da Silva /

Família patrulhense no Juá/São Francisco de PaulaLuiz Antônio Alves /

Identificando meus antepassados: Velho e FerrazzoArtur Ferrazzo Velho /

O Passo do Rapozo e sua ponte histórica: tentativa de salvar um patrimônio histórico e um espaço ambientalMarilia Daros /

Catedral de Pedra em Canela: uma das sete maravilhas do BrasilPedro Oliveira /

O majestoso Mundo Novo: trilhando os caminhos do futebolde 1915 a 2010Luiz Carlos Ebert /

As brincadeiras antigas em Nova HartzDenise Groff /

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Nos trilhos da história: memórias do trem na antiga Nova HartzVânia Inês Avila Priamo /

2010: quarenta anos do 8º Batalhão de Polícia Militar em OsórioMarina Raymundo da Silva /

Presença dos tropeiros na Festa do Divino em OsórioIldo Trespach Monteiro e Pascoalino Lopes Ribeiro /

Um mascate libanês em Palmares do SulMarieta da Silva Braga /

Segurança Pública em CidreiraAlírio Cláudio de Souza /

A tradição gaúcha em CidreiraAlírio Cláudio de Souza /

Alguns fatos de CidreiraAlírio Cláudio de Souza /

Banda Municipal de CidreiraMarcos Cardoso Purin /

Duas Cruzes - o filmeLizzi Barbosa /

As lavadeiras de Arroio do SalMarta Maria da Silva /

Capela curada da Paróquia de Santo Antônio da PatrulhaJaime Nestor Müller /

Taberna Rosa Geronima em Santo Antônio da PatrulhaSandra Maria Schmith Alves / Um crime desvendadoRenato José Lopes /

Os seguidores da fé: religiosidade e curandeirismoem Santo Antônio da PatrulhaErotildes Fofonka Cunha /

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Do recado da porta ao jornal eletrônicoNilza Huyer Ely /

Notícia na praia? Via aérea... A Folha do LitoralWalter Galvani /

Filho de SantoIvan Therra /

Intimidades do presidente Getúlio Vargas e o Litoral Norte / Eduardo Martinez e José Dias /

O Cural da ContagemEduardo Martinez /

Um povo, uma pátriaEduardo Martinez /

Moções Raízes de Balneário Pinhal:XXI Encontro dos Municípios Originários de Santo Antônio da Patrulha /

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BALNEÁRIO PINHAL E OCONTEXTO REGIONAL:

História, Arqueologiae Pertencimento

TOMO I

Personagens, famíliase memórias

Personagens, famíliase memórias

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A palavra liderança deriva de líder, ou seja, designa aquele que ocupa posição proeminente numa sociedade. É o guia, o condutor. Origina-se do inglês “leader”. Já liderança é um substantivo feminino, que designa “a função de líder”.

A liderança, algo inato, forte na mulher. Ela é líder no lar como mãe, como chefe de família. Todos dependem dela. É o esteio de uma casa, de um lar. É na sua falta que seu papel é intensamente sentido. Ela agrega os membros da prole. Vela seu sono e seus sonhos. Acalenta. Seus braços são refúgios de segredos, dores, dúvidas e alegrias. Eis a mescla que funde numa só: mulher e mãe! O seu pequeno-grande mundo, já com o passar do tempo, ouve sons, ruídos, imagens do outro lado, do mundo exterior e estes aos poucos transformam-se em clamores. Fora de suas quatro paredes também há necessidade deste ser de luz, capaz de gerenciar caminhos de outros seres fora de sua esfera familiar. Desde a execução de trabalhos mais simples, humildes, até altos escalões. Elas estão presentes nas salas de aula, dirigindo a escola, fazendo a merenda, limpando o colégio, orientando o aluno, administrando a secretaria da escolinha de interior do país às universidades, como a ex-reitora da UFRGS - Wrana Panisi. Nas Câmaras de Vereadores apresentam e lutam por projetos que irão promover, alavancar a existência de outras mulheres e de seus filhos. Administram municípios com firmeza e visão de futuro, como Rita Sanco faz em Gravataí. Em meio de controvérsias com o poder político que lhe foi conferido, Yeda Crusius administrou nosso Estado. No legislativo gaúcho mulheres como Sueli Oliveira, a primeira deputada eleita do Rio Grande, Dercy Furtado, Maria do Carmo, Jussara Cony, Manuela D'Ávila, entre outras, deixaram suas marcas. Ali representaram todo o universo feminino/masculino que confiaram parte da administração estadual. Na segurança, além de serviço burocrático,

A liderança de uma mulher:Maria Cardoso Faistauer

Lézia Maria Lino CardosoMuseóloga e historiadora

Porto Alegre/RS

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patrulham ruas, escolas...No judiciário, mulheres como Ellen Gracie, Berenice Dias,

julgam atos que interferem em toda sociedade. Já na esfera federal elas ocupam cargos explosivos e até sonham e lutam para se tornarem a primeira mulher presidenta do Brasil, como ocorre nestas eleições de outubro de 2010 onde Dilma Rousseff e Marina Silva disputam tão almejada posição.

Ampliando nossa visão, temos em vários países mulheres que comandam o destino de seus territórios e também interferem na segurança e na paz mundial, como Hillary Clinton, Margareth Thatcher e tantas outras.

Uma mulher que mudou o rumo da cultura e das artes no Brasil foi Tarsila do Amaral, nas letras citamos a professora e poetisa gaúcha Luciana de Abreu, que ao nascer foi enjeitada na roda dos expostos, porém a vida lhe deu outra chance, que ela agarrou com todas as forças e reverteu sua história.

A enfermeira Ana Nery destacou-se com bravura e dedicação ao cuidar dos enfermos produzidos pela guerra. A história do Brasil destaca como grandes líderes que levaram outros a elas se unirem em prol de objetivos comuns, como a Princesa Leopoldina e seu papel na independência do nosso país, a Princesa Isabel, ao concluir o processo abolicionista do afro-descendente e Anita Garibaldi - a heroína de dois mundos - que ao lado de seu amado Giuseppe lutou na Guerra dos Farrapos. Seus feitos até hoje são pesquisados, cantados em prosa e verso, em atitudes: mulheres gaúchas criaram o Instituto Anita Garibaldi.

Em Capivari do Sul temos uma integrante de seu núcleo: Maria Cardoso Faistauer, patrulhense de nascimento, pinhalense de coração. A nossa Maria Cardoso, gaiteira, folclorista, professora, nasceu na localidade de Vila Palmeira, em Santo Antônio da Patrulha, no dia 5 de setembro de 1947. Filha de Alberto Luiz Cardoso e de Benta da Silva Cardoso, tem um irmão adotivo, Antonio Anacleto Reinheimer, o Tatá. Estudou na Escola Cândido de Barros, na mesma localidade onde nasceu. Mais tarde concluiu seus estudos ginasiais no Colégio Santa Teresinha, em Santo Antônio da Patrulha. Iniciou o Curso Normal na Escola Cruzeiro do Sul, de Porto Alegre, concluindo-o na Escola Adventista de Taquara. Tem os seguintes

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cursos superiores: Estudos Adicionais pela Universidade de Caxias do Sul; Pedagogia com Especialização em Supervisão Escolar na Faculdade N. S. da Conceição de Viamão (Fafinc); Pós-Graduação em Folclore; Pós-Graduação em Psicopedagogia pela Universidade Castelo Branco do Rio de Janeiro e cursa, atualmente, o Mestrado em Memória Social e Bens Culturais na UNILASALLE, de Canoas. Casou-se com Jose Faistauer e tem uma filha, Lara Cardoso Faistauer da Rosa, casada com Mauro Ferreira da Rosa. Seus netos Inaê e Murilo completam esta árvore afetuosa.

Formou-se professora de música (Teoria, solfejo e Instrumental Acordeon).

Foi a primeira Secretária de Educação do Balneário Pinhal. É coordenadora do 21º Raízes 2010 - Raízes do Balneário Pinhal. Destacamos ainda em seu currículo:

Supervisora Escolar e Assessora Cultural da 11º CRE-SECRS;

Assessora Cultural da Prefeitura Municipal de Balneário Pinhal;

Membro efetivo Comissão Gaúcha de Folclore;Conselheira Titular Conselho Estadual de Cultura;Cadeira Nº2 Núcleo Balneário Pinhal Partenon Literário;Diretora Cultural 23º RT-MTG;Integrante do núcleo Capivari do Sul Instituto Anita

Garibaldi;Diretora da Escola Estadual Diogo Penha Balneário Pinhal;Pesquisadora e Palestrante na área do Folclore e do

tradicionalismo; Avaliadora de festivais musicais e danças tradicionais gaúchas

no Litoral Norte e Vacaria;Organizadora de concursos artísticos e de primeiras prendas

de rodeios (Tramandaí, Santo Antônio da Patrulha, Cidreira e Osório);

Membro do CTG Pedro Elesbão de Santo Antônio da Patrulha, em seus primórdios;

Destaque Cultural Comenda A. Colméia/2009;Título de Honra ao Mérito do Legislativo Municipal de

Balneário Pinhal;Troféu Ana Terra/RS, 2009, representante do Litoral Norte

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do RS.Eis nossa Maria Cardoso Faistauer, a líder na Escola Cândido

de Barros, Vila Palmira, em Santo Antônio da Patrulha, que com seu acordeon comandava, dirigia seus pares, seus colegas nas danças gauchescas no início do CTG Pedro Elesbão. As crianças e jovens ficavam atentos ao sinal de iniciar a dança dado pela menina de cabelos castanhos, longa trança para o lado, encimada por uma flor. Nós que a assistíamos olhávamos encantados com a beleza da menina de longa trança, que, com segurança e grande alegria estampada no rosto, abria a gaita e o som da gaita nos envolvia. A gaiteira era uma menina que passava tranquilidade, segurança e firmeza a todos com quem convivia.

A liderança que hoje a tornam em destaque na cultura de nosso estado nasceu com a menina gaiteira, alegre e vibrante lá na Vila Palmeira em Santo Antônio da Patrulha e, hoje, na 21ª Edição do Raízes, viemos encontrar aglutinando em tornos de ideais comuns à Comunidade de Balneário Pinhal. Parabéns e obrigada pinhalenses por receberem aqui com tanto carinho a nossa Maria Cardoso Faistauer.

Maria, obrigada por existires!Um abraço de teus amigos patrulhenses que aqui vieram

abraçar-te.

Maria Faistauer, professora ediretora que marcou épocas e vidas

Lara Cardoso Faistauer da RosaFilha e professora

Balneário Pinhal/RS

Nasci em Santo Antônio da Patrulha e vim morar na Praia do Pinhal em 1975. Meus três anos de vida já foram comemorados aqui. Cresci nesta praia. Minha infância foi marcada por episódios e fatos “promovidos” principalmente pela Escola Rural da Praia do Pinhal,

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hoje Escola de Ensino Médio Diogo Penha. Quase todos gostam de relembrar e contar sobre sua

infância. A minha foi muito feliz. Tenho vontade de voltar no tempo e reviver tudo novamente, da mesma maneira.

Minha história escolar iniciou em 1977, quando ingressei na 1ª série do 1º grau. Onde me socializei, me fiz valer como gente, me descobri, obtive amigos, venci minhas barreiras, foi na Escola, na minha Escola de Pinhal. Mas esses aspectos relevantes ao qual me refiro não se deram somente pela simples convivência escolar. O que fazia toda a diferença era a Direção que conduzia a escola, que contava com a Professora Maria Cardoso Faistauer. Ela fazia a diferença. Fazia da Escola uma referência social na comunidade Pinhalense. Na época, a Praia do Pinhal, como era chamada, era apenas um distrito de Tramandaí. O Executivo localizava-se na sede, distante de Pinhal. A impressão que dá é que éramos carentes de líderes, e a professora Maria assumiu logo essa liderança por suas características e pelo cargo de Diretora da Escola.

A escola realizava entre outras atividades, jantares, bailes, festas juninas, concursos de Mais Bela Prenda da Escola, torneios de bocha, torneios de bolão, Terno de Reis, teatro, aulas de música, torneios de vôlei e futebol, sessões dominicais de cinema, excursões todo final de ano a Porto Alegre, visitando os principais pontos turísticos da cidade e campos de futebol da dupla Grenal. Sem falar na criação da banda Escolar, que a Professora Maria mesmo regia. Eram muitas atividades que envolviam toda a comunidade escolar:

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alunos, pais, professores, funcionários e comunidade pinhalense também. A aquisição dos instrumentos da Banda, bem como do uniforme para a mesma, foi adquirido com promoções e eventos promovidos pela escola.

Lembro-me dos filmes “Fuscão Preto” e de um do Teixeirinha que foram passados nas sessões de cinema. Como era legal! Não tínhamos acesso aos grandes cinemas; então o Cinema vinha até nós.

Outro fato que me marcou foram os deslocamentos que a nossa Banda Escolar fazia nos dias de Desfile Cívico. Íamos a Tramandaí, Cidreira, Capivari, entre outros locais, além de desfilar aqui em Pinhal. A integração entre os componentes da Banda era muito boa. Nós nos divertíamos muito. Bem, os desfiles cívicos eram muito esperados. Eu nem dormia na noite que os antecediam.

E as aulas de teatro? “A Bruxinha que era boa”, de Maria Clara Machado, além do sucesso que fez nas apresentações locais, nas outras cidades foi emocionante também.

E tudo isso criado pela professora Maria. Como não nos

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encantar com a sua preocupação com o lazer, com o desenvolvimento da criatividade, com o compromisso em querer o melhor para seus alunos numa cidade na época tão provinciana? Tudo isso era realizado em Pinhal, década de 1970 e 1980. Não estamos falando de cidades grandes e mais populosas. Estamos falando de um pequeno distrito de Tramandaí, com poucos moradores e de uma cidade aparentemente sem “nada” para fazer.

Realmente, a diretora Maria fazia da Escola uma extensão da sua casa. Ela não cumpria somente um cargo, um horário, ela estava constantemente preocupada com o melhor para sua escola, entusiasmo raro de se ver num profissional. E é preciso registrar que ela nunca havia sido diretora anteriormente de nenhuma instituição, e viera de uma outra cidade onde suas origens, seus pais ficaram lá, sem vir junto com ela.

Mas teve um episódio que foi inesquecível e é imprescindível ser registrado neste momento. Foi em fevereiro de 1985. Ficando sabendo da visita do então Governador do Estado Jair Soares às praias de Magistério e Quintão para inauguração de uma Avenida, uma estrada nova que ligava estas praias, a Diretora Maria planejou uma estratégia para atrair o governador até a Escola. A intenção era de solicitar a implantação das séries finais do 1º grau, já que a escola contara com 1º grau incompleto. (É importante ressaltar que há alguns anos já havia feito o pedido, levando os papéis necessários para este fim, mas nenhuma resposta obtivera. Esses processos geralmente são lentos).

Bem, com o apoio do CPM (Círculo de Pais e Mestres) da escola, cujo presidente era o Sr. Antônio Bibi dos Santos, foi organizada na escola uma super recepção para o Governador do Estado e toda sua comitiva. Toda a comunidade escolar e a comunidade pinhalense se mobilizaram para este fato. A Banda Escolar a postos, os pais e alunos com bandeirinhas nas mãos, bateria de foguetes pronta para ser estourada; aparelhagem de som necessária para possíveis discursos; espumante no gelo, bolo, salgados para coquetel para a “festa” SE” Jair Soares fosse até a escola após o término do compromisso a que se destinara por essas bandas.

Quando estava quase chegando a Pinhal, a Comitiva deparou-se com faixas convidativas que escalonavam o percurso de Km em

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Km, com frases do tipo: “Governador, a Escola Rural da Praia do Pinhal te saúda.” “A comunidade escolar conta com sua ilustre presença” .

Encurtando a história, posso dizer que o Governador Jair Soares, seja por generosidade ou curiosidade, não sei ao certo, veio à escola após cumprir sua agenda de compromissos a que se destinara naquela data. Foi uma festa linda, de arromba, como se diz. Houve discursos, a banda tocou, os pais e alunos acenavam as bandeirinhas confeccionadas, cantavam; um mimo foi oferecido ao Governador.

A professora Maria solicitou no microfone o que os anseios para escola, na frente de todos. Depois ele falou e se comprometeu, diante de todos, a atender às solicitações feitas. De quebra, ainda deu um uniforme novo à Banda escolar.

Fico pensando na liderança de Maria Faistauer, na sua ousadia, na sua credibilidade com os pais do CPM, com os outros pais, com os alunos, com a comunidade em geral, com a sua coragem, com a sua autoconfiança e, principalmente, me refiro na sua dedicação a tudo que fez e faz e na força de vontade, não desistindo enquanto suas metas não eram alcançadas.

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Feliz daquele aluno que, como eu, teve a felicidade de conviver e aprender com ela. Seu exemplo de vida, sua retidão de caráter, sua força, sua presença de espírito, seu otimismo, sua alegria, fizeram dela uma pessoa ímpar. Em cada um de nós ficou o orgulho muito grande de poder dizer: “ Eu fui aluno da Escola Diogo Penha quando a professora Maria Faistauer foi diretora”!

Muitos anos já se passaram. Seus ex-alunos já podem filhos na escola e alguns netos, e ela continua encantando outras pessoas, agora por todo nosso Rio Grande do Sul.

Parabéns Maria Faistauer, não só pelo teu currículo invejável, mas principalmente pela pessoa que és. Jamais te perdeste de ti mesma, jamais esqueceste da tua essência! Sinto-me feliz por esta oportunidade de reverenciá-la.

Tua filha, Lara.

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Era uma vez uma família, cuja história iniciou ao mesmo tempo em ue nasceu uma cidade. A nossa narração começa assim:

Em 5 de dezembro de 1964, Manoel Eloir Faistauer e Vanderny Ferrão Ferreira casaram-se na Igreja de Nossa Senhora da Saúde, na Praia de Cidreira, e foram residir em Osório.

Neste mesmo ano, Cidreira realizou a maior transação imobiliária do ano: adquiriu Pinhal, envolvendo uma quantia superior a meio bilhão de cruzeiros. O compromisso de compra e venda foi firmado pelos senhores Luís Amaral e Paulo Moreira, ambos de Pinhal, e Fausto Prates, diretor do Agro Territorial da Cidreira Ltda.

Alcindo José Ferreira, sogro de Eloir, viu a Praia do Pinhal como um lugar promissor e o incentivou a instalar um estabelecimento comercial.

Em 20 de dezembro de 1968, Manoel Eloir Faistauer decidiu vir morar e estabelecer um comércio na Praia do Pinhal. Trouxe no seu caminhão Ford F600, verde, ano 1961, sua esposa Vanderny, sua filha Eloise, de dois anos de idade, seu irmão João Marinho Faistauer e uma “ninhada” de gatos.

Assim iniciava a história da família Faistauer, que se entrelaça ao desenvolvimento da Praia do Pinhal.

Manoel Eloir, em 1971, inaugurou a sua sede própria. Nascia M. E. Faistauer Materiais de Construções Ltda, que muito veio contribuir com o progresso dessa praia.

A vida no litoral não era fácil. A luz era transmitida através de geradores que eram desligados às 22 horas. A água era de poço. O acesso ao município somente era feito pela beira da praia. Não havia médicos, apenas o farmacêutico Verlei, que fazia o papel de médico. Alguns poucos comércios, como o Armazém e Açougue Ponto Chave, os Hotéis Marisa e Estrela do Mar e o Posto de combustível Shell, do Sr. Zino Bolzan.

Eloir era muito mais do que um comerciante. A comunidade

A família FaistauerEloise Cardoso Faistauer de Borba

ProfessoraBalneário Pinhal/RS

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era pequena, todos se conheciam e se ajudavam. Com isso, presenciou a evolução e forneceu o material para o crescimento dessa cidade. No início, a infraestrutura era precária. Muitas vezes, Eloir socorreu doentes, levando gestantes para cidades vizinhas e até nos momentos tristes, de morte, doava madeiras para a construção de caixões. Ajudou, também, na construção da Escola Diogo Penha e da Igreja Santo Antônio, doando materiais.

Um dos maiores acontecimentos da cidade foi a pavimentação da Av. Castelo Branco e sua arborização. Este acontecimento valorizou a entrada da cidade e o acesso à Madeireira Faistauer. Como o comércio era conhecido dos seus clientes, o Sr. Teobaldo é que foi o responsável pelo plantio das casuarinas, que por um longo período embelezou e serviu de sombra para aqueles que se dirigiam à praia, dando significado ao nome do nosso município. Infelizmente, hoje não as temos mais.

Com o progresso da praia e por acreditar nessa nova cidade, Eloir decidiu convidar seus irmãos a virem morar em Pinhal.

Em 1974, José e Maria Faistauer instalaram-se em Pinhal. Vanda Carvalho Faistauer, em 1975, veio juntar-se à família Faistauer. Veio com o marido José Carvalho e os filhos Josandra, Carlos Norberto e Carla. Em 1977, foi a vez de Carlos Renato Faistauer se juntar a nós. João Marinho casou-se e com Marlene Faistauer e, juntos, assumiram a Madeireira São Francisco, no distrito de Magistério. Em 1990 passaram a fazer parte do comércio da Praia do Pinhal com a Ferragem São Francisco.

Depois de 43 anos, descobrimos que o mais importante de tudo é saber que foi aqui que crescemos, nós, os filhos, netos e sobrinhos de Manoel Eloir Faistauer. Foi através de um homem que acreditou e investiu nessa comunidade que hoje nós somos filhos dessa cidade. Aqui fomos crianças, estudamos nas escolas da nossa praia, participamos dos tradicionais carnavais da SAPP, tiramos fotos com a Walquíria e com o Claudio Tadeu, realizamos primeira comunhão, participamos das festas de Santo Antônio - onde até marido arrumamos e, casamos.

Hoje somos nós que contribuímos para o crescimento do Balneário Pinhal.

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“Somos todos anjos de uma asa só, precisamos nos abraçar para alçar voo.”

(Mário Quintana)

Árvore genealógica da famíliaManoel Eloir Faistauer e Vanderny Ferreira FaistauerFilhos: Eloise, Viviane, Liliane e ArlindoNetos: Daniel, Larissa e Anna Laura Genro: Daniel Soares Borba

Vanda Faistauer Carvalho e José Carvalho (falecido)Filhos: Josandra, Carlos Norberto, Carla, Ezequiel e RaquelNetos: Vanessa, Thiago e ArthurGenros e noras: Juarez Gonçalves, Juliano Noronha e Cristiane Dalke

José Faistauer e Maria Cardoso FaistauerFilha: Lara Netos: Inae e MuriloGenro: Mauro da Rosa

João Marinho Faistauer e Marlene FaistauerFilhos: João Marinho Junior e JulianoNetos: BrunoNora: Eloisa Morais

Carlos Renato Faistauer

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A casa da esquina da Rua 27 com a atual travessa S. Lucas, foi construída em madeira, com paredes duplas, telhas francesas e alpendre no lado leste e sul, no lote 7 da quadra 23-c2, conforme a planta geral do loteamento do Balneário Pinhal, pertencente ao município de Osório. O projeto está em nome do Eng. e Urb. L. A. Ubatuba de Farias e dos Arquitetos Gustavo Martins Costa e Cláudio Machado Rizzato, sendo o loteamento e sua comercialização responsabilidade da Imobiliária Pinhal Ltda., com sede em Porto Alegre, encarregada da urbanização da praia. De 1960 a 1974 o lote pertenceu a Rudá Silveira de Oliveira Freitas, a Júlio Severgnini e a Sérgio Manoel Pereira dos Santos de quem compramos o imóvel em 26 de novembro de 1974. Neste ano, o Pinhal pertencia ao município de Tramandaí.

Família Leindecker: lembranças da casada esquina da Rua 27 (1974-2010)

Dália Tavares LeindeckerMestre em História

Porto Alegre/RS

A casa nos primeiros tempos

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A cena da Rua 27 nos primeiros tempos Quando chegamos na Rua 27 em 1974 havia apenas cinco

casas nas duas primeiras quadras. Os donos eram o Sr. Isolan, a D. Ida e Sr. Nei, a de D. Selda Gil, a de D. Elzira Terra e nós. Com exceção do Sr. Isolan, todos éramos veranistas. Segundo os vizinhos mais antigos, a nossa teria sido a primeira casa a ser construída, em 1960.

A casa da família Gil Fontes localizada na travessa hoje denominada de S. Lucas, foi construída em 1963 pelo Sr. Augusto Francisco Wander, padrasto de D. Selda Silva Fontes, casada com João Gil Fontes. Lá passaram muitos veraneios os três filhos do casal: Gilberto com a esposa Isabel e os filhos Marisa e Gilnei; Gilson e Vera com as filhas Andréia e Adriane. Gilmar, o mais novo com a esposa Nelma e os filhos Jerson e Gisele. Ainda hoje a casa pertence a família.

Na esquina com a 27, ao lado dos Gil, havia a casa verde de D. Ida e Sr. Nei, com os filhos Neida e Nélio. Esta casa foi vendida para o Sr. Osmar, esposo de D. Edite, antigo funcionário da CEE que em 1993 construiu a nova casa de alvenaria. Esta casa após seu falecimento continuou com uma de suas filhas. Do lado do mar foi construída em alvenaria uma casa no fundo do terreno de propriedade do sr. Nilo Vaz que passou a casa para sua irmã Vilma Vaz que a ampliou no pós 2.000. Esta casa aparece no filme curta metragem “Chá de Frutas Vermelhas”, dirigido por Duca Leindecker em 2007, veiculado pela RBS e Canal Brasil de TV.

De frente para a travessa e para o mar estava a casa alaranjada de D. Elzira e do Sr. Terra, com a filha Iria e cinco netos. Esta casa foi adquirida pelo Sr. Veimar Reis e desmanchada. No terreno foi construída uma casa de alvenaria onde moram Jorge Luís dos Santos Dalke, morador de grande participação na vida da cidade, integrando o “Bloco das Virgens” tradicional bloco carnavalesco da cidade. Sua esposa Jussara T. Pisseti Assumpção também tem grande participação na vida cultural da cidade como coordenadora da Banda Municipal ou preparando com muito esmero as atividades culturais e festivas de iniciativa da Prefeitura Municipal. Sua filha Cristiane, nascida nesta casa em 1984, mãe de Artur nascido em 2005 que já é professora e leciona no município. A casa seguinte, na calçada da rua 27, foi construída ainda nos anos 70 já em alvenaria pelo atual morador Sr. Veimar Reis que continua veraneando e visitando

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frequentemente a praia com a esposa D. Neli e os filhos. Completando o casario do lado contínuo da 27 temos a casa de D. Nair e Sr. Jaques construída em alvenaria em 1976 e em seguida na esquina, a grande casa construída em dois terrenos, da 27 até a 28 em alvenaria, a mais imponente do núcleo. Segundo o Sr. Darci de Borba, ela teria sido construída em 1970. Era conhecida como a casa da Viúva Cestari. Esta casa pertenceu ao primeiro Secretário Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre, no governo de Guilherme Socias Villela (l975-1982), o jornalista Roberto Eduardo Xavier. Mais tarde, a casa passou para o Sr. Russo, o mecânico na cidade. Com o vendaval de 2009, a casa ficou completamente danificada e hoje está vazia e abandonada a espera de comprador. Na entrada da rua havia uma casa vermelha onde residia durante todo o ano o Sr. Santo Giovani Izolan, pai do professor Benito Izolan, de Osório. Esta casa era de propriedade do Sr. Marconi Izolan, irmão do Sr. Santo. Depois desta fase, vieram veranear naquela casa o irmão do professor Benito, Augusto Izolan e sua esposa Vera Racier. Todas estas casas eram de madeira. Hoje, a casa é de alvenaria e nela residem todo o ano, desde 2001, D. Edite Pasemann e seu filho Moacir Guilherme Pasemann, moradores muito cuidadosos que além de manterem a casa com muitas flores e uma bela horta, estão sempre atentos em relação a conservação e segurança da nossa rua.

Na quadra 23, onde só existia nossa casa de madeira, surgiram logo após a nossa chegada, no lado norte, as casas de alvenaria do Sr. Jacobino e D. Ceci Vieira, da Teresinha Ernestina Hispanhol, ainda nos anos 70. A terceira casa do lado norte foi construída em 1995, pela minha cunhada Lecy Leindecker Pereira e seu marido Dirceu Pereira que lá veranearam até 2008 com os filhos Gustavo e Caroline, completando o povoamento da quadra 23. No lado leste, em 1979, Fausto e Iara Libardi e sua família, construíram a casa nos dois terrenos para as filhas Ângela, Helena e Gisele. Ali cresceram os netos Francisco e Ronaldo, filhos da Ângela e recentemente as trigêmeas Caroline, Luciana e Giovana, da filha mais nova Gisele.

Ainda na primeira quadra de entrada da rua, em 1980 foram construídas as casas do Sr. Pedro Burgel e D. Heloísa e a do Sr. Douglas Del Pino (1929-1999), esposo de D. Deoclides Vaz Del Pino, nascida em 1924, e ainda hoje é uma saudável veranista. Ali

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veraneavam o filho José Cláudio com sua esposa Terezinha, ambos professores e os filhos Rodrigo e Alessandra. A filha Elaine, o esposo Cândido e o filho Pedro, todos muito animados nos jogos de vólei na praia naqueles primeiros anos da casa.

A compra da casaEm 1973 havia um jogo que prendia a atenção de grande

parte dos brasileiros. Era a Loteria Esportiva com a Zebrinha indicando as apostas improváveis. O apostador devia escolher os times ganhadores nos jogos de futebol da semana e acompanhar as partidas torcendo pelos times de suas escolhas.

Naquele ano meu pai estava morando conosco para tratar um câncer. Com o objetivo de manter meu pai animado e suportar o sofrimento, meu marido Sati Seno Leindecker, advogado trabalhista do Sindicato do calçado de Novo Hamburgo, trazia as cartelas para jogar com ele. Quem via de fora, poderia pensar que eram dois fanáticos por futebol. E tanto jogaram que acabaram ganhando um pequeno prêmio que serviu para comprar um Aero Willys que acabou servindo para dar a entrada do pagamento da casa de Pinhal.

Eu havia concluído meu curso de História, em 1971, mas já trabalhava como professora desde 1969. Como professora, eu passei a ter férias grandes no verão podendo acompanhar as férias dos filhos.

Meu marido e eu éramos contra a compra de pedaços do planeta. Achávamos que éramos simples passageiros nesta vida e não carecia estarmos nos apropriando de um patrimônio público.

Ocorria, no entanto, que o nosso segundo filho, o Duca, tinha problemas respiratórios e seguidamente tinha as amígdalas inflamadas. O médico sugeriu que o levássemos à praia para que se fortalecesse. Com esta receita resolvemos encontrar um lugar perto do mar para as férias e feriados das crianças. Frequentamos Tramandaí em casa alugada nos primeiros tempos. Quando nos ofereceram esta casinha em Pinhal, concordamos em comprá-la, pois tínhamos o dinheiro da loteria para a entrada e o restante seria pago em 10 prestações de valor fixo e não eram cobrados juros. Avaliamos que teríamos menos despesas e maior aproveitamento, já que poderíamos aproveitá-la nos dias de feriados e em fins de semana, além de termos garantidas a casa para as férias de verão.

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Os veraneiosNaquela época tínhamos muitas crianças no nosso grupo de

família e amigos. Logo a casa se encheu de gente, sendo grande parte crianças.

Tinha fila para o banho e sorteio de cartões numerados para o bife. Os pais faziam pandorgas e lideravam as pescarias. Comíamos muitos peixes, principalmente o papa-terra e os mariscos brancos que existiam em grande quantidade. Era uma festa a colheita dos mariscos. Depois era a limpeza e fazer os bolinhos. Todos ajudavam nas tarefas e principalmente a comer os bolinhos com gotas de limão. Que delícia era comer os bolinhos e viver a vida de pés descalços naquela imensidão de areia ao som do retumbar das ondas. A paisagem era toda de infinitos, a praia aberta para o norte e para o sul e no leste a imensidão do mar. O céu parecia estar perto de nossas cabeças nas noites estreladas. O sol e a lua pareciam ao alcance das mãos quando surgiam levantando-se do mar. Nos gabávamos pra toda gente que o sol e a lua nasciam primeiro na nossa casa e só depois iam para o resto do mundo. Para quem não queria comprar um pequeno pedacinho do planeta agora não se acanhava em se adonar do nascer do sol e da lua!

Pescarias

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As pescarias tinham início quando o Vô Armando Leindecker posicionava sua carretilha e banquinho na beira do mar antes do nascer do sol. Depois de conseguir colocar as iscas, vinha em casa para preparar o Chimarrão e levá-lo para a beira da praia. A criançada se acordava e corria para a praia arrodeando o pescador em busca de mariscos e conchas. Depois da chegada do Sol vinham tomar o café da manhã e vestir as roupas de banho.

Naquele tempo tínhamos entre 6 e 10 crianças para administrar nas ondas da beirinha. O banho era precedido de uma longa caminhada pela beira da água, indo até o centro ou até o Clube de Pesca.

O trajeto possibilitava a observação da natureza e dos acontecimentos ao longo do caminho. As conversas eram o forte do veraneio. Não tínhamos televisão nem outro aparelho de som. A música era cantada pela turma e a diversão noturna era garantida pelos jogos e os passeios ao centro para ver o povo, tomar um sorvete ou brincar de pegar na pequena pracinha que havia junto à CEEE.

O Osso da Baleia era novo e havia também costelas ao longo da calçada na rua principal. As calçadas da rua do Clube eram cobertas de gramas e largas, nelas caminhava o grupo todo. Quando o vento estava forte, vindo do Nordeste, sofríamos para chegar em casa devido as areias que voavam contra os nossos olhos.

Não havia carros nem telefones. Usávamos os ônibus e tudo era muito bem combinado previamente. Nos primeiros tempos, quando alguém conseguia um carro para entrar na rua 27, era certo que ficaria atolado nas areias. A turma já corria para socorrer portando enxada e tábuas, era uma diversão. O calçamento das ruas só viria em 1987 realizado pela empresa Servipal e pago pelos proprietários.

Devido a presença de banhados com vegetações, tínhamos as serenatas dos sapos e o desfile de cobras que se alimentavam naqueles locais. Eu tinha um medo ancestral de cobras, mas procurava disfarçar e deixava a gurizada organizar uma coleção delas dentro de vidros com álcool. Esta parte ficava com os pais e as crianças. Eu fotografava de longe com a nossa Kodak.

Nos cômoros ao redor da casa, os guris brincavam nas tardes soltando pandorgas, descendo com tábuas as encostas do morro de areia ou caçando os ratos brancos que faziam ali suas tocas. Quando

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conseguiam aprisionar um deles, as crianças em meio a grande algazarra, o colocavam numa bacia grande, observavam-no e depois o soltavam.

Havia naquela época muitas pessoas que iam para a praia e acampavam nos cômoros perto do mar. Nós fornecíamos água quando nos pediam e quando o acampamento era abandonado fazíamos uma inspeção no local para recolher o lixo com vidros e latas de conservas para evitar risco para a turma que passava o verão de pés no chão.

A casa foi construída nos anos sessenta em cima das areias que chegavam até a janela da cozinha. Com o vento, as areias foram mudando de lugar e os pés da casa foram descobertos, obrigando os moradores a fazerem uma escada bem alta, pois, a casa se transformou em uma verdadeira palafita. Quando a ventania era muito forte a casa fazia um ligeiro balanço.

Na década de setenta nós só conseguimos pintar a casa e continuamos sem muro e sem calçada. Quando viajávamos de férias nos programas do SESC ou íamos para Minas Gerais rever os parentes, nós deixávamos a casa para alugar com a D. Edite Borba na Imobiliária do Nei Zang. No verão de 1977/78 apenas os nossos amigos Ione Silveira e Danilo Asp ficaram na praia cuidando as crianças enquanto Sati e eu permanecemos em Porto Alegre com o Luciano, que ainda era muito pequeno, fazendo exames de saúde em busca de resposta para o emagrecimento repentino e para as dores que ele sentia nas costas. Fomos a Novo Hamburgo onde Sati trabalhava e realizamos os exames com o médico que era seu colega no Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Calçado de Novo Hamburgo, Dr. Solon Grobocopatel, gastroenterologista que identificou um tumor próximo a um dos rins e o encaminhou para o Dr. Renato Amaral para fazer a Biopsia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Estávamos em 21 de março de 1978 quando tivemos o diagnóstico do câncer e a expectativa de apenas mais 3 meses de vida para Sati. O ano de 78 foi de tratamento com Radioterapia e Quimioterapia. No final do ano foi feito uma Radiografia Computadorizada, tecnologia nova que permitia uma avaliação mais precisa da situação do doente. Dr Adalberto Broecker Neto foi o dedicado médico que o atendeu neste período. Não tendo mais nenhuma esperança, resolvemos ir para Pinhal para que ele visse o

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mar que tanto gostava. Ficamos dois dias e retornamos a Porto Alegre. Na volta para casa descobrimos que as crianças haviam pegado piolho. Eu não conhecia piolho, pois, no meu tempo de criança não havia piolhos lá em Minas. Foi um susto! Passei o primeiro remédio indicado e o resultado foi outro susto, pois o Duca era alérgico ao produto e ficou todo vermelho.

No final de janeiro de 1979, completamente lúcido, Sati faleceu no Hospital Ernesto Dorneles, no final da tarde do domingo dia 29.

Naquele ano, nós não voltamos ao Pinhal e nas férias fomos para Minas e deixamos a casa alugada. Houve uma ressaca muito grande e os inquilinos ficaram ilhados como se a casa fosse um navio. A família que alugou a casa era do Marcelo Maresia que muito tempo depois foi ser meu aluno na FACOS de Osório.

Nesta década de 1980 fizemos uma pequena garagem de 18 metros quadrados e um muro, obra do Senhor Darci Borba, esposo de D. Edite e do Denis seu filho que estreou na construção civil ali em casa. A necessidade da garagem era uma evidência do aumento do número de carros e passava a ser uma condição exigida pelos inquilinos que já vinham motorizados com seus Fuscas ou suas Brasílias.

Em 1980 resolvi comprar um Fusca para poder ir no inverno à praia com os guris. Nas primeiras viagens na RS-040, cheia de buracos, tivemos os 4 pneus furados, pois o fusca era de 1970 e eu não tinha nenhuma experiência com carro. Quem resolvia o problema era o Adriano que em apenas 10 minutos conseguia trocar um pneu. Íamos com muitos agasalhos e quando andávamos a pé pelas ruas desertas, levávamos um cajado para nos defender dos cachorros que vagavam pelas ruas e pela praia. Havia também uma mulher conhecida como Marusca, a espanhola, que passava pela praia acompanhada por muitos cachorros. Ela morava na terceira quadra da rua 27 apenas com seus cachorros.

Havia muito poucas pessoas na cidade no inverno e o comércio era quase inexistente. No verão passavam ciganos oferecendo roupas de cama, passava diariamente o vendedor de “Puxa-puxa” que além de garantir uma sobremesa saudável, brindava a todos que via com seus versinhos:-”Olha o Puxa-puxa, Puxa-puxa colorido, você fica satisfeito e eu fico agradecido”. Era o Sr. José

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Horst que trazia os doces de Santo Antônio da Patrulha para vender em Pinhal, durante muitos anos, nas temporadas de praia. O nosso mercado era o “TAI”, próximo ao “Praia Atlântico Clube”, PAC, que ficava na Rua 29. A família do Sr Ângelo Lanzarini e D. ErcildeLanzarini era proprietária do mercadinho e também administrava o Bar da Rodoviária desde o início dos anos 70. Na década seguinte o filho Marne abriu a “Casa de Pesca DUNGA”, que depois da morte dos pais e da saída do Marne e sua família do Pinhal, ainda continua com as portas abertas no centro da cidade.

O único da família que permanece na cidade, atualmente, é o Leandro Lanzarini Lauer, filho de D. Maria, irmã de Sr. Ângelo. Depois de ter trabalhado com o tio no “TAÍ” de 80 a 94, abriu o ”MERCADO AVENIDA” na rua 30, onde continua trabalhando com sua esposa Luciana até hoje.

Quando íamos ao Pinhal fora do verão, as crianças e eu parecíamos personagem de um filme chamado “Para onde foram todos”, em que um professor e seus alunos saíam de uma caverna que

A turma que cresceu à beira do mar

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Surf e adolescência

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visitavam e encontravam a cidade toda vazia, após ter havido uma explosão, apenas os cachorros perambulando famintos pelas ruas desertas. Usávamos um Cajado para nos defender dos cães, o que nos fazia parecer uma tribo bíblica a vagar no deserto.

A nossa casa apenas recebia uma pintura dada pela gurizada e a turma grande quando chegava o verão. Nils Asp que gostava muito de trabalhar com madeira dava uma ajuda para o Adriano ou o Vô Armando na parte de reparos na madeira. As telhas francesas nunca davam problemas. Para isto não deixávamos que faltasse as tábuas dos beirais protegendo-as da ventania que era constante.

A turma que frequentava a casa, nesta época, era a família Asp , o pai Danilo, a mãe Ione e os filhos Gustavo, Nils e Francisco. A família do Tio Délio Tavares com Tia Vilma Procknow e seus três filhos: Raquel, Lúcia e Fernando. Do Tio Miguel Dirceu Tavares que morava no Rio de Janeiro tínhamos a Tia Magda com seus dois filhos João e Júlio e o filho de Dirceu, Dario e seu irmão por parte da mãe Aurora Coentro, Maurício, que fez em Pinhal as suas primeiras experiências com o Surf. Além destes da família, consideramos os

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O incêndio

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Asp como da família, compareciam os vizinhos de Porto Alegre e os colegas de escola dos guris e de trabalho dos pais. Em 1981 tivemos a casa cheia com a presença do padrinho do Adriano, o jornalista Carlos Monteiro, com sua esposa Ilka Gisele e as filhas Cláudia e Aline. O casal Roberto e Elisabete Bohn também participaram das alegrias daquela casa. A dona da pensão onde ficamos ao chegar de Minas em 1959, Ilma Teixeira de Melo, também esteve conosco naquele verão. Foi um verão inesquecível!

As despesas eram pagas por todos, a partir de um valor estipulado pelos próprios visitantes, que calculavam a diária depois da primeira semana de compras. Todos contribuíam com o valor e com a lavação de pratos e a administração das malas para evitar que se perdessem coisas. Como as pessoas eram muitas e a casa era pequena, a disciplina era naturalmente obedecida, pois, sem ela não haveria chance de convívio. A pequenez da casa era compensada pela imensidão de espaços na praia e as diversas atividades esportivas que favoreciam a convivência harmoniosa de toda aquela tribo.. Os Asp passaram os primeiros 25 verões de suas vidas conosco naquela casa de Pinhal. Ali se construiu uma ligação muito forte que tem se mantido mesmo depois do falecimento dos pais Ione e Danilo e da mudança dos filhos para Florianópolis e para Bragança no Pará.

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A música que nasceu na beira do marEm 1985, a música entrou na história da casa de Pinhal.

Depois de fazer as primeiras 10 composições, Duca começou a tocar guitarra com a Banda Prize que participou de um disco gravado pela ACIT chamado Roque Garagem II. A música era “Tua voz” de autoria de Francisco Cunha Neto que foi muito tocada naquele verão. Depois veio a participação na Bandalieira com Fugueti Luz com muitos sucessos como “Nosso lado animal”, “Campo Minado”, “Falta pouco” que era uma música que se referia a eleição direta e a volta da democracia no posperíodo militar. Em 87 e início de 88 foi gravado o disco solo do Duca, posteriormente lançado pela ACIT. Deste trabalho houve uma música instrumental “Por si mesma” que também foi muito tocada na época. A rádio Ipanema dava um grande apoio aos músicos iniciantes e isto foi muito importante para que seguissem carreira.

Em 1989, na companhia do baterista Cau Hafner, surgiu a Banda Leindecker que logo depois das primeiras apresentações se tornou a Cidadão Quem, incluindo ai a participação do Luciano responsável pelo Baixo e de Cau Neto nos teclados.

A década de 1990 trouxe na música três trabalhos da Banda:

O tempo da garagem

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A nova geração

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Outras Caras, Lente Azul e Spermatozoon. Este último foi lançado logo após o falecimento de Cau Hafner num desastre de paraquedas em 10 de julho de 1999.

O tempo da garagemEm 1996, em 23 de novembro, depois de pintarmos a casa

para o verão, uma pessoa ensandecida colocou fogo em quatro casas da Rua 27 e entre elas estava a nossa casa de madeira que ficou completamente destruída. Naquele ano, nós havíamos aumentado a construção da garagem anexando um banheiro e churrasqueira e o espaço da primeira peça foi transformada em sala quarto.

No final do ano fizemos um grande reunião no pátio vazio, com a presença dos frequentadores da casa e dos vizinhos para inaugurar a nova etapa renascida das cinzas da casinha de madeira. Todos trouxeram contribuições para refazer a casa. Móveis, pratos, panos. Até geladeira trouxeram duas, sendo uma para doação. O fogão continuou sendo o da minha sogra, trazido de Santa Maria em 1959, quando a família se mudou para Porto Alegre. Como ele estava de reserva na garagem, acabou ficando a salvo. É um fogão Geral esmaltado que ainda está em uso na casa nova. O outro da casa de madeira que foi queimado, era um Wallig comprado no tempo do casamento em 1965.

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Aí teve início a era da garagem, que durou dez anos: l996 a 2006. O nosso núcleo familiar era de 8 pessoas em 96, pois só tínhamos a Joana, filha do Adriano e da Adriana, nascida em 1994, a primeira da nova geração da casa. Os outros quatro netos vieram neste período em que veraneamos na garagem.

Em 1999, Duca lançou seu primeiro livro “A casa da Esquina”, pela Editora LPM, na 45a. Feira do Livro de Porto Alegre.

Gabriela nasceu em 1997, Isabela em 1999, Guilherme em 2003 e Júlia em 2004. Neste período faleceram os avós Armando e Helma Leindecker, em 1993, e a amiga Ione, em 1994. Os filhos de Ione, Gustavo e Francisco passaram a morar em Florianópolis e Nils que estava em Rio Grande fazendo Oceanologia, continuou conosco em Pinhal nos períodos de férias. Mesmo depois do doutorado na Alemanha e da aprovação em concurso para a Universidade do Pará, onde trabalha e mora atualmente, Nils continuou frequentando a casa de Pinhal quando vem com a filha Luciana passar dias nas férias. Dario, o sobrinho carioca e seu irmão Maurício hoje estão com suas famílias. Dario trabalhando no Rio, onde fez doutorado em Física e Maurício é Promotor público em Aracaju onde mora com a esposa e um casal de filhos. Com eles estamos sempre em contato.

O sobradinho

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Na década de 1990 as casas passaram a ser construídas em alvenaria. Surgiram várias casas, ocupando quase todos os terrenos das duas quadras até a praça que também ganhou “casas buraco” para morada das Corujas que vieram para a nossa rua.

Em 2002, as crianças se vestiram de orientais, para o Carnaval na SAPP. Apesar de continuarmos sem televisão, recebemos uma nova integrante da família, a Ingra Liberato, uma baiana que naquela ocasião estava trabalhando na novela “O Clone”. No mesmo ano, na 48a. Feira do Livro de Porto Alegre, também pela Editora LPM, Duca lançou o segundo livro “A Favor do Vento” ambientado na casa de Pinhal.

O sobradinhoEm 2005 iniciamos a construção da casa nova que ficou

concluída em 2006. Nesta casa continuamos recebendo muitas pessoas, agora ligadas pelos casamentos que trouxeram mais três grupos pertencentes às famílias das noras: Adriana Machado, esposa de Adriano, Roberta Silva, esposa do Luciano e Ingra Liberato, esposa do Duca.

Outro integrante do grupo que merece ser lembrado nesta história é o doutor em Biologia Paulo Henrique Ott, o nosso “Lique”, integrante do quadro de professores e pesquisadores da UERGS, presença importante na casa desde a década de 70.

A construção da casa da frente foi projetada pelo arquiteto Waldir Franco e executada pelo Sr. Paulo Souza e seu filho Waldir Souza. No verão de 2006, nos transferimos da garagem para a casa nova, toda em azul e branco em homenagem à casa em que nasci no interior de Minas Gerais, em 1942, no município de Maravilhas, construída em 1901 pelo meu avô e que até hoje está lá com a família mineira.

Em 2008, a Banda Cidadão Quem parou suas atividades e teve início o projeto Pouca Vogal, que é uma junção com a Engenheiros do Havaí. Humberto Gessinger e Duca Leindecker, com sobrenomes de poucas vogais, cantam músicas das duas Bandas e outras específicas do projeto Pouca Vogal. Com esta dupla, a música “Pinhal” tem sido cantada de norte a sul do Brasil e apresentada na Internet em várias versões.

Em l9 de novembro de 2009, um vendaval atingiu a rua 28, 54

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jogando os destroços na rua 27, o que causou grandes danos materiais nas casas das duas primeiras quadras. Felizmente não tivemos pessoas atingidas. Passamos este último verão consertando a casa e pretendemos concluir os reparos para o próximo veraneio, quando esperamos receber mineiros, cariocas, sergipanos, bahianos e paraenses, e quem mais queira apreciar as belezas infinitas desta praia grande deste jovem município de Balneário Pinhal que completa neste ano de 2010 seus 15 anos de emancipação.

Para comemorar a data foram entregues pelo Sr. Prefeito Jorge Fonseca, medalhas às pessoas que contribuíram para o desenvolvimento ou divulgação do município.

Para nossa satisfação e orgulho tivemos a honra de receber uma destas medalhas atribuída ao Duca pela divulgação do município através da música “Pinhal” e dos seus livros.

Também foi de grande importância para o povo de nossa casa, e em especial para o Duca, o convite para que fosse o Patrono da XII Feira do Livro de Pinhal, ocasião em que foram inauguradas as novas instalações da Feira, na Avenida Itália, com a presença da comunidade em uma grande festa da cultura.

O ano trouxe ainda o Encontro “Raízes” coordenado pelas professoras Véra Barroso e Maria Faistauer, juntamente com as Secretarias do município. O encontro aconteceu na Sociedade Amigos da Praia do Pinhal, num ambiente acolhedor e de muita emoção, onde o balneário pinhalense e veranistas contaram suas histórias e mostraram através dos relatos de memórias, de apresentações artísticas o quanto esta comunidade produz e o quanto está empenhada no seu desenvolvimento.

Vizinhas queridasEste relato para se completar não podia deixar de registrar

algumas histórias de vizinhas como a D. Edite Maria Soares de Borba, nascida em 1942, casada com seu Darci Nunes de Borba que conhecemos na imobiliária Navegantes em 1973, quando alugamos uma casa e passamos nosso primeiro veraneio em Pinhal. Durante todos os anos que ela e sua família viveram na casa próxima a nossa, bem na beira do mar após a terceira travessa da rua 27, D. Edite fazia uma enorme caminhada para ir de sua casa até o trabalho enfrentando o vento e a chuva, sem faltar nunca e além de atender a

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casa e a sua família, sempre atendia com grande amabilidade aos clientes das imobiliárias por onde trabalhou. Sua força e persistência sempre me encantaram. Sua história e a da família Borba vem na narrativa de sua filha Eloísa, contada a seguir:

“O pai é de Rio do Sinos, Santo Antônio da Patrulha, a mãe é natural de São Francisco de Paula. Morávamos na cidade baixa de Santo Antônio próximo às pedreiras. O pai trabalhava em uma cooperativa de arroz em Santo Antônio e a mãe foi doméstica por alguns anos. Conforme os filhos iam crescendo, começamos a fazer pasteis em casa para eles venderem junto com as famosas rapaduras de Santo Antônio. Os meninos também vendiam jornais e eram engraxates. Mas começou a ficar difícil pois éramos em 7 filhos. Resolveram então apostar em outra cidade, e o pai veio passar um verão no Pinhal trabalhando na madeireira Faistauer. Terminado o verão voltou a Santo Antônio, mas retornou para morar definitivamente em Pinhal com toda a família em dezembro de 1970. A mãe conseguiu emprego na madeireira e imobiliária do seu Hugo Barth e da sua filha Rosa Barth, depois foi trabalhar na imobiliária do Nei Zang. E o pai começou a trabalhar como construtor autônomo, com isso poderia levar os filhos para ajudar. O pai construiu junto com os filhos a casa da beira da praia onde moramos por aproximadamente uns 20 anos. Depois da vinda de Santo Antônio, a mãe adotou uma criança: Adelaide e depois teve mais uma filha, a Fernanda. Morávamos todos os 9 filhos na beira da praia, os meninos iam ajudar o pai na construção e as meninas se “cuidavam” e tomavam conta da casa: almoço, limpeza, etc. Estudamos na Escola Diogo Penha.

O pai, como já falei, trabalhou sempre na área da construção, mas parou cedo devido a um câncer de pele. A mãe trabalhou em imobiliária: passou pela imobiliária Barth, Imobiliária Nei Zang, Edite imóveis, e por ultimo Sirlei Imóveis da nora, esposa do Leonel que no mesmo prédio tem a madeireira comercial Fritz. Devido ao progresso da cidade, todos estão estabelecidos na cidade. Deniz tem uma pousada, Leonel, madeireira, Daniel, caminhoneiro, Hélio, falecido neste ano, era construtor, Helena tem um prédio de apartamentos de aluguel, Valter é construtor. Eloisa trabalhou muitos anos no posto telefônico e hoje tem uma loja de roupas. Adelaide é funcionária de um comercio local e Fernanda é do lar.

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Alguns dos netos foram fazer vida fora, mas a maioria continua em Balneário Pinhal.”

D. Edith Hilda Vier, moradora da casa da esquina da rua 27 em frente à Praça das Corujas. D. Edite nascida em 17-5-1925 no município de Estrela, filha de Maria Luíza Grings e Augusto Alfredo Sulzbach, veio para Pinhal em 1967. Nos primeiros anos era veranista e vinha com o casal de filhos Célia e Tony. Em Porto Alegre morou até 2000, na rua Moura Azevedo, no Bairro São Geraldo num apartamento que mais tarde foi cenário para o filme de Jorge Furtado “O Homem que copiava”, onde foi gravado um incêndio.

Edith, hoje é membro do Grupo de Terceira Idade de Pinhal Laços da Amizade e brinda a todas com seus quitutes deliciosos nos encontros semanais e eventos realizado pelo grupo. Ela é muito alegre e está sempre disponível para uma boa conversa e um chimarrão servido aos que chegam em sua área de frente para a praça e para o mar.

Dona Blanca Assuena Imienta Viesley, quando a conhecemos, era proprietária da padaria da beira da praia. Na década de setenta, se encontrava além do pão, os famosos alfajores tipicamente uruguaios pois D. Blanca era uruguaia, nascida em 30-10-1932. Dos seus 75 anos de vida, 25 deles passou no Pinhal. Após a separação do esposo, ela vendeu o prédio da padaria e passou a viver sozinha numa casa pequena no lote ao lado. Ela perguntava sempre pelos meninos que iam comer os seus doces e ficava muito orgulhosa de lembrar que havia visto o crescimento dos músicos da nossa casa. Ela cuidava várias casas dos vizinhos veranistas e cuidava também os gatos, cachorros e pombos que haviam pelas redondezas. Ela era muito comunicativa e corajosa e não temia passar o inverno naquela solidão. Na primavera de 2007, D. Blanca faleceu vítima de um AVC. Seu funeral foi acompanhado por sobrinhos que vieram da sua terra natal e pelos vizinhos que lhe prestaram socorro nos seus últimos momentos. Como era desejo dela, suas cinzas foram jogadas no mar em frente à sua casinha. Conta o nosso vizinho Moacir Pazemann que, no momento em que as cinzas foram jogadas ao mar, houve uma revoada dos pombos que viviam em sua casa e que estes pássaros não mais retornaram à casa vazia.

Indo pela praia em direção ao centro encontramos uma casa grande, na esquina da Avenida Perimetral, onde antes da casa de

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Vizinha querida, Dona Ceci Vieira

alvenaria com uma pequena janela de sótão tinha uma casa de madeira que chamávamos de “Castelinho Vermelho”. Nela habitava a professora Brunilda Copetti Finger, conhecida de todos os professores dos Colégios Pio XII e da Escola Técnica Parobé. Ela nasceu em 26/41916 em Santo Ângelo. Quando pequena viveu na casa dos avós da família PIPPI numa casa que hoje é o hospital da cidade de Ivorá. Depois de casada foi viver em Porto Alegre onde viveu e criou seus cinco filhos, viu crescer os netos e faleceu aos 94 anos em 16/6/2010.

Em Pinhal, D. Brunilda era sempre muito cordial com os vizinhos e não deixava de fazer a caminhada na praia todas as manhãs. Muitas vezes fui tomar chimarrão e escutar suas histórias sentadas na área de sua casa.

Dentre as histórias de D. Brunilda estava a história de Maria Ester Vieitz, carinhosamente chamada de Marusca por ela. Esta senhora morava na quinta quadra da rua 27 e era dona de inúmeros cachorros que lhe acompanhavam em suas caminhadas pela beira da praia. Nós a chamávamos de “Mulher dos cachorros”. Ela era extremamente misteriosa para nós.

Através de D. Brunilda vim a saber que se tratava de uma espanhola que havia saído aos 16 anos de seu país com a mãe, duas

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irmãs e dois irmãos, por ocasião da Guerra Civil Espanhola de 1935, e ido morar em Buenos Aires. Seu pai e o irmão mais velho haviam morrido na guerra. Em Buenos Aires ela viveu e trabalhou com sua irmã nos primeiros tempos, aproveitando para pagar um curso de dança a noite. Através deste curso ela veio para Porto Alegre, onde acabou ficando pois a dança não agradava a família que considerava a atividade imprópria para moças de família. Após dançar em casas noturnas da cidade ela abriu sua escola de dança, a primeira na Av. Independência e depois nas proximidades do Gasômetro,onde ensinou por 30 anos. Ali ela fez uma grande amizade com D. Brunilda que era sua vizinha.

Ao se aposentar, ela mudou-se para Pinhal e ficou morando na rua 27 até sua morte em 2005. Foi sepultada pela Brigada Militar no cemitério de Tramandaí, depois de dias de seu falecimento, quando os vizinhos notaram sua falta. Ela estava com 85 anos. A casa em que morava ficou abandonada e acabou sendo invadida.

Outras vizinhas muito queridas também foram D. Lúcia Grings, irmã de D. Edith Vier e D. Nair esposa do Sr. Jaques, falecidos antes de venderem a casa para D. Lúcia em 1998.

Lembro-me ainda, com muito carinho, de D. Ceci Vieira, protetora dos animis abandonados da praia, juntamente com seu marido Jacobino Vieira, músico do Exército, aposentado que passou a morar na praia para atender os cachorros que adotou, entre eles o denominado Tramandaí que foi cuidado com toda a atenção até morrer de velho. Todas as pessoas tinham grande estima por D. Ceci, pela sua maneira doce de tratar os que com ela se encontravam. D. Ceci faleceu em 12 de outubro de 1999, deixando saudades e um belo exemplo de cordialidade, muita alegria e amizade.

Nestes mais de trinta anos de vivência naquela área da cidade, aprendemos a admirar a força de mulheres que moraram ou veranearam ao nosso redor, e que nos acolheram com todo carinho e foram e são exemplos de cordialidade e amor à vida.

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No mês de maio de 1994, um morador de Pinhal, o Sr. Osvaldo, mais conhecido por Russo, viajava constantemente para o nordeste do país, levando e trazendo carga em seu caminhão. Sempre que passava pelo estado da Bahia parava para descansar na cidade de Gandu, localizada na região sul do estado, e ficava no bairro chamado Dois de Julho, numa rua que tinha todos os tipos de serviços de manutenção automotiva.

O Sebastião e o Luis Carlos eram proprietário de uma destas oficinas de manutenção com serviços de mecânica, chapeação e pintura. O Sr. Osvaldo, conhecendo os serviços feitos por eles, convidava-os insistentemente para virem para o Pinhal abrir uma oficina com ele, de serviços especializados. Eles resolveram aceitar a proposta e conhecer a cidade. Vieram com ele de caminhão e ao chegarem aqui, ficaram meio frustrados com o que viram. A cidade tão comentada pelo Sr. Osvaldo era um distrito de Cidreira com poucas casas e a maioria, fechadas, era de veranistas, pessoas que só vinham para praia no verão. Também se assustaram com um frio intenso como eles nunca tinham visto, e com o vento, principalmente à noite.

Mas já estavam aqui, e o Sr. Osvaldo insistia que ia dar certo. O prédio era bem localizado e eles começaram a trabalhar. No momento em que os clientes começaram a aparecer, eles viram que precisavam de ajuda e foram trazendo mais rapazes para trabalhar na oficina. Em todas as viagens para o nordeste ele trazia dois, até formar uma boa equipe de trabalho com mecânicos, chapeadores, pintores, preparadores, montadores, e vendedores de peças automotivas, entre outros.

O tempo foi passando e aumentando os clientes e a procura pelos serviços prestados por eles. Então resolveram buscar as famílias que ficaram na Bahia e passariam uma temporada por aqui. Em 1º de setembro de 1994 chegamos a Pinhal. Era muito frio,

A chegada dos baianos em Pinhale as mudanças desde 1994

Joceli de Souza SilvaPedagoga

Balneário Pinhal/RS

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mesmo com os dias de sol intenso, mas gostamos muito da cidade, que ainda era distrito, muito tranquila, as escolas perto, as crianças podiam brincar nas ruas sem movimento de carros... Fomos bem acolhidos pelos moradores da cidade. A Deane, nora do Sr Osvaldo, foi uma parceira em todos momentos. Passeávamos muito e fotografávamos tudo para mandar para os parentes e amigos que ficaram. Pensávamos que logo voltaríamos para a Bahia.

O verão chegou e com ele muita gente. A cidade ficou cheia as noites muito movimentadas as casas fechadas se abriram e fomos aos poucos nos adaptando ao clima e ao lugar, conhecendo pessoas, fazendo amigos. Morávamos todos juntos, as duas famílias, a do Sebastião e a do Luis Carlos. No verão separamos. Cada família, com quatro pessoas, foi para uma casa. Os solteiros eram doze ao todos paravam na pousada da professora Maria Faistauer, onde faziam muitas festas, deixando os vizinhos irritados com o barulho.

Eles se divertiam nos sábado à noite numa danceteria chamada Blueiwe, que ficava no centro, ao lado do Osso da Baleia, hoje Lancheria BisBis.

Aos domingos todos almoçavam juntos, fazendo muita farra. Depois saíam para passear pela praia de bicicleta, pelas lagoas e dunas. Tudo era festa e diversão.As compras eram feitas nas fruteiras do Joel e no Pavão, lojas de confecção e calçados que ficavam abertas no inverno a da Tucum (Filha Única) e da Eneida.

Quando o verão passou, o movimento começou a diminuir, alguns resolveram voltar, outros mudaram para outras cidades para trabalhar, o Sebastião e o Luis já tinham conquistado sua clientela, abriram sua própria oficina, a Oficina dos Baianos, e foram trabalhar com os que ficaram e construíram suas vidas neste lugar.

As mudanças que ocorreram no município desde 1994Meu nome é Juceli de Sousa, sou natural de Valença, região

sul da Bahia, moro em Balneário Pinhal, e esta é uma pequena parte da nossa história.

Quando chegamos aqui em Pinhal, o distrito de Cidreira era quase deserto no inverno. Havia poucos moradores, todos se conheciam ou eram parentes. As ruas não tinham calçamento e os colégios tinham poucos recursos. O posto de saúde só atendia de

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segunda a sexta, das 9 às 17h. Os moradores mais antigos, não conformados com o descaso do prefeito, resolveram criar o movimento para emancipar e tornar Pinhal um município independente. Em 1995 conseguiram emancipar Pinhal, que passou a se chamar Balneário Pinhal. Daí em diante a cidade começou a tomar forma e vem crescendo a cada dia em número de população e infraestrutura.

Balneário Pinhal, aos quinze anos, não é só conhecida como uma Praia de Amigos. É também a cidade das abelhas, a cidade mais doce do Litoral Norte Gaúcho.

Sinto muito orgulho por ter participado dessa transformação e crescimento deste município, que considero minha estância.

Homenagem especial aos baianos que passaram por Pinhal e deixaram suas marcas ou lembranças; Luis Carlos Sebastião, Geilson, Laerte, Evandro, Rasemar, (Ba) Edinaldo, Ramilton (Rambo), Nei, Genildo (Gene), Renato, José Jorge (Ressaca) (Ninga) (Marajá) Gerson e família .

Alguns dos baianos que vieram e criaram raízes nesta terra: Sebastião Ferreira e família, Luiz Carlos Teixeira e família, Paulo Almeida Neto e família, Geilson Pires, Rosemar Bispo, Evandro Varela, Edinaldo Santos e José Jorge da Silva

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Maria Jaqueline de MoraesProfessora e alunos da turma 70 da E.M.E.F. Calil Miguel Allem

Balneário Pinhal/RS

O trabalho resgata aspectos gerais da história de nosso município (primeiros comércios e serviços, moradores mais antigos, transportes, beira mar, pesca, vestimenta, diversões, carnaval...), através de entrevistas com pessoas mais antigas na comunidade, resgate de memórias (narrativas) e apresentação de fotos arrecadadas junto às famílias dos alunos. Tal projeto foi desenvolvido através de atividades pedagógicas, a partir da motivação e orientação em sala de aula, na disciplina de Língua Portuguesa.

Aluna: Alessandra Grazielle Miguel de Almada, aluna da turma 70 - 7ª ano1) Nome: Iraci Santos de Oliveira2) Idade: 71 anos3) Tempo que reside em Balneário Pinhal: 45 anos4) Como era o Balneário Pinhal antigamente? Poucas casas. Quando ela veio morar aqui havia só três casas.

Era tudo mato e dunas. No lugar das casas era mato ou lagoa. Quando ela foi fazer a casa dela, os pedreiros tiraram os peixes da casa dela pra comer, pois a casa dela era uma lagoa. A água do mar ia até a igreja. Os gados das fazendas invadiam toda essa área de Pinhal.

5) Como eram as ruas? Cheias de mato, não tinham calçada, só era mato.6) Como era a praia?Natural, limpa, bonita, cheia de peixe, marisco. Não tinha

pessoa para poluir a praia.7) Como as pessoas se sustentavam? Alguns eram

pescadores, outros trabalhavam em obras. Naquela época não tinha emprego nenhum. Só começou a ter depois que começaram a construir comércios, hotéis, mercados. Depois que começou a vir mais gente pra cá. Ela por exemplo, já trabalhou em tudo. Tinha poucos empregos, então os que apareciam ela trabalhava.

8) Quais eram os comércios? Não tinha. Depois de muito

Memórias de famílias: o resgate dahistória através de entrevistas

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tempo fizeram uma farmácia, que era a farmácia Teobaldo Matos. E o armazém do seu Carmelo. Ela inaugurou o primeiro Bailão de Pinhal.

9) Tinha muitos moradores? Poucos, por isso todos se conheciam e se ajudavam. Só tinha dois carros em Balneário Pinhal e eles eram velhos, feios. Um era sem banco, só tinha o do motorista.

10) As pessoas que vinham morar aqui eram todas gaúchas?Não, tinha gente de todo o canto: catarinense, português, turco, grego, italiano e espanhol.

11) Tinha iluminação pública? E água? Luz era de gerador e só tinha até as 22h. A água era de poço.

12) Tinha escola, delegacia, posto de saúde?Escola era numa igreja super pequena de uma peça. Só tinha

uma professora. Quando chovia a professora mandava os alunos embora, pois tinha medo que a igreja desabasse em cima delas. Era só até a 3ª série. Depois tinha que estudar em Porto Alegre. Quem não tinha dinheiro não estudava. Ônibus era três vezes. Ele vinha pelo mar e quando a maré tava cheia não tinha ônibus. Delegacia era uma peça pequena, com dois policiais e um deles era o marido dela, o Sr. Almedorino. Posto de saúde não tinha. As pessoas iam a Cidreira.

13) Quem foi o primeiro prefeito? Quantos anos ele ficou na prefeitura? Foi o Furini e ficou oito anos.

14) O que sabe sobre Calil Miguel Allem ou de Calixto, como era mais conhecido? Ele era libanês e foi um dos primeiros moradores de Pinhal. Era casado e querido por todos. Era proprietário da rodoviária, do hotel Estrela do Mar, que era grande, todo de madeira.

15) Onde a escola Calil começou? No CTG Vaqueanos e era bem pequena, com poucos alunos.

16) O que pode nos contar sobre o seu salão de bailes, o primeiro “bailão” de Pinhal? Chamava-se “Salão duas irmãs”, tocava fandango e música sertaneja; na época recebi conjuntos famosos: Serranos, Danúbio Azul, Argel e Maria Leci, Portãozinho e Chiquinha. Funcionava duas vezes por semana, sábado e domingo; no sábado as bandas tocavam ao vivo e domingo som era mecânico; começava às 20h e ia até as 8h da manhã. Tinha gente que vinha de outras cidades, só para o baile. O salão era alugado para festas de aniversário, 15 anos e casamentos.

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17) Tinha idade específica para poder ir ao bailão? Não! Podiam ir pessoas de todas as idades, os casais iam e levavam seus filhos.

18) Quanto tempo durou? 10 anos. Fechou quando começou os bares, botecos, os outros bailes e as drogas.

Verley e Marlene, donos da primeira farmácia do Pinhal; Marona e Dalila, donos de uma loja de roupa na época; Fátima: filha da Dona Araci e proprietária de uma loja de roupas em Magistério (Caminhos das Ondas); Denizarte, marido da Fátima, foi sub-prefeito e Secretário de Obras de Balneário Pinhal; Lena e Leonel (Fritz da madeireira - Comercial Fritz); Edite e Darci, pais do Donizete; Iraci, dona do Primeiro Bailão do Pinhal (Salão Duas Irmãs) e uma das primeiras moradoras; Ameldorino, esposo de Iraci - foi um dos primeiros policiais do Pinhal. Crianças: Tareco, empreiteiro; Tukum foi a dona da primeira telefônica de Pinhal e hoje é proprietária da loja Filha Única; Flávia, filha de Iraci, que foi Conselheira Tutelar e hoje é Agente de Saúde. Essa foto foi tirada dia 15/ 03/1980.

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Senhor Almedorino e dona Araci dançando no baile

Um dos conjuntos que animava o baile

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Um bom exemplo é o meu padastro “Zé”, ele com o seu jeito tímido conquistou a morena mais desejada da praia, “a minha mãe”, que decidiu largar emprego, casa, família e vir embora para Pinhal, morar com o seu grande amor, o Zé.

É, hoje vivemos felizes em Balneário Pinhal e amamos morar aqui.

Balneário Pinhal há alguns anos atrás...Aluna Kaliandra de Abreu, 13 anos, T 70

Bom, o que eu sei de Balneário Pinhal não é muita coisa. Eu sei que em Balneário Pinhal existiam poucas casas e muitas dunas. As pessoas adoravam ir para as dunas para brincar a para se divertir.

Também sei que, ali onde são as dunas hoje, já existem muitas casas e ruas e mais outras coisas. Onde é a faixa, ali eram as dunas, só que um dia de repente veio uma tempestade de areia e soterrou as casas. Quase não deu tempo das pessoas saírem das casas, mais pelo que eu sei muitas coisas foram perdidas; aí não deu

Um exemplo para mimAnielly de Oliveira de Mello, 14 anos, T 81

Desde pequeno criado em condições não muito boas, José da Rosa Muniz, hoje com 42 anos, morador fixo de Balneário Pinhal, cultua as tradições de seu pai, Antônio Francisco Nunes, que foi o primeiro morador de Figueirinhas, sendo um ótimo pescador e dando exemplo de vida para muitas pessoas.

Zé Pescador, como é conhecido, hoje tem um sério problema de saúde, que vem se agravando mais, devido ao tempo que ele tem essa doença, chamada epilepsia. Ele tem essa doença desde os dois anos de idade, mas isso não atrapalha ele de conseguir o que quer: ser um pescador e ser um exemplo de vida hoje para muitas pessoas.

Criticar todos criticam, mas nunca ninguém conhece as pessoas realmente para dizer do que elas são capazes de conseguir o que querem.Tempo de tirar nada de dentro das casas, eu não sei se alguém morreu; só que agora as dunas, estão lindas onde elas estão e eu espero que elas nunca saiam dali.

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Eu também já sei que o mar já foi até o Gabi Lanches, só que daí ele foi indo devagar pra trás, e agora chegou onde ele está.

É isso que eu sei de Balneário Pinhal, quem me contou foi a minha vizinha, a Cintia Ingracio Pinto, da Madechave.

Entrevista com minha mãeGiovani Martins Moreira, T 71

Nome: Terezinha de Jesus MartinsIdade: 60 anos.1 - Quantos anos mora no Balneário Pinhal? Faz 22 anos.2 - Porque veio para Balneário Pinhal? Mais emprego e

sossego.3 - De onde veio? Porto Alegre. Morava em Sapiranga.4 - Mora onde? Bairro do Sindipolo, na divisa de Costa do

Sol.5 - O primeiro lar? Foi atrás da casa, o segundo foi duas

quadras depois de minha casa.6 - Quantos filhos? Seis filhos.7 - Trabalha em que? Doméstica, lado da casa.

Aluno Heleodoro Miguel Nunes Vargas, T 81Nome da entrevistada: Rosa Vargas BorgesIdade: 57 anos

Rosa diz ter vindo a Balneário Pinhal com 29 anos. Ela já

mora aqui há 28 anos. Rosa mora em uma casa, hoje em um bairro bem parado. O nome do bairro é Centro, Rua Bezerra de Menezes. Em frente a sua casa se localiza uma praça. Ela diz que no lugar dessa praça era somente dunas e nada mais, das dunas a sua casa a distância era de 100 metros e eram cercadas de taquaras, para evitar que as dunas invadissem as casas, com força do vento. Hoje em dia a distância das dunas e sua casa é de 300 metros.

Relembrando um pouco do atual lugar que hoje em dia é o centro de Balneário Pinhal, no lugar do parque era tudo local de pizzaria e salão de danças, em frente o Osso da Baleia não havia postos de saúde. O único lugar de atendimento médico era em Cidreira; madereira só havia a Madechave, lojas de bazar em

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Cidreira. Perto da rodoviária havia um salão chamado Choupanas Bar. Ônibus então era uma vez por dia, e o nome era o São José. Havia baile no prédio do Osso da Baleia, em frente o mar; isso antes de ser Mercado do Otacílio.

Balneário Pinhal evolui muitíssimo em 28 anos, tanto em popularidade quanto em recursos materiais. Antes Balneário Pinhal era um lugar esquecido por tudo e todos. “Hoje Balneário Pinhal é gente perto do que era antes” - disse Rosa Vargas Borges. Ela é uma senhora com muita experiência de vida e muito batalhadora. Eu me “espelho” muitas vezes nessa pessoa.

Entrevista com minha mãe, Ana BeatrizAluno Luiz Gustavo da Silva, T 71

Quando eu era criança eu ia ao colégio, mas demorava bastante pra chegar, porque nossa família morava no meio de uma mata e tínhamos que atravessá-la.

Às vezes tínhamos que acordar de madrugada para ir ao colégio (eu e meus irmãos) e chegávamos sempre molhados por causa do sereno da mata, e quando chovia era bem pior.

Eu sempre era sozinha, sem amigos e sofria o que hoje é bullyng, por ser gordinha, mas muito bonita. Acho que era um pouco de inveja.

Eu adorava Roberto Carlos, Vanderléia, Erasmo Carlos, era fã dele naquele tempo, e até hoje gosto dele, mas mudei bastante e esse foi um pouco do meu tempo.

Aluna Sindi de Cassia Silva da Rocha, 15 anos, T 81

Bom, há oito anos atrás eu morava em Santo Antônio da Patrulha, com o meu pai, que se chama Sérgio, e minha mãe, que se chama Fabiana. Eu sou filha única e minha mãe não tem muita vontade de ter outro filho.

Quando eu fiz sete anos meus pais resolveram se mudar para Balneário Pinhal, pois a família da minha mãe morava aqui e do meu pai também.

Primeiro nós morávamos lá perto do Asun. Logo depois nós viemos para a rua da escola, onde eu moro até hoje, e eles me botaram

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para estudar no Calil. Foi tudo ótimo. Conheci muitas pessoas legais, que eu falo até hoje. Naquele tempo, tudo parecia ser mais fácil. Sempre tinha empregos, as pessoas eram mais próximas, não havia muita fofoca como hoje há, as pessoas não inventavam tanta coisas ruim das pessoas.

Meu pai sempre diz que no tempo dele, em que ele teve uma danceteria que se chamava “Blue Wave” ele sempre diz que aquela época foi a melhor da vida dele. Se eu não me engano, era por 70 ou 80. Ele diz não existia muita miséria, todo mundo tinha mesa farta e não existiam muitos catadores de lixo.

Meu pai disse que meu avô, Seu Pedro Rocha (também conhecido por Pedro Armador, Pedro Esteira) sempre foi um ótimo pescador e que desde pequeno ele sempre gostou de acompanhar meu avô nas pescarias. Eles se acordavam às cinco horas da manhã pra ver o sol nascer e tirar a rede. Hoje em dia é meu pai que pesca e vende o peixe. Ele trabalha em obras também, mas adora pescar. Já fui inúmeras vezes com o meu pai pra praia, mas não pra ajudar a tirar a rede, claro. Só pra observar e é lindo o que se vê.

Bom, resumindo, Pinhal é um lugar ótimo de viver, é tranquilo e tem muitos amigos. Não nasci aqui, mas me sinto uma parte muito grande daqui.

Nomes: Lecilda da Silva, 58 anos, e Juarez do Nascimento Rodrigues, 55 anosProfissão: Pescadores

Aqui no Balneário Pinhal não existia posto de saúde, para ir ao posto tinha que ir a Cidreira.

Não existia água da Corsan; era de poço artesiano. Existia luz até as 22h, fornecida por um gerador. O veraneio era intenso, de dezembro a março. O fato marcante quando veio melhoria para a escola Diogo Penha. Outro fato marcante foi quando a filha se formou (professora Rita de Cássia Gaviraghi). O lazer era um pequeno parque com um palco, onde era a diversão das pessoas. Aqui era tudo dunas, existiam poucas casas. Os automóveis eram raros aqui. O que mais tinha no dia a dia eram as carroças puxadas por boi. A dificuldade era por médicos. Um bom farmacêutico próximo se chamava Verley. Tinha farmácia no Osso da Baleia, a primeira

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farmácia em Balneário Pinhal. O primeiro restaurante de Balneário Pinhal foi o “Barra Vento” e a primeira Igreja construída em 1915, chamada Igreja Nossa Senhora do Carmo, no Túnel. Dona Lecilda conhece Balneário Pinhal há 46 anos. Morava em Viamão e veio pra cá quando tinha 12 anos.

Nome: Lothar Klostermeier, 76 anos, caseiro.No lugar do clube de pesca tinha sido construído um lugar

chamado “Mirage”, construção em 1962. No dia 23 de abril, os fundadores do hotel Mirage, com cinco fundadores, um chamava Staffani, vieram pra cá para pescar, construíram alguns quartos. Aí foram aumentando os fundadores. Aumentou para 25 fundadores que construíram no chalé 10 quartos. Aumentou os fundadores para 50 fundadores. Aí foram aumentando os quartos e os fundadores resolveram montar um clube de pesca, fizeram um clube de torneios, começaram a chegar sócios para alugar os quartos, chegaram a 100 sócios hoje. O calçamento era da Itália a farmácia Lima Duarte. Não tinha supermercado, apenas dois, um do lado do pavão e outro chamado Itapai: só lá tinha gás. Existia luz muito precária, carros raramente: Ford ou Chevrolet.

Nossas Raízes em Balneário PinhalAluna Fernanda Pereira Stormovski, T 81

Entrevistada: Joana Malinverno. Em meados de 1990, Balneário Pinhal parava para tão esperava Festa de Santo Antonio. Era a data em que se comprava e mandava fazer roupas novas, e não se faltava a uma noite de baile. Para as crianças a atração era o concurso Rainha dos Bonecos. Cada festeiro escolhia de três a quatro meninas e quem vendesse mais votos levava o título. O dinheiro arrecadado ficava para a paróquia. Os comércios da cidades eram diferentes, como por exemplo o Samy. Era uma pequena fruteira, que se localizava no atual Shopping Galeão. Nesta época as crianças valorizavam outras coisas, como andar de carroça, brincar de areia e de ser professora. Por volta de 1997 foi transferido para o Balneário Pinhal o Osso da Baleia, que foi encontrada na antiga praia da Cerquinha, hoje distrito Magistério. Ela foi encontrada por

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funcionários do Daer, que há época construíram a rodovia RS 040, que liga o litoral com Porto Alegre. Os funcionários trouxeram a baleia da praia da Cerquinha para a praia de Balneário Pinhal, e então resolveram por uma das costelas da baleia na esquina do centro. Passando o tempo, o osso se deteriorou e muitas veranistas acabavam levando pedacinhos como lembrança. As pessoas que cortavam os ossos da baleia queriam na verdade trazer algumas peças de ossos para expor na cidade, pois trouxeram uma vértebra que ficou em frente ao edifício na praça, então passou a ficar conhecida como “ Osso da Baleia”

Nome: Pedro da Silva Pacheco, 60 anos, construtor civilSuelen Maciel Lopes, T 81

1- Há quanto tempo você mora no Pinhal? Há 30 anos.2- Como era Pinhal antigamente? Muito pequeno, mas era

movimentado no verão.3- Quando você veio morar Pinhal já existia luz elétrica? Sim,

mas com motor.4- E saneamento básico? Não.5 - Porque você veio morar em Balneário Pinhal? Porque

meus pais moravam em Pinhal.6 - Que lugares você costumava frequentar?7 - Você se lembra do osso da baleia? Como era? Sim era uma

vértebra.8 Existia escola na época em que você veio para Pinhal? Sim,

uma pequena escolinha que tinha na igreja católica.9- Você estudou em alguma? Não10- Qual seu grau de escolaridade? 5° ano.11- Qual era o sistema hospitalar? Não existia. As pessoas se

deslocavam de Pinhal para o município de Osório.12 - E como eram os comércios? Bares, e um mercado que

ficava no lado do clube.13- Em que aspectos você acha que Pinhal melhorou? Na

educação, na saúde, no comércio.

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Joice Gomes dos SantosProfessora de História

Balneário Pinhal/RS

O presente trabalho pretende fazer conhecer a história vivida pelo senhor José Rost, vendedor de puxa-puxas que, apesar de ter escolhido Santo Antônio da Patrulha para morar, demonstrou através de sua trajetória ter adotado Pinhal como sua segunda casa.Além de características pessoais, destacarei sua importância como testemunha de mais de trinta anos de varaneios nos balneários de Tramandaí e Pinhal; tempo em que conquistou muitas amizades e que de forma improvisada, mas criativa; recitava versos encantando a todos com sua simplicidade e originalidade.

José Correia Rost, natural de Caraá, era filho de agricultores, senhor Dorvalino Correia Rost e de Clarinda José Rost. Nascido aos vinte e oito dias do mês de novembro de 1951, em uma família humilde que vivia essencialmente do cultivo de produtos como aipim, batata, feijão, milho e também cana de açúcar, que mais tarde passa a ser comercializada, gerando uma importante fonte de renda para a família.

Único filho homem, era portanto o mais cobrado, aquele que tinha de assumir responsabilidades desde muito cedo.

O trabalho pesado em lavouras e canaviais deixou algumas marcas no menino José Rost, entre estas o fato de não ter tido a possibilidade de seguir estudando. Com dificuldade conseguiu frequentar até a 4ª série do Ensino Fundamental.

Para chegar até a escola mais próxima, de sua casa, fazia um trajeto de aproximadamente 10 km a pé, e, após assistir à aula, retornava para a lida nos canaviais, onde, por ser muito novo e inexperiente, acabava se machucando quase que diariamente, sendo esta atividade muito sofrida.

Deixou os estudos quando a necessidade de trabalhar fora falou mais alto.

Seu pai, o Sr. Dorvalino, de tempos em tempos sofria de perturbações mentais, tendo crises extremamente fortes. Quando

José Correia Rost: ovendedor de puxa-puxa

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este era acometido por estas crises, perdia a noção da realidade, expulsava os filhos de casa e somente após alguns dias podiam retornar.

José Rost e as três irmãs cresceram presenciando as crises do pai, acompanhavam a polícia imobilizá-lo e removê-lo até o hospital psiquiátrico São Pedro em Porto Alegre, sempre que ficava transtornado.

Com isso, o trabalho pesado era ofício de José, que devia trabalhar para suprir a falta do pai e garantir o sustento da família. Com doze anos de idade já fazia carregamentos de cana de açúcar para a empresa Açúcar Gaúcho S/A AGASA, se utilizando de carretas e ou carros de bois.

Em uma dessas idas para a AGASA, José ouviu pessoas falando que na praia havia mais oportunidades de trabalho e que por lá podia se ganhar muito bem.

Foi num desses momentos que o menino que carregava cana de açúcar conduzindo bois que eram maiores do que o próprio; apresentando dificuldades inúmeras, resolve deixar a casa dos pais e se aventurar, rumando para o litoral, em busca de melhores condições.

Como todo início e devido à falta de conhecimento, foi muito difícil sair sem rumo certo, contando apenas com a sorte para lhe conduzir à realização de seus sonhos.

Apesar da pouca idade, José tinha determinação e espírito de luta. Foi se utilizando do dito: “Quem tem boca vai a Roma”, que chegou até a antiga rodoviária de Tramandaí, onde se alojou por entre os bancos, portando apenas uma mochila com documentos e uma peça de roupas.

Os primeiros dias foram desesperadores. Sentia frio, fome e também medo por estar só, longe de casa. Mas, sem perder as esperanças, José enfrentou com bravura tais situações adversas e em seguida conseguiu um trabalho ali mesmo na rodoviária, como engraxate.

Num primeiro momento tal atividade lhe entusiasmava, uma vez que o pouco que ganhava garantia pelo menos duas refeições por dia. Estabeleceu vários contatos, fez amizades e foi convencido de que poderia ganhar mais desenvolvendo outras atividades.

Certa manhã apareceu na estação rodoviária um menino que 74

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aparentava ter a sua idade; entre 13 e 14 anos, que vendia doces e rapaduras e conseguia vender muito bem. José fez amizade, quis saber como o menino de nome João conseguiu aquele trabalho, onde morava e quem fazia tais doces, além, é claro, de querer saber quanto João conseguia ganhar em média pela venda dos doces.

José ficava fascinado com a atividade que desenvolvia seu mais novo amigo; afinal era um trabalho que também poderia desenvolver. Diante disso, João percebe que José demonstrava interesse e se dispôs a levá-lo até a casa da senhora Maria Bertollini, que acolhia os meninos com a finalidade de que estes vendessem os doces feitos por ela mesma.

Após conhecerem-se, José Rost, finalmente, passou a ter um lar. Inicia-se aí sua trajetória como vendedor de doces, rapaduras e as puxa-puxas tão bem aceitas pelos moradores em geral.

Constituir-se vendedorCom muita fé, José foi aos poucos se adaptando com a nova

situação que se colocava. Sem possuir nenhuma experiência no trato com pessoas e com vendas, teve dificuldade, como timidez, falta de conhecimento da cidade, o que por vezes ocasionava transtornos por não saber voltar para casa.

Os meninos que estavam mais acostumados com a vendas saíam bem cedinho e vendiam nas redondezas os doces com facilidade. José, no entanto, saindo mais tarde, não obtinha êxito em suas vendas, pois a clientela, sendo a mesma, já havia comprado mais cedo. Isto sem dúvida deixava Dona Maria chateada, pois não vendia quase nada.

Diante da situação, José percebe que para ter sucesso em suas vendas precisava fazer algo diferente, teria de encontrar uma maneira mais criativa para garantir boas vendas.

Os anos foram passando; José tornou-se um pouco mais experiente, reconhecia que o resultado das vendas tinham de ser positivos, pois antes do valor recebido pelas vendas, considerava fundamental o fato de ter casa para morar, cama, roupas, alimentação. Isto tudo fazia com que se dedicasse cada vez mais ao trabalho que desenvolvia.

Certo dia, bem cedinho, José vai em direção às praias, sendo que sua intuição foi exitosa, pois realizava boas vendas. Aos poucos,

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outros aparecem na praia vendendo uma série de objetos, gêneros alimentícios, doces, balas e até mesmo puxa-puxas. Estes fatores contribuíram para a formação de uma concorrência que mais uma vez torna a atividade um pouco mais difícil.

José, por sua vez, enfrenta os obstáculos encontrados com bravura e por ter crescido ouvindo um tio fazer trovas e versos rimados, desenvolveu certa facilidade e capacidade de improvisação. Resolve então também fazê-los como forma de se destacar dentre os demais vendedores. Dessa forma, José conseguia fazer boas vendas e bons amigos por onde passava, pois seus versos eram encantadores.Dona Maria resolveu ensinar José a fazer seus puxa-puxas, embalá-los e seguir vendendo e rimando porque a forma adotada por ele para atrair a atenção dos clientes era original e muito criativa.

Algumas pessoas compravam para ajudá-lo, outras porque ficavam gratas pela visibilidade dada a estes através dos versos. Dessa forma é que José se constitui como vendedor de puxa-puxas, consegue uma clientela fiel e amiga que esperava sempre pelo moço dos versos, dispensando outros vendedores que oferecessem o produto.

Chegava ao final do dia rouco de tanto falar, cansado de caminhar, muitas vezes enfrentando chuva forte ou sol quente, mas seguia firme e confiante de que aos poucos a situação melhoraria.

Animada com o sucesso das vendas, Dona Maria torna-se mais atenciosa com José, criam laços fortes de amizade e de certa forma isto gerou alguns conflitos entre os outros garotos que vendiam menos, já que a preferência era pelo que vendia José Rost.A partir do que foi apontando até o momento, vale considerar todo o esforço, garra e persistência demonstrados por José até mesmo nos momentos mais complicados, soube superar as dificuldades sem perder o foco, sem deixar de sonhar.

É como propôs Thompsom (1997) quando disse: “[...] nada nos garante que o que ganhou foi sempre melhor, ou o caminho mais fácil é sempre o melhor caminho.

Com isso notamos que as atitudes do vendedor de puxa-puxas foram sempre compatíveis com seus propósitos. Sendo assim, demonstram-nos que para chegar à realização de nossos sonhos, apesar dos obstáculos que por ventura surgirem no percurso, não se pode em momento algum desistir da luta. Necessário é que

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encaramos a luta diária com coragem e firmeza de propósito, se orgulhando do passado para poder projetar o futuro.

Com 18 anos de idade, José torna-se independente, pois ele próprio fazia seus puxa-puxa e vendia-os com facilidade. Nesta época, Dona Maria Bertollini, por motivos de saúde fragilizada, decide acompanhar seus filhos que moravam no interior do estado para realizar tratamento e descansar junto aos seu familiares.

Seus pupilos já adultos seguem diferentes caminhos. Alguns retornaram à casa dos pais, outros, como José, continuam com as vendas de doces e puxa-puxas.

Relações familiaresEm meados de 1969, José conhece aquela que seria a mãe de

seus filhos, casaram-se e foram morar na cidade de Osório, onde devido às responsabilidades aumentadas, passou a trabalhar como vigilante no Parque Marechal Osório.

Paralelo a isto, José continuava aos finais de semana vendendo seus puxa-puxas em festas e bailes, para garantir as condições mínimas de sobrevivência à sua família.

Este casamento durou dezesseis anos. Devido às cobranças e aos constantes desentendimentos, resolvem separar. José fica com a guarda dos filhos e com a certeza de que o sol viria após a tempestade.

A rotina de José se tornava cada dia mais árdua, já que tinha sob sua responsabilidade seus filhos, aluguel, enfim. Nos finais de semana José seguia vendendo seus puxa-puxas para completar sua renda.

Ao longo de sua trajetória, José desempenhou outras atividades, como pedreiro, vigilante, segurança de bailes. Ttambém trabalhou em fábricas de calçados e foi desta forma que viu seus filhos crescerem e se tornarem independentes.

Passado algum tempo, José Rost encontra Cinara, com quem inicia um novo relacionamento. Os atritos com os filhos de José foram inevitáveis num primeiro momento, mas aos poucos foram se firmando laços de amizade, respeito e dedicação entre a nova família.

Cinara é uma mulher forte. Quando criança foi deixada na porta da casa de uma família em Osório, onde cresceu sem conhecer seus pais biológicos. Portanto, desde cedo trabalhou como

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empregada doméstica, sendo muito explorada pelos lugares que passou.

Ao encontrar José, sua vida mudou, encontrou uma família, à qual se dedicou muito. Da união com Cinara, José teve mais uma filha, Graciéle, hoje com 17 anos, como pode ser visto na fotografia abaixo.

Escolheram Santo Antônio da Patrulha para fixar residência, exclusivamente pela questão do emprego, não tendo nada a ver com a fama de “Terra da Rapadura”.

José Rost e Pinhal - uma relação de amorEnquanto José ganhava a vida trabalhando em fábrica de

calçados, Cinara preparava as puxa-puxas para que nos finais de semana pudesse vendê-las aos amigos, moradores e veranistas da praia do Pinhal.

Por falar em Pinhal, importante é relatar todo o carinho que José, o vendedor de puxa-puxas, teve pela cidade e praia, onde sentia-se acolhido. Além disso, fez muitas amizades, considerava Pinhal seu segundo lar, além é claro de conquistar uma boa clientela.

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José Rost reconhecia que suas vendas melhoraram e muito a partir do momento em que ganhou de uma veranista um mega fone, o que muito contribuiu para que continuasse a se inscrever na história de Pinhal através da utilização de sua voz.

Muito realizado com o carinho da amiga, José considerou importante o resultado do seu gesto para a atividade que desenvolvia, pois não teria condições de adquirir um megafone e tinha a necessidade de continuar trabalhando. Além disso, preservava sua voz, que por muito tempo foi seu instrumento de trabalho.

A história vivida por José Rost é uma de muitas histórias de luta e coragem na busca por dias melhores. Precisam ser contadas, registradas e compartilhadas com todos e principalmente com a nova geração de historiadores que surge, demonstrando a estes que nosso papel é uma tentativa de recuperar lágrimas e risos, desilusões e esperanças, fracassos e vitórias, resultados de que estes sujeitos que estão inseridos na sociedade enfrentando situações adversas, muitas vezes parecem estar invisíveis para o corpo social, como descreveu certa vez o poeta Ferreira Gullar.

O mesmo ainda acrescentou dizendo que “o canto não pode ser uma traição a vida e só é justo cantar se o nosso canto arrasta as pessoas e também as coisas que não tem voz.”

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De tudo isto fica a motivação para seguir dando voz aos que constroem suas vivências a partir de situações cotidianas. Não figuram nos livros como heróis, personalidades ou grandes vultos. Entretanto, estarão sempre contribuindo para que o saber ultrapasse as barreiras do que pode ser comprovado cientificamente e se assente por meio de projetos que têm a finalidade de dar voz às pessoas comuns, ao estudo de caso, como o “Raízes” dos municípios do litoral.

De posse do seu megafone, José amplia sua clientela e consequentemente suas vendas, dedicando diferentes versos a quem se dispusesse a ouvir, como os que seguem:

Olha o puxa-puxaTropical e gravaçãoVendo no Pinhal, Cidreira e Praia do Quintão.

Você corre atrás do peixeDe caniço, rede e anzolAlegrando as veranistasDo Pinhal à Costa do Sol.

Olha o puxa-puxaNa maré alta e maré mansaVendo para os adultos eTambém para as crianças.

Olha o puxa-puxaVem chegando novamenteQuem comer meu puxa-puxaEstá sempre alegre e contente.

Olha o puxa-puxaPuxa-puxeiro no PinhalVamos comer bastantePra pular no carnaval.

Olha o puxa-puxaPuxa-puxa colorido

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Você fica satisfeitoE eu fico agradecido.

Olha o puxa-puxaPuxa-puxa estou rimando Vem comprar meu puxa-puxaQue agora vem chegando

Olha a puxa-puxaPuxa-puxa estou vendendoEnquanto você descansaEu estou me defendendo.

Olha o puxa-puxaVai passando puxa-puxeiroQuem não comprar meu puxa-puxaÉ porque não tem dinheiro.

Olha o puxa-puxaPuxa-puxa vitaminado Faz bem para os gremistasE também para os colorados.

Olha o puxa-puxaPuxa-puxa que é tão belaVendo para a garota Espiando na janela.

Olha o puxa-puxaPuxa-puxa enquanto é bom Compre logo o puxa-puxa Para comer com chimarrão.

Olha o puxa-puxaPuxa puxeiro se mexe cedo Desejo felicidades ao Garotinho João Pedro.

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Olha o puxa-puxaPuxa-puxeiro que não anda muito ligeiroDesejo felicidades para o servente e o pedreiro.

Olha o puxa-puxaPuxa-puxa vai e vemDesejo felicidadesPara os amigos do 'Cidadão Quem'.

Apesar de toda força de vontade, toda garra e perseverança, José também sofreu com o preconceito de algumas pessoas, que se utilizavam de xingamentos e ofensas para demonstrar mau humor, incompreensão e falta de consideração com o outro que, somente por existir, já merece respeito e, de mais a mais, estava o senhor José trabalhando honestamente.

Desenvolveu a atividade primeiro por necessidade, e por fim porque fazia o que gostava, se alegrava com as pessoas. Sentia-se feliz por fazer sorrir e também por ter encontrado em sua trajetória pessoas que realmente fizeram a diferença, possibilitaram-lhe o êxito na vida pessoal e profissional.

Devido à saúde debilitada, José encerrou sua caminhada como vendedor no verão de 2008, quando iniciou tratamento contínuo para combater a Hepatite B.

Com 58 anos de idade, em 11 de setembro de 2009, José Correa Rost não resistiu, vindo a falecer no hospital da Santa Casa em Porto Alegre.

Deixa saudades, mas também boas lembranças e grandes ensinamentos. Não mais poderá percorrer as praias e rever os amigos, mas certamente continuará no imaginário daqueles que acreditam que na vida, para se ter sucesso, é preciso de muito trabalho e coragem.

Ao longo deste trabalho, tentei mostrar a importância da figura do senhor José Rost para a construção de uma nova abordagem historiográfica, onde os estudantes, principalmente os dos cursos de História, possam olhar a sua volta, voltarem-se aos ensinamentos de Jacques Le Goff acerca da memória, passem a dar voz às pessoas desprovidas de instrução e informação, mas que

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Jacira Maria FrancoAposentada

Balneário Pinhal/RS

Conhecemos Balneário Pinhal através de meu sogro Mario Rios Franco, que deve ter vindo pela primeira vez há mais de oitenta anos. Antes dele, seu pai espanhol já vinha.

Sou natural de Encantado/RS. Saí de lá muito nova, morei em Canoas e após em Porto Alegre. Sempre veraneamos no Balneário Pinhal. Adorava! Mas adorava veranear, mesmo! Meu marido começou a trabalhar aqui há mais de 25 anos e eu trabalhava no Ministério da Saúde. Então, nos víamos somente no final de semana.

Hoje sinto saudades daquele tempo em que as dunas entravam em nossa casa. Ao chegar, todos precisavam ajudar a tirar areia, pois a cozinha ficava intransponível. Que expectativa! Tudo que é adolescência carrega saudades. Era o não fazer nada. Nada! Hoje ficar ociosa vendo televisão, já me vejo perdendo tempo, desperdiçando segundos, jogando tempo pela janela. Meu metabolismo, hoje letárgico, me impede de vasculhar a geladeira como nas férias de adolescente, quando me empanturrava de leite moça como se não houvesse calorias no mundo. Nunca pensei em

Como cheguei ao Balneário Pinhal

possuem o fundamental, a memória, isto é, o retrato de uma época da qual viveram.

Lembrando sempre que em uma investigação histórica, partimos do presente e nos remetemos ao passado através da memória, colhemos informações importantes para a análise do objeto de estudo, e após retornamos ao presente a fim de compreendê-lo e dar movimento à História.

As informações contidas neste trabalho foram resultado de entrevistas feitas com o senhor José Rost, sua esposa Cinara e a filha de Graciele, em setembro de 2005.

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morar aqui. Dizia: nunca vou me aposentar, assim tenho um motivo para não ir morar na praia. Mas, o óbvio aconteceu. E, chegando nessa cidade querida, que antes nem era tão querida assim, custei a me adaptar. Afinal trabalhei trinta anos em plena Borges de Medeiros, coração de Porto Alegre. Adorava o movimento, o empurra, empurra, lojas, confusões. Hoje, quando tenho que passar dias longe do Balneário, me sufoco, preciso voltar, quero voltar, pois amo morar aqui.

No fundo, todos querem qualidade de vida, relações pessoais, capacidade de se comunicar, de compreender e se fazer compreender. Tenho isso tudo aqui. Um mar lindo, ainda que nem sempre tão azul, festas e amigos. Ah! Os amigos! Eles são especiais. Na rua, os carroceiros me cumprimentam pelo nome o que me enche de satisfação. Ser amigo, amigo de todos. Sei que quando aqui cheguei, era, digamos desabitado. Mas chegou a emancipação e, com ela, homens dispostos a enfrentar preconceitos e pensar em desenvolvimento. Conseguiram.

Hoje nosso Balneário é uma cidade. Temos aqui quase tudo o que precisamos. Uma vida em harmonia com a natureza e com a razão humana. Gestores com justiça, coragem e autocontrole, que são consideradas virtudes fundamentais.

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Segundo Epícuro (321-271 a.C), “a mais alta felicidade consiste em uma vida cheia de prazer e alegria, sem dor, medo ou inquietação.”

Amigos, temos aqui. Por vezes nos queixamos de algumas coisas, mas em tão pouco tempo Pinhal se tornou um paraíso. Na minha casa, os pássaros voam sem pedir licença. Minha horta cresce me saudando e não tenho coragem de comê-las, de lindas que são. Minha jornada é bem ativa. Falta tempo. Preciso ler (amo), ver um bom filme, escrever matérias semanais para o Jornal Pinhalense, escrever minhas palestras para a Sociedade Espírita onde vou duas vezes na semana, por três horas, ver amigos, usar da reciprocidade, afetividade, comprometimento e consistência.

Numa cidade grande, esbarram ou desviam de nós. Aqui você ganha bom dia até de desconhecidos que, na verdade, se consideram irmãos por termos orgulho de morar no mesmo lugar. Talvez não tenhamos trabalho para todos que aqui vivem, pois nossa economia não é consolidada. Mas temos alguns pré-requisitos que há alguns anos não existiam. Temos faculdades, colégios e sempre falo: só não estuda aqui no Balneário quem não quer. Por alguns dos motivos acima expostos e outros não citados, é que gosto, amo sentir o cheiro do mar, caminhar tranquilamente, receber saudações. A

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Vanessa Mesquita Quintanilha KreceskiProfessora

Balneário Pinhal/RS

Escrevo essa história não só para homenagear esta cidade que tanto gosto e que também escolhi para morar, mas também para homenagear pessoas muito importantes para mim, como meu avô Omar Quintanilha e meu pai Genilcio Quintanilha.

Omar Quintanilha: um grande homem,um grande avô e sua trajetória

sensação que tenho de tudo isso é que a semente foi plantada, está florindo e dando frutos. Acredito que não é por acaso que estamos aqui. Aqui nessa praia abençoada, fomos escolhidos, e agradeço a Deus por me dar esse cantinho de luz, paz e amor.

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Vou contar aqui as raízes de Omar Quintanilha e sua família, que vieram para Pinhal (assim chamado na época, quando ainda pertencia a Tramandaí) há quarenta anos atrás.

Meu avô nasceu numa barraquinha à beira mar, em Cidreira, na madrugada de 02 de novembro de 1927, e recebera este nome porque ao perceber que estaria dando a luz sua mãe olhou para o mar e pediu que se corresse tudo bem seu filho se chamaria Omar.

Ele cresceu no rancho velho, casou-se e formou família. Em 1970, segundo minha avó Deolinda Quintanilha, eles vieram para Pinhal para trabalhar; ela no clube de pesca com o Sr. Osório, como auxiliar de cozinha, e meu avô como pipoqueiro para o proprietário do Mercado Reis. Assim escolheram Pinhal para morar e criar seus filhos. Então comprou um terreno da Imobiliária Pinhal, em 36 prestações, e trouxeram sua casinha de madeira puxada por um trator. Contam que não havia água encanada, não tinha luz, e que não tinha infraestrutura. Mesmo assim era um bom lugar para morar.

Vovô foi o primeiro e único pipoqueiro morador de Pinhal com registro de vendedor ambulante de pipoca, datado de 24 de dezembro de 1973. Ele trabalhou dois anos em conjunto com o senhor do Mercado Reis, e, após, decidiu ter seu próprio negócio.

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Então foi a Viamão e comprou material para construir seu próprio carrinho de pipocas madeira, folha de alumínio, vidros, panela. Conta meu pai que foi meu avô que construiu a tampa de sua primeira panela de pipocas.

Ele trabalhava durante o dia de carroça, fazendo aterros, carretos, cortando junco, etc., e à tardinha se dirigia para o centro para vender suas pipocas.

Meu tio Cleomar Quintanilha (que também contribuiu para que eu escrevesse esse texto) e meu pai contam que tinham que ajudar o vô a levar o carrinho, pois não havia estrada. Tinha apenas calçamento até o clube de pesca e depois eram dunas. Só podiam locomover-se pela praia, onde eles precisavam empurrar o carrinho e até mesmo puxar com corda para conseguirem chegar ao seu destino. Contam que era muito bom, naquela época, e que quando era carnaval, festa de Iemanjá ou outras atividades, iam até tarde da noite vendendo pipocas.

Para ajudar em casa, meu pai e meu tio trabalhavam como táxi de carroça, na rodoviária, transportando as pessoas até Magistério e Quintão; também faziam carretos. Contam que também tinham que trabalhar rigorosamente dentro das normas de proteção aos animais, pois havia uma senhora que fiscalizava. Meu pai conta também que meu avô, ele, e seu primo Nena foram os primeiros a trabalharem como pedreiro, tendo também o registro de pedreiro.

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Meu avô era uma pessoa muito justa (adorava esta palavra, e mesmo doente não deixava de pronunciá-la), honesta, respeitada, não gostava de maldades, fosse com pessoas, animais e ou plantas. Era membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus.

Meu avô trabalhou muito. Foi pipoqueiro, pedreiro, trabalhou no calçamento de ruas e, por último, era caseiro de alguns veranistas que o escolhiam com muita confiança para cuidar de suas casas.

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Com seu trabalho e esforço, meus avôs compraram outros terrenos e construíram casas de aluguel.

Gostava de andar de bicicleta pela cidade, passear com seus cachorros, e, mesmo com idade avançada, não se deixava abater e continuava trabalhando. Lembro de meu pai e meus tios lhe dizendo: - chega pai, você não precisa mais disso, é perigoso ficar subindo em árvores para podá-las, não corte grama no sol, não isso, não aquilo. E ele muitas vezes chorava dizendo: - quero fazer. Será que não presto para mais nada? Vou fazer.

Minha avó, meu pai e o tio Cleomar, contaram-me que havia muito poucas casas aqui; eram muitas dunas. Os comércios existentes, na época, eram o Ponto Chave, o do Sr. Faistauer, o Clube de Pesca, a padaria Santo Antonio, o Hotel Estrela do Mar e outros. Contaram-me, também, que a entrada de Balneário Pinhal foi modificada três vezes pelas dunas. Ou seja, o atual é o terceiro trajeto. Meu pai também contou que foram eles que removeram as areias do local, onde hoje é a Praça Osso da Baleia.

Meu avô nasceu aqui por perto, escolheu esta cidade para viver e, também, para partir, nos deixando cheios de saudades. Quando meu avô adoeceu, já no último ano, o levamos para Palmares para a sua chácara, da qual também gostava muito, pensando que era lá que ele gostaria de ficar. Porém pediu para vir embora e, no dia seguinte, 26 de janeiro de 2009, ele partiu.

Somos hoje uma família numerosa em Balneário Pinhal. Ela é constituída de seis filhos, quatorze netos, quatro bisnetos. Todos nós escolhemos esta cidade para permanecer morando, construir nossas famílias e estamos vendo-a crescer. E, acima de tudo, somos

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todos orgulhosos de nossas raízes e de nosso patriarca Omar Quintanilha.

Agradeço a contribuição de minha avó Deolinda Quintanilha, meu pai Genilcio Quintanilha e meus tios Cleomar Quintanilha e Sirlei Quintanilha de Borba, para escrever a história do meu avô e homenageá-lo.

Fotos antigas e o bilhete de um veranista que alugava a casa

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Aurora Ramos LopesMoradora

Balneário Pinhal/RS

Sou Aurora Ramos Lopes, tenho 77 anos, casada há 61 anos com Honório Teixeira Lopes, mãe de seis filhos (dois já falecidos), avó de 14 netos e bisavó de 11 bisnetos, moradora do Balneário Pinhal no mesmo endereço desde 1969.

Vou relatar sobre a chegada da minha família aqui nessa região litorânea, no ano de 1954.

Viemos de Santana do Livramento, cidade que faz divisa com Rivera, Uruguai, uma distância de mais ou menos 600 quilômetros, que para época era como mudar-se para outro estado, com sotaque e costumes diferentes, que fomos dividindo e aprendendo com as famílias que íamos conhecendo e tornando-se amigas. Éramos citados “os castelhanos”.

Chegamos aqui um grupo de pessoas, entre parentes e amigos, trazidos pelo tio do Honório, Pedro Alcântara Teixeira, ainda vivo, que veio para administrar a enorme Fazenda do Pinhal. A sede da fazenda era onde hoje é a firma da Flosul, no Túnel Verde.

Eu era a única mulher do grupo, casada, com dois filhos pequenos (dois e quatro anos) e grávida do terceiro. Fixamos moradia na Rondinha, que era parte da fazenda, localizada há mais ou menos oito quilômetros daqui, à esquerda, em direção ao Túnel Verde e três quilômetros distante da estrada. Estrada essa de difícil acesso, pela qual era feito o transporte de ida e vinda até a capital (Porto Alegre), hoje RS 040.

Moramos na Rondinha doze anos. Tive em casa o filho que esperava, com ajuda da parteira, e depois os outros três.

Para quem chegou de uma região distante, da campanha, de costumes e hábitos diferentes, encontramos aqui um povo acolhedor e amigo, que aos poucos foi se tornando parte da nossa família, pois a nossa de sangue estava muito distante. Notícia era rara, por carta e com toda dificuldade. Era só saudade e eu tentava me conformar, porque estava diante da família que tinha formado: marido e filhos, e

Seis homens e uma família

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havia encontrado pessoas prestativas, bondosas e amigas; fica difícil citar nomes, pois são muitas e algumas já não estão mais entre nós.

E com uma vida pela frente a seguir, seis filhos para criar e educar, com toda dificuldade que fazia parte da época. Transporte, carros... eram poucos os moradores que tinham, então os recursos eram cavalo, carroça ou carreta; água de poça, luz de vela, fogão à lenha, banho de bacia, remédio caseiro e muita benzedura, que com fé, curava. Enfim, tantas outras coisas que só quem viveu naquela sabe o quanto era difícil.

Aí foi que a Praia do Pinhal, hoje o município do Balneário Pinhal, começava a contribuir na renda das famílias da zona rural.

A palavra turismo existia só no dicionário e não se imaginava que ela seria a grande transformação do futuro e que a partir dali tudo estava iniciando, pois as férias de verão já eram aguardadas, porque já tinham as famílias que vinham da capital passar a temporada, veranear, aproveitar a praia e o banho de mar, traziam seus mantimentos necessários, pois aqui era difícil de encontrar e mais caro.

Mas o leite e as hortaliças eram os moradores do campo que se preparavam com os plantios, para colher e ir vender na praia. Os quitandeiros, como eram chamados, sortiam sua carroça ou carreta de tudo que colhiam: frutas, verduras, legumes, ovos, banha de porco, se possível até carne fresca e alguns quitutes feitos pelas esposas: pães, biscoitos, bolachinhas de milho, rapadurinhas... tudo que podia ser vendido e os clientes eram certos, aguardavam e alguns deles queriam ser os primeiros para fazer a melhor escolha.

E o Honório, que tinha umas vacas leiteiras, também ia vender leite para eles. Foi o segundo leiteiro da praia. Como recordo! Não vou dizer com saudade, mas com a responsabilidade que tínhamos em acordar cedo dia após dia, nas madrugadas, muitas frias, outras chuvosas, com os guris mais velhos, ir para a mangueira, manear as vacas, tirar o leite, coar, engarrafar e ter o cuidado ao colocar na carroça ou na mala de garupa para não quebrar os litros.Isso é apenas uma parte do que passei. Teria inúmeras citações verídicas vivenciadas por mim para contar.

Quando que eu, com 21 anos de idade, saindo da minha terra natal casada, com dois filhos e o terceiro na barriga, imaginaria que não voltaria nunca mais para ali morar? E para onde estava indo?

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Sabia que era próximo do mar. Mar?! Quem conhecia? Com tanta distância, no pouco que tinha estudado, aprendi que era uma enorme extensão de água e que era salgada. E como diz o velho ditado: “Quem bebe da água do mar, não vai mais embora.”

Para mim e à minha família foi verdade. Esta praia nos acolheu e nós a escolhemos para nela morar e viver honestamente. Não ficamos ricos de dinheiro, mas a nossa riqueza foi a família que constituímos, que está na quarta geração, e os amigos sinceros que fizemos e mantemos até hoje, graças a Deus!

Obrigada aos organizadores deste evento, em especial a Maria Faistauer, particularmente minha amiga, por permitir esta oportunidade e poder dizer: eu também fiz parte do “Raízes de Balneário Pinhal”, com uma pequena parte da história da minha vida. Muito obrigada!

Antônio Leopoldo Baierle eBalneário Pinhal: uma história deamor que vale a pena ser contada

Maria S. BaierleSecretária Executiva

Balneário Pinhal/RS

Quando compraram uma casa na praia mais próxima de Porto Alegre, no dia 13 de junho de 1984, a ideia do casal Gladis e Antonio era apenas ter um lugar para passarem os finais de semana, pois ainda trabalhavam em Porto Alegre e costumavam ir a Pinhal nas férias, hospedando-se em casa de amigos ou pousadas.

No verão de 1997, já aposentados, decidiram fixar residência no Balneário, pois Gladis foi convidada para exercer o cargo de Diretora da Escola Municipal Calil Miguel Allem. Começou aí o envolvimento de Toninho - como era chamado - com a comunidade.

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Participava das atividades da escola e ajudava no que podia, até plantando verduras para a sopa das crianças. A vontade de cooperar com a esposa fez com que ele conhecesse melhor as crianças da vila próxima à escola e suas famílias, mas sua vontade era ajudar a comunidade de forma mais abrangente. Com seu jeito simples e comunicativo, foi tratando logo de ampliar seus relacionamentos, conhecer pessoas e conquistar amigos. Uma de suas primeiras iniciativas foi fundar a Associação Protetora dos Animais, que ainda não existia em Pinhal, preocupado com a defesa de animais maltratados, muitas vezes por seus próprios donos.

Foi agente de jornais da região. O primeiro foi a Folha de Capivari e, posteriormente, a Folha de Palmares. Era responsável pelas notícias de Balneário Pinhal e Cidreira, que enviava para veiculação. Fazia questão de distribuir os jornais, entregando-os na mão do próprio assinante, ocasião em que dizia: “Vou te dar a notícia de cocheira”. Dona Aurora, moradora antiga, lembra que já o esperava com um cafezinho e pão feito em casa, seguido de uma boa prosa. Assim, foi conhecendo também veranistas que assinavam os jornais e fazendo amizade com muitos deles. Paralelamente, ajudava a Brigada Militar como fotógrafo oficial, fotos que publicava na página policial do jornal. Com seu jeito brincalhão, fazia os meliantes se arrumarem para “aparecer bonito no jornal”, como dizia aos mesmos na hora de bater as fotos.

Mas, sua preocupação maior era com as crianças, principalmente as carentes e desprotegidas, razão pela qual participou da criação e fundação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente COMDICA - de Balneário Pinhal. Na primeira gestão da entidade, foi vice-presidente. Seu empenho e dedicação motivaram, na gestão seguinte, sua eleição para presidente, cargo que ocupou em dois mandatos, até o ultimo dia de sua vida. Vale lembrar também a parceria do COMDICA com a Brigada Militar no Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência - PROERD, no qual teve ativa participação.

Foi um dos idealizadores do projeto da Casa de Passagem, tendo em vista que a sede da mesma, naquela ocasião, era em uma pequena casa alugada, que muitas vezes não tinha espaço suficiente para abrigar as crianças.

Quando tomou conhecimento do Programa FIA - Fundo da 95

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Infância e Adolescência - patrocinado pela Petrobrás e destinado a projetos sociais, tratou logo de cadastrar a obra da Casa de Passagem de Balneário Pinhal. Nos meses seguintes, foi várias vezes a Osório para saber como estava o andamento de sua solicitação. Em dezembro de 2004 recebeu a notícia da aprovação por parte da Petrobrás. No dia 28 do mesmo mês, como presidente do COMDICA, foi à sede da empresa, no Parque Osório, juntamente com o Prefeito de Balneário Pinhal, onde assinaram o Convênio de Parceria entre a Administração Municipal, o COMDICA e a Petrobrás.

A obra começou no dia 7 de março de 2005, na Rua do Sol, 423. Ele estava muito feliz, animado e cheio de planos, querendo participar de todas as etapas da construção. Infelizmente não pode ver a execução, nem a conclusão da obra. Faleceu no dia 8 de março, um dia depois. Tinha manifestado aos amigos sua vontade de que a entidade se chamasse Santa Rita de Cássia, porém, por unanimidade, a Câmara de Vereadores aprovou um projeto que havia sido apresentado sugerindo o nome de Casa de Passagem Antonio Leopoldo Baierle. Foi uma homenagem que julgaram ser justa a alguém que trabalhou com disposição e entusiasmo pela causa das crianças e adolescentes da comunidade.

A inauguração ocorreu no dia 18 de julho de 2005, às 16 horas, e contou com a presença do Prefeito Municipal, Secretários Municipais, representantes da Petrobrás, membros do COMDICA, Promotor da Vara da Infância e Juventude de Tramandaí, demais autoridades, familiares e amigos de Antonio e pessoas da comunidade. Mais tarde, o nome mudou para Casa de Acolhida Antonio Leopoldo Baierle, administrada pela Prefeitura Municipal, que dá todo apoio e assistência a crianças e adolescentes necessitados de ajuda por problemas familiares ou de outra natureza.

De algum lugar, Toninho está vendo seu sonho realizado, agradecendo à comunidade que o acolheu com tanto carinho e onde ele foi muito feliz.

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Sirlei Francisca da Silva AndradeProfessora

Balneário Pinhal/RS

Em 1998 foi meu primeiro passo nesta cidade, pois comecei com um contrato para dar aula para primeira série na escola Calil Miguel Allem. Trabalhei durante um ano nesta escola onde a Secretaria de Educação atual era supervisora e a diretora era a Gladis.Na abertura do ano letivo a supervisora Neusa era a nova Secretaria de Educação e me convidou para fazer parte do quadro da escola das Figueirinhas.

Fiquei preocupada para não dizer assustada, mas perguntei: - como faço para chegar até lá? Ela me respondeu sorrindo diga que sim que farei com que chegues até lá.

Foi um experiência bastante significativa para minha aprendizagem, lá conheci a Elisa que era a Diretora, professor Alberto hoje vereador desta comunidade e professor Ronaldo.

Em 2000 foi realizado concurso e novos profissionais vieram até nossa escola. Alguns não se adaptaram e foram embora. Mas, o professor Cristian ficou e me fez companhia nesta caminhada, pois muitas vezes caminhamos a pé da prefeitura velha até a escola e no caminho conversávamos muito sobre nossos alunos e até orações fazíamos durante este trajeto. A clientela era barra pesada, pois eram alunos com defasagem em idade e série. Alguns se recuperaram outros se perderam. Ao longo desta caminhada veio integrar o quadro, a psicopedagoga Elisete que acrescentou muito neste processo de aprendizagem.

Na escola tinha duas alunas surdas e nós não conseguíamos comunicação com elas, na época eu cursava pedagogia na ULBRA Canoas e lá descobri que tinha curso de libras, comentei com a Eliete e ela não teve duvidas e disse vamos fazer o curso. Lá fomos nós, começou então o encanto pela classe especial, digo por crianças com características diferentes, o grupo da escola Figueirinhas começa então a fazer o curso de classe especial oferecido pela APAE em

Minha história emBalneário Pinhal

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Osório.Licenciada em Pedagogia / Supervisão Escolar retornei

para a Escola Calil, ficando mais algum tempo e novamente fui enviada para a escola das Figueirinhas.

Hoje trabalho com uma turma com dificuldades, defasagem idade e série e alguns portadores de características diferentes. Acredito muito no potencial do Ser Humano e cada vez mais sinto a importância de estarmos preparados para trabalharmos com educação; esta é coisa séria que deve ser repensada.

Hoje faço parte da escola Antônio Francisco Nunes, nas Figueirinhas, e posso dizer que tenho orgulho de fazer parte desta escola, onde o amor faz a diferença. E, acredito que todo profissional deveria passar por esta escola e fazer desta um porto seguro onde pudesse atracar e daqui tirar novas experiências para sua vida profissional e repensar suas praticas pedagógicas.

Minha trajetória de vida e históriade amor por Balneário Pinhal

Ana Patrícia Maia Moutinho da SilvaFuncionária pública

Balneário Pinhal/RS

Sou filha de Valquíria Rupert Maia (In Memoriam) e Ciro Roberto Moutinho da Silva.

Desde que me conheço por gente frequento esta tão querida praia. Meu pai, proprietário da Urbanizadora e Construtora Servipal, começou no fim da década de setenta com a urbanização (calçamento e construção civil) em Pinhal, estendendo-se logo depois para Quintão. Sempre frequentávamos a Praia do Pinhal, nas épocas de veraneio (inesquecíveis temporadas...). Vínhamos de Porto Alegre, já no início de dezembro, em Kombis lotadas (roupas, alimentos, sofás, colchões, etc) e ficávamos aqui até o finalzinho de fevereiro, início de março. A impressão que dá é de que naquela época o verão era mais

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duradouro, de dezembro a março.E assim os anos foram passando... até que em 1994, por

problemas de saúde, minha mãe teve que vir morar aqui, por ser um local mais tranquilo e o ar mais puro do que o da Capital.

Em 1995, eu e meus irmãos viemos definitivamente morar em Pinhal. Concluímos o Ensino Médio na Escola Raul Pilla, em Cidreira.

Já em 1996, eu e minha irmã prestamos vestibular para o curso de Administração, na FACOS, e cursamos por dois anos, mas por falta de recursos não conseguimos concluir. No mesmo ano, comecei a trabalhar, como recepcionista, na Câmara de Vereadores de Cidreira, local onde conheci meu querido e saudoso amigo, vereador Luiz Carlos Ramos Lopes (Sapo), que me convidou para trabalhar na Câmara de Vereadores do recém emancipado Município Balneário Pinhal.

No dia 02 de janeiro de 1997, comecei a trabalhar na Câmara de Balneário Pinhal, sendo a primeira servidora do Poder Legislativo do Balneário Pinhal.

Os anos foram passando, conheci meu amado esposo, Paulo Ricardo, em 1999, casamos, e, 2005, fiquei sabendo que a Prefeitura do Balneário Pinhal tinha firmado um Convênio com a Universidade Luterana do Brasil - Ulbra, de Torres, e que abriria uma turma de extensão do Curso de Pedagogia. Prestei vestibular, passei e comecei então a cursar Pedagogia. Estava muito contente, pois poderia assim realizar meu sonho de concluir o Ensino Superior. Conheci muitas pessoas, que até hoje são meus amigos.

Em dezembro de 2006, fui convidada pelo Chefe de Gabinete e pelo Prefeito para trabalhar na Prefeitura, no Gabinete do Prefeito Jorge Fonseca, onde trabalho até hoje.

Em 29 de agosto de 2009, consegui realizar a tão sonhada formatura e confesso que foi o momento mais feliz da minha vida. Senti de verdade que o meu sonho tinha sido concretizado.

Ainda em 2009, logo após a formatura, me inscrevi no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu de Supervisão Pedagógica, Orientação Educacional e Gestão Escolar, pela Faculdade Capivari, no Município de Osório, concluído em 15 de março de 2010.

Foi assim que desenvolvi, até o presente momento, minha trajetória de vida e minha história de amor por Balneário Pinhal.

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Tenho muito amor por esta terra, pois foi aqui que realizei meus sonhos de estudos, que vivi momentos inesquecíveis com minha querida mãe e irmã (já falecidas), conheci meu esposo e verdadeiros amigos.

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Alba Maria da Costa MaiaProfessora

Balneário Pinhal/RS

O Pinhal que eu conheci (era assim chamada naquela época a nossa cidade) era uma praia pequena, com poucos recursos e muito simples.

Um fato interessante era como chegava a correspondência por aqui, no veraneio. Todos os dias vinha um teco-teco e lançava a correspondência no terreno onde hoje fica o parque de diversões. Era uma festa para nós, adolescentes, e para a gurizada em geral. Eu era uma das tantas que aguardava ansiosa a chegada, porque recebia cartas de Porto Alegre.

Outro fato singular era a luz, ou melhor, como funcionava o fornecimento de energia elétrica naquela época. Tinha um gerador instalado no terreno onde hoje é a CEEE. Ele funcionava até a meia noite. Depois disso só luz de vela ou lampião. Para mim e meus amigos isso tudo era motivo de festa, porque fugia da nossa realidade de moradores da capital.

Os cômoros de areia (dunas) eram bem altos, na entrada da cidade. Nós subíamos neles e ficávamos aguardando os ônibus, que avistávamos lá pros lados da Figueirinha.

Os anos passaram, a cidade cresceu, se emancipou, mudou até o nome. Não é mais aquela cidade do meu tempo de adolescente, porque eu também não sou mais a mesma menina.

Hoje sou moradora daqui e tenho uma visão muito diferente da visão daquela época.

Mas, nossa cidade guarda, ainda, um pouco daquela simplicidade que sempre me atraiu nos tempos de menina.

O Pinhal que eu conheci:década de 1960

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Jo PalombiniColunista

Balneário Pinhal/RS

A primeira vez que estive em Pinhal foi para ver uma casa que pensávamos comprar. Viemos em nosso carro, com o corretor de imóveis nos acompanhando. Quando entramos na praia fiquei apavorada com o aspecto de abandono. Quando chegamos na casa nem desci do carro e voltamos para Porto Alegre. Pensei: Pinhal, nunca mais!

A segunda vez, viemos com amigos que estávamos visitando na Costa do Sol comprar pães na Padaria Sto. Antônio, próximo à SAPP, por ser considerado o melhor pão da praia. Vimos então, um edifício ainda em construção, defronte ao mar. Meu esposo se encantou e fomos direto na Reenco Construções, que era a responsável pelo prédio. Lá, num impulso que me deixou um pouco assustada, ele fez as primeiras tratativas para a compra de um apartamento. Isto era sábado. Segunda-feira, em Porto Alegre, formalizamos a compra! Loucura! Não tínhamos ninguém conhecido em Pinhal. Bem, era só esperar a entrega do apartamento, que depois de algumas confusões nos foi entregue no dia 21 de dezembro de 1990.

Vim para cá e iniciei a montagem do apartamento dia 24 de dezembro, véspera de Natal, minha mãe, meu esposo e eu estávamos ceiando no ap. Muito trabalho depois, comecei a veranear e a olhar com mais atenção tudo o que me cercava.

Adorei meu cantinho! A praia era tranquila, limpa, muito alegre. A beleza dos jovens, surfistas, famílias que passava em direção à praia foram me encantando. Meus vizinhos se aproximaram, muito prestativos. Da mesma forma, abri minhas portas. Fui descobrindo um jeito novo de veranear, de conviver. Conhecendo pessoas ótimas, formando rapidamente um grande círculo de amigos, vivendo momentos inesquecíveis. Para culminar, no dia de meu aniversário, tinha em minha casa festejando comigo mais de 50 pessoas!

Para quem não conhecia ninguém foi um progresso e tanto!

Eu e Pinhal: um amorà segunda vista!

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Uma praia de amigos! E finalmente, quando me dei conta, estava perdidamente apaixonada por Pinhal! Dali para frente Pinhal passou a fazer parte de minha vida, e cada vez era mais difícil viver longe dele. Não demorou muito, passei a fazer parte de Pinhal - vim morar aqui.

Hoje, uma das coisas que mais gosto é viajar por este mundão, mas retornar ao Pinhal é voltar para o ninho. Vi Balneário Pinhal nascer como município. Acompanhei seus primeiros passos e, agora, vibro com este adolescente bonitinho, esperto, conquistando seu lugar entre grandes. Eu o vejo como um filho querido.

Por isto quero tudo de bom para ele com a certeza de que nunca vou abandoná-lo.

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Maria Cardoso FaistauerHistoriadora e professora

Balneário Pinhal/RS

Na década de 1950, a Fazenda do Pinhal tem novos proprietários: Fausto Borba Prates e seus sócios, que, segundo seu capataz Pedro de Alcântara Teixeira, eram João Belchior Goulart e Ari Alcântara.

Em depoimento, o Sr. Pedro, mais cinco homens identificados com a vida campeira, vieram de Santana do Livramento de a cavalo: um pouco cavalgando, um pouco de trem, um pouco nadando, puxando... para aqui se achegar.

A Fazenda, logo teve vida própria. Com a habilidade do capataz Pedro e do posteiro Honório Lopes, as atividades agropecuaristas se desenvolviam francamente.

Fausto Borba Prates e a cidadepraieira do Pinhal

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Sr. Fausto projeta uma cidade à beira mar: seria a Praia do Pinhal!

A denominação estava ligada à Fazenda do Pinhal, por estar dentro da área desta, e que mais tarde serviu de referência para o nome do município de Balneário Pinhal.

Contratou urbanista de competência reconhecida, Ubatuba de Farias, e o Sr. Arboit, agrimensor, que fez os trabalhos de nivelamento e traçado das ruas. Destinou espaço para praças, para a Igreja e mais tarde para a sociedade recreativa que deu origem à Sociedade Amigos da Praia do Pinhal - SAPP e ainda para a então Escola Rural Isolada da Praia do Pinhal, que funcionou inicialmente na capela, passando por outros locais até seu prédio próprio (a atual Escola Estadual de Ensino Médio Diogo Penha).

Seu Fausto era um desbravador cheio de otimista e convicção. Foi o fundador e idealizador da “Cidade Praieira”, que deu origem à cidade sede do Município de Balneário Pinhal.

Seu projeto urbanístico contou com uma ampla divulgação, incluindo excursões vindas de Porto Alegre para conhecer a praia e adquirir terrenos.

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O Sr. Osvaldo Vasques Pereira trabalhava na Imobiliária Pinhal, aqui na Praia, empresa referencial para os negócios. Costumava registrar as atividades do seu novo cotidiano num pequeno diário. Tive acesso aos estes emocionantes escritos, através de seus filhos Flávio e Sérgio, que me presentearam com este pequeno grande tesouro. Neste, é possível acompanhar a expectativa e o propósito firme de construir a cidade sonhada pelo Sr. Fausto.

Conforme registros, semanalmente chegavam na “Praia do Pinhal” excursões vindas de Porto Alegre, trazendo visitantes interessados em adquirir terrenos e construir. Estas excursões eram organizadas por categorias de profissionais, como por exemplo bancários do Banco do Brasil, advogados, dentistas, médicos, funcionários públicos, etc... Isso fortalecia os vínculos de amizade e daí a origem do slogam muito conhecido: “A Praia dos Amigos.”

O tempo ia passando e o projeto urbanístico se processando. Os empreendimentos se sucediam e a cidade começava a dar sinal de realidade: um pequeno hotel, algumas casas de veranistas, ruas abertas, um gerador de luz, ônibus uma ou duas vezes por semana, casa de comércio e esperança, certeza, convicção.

Sr. Osvaldo, filho Sérgio e diretor da Imobiliária

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Dizem os “remanescentes” da era Fausto que a cidade cresceu e se formou rapidamente, como fermento.

Passados aproximadamente sessenta anos, temos uma cidade plena, com boa infra-estrutura, população ativa, sede de Município de Balneário Pinhal. Centenas de construções alimentando o comércio e a construção civil em larga escala. Centenas de quilômetros de rede elétrica, de encanamento de água, transporte público, atividades comerciais, sociais, escolares, inclusive com nível universitário. Para termos esta realidade, houve um começo. Um começo ousado que seguiu a batuta de um empreendedor aguerrido, entusiasmado, organizado e com senso humanitário.

O que ouço das pessoas que conviveram, que trabalharam ou que participaram dos projetos do Sr. Fausto é só elogios: generoso, habilidoso, visionário, organizado, preocupado e atento com a estruturação da cidade, com a preservação da natureza, com a sociabilidade....

Foi um homem simples, mas seus projetos tiveram excelência, tanto na área profissional como cidadã. Seu trabalho pioneiro foi fundamental para a existência da Cidade Praieira da Praia do Pinhal.

Fausto Borba Prates já partiu desta vida, assim como a maioria de seus confiáveis funcionários, mas seu projeto está aqui, vivo, presente em cada rua, em cada empreendimento, em cada sinal de natureza, em cada morada, em cada rosto, nos alicerces do município de Balneário Pinhal.

A realidade é resultado de seu passado e este pretérito está intimamente vinculado a seu idealizador: e por questão de justiça, o nome de Fausto de Borba Prates deve ser destacado, ter reconhecimento, ser dado a conhecer, receber menção.

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Folha do diário

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Élida Terezinha Barreto dos SantosProfessora da E.M.E.F. Calil Miguel Allem

Balneário Pinhal/RS

Eu, Elida Terezinha Barreto dos Santos, professora aposentada do Estado, e faltando pouco para me aposentar pelo Município, estou aqui para contar um pouquinho de minha história.Cheguei aqui há vinte anos atrás. Antes disso só vinha aqui na época das férias escolares, de inverno e de verão.

Meu pai, em 1968, comprou um armazém, como se dizia naquela época, em Figueirinhas. Ele era aposentado da Brigada Militar, mas tinha residência em Osório e se dividia entre Osório e Figueirinhas.

Em 1981, meu pai nos ofereceu a gerência do armazém, por motivo de saúde e por já estar cansado. Nessa época, eu já estava casada com Antônio dos Santos, o Bibi, e tinha três filhos: Adriano Junior dos Santos, Sabrina Barreto dos Santos e Gilmar Antônio dos Santos, de quem eu estava de licença maternidade.

Aceitamos a proposta de meu pai e em julho viemos de muda de Osório para Figueirinhas. Como só tinha uma escola na Praia do Pinhal, como era chamada na época, eu vim trabalhar nela pelo Estado e pelo Município, pois tinha duas nomeações.

Figueirinhas era um lugar bonito. Os moradores eram famílias boas. Também tinha casa de veranistas que no verão eram companheiros do chimarrão e fregueses do comércio.

O transporte para chegar ao Pinhal era somente três vezes ao dia: às oito horas, às doze horas e trinta minutos e dezenove horas.Em Pinhal só havia a escola Estadual Diogo Penha. As crianças das Figueirinhas estudavam nessa escola e vinham e voltavam a pé. A carona, quando conseguiam, era de carroça ou bicicleta.

Através do comércio, e por eu ser professora, criou-se um círculo de amizade e confiança entre a comunidade. Nos finais de semana, as mulheres se reuniam para conversar, tomar chimarrão enquanto os homens jogavam bocha ou jogavam futebol na beira da lagoa.

Minha história em Balneário Pinhal

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Com o passar dos anos, a comunidade foi crescendo, aumentando o número de crianças o que nos levou a nos reunirmos em nosso comércio para estudar a possibilidade de irmos até Tramandaí para conversar com o Prefeito e com a Secretária de Educação para abrir uma escola. Dessa reunião já ficaram decididos dia, hora e quem iria até o Prefeito.

O Bibi acompanhou os pais, que se prontificaram a ir até Tramandaí, onde foram muito bem recebidos pelo Prefeito da época, Senhor Elói Brás Sessim e Secretária de Educação, Terezinha Silveira. Ficou decidido, então, que a Secretária viria visitar a comunidade para ver o local e estudar o que poderia ser feito.

Na terceira reunião marcou-se o local onde seria construída a escola e o local onde iriam começar as aulas até a escola ficar pronta. As atividades escolares iniciaram em uma casa alugada na comunidade, por poucos meses, até estar pronta a escola. A comunidade ficou feliz e agradecida com uma escola perto de suas casas, para que seus filhos pudessem estudar com mais segurança.

Esta história foi muito marcante em minha vida, pois é a minha área de trabalho e ao mesmo tempo pude ajudar muitas crianças a estudar. Hoje, muitos desses alunos que passaram por esta escola são casados, já formados, e outros estão na faculdade. Tenho boas recordações, inclusive dos professores e dos funcionários com quem convivi.

No início do ano de 1988, iniciei outra caminhada, ainda morando em Figueirinhas. Fui convidada pela Secretária de Educação, Terezinha, para ajudá-la a abrir uma escola na sede da Praia de Pinhal, na qual eu seria a diretora. Precisava de um local para iniciar as aulas, um local para construir a escola, uma professora e dez alunos. Procurei a professora Eloise Faistauer e contei a ela a proposta da Secretária e convidei-a para ser a Diretora, pois não tinha prática de direção, mas me comprometi que ajudaria no que precisasse. A professora aceitou o desafio e liguei para a Secretária e fomos à luta.

Conversamos com algumas mães e conseguimos o número de alunos suficiente. Conversamos com o Patrão do CTG, que era o Senhor Vitor Esperotto, para que nos cedesse o CTG durante a semana para que os alunos tivessem aula ali até que a escola ficasse pronta. A funcionária era a Dona Celita dos Santos, que já trabalhava

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para o município. Tudo organizado, iniciamos o ano letivo. Hoje, olhando as fotos dos alunos daquela época, vimos

muitos deles trabalhando no município, como a professora Simone Santos, a professora Greice Ferreira, a professora Fabiana Fonseca, o vereador Luizinho, a técnica em enfermagem, Sabrina dos Santos e muitos outros.

Até a escola ser construída, as aulas eram no CTG Vaqueanos da Praia do Pinhal.

É com orgulho que falo desta história, porque foi mais uma sementinha que pude ajudar a plantar para as crianças de nossa comunidade. Desde esta data estou na Escola Calil Miguel Allem.

Em 1999 fui convidada pela Secretária de Educação, Neusa Maria Carvalho e pelo Prefeito Vilmar Furini para ser a diretora. Em março deste mesmo ano assumi, procurando fazer um trabalho que contemplasse as expectativas da comunidade. Na direção permaneci por seis anos, escolhida sempre pelos professores e funcionários da escola. Tenho ótimas recordações desse tempo e tenho certeza de que de alguma forma também provoquei boas recordações.

Uma marca muito importante na minha vida foi quando voltei aos bancos escolares, incentivada e apoiada pela Secretária Neusa. Cursei o Curso de Pedagogia e mais tarde fiz Pós-Graduação em Supervisão Escolar. Nossa amizade sempre foi muito forte e serei sempre grata a ela por tudo que conquistei.

No primeiro dia que cheguei à escola para trabalhar, a diretora era a professora Maria Faistauer, que estava de licença nojo, pois havia perdido o pai e as colegas haviam ido visitá-la. Foi aí que a conheci.

Em 1995 fui diretora da Escola Estadual Diogo Penha, na qual procurei fazer um bom trabalho, tendo ao meu lado ótimos professores e funcionários e tendo como supervisora a professora Maria Faistauer, que me ensinou muito com seu exemplo, sua e dedicação e sua experiência.

De 2007 a 2008 trabalhei na Secretaria de Educação ao lado da Secretária Suzana Werlang e do atual Prefeito, Jorge Fonseca. Aprendi muito com a Secretária e sua equipe e neste período pude conhecer todos os funcionários e professores da rede escolar do município. Para mim foi muito importante este conhecimento.

Hoje, nosso município é emancipado e todos os governantes

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trazem em primeiro lugar no seu plano de governo a Educação, pois é dela que precisamos.

Eu e minha família viemos morar aqui com a intenção de ser por pouco tempo, mas os filhos foram crescendo. OBibi entrou na política porque é do que ele gosta e eu, na minha carreira pude ajudar muitas crianças. E aí fomos ficando, ficando e estamos aqui até hoje, morando na sede.

Hoje, com este rico trabalho que é o Projeto Raízes, tive a oportunidade de contar um pouquinho de minha história no município.

Nestes vinte e nove anos que estou aqui procurei ser uma professora amiga e parceira, fazendo com que meu trabalho fosse reconhecido por todos.

Quando iniciei este texto, eu dizia que estava de Licença Gestante: tinha nascido meu filho Gilmar e que eu estava retornando às atividades escolares. Hoje escrevo esta narrativa com o coração triste por ele não estar mais aqui conosco. Mas, por outro lado, me sinto feliz por sentir que ele deixou a todos boas lembranças e pôde ajudar a quem precisou dele. Como motorista da SAMU e ENSEG, muitas vidas ele socorreu e ajudou a salvar da morte.

Onde meu filho estiver, ele pode ter certeza de que nunca será esquecido por esta comunidade onde cresceu, viveu e nos deixou. Embora Gilmar tenha nos deixado, sei que os meus outros filhos, genro, nora, netos e meu marido Bibi continuaremos a contar esta história até quando Deus quiser.

Encerro minha narrativa com as palavras do escritor Jorge Amado: “Viver é muito mais importante do que escrever. O que eu escrevo nasce da vida que eu vivo.”

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Marlene Lápis LopesAposentada

Balneário Pinhal/RS

Em julho de 1970, meu esposo, Verlei de Souza Lopes veio passar as férias com os filhos em Cidreira, numa casa que tínhamos lá. Fez amizade com o Sr. Afrânio Cidade Pozo, dono de uma farmácia em Cidreira. Em meio às conversas e bate papo surgiu a ideia de abrir uma filial na Praia do Pinhal, visto que a cidade começava a se expandir. Conversou comigo e ficou resolvido que ele iria logo tratar do negócio e eu iria com os meninos no final do ano, nas férias. Larguei meu emprego, meus estudos, vendemos um fusquinha que tínhamos, móveis e começamos vida nova na Praia do Pinhal.

Verlei da farmácia

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Foi alugada uma peça grande na Rua General Osório, próximo à rodoviária, e dividida para a instalação da farmácia e para moradia. Com ajuda do meu sogro, fizemos as prateleiras e os balcões e se organizou a farmácia. Levei um susto quando vi que a casa para morar era tão pequena, mas agradeci a Deus e pedi forças para poder vencer este desafio.

Foram três anos de grande sacrifício, pois tínhamos que buscar os remédios em Cidreira porque lá era a matriz e tudo era comprado pelo Sr. Pozo, que atendia as necessidades conforme os pedidos.

Havia poucos moradores, apesar de aumentar a população no verão, com a chegada dos veranistas. Mas só dava para as despesas da casa e manter os meninos na escola onde o mais velho estudava na escola Militar em Porto Alegre, com apoio de minha irmã e minha mãe.

Mesmo com as condições mínimas fazíamos o possível para atender bem a clientela, que aos poucos iam chegando e usufruindo daquilo que dávamos com muita atenção e carinho.

Depois de três anos, arrisquei uma proposta para comprar a farmácia e apresentei ao Sr. Pozo. Ele aceitou, dando-nos um longo prazo para o pagamento total. Graças a Deus tudo correu bem e

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antes do prazo acordado quitamos a compra. Para isto trabalhávamos muito, sem hora de fechar, sem férias, sem empregados, só nos dois. Não medíamos esforços para atender bem as pessoas: com segurança e presteza fomos conquistando amizades e confiança.

Fui fazer um curso de enfermagem para melhor atender a população. Vimos a cidade ir crescendo.

Passado mais algum tempo, alugamos uma casa para moradia e instalamos um ambulatório dentário e médico nos fundos da farmácia, pois na época só havia estes profissionais em Tramandaí. Isto tudo dificultava, pois dependia de ônibus que circulava em horários escassos.

Aprendemos a valorizar a amizade, as pequenas conquistas e, sobretudo criamos raízes nesta terra que tanto amo.

Meu esposo Verlei adorava este lugar e se dava muito bem com todos. Conhecia as preferências de cada um, as dores, as enxaquecas, as crises, os resfriados. Gostava de ensinar chás e era um grande incentivador do uso do limão. Costumava dizer que quem tivesse um pé de limão na sua casa não precisaria de farmácia. Tal era a eficácia do limão: curava gripes, dores de garganta, limpava o sangue, bom para o fígado, para os rins e por aí afora. Mais tarde nossa situação estava bem melhor e montamos uma bonita farmácia em outro prédio mais central, com mobiliário novo, onde ficamos um bom tempo.

Nossa relação com a comunidade ia crescendo a cada dia. As famílias iam se formando, crescendo e todos eram nossos amigos.

Muitas vezes o Verlei saía de casa em meio à noite para prestar socorro, aplicar injeções, ajudar a quem estivesse precisando. Os tempos foram passando e a conhecida “Farmácia Verlei” era a referência da cidade. As pessoas chegavam a levar as receitas para ver se a medicação era mesmo aquela, tal a confiança que depositavam em nós, principalmente no Verlei.

Mas a doença chegou para o Verlei, que se viu impossibilitando de tocar o negócio, pois já era difícil estar presente na farmácia e dar a atenção necessária aos clientes. Foi então que resolvemos vender a farmácia. Verlei se aposentou e eu abri uma imobiliária e um escritório de contabilidade.

Nas caminhadas pela cidade era comum o Verlei ser

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“consultado” por alguém. Não se negava e brincava com pessoas, principalmente com as crianças e jovens que viu nascer e crescer sob seus cuidados. Sempre tinha uma palavra de incentivo e de orientação. Contam os amigos uma passagem que consideram interessante e que serve para ilustrar suas atitudes certeiras frente aos perigos: certo dia, ao entardecer, em uma lanchonete da cidade, todos se encontravam para contar bravatas do cotidiano. Era um ambiente agradável e animado. De repente um dos presentes grita e gesticula desesperadamente com as mãos na orelha. Com muita dor e impaciente, pede socorro e os amigos não sabem o que fazer. Foi algo inesperado e muito intrigante. O jovem senhor fica desatinado de dor. Quando chega um carro para levá-lo à cidade mais próxima, o Verlei interfere e diz: “Para! Traga-me de lá um pouco de azeite quente, morno.” Correram e logo estava com o pedido em mãos. Aproxima-se do amigo e retirando as mãos da orelha, pinga algumas gotas do óleo no ouvido. Para espanto de todos e para alívio do dito cujo, eis que sai sorrateiramente um grande cascudo do ouvido do homem.

Era assim o Verlei: brincalhão, mas seguro e prestativo e, sobretudo sábio. Como era quente, os insetos vieram contra as luzes e um dos cascudos entrou no ouvido do homem e causou um grande tumulto.

Com certeza existem muitas outras histórias para contar do Verlei da Farmácia e de mim mesma, sua esposa, companheira que aqui vivo, agora sem o Verlei, que faleceu no ano de 2000, mas feliz por morar na cidade que conheci desde o início da urbanização. Sou grata por fazer parte desta comunidade e desfrutar do respeito e da amizade de todos.

Passei algum trabalho, mas valeu a pena. Sei que contribuí com o crescimento da cidade e continuo atuando nela como agente deste processo chamado cidadania vivificada em Balneário Pinhal.Verlei de Souza Lopes, natural de Jaguarão - RS, nascido em 27/06/1935 e falecido em 10/06/2000.

Marlene Lapis Lopes, natural de Porto Alegre - RS, nascida em 26/01/1939, residente na Av. Itália, 3631 - Balneário de Pinhal.

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Cássia Carniel PereiraProfessora

Balneário Pinhal/RS

Família maternaOtacílio de Almeida Carvalho e Alzira Rodrigues de Almeida

= Dileta Maria Rodrigues de Almeida.No início da década de 1960, meus avós maternos vieram

morar na Fazenda da Cerquinha, que pertencia ao Senhor Epaminondas e sua esposa Rosinha, que eram então cunhado e irmã do meu avô Otacílio. Na fazenda havia plantação de arroz e criação de gado. Meu avô era quem gerenciava a fazenda e os empregados.

Meus avós tiveram dez filhos, que moraram na Fazenda da Cerquinha, durante a infância. A família da minha mãe morou lá cerca de 10 anos e depois veio morar na “praia” quando a fazenda foi vendida para a Flosul. Meu avô permaneceu trabalhando na fazenda por mais um período de 2 anos e então resolveram morar em Campo Bom.

Durante os anos em que moraram em Balneário Pinhal, minha mãe e meu pai se conheceram, e começaram a namorar.

Família paternaGiácomo Carniel e Maria Carniel = Irineu Angelo CarnielA família de meu pai é de origem italiana. Residia no

município de Taquara, onde trabalhava no ramo madeireiro. Parte da família veio morar em Cidreira, Meu pai resolveu se estabelecer em Balneário Pinhal e, não fugindo da tradição, resolve constituir uma empresa de materiais de construção, onde meus pais vieram a se conhecer.

Em 1973 meus pais se casaram, continuaram morando em Balneário Pinhal e tiveram três filhos. Moramos aqui desde o nascimento, somos frutos desta terra, embora não possamos dizer que nossa origem natural seja Pinhalense, o que nos daria muito orgulho, pelo fato de não haver aqui uma maternidade. Hoje eu

Minhas raízes em Balneário Pinhal

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continuo morando aqui em Balneário Pinhal, sou casada, sou professora, tenho duas filhas, eu e meu marido, assim como meus pais, atuamos no ramo de materiais de construção.

Tenho muita gratidão por este lugar que nos acolheu, a mim e à minha família, onde vivo e pretendo ver nossa família continuar por muitas gerações.

Dona Sissa e Zecão: o Natalda criança de 1984

Angela DuarteMoradora

Balneário Pinhal/RS

Gustavo Dias HerzogEstudante

Porto Alegre/RS

Todos os anos a senhora Deneci da Silva (mais conhecida como Sissa, já falecida) e o senhor José Campos Bandeira (Zecão), proprietários do Turis Hotel, localizado no centro de Pinhal (Av. Castelo Branco, onde hoje é o shopping Galeão), distribuíam brinquedos, balas, chocolates, refrigerantes e cachorro-quente para as crianças, na época de Natal.

Às vezes Zecão se vestia de Papai Noel, outras vezes contratava ou solicitava que outra pessoa colocasse a fantasia e entregasse os presentes para as crianças, que achavam o máximo ganhar brinquedos da mão do próprio Papai Noel.

Sissa salientava que independente da classe social “criança é criança”, e muito antes da política esta festa era realizada no município, sendo uma tradição da família. No dia do Natal não ficava nenhuma criança sem presente.

Orfelino Duarte era brigadiano aposentado e veio trabalhar

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de pedreiro na construção da SAPP (Sociedade de Amigos da Praia de Pinhal), inclusive ele e sua família moravam no próprio local.

Esta história foi narrada por Angela Duarte, filha de Orfelino Duarte, e escrita por Gustavo Dias Herzog, bisneto de Orfelino Duarte e Adelaide Medina Duarte.

Gustavo mora com os pais em Porto Alegre, tem 11 anos e é estudante da 5ª série da Escola Santa Doroteia.

A avó Afonsina: mãe de Sissa (sentada ao fundo); o bebê no colo do Papai Noel é o filho mais novo de Sissa e Zecão: José Campos Bandeira Júnior; à direita do Papai Noel: Daniela Duarte (psicóloga); à esquerda: Carine Duarte (administradora de empresas) e Karina Duarte (que inclusive já trabalhou na secretaria de turismo do município); os dois sentados na frente são Ednei Duarte (saudades eternas, querido filho...) e Aline Duarte (graduada na área de meio ambiente). Todas “crianças” citadas na foto são netas de Orfelino Duarte, que chegou na cidade em 1974, com sua família.

O casal ao fundo, de pé: Sissa (Deneci da Silva, já falecida) e Zecão (José Campos Bandeira)

Ednei Duarte (saudades eternas, querido filho).

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Minha trajetória na praia do Magistério:município de Balneário Pinhal

Quando vim para Balneário Pinhal, mais precisamente para a praia Magistério, foi aproximadamente em 1970. Eu vinha sempre de carona para veranear. Um tio meu tinha casa em Magistério e sua casa era onde hoje é a Rua São Jerônimo, rua da Escola Luiz de Oliveira. Não existia a Av. Paraguassu. Ela era só cômoros de areia e não tinha água e luz.

A luz era de um lampião de liquinho e a água era de poço artesiano com bombadas a mão. Até acho que era por isso que meu tio fazia questão que eu viesse pois todos nós bombeávamos água para uma caixa d'água. Assim podíamos tomar banho, fazer comida e muitas vezes não conseguíamos ir até a casa porque o carro atolava na areia. Aí tínhamos que deixar o carro perto do armazém do Roxo. Ele tinha esse nome porque o bar era pintado de roxo, e ficava onde hoje é a Rodoviária de Magistério. O proprietário chamava-se Luiz de Oliveira e sua esposa Maria Bereta.

A Avenida Luciana de Abreu era por onde se chegava, portanto era a Avenida principal do centro e para chegar até lá fazia uma curva em “S” ou então se ia pela beira da praia até Magistério. Havia o Supermercado Solemar, que era de propriedade do senhor Solemar Fonseca, e da senhora Luiza Fonseca. Na frente desse supermercado, onde hoje é o Bar do Boto, tinha um supermercado chamado de Super Santos, que mais tarde foi comprado pelo senhor Jorge Fonseca. Depois o senhor Solemar Fonseca comprou uma madeireira que existe até hoje, que é a Madeireira Fonseca. Quem trabalha nela hoje é a senhora Simone Fonseca, nora do Falecido Solemar Fonseca e da senhora Luiza Fonseca. Simone trabalhava antes no caixa do supermercado que era administrado por Jorge Fonseca, seu esposo. Hoje é ele o prefeito desse município.

Quando eu vinha para a praia vinha sempre para casa do meu tio João Ângelo Manenti. Mas em um veraneio, em janeiro, a casa do

Mário Pereira MachadoVereador

Balneário Pinhal/RS

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meu tio estava lotada. Como eu gostava da praia vim para uma casa que eu aluguei bem em frente ao condomínio da Shell. E dentro desse condomínio tinha o Clube da Shell, que se chamava de M. P. C. Magistério Praia Clube. Mais tarde, minha mãe comprou uma casa na Rua Venâncio Aires, no mês de outubro 1982, do lado de um terreno que era uma lagoa. Aí já tinha água e luz. Minha mãe faleceu no dia 17 novembro de 1982, um mês após ter comprado um terreno. A casa ficou para mim, pois eu era filho único. Mais tarde, em 1987, o terreno, que tinha 08 lotes, foi aterrado, e nesse terreno muitas vezes, na temporada de verão, bem ao lado da minha casa, estacionava um parquinho de diversões. Eu moro nesta casa até hoje. Mas, desde 1982 eu ficava dias na casa e dias em Porto Alegre até vir definitivamente para cá, desde 2000. Essa é a minha trajetória no município de Balneário Pinhal, na praia de Magistério.

Minha história em Pinhal

Pedro Silveira da RosaComerciante

Balneário Pinhal/RS

Em 1977 passei o verão em Balneário Pinhal. Então arrumei um serviço na SAPP.

Quando cheguei em Pinhal, a maioria das ruas não era asfaltada. Havia menos casas e a cidade era menor. Apesar disso, Pinhal era movimentado. O clube (a SAPP) era lotado de gente, das oito da manhã até a meia noite, durante todo o verão. Eram vendidas, em média, oitenta viandas por dia.

O clube era totalmente diferente do que é hoje. Era bem mais simples e menor do que é agora. Tinha uma cancha de bocha, vôlei, ping pong, mas não tinha piscina.

Depois de ter trabalhado como empregado, comprei a instalação do meu patrão e fiquei como ecônomo da SAPP por onze anos. Em maio de 1988 comecei a construir o meu restaurante, que

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ficou pronto em dezembro do mesmo ano. Dia nove de dezembro de 1988 inaugurei o meu restaurante e nele trabalho até hoje.

As lembranças que ficaram do tempo que eu trabalhava na SAPP foram as amizades que conquistei, as festas que fazíamos junto com os funcionários da CEEE no encerramento das temporadas, e outras coisas boas que aconteceram naquele tempo.

A chegada da famíliaDuarte em Balneário Pinhal

Kamila DuarteEstudantePelotas/RS

Em meados de 1974, chegava às terras pinhalenses Orfelino Duarte e sua família, para trabalhar como mestre de obras, juntamente com seu irmão, Geraldo Duarte, tesoureiro da diretoria da SAPP (Sociedade de Amigos da Praia do Pinhal). Ambos trabalharam na construção da antiga sede da SAPP. A família de Orfelino residia nesta sociedade. Vera Duarte, filha de Orfelino, lá trabalhava como secretária: confeccionava carteiras dos sócios, convites de eventos e fazia os cartazes das festas e outros eventos.

Além de construir, Orfelino trabalhava como segurança à noite, durante os bailes. Adelaide Medina Duarte, sua esposa, trabalhava cuidando o toalete feminino, também durante os bailes (segundo a filha Vera, ela não limpava os banheiros e era contratada só para alcançar o papel higiênico para as moças, porque o presidente da SAPP naquela época não queria nenhum tipo de desperdício).Depois de alguns anos a família passou a residir perto da “Madechave”, que na época era chamada de Ponto Chave, um supermercado. Por ser morador há muito tempo, Orfelino foi homenageado ao nomearem a rua onde ele residia com seu próprio nome.

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Atualmente residem nesta rua seus filhos Albino Renato Medina Duarte e Rudinei Medina Duarte (ambos policiais militares, salva vidas muito conhecidos) e veraneia sua viúva, a dona Adelaide. As filhas Vera Maria Duarte Kuhn e Angela Maria Duarte Dias também residem no município. O filho Rogério Medina Duarte reside em Pelotas, é policial civil e trabalha aqui na Operação Verão; Maria Célia Medina Duarte também reside em Pelotas e veraneia aqui; Tais Clarete Medina Duarte mora em Tapes.

A neta de Dona Adelaide, Karina Duarte Lopes trabalhou na Secretaria de Turismo do município.

Vera Medina Duarte, em desfile cívico

Primeira sede da Sapp, construída pelo Sr. Orfelino Duarte e local onde a família residia

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Vera Duarte e seu irmãoRudinei, em época de desfile cívico

Este texto foi narrado por Adelaide Medina Duarte (viúva do senhor Orfelino Duarte), elaborado e redigido por Kamila Duarte, neta do casal.

Churrasco de inauguração da construção da SAPP, em agosto de 1976.À direita, ao fundo, o sr. Orfelino Duarte

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Trajetórias de vidas:Deoclides Pacheco Daniel,Laerte Bueno Silveira eGilberto Milton Wieser

Maria Cardoso FaistauerHistoriadora e professora

Balneário Pinhal/RS

Deoclides Pacheco DanielMorador de Balneário Pinhal há mais de 42 anos. Foi

funcionário público, o primeiro motorista do então distrito da Praia do Pinhal.

Seu "Quida", como é conhecido, sabe como ninguém histórias do lugar. Conhece a palmo sua comunidade e faz questão de dizer que aqui é sua verdadeira terra.

Casado com Dona Ana da Silva Daniel, curte seus netos, presenteados por seus filhos, Paulo e Marcelo, que estudaram na Escola Estadual Diogo Penha, alunos que integraram a Banda da Escola, as equipes esportivas e outras tantas atividades.

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Seu Quida é um artista na arte da música. Muitas serenatas fez por aí. Ele compõe, toca, canta e encanta. Escreveu um poema, que musicou também, especialmente para o Raízes, por se sentir na obrigação de contribuir com tão importante acontecimento. Eis a arte:

Recordando o passado de Balneário PinhalOlhando os barcos pesquerios, nas águas verdes do marcontemplando a natureza, resolvi homenagearo grito das gaivotas, nativas do litoral,e o clarão da lua cheia, refletindo nas areiasdo Balneário Pinhal.

Muitos vieram de longe, para uma terra desconhecidaplantaram suas raízes, construíram suas vidas.Eu sou um dos pioneiros, cuja memória desenhanestes versos deixo claro, onde meus filhos estudaramna Escola Diogo Penha.

Tem gente que ainda fala, não conhecessem o passadohoje nós temos estrada e ônibus prá todo ladotemos onde fazer as compras, em vários supermercadostemos posto de saúde, com doutores prá consultartambém temos ambulância, se o doente precisar.

Esquecer este passado, podes crer, eu não consigodeixo que fiquem falando, prá esta gente eu não ligoera um simples vilarejo, guardo as lembranças comigofiz estes versos, especial, homenageando PinhalEsta cidade de amigos.

Na RS 40, prá quem vem da capitalpassando o túnel Verde, modifica o seu astrale o Pontal das Figueirinhas, é um bairro tradicionaltodos se sentem seguros, respirando ar purodo Balneário Pinhal.

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Laerte Bueno SilveiraNatural de São Borja, mora e trabalha há mais de vinte anos

em Balneário, com Salão de Cabelereiro. Ali, faz papel de barbeiro, cabelereiro, corta, pinta, ajeita, a contento dos clientes.

Sempre que há campanha de solidariedade, lá está o Laerte, com sua tesoura, pronto para partilhar. Rotineiramente comparece aos bancos de sangue como doador, ajudando assim quem necessita. Presta ajuda a muita gente.

Com seu jeito bonachão, gaúcho da terra dos Presidentes, não deixa faltar o chimarrão e até cafezinho aos seus clientes e amigos. Diz que também se sai bem na cozinha.

Bom de prosa como ele só. Atualmente, seu irmão Claudio dá um costado seguro no

Salão, e já tem até preferências entre os dois: um muito falante, outro mais compenetrado, ambos “Boa Gente”.

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Gilberto Milton WieserNatural de Porto Alegre, conheceu “Pinhal” como veranista

e como comerciante, quando montou uma pista de patins, numa quadra, ao lado da Igreja de S. Antônio. Lembra que foi um bem negócio e muito divertido.

Alemão Gilberto, como é conhecido pelos amigos, tem participação ativa na comunidade. Foi um dos fundadores do “Bloco das Virgens”, compositor das músicas enredo, e também o puxador do Bloco, cantando e encantando o público.

Com Sandra, sua esposa, mora há mais de 35 anos em Balneário Pinhal, acompanhando as transformações que faz da pequena Praia, mais um dos Município do Rio Grande.

Faz questão de se identificar como ex-Patrão do CTG Vaqueanos da Praia do Pinhal, e sócio patrimonial.

Mesmo tendo nascido e se criado na capital, sempre apreciou a cultura gaúcha.

No ano de 1983, no encerramento dos festejos farroupilhas, Gilberto brindou o público presente com uma apresentação musical, com letra, música e interpretação sua.

A repercussão da canção foi tão significativa que, conforme Ata da Entidade, nº 30/1983 passou a representar o “Hino do CTG Vaqueanos da Praia do Pinhal.”

O gaúcho e o mar Você que é de estância nascido lá no rincão não sabe que aqui na Praia se cultiva a tradição.

Saindo lá da querência no rumo do litoral na certa vai encontrar os Vaqueanos de Pinhal, pois vindo de Porto Alegre passando por Viamão seguindo pela estrada chega no nosso Galpão. Nós temos aqui o gado o peixe e o pinheiral tem o nosso Túnel Verde Na Fazenda do Pinhal.Vocês têm o verde das matas

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Nós temos o azul do mar também o churrasco gordo e o chimarrão prá lhe ofertar.Aqui fica esta mensagem do gaúcho e o mar

Seu José Bonami Rodrigues dos Santos:trajetória de vida

Maria Cardoso FaistauerHistoriadora e professora

Balneário Pinhal/RS

É o verdadeiro nativo da costa litorânea. Muito pequeno já trilhava as areias do hoje Balneário Pinhal. Conhece cada canto do município e as muitas histórias presenciadas por aqui.

Seu avô, Sr. Albano, foi o primeiro morador do Pontal da 131

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Figueirinha, que naquela época, metade do século passado, era uma mata nativa rodeada por areia e muito animal alçado ou selvagem, como porco, gado, cães.

Seu Bona, como é conhecido, conheceu a colônia japonesa que tinha na Fazenda do Pinhal, onde plantavam muito tomate, dentre outras hortaliças. Conta que o grupo era muito reservado e os casamentos eram realizados com grandes festas. O noivo só conhecia a noiva no dia do casamento e isso era estranho para os moradores.

Conta, também, que ele era um dos que esperava o jornal Correio do Povo, jogado pelo avião Teco Teco, na beira da praia, para, então, ir entregar aos veranistas que, agradecidos, lhe davam uma gorjeta.

Mas o que mais recentemente Sr. Bona resgatou da história foi uma casca de bala, ou seja, um cartucho de bala, de arma pesada.

Estava ele tirando grama de um campo na localidade da Roça Velha, no distrito do Túnel Verde, para fazer um gramado na praia, quando sentiu que a lâmina da pá bate em algo forte e resistente. Curioso, continuou a vasculhar, e para sua surpresa, era um cartucho de bala, calibre 43. Logo associou com o acontecido por ali, na época da Revolução Federalista, quando se travou um encontro de forças políticas opositoras, com tiroteio fechado.

Guardou o tal cartucho e o ofereceu ao Prefeito, para que faça parte do acervo do futuro Museu Histórico Municipal.

Se o assunto for pescaria, aí sim que tem assunto. Dentre estes, tem as histórias fantásticas com jipes voando à beira mar, com clarões ajudando os pescadores, com artimanhas de muitas contações.

Conta também da estada de Brizola, aqui na praia, quando fugiu para o Uruguai. Diz que ficou por uns dias na Fazenda do Pinhal, pois um dos proprietários, na época, era seu cunhado João Goularte, e depois veio para a praia onde um pequeno avião o apanhou à beira mar.

José Bonami é um personagem muito sábio da comunidade. Trabalha como motorista, como pescador, pedreiro, mecânico, plantador de grama e outros tantos afazeres. Sua família tem raízes nesta terra e ele, com memória privilegiada, representa uma enciclopédia de saberes populares.

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Pinhal e as histórias que encontrei

Em novembro de 1962, eu, meus pais e meus nove irmãos nos mudamos de Triunfo para a Fazenda da Cerquinha, em Pinhal, município de Osório.

A fazenda que meu tio (agrônomo e natural de Mostarda), comprou, meu pai foi 'capatazear'. Era bem grande e se criava muito gado. Tinha mais de quatro mil cabeças, mais de quatrocentas cabeças de ovelhas e cavalos e plantava-se muitas quadras de arroz. As terras eram muito férteis. Para consumo dos oito famílias que moravam na fazenda, plantava-se milho, mandioca, batata, cebola, moranga, abóbora e melancia, além de hortaliças. Etinha carne e leite, tudo para consumo interno.

A fazenda era bem equipada com máquinas possantes. Cortadeiras, trilhadeiras, tratores grandes, arados, carretas de tração animal e motores possantes para irrigar a lavoura. Mas, no ano de 1968, mais ou menos por dois anos seguidos, o arroz teve uma peste chamada Brusone, e a lavoura foi toda perdida. Os bancos cobravam os empréstimos e os juros eram muito altos; e a fazenda foi vendida. Meu pai então veio morar aqui no Pinhal. Aqui era muito tranquilo, as pessoas eram muito simples e simpáticas. Eram pescadores no inverno e pedreiros no verão. Pinhal, em 1971, já tinha tratamento de água, posto de gasolina, hotel, rodoviária, armazém. Ou seja, contava com uma estrutura para atender aos veranistas que descobriram que aqui era a praia mais perto de Porto Alegre e era tudo muito tranquilo. Todos os moradores se conheciam, eram amigos ou parentes.

Em 1972, aqui no Pinhal só tinha dois moradores afrodescendentes: o Sr. Jamel e o Sr. Paulo, o que me chamou atenção.

As construções aumentaram e vieram as madeireiras. A oferta de trabalho na construção civil e a população fixa aumentaram. Mas tudo isso teve altos e baixos com a economia do nosso país.

Mas, voltando à vida que tínhamos no campo, eu quero dizer

Dileta Maria Rodrigues da SilvaComerciante

Balneário Pinhal/RS

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que tínhamos na fazenda uma escolinha onde todas as crianças eram alfabetizadas por uma professora que ensinava até a 4ª série. As aulas de história eram muito reais, pois a casa da fazenda foi construída na época da escravatura, e encontravam-se restos desse tempo, como panelas de barro e depósitos de conchas e ossos.

A casa da fazenda era muito grande. Nas paredes grossas e altas tinham correntes penduradas no teto, onde um dia foram pendurados lustres. Os corredores eram grandes e as salas e quartos, enormes. Nos fundos da casa tinha uma cozinha com um fogão de barro, onde uma antiga dona criava mais ou menos uns cem cachorros e o nome era “Casa dos Cachorros”. Também tinha a casa dos escravos, o poço de água, e parecia que alguém estava tirando água. A gente olhava e não tinha ninguém. Ouviam-se gritos, gemidos e choro de crianças. Sentia-se o cheiro de vela queimando. Na casa da fazenda tinha um quarto com um cabide na parede onde estava escrito: Quarto da Geni

Para ir da casa da fazenda até a lagoa tínhamos que atravessar um mato nativo muito bonito, com muitas orquídeas de todas as cores, pássaros de cores lindas e a impressão de que alguém estava nos olhando. Ouvia-se barulho de folhas e galhos e depois o silêncio. Lá era tudo mágico. Teve uma semana em que todos da casa estavam com dor de barriga, e uma mulher apareceu para a minha prima e disse: “Vocês não vão sentir mais nada, pois estou indo embora”. E foi o que aconteceu. Nas noites de lua cheia aparecia uma noiva embaixo da figueira. Dizem que o noivo morreu na lagoa e ela ficou louca.

Mas, a história do Serapião era quase real, pois contavam que ele era dono de todas as terras de Mostardas até Tramandaí. E quando morreu ficou assombrando os trabalhadores da lavoura, pois em vida gostava de dar carona no seu jipe. Ele escolhia o destino. E depois que morreu, e de vez em quando ele pregava uma peça em alguém. Meu pai, pela manhã, quando ia dar a pegada para os peões, uma vez ou outra tinha um molhado sujo de barro. Eles contavam que estavam indo para casa e um homem num jipe dera carona. Fizeram voltas e mais voltas pelos campos e quando acordaram estavam no banhado e o Serapião tinha ido embora. Era tudo muito mágico e divertido.

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Vinda para Pinhal e o propósitode Deus para a família

Meu sogro, Nelson Pavão, foi o primeiro da nossa família a vir morar no município, em 1988, com seu amigo Pepe, hoje já falecido. Tinham ouvido falar que aqui havia poucos comércios e que uma colônia de férias (a dos químicos e farmacêuticos) pretendia colocar um pequeno armazém para fornecer produtos aos seus associados. Então, ele e seu amigo abriram um armazém nesta colônia.

Minha sogra, Vilsa Pavão, e seus três filhos, Ivan, Jean e Jander Pavão, vinham aos finais de semana para ajudar, e eu, inclusive! Foi assim durante quatro anos. E como o negócio deu certo, a própria colônia construiu um prédio com moradia para o mercado, na Av. das Flores, onde nasceu o Mercado Pavão I. E, com isto, a família fixou a residência aqui com o filho mais novo, Jander.

Em 1991, me casei com Ivan Pavão. Morávamos e trabalhávamos em Porto Alegre. Após meses ficamos desempregados, os dois juntos. Neste meio tempo, meu cunhado Jander comprou um armazém na General Osório, e nos convidou para sermos sócios. Visto que não tínhamos nada a perder, recém casados e sem filhos, fechamos nosso apartamento em Porto Alegre, colocamos algumas coisas no carro e partimos em direção a Balneário Pinhal, para iniciarmos a maior aventura de nossas vidas, com muitos planos e sonhos em nossa mente. Mas, Deus já tinha todos os dEle traçados em seu coração para nós! Aí surgia o Mercado Pavão II, localizado na Av. General Osório, centro.

A Bíblia, que é a palavra de Deus, diz: “Hoje ou amanhã iremos a tal cidade e ali ficaremos um ano fazendo negócios e ganhando muito dinheiro! Vocês não sabem como será a sua vida amanhã, pois vocês são como uma neblina passageira, que aparece por algum tempo e, logo depois, desaparece. O que vocês deveriam dizer é isto: Se Deus quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo." Tiago 4.13-15.

Maristela Pereira PavãoEmpresária

Balneário Pinhal/RS

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Em 1994, após quatro anos de casados, decidimos ter filhos. O Vinícios, 16 anos, foi nosso primeiro presente de Deus, e, logo em seguida, nasceu o segundo, Diogo, 15 anos, estudantes do Ensino Médio na Escola Diogo Penha.

Neste mesmo período, meu outro cunhado, Jean Pavão, veio morar definitivamente aqui, montou seu próprio comércio, o Mercado Pavão III, na Av. Itália, Pinhal Sul, juntamente com sua esposa, Marlene, e seus dois filhos, Rodrigo, 13 anos, e Vitória, 9 anos.

No ano de 1996, mesmo com todo sucesso financeiro, passávamos por uma crise conjugal, sentíamos um grande vazio que o dinheiro, os bens, carros, não preenchiam. Faltava algo, faltava alguém, faltava um objetivo para valer a pena ser vivido. Foi quando nos foi apresentado o Propósito de Deus para nossa vida. Deus queria se reconciliar conosco através do seu Filho Jesus Cristo!! Nos arrependemos de uma vida vivida somente para nós mesmos e nos convertemos a Jesus e ao seu Evangelho.

A partir daí, começamos a testemunhar o que Deus estava fazendo conosco, e não demorou muito para que outras pessoas também recebessem Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas, formando assim a Comunidade de Jesus no Balneário Pinhal.

Vinícios Pereira Pavão, Ivan Carlos Pavão, Diogo Pereira Pavão e Maristela Pereira Pavão

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Acredito que Deus coloca sonhos em nossos corações, Ele planta estes sonhos. Ele nos criou e concedeu talentos e dons para alcançarmos estes sonhos. Os nossos sonhos e planos eram sermos bem sucedidos financeiramente, termos uma vida estabilizada, viver bem. Deus trilhou outros caminhos para nós, onde isto faz parte, mas não é a prioridade. Mas não importa o que fazemos ou que grandes coisas alcancemos. Isto não seria nada se não tivéssemos amor uns pelos outros. E precisamos de Deus para recebermos este amor. Se deixarmos o amor de Deus fluir através de nós, poderemos causar um impacto sobrenatural aonde vivermos. É isto que Deus quer ensinar a todos nós, desde o princípio. Deus diz “Eu sei o que estou fazendo, tenho tudo planejado. Tenho planos para lhes dar o futuro que vocês esperam.” Jeremias 29.11.

Deus é fascinante! Ele quer que alcancemos nosso sonhos. Tudo que temos que fazer é deixar que Ele assuma o comando. E você? Sabe qual o propósito de Deus para sua vida?

A chegada da família Simorem Balneário Pinhal

Anaiara Patrícia Meira SimorProfessora e diretora da E.M.E.F. Luiz Antonio de Oliveira

Balneário Pinhal/RS

Em janeiro de 1990, o senhor Claus Edgar Simor, conhecido como Seu Simor, veio para Balneário Pinhal passar as férias. No entanto, recebeu uma proposta de trabalho na temporada de verão na Padaria Santo Antônio, ao lado da SAPP, localizada em um lugar centralizado e privilegiado, por estar duas quadras do mar. Esta é uma das padarias tradicionais de Balneário Pinhal.

Em fevereiro de 1990 trouxe sua esposa Jeanete Meira Simor e seus filhos Anaiara Meira Simor, Elisandro Meira Simor e Anaiane Meira Simor para junto dele. Sua vinda para Pinhal, como era

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chamada esta cidade, deu-se pela tranquilidade que a praia oferecia, e pelo fato de ter a oportunidade de realizar o sonho de se tornar proprietário da sua padaria, pois ser padeiro era uma profissão escolhida desde a adolescência. Ele realmente gostava do que fazia, mas queria algo seu e que a família trabalhasse junto.

Depois da temporada, sua filha mais velha começou a trabalhar na Rodoviária de Pinhal. Fez o Ensino Médio em Cidreira e em 1993 ingressou na Faculdade em Osório (FACOS). Aí começou o sacrifício de todos, principalmente de Seu Simor. O dinheiro não dava. Além de seu salário, ainda tinha que fazer doces em casa para ajudar nas despesas. A família também aumentou com a chegada de mais um bebê, Graziele Meira Simor (1994), chegando num momento de extrema dificuldade. Todos sofriam muito, pois estavam num lugar longe de familiares, onde havia apenas conhecidos. No entanto, estes filhos de Balneário Pinhal receberam Seu Simor e família de braços abertos, com a hospitalidade de verdadeiros gaúchos, colocando-os como parte destas raízes. Seu Simor ficou quatro anos na Padaria Santo Antônio. Depois decidiu sair, pois não estava vendo perspectiva em realizar o sonho de trabalhar para si. Então resolveu, diante das necessidades, que iria retornar a sua cidade natal, Passo Fundo.

Seu Simor no verão de 1990, quando chegou em Balneário Pinhal

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Primeira padaria própria, com prédio alugado. Padaria e confeitaria Simor - 1995

Seu Simor e o Sr. Valerino Dias, proprietário da Padaria Santo Antônio em 1990

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Fazendo encomendas em casa - 1994

Jarbas e Seu Simor na produção de pães - 1996

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Em 2 de dezembro de 1995, na última semana, arrumando tudo para a viagem de retorno, fazia mais algumas entregas de doces para pagar algumas dívidas e conseguir dinheiro para a mudança da família. Por ironia do destino, ao chegar em Pinhal Sul, com sua bicicleta de entrega, uma senhora lhe ofereceu um prédio para alugar e colocar a tão sonhada padaria. Não acreditava que, depois de tanto batalhar, na última semana viu a oportunidade bater em sua porta. Sem pensar duas vezes, chegou com a notícia em casa e, conversando com sua família, mudou seus planos.

Todos se uniram para que este projeto desse certo. Seu Simor trabalhava dia e noite para atender todas as encomendas. Neste tempo, repassou também os ensinamentos da sua profissão e técnicas de panificação para muitos. Um de seus aprendizes foi o Jarbas, que hoje possui um estúdio fotográfico em Balneário Pinhal. Este rapaz era considerado como filho, pois sabia que, além de responsável, podia contar sempre com ele. Havia um respeito incondicional. Mesmo nas dificuldades estava sempre presente para que os objetivos de Seu Simor fossem alcançados.Tudo parecia

Seu Simor já na tão sonhada padaria em prédio próprio - 1999

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muito difícil, pois o capital era pouco para que pudesse ter um retorno significativo. Foi então que a família decidiu se desligar totalmente do que tinha em Passo Fundo, vendendo terreno e casa e investindo num prédio próprio em Balneário Pinhal. A partir daí sabia que tudo deveria dar certo, pois nada mais tinha a não ser o que investiria na praia. Após a venda do imóvel, iniciou-se a construção do futuro comércio e moradia na Av. Maristela, Pinhal Sul. Nesta fase, as coisas pareciam mais perto da realidade, pois tudo estava se concretizando através dos investimentos e realização dos sonhos.

Em 1997, o prédio estava pronto e por longo tempo Seu Simor sustentou sua família com este comércio. Muitos bolos, tortas, pães e salgados vendeu em Balneário Pinhal, onde até hoje as pessoas lembram da qualidade e do amor com que fazia seus produtos. Os filhos tomaram alguns rumos diferentes, mas com muito incentivo do Seu Simor, pois pregava sempre caráter e humildade para seus filhos.

Sua filha, Anaiara Simor, mora em Balneário Pinhal com suas duas filhas (Sarah Simor de Oliveira e Flávia Simor de Oliveira). É formada em Letras e atua como diretora da Escola Luiz de Oliveira em Magistério (2010/2011/2012). Elisandro Meira Simor mora em Canasvieiras/Florianópolis, desde 2000. Casou-se e tem uma filha de três anos (Laura Simor). Anaiane Cristina Meira Simor mora em Balneário Pinhal, faz faculdade de Ciências Biológicas e se forma em agosto de 2012. Graziele Meira Simor mora com os pais em Balneário Pinhal.

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Seu Simor está com 61 anos, já enfrentou dois infartos e três cateterismos, mas se sente realizado, por seus filhos estarem encaminhados, e é muito orgulhoso da sua família, pois Deus mostrou que seu esforço não foi em vão. Ainda conta para suas netas, Sarah e Flávia, suas histórias e experiências, acreditando nos valores que foram passados para ele quando criança. Faz acreditar que nem sempre as coisas acontecem como queremos, mas quando cremos num sonho, não devemos desistir. Ele é prova deste pedacinho de sonho à beira mar que deu certo. Diante das dificuldades e problemas familiares que foram enfrentados, existiram areias que sustentaram e firmaram a família: Deus, força de vontade, fé e esperança. Parabéns Seu Simor por acreditar em si, passar esta força e ser esta base rochosa que trouxe lá das suas origens de Passo Fundo a coragem e humildade, multiplicando-as a todos que passaram na sua vida.

“Obrigada aos meus pais, Seu Simor e Jeanete Meira Simor, por fazerem parte do que somos hoje e passar para as netas o que nos ensinaram. Que Deus lhes dê muita saúde para aprendermos cada vez mais com vocês.” (Seus filhos)

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Balneário Pinhal: chegada de famílias

O trabalho foi desenvolvido com os alunos no ano de 2010.Este trabalho tinha por finalidade fazer com que os alunos

conhecessem a sua história a partir do município em que moram. Também pretendia oportunizar, aos alunos, o diálogo com suas famílias, através de entrevistas, para conhecerem as suas origens e como chegaram ao Balneário Pinhal.

Participaram deste projeto os alunos Adriana, Amanda, Bianca, Bianca Samara, Ezequias, Franciele, João Vítor, Josiane, Mariana, Robert, Vitória, bem como a professora da turma, Luciane Pontes.

Cada um contou a sua história:- Adriana: “Eu morava em Pinheiro Machado, mas a minha

mãe sempre vinha aqui no Magistério para visitar a minha tia, que veio para cá em 2002. Já faz oito anos que ela mora aqui. Daí viemos visitar e gostamos daqui. Meus pais gostaram daqui e viemos para cá no dia 28/3/2010. Aqui a minha família se sente bem, feliz, porque no verão tem bastante trabalho, têem escolas e estudos muito bons. Eu me sinto bem aqui, mas quando acabam as aulas vou embora. Eu não queria ir embora. Mas vou ter que ir porque a vida é um rio; não pode parar porque o peixinho tem que andar.”

- Amanda: “Há muitos anos atrás, um senhor com o sobrenome Tipio resolveu sair navegando pelas lagoas do litoral norte e acabou chegando aqui, onde chamamos de Pinhal. Eu e minha família chegamos no ano de 2008, por acaso, pois meu pai e minha mãe viriam residir no litoral quando meu pai se aposentasse, em 2012. Muito obrigada por alguém ter indicado esse Balneário, pois vindo morar aqui eu e meu irmão tivemos a liberdade de brincar, sem ser no interior do pátio da nossa residência.

Obrigada pela educação e pela saúde. Agradecemos à

Luciene Simões PontesProfessora e alunos

da Turma 41 da E.M.E.F. Luiz de OliveiraBalneário Pinhal/RS

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administração atual e, também, muito obrigada ao senhor Tipio por ter descoberto Pinhal.”

- Bianca: “Moramos desde 2003, viemos para cá porque meu avô estava doente.

- Bianca Samara: “Viemos para cá em 2002, porque meu pai e minha mãe gostaram daqui.”

- Ezequias: “Minha avó estava morando na praia e o meu pai em Gravataí. Ele veio à praia para morar junto com a minha avó. A minha mãe morava em Porto Alegre. Ela gostou da praia e começou a morar em Balneário Pinhal, para morar com o meu pai. Minha família e eu moramos há oito anos aqui em Balneário Pinhal.”

- Franciele: “Tudo começou quando minha mãe tinha dois anos e veio morar em Magistério com meus avós, Osvaldo e Alzira. Minha mãe passou toda adolescência morando e estudando aqui. Aos 21 anos ela conheceu meu pai, Luis Carlos Kaipper dos Santos, também com 21 anos. Namoraram um ano e depois casaram e ficaram morando aqui no Magistério. Quando fazia um ano de casamento nasceu minha irmã Francine, no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Torres. Quando minha irmã tinha um ano, minha mãe começou a trabalhar na Prefeitura de Balneário Pinhal, onde trabalha até hoje. Quando minha irmã tinha seis anos, eu nasci no Hospital da ULBRA, em Tramandaí. Quando eu tinha quatro meses, meu pai foi embora de casa com outra mulher, no dia 05 de março de 2000. Minha mãe nos criou sozinha até o dia 22 de maio de 2008; eu com 7 anos e minha irmã com 13 anos. Neste dia, minha mãe casou novamente com Moises R. M., natural de Porto Alegre. Há cinco meses ganhamos uma nova irmã, Natally da Silva, que minha mãe adotou. Atualmente somos sete pessoas na casa: os pais do meu padrasto, vó Conceição e vô Androvando, Moisés, a mãe, a Francine, a Natally e eu.”

- João Vítor: “Meu avô materno é natural de Torres e minha avó materna é de Santa Catarina. Conheceram-se em Mostardas, onde tiveram seus filhos, no caso, meus tios. Em seguida vieram para o Magistério, em 1968, antiga Cerquinha. Meus bisavós maternos também vieram viver aqui. No Magistério nasceu meu tio mais novo e minha mãe. Meus avós ficaram aqui devido à pesca e, logo depois, meu avô trabalhou nas demarcações de terrenos. Minha avó era funcionária da escola, na época pertencente a Tramandaí. Meus tios

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mais velhos contam que as aulas, antes da construção da escola, eram nas casas de veranistas. Depois passaram a estudar no salão da Shell, uma sociedade ainda existente aqui. Quando fundaram a escola só tinha até a quarta série do Fundamental. Depois continuavam os estudos no Pinhal. Sem transporte, precisavam ir a pé até lá. Minha avó conta que quando vieram para o Magistério não existiam estradas. Os ônibus e os caminhões passavam pela beira da praia, inclusive o caminhão, que trazia alimentos. O caminhão passava mensalmente. Alguns produtos eram comprados com dinheiro e outros trocados por peixes. Nasci em Capão da Canoa, em 2001, e moro em Magistério desde então. Moro com meu irmão Vinicius, minha mãe, que é funcionária da Prefeitura Municipal e trabalha na E.M. E. F. Luiz de Oliveira. Meu pai trabalha em Porto Alegre, numa empresa de pavimentação. Estudo no 4º ano da E. M. E. F. Luiz de Oliveira. Gosto de jogar futebol, brincar com meu irmão, amigos e estudar. Vivemos aqui até hoje, para ficar perto de nossa família e por ainda ser um lugar tranquilo de se morar. Aqui temos laços de amizade.”

- Josiane: “Eu estou em Balneário Pinhal há pouco tempo. Eu cheguei aqui por causa da minha família. Aqui está a minha tia morando há um ano. Estou aqui desde o dia cinco de junho de 2010.Eu tenho pouca coisa para contar, pois eu morava em Porto Alegre e vim para cá. Eu gosto de morar aqui; é bom e calmo. Minha mãe veio para cá para trabalhar e meu padrasto também. Eu gosto de estudar na escola Luiz de Oliveira, e pretendo ficar na escola.”

- Mariana: “Minha história em Balneário Pinhal começou em 1992, quando minha mãe comprou a casa na praia. Todos os verões e feriados nós vínhamos curtir a praia. Em 1998, eu vim num feriadão e ajudei minha irmã no seu trabalho. Logo fui convidada para trabalhar e decidi vir morar e trabalhar em Balneário Pinhal. Na época, eu era casada com o pai dos meus dois lindos filhos, João Pedro, que nasceu em Porto Alegre em 1997. No ano em que me separei tive a feliz notícia de que estava esperando a minha princesa, que se chama Mariana Tassoni Rocha de Castro, nascida em 21 de dezembro de 2000; uma belezona, com 52 cm e 4,220 kg, enorme, linda. Agora éramos eu, minha mãe e meus dois filhos. Nossas raízes acabaram por se espalhar, pois meus três irmãos também fixaram moradia em Balneário Pinhal e vieram meus sobrinhos. Hoje minha

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doce Mariana tem nove anos e escolhemos Balneário Pinhal para viver porque é um lugar calmo, bonito, alegre, com ar puro e muitos amigos.” (Relato da Bianca, mãe da Mariana).

- Robert: “Os meus dindos vieram para cá em 2010, porque eles estavam desempregados e queriam dar uma vida melhor para aminha prima nenê Giovana e arrumar um trabalho melhor, no comércio.

Os meus avós vieram para cá em 1995, porque o meu avô se aposentou. Veio para a praia, abriu um mercado e deu certo, e até hoje está dando tudo certo.

Eu vim para o Magistério em agosto de 2000. Nasci em Alvorada em 2000. Moro com a minha mãe, que é funcionária da Prefeitura Municipal. Meu pai trabalha de segurança em Porto Alegre.

Aqui é um lugar bom para se morar.”- Vitória: “Eu moro aqui no Magistério faz seis anos. Eu e a

minha família viemos trabalhar no verão e ficamos aqui. Antes de virmos para cá, morávamos em Porto Alegre. Vim para cá com sete anos.

Antes de virmos para cá, minha bisavó já tinha uma casa aqui no Magistério. Minha avó decidiu morar aqui. Ela deixou a casa para a minha mãe e as minhas tias. Depois ela decidiu vender a casa. Minha mãe ficou grávida, deixou meu irmão completar um ano e ligou para a minha avó e disse que passaria alguns dias. Decidiu ficar e até hoje nós moramos aqui. Assim é a minha história.”

- Luciane Pontes (professora): “A minha história com o Balneário Pinhal começou em outubro de 1993, quando passamos a veranear aqui; na época, ainda pertencente a Cidreira. Só em 1999 é que passei a morar aqui, juntamente com o meu marido, Luiz Armando, e meus filhos, Fábio e Bruno. O que motivou a fixar moradia aqui foi a entrada do meu filho mais velho, Fábio, na escola. Em Porto Alegre ele era eliminado pelo sistema, por não ter a idade de 6 anos e 9 meses para ingressar na 1ª série. Consegui a matrícula na Escola Estadual Diogo Penha, que o aceitou como aluno. A ideia era transferi-lo para a escola de Porto Alegre. Porém, me inscrevi para contrato na Secretaria de Educação, sendo chamada para trabalhar no município, tanto como professora como psicóloga. Comecei

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atuando na Equipe Multidisciplinar e também dando aula na Escola Municipal de Ensino Fundamental Luiz de Oliveira e na Escola Municipal de Ensino Fundamental Calil Miguel Allem. Matriculei, então, o meu filho mais novo, Bruno, no Pré B, na Creche Peixinho Dourado.

Em 2000, após o concurso público para professor, fui nomeada. Com a nossa vinda para a praia veio a minha prima, Candice, que também atua no município como professora de turismo. Depois vieram meus pais, Fernando e Carmen, morar na praia. Hoje dou aula de Relações Humanas, Ensino Religioso e Anos/séries iniciais. Meu marido dá aula no Ensino Técnico, na Escola Estadual Raul Pilla, em Cidreira. Meus filhos concluíram o Ensino Médio, e estudaram sempre na mesma escola. Vejo o Balneário Pinhal como o lugar ideal para as famílias criarem os filhos com liberdade e alegria.”

Fernando e Natalina Cardoso: trajetórias de vida

Maria Cardoso FaistauerProfessora e historiadora

Balneário Pinhal/RS

Fernando da Silva Cardoso, 77 anos, natural de Cidreira, e Natalina Francisca S. Cardoso, 75 anos, natural de Santo Antônio da Patrulha, são moradores do município de Balneário Pinhal, desde 1968.

O casal morou em Sapucaia do Sul, onde o Sr. Fernando trabalhou na Siderúrgica Riograndense por algum tempo. Lá nasceram seus primeiros filhos, Alziro e Paulo. Contudo, as raízes interioranas e a saudade das lides da terra foi mais forte, trazendo-os de volta ao litoral.

Foi com expectativa que se achegaram na Praia do Pinhal, que se mostrava cheia de esperança.

Fixaram residência no distrito de Figueirinhas, com 148

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atividades pastoris, especificamente com um “tambo de leite”, onde toda a produção era vendida na cidade, que crescia a cada dia. Seus amigos de época, Vitor Sperotto, Alcebíades, Antonio Israel, Tenente Penha, Hilário Zim e outros, foram importantes para efetivar as vendas de leite, que era trazido engarrafado, na garupa de cavalo.

A vida se encarregaria de mostra-lhes mais opções. Foi nestas investidas, que o casal que já tinham mais três filhos, Catarina, Claudete e Natalino, mudaram-se para a cidade da Praia do Pinhal.

O Sr. Fernando comprou uma carroça, com dois cavalos e trabalhou na coleta de lixos, como funcionário da Prefeitura de Tramandaí, que era a sede do município. Também trabalhou muito fazendo fretes para as madeireiras. Diz-se que foi o primeiro, ou um dos primeiros carroceiros a trabalhar em Balneário Pinhal.

Mais tarde, depois, com a emancipação política de Cidreira, Seu Fernando trabalhou na Assistência Social do município, responsável pela distribuição de leite às famílias e também como vigilante.

E D. Natália, como é conhecida, trabalhou como cozinheira na Creche Peixinho Dourado, por mais de oito anos.

Hoje, Seu Fernando e D. Natalina, desfrutam da comodidade que o trabalho lhes proporcionou e das muitas amizades que conquistaram, graças ao caráter responsável, perseverante e generoso, atributos presentes na vivência de sua prole.

Afirmam, de coração aberto, que aqui é o lugar mais perfeito para viver.

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Registro civil e pertencimento nacidade: Balneário Pinhal

Eliete de Lucena LeãoSupervisora Educacional

Balneário Pinhal/RS

Liliana dos Santos SchefferProfessora Graduada em História

Osório/RS

Nossa comunicação apresenta uma coletânea de entrevistas realizadas com os alunos da E.M.E.F. José Antonio da Silva. A entrevista consiste em apontar a naturalidade, suas raízes familiares e responder as seguintes questões:

Onde eu nasci? Quando alguém te pergunta de onde tu és, o que tu

respondes? De onde os teus pais são?A experiência realizada com os alunos nos levou a falar

sobre o sentimento de pertencimento e de legalidade estabelecida nas certidões de nascimento de nossas crianças.

É neste rumo que faremos nossa comunicação divulgando os resultados obtidos através dos alunos do 5ª ano e demais alunos da escola.

Nosso trabalho de coleta de dados iniciou-se através da apresentação do conceito de nacionalidade e naturalidade para os alunos entrevistados na roda de conversa.

Segundo, Hilton Japiassú, “naturalidade precede um direito natural e direito natural; se origina da natureza humana.”

A palavra naturalidade foi trabalhada na sua raiz conforme faixa etária das crianças, sendo que ao longo da conversa significamos o conceito de naturalidade. Ou seja, trata-se da qualidade do que é natural, o modo de ser conforme a natureza; singeleza e simplicidade. Ou ainda, a qualidade de ser oriundo de um país ou região; nascimento. A terra onde alguém nasce, a pátria, refere-se a todos da mesma naturalidade.

Tudo isto que foi conversado durante a entrevista coletiva resultou na legalidade que se apresenta na certidão de nascimento,

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que é um documento cujo conteúdo é extraído do assento de nascimento lavrado em um livro depositado aos cuidados de um Cartório de Registro Civil.

A nossa primeira entrevistada foi a aluna Gabrielle Borcelli Pacheco, que assim relatou: ”Sou da praia, mas nasci no hospital de Osório. Não sei dizer porque, mas eu sou da praia. Meu pai é de Gravataí e minha mãe é de Porto Alegre. Eles vinham veranear e se conheceram. Então se casaram e ficaram morando aqui.

Já a aluna Bruna Mattos relatou:“Sou moradora de Balneário Pinhal, mas nasci na

maternidade de Capão da Canoa e fui registrada em Cidreira. Meu pai nasceu em Osório e minha mãe nasceu em Porto Alegre. Também sou da praia.”

A aluna Jordana Pinto, relata que o pai é de Porto Alegre e a mãe é de Taquari e ela nasceu em Osório, no Hospital São Vicente de Paulo e foi registrada no município de Cidreira, e diz: “Eu sou da praia.”

Nesse mesmo contexto obtivemos o relato de Alysson que nasceu no Posto 24h de Balneário Pinhal, pois não houve tempo para chegar até a maternidade de Tramandaí. Neste caso detectamos também que o município não necessita somente de um cartório, mas também de uma maternidade.

Portanto, crianças filhas de Balneário Pinhal nascem e são registradas em municípios vizinhos.

Notamos neste momento da fala dos alunos entrevistados, o surgimento do sentimento de pertencimento à terra onde vivem. Mas, por um fator social, político e administrativo de um município que se encontra em desenvolvimento, ainda não temos um cidadão, de direito, de Balneário Pinhal.

Encerramos nosso trabalho com a seguinte questão: Quem vai ser o primeiro cidadão, de direito, de Balneário Pinhal?

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Economia deBalneário Pinhal

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Sou natural de Maquiné e me criei no Passo do Maquiné, nas terras que foram adquiridas por meus antepassados no ano de 1815, anos antes da independência do Brasil. A escritura pública está guardada como documento oficial e histórico da família.

Nesta área predominou a exploração agrícola, sendo também praticada a pecuária, apesar de serem os campos baixos e alagadiços.

Meu avô dedicou-se à pecuária. E meu pai, Manoel Gomes de Almeida, conhecido por Mariante, se dedicou à criação de gado vacum, ovelhas e cavalos. Na época das enchentes, o rebanho era levado para outro campo, também de propriedade de meu avô, na localidade onde hoje é Capão da Canoa. Eram 139 ha de campo aberto.

Esta atividade foi promovida até o ano de 1942 quando as terras foram vendidas. A partir de então, por intermédio de amigos e conhecidos, como Leôncio Marques e Osvaldo Bastos, meu pai passou a arrendar campos na região de Cidreira para trazer o gado na época da cheias.

Nos primeiros dois anos ele arrendou terras de Ângelo Famer, localizadas na Fortaleza onde Chico Teixeira era o capataz. Com ele, meu pai fez novas amizades na região e passou a arrendar a Fazenda da Rondinha e a Fazenda do Pinhal, de propriedade do Dr. Fábio e Fausto Prates respectivamente (propriedade atual de Humberto Brum Ferreira).

No ano de 1948, meu pai comprou de Antonio Chicon Ortiz, genro do Sr. Paco, uma área na Fazenda do Pinhal, propriedade que temos até os dias atuais.

Nesta área foi plantada a primeira lavoura de arroz da região, sob os cuidados de Manoel Espanhol, familiar do Sr. Paco, que era casado com a Srª Mosa, filha de José Marfiza, dono da chácara que hoje pertence ao Sr. Tula Gil.

Lindolfo Alves de AlmeidaPecuarista

Balneário Pinhal/RS

O início da pecuáriana Fazenda do Pinhal

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A partir dos anos 1960, houve uma significativa expansão da plantação de arroz na região, com os levantes de água do Sr. Fausto Prates, que juntamente com Emílio Rafaelli plantaram os campos da Fortaleza, Fazenda do Pinhal e Roça Velha. E, na nossa área, a água vinha por Cristiano Coelho, do Rio Palmares, que cortava muitos campos, até chegar na nossa propriedade, que era a última a ser irrigada.

Com a plantação de arroz, os campos tiveram uma boa melhoria para a pecuária, que aumentou, em grande escala, a criação de gado e a sua qualidade.

Nos campos dos Cristinos, para os lados de Palmares do Sul, na pessoa do Celso Braga, que gerenciava a pecuária, fizeram cruzamento da raça Charolês com Nelore, resultando um gado de primeira qualidade. O Sr. Quinio Capela fez cruzamento com a raça Devon, que foi também muito bom. E, assim, outros foram aprimorando os rebanhos.

O Sr. Fausto Prates também se dedicou à criação de gado, mas sem raça definida, porque seu interesse estava voltado para o florestamento, projeto pioneiro na região. O primeiro plantio aconteceu entre 1964 e 1966, nas proximidades da antiga sede, na direção dos levantes de água.

Nos anos 1970, quando comecei a trabalhar definitivamente na Fazenda do Pinhal, foram adquiridos os primeiros touros, reprodutores puros, da raça Devon. Mais adiante, talvez em 1973, compramos uma tropa de 40 novilhas na Fazenda da Ponta do Mato, de propriedade do Dr. Aldo Carvalho Vieira. Assim apuramos um dos melhores lotes bovinos da época. Mais tarde, cruzamos com a raça charolês, o que foi bom para dar mais desenvolvimento ao gado.

Nos dias atuais, continuando o sistema herdado de meu pai, permanecemos com a atividade pecuária, no sistema extensivo.

Destacamos a pessoa de Fausto Borba Prates, cujo nome deveria estar a frente de diversos lugares, tanto no distrito do Túnel Verde como na sede do município, a então Praia do Pinhal, projetada e concretizada graças ao seu empenho e espírito investidos.

O Sr. Fausto foi quem trouxe a Empresa Flosul para Pinhal e foi ele quem plantou a primeira área de mato de eucaliptos da empresa, que se estendia desde a sede da Fazenda do Pinhal até a Estrada de Guaíba, e na direção ao Rancho Velho. Ele também tinha

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a Agro Territorial Cidreira, que prestou serviços a outras partes do nosso litoral. Mais tarde, talvez pelos ano de 1980, ele arrendou a empresa para a Habitasul Florestal que ampliou o florestamento com extensão paralela da atividade pecuária, bem desenvolvida com a sistemática da recria, isto é, trazia terneiros de outras fazendas para se criarem e comercializarem o gado para o abate ou mesmo para invernadores.

Para finalizar, registro que é lamentável o esquecimento daqueles que assentaram as bases do povoamento do nosso município, bem como não se pode permitir que continuem devastando o nosso meio ambiente. Com exemplo cito as dunas depredadas e no Túnel Verde, as florestas dando lugar ao deserto. E, nessa direção, é de se questionar a identificação do município como Capital do Mel. Com as árvores derrubadas, terminando-se gradativamente com o que resta da floresta fica a pergunta: do quê e como as abelhas vão fazer o mel?

Habitasul e o início dopovoamento no Túnel Verde

Eliane Ferreira SchernerEducadora Social - CRAS

Balneário Pinhal/RS

A Habitasul começou história no distrito do Túnel Verde em uma época em que o Balneário Pinhal não era emancipado. Muitos dos moradores vieram morar aqui por causa desta indústria, que se instalou nesta região pelo grande e vasto número de árvores a serem exploradas no comércio da marcenaria.

Muitas pessoas à procura de emprego vieram morar no Túnel Verde, trabalhadores estes que vieram de vários lugares, já com o emprego garantido nesta empresa. A própria empresa de reflorestamento deu a estes funcionários casas para que se instalassem perto de seu trabalho, formando uma vila. Com o passar

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do tempo, outras empresas foram explorando este vasto lugar de eucaliptos, como por exemplo a Flosul, existente até os dias atuais.

A Habitasul acabou fechando suas portas e muitos dos seus empregados, além de perder o emprego, perderam suas casas, pois a vila foi desfeita. Alguns conseguiram emprego na Flosul, outros em pequenas marcenarias (como a que hoje existe onde foi a instalação da Habitasul).

A população do Túnel Verde deu-se basicamente pela instalação da Habitasul e mesmo com o seu fechamento hoje ainda há diversos moradores por lá, pois muitos não tiveram para onde ir e

Algumas ruínas do que foi a Habitasul, no distrito de Túnel Verde

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outros ficaram por ali, já que conseguiram ingressar em novas empresas. Estes fatos foram contados por D. Margarida Ferraz de Vargas, moradora há vários anos e uma das funcionárias que trabalhou na Habitasul.

Transcrição da entrevista nº 1Dados de Identificação: NerociIdade: 63 anos

Arte de Conviver - Na verdade nós, as crianças do PETI, gostaríamos de saber um pouquinho do senhor. Quando o Túnel Verde surgiu? Como era naquela época lá atrás, seu Nerocí? Quanto tempo o senhor mora aqui?

Caixas d´água que abasteciam a Habitasul

Antigo refeitório com cozinha e banheiros

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Sr. Neroci: Moro uns 30 anos.Arte de Conviver: E como era o Túnel Verde há 30 anos

atrás?Sr. Neroci: Era bom.Arte de Conviver: O que tinha naquela época?Sr. Neroci: Eu morava lá na Fortaleza, aí vim trabalhar em

lavoura.Arte de Conviver: Não tinha nem a Habitasul ainda?Sr. Neroci: Não, não tinha, era o véio Fausto; Depois é que

começou. Aí dispois eu comecei a trabalha com o véio Fausto, na obra aí de lá viemo pra serraria dele aqui onde era a Habitasul. Daí fomo ficando por aí.

Arte de Conviver: Sim, e o senhor chegou a trabalhar na Habitasul mesmo?

Sr. Neroci: Eu trabalhei.Arte de Conviver: O senhor sabe dizer assim, que ano que ela

abriu? Sr. Neroci: Não sei.Arte de Conviver: Mas faz muitos anos isso?Sr. Neroci: Faz, muitos muitos não, mas faz.Arte de Conviver: E que ela fechou mais ou menos quanto

tempo?Sr. Neroci: Faz uns 20.Arte de Conviver: Uns 20 anos?Sr. Neroci: É fechou aqui né.Arte de Conviver: Hoje é a Trevo que funciona ali?Sr. Neroci:Não, não ali é o Clóvis. Até nem sei qual o nome da

firma. Agora ta o Clóvis ali, onde que ela fechou. Ele levou nós tudo, onde que nós compramos essas coisas aqui pra morar, pra se esconde.

Arte de Conviver: Meninas vocês querem perguntar?Arte de Conviver/Yasmim: Como que surgiu a ilha?Sr. Neroci: A ilha? Ali, botaram um trator de esteira dentro,

foi cavando e fez aquela taipa na vorta.Arte de Conviver/Ranioli: Como surgiu o Túnel?Sr. Neroci: O túnel, ah o túnel era da minha idade, mais diz

que plantaram os eucalipto depois intorto com o vento, e surgiu o túnel.

Arte de Conviver: Quando o senhor veio para cá na verdade

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Entrada de acesso pela rodovia

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já tinha algumas pessoas morando aqui ou não tinha muita gente?Sr. Neroci: Não tinha ninguém, tudo aqui era lavoura de

arroz, agora é que não tem mais nada disso aí, é só Pinos né.Arte de Conviver: Hum, sim. Mais perguntas?Arte de Conviver: Tinha luz, água encanada, como eram as

coisas antigamente?Sr. Neroci): Tinha, luz sempre tinha, água encanada não.

Água não. A água é de um tempo para cá né? Há pouco tempo que construíram.

Arte de Conviver: Estas caixas d'água que tem ali perto do CRAS não tinham antigamente?

Sr. Neroci: Não.Arte de Conviver: Essas plantações de pinos não existiram

sempre aqui, eram só lavouras mesmo? Sr. Neroci: Só lavouras.Arte de Conviver: Quem é que começou a plantar esses pinos

aqui?Sr. Neroci: Foi o véio Fausto que começou, isso aí né. Até os

primeiros pé de pinos, quem botou na terra fui eu o Maneca, meu irmão, ali, o Ronildo, nós três.

Arte de Conviver: Vocês três então começaram ali.Sr. Neroci: Comecemo. Comecemo lá na resineira, que agora

é resinera.Arte de Conviver: Então o senhor foi um dos primeiros

moradores daqui na verdade?Arte de Conviver: Como faziam para a saúde para sair daqui,

meio de transporte para se deslocar para cidade?Sr. Neroci: A cavalo, nóis ia na Cidrera.Arte de Conviver: Era tudo por Cidreira?Sr. Neroci: É, era lá na Cidrera que tinha, aí o recurso era lá.

Onde que é o asilo dos véio é que era o hospital.Arte de Conviver: É eu lembro. Sr. Neroci: Nós corriia pra lá.Arte de Conviver: O senhor veio para cá com família ou veio

sozinho?Sr. Neroci: Sozinho, eu era molecão, tinha uns 15 anos.Arte de Conviver: O senhor veio da onde?Sr. Neroci: Fortaleza.

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Arte de Conviver: Fortaleza, ali fora? Ali em Cidreira?Sr. Neroci: É. Nascido ali.Arte de Conviver: Bom, se o senhor tiver mais alguma coisa

para acrescentar, mas basicamente era isso que agente queria saber, um pouquinho do Túnel Verde. Então a gente já sabe, né, que na história veio isso primeiro, os arrozeros, só plantação mesmo e depois os pinos.

Sr. Neroci:Sim, sim.Arte de Convive: Então era isso seu Neroci. A gente

agradece. O senhor hoje está com quantos anos?Sr. Neroci: 63 anos.Arte de Conviver: Obrigada!

Transcrição da entrevista nº 2Dados de Identificação: Adão Bernardo da SilvaIdade: 78 anos

Arte de Conviver: Como é todo o seu nome?Sr. Adão: É Adão Bernardo da Silva.Arte de Conviver: Seu Adão, quantos anos o senhor têm?Sr. Adão: Eu tenho 78.Arte de Conviver: Seu Adão, o que a gente soube é que o

senhor é um dos moradores mais antigos daqui. E a gente queria saber como é que começou o Túnel Verde. Quando é que o senhor veio para cá? Como era o Túnel antigamente?

Sr. Adão: Olha, o Túnel não tinha nada aí, esses assentamento aí não tinha nada.

Arte de Conviver: Não tinha essas casas que tem hoje, nada, nada?

Sr. Adão: Nada, nada, nada. Aí isso aqui começou, eu to aqui acho uns 30 anos mais ou menos e não tinha nada aí. Isso aqui foi di...(pausa). A data que começou a formar isso aí acho que 91 começou aí.

Arte de Conviver: O senhor veio para cá da onde? De onde o senhor era antes de vir para cá?

Sr. Adão: Venâncio Aires, a minha zona e eu vim pra cá aí eu morava em Canoas, tinha casa em Canoas. Eu vim pra cá em 1980, faz

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Entrada pelos fundos

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Entrada pelos fundos

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Entrada pelos fundos

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uns 30 anos.Arte de Conviver: O senhor veio para o Túnel em busca de

emprego?Sr. Adão: Já vim com emprego arrumado.Arte de Conviver: E o senhor veio para trabalhar no quê?Sr. Adão: Eu vim pra trabalha com serraria, na produção, era

encarregado de serraria.Arte de Conviver: Mas quando o senhor veio para trabalhar já

existia a Habitasul ou não? Sr. Adão: Eu vim trabalha, comecei a trabalha no véio Fausto

em 1980, e aí depois o véio Fausto vendeu e eu fui pra Habitasul, aí a Habitasul eu tinha 16, 17 anos.

Arte de Conviver: O senhor sabe mais ou menos quando foi que a Habitasul abriu?

Sr. Adão: A Habitasul abriu de 83 pra 84 que a Habitasul abriu, aí era o véio Fausto que comandava, essas floretas aí tudo foi ele que plantou.

Arte de Conviver: E foi ele quem plantou também?Sr. Adão: É isso aí tinha incentivo fiscal né, então ele que fez

de toda essa plantação aí.Arte de Conviver: Em que ano mais ou menos a Habitasul

fechou?Sr. Adão: Aqui ela fechou... Eu saí com 27, olha ela fechou

mais ou menos aí no ano 2000.Arte de Conviver: Não faz assim tanto tempo? Faz uns 10

anos só, mais ou menos.Sr. Adão: Mais ou menos. Eu saí dali em 97 ela inda fuciono

mais uns tempo. 2000 mil foi que ela fechou aí, 2000. Arte de Conviver: Quando o senhor veio pra cá, o senhor

veio com a sua família ou o senhor veio sozinho?Sr. Adão: Eu vim com a minha esposa, as minhas gurias, eu

tinha duas filhas já eram casadas, lá em Porto Alegre. Veio eu e a minha esposa.

Arte de Conviver: Já tinha alguém morando aqui quando o senhor veio pra cá, ou o senhor foi uma da primeiras famílias?

Sr. Adão: Não, quando eu vim pra cá tinha o assentamento que ficava o pessoal da vila da Habitasul, no meio do campo. Ali tinha uma vila que era só operário da Habitasul. Era do véio Fausto, depois

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passou pra Habitasul. Aí eu morei um tempo lá, depois eu comprei aqui uma propriedade.

Arte de Conviver: Então o senhor morou naquela vila ali, junto com o pessoal que trabalhava na Habitasul. Então já tinha um pessoal morando ali quando o senhor veio pra cá.

Sr. Adão: Morei ali acho que uns três, quatro anos, depois eu comprei aqui.

Arte de conviver: Quando o senhor veio pra cá já existia estes eucaliptos, esses pinos todos ou ainda não?

Sr. Adão: Eucalipto já existia tudo, o Túnel Verde, o Túnel existia, tudo existia isso aí.

Arte de Conviver: Por que a gente conversou com o seu Neroci e ele comentou que quando veio pra cá era só arrozeira, não existia os pinos. O senhor quando veio pra cá já tinha os pinos.

Sr. Adão: É ele se criou por aí, não sei aonde.Arte de Conviver: É ele é da Fortaleza.Sr. Adão: É ele se criou aí por lado da Fortaleza ele se criou aí,

ele e essa plantação de pino ele acompanhou, quando a gente veio já tava.

Arte de Conviver: Como é que era a saúde para vocês ir no hospital quando o senhor veio morar aqui, a questão do transporte?

Sr. Adão: Ah era ruim, não tinha.Arte de Conviver: Como é que vocês faziam para ir até o

hospital?Sr. Adão: Quando adoecia a pessoa tinha que ser por

Cidreira. Isso aqui era município de Cidreira, Pinhal, era ruim, muito ruim, a saúde isso aí não tinha, depois de um tempo foi começa esse posto aí depois que Pinhal passou a município, ai normalizou isso aí.

Arte de Conviver: Vocês já tinham luz, água aqui? Como é que funcionava, a questão da luz, a água encanada?

Sr. Adão: Água encanada não, a luz quando eu comprei aqui já tinha, luz tinha, água encanada não.

Arte de Conviver: E o senhor viu a construção aqui da ilha, participou da ilha ali da Santa, Chegou a tá participando disso na época, sabe me dizer como é que foi que surgiu a idéia de fazer aquela ilha ali.

Sr. Adão: Já tava pronta quando eu vim, já tinha a ilha, que

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aquilo ali formo uma ilha ali muito organizado, tinha barquinho tinha tudo, mas no correr do tempo.

Arte de Conviver: Mas não tinha a Santa ainda?Sr. Adão: É, não, eu sei dizer que já tinha a ilha.Arte de Conviver: Tem mais alguma coisa assim, alguma

curiosidade aqui do Túnel que o senhor gostaria de falar? Alguém quer fazer uma pergunta?

Arte de Conviver/Lutiano: Quanto tempo o senhor ta morando aqui?

Sr. Adão: Aqui? 27 anos que eu moro aqui, esses arvoredo aí tudo fui eu que plantei, 27 anos que eu moro aqui. Eu vim de Porto Alegre pra cá.

Arte de Conviver/Yasmim: Quando o senhor veio para cá já tinha a escola?

Sr. Adão: Tinha, tinha a escola, já tinha, meia ruim a escola, mas tinha, tinha escola, quando nós veio pra cá já tinha, é o mesmo colégio lá, só depois foi melhorando, arrumando, agora ta lindo aquele colégio. O colégio era pequeno, agora não, agora ta muito lindo o colégio, mas era muito pequeno o colégio.

Arte de Conviver/Yasmim: Tinha a creche?Sr. Adão: A creche não tinha, A creche não tinha, quando eu

vim pra cá não tinha. Arte de Conviver/Lutiano: O senhor lembra quantos anos

faz que começaram a fazer a creche?Sr. Adão: Ah, a creche parece que começaram quando Pinhal

passou a município, não sei quantos anos faz. Arte de Conviver/Lutiano: Quando o senhor veio a morar

aqui no Túnel Verde era município de Pinhal ou não, ou sempre foi Túnel Verde e Pinhal?

Sr. Adão: Não, quando eu vim pra cá isso aqui pertencia pra Cidreira, era município de Cidreiras, depois passou a município do Pinhal, então município de Pinhal.

Arte de Conviver/Camila: Como era o comércio antigamente?

Arte de Conviver: Como era a questão do comércio local, já existiam esses mercadinhos? Como é que vocês faziam para comprar as coisas?

Sr. Adão: Olha, tinha dois mercado, o mercado do Gilmar

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Bandas agora, era do pai dele e tinha um mercado que era do, ali do, só que ta fechado ali, eu não me lembro, mas tinha o mercado do véio Bandas, tinha perto do colégio.

Arte de Conviver/Lutiano: Tinha médico?Sr. Adão: Não tinha, aqui não tinha médico, só veio médico

pra cá depois que passou a município.Arte de Conviver/Yasmim: Já tinha igreja na época?Sr. Adão: A igreja tinha, tinha a igreja sim, a igreja já tinha.Arte de Conviver/ Yasmim: Seu Adão, quanto tempo a

Flosul existe aqui?Sr. Adão: A Flosul quando eu vim pra cá já existia a Flosul, a

Flosul já existia, tinha a Flosul, a Flosul já funcionava.Arte de Conviver/Lutiano: Quando o senhor veio morar pra

cá isso aqui era tudo mato ou só era campo assim? Sr. Adão: Era campo.Arte de Conviver/Lutiano: Quando o senhor veio morar

pra cá já tinha alguns carros que vieram morar pra cá?Sr. Adão: Tinha, tinha, já tinha dono de sítio.Arte de Conviver:- Então era isso seu Adão.

História da FlosulCláudia Simoni Marques

Professora e alunos da Turma 7a sérieda E.M.E.F. Barão de Santo Ângelo

Balneário Pinhal/RS

A Flosul foi fundada em 1970, quando Renner Hermann, Sul-brasileiro e Carll Birdemann se uniram e compraram uma área de 6.000 hectares com a finalidade de formar maciços florestais aproveitando incentivos fiscais deduzidos do imposto de renda de Pessoas Jurídicas.

Esta empresa teve a denominação de Flosul Florestamentos do Sul Ltda, tendo como sede administrativa e comercial, seu parque e maior reserva florestal localizados no km 84 da Rodovia Estadual

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RS 040 no município de Capivari do Sul. Após a fundação, teve sucessivos projetos de florestamentos aprovados pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, posteriormente substituído pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente - IBAMA.

Foram plantados ao longo de cinco anos os 6.000 hectares de florestas de eucaliptos (gênero predominante) e pinus. O estabelecimento e manutenção destas florestas geraram variadas formas de matéria prima florestal, induzindo a uma verticalização na empresa, surgindo assim atividades industriais diversificadas.

Em 1981 foi construída uma unidade de desdobro de toras denominada Serraria, que produzia uma quantidade pequena de madeira serrada, e, na medida em que a oferta de toras pela floresta ia aumentando, em conseqüência aumentava a produção da serraria, transformando-se, na década de 90, o principal negócio da empresa, e também uma das maiores unidades do país em produção de madeira bruta de eucaliptos.

Em 1982 foi instalada a usina de tratamento de madeira, com processo de tratamento no sistema de vácuo-pressão. Esta unidade caracteriza-se por ter recursos tecnológicos de ponta em tratamento e principalmente quanto à segurança ambiental.

A partir da década de 1990, a empresa diversificou sua linha de produtos tratados (construção civil, setor agropecuário, floricultura e playground) que no início era dominada pela eletrificação.

No segundo semestre de 1983 a empresa passou a ser controlada por Renner Hermann S.A., e a partir daí foram feitos vários investimentos em melhoramentos e aprimoramento técnico. Em 1987, a Flosul retomou seus plantios, sob um moderno programa de reposição florestal. As novas técnicas de produção de florestas, desde o melhoramento genético até os tratos silviculturais de desbaste e poda, são largamente usados neste programa.

No início de 1992 a razão social foi alterada, passando a ser Flosul Ind. Com. Mad. LTDA. sem, no entanto, ter ocorrido modificação na composição dos sócios. Em dezembro de 1995 foi aprovado o estudo de viabilidade de novas plantas de manufatura, sua implantação iniciou em 1996 e seu “Star Up” foi implantado em setembro de 1997.

Esta nova unidade consiste em um complexo de secagem

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artificial e uma planta de manufatura e beneficiamento de madeiras, cujos produtos principais são componentes para indústria moveleira e da construção civil, atingindo os mercados interno e externo.

Em 2003 teve início o programa de melhoramento genético, visando mudas de alta qualidade, uniformidade e crescimento, preparando a empresa para as novas demandas do mercado.

No ano de 2007 foi inaugurada a nova serraria, completamente reestruturada e contando com o que há de mais moderno em maquinário e processos produtivos.

Em meados de 2010 uma nova unidade foi inaugurada pela Flosul Madeiras, a sua subsidiária Flosul Móveis, que fabricará móveis de eucalipto de alto padrão.

Hoje a empresa conta com 120 funcionários próprios e aproximadamente 80 terceirizados para atender sua demanda em todo estado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, vendendo produtos para pecuaristas, silvicultores, construção civil e eletrificação, destacando-se empresas terceirizadas junto a CEEE e de telefonia junto a Brasil Telecom.

Durante todo este crescimento, a Flosul tem se mantido atenta a sua imagem, buscando a melhoria contínua, dedicando aos seus clientes todos os seus esforços e nunca esquecendo o respeito à comunidade, ao meio ambiente, cultivando uma integração cada vez melhor.

O início do comércio local no SindipoloMara Luz dos Santos

Professora e alunos da Turma 61da E.M.E.F. José Antonio da Silva

Balneário Pinhal/RS

A Escola Municipal de Ensino Fundamental José Antonio da Silva está localizada na Rua Miguel Calil Allem, n° 130, Balneário Pinhal/RS e foi criada através da Lei Municipal n° 264/92, datada de 06 de Outubro de 1992. Na ocasião, a escola era denominada como

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Escola Municipal de 1º Grau Incompleto Duque de Caxias, vindo a ser desativada no dia 3 de março de 1994 pelo Decreto nº 015/94. Então passou a ser denominada Escola Municipal de Ensino Fundamental José Antônio da Silva, que recebeu este nome em homenagem ao senhor José, conhecido como José Porfírio.

Nossa contribuição para XXI Raízes em Balneário Pinhal é a de trazer fatos e relatos de alunos e professores juntamente com a comunidade do Sindipolo. São trazidas algumas informações sobre o início do comércio a partir das indagações feitas aos alunos da turma 61 sobre os moradores antigos que pudessem informar como iniciou o comércio local. A partir desse diálogo o aluno Bruno se identificou como trineto do patrono da escola e assim começaram nossas descobertas. Logo, toda a turma saiu a campo para entrevistar a avó (antiga comerciante) de Bruno e filha de José Antônio da Silva.

José Antonio da Silva: pai e patrono da escolaRosa Luzia da Silva: filhaTerezinha da Silva Lima: netaAna Paula Lima dos Santos: bisnetaBruno Lima dos Santos: trineto e alunoTerezinha da Silva Lima tinha um armazém na sala de casa.O 1º comércio no Sindipolo foi da Dona Maria Lauer -

“Armazém Taí”, com venda a granel e no caderno. Outras informações serão trazidas em outra oportunidade.

Frutos de uma terra fértilJoel Porto Erling

EmpresárioBalneário Pinhal/RS

Iniciamos nosso trabalho na Praia do Pinhal (na época distrito de Cidreira) em dezembro de 1990. Começamos o nosso negócio em sociedade com o Sr. Adão da Silva Melo, em uma pequena fruteira que situava-se no terreno onde hoje funciona o parque de diversões em frente à praça do Osso da Baleia. Na época

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presenciamos algumas melhorias de nosso município, tais como a transformação da rua general Osório em avenida e o aumento da mão dupla em toda a avenida Castelo Branco.

Lembro-me que o primeiro prédio que alugamos era extremamente antigo, de madeira, alto, e com muitos buracos no telhado. Por este motivo colocamos lona preta como forro para impedir a entrada do sol nos produtos. Um mês depois desocupamos o espaço, pois a Justiça havia decretado a interdição do prédio (imagine a situação do imóvel). Imediatamente nos mudamos para o prédio do Sr Nilson Santos (na época vice prefeito de Cidreira) onde hoje funciona o Gabi Lanches, a apenas vinte metros de distância de onde estávamos. Passamos a primeira temporada, e apesar do começo tumultuado, conseguimos sobreviver.

Em março de 1991 retornei para a cidade de Capão da Canoa para trabalhar como gerente de um supermercado, deixando o sr Adão da Silva durante o inverno responsável por nosso pequeno negócio. Regressei a Pinhal em dezembro de 1991, convicto de que essa era a terra que eu queria para construir o meu futuro. Passamos mais uma temporada no mesmo local, e no início do inverno de 1992, em busca de um espaço maior, nos mudamos para o Prédio do Meneguete e desfizemos nossa sociedade. Fiquei com a loja da Castelo Branco e meu sócio iniciou aqui em Pinhal uma nova empresa. Vendo que o meu comércio permanecia pequeno, fiquei

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apenas dois anos no ponto e novamente resolvi mudar de endereço. Construí um prédio em um terreno baldio na esquina da Av. Castelo Branco com a Av. Itália, (o terreno eu aluguei). Esse terreno havia sido adquirido pelo Sr Adão (proprietário da madeireira Madesul) e em maio de 1994 nos mudamos. Os negócios melhoraram e agora já era um sacolão econômico e sacolão de frutas.

No ano seguinte, devido a problemas familiares, tive de repartir o pouco que tinha adquirido, e novamente as coisas ficar ruins. E como se não bastasse, o dono do terreno pediu o imóvel. Consegui convencê-lo a me alugar por mais um ano. No meio dessa turbulência toda, conheci a mulher de minha vida, Michele, que, apesar de muito jovem, teve idoneidade para suportar todas as adversidades que vieram. Neste meio tempo conheci também uma pessoa que foi muito mais do que uma funcionária, Dona Marina Zoe, que nos ajudou com sua experiência e dedicação, permanecendo ao nosso lado sem medir esforços.

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Um ano passou rápido e quando vimos o prazo havia acabado. Desta vez nos mudamos para um lugar menor e pior, mas mesmo assim não desistimos. Em setembro de 1996 começamos nossas atividades numa pequena loja no prédio do antigo hotel Turis. Não desanimamos e para nossa surpresa pouco tempo depois a nuvem começou a se dissipar e os negócios começaram a melhorar. Percebendo a mudança no comportamento dos clientes que davam preferência às lojas onde todos os produtos são encontrados em um só local, resolvemos alugar o prédio da Dileta, na Av. Castelo Branco, próximo à caixa d água e abrimos um mini-mercado com o nome Boa Compra. Em dezembro de 1998 inauguramos com fruteira, açougue e padaria. Parecia muito bom, agora tínhamos um sacolão de frutas e um minimercado, mas as coisas não saíram como previmos e embora todas as dificuldades, tínhamos a convicção que iríamos crescer.

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Em julho do ano de 2000, dez anos após ter pisado nesta terra, vendemos nosso carro, pegamos dinheiro emprestado, atrasamos pagamentos de fornecedores e conseguimos comprar o nosso tão sonhado “ponto comercial”. Adquirimos um prédio antigo e abandonado, que reformamos com muito sacrifício e em dezembro de 2000 inauguramos a empresa Comércio de alimentos Samy Ltda, o nosso “Supermercado Samy”.

Em fevereiro de 2001 começamos as atividades ainda com uma loja modesta e pequena, porem em prédio próprio. Passamos por momentos de aperto financeiro e em abril de 2001 resolvemos fechar o minimercado Boa Compra, pois o mesmo já estava nos dando prejuízo há algum tempo. Em março de 2002 fechamos também o sacolão Samy, porque entendemos que não havia necessidade de possuirmos dois comércios, um em frente ao outro. Vendo que precisaríamos continuar crescendo para nos manter no mercado, resolvemos procurar a Rede Unisuper para consolidar nossa empresa e concorrermos com as grandes redes. Neste mesmo ano, adquirimos o terreno dos fundos e começamos o aumento da loja.

Em março de 2003, com a obra de ampliação ainda em andamento, recebemos a primeira visita do Sr Paulo Valmir (na época presidente da rede Unisuper), que ao vistoriar a nossa loja não quis aprovar o nosso ingresso na rede, pois a nossa loja estava muito fora dos padrões exigidos. Com a tentativa de persuadi-lo a nos aprovar, o

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levei ao interior da obra de ampliação nos fundos da loja. Ao ver que a loja dobraria de tamanho e que estávamos dispostos a nos adequar às normas e padrões da Central, nos aprovou como Associado da Central de Compras Unisuper. Em outubro de 2003 terminamos a ampliação da loja e passamos a fazer parte da maior rede de associativismo do Rio Grande do Sul.

O ano de 2003 foi um ano de muitas mudanças e muitas conquistas, porém a maior delas foi na minha vida pessoal, motivado pela minha reconciliação com o meu Deus. Essa decisão mudou a minha vida, minha família, meus negócios, meu modo de agir, de pensar, e minhas atitudes perante a minha família e a sociedade. Nesse mesmo ano, procuramos essessoria de empresas especializadas, começamos implantar sistemas operacionais que nos proporcionaram maior equilíbrio financeiro, permitindo que passássemos a recolher nossos tributos (ou os tributos dos contribuintes) de forma correta e íntegra. Estamos no final de 2010 e este é um ano muito especial para nós, pois estamos completando 20 anos em Balneário Pinhal, 10 anos de Supermercado Samy e sete anos de Rede Unisuper.

Quando começamos em 1990 em uma fruteira, o capital inicial era de aproximadamente 300 dólares e sem nenhum funcionário. Hoje empregamos 35 funcionários no inverno baixa temporada e 60 no verão, alta temporada. Recentemente recebemos

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dois prêmios da AGAS (Associação Gaúcha de Supermercados): maior faturamento por metro quadrado de área de venda entre os supermercados com faturamento até R$ 12 milhões anual e o maior faturamento por check out no ano de 2009 no Rio Grande do Sul.

Sou imensamente agradecido ao meu Deus pelo êxito que tivemos até aqui, sabemos que a história ainda não acabou, acreditamos num crescimento iminente do nosso município, e mesmo sabendo que poderemos passar por alguma turbulência temos a certeza de que conseguiremos contornar as situações agora com mais sabedoria, porque aprendemos com nossos erros, e temos a certeza que colheremos bons frutos, pois plantamos em terra fértil.

Agradecimentos finaisAgradeço à minha querida esposa e aos meus filhos, que

suportaram as privações e souberam esperar. Agradeço a minha mãe Maria Porto, que muito orou por mim e me apoiou nos momentos difíceis da minha vida.Agradeço a minha segunda mãe, Marina Zoé, que tanto nos apoiou e nos ensinou durante tantos anos. Agradeço ao meu irmão João Erling, que esteve presente em muitos momentos da minha caminhada, muitos deles me emprestando recursos para cumprir meus compromissos. Agradeço meu cunhado Antônio, minha irmã Beatriz e sobrinhos, que são agricultores, porém em algumas temporadas deixaram suas lavouras e vieram trabalhar conosco, trazendo seu caminhão, o que nos foi muito útil, e também pelos recursos que nos emprestaram ao longo dessa caminhada.

Agradeço à minha irmã Raquel Erling e meu cunhado Carlos Leites, que me ajudaram e me ajudam até hoje com seu trabalho e dedicação. Agradeço a todas as minhas outras irmãs e meus cunhados, que de uma forma ou de outra me estenderam a mão. Agradeço aos pais da minha esposa Eva Jandira e Valdir Silveira, que tanto nos apoiaram, especialmente no início do nosso relacionamento.

Da família da minha esposa agradeço ainda aos meus cunhados, cunhadas e concunhados, especialmente aqueles que fazem parte da nossa equipe de trabalho e têm se dedicado de forma ímpar na construção da nossa empresa. E não posso deixar de agradecer a toda nossa equipe que eu chamo de Família Samy pela dedicação e empenho prestados durante nossa trajetória.

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Se esqueci de alguém, me perdoe, pois saiba que você é você mesmo que está se sentindo esquecido também foi extremamente importante em nossas vidas.

Joel Porto Erling,casado com Michele deAlmeida Silveira Erling.Pai de três filhos biológicos: Samuel Melo Erling, 19 anos;Luiz Eduardo Silveira Erling,12 anos; Ana Luiza SilveiraErling, 1 mês, e uma filha do coração

Meneguetti: comerciante pioneiro noramo em Balneário Pinhal

Sirlei Teresinha Quintanilha de BorbaProfessora

Balneário Pinhal/RS

Balneário Pinhal é um palco com cujos cidadãos formam o cenário, e cada um contribui com seu quinhão para que este palco se fortaleça cada vez mais, e que seus personagens sejam sempre protagonistas de sua história.

Meneguethi é um dos comerciantes pioneiros, ou talvez o único, que permaneceu com o mesmo ramo de comércio em Balneário Pinhal. Um cidadão batalhador que acredita que o sucesso

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só acontece através do trabalho honesto e perseverante. Por conta disso, suas metas projetadas para seu futuro e da sua família surtiram resultados.

Aldo Meneguethi Ferreira é natural de Osório, RS, tem 56 anos e é pai de quatro filhos, avô de três netas.

Escolheu Pinhal para fixar moradia porque, segundo ele, sua história começou aqui e quer que termine aqui.

Seu comércio existe desde 1968, localizado no mesmo lugar que hoje se encontra, porém com outro nome “Artesanato Meneguethi” que, na época, se chamava “Casa das Palhas”, localizada na Av. General Osório, em frente à rodoviária, que já existia, e o hotel Estrela do Mar.

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Seu pai tinha casa em Cidreira, onde eles paravam durante a temporada de veraneio para trabalhar.

A tenda ficava aqui no Pinhal, na qual eram armazenadas as mercadorias vindas de Osório, Taquara e de outras localidades. Algumas mercadorias eram “fabricadas” artesanalmente por sua mãe e até eles mesmos a ajudavam na confecção desses produtos (palhas trançadas, cordas que se modelavam em porta cuia, descanso de panelas, peneiras, chapéus, etc.). Estes trabalhos eram feitos em sua casa, situada em Osório.

A mercadoria mais procurada pelos clientes era a cadeira de palha, depois veio o boné lembrança, que foi um sucesso na época.Para chegar até aqui era muito difícil. Vinham de duas carroças de quatro rodas, cheias de mercadorias. As estradas eram precárias. Muitas vezes tinham que vir pela beira mar e se a maré subisse teriam que adiar a viagem.

Na tenda ficava um empregado de seu pai e seu irmão para atender ao público que lá chegava. O Meneguethi sortia sua carroça de mercadorias e saía pelas ruas de Cidreira, Pinhal, Magistério e Quintão, oferecendo-as às pessoas dessas comunidades. Nesse tempo só existia dinheiro, não se vendia fiado, só no dinheiro.

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Essa atividade comercial iniciava-se, todo o ano, na véspera do Natal e terminava em 1º de março. Quando chegava esse mês, todos os comércios fechavam. Os moradores com melhores condições financeiras compravam alimentos de “fora” e outros produtos de primeiras necessidades para estocarem, por algum tempo, devido à falta desses produtos. Esses suprimentos eram transportados a cavalo em bolsas adequadas ao lombo do mesmo.

Balneário Pinhal, na época Pinhal, passava por muitas dificuldades. Infraestrutura praticamente não existia: a água era de poço, com bomba manual; o meio de transporte era só o ônibus, eram tracionados, tinham um ou dois dias da semana e, muitas vezes atolavam na areia e usavam os tratores para desatolá-los. Também as carroças eram usadas como meio de transporte, tipo táxi, nas quais carregavam as pessoas e suas bagagens que chegavam de ônibus. Os

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mais conhecidos, na época, eram o seu Zé Miliano e seu irmão, Bento, depois vieram outros. Os carros dos veranistas, quando atolavam, eram puxados a boi; na parte da saúde, encontrava-se o farmacêutico chamado Pozzo, que atendia os doentes, vindos de Quintão e outras localidades, em sua farmácia em Cidreira. Se precisasse operar, ele também fazia essa prática. O Meneguethi foi um dos pacientes que precisou ser operado por ele; a anestesia não existia, teve que morder uma bucha de pano e deixar fazer o serviço cirúrgico, quase “morreu” de dor. Depois de 1970 veio o Verlei, que substituiu os serviços do Pozzo, com sua farmácia e suas prescrições médicas.

Hoje Balneário Pinhal mudou em todos os aspectos, desde as variedades de produtos com características diferentes daquelas, como também na sua parte estrutural: os produtos importados tomaram o lugar do produto artesanal; se beneficia de saneamento básico de boa qualidade. Quanto à saúde temos bons médicos e pessoas capacitadas para atender a comunidade; em relação à educação o município é um privilegiado, pois até universidade ousou conquistá-la. Enfim, Balneário Pinhal é uma cidade que tem vida própria. Podem morar aqui pessoas de todos os níveis, já que aqui se encontra tudo que se precisa para viver.

Meneguethi fala que o esporte dele, hoje, é a participação em rodeios, e por sinal já competiu com grandes campeões brasileiros e desses ganhou troféus. Participou de grandes rodeios em diversos lugares, inclusive em São Paulo.

Por onde passa, representa orgulhosamente o município. Entre suas bandeiras está a do município, registrando e enaltecendo a presença do mesmo.

Foi um dos fundadores da “Cavalgada do Mar”. Fala com muito orgulho de ser o criador e patrocinador desse grandioso evento.

Na Cavalgada do Mar, que teve seu trajeto do Forte de São Miguel, do Uruguai a Torres, participaram Romera e Jarbas Lima. Com a participação de Ari Almeida, fez a cavalgada de Viamão, Curitiba, Sorocaba, São Paulo, aproximadamente 1300 quilômetros a cavalo. Também esteve presente na “Cavalgada Piá”, da qual participaram 70 crianças.

Meneguethi, um pai exemplar, tem filhos adultos, um filho 184

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pequeno e três netas. Tem um jeito especial de orientar e educar seus filhos e assim eles são responsáveis e assumem seus compromissos, tendo o pai como espelho.

Meneguethi fala que agora não se envolve mais com o seu comércio. A esposa assumiu sua parte e lhe é muito grato por isso. Segundo ele, sua esposa Deise é a sua vida. É uma pessoa que lhe dá liberdade de fazer o que ele gosta: como a lida de seus cavalos, participar de seus rodeios, etc.

Tem muito carinho e admiração pela professora Maria Faistauer, pelo vasto conhecimento e amor que ela dedica à cultura gaúcha.

Ele deixa registrada sua saudação aos administradores do município, bem como aos moradores e aos veranistas, pois sem essas pessoas não seria possível a sua permanência, e nem de sua família neste município.

O que mais me chamou a atenção para que eu fizesse este trabalho foi o fato de que este trabalhador, comerciante, cidadão contribuinte na formação desta cidade - continua no pleno exercício do ramo e no mesmo endereço. Porém, hoje, os tempos são outros, a cidade cresceu inclusive seu nome, de “Pinhal” para ”Balneário Pinhal” e ele, Meneguethi, também prosperou, com perseverança, honestidade, respeito e dignidade. E melhor ainda, conquistou vários amigos.

Gosta muito daqui e torce para que Balneário Pinhal continue com bons gestores na sua frente, e com os quais possibilitando-lhe sempre a caminhada para o desenvolvimento, em todos os aspectos.

“Minha história começou no Pinhal e quero que termine aqui.” (Meneguethi)

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Pescadores artesanais do BalneárioPinhal: aspectos do trabalho e vivência

Devido ao tempo exíguo, para fazer um estudo mais aprofundado desse importante segmento da sociedade como um todo, bem como utilizar técnicas mais adequadas de pesquisa, o presente trabalho é uma pequena amostragem de como alguns pescadores, pescadoras e artesãs exercem o trabalho cotidiano, sua principal meta de vida.

A área de atuação, localizada no Litoral Norte do Rio Grande do Sul (município do Balneário Pinhal), situa-se entre o mar e as lagoas costeiras, com a maior concentração de famílias pesqueiras de toda a orla litorânea do Estado, isto é, distrito de Magistério, Figueirinha e Sede de Pinhal.

Segundo o censo da EMATER, há no município 76 famílias de pescadores, com 137 pessoas. Isto é, 35 famílias em Magistério; 7, em Figueirinha, 30 famílias na sede e 4, em Pinhal Sul.

Dentre as inúmeras lagoas, são citadas as do Magistério, Cerquinha, do Relógio, Branca, dos Fundos, das Bombas, da Nica, Lagoa Azul (antiga Rincão das Éguas), do Pinhal, Quintão, nem todas localizadas no município, pois há necessidade do deslocamento. Rios, Capivari e Tramandaí. O peixe escasseando, obriga o pescador a distanciar-se na busca de melhor safra.

Adentrando no mar, lagoas ou rio, os pescadores de Pinhal, em seus frágeis barcos, enfrentam tormentas, muitas vezes à casa retornando com pouco ou quase nada a oferecer como produto de seus ingentes esforços. “Vão ao mar de parceria, três ou quatro pessoas, cada um com sua rede, pois no mar não pode se ir sozinho; um ajuda o outro.” Eis uma demonstração de solidariedade! Muitos já salvaram seus companheiros de afogamento, mesmo sem saber

Sonia Teresinha Siqueira CamposFolclorista, membro da Comissão Gaúcha de Folclore

Porto Alegre/RS

Neusa Maria Bonna SecchiFolclorista, membro da Comissão Gaúcha de Folclore

Porto Alegre/RS

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nadar. Atiram-se ao mar, se nem ao menos imaginar que eles próprios estão arriscando suas vidas.

Quanto ao extermínio do camarão nas lagoas, tornou-se necessário ir buscá-lo aonde ele se encontra: no mar, em uma competição de extrema desigualdade com a pesca industrial, predatória e sem controle. “Os barcos de arrasto pegam antes de chegar na costa.O camarão não nada, ele se esconde; conforme as correntes, eles chegavam. Mas elas não estão trazendo, pode ser mudança climática.”

Há consenso no emprego da rede “miudera”, isto é, aquela com malha pequena “quando a gente bota uma rede miudera, vem muito peixe miúdo. Praticamente proibida.” Aumenta o desequilíbrio da reprodução e desenvolvimento do pescado.

Nas lagoas costeiras, segundo depoimento, já foi pescada uma carpa pesando 16 kg, causando preocupação, visto ser esta espécie estranha ao meio ambiente.

A captura do peixe depende de épocas determinadas. “O vento sul puxa o peixe pra costa. Não se põe rede nesta fase.” “O vento nordeste é bom pra pesca.” A influência da lua: ”Lua cheia é pra pescar no mar. Na água doce, ela estraga o peixe. Melhor é a minguante.” Igualmente, à época do defeso (reprodução) que, no momento, estende-se de 1º de outubro a 1º de janeiro, a prática fica interditada. Na costa, a proibição vai de abril a dezembro. No mar, a pesca é liberada por não haver a piracema.

Os pescadores entrevistados utilizam diversos tipos de pesca, sendo a de cabo muito utilizada: “uma âncora (poita), colocada aproximadamente a 300 m da costa, de onde parte um cabo (corda grossa que puxa a âncora pequena) fixado na praia e no qual, no momento adequado do mar, é fixada à rede que, pela força d'água, sobre o cabo e a rede, é levada até a zona da pesca com a soltura de mais extensão de cabo. O raio de ação da pesca é limitado pela distância até a âncora, que prende o cabo.”*

As redes mais citadas, tarrafa, “aviãozinho”, espinhel, rede de espera, escassear, de arrasto, são confeccionadas pelos próprios pescadores, verdadeiros artesãos na arte de lidar com os panos para entralhar as malhas, resultando em peças de todos os tamanhos, algumas alcançando de 45 a 150m ou mais para pesca no mar. Antigamente, havia necessidade de uma equipe de 8 a 10 homens

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para puxá-las: hoje, o sarilho (peça cilíndrica com barras ou raios nos extremos, para fazerem girar e que, movendo-se, vai envolvendo em si uma corda, que sustenta um peso a ser elevado) ou um veículo a motor, no caso, jipe, substituiu-os.

Uma das artes empregadas pelo pescador desembarcado, o espinhel, consiste “numa extensa corda em que se prendem, de distância em distância, linhas curtas, armadas de anzol.” Igualmente, a tarrafa, “de forma circular com arpoeira (corda de rede) e pesos na orla, lançada com impulso da mão.”

Na explicação de uma pescadora, o irmão faz a rede, com sua ajuda: “Pega um pedacinho de madeira, faz um tipo de um malheiro (pauzinho que mede o tamanho da malha), enche uma agulha de nylon, e passa por um malheiro, pra não ficá uma malha maior que a outra. E o conserto, a gente faz no oio.”

Todos dominam a arte de fabricar os próprios barcos. Após construí-los, são pintados de verde e registrados num órgão da Marinha. Por vezes, dão-lhes apelidos carinhosos: Negrinha, Bocage, Moscão, ou seus próprios nomes.

Por ter sido uma experiência que não resultou em êxito, a implementação de botes infláveis foi abandonada e até mesmo proibida, devido ao perigo de afogamento, pois furava com facilidade. “Era um bote salva-vidas”.

O pescado, antes abundante, vem diminuindo, o que preocupa a comunidade que dele depende para sua sobrevivência.Apesar disso, a diversidade de peixes, recolhida nas redes como a tainha, cará, traíra, jundiá, violinha da lagoa, cascudo, peixe-rei, ainda os impele a continuar em seu trabalho, sendo o peixe mais valorizado, jundiá e, o mais barato, tainha.

A fim de carregar o material necessário para ida às lagoas, servem-se da “gaiola”, espécie de pequeno caminhão, também, como pouso provisório.

Caso acontecer algum ferimento, em decorrência do trabalho (alguns mariscos se agarram nas cordas e cortam as mãos de quem as puxa), tratam-no com remédios caseiros, como a babosa e álcool.

Os pescadores em questão não acreditam em mitos: “Visão é mirage.” Todos se declararam religiosos, fazendo suas preces, antes de começar as atividades rotineiras. Ao entrarem no mar ou nas

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lagoas, invocam a proteção de Deus, Jesus, N.ªS.ª Aparecida, São Pedro.

Há uma certa prosperidade, quanto à moradia e itens domésticos. Carros, bicicletas e implementos para o trabalho foram relatados.

No tocante à agregação de valores à sociedade em que vivem, as mulheres pescadoras, num fazer constante, tanto as cadastradas quanto as informais, revelaram-se práticas e laboriosas. Estando a serviço da pesca, quer nas lagoas, ou no mar bravio, enfrentam, em igualdade de condições com seus parceiros, desafios quase humanamente impossíveis ante sua fragilidade física. “Pra quem é pescador, não tem feriado, não tem domingo: o dia que dá, que o tempo convida.” “Começava a tarrafeá às 7 da noite. Às vezes, dormia molhada na beira da lagoa.” “Um pescador tava se afogando, a pescadora pegou o caíque, foi lá e salvou ele.”

Solidárias, ajudam a quem delas precisam: “emprestei o bote inflável pro amigo”. Além dos próprios filhos, muitas acolhem outros a seus cuidados.

Companheiras, mães, donas de casa, complementam a renda familiar muitas vezes costurando; verdadeiras artistas do artesanato, aproveitam o que no meio ambiente sobeja para criar, modelar e vender suas obras de arte. Algumas ultrapassam a capacidade de tanto laborar e constroem suas próprias e belas residências.” Aprenderam com a vida”.

Hortas e jardins foram vistos, também animais domésticos, que requerem cuidados: gansos, galinhas angolistas, cavalos, tudo sob responsabilidade delas.

O grupo pesqueiro visitado é longevo, em sua maioria, esbelto e forte, denotando uma qualidade de vida que o satisfaz; preservam o meio ambiente, pois depende intrinsecamente de sua conservação.

Tranquilidade e parcimônia demonstram ao contato com outrem, porém soltam o riso, ouvindo as histórias dos companheiros: “Um camarada tava pescando um peixe tão grande; quando ele puxou o açude secou!” “Uns pescadores se reuniram num buteco. Tinha dois num canto falando da pescaria. Chegou um senhor de mais idade, ficou num canto parado, escutando. Então, um perguntou:

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-Tu conhece aquele rio, tem aquela figueira? Pois é, fui lá pescá e o meu lampião caiu dentro dágua. Cabo de uma semana, fui lá e o lampião tava aceso! Mergulhei e o lampião aceso!

Daí, o senhor de idade, que tava no buteco, disse:- Naquele mesmo rio, eu peguei uma traíra com 28 k!Aí, o cara do lampião:- Pô, cara, mas uma traíra com 28 k? Não dá pra baixá o peso?

É muito pesado!Daí, o senhor disse:-Tu apaga o lampião, que eu abaixo o peso da traíra!”Reivindicam direitos que, a eles, são negados como uma

burocracia exacerbada, demanda de exigências das instituições governamentais, “pra fazer uma nota fiscal aqui, usam a nota do produtor; tem que ter o bloco do pescador”; desrespeito ao seu trabalho por muitos segmentos da população flutuante; falta de conscientização do valor que lhes é inerente.

“O pescador depende do veranista, assim como este necessita do pescado. É uma cadeia. A única coisa que atrapalha é que alguns cortam os cabos, que estão numa área de pesca, que vai de Inhaúma a Quintão. No verão, nem o pescador de cabo (no mar), nem o da lagoa pesca. A maioria tem que tirar o cabo.”

Quanto ao esforço da Prefeitura em atender suas reivindicações, é reconhecido e considerado positivo.

Devido a pouca remuneração que lhe é paga durante o defeso (três salários mínimos por ano), o grupo vê-se obrigado a fazer biscates, principalmente, na construção civil.

Jovens pescadores, desestimulados, abandonam a pesca e a ela retornam quando caem na informalidade. Seus empregos são temporários e sem garantias, pois dependem do veraneio. “Só tem uma geração antiga de pescadores. A nova já não acredita mais que vá sobreviver do que está disponibilizado pela natureza.”

Líderes comunitários, num esforço conjunto, estão procurando soluções que melhorem a situação, tanto dos recursos lacustres, como do pescador: problema das barragens, construídas pelos agricultores, impedindo o fluxo e refluxo dos peixes, muitas vezes ainda filhotes, tragados pelas bombas de sucção das lavouras de arroz; o problema da sobrepesca, a depleção das lagoas, o conflito com os surfistas e pescadores; a documentação excessiva, exigida

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pelas autoridades.Órgãos do governo como a Secretaria do Planejamento, em

convênio com a Universidade Federal do RS, a EMATER, o SEBRAE e outros, estão disponibilizando cursos, voltados ao interesse da classe, porém exigindo diplomas sem interesse para o trabalhador em questão.

Pescadores precisam estar mais otimistas; já possuem sede para sua Associação e, líderes preocupados com suas necessidades prementes.

Projetos serão buscados no aprimoramento de técnicos. Fóruns estão acontecendo. Estudos, voltados à reposição e repovoamento das lagoas. Planejamento técnico para implemento de linhas de produção com o reaproveitamento do que sobra do peixe. Culinária mais elaborada do pescado; enfim há uma vontade e interesses conjuntos da liderança e das instituições governamentais, para que todos esses projetos se tornem realidade.

Aos informantes, abaixo relacionados, portadores da memória cultural do Balneário Pinhal, o nosso agradecimento: Ademar Ferreira da Costa, morador de Magistério; Alenir Custódia Jacobowiski (59 anos), moradora de Magistério; Aristo de Castro Borba (71 anos), morador de Magistério; Cláudio (34 anos), morador de Figueirinha; Diva de Espíndola (65 anos), moradora de Magistério; Dirlei Ribeiro da Cunha (62 anos), moradora de Figueirinha; Jaci Kepler da Cunha (70 anos), morador de Figueirinha; Jorge Peixoto da Cunha, morador de Magistério; Palmira da Silveira Borba, moradora de Magistério; Lindomar Pereira de Sousa, Técnico Agrícola; Vergínia Celestina de Oliveira, (85 anos) moradora de Magistério e Wilson Hopkins, Líder Comunitário.

ReferênciasPesquisa de campo realizada com pescadores artesanais. Balneário Pinhal. Outubro, 2010.* “Pesca de Bote” entre os pescadores profissionais artesanais do Litoral Norte do RS (Marcos Aurélio Sandes, Decio Souza C., Fabio Martins Cortes). EMATER.AGRIFOLIO, Rose Marie et al. Contribuições luso-açorianas. Porto Alegre: Comissão Gaúcha de Folclore, 2002.MARQUES, Lilian Argentina Braga. O pescador artesanal do sul. Rio de Janeiro: MEC-SEAC/Funarte: Instituto Nacional de Folclore,1980.NASCENTES, Antenor. (Elab.). Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Bloch, 1981.

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Considerações sobre a famíliado pescador artesanal

Não há quem não inveje a paisagem e a tranquilidade da vivência dos membros de uma comunidade pesqueira - sua proximidade com o mar ou lagoas - , um paraíso longe da agitação da cidade grande. Mas, no contato direto com a natureza, a tranquilidade é apenas aparente e, de perto, mal dá para esconder a vida dura, incerta e perigosa dos pescadores e de sua família.

Das observações feitas em algumas famílias de pescadores artesanais do município, constatamos o limitado espaço físico em que está sediada sua residência, não possibilitando plantio de árvores frutíferas ou nativas e a criação de animais e aves; plantio de hortaliças para complemento do cardápio familiar.

Chamou-nos a atenção o consumo quase diário de carne vermelha em vez do pescado. Quando apresentado no cardápio familiar, o peixe é sempre frito ou ensopado. Assado, apenas em ocasiões especiais, juntamente com o churrasco, e como doçaria o que predomina são o pudim e o sagu.

A mulher na família tem participação. Corajosas, são verdadeiros alicerces que atuam nas mais diversas atividades. Mães responsáveis por uma grande prole exercem a atividade rude e pesada da pesca, trabalhando desde o nascer do sol, em lugares muitas vezes insalubres, sem roupas adequadas ao trabalho e clima rigoroso. Retornando para sua casa, além dos afazeres domésticos, atenção aos filhos, preparam peixes (beneficiamento) para a venda.

A vida social dessas famílias resume-se em encontros familiares, participação na Festa do Santo Padroeiro, missas e outras atividades prazerosas, que aparecem conforme calendário da região, e na época do veraneio.

As crendices e superstições, a cultura popular tradicional - viva e espontânea dessa comunidade - , estão voltadas aos valores materiais e simbólicos na atividade da pesca: promessas, orações,

Neusa Maria Bonna SecchiFolclorista, membro da Comissão Gaúcha de Folclore

Porto Alegre/RS

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benzeduras, oferendas a Iemanjá, deusa das águas. As orações são de agradecimentos para Deus, que guardou e zelou pelos pescadores livrando-os das tempestades, viradas de barcos e de todos os perigos enfrentados. Também pedem proteção a São Pedro, santo protetor dos pescadores.

Uma senhora, mãe e pescadora, falou sobre benzeduras e coisas que acredita: “Benzeduras para acalmar tempestade - Fazer uma cruz de sal na mesa e olhando para cruz rezar o Pai Nosso, pedindo a Deus a calma da tempestade e a volta do pescador”. “Queimar uma haste de palma, benta no Domingo de Ramos, para acalmar a tempestade”. “Mulher grávida ou com suspeita de gravidez não pode pegar a rede ou passar sobre ela, porque não dá peixe”. “Lua cheia não é recomendável a pesca na lagoa, porque fica claro e não dá peixe”.

A benzedeira “A” aprendeu a benzer com sua avó e sente-se gratificada ao praticar o ato de benzer, fazer uma simpatia, breves, chás. Benze para quebrante, mau jeito, hemorragia, inveja, e abrir caminhos. Utiliza para fazer benzeduras galhos verdes, água, brasas, tesoura. Benze em qualquer lugar, hora e não cobra. Nos sábados e domingos não faz benzeduras porque os “anjos descansam”. Na sua residência tem um lugar especial: uma mesa, santos, bíblia, rosário e Cruz do Senhor. A sua avó benzeu o Presidente Getulio Vargas.

Simpatia (curar espasmo)Colocar um pano de secar louças, quente, no lugar do

músculo afetado. Pano de prato, porque tem gordura. Volta na mesma hora.

Prece da benzedeira “A”“Que nessa hora sagrada eu ponho a mão no seu corpo para

retirar inveja, olho grande, quebrante, todas as coisas ruins que se encontram no seu corpo. Nossa Senhora vai levar pro fundo do mar salgado, onde não se encontra vinho e nem pão nem rastro de cristão batizado. Que o senhor lhe cuide, lhe defenda, lhe guarde, lhe cubra de glória, lhe tire todos os males da terra. É o que eu peço com a fé que eu tenho. Em nome de Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém Jesus e Amém”.

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Benzedor “B”Sua mãe era benzedeira e acredita que benzer é um dom de

Deus. Faz benzeduras, simpatias e o Responso de Santo Antônio. É vidente, ajuda achar coisas perdidas e roubadas. Curou muita gente de bronquite fazendo simpatias; benze para curar cobreiro, erisipela, coluna (rendidura), inveja, mordida de aranha. Não cobra, porque cobrando não faz efeito. Rezar sempre antes do sol entrar e nos dias de semana de “feira”. Sábado e domingo não são dias propícios. Chegou benzer mais de 15 pessoas diariamente.

O benzedor tem dom e precisa de muita fé e a parte espiritual reforçada pelo guia “preto velho”. Tem um lugar para benzer: uma capelinha com Santa Rita e Nossa Senhora Aparecida. Durante as benzeduras utiliza a faca para cortar o olho grande; agulha para costurar rendiduras; tesoura para corte do cobreiro, água para dor de cabeça e o facão para acabar com temporal. Suas benzeduras não podem ensinadas; ninguém entenderia o seu murmúrio (oração), mas basta ter muita fé.

Simpatia para curar bronquite (fazer em três sextas-feiras)Pegar três peixes, cuspir três vezes na boca de cada peixe e

soltar de volta para seu habitat. Rezar o Pai Nosso e virar as costa sem olhar para trás.

Simpatia para dor de colunaCortar uma taquara do reino com nove gomos e pedir para

um benzedor fazer uma oração. Depois colocar embaixo do colchão por nove dias. Nunca mais vai sentir dor na coluna.

Benzedura para dor de cabeçaColocar garrafa com água morna, com o bico para baixo, na

parte de cima da cabeça, dizendo a oração: “Deus é sol, Deus é lua, Deus é claridade. Assim como o sol tem a quentura; a lua tem a friagem. Que o ar do sol, que o ar da lua, que o ar da terra saia do teu corpo para sempre. Amém, Jesus. Rezar um Pai Nosso e Ave Maria”.

Artesanato O que caracteriza é a transformação da matéria prima em

objetos, peças úteis realizadas por pessoas que apresentam 194

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habilidades e criatividade voltadas às artes. Esta atividade é desenvolvida de forma prática ou informal, não havendo uma associação que estimule e proporcione orientações, aprendizagem ao artesão com aptidão e habilidade para tal. A atividade artesanal entre essas mulheres, das quais tive contato, não é costumeira nem intensa. Não existe incentivo e há falta de hábito para trabalhar nas artes, aproveitando os recursos naturais que o meio ambiente proporciona.

Encontrei uma senhora que faz um trabalho comunitário, ministrando oficinas de artesanato tradicional, o crochê, tricô, pintura, tear de prego e o popularesco. Utiliza o reaproveitamento de materiais, confeccionando objetos de decoração e utilitários. Trabalha com o artesanato tradicional, fazendo bijuterias e flores com escamas de peixe. Os encontros semanais são realizados no Salão Paroquial, proporcionando a integração, servindo como uma terapia e muitas já contribuem na renda familiar.

A senhora “Divina”, mulher pescadora, dona de casa habilidosa, faz maravilhas com retalhos que são doados. Aprendeu costurar aos treze anos, quando trabalhava com as freiras. Sabe bordar a mão e à máquina tricô, crochê, trabalho em madeira e artes em quadros com sementes. Hoje faz colchas, almofadas, puffs, fronhas, cobertores reversíveis, tapetes, tudo em retalhos. Não faz moldes, as ideias de como fazer vem pela manhã, no amanhecer. Trabalha umas três horas diárias e à noite, enquanto assiste TV, faz corte das peças.

Suas peças são bem aceitas e vendidas para conhecidos e veranistas. Já vendeu colcha para os Estados Unidos. A renda mensal média é de um salário mínimo, que contribui com a renda familiar na compra de alimentos e roupa aos filhos e netos.

Encontrei outra “Divina” que não é integrante da família de pescador, mas reside no balneário do Magistério. Mulher guerreira, forte e comunicativa, tão habilidosa e criativa, quanto à criadora de peças com retalhos. Faz porque gosta, tem prazer. Seu lazer é a agulha de gancho e a linha. Sua residência é o mundo do crochê: cortinas, almofadas, tapetes, guardanapos, quebra luzes, colchas, toalhas o outras. Habilidade não é só no crochê: pinta, faz patchwork, confecções de bonecas, animais (coelhos, abelhas) colagem, arranjos e decorações a para casa.

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O artesanato é pouco explorado como meio sustentação de renda. Não existe uma associação na comunidade dos pescadores para incentivar, promover cursos, com o objetivo de preparar mão de obra e dar condições a pessoas habilidosas desenvolver sua arte, possibilitando melhores condições de vida, aumento da renda familiar, e o incentivo à participação das filhas na melhora da autoestima e valorização da atividade pesqueira. Pescadores relataram que as redes são feitas e consertadas por outras pessoas. Isso poderia ser incentivado na comunidade, criando os mestres na confecção de redes e arte.

Os pescadores vivem como regime de economia familiar. A atividade exercida pelos membros da família (pai, mãe e filhos) são indispensáveis à própria subsistência, exercida com condições de mútua dependência e colaboração entre os componentes. É preciso que seja feito um trabalho no sentido de valorização e abertura de novas oportunidades de trabalho dentro do mesmo segmento (pesca) para dar continuidade ao trabalho familiar tradicional.

Agradecimento a todos os informantes que possibilitaram a realização desta pesquisa: Amália da Costa e Silva, Diva de Espíndola, Isabel Catarina da Silveira, Virgínia Celezina de Oliveira, Lenir Custódia Jacobowiski, Luiza de Souza Fonseca, Maria Helena Oliveira da Silveira, João Olício e Jorge Peixoto da Silveira.

Fontes: Pesquisa de campo - técnica da entrevista.

Objetos que fizeram parte da históriade Balneário Pinhal. Quem disse que osobjetos não possuem história?

Eloise Faistauer de BorbaProfessora e alunos do EJA da E.M.E.F. Calil Miguel Allem

Balneário Pinhal/RS

Iremos desmistificar essa ideia, contando através da história desses objetos a evolução do nosso município.

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Quando a Praia do Pinhal foi criada, muitas pessoas decidiram investir neste local. Foram montando suas casas e comércios. Trouxeram objetos que iriam fazer parte das suas vidas. Registradoras, cofres, utensílios domésticos, calculadoras, máquinas de escrever, balanças e muito mais. Mesmo com a evolução existem pessoas que ainda mantêm guardados alguns desses objetos e serão eles que nos ajudarão a contar um pouquinho da história do lugar onde vivemos.

RegistradoraAcervo Manoel Eloir Faistauer

Manoel Eloir Faistauer iniciou na Praia do Pinhal um comércio no ramo de materiais de construção no ano de 1968. Em 1971 M. E. Faistauer Materiais de Construções LTDA passou a ter sede própria e adquiriu uma registradora que irá fazer parte da sua história.

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BalançaAcervo Madechave

Em 1979, o Sr. João Luis Ingracio, decidiu instalar um comércio: Materiais de Construção Madechave. Esta balança fez parte do seu mobiliário e por muitos anos pesou pregos, cal, cimentos, etc.

BalançaAcervo Fruteira Ki-Fruta

A partir de 1980, a Fruteira Ki-Fruta do Sr. José Enulce Ramos da Silva passou a fazer parte dos veraneios da Praia do Pinhal. Esta balança fez parte, desde o início, dessa história de 18 anos. Atualmente, o Mercado Ki-Fruta atende inverno e verão.

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Máquina de CosturaAcervo Rejane da Silva

Esta máquina foi comprada pela Dona Maria há mais de 45 anos. Foi presenteada a Rejane C. da Silva que a utiliza, desde 1992. Esta máquina já costurou muitas roupas da sua família e ajudou na confecção de vestidos de prendas para apresentação de escola.

Mesas e cadeirasAcervo Restaurante Gabriela

O primeiro comércio instalado por Vilmar e Vera Furine foi uma lancheria e um armazém, em 22 de dezembro de 1988. Em 1992 tornou-se Restaurante e Pizzaria Gabriela. O armazém mudou-se para um prédio ao lado. Em 1994, usando o espaço do armazém, foi criada a galeteria que foi se unir ao restaurante e à pizzaria. Hoje ainda são utilizadas as mesmas mesas e cadeiras que iniciaram a história desse comércio.

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Transportes FábioJulio Norberto Cezar da Silva

VendedorBalneário Pinhal/RS

Em 31 de maio de 1991 foi inaugurada a linha de transportes de Magistério a Salinas e vice e versa. Esta é a primeira linha de transportes coletivos de passageiros do município de Cidreira, que,

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Macaco a arAcervo Borracharia Chimarrão

João Olício Bernardo de Oliveira trouxe de Osório um macaco a ar comprado de um amigo. Em 3 de setembro de 1986 instalou na Praia de Pinhal, a Borracharia Chimarrão.

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na época, integralizava os municípios de Balneário Pinhal e de Cidreira.

A denominação chamava-se Transportes Fabio, sendo o primeiro horário às 6h30min e o último às 10h30min. O transporte surgiu da ideia do Sr. Julio Norberto, que, vindo a residir em Magistério, viu a necessidade de um transporte na região. Ele era efetuado, na ocasião, pelo transporte São José, que fazia a linha Quintão-Osório e Quintão-Tramandaí, em poucos horários, não abrangendo, assim, as necessidades da população.

Com o incentivo do prefeito Carniel, que procurava alguém para efetivar o transporte de sua população, este encontrava dificuldades para solucionar o problema, pois a empresa concorrente achava inviável economicamente de aumentar as linhas. Haja vista que o último horário da São Jose, de Cidreira a Magistério, era às 17h15min. Após este horário, a população trafegava somente de carona ou pagando táxi. Uma peculiaridade do Transportes Fábio era não deixar nenhum passageiro na estrada por não ter dinheiro da passagem. Deste modo, as duas kombis que iniciaram o traslado transformaram-se em pouco tempo em quatro, mais um micro-ônibus de 21 lugares. Sucesso absoluto, na ocasião!

O Transportes Fabio, além de fazer seu transporte habitual, muitas vezes servia como ambulância, transportando gestantes e pacientes para o hospital, além de nos finais de semana fazer o transportes dos atletas para irem jogar em outros municípios.

Com o passar do tempo, aquela linha, que era inviável economicamente, passou a ser motivo de cobiça de outras transportadoras. Desta maneira, com o aval do prefeito da época, Heloi Braz Sessim, o Transportes Fabio, que tanto ajudou a região esquecida, foi excluída de suas atividades.

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Entidades, associaçõese serviços de

Balneário Pinhal

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Conselho Comunitário deBalneário Pinhal: voluntariado e altruísmo

Há dois tipos de idealistas no mundo: o primeiro grupo é composto por pessoas que querem ver um mundo melhor, acabar com as desigualdades e as injustiças sociais, com os problemas que afligem uma comunidade, e gastam parte de seu tempo como voluntário e se engajam em campanhas e ações, das mais diversas e nos mais diversos campos de atuação, com um único objetivo: serem agentes de solidariedade, ajudando na realização de coisas e superação de dificuldades.

O outro grupo é daqueles que, impedidos de executar as ações, colaboram para que elas se realizem, como faz o conselho comunitário de Balneário Pinhal, há quase quatro décadas.

O altruísmo é a situação em que seres humanos se dedicam uns aos outros, muitas vezes abdicando de interesses pessoais em

Carlos Edmundo KuhnPresidente do Conselho

Balneário Pinhal/RS

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favor do benefício dos outros: seu ideal é ser útil.O Conselho Comunitário de Balneário Pinhal foi fundado

em 1971, por força de Decreto de nº 09/71 da Prefeitura Municipal de Tramandaí, pelo Prefeito Onil Xavier dos Santos, juntamente com o de Cidreira. Suas competências e atribuições eram as de estudar as questões de desenvolvimento das comunidades, propondo medidas administrativas ou legislativas, consideradas indispensáveis para tal. Funcionavam como se fossem Câmaras de Vereadores Distritais.Essa foi a raiz do nosso Conselho Comunitário, atuante desde aquela época ininterruptamente e prestando inestimáveis serviços à nossa comunidade. E o Conselho Comunitário, como tal descrito, transformou-se em raiz para 23 Conselhos Municipais instalados no município, sendo o mais recente o Conselho Municipal da Juventude.

Ações e participações do Conselho Comunitário Desde a sua criação, o Conselho Comunitário participou de diversas ações, das quais destacamos algumas, nestes 39 anos de existência participativa:

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• identificar e dar nome às ruas e praças; Praça Dr. Alvimar Pieri (2009).

• doação e plantio de mudas de árvores, casuarinas e extremosas;

• estabelecimento de critérios de regularização de áreas públicas;

• projeto para paradas de ônibus, de madeira, em parceria com a Flosul;

• colocação de lixeiras na Av. Osório e na beira da praia;• projeto de construção de abrigos, em paradas de ônibus;• participação na elaboração da Lei Orgânica do município;• doação de livros para constituir o acervo da Biblioteca

Pública, com a parceria da Livraria do Advogado e da FAPA;• manutenção e obras na Delegacia de Polícia local;• fornecimento de coletes à prova de balas para Brigada

Militar;• doação de cadeiras de rodas, através do conselheiro José

Antonio Bruno e esposa, bem como um mimeógrafo;• promoção de debate entre candidatos à eleição de Prefeito

Municipal;• participação na composição de Conselhos Municipais;• doação de máquinas de escrever, pelo conselheiro René

Luiz Horn;• participação na elaboração e revisão do Plano Diretor

municipal;• participação na elaboração do Código de Posturas do

município; Entrega do Projeto do Código de Posturas do município (2009).

• promoção de eventos comemorativos junto às escolas municipais, em especial as EMEF Antonio Francisco Nunes, do Pontal das Figueiras e José Antonio da Silva, do Sindipolo;

• promoção da participação de adolescente da Casa de Passagem, por ocasião dos seus 15 anos, em Baile de Debutantes, em Canoas (RS);

• participação nas demandas da comunidade referentes à instalação de Posto de Coleta da ECT, no Túnel Verde, de instalação de agência do Banco do Brasil, da instalação de sede de Comarca, em

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Balneário Pinhal, moção ao DAER solicitando manutenção e conservação da RS 786, da duplicação da RS 040.

Outras tantas foram desenvolvidas, neste espaço de tempo, todas elas voltadas sempre ao exercício democrático e cidadão de um voluntariado comprometido com o crescimento e o desenvolvimento de Balneário Pinhal, sendo legítimo protagonista de um controle social efetivo, diretamente por suas ações ou, indiretamente, através de sua participação na composição legal em diversos Conselhos Municipais e regionais, a exemplo do COREDE do Litoral Norte.

Dos conselhos municipaisOs Conselhos Municipais, previstos no Art. 80 da Lei

Orgânica do município, são órgãos governamentais que têm por finalidade auxiliar a administração na orientação, planejamento, interpretação e julgamento de matéria de sua competência.

Estas entidades prestam inestimável colaboração para a Administração Pública, já que, representando a sociedade civil organizada, elas atuam de maneira autônoma, de forma consultiva, deliberativa e fiscalizadora, vindo a se constituir em legítimas representantes do terceiro setor junto ao controle social. Saudação

• O Conselho Comunitário de Balneário Pinhal, por seus membros, cumprimenta os idealizadores deste evento pelo quanto de histórico ele representa, sendo oportuna a sua realização durante as comemorações do 15º aniversário do município, o que lhe dá maior relevância.

• Para a Administração Pública, na pessoa do Senhor Prefeito Jorge Luis de Souza Fonseca, apresentamos os nossos cumprimentos pela data e por suas realizações, garantindo-lhe nosso apoio e colaboração em tudo o que for de interesse de nossa comunidade.

Presidentes do Conselho Comunitário• 2000: Jacira de Andrade• 2001/2002: José Antonio Linck Leite• 2003: Jô Palombini• 2004/2005: Maria Helena W. Marcello

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Nossa Brigada Militar: ontem e hoje

Este breve histórico contou com o relato de três servidores militares que prestaram serviço ao nosso município durante muitos anos.

Estou falando dos senhores José da Silva Dias, conhecido na comunidade pinhalense como “Zequinha” e tendo como nome de guerra “Dias”, Luiz Antônio Palharim, mais conhecido como Palharim e Gelson Rogério Florence, conhecido por todos como “Zé Maria”.

José da Silva Dias, Zequinha, chegou ao nosso município em janeiro de 1978 para morar e servir a nossa comunidade como soldado militar. Nesta época aqui havia apenas três policiais militares que já eram efetivos desde os anos de 1964/1965. Eram eles os soldados Almendorindo, Eugênio Taupá e o cabo Grazziolino. Em 1978, quando o soldado Dias começou a trabalhar para esta comunidade, o cabo Grazziolino foi embora para outra cidade, permanecendo aqui no balneário apenas ele, Almendorindo, e Eugênio, que veio falecer pouco tempo depois.

Ficaram na comunidade apenas os soldados Dias e Almendorindo, os quais na época estendiam o policiamento do Túnel Verde a Quintão. Os mesmos não possuíam viaturas, mas contavam com a colaboração e amizade da população, que cedia de bom grado seus carros particulares para eles buscarem nos arredores os infratores, que permaneciam na carceragem da Polícia Civil até serem transferidos para outra cidade.

Fátima FlorenceProfessora

Balneário Pinhal/RS

• 2006: João Carlos P. Bitcheriene• 2007: Paulo Ermindo de Deus• 2008/2010: Carlos Edmundo Kuhn

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Lá pelos anos 1980, o soldado Almendorindo foi transferido para Porto Alegre, permanecendo aqui até o ano de 1985 somente o soldado Dias. Nesse mesmo ano vieram novos soldados para compor o efetivo, ainda deste ano foi inaugurado o Grupo de Policiamento Militar do Pinhal (GPM). Quando da abertura do GPM do Pinhal, o cabo José Carlos veio como comandante do mesmo, que teve ainda à sua frente o Sargento Alencar, Sargento Cruz e o Sargento Martins.

Por muitas vezes a comunidade buscava auxílio e orientação direto na residência dos soldados, uma vez que eram poucos para ficarem no GPM e fazer o policiamento ao mesmo tempo. Em 1987, veio para o Pinhal o soldado Luiz Antonio Palharim, solicitado através do Conselho Comunitário. Nesta época ainda eram precárias as condições de trabalho do efetivo que aqui prestava serviço, pois ainda não possuíam viaturas e o 190 era o único número de telefone para uso da comunidade e a maior via de comunicação entre os soldados era o rádio amador.

Quando da chegada do soldado Palharim, o policiamento era feito a pé. Mais tarde o GPM recebeu 4 bicicletas que foram doadas pela comunidade e um pouco mais para frente receberam as primeiras viaturas, um Fusca e uma moto, para finalmente auxiliar no policiamento e para melhorar a condição de trabalho de nossos servidores.

Palharim, como era conhecido na comunidade, desempenhou seu trabalho com muito carinho e dedicação, vencendo os obstáculos que surgiam e prestando o serviço de proteção aos cidadãos, ao patrimônio dos mesmos, que nesta época eram os comércios locais, escolas e as casas dos poucos moradores e veranistas que vinham para o litoral somente na alta temporada, causando assim um aumento da população local e por consequência um aumento de efetivo que vinha de outras cidades para reforçar o quadro de servidores durante o verão e com isso melhores condições de trabalho.

Em 1995, quando do início da luta pela emancipação do município, o soldado Palharim, por ser um servidor militar da comunidade, optou por não fazer parte desta comissão, mas colaborou no decorrer de todo o processo, cedendo o local onde aconteciam as reuniões e auxiliando de todas as formas possíveis.

Em 1996, o soldado Palharim se afastou da Brigada Militar 208

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para concorrer a uma cadeira na Câmara de Vereadores deste município. Em 1993, o GPM do Pinhal recebeu o soldado Gelson Rogério Florence, que ficou conhecido em toda a comunidade como Zé Maria, vindo de Porto Alegre para cá transferido para fixar residência e prestar serviço ao município.

Quando de sua chegada para o pelotão do Pinhal, o mesmo tinha como comandante o 3º Sargento Lair Cruz, possuía uma viatura (Gol 1145) e havia um bom número de efetivo. Já nesta época eram feitas patrulhas, rondas, policiamento nas escolas, nas ruas da comunidade e também nos eventos organizados pela prefeitura, do já então emancipado município de Balneário Pinhal, que ocorreu no ano de 1995. O posto da Brigada Militar do Magistério Túnel Verde e o da sede possuíam um efetivo fixo.

Com o tempo, a população do Balneário Pinhal foi crescendo, não só na época de veraneio, mas também fora dele. Em virtude deste aumento populacional os servidores da Bbrigada receberam treinamento e cursos de capacitação para melhor proteger seus moradores, patrimônios públicos, particulares e assim desempenhar suas atividades com mais habilidade e segurança.

Atualmente, a Brigada Militar do Balneário Pinhal conta com em efetivo fixo, viaturas e melhoria nas condições de trabalho dos servidores para cada vez mais atender nossa população com segurança e rapidez.

José da Silva Dias, “Zequinha”, serviu como policial militar de Balneário Pinhal durante 28 anos, tendo ido para a reserva em outubro de 2004 como 2º Sargento.

Luiz Antônio Palharim, “Palharim”, serviu a esta comunidade por 10 anos, indo para a reserva em 1997. Atualmente é Secretário da Saúde e vice-prefeito deste município.

Gelson Rogério Florence, “Zé Maria”, também se encontra na reserva como 2º sargento desde maio do corrente ano (2010), e aproveitam aqui para agradecer à comunidade, autoridades e colegas do Balneário Pinhal pela colaboração, amizade e zelo dispensados aos mesmos durante o tempo em que com carinho e dedicação serviram a este município.

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ACISP: histórico da Associação Comercial,Industrial, de Serviço e Pesca

Em 12 de novembro de 1996, reuniram-se um grupo de comerciantes e profissionais liberais, do recém emancipado município de Balneário Pinhal, para a fundação da ACISP Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Balneário Pinhal. Na ocasião foi lido e aprovado seu Estatuto Social e lavrada a Ata nº 1 da entidade. Foi convidado a ser o primeiro presidente o Sr. João Francisco Micelli Vieira, por ter sido o mentor da ideia de fundar a entidade e também por suas experiências e participação em entidades afins. Este declinou do convite por questões éticas e profissionais. Foi eleito, então, como primeiro presidente o comerciante José Joaquim Peliçoli Pereira e demais membros da Diretoria Executiva, bem como os membros do Conselho Fiscal.

Em 16 de novembro de 1998 foi eleita a segunda diretoria, tendo como presidente o comerciante Sérgio Teodoro Gagki, reeleito para uma segunda gestão em 08 de novembro de 2000.Em 10 de dezembro de 2002 assumiu a Associação Comercial o comerciante Luiz Alejandro Perez Schwartzbold, que dirigiu a entidade até 15 de dezembro de 2004, quando assumiu como presidente Régis Alexandre da Silva Araújo.

Em 07 de julho de 2007, numa eleição que contou com o cadastramento de mais de 200 comerciantes, industriais e profissionais liberais, com a participação de 150 sócios votantes, foi eleita a nova diretoria, tendo como presidente Eron Carlos Nunes Ferreira, reeleito em 15 de abril de 2009 para uma segunda gestão.

Uma das realizações desta gestão foi a fundação da CDL Câmara de Dirigentes Lojistas de Balneário Pinhal e do SPC - Serviço de Proteção ao Crédito, em 25 de março de 2008, uma antiga reivindicação dos comerciantes da cidade, que até então dependiam do banco de dados de outros municípios.

A ACISP, em parceria com a Prefeitura Municipal, realizou no ano de 2011 a Expolitoral RS, evento de caráter regional que objetiva a mostra das riquezas do litoral norte do Rio Grande do Sul, a economia, o turismo, a cultura, as etnias e demais potencialidades da região.

Eron FerreiraEmpresário

Balneário Pinhal/RS

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Centro Social e BeneficentePastor Gervásio da Rosa

Um grupo de mais de 50 comunitários da então Praia do Pinhal reuniu-se na residência da senhora Jovelina Costa dos Santos com o fito de fundar uma entidade para atuar em prol dos menos favorecidos da localidade.

Era o dia 27 de fevereiro de 1988, conforme ata registrada. Após muitos comentários e projetos explanados foi definido o nome da entidade como Centro Social e Beneficiente Pastor Gervásio da Rosa, pelo exemplo de vida deste homem, membro da Igreja Evangélica, em grandeza de caráter, generosidade e devoção cristã.

Após as deferências e propostas foi eleita por aclamação a diretoria que assim ficou constituída: Presidente Jovelina Costa dos Santos; Vice Presidente Weimar Tusts Reis; Secretária Susana Silveira Saraiva; Tesoureiro Jose Luiz dos Santos Dalke; Diretora Cultura Maria Cardoso Faistauer; Diretor Social Plauto Jesus Nunes; Diretor de Relações Públicas José Eurico Bitencourt Machado e o Conselho Fiscal José Silva, Jorge Kuiz dos Santos Dalke e Jose Silva Dias.

O Centro Social e Beneficente Pastor Gervásio da Rosa realizou muitas ações na comunidade, prestando apoio filantrópico, cultural e social às famílias e às crianças. Contou com apoio irrestrito do então prefeito de Cidreira (na época Pinhal era distrito) Remy João Carniel, que cedeu terreno para construção da sede, por reconhecer o mérito da entidade.

A Confederação Evangélica do Brasil foi parceira, repassando verbas para a construção da sede e para aquisição de agasalhos, alimentos e inclusive uniforme escolar para todos os alunos da Escola Estadual Diogo Penha.

Era bonito de ver os escolares usando a saia e ou calça azul marinho e camisas brancas, o que foi muito aplaudido no Desfile Cívico Patriótico daquele ano.

José Luis dos Santos DalkeComerciante

Balneário Pinhal/RS

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Através de articulações da Srª Jovelina, presidente, recebemos a visita do Pastor João de Deus Antunes, na época Deputado Federal, que visitou a entidade e a escola. E vale registrar que o atendimento não se restringia aos dias de atendimento na sede, pois a casa da Dona Jovelina estava sempre aberta e acolhedora aos que ali chegavam.

As comemorações eram motivo de agregação social. As festas às mães, aos pais, às crianças, e Natal, a festa cristã, reunia gentes de todos os cantos e sempre eram bem vindos.

Do Centro Social e Beneficente Pastor Gervásio da Rosa temos hoje a saudade, pois foi encerrado devido às dificuldades de manutenção e falta de apoio político. Mas ficou a certeza de que foi um grande trabalho realizado.

A Srª Jovelina relembra com saudades os empreendimentos realizados e a alegria por ter ajudado a tantos necessitados e, sobretudo, por promover ações sociais, culturais e beneficentes que são lembradas com carinho.

Os anos passaram, os tempos mudaram, a Praia do Pinhal virou município e muitos novos moradores sequer imaginam que aqui teve uma entidade que trabalhou prestativamente.Os integrantes da diretoria relembram com orgulho do Centro Social e Beneficiente Pastor Gervásio da Rosa e dizem: que bom termos esta oportunidade de torná-lo público, na atualidade, fazendo parte do livro Raízes de Balneário Pinhal!

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